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Página 1 Boletim 590/14 – Ano VI – 22/08/2014 Geração de empregos em julho é a pior desde 99, mas a renda cresce Manoel Dias, ministro do Trabalho: desempenho deve melhorar em agosto Por Camilla Veras Mota | De São Paulo O desempenho fraco da atividade surtiu mais uma vez efeito sobre o mercado de trabalho - novamente, entretanto, sem atingir a renda. Em julho, o país teve o pior saldo na criação de vagas formais para o período desde 1999, 11,8 mil, de acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgado pelo ministro do Trabalho, Manoel Dias. A indústria demitiu mais do que contratou pelo quarto mês seguido, acumula 74 mil postos a menos de maio a julho, e as regiões Sul e Sudeste perderam, cada uma, quase 5 mil empregos. Mesmo com a oferta mais escassa de trabalho, e a despeito da desaceleração da economia, os indicadores de renda têm mantido patamares elevados de crescimento e intrigado os economistas, que ainda buscam explicação para essa dinâmica. Entre as análises prepondera a observação de que a taxa de desemprego continua baixa, influenciada por uma procura fraca por vagas. Nesse sentido, a dificuldade das empresas para encontrar mão de obra qualificada, por exemplo, poderia seguir sustentando um aumento mais expressivo das remunerações. Balanço feito pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) com reajustes negociados por 340 categorias no primeiro semestre mostra que em 93,2% dos casos foram acordados aumentos acima da inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), contra 83,5% no mesmo intervalo do ano passado. Não só a abrangência, mas o percentual médio de aumento real dos salários entre janeiro e junho também foi maior na comparação - 1,54%, contra 1,08% em 2013.

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Boletim 590/14 – Ano VI – 22/08/2014

Geração de empregos em julho é a pior desde 99, mas a renda cresce

Manoel Dias, ministro do Trabalho: desempenho deve melhorar em agosto

Por Camilla Veras Mota | De São Paulo O desempenho fraco da atividade surtiu mais uma vez efeito sobre o mercado de trabalho - novamente, entretanto, sem atingir a renda. Em julho, o país teve o pior saldo na criação de vagas formais para o período desde 1999, 11,8 mil, de acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgado pelo ministro do Trabalho, Manoel Dias. A indústria demitiu mais do que contratou pelo quarto mês seguido, acumula 74 mil postos a menos de maio a julho, e as regiões Sul e Sudeste perderam, cada uma, quase 5 mil empregos.

Mesmo com a oferta mais escassa de trabalho, e a despeito da desaceleração da economia, os indicadores de renda têm mantido patamares elevados de crescimento e intrigado os economistas, que ainda buscam explicação para essa dinâmica.

Entre as análises prepondera a observação de que a taxa de desemprego continua baixa, influenciada por uma procura fraca por vagas. Nesse sentido, a dificuldade das empresas para encontrar mão de obra qualificada, por exemplo, poderia seguir sustentando um aumento mais expressivo das remunerações.

Balanço feito pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) com reajustes negociados por 340 categorias no primeiro semestre mostra que em 93,2% dos casos foram acordados aumentos acima da inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), contra 83,5% no mesmo intervalo do ano passado. Não só a abrangência, mas o percentual médio de aumento real dos salários entre janeiro e junho também foi maior na comparação - 1,54%, contra 1,08% em 2013.

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O resultado surpreendeu o coordenador de atendimento técnico sindical do Dieese, Airton Santos. Segundo ele, "algumas leituras pessimistas do nível de atividade" tinham levado a entidade a esperar reajustes menores. Os números, para ele, são reflexo de um mercado de trabalho que continua aquecido e da mobilização do movimento sindical.

Além desses fatores, a redução de mais de um ponto percentual da inflação média do período sobre o primeiro semestre de 2013 também favoreceu o crescimento dos ganhos reais. A variação média do INPC acumulado em 12 meses desacelerou de 6,82% entre janeiro e junho de 2013 para 5,62%.

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O comportamento do emprego e da renda neste ano tem mostrado "duas forças conflitantes", na definição do economista Fabio Romão, da LCA Consultores. Apesar da oferta débil, a procura fraca por vagas mantém forte o poder de barganha dos trabalhadores, diz. Segundo ele, mesmo os dados parciais da Pesquisa Mensal de Emprego (PME), com apenas quatro regiões metropolitanas, apontam para uma aceleração da alta dos salários em julho.

Compilado pela LCA, o rendimento médio real do grupo formado pelas regiões do Rio de Janeiro, São Paulo, Recife e Belo Horizonte, que representam 83,7% do estoque de trabalhadores da pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), subiu 3,5% em relação a julho de 2013, depois de alta de 2,5% no mês anterior.

