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GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS: ESTUDO DE CASO DE UM HOTEL EM GOVERNADOR VALADARES - MG
Oliveira Fernandes Mendes, Aline - [email protected], Estudante do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Minas Gerais; Fernando Rocha Penna, Luiz – [email protected], Professor MSc. do Instituto Federal de Educação Ciência e tecnologia de Minas Gerais – Campus Governador Valadares.
RESUMO: No ano de 2011 o Brasil possuía 162.318.568 habitantes o quais produziram uma quantia de 198.514 t/dia de resíduos sólidos urbanos (RSU). Em Julho de 2012 o Instituto Brasileiro de Geografia e estatística (IBGE) divulgou uma estimativa populacional no Brasil de 193.946.886 habitantes. O país aumentou sua população em 31.628.318 habitantes e consequentemente a geração de resíduos. Além do crescimento populacional, e da geração de resíduos sólidos o Brasil também contou com o crescimento em vários setores financeiros. Dentre esses setores, o ramo de turismo destaca-se por se manter sempre em alta, sem crises e crescendo cada vez. Com o crescimento do desenvolvimento, esse setor tornou-se cada vez maior e não diferente dos demais produz resíduos sólidos consideravelmente. Assim esse artigo surgiu com o interesse de demonstrar ao setor de hospedagem que o mesmo é potencial produtor de resíduos, os quais podem ser transformados em renda se tiverem uma disposição final correta e tem como objetivo analisar o gerenciamento dos resíduos sólidos em um hotel na cidade de Governador Valadares- MG
Palavras-chave: Gestão Ambiental; Resíduos Sólidos, Hotelaria.
ABSTRACT In 2011, Brazil had 162 318 568 inhabitants, which produced an amount of 198 514 t / day of municipal solid waste (MSW). In July 2012, the Brazilian Institute of Geography and Statistics (IBGE) released an estimated population of 193 946 886 inhabitants in Brazil. The country has increased its population at 31,628,318 inhabitants and hence the generation of waste. In addition to population growth, and solid waste generation Brazil also had growth in various financial sectors. Among these sectors, the tourism sector stands out as always keep up, without crises and growing increasingly. With the growth of development, this sector has become increasingly large and not different from other solid waste produces considerably. So this article appeared in the interest of demonstrating to the hosting industry that it is potential producer of waste, which can be transformed into income if they have a proper disposal and aims to analyze the management of solid waste in a hotel in town Governador Valadares, Minas Gerais
KEYWORDS: Environmental Management, Solid Waste, Hospitality.
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1 INTRODUÇÃO
No ano de 2011 o Brasil possuía 162.318.568 habitantes o quais produziram
uma quantia de 198.514 t/dia de resíduos sólidos urbanos (RSU) o que correspondeu
a 1,223 (kg/habitante/dia) de resíduos sólidos urbanos de acordo com uma pesquisa
realizada pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos
Especiais (ABRELPE, 2011), segundo essa mesma pesquisa a região Sudeste que
possuía 75.252.119 habitantes produziu nesse mesmo período 97.293 t/dia o que
correspondeu a 1,293 (kg/habitante/dia). Segundo a Política Nacional de Resíduos
Sólidos PNRS Lei 12.305/2010 –, “são considerados RSU os resíduos originários de
atividades domésticas [..], essa categoria de resíduos engloba, embalagens de
produtos alimentícios e outros tipos de embalagens, orgânicos, papel, plástico, metal,
óleo, entre outros”.
Em Julho de 2012 o Instituto Brasileiro de Geografia e estatística (IBGE)
divulgou uma estimativa populacional no Brasil de 193.946.886 habitantes, desse
modo observa-se que o país aumentou sua população em 31.628.318 habitantes de
um ano para o outro. Consequentemente a geração de resíduos também aumentou,
de acordo com a (ABRELPE 2012) o país gerou no ano de 2012, 201.058 t/dia de
RSU o que correspondeu a 1,228 (kg/habitante/dia), assim nota-se o crescimento de
2.544 t/dia na geração de RSU.
