geologia, kimberlitos e depósitos diamantíferos da região do rio douradinho

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    UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAISDEPARTAMENTO DE GEOLOGIA

    PROJETO DE PESQUISA

    GEOLOGIA, KIMBERLITOS E DEPSITOS DIAMANTFEROS

    DA REGIO DO RIO DOURADINHO,

    COROMANDEL/ABADIA DOS DOURADOS, MG

    (Geologia e Evoluo no Tempo de seus Depsitos Diamantferos)

    Relatrio Final de Atividades de BIC

    Kerley Wanderson Andrade

    Coord.: Prof. Dr. Mario Luiz de S C. Chaves

    Belo Horizonte, dezembro de 2008.

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    SUMRIO

    RESUMO, pg. 3

    1.

    Introduo, pg. 4

    2. Aspectos Socioeconmicos e Fisiogrficos, pg. 4

    3. Contexto Geolgico, pg. 8

    4. Kimberlitos e Rochas Parentais na Regio, p. 20

    5. Depsitos Diamantferos, pg. 25

    5. Descrio das Atividades Especficas Desenvolvidas no Projeto,pg. 32

    6. Concluses, pg. 32

    7. Bibliografia Consultada, pg. 33

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    RESUMO

    A regio ao sul de Coromandel cortada pelo Rio Douradinho. Esta regio conhecida desde o

    incio do Sculo 20 pela produo de grandes diamantes, assim como a regio do Alto Paranaba, onde se

    insere. O presente relatrio apresenta os resultados dos estudos bibliogrficos efetuados para a regio

    diamantfera ao sul de CoromandelMG. Seus principais objetivos referem-se a estratigrafia, petrografia

    e caracterizao dos depsitos diamantferos, visando uma contribuio ao conhecimento da rea em

    questo. O substrato geolgico da regio representado por unidades metassedimentares meso e

    neoproterozicas pertencentes aos grupos Canastra, Ibi e Arax. Essas unidades foram deformadas

    durante a Orognese Brasiliana e estruturadas por falhas de empurro de direo SW NE. No perodo

    Jurssico - Cretceo tais estruturas foram reativadas, dando origem ao Soerguimento do Alto Paranaba.

    Este soerguimento proporcionou a reativao da sedimentao, ao qual ainda relaciona-se intenso

    magmatismo alcalino. A sedimentao se desenvolveu em ambiente de bacia intracontinental, com lequesaluviais e sedimentao vulcanoclstica associada. Os depsitos de conglomerados, arenitos e tufos

    vulcnicos representam as unidades sedimentares do Grupo Mata de Corda. O magmatismo alcalino deste

    perodo apresenta quimismo extremamente variado. Entre as ocorrncias h intruses de afinidade

    kimberltica. As intruses Grota do Cedro e Douradinho-11 so representantes desta associao,

    comprovada por sua composio caracterstica. Acomodaes tectnicas ocorridas durante o Tercirio-

    Quaternrio favoreceram a sedimentao de seqncias alvio-coluvionares e aluvionares. Essa

    sedimentao caracterizada pelos depsitos diamantferos explorados longa data. A existncia de

    intruses kimberlticas atesta a possibilidade da origem proximal para a gerao dos placersdiamantferos, assim como as caractersticas dos diamantes. Os depsitos alvio-coluvionares apresentam

    composies semelhantes dos conglomerados cretcicos, podendo se tratar do retrabalhamento desta

    seqncia. A correlao entre os depsitos e a caracterizao das intruses so questes elucidativas para

    a definio da gnese dos diamantes no Alto Paranaba.

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    1INTRODUO

    Este relatrio apresenta como principal objetivo a descrio das atividades em bolsa BIC,

    desenvolvidas dentro do projeto de pesquisa intitulado: GEOLOGIA, KIMBERLITOS E DEPSITOS

    DIAMANTFEROS DA REGIO DO RIO DOURADINHO, COROMANDEL/ABADIA DOS

    DOURADOS, MG (Geologia e Evoluo no Tempo de seus Depsitos Diamantferos). Tais atividadesforam realizadas sob orientao direta do Prof. Dr. Mrio Luiz de S Carneiro Chaves, coordenador do

    referido projeto.

    Essa regio de grande importncia no contexto geolgico-econmico do Estado de Minas

    Gerais. Alm das inmeras intruses de natureza kimberltica j detectadas, a mesma ainda se notabiliza

    pelo encontro peridico de diamantes gigantes, isto com mais de 100 ct de peso, o que a tornade forte

    apelo prospectivo para esse mineral.

    A rea estudada localiza-se na poro sudoeste do Estado de Minas Gerais, no municpio de

    Coromandel, que integra a Zona do Alto Paranaba (Microrregio 171). A regio dista cerca de 477 km deBelo Horizonte (figura 1), e o acesso feito por estradas asfaltadas inicialmente pela BR-262 at o trevo

    para Ibi, onde toma-se a MG-230 (Ibi - Patrocnio). Nesta cidade, atravs de um curto trecho pela BR-

    365 toma-se a MG-188 que acessa a cidade de Coromandel. O acesso a rea mapeada pode ser feito em

    parte pela rodovia MG-188 que a transpe na poro nordeste, e tambm por estradas municipais no

    pavimentadas bem como por trilhas percorrveis p.

    1.1Objetivos

    Os principais objetivos do trabalho so o reconhecimento e descrio da geologia da regio

    diamantfera do Rio Douradinho ao sul de Coromandel. Sua nfase se d na caracterizao das unidades

    componentes do arcabouo estratigrfico, sedimentologia, geologia estrutural, petrografia, metamorfismo

    e geologia econmica da rea de abrangncia. Como objetivos complementares, destacam-se a

    caracterizao dos depsitos diamantferos colvio/aluvionares, a identificao de corpos kimberlticos

    (aflorantes e subaflorantes) a sua caracterizao petrolgica, mineralgica e geoqumica atravs da

    checagem de campo e anlises pertinentes.

    2ASPECTOS SOCIOECONMICOS E FISIOGRFICOS

    2.1Histrico da Regio

    O municpio de Coromandel tem seu nome originado de local da costa sudeste da pennsula da

    ndia (Costa de Coromandel), cuja derivao pode-se dever a duas expresses do snscrito: Chola

    Mandalan (mandalan = regio, Chola = dinastia que governou o sudeste da ndia); ou Karai Mandalan

    (mandalan = regio, karai = costal). Esta associao devida ao fato desta regio da ndia abrangerimportantes reservas minerais, que incluem as histricas minas de diamante de Golconda e Kolur.

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    Figura 1: Mapa de localizao da rea de estudo.

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    As primeiras notcias sobre o povoado que deu origem cidade de Coromandel datam do incio

    do sculo XIX. Por volta de 1824, o arraial de Santa Ana do Pouso Alegre, tambm chamado de

    Carabandela, contava com aproximadamente 40 casas, uma capela dedicada a Sant'Ana e uma ponte de

    madeira sobre o crrego. A regio atraa garimpeiros de diamante, tendo nesta poca a pecuria como

    principal atividade econmica. O povoado servia de retiro de descanso e pernoite aos viajantes que

    circulavam entre Paracatu, Gois e o leste do pas.

    Em 1870, foi criado o distrito de Coromandel, inicialmente vinculado Vila de Paracatu. Em

    1882, tal distrito foi elevado categoria de municpio, condio revogada posteriormente. Em 1911, de

    acordo com uma nova diviso administrativa do Brasil, Coromandel figurava como distrito do municpio

    de Patrocnio. Em 1923, Coromandel obteve novamente sua emancipao poltica.

    2.2Aspectos Socioeconmicos

    O municpio situa-se na Mesorregio do Tringulo Mineiro/Alto Paranaba, com extenso

    territorial de 3.296,27 km2. Segundo dados do Censo Demogrfico de 2000, registrava uma populao de

    27.452 habitantes. Tem como limites geogrficos: ao norte, o Estado de Gois e o municpio de Guarda-

    Mor, a leste, os municpios de Vazante, Lagamar, Patos de Minas e Guimarnia; a oeste, os municpios de

    Abadia dos Dourados e Monte Carmelo; e ao sul, o municpio de Patrocnio.

    Coromandel apresenta uma economia baseada na agroindstria contando lavouras extensas,

    pecuria leiteira e de corte, e laticnios. Alm da agroindstria destaca-se a industria mineral contando

    com extrao de calcrio e fosfato, bem garimpos e pequenas mineraes de diamante. A produo

    agrcola o grande potencial da economia, com lavouras de soja, milho, caf e algodo. Beneficiado pela

    grande extenso de reas de pastagem o foco principal da pecuria a produo de leite Apresenta

    tambm considervel rebanho de corte. Os laticnios tm uma grande produo, inclusive exportada para

    outros estados. Alm do leite pasteurizado, h fabricao de requeijo, queijos, iogurte, que na sua grande

    maioria comercializada em outros centros.

    A indstria de calcrio conta com grande nmero de pedreiras voltadas para produo de cal. O

    fosfato explorado destinado produo de fertilizantes. O diamante outra fonte de riqueza do

    municpio. Nos garimpos de Coromandel foram encontrados 15 entre os 20 maiores diamantes brasileiros,razo de a cidade ser conhecida, mundialmente, como a "Terra do Diamante". A explorao de diamante

    a atividade mais antiga do municpio e atualmente ainda emprega, embora informalmente, cerca de

    3.000 garimpeiros.

    2.3Vegetao e Clima

    A vegetao na maior parte do municpio encontra-se devastada para a gerao de pastagens e

    lavouras. Sua constituio original dominada por formaes tpicas do cerrado ou cerrado, comvariaes para campos cerrados de altitude. Nas regies prximas aos rios e drenagens ainda existem as

    chamadas matas ciliares com vegetao essencialmente arbrea com grande variedade de espcies.

