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  • Antnio Filipe de Oliveira Paiva

    Gerao Automtica de Modelos de Simulao de

    uma Linha de Produo na Indstria Txtil

    Dissertao submetida Escola de Engenharia da Universidade do Minho

    para a obteno do grau de Mestre em Engenharia Industrial

    Universidade do Minho Escola de Engenharia

    Departamento de Produo e Sistemas Guimares 2005

  • Antnio Filipe de Oliveira Paiva

    Gerao Automtica de Modelos de Simulao de

    uma Linha de Produo na Indstria Txtil

    Dissertao submetida Escola de Engenharia da Universidade do Minho

    para a obteno do grau de Mestre em Engenharia Industrial

    Realizada sob a superviso cientifica do

    Prof.. Guilherme Augusto Borges Pereira,

    Professor Auxiliar do Departamento de Produo e Sistemas da Escola de Engenharia

    da Universidade do Minho

    e do

    Prof.. Ricardo Jorge Silvrio de Magalhes Machado,

    Professor Auxiliar do Departamento de Sistemas de Informao da Escola de

    Engenharia da Universidade do Minho

    Universidade do Minho Escola de Engenharia

    Departamento de Produo e Sistemas Guimares 2005

  • i

    Aos Meus Pais.

  • ii

    AGRADECIMENTOS

    Prof. Guilherme Augusto Borges Pereira

    Prof. Ricardo Jorge Silvrio de Magalhes Machado

    Dr. Carlos Manuel Fernandes da Silva

    Eng. Pedro Antnio Oliveira Vieira

  • iii

    RESUMO

    Esta dissertao tem como objectivo a construo de um sistema de apoio deciso

    para estudar o impacto de diversas alternativas de gesto da produo aplicadas a um sistema

    produtivo da indstria txtil.

    Desenvolveu-se um Modelo Base, em linguagem de simulao, que integra o

    processo de tricotar, no mbito da produo para a indstria txtil. As caractersticas

    especficas dos recursos utilizados nesta produo foram desenvolvidas de forma a permitir

    uma utilizao iterativa e susceptvel de serem parametrizveis pelo utilizador.

    feita uma abordagem simulao e s suas vantagens na aplicao monitorizao

    remota e a estudos de viabilidade. Apoiado na simulao, construiu-se uma ferramenta

    interactiva, permitindo a gerao automtica de modelos com diferentes estratgias de

    controlo que sustenta a viabilidade do sistema a propor.

    Suportado pela simulao em ambiente Arena elaborou-se uma aplicao que

    possibilita ao utilizador projectar e racionalizar os meios de produo disponveis. Nesta

    ferramenta foram desenvolvidas diversas estratgias alternativas de controlo para cada rea

    considerada relevante.

    A ferramenta foi desenvolvida com carcter genrico, com uma enorme flexibilizao

    (do ponto de vista da definio de politicas e estratgias na utilizao dos recursos existentes),

    e centrada na implementao dos principais ndices de desempenho. Est dotada de diversas

    estratgias de controlo, ao nvel da gesto dos materiais, do controlo do operador de mquina,

    do controlo da equipa de manuteno e do escalonamento da produo

    A parametrizao outra caracterstica importante da ferramenta. O modelo

    definido pelo do utilizador, aumentando a participao, influncia e responsabilidade do

    utilizador no resultado final.

    Esta aplicao foi elaborada com uma interface amigvel e com o propsito de ser

    acessvel a utilizadores no especialistas quer em simulao, quer em programao.

    Todas as modificaes ocorridas no estado do sistema durante a execuo da

    simulao so registadas para possibilitar posteriores estudos e analises, bem como para

    permitir melhorias em simulaes futuras.

  • iv

    ABSTRACT

    The objective of this dissertation is the construction of a decision support system to

    study the impact of distinct production management alternatives applied to a textile industry

    productive system.

    A Modelo Base was developed using a simulation language, which integrates the

    tricot process within textile industry production scope. The specific characteristics of the

    production used resources had been developed in a way to allow an iterative utilization and

    parameterization by the user.

    An approach to the simulation and its advantages in remote monitoring and viability

    studies is followed. An interative tool was developed, using simulation, allowing the

    automatic generation of models with different control strategies of which supports the

    viability of the proposed system.

    An application in Arena was developed to allow the user to project and rationalize

    the available means of production. Different alternative control strategies for each relevant

    area had been developed in this tool.

    A generic tool was developed, with enormous flexibility (on the point of view of the

    definition of politics and strategies in the use of the existing resources) and focussed on the

    implementation of the main performance indexes. It is endowed with different control

    strategies, to the level of materials management, machine operator control, maintenance teams

    control and production scheduling.

    The parameterization is another important characteristic of the tool. The model is

    defined by the user, increasing the user participation, influence and responsibility in the final

    result.

    This application shows a friendly interface with the purpose of accessib ility to users

    without any kind of simulation and programming specialized skills.

    Every change in the state of the system, occurred during the execution of the

    simulation, are registered to make possible future studies and analyses as well as allowing

    improvements in future simulations.

  • v

    NDICE GERAL

    1. INTRODUO ..................................................................................................................................................1

    1.1 ENQUADRAMENTO......................................................................................................................................... 2 1.2 OBJECTIVOS .................................................................................................................................................. 10 1.3 METODOLOGIA DE INVESTIGAO............................................................................................................ 10 1.4 ESTRUTURA DA DISSERTAO................................................................................................................... 11

    2. A SIMULAO ...............................................................................................................................................13

    2.1 INTRODUO ................................................................................................................................................ 13 2.1 CONCEITOS DE SIMULAO........................................................................................................................ 15 2.2 MODELOS...................................................................................................................................................... 25 2.3 SIMULAO DISCRETA................................................................................................................................ 28 2.3 FERRAMENTAS E LINGUAGENS DE SIMULAO...................................................................................... 37 2.4 APLICAES DA SIMULAO..................................................................................................................... 42

    3. CASO DE ESTUDO RESOLUO........................................................................................................44

    3.1 GESTO E CONTROLO DA EQUIPA DE MANUTENO............................................................................. 46 3.2 GESTO E CONTROLO DO OPERADOR DE MQUINA.............................................................................. 54 3.3 GESTO DOS MATERIAIS ............................................................................................................................ 59 3.4 ESCALONAMENTO DA PRODUO............................................................................................................. 66 3.5 CONCLUSO.................................................................................................................................................. 78

    4. GERAO AUTOMTICA DE MODELOS DE SIMULAO.....................................................80

    4.1 A LINGUAGEM DE SIMULAO.................................................................................................................. 81 4.2. A CONSTITUIO DO SISTEMA PROPOSTO.............................................................................................. 89 4.3. O MODELO EM ARENA............................................................................................................................... 91 4.4. A FERRAMENTA GAMSTAF .................................................................................................................... 96 4.5 O SISTEMA PROPOSTO: FUNCIONAMENTO, RELAO E INFORMAO..............................................111 4.6 CONCLUSO................................................................................................................................................112

    5. CONCLUSO................................................................................................................................................ 113

    5.1 TRABALHO DESENVOLVIDO.....................................................................................................................113 5.2 CONTRIBUTOS E AVALIAO DO TRABALHO........................................................................................114 5.3 JUSTIFICAO E INEDITISMO....................................................................................................................115 5.4 LIMITAES DO ESTUDO...........................................................................................................................115 5.5 PERSPECTIVAS PARA TRABALHOS FUTUROS .........................................................................................116

    ANEXO A: GAMSTAF ................................................................................................................................... 117

    ANEXO B: MODELO BASE......................................................................................................................... 181

  • vi

    ANEXO C: ESCALONAMENTO ................................................................................................................ 198

    ANEXO D: GERAO AUTOMTICA DE MODELOS ................................................................... 210

    BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................................................... 216

    REFERNCIAS....................................................................................................................................................216 LEITURAS ADICIONAIS.....................................................................................................................................220

  • vii

    LISTA DE FIGURAS

    Figura 1.1 Diagrama UML de funcionalidades da produo de meias/collants.................... 3 Figura 1.2 Representao das notaes usadas nas reas de stocks........................................ 4 Figura 1.3 Sequncia de entrada de matria-prima na rea de tricotagem............................ 5 Figura 1.4 Sequncia do descarregar produto das mquinas na rea de tricotagem........... 6 Figura 1.5 Fluxograma geral de produo [RODR00]................................................................ 9

    Figura 2.1 Uma Metodologia para Desenvolver Simulaes...................................................22

    Figura 2.2 Esquema da classificao dos modelos....................................................................26 Figura 2.3 Uma taxinomia para entradas de modelos...............................................................28 Figura 2.4 Relao entre acontecimento, actividade e processo.............................................29 Figura 2.5 Procedimento chegada de cliente..............................................................................30 Figura 2.6 Procedimento fim de atendimento.............................................................................31 Figura 2.7 Programa orientado ao acontecimento ....................................................................31 Figura 2.8 Programa orientada actividade..............................................................................32 Figura 2.9 Procedimento cliente....................................................................................................32 Figura 2.10 Procedimento processo chegada de clientes.........................................................33

    Figura 2.11 Esquema do Mtodo das 3 Fases.............................................................................33