Além do crescimento populacional e da geração de RSU, o Brasil também
contou com o crescimento em vários setores financeiros. Dentro desses setores, o
ramo de turismo destaca-se por se manter sempre em alta, sem crises e crescendo
cada vez mais segundo a Associação Brasileira de Agências de Viagens (ABAV).
O ramo de turismo no país deve apresentar um crescimento médio de 5,1% por
ano até 2023 (BRASIL 2013). O Brasil possui atualmente mais de 25 mil hotéis e a
maioria deles encontra-se na região Sudeste do país Ministério de Turismo, (BRASIL
2013).
Dentro desse ramo encontra-se em destaque a hotelaria, que Castelli (2003
apud SILVA, 2006), conceitua como “meio de hospedagem, a empresa que tem por
objetivo oferecer serviços de alojamento à clientela, sem distinção e mediante
pagamento”.
Segundo o Sindicato de Hotéis de Governador Valadares a cidade possui
aproximadamente 100 hotéis e pousadas. Esse número se torna significativo quando
dividimos o número da população da cidade 263.689 habitantes (IBGE, 2010) pelo
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número de hotéis e pousadas que a mesma possui, chegando ao número de 2.637
pessoas por hotel e pousada.
Com o aumento no setor de turismo, o ramo de hotelaria também tem crescido
cada vez mais em todo país e por esse motivo a produção de resíduos sólidos nesse
ramo tornou-se cada vez maior. De acordo com a PNRS, os resíduos sólidos são:
Material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas em sociedade, a cuja destinação final se procede, se propõe proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados sólido ou semissólido, bem como gases contidos em recipientes e líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnicas ou economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível. (PNRS, 2010, p.2)
Devido a esse crescimento o ramo de hotelaria tem se tornado potencial
poluidor, embora o mesmo não se associe com frequência como causador de danos
ambientais. O uso de recursos naturais de forma inadequada pode se tornar uma
ameaça ao meio ambiente, por isso o ramo da hotelaria, esta trazendo para o
cotidiano de seus negócios o gerenciamento ambiental (SCHENINI et al., 2005).
Esse gerenciamento tem sido uma maneira encontrada pelos hoteleiros de
reduzir seus custos, criar uma boa imagem perante o cliente e estabelecer um
diferencial competitivo diante da concorrência austera (SANTOS, 2010).
Para minimizar os impactos ambientais negativos ao meio ambiente atualmente
algumas atividades tem sido realizadas no ramo de hotelaria, como exemplo, cita-se a
implantação do gerenciamento de resíduos sólidos que, de acordo com a PNRS, trata-
se de:
Um conjunto de ações exercidas, direta ou indiretamente, nas etapas de coleta, transporte, transbordo, tratamento e destinação final ambientalmente adequada dos resíduos sólidos e disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos, de acordo com plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos ou com plano de gerenciamento de resíduos sólidos, exigidos na forma desta Lei. (PNRS, 2010, p.2)
Apesar de a PNRS considerar que o gerenciamento de resíduos sólidos
começa a partir da etapa da coleta que é de responsabilidade municipal, deve-se levar
em conta que esse gerenciamento deve começar na geração dos resíduos, ou seja, na
fonte geradora.
Já a coleta de RSU no estado de Minas Gerais foi 15.737 t/dia o que
corresponde a 0,935 (kg/habitante/dia) sendo que 64,1% desses resíduos foram
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enviados ao aterro sanitário, 19% ao aterro controlado e 16,9% ao lixão (ABRELPE,
2011).
Outra atividade que podemos citar é a coleta seletiva que segundo a PNRS
“consiste na coleta de resíduos sólidos previamente segregados conforme sua
constituição ou composição”.
