geologia do petróleo parte 1

7
Faculdade Integrada da Bahia Curso: Petróleo e G ás D isciplina: Geologia A plicada Aula:G eologia do Petróleo Prof.João Luiz M atta de S ouza Geólogo S alvador-BA O rigem do petróleo O petróleo tem origem a partir da matéria orgânica depositada junto com os sedim entos. A matéria orgânica marinha, é basicamente originada de m icroorganism os e algas que form am o fitoplâncton e não pode sofrer processos de oxidação. A necessidade de condições não- oxidantes pressupõe um ambiente de deposição composto de sedimentos de baixa permeabilidade, inibidor da ação da água circulante em seu interior A matéria orgânica proveniente de vegetais superiores também pode darorigem ao petróleo,todavia sua preservação torna-se m ais difícil em função do m eio oxidante onde vivem . O rigem do petróleo O tipo de hidrocarboneto gerado,óleo ou gás,é determinado pela constituição da matéria orgânica originale pela intensidade do processo térm ico atuante sobre ela. A m atéria orgânica proveniente do fitoplâncton,quando subm etida a condições térmicas adequadas, pode gerar hidrocarboneto líquido.O processo atuante e a m atéria orgânica vegetal lenhosa poderá ter com o consequência a geração de hidrocarboneto gasoso. O rigem do petróleo Adm itindo um am biente apropriado,após a incorporação da m atéria orgânica ao sedim ento, dá-se aum ento de carga sedim entar e de tem peratura,com eçando,então, a se delinear o processo que passa pelos seguintes estágios evolutivos: na faixa de tem peraturas m ais baixas,até 65°C .predom ina a atividade bacteriana que provoca a reorganização celular e transforma a matéria orgânica em querogènio. O produto gerado é o m etano bioquím ico ou biogênico.Este processo é denom inado de D iagênese;

Upload: ofni85

Post on 05-Dec-2014

33 views

Category:

Documents


4 download

TRANSCRIPT

Page 1: Geologia do Petróleo Parte 1

Faculdade I ntegrada da Bahia

Curso: Petróleo e Gás

Disciplina: Geologia Aplicada

Aula: Geologia do Petróleo

Prof . J oão Luiz Matta de SouzaGeólogo

Salvador-BA

Origem do petróleo

O petróleo tem origem a partir da matéria orgânica depositada junto com os sedimentos.

• A matéria orgânica marinha, é basicamente originada de microorganismos e algas que formam o fitoplâncton e não pode sofrer processos de oxidação. A necessidade de condições não-oxidantes pressupõe um ambiente de deposição composto de sedimentos de baixa permeabilidade, inibidor da ação da água circulante em seu interior

• A matéria orgânica proveniente de vegetais superiores também pode dar origem ao petróleo, todavia sua preservação torna-se mais difícil em função do meio oxidante onde vivem.

Origem do petróleo

O tipo de hidrocarboneto gerado, óleo ou gás, é determinado pela constituição da matéria orgânica original e pela intensidade do processo térmico atuante sobre ela. A matéria orgânica proveniente do fitoplâncton, quando submetida a condições térmicas adequadas, pode gerar hidrocarboneto líquido. O processo atuante e a matéria orgânica vegetal lenhosa poderá ter como consequência a geração de hidrocarboneto gasoso.

Origem do petróleo

Admitindo um ambiente apropriado, após a incorporação da matéria orgânica ao sedimento, dá-se aumento de carga sedimentar e de temperatura, começando, então, a se delinear o processo que passa pelos seguintes estágios evolutivos:

• na faixa de temperaturas mais baixas, até 65°C. predomina a atividade bacteriana que provoca a reorganização celular e transforma a matéria orgânica em querogènio. O produto gerado é o metano bioquímico ou biogênico. Este processo é denominado de Diagênese;

Page 2: Geologia do Petróleo Parte 1

Origem do petróleo

• o incremento de temperatura, até 165°C, é determinante da quebra das moléculas de querogènio e resulta na geração de hidrocarbonetos líquidos e gás -Catagênese;

• a continuação do processo, avançando até 210°C. propicia a quebra das moléculas de hidrocarbonetos líquidos e sua transformação em gás leve -Metagênese;

• ultrapassando essa fase, a continuação do incremento de temperatura leva à degradação do hidrocarboneto gerado, deixando como remanescente grafite, gás carbónico e algum resíduo de gás metano -Metamorfismo.

Transformação termoquímica da matéria orgânica e a geração do petróleo.

Migração do petróleo

• Para se ter uma acumulação de petróleo é necessário que, após o processo de geração, ocorra a migração e que esta tenha seu caminho interrompido pela existência de algum tipo de armadilha geológica.

• Do estudo dos fatores controladores da ocorrência do petróleo, amigração é o mais questionado, o menos conclusivo, e o que mais suscita polémica entre os geólogos de petróleo. O fato é que o petróleo é gerado em uma rocha dita fonte, ou geradora, e se desloca para outra, onde se acumula, dita reservatório. As formas de migração têm tido várias explicações, e na Petrobras modelos bem fundamentados têm sido propostos para explicar as acumulações existentes no país.