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    A regio est inserida no domnio climtico Cwa segundo a classificao de Koppen (Nimer,

    1980) que corresponde ao clima Mesotrmico mido a sub-mido (sub-tropical) quente, de veres

    quentes e invernos secos. Apresenta temperaturas mdias anuais da ordem de 21,1 C, com mxima em

    27,8 C e mnima em 16,3 C. As chuvas se concentram no perodo de outubro a maro (80% da

    precipitao anual) com mdia de 1.474,4 mm. Esta concentrao das chuvas exerce forte influncia na

    atividade garimpeira que mais praticada durante o perodo seco, no leito dos rios de maior porte.

    2.4Solos

    Em Rolin-Neto et al.(2006), encontra-se uma descrio das relaes geopedolgicas da poro

    superior da bacia do Alto Paranaba, onde se encontra inserida a rea do presente estudo. Esparsamente

    distribudo ao longo dos maiores rios, ocorre intenso hidromorfismo, aparecendo solos gleizados ou

    plnticos. Apresentando estreita associao com rochas vulcnicas mficas/ultramficas e subvulcnicas,

    so descritos ainda por esses autores cambissolos eutrficos.

    Nas associaes de rochas metapelticas encontram-se cambissolos licos e distrficos. Estas

    ocorrncias correspondem s reas de intenso uso para pastagens, agricultura e reflorestamento (Guerra &

    Botelho, 2001, in Cunha & Guerra, 2001). Em reas de dissecao ocorre forte associao com latossolos

    roxos nas pores mais elevadas, gradando para latossolos vermelhos argilosos e cambissolos. Os

    latossolos roxos so derivados dos tufos vulcnicos enquanto que os latossolos vermelhos e cambissolos

    so derivados da decomposio de saprlitos.

    2.5Hidrografia

    A rea encontra-se inserida na bacia hidrogrfica do alto Rio Paranaba, que corre no sentido E-W

    a norte do municpio de Coromandel. Como afluentes do seu alto curso destacam-se os rios Santo Incio,

    Santo Antnio, Dourados e Douradinho. Este ltimo est inserido na rea do trabalho, fluindo em sentido

    SE-NW, apresentando grande importncia pelo seu contedo diamantfero e como rea de intensa

    garimpagem que se multiplica nos colvios e aluvies das suas margens.

    2.6Geomorfologia

    Aps o encerramento dos episdios vulcnicos do Cretceo, durante o Tercirio, intensos

    processos erosivos geraram um completo arrasamento do continente (Braun, 1971, 2005) e o

    esculpimento do relevo sobre diferentes unidades morfoestruturais (Machado & Bacaro, 2003) atravs de

    processos de pediplanao, pedimentao, lateritizao e dissecao (AbSaber, 1971). Segundo Bacaro

    (1994) os rios Paranaba e Araguari so os responsveis pela dissecao do relevo, alcanando nveis

    mais profundos representados pelas unidades pr-cambrianas. Como estruturas megageomorfolgicas

    condicionantes do relevo na regio caracterizam-se duas unidades morfoestruturais relevantes, a

    Depresso ParanabaRio Grande, a oeste, e o Planalto do So Francisco, a leste.

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    A Depresso Paranaba Rio Grande compreende feies desenvolvidas pela dissecao e

    reencaixamento de drenagens sobre seqncias do Cretceo. Tais feies de aspecto pouco variado, com

    patamares suaves e ondulados so descritos por King (1956) como uma superfcie de aplainamento

    pertencente ao Ciclo Velhas, com cotas em torno de 700 e 600 m. Esta superfcie encontra-se embutida

    em outra superfcie dominada por cotas entre 900 e 800 m que se estende tambm pela bacia do Rio So

    Francisco (Barbosa et al., 1970). Os terraos com cascalhos diamantferos encontram-se sobre esta

    superfcie, tendo como exemplo os depsitos do Rio Douradinho assim como a maioria dos terraos

    visados pelo garimpo.

    No Planalto do So Francisco desenvolveu-se outra superfcie representada por extensos planaltos

    tabulares, esculpidos em rochas do Cretceo Superior e Pr-Cambriano. Observada entre as cotas 1.100 e

    1.200 m como chapades escalonados resultantes da dissecao e rebaixamento das drenagens ps-

    cretcicas desenvolvidas nas superfcies anteriores. Esta unidade geomorfolgica corresponde superfcie

    de aplainamento definida por King (op. cit.) como Superfcie Sul-Americana. Correspondendo aodefinido como Superfcie Ps-Gondwana deste mesmo autor, encontram-se restos de uma superfcie de

    aplainamento entre as cotas 1.400 e 1.000 m com desnvel suave e constante para norte e para sudoeste.

    Esta superfcie se expressa nas unidades quartzticas e do Cretceo superior da regio.

    3CONTEXTO GEOLGICO

    3.1Evoluo do Conhecimento

    Os primrdios do conhecimento geolgico da regio do Alto Paranaba devem-se a geocientistas

    em busca de maiores informaes sobre as ocorrncias de diamante, descobertas por garimpeiros em fuga

    do controle excessivo exercido pelo governo colonial durante o sculo XIX na regio de Diamantina.

    Dentre vrios, podem ser citados os estudos de Saint-Hilaire (1847), Damour (1855) e Pires (1885).

    Faz-se importante ressaltar que uma constante nos trabalhos era a dissociao entre os estudos

    envolvendo as seqncias xistosas pr-cambrianas predominantes na regio, com as de idade cretcica,

    onde se incluam as possveis rochas magmticas geradoras dos diamantes. Hussak (1906) evidenciou a

    presena de magnetita abundante, alm de piropo e perowskita entre os minerais pesados do cascalhodiamantfero, em sua descrio geolgicopetrogrfica da Mina de gua Suja (Bagagem).

    O aparecimento de minerais constituintes de rochas subsaturadas bsico-alcalinas no Tringulo

    Mineiro e Gois, associados aos depsitos sedimentares de diamante e magnetita despertou a ateno de

    interessados na petrognese dos diamantes. Rimann realizou duas viagens regio do chapado da Mata

    da Corda a procura de kimberlitos. Em 1917, ao sul do chapado encontrou um picrito-porfirito contendo

    olivina, augita, magnetita, perowskita, cromita e mica.

    Neste mesmo trabalho (Rimann, 1917) levantou a primeira coluna estratigrfica para o oeste

    mineiro, sendo em grande parte ainda aceita atualmente. A seqncia xistosa (que inclui as unidadesArax, Ibi e Canastra) basal, foi toda correlacionada Srie Minas. A Srie Bambu, sobreposta, foi

    descrita pela primeira vez, formada por rochas carbonticas e argilosas. As seqncias do Cretceo foram

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    subdivididas em Arenito Areado (basal), constitudo por sedimentos arenosos com um conglomerado

    basal, e Arenito Capacete (no topo), iniciando localmente com um conglomerado considerado de rochas

    eruptivas do tipo kimberlito. Em 1926, Eusbio de Oliveira denominou de Arenito Urucuia a essas

    mesmas rochas, encontradas por Moraes Rego (1926) e Derby (1879) no divisor de guas das bacias do

    So Francisco e Tocantins.

    Guimares (1927) estudou os tufos vulcnicos que recobrem o Planalto da Mata da Corda,

    identificando basaltos melilticos, tufos e picrito-porfiritos, contestando a hiptese dos kimberlitos de E.

    Rimann (op. cit.). Atravs de anlises qumicas de um picrito-porfirito de Areado e de breccias da

    Fazenda Cascata (Patos de Minas), demonstrou que as rochas magmticas do oeste de Minas so

    petrograficamente muito diferentes dos kimberlitos sul-africanos. Entretanto, Rimann (1931) reafirma a

    existncia de inmeras chamins no chapado da Mata da Corda, as quais seriam a matriz dos diamantes

    no oeste mineiro.

    Guimares (1931), em novo estudo sobre a regio, apresentou os resultados da possibilidade deocorrncia de chamins diamantferas na regio de Coromandel, s encontrando tufos com fragmentos de

    picrito-porfirito. Barbosa (1934), reforando os estudos de D. Guimares, esclareceu que a constituio

    litolgica da serra da Mata da Corda era tufcea e no de derrames vulcnicos, como julgara Rimann.

    Na regio de Coromandel e Carmo do Paranaba a ocorrncia destes tufos foi alvo de prospeco no se

    obtendo qualquer diamante, mas apresentando ndices importantes de platina.

    Campos (1937) foi encarregado pelo Servio Geolgico Federal de retomar os estudos da gnese

    do diamante no oeste de Minas Gerais, e realizou reconhecimento geolgico na rea delimitada pelos rios

    Paranaba, Santo Incio, Quebra-Anzol e Bagagem. Leonardos (1956) reconheceu para a regio doTringulo Mineiro a mesma estratigrafia bsica de Rimann (1917), porm correlacionando o Arenito

    Capacete Formao Bauru, e o Arenito Areado Formao Botucatu, ambas pr-descritas no Estado de

    So Paulo.

    Guimares (1955) volta a estudar as rochas vulcnicas e piroclsticas de Coromandel e Patos,

    reconhecendo tufitos, aglomerados vulcnicos, brechas metamorfoseadas e arenitos com cimento

    piroclstico. Maack (1968) menciona a existncia dediamantes nos tufitos de Coromandel; esta talvez

    seja a nica referncia da gema sendo lavrada em tais rochas.

    Em meados da dcada de 1960, a extinta empresa PROSPEC foi contratada pelo DNPM pararealizar o levantamento geolgico bsico inventrio dos recursos minerais da regio, atravs do Projeto

    Chamins (resultados finais em Barbosa et al., 1970), fornecendo os ainda hoje mais valiosos dados

    integrados sobre a geologia do Tringulo Mineiro. Nesta mesma poca, especificamente em relao s

    seqncias cretceas aflorantes na regio, vrios trabalhos contriburam para a definio de seus

    principais aspectos. Ladeira & Brito (1968), investigaram a geologia da rea da Mata da Corda, elevando

    os arenitos Areado categoria de grupo, dividido em trs formaes: Abaet, Quiric e Trs Barras (da

    base para o topo). O arenito Capacete foi considerado uma fcies proximal do Grupo Mata da Corda,

    proposto por esses autores, assim como o arenito Urucuia foi considerado uma fcies distal desse grupo.

