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GEOGRAFIA 1 GEOGRAFIA POLÍTICA 1. Organização do Espaço Mundial Após a Segunda Guerra Mundial, a posse de arsenais nucleares conferia aos Estados Unidos e à União Soviética a condição de superpotências. A Guerra Fria foi um período de delicado equilíbrio de poder, no qual não podia haver paz e a guerra seria sinônimo de extermínio mútuo. Para manter essa bipolaridade, as superpotências acumulavam cada vez mais armas, de forma a impedir que o poder de destruição de uma ultrapasse o da outra. Essa situação foi batizada de “equilíbrio do terror”. Na Europa, a bipolaridade se concretizou na divisão entre os países alinhados com os Estados Unidos e aqueles subordinados à União Soviética. A linha de fronteira que delimitava os dois blocos ficou conhecida como Cortina de Ferro, que dividiu a Europa em Ocidental e Oriental. A Cortina de Ferro não só dividiu a Europa em duas como também o território alemão foi fragmentado, passando a constituir dois países diferentes. A República Democrática Alemã (RDA), no lado oriental, e a República Federal da Alemanha (RFA), que pertencia ao lado ocidental. Assim, a partir de 1945 o mundo viu-se divido e sob a influência de dois blocos político-ideológicos: de um lado o bloco capitalista liderado pelos Estados Unidos, e de outro o bloco socialista liderado pela União Soviética. Esta ordem política conhecida como ordem bipolar durou até 1989. Paralelamente a ordem bipolar, a Europa pós-guerra recebeu diversos incentivos econômicos de ambos os blocos hegemônicos. Neste contexto, os europeus passaram a encaminhar o processo de criação de seu próprio bloco econômico, começando pelo BENELUX (Bélgica, Países Baixos e Luxemburgo) em 1944, depois o CECA (Comunidade Européia do Carvão e do Aço) em 1952, o Mercado Comum Europeu em 1957, até concretizar no Tratado de Maastricht, no início dos anos 90, a União Européia. A queda do Muro de Berlim, em 1989, marca a decadência do sistema socialista, e poucos anos mais tarde o esfacelamento da União Soviética pôs fim à ordem bipolar. A partir daí, passa a haver uma ordem multipolar, onde emergem do ponto de vista econômico o Japão e a Europa Ocidental como novos integrantes da tomada de decisões econômicas no plano internacional. Os Estados Unidos estabeleceram-se como a única (em princípio) superpotência mundial no plano militar, político e econômico. A Nova Ordem Mundial A Nova Ordem Mundial é um conceito político e econômico que se refere ao contexto histórico do mundo pós-Guerra Fria. Estabeleceu-se no fim da década de 80, com a queda do muro de Berlim (1989), no quadro das transformações ocorridas no Leste Europeu com a desintegração do bloco soviético. O termo Nova Ordem Mundial é aplicado de forma abrangente. Em um contexto atual, pode se referir também à importância das novas tecnologias em um mundo progressivamente globalizado e às novas formas de controle tecnológico sobre as pessoas. A Nova Ordem Mundial busca garantir o desenvolvimento do capitalismo e estrutura-se a partir de uma hierarquização de países, de acordo com seu nível de desenvolvimento e de especialização econômica. Após a Guerra Fria, principalmente de 1989 a 1991, o mapa-múndi político sofreu transformações radicais. Novos estados-nações (países) surgiram e outros desapareceram. Como exemplo disso, podemos citar a antiga Alemanha Oriental, hoje parte da Alemanha reunificada. Ou a antiga Tchecoslováquia, hoje em dois novos estados-nações: a República Tcheca e a Eslováquia. Contudo, as mudanças mais surpreendentes aconteceram na Iugoslávia e na União Soviética. A Iugoslávia, além de ter sido dividida em sete novos países (Croácia, Eslovênia, Bósnia-Herzegovina, Macedônia, Sérvia, Kosovo e Montenegro), conheceu uma sangrenta guerra civil pela partilha da Bósnia-Herzegovina. A União Soviética, por sua vez, viu-se obrigada a fragmentar-se em 15 nações independentes.

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GEOGRAFIA

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GEOGRAFIA POLÍTICA

1. Organização do Espaço Mundial Após a Segunda Guerra Mundial, a posse de arsenais nucleares conferia aos Estados Unidos e à União Soviética a condição de superpotências. A Guerra Fria foi um período de delicado equilíbrio de poder, no qual não podia haver paz e a guerra seria sinônimo de extermínio mútuo. Para manter essa bipolaridade, as superpotências acumulavam cada vez mais armas, de forma a impedir que o poder de destruição de uma ultrapasse o da outra. Essa situação foi batizada de “equilíbrio do terror”. Na Europa, a bipolaridade se concretizou na divisão entre os países alinhados com os Estados Unidos e aqueles subordinados à União Soviética. A linha de fronteira que delimitava os dois blocos ficou conhecida como Cortina de Ferro, que dividiu a Europa em Ocidental e Oriental. A Cortina de Ferro não só dividiu a Europa em duas como também o território alemão foi fragmentado, passando a constituir dois países diferentes. A República Democrática Alemã (RDA), no lado oriental, e a República Federal da Alemanha (RFA), que pertencia ao lado ocidental. Assim, a partir de 1945 o mundo viu-se divido e sob a influência de dois blocos político-ideológicos: de um lado o bloco capitalista liderado pelos Estados Unidos, e de outro o bloco socialista liderado pela União Soviética. Esta ordem política conhecida como ordem bipolar durou até 1989. Paralelamente a ordem bipolar, a Europa pós-guerra recebeu diversos incentivos econômicos de ambos os blocos hegemônicos. Neste contexto, os europeus passaram a encaminhar o processo de criação de seu próprio bloco econômico, começando pelo BENELUX (Bélgica, Países Baixos e Luxemburgo) em 1944, depois o CECA (Comunidade Européia do Carvão e do Aço) em 1952, o Mercado Comum Europeu em 1957, até concretizar no Tratado de Maastricht, no início dos anos 90, a União Européia. A queda do Muro de Berlim, em 1989, marca a decadência do sistema socialista, e poucos anos mais tarde o esfacelamento da União Soviética pôs fim à ordem bipolar. A partir daí, passa a haver uma ordem multipolar, onde emergem do ponto de vista econômico o Japão e a Europa Ocidental como novos integrantes da tomada de decisões econômicas no plano internacional. Os Estados Unidos estabeleceram-se como a única (em princípio) superpotência mundial no plano militar, político e econômico.

