geração 15

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Nos primeiros anos da década de 90, ocorreram, no Brasil, fatos importantes e inusitados: o presidente Collor sofreu impeachment, a Daniela Mercury tornou-se a cantora de maior sucesso do país, o piloto Ayrton Senna ganhou duas vezes o Grande Prêmio do Brasil de Fórmula 1 e se tornou tricampeão mundial. Ainda, comemorou-se os cinquenta anos de idade do Caetano Veloso, e o Brasil realizou um plebiscito para decidir se queria ter um rei. Nesses anos, vive Paulo, um adolescente da Geração Caras-Pintadas.

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GeraçãoCaras-Pintadas

Marcos Roberto

São Paulo – 2015

GeraçãoCaras-Pintadas

Copyright © 2015 by Editora Baraúna SE Ltda.

Capa Jacilene Moraes

Diagramação Camila C. Morais

Revisão Raquel Sena

CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTESINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ

________________________________________________________________R548g

Roberto, Marcos Geração caras-pintadas/Marcos Roberto. - 1. ed. - São Paulo: Baraúna, 2015.

ISBN 978-85-437-0424-1

1. Conto brasileiro. I. Título.

15-25512 CDD: 869.93 CDU: 821.134.3(81)-3________________________________________________________________12/08/2015 12/08/2015

Impresso no BrasilPrinted in Brazil

DIREITOS CEDIDOS PARA ESTAEDIÇÃO À EDITORA BARAÚNA www.EditoraBarauna.com.br

Rua da Quitanda, 139 – 3º andarCEP 01012-010 – Centro – São Paulo – SPTel.: 11 3167.4261www.EditoraBarauna.com.br

Todos os direitos reservados.Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio, sem a expressa autorização da Editora e do autor. Caso deseje utilizar esta obra para outros fins, entre em contato com a Editora.

sumário

Capítulo 1 - Um dia querendo estar sozinho ............. 11

Capítulo 2 - Primeiro dia de aula............................... 13

Capítulo 3 - Pump Up the Jam ................................. 17

Capítulo 4 - Paixão .................................................... 25

Capítulo 5 - Curso de inglês ...................................... 31

Capítulo 6 - Decepção .............................................. 39

Capítulo 7 - Fim de semana ...................................... 45

Capítulo 8 - O estrangeiro ......................................... 49

Capítulo 9 - Trabalho de grupo e aula de inglês ......... 53

Capítulo 10 - "O Sal da Terra" .................................. 59

Capítulo 11 - RIO 92 ............................................... 65

Capítulo 12 - Passeata ............................................... 75

Capítulo 13 - Convívio ............................................. 79

Capítulo 14 - Todos de preto ..................................... 83

Capítulo 15 - Festa .................................................... 91

Capítulo 16 - 29 de Setembro ................................. 101

Capítulo 17 - Apenas mais uma de amor ................. 113

Capítulo 18 - O canto da cidade ............................. 123

Capítulo 19 - Senna, Senna ..................................... 125

Capítulo 20 - A monarquia ..................................... 127

Capítulo 21 - Último dia de aula ............................. 131

Capítulo 22 - Festa de formatura ............................. 133

Capítulo 23 - Geração Caras-Pintadas ..................... 135

“Na hora em que aquele homem tomou o que me era justo, o que me era de direito, só ia devolver doze meses depois, em dezoito prestações, eu fiquei tão deprimido, tão deprimido, que eu tive uma sensação clara, eu falei: isso acaba ou em impeachment, ou em tiro na boca, ou em tiro na têmpora, ou alguma coisa drástica vai acontecer.”

Depoimento do Lulu Santos no programa Domin-gão do Faustão.

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introdução

Nos primeiros anos da década de noventa, época em que a internet e a telefonia celular ainda não faziam parte da vida das pessoas, ocorreram, no Brasil, fatos impor-tantes e inusitados: o presidente Collor sofreu impeach-ment, a Daniela Mercury se tornou a cantora de maior sucesso do país, o piloto Ayrton Senna ganhou duas vezes o Grande Prêmio do Brasil de Fórmula 1 e se tornou tri-campeão mundial. Ainda, comemorou-se os cinquenta anos de idade do Caetano Veloso, e o Brasil realizou um plebiscito para decidir se queria ter um rei. Nesses anos, vive Paulo, um adolescente da Geração Caras-Pintadas.

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CaPítulo 1Um dia querendo estar sozinho

É hora do intervalo no colégio. Jovens caminham em todas as direções. O barulho é tremendo. Paulo está numa roda de amigos. Entre eles, as brincadeiras são constantes. Paulo, por um instante, afasta-se do grupo e senta num banco de cimento. Ele pensa:

— Quanto tempo decorrerá até que alguém venha falar comigo? Com o isolamento, Paulo pretende testar a sua popularidade ou, talvez, deseja, apenas, uma pau-sa para respirar. Paulo fica pouquíssimo tempo isolado e logo retorna para a companhia dos amigos. Paulo nomeia este momento de: um dia querendo estar sozinho.