Os benefícios da coleta seletiva são muitos e estratégicos como:
Redução do lixo na fonte geradora, o reaproveitamento e a reciclagem de matérias primas, a geração de renda com a inclusão social, minimização do impacto ambiental causado pelo aterramento dos resíduos no solo e da poluição das águas e do ar, aumento da vida útil dos aterros sanitários, reduz o consumo de energia; diminui os custos da produção com o aproveitamento de recicláveis, pelas indústrias; diminui o desperdício; diminui os gastos com a limpeza urbana, entre outros. (JACOBI, 2006, p. 110)
Medidas como reaproveitamento do óleo de cozinha e logística reversa
também têm sido levados em conta na implantação do gerenciamento ambiental no
ramo hoteleiro dentre outras medidas. O gerenciamento ambiental pode ser definido
como:
Conjunto de operações técnicas e atividades gerenciais que visam assegurar que um empreendimento opere dentro dos padrões legais ambientais exigidos, minimizem seus impactos ambientais e atenda a outros objetivos empresariais, como manter um bom relacionamento com a comunidade. (SÁNCHEZ, 1991, p. 67)
A logística reversa é definida pela PNRS como:
Instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos
produtivos, ou outra destinação final ambientalmente adequada. (PNRS, 2010, p.2)
O ponto principal da logística reversa é cuidar do produto após a sua utilização,
fazendo com que ele seja reutilizado, diminuindo custos e impactos ambientais, como
contaminação do solo, ar e água. Dentre os resíduos que devem passar por esse
processo encontram-se lâmpadas, pilhas e baterias que são considerados prejudiciais
ao meio ambiente por conterem metais pesados em sua composição.
O óleo de cozinha usado é também um elemento sobremodo danoso ao meio
ambiente se disposto de maneira incorreta. Segundo a RECÓLEO apenas um litro de
óleo jogado na rede de esgoto irá degradar um milhão de litros de água, ou seja, o
equivalente ao consumo de uma pessoa por 14 anos.
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Os motivos específicos pelos quais o segmento hoteleiro vem se preocupando
com os impactos negativos causados ao meio ambiente, segundo De Burgos et al
(2002 apud SANTOS et al., 2010), são, dentre outros a redução de custos e a
qualidade ambiental do destino turístico como pré-requisito pelos turistas.
As vantagens da adoção dessas práticas ambientais pela hotelaria segundo a
International Hotels Environment Initiative IHEI (1994 apud SANTOS et al., 2010) são
as seguintes:
Oportunidades de redução de consumo e, consequentemente, os custos dos hotéis; Preferência de hóspedes que levam em consideração os requisitos ambientais no momento de escolher o local onde querem se hospedar; Melhoria da imagem da empresa perante seus empregados e demais partes interessadas; Garantia de um ambiente seguro e saudável de trabalho; Evitar problemas com a legislação; Solução dos problemas ambientais globais e regionais; Redução do consumo de água, energia e outros recursos naturais. (IHEI 1994, p.3)
O presente trabalho busca demonstrar ao setor de hospedagem que o mesmo
é potencial gerador de resíduos sólidos. A PNRS conceitua geradores de resíduos
sólidos como, pessoas físicas ou jurídicas, de direito público ou privado, que geram
resíduos sólidos por meio de suas atividades, nelas incluído o consumo. Assim o setor
de hotelaria deve possuir uma política de gestão de resíduos sólidos.
Dessa forma o presente trabalho tem como objetivo geral analisar e identificar
os resíduos sólidos de um hotel na cidade de Governador Valadares- MG e objetivos
específicos, identificar quantitativamente os resíduos sólidos gerados no hotel,
identificar como é feito acondicionamento e a coleta interna dos resíduos no hotel e
propor a melhoria da gestão dos resíduos gerados.
2 MATERIAL E MÉTODOS
2.1 Caracterização da Área de Estudo
Governador Valadares é um município brasileiro do estado de Minas Gerais
com população estimada em 263.689 habitantes (IBGE, 2010). É um polo econômico-
cultural do médio Vale do Rio Doce e exerce significativa influência sobre o leste e
nordeste do estado.
A maior parte de seu território se situa na margem esquerda do Rio Doce, a
324 quilômetros de Belo Horizonte e a 410 quilômetros de Vitória.