A Nova Ordem Mundial

A Nova Ordem Mundial é um conceito político e econômico que se refere ao contexto histórico do mundo pós-Guerra Fria. Estabeleceu-se no fim da década de 80, com a queda do muro de Berlim (1989), no quadro das transformações ocorridas no Leste Europeu com a desintegração do bloco soviético. O termo Nova Ordem Mundial é aplicado de forma abrangente. Em um contexto atual, pode se referir também à importância das novas tecnologias em um mundo progressivamente globalizado e às novas formas de controle tecnológico sobre as pessoas. A Nova Ordem Mundial busca garantir o desenvolvimento do capitalismo e estrutura-se a partir de uma hierarquização de países, de acordo com seu nível de desenvolvimento e de especialização econômica.

Após a Guerra Fria, principalmente de 1989 a 1991, o mapa-múndi político sofreu transformações radicais. Novos estados-nações (países) surgiram e

outros desapareceram. Como exemplo disso, podemos citar a antiga Alemanha Oriental, hoje parte da Alemanha reunificada. Ou a antiga Tchecoslováquia, hoje em dois novos estados-nações: a República Tcheca e a Eslováquia. Contudo, as mudanças mais surpreendentes aconteceram na Iugoslávia e na União Soviética. A Iugoslávia, além de ter sido dividida em sete novos países (Croácia, Eslovênia, Bósnia-Herzegovina, Macedônia, Sérvia, Kosovo e Montenegro), conheceu uma sangrenta guerra civil pela partilha da Bósnia-Herzegovina. A União Soviética, por sua vez, viu-se obrigada a fragmentar-se em 15 nações independentes.

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Assim, nota-se que a regionalização do espaço mundial com base em critérios sociais sempre está ligada à ordem internacional que prevalece num certo momento, ao equilíbrio instável dos países e os grupos de países, à disputa (ou cooperação) entre as grandes potências mundiais.

Os países em desenvolvimento, outrora chamados “terceiro mundo” são economicamente dependentes dos países desenvolvidos. Tal dependência manifesta-se de três maneiras:

I. Endividamento externo – normalmente, todos os países subdesenvolvidos possuem vultosas dívidas para com grandes empresas financeiras internacionais.

II. Relações comerciais desfavoráveis – geralmente, os países subdesenvolvidos exportam produtos primários (não industrializados), como gêneros agrícolas e minérios. As importações, por sua vez, consistem basicamente de produtos manufaturados, material bélico e produtos de tecnologia avançada (aviões, computadores, etc.). Esta relação comercial revela-se terrivelmente desvantajosa, pois os artigos importados têm valor agregado bem maior do que os exportados, e ainda se valorizam mais rapidamente.

III. Forte influência de empresas estrangeiras – nos países subdesenvolvidos, boa parte das principais empresas industriais, comerciais, mineradoras e às vezes até agrícolas é de propriedade estrangeira, possuindo a matriz nos países desenvolvidos. São as chamadas multinacionais. Uma grande parcela dos lucros dessas empresas é remetida para suas matrizes, o que provoca descapitalização nos países em desenvolvimento.

A Nova Ordem Mundial costuma ser definida como multipolar. Isso quer dizer que existem vários pólos ou centros de poder no plano mundial. Hoje temos três grandes potências mundiais de poderio econômico, tecnológico e políticodiplomático: EUA, Japão e a União Européia. A princípios do século XXI, percebese a emergência de novas potências econômicas como China, Brasil e Índia. Assim, o século XX começou com uma ordem multipolar, passou para a bipolaridade e terminou com uma nova multipolaridade.

Em termos militares, a bipolaridade (fato de haver dois pólos de força, que eram Estados Unidos e URSS) foi substituída pela chamada pax imperial americana, que significava (pós Guerra Fria) que não existia país no mundo capaz de se contrapor ao

poderio militar americano. Assim, a supremacia militar dos Estados Unidos seria exercida de forma intensa em todas as partes do mundo onde seus interesses econômicos ou geopolíticos se fizessem presentes.

O termo “nova ordem”, no entanto, é muito questionável. Era utilizado após o fim da guerra fria, queda do muro de Berlim, etc. Era um outro contexto. Hoje, talvez estejamos vivendo a “nova nova” ordem mundial. Essa estaria relacionada com tudo que se seguiu ao 11 de setembro de 2001, pois uma nova fase das relações internacionais começou a partir dali. De 1991 a 2001 as relações internacionais eram marcadas pela clara hegemonia dos EUA, sem que eles soubessem claramente quem era o seu inimigo. Desde 2001, o inimigo norte-americano ficou claro: os grupos fundamentalistas e extremistas com características islâmicas. Então, o contexto atual pode ser descrito como uma “nova nova” ordem mundial. A chamada supremacia norte-americana foi ainda mais abalada após a crise econômica mundial de 2008 e, neste contexto, viu-se o crescimento de países emergentes como China, Índia e Brasil (BRICS) no cenário político e econômico internacional.

Globalização

Antes de entender como os países se adaptaram ao processo de globalização, faz-se necessário definir o que é globalização. Não há consenso sobre um conceito fechado do que seja a globalização e sua origem. Podemos analisar os fatos

que colaboraram para o seu desenvolvimento e discutir conceitos defendidos por alguns autores. A popularização do termo globalização ocorreu em meados de 1980, e rapidamente passou a ser associado aos aspectos financeiros ligados a esse processo. A globalização é um fenômeno social que ocorre em escala global. Esse processo consiste em uma integração em caráter econômico, social, cultural e político entre diferentes países.

Países originados da fragmentação da antiga Iugoslávia,

após a Guerra Fria

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A globalização é oriunda de evoluções ocorridas, principalmente, nos meios de transportes e nas telecomunicações, fazendo com que o mundo

“encurtasse” as distâncias. No passado, para a realização de uma viagem entre dois continentes eram necessárias cerca de quatro semanas, hoje esse tempo diminuiu drasticamente. Um fato ocorrido na Europa chegava ao conhecimento dos brasileiros 60 dias depois. Hoje, a notícia é divulgada em tempo real. O processo de globalização surgiu para atender ao capitalismo e, principalmente, os países desenvolvidos; de modo que estes pudessem buscar novos mercados, tendo em vista que o consumo interno encontrava-se saturado.