Paulo, quando realizou esse teste de popularidade, já estudava há um bom tempo naquela escola e, aos poucos,

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ele conseguira fazer algumas boas amizades. Ele, porém, possuía uma personalidade instável e seu humor oscila-va muito. Num momento ele era alegre, conversador, no momento seguinte ele era calado. Houve época em que agiu de maneira bastante tímida, do tipo que, se tivesse um buraco na sala de aula, seria capaz de entrar nele pra se isolar. Houve, também, momentos em que ele se de-monstrou mais extrovertido, chegando a liderar a bagun-ça em sala de aula.

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CaPítulo 2Primeiro dia de aula

É o primeiro dia de aula. Juca e Renan eram os úni-cos alunos que Paulo conhecia no novo colégio. Os três eram oriundos de outro colégio e, para entrarem nesta nova escola, eles tiveram de ser aprovados num teste de seleção. Paulo entra na sala de aula e senta numa carteira que fica na frente e no canto direito da sala. É de manhã cedo e faz muito frio. A primeira aula começava às sete horas e quinze minutos. Um professor entra na sala e se apresenta. Paulo fica atento às explicações do mestre e, também, observa os novos colegas. Ele pensa:

— Por que eu não fiquei na mesma sala em que fi-caram o Juca e o Renan? Se assim fosse, agora eu teria alguém conhecido com quem conversar.

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Passam a primeira, a segunda e a terceira aula e, en-tão, chega o intervalo. Paulo sai para o intervalo e en-contra os amigos Juca e Renan no corredor. Durante os quinze minutos do intervalo, os três amigos conversam e caminham pelo colégio. Eles passam próximos às quadras de esporte e chegam ao local onde ficam as piscinas.

— Eu acho que vou fazer natação – diz Paulo. — Eu quero fazer musculação. Eu conheci a acade-

mia. Ela é pequena, os aparelhos são antigos, mas dá pra malhar — diz Renan.

Os três amigos sentam na arquibancada de estrutura de ferro e assento de madeira que fica em frente às pisci-nas. Tudo no novo colégio chama a atenção dos novatos.

— Eu tive duas aulas de matemática e uma de histó-ria – comenta Paulo.

— Nós tivemos aulas de português e química. As duas últimas aulas serão de educação física – fala Renan.

— As minhas duas últimas aulas também serão de educação física. Será que vão juntar as duas turmas? — pergunta Paulo. E continua: — Tomara que sim. Se juntarem as turmas, vamos jogar futebol?

— Vamos – responde Renan. — Paulo, na minha sala há uma garota muito bonita

— diz Juca.— De qual delas você está falando? — pergunta Renan.— Da Fabrícia — responde Juca.— Ela é bonita mesmo — diz Renan. — Na minha sala também há muitas garotas bonitas

— diz Paulo.

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A sirene do colégio toca avisando o fim do intervalo.Paulo, depois da aula de inglês, se dirige para a aula

de educação física. Para a alegria dos três, a aula de educa-ção física é realizada juntando as duas turmas. Paulo e Re-nan conseguem, no final da aula, jogar futebol. O tempo passa e a sirene do colégio toca às 12 horas e 15 minutos. É o fim do primeiro dia de aula. Os alunos saem das salas e caminham em direção à saída do colégio. Paulo mora do lado norte da cidade e o colégio fica na parte sul. O ônibus que ele utiliza, na volta para casa, circula bastante até chegar à parada em que ele desce com os colegas Re-nan e Juca. O ônibus costuma ficar lotado. Nele sobem estudantes de vários colégios. O barulho é ensurdecedor, parece que cada adolescente quer falar mais alto do que o outro. Paulo gosta de sentar no fundo do ônibus. De lá, ele nota que há um grupo de alunos que não pagam a passagem. Esses alunos ficam na parte da frente do ôni-bus, antes da roleta, passam toda a viagem conversando com o motorista e, quando chega a hora de descer, eles descem pela porta da frente, sem pagar a passagem.

— Vocês observaram que aqueles alunos que ficam antes da roleta descem sem pagar a passagem — comenta Paulo.

— Eu notei isso — diz Juca.— Uma das garotas daquele grupo está usando uma

camiseta de uma turma de formandos do nosso colégio, do ano passado — fala Renan.

— Como você sabe que a camiseta é de formandos do ano passado? — Pergunta Juca.

— É simples. Eu sei porque na camiseta está escrito: Formandos do Colégio SL. Há, ainda, escrito os nomes