geraÇÃo digital - 1° cap livro

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Susana Graciela Bruno Estefenon Evelyn Eisenstein (orgs.) Rio de Janeiro, 2008

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Susana Graciela Bruno EstefenonEvelyn Eisenstein

(orgs.)

Rio de Janeiro, 2008

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© 2008 by Susana Graciela Bruno Estefenon & Evelyn Eisenstein

Direitos des ta edi ção re ser va dos avieira & lent Casa Editorial Ltda.Rua Senador Dantas 118 | cj.40720031-201 | Rio de Janeiro | RJTelefax | 21 2262 8314edi to ra@viei ra lent.com.brwww.viei ra lent.com.br

Capa Verbo Arte e Design | Fernando LeiteIlustrações da capa Joel Queiroga PessôaEditoração e projeto gráfi co Leandro Collares (Selênia Serviços)Revisão Maria Beatriz Branquinho da Costa

CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE

SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ.

G311 Geração digital : riscos e benefícios das novas tecnologias para as crianças e os

adolescentes / Evelyn Eisenstein, Susana Estefenon (orgs.). - Rio de Janeiro : Vieira & Lent, 2008.224p.

AnexosISBN 978-85-88782-54-9

1. Internet - Aspectos sociais. 2. Internet e crianças. 3. Internet e adolescentes. 4. Computadores e crianças - Medidas de segurança. 5. Computadores e adolescentes - Medidas de segurança. 6. Internet e educação. 7. Crianças - Cuidado e tratamento. 8. Adolescentes - Saúde e tecnologia. I. Eisenstein, Evelyn, 1949-. II. Estefenon, Susana.

08-4165. CDD: 303.4834 CDU: 316.422.44

25.09.08 01.10.08 008944

1a edi ção, dezembro de 2008© vieira & lent Casa Editorial Ltda.

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Sumário

Introdução .................................................................................................................. 11

I NOÇÕES GERAIS

1. Tecnologia digital

1.1 Breve história e linha do tempo ......................................................................... 19

2. A grande rede

2.1 O poder e os meganúmeros ............................................................................. 26

3. Adolescência: desenvolvimento biopsi cos so cial

3.1 Afi nal, o que é adolescência? ............................................................................ 31

4. Sexualidade: crescimento biopsicossexual

4.1 Afi nal, o que é sexualidade? .............................................................................. 36

5. Mundo digital

5.1 Desenvolvimento biopsicovirtual ...................................................................... 41

5.2 O computador: ponte social ou abuso virtual? ................................................ 46

6. Conceitos

6.1 Nada mais será como antes ............................................................................... 51

6.2 Videogames, jogos online e jogos eletrônicos................................................. 55

6.3 Lan houses: uma preferência nacional .............................................................. 63

6.4 O celular: mil e uma utilidades .......................................................................... 67

II RISCOS À SAÚ DE MENTAL E À SAÚDE FÍ SI CA

1. Riscos à saú de men tal

1.1 Aspectos psicológicos ........................................................................................ 73

1.1.1 Remédio que cura também pode matar .................................................. 73

1.2 Aspectos psiquiátricos ....................................................................................... 77

1.2.1 Transtorno de Dependência da Internet .................................................. 77

1.2.1.1 Tempos de solidão ............................................................................. 77

1.2.2 Distúrbios mentais e de comportamento pelo uso da internet ............ 84

1.2.2.1 Desafi os de uma nova realidade ...................................................... 84

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2. Riscos ligados à sexualidade

2.1 Abuso sexual pela internet ................................................................................ 88

2.1.1 Cuidado, abuso é crime! ........................................................................... 88

3. Riscos neurológicos

3.1 As várias faces do tecnoestresse ...................................................................... 94

4. Riscos auditivos

4.1 Antes que eles fi quem surdos ........................................................................... 98

5. Riscos oftalmológicos

5.1 Piscar é preciso ................................................................................................... 102

6. Riscos alimentares e endocrinológicos

6.1 Anorexia e bulimia .............................................................................................. 106

6.1.1 Entre Anas, Mias e outras bombas ............................................................ 106

6.2 Obesidade ........................................................................................................... 110

6.2.1 Prevenir é sempre melhor ......................................................................... 110

7. Riscos cardiológicos

7.1 Doenças cardiovasculares e o uso excessivo do computador ...................... 119

8. Riscos osteoarticulares

8.1 O peso do desleixo ............................................................................................. 124

9. Riscos na saú de ocupacional

9.1 Uma questão de postura .................................................................................... 127

10. Autodiagnóstico, auto-sugestão e automedicação digitais

10.1 Consultas e diagnósticos digitais .................................................................... 133

III INCLUSÃO E EX CLU SÃO DIGITAIS

1. Inclusão digital

1.1 Real e virtual — O encontro ............................................................................... 139

2. Exclusão digital

2.1 Limitações e disparidades do mundo high tech.............................................. 143

IV A EDUCAÇÃO E A ESCOLA NA ERA DIGITAL

1. À guisa de explicação

1.1 A nova geografi a do planeta .............................................................................. 149

V BENEFÍCIOS DAS NOVAS TECNOLOGIAS

1. Novas tecnologias

1.1 Aspectos positivos da nova era ......................................................................... 161

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VI ASPECTOS LEGAIS E JURÍDICOS1. Os direitos individuais e coletivos na era da internet ....................................... 171

2. Você também é responsável ................................................................................ 182

2.1 Denuncie a exploração sexual de nossas crianças ................................... 182

VII FATORES DE RISCO E DE PROTEÇÃO1. Como proteger o desenvolvimento de nossas crianças e adolescentes ....... 189

VIII O QUE FAZER?1. Dicas saudáveis ..................................................................................................... 197

Anexo 1 – Pesquisa-piloto

Retrato do adolescente diante do computador ..................................................... 201

Anexo 2 – Teste

Saiba se vo cê é vi cia do em internet ....................................................................... 206

Sites de interesse ......................................................................................................... 209

Glossário digital .......................................................................................................... 211

Índice

Recomendações para a saúde na era digital ......................................................... 219

Sobre os colaboradores ............................................................................................. 220

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Introdução

Este lu gar é real, vi vo de verdade… Parte de le não é mui to bo ni ta. Mas a maior par te é linda!