A demanda menos expressiva também é para Luís Otávio de Souza Leal, economista-chefe do banco ABC Brasil, uma das razões da dinâmica contraditória da renda. Ele afirma, contudo, que o movimento de saída de pessoas do mercado de trabalho, observado desde o ano passado e que, segundo a previsão de muitos especialistas, deveria perder fôlego neste ano, é ainda um fenômeno pouco compreendido.

Os reajustes dos salários também têm chamado atenção da equipe econômica do Bradesco, que prefere observar a divulgação de novos indicadores antes de elaborar uma análise. Leandro Negrão, economista da entidade, aponta, porém, que já é possível enxergar alguma desaceleração no salário dos contratados do Caged, que não tiveram crescimento real em julho, por exemplo. "Mas já vemos esse movimento há pelo menos seis meses e, até agora, ele não apareceu na renda da PME. "

No âmbito da geração de vagas, a avaliação de que a estagnação da economia já aparece no emprego é quase consenso. Para Romão, da LCA, a fase mais difícil dos ajustes que a indústria tem feito neste ano já passou. Ao contrário da expectativa do ministro do Trabalho, contudo, ele projeta para agosto mais um mês de demissões líquidas do setor no Caged.

Depois de fechar cerca de 28 mil postos em maio e junho e outros 15,4 mil em julho, a indústria fecharia 4 mil empregos formais neste mês, levando em conta a série sem ajuste. O indicador deve voltar ao campo positivo a partir de setembro, ajudado pela sazonalidade das festas de fim de ano. (Colaboraram Lucas Marchesini e Lorenna Rodrigues, de Brasília)

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Para ministro, resultado representa o "fundo do poç o" Por Lucas Marchesini e Lorenna Rodrigues | De Brasília Julho foi o "fundo do poço" na geração de novos postos de trabalho e, a partir de agora, os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) devem melhorar em agosto, avaliou o ministro do Trabalho, Manoel Dias, ao apresentar o pior resultado do indicador para meses de julho desde 1999.

O mercado de trabalho registrou no mês passado a criação de 11.796 vagas formais, queda de 71,5% em relação ao mesmo mês de 2013, quando foram abertos 41.463 postos na série sem ajuste. O desempenho, para Dias, foi influenciado pela Copa. Por conta dos jogos, ele diz, houve fechamento de vagas temporárias especialmente no setor de serviços, que abriu 11,9 mil novos empregos em julho. "Historicamente, o normal é por volta de 40 mil", declarou.

O "ajuste da indústria" foi outro fator que pesou em julho, o quarto mês seguido de saldo líquido negativo de vagas no setor - entre abril e julho a indústria fechou 74 mil postos.

Dias prevê, porém, que a situação comece a se reverter em agosto. "Espero um saldo positivo na indústria", disse. "As ações de aumento do crédito certamente vão ajudar na recuperação do setor automobilístico, com diminuição dos estoques e normalização da produção", analisou.

No ano, foram criados 632.244 novos postos de trabalho, 30,3% a menos do que nos sete primeiros meses de 2013 (907,2 mil) e o menor saldo desde 2009. A comparação leva em conta o saldo ajustado até junho e julho sem ajuste.

Para os próximos meses, o ministro projeta uma melhora na geração de emprego de forma a cumprir a meta de criar um milhão de novos postos em 2014. "O segundo semestre é historicamente melhor que o primeiro".

Entre outros fatores, Dias acredita que o boicote europeu e americano à Rússia, e sua retaliação, levará a um aumento nas compras de carnes brasileiras. Segundo o ministro, essa demanda já levou à geração de 2 mil novos postos em Santa Catarina e outros 10 mil precisarão ser criados neste ano.

Em julho, a agricultura criou 9,9 mil postos de trabalho, a construção, 3 mil, e o comércio, 955 novos empregos.

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IBGE divulga pesquisa parcial pelo 3º mês seguido e adia Pnad Por Diogo Martins | Do Rio A greve de servidores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) acabou oficialmente na última semana, mas os reflexos da paralisação ainda se mostram na divulgação de pesquisas da instituição. Ontem, o IBGE confirmou o adiamento da publicação da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, conforme o Valor havia antecipado, e divulgou, pelo terceiro mês consecutivo, a Pesquisa Mensal de Emprego (PME) incompleta.

De acordo com as mudanças anunciadas pelo IBGE, a Pnad Contínua com dados do segundo trimestre, que seria divulgada no próximo dia 28, foi reprogramada para 6 de novembro. Já a edição do terceiro trimestre foi adiada de 6 de novembro para 9 de dezembro. O instituto informou que há atrasos nas coletas em nove Estados, entre os quais, Rio Grande do Sul e Ceará. O IBGE também fez alterações no calendário de divulgações de pesquisas estruturais.