Pode-se dizer, assim, que a globalização é a fase mais avançada do capitalismo. Com o declínio do socialismo, o sistema capitalista tornou-se predominante no mundo. A consolidação do capitalismo iniciou a era da globalização, principalmente, econômica e comercial. A integração mundial decorrente do processo de globalização ocorreu em razão de dois fatores: as inovações tecnológicas e o incremento no fluxo comercial mundial. As inovações tecnológicas, principalmente nas

telecomunicações e na informática, promoveram o processo de globalização. A partir da rede de telecomunicação (telefonia fixa e móvel, internet, televisão, aparelho de fax, entre outros) foi possível a difusão de informações entre as empresas e instituições financeiras, ligando os mercados do mundo.

O incremento no fluxo comercial mundial tem como principal fator a modernização dos transportes, especialmente o marítimo, pelo qual ocorre grande parte das transações comerciais (importação e exportação). O transporte marítimo possui uma elevada capacidade de carga, que permite também a mundialização das mercadorias, ou seja, um mesmo produto é encontrado em diferentes pontos do planeta. O processo de globalização estreitou as relações comerciais entre os países e as empresas. As multinacionais ou transnacionais contribuíram para a efetivação do processo de globalização, tendo em vista que essas empresas desenvolvem atividades em diferentes territórios. Outra faceta da globalização é a formação de blocos econômicos, que buscam se fortalecer no mercado que está cada vez mais competitivo.

A globalização envolve países ricos, pobres, pequenos ou grandes e atinge todos os setores da sociedade, e por ser um fenômeno tão abrangente, ela exige novos modos de pensar e enxergar a realidade. As coisas mudam muito rápido hoje em dia, o território mundial ficou mais integrado, mais ligado. Não podemos negar que a globalização facilita a vida das pessoas. Por exemplo, o consumidor foi beneficiado, pois podemos contar com produtos importados mais baratos e de melhor qualidade, porém ela também pode dificultar. Uma das grandes desvantagens da globalização é o desemprego. Muitas empresas aprenderam a produzir mais com menos gente, e para tal feito elas usavam novas tecnologias fazendo com que o trabalhador perdesse espaço.

Para encarar todas estas mudanças, o cidadão precisa se manter atualizado e informado, pois estamos vivendo em um mundo em que a cada momento somos bombardeados de informações e descobertas novas em todos os setores, tanto na música, como na ciência, na medicina e na política. Dessa forma, o processo de globalização passou a ser considerado como uma constante no mundo moderno. Há que ressaltar que esse fenômeno não se restringe apenas às transações comerciais e termos econômicos, mesmo sendo esses aspectos os principais focos do processo de globalização. Porém, é fato que, além das relações econômicas, esse processo envolve as demais áreas que integram as sociedades, como os âmbitos cultural, social e político.

A globalização é um fenômeno amplamente debatido, porém a compreensão das entradas que esse processo oferece às sociedades não pode ser definida, interpretada ou compreendida sem uma profunda reflexão, uma vez que não existe uma definição única e universalmente aceita para a globalização, caracterizando-se por um processo de integração global que induz o crescimento da interdependência entre as nações. Podemos adotar o conceito de que globalização é o conjunto de transformações e aprofundamento de interação na ordem política, econômica, social e cultural mundial que vem acontecendo nas últimas décadas, impulsionado pelo avanço e redução nos custos de meio de transporte e comunicação entre o final do século XX e início do século XXI.

2. Blocos Econômicos

Os blocos econômicos são associações de países que estabelecem relações econômicas privilegiadas entre si e que tendem a adotar uma soberania comum, onde os associados concordam em abrir mão de parte da soberania nacional em proveito de um todo associado. Estes blocos buscam uma integração regional com caráter supranacional, ou seja, são alianças que envolvem dois ou mais Estados-nação. Os blocos econômicos classificam-se de acordo com o nível de integração econômica:

Zona de Preferência Tarifária: Garante níveis tarifários preferenciais para o conjunto de países que pertencem ao grupo.

Zona de Livre Comércio: Busca uma gradativa liberação do fluxo de mercadorias e capitais entre os países membros,

com a redução ou eliminação das barreiras alfandegárias, tarifárias e não-tarifárias, que incidem sobre a troca de mercadoria dentro do bloco. (Ex.: NAFTA)

União Aduaneira: Além da abolição das tarifas alfandegárias nas relações econômicas no interior do bloco, é definida

uma tarifa externa comum aplicada aos países de fora do bloco, válida tanto para as importações como para as exportações. Restringe-se à circulação de bens.

A característica mais notável da globalização é a presença de marcas mundiais

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Mercado Comum: É um processo avançado de integração econômica. Busca uma padronização da legislação

econômica, fiscal, e trabalhista; a abolição das barreiras alfandegárias internas e a padronização das tarifas de comércio exterior. Objetiva ainda uma liberação quanto à circulação de pessoas, mercadorias, serviços e fatores de produção (capital e mão-de-obra). (Ex.: MERCOSUL)

União Econômica e Monetária: Situação mais conhecida e avançada do processo de formação dos blocos econômicos,

contando com uma moeda única e por um fórum político. Além disso, conta com uma política monetária inteiramente unificada e conduzida por um banco central comunitário. (Ex.: União Européia) Principais Blocos Econômicos:

NAFTA (Acordo de Livre Comércio da América do Norte): Bloco econômico

formado por Estados Unidos, Canadá e México, e tendo o Chile como associado, caracterizado pelo livre comércio, com custo reduzido para troca de mercadorias entre os três países. Entrou em vigor em 1994 estabelecendo o prazo de 15 anos para a total eliminação das barreiras alfandegárias entre os três países. É considerado bastante desigual, pela grande economia dos Estados Unidos e a emergente do México. Este acordo foi uma expansão do antigo Tratado de livre comércio Canadá-EUA, de 1989. Diferentemente da União Europeia, a NAFTA não cria um conjunto de corpos governamentais supranacionais, nem cria um corpo de leis que seja superior à lei nacional.

MERCOSUL (Mercado Comum do Sul):

Formado atualmente por Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai, e Venezuela. Conta também com países associados, dentre eles estão Chile, Bolívia, Peru, Colômbia e Equador. Criado em 1991 com o Tratado de Assunção, é o maior bloco econômico da América do Sul. A zona de livre comércio entre os países foi formada em 1995, encabeçada por Brasil e Argentina. O acordo visava estabelecer uma zona de livre comércio entre os países membros, através da eliminação de taxas alfandegárias e de restrições não-tarifárias, liberando a circulação de mercadorias, capitais e serviços. Desde 2006, a Venezuela depende de aprovação dos congressos nacionais para que sua entrada seja aprovada, mais especificamente do parlamento paraguaio, visto que os outros três já a ratificaram.