muitos ado les cen tes e crian ças ho je vi vem em dois mun dos: aquele que to dos ve mos e co nhe ce mos, e um mun do efê me ro que pa re ce maior, mais in te res san te e sur preen den te, que ofe re ce au to no mia e aven tu ra, opor tu ni da-des e pe ri go. O ad mi rá vel mun do no vo no qual nos sas crian ças pas sam ca da vez mais tem po é o es pa ço ci ber né ti co, o mun do da in ter net. Esse “lu gar vi vo de ver da de” é on de elas se en con tram, apren dem, pa que ram, jo gam, ga nham di nhei ro, se co mu ni cam, com pram, fo fo cam, bri gam, co me çam e ter mi nam re la cio na men tos. Em uma fase da vi da em que o cor po mu da e as emo ções se re be lam, es se é um mun do no qual elas po dem se apro priar, um lu gar on de po dem ex plo rar sua in de pen dên cia sem a in ter fe rên cia dos pais, dos pro fes so res e de ou tros adul tos; uma rea li da de vir tual na qual elas po dem tra-ba lhar a an sie da de, con fu são e ale gria da pas sa gem à vi da adul ta. De mui tas for mas, o mun do se du tor e es pe cial da in ter net é ini güa la vel men te adap ta do ao tem pe ra men to e às ta re fas dos ado les cen tes. O es pa ço ci ber né ti co po de ser no vo, mas a ex pe riên cia da ado les cên cia e a ne ces si da de de um lu gar pa ra

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12 Geração digital

atra ves sá-la são uni ver sais e eter nas. A in ter net é a ver são atual do “lu gar vi vo de ver da de” des cri to pe la ado les cen te de olhos ar re ga la dos pres tes a se tor nar mu lher em O má gi co de Oz, um fil me de Hollywood fei to há qua se três quar-tos de século.

A in ter net atra ves sou fron tei ras, dis sol veu bar rei ras lin güís ti cas e cul tu-rais, pe ne trou blo queios po lí ti cos, va po ri zou di fe ren ças ra ciais e cres ceu mais rá pi do e em di re ções mais sur preen den tes do que se es pe ra va. O es pa ço ci-ber né ti co ofe re ce aos ci da dãos praticamente tu do e qual quer coi sa co nhe ci-da ou ima gi ná vel, dis po ní vel com o aper tar de um bo tão. Sendo a na tu re za hu ma na co mo é, o cres ci men to da in ter net foi mo ti va do pe lo de se jo de lu cro e po der. Como re sul ta do, a in ter net apre sen ta mui tas amea ças a seus fi lhos, in cluin do fá cil aces so ao ál cool, ao ta ba co, aos me di ca men tos de pres cri ção, à por no gra fia, à pros ti tui ção e às fi lo so fias de ódio, de ra cis mo, de se xis mo e de cruel da de. Drogas e cri me são cla ra men te pe ri go sos pa ra os jo vens.

Mas é mui to mais di fí cil en si nar, guiar e orien tar seus fi lhos em re la ção à in ter net, pois não é de to da ruim. Usada com cui da do e res pei to, a in ter net po de ofe re cer aos jo vens uma pers pec ti va maior do mun do, mais ex pe riên cia e um ri co co nhe ci men to. E, na eco no mia de ho je, sa ber usar a in ter net é tão es sen cial quan to sa ber ler.

Ao con trá rio dos pe ri gos co nhe ci dos, co mo dro gas e cri me, não há uma for ma cla ra de pro te ger nos sas crian ças dos pe ri gos da in ter net. Não é fá cil dis tin guir o cer to do er ra do, o se gu ro do não se gu ro. Há mui tas per gun tas. A in ter net po de vi ciar? Pode ofe re cer opor tu ni da des edu ca ti vas que a es co la não ofe re ce? Ou ela ape nas ex põe os jo vens a um ma te rial que po de ser ina de qua-do ou até pre ju di cial a um de sen vol vi men to sau dá vel? O es pa ço ci ber né ti co ofe re ce um am bien te de en si no mais efi caz es pe cial men te pa ra jo vens com dis túr bios de apren di za gem? O tem po no com pu ta dor é usa do de for ma apro-vei tá vel, com o de ver de ca sa ou a lei tu ra? As ho ras na fren te de uma te la po-dem con tri buir pa ra o ex ces so de pe so? Ou pa ra dis túr bios do so no? Sentar-se na fren te de uma te la de com pu ta dor po de da ni fi car a vi são? Ou a au di ção? Ou a pos tu ra? A in ter net ofe re ce um am bien te não mo ni to ra do pa ra o con-su mis mo? Apostas on li ne? Acesso a dro gas ou ar mas? Uma crian ça po de ser se du zi da por um pre da dor se xual? Ou ser re cru ta da por uma qua dri lha? Os

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Introdução 13

re la cio na men tos vir tuais po dem aju dar os ado les cen tes a apren der a li dar com en con tros so ciais? Ou o am bien te vir tual os iso la e os tor na me nos ca pazes de ini ciar e man ter re la cio na men tos na vi da real? Os ado les cen tes que se sen tem de sam pa ra dos e sós po dem en con trar es pe ran ça e co mu ni da de no mun do vir-tual? Ou eles vão en trar pa ra uma co mu ni da de for ma da pe lo in te res se co mum de “ser me lhor” em ano re xia ner vo sa? Ou pa ra de sen vol ver um pla no pa ra sui-cí dio si mul tâ neo? Essas per gun tas, e uma ain da mais im por tan te — A in ter net é boa ou ruim? — de vem ser res pon di das com um so no ro “Sim!”.