Assim como nas edições de maio e junho, a PME de julho trouxe informações de apenas quatro das seis regiões metropolitanas. Faltaram dados de Salvador e Porto Alegre. "A coleta dos dados ocorreu. Não se pôde fazer a crítica e a análise das informações coletadas" explicou Adriana Araújo Beringuy, técnica da coordenação de trabalho e rendimento do IBGE.

O instituto comunicou que os dados de maio, junho e julho referentes a Salvador e Porto Alegre serão divulgados no dia 25 de setembro, data da publicação da PME de agosto. O Valor apurou que o IBGE está transferindo funcionários do Rio de Janeiro para Porto Alegre para acelera a conclusão da pesquisa.

A pesquisa de julho mostra que o mercado de trabalho continuou a apresentar redução na procura por emprego e aumento da inatividade. A desocupação subiu em três dos quatro locais divulgados. Na comparação com junho, o desemprego em Recife passou de 6,2% para 6,6%, ao passo que em Belo Horizonte e no Rio o indicador subiu de 3,9% e 3,2% para 4,1% e 3,6%, respectivamente. Na mesma base de comparação, a desocupação em São Paulo recuou de 5,1% para 4,9%.

"Todas as quatro regiões foram sedes da Copa do Mundo, mas nenhuma delas apresentou variação significativa na taxa de desocupação. Havia expectativa de aumento da população ocupada antes da Copa do Mundo, mas isso não se confirmou", disse Adriana. "Há menor pressão sobre o mercado de trabalho, porque a procura está menor. Ao mesmo tempo, observamos que ocorre menos geração de empregos", afirmou.

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Dados apontam corte de vagas nas capitais Por Denise Neumann | São Paulo A abertura dos dados da pesquisa de emprego e desemprego feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em quatro regiões metropolitanas - São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Recife - reforça os sinais de perda de dinamismo no mercado de trabalho.

Apesar de certa estabilidade na taxa de desemprego, ocorreu o fechamento de 100 mil vagas de trabalho entre os meses de julho e junho, a maioria delas (56 mil) referente a empregos com carteira de trabalho assinada.

Os dados mostram muita diferença regional, mas essas duas tendências são praticamente unânimes: fechamento de vagas e concentração em postos formais. São Paulo foi um pouco diferente.

Apesar da queda na ocupação (16 mil pessoas a menos em julho), o emprego formal subiu (6 mil contratações), enquanto caiu o total de empregadores (32 mil pessoas a menos estavam nessa situação).

A queda na ocupação já vem do ano passado, mas a deterioração da qualidade do emprego é mais recente. Na comparação com julho do ano passado, foram fechadas 222 mil vagas, que não se transformaram em desemprego porque muitas pessoas (795 mil) desistiram de procurar emprego ao longo desses últimos 12 meses.

No saldo de 222 mil postos de trabalho fechados desde julho passado, a maioria foi de vagas sem carteira assinada (250 mil ocupações a menos desse tipo). Além disso, o resultado na ocupação não piorou porque voltou a crescer a ocupação por conta própria, típica de momentos em que a atividade fecha espaços para o empregado, seja com ou sem carteira de trabalho assinada.

As mudanças na composição do emprego e na direção da ocupação ainda são sutis, mas já começaram. Elas reforçam que já está em curso uma inversão no mercado de trabalho, antes sempre em expansão.

Essa situação foi corroborada pelos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) relativo a julho, divulgados ontem tarde.

Eles trouxeram, de novo, menor criação de vagas no conjunto da economia e demissões líquidas em alguns setores, como vem ocorrendo desde abril.

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Confiança da indústria cai para nível de recessão Por Juliana Elias | De São Paulo Os níveis de confiança da indústria estão atualmente em patamar atingido anteriormente apenas em momentos de recessão, ao longo dos anos 2000.

A boa notícia é que dados preliminares apontam, após cinco meses seguidos de queda, para as primeiras inflexões positivas nas expectativas, avalia Aloísio Campelo, superintendente-adjunto de ciclos econômicos da Fundação Getulio Vargas (FGV).

A prévia da Sondagem da Indústria de Transformação de agosto, divulgada pela FGV, indica nova queda no Índice de Confiança da Indústria (ICI) -1,2% em relação ao mês anterior, na série com ajuste -, atingindo 83,4 pontos.

Por outro lado, um dos componentes do indicador, o Índice de Expectativas, que verifica as perspectivas de melhora dos negócios nos seis meses à frente, aponta alta de 1,8%, para 84,4 pontos, a primeira após sete meses de redução.