    Figura 2.12 Esquema da tcnica do avano regular..................................................................36 Figura 2.13 Esquema da Tcnica do Avano para o Prximo Acontecimento.....................36 Figura 2.14 Esquema do custo das ferramentas de simulao................................................41 Figura 2.15 Esquema da complexidade das ferramentas de simulao.................................42 Figura 3.1 Exemplo de uma mquina avariada..........................................................................50 Figura 3.2 Exemplo de uma mquina em manuteno..............................................................50 Figura 3.3 Procedimento para a gesto da equipa de manuteno........................................51 Figura 3.4 Exemplo de um caso prtico.......................................................................................53 Figura 3.5 Diagrama de gesto de um operador de mquina..................................................56 Figura 3.6 Diagrama geral de controlo dos operadores de mquina.....................................57 Figura 3.7 Diagrama geral de controlo da mquina.................................................................58 Figura 3.8 Aplicao da tcnica Lot-For-Lot .............................................................................62 Figura 3.9 Procedimento Period Order Quantity.......................................................................62 Figura 3.9a Aplicao da tcnica Period Order Quantity........................................................63 Figura 3.10 Algoritmo Wagner-Whitin.........................................................................................63 Figura 3.10a Aplicao da tcnica Wagner-Whitin...................................................................63 Figura 3.11 Algoritmo Silver-Meal ...............................................................................................64 Figura 3.11a Aplicao da tcnica Silver-Meal .........................................................................64 Figura 3.12 Algoritmo Least Unit Cost ........................................................................................64 Figura 3.12a Aplicao da tcnica Least Unit Cost...................................................................65

  • viii

    Figura 3.13 Procedimento Part Period Balancing.....................................................................65 Figura 3.13a Aplicao da tcnica Part Period Balancing......................................................65 Figura 3.14 Estratgia elementar..................................................................................................70 Figura 3.14a Exemplo da estratgia elementar..........................................................................70 Figura 3.15 Estratgia 1 .................................................................................................................71 Figura 3.15a Exemplo da estratgia 1..........................................................................................71 Figura 3.16 Estratgia 2 .................................................................................................................71 Figura 3.16a Exemplo da estratgia 2..........................................................................................72 Figura 3.17 Estratgia 3 .................................................................................................................72 Figura 3.17a Exemplo da estratgia 3..........................................................................................72 Figura 3.18 Estratgia 4 .................................................................................................................73 Figura 3.18a Exemplo da estratgia 4..........................................................................................73 Figura 3.19 Estratgia 5 .................................................................................................................73 Figura 3.19a Exemplo da estratgia 5..........................................................................................74 Figura 3.20 Estratgia 6 .................................................................................................................74 Figura 3.20a Exemplo da estratgia 6..........................................................................................74 Figura 3.21 Estratgia 7 .................................................................................................................74 Figura 3.21a Exemplo da estratgia 7..........................................................................................75 Figura 3.22 Estratgia 8 .................................................................................................................75 Figura 3.22a Exemplo da estratgia 8..........................................................................................75 Figura 3.23 Estratgia 9 .................................................................................................................76 Figura 3.23a Exemplo da estratgia 9..........................................................................................76 Figura 3.24 Estratgia 10 ...............................................................................................................76 Figura 3.24a Exemplo da estratgia 10........................................................................................77 Figura 3.25 Estratgia 11 ...............................................................................................................77 Figura 3.25a Exemplo da estratgia 11........................................................................................77 Figura 3.26 Estratgia 12 ...............................................................................................................78 Figura 3.26a Exemplo da estratgia 12........................................................................................78 Figura 4.1 Estrutura hierrquica do Arena [KELT02]...........................................................83 Figura 4.2 Acontecimentos do Arena [KELT02]......................................................................89 Figura 4.3 Descrio dos Acontecimentos do Arena [KELT02]............................................89 Figura 4.4 Interligao entre os componentes existentes..........................................................90 Figura 4.5 Transformao do Modelo Base no cenrio de simulao...................................92 Figura 4.6 Mdulo Mquina...........................................................................................................93 Figura 4.7 Parmetros do Mdulo Mquina...............................................................................94 Figura 4.8 Mdulo Entrada Operador.........................................................................................95 Figura 4.9 Parmetros do Mdulo Entrada Operador..............................................................96 Figura 4.10 Separador do GAMSTAF: Load Model..................................................................98 Figura 4.11 Separador do GAMSTAF: Product Structures......................................................99 Figura 4.12 Separador do GAMSTAF: Product Definition....................................................100

  • ix

    Figura 4.13 Separador do GAMSTAF: Operators ...................................................................101 Figura 4.14 Separador do GAMSTAF: Machine Types ..........................................................102 Figura 4.15 Separador do GAMSTAF: Line Definition..........................................................103 Figura 4.16 Separador do GAMSTAF: Operators Management...........................................104 Figura 4.17 Separador do GAMSTAF: Scheduling..................................................................105 Figura 4.18 Separador do GAMSTAF: Orders Workflow.......................................................106 Figura 4.19 Separador do GAMSTAF: Monitoring .................................................................107 Figura 4.20 Separador do GAMSTAF: Warehouse Movements ............................................108 Figura 4.21 Separador do GAMSTAF: MRP ............................................................................109 Figura 4.22 Separador do GAMSTAF: Results.........................................................................110 Figura 4.23 Fluxo de informao do sistema proposto...........................................................111

  • x

    LISTA DE TABELAS

    Tabela 3.1 Definio de critrios para aplicao no exemplo.................................................52

    Tabela 3.2 Exemplo de aplicao da Figura 3.3 ........................................................................53

    Tabela 3.3 Restries(0) / Permisses(1).....................................................................................69

    Tabela 3.4 Velocidade das mquinas............................................................................................69

    Tabela 3.5 Tempo de processo .......................................................................................................69

    Tabela 3.6 Ordens de produo e lucro .......................................................................................69

    Tabela 3.7 Componentes.................................................................................................................69

    Tabela 3.8 Limites ............................................................................................................................69

  • xi

    LISTA DE NOMENCLATURAS ASPOL A Simulation Process-Oriented Language (Linguagens de Simulao) ActiveX Livraria da Microsoft para ligar objectos Arena Ferramenta de Simulao BEST/1 Ferramenta de Simulao BETHSIM Ferramenta de Simulao BOM Bill of Materials C Linguagem de Programao C++ Linguagem de Programao CMF Ferramenta de Simulao CSIM Biblioteca de Simulao CSL Control and Simulation Language (Linguagens de Simulao) DAO Data Access Objects Delphi Linguagem de Programao ECSL Extended Control and Simulation Language (Linguagens de Simulao) EFC Biblioteca de Simulao EFM Biblioteca de Simulao EOI Economic Order Interval EOQ Economic Order Quantity Excel Aplicao da Microsoft Windows FIFO First In First Out FIVE Ferramenta de Simulao FORTRAN Linguagem de Programao GAMSTAF Gerador Automtico de Modelos de Simulao para a Txtil Antnio Falco GASP Graph Algorithm and Software Package (Linguagens de Simulao) GPSS General Purpose Simulation System (Linguagens de Simulao) HOS Ferramenta de Simulao HPSIM Biblioteca de Simulao HVF High Value First IDSS Ferramenta de Simulao Informix Base de Dados Java Linguagem de Programao LIFO Last In Last Out LUC Least Unit Cost LVF Lower Value First Macintosh Empresa de Software MedModel Ferramenta de Simulao MFC Microsoft Foundation Classes Microsoft Office Aplicao da Microsoft Windows Microsoft Windows Empresa de Software MOPADS Ferramenta de Simulao MRP Material Requirement Planning, ou Planificao das Necessidades de

    Materia is NETWORLK Ferramenta de Simulao OLE Object Linking and Embedding Oracle Empresa de Software, Base de Dados PERFORMS Ferramenta de Simulao PET Ferramenta de Simulao PL Programao Linear POQ Periodic Order Quantity SAD Sistema de Apoio Deciso SAINT Ferramenta de Simulao ServiceModel Ferramenta de Simulao

  • xii

    SIMAN Simulation Modeling And Analysis (Linguagens de Programao) SIMPACK Biblioteca de Simulao SIMPL/IX Linguagens de Simulao SIMULA Linguagens de Simulao SLAM II Linguagens de Simulao SMPL Biblioteca de Simulao SOL Server Base de Dados SQL Structured Query Language (Linguagem de Programao) TAF Textil Antnio Falco UMPredictor Ferramenta de Simulao UML Unified Modeling Language VBA Visual Basic for Applications VIS Visual Interactive Simulation Visual Basic Linguagem de Programao Windows Sistema Operativo da Microsoft Windows XL Ferramenta de Simulao

  • Captulo 1: Introduo

    Pgina 1

    Captulo 1

    Introduo 1. Introduo Este trabalho tem como objectivo principal desenvolver um sistema de apoio

    deciso (SAD), baseado na simulao, para servir como ferramenta de suporte ao estudo do

    impacto de diferentes estratgias de implementao da estrutura produtiva.

    A viabilidade de um sistema deste tipo pressupe a existncia de uma ferramenta

    informtica e de um modelo de simulao.

    A ferramenta informtica garante o interface entre o utilizador e o simulador. Nesta

    ferramenta o utilizador define o sistema que pretende criar, parametriza-o e selecciona as

    estratgias de controlo a aplicar s entidades e recursos que o compem.

    O Modelo, representativo do sistema real, controla e garante a implementao das

    estratgias seleccionadas pelo utilizador. Ao modelo acoplou-se uma template com a

    definio dos mdulos, em linguagem de simulao, que representam o funcionamento dos

    recursos e entidades do sistema real.

  • Captulo 1: Introduo

    Pgina 2

    Estas duas ferramentas, denominadas por SAD, tm capacidade para gerar

    automaticamente modelos de simulao com diversas estratgias de controlo, ao nvel da

    gesto dos materiais, do controlo do operador de mquina, do controlo da equipa de

    manuteno e do escalonamento da produo.

    Esta SAD foi implementada de forma a serem flexvel, genrica, parametrizve l, e

    que proporcione uma viso prvia do comportamento do sistema e possibilite prever a

    necessidade de disponibilizao de mquinas, operadores e materiais para a realizao das

    encomendas no prazo definido.

    Outra caracterstica importante, a possibilidade de estudar de alternativas ao nvel

    dos factores intervenientes do ambiente produtivo bem como das estratgias que o controlaro

    sem ter que redesenhar todo o sistema de cada vez que se pretende alguma alterao.

    1.1 Enquadramento

    Nesta seco, descreve-se a empresa, o ambiente produtivo, o sistema de produo, os

    intervenientes e suas principais funes do sistema que serviu de base ao estudo tratado nesta

    dissertao.