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    Hasui (1968, 1969), estudando a regio do oeste mineiro, separa as unidades aflorantes na zona

    do Alto Paranaba (bacia do Alto So Francisco) das que ocorrem na rea do Tringulo Mineiro (bacia do

    Paran), observando certas peculiaridades nestas reas. O Quadro 1 ilustra tal concepo estratigrfica.

    Grossi-Sad et al. (1971), em um novo trabalho de sntese sobre a regio, propem uma coluna

    estratigrfica algo diferente, conforme mostrado no Quadro 2.

    _____________________________________________________________________________________

    TRINGULO MINEIRO ALTO PARANABA

    Sedimentos Cenozicos

    Formao Bauru

    Formao Uberaba

    Chamins VulcnicasFormao PatosGrupo Areado

    Grupo Bambu

    Grupo CanastraGrupo Arax

    _____________________________________________________________________________________

    Quadro 1: Estratigrafia das regies do Tringulo Mineiro e do Alto Paranaba (segundo Hasui, 1968).

    ____________________________________________________________________________________________________________________

    BACIA DO PARAN BACIA DO SO FRANCISCO

    Formao Bauru Formao Mata da Corda(fcies Uberaba, Marlia e Itaqueri) (fcies Patos, Capacete e Urucuia)

    - 80 Ma -

    Formao Areado(fcies Abaet, Quiric e Trs Barras)

    - 100 Ma -Basalto Serra GeralArenito Botucatu

    - 140 Ma -_____________________________________________________________________________________

    Quadro 2: Estratigrafia das unidades mesozicas em Minas Gerais (segundo Grossi-Sad et al., 1971).

    Esta questo do grande nmero de unidades e concepes estratigrficas para o Cretceo do oeste

    mineiro, levou organizao, durante o XXV Congresso Brasileiro de Geologia, de uma mesa redonda

    abrangendo o assunto (Ladeira et al., 1971). No obstante, muitos problemas permaneceram em aberto.

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    Em 1967, o gelogo francs M. Bardet, do BRGM francs, visitou vrias reas diamantferas do

    Brasil. Impressionado com a potencialidade do Alto Paranaba, enviou uma equipe de pesquisa que, logo

    em 1969, descobriu o primeiro kimberlito no Brasil, na Fazenda Vargem (Coromandel). A descoberta,

    porm, alm de outras, foram mantidas em segredo e somente muitos anos mais tarde a comunidade

    cientfica pode realizar as primeiras observaes sobre o corpo (Svisero et al., 1977, 1979, 1984, 1986;

    Meyer & Svisero, 1980).

    Entre muitos estudos recentes envolvendo a regio estudada, devem ser citados os de Hasui et al.

    (1975) e Almeida et al.(1980), tratando principalmente de dados tectnicos e geofsicos, que permitiram

    traar as primeiras linhas da evoluo geolgica do oeste mineiro. Retomando ainda o tema dos estudos

    estratigrficos que abrangem as seqncias do Cretceo, os trabalhos de Barcelos (1979), Barcelos &

    Suguio (1980), Barcelos et al. (1981), Barcelos (1989), redefiniram com maior preciso as relaes

    espaciais e os ambientes de sedimentao das principais unidades cretcicas discutidas anteriormente

    (Quadro 3).Chaves (1991), realizou estudos de investigao visando as seqncias diamantferas do Cretceo

    do Brasil Central (incluindo os depsitos do Distrito de Guilbs, no sul do Estado do Piau). No domnio

    da Provncia Diamantfera do Alto Paranaba (j proposta por Hasui & Penalva, 1970), foram

    reconhecidos dois distritos com caractersticas peculiares o de Romaria-Estrela do Sul (a oeste do

    Arco da Canastra) e o de Coromandel (a nordeste daquela estrutura).

    _____________________________________________________________________________________

    BACIA DO PARAN BACIA DO SO FRANCISCO

    Formao Marlia (membrosPonte Alta e Serra da Galga)

    Formao Uberaba Formaes Urucuia e Capacete

    - 80 Ma -Formao Patos

    Formao Adamantina

    - 100 Ma -Formao Areado

    Basalto Serra Geral

    (Grupo Bambu)

    _____________________________________________________________________________________

    Quadro 3: Correlao estratigrfica para as seqncias mesozicas de Minas Gerais (segundo Barcelos, 1979;Barcelos & Suguio, 1980 e Barcelos, 1989).

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    3.2Geologia Regional

    O arcabouo geolgico regional, onde se encontra inserida a rea de estudo, composto por

    unidades pertencentes a trs compartimentos geotectnicosa Provncia Tocantins, Bacia Sanfranciscana

    e o Arco do Alto Paranaba. Predominam na regio as unidades da Provncia Tocantins, representadas

    pelo compartimento de sua Faixa de Dobramento Braslia (FDB), termo inicialmente proposto por

    Almeida (1977).

    3.2.1Faixa Braslia

    Pertencente a Provncia Tocantins (Almeida et al., op. cit), que representa um sistema de

    orgenos de largas dimenses desenvolvidos durante o Neoproterozico, em funo da convergncia e

    coliso de trs blocos continentais tambm conhecidos como Orognese Brasiliana (ca. 600 Ma).

    Representa o mais bem preservado e completo orgeno brasiliano no Brasil, e compreende uma espessa

    seqncia de margem continental, fragmentos ofiolticos, extenso arco magmtico juvenil e importante

    anomalia gravimtrica indicativa de uma sutura nos blocos continentais envolvidos. Estas feies indicam

    que a diferenciao estrutural final da FDB o resultado do fechamento de uma ampla bacia ocenica

    durante o Neoproterozico (Pimentel et al., 2001). Estes blocos so: o Crton Amaznico a NW, o Crton

    So Francisco a SW, e o suposto Crton Paranapanema (abaixo da Bacia do Paran) a leste (Dardenne,

    2000; Bizzi et al., 2003). A FDB representa sua poro SW, estendendo-se por mais de 1000 km no

    sentido N-S ao longo da borda oeste do Crton do So Francisco (CFS) (Almeida et al., op. cit.). A faixa

    tem como limites o CFS a leste, a Bacia do Paran a SW, A Faixa Paraguai-Araguaia a oeste e o Crton

    Amaznico a NW.

    As unidades sedimentares e metassedimentares do FDB apresentam deformao tectnica e

    aumento no grau metamrfico de leste para oeste, desde incipiente at fcies granulito. Esta variao

    reflete a sua vergncia em direo ao CFS e permitiu o seu zonamento tectnico (Fuck et al., 1994)

    aproximadamente definido e individualizado como zonas: cratnica (constituda por exposies do

    embasamento cobertas pelas seqncias sedimentares proterozicas dos Grupos Parano e Bambu);

    interna (compreende os micaxistos e rochas do Grupo Arax e reas de embasamento expostas entre os

    xistos); e externa (representada pelas seqncias metassedimentares dos Grupos Parano, Canastra,

    Vazante e Ibi), respectivamente de leste para oeste.

    Suprimindoo segmento menos relevante para a rea do trabalho (segmento norte), o segmento sul

    apresenta feies tectnicas completamente distintas deste outro. A intensa deformao e metamorfismo

    associado obliteraram as relaes estratigrficas de vrias unidades dificultando o entendimento da

    evoluo geotectnica das mesmas. Os grupos Canastra, Ibi, Arax e Vazante esto envolvidos em um

    complexo sistema de nappese empurres imbricados, indicando transporte tectnico de alta magnitude da

    ordem de dezenas a centenas de quilmetros. O contato entre as vrias unidades envolve zonas decisalhamento de baixo ngulo com forma arqueada de dobras em bainha desenvolvendo rampas laterais

    de cisalhamento (Simes & Valeriano, 1990; Valeriano & Simes, 1997; Seer, 1999).

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    A deformao e o metamorfismo decrescem progressivamente em direo ao CFS (figura 2),

    justificando a diviso da FDB, sendo seus contatos marcados por grandes falhas regionais de direo N-S.

    A vergncia da deformao inicial no segmento sul da FDB indica um trendcompressivo de direo SW-

    NE, com transporte predominante para SE marcado por zonas transcorrentes de cisalhamento com a

    mesma vergncia (Simes & Valeriano, 1990; Valeriano & Simes, 1997; Seer, 1999).

    Grupo Canastra

    Definido inicialmente por Barbosa (1955) com statusde formao, para incluir um conjunto de

    quartzitos e filitos grafitosos ocorrentes na regio de Arax. Barbosa et al.(1970) elevam tal seqncia ao

    status de grupo, abrangendo um grande conjunto de rochas formado por quartzo-muscovita-sericita

    xistos, muscovita-biotita xistos, quartzitos (ferruginosos a itabirticos), filitos prateados e filitos grafitosos

    com pirita. Campos Neto (1984) estabelece a litoestratigrafia do Grupo Canastra, e os trabalhos Freitas-

    Silva & Dardenne (1994), Pereira et al.(1994) e Simes & Valeriano (1990), envolvem e discutem as

    diversas propostas que tratam de toda a extenso do Grupo Canastra.

    Figura 2: Perfil esquemtico mostrando a relao entre as unidades Arax, Ibi e Canastra (extrada de Dardenne,2000).

    Freitas-Silva & Dardenne (op. cit.), dividem-no em trs unidades, as formaes Serra do Landim,

    Paracatu e Chapada dos Piles. A Formao Serra do Landim, na base, foi definida por Madalosso &

    Valle (1978) como parte da Formao Vazante e posteriormente foi includa no Grupo Canastra por

    Freitas-Silva & Dardenne (op. cit), representada por calcifilitos ricos em clorita. A Formao Paracatu,definida por Almeida (1969), foi dividida em dois membros por Freitas-Silva & Dardenne (op. cit.):

    Morro do Ouro (basal), iniciando com nveis relativamente contnuos de quartzitos de espessura de alguns

    metros a 100 m, variando para camadas de filito carbonceo com intercalaes de quartzito; e Serra da

    Anta (topo), representado por espessos nveis de filito cinza a esverdeado com intercalaes de quartzitos.