A pontuação é dada em uma escala de 0 a 200, em que números abaixo de 100 indicam pessimismo. Segundo Campelo, em apenas em outros três momentos, de 2000 para cá, a pontuação ficou abaixo dos 92 pontos, área de expectativa "extremamente baixa" - e sempre em momentos de recessão.

"Se pegarmos as observações mais baixas na série da sondagem da indústria, todas estão em períodos que coincidem com as recessões. E ela voltou a esse terreno (abaixo de 92 pontos) em maio deste ano", disse o superintendente.

A pontuação mais baixa foi em janeiro de 2009, quando o pessimismo bateu os 74 pontos.

Campelo destaca que, pelos dados de produção acompanhados pelo IBGE, a indústria completou em junho cinco meses seguidos - e também cinco trimestres -de queda. "Houve uma piora exagerada em junho e julho, devido ao fato de a demanda estar muito fraca e os estoques elevados", disse.

A freada da produção nesses meses, por outro lado, pode ter ajudado a ajustar um pouco os estoques, o que, segundo o economista, pode ser um dos fatores que levaram à pequena subida no nível das expectativas apontada pela prévia. "Parte dessa melhora é uma espécie de devolução da piora nos meses anteriores. Não acho que dê para comemorar como uma mudança na tendência."

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Diferença entre salários atenua alta de custos Por Denise Neumann | De São Paulo Trabalhadores de diferentes setores têm conseguido ganhos salariais acima da inflação nos acordos sindicais, mas isso não significa que o custo das empresas com a folha de pagamento esteja crescendo em igual proporção.

Os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados pelo Ministério do Trabalho, mostram que cresceu a diferença entre o salário dos trabalhadores demitidos e admitidos. Na indústria, setor que já acumula 70 mil demissões líquidas desde abril, a diferença é ainda maior.

Em julho deste ano, na média, os demitidos recebiam um salário de R$ 1,291 mil, valor 9,4% maior que o salário médio dos novos admitidos. Em julho do ano passado, essa diferença era de 7,8%.

Na indústria, esse movimento foi ainda mais significativo. A diferença entre a remuneração média dos demitidos e admitidos passou de 10% no ano passado para 14,5% neste ano. Isso ocorreu porque o salário de admissão subiu 4,5% entre julho do ano passado e julho deste ano, alta inferior à inflação acumulada no período.

Ao mesmo tempo, o salário médio dos demitidos foi 8,8% maior. Ou seja, a indústria fez um ajuste "duplo" na folha de salários: contratou por uma remuneração 4,5% menor e demitiu profissionais com salário 8,8% maior, em média.

Parte dessa diferença está relacionada aos setores que estão demitindo e àqueles que ainda contratam. O desemprego industrial começou nos setores e regiões que usam mão de obra mais qualificada.

Das 70 mil demissões líquidas (saldo entre novas contratações e demissões na indústria) feitas pelo setor de transformação desde abril (primeiro mês em que o resultado foi negativo no setor), as maiores demissões foram no segmento de material de transporte (menos 18 mil), mecânica (corte de 16,7 mil vagas) e metalurgia (13 mil demissões). As informações regionais mostram que São Paulo respondeu por quase metade (34 mil) das demissões no setor industrial.

Se, pelo lado da indústria, parte da diferença pode ser explicada pelos setores, e talvez não seja um alívio tão grande no custo, pelo lado da renda essa mudança implica menor poder de consumo dos trabalhadores, porque reduz o volume da massa salarial.

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Destaques

Procuração de advogado

O Tribunal Superior do Trabalho (TST) deu provimento a recurso da Unidade de

Serviços Especializados (USE) e afastou a irregularidade de representação declarada

pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT) de Pernambuco, que não considerou válidos

os atos praticados por uma estagiária que, entre o substabelecimento e a interposição

do recurso, habilitou-se para atuar como advogada. O processo retornará agora ao

regional. O TRT entendeu que, embora se presuma que a subscritora do recurso

passou à condição de advogada, não houve apresentação de nova procuração. "A

regularidade de representação não é automática, depende de juntada de novo

instrumento de procuração pela empresa conferindo poderes expressos para a prática

de atos privativos de advogado", afirma o acórdão. No TST, porém, o relator do caso,

ministro João Orestes Dalazen, destacou que a jurisprudência da Corte considera

válidos os atos praticados por estagiário se, entre o substabelecimento e a interposição

do recurso, houver a habilitação para atuar como advogado.

(Fonte: Valor Econômico dia 22-08-2014).

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Dieese revela que 93% das categorias tiveram aument o real em 2014

AE / SÃO PAULO Quase 93% das 340 unidades de negociação da Indústria, Comércio e Serviços analisadas pelo Sistema de Acompanhamento de Salários do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (SAS-Dieese) conquistaram, no primeiro semestre de 2014, reajustes acima da inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo divulgou o Dieese, o aumento real médio foi de 1,54% acima da inflação. O órgão não divulgou os valores desses pisos, como faz no balanço anual.