A in ter net é boa e ruim. É ex tre ma men te no va co mo tec no lo gia, meio e fe nô me no so cial. Estamos ain da co me çan do a co nhe cer seu po ten cial. Te-mos que de sen vol ver o co nhe ci men to e as fer ra men tas pa ra en si nar nos sos jo vens a re co nhe cer e evi tar as amea ças ci ber né ti cas. Nós, as sim co mo nos sos fi lhos, pre ci sa mos dis cer nir o que é sau dá vel do que não é sau dá vel, apro vei-tar a opor tu ni da de e evi tar frau des. Assim co mo os pais pre ci sam do con se lho de pe dia tras e do apoio da ciên cia pa ra de ter mi nar co mo de vem ali men tar seus fi lhos ou co mo pro te gê-los em um au to mó vel, as pes qui sas de saú de po-dem in for mar co mo orien tar nos sos fi lhos em re la ção aos ris cos e be ne fí cios da Era da Informática. Temos mui to que apren der so bre os efei tos da in ter net na saú de fí si ca, men tal e so cial das crian ças e dos ado les cen tes. Precisamos de pes qui sa cien tí fi ca só li da pa ra po der mos ba sear nos sas es tra té gias de orien-ta ção familiar.

Ainda que no va e evo luin do ra pi da men te, já sa be mos mui to so bre a in-ter net. Seus com po nen tes — ima gens, tex to, pu bli ci da de, ví deo, mú si ca e ati vi da des ele trô ni cas in te ra ti vas — têm si do par te de nos sa ex pe riên cia co le-ti va há dé ca das. De tem pos em tem pos, pais e pro fes so res mos tra ram preo cu-pa ção em re la ção à te le vi são e ou tros meios, e a so cie da de res pon deu. Ainda que a res pos ta sem pre te nha si do mo ti va da pe la mo ral, “va lo res fa mi lia res” e exi bi cio nis mo po lí ti co, a cen su ra não é acei tá vel e nem ca bí vel em uma so-cie da de de mo crá ti ca. Outras abor da gens mais sen sa tas le va ram os cien tis tas de vá rias dis ci pli nas a con du zi rem uma pes qui sa, e os clí ni cos a re co men da-rem in ter ven ções so bre as in fluên cias ne ga ti vas da mídia.

Um no vo im por tan te re cur so, o Centro de Mídia e Saúde da Criança (Center on Media and Child Health — CMCH) do hos pi tal de en si no de

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14 Geração digital

pe dia tria da Faculdade de Medicina de Harvard, nos Estados Unidos, é o pri-mei ro cen tro mé di co aca dê mi co de di ca do a en ten der e res pon der às in fluên-cias da mí dia na saú de e no de sen vol vi men to ideal de crian ças e ado les cen-tes. O CMCH es tá con du zin do uma pes qui sa ori gi nal, des co brin do os efei tos po si ti vos e ne ga ti vos de to das as mí dias nos jo vens, pro mo ven do uso po si ti vo da mí dia e de sen vol ven do e tes tan do in ter ven ções de seus efei tos ne ga ti vos. O CMCH se com pro me teu a co le tar pes qui sas cien tí fi cas exis ten tes so bre os efei tos da mí dia na saú de e di vul gar es se co nhe ci men to a cien tis tas e clí ni cos e, mais im por tan te, a pro fes so res e pais. Essa pes qui sa, adi cio na da a ou tras fer ra men tas úteis pa ra os pais, pro fes so res e to dos que tra ba lham com jo vens adul tos, es tá dis po ní vel para consulta no site www.cmch.tv.

O que sa be mos so bre o efei to da ex po si ção de crian ças e ado les cen tes à te-le vi são, fil mes, mú si ca, vi deo ga mes, com pu ta do res e in ter net é o re sul ta do de uma pes qui sa cien tí fi ca de mais de cin co dé ca das. Antes da de ci são do CMCH de criar uma bi blio te ca de fi ni ti va e abran gen te das pes qui sas so bre os efei tos da mí dia, ha via con fu são, di ver gên cia e com par ti men ta li za ção das in for ma ções. Ninguém con cor da va nem mes mo com o nú me ro de pu bli ca ções cien tí fi cas exis ten tes. Em uma das mui tas dis cus sões no con gres so dos Estados Unidos, em 2001, a Motion Picture Association of America en fa ti zou que ha via me nos de 300 es tu dos fei tos so bre os efei tos da mí dia. Um li vro que ad ver tia os pais so-bre a vio lên cia na te le vi são, fil mes e vi deo ga mes afir ma va que ha via 3.500 ar ti-gos so bre os efei tos da mí dia. Na ver da de, nin guém sa bia, nin guém leu to dos os ar ti gos, en tão, in ven ta ram uma res pos ta que sus ten tas se seu pon to de vis ta. Até ho je, o CMCH co le tou mais de 9.000 pu bli ca ções, re la tó rios e li vros de cien tis-tas e clí ni cos do mun do in tei ro, tra ba lhan do em 13 dis ci pli nas di fe ren tes. Eles ex plo ram as re la ções en tre o uso da mí dia e obe si da de, vio lên cia, an sie da de, de pres são, com por ta men to dos ris cos se xuais, ren di men to es co lar bai xo, dis túr-bios ali men ta res, ta ba co, ál cool e uso de ou tras dro gas, as sim co mo apli ca ções efe ti vas da mí dia pa ra edu car, ca pa ci tar e ins truir. Grande par te des sa li te ra tu ra po de nos in for mar so bre os pos sí veis efei tos da in ter net e nos ca pa ci tar a usá-la de for ma po si ti va, sau dá vel e pa ra uma vi da melhor.

A in ter net es tá en tre as fer ra men tas mais po de ro sas já de sen vol vi das. E é oni pre sen te, aces sí vel a to dos em ca sa, nas es co las, nas bi blio te cas e nos ca-

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Introdução 15

fés. A uni ver sa li da de da in ter net e sua ca pa ci da de de in fil tra ção au men tam seus po ten ciais be ne fí cios, as sim co mo seus ris cos. Iniciativas glo bais e lo cais dos Estados Unidos ao Brasil se com pro me te ram em tra zer a tec no lo gia até mes mo aos mais po bres, pois o aces so à in for ma ção e a uma voz pa ra se ex-pres sar são fon tes mui to im por tan tes de po der pes soal e po lí ti co que po dem ser vir de ba se pa ra uma de mo cra cia par ti ci pa ti va. Como com qual quer ou tra fer ra men ta, o que de ter mi na se a in ter net é boa ou ruim de pen de de sua aplicação. Uma pá po de ser usa da pa ra ata car al guém ou pa ra plan tar. Como a pá, a in ter net po de pre ju di car ou aju dar. O re sul ta do é de ter mi na do pe la for ma co mo é usada.