    No topo, a Formao Chapada dos Piles representada por dois membros, o Serra da Urucnia

    que consiste em regulares intercalaes de quartzito e filito (figura 3), e o Membro Hidroeltrica Batalha,

    consistindo de quartzitos, estas ocorrncias so encontradas ao norte de Coromendel (Pereira et al., 1994).

    As Formaes Paracatu e Chapada dos Piles representam uma sucesso de granulometria ascendente

    constituindo um megaciclo regressivo formado por sedimentos de gua profunda que grada de turbiditos

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    depositados no talude continental por correntes gravitacionais para depsitos plataformais no topo com

    estruturas hummocky e estratificaes cruzadas, com transporte de leste para oeste. Esta associao

    sedimentar caracteriza um ambiente de plataforma rasa dominada por correntes de mar (Pimentel et al.,

    2001).

    Figura 3: Coluna estratigrfica para o Grupo Canastra ao norte de Coromandel (extrado de Pereira et al., 1994).

    O Grupo Canastra comumente considerado como um equivalente lateral mais metamorfizado do

    Grupo Parano no segmento sul da FDB. (Campos-Neto, 1984; Dardenne, 1978; Pereira, 1992; Pereira et

    al., 1994; Pedrosa-Soares et al.,1994). Uma idade Sm-Nd de 2,2 Ga (Brod, 1999, in Seer et al., 2000)

    estabelecida para este grupo e um valor de NdT= -12,77, o que indica uma predominncia de reas fonte

    mais antigas e uma residncia crustal maior que dos grupos Arax e Ibi. Este fato refora a interpretao

    desta unidade como uma seqncia regressiva de plataforma continental na borda da massa continentalpaleproterozica-arqueana do So Francisco, principal fonte destes sedimentos (Seer et al., op. cit.).

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    Grupo Ibi

    Descrito inicialmente por Barbosa et al. (1970) com um status de formao, para designar o

    conjunto de rochas xistosas existentes nas proximidades de Ibi (MG). Como caracterstica que reforava

    tal status, a ocorrncia de um metaconglomerado ao norte de Coromandel, no contato basal contendo

    clastos de ortoquartzitos do Grupo Canastra, o qual se encontra sobreposto (Barbosa et al., op. cit.). De

    outro modo, Ferrari (1989) incluiu a unidade na base do Grupo Canastra, com uma suposta origem

    vulcnica.

    Posteriormente a unidade foi tambm interpretada como de origem glacial e equivalente ao

    horizonte Jequita-Macabas (Dardenne, 1978; Karfunkel & Hoppe, 1988; Pereira et al., 1994; Pedrosa-

    Soares et al., 1994) presente na borda ocidental do CFS. Ainda foram includas na unidade associaes de

    psefitos e rochas mficas metamorfisadas presentes nas proximidades de Arax. (Simes & Navarro,

    1996).

    Pereira (1992a, 1994), em estudos na regio de Coromandel, eleva o Ibi categoria de grupo,

    definindo-o como representante de uma seqncia glaciognica composta de duas formaes principais:

    Cubato e Rio Verde. Seer (1999, 2000) e Pereira et al. (1992b) caracteriza o contato entre este grupo e

    os grupos Canastra e Arax como de carter tectnico, atravs de zonas de cisalhamento (figura 4).

    A Formao Cubato na base assenta-se por uma desconformidade erosional ou contato tectnico

    com o embasamento formado pelo Grupo Canastra (Seer, 1999, 2003). representada por

    metadiamictitos com clastos extremamente variados (granitos, filitos, carbonatos, formao ferrfera,

    rochas bsicas, xistos, quartzo e quartzitos) e matriz constituda de sericita/muscovita, clorita, quartzo de

    gr fina e fenocristais de quartzo, plagioclsio, chert, quartzito, arenito e calcita. Estes metadiamictitos

    tiveram seu ambiente de deposio caracterizado como glcio-marinho por fluxos gravitacionais

    (Dardenne et al., 1978; Pereira, 1992a; Pereira et al., 1994; Lima et al., 2003). Segundo tais autores, as

    melhores exposies encontram-se prximo a cidade de Ibi; avanando-se para sul o horizonte

    apresenta-se intemperizado e com espessura reduzida, sendo na regio de Coromandel completamente

    ausente (Dardenne et al., op. cit.).

    A Formao Rio Verde, no topo, composta essencialmente de filitos calcferos esverdeados

    (calcifilitos) com bandas centimtricas e rtmicas quarzosas e micceas, como nica estrutura sedimentarreliquiar. Mineralogicamente apresenta semelhana matriz dos metadiamictitos da Formao Cubato,

    com bandas micceas de clorita e sericita ou muscovita, bandas quartzosas de quartzo fino e fenocristais

    de quartzo, feldspato postssico, plagioclsio e calcita. Tem espessura estimada em torno de 1.000 m

    (Pereira et al., 1994), com ambiente de deposio marinho de profundidade considervel originado de

    correntes de turbidez diludas distais (Seer et al., 2000).

    Estudos de provenincia (Seer, 1999) indicam que os sedimentos do Grupo Ibi tiveram origem

    em um primitivo arco de ilhas, com idade Sm/Nd de 1,16 a 1,33 Ga (Seer, op. cit.; Pimentel et al., 2001).

    Valores de NdT (-0,11 a -0,93) indicam que estes sedimentos apresentam curto tempo de residnciacrustal, caracterizando um ciclo sedimentar primrio, de uma rea bacinal de retroarco com aporte de

    sedimentos deste arco (Seer et al., op cit.). Estes autores obtiveram por dados petrogrficos e geoqumicos

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    que este grupo no apresenta qualquer relao gentica com os grupos Canastra e Arax, sendo ento

    caracterizado como um terreno tectonoestratigrfico.

    Grupo Ar ax

    Esse grupo, foi definido por Barbosa (1955) como um complexo metamrfico pr-cambriano

    constitudo de migmatitos, micaxistos, quartzitos, xistos verdes e filitos, que ocorrem prximo cidade de

    Arax. Esse autor dividiu tal complexo em duas formaes: Arax e Canastra, separadas por uma

    discordncia angular. Barbosa et al. (1970) elevam a unidade para srie e depois grupo, e retiram as

    rochas de origem grantica que ocorrem intercaladas aos micaxistos por efeitos de intensos dobramentos.

    Excluem ainda do topo da seqncia, xistos calcferos, que foram includos na Formao Ibi, por

    estes apresentarem na base um conglomerado basal. Concluem tambm que o Grupo Arax produto de

    uma sedimentao peltica e psamtica subordinada.

    Fuck & Marini (1981) observam coincidncias de linhas estruturais entre as unidades Canastra e

    Arax, alm de contato gradacional entre suas rochas na regio da Serra da Canastra. Admitem ento que

    na poro sul de Gois e Tringulo Mineiro, o Grupo Arax ocorre por baixo do pacote de metamorfitos

    do Grupo Canastra, considerando a unidade como uma formao de topo do Grupo Arax por no

    reconhecer um hiato ou quebra metamrfica entre tais unidades.

    Heibron et al.(1987), reitera como no justificvel separar-se os grupos Arax e Canastra, por

    no serem observadas diferenas estruturais e metamrficas extremas. A maior freqncia de quartzitos

    na parte basal do Grupo Canastra deve-se simplesmente a uma fcies sedimentar proximal, e as

    associaes mais imaturas com contribuies vulcnicas so caractersticas da seqncia Arax. Ferrari

    (1989) divide o Grupo Arax em trs associaes, uma vulcnica ou vulcano-sedimentar, uma sedimentar

    e outra derivada de rochas ortomagmticas. Seer (1999) caracteriza esta unidade como uma seqncia de

    anfibolitos derivados de rochas gneas mficas a subordinadamente ultramficas, capeadas por

    sedimentos detrticos de carter peltico (micaxistos e quartzitos) com intruses de granitos. Os granitos

    foram posteriormente milonitizados gerando xistos feldspticos milonitizados.

    A estratigrafia interna do grupo pouco conhecida (figura 4) devido intensa deformao e o

    desenvolvimento de camadas de empurro de baixo ngulo. Apresenta em sua composio quartzitosmicceos, micaxistos, calcoxistos, clorita-muscovita xistos, biotita-granada xistos, xistos feldspticos com

    intercalaes de paragnaisses e mrmores (Pimentel et al., 2001). Como idade mnima para a deposio

    desses sedimentos Pimentel et al.(2001) estabeleceram uma idade Sm-Nd em zirces entre 0,9 e 0,79 Ga.

    Seer et al.(2001), com base em iscronas Sm-Nd propuseram uma idade de 630 Ma para o metamorfismo

    superimposto.

    3.2.2Bacia Sanfranciscana

    A Bacia Sanfranciscana representa as coberturas fanerozicas do Crton do So Francisco

    desenvolvidas durante o perodo Cretceo. Como um dos mais expressivos exemplos de sedimentao

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    continental do pas, seu preenchimento (figura 6) est relacionado ao ltimo ciclo geodinmico que afetou

    a rea cratnica (Sgarbi et al., 2001).

    Apresenta complexa associao de rochas sedimentares e vulcnicas depositadas a partir do

    embacinamento resultante de eventos tectnicos caractersticos de subsidncia termal, permitindo

    deposio, dos grupos Santa F, Areado, Urucuia e a instalao do Grupo Mata da Corda (Sgarbi et al.,

    op cit).

    Figura 4: Coluna estratigrfica para os grupos Canastra, Ibi e Arax, na sinforma de Arax (extrada de Seer,1999).

    Grupo Areado

    Introduzido por Rimann (1917) o termo Srie Areado foi elevado ao statusde formao porBarbosa (1965) e subdividindo-a em trs menbros: Abate, Quiric e Trs Barras. Costa & Grossi-Sad

    (1968) elevam a unidade categoria de Grupo e s designaes intermediarias de Barbosa de formao.

    Como contribuies significativas ao conhecimento e interpretao do cretceo em Minas Gerais so

    encontradas tambm em Ladeira & Brito (1968), Ladeira et al. (1971), Grossi-Sad et al. (1971), Hasui et

    al.(1975), Almeida et al. (1980), Barcelos & Suguio (1980a, 1981), Sgarbi (2000) e Sgarbi et al. (2001).