Na desagregação por setor econômico, a pesquisa mostra que, em todas as áreas, o percentual de unidades de negociação com aumento real nos pisos salariais foi superior a 90%. A maior incidência de pisos com reajustes acima do INPC foi no Comércio (95,7%), seguido pela Indústria (92,9%) e Serviços (92,8%). Já aos reajustes abaixo da inflação, observados em 2,6% das categorias, foram mais frequentes na Indústria (4,5% das unidades de negociação), seguido por Comércio (2,2%) e Serviços (0,7%). Em 4,1% dos setores analisados, o reajuste foi igual ao INPC. No relatório, o Dieese destaca que os resultados do primeiro semestre de 2014 são melhores do que o registrado para as mesmas unidades de negociação no ano anterior, tanto no crescimento do número de reajustes acima do INPC quanto na elevação dos valores negociados. Segundo o órgão, a melhora foi observada em todos os setores econômicos e regiões geográficas. Desde 2008, quando o Dieese passou a analisar os reajustes salariais, a entidade observa que os reajustes dos seis primeiros meses deste ano só ficam atrás do verificado em 2012 "e, em certos aspectos, em 2010".

Entre os fatores que justificam o bom resultado das negociações, o departamento cota três principais. O primeiro é a redução das taxas de inflação, que resultou em índices de reposição inflacionária menores do que os verificados no ano anterior. Outro fator seria a manutenção das taxas de desemprego em patamares baixos, o que, em geral, "denota um mercado de trabalho aquecido e encoraja a mobilização dos trabalhadores". O terceiro aspecto apontado é o que o Dieese chama de efeito catalisador de algumas paralisações "bem sucedidas" realizadas no primeiro semestre, em especial de trabalhadores das áreas de limpeza urbana e transporte coletivo, o que teria encorajado outras categorias. O departamento de pesquisas e estatísticas ressalta ainda que esses mesmos fatores devem ser considerados em qualquer tentativa de prognóstico para as campanhas salariais do segundo semestre.

(Fonte: DCI dia 22-08-2014).

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USP corta ponto de 1.600 funcionários; greve contin ua Tribunal Regional do Trabalho (TRT) acredita em irr egularidade e ‘incoerência de descontos’ nos salários dos servidores parados

BÁRBARA FERREIRA SANTOS - O ESTADO DE S. PAULO

SÃO PAULO - O Tribunal Regional do Trabalho (TRT) considerou que há irregularidade e

"incoerência de descontos" nos salários dos funcionários grevistas da Universidade de São

Paulo (USP) que tiveram seus pontos cortados no último mês. Segundo o Sindicato dos

Trabalhadores da USP (Sintusp), mais de 1.600 servidores técnico-administrativos tiveram

pontos cortados. A reitoria, por sua vez, afirma que o número varia entre 1 mil e 1.200

funcionários. Nesta quinta-feira, em assembleia, os funcionários decidiram manter a greve,

que já dura três meses.

Segundo Vera Montezi, representante do Conselho de Base do Sintusp, "mais de 1.600

funcionários já sofreram corte de pontos no mês passado". O diretor do Sintusp Magno de

Carvalho afirma que o número pode ser maior. "Com certeza, foi mais de 1.600, mas é

difícil precisar. Sabemos que esse número é maior do que o passado pela reitoria." Apesar

do pedido de que não haja mais descontos, não houve decisão na Justiça sobre se a

universidade deverá ou não devolver os salários cortados.

A reitoria não se pronunciou sobre uma possível devolução. "Nada além da data e do local

da reunião de negociação foi estabelecido pela Justiça do Trabalho", afirmou, em nota. O

parecer da desembargadora ecoou na universidade. Na manhã desta quinta, cerca de 60

funcionários e alunos da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia protestavam

contra a possibilidade de corte de pontos de funcionários pelo Conselho Técnico

Administrativo (CTA). A folha de pontos da unidade fecharia nesta quinta e o corte de ponto

havia sido autorizado pelo CTA. "Estamos aqui porque o ponto não pode ser cortado",

afirmou Carlos Roberto de Assunção, do comando de greve da Veterinária, durante o ato.

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Após o protesto, a vice-diretoria da unidade afirmou aos manifestantes que o corte de

salários havia sido revogado.

Na audiência pública realizada entre sindicato e reitoria, na quarta-feira, a desembargadora

Rilma Aparecida Hemetério negou a liminar da reitoria contra a greve e marcou uma

audiência de conciliação para a próxima quarta. A magistrada declarou que 0% não é uma

proposta para negociação na data-base dos funcionários, que é em maio. Ela pediu que a

universidade apresente um possível porcentual de reajuste na nova reunião de negociação.