O que to dos pre ci sa mos fa zer é de sen vol ver o co nhe ci men to da in ter net, seu do mí nio, es tra té gias pa ra pro te ger e res guar dar as crian ças, e fer ra men tas com as quais elas pos sam se pro te ger. O uso da in ter net de for ma se gu ra, sau-dá vel e pa ra uma vi da me lhor po de ser en si na do. Este li vro ser vi rá co mo um guia do via jan te pa ra o es pa ço ci ber né ti co, um kit de fer ra men tas pa ra a in ter-net e um ma nual do usuá rio pa ra os pré-ado les cen tes e ado les cen tes. Editado por duas ta len to sas e fer vo ro sas mé di cas es pe cia lis tas em saú de dos ado les-cen tes, o li vro exa mi na os pa râ me tros téc ni cos e so ciais do es pa ço ci ber né ti co e ex plo ra as rea li da des do de sen vol vi men to dos ado les cen tes no Brasil. Este li vro re vê as pes qui sas, ex pli ca o que é co nhe ci do dos efei tos po si ti vos e ne ga-ti vos do uso da internet, e ofe re ce fer ra men tas prá ti cas pa ra mo ni to rar e guiar seu uso pe los jo vens. Com es se co nhe ci men to, po de le var pais, pro fes so res e clí ni cos, até mes mo os jo vens, a um en ten di men to com ple to do que po de e, às ve zes, acon te ce, quan do o ado les cen te di nâ mi co e em cons tan te evo lu ção en tra no uni ver so vir tual de rá pi da ex pan são. Depois de do mi nar o com pu ta-dor e se fa mi lia ri zar com a in ter net, os jo vens e seus pais po dem apren der a vi ver no mun do vir tual de for ma sau dá vel, se gu ra e com har mo nia in ter pes-soal. Este li vro ofe re ce um guia prá ti co pa ra na ve gar na in ter net e usá-la pa ra apren der, cres cer e fa zer o bem.

Não po de mos mais fin gir que o mun do vir tual não exis te. Ou que não nos diz res pei to. Se não nos cons cien ti zar mos da exis tên cia da in ter net, com suas opor tu ni da des e pe ri gos, co mo em um mun do real, não se re mos pais, pro-fes so res e clí ni cos efi cien tes. Podemos não sa ber di ri gir ou até nem ter car ro,

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mas te mos que sa ber que nos sos fi lhos pre ci sam usar o cin to de se gu ran ça. Podemos não gos tar de com pu ta do res e nos sen tir mos até “dei xa dos pa ra trás” pe la in ter net, mas não po de mos ig no rar os pe ri gos e pro mes sas que ela ofe re-ce. Este li vro não é ape nas uma ad ver tên cia, mas tam bém apre sen ta so lu ções aces sí veis e fle xí veis o bas tan te pa ra res pon der ao mun do di gi tal de rá pi da mu dan ça. Leia, apren da e com par ti lhe com seus fi lhos, alu nos e pa cien tes. Estamos em um ad mi rá vel mun do no vo e to dos pre ci sa mos apren der a vi ver ne le de for ma sau dá vel, se gu ra e humana.

Michael RichDiretor do Centro de Mídia e Saúde da Criança

Children’s Hospital BostonFaculdade de Medicina de Harvard

Boston, EUAwww.cmch.tv

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1. Tecnologia digital

1.1 Breve história e linha do tempo

Susana Graciela Bruno EstefenonPediatra e hebiatra

se pudéssemos definir qual é a geração digital, provavelmente teríamos que considerar os adultos jovens que hoje têm 25 anos, quase a idade da internet. Durante a infância deles, os jogos de videogames já faziam sucesso — como o Super Mario Bros., produzido pela Nintendo — e a Tim Berbers-Lee formatava a web, longa teia de rede mundial de computadores. A pri-meira mensagem SMS foi enviada em 1992, os sites de comércio eletrônico mais famosos, como o Amazon e o eBay, surgiram em 1995, e o programa de correio eletrônico Hotmail apareceu em 1998, quando eles estavam no ensino médio.

Em poucos anos, uma revolução estava se desenhando. Surgiram os ce-lulares e os primeiros serviços de mensagens instantâneas — que logo se po-pularizaram entre os adolescentes. A maior ferramenta de busca da rede, o Google, veio ao ar em 1998, o Napster e o Blogger.com são de 1999. A Wi-kipedia, enciclopédia universal, e o iPod, para ouvir som digital, são de 2001. Os primeiros sistemas de redes sociais, como o Orkut, apareceram em 2002.

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Irani
Realce

20 I. Noções gerais

O Skype, sistema de comunicação, é de 2003. E o YouTube, site para exibir filmes, surgido em 2005, marcou o momento em que aqueles jovens estavam na universidade.

Esses jovens cresceram num universo paralelo ao dos pais e professores e ao da maioria das pessoas. Foram construindo novos conceitos, mudando comportamentos e, com isso, forçando companhias e indústrias a criar no-vos produtos e a se adaptar a um novo e crescente mercado: o do mundo digital.

Essa geração joga por horas seguidas — games para os adultos são enigmas complicadíssimos. Fazem amigos não mais no clube ou na esquina de casa, mas nos sites de relacionamentos. Em vez de comprar CDs, armazenam suas trilhas musicais preferidas num aparelhinho que os acompanha para todo lado e têm acesso aos lançamentos de filmes e vídeos pelo computador. Gra-vam suas impressões, sonhos e, às vezes, as perplexidades nos blogs, similares virtuais dos antigos diários — com direito até a cadeado — e fotografam tudo e todos com seus sofisticados celulares. Sabem de tudo em tempo real.

Eles são ágeis, curiosos, informados e dominam a tecnologia. Eles estão aí, são seus filhos(as), neto(as), alunos(as) ou pacientes. Não são mais o futuro porque o futuro já é. Você não saberá tudo que eles sabem, e menos ainda da maneira como eles aprenderam. Mas pode trocar experiências com eles e descobrir um mundo de possibilidades.

Li nha do tem po

1941 • O com pu ta dor ale mão Z3, re sul ta do da 2ª Guerra Mundial, pos si bi li ta va a co di fi ca ção de men sa gens. Foi destruído.

