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Page 1: Geografia - Fascículo 05 - A Urbanização Brasileira

GeografiaFascículo 05

Fernanda ZuquimGuilherme De Benedictis

Page 2: Geografia - Fascículo 05 - A Urbanização Brasileira

Índice

A Urbanização Brasileira

Resumo Teórico..................................................................................................................................1

Exercícios............................................................................................................................................4

Gabarito.............................................................................................................................................5

Page 3: Geografia - Fascículo 05 - A Urbanização Brasileira

A Urbanização Brasileira

Resumo Teórico

Urbanização, uma tendência mundial

A população mundial, que já atingiu a cifra de 6 bilhões de habitantes, continuacrescendo, embora de forma cada mais desacelerada.Esse crescimento, no entanto, não éhomogêneo. Em primeiro lugar, os países de economias menos desenvolvidas são os que maiscontribuem para o acréscimo de pessoas, uma vez que, nessas regiões, o crescimento vegetativo dapopulação é maior.

Por outro lado, percebe-se que a urbanização é um fenômeno cada vez maisgeneralizado no mundo. Em 1960, a população urbana representava 34% da população mundial; em1992, esse percentual saltou para 44% e estima-se que em 2025, 61,01% de toda a populaçãomundial viva nas cidades.

O crescimento do número de pessoas que vivem nas cidades deve ser explicado,principalmente, pelo forte êxodo rural que, resulta do processo de mecanização agrícola, porproblemas como a concentração fundiária e pela perspectiva de melhoria das condições de vida nascidades. Como nas economias mais desenvolvidas esse processo já vinha acontecendo desde o séculopassado e já está estabilizado, é possível pensar que o crescimento urbano, nos dias atuais, seja umfenômeno característico de países mais pobres.

Industrialização, modernização da economia e urbanização no Brasil

Tecnicamente, a urbanização consiste no aumento relativo da população das cidades,acompanhada, portanto, pela redução da porcentagem dos contingentes populacionais do campo. Namaioria dos exemplos históricos, a urbanização foi precedida ou ocorreu simultaneamente com aindustrialização.

No Brasil, as bases da industrialização foram lançadas na década de 1930, durante ogoverno de Getúlio Vargas, e a consolidação do processo deu-se nas décadas de 1950 e 1960. Dessaforma, desencadeou-se um quadro de modernização de toda a economia, que elevou as cidades àposição central na vida brasileira.

Por outro lado, a modernização também atingiu as atividades agrárias, gerandodesemprego e miséria nas zonas rurais, o que levou um grande contingente populacional do campoem direção às cidades. Esse período foi marcado por intensas migrações, tanto no sentido do campopara as cidades, como, num quadro mais amplo, dos estados e regiões de economia agrária para oSudeste industrializado.

O processo de modernização da economia brasileira, até os dias de hoje, não levou àsuperação da pobreza e das desigualdades sociais. A modernização aprofundou as desigualdades jáexistentes, geradas num passado distante, pois esteve apoiada numa maior concentração de rendas.Apesar da expansão das camadas médias, que apresentam um bom poder aquisitivo e contribuírampara a expansão do mercado consumidor, a diferença de rendimentos entre ricos e pobres é hojemuito maior do que no início da modernização.

Os movimentos populacionais e a urbanização

O êxodo rural ou migração rural-urbana tem como causas principais a industrialização egeração de empregos nas cidades, além das transformações e problemas no campo, como aconcentração fundiária, mecanização rural e mudanças nas relações de trabalho na agropecuária.

No caso brasileiro, as grandes cidades, em que pesem os problemas sociais persistentes,ofereciam condições muito vantajosas para os numerosos contingentes que para lá se deslocavam:

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• empregos no setor secundário (indústria e construção civil);

• rápida expansão do setor terciário, criando postos de trabalho no comércio, nos bancos, nos serviçosem geral;

• maiores oportunidades de lazer e entretenimento;

• melhor infra-estrutura de saúde, transportes e saneamento básico.