    Trata-se de uma empresa txtil, aqui denominada de TAF, que produz meias e collants

    para senhoras.

    As principais reas de produo de meias/collants da TAF esto fisicamente separadas,

    todas elas funcionam com entrada e sada de matria -prima.

    Apesar de tentar demonstrar o funcionamento de todas as reas necessrias produo

    das meias/collants vai ser dada uma ateno especial tricotagem, zona onde se situam os

    teares, que vo ser objecto de estudo mais detalhado. Vai-se considerar a rea de tricotagem

    como uma empresa que apenas se dedica a essa operao, isto , transforma matria -prima em

    meia tubular.

    Sistema Produtivo

    Existem cinco reas de produo: Tricotar, Confeccionar, Revistar, Tingir e Embalar.

    A sequncia de produo no caso das:

    Tricotar Confeccionar Tingir Revistar Embalar

    Tricotar Confeccionar Revistar Tingir Embalar

    1) meias :

    2) collants :

  • Captulo 1: Introduo

    Pgina 3

    Tricotar meias/collants: Produzir a meia tubular, com um tamanho e uma espessura, de entre

    vrias alternativas.

    Confeccionar meias/collants: cortar e coser a meia tubular, de forma a obter o collant. No

    caso das meias, apenas existe a operao de coser.

    Revistar meias/collants: Verificar a qualidade dos produtos, segundo parmetros e regras

    definidas. No caso das meias, esta funcionalidade executada entre as operaes de

    tingir e embalar, sendo os parmetros a verificar o peso, as medidas e outros defeitos de

    processo (roto, aberto, etc.). No caso dos collants, esta funcionalidade executada entre

    a operao confeccionar e tingir, sendo os parmetros a verificar o peso, as medidas, e

    outros defeitos de processo (roto, aberto, painel mau, etc.).

    Tingir meias/collants: atribuir uma cor, de vrias possveis, aos produtos.

    Embalar meias/collants: acondicionar o produto acabado, em trs nveis de embalagem. O

    primeiro nvel, tipicamente uma embalagem (caixas, sacos), contendo um nmero

    reduzido de produtos, o segundo nvel tipicamente uma embalagem maior (caixotes)

    que definem um lote, e o terceiro nvel uma palete com vrias embalagens (caixotes)

    empilhadas, e devidamente cintadas.

    Intervenientes no Sistema Produtivo

    Director Fabril

    Coordenador Chefe de Turno Tcnico deManuteno

    Controladorde Qualidade Operrio

    Meias eCollants

    1. PlanificarProduo

    2. ProcessarInformao 5. Enviar/

    RecolherInformao

    4. Activar/Desactivar

    Equipamento

    3. Manter/CorrigirEquipamento

    6. OperarMeias/Collants

    Figura 1.1 Diagrama UML de funcionalidades da produo de meias/collants.

  • Captulo 1: Introduo

    Pgina 4

    Em todo o processo de fabrico, existe um conjunto de actores, tal como est

    representado na Figura 1.1. Cada um interage com o sistema de uma forma muito prpria. As

    meias e os collants tambm so actores do sistema. Cada actor utiliza o sistema de uma forma

    caracterstica, pelo que possvel descrever cada forma de utilizao. A esta utilizao

    podemos chamar funcionalidade, caracterstica do sistema, disponibilizada por este aos

    actores, que a cada uma tm acesso.

    Fluxo de Materiais (rea de tricotagem)

    1. rea de Stocks

    Entre cada rea de produo existem reas de armazenamento (stocks) de

    matria-prima, produto semi-acabado e produto final. Sero referenciadas com a seguinte

    notao:

    { }{ }

    { }

    Collants -C

    Meias -M

    Embalar -E

    Tingir -G

    Revistar -R

    arConfeccion -F

    Tricotar -T

    fabrica da saidaou entrada -0

    :que em

    , produto, o representa

    0,,,,, stock, em materiais dos (out) destino o representa

    ,,,,,0 stock, em materiais dos (in) origem a representa

    CMpp

    EGRFToo

    EGRFTii

    S iop

    Figura 1.2 Representao das notaes usadas nas reas de stocks

    Exemplo: S0TC = stock de entrada de matria na rea de Tricotar da produo de Collants.

    Assim, a sequncia dos stocks para a produo de meias :

    S0TM STFM SFGM SGRM SREM SE0M

  • Captulo 1: Introduo

    Pgina 5

    No caso da produo de collants, a sequncia :

    S0TC STFC SFRC SRGC SGEC SE0C

    2. Entrada de Matrias-Primas na rea de Tricotagem

    A Figura 1.3 mostra a sequncia de aces relativas entrada de matrias-primas, na

    rea de tricotagem. As matrias-primas do entrada nos stocks S0TC e S0TM. O operrio de

    texturizao regista a entrada no sistema. Consoante a produo necessita de matria -prima o

    operrio de abastecimento retira-a dos stocks e coloca num buffer intermdio, onde o operrio

    de mquina vai buscar, sempre que necessita de reabastecer uma mquina.

    O operrio datexturizao d entrada

    da matria-prima eregista-a

    O operrio deabastecimento prepara amatria-prima necessria tricotagem e regista-a

    O operrio de mquinaabastece a mquina com

    matria-prima sempreque esta necessita

    Sistema

    regista entrada

    retira

    retira

    abastece

    Operrio datexturzao

    Operrio daAbastecimento

    StocksS0TC e S0TM

    Buffer Operrio deMaquina Maquina

    regista saida

    arruma

    transporta

    Figura 1.3 Sequncia de entrada de matria -prima na rea de tricotagem [RODR00]

    3. Descarregar Produto da Mquina na rea de Tricotagem

    A Figura 1.4 ilustra a sequncia de aces relativas ao descarregar do produto da

    mquina, O operrio retira o produto acabado da mquina e coloca-o num buffer. Faz o

  • Captulo 1: Introduo

    Pgina 6

    registo no sistema. O operrio de abastecimento confere a quantidade e regista-a no sistema.

    Em seguida levanta o material do buffer e transporta-o para os stocks STCM e STCC.

    O operrio de mquinadescarrega o produto damquina e registas as

    quantidades.

    O operrio deabastecimento confere asquantidades do produto eregista-a antes de colocar

    o produto em stock.

    Sistema

    retira

    transporta

    transporta

    Operrio daAbastecimento

    StocksSTCM e STCC

    Buffer Operrio deMaquina Maquina

    regista

    retira

    regista

    Figura 1.4 Sequncia do descarregar produto das mquinas na rea de tricotagem[RODR00]

    Tricotagem

    A rea de tricotagem trabalha de Segunda a Sexta, 24 horas por dia, em 3 turnos fixos.

    Consiste num parque de mquinas que executa a tricotagem da meia tubular, em tamanhos e

    formas diversas, e da malha de reforo. O parque de mquinas est dividido em 5 zonas, cada

    uma com um operador de mquina. Chefiando esta rea existe o chefe de turno, que tambm

    tcnico de manuteno. As fases mais importantes do processo abordadas nesta rea produtiva

    so:

    1. Planeamento

    O Planeamento elaborado pelo Director Fabril com o Coordenador, numa

    reunio semanal. Tem como base as necessidades mensais dos clientes e a produo

    realizada at aquele dia. o Coordenador que atribui a produo a cada mquina.

    Todas as mquinas tm capacidade de produzir todo o tipo de produto, excepo

    da nica mquina que executa a tricotagem da malha de reforo.

  • Captulo 1: Introduo

    Pgina 7

    2. Armazm Entrada/Sada de Matrias -Primas

    Neste armazm do entrada trs matrias-primas: fio texturizado (medidas, de 20

    a 70, duas tores, lotes diferentes), fio poliester (vrias cores), lycra (um nico tipo

    195 DTEX). Estes materiais so devidamente acondicionados, identificados e

    registados. As sadas de matrias-primas so registadas pelo operador de mquina

    ou pelo operrio de abastecimento, procurando cumprirem o FIFO.

    A gesto de stocks feita semanalmente depois da reunio semanal de produo.

    O responsvel pelo planeamento requisita os lotes de fio que no momento se esto a

    consumir para evitar alteraes nas mquinas. A quantidade calculada com base na

    produo prevista para a semana, mais uma percentagem para desperdcio interno.

    3. Setup das Mquinas

    O setup ou programao das mquinas feita pelo tcnico de manuteno,

    atravs de um interface prprio de cada mquina.

    4. Arranque da Produo dum Novo Artigo

    O arranque feito pelo tcnico de manuteno. Este acompanha o operrio de

    mquina e das operrias de revista para controlarem as primeiras peas, logo aps o

    arranque.

    5. Sequncia de Produo

    Cada mquina produz lotes de 10 dzias de collants (20 dzias de meia tubular).

    Entre cada lote a mquina coloca o seu contador a zero. Cada conjunto de 50 dzias

    de collants (100 dzias de meia tubular), do mesmo tipo, colocado num saco, pelo

    operrio de mquina.

    Na produo de meias, a situao idntica anterior com a excepo das

    quantidades que so todas a dobrar, por exemplo, produz 20 dzias de meias (40

    dzias de meia tubular).

    Quando existe uma mudana de lote do fio texturizado ou uma alterao de

    produo, sempre que o lote de 10 (20) dzias no estiver completo, o operrio de

    mquina que coloca o contador a zero. O operrio de mquina retira os lotes de 10

    (20) dzias, das mquinas e coloca-os dentro de um saco. Depois de completar o

    lote de 50 (100) dzias, coloca o saco numa zona especfica. O operador de

    abastecimento retira os sacos desta zona especfica e coloca-os no stock.

  • Captulo 1: Introduo

    Pgina 8

    6. Qualidade da Produo

    O operrio de mquina controla a ltima meia tubular de cada lote de 10 (20)

    dzias. Se encontrar defeito na meia tubular chama o operrio de revista. Este utiliza

    em seguida o seu procedimento habitual (controlo peridico). No fim, o operrio de

    mquina informado pelo operrio de revista de quantas meias tubulares

    defeituosas se retiraram. O operrio de revista desconta essa quantidade no contador

    da mquina.