A reitoria da universidade, em nota, afirmou que "não é possível adiantar o que será

apresentado na quarta-feira". "O comprometimento do orçamento com folha de pagamento

é de mais de 105%. Por isso, não é possível dar o reajuste neste momento", afirmou o

órgão.

Assembleia. O parecer do TRT foi comemorado pelos funcionários na manhã de ontem,

durante a assembleia do sindicato, na Cidade Universitária, na zona oeste. Na reunião, os

funcionários votaram pela manutenção da greve.

Segundo Marcelo Pablito, diretor do Sintusp, o resultado da reunião no TRT "deu um

fôlego" para os grevistas continuarem com suas reivindicações. "Nós achamos um absurdo

chegar a essa situação (a greve chegar à Justiça), porque estamos pedindo diariamente a

antecipação das reuniões de negociação com a reitoria e com o Cruesp (Conselho de

reitores das Universidades Estaduais de São Paulo)." Na assembleia, o sindicato informou

que, em apoio à greve, as aulas e atividades de residência do Hospital Universitário (HU)

estão suspensas, mas afirma que os médicos estão trabalhando e que a "escala mínima

está sendo mantida". Os grevistas marcaram um novo protesto no Hospital Universitário

para a próxima segunda-feira. De lá, eles prometem caminhar até a Faculdade de Medicina

da USP, em Pinheiros, zona oeste.

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Geração de empregos em julho é a menor para o mês em 15 anos Segundo o Caged, em julho foram geradas 11.796 vaga s

Apesar da taxa de desemprego registrada no País estar na mínima histórica, a geração de

empregos continua a dar sinais de fraqueza. Em julho, entre contratações e demissões,

foram criadas 11.796 vagas de trabalho formal, segundo o Cadastro Geral de Empregados

e Desempregados (Caged). O resultado representa a menor geração de empregos para o

mês de julho desde 1999, quando junho registrou a criação de 8.057 postos.

O ministro do Trabalho e Emprego (MTE), Manoel Dias, comentou que a geração de

empregos "chegou ao fundo do poço" em julho e que a partir de agosto os números serão

melhores.

Em junho, o País já havia registrado a menor criação de empregos em 16 anos. Em

relação a julho de 2013, a geração de empregos em julho deste ano recuou 71,55%, sem

ajuste sazonal. Com ajuste, a queda foi de 83,89%. Segundo analistas ouvidos pela

Agência Estado, o saldo final veio dentro das expectativas, já que era era esperado desde

queda de 55 mil vagas até geração de 33 mil empregos.

O saldo de julho é resultado de 1.746.797 admissões e de 1.735.001 demissões. A geração

de empregos no governo Dilma Rousseff, com os dados de julho, atingiu 5.512.302 de

contratações formais. No acumulado do ano até julho, a criação líquida de empregos

formais de 632.224 vagas.

A indústria de transformação fechou 15.392 postos de trabalho em julho. Nos demais

setores, o saldo foi positivo. Serviços criaram 11.894 vagas e a agricultura, 9.953

empregos. Na construção civil, foram gerados 3.013 postos e no comércio, 955.

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O ministro Dias avaliou que a indústria tem jogado os números para baixo. Ele observou

que entre os grandes setores, foi o único que demitiu no mês. "A indústria já passou seu

período de ajuste e agora teremos recuperação", afirmou. "Historicamente, agosto e

setembro são bons para geração de emprego. Chegamos ao fundo do poço, agora vamos

continuar recuperando a geração de emprego", defendeu. Segundo ele, a expectativa é de

que o resultado da indústria, em agosto, deve voltar a ser positivo.

Reajustes salariais melhoraram em 2014 93,2% das categorias tiveram aumentos desalário aci ma dainflação no primeirosemestre deste ano

MÁRCIA DE CHIARA - O ESTADO DE S.PAULO

As categorias profissionais com data-base no primeiro semestre conseguiram melhores

reajustes salariais em comparação ao mesmo período do ano passado. Levantamento

nacional feito pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos

(Dieese) revela que 93,2% das 340 categorias analisadas obtiveram aumentos de salários

no período superiores à inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor

(INPC). O aumento médio, descontada a inflação, foi de 1,54%. No primeiro semestre do

ano passado, os resultados tinham sido piores: 83,5% das 340 categorias profissionais

analisadas conseguiram aumento médio real de 1,08%.