O desenvolvimento urbano-industrial provocou uma aceleração das migrações regionais,durante os anos 1950, 1960 e 1970. O principal deslocamento populacional, que marcou esseperíodo, ocorreu entre as regiões Nordeste e Sudeste. Milhões de pessoas transferiram-se para o eixoRio-São Paulo, atraídas por uma inédita oferta de empregos, gerada no seio de uma rápidaindustrialização, o que também levou a uma urbanização caótica.

A urbanização concentradora: o processo de metropolização

Nos países desenvolvidos a urbanização reflete-se na melhoria da qualidade de vida eexpansão da rede de serviços. Na América Latina, entretanto, o intenso êxodo rural e a carência deempregos nos setores secundário e terciário trouxeram conseqüências como a expansão das favelas, ocrescimento da economia informal e, em muitos casos, o aumento do contingente de populaçãopobre, num processo denominado inchaço urbano.

O desenvolvimento metropolitano veio, portanto, acompanhado de problemas sociais eambientais, tais como a falta de moradias e favelização, a carência de infra-estrutura urbana, ocrescimento da economia informal, a poluição, o trânsito, periferização da população pobre eocupação de áreas de mananciais.

Em São Paulo, por exemplo, o crescimento provocou intensa conurbação (integraçãofísica entre áreas urbanas), criando uma gigantesca área urbana que abriga 37 municípios – A GrandeSão Paulo. Entre eles destacam-se Guarulhos, Osasco e o chamado ABCD – Santo André, SãoBernardo, São Caetano do Sul e Diadema. Esses municípios formam a principal região industrial dopaís, sediando as mais dinâmicas empresas nacionais e multinacionais.

A capital paulista é a maior cidade do país e uma das maiores cidades do mundo,abrigando 9.927.838 habitantes, segundo dados de 1998 do IBGE. Seu grande desenvolvimentodeu-se, principalmente, na segunda metade do século, quando a industrialização criou um pólo deatração populacional, com rápida expansão dos setores secundário e terciário.

A cidade cresceu praticamente à revelia de um planejamento estatal urbano e seusequipamentos de infra-estrutura, moradia e transportes não atendem às demandas sociais. Isso nãoreduz a importância econômica, política e social de São Paulo que, embora viva hoje um processo defuga de indústrias, continua assumindo uma vocação de pólo financeiro, comercial e de serviços, emgeral. São Paulo é a metrópole global brasileira, onde está sediado o comando das principaisatividades econômicas do país.

Hierarquia urbana

A economia agrário-exportadora das primeiras décadas do século XX caracterizava oBrasil como um “país-arquipélago”. Em outras palavras, não havia uma articulação consistente entreas economias das regiões do país, isoladas pela carência de transportes e comunicações e com funçõeseconômicas que não se integravam plenamente.

O processo de industrialização e urbanização foi o elemento fundamental na integraçãoregional. O Sudeste, liderado pelas áreas metropolitanas de São Paulo e Rio de Janeiro, passa acomandar e ser o coração de uma economia cada vez mais integrada. O desenvolvimento dastelecomunicações e a expansão da malha rodoviária possibilitaram um incremento no fluxo demercadorias, pessoas e serviços, integrando a Amazônia, o Centro-Oeste e as áreas mais pobres doNordeste, com o Sudeste e o Sul.

Com o campo cada vez mais dependente das cidades, paulatinamente vai se formandoem todo o território uma hierarquia urbana, uma rede integrada de funções econômicas, políticas e derelações sociais entre as cidades brasileiras. Veja alguns exemplos de áreas urbanas e suas posições na

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hierarquia que se formou (há variações de nomenclatura, de acordo com cada autor):

Metrópoles Nacionais – regiões metropolitanas (conjunto de municípios interligados a uma grandecidade) que exercem influência em todo o país: Grande Rio e Grande São Paulo;

Metrópoles Regionais – regiões metropolitanas que influenciam uma região do país: Grande PortoAlegre, Grande Salvador, Grande Belém, etc;

Pólos (ou centros) regionais – cidades que influenciam as áreas urbanas vizinhas: Florianópolis (SC),Santos(SP), Vitória (ES), Campina Grande(PB), etc;

Centros locais – cidades de menor importância.