    A Formao Abaet corresponde a conglomerados matriz-suportados, arenitos lticos depositados

    em fluxos laminares de leques aluviais e ruditos clasto-suportados e arenitos quartzosos em ambiente de

    fluxos gravitacionais. Estes depsitos so resultado de processos de deposio gravitacional associados a

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    fluxos aquosos episdicos e torrenciais formando rios entrelaados em ambiente do tipo wadino clima

    desrtico implantado na regio durante o Cretceo Inferior (Ladeira & Brito, op. cit.; Sgarbi, 1989).

    Figura 5: Bloco Diagrama mostrando a Bacia San-Franciscana e a sul a relao do soerguimento do Alto-Paranabacom as unidades que compem a bacia. (extrado de Campos & Dardenne, 1997).

    A Formao Quiric representa arenitos elicos e fluviais, alm de finos nveis calcreos

    depositados em lagos do tipo playa lake em depresses do terreno circundadas por ruditos dos leques

    aluviais. Apresenta ampla expresso espacial que demonstra o domnio do clima rido neste perodo. A

    Formao Trs Barras compreende arenitos elicos e arenitos mdios conglomerticos, depositados em

    ambiente fluvio-deltico a fluvial meandrante como expresso distal do ambiente rido do Cretceo

    Inferior da regio (Sgarbi, 1989; Seer et al.,1989).

    Grupo Mata da Corda

    No interesse de se descobrir a origem dos diamantes do oeste mineiro e dos aluvies da Bacia

    Sanfranciscana, o Grupo Mata da Corda obteve grande impulso no seu conhecimento com os estudos de

    Guimares (1927, 1933), Barbosa (1934), Guimares (1955), Ladeira & Brito (1969) e Barbosa et al.

    (1970). Costa & Grossi-Sad (1968) ao reunir as rochas vulcnicas e vulcanoclsticas da Bacia

    Sanfranciscana, e as denomina de Grupo Mata da Corda. Grossi-Sad et al. (1971) subdivide este grupo

    nas fcies Patos, Capacete e Urucuia.

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    A Formao Patos compreende associaes vulcnicas a subvulcnicas alcalino mficas e

    subordinamente brechas vulcnicas e depsitos de condutos. Quanto a classificao, estas rochas tidas

    como kamafugitos, mafuritos e uganditos (Sgarbi & Valena, 1999; Sgarbi et al., 2000). A Formao

    Capacete representa as fcies vulcanoclsticas compostas por conglomerados e arenitos epicalsticos,

    materiais piroclasticos e de borda de conduto. Originaram-se dos fluxos piroclsticos, intemperismos e

    eroso das lavas transportadas por leques aluviais e torrentes fluviais entrelaadas (Suguio & Barcelos,

    1980; Sgarbi et al., 2001). A denominao Urucuia atribuda aos arenitos siliciclsticos ao norte do Alto

    Paranaba (Barcelos & Suguio, 1980b) teve o status de Formao atribudo por Pedrosa-Soares et al.

    (1994) e diferenciada do Grupo Mata da Corda e elevada a categoria de Grupo por Campos et al. (1997).

    3.2.3Arco do Alto Paranaba

    O Arco do Alto Paranaba (Ladeira et al., 1971), representa uma feio tectnica/ morfolgica

    caracterizada como um alto no embasamento expondo rochas proterozicas e separando as bacias do

    Paran e So Francisco. Apresenta destacada feio representada por lineamentos que vo desde a

    plataforma ocenica, ao sul da Bacia de Campos at o arco de Iquitos (Acre) com orientao NW-SE.

    Durante o Mesoproterozico influenciou na deposio dos grupos Canastra e Ibi (Campos &

    Dardenne, 1997). No Paleozico, funcionando como um divisor de guas das bacias do Cretceo,

    promovendo a distinta variao de fcies e direes de sedimentao das bacias do Paran e

    Sanfranciscana (Braun, 2005). Hasui & Haralyi (1991) modelam a reativao e efeitos desta na

    sedimentao durante o Meso/Neocretceo por dados litoestratigrficos e geofsicos. Esta reativao

    caracteriza-se por um megadomeamento (figura 6) devido ao aquecimento mantlico, devido

    possvelmente a plumas do manto superior, alm de diversas intruses de carter alcalino associados a

    estas anomalias mantlicas (Bizzi et al., 1991; Campos e Dardenne, op cit.).

    Provncia Alcali na do Alto Par anaba

    A Provncia Alcalina do Alto Paranaba (PAAP) localizada na borda NE da Bacia do Paran,

    representa o resultado do soerguimento promovido pela reativao por movimentos ascensionais do Arco

    do Alto Paranaba (Almeida et al., 1980). Relacionam-se a ela as intruses alcalinas de carter

    kimberltico, carbonattico e kamafugtico. Bizzi et al. (1993) identificam dois grupos de idades Rb-Sr

    para estas intruses, sendo um mais antigo entre 119 - 117 Ma e outro entre 87- 83 Ma.

    Esta provncia comporta importantes depsitos minerais associados estas intruses.

    Principalmente as de origem carbonatticas que representam importantes fontes de minrios de fosfato e

    nibio. Minrios de titnio de terras raras so tambm associados a intruses desta filiao, alm de

    ocorrncias descritas por Barbosa (1970) nas seqncias do Grupo Mata da Corda.

    As diversas ocorrncias kimberlticas reportam ao grande contedo diamantfero da regio. Fatoeste no corroborado pelos poucos corpos mineralizados conhecidos, e apenas um o Canastra-1 apresenta-

    se com viabilidade de explorao (Chaves & Benitez, 2007). Segundo Pisani (2006), os kimberlitos

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    brasileiros apresentam seu contedo diamantfero subestimado, uma vez que as amostragens visando

    deteco da mineralizao realizada nas campanhas brasileiras so inferiores a amostragem ideal (acima

    de 50t). Desta forma diversos corpos supostamente mineralizados poderiam ter sua concentrao

    mascarada.

    Figura 6:Evoluo paleogeogrfica da Bacia San-Franciscana (extrado de Hasui & Haralyi, 1991).

    4KIMBERLITOS E ROCHAS PARENTAIS NA REGIO

    Kimberlitos so classificados como rochas de composio ultramfica alcalina, ultrapotssicas,possuindo grande quantidade de xenlitos e de rpida e explosiva erupo (Wilson & Head, 2007).

    Ocorrncias de kimberlitos so relatadas nos cinco continentes, com idades variadas (do Pr-Cambriano

    at o Cretceo) e em contextos geolgicos distintos. So explorados principalmente na Repblica Sul-

    Africana, Angola, Canad, Rssia (Sibria) e Austrlia. Estudos referentes ao aprofundamento do

    geologia de tais rochas so destacados, de forma a se conhecer os seus principais aspectos.

    4.1Gnese e Formas de Ocorrncia

    Ocorrem como intruses associadas a estruturas profundas da crosta, que esto prximas ou

    atingem o manto. Por ascenderem crosta em altas velocidades, trazem ao percorrer deste trajeto

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    fragmentos mantlicos, que podem consistir de peridotitos (dunito, harzburgito, lherzolito), ou ainda em

    alguns casos eclogitos do manto mais profundo (Mitchell, 1995). O magma kimberltico se origina na

    regio de limite entre o manto superior-manto inferior e manto-ncleo (figura 7), e chega superfcie por

    meio de plumas que ascendem atravs da crosta continental (Haggerty, 1999). Conforme atualmente

    aceito, o magma kimberlitico no apresenta qualquer relao gentica com os diamantes; as intruses

    representam apenas a tarefa de transport-los em condies apropriadas para que alcancem a superfcie.

    Quanto a presena de diamante em kimberlitos, so indicadas presses de 6-8 GPa para

    estabilidade relativa entre diamante e grafita nas temperaturas do manto, que correspondem a

    profundidades entre 200-250 km (Mitchell, op cit.; Wilson & Head, op. cit.). Em relao s

    mineralizaes diamantferas, o maior interesse se faz em relao a corpos kimberlticos alojados em

    regies cratnicas e suas faixas marginais, devido a associao existente entre a ocorrncia de diamantes

    e intruses cujas faixas encaixantes foram estabilizadas no Pr-Cambriano (Janse, 1994).

    4.2Classificao Petrolgica

    As rochas kimberlticas e demais relacionadas podem ser divididas em grupos de acordo com sua

    textura, composio mineralgica e geoqumica. Como base geral tem-se a classificao estabelecida por

    Mitchell (1995) para as rochas de afinidade kimberltica, a qual apresenta critrios bem definidos quanto

    a termos geoqumicos e petrogrficos, dividindo-as em quatro grupos.

    4.2.1

    Kimberlitos

    Anteriormente classificados como kimberlitos do Grupo 1, representam um grupo de rochas

    que apresentam feies mineralgicas e petrogrficas caractersticas de magmas ricos em volteis, com

    predominncia de CO2. Apresentam textura inequigranular, resultante da presena de macrocristais e/ou

    megacristais imersos em uma matriz fina. A matriz composta principalmente por olivina, e pode conter

    como minerais acessrios monticellita, flogopita, perovskita, soluo slida entre ulvoespinlio

    magnesianoMg-cromitaulvoespinliomagnetita, apatita e serpentina.

    Esses minerais de origem primria podem em alguns casos apresentar alterao para serpentina.

    Possui diopsdio como fase secundria quando h presena de xenlitos mantlicos. Os macrocristais e

    megacristais so comumente andricos e so representados tipicamente por olivina, ilmenita, piropo,

    diopsdio, flogopita, enstatita e cromita. Em kimberlitos estes minerais apresentam composies

    especficas que os caracterizam, como diopsdio sub-clcico de baixos teores em cromo, ilmenita

    magnesiana, piropo titanfero com alto teor em cromo e cromita de baixo contedo em titnio.