1943 • Na Inglaterra, Alan Turing in ven tou o Colossus, um gi gan te que pro ces-sa va 5 mil ca rac te res por se gun do me dian te sis te ma de válvulas.

1951 • O Univac foi o pri mei ro com pu ta dor co mer cia li za do nos Estados Uni-dos e seu pre ço che gou a 1 mi lhão de dólares.

1953 • A IBM (International Business Machines) lan çou o pri mei ro com pu ta dor di gi tal. Em três anos con se guiu ven der 19 máquinas.

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1. Tecnologia digital 21

1958 • A NEC do Japão cons truiu o pri mei ro com pu ta dor ele trô ni co do país — NEAC.

• A Texas Instrument criou o pri mei ro cir cui to integrado.

1960 • Surgiu o da ta pho ne, pri mei ro mo dem co mer cial, capaz de converter si nais di gi tais de com pu ta dor em si nais ana ló gi cos pa ra a trans mis são por meio de suas re des de lon ga distância.

1961 • Foi criado o Unimate, pri mei ro ro bô in dus trial que em pi lha va pe da ços de me tais. Ele operou na fá bri ca de au to mó veis GM (General Motors).

1962 • Criado nos Estados Unidos por es tu dan tes do MIT (Massachusetts Ins-titute of Technology) o pri mei ro jo go ele trô ni co interativo.

1963 • Douglas Engelbart re ce be a pa ten te do pri mei ro mou se pa ra computa-dor.

1970 • O SRI Shakey foi o pri mei ro ro bô mó vel in ter na cio nal con tro la do por in te li gên cia artificial.

• É ins ta la do nos Estados Unidos o pri mei ro cai xa au to má ti co no Banco Nacional do Sul.

• A pri mei ra co mu ni ca ção com pu ter-to-com pu ter ex pan diu-se quan do o Departamento de Defesa Norte-ame ri ca no es ta be le ceu qua tro pon tos pa ra co mu ni ca ção no Arpanet: Universidade da Califórnia/Santa Bárba-ra, UCLA, SRI In ter na cio nal e Universidade de Utah.

1972 • É lan ça do o pri mei ro apa re lho do més ti co de vi deo ga me: o jo go Pong.

• São ins ta la dos os pri mei ros te le fo nes pú bli cos no Rio de Janeiro e em São Paulo.

• Acontece a pri mei ra trans mis são de te le vi são a co res no Brasil: Festa da Uva, Caxias do Sul, Rio Grande do Sul.

• A Arpanet, re de que ori gi nou a in ter net, tem sua pri mei ra de mons tra-ção pú bli ca na First International Conference of Computer’s Communi-cations, Estados Unidos.

• É cria do o pri mei ro pro gra ma de e-mail.

1973 • A pri mei ra li ga ção de um te le fo ne ce lu lar é re gis tra da nos Estados Uni-dos pe lo pes qui sa dor Martin Cooper. O apa re lho pe sa va 250 gramas.

• A Arpanet tem um no vo com pu ta dor co nec ta do a ca da 20 dias. Já são fei tas co ne xões in ter na cio nais. A cria ção de uma re de mun dial co me ça a ser dis cu ti da abertamente.

1974 • A Arpanet dis tan cia-se da pes qui sa ex clu si va men te mi li tar em sua pri-mei ra ver são co mer cial: Telnet.

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22 I. Noções gerais

1975 • O Brasil pas sa a fa zer par te do sis te ma de dis ca gem di re ta in ter na cio-nal (DDI).

• Bill Gates e Paul Allen fun dam a Microsoft em Albuquerque, Novo Méxi-co.

1978 • Entra em ope ra ção no Japão a te le fo nia mó vel celular.

1979 • O mer ca do as sis te à che ga da do walkman.

• São es ta be le ci dos os pri mei ros gru pos de dis cus são, com usuá rios em to do o planeta.

• Nascem os sím bo los emo ti cons e smi leys pa ra as men sa gens: ;-) :-) :-( :>) :>o @@@ :-).

1980 • Entra em ope ra ção o sis te ma in ter na cio nal de sa té li tes de co mu ni ca ção (Inmarsat), cu ja área de abran gên cia in cluía as re giões dos ocea nos Atlântico, Pacífico e Índico.

• Começa a fun cio nar o Transdata: pri mei ro ser vi ço de co mu ni ca ção de da dos do con ti nen te sul-ame ri ca no, li gan do Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília.

1981 • A IBM lan ça seu PC (per so nal computer).

• Bill Gates cria e ven de o sis te ma ope ra cio nal MS-DOS.

1982 • Surgem o CD (Compact Disc) e os pri mei ros te le fo nes celulares.

1984 • A Apple lan ça o com pu ta dor Macintosh.

• O nú me ro de ser vi do res da in ter net já pas sa de mil.

• William Gibson cria o ter mo cybers pa ce no li vro Neuromancer (Editora Aleph, 3ª ed., 2003).

• É ven di do o pri mei ro apa re lho de te le fo ne celular.

• Os pri mei ros ca bos de fi bra óti ca no Brasil são ins ta la dos no Rio de Janeiro pe la Companhia Estadual de Telefones.

• Nasce o pri mei ro pro gra ma Windows Microsoft con tro la do to tal men te pe lo mouse.

1985 • É lan ça do com su ces so o Brasilsat A-1, pri mei ro sa té li te do més ti co bra-si lei ro. O Brasil é o pri mei ro país da América Latina a rea li zar tal feito.

1989 • Os pes qui sa do res do Centro Europeu pa ra a Investigação Nuclear (CERN, Suíça), Tim Berners-Lee e Robert Caillau, criam a world wi de web (www), um pro je to glo bal que per mi tia a na ve ga ção em pá gi nas de con teú do por meio do hi per tex to. A www per mi tiu o aces so do pú-bli co à in ter net e a tro ca e o com par ti lha men to de in for ma ções — tex-tos e ima gens — dis po ní veis em mi lha res de sites.

• NEC e Compac lan çam mo de los de lap tops, com pu ta do res por tá teis, com o ta ma nho de uma fo lha de pa pel A4.