UNIÃO EUROPEIA: Formada por

França, Itália, Luxemburgo, Holanda, Bélgica, Alemanha, Dinamarca, Irlanda, Reino Unido, Grécia, Espanha, Portugal, Áustria, Suécia, Finlândia, Letônia, Estônia, Lituânia, República Tcheca, Eslováquia, Polônia, Hungria, Bulgária, Romênia, Eslovênia, Malta e Chipre.

A união entre os países se iniciou após a Segunda Guerra Mundial (criação da Comunidade Econômica Europeia – CEE – pelo Tratado de Roma, em 1957), mas a criação foi efetivada em 1992 com o Tratado de Maastricht. A UE estabeleceu a criação de uma moeda única, o euro. As mais importantes instituições da UE são a Comissão Europeia, o Conselho da União Europeia, o Conselho Europeu, o

Tribunal de Justiça da União Europeia e o Banco Central Europeu. O Parlamento Europeu é eleito a cada cinco anos pelos cidadãos da UE. A União Europeia tem desenvolvido um mercado comum através de um sistema padronizado de leis que se aplicam a todos os estados-membros. As políticas da UE têm por objetivo assegurar a livre circulação de pessoas, bens, serviços e capitais, legislar assuntos comuns na justiça e manter políticas comuns de comércio, agricultura, pesca e desenvolvimento regional. A união monetária, chamada Zona do Euro, foi criada em 1999 e é atualmente composta por 17 Estados-membros.

APEC (Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico):

Formado por Austrália, Brunei, Canadá, Indonésia, Japão, Malásia, Nova Zelândia, Filipinas, Cingapura, Coréia do Sul, Tailândia, EUA, China, Taiwan (Formosa), México, Papua Nova Guiné, Chile, Peru, Federação Russa e Vietnã. Sua formação deveu-se à crescente interdependência das economias da região da Ásia-Pacífico. Foi criada em 1989, inicialmente apenas como um fórum de discussão entre países da ASEAN e alguns parceiros econômicos da região do Pacífico, se tornando um bloco econômico apenas em 1994, na Conferência de Seattle. No entanto, a Apec não forma ainda uma área de livre-comércio, pois os países-membros impõem muitas barreiras à livre circulação. Esse é um objetivo do longo prazo, e se prevê a instalação plena até 2020.

ASEAN (Associação das Nações do Sudeste Asiático): Tem como membros

Indonésia, Malásia, Filipinas, Cingapura, Tailândia, Brunei, Vietnã, Mianmar, Laos e Camboja. Surgiu em 1967, na Tailândia, com o objetivo de assegurar a estabilidade política e de acelerar o processo de desenvolvimento da região. A Asean desenvolve programas de cooperação nas áreas de transporte, comunicação, segurança, relações

NAFTA

MERCOSUL

UNIÃO EUROPEIA

APEC

ASEAN

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externas, indústria, finanças, agricultura, energia, transporta, tecnologia, educação, turismo e cultura.

SADC (Comunidade da África Meridional para o Desenvolvimento, ou União Aduaneira do Sul da África): Formado por Angola, África do Sul, Botsuana,

Lesoto, Malauí, Maurício, Moçambique, Namíbia, República Democrática do Congo, Seicheles, Suazilândia, Tanzânia, Zâmbia e Zimbábue. Estabelecida em 1992 com o objetivo de incentivar as relações comerciais entre os países-membros, visando criar um mercado comum e também promover esforços para estabelecer a paz e a segurança na conturbada região.

COMUNIDADE ANDINA DE NAÇÕES (ou Pacto Andino): Formado por Bolívia, Equador, Colômbia

e Peru. Surgiu em 1969 com o Acordo de Cartagena, tendo como objetivo aumentar a integração comercial, política e econômica entre os países membros.

CARICOM (Comunidade do Caribe):

Abrangendo Mercado Comum e Comunidade do Caribe (Caricom), é um bloco de cooperação econômica e política formado por: Antígua e Barbuda, Bahamas, Barbados, Belize, Dominica, Granada, Guiana, Haiti, Jamaica, Montserrat, São Cristovão e Névis, Santa Lúcia, São Vicente e Granadinas, Suriname e Trinidad e Tobago. Além de incentivar a cooperação econômica entre os membros, a organização participa da coordenação da política externa e desenvolve projetos comuns nas áreas de saúde, educação e comunicação.

CEI (Comunidade dos Estados Independentes): É uma organização

supranacional formada em 1991, integrando 11 das 15 repúblicas que formavam a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS): Armênia, Azerbaijão, Bielorrússia, Cazaquistão, Quirguistão, Moldávia, Rússia, Tajiquistão, Turcomenistão, Ucrânia e Uzbequistão. Organiza-se em uma confederação de Estados, preservando a soberania de cada um. Sua estrutura abriga dois conselhos: um formado pelos chefes de Estado, que se reúnem duas vezes ao ano, e outro pelos chefes de governo, que se encontram de três em três meses. Não existem relações de comercialização, relações econômicas e união alfandegária.

3. Organizações Internacionais

As organizações internacionais são constituídas por Estados e decorrem do crescimento das relações internacionais e da cooperação necessária entre as nações. Estas organizações têm como objetivo diversas questões, tais como: obtenção ou manutenção de paz, resolução de conflitos armados, desenvolvimento econômico e social, etc. Convém discriminar que os tipos de organizações dividem-se em:

- Intergovernamentais (os objetivos podem ser específicos ou generalizados):

a) globais: ONU (Organização das Nações Unidas) – objetivo generalizado; UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e Cultura) – objetivo específico, visa à cooperação.

b) regionais: OEA (Organização dos Estados Americanos) – objetivo generalizado. - Não-governamentais:

Greenpeace - objetivo específico.

Principais organizações internacionais:

Organização das Nações Unidas (ONU) – Criada pelos vencedores da

Segunda Guerra Mundial, é uma das mais conhecidas e importantes organizações internacionais e tem como principal objetivo manter a paz e a segurança internacional. Esta organização proíbe o uso unilateral da força, prevendo, contudo sua utilização individual ou coletiva destinada ao interesse comum da organização. A ONU tem como objetivo número um manter a segurança internacional e esta intervém não só para restaurar a paz, mas também para prevenir possíveis conflitos que lhe imponham uma ruptura. Além disto, esta organização salienta as relações amistosas entre Estados-membros e a cooperação internacional.