    4.2.2Orangetos

    Conhecidos anteriormente como kimberlitos do Grupo 2, tambm so rochas ricas em volteis,

    mas com predominncia de H2O e apresentando considerveis diferenas quanto a assinatura

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    petrogentica e mineralgica. Essas rochas apresentam mica abundante, macrocristais e microcristais de

    flogopita e olivina, sendo que a olivina pode ocorrer com cristais primrios eudricos. A matriz possui na

    composio diopsdio, espinlio (Mg-cromita a Ti-magnetita), perovskita, apatita, fosfatos ricos em

    minerais de ETR (monazita e daquinshanita), titanatos do grupo da holandita, rutilo e ilmenita. Perovskita

    e apatita apresentam alto teor de Sr, e o primeiro tambm de ETRs. Sua diferenciao dos kimberlitos se

    d pela ausncia de monticellita, Mg-ulvoespinlio e micas ricas em Ba da srie flogopita-kinoshitalita.

    Figura 7: Representao esquemtica para a gnese do diamante (extrado de Haggerty, 1986).

    4.2.3Lamprotos

    Os lamprotos, de ampla variao no que se refere s caractersticas geoqumicas, apresentam

    como principais fases minerais flogopita, tetraferriflogopita, richterita, olivina forstertica, diopsdio,

    leucita e sanidina, com variaes nos seus teores em xidos. Tais rochas necessariamente no precisam

    conter todas as fases citadas, mas a caracterizao geoqumica de elementos maiores e menores

    imprescindvel para a classificao exata deste grupo, que possui assinaturas ultrapotssica (K2O/Na2O

    molar >3), perpotssica (K2O/Al2O3molar > 0,8) e peralcalina [(K2O+Na2O)/Al2O3>1].

    4.2.4Kamafugitos

    Tais rochas representam um termo que agrupa trs litotipos: katungitos, mafuritos e uganditos.Segundo Edgar (1996), os kamafugitos tm alto teor de K e baixo de Si. Na composio mineralgica

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    apresentam principalmente olivina, melilita e vidro (katungito); olivina, clinipiroxnio e kalsilita

    (mafuritos); e olivina, clinopiroxnio e leucita (uganditos).

    4.3Mtodos Prospectivos

    Diversos trabalhos destacam detalhada ateno aos procedimentos e mtodos de prospeco e

    avaliao de potencial de fontes primrias (Costa, 1989; Macnae, 1995; Keating & Sailhac, 2005; Jones

    & Craven, 2004; Lockhart et al., 2004; Simandl, 2004; Rombouts, 2003; Silva, 2006). As tcnicas

    envolvidas passam por diversas reas das geocincias, entre elas a geoqumica de minerais pesados,

    bioestratigrafia, paleontologia, geofsica regional e local, geocronologia e integrao de dados. Para uma

    abordagem eficaz de explorao, estudos especializados de petrologia e mineralogia so essenciais

    (Carvalho, 1997; Cassedanne & Cassedanne, 1973; Mitchell, 1995; Schulze, 2003; Svisero et al., 1977;

    Svisero, 1979; Svisero, 1995; Wilsom & Head, 2007), pois podem auxiliar no entendimento dos

    processos que influenciam na gerao e transporte dos diamantes do manto at a superfcie.

    Em relao s tcnicas geofsicas, os trabalhos visando a prospeco de kimberlitos abordam com

    maior freqncia os mtodos magnetomtrico e eletromagntico como as ferramentas mais eficazes para

    localizao das intruses (Haralyi & Svisero, 1984; Macnae, 1995; Ostwald et al., 1973). Outros mtodos

    como gravimetria, ssmica, eletrorresistividade e GPR tambm so abordados (Haralyi et al., 1973; La

    Terra et al., 2006), mas visam em sua maioria o detalhamento e modelamento de alvos prioritrios.

    Mtodos como a gamaespectroscopia no so comumente utilizados, principalmente pela sua pequena

    profundidade de penetrao e alta susceptibilidade a variaes em aspectos geolgicos. Entretanto, em

    Pires et al. (2005) encontram-se dados a respeito de respostas favorveis com o uso desta tcnica.

    4.4Critrios de Estimativa de Profundidade de Eroso dos Pipes

    O nvel de eroso em que se encontram ospipeskimberlticos atrai a ateno de pesquisadores de

    depsitos diamantferos, devido importncia que apresenta na prospeco e posterior explorao destes

    depsitos.

    Frantsesson & Boris (1983) observaram uma forte discordncia entre diversos autores naestimativa da seo de desnudao dos pipes. Assim, no exemplo dopipeMir (Sibria), observou-se uma

    disparidade que variou desde nenhuma eroso perceptvel (imediatamente coberto aps sua injeo por

    depsitos do Jurssico Inferior), at valores entre 500 e 600 m de desnudao. Tais autores estabeleceram

    que o nvel de eroso possa ser estimado em relao s unidades geolgicas hospedeiras da intruso, e em

    relao estrutura do pipe. No caso das rochas hospedeiras a estimativa feita em relao ao grau de

    desnudao em nvel regional. No caso do pipe, a determinao baseada indiretamente pelos critrios

    estruturais das feies dopipe(zonamento vertical que expressa a variao do corpo em profundidade).

    A possibilidade de estimativa da profundidade de eroso pode ser feita pela construo do modelogeolgico bsico de umpipe(Hawthorne, 1975, in Frantsesson & Boris, 1983). Generalizando, os pipes

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    apresentam a morfologia tpica proposta por Mitchel (1986), contendo uma fcies de cratera com

    depsitos piroclsticos (depsitos clsticos continentais), um conduto superior com anel de tufos

    circundando a cratera e depsitos epiclsticos (depsitos internos da cratera de carter lacustre), uma

    fcies de diatrema com o conduto vertical acompanhado de diques e ramificaes laterais, e ainda uma

    zona de raiz composta pelo dique precursor e suas apfises ramificadas.

    A preservao dos depsitos piroclsticos extremamente rara. No Brasil e na frica Central

    foram encontrados depsitos de tufos kimberlticos acompanhando pipesem reas de baixa eroso, com

    espessuras de at 200 m. O conduto superior tambm se apresenta de difcil preservao; por apresentar

    composio de material tufceo ultramfico sob condies exgenas rapidamente erodido. Bardet

    (1975, in Frantesesson & Boris, 1983) observa restos preservados de tais condutos, representados por

    anis de material clstico frivel, empipesda frica trabalhados para produo de diamantes. As crateras

    usualmente tambm so erodidas. Em exemplos da frica, so encontrados pipescom crateras variando

    entre 40 e 350 m, apresentando estrutura em funil resultante de seu colapso, preenchida por sedimentosestratificados e remobilizados do kimberlito.

    Figura 8: Modelo esquemtico de um pipekimberlitico mostrando suas diferentes fcies (extrado de Wilson &Head, 2007).

    Na fcies de diatrema (Figura 8) encontra-se material de aspecto mais rudtico, composto de

    brechas eruptivas e tufceas, alm de grande quantidade de xenlitos com tamanho variado. Apresenta

    forma de funil, reduzindo-se em dimetro com a profundidade. A passagem da fcies de diatrema para a

    de raiz ocorre em profundidades entre 150 e 300 m, mas em casos como o do pipede Kimberley, estaprofundidade pode chegar a 1.074 m. O comprimento vertical do diatrema depende da profundidade da

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    sua origem, e assim a extenso pode variar entre 300 m e 2 km. Em horizontes mais profundos, as brechas

    deixam de existir cedendo lugar para rochas macias.

    A zona de raiz teve sua descrio possibilitada pela explorao de grandes pipes, principalmente

    da Rssia. Nessa zona ocorrem as mais expressivas mudanas na estrutura interna dos pipes. Em

    profundidades entre 250 e 1.000 m o corpo substitudo por diques variando de verticalizados at um

    mergulho prximo de 75. As caractersticas litolgicas do pipese alteram completamente, a textura se

    torna macia e no ocorrem quaisquer vestgios de xenlitos.

    O modelo geolgico dospipeskimberlticos enfatiza as feies do seu zonamento vertical, que

    expressado pela alterao da natureza dos contatos e deformao das encaixantes, mudana nas

    variedades de rochas ao longo da sua estrutura e o decrescente nmero e dimenso dos xenlitos. Esse

    zonamento expresso ainda pelo gradual nivelamento e diminuio de espessura na zona de contato das

    brechas para a zona da cratera de 20 a 30 m para 1 a 2 m. A presena de estruturas ao redor dopipeindica

    pequenas profundidades de eroso em torno de 300 m. Alm da reduo de xenlitos de rochassedimentares com a profundidade significante para a estimativa do grau de eroso.

    O posicionamento dos pipes em relao colocao das drenagens, indica fatores importantes

    para seu grau de alterao (Pell & Schiman, 1990) e quanto a sua erodibilidade. Intruses em horizontes

    laterticos (fora dos cortes de drenagem) apresentam maior resistncia eroso pela espessa crosta de

    alterao que se desenvolve. Pipes em horizontes saprolticos (nos cortes de drenagem) so mais

    facilmente erodidos por desenvolverem alterao argilosa mais intensa e de carter frivel.

    5DEPSITOS DIAMANTFEROS

    5.1Direitos Minerrios na rea

    Os dados referentes aos requerimentos minerais disponveis em meio digital no site do DNPM

    (DNPM, 2008), ilustram as reas das ocorrncias minerais e materiais economicamente aproveitveis da

    regio (Figura 9). Os requerimentos relacionados aos depsitos diamantferos apresentam clara

    associao com os depsitos aluvionares conhecidos. Os que sem encontram fora destas faixas,

    compreendem zonas com interesse prospectivo, claramente visando rochas fontes primrias.

    Pequenas reas na poro NW do Rio Douradinho so ainda destinadas ao aproveitamento de

    areia e cascalho dos aluvies para construo civil. A NE encontram-se as reas requeridas para a

    explorao dos nveis de alterao arglica, que ocorrem sobre os tufos da Formao Capacete. Tambm a

    NE ocorrem pequenas reas destinadas prospeco de minrio de zinco. Estas reas representam

    pequenas pores de margem de requerimentos maiores que ocorrem a norte de Coromandel, onde

    comeam as ocorrncias do Grupo Vazante ao qual se atribuem regionalmente tais ocorrncias.