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1. Tecnologia digital 23

1990 • O Rio de Janeiro é a pri mei ra ci da de bra si lei ra a usar a te le fo nia celular.

1991 • É lan ça da a pri mei ra câ me ra di gi tal pro fis sio nal, com 1,3 megapixel.

• É in ven ta do o WAIS (Wide Area Information Servers), ser vi ço que dá aces so a ba ses de da dos na in ter net e efe tua bus cas por meio de pa la vras-chave.

• É lan ça do o Gopher, um na ve ga dor que per mi te pe la pri mei ra vez que os usuá rios “sur fem” pe la rede.

1992 • É ins ta la do o pri mei ro te le fo ne pú bli co por car tão do Brasil, no Rio de Janeiro.

1992 • É lan ça da a Multi Rede Digital, que per mi te a in te gra ção em re de de voz, da dos, tex tos, fac-si mi le e videoconferência.

• A in ter net al can ça 33 paí ses, li ga mais de 17 mil re des e já tem mais de 1 mi lhão de ser vi do res conectados.

1993 • Já são mais de 100 paí ses co nec ta dos à internet.

• A te le fo nia mó vel é de fi ni ti va men te co nec ta da ao sis te ma ter res tre de fi bras óti cas. Rio de Janeiro e São Paulo são ligados por 420 qui lô me tros de ca bos.

• Surge o Windows NT, vol ta do pa ra as empresas.

• É lan ça da a pon ta do ca bo sub ma ri no América 1, que in ter li ga o Brasil à re de mun dial de fi bras óticas.

1994 • Surge o ter mo we blog, po pu la ri za do de pois co mo blog. Sites par ti cu la-res que fun cio nam co mo diá rios pes soais, com co men tá rios e opiniões.

1995 • É im plan ta da a in ter net co mer cial no Brasil.

• É lan ça do o JB Online, o pri mei ro jor nal bra si lei ro na internet.

• O em pre sá rio ame ri ca no Bill Gates lan ça o Windows 95 com o Micro-soft Internet Explorer e en tra na in dús tria da internet.

• É lan ça do o Real Audio, pro gra ma que per mi te a trans mis são de som com qua li da de e em tem po real pe la rede.

1996 • As no vas tec no lo gias de cre tam o fim da fi cha telefônica.

• A in ter net atin ge 150 paí ses; 80 mi lhões de pes soas já es tão co nec ta das e a ca da dois me ses do bra o nú me ro de sites.

• Surge o Google Search, serviço de busca na internet, criado a partir de tese de doutorado dos então estudantes Larry Page e Sergey Brian, da Universidade de Stanford. A empresa Google foi fundada em 1998.

• Surgem os pri mei ros apa re lhos de DVD (Digital Video Disc).

• A or ga ni za ção sem fins lu cra ti vos Internet Archives co me ça a reu nir pá-gi nas web com sons e ima gens pa ra a cria ção de uma bi blio te ca di gi tal e a ma nu ten ção da me mó ria des se meio.

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24 I. Noções gerais

1997 • Entra em ope ra ção em Brasília o pri mei ro ser vi ço ce lu lar di gi tal da ban da B.

• Surge a ver são 4.0 do pro gra ma Internet Explorer. A po pu la ri za ção do pro gra ma fez a Microsoft lan çar uma ver são mais rá pi da e completa.

1999 • Já es tão co nec ta dos à internet 2,5 mi lhões de bra si lei ros.

• É lan ça do o MSN Messenger pe la Microsoft.

2000 • Torna-se pos sí vel aces sar a in ter net via ce lu lar, WAP (Wireless Applica-tion Protocol), no Brasil.

2001 • São as si na das as pri mei ras li cen ças GSM (Global System for Mobile Communications) ou Sistema Global pa ra Comunicações Móveis.

• Surge o Windows XP com gran de mu dan ça na in ter fa ce grá fi ca e maior es ta bi li da de do sis te ma (Microsoft).

2003 • O nú me ro de ce lu la res no Brasil já che ga a 35,2 mi lhões, o equi va len te 47,5% do to tal de te le fo nes ins ta la dos em ope ra ção no país.

• É lan ça do o Orkut, re de que reú ne mi lhões de pes soas de to do o mun-do em tor no de co mu ni da des temáticas.

2004 • Já exis tem 1,7 bi lhão de ce lu la res no mun do e mais de 65 mi lhões no Brasil.

• Foram re gis tra dos em outubro 61,18 mi lhões de aces sos mó veis e 39,36 mi lhões de fi xos.

• É lan ça do o pri mei ro ce lu lar 3G ou ter cei ra ge ra ção no Japão, com aces so à in ter net, men sa gens mul ti mí dia e down load de aplicativos.

• Surge o ce lu lar que gra va e re pro duz vídeos.

• É lan ça do o ce lu lar ca paz de re co nhe cer tex tos es cri tos à mão.

• Uma ope ra do ra fran ce sa lan ça um pro gra ma com ser vi ços que per mi te a de fi cien tes vi suais uti li zar celulares.

2005 • É lan ça do o iPod.

• Surge o YouTube, pri mei ro si te de ví deos na internet.

• Surge o pri mei ro ce lu lar com co man do de voz.

• É lan ça da a ca ne ta com co ne xão sem fio ca paz de trans fe rir in for ma-ções pa ra um ce lu lar ou com pu ta dor, uti li zan do tec no lo gia bluetooth.

• Lançado sis te ma mó vel de iden ti fi ca ção de im pres sões di gi tais que ofe re ce a po li ciais e agen tes de se gu ran ça aces so em tem po real a ban cos de dados.

• O Brasil en cer ra o mês de ja nei ro com 66,6 mi lhões de te le fo nes ce lu la res em ope ra ção: 13 mi lhões de pós-pa gos e 53,6 mi lhões de pré-pagos.

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1. Tecnologia digital 25

• Japoneses in ven tam ba te rias pa ra ce lu lar mo vi das a hi dro gê nio e oxi gê nio, pro du zin do água e ele tri ci da de su fi cien tes pa ra man ter uma con ver sa ção de no ve ho ras em te le fo nes com tec no lo gia de ter cei ra ge ra ção (3G).