O município é servido pela ferrovia Vitória-Minas, da Companhia Vale do Rio
Doce e pela rodovia Rio - Bahia (BR 116). Liga-se à capital do estado pela BR 381. É
sede de uma das etapas do Campeonato Brasileiro de vôo Livre e também sedia
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vários campeonatos de vôo livre internacional e por isso recebe grande número de
turistas em uma parte do ano.
Figura 1- Mapa do Município de Governador Valadares
Fonte: Google Mapas / Janeiro 2013
O hotel ora estudado possui “5 salões de convenções, 55 apartamentos com
mais alto padrão de requinte e conforto” (site do hotel) e localiza-se em uma área de
polo comercial de fácil acesso.
Figura 2- Imagem da Recepção do Hotel
Fonte: Site do hotel / Março 2013
O empreendimento para servir de base à pesquisa foi escolhido por fazer parte
do rol dos melhores hotéis e pousadas da cidade, segundo pesquisas realizadas em
sites do ramo de hotelaria. Por ser um empreendimento bem conceituado possui um
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número de hóspedes considerável a todo tempo, o que faz do mesmo, um dos
potenciais geradores de resíduos sólidos no Município.
2.2 Tipo de método utilizado
O presente estudo é quali-quantitativo, exploratório e descritivo. Segundo
Cervo et al (2007), a pesquisa exploratória é:
Designada como quase cientifica ou não cientifica, é normalmente o passo inicial no processo de pesquisa pela experiência e um auxilio que traz a formulação de hipóteses significativas para posteriores pesquisas. A pesquisa exploratória não requer a elaboração de hipótese a serem testadas no trabalho, restringindo-se a definir objetivos e buscar mais informações sobre determinado assunto de estudo. A mesma realiza descrições precisas de situação e quer descobrir as relações existentes entre seus elementos componentes”. A pesquisa descritiva, observa, registra, analisa e correlaciona fatos ou fenômenos (variáveis) sem manipulá-los. Procura descobrir, com maior precisão possível, frequência com que um fenômeno ocorre, sua relação e conexão com outros, sua natureza e suas características. Estudos descritivos tratam da descrição das características, propriedades ou relações existentes na comunidade,
grupo ou realidade pesquisada. (CERVO et al., 2007, p.63)
A pesquisa quali-quantitativa pode ser utilizada para explorar melhor as
questões pouco estruturadas, os territórios ainda não mapeados, os horizontes
inexplorados, problemas que envolvem contextos e processos, esclarece (ENSSLIN e
ViIANNA, 2008, p. 8).
2.3 Fonte de Dados
Para identificar quantitativamente os resíduos sólidos foram feitas pesagens
utilizando uma balança portátil com escala eletrônica que tem o potencial de pesagem
de até 40 kg.
As pesagens foram feitas em 13 dias intercalados tendo como soma final um
mês de coleta de dados, elas ocorreram nos dias de segunda, quarta e sexta, pois
esses são os dias da semana em que o caminhão compactador utilizado para coleta
passa no local recolhendo os resíduos.
O acondicionamento e a coleta interna do hotel foram identificados através de
uma conversa informal com uma funcionária do hotel e através de registro fotográfico.
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Segundo o hotel, nesse período de pesquisa o mesmo recebeu em suas
instalações o número de 696 hóspedes e, atualmente, o mesmo conta com o número
de 16 funcionários.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Durante a pesquisa foram realizadas treze pesagens dos resíduos sólidos
acondicionados em sacos plásticos no hotel.
A Figura 3 mostra os resíduos acondicionados em sacos plásticos sendo
pesados.
Figura 3 - Pesagem dos resíduos sólidos já acondicionados em sacos plásticos
Fonte: Própria / Abril 2013
A totalidade dos resíduos gerados nas dependências do hotel foi de
566,77Kg/mês, dividindo o total dos resíduos pesados pelo número de hóspedes e
funcionários (696+16 = 712) temos a quantia de 0,796 Kg/pessoa/mês e 0,026 Kg/dia,
isso corresponde a 2,2% do que um brasileiro gera por dia segundo dados da
pesquisa 2011 da ABRELPE.