O resultado do primeiro semestre é o segundo melhor em número de categorias que

conseguiram aumento real de salário desde o início da pesquisa iniciada em 2008,

perdendo apenas para o primeiro semestre de 2012, quando 95,6% das categorias

obtiveram aumento real. Quando se avalia o porcentual médio de reajuste real dos salários,

o resultado deste ano é o terceiro melhor da série, atrás de 2012 (2,15%) e de 2010

(1,57%). "O enfraquecimento da economia, por conta do baixo crescimento do PIB

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projetado abaixo de 1%, não teve impactos nos reajustes", afirma o coordenador de

atendimento sindical do Dieese, Airton Santos.

Desemprego . Dois fatores, diz Santos, levaram a esse resultado favorável, apesar do

cenário econômico desfavorável. O primeiro fator é que o nível de desemprego está baixo.

"Não existe um quadro de desemprego desenhado e definido: o fluxo de geração de postos

de trabalho do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) é menor, mas

continua positivo." Além disso, Santos ressalta que a expectativa de explosão da inflação

não se concretizou. "Com a inflação menor, fica mais fácil negociar reajuste real de salário

maior", diz. Em julho, a inflação medida pelo índice oficial, o IPCA, foi de 0,01%. Mas em

12 meses até julho, a alta acumulada é de 6,53%, acima do teto da meta estabelecida pelo

governo, que é 6,5%.

Perspectivas . Metalúrgicos, bancários e comerciários são exemplos de categorias fortes

que têm data-base no segundo semestre. Na opinião do coordenador do Dieese, a

perspectiva é que não haja um retrocesso nas negociações salariais nos próximos meses.

"Quando o primeiro semestre é favorável para as negociações salariais, a tendência é que

se mantenha no segundo semestre", diz. Outro ponto a favor, segundo Santos, para que

esse nível de reajuste seja mantido é que normalmente o ritmo da atividade econômica se

acelera a partir da segunda metade do ano. Ele também lembra que a perspectiva é que a

inflação desacelere nos próximos meses, fechando o ano abaixo de 6,5%. "A relação entre

o baixo crescimento da economia e seus efeitos sobre o mercado de trabalho deve se

cristalizar mais para a frente", prevê.

Setores . O comércio foi o setor com melhor desempenho nos reajustes salariais no

primeiro semestre: 95,7% das negociações tiveram reajuste real médio de 1,57%. Na

sequência veio a indústria, com aumento médio real de salários de 1,55% para 92,9% das

negociações fechadas. Por último está o setor de serviços, com os trabalhadores obtendo

aumento real de 1,5% em 92,8% dos acordos.

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MMX demitiu 200 funcionários desde janeiro, diz sin dicato

REUTERS - (Por Marta Nogueira)

A MMX, que passa por dificuldades financeiras e informou na véspera a paralisação temporária da produção de minério de ferro, já demitiu desde janeiro cerca de 200 funcionários, nesta quinta-feira o presidente do Sindicato Metabase de Brumadinho, Agostinho José de Sales. "Esse ano já demitiram mais de 200 funcionários para a redução de custos", afirmou Sales à Reuters. Atualmente, segundo o sindicalista, a empresa tem cerca de mil funcionários, sendo que 550 são próprios. Ele não entrou em detalhes sobre demissões recentes. Procurada, a MMX afirmou que a companhia passou por um processo de reestruturação, reduzindo prioritariamente os cargos de nível gerencial e gestão, e não negou as 200 demissões. "Os empregados diretamente lotados nas áreas operacionais não sofreram impactos significativos. Atualmente, a MMX possui 550 empregados próprios no total", disse a empresa em nota enviada à Reuters. Na quarta-feira, um dia depois de negar que esteja avaliando um pedido de recuperação judicial, a mineradora do grupo de Eike Batista informou que vai paralisar a sua produção de minério de ferro, em meio a uma queda nos preços da commodity que agrava a situação financeira da empresa. Para isso, concederá férias coletivas a seus colaboradores envolvidos diretamente na operação da mina Serra Azul, em Minas Gerais, por 30 dias, a partir da primeira semana de setembro. Esse é o único ativo da mineradora atualmente em produção. As ações ordinárias da empresa caíam 4,1 por cento, para 0,93 real, às 12h, perto do menor nível da história. EMBARGOS AMBIENTAIS Sales afirmou que o aviso de férias coletivas ainda não chegou ao sindicato, já que precisa passar primeiro pelo Ministério do Trabalho. Ele destacou que a empresa recebeu alguns embargos ambientais e que está trabalhando para resolver o assunto. A Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais (Semad) disse que embargou a mina conhecida como “Tico Tico”, em Minas, em fevereiro, por estar localizada em área próxima a cavidades de relevância ambiental. O embargo apenas será retirado quando estudos da empresa para adequação de raio da área de proteção das cavidades sejam analisados pela Semad e aprovados pelo Conselho Estadual de Política Ambiental de Minas Gerais (Copam), disse a Semad. Em maio deste ano, a secretaria também embargou a Unidade de Tratamento de Minério (UTM) e estrada próximas às cavidades. Segundo o órgão, foram aplicadas duas multas no valor de 50 mil reais por descumprimento da legislação ambiental. "Nós estamos trabalhando junto para ver se conseguimos as licenças para manter os empregos", disse sales.