• Lançado o pri mei ro ce lu lar de tec no lo gia CDMA com ca pa ci da de pa-ra 1,3 me ga pi xel. Armazena até 100 fo to gra fias em al ta de fi ni ção e 900 em bai xa. A te la exi be 262 mil co res. É pos sí vel iden ti fi car as cha ma das mos tran do fo tos dos contatos.

• Rabble, uma tec no lo gia norte-ame ri ca na, pro me te trans for mar os te le-fo nes ce lu la res em fer ra men tas mó veis de blogs, pu bli can do tex to ou ima gem do ce lu lar em weblogs.

• É anun cia do o lan ça men to de ce lu lar com to ca dor de MP3.

• Celulares com ca pa ci da de de lo ca li za ção che gam a 500 mil uni da des no Brasil.

2006 • A re de en tra na fa se 2.0. Os pró prios usuá rios pas sam a pro du zir e co-lo car na re de to do ti po de con teú do co la bo ra ti vo: tex tos, fo tos, ví deos, sons etc.

• O Second Life ba te a mar ca dos 100 mil usuá rios no Brasil, pas san do de 12º pa ra 4º lu gar em uso do simulador.

2007 • A Apple apre sen ta o iPho ne, mis to de ce lu lar e multiplayer.

• Rede de Telemedicina: vi deocon fe rên cia unin do uni ver si da des nor te-ame ri ca nas às brasileiras.

• Implantada em de zem bro a TV aber ta digital.

2008 • Surge no Brasil o ce lu lar 3G, que per mi te aces sar a in ter net me dian te ban da larga, igual aos computadores domésticos.

• Surge a te le vi são no ce lu lar no Brasil.

• Lançado pe la Apple o lap top mais fi no do mun do: o MacBook Air pe sa 1,36kg, com 0,76 po le ga das (1,9cm) de es pes su ra na par te mais gros sa e 0,16 po le ga das (0,4cm) na par te mais fina.

• A Microsoft cria o pro gra ma Spy Software, des ti na do a em pre sas. Mede pres são, pul so e ex pres sões fa ciais me dian te sen so res sem fio e avi sa à em pre sa co mo seu fun cio ná rio se sen te e o que faz no computador.

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6.3 Lan houses: uma preferência nacional

Susana Graciela Bruno EstefenonEvelyn EisensteinPediatras e hebiatras

loucos pe los VI DEO GA MES — que ca da dia fi cam mais so fis ti ca dos e reais — crianças e adolescentes já não se con ten tam em jo gar so zi nhos no pró-prio quar to. Agora tam bém dis pu tam cam peo na tos, par ti ci pam de ma ra to-nas noi te aden tro e en con tram par cei ros que gos tam dos mes mos jo gos. Nas lans, é claro.

O intenso uso de espaços públicos para acesso à internet é uma das reve-lações mais importantes de recente pesquisa do Comitê Gestor da Internet — realizada em 2007 e divulgada em 2008 — sobre o Uso de Tecnologias de Comunicação e Informação. Quase a metade dos internautas brasileiros (49%) acessa a internet em locais públicos pagos, e as lan houses têm um papel fundamental, juntamente com os cibercafés e outros pontos de acesso: cresceu 19% em relação ao ano anterior. A pesquisa também mostra que quanto menores a renda e a escolaridade da população, maior é a utilização das lan houses. Dos usuários da internet com renda de até um salário míni-mo, 78% declararam utilizar a rede nas lan houses. Também é importante ressaltar que os centros públicos de acesso pago são utilizados especialmente

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64 I. Noções Gerais

pelas pessoas com menor nível de escolaridade: 64% são estudantes de nível fundamental. Já entre os usuários com ensino superior esse percentual cai para 27%.

Lan hou se, ou sim ples men te lan, co mo eles pre fe rem, é uma lo ja com di ver sos com pu ta do res de úl ti ma ge ra ção, li ga dos em re de e ali nha dos em fi lei ras, que per mi tem que mais de 30 pes soas jo guem en tre si. Todas as má-qui nas es tão co nec ta das em um úni co am bien te vir tual. Poltronas con for tá-veis, mú si ca al ta, fo nes de ou vi do in di vi duais, ar-con di cio na do mui to frio e um dia le to pe cu liar dos jo ga do res dão um cer to “quê” fu tu ris ta ao ce ná rio. Lá, os ado les cen tes alu gam o com pu ta dor por ho ra — o pre ço os ci la en tre 1 real, nas lo jas da pe ri fe ria dos gran des cen tros, a 5 reais na que las si tua das em bair ros di tos no bres — e qua se sem pre se es que cem da vi da. Embora al guns ado les cen tes e uns pou cos adul tos — que não dis põem de com pu ta dor em ca sa — re cor ram a es te ti po de lo ja pa ra che car e res pon der e-mails, con ver sar com ami gos nas sa las de ba te-pa po ou fa zer pes qui sas pa ra tra ba lhos es co la res ou aca dê mi cos, en tre ou tros ser vi ços dis po ní veis, a imen sa maio ria vai mes-mo pa ra com pe tir nos ga mes digitais.

O ter mo lan foi ex traí do das ini ciais de Local Area Network, o mes mo que re de lo cal, em in glês. O con cei to foi ini cial men te in tro du zi do e di fun di do na Coréia, em 1996, e che gou ao Brasil cer ca de dois anos de pois. Em pou-quís si mo tem po, elas se mul ti pli ca ram co mo no va op ção de en tre te ni men to e con quis ta ram a pre fe rên cia de crian ças e ado les cen tes, que, ob via men te, acham mui to mais di ver ti do jo gar nes tes lo cais. Em 2008, es ti ma-se que se-jam 25 mil pe lo país, con cen tra das nas re giões Sudeste e Sul, on de, não por aca so, con cen tra-se a po pu la ção mais in for ma da so bre as ino va ções tec no ló-gi cas e de mais po der aqui si ti vo. Existe uma im por tan te ex pan são em áreas po bres das lan hou ses e ciber ca fés, on de as crian ças e os ado les cen tes de co-mu ni da des ca ren tes po dem usu fruir das tec no lo gias da era di gi tal como os de clas se mé dia. É o ca so das fa ve las ca rio cas, co mo o Complexo da Maré, que em 2008 ti nha 150 lo jas pa ra uma po pu la ção de 130 mil ha bi tan tes. Podemos ci tar ou tras: na Cidade de Deus, umas 90, e na Rocinha, apro xi ma da men te 100. O Centro de Tecnologia e Sociedade da Fundação Getúlio Vargas, nu-ma pes qui sa so bre o cres ci men to das lan hou ses em co mu ni da des ca ren tes,

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6. Conceitos 65

cons ta tou a exis tên cia uma no va mo da li da de: os mo ra do res abrem suas ca sas pa ra alu gar o aces so a seu com pu ta dor e à internet.