Organização Internacional do Trabalho (OIT) – A Organização Internacional

do Trabalho, como organização especializada da ONU, foi a primeira de caráter universal. Dentre os princípios da organização estão pleno emprego, remuneração digna, formação profissional, aumento do nível de vida, possibilidade de negociação coletiva de contratos de trabalho e de elaboração de medidas socioeconômicas, proteção da infância e da maternidade, sistema de saúde, entre vários outros propósitos. A OIT busca proteção internacional dos trabalhadores, de forma a estabelecer níveis comuns de proteção laboral.

SADC

COMUNIDADE

ANDINA

CARICOM

CEI

Símbolo da ONU

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Organização Mundial da Saúde (OMS) – Ligada à ONU, surgiu após a Segunda Guerra Mundial e foi formalizada em

1946. Tem como objetivo principal o alcance do mais alto grau possível de saúde por todos os povos, para isto, elabora estudos acerca do combate de epidemias, além de normas internacionais para produtos alimentícios e farmacêuticos, coordena questões sanitárias internacionais, tenta conseguir avanços nas áreas de nutrição, higiene, habitação, saneamento básico, etc.

Fundo Monetário Internacional (FMI) – O Fundo Monetário Internacional foi criado em 1944 com os acordos de Bretton

Woods e tem com objetivo conceder empréstimos de recursos financeiros aos países membros sob determinadas condições. O FMI presta auxílio financeiro aos países membros visando reduzir desequilíbrios na balança de pagamentos do tomador, propiciando maior estabilidade ao sistema monetário.

Organização Mundial do Comércio (OMC) – De 1994, foi a primeira organização internacional pós Guerra Fria, de

vocação universal. Esta organização tem como percursor o Acordo geral sobre Tarifas e Comércio (GATT), um acordo comercial que se caracterizava pela multilaterialidade e pelo dinamismo, onde países buscavam impulsionar a liberalização comercial e combater práticas protecionistas, criando assim um fórum de negociações tarifárias. A OMC tem como objetivo desenvolver a produção e o comércio de bens e serviços entre países membros, além de aumentar o nível de vida nos Estados-membros.

Organização dos Estados Americanos (OEA) – A Organização dos Estados Americanos é uma organização

intergovernamental regional generalizada, com uma estrutura semelhante à ONU, também visando à cooperação entre seus membros. A principal finalidade da organização é garantir a segurança e a paz do continente americano. Sua finalidade compreende a defesa dos interesses e a busca de meios para o desenvolvimento econômico, social e cultural de seus membros.

Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) – Foi criada em 1949, em pleno contexto da Guerra

Fria. Os EUA, já esperando uma futura guerra, literalmente falando, contra a URSS, idealizaram a OTAN, contando com o Canadá e os países da Europa Ocidental, para assim garantir a ajuda de seus importantes e fortes aliados. O acordo estabelecia que os Estados-membros da OTAN se comprometiam em assegurar a sua defesa e que uma agressão a um ou mais aliados seria considerada uma agressão a todos. Com o fim da URSS e de suas ameaças à soberania americana e capitalista no mundo, surgiu a necessidade de redefinir o papel da OTAN na nova ordem internacional, já que o principal motivo de sua criação foi extinto. Assim, foi criado um novo papel para a OTAN: ser a base da política de segurança de toda a Europa, (inclusive de seus ex-rivais do leste europeu) e da América do Norte. Os países que integram a OTAN atualmente são: Alemanha, Bélgica, Canadá, Dinamarca, Espanha, Estados

Unidos, França, Grécia, Países Baixos, Islândia, Itália, Luxemburgo, Noruega, Portugal, Reino Unido, Turquia, Hungria, Polônia, República Checa, Bulgária, Estônia, Letônia, Lituânia, Romênia, Eslováquia, Eslovênia, Albânia e Croácia.

G-8 – A sigla G-8 corresponde ao grupo dos 8 países mais ricos e influentes do mundo, do qual fazem parte os Estados

Unidos, Japão, Alemanha, Canadá, França, Itália, Reino Unido e Rússia. A função do G-8 é a de decidir qual ou quais caminhos o mundo deve seguir, pois esses países possuem economias consolidadas e suas forças políticas exercem grande influência nas instituições e organizações mundiais, como ONU, FMI, OMC. A discussão gira em torno do processo de globalização, abertura de mercados, problemas ambientais, ajudas financeiras para economias em crise, entre outros.

G-20 – O Grupo dos 20 é um grupo constituído

por ministros da economia e presidentes de bancos centrais dos 19 países de economias mais desenvolvidas do mundo, mais a União Européia. Criado em 1999, na esteira de várias crises econômicas da década de 1990, o G-20 é uma espécie de fórum de cooperação e consulta sobre assuntos financeiros internacionais.

BRICS – O termo BRICS faz referência à Brasil,

Rússia, Índia, China e África do Sul. São países emergentes e que possuem características comuns. Ao contrário do que algumas pessoas pensam, estes países não compõem um bloco econômico, apenas compartilham de uma situação econômica com índices de desenvolvimento e situações econômicas parecidas.

PIGS – Grupo formado por Portugal, Irlanda, Grécia e Espanha. São países europeus que estão apresentando problemas

de déficit, dívida excessiva ou desemprego em alta.

4. Questões políticas e sociais atuais Irã

O projeto nuclear iraniano teve início em 1950, com auxílio técnico dos Estados Unidos, recebendo a denominação de “Átomos para a Paz”. No entanto, após a Revolução Islâmica de 1979, houve a sua paralisação. Em 1995, através de um acordo com a Rússia, o programa nuclear do Irã voltou a ganhar forças.

OTAN

BRICS

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Somente com a eleição de Mahmoud Ahmadinejad, em 2005, o país deixou o mundo Ocidental e Israel com receio dos possíveis fins bélicos desse programa. Ahmadinejad alega que o programa nuclear iraniano é destinado a fins pacíficos. Ele acusa o Ocidente de tentar impedir o desenvolvimento tecnológico do seu país. Entretanto, Estados Unidos e Israel, principais inimigos do Irã, afirmam que esse programa nuclear tem por objetivo a fabricação de armas nucleares. Conforme relatórios dos serviços de inteligência dos Estados Unidos, o Irã será capaz de produzir uma bomba atômica em menos de dez anos.