    O operrio de revista percorre sequencialmente todos os teares, vrias vezes,

    controlando a ltima meia tubular produzida. Se uma meia apresentar defeito vai

    controlar todas as meias j produzidas, at encontrar a primeira que j no apresenta

    defeito.

    O Operrio de revista controla periodicamente trs factores:

    1) a medio das biqueiras e dos elsticos, por mquina (uma vez por semana)

    2) a medio das meias tubulares, por mquina (duas vezes por semana)

    3) a pesagem das meias tubulares (uma vez por ms)

    7. Paragens da Produo

    Dependendo da causa da paragem (tipo de erro) da mquina, o operrio de

    mquina trata do problema, ou chama o tcnico de manuteno. Quando existem

    duas, ou mais, mquinas paradas, o tcnico de manuteno que decide em qual vai

    intervir primeiro.

    8. Manuteno

    O coordenador elabora um plano de manuteno preventiva, mecnica e

    elctrica.

    A Figura 1.5 reflecte toda a sequncia de processos que envolvem a produo de um

    collant ou de uma meia [RODR00].

  • Captulo 1: Introduo

    Pgina 9

    entrada de matria-prima

    novo lote defio

    texturizadoteste de cr

    tricotar meia tubular

    controlode

    qualidade

    sim

    meiatubularboa?

    sim no Stocks STFM e STFC mau

    meia tubulardo "stock

    bom" boa?sim

    Stocks STFM e STFC bom

    entrada de materiais

    confeccionar

    controlode

    qualidade

    produtobom?sim no Stocks SFGM e SFRC mau

    nosim

    sim

    simno

    Stocks SFGM e SFRC bom

    collant? nosim

    revistar

    no

    produtobom?

    no

    Stock S RGC bom

    Stock S RGC mau p/a escolha

    recupervel?

    no

    recuperar

    lixo

    pr-preparar p/ a tingir

    tingir

    Stocks SGRM e SGEC bom

    meia?sim

    no

    revistar

    produtobom?

    sim

    embalar

    Stock S E0C bom

    no

    sim

    sim

    no

    no

    produto do"stock bom"

    bom?

    Figura 1.5 Fluxograma geral de produo [RODR00]

  • Captulo 1: Introduo

    Pgina 10

    1.2 Objectivos

    O principal objectivo desenvolver um SAD que possibilite a gerao automtica de

    modelos de simulao para linhas de produo para a indstria txtil. A gerao automtica

    de modelos de simulao permite elaborar mltiplos cenrios de simulao sem ter que

    redesenhar os modelos.

    Este SAD dever ser dotada de estratgias de controlo que permita ao utilizador o

    controlo sobre os factores que influenciam o desempenho do sistema.

    A ferramenta a desenvolver deveria apresentar as seguintes caractersticas:

    1. Genrica e flexvel quanto configurao fsica das linhas de produo e s

    estratgias de controlo. Facultar o mximo de parametrizao do modelo ao utilizador.

    2. Proporcionar uma diversidade de estratgias de controlo dos principais ndices de

    desempenho do sistema. Possibilitar ao utilizador a escolha dessas estratgias.

    3. Reportar ao estudo o desempenho do modelo e o impacto que a escolha das

    estratgias de controlo tem no desempenho da produo. Como o sistema parametrizado

    pelo utilizador pretende-se que lhe facilite a informao necessria para que possa reajustar as

    estratgias, de forma a melhorar o desempenho do modelo em testes subsequentes.

    A possibilidade de utilizao de diversas combinaes entre as estratgias dos

    factores mais relevantes no sistema produtivo enorme e a capacidade do usar funes

    estatsticas em algumas parametrizaes dificulta a elaborao de um procedimento para

    conhecer a melhor poltica1 para o modelo em estudo.

    1.3 Metodologia de Investigao

    Este item tem como objectivo descrever sucintamente a organizao do processo de

    investigao conduzido nesta dissertao.

    Para garantir um conhecimento minucioso do problema, foi necessrio efectuar um

    estudo aprofundado do ponto de vista funcional ao sistema em questo. Avaliar todos os

    intervenientes, conhecer as suas funes e distinguir os principais factores e polticas que tm

    impacto directo ou indirecto na produo de meias. O conhecimento do sistema real vital

    para quem pretende executar, em simulao, uma rplica perfeita do sistema real. Esta

    primeira parte do trabalho teve um objectivo exploratrio visando tornar o fenmeno

    1 Conjunto de estratgias aplicadas a um nico exemplo

  • Captulo 1: Introduo

    Pgina 11

    investigado mais claro para que se pudesse estruturar um problema de investigao mais

    consistente.

    A etapa seguinte, a reviso bibliogrfica, envolveu a pesquisa, estudo e anlise de

    trabalhos provenientes das reas da simulao, da produo, da gesto de materiais, de

    escalonamento e manuteno. Paralelamente, adquiriu-se conhecimentos da linguagem de

    simulao e de programao que serviu de suporte ferramenta a elaborar.

    O desenvolvimento da ferramenta de apoio deciso e do Modelo Base do sistema,

    contendo todas as especificidades do problema, foi a fase que se seguiu.

    Finalmente, a ltima fase, a escrita deste relatrio, que se pretende ser elucidativo ao

    nvel das ferramentas desenvolvidas, da interaco entre elas e das principais caractersticas a

    elas associadas

    1.4 Estrutura da Dissertao

    O tema fundamental deste trabalho a simulao, utilizada para desenvolver modelos

    que sirvam como ferramenta de apoio tomada de decises.

    No primeiro captulo deste trabalho procurou-se fazer um enquadramento do caso de

    estudo. Descrever a empresa o ambiente produtivo existente, os factores intervenientes na

    produo e suas funes. feita uma abordagem aos objectivos e problemas considerados

    relevantes, sob o ponto de vista cientfico, que levaram ao desenvolvimento deste trabalho.

    delineada a metodologia seguida e a organizao dos captulos.

    O referencial terico, mencionado no segundo captulo, trata do tema que constitui o

    principal assunto envolvido na pesquisa: a simulao. Resultando de uma pesquisa sobre a

    bibliografia existente, descreve-se, neste captulo, os principais tpicos e os que mais

    envolvem este assunto.

    O terceiro captulo dedicado ao desenvolvimento de procedimentos, critrios e

    estratgias implementadas para a resoluo dos problemas apresentados. Foi dada especial

    relevncia elaborao de uma variedade assinalvel de estratgias para cada um dos factores

    que podero influenciar os principais ndices de desempenho.

    Estas estratgias so conceptualmente preparadas e traduzidas em linguagem de

    programao e simulao. Resultou uma ferramenta informtica e um Modelo Base de

    simulao.

    O quarto captulo descreve a gerao automtica de modelos de simulao e a

    interaco entre a ferramenta informtica e o modelo de simulao. So enunciadas as

    principais funcionalidades de cada .

  • Captulo 1: Introduo

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    A avaliao geral, concluso e recomendaes a trabalhos futuros surgem no quinto

    captulo.

  • Capitulo 2: A Simulao

    Pgina 13

    Captulo 2

    A Simulao 2. A Simulao 2.1 Introduo

    Desde meados dos anos oitenta que a tcnica de simulao tem vindo a ocupar um

    lugar privilegiado entre as ferramentas de investigao operacional.

    A simulao uma das mais poderosas ferramentas de anlise disponvel para projecto

    e operao de processos ou sistemas. A simulao pode ser til em qualquer uma das fases do

    ciclo de vida de um sistema de manufactura: desde a fase de anlise do problema e definio

    de requisitos, at as fases de projecto, justificao, implementao e operao.

    Porm, apesar de por um lado se reconhecer um enorme potencial na simulao como

    suporte da tomada de decises, as dificuldades na aplicao desta tcnica na realidade das

    empresas (modelos custosos de construir e validar, muito pouco flexveis frente a condies

  • Capitulo 2: A Simulao

    Pgina 14

    mais instveis, e habitualmente concebidos por especialistas e no por reais utilizadores do

    sistema) atentavam contra a sua efectiva aplicao no mbito empresarial.

    A simulao uma abordagem de estudo que vem sendo cada vez mais utilizada nas

    mais variadas reas de conhecimento. A crescente complexidade dos problemas com que se

    defronta e a maior disponibilidade de recursos computacionais so dois factores que vm

    contribuindo para esse crescimento. Entretanto, importante comentar que a simulao

    sempre foi uma tcnica extremamente dependente dos recursos computacionais.

    As drsticas redues nos tempos necessrios para completar um processo de

    simulao, passando de projectos que levavam meses, a calendrios que podem hoje ser

    medidos em dias e a possibilidade de serem elaborados pelos prprios responsveis pelas

    reas, sem interveno dos especialistas de sistemas, permitiram uma transformao na

    utilizao destas tcnicas como apoio s decises.

    As primeiras aplicaes de simulao foram desenvolvidas em linguagens de

    programao formais, como FORTRAN. Estas simulaes exigiam um enorme esforo de

    modelao, o que tornava muitas vezes invivel o uso da simulao.

    As primeiras linguagens especficas para simulao surgiram na dcada de 60. Estas

    linguagens forneciam ao utilizador um conjunto de facilidades para a transformao do

    modelo formal do sistema num programa computacional, e tornava disponveis funes e

    rotinas destinadas a amostragens, anlises estatsticas e controle do avano do tempo na

    simulao. Embora haja uma simplificao do trabalho de programao, a flexibilidade e a

    eficincia computacional so em parte sacrificadas. Alm disso, o custo de manuteno tende

    a ser elevado, principalmente pela pouca disponibilidade de pessoal habilitado, em virtude da

    reduzida difuso destas linguagens. Linguagens construdas dentro deste sistema, pode-se

    citar o GPSS (General Purpose Simulation System), GASP (Graph Algorithm and Software

    Package) e SIMULA.