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    Figura 9: Mapa de requerimentos minerais da rea a sul de Coromandel (modificado de DNPM, 2008).

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    5.2Caracterizao de Depsitos Diamantferos Sedimentares

    A eroso de intruses kimberlticas mineralizadas libera diamantes na superfcie e promove a sua

    redistribuio atravs dos sistemas fluviais. O processo de eroso das intruses e a concentrao dos

    diamantes nos sedimentos fluviais e terraos alvio-coluviais de extrema importncia para a gerao de

    depsitos aluviais e alvio-coluvionares de importncia econmica (conhecidos tambm como placers

    diamantferos).

    Com significado secundrio, mas no de menor importncia a concentrao de minerais

    indicadores como piropo, ilmenita, espinlio e Cr-diosdio. Estes minerais so guias para prospectores em

    busca de fontes primrias. O diamante apresenta uma preferencial concentrao nosplacersdevido a suas

    excepcionais caractersticas de resistncias qumica e fsica s quebras, alm de sua alta densidade (3,52

    g/cm3) em relao ao quartzo (2,67 g/cm3). Comparativamente os minerais indicadores possuem

    propriedades completamente diferentes, mostrando baixa resistncia no meio fluvial.

    Regies que apresentam um paleoclima tropical-mido alterando-se para condies mais ridas

    posteriormente caracterizam ambientes mais favorveis preservao de minerais indicadores. A intensa

    eroso que ocorre nos perodos midos eficiente para a liberao destes minerais, a aridez subseqente

    promove um transporte lento que promove a classificao e preservao at os limites de resistncia dos

    indicadores. Mudanas no nvel de base das drenagens produzem alternados perodos de deposio e de

    eroso dos sedimentos em sua calha, este fator tambm de relevante importncia para a concentrao

    dos diamantes. Este processo promove a formao de terraos onde o corte das drenagens se processa de

    forma mais incisiva em equilbrio com o nvel de base que possuem no momento.

    A geomorfologia do terreno fator influente na concentrao do diamante em meio fluvial,

    incluindo parmetros como o embasamento local e a topografia. A eroso diferenciada do embasamento

    gera armadilhas na drenagem que favorecem o aporte de sedimentos mais grossos. O diamante, por sua

    elevada densidade tem elevada afinidade com este ambiente, concentrando-se preferencialmente neles.

    Ao alcanar estas armadilhas, o movimento turbilhonar gerado faz com que os gros de menor densidade

    sejam ejetados e concentrem-se somente os de maior densidade. Drenagens pretritas que desenvolveram

    placersdiamantferos em terraos, com o retorno de climas midos, o material novamente desagregado

    e reintroduzido no sistema fluvial gerando depsitos retrabalhados.

    5.3Depsitos Diamantferos ao sul de Coromandel

    Apesar das inmeras intruses kimberlticas conhecidas e descritas na regio da Provncia

    Diamantfera do Alto Paranaba, quase nenhuma apresentou mineralizao diamantfera associada. As

    que se caracterizaram como mineralizadas no apresentaram teores econmicos (Barbosa, 1991), fato este

    relevante para a intruso Grota do Cedro, que segundo comunicao verbal de prospectores, apresentou

    mineralizao em teores subeconmicos. A intruso Douradinho-11, devido a sua restrita ocorrncia nopermite uma amostragem adequada para a determinao de mineralizaes. Os depsitos conhecidos e

    explorados na rea do trabalho so os referentes s unidades aluvionares e alvio-coluvionares.

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    Mineralizaes so ainda descritas nos conglomerados crtacicos (Suguio et al., 1979), mas nesta poro

    da provncia nenhum trabalho foi observado sobre a unidade (Formao Capacete).

    5.3.1Depsitos Colvio-Aluvionares

    Os Depsitos Colvio-Aluvionares ocorrem na poro sul da rea na margem SW do Crrego

    Santa Rosa e ao longo de toda a extenso do Rio Douradinho, sempre tambm em sua margem SW. As

    ocorrncias da poro sul no apresentam qualquer evidencia de trabalhos de explorao, o que

    possivelmente indica a inexistncia de mineralizaes nestes locais. As ocorrncias ao longo do Rio

    Douradinho representam os depsitos mais conhecidos regionalmente, sendo explorados desde as

    primeiras dcadas do sculo 20. Segundo os dados apresentados por Barbosa (1991) entre os maiores

    diamantes encontrados no Brasil, figuram alguns encontrados neste rio, alm do fato de todos os maiores

    diamantes foram encontrados nesta provncia (tabela 2).

    Nome Data do Achado Peso (ct) Local

    Pres. Vargas 1938 726.7 Rio Sto. Antnio do Bonito entre Taquara e Rufino

    Darci Vargas 1939 460 Rio Sto. Antnio do Bonito, Taquara

    Charneca 1940 428 Rio Sto. Incio, Garimpo Charneca

    Pres. Dutra 1949 408 Rio Douradinho, Faz. Do Saul

    Coromandel VI 1940 400.5 Rio Sto. Incio, Garimpo Charneca

    Dirio de Minas 1941 375 Rio Sto. Antnio do Bonito

    Bonito l 1948 346 Rio Sto. Antnio do Bonito, Taquara

    Vitria II 1943 328 Rio Sto. Antnio do Bonito, Taquara

    1982 277 Fazenda Natlia Vilela

    Vitria I 1942 261 Rio Sto. Antnio do Bonito, Taquara

    Coromandel III 1936 228 Rio Sto. Incio, Garimpo Charneca

    Coromandel IV 1940 180 Rio Sto. Antnio do Bonito, Taquara

    Minas Gerais 1937 172.5 Rio Sto. Antnio do Bonito, fazenda do Tio

    Coromandel VI 1935 141 Regio de Coromandel

    1972 132 Rio Sto. Antnio do Bonito, Taquara

    Vargem dec. 40 110 Rio Sto. Incio, Fazenda Vargem

    Charneca II 1971 107 Rio Santo Incio, Garimpo CharnecaCharneca III 1971 105 Rio Santo Incio, Garimpo Charneca

    1989 92.4 Rio Santo Incio, Garimpo Charneca

    Bonito II dec. 40 90 Rio Sto. Antnio do Bonito, Taquara

    dec. 40 90 Confl. do cr. Bonito c/ Sto. Antnio de Minas

    Douradinho III dec. 40 82 Rio Douradinho, 20 km acima da Corrutela

    1943 80 Rib. Buriti, acima da ponte da Faz. Bocaina

    Tabela 2: Grandes diamantes encontrados na regio de Coromandel (modificado de Barbosa, 1991).

    Os placers associados aos Depsitos Colvio-Aluvionares ocorrem em faixas de altitude entre

    880 e 840 m sendo que as drenagens atuais encontram-se sempre em cotas inferiores a 810 m. Estes

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    depsitos recobrem grandes reas de morros de encostas suaves e reduzida elevao. Assenta-se sempre

    sobre os xistos do Grupo Arax. A disposio das barras arenosas quanto ao seu comprimento indica uma

    direo de transporte no sentido SW- NE nas ocorrncias mais ao centro da rea e sentido N-S nas

    ocorrncias do centro-norte. Estas direes so sempre coincidentes com os plats onde ocorrem

    conglomerados de clastos e matriz com mesmas caractersticas.

    Essesplacerscaracterizam-se por constituir barras conglomerticas com espessura de at 1 m e

    comprimentos variando entre 10 e 50 m. Apresenta clastos de quartzito, quartzo com tamanho mdio na

    frao seixo. Grnulos so observados em quantidade considerada, sempre associada matriz; raros

    blocos e mataces ocorrem em alguns locais. A matriz das barras bem como os sedimentos arenosos que

    as capeia apresenta frao arenosa grossa, com grnulos de quartzito e quartzo e xidos, sustentados por

    matriz argilosa avermelhada. Entre os grnulos desta matriz ocorre em quantidade reduzida ilmenita entre

    os demais xidos, que representa uma provvel contribuio kimberltica em algum momento da gnese

    do depsito. Os clastos de maiores dimenses apresentam evidncias de retrabalhamento, como marcas deimpacto e fragmentao de mataces com as arestas geradas apresentando arredondamento expressivo.

    A distribuio e expresso fsica de tais depsitos indica uma sedimentao em leques aluviais ou

    rios com alta energia de transporte. Isto implica em uma rea fonte tectonicamente ativa, onde o

    soerguimento desenvolve rpidas e bruscas condies de eroso dos depsitos-fonte.

    A atividade garimpeira ocorre de forma expressiva sobre estes depsitos. Em toda a extenso do

    Rio Douradinho na sua margem SW grandes servios de garimpagem semi-mecanizada so

    desenvolvidos por garimpeiros autnomos e pela associao de garimpeiros locais (Figura 10). Em vista

    da atividade garimpeira no apresentar qualquer memria estatstica, os teores referentes a estes depsitosso desconhecidos. Estimativas tendo como referncia o fator concentrador do meio fluvial, estes teores

    apresentariam valores intermedirios entre a sua rea fonte, tambm desconhecidos (sendo considerados

    menores que estes) e os dos depsitos aluvionares, mais concentrados.

    Figura 10: Servios de garimpo nos depsitos colvio-aluvionares realizados pela associao de garimpeiros de

    Coromandel (Rio Douradinho).

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    5.3.2Depsitos Aluvionares

    Os Depsitos Aluvionares ocorrem ao longo do leito do Rio Douradinho. Apesar de expressivas

    ocorrncias no restante da rea, os aluvies em outras drenagens no apresentam, ou ocorrem de forma

    reduzida indicativos de atividades garimpeiras. Em toda extenso do leito deste rio podem ser

    encontrados pequenos servios manuais de garimpo, bem como alguns garimpos semi-mecanizados com

    a utilizao de jigues.

    Este rio apresenta declividade suave variando de 840 m mais a montante no extremo SE da rea,

    at 800 m a jusante no seu limite centro-norte. Ocorrem barras arenosas de comprimento e espessura

    varivel, lobadas na direo da margem cncava e depositadas nas margens convexas, de fluxo mais

    lento. Ocorrendo em toda a extenso do rio, estas barras so constitudas de sedimentos arenosos de

    granulometria mdia a grossa, contendo quartzo, lamelas micceas, granada, ilmenita, magnetita,

    diopsdio e fragmentos lticos. Intercalando as barras ocorrem cordes de cascalho de espessura e

    comprimento reduzidos.