A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) decidiu levar o caso ao Conselho de Segurança da ONU, que poderá adotar sanções econômicas para que o país desista de seu programa nuclear. Mas essa atitude desencadeará grandes problemas à economia global, visto que o Irã é o quarto maior produtor mundial de petróleo. Por conta disso, os embargos econômicos

poderão gerar um aumento significativo no preço do petróleo. Manouchehr Mottaki, Ministro das Relações Exteriores do Irã, alegou que o programa nuclear iraniano não será interrompido por possíveis sanções impostas pelo Conselho de Segurança da ONU. Ele ainda pede que, através da diplomacia, as potências mundiais cooperem com o projeto.

Estados Unidos e Israel são os principais opositores desse programa nuclear. Por outro lado, Brasil e Turquia são defensores, sendo que os turcos realizaram um acordo para fornecerem urânio enriquecido para os iranianos.

Palestina

A luta dos palestinos resultou na criação de diversos grupos militares com o objetivo de destruir Israel e restaurar a Palestina, sendo Hamas e Fatah, atualmente, os dois principais exemplos deste modelo. Formado por União Européia, Estados Unidos, Rússia e ONU, o “Quarteto para o Oriente Médio” havia defendido a realização de eleições livres na Palestina. Entretanto, a morte de Yasser Arafat em 2004, a insatisfação e a corrupção no Fatah abriram caminho para a vitória do Hamas nas eleições de 2006. Instalou-se aqui uma situação contraditória, já que o Quarteto exigira uma eleição “limpa”, mas foi incapaz de respeitar a decisão das urnas. Ao ver o resultado, a maior parte dos países bloqueou a ajuda aos palestinos, alegando que não dariam dinheiro a uma organização terrorista. Com a pobreza e as dificuldades econômicas chegando a níveis extremos foi instaurado, com a ajuda da Arábia Saudita, um governo de união nacional.

Mesmo após intensas negociações para a formação deste governo, os países não retiraram o bloqueio ao Hamas que, em consequência, buscou dinheiro com o Irã. Ainda assim, as disputas entre Hamas e Fatah desestabilizaram mais ainda a já conturbada situação palestina e atraíram mais desconfiança por parte da comunidade internacional. Os conflitos entre as duas organizações chegaram a um ponto sem retorno: o Hamas atacou Gaza e dominou a região e o Fatah se apropriou da Cisjordânia. A partir daí, a situação piorou. Alguns países europeus e os Estados Unidos passaram a apoiar abertamente o Fatah, enviando dinheiro e treinando soldados. Enquanto isso, Israel apertava o cerco ao Hamas, em Gaza, cortando o fornecimento de energia e impedindo a entrada de alimentos acreditando que dessa forma conseguiria diminuir o apoio da população à organização.

Desde 1994, parte da Palestina está sob a administração da Autoridade Nacional Palestina, como resultado dos Acordos de Paz de Oslo. Atualmente a Palestina é governada pelo primeiro-ministro Ismail Haniyeh, do Hamas, e pelo presidente Mahmoud Abbas, do Fatah, tendo havido confrontos armados entre os dois grupos em Gaza em 2007. Apesar das diversas tentativas de paz, nenhum acordo prosperou até hoje.

Líbia

O presidente da Líbia, Muammar Khadafi, completou 41 anos no poder no dia 16 de janeiro de 2011, no mesmo mês em que os governos do mundo árabe sacudiram ao ver a queda do ditador Zine el Abidine ben Ali, da Tunísia, após a onda de protestos no mundo árabe em 2010 e 2011, também conhecida como a Primavera Árabe. Na lista dos próximos governantes ameaçados pela onda revolucionária, Khadafi viu várias cidades líbias, entre elas Benghazi e Syrta, tomada por manifestantes descontentes com seu reinado truculento de quatro décadas, sem o respeito da Constituição e liberdades fundamentais.

Para evitar o “efeito dominó” dos vizinhos Tunísia e Egito, o governo líbio reservou um fundo de vinte e quatro milhões de dólares no dia 27 de janeiro de 2011, para financiar a construção de habitações e desenvolver socialmente o país. A maior parte da riqueza adquirida pela

venda do petróleo líbio foi utilizada para a compra de armas, que, utilizadas pelo governo, servem para oprimir a população. De acordo com o Índice de Liberdade de Imprensa, a Líbia é o país com maior censura do norte da África. A Líbia foi suspensa do Conselho de Direitos Humanos da ONU por cometer violações aos direitos humanos no país, principalmente contra os opositores ao governo.

Mahmoud Ahmadinejad, presidente do Irã

Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade

Nacional Palestina

Muammar Kaddafi, ex-presidente da Líbia morto em 2011

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A intervenção militar na Líbia começou em 19 de Março de 2011, quando as forças armadas de vários países intervieram na Líbia como apoio à Guerra Civil contra o Governo de Muammar Khadafi e com o objetivo de criar uma zona de exclusão aérea no espaço aéreo líbio, seguindo a Resolução 1973 do Conselho de Segurança das Nações Unidas de 17 de Março de 2011. A zona de exclusão aérea foi proposta durante a Guerra Civil líbia, para impedir que a força aérea líbia atacasse as forças rebeldes. Os Estados Unidos comandaram as operações militares até o dia 27 de março, quando passou formalmente o comando da operação para a OTAN.

A OTAN perpetrou inúmeros ataques e bombardeios em território líbio, além de fornecer apoio financeiro e logístico aos insurgentes. O governo de Muamar Kaddafi fez uma revisão dos contratos de exploração das companhias petrolíferas estrangeiras (em sua maioria americanas, britânicas e francesas) o que, segundo alguns, pode estar por trás do apoio da OTAN para derrubar o governo de Kaddafi e instaurar um governo mais favorável aos seus interesses. Em 28 de agosto, os rebeldes tomaram o controle da capital, Trípoli. Após esta vitória, o Conselho Nacional de Transição transferiu sua sede para Trípoli e iniciou as últimas ofensivas da guerra a fim de assumir o controle de todo o território. Após meses de ataques ao governo Líbio, no dia 20 de outubro de 2011, o ditador Muamar Kaddafi foi morto em um combate em Sirte, sendo seu corpo levado a Misrata.

Sudão do Sul

Nos últimos anos, a região sul do Sudão (país africano) era referida como Sudão do Sul, uma região autônoma que lutava pela independência política. Também conhecido como Sudão Meridional, o processo de independência foi iniciado em 2005, quando o governo sudanês concordou em conceder à autonomia à região a partir do Tratado de Naivasha. O tratado foi assinado em 9 de janeiro de 2005, na cidade de Nairóbi, capital do Quênia, como forma de acabar com a Segunda Guerra Civil do Sudão. A decisão seria finalizada por meio de um referendo com os eleitores da região.