    Estas linguagens responderam procura por um longo tempo. No entanto, os sistemas

    ficaram cada vez mais complexos, e tornava-se necessrio que, alm de nos conduzir a

    resultados confiveis, as linguagens de simulao mostrassem s pessoas da produo que os

    seus benefcios eram reais. Neste ponto, surgiram as animaes, que so softwares

    acoplados aos simuladores, capazes de reproduzir os sistemas graficamente. Dessa maneira,

    ficou muito mais fcil para os analistas, que tinham que mostrar os resultados para o

    utilizador , e para o prprio utilizador , que compreendia muito mais facilmente a simulao.

    Este tipo de Software acabou por proporcionar outras vantagens, como formao de pessoal, e

    maior visualizao do sistema produtivo das indstrias. Alguns softwares construdos

    segundo essa filosofia so o SIMAN/CINEMA e GPSS/H.

    Mas a evoluo no parou por a. Apesar do sucesso na indstria norte americ ana, a

    simulao necessitava ainda de um tempo de formao muito grande. A construo dos

  • Capitulo 2: A Simulao

    Pgina 15

    modelos e animaes era demorada, e os analistas precisavam de ter conhecimento do sistema

    que estavam a simular. Tornou-se necessrio assim, que os prprios utilizadores dos modelos

    de simulao fossem os analistas. Surgiu ento uma nova tecnologia de desenvolvimento de

    aplicaes de simulao, chamada VIS (Visual Interactive Simulation). Esta tecnologia usa a

    modelao atravs de cones, que agrupam comandos das linguagens tradicionais de

    simulao, e tornam o trabalho de desenvolvimento mais fcil, com uma interface semelhante

    do Windows, muito mais amigvel. Com isso, o tempo de formao para utilizadores

    reduziu-se drasticamente.

    O Papel dos Computadores na Simulao

    A utilizao da simulao no ambiente empresarial tem-se tornado vivel com a

    evoluo da informtica. Com o poder computacional dos computadores pessoais a simulao

    de problemas mais complexos tornou-se computacionalmente possvel.

    Esse facto impulsionou o avano das aplicaes de simulao que hoje apresentam

    solues dos mais variados tipos. Aplicaes de simulaes podem ser feitas utilizando desde

    folhas de clculo at softwares especficos de simulao.

    Os softwares com animao grfica possibilitaram que a simulao se associasse a

    ferramentas visuais para tomada de deciso. As interfaces mais amigveis e as linguagens de

    programao menos complicadas (de mais alto nvel) tambm tm contribudo para a

    popularizao da simulao como uma tcnica de apoio deciso.

    Assim, com a consolidao das plataformas grficas (por exemplo: Windows,

    Macintosh), a simulao comeou a recuperar o terreno perdido, constituindo hoje uma

    ferramenta imprescindvel em reas tais como a investigao, o desenvolvimento de novos

    produtos, alteraes de mtodos de fabrico e outros.

    2.1 Conceitos de Simulao

    Definio de Simulao

    Para se entender melhor o que simulao, precisa-se conhecer tambm as definies

    de sistemas e modelos. Um sistema um conjunto de elementos distintos, que exercem entre

    si uma interaco ou interdependncia. Por natureza, os sistemas so limitados, ou seja,

    deve-se definir limites ou fronteiras. Portanto, pode-se definir sistemas dentro de outros

  • Capitulo 2: A Simulao

    Pgina 16

    sistemas, e assim por diante. Um modelo, segundo Hillier [HILL88], uma representao de

    um sistema real, na qual somente os aspectos relevantes para uma determinada anlise deste

    sistema so considerados.

    Existe um grande nmero de definies para simulao. A seguir so apresentadas

    algumas delas, provenientes de livros clssicos sobre o assunto.

    Simulao o processo de elaborar um modelo de um sistema real e conduzir

    experincias com esse modelo tendo como propsito a compreenso do comportamento do

    sistema ou a avaliao de diversas estratgias (dentro dos limites impostos por um critrio ou

    conjunto de critrios) para a operao do sistema [SHAN75].

    O processo de projectar um modelo computacional de um sistema real e conduzir

    experincias, com o propsito de entender seu comportamento e/ou avaliar estratgias para

    sua operao [PEGD91].

    Para Hillier [HILL88], a simulao nada mais, nada menos, que a tcnica de fazer

    experincias amostrais no modelo de um sistema. As experincias so feitas no modelo, ao

    invs de no prprio sistema real, porque mais conveniente e menos dispendioso.

    Chase [CHAS89] entende que a melhor forma para definir e entender simulao

    considerando-a em duas partes: Primeiro, deve haver um modelo do que quer que seja

    simulado. Existem vrias classificaes de modelos, mas os tipos mais comuns so: fsicos

    (modelo de avio), esquemticos (diagramas de circuitos elctricos), e simblicos (programa

    de computador ou modelo matemtico que represente um funcionrio bancrio). Na

    simulao computacional, est-se particularmente interessado nos modelos simblicos, que se

    usa para representar um sistema real num computador. O principal ponto que se tem que

    considerar aqui, que um modelo criado para representar alguma coisa, e esttico, isto ,

    mostra apenas um instante no tempo e no muda.

    A segunda parte a ser considerada, mover o modelo ao longo do tempo. Simulao

    traz vida ao modelo. Na formao de pilotos, por exemplo, o discente fica numa cabina

    completa (modelo de um avio real). Este um exemplo de um modelo fsico. O discente

    ento passa por uma variedade de situaes, na medida em que o modelo vive e move-se ao

    longo do tempo. Os parmetros dos instrumentos do modelo variam e o discente deve

    responder s indicaes. Estas respostas so levadas a um computador, que cria novos valores

    aos quais a formao deve responder novamente. Desta maneira, a formao pode

    experimentar vrias manobras possveis, e viver as suas consequncias. Assim a simulao

    uma srie de aces do modelo, com reaces do ambiente.

    A simulao de um sistema ou de um organismo a operao de um modelo ou

    simulador que uma representao deste sistema ou organismo. O modelo sensvel a

    manipulaes que seriam impossveis, muito caras ou de execuo impraticvel nas entidades

  • Capitulo 2: A Simulao

    Pgina 17

    que representam. A operao do modelo pode ser estudada e, a partir da, propriedades

    relacionadas com o comportamento do sistema real, ou dos seus subsistemas, podem ser

    inferidas [NAYL66].

    a tcnica de resolver problemas seguindo as variaes ocorridas ao longo do tempo

    num modelo dinmico do sistema [GORD78]

    Alm de auxiliar na tomada de deciso, importante enfatizar a contribuio da

    simulao para a compreenso do sistema estudado pois, como afirma D. Knuth [KNUT69],

    "...frequentemente nos enganamos, pensando saber mais do que realmente se sabe sobre uma

    coisa, at que se tenta simul -la num computador". Atravs da simulao o utilizador pode

    comparar os seus resultados com os do sistema e validar os seus prprios processos de

    raciocnio.

    Segundo G. Doukidis [DOUK87] a funo primria de um modelo de simulao

    examinar como o sistema se comporta durante um perodo de tempo. Para atingir este

    objectivo, o modelo deve providenciar facilidades, para representar o estado actual do

    sistema, e vrias pr-condies que, se satisfeitas, iro resultar num estado futuro.

    A simulao de sistemas , portanto, uma metodologia experimental que busca

    descrever o comportamento de um sistema. Esta metodologia constri formas de quantificar o

    comportamento observado, prevendo o comportamento futuro. A proposta da simulao

    produzir dados (e ela uma grande geradora de nmeros) que, quando analisados,

    identificaro importantes aspectos do sistema estudado, auxiliando na explicao,

    compreenso e melhoria do mesmo.

    O Processo de Simulao

    Entende-se por processo de simulao o desenvolvimento de um modelo de simulao,

    a sua experimentao do mesmo e a implementao dos resultados.

    O desenvolvimento de um processo de simulao mais uma extenso das artes do que

    das cincias [SHAN75]. Esta caracterstica talvez explique a dificuldade de se apresentar um

    mecanismo sistemtico para que um utilizador interessado possa desenvolver simulaes.

    Apesar das dificuldades, pode-se estabelecer os elementos que participam num modelo de

    simulao e alguns passos que, se seguidos, podem ajudar um modelador, mesmo

    principiante, a ter um bom desempenho no desenvolvimento de simulaes.

    Todos os modelos de simulao possuem, de forma combinada ou isolada, os seguintes

    elementos [SHAN75]:

    Componentes: so as partes (ou subsistemas) integrantes do sistema. Entende-se por

    sistema, um conjunto de objectos, que interagem entre si, para atingir um objectivo

  • Capitulo 2: A Simulao

    Pgina 18

    comum.

    Parmetros e Variveis : so elementos do sistema que recebem valores. Os

    parmetros podem receber valores aleatrios, enquanto que as variveis recebem

    valores associados funo qual esto ligadas. Existem dois tipos de variveis:

    Endgenas (Dependentes) e Exgenas (Independentes). Variveis endgenas so

    aquelas produzidas dentro do sistema ou resultantes de causas internas. So tambm

    chamadas variveis de estado (pois mostram o estado do sistema) ou variveis de sada

    (pois so responsveis por gerar e apresentar os resultados oriundos do sistema).

    Variveis exgenas, tambm chamadas variveis de entrada, so originrias de (ou

    produzidas por) causas externas.

    Relaes Funcionais : so normalmente apresentadas na forma de equaes

    matemticas, que relacionam as variveis endgenas com as exgenas. Essas relaes

    podem ser de ordem determinstica (onde para uma dada entrada existe uma nica

    sada) ou estocstica (onde para uma dada entrada existe(m) incerteza(s) associada(s)

    sada).

    Restries: so limitaes, impostas pelo modelador ou pela natureza do problema,

    que restringem os valores das variveis.