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A Tabela 1 mostra a quantidade de resíduos pesados em cada dia e a
quantidade de resíduos que foram pesados por dias da semana em sua totalidade.
Dia da Semana Data Kg/Dia
Total Kg/segunda-feira:
Sexta-feira 22/02/2013 39,900
178,770
Segunda-feira 25/02/2013 40,200 Quarta-feira 27/02/2013 37,400
Total Kg/quarta-feira:
Sexta-feira 01/03/2013 44,300
160,27
Segunda-feira 04/03/2013 41,270 Quarta-feira 06/03/2013 39,320
Total Kg/sexta-feira:
Sexta-feira 08/03/2013 48,300
227,73
Segunda-feira 11/03/2013 65,200 Quarta-feira 13/03/2013 35,500
Total Kg/mês
Sexta-feira 15/03/2013 53,030
566,77 Segunda-feira 18/03/2013 32,100
Quarta-feira 20/03/2013 48,050 Sexta-feira 22/03/2013 42,200 Fonte: Própria / Março 2013
A Figura 4 demonstra através do gráfico a quantidade dos resíduos gerados em cada
dia.
Figura 4 - Quantitativo gerado no período pesquisado
Fonte: Própria / Março 2013
Analisando a Figura 4 e a tabela 1 observa-se que nesse período a terceira
segunda-feira, dia 11/03/2013, apresentou um índice maior de resíduos gerados
durante o período de pesagens, isso se deu pelo fato do hotel ter recebido um maior
010203040506070
Valo
r (K
G)
Dias de pesagem
segunda quarta sexta
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número de hóspedes nesse período, sem justificativa aparente. Nota-se também que
os dias em que mais foram gerados resíduos foram os dias de sexta-feira e que nas
quartas a quantidade dos resíduos foram menores.
É válido lembrar que esses resíduos são os gerados apenas dentro das
dependências do hotel, não quantificando assim todos os resíduos gerados pelos
hóspedes e funcionários fora das acomodações do mesmo.
Em relação ao acondicionamento observou-se durante a pesquisa que o hotel
não possui coletores específicos para lâmpadas fluorescentes, o que propicia um
acondicionamento incorreto das mesmas (Figura 5).
Figura 5 - Lâmpadas fluorescentes dispostas de maneira inadequada, próximo á garagem do
hotel.
Fonte: Própria / Abril 2013
O hotel não possui um coletor de pilhas e baterias inservíveis. De acordo com
funcionários, em contra partida possui um sistema de recolhimento entre as
“camareiras” das latas de alumínio descartadas no interior do hotel para posterior
venda.
Os resíduos gerados não são separados de acordo com suas características
físicas (papel, papelão, plástico, vidro, orgânico, metal etc..), eles são acondicionados
todos em sacos plásticos grandes de aproximadamente 60 litros, e dentro de cada um
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deles pode-se observar diversos sacos de lixo menores, o que leva a crer que são
advindos da coleta interna realizada nos apartamentos do hotel (Figura 6).
Figura 6 - Acondicionamento dos resíduos. Vários sacos plásticos menores dentro de um único
maior.
Fonte: Própria / Março 2013
O hotel não possui um local adequado para armazenamento temporário, os
sacos plásticos ficam dispostos no chão em uma parte do estacionamento exposto a
chuva e sol até o recolhimento dos mesmos pela administração municipal.
Durante a pesquisa notou-se a presença de chorume no local onde os sacos
plásticos são dispostos temporariamente.
De acordo com o Dicionário Informal o chorume é um líquido poluente, de cor
escura e odor nauseante, originado de processos biológicos, químicos e físicos da
decomposição de resíduos orgânicos.
Por se tratar da decomposição da matéria orgânica, costuma atrair moscas que
também podem trazer doenças aos seres humanos.