    Exposies de xisto do Grupo Arax aparecem no leito do rio sempre apresentando alto ngulo,

    uma vez que grande parte desta drenagem encontra-se condicionada pelo falhamento no contato com o

    Grupo Ibi. Estas exposies geram armadilhas que condicionam a formao de depsitos de cascalho

    onde preferencialmente se concentram diamantes. O cascalho nestas feies constitudo de seixos,

    blocos e raros mataces de quartzito, quartzo, xisto, filito, silexito, xidos e grnulos dos mesmo

    constituintes lticos.

    O reajuste do nvel de base do Rio Douradinho, bem como das demais drenagens, promoveu o

    desenvolvimento e preservao de terraos aluviais de margem com barras ao longo de grande parte de

    sua extenso. Dados verbais obtidos em consultas realizadas durante as visitas regio indicam teores em

    torno de 10 pontos por m3para os aluvies e sempre havendo a recuperao de microdiamantes e em

    alguns casos diamantes de mais expressivo porte, entre 5 e 10 quilates.

    5.3Evoluo Geolgica dos Depsitos Diamantiferos

    A associao entre ocorrncias diamantferas e rochas kimberlticas e em alguns casoslamproticas inevitvel. A existncia de inmeras intruses kimberliticas em toda a provncia indica que

    a fonte deste diamante proximal (Barbosa et al.,1970; Chaves, 1991).

    Uma outra hiptese, refere-se origem do diamante da regio no Crton do So Francisco, de

    onde teria sido transportado pela Glaciao Jequita (Karfunkel & Hoppe, 1988). Este fato implicaria em

    uma idade proterozica para a rocha fonte, em discordncia com as idades mesozicas encontradas para

    os kimberlitos (Svisero et al.,1984; Basei et al.,2003). Alm do fato dos diamantes serem transportados

    de longas distncias para uma regio frtil em magmatismo kimberltico, ressalta-se tambm que a

    unidade glaciognica regional, base do Grupo Ibi, no se apresenta na rea em questo.Tambm relevante a tipologia dos diamantes de Coromandel, os quais ocorrem com estrutura

    cristalina deformada, ou mesmo com alto ndice de corroso que so gerados em processos gneos. Outro

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    fator a ocorrncia anormal de grandes diamantes, comumente apresentando estas caractersticas

    descritas. Todo este conjunto de fatores refora mais a hiptese de uma fonte proximal, uma vez que

    depsitos conhecidos onde as fontes so distais, os diamantes apresentam estruturas cristalina regular e

    so geralmente de menor quilatagem (Chaves et al., 1998).

    No contexto grande ocorrncia regional de intruses, as idades mais comuns descritas por Pereira

    (2007) como as das intruses Junco-1, 85 +/-5Ma (U-Pb em zirco) e Maravilhas-3, 81 +/-2Ma (Ar-Ar em

    granada); Pereira & Fuck (2005) e Read et al.(2003) para as intruses Canastra-1, Trs Ranchos e X270,

    respectivamente com idades de 120, 95 e 89,5 Ma, e Santa Rosa-4 na regio de Coromandel por Skiner

    (1996) com 83 Ma (Rb-Sr em mica), indicam sua colocao durante o Cretceo Inferior a incio do

    Superior, fase inicial do vulcanismo associado ao desenvolvimento da PAAP.

    A reduo gradativa desta atividade j no Cretceo Superior associado com a reativao dos

    antigos falhamentos proterozicos promoveram o surgimento de altos estruturais nas reas com

    ocorrncias de quartzitos, neste caso associadas ao Grupo Canastra. Os quartzitos desta unidade, assimcomo as intruses kimberlticas e demais produtos vulcanoclsticos associados representaram a fonte de

    suprimentos para a formao dos conglomerados da base da Formao Capacete. Este fato corroborado

    pela maior espessura destes conglomerados a leste onde ocorrem tais quartzitos, e sua quase total

    ausncia nas exposies observadas mais a oeste.

    A matriz argilosa e a grande quantidade de xidos como magnetita e ilmenita presentes neste

    conglomerado refora esta contribuio kimberltica e vulcanoclstica ao depsito, bem como a

    mineralizao diamantfera comprovada (Suguio et al.,1979). Sua configurao indica uma deposio em

    leques aluviais de maior energia devido presena de mataces entre os clastos.Posteriores eventos tectnicos de acomodao das estruturas desenvolvidas no soerguimento do

    Alto Paranaba, durante o Tercirio, condicionados tambm as estruturas pr-existentes promoveu o

    ajustamento dos blocos limitados pelas grandes falhas de empurro. Este reajuste promoveu o

    basculamento do bloco representado pelo Grupo Arax com um rebaixamento da sua poro NW no

    contato com o Grupo Ibi. Este rebaixamento favoreceu o aporte de sedimentos na sua direo, atravs de

    leques aluviais e drenagens de maior energia. Neste perodo as pores mais elevadas do relevo

    correspondiam aos depsitos de sedimentos cretcicos.

    A tipologia e composio dos clastos e matriz coincidente com os conglomerados cretcicos,assim como os xidos associados, sendo que sua ocorrncia nesta unidade est em uma frao

    granulomtrica menor. Esta reduo na granulometria evidente tambm nos gros de xidos que pelo

    retrabalhamento encontram-se menores e em menor quantidade. O tambm presente contedo

    diamantfero indicativo do retrabalhamento de outro depsito pretrito.

    Este evento de acomodao durante o Tercirio favoreceu tambm o encaixe do curso do Rio

    Douradinho. Este encaixe transformou seu leito em uma calha de concentrao para os sedimentos de

    toda rea, inclusive para os provenientes da eroso dos sedimentos alvio-coluvionares pertinentes em

    toda sua margem SW. A existncia de minerais como diopsdio e granada, de mais reduzida resistncia no

    meio fluvial indica que contribuies kimberlticas ainda so recorrentes. Estas contribuies

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    possivelmente fazem referncia no somente aos minerais indicadores, mas tambm ao aporte de mais

    diamantes.

    6DESCRIO DAS ATIVIDADES ESPECFICAS DESENVOLVIDAS NO PROJETO

    O coordenador do projeto, Prof. Mario L. S. C. Chaves, dividiu as atividades dos bolsistas dentro

    do mesmo. De tal modo, no presente relatrio deu-se nfase Geologia e Evoluo no Tempo dos

    Depsitos Diamantferos (tendo em vista meu curso de graduao em Geologia), enquanto o outro

    bolsista (F. C. Barbosa) envolveu-se com a subtemtica Minerao, Garimpo e Diamantes na Regio de

    Coromandel, j que tal aluno do curso de graduao em Engenharia de Minas.

    Com a orientao direta do coordenador e demais membros do projeto, foram desenvolvidas as

    seguintes atividades gerais durante o perodo da bolsa:

    (1) Acompanhamento eventual nos trabalhos de campo (sem nus para o projeto), auxiliando os

    servios de coleta de minerais pesados de interesse para a propseco de diamantes; (2)

    Acompanhamento nos estudos laboratoriais das anlises com microscopia eletrnica de varredura (Escola

    de Engenharia); (3) Auxlio no tratamento das anlises laboratoriais com Microssonda Eletrnica; (4)

    Tratamento estatstico dos dados estruturais obtidos no mapeamento geolgico das diferentes unidades

    pr-cambrianas; (5) Auxlio na confeco do mapa e sees geolgicas anexados ao Relatrio Final da

    pesquisa; (6) Auxlio na confeco final do Sistema de Informaes Geogrficas (SIG).

    7CONCLUSES

    A regio do Rio Douradinho ao sul de Coromandel apresenta perodos distintos em sua evoluo.

    Uma primeira fase representada pela estruturao tectnica das unidades meso e neoproterozicas,

    representadas pelos grupos Canastra, Ibi e Arax. Este expressivo evento tectnico representado pela

    Orognese Brasiliana posicionou as unidades tectonicamente estabelecendo o contato entre elas como

    falhas de empurro e zonas cisalhadas de baixo grau metamrfico. Tanto os contatos tectnicos quanto a

    foliao gerada apresentam direo SW-NE com sentido de mergulho para SW.

    Os movimentos ascensionais promovidos pelo Soerguimento do Alto Paranaba, ocorridosdurante o intervalo Jurssico Cretceo, promoveu a reativao das antigas estruturas regionais.

    Possivelmente estes pretritos pontos de fraqueza favoreceram a intruso do expressivo magmatismo de

    afinidade alcalina. Este magmatismo expressado tambm por intruses de quimismo kimberlitico.

    A reestruturao do relevo promovida pelos movimentos ascensionais reativou a sedimentao.

    Contribuies das antigas unidades associada aos materiais piroclsticos gerados pelo magmatismo

    geraram espessos pacotes de sedimentos clsticos, depositados em leques aluviais e rios de alta energia.

    Esses depsitos clsticos foram sucedidos pelo intenso aporte de materiais piroclsticos representados por

    tufos.Aps longo perodo de estabilidade tectnica, reativaes tectnicas durante o

    Tercirio/Quaternrio das mesmas estruturas regionais promoveu novo ciclo de sedimentao. Este ciclo

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    promoveu o retrabalhamento dos sedimentos cretcicos representados pela Formao Capacete em leques

    aluviais de sentido S-N e SW-NE. Este evento promoveu tambm o controle estrutural do leito do rio

    Douradinho, seguindo em grande parte do seu curso pela linha do falhamento, onde aportam

    representativos aluvies.

    Os importantes e significativos placers diamantferos que ocorrem associados aos depsitos

    colvio-aluvionares e os de posterior retrabalhamento dos aluvies, possuem caractersticas que indicam

    uma fonte proximal para estes diamantes. Tal fonte estaria representada pelas inmeras intruses

    kimberlticas que ocorrem regionalmente.

    8BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

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