À ex pan são das lan hou ses se guiu-se o re ceio jus ti fi ca do de mui tas fa mí-lias pe los fi lhos es ta rem “fo ra das vis tas”, ex pos tos a con teú dos ina pro pria dos da in ter net en tre uma par ti da e ou tra de Counter Strike, a fe bre do mo men to. Embora o Ministério da Justiça clas si fi que os jo gos ele trô ni cos por fai xa etá-ria, não há ga ran tias de que nu ma lo ja cheia o ado les cen te não vá se em pol-gar e que rer jo gar um que não se ja exa ta men te ade qua do à ida de dele.

Na ten ta ti va de pro te ger crian ças e ado les cen tes, al guns Es ta dos apro va-ram leis de res tri ção ao aces so e à per ma nên cia de me no res nes tas lo jas de jo gos vir tuais. No mu ni cí pio do Rio de Janeiro, por exem plo, não é per mi ti da a en tra da de me no res de 12 anos sem acom pa nha men to de um adul to. Outra lei, san cio na da em maio de 2006, proi biu a aber tu ra de no vas lan hou ses a me-nos de um qui lô me tro das es co las de en si no fun da men tal e mé dio no Es ta do do Rio de Janeiro. Segundo o par la men tar que a ela bo rou, o pe di do par tiu de di re to res e pro fes so res, preo cu pa dos com os alu nos que “ma ta vam au la” pa ra jo gar nas lans, du ran te os vá rios tur nos es co la res diá rios. Em Belém, de pois dos se qües tros se gui dos de mor tes de três ado les cen tes que cos tu ma vam se en con trar nu ma mes ma lan hou se da pe ri fe ria e que, apa ren te men te, fo ram ví ti mas de um mes mo pe dó fi lo, as au to ri da des pa raen ses to ma ram uma me-di da drás ti ca: proi bi ram a en tra da de me no res de 18 anos nes tes locais.

Em mui tos es ta be le ci men tos ca rio cas a proi bi ção quan to à ida de é se gui-da à ris ca e não são ad mi tidos clien tes uni for mi za dos na lo ja, mas tam bém não so li ci tam a ca der ne ta pa ra ve ri fi car se o alu no fal tou à es co la e le vou uma ca mi se ta na mo chi la, es tra té gia mui to usa da pe los fal to sos. Em ou tros, o me nor de 12 anos de sa com pa nha do não en tra mes mo. O cui da do não é só uma ques tão de res pei to aos me no res, mas tam bém aos res pon sá veis que, na rea li da de, fi nan ciam a di ver são dos fi lhos e ga ran tem a so bre vi vên cia do ne gó cio, que o pro prie tá rio con si de ra tão ho nes to e res pei tá vel quan to uma sor ve te ria ou lo ja de brin que dos. Por is so, mui tos do nos de lans fa zem ques-tão de ins ta lar fil tros em to das as má qui nas, que im pe dem que um usuá rio de qual quer ida de pos sa aces sar os en de re ços de si tes de por no gra fia ou pe do fi-lia, en tre outros.

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66 I. Noções Gerais

Por ou tro la do, é co mum que lo jas de jo gos vir tuais in for mem que cum-prem a exi gên cia le gal de não per mi tir a en tra da de me no res de 12 anos, po-rém, nun ca peçam um do cu men to pa ra con fe rir a ida de de um fre qüen ta dor apa ren te men te me nor, e se per ce berem que al guém es tá aces san do um si te ina pro pria do pa ra o lo cal ou a ida de, não cha mam a aten ção, por que não po-dem cen su rar quem pa ga pa ra usar as máquinas.

O ar ti go 255 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) pre vê que “exi bir fil me, trai ler, pe ça, amos tra ou con gê ne re clas si fi ca do pe lo ór gão com-pe ten te co mo ina de qua do às crian ças e aos ado les cen tes ad mi ti dos ao es pe tá-cu lo cons ti tui ilí ci to e es tá su jei to à apli ca ção de mul ta e, na rein ci dên cia, a au to ri da de po de rá de ter mi nar a sus pen são do es pe tá cu lo ou o fe cha men to do es ta be le ci men to por até 15 dias”. Com ba se na le gis la ção vi gen te, ca be aos pro-prie tá rios de lan hou ses, in de pen den te men te de o Es ta do, ou mu ni cí pio, exi gir au to ri za ção dos res pon sá veis, su per vi sio nar e mes mo im pe dir o aces so dos fre-qüen ta do res me no res a jo gos e con teú dos ina pro pria dos. Caso al gu ma in fra ção se ja de tec ta da, o do no do es ta be le ci men to po de ser in di cia do criminalmente.

RECOMENDAÇÕESAlerta sobre lan houses e cibercafés

1. Procure co nhe cer pes soal men te o es pa ço que seus fi lhos fre qüen tam pa ra jogar, e quem é o responsável pelo local.

2. Mos tre in te res se pe lo ti po de di ver são que eles curtem.

3. Ex pe ri men te, um dia ou noi te des sas, ser par cei ro de les num tor neio. Essa in te ra ção, con vi vên cia e com pa nhei ris mo é a ga ran tia de se gu ran-ça pa ra vo cê e seus fi lhos.

4. Com par ti lhe e ve rá que fun cio na mui to mais do que qual quer proibição.

5. Limite os horários, principalmente o noturno e nos fi nais de semana.

6. Monitore os gastos da mesada de seus fi lhos.

7. Lembre-se de que o ambiente real de lan houses e o de cibercafés pode ser tão perigoso como o virtual.

8. Denuncie em caso de qualquer suspeita de atividades ilegais.

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