    Objectivos : o estabelecimento das metas do sistema e como elas podem ser

    avaliadas. A manipulao do modelo orientada de forma a satisfazer esses objectivos.

    Terminologia Utilizada na Simulao

    A terminologia utilizada na simulao no nica, mas h uma certa tendncia geral

    em aceitar a que apresentada a seguir.

    - Modelo : a representao de um sistema.

    - Entidade : tambm chamada de transaco, um elemento essencial para o modelo.

    Cada tipo de entidade (pessoa ou objecto) possui um ciclo de vida, onde estados activos

    e passivos se alternam. Uma entidade pode ser classificada como temporria ou

    permanente. As entidades temporrias entram no sistema, percorrem o seu ciclo de vida

    e abandonam o sistema. As entidades permanentes executam a sua funo sem

    abandonar o sistema. A chegada de entidades ao sistema gerada por um procedimento

    externo, ou de acordo com a necessidade imposta pelo estado do sistema. Na viso da

    simulao discreta convencional, as entidades temporrias so criadas primeiro. Elas

    acoplam actividades e requisitam recursos. Uma vez terminada a actividade, a entidade

    removida. Trata-se de uma transaco passiva, onde nenhum mecanismo considerado

    inteligente assumido ou modelado.

  • Capitulo 2: A Simulao

    Pgina 19

    - Atributo: so as propriedades caractersticas de cada entidade.

    - Actividade : A actividade corresponde a um estado activo, comum a uma ou mais

    entidades (ou classe de entidades). A durao de uma actividade pode ser

    determinstica ou estocstica. Assume-se que uma actividade indivisvel. Uma vez

    iniciada, ela no mais interrompida. Segundo R.Reddy [REDD86], as actividades

    podem ser fsicas ou cognitivas. As actividades fsicas so as formas convencionais de

    actividades, em torno das quais a simulao tem sido desenvolvida. As actividades

    cognitivas so formas de tomada de deciso racional e inteligente. Da mesma forma

    que as actividades fsicas, as actividades cognitivas possuem tempo finito de durao,

    que pode ser aleatrio ou dependente das informaes e/ou decises do sistema.

    - Acontecimento: as actividades so iniciadas e terminadas por acontecimentos.

    Acontecimentos so instantes no tempo, enquanto actividades possuem duraes no

    tempo. Acontecimento o ponto no tempo no qual acontece alguma mudana no

    sistema modelado. O processamento de um acontecimento realizado por uma rotina.

    Normalmente a ocorrncia de um acontecimento gera a ocorrncia de outro(s)

    acontecimento(s). Da mesma forma que as actividades, os acontecimentos podem ser

    fsicos ou cognitivos. As rotinas associadas aos acontecimentos fsicos so anlogas s

    rotinas dos acontecimentos tradicionais da simulao discreta. Os acontecimentos

    cognitivos envolvem processamento de conhecimento, anlogo ao procedimento

    cognitivo desempenhado por quem decide. Rotinas de acontecimentos cognitivos iro

    conter conhecimentos, representados por regras de produo e heursticas, que sero

    processados quando uma deciso precisar ser tomada [REDD86].

    - Contadores: so variveis que permitem medir o desempenho do sistema. Possuem

    esse nome porque vo acumulando valores no tempo, para depois receberem tratamento

    de anlise e gerar as estatsticas da simulao.

    - Relgio de simulao: varivel que marca o tempo da simulao.

    - Variveis de Estado: o conjunto de variveis que identificam o estado do sistema

    num determinado instante de tempo.

    - Recurso: o termo recurso , basicamente, definido como um lugar em que a entidade

    fica durante determinado tempo, seja para processamento, espera para ser libertado de

    uma fila, etc. Um recurso pode ser uma mquina ou um funcionrio.

    - Filas : constituem locais de espera onde as entidades dinmicas esperam a sua vez de

    seguir atravs do sistema. As filas podem ser chamadas de reas de espera ou pulmes

    (buffers). Depois de dar entrada na fila a entidade retirada seguindo algum tipo de

    critrio, por exemplo, FIFO (First In First Out), LIFO (Last In Last Out), HVF (High

    Value First), LVF (Lower Value First) ou um critrio aleatrio [COST02].

  • Capitulo 2: A Simulao

    Pgina 20

    Classificao de Sistema de Simulao

    Define-se sistema como um grupo ou conjunto de objectos unidos atravs de alguma

    forma de interaco ou interdependncia. Aqui, o objecto associado ideia de ente,

    entidade.

    Quando se diz que se vai estudar um sistema temos que defini-lo. Se como o sistema

    uma parte da realidade, deve-se definir as suas fronteiras. O que fica fora da fronteira do

    sistema chama-se Meio Ambiente. Surge assim a primeira forma de classificar os sistemas,

    segundo a sua interaco com o meio ambiente:

    - Aberto: o meio ambiente afecta o sistema, o comportamento normal do sistema

    afectado pelas caractersticas do meio.

    - Fechado: o meio ambiente no afecta o sistema, o comportamento do sistema no

    funo do meio em que est.

    Outro ponto de vista para classificar os sistemas pela forma como alterado:

    - Continuo: segundo alguns autores so contnuos os sistemas em que as alteraes so

    suaves. Na realidade o que interessa como se comportam as variveis que medem o

    estado do sistema no tempo. Diz-se que um sistema contnuo quando as variveis que

    determinam o seu estado podem variar em cada instante ou unidade de tempo.

    - Discreto: as alteraes no sistema so descontnuas, por saltos, sbitas. So sistemas

    cujas alteraes se produzem em instantes de tempo determinados, entre os quais o

    sistema permanece sem variaes. Isto , as variveis que definem o seu estado alteram

    de forma instantnea.

    Existem poucos sistemas completamente contnuos ou exclusivamente discretos, mas em

    geral predomina uma das formas.

    Outra forma de classificar os sistemas pela existncia de alteraes aleatrias dentro deles:

    - Determinsticos : as mudanas produzem um nico resultado, o comportamento do

    sistema est determinado

    - Estocsticos : as alteraes produzem resultados aleatrios mais ou menos previsveis.

    Uma Metodologia para Desenvolver Simulaes

    Ao desenvolver um projecto usando a simulao pode-se distinguir as seguintes etapas

    [BANK96]:

    - Formulao do Problema: Neste passo deve-se estabelecer exactamente o objectivo

    da simulao. O cliente e o modelador devem detalhar o mais possvel os seguintes

    factores: os resultados que se esperam da simulao, o plano de experincias, o tempo

  • Capitulo 2: A Simulao

    Pgina 21

    disponvel, as variveis com interesse, o tipo de perturbaes a estudar, o tratamento

    estatstico do resultado, a complexidade do interface do simulador, saber se o utilizador

    ter opo de introduo de dados ou de critrios para a simulao ou se apenas

    receber os resultados e, finalmente, saber se o utilizador necessita de um trabalho de

    simulao ou de optimizao.

    - Definio do Sistema: O sistema a simular deve estar perfeitamente definido. O cliente

    e o modelador devem estabelecer a fronteira do sistema a estudar e as interaces com

    o meio ambiente que sero consideradas.

    - Formulao do Modelo : Esta etapa uma arte. Comea com o desenvolvimento de

    um modelo simples que capta os aspectos relevantes do sistema real. Os aspectos

    relevantes do sistema dependem da formulao do problema. Este modelo simples ser

    enriquecido com o resultado de vrias iteraes. A formulao do problema uma

    etapa vital para todo o processo de simulao. Deve ser feita com muito cuidado e

    competncia. Nesta fase cada informao relevante deve ser analisada a fim de definir o

    problema ao nvel de objectivos, restries e complexidade.

    - Recolha de Dados : A natureza e quantidade de dados necessrios esto determinados

    pela formulao do problema e do modelo. Os dados podem ser fornecidos por registos

    histricos, experincias em laboratrio, ou medies realizadas no sistema real. Estes

    devem ser processados adequadamente para terem o formato exigido pelo modelo.

    - Implementao do modelo no computador: O desenvolvimento do modelo vai

    depender da ferramenta computacional escolhida. O resultado poder ser um simulador

    tradicional ou um complexo sistema de simulao. Nessa fase so criados os cdigos de

    simulao, por gerao automtica ou no. A dificuldade, e consequente velocidade no

    desenvolvimento do simulador, estar associada tanto ferramenta computacional

    utilizada, como complexidade do modelo e experincia do modelador. Existem

    linguagens especficas de simulao que facilitam esta tarefa.

    - Verificao: a etapa onde o modelador confirma se o modelo desenvolvido

    corresponde ao idealizado. Neste ponto verificado se o modelo foi construdo

    correctamente. Nesta fase procura-se fazer testes exaustivos no simulador. O

    modelador precisa ficar convencido de que o simulador est correcto e a funcionar

    bem. Na verificao de um modelo devem-se variar os valores dos parmetros de

    entrada (inclusive utilizando as fronteiras do intervalo de valores) e analisar se os

    resultados so coerentes. Nesse momento possvel sentir a fora da simulao, que

    agiliza a etapa de testes, tornando-os viveis em termos de tempo e dinheiro.

    - Validao: a etapa onde ser verificado se o modelo desenvolvido representa bem o

    sistema real. a procura da resposta para a pergunta: foi desenvolvido o modelo

    correcto? A ideia passar confiana ao utilizador , mostrando que qualquer experincia

  • Capitulo 2: A Simulao

    Pgina 22

    com o modelo ir gerar resultados que se coadunam com a realidade do sistema

    estudado. A validao normalmente conseguida executando o modelo e comparando

    os seus resultados com os oriundos do sistema real. Se os resultados da simulao se

    aproximarem dos valores reais, dentro de um nvel de confiana desejado, o simulador

    ser validado. Segundo Annino [ANNI81] a tcnica de validao mais efectiva

    apresentar o programa a algum que

    conhea muito bem o sistema em estudo.