Migração do petróleo

• A explicação clássica para o processo atribui papel relevante à fase de expulsão da água das rochas geradoras, que levaria consigo o petróleo durante os processos de compactação. Outra explicação estaria no microfraturamentodas rochas geradoras. Isto facilitaria o entendimento do fluxo através de um meio de baixíssima permeabilidade, como as rochas argilosas (folhelhos).

• À expulsão do petróleo da rocha onde foi gerado dá-se o nome de migração primária. Ao seu percurso ao longo de uma rocha porosa e permeável até ser interceptado e contido por uma armadilha geológica dá-se o nome de migração secundária. A não-contenção do petróleo em sua migração permitiria seu percurso continuado em busca de zonas de menor pressão até se perder através de exsudações, oxidação e degradação bacteriana na superfície.

Page 3: Geologia do Petróleo Parte 1

Rocha-reservatórioO petróleo, após ser gerado e ter migrado, é eventualmente acumulado em uma rocha que é chamada de reservatório Esta rocha pode ter qualquer origem ou natureza, mas para se constituir em um reservatório deve apresentar espaços vazios no seu interior (porosidade), e que estes vazios estejam interconectados, conferindo-lhe a característica de permeabilidade. Desse modo. podem se constituir rochas-reservatório os arenitos e calcarenitos, e todas as rochas sedimentares essencialmente dotadas de porosidade intergranular que sejam permeáveis.

Algumas rochas, como os folhelhos e alguns carbonatos, normalmente porosos porém impermeáveis, podem vir a se constituir reservatórios quando se apresentam naturalmente fraturados

Microfotografia de uma rocha-

reservatório

Rocha-reservatórioUma rocha-reservatório, de uma maneira geral, é composta de grãos ligados uns aos outros por um material, que recebe o nome de cimento. Também existe entre os grãos outro material muito fino chamado matriz. O volume total ocupado por uma rocha-reservatório é a soma do volume dos materiais sólidos (grãos, matriz e cimento) e do volume dos espaços vazios existentes entre eles. O volume de espaços vazios é também chamado de volume poroso.

PorosidadePortanto, a porosidade de uma rocha é definida por:

Ø = Vp/Vt’

e o volume total da rocha é dado pela soma

Vt = Vp + Vs’

• onde: – Ø é a porosidade: Vt é o volume total da rocha: Vp é o volume poroso:

e Vs é o volume de sólidos.

A porosidade depende da forma, da arrumação e da variação de tamanho dos grãos, além do grau de cimentação da rocha.

Normalmente existe comunicação entre os poros de uma rocha. Porém, devido à cimentação, alguns poros podem ficar totalmente

isolados.

Page 4: Geologia do Petróleo Parte 1

Tipo de Porosidade

Porosidade absoluta – É a razão entre o volume de todos os poros, interconectados ou não, e o volume total da rocha.

Porosidade efetiva – É a razão entre o volume dos poros interconectados e o volume total da rocha.

Como os poros isolados não são acessíveis para a produção de fluidos, o parâmetro realmente importante

para engenharia de reservatórios é a porosidade efetiva, pois representa o volume máxi-10 de fluidos que pode

ser extraído da rocha.

Tipo de Porosidade

Porosidade primária - É a porosidade que se desenvolveu quando da conversão do material sedimentar em rocha.

Porosidade secundária - Fraturas, ou seja, mais espaços vazios, formados por esforços mecânicos sofridos pela rocha após a sua formação.

Em rochas calcárias é freqüente a ocorrência de dissolução de parte dos sólidos devido ao ataque da água da formação, resultando também em porosidade secundária.

Tipo de Porosidade

A porosidade é medida a partir de perfis elétricos executados nos poços ou de ensaios de laboratório em amostras da rocha.Nas bacias sedimentares brasileiras produtoras de petróleo os reservatórios são dominantemente convencionais, arenitos e calcarenitos. Porém, existem exemplos de acumulações de hidrocarbonetos em rochas tanto sedimentares quanto ígneas e metamórficas não convencionais, como os folhelhosfraturados na Bacia do Recôncavo, BA. os basaltos na Bacia de Campos, RJ, e metamórficas fraturadas na Bacia Sergipe-Alagoas.

Rocha Selante

Atendidas as condições de geração, migração e reservatório, paraque se dê a acumulação do petróleo, existe a necessidade de que alguma barreira se interponha no seu caminho. Esta barreira é produzida pela rocha selante. cuja característica principal é sua baixa permeabilidade.

Além da impermeabilidade, a rocha selante deve ser dotada de plasticidade, característica que a capacita a manter sua condição selante mesmo após submetida a esforços determinantes de deformações. Duas classes de rochas são selantes por excelência: os folhelhos e os evaporitos (sal). Outros tipos de rochas também podem funcionar como tal.

A eficiência selante de uma rocha não depende só de sua espessura, mas também de sua extensão.

Page 5: Geologia do Petróleo Parte 1

Relações espaciais entre rochas geradoras, reservatórios e selantes

esquematiza diversas situações geológicas ilustrando a migração do petróleo desde a rocha geradora até rochas-reservatório. A disposição espacial entre rochas-reservatório e rochas selantes propicia a acumulação do petróleo.