A maior cidade e capital da região é Juba. O referendo ocorreu no início de 2011, no dia 7 de fevereiro, foi publicado o resultado no qual confirmou a vontade de mais de 98 % dos votos favoráveis à independência. O resultado foi recebido com grande alegria pela população. No Sudão do Norte a população é, predominante, mulçumana de origem árabe, enquanto que no sul, a população é de origem negra, cristã e animista. O novo país é rico em petróleo, mas grande parte da infraestrutura está na região norte. Para afastar qualquer ameaça de novos conflitos armadas, o presidente do Sudão, Omar Hassan Al Bashir, havia dito pela televisão que aceitaria e apoiaria o resultado da votação. Com esse resultado, o EUA já planejou retirar o Sudão da lista

de países mantenedores do terrorismo no mundo. O Sudão do Sul nasce como uma nação pobre,

carente de infraestrutura e energia elétrica, apesar de ser uma região rica em petróleo. Hoje, o novo país herda mais de 2 milhões de mortes causadas por mais de 40 anos de guerra civil travada entre os exército sudanês e o Exército de Libertação do Povo Sudanês. O novo país tem o tamanho do estado de Minas Gerais, com cerca 8,5 milhões de habitantes. O Sudão, maior país da África, com a separação, perderá 25 % de seu território. Apesar dos conflitos terem terminado, a situação social não melhorou, considerando a população feminina, 92 % das mulheres são analfabetas. A água potável é distribuída por uma empresa privada que disponibiliza caminhões tanque, mais da metade da população não tem água potável. O país não possui estradas e ruas pavimentas, o que prejudica o trabalho de auxílio social de ONG´s e da ONU.

Grécia

A Grécia vem enfrentando uma forte crise econômica desde 2010, e a situação parece ter ressurgido afetando não

apenas a economia local, mas mundial, além de ocorrerem manifestações e protestos políticos e contra o governo. O país endividou-se muito na última década, com empréstimos pesados e uma crescente dívida. Além disso, os gastos públicos elevaram-se e os salários do funcionalismo quase dobraram. A receita do país foi afetada pela evasão de impostos, pela crise de 2008 e crescentes dificuldades da chamada Zona do Euro. Hoje os investidores cobram altos juros para novos empréstimos e refinanciamento de sua dívida, agravando ainda mais o cenário.

A Grécia poderia declarar moratória de suas dívidas (ou seja, deixar de pagar os juros das dívidas, pedir pagamentos menores ou perdão de parte da dívida), mas o país está na Zona do Euro e os juros têm sido mantidos baixos, pois a União Europeia e o Banco Central Europeu declaram assistência entre si evitando “calotes”. Porém isso iria influenciar países, em situação semelhante como Irlanda e Portugal, a fazerem o mesmo levando ao aumento de custos para empréstimos aos menores membros da UE. O Parlamento grego aprovou em 2011 medidas de austeridade com o objetivo de economizar 4,8 bilhões de euros, que incluem congelar os salários do setor público, aumentar os impostos, aumentar o valor da gasolina e a idade para a aposentadoria (para diminuir a pressão no sistema de pensões).

Protestos na Líbia contra o regime de Kaddafi

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Em Atenas, a população fez protestos contra as medidas de austeridade do governo, com algumas manifestações violentas. Os dois maiores sindicatos do país classificaram as medidas de austeridade como “antipopulares” e “bárbaras”. Essas revoltas populares fizeram o Fundo Monetário Internacional (FMI) anunciar, em junho de 2011, medidas econômicas de ajuda ao governo da Grécia.

O porta-voz do FMI, Caroline Atkinson, declarou: “Estamos dispostos a continuar apoiando a Grécia com a condição de que sejam adotadas reformas na política e economia acertadas com as autoridades gregas. Avançamos nas negociações para assegurar o financiamento total do programa e antecipamos um resultado positivo a respeito na próxima reunião do Eurogrupo”. Caso a Grécia não consiga quitar suas dívidas, os problemas econômicos podem atingir países como Irlanda e Portugal, os quais já receberam pacotes de resgate até conseguirem dinheiro no mercado. E por consequência toda a União Europeia seria afetada, pois tem a economia interligada pela mesma moeda – o Euro.

O Desemprego na Grécia atingiu 15,9% no primeiro trimestre de 2011, num aumento de 4,2% no ano de 2010. Esse aumento na taxa é concomitante à crise financeira que instaurou uma recessão, agravada por rigorosos planos para reduzir o déficit nos cofres públicos. As estatísticas mostram também que a faixa etária mais afetada pela falta de emprego é a entre 15 e 29 anos (os índices chegam a até 30,9%). Além disso, a produção e o PIB estão em queda. Desde 2010 ocorrem greves no país contra as medidas do FMI, Banco Central Europeu e UE. Em 2011 ocorreram diversas paralisações apoiadas pelas centrais sindicais. Depois de crescentes tensões e resistências entre os parlamentares de sua base, o primeiro-ministro, o social-democrata George Papandreou, renunciou em novembro de 2011.

EXERCÍCIOS 47. (UFRGS) Assinale a alternativa CORRETA sobre a formação dos blocos econômicos no século XX. (A) A criação do GATT (Acordo Geral de Tarifas e Comércio) em 1947 representou um atraso nas relações internacionais, superado apenas em 1995 com a criação da OMC (Organização Mundial do Comércio). (B) O ALCA (Acordo de Livre Comércio entre as Américas) foi criado em 1995 para fortalecer a economia da América Latina, abrangendo todos os países latino-americanos. (C) A União Europeia, fundada em 1991, visava à criação de uma moeda única, o euro, para facilitar as transações comerciais entre os países-membros. (D) O NAFTA (Tratado Norte-Americano de Livre Comércio), que entrou em vigor em 1994, abrange o Canadá, os Estados Unidos e o México e visa à livre circulação de mercadorias e trabalhadores entre os países-membros. (E) Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai assinaram o Tratado de Assunção, em 1991, visando a uma aliança comercial para o fortalecimento da região.

48. A charge abaixo foi publicada no site do escritor, dramaturgo e humorista Millôr Fernandes. Para o autor do desenho, a globalização é um processo:

(A) Assimétrico na medida em que permite melhor e mais justa distribuição da riqueza mundial.