    Num esquema interactivo entre o

    especialista no funcionamento do sistema

    real e o modelador, ser mais fcil corrigir

    desvios do modelo em relao ao sistema

    real. A Validao do modelo

    extremamente importante pois os

    simuladores tendem a parecer reais e tanto o

    modelador como o utilizador, passam a

    acreditar nele.

    - Plano de testes: importante projectar as

    experincias visando alcanar os objectivos

    estabelecidos. Portanto deve-se combinar os

    valores dos parmetros que optimizaro as

    variveis de resposta, e explicar as relaes

    entre as variveis de respostas e os factores

    controlveis do sistema. a fase que

    consiste em executar o modelo

    computacional sob os diversos cenrios de

    simulao estabelecidos e onde se decide

    quando comea a simulao, qual o tempo

    de simulao e o nmero de simulaes.

    bom lembrar que a simulao, a partir de

    situaes iniciais diferentes, oferece linhas

    de aco alternativas para o agente de

    deciso. E como a fase de execuo do modelo , regra geral, extremamente rpida,

    pode-se abusar do nmero de cenrios a serem simulados.

    - Experimentao: Nenhum projecto de simulao pode ser considerado completo se

    no for aceite, entendido e utilizado. Para isso devem ser definidas as condies

    iniciais, e como elas afectam o equilbrio do sistema. O pano de fundo desta fase a

    necessidade de diminuir a varincia das respostas e, ao mesmo tempo, procurar

    Formulao do Problema

    Definio do Sistema

    Simulao?

    Formulao do Modelo

    Recolha de Dados

    Plano de Testes

    Experimentao

    O Modelo Vlido?

    Os Resultadosobtidos so bons?

    Documentao

    Implementao

    Implementao do Modelono Computador

    Outras Tcnicas

    No

    No

    Sim

    Sim

    No

    Sim

    Figura 2.1 Uma metodologia para

    desenvolver simulaes

  • Capitulo 2: A Simulao

    Pgina 23

    minimizar o tamanho das amostras necessrias. Nesta etapa realizam-se as simulaes

    de acordo com o plano de testes e, o resultado o estabelecimento dos diversos

    cenrios que sero simulados.

    - Interpretao: Analisa a sensibilidade do modelo relativamente aos parmetros que

    tenham associado maior grau de incerteza. uma fase crtica, demorada, difcil e muito

    importante. O resultado de uma simulao uma avalanche de nmeros, que precisam

    ser tratados e analisados.

    - Implementao: O pouco tempo gasto na implementao normalmente no

    suficiente para as tarefas existentes nessa fase. Fazem parte dessas tarefas: lapidao e

    ajuste do modelo, formao do utilizador e a garantia da validade dos resultados. Esta

    ltima tarefa, que s possvel com a implementao, tende a ser, segundo R.Shannon

    [SHAN75] o problema mais difcil a ser enfrentado pelo analista.

    - Documentao: Inclui a elaborao de documentao tcnica e manuais de utilizao.

    A documentao tcnica deve conter uma descrio detalhada do modelo e dos dados,

    tambm deve incluir a evoluo histrica das distintas etapas de desenvolvimento. Esta

    documentao ser muito til, pois alm de facilitar a implementao e a possvel

    necessidade de alteraes no modelo, auxilia o modelador em futuros projectos,

    podendo for-lo a questionar os seus prprios procedimentos.

    Causas de Insucesso no Desenvolvimento de Simulaes

    Falha na obteno de um conjunto bem definido de objectivos no incio do estudo da

    simulao

    Inapropriado nvel de detalhe

    Falha de comunicao com o responsvel do sistema a ser simulado durante o estudo

    da simulao

    Interpretaes equivocas por parte da equipa da simulao do sistema a ser simulado

    Falha de compreenso da simulao por parte da administrao

    Software e/ou linguagem imprpria

    Modelos invlidos (simulao no representa a realidade)

    Maus geradores de nmeros aleatrios

    Software de simulao muito complexo e com documentao inadequada

    Semente inapropriada

    Tempo de simulao inadequado

    Uso inadequado da animao

  • Capitulo 2: A Simulao

    Pgina 24

    Uso de distribuies incorrectas, isto , que no correspondem ao comportamento

    real

    Uso de medidas de desempenho inadequadas

    Executar uma nica vez a simulao e considerar os dados obtidos como a resposta

    verdadeira.

    Vantagens da Simulao

    A modelao de sistemas reais obriga a organizao a entender o papel de cada

    componente do sistema e as possveis interaces entre eles.

    O desenvolvimento do modelo de simulao ajuda a organizao a separar os

    parmetros controlveis daqueles que no o so e estudar a influncia de cada um deles

    no sistema.

    O resultado da simulao permite que a gerncia avalie os recursos necessrios, ou

    como os recursos disponveis devem ser alocados.

    uma tcnica flexvel com relao s limitaes impostas aos modelos.

    Aplica-se anlise de problemas de grande escala e complexidade que no podem

    ser resolvidos por tcnicas tradicionais de gesto de operaes.

    Particularidades da situao real podem ser consideradas, como por exemplo a

    utilizao de qualquer curva de probabilidade que o problema exija, e que seja diferente

    do padro assumido por tcnicas analticas.

    Sistemas com longos perodos podem ser analisados num curto espao de tempo.

    Permite a anlise de sensibilidade do tipo que aconteceria se ... , Vrias polticas

    de deciso podem ser testadas e comparadas rapidamente.

    A simulao possibilita o estudo individual de cada componente ou varivel do

    modelo para determinar qual realmente importante.

    Possibilita antever os possveis problemas que ocorrem na altura da implantao de

    um sistema real

    Para aqueles problemas que na prtica so resolvidos por regras intuitivas (rules of

    thumb) a simulao uma ferramenta forte para o apoio deciso permitindo que

    solues potencialmente boas sejam encontradas. [LOBA95]

    Regra geral, apropriada quando:

    - desenvolver um modelo matemtico muito difcil ou at impossvel

    - o sistema tem uma ou mais variveis aleatrias relacionadas

    - a dinmica do sistema muito complexa

  • Capitulo 2: A Simulao

    Pgina 25

    - o objectivo observar o comportamento do sistema num determinado perodo

    - necessrio e importante mostrar animao grfica

    - a construo de prottipos para verificao da correco do projecto ou avaliao de

    propriedades tem custo proibitivo.

    Desvantagens da Simulao

    Um bom modelo de simulao pode tornar-se caro e levar vrios meses para

    desenvolvimento, especialmente quando os dados so de difcil obteno.

    A simulao no gera bons resultados sem entradas (inputs) adequados. A construo

    e a alimentao do modelo requerem um trabalho rduo e criterioso.

    Cada modelo de simulao nico. Geralmente no possvel a utilizao de um

    modelo em diferentes situaes, prejudicando a possibilidade de ganhos de escala.

    Apesar dos novos softwares de simulao possurem ferramentas adequadas que

    podem ajudar na obteno de bons resultados, a simulao no uma tcnica exacta.

    2.2 Modelos

    No encaminhamento de um estudo de simulao, uma das principais etapas consiste na

    modelao do sistema sob estudo, para que se possa observar o seu comportamento sob

    determinadas condies, de forma a, cientificamente, estud-lo e entend-lo. Neste processo,

    procura-se imitar e criar uma histria artificial da actuao e desempenho do sistema real, o

    que implica a realizao de um procedimento experimental, posterior etapa de modelao.

    A modelao de um sistema depender, fundamentalmente, do propsito e da

    complexidade do sistema sob investigao. So vrios os tipos de modelos que podem ser

    usados, tais como modelos matemticos, modelos descritivos, modelos estatsticos e modelos

    do tipo entrada-sada.

    A deciso sobre o uso de modelos descritivos, matemticos, estatsticos, etc., ao

    contrrio de modelos voltados para a simulao do sistema, depende de diversos factores. Se

    o sistema no qual se tem interesse for suficientemente simples, isto , se as inter-relaes

    entre os seus elementos podem ser bem descritas pelos primeiros, ento, o uso do clculo, da

    lgebra ou da teoria de filas, por exemplo, podem trazer resultados e respostas aceitveis e,

    muitas vezes exactas. No entanto, os sistemas do mundo real costumam ser mais complexos

    do que o desejado e, acima de tudo, no apresentam um comportamento previsvel.

    Simplificaes sobre estes sistemas objectivando estudos analticos, podem levar a

    solues pobres e, pouco confiveis. Neste caso, um modelo voltado simulao do sistema

  • Capitulo 2: A Simulao

    Pgina 26

    pode ser a deciso mais correcta.

    Classificao dos Modelos de Simulao

    Modelos

    Fiscos Abstractos

    AnalticosNumricosAnalgicos Icnicos

    EstticosDinmicos

    Explictos Implicto

    DeterminsticosEstocsticos

    Figura 2.2 Esquema da classificao dos modelos

    Existem vrias formas de se classificar modelos. A seguir, reproduzida uma

    abordagem sinttica sobre modelos segundo [RODR96]:

    Quanto sua Natureza, os modelos podem ser classificados como:

    Fsicos

    - Icnicos : Nos quais existe apenas uma modificao de escala em relao aos

    sistemas reais. So deste tipo os modelos de avies e carros ensaiados em tneis de

    vento.

    - Analgicos : Modelos em que uma determinada grandeza fsica utilizada para

    obter concluses sobre propriedades do sistema real. deste tipo um modelo

    implementado num computador analgico, onde se utilizam tenses para, por

    exemplo, descrever o movimento da queda de um corpo.

    Abstractos

    - Analticos : So modelos expressos atravs de formas analticas. Estes modelos

    assumem a possibilidade de quantificar todas as variveis fundamentais do sistema e

    tambm o conhecimento de expresses que definem a dependncia relativa dessas

    variveis. Inclui-se nesta classificao, por exemplo, o Modelo de Programao

    Linear.

  • Capitulo 2: A Simulao

    Pgina 27

    - Numricos : Estes modelos lidam com valores numricos, mas sem que se

    conheam equaes que relacionem as variveis do sistema. nesta classificao

    que se inclui o tipo de simulao que se ir descrever.