Reservatórios Poroso

Rocha Selante

Rocha Geradora

Aprisionamento do petróleo

Um dos requisitos para a formação de uma jazida de petróleo é a existência de armadilhas ou trapas, que podem ter diferentes origens, características e dimensões.

Admitindo-se diferentes bacias sedimentares, de dimensões equivalentes, contendo rochas geradoras com potenciais de geração de hidrocarbonetos também equivalentes, dados pelos seus teores de matéria orgânica e condições termoquímicas, os volumes de petróleo a serem encontrados poderão ser os mais distintos, desde volumes gigantescos em umas até insignificantesem outras, isso dependendo de seus graus de estruturação, da existência e inter-relação das armadilhas e dos contatos que essas armadilhas propiciem entre rochas geradoras e reservatórios. Em última instância, de nada vale uma bacia sedimentar dotada de rochas potencialmente geradoras e reservatórios se não estiverempresentes as armadilhas contentoras da migração. O termo armadilha tem conotação ampla e engloba todas as variantes de situações em que possa haver concentração de hidrocarbonetos.

Aprisionamento do petróleo

O desenvolvimento de condições para o aprisionamento de petróleopode ser ditado pela geração de esforços físicos que vão determinar a formação de elementos arquitetônicos que se transformam em abrigos para a contenção de fluidos. A formação de uma armadilha pode prescindir da atuação de esforços físicos diretos. E o caso das cumulações resultantes das diferenças entre os sedimentos, ou da atuação de causas hidrodinâmicas.

Convencionalmente, as armadilhas são classificadas em: – estruturais, – estratigráficas e – mistas ou combinadas.

Embora nem sempre na prática sejam simples as suas individualizações. As armadilhas mais prontamente descobertas emuma bacia têm controle predominantemente estrutural e detêm os maiores volumes de petróleo. Elas são respostas das rochas aos esforços e deformações, e nesse tipo enquadram-se as dobras e as falhas.

Armadilhas Estruturais

Anticlinais

Blocos falhados

Page 6: Geologia do Petróleo Parte 1

CuriosidadeEm 1860, ano seguinte à perfuração do poço pelo Cel. Drke na Pênsilvânia, Henry D. Rogers, da Universidade de Glasgow, mostrou que aquela ocorrência tinha controle estrutural. Daí por diante, todo o sucesso inicial da exploração de petróleo nos Estados Unidos se baseou na aplicação desse princípio, verificando-se que todos os grandes reservatórios de petróleo situavam-se em dobras do tipo anticlinal. embora nem todas as anticlinaisfossem portadoras de petróleo.

As anticlinais dobradas englobam grandes volumes de petróleo, e nelas está situada a maioria dos campos gigantes. São de fácil identificação tanto por métodos geológicos de superfície quanto por métodos geofísicos.

É comum a ocorrência de campos gigantes em áreas anticlinais afetadas por falhamentos. como. por exemplo, nas áreas de Ghawar no Oriente Médio com 2.275 km2, Hassi R"Mel. com 2.600 km2 e o campo de Samotlor, o maior da União Soviética, com 2.000 km2.

As falhas desempenham um papel relevante para o aprisionamento de petróleo ao colocar rochas reservatório em contato com rochas selates. O modelo de aprisionamento com base em sistemas de falhas é aplicado com sucesso nas bacias sedimentares brasileiras, principalmente na do Recôncavo e nas bacias costeiras.

Armadilhas Estratigráficas

As armadilhas estratigráficas não têm relação direta com os esforços atuantes nas bacias sedimentares, e são determinadas por interações de fenómenos de caráter paleogeográfico, caso dos paleo relevos, e sedimentológicos como as variações laterais de permeabilidade.

Como exemplos de aprisionamentos estratigráficos nas bacias brasileiras, ocorrem acumulações na Formação Candeias, no Recôncavo e na Bacia do Ceará, onde arenitos intercalam-se com folhelhos nos campos de Xaréu. Espada e Atum. Um exemplo de aprisionamento paleogeográfico é a acumulação do campo de Fazenda Belém, na Bacia Potiguar.

Page 7: Geologia do Petróleo Parte 1

Armadilhas estratigráficas e paleogeomórficas

1 e 2 - Trapas estratigráficas3 a 7 - Diversas trapas associadas a discordância

Aprisionamento paleogeográfico, campo

de Fazenda Belém, na Bacia Potiguar

Formação Jandaina

Armadilhas Combinadas ou Mistas

As armadilhas combinadas ou mistas compreendem aquelas situações em que as acumulações de hidrocarbonetos têm controle tanto de elementos estruturais quanto estratigráficos. Exemplos:

●Bacia Potiguar, nos campos de - Baixa do Algodão,

- Mossoró, - Alto da Pedra e - Canto do Amaro.

●Bacia do Espírito Santo, onde reservatórios da formação Barra Nova apresentam-se em acumulações controladas estruturalmente por falhas e arqueamentos provocados por movimentação de sal.