Pelo fato do acondicionamento não ser feito de maneira correta e
ambientalmente adequado, no local onde os sacos plásticos são dispostos, gerou-se
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uma poluição visual, que pode trazer desconforto aos hóspedes que frequentam o
hotel.
A poluição visual se encaixa naquilo que é definido pela Lei 6.938/1981 que
dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, em seu Art. 3º, III, alínea d, como
a “[...] degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou
indiretamente, afetem as condições estéticas e ou sanitárias do meio ambiente;”
Esses resíduos dispostos no chão também podem atrair vetores de doenças
como, ratos, moscas etc., para o interior do hotel. A Figura 7 mostra o local onde os
resíduos acondicionados são dispostos e a formação do chorume.
Figura 7 - Registro do local onde os resíduos ficam armazenador internamente aguardando a
coleta do Município. No chão nota-se a presença de chorume.
Fonte: Própria / Março 2013
O hotel possui uma “lixeira” externa que não é compatível ao tamanho da
necessidade do mesmo, assim vários sacos plásticos ficam no chão da calçada
aguardando a coleta do caminhão compactador.
Dessa forma os resíduos dispostos no chão da calçada podem se tornar alvo
da destruição por animais, como por exemplo os cães, que podem rasgá-los e
espalhar todo resíduo ali contido pela calçada e pela rua.
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A Figura 8 mostra que a lixeira não é grande o suficiente para comportar todos
os sacos plásticos onde os resíduos gerados são acondicionados.
Figura 8 - Acondicionamento temporário dos resíduos em uma lixeira na calçada, ao lado do
Hotel.
Fonte: Própria / Março 2013
Segundo informação de funcionários, o óleo de cozinha utilizado pelo hotel é
armazenado para fabricação de sabão, o qual é utilizado pelo próprio hotel
posteriormente.
Se considerarmos que em um hotel o lixo pode ser composto de: latas de
bebidas, garrafa pet e outras, frascos variados, plásticos (os mais diversos), latas de
alimento, papel, restos de comida, jornais, papelão, isopor, material de escritório e
recepção, material de limpeza (luvas, restos de sabonetes...), papel higiênico, chiclete,
ponta de cigarro, cotonete, fio dental, fraldas de bebês e ou geriátrica, absorventes
higiênicos, preservativos, restos de materiais de construção (se houver algum tipo de
reforma ou reparo no local), lâmpadas queimadas, pilhas, baterias, entre outros,
percebemos o quão prejudicial será ao meio ambiente e á sociedade a não separação
na fonte geradora desses resíduos.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Com este estudo percebeu-se que o hotel estudado não gerencia corretamente os
resíduos gerados em suas dependências.
Assim o mesmo precisa melhorar as fases iniciais do gerenciamento de resíduos
sólidos. Fazendo isso poderá obter mais rentabilidade para o hotel atraindo hóspedes
que se importam com o fato do hotel ter em sua visão a sustentabilidade e a
preservação do meio ambiente e também irá colaborar para que os resíduos gerados
não sejam dispostos em locais inadequados prejudicando assim o meio ambiente.
Sugerem-se aos problemas encontrados no hotel as possíveis soluções:
Elaborar e executar um Programa de Gerenciamento de Resíduos Sólidos no
hotel;
Campanha de educação ambiental entre os hóspedes e funcionários;
Gerenciamento dos resíduos de forma efetiva;
Coleta seletiva;
Inclusão de coletores binários (úmido e seco) nos quartos;
Construção de uma lixeira maior no exterior do hotel;
Aquisição de coletores específicos para lâmpadas queimadas e/ou quebradas
Contêineres de 1000 litros para acondicionamento interno temporário dos
resíduos;
Coletores de pilhas e baterias;
A escolha de outro local para acondicionar os resíduos na parte interna do
hotel;
Compostagem dos resíduos orgânicos;
Venda ou doação dos resíduos gerados como (papelão, papel, entre outros) e
Dar destinação final ambientalmente adequada aos resíduos gerados
5 REFERÊNCIAS
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