(B) Simétrico na medida em que permite maior interação econômica entre as mais distantes regiões do planeta. (C) Excludente, uma vez que aprofunda o abismo entre nações de diferentes níveis de desenvolvimento econômico. (D) Integrador, uma vez que favorece os países pobres em detrimento das nações mais desenvolvidas. (E) Regional na medida em que fortalece a posição das nações do hemisfério sul enfraquecendo geopoliticamente as nações do hemisfério norte. 49. (PUC-MG) Com os acordos de associação, assinados com a Bolívia (dezembro de 1995) e com o Chile (junho de 1996),......................estabeleceu importantes conexões, sendo que a conexão com........................abre uma janela para a intensificação do intercâmbio com os países da borda do Pacífico. As lacunas devem ser preenchidas, respectivamente, por: (A) o Pacto Andino - o Chile (B) o NAFTA - o Chile (C) a ALADI - a Bolívia (D) o MERCOSUL - o Chile (E) a ALCA - a Bolívia 50. "No nível estratégico, as relações entre nossos países, ambos potências nucleares, ambos membros do Conselho de Segurança da ONU, e talvez logo as duas maiores economias do mundo, contribuirão para definir a política, o desenvolvimento e a historia deste século." – Robert B. Zoellick, representante comercial dos EUA em palestra proferida na Universidade de Pequim (citado por Gilson Scwartz, Caderno Mundo Geografia e Política Internacional - ano 16 - nº 03 - maio de 2008) A China tem se destacado no contexto do capitalismo internacional dentre outros fatores devido a: (A) Grande desenvolvimento tecnológico em setores de ponta como a biotecnologia e nanotecnologia. (B) Grande produção e exportação de petróleo. (C) Grande mercado consumidor. (D) Modelo econômico caracterizado pela forte presença estatal na economia.

Manifestantes durante conflito com a polícia no centro de Atenas, Grécia

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(E) Sucesso de sua economia que tem conseguido diminuir as desigualdades regionais do país. 51. Abaixo estão destacados quatro países da África onde recentemente ocorreram revoltas populares e mudanças geopolíticas. Relacione a numeração dos países (de 1 a 4) com as afirmações que se seguem.

( ) O presidente desse país, Muammar Khadafi, completou 41 anos no poder no dia 16 de janeiro de 2011. Várias cidades foram tomadas por manifestantes descontentes com seu reinado truculento de quatro décadas, sem o respeito da Constituição e liberdades fundamentais. ( ) Esse país tornou-se um Estado independente em 9 de julho de 2011, após um referendo que confirmou a vontade de mais de 98% dos votos favoráveis à independência. O novo país, de maioria negra e cristã, surge após 40 anos de guerra civil. ( ) Os serviços públicos cada vez mais deficientes levaram centenas de milhares de pessoas a saíram às ruas para protestar contra o regime nesse país. Os protestos levaram à queda do ditador Hosni Mubarak em 11 de fevereiro de 2011, depois de quase 30 anos na presidência, e inspiraram movimentos populares em diversos países da região. A sequência numérica CORRETA é: (A) 1 – 2 – 3 (D) 3 – 4 – 1 (B) 4 – 3 – 2 (E) 2 – 1 – 4 (C) 2 – 4 – 3

52. Leia o texto para resolver a questão: “O ano de 1989 se tornou emblemático por ser considerado o marco inicial de uma nova era das relações internacionais. Convencionou-se chamar a esse período de Nova Ordem Mundial, que caracterizou o fim da Guerra Fria e marcou a geopolítica internacional desde 1945, com o término da Segunda Guerra Mundial”. Sobre a chamada "Nova Ordem Internacional" pode-se afirmar que: (A) No antigo bloco socialista, apenas a Rússia conseguiu se inserir com sucesso no processo de globalização econômica. (B) Nessa nova ordem internacional, os estados nacionais passaram a ter um papel de destaque no controle dos fluxos de capitais, serviços e mercadorias. (C) A desagregação do bloco socialista se deu de forma lenta, gradual, sem traumas ou conflitos. (D) A nova ordem permitiu uma inserção de novas áreas periféricas ao circuito da produção mundial, permitindo a re-

dução das diferenças entre o centro e a periferia do sistema capitalista. (E) A liderança e hegemonia norte-americana sofreu fortes abalos e questionamentos no período. 53. Têm sido frequentes as comparações entre a Crise de 29 e a recente recessão econômica global em curso. Sobre tal comparação é correto afirmar que: I - Do mesmo modo que a crise de 29, a atual interrompe um ciclo de crescimento econômico a partir de uma revolução tecnológica. II - Do mesmo modo que em 1929, os Estados Unidos se constituem o principal polo irradiador da crise. III - A crise atual, como a de 1929, fortalece os princípios do neoliberalismo econômico. Quais estão CORRETAS? (A) Apenas I (D) Apenas I e II (B) Apenas II (E) I, II e III (C) Apenas III 54. (PUCRJ) A globalização procura expandir os mercados e portanto os lucros, que é o que de fato movimenta os fluxos de capital. Ela condiciona, hoje, a evolução da economia. Sobre a economia globalizada analise as seguintes afirmativas: I - O comércio internacional tornou-se, nas últimas décadas, um dos indicadores mais representativos da economia globalizada. II - A abertura dos mercados e as estratégias mundiais das grandes corporações atestam a interdependência da economia mundial. III - O petróleo, devido a seu valor estratégico, dá origem a intensos fluxos comerciais entre países produtores e consumidores. Quais estão CORRETAS? (A) Apenas I (D) Apenas I e III

(B) Apenas II (E) I, II e III (C) Apenas III 55. Além da Grécia, outros países se encontram no epicentro da grave crise que ameaça toda a chamada Zona do Euro, entre os quais estão: (A) Alemanha, Itália, Luxemburgo (B) França, Portugal, Holanda (C) Itália, Espanha, Portugal (D) Irlanda, Inglaterra e Bélgica (E) Espanha, Suíça e Dinamarca 56. Sobre a realidade mundial que emergiu após a desestruturação do bloco socialista, podemos apontar como opção correta: (A) A possibilidade de um conflito militar de proporções mundiais está totalmente descartada. (B) A concentração da riqueza tende a se reduzir com o advento das novas tecnologias e avanços científicos em curso. (C) A questão ecológica passará a ser tratada apenas no plano regional. (D)As questões econômicas não mais terão papel relevante na eclosão de conflitos em diferentes regiões do planeta. (E) Percebe-se um enfraquecimento da ONU enquanto organismo capaz de resolver os novos conflitos que emergem dessa nova realidade internacional.