(Fonte: Estado SP dia 22-08-2014).

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No ano, bons acordos salariais. Em quase 93% das 340 negociações salariais feitas no primeiro semestre de 2014, os trabalhadores conquistaram aumento real médio de 1,54% acima da inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), calculado pelo IBGE, segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (SAS-Dieese). Em todas as áreas econômicas, o aumento real nos pisos salariais foi superior a 90%. A maior incidência foi no Comércio (95,7%), seguido pela Indústria (92,9%) e Serviços (92,8%). Já os reajustes abaixo da inflação, observados em 2,6% das categorias, foram mais frequentes na Indústria (4,5%), seguido por Comércio (2,2%) e Serviços (0,7%). Em 4,1% dos setores analisados, o reajuste foi igual ao INPC. O Dieese destaca que os resultados do primeiro semestre de 2014 são melhores do que os do ano anterior, tanto no crescimento do número de reajustes acima do INPC quanto na elevação dos valores negociados. Só ficam atrás do verificado em 2012 "e, em certos aspectos, em 2010". Os fatores que justificam o bom resultado das negociações, são três, segundo o órgão: redução das taxas de inflação, resultando em índices de reposição menores que os do ano anterior; manutenção das taxas de desemprego em patamares baixos e o efeito catalisador de algumas paralisações "bem sucedidas" realizadas no primeiro semestre. O Dieese ressalta que os mesmos fatores devem ser considerados em qualquer prognóstico para as campanhas salariais do segundo semestre.

(Fonte: Diário do Comércio dia 22-08-2014).

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Mais acordos salariais têm reajuste acima da inflaç ão

Baixo desemprego é um dos fatores para resultado vi sto no 1º semestre. Ganho real médio obtido nos acordos também se elevou; tendência deve se manter neste semestre

CLAUDIA ROLLI DE SÃO PAULO Apesar do fraco desempenho da economia, o número de acordos salariais com reajustes acima da inflação aumentou no primeiro semestre e o ganho real médio dessas negociações foi maior. De janeiro a junho deste ano, 93% dos acordos terminaram com ganho real (acima da inflação). Esse percentual ficou em 83,5% em igual período do ano passado. Em 2012, considerado o melhor ano das negociações salariais, chegou a 95,6%. Somente 2,6% dos acordos do primeiro semestre não zeraram as perdas da inflação. No ano passado, eram 5,8%, segundo estudo do Dieese, que analisou 340 negociações na indústria, no comércio e no setor de serviços. Nos primeiros seis meses deste ano, o ganho real médio foi de 1,54%, ante 1,08% de igual período de 2013. "Apesar da onda de pessimismo e dos efeitos da inflação na economia, os aumentos reais médios foram melhores do que os de 2013, fato que nos surpreendeu", diz Airton Santos, coordenador de atendimento técnico sindical da entidade. Uma das explicações para isso é que a inflação acumulada nos 12 meses anteriores a cada data-base foi inferior neste ano. "Para repor a inflação acumulada em abril do ano passado, os trabalhadores precisavam negociar reajustes de 7,22%. Neste ano, o INPC acumulado em abril foi de 5,62%", explica Santos.

Para André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos, os dados impressionam e revelam "vitalidade" no mercado de trabalho. "O empresário cede às pressões dos sindicatos porque teme que, se abrir mão da sua força de trabalho, terá de pagar mais para recontratar quando esse pessimismo acabar", afirma. "O empresário está 'carregando' o trabalhador, por assim dizer." O mercado de trabalho continuou aquecido no período, com taxas de desemprego baixas. "Quanto menor o desemprego, maior o crescimento dos salários nominais", afirma o professor José Marcio Camargo, da consultoria Opus. A tendência deve se manter, em sua avaliação: "A inflação, que vinha em trajetória de elevação, parou de crescer nos últimos dois meses, o que gerou ganho real do salário".

SEGUNDO SEMESTRE Para este segundo semestre, a tendência é os resultados das negociações se manterem, com novos ganhos reais aos trabalhadores, segundo o técnico do Dieese. Petroleiros, bancários, metalúrgicos e comerciários são algumas das categorias profissionais com data-base no segundo semestre que já se mobilizam para obter reajustes acima da inflação em suas campanhas salariais.

(Fonte: Folha SP dia 22-08-2014).

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