    A SIMULAO LIDA COM MODELOS ABSTRACTOS E NUMRICOS

    Quanto sua evoluo no tempo podem classificar-se como:

    Estticos : Modelos que no se modificam com o tempo. Assim, por exemplo, um

    Modelo de Programao Matemtica pode ser parametrizado, mas as relaes expressas

    que definem o modelo no se alteram com o tempo.

    Dinmicos : Representam a forma como o tempo modifica o sistema real. neste

    tipo de classificao que se inclui o tipo de modelos que se utiliza em simulao.

    A SIMULAO LIDA COM MODELOS DINMICOS

    Quanto forma como representa o comportamento interno do sistema, podem ser

    classificados como:

    Implcitos : So modelos do tipo input-output. Incluem-se nesta classificao os

    modelos utilizados em simulao normalmente designados por jogos de gesto, em que

    aps submeterem um conjunto de decises, os participantes obtm informao sobre

    medidas de desempenho das respectivas empresas.

    Explcitos : Nestes modelos, o comportamento interno detalhado, sendo a

    observao deste funcionamento um dos objectivos a cumprir com o modelo.

    A SIMULAO LIDA COM MODELOS EXPLCITOS

    Quanto aos valores que as variveis que definem o modelo podem assumir, os modelos

    podem classificar-se em:

    Determinsticos : Os valores dos parmetros de funcionamento do sistema so

    constantes em cada utilizao do modelo sendo, tambm, perfeitamente determinado o

    resultado da aplicao do modelo. Assim, por exemplo, um Modelo de Transportes

    produzir sempre a mesma soluo para um conjunto de valores de disponibilidade,

    procura e custos unitrios de transporte.

    Estocsticos : So modelos que integram na definio do seu funcionamento um

    elemento aleatrio. Assim, o valor dos parmetros de funcionamento do sistema no

    sero determinsticos mas sim valores de variveis aleatrias provenientes quer de

  • Capitulo 2: A Simulao

    Pgina 28

    distribuies tericas, quer de distribuies empricas (definidas por histogramas de

    probabilidades).

    A SIMULAO LIDA COM MODELOS ESTOCSTICOS

    Uma outra classificao apresentada graficamente por [LEEM99]:

    Modelos Independentes(tempo)

    Univarivel

    Processo Estocstico

    Discreto(tempo)

    Continuo(tempo)

    Discreto

    Contiinuo

    Hbrido

    Discreto(estado)

    Continuo(estado)

    Multivarivel

    Discreto

    Continuo

    Hbrido

    Discreto(estado)

    Continuos(estado)

    Binomial(n,p)Degenerado(c)Normal(, s )Exponencial(L)Curva Bezier

    Empirico

    Binomial Independente(n,p)

    Normal(,S)

    Bivariada Exponencial(l1,l2,l3)

    Cadeia de Markov

    ARMA(p,q)

    ARIMA(p,d,q)

    Processo Poisson()Processo RenewalSemi-cadeia de Markov

    Processo Poisson NoHomogneo

    Processo de Markov

    Estacionrio

    No-Estacionrio

    Estacionrio

    No-Estacionrio

    Estacionrio

    No-Estacionrio

    Estacionrio

    No-Estacionrio

    Modelos

    Figura 2.3 Uma taxinomia para entradas de modelos

    O modelo de simulao pode operar em tempo real ou em tempo simulado. Em tempo

    real a escala de tempo a real, isto os acontecimentos ocorrem e so tratados na mesma

    escala de tempo correspondente ao sistema real. Neste caso o operador interage com o

    simulador em tempo real.

    A operao em simulado no acompanha a escala de evoluo do tempo real. Um ano

    do tempo de simulao pode decorrer em poucos segundos de processamento.

    2.3 Simulao Discreta

    Um modelo descreve a composio dinmica do sistema, ou seja, a maneira como este

    executa um determinado trabalho. Trs componentes (actividades, processos e

    acontecimentos) so utilizados para descrever o comportamento dinmico de sistemas

    discretos e sobre os quais as linguagens de simulao para esses sistemas so baseados. Um

    sistema visto dinamicamente como uma coleco de processos interactivos, cada um

  • Capitulo 2: A Simulao

    Pgina 29

    composto por diversas actividades, com as interaces controladas pela ocorrncia de

    acontecimentos [MACD87, [SOA92]. A relao entre essas trs componentes pode ser

    melhor entendida observando a Figura 2.4.

    Processo

    Tempo

    Actividade

    Acontecimentode Chegada

    Acontecimento deEntrada em Servio

    Acontecimento deFim de Servio

    Figura 2.4 Relao entre acontecimento, actividade e processo

    Um conjunto de actividades logicamente relacionadas constitui um processo. O tempo

    de execuo de um processo a soma dos tempos de execuo e espera das actividades. A

    definio dos processos de uma simulao depende do nvel de abstraco adoptado. Por

    exemplo, um programa inteiro pode ser visto como um processo (compreendendo actividades

    de computao, leitura e escrita de dados). Num outro nvel, a execuo de uma actividade de

    escrita pode ser vista como um processo compreendendo posicionamento, latncia e

    transferncia de dados. Um acontecimento causa uma mudana de estado de alguma entidade

    do sistema. A inicializao ou trmino de uma actividade so acontecimentos [MACD87].

    Filosofias de Modelao

    Filosofia de modelao a forma como os modelos de simulao podem ser

    estruturados. Um modelo de simulao discreta pode ser estruturado segundo os seguintes

    mtodos:

    - orientado ao acontecimento (Event-Driven Simulation): o sistema modelado pela

    definio das mudanas que ocorrem no tempo de acontecimento;

    - orientado actividade (Activity-Driven Simulation): O sistema modelado atravs

    da descrio das actividades nas quais os objectos do sistema se envolvem;

    - orientado ao processo (Process-Driven Simulation): o sistema modelado por meio

    da descrio dos processos atravs dos quais os objectos flem.

  • Capitulo 2: A Simulao

    Pgina 30

    - orientado pelo mtodo das trs fases (Three Phase-Driven Simulation): combina a

    simplicidade conceptual dos modelos por actividades e a eficincia do mtodo

    orientado a acontecimentos

    - orientado pelo tempo (Time-Driven Simulation): o sistema sempre actualizado em

    perodos de tempo definidos.

    - orientado por dados (Data-Driven Simulation): actualiza o sistema quando existir

    toda a informao sobre determinados blocos.

    Simulao Orientada ao Acontecimento

    Na simulao orientada ao acontecimento, a tarefa do modelador determinar os

    acontecimentos que podem causar a mudana no estado do sistema e ento desenvolver a

    lgica associada com cada tipo de acontecimento. A simulao do sistema produzida pela

    execuo dessa lgica, numa sequncia no tempo [SOAR92].

    Um mecanismo de escalonamento de acontecimentos mantm a sequncia ordenada

    dos acontecimentos no tempo. Esse mecanismo utiliza uma estrutura tipo array ou lista.

    Quando um acontecimento, como por exemplo a chegada do prximo cliente, est para ser

    escalonado, o processo escalonador chamado para criar e adicionar uma entrada na lista de

    acontecimentos. Nesta entrada includo o instante da ocorrncia do acontecimento, a

    identificao do acontecimento que vai ocorrer e a identificao do cliente associado.

    Como exemplo, considere o atendimento a clientes, por um funcionrio de um banco

    [MARY80]. Ao chegar ao banco o cliente entra na fila e espera pela sua vez de ser atendido.

    Aps terminar o atendimento, o cliente deixa a agncia bancria. Mudanas de estado no

    sistema ocorrem devido aos seguintes acontecimentos:

    - um cliente chega

    - um cliente j foi atendido por um funcionrio e parte do sistema

    A lgica associada aos acontecimentos pode ser descrita, por exemplo, considerando apenas

    dois acontecimentos:

    Gerar prxima chegadaSe o funcionrio est ocupado

    EntoAumentar o nmero de clientes na fila

    SenoAlterar o estado do funcionrio para ocupadoGerar o fim de atendimento para tempo_actual + tempo_de_atendimento

    Figura 2.5 Procedimento chegada de cliente

  • Capitulo 2: A Simulao

    Pgina 31

    Alterar o estado do funcionrio para livreSe existe algum cliente na fila

    EntoAlterar o estado do funcionrio para ocupadoRetirar da fila para atendimentoGerar o fim de atendimento para tempo_actual + tempo_de_atendimento

    Figura 2.6 Procedimento fim de atendimento

    O programa de simulao pode ser organizado da seguinte forma:

    INICIOGerar a primeira chegadaSeleccionar o primeiro eventoAvanar o tempo de simulao para o tempo de ocorrncia do eventoEnquanto < fim_de_simulao

    EntoImprimir estatsticas

    SenoSe evento = CHEGADA_DE_CLIENTE

    EntoProcessa CHEGADA_DE_CLIENTE

    SenoProcessa FIM_DE_ATENDIMENTO

    FIM

    Figura 2.7 Programa orientado ao acontecimento

    Simulao Orientada Actividade

    Na simulao orientada actividade, o modelador descreve cada actividade possvel

    para cada entidade do sistema, definindo as condies que causam o seu incio e o seu fim. Os

    acontecimentos que iniciam ou terminam uma actividade no so escalonados pelo

    modelador, mas so iniciados a partir das condies especficas para a actividade. Com o

    avano do tempo simulado, as condies para o incio ou fim de uma actividade so

    examinadas e, no caso de alguma condio ser satisfeita, a actividade correspondente

    escalonada para a execuo no tempo de simulao actual.

    Esta orientao pouco utilizada para a modelao de sistemas [MACD75, MARY80,

    SOAR92]. No exemplo dos clientes sendo atendidos por funcionrios de um banco, tem-se as

    seguintes actividades:

    - Chegada de um cliente (CHEGADA_DE_CLIENTE