Da metrópole nacional à cidade global

O processo de globalização da economia internacional colocou outros parâmetros para asgrandes metrópoles mundiais. O aperfeiçoamento dos transportes, a rapidez das comunicações,possibilitada pela telefonia móvel, pelo fax e pela internet, provocaram uma integração das cidadesem níveis muito mais amplos.

As principais metrópoles, dotadas de melhor infra-estrutura de serviços, transportes ecomunicações, tornaram-se centros geográficos privilegiados, de onde as empresas transnacionaiscomandam toda sorte de transações materiais e virtuais. Ou seja, formaram-se laços muito estreitosentre as empresas mais dinâmicas e esses grandes espaços urbanizados, integrados às redes mundiais.

Nesse contexto, os novos estudos sobre a urbanização têm gerado novas nomenclaturase classificações, aperfeiçoando o conhecimento das cidades brasileiras.

Dessa forma, atualmente, São Paulo e Rio de Janeiro podem ser consideradasmetrópoles globais; as áreas metropolitanas de capitais importantes como Porto Alegre, Brasília,Salvador ou Curitiba formam as metrópoles nacionais; e, dentro dessa nova hierarquia urbana,existem ainda metrópoles regionais, como Goiânia e Campinas; centros regionais, como Manause Natal, além de cidades caracterizadas como centros sub-regionais (Santarém, no Pará, ePiracicaba, em São Paulo, por exemplo).

A industrialização tornou os centros urbanos responsáveis pela maior parte da produçãonacional (estima-se em mais de 90%). Mesmo as atividades geradas no ambiente rural, como aagricultura e a pecuária, dependem fortemente de produtos, tecnologia, crédito e serviços fornecidospelas cidades.

A década de 1990, entretanto, consolidou uma nova tendência de urbanização no Brasil,que pode ser caracterizada como uma desmetropolitização. Ou seja, uma reversão no crescimentodas grandes metrópoles, em favor de cidades médias, onde os custos de produção são menores e ascondições de vida tendem a ser melhores.

Indústrias e empresas ligadas ao setor de serviços realizam cada vez mais a escolha delocalizações geográficas alternativas às saturadas metrópoles do Centro-Sul. Cidades como Campinas,São Carlos, Ribeirão Preto, Goiânia, Florianópolis, além de diversas capitais nordestinas estão entrandodefinitivamente no mapa das empresas nacionais e estrangeiras.

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Exercícios

01. (FGV-SP)

Brasil

1950 1970 1991

I 36% 56% 76%

II 64% 44% 24%

Fonte: FIBGE

Na tabela acima, os algarismos I e II representam, respectivamente, a dinâmica da população:

a. I – urbana; II – rural.b. I – empregada no setor secundário; II – empregada no setor primário.c. I – economicamente ativa; II – desempregada.d. I – empregada no setor terciário; II – empregada no setor primário.e. I – de 20 a 59 anos; II – de 0 a 19 anos.

02. (PUC – RIO) Com relação ao processo de urbanização brasileiro, podemos afirmar que:

1. A partir da década de 60, a integração do território pelas redes de transportes e comunicações epelo mercado permitiu que a urbanização brasileira se tornasse, espacialmente, um fenômenogeneralizado.

2. Entre as décadas de 60 e 80, a urbanização alcançou o estágio de metropolização, com o aumentodo número de cidades com mais de 1 milhão de habitantes.

3. Durante as décadas de 60 e 70, a aceleração do ritmo de urbanização demonstrou que os setoresindustrial e financeiro subordinaram e transformaram a agricultura, integrando-a às necessidadesdo mercado urbano.

4. A partir da década de 80, o ritmo de expansão populacional das metrópoles nacionais diminuiu,devido à tendência de relocalização das empresas, o que estimulou o crescimento das cidadesmédias.

Estão corretas as alternativas:

a. 1 e 3.b. 2 e 4.c. 1, 2 e 3.d. 2, 3 e 4.e. 1, 2, 3 e 4.

03. (UFRS) Observe a figura abaixo.

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Com base nessa figura e na divisão político-administrativa vigente atualmente no território brasileiro,considere as afirmações abaixo:

I. A, B e C são metrópoles regionais.II. x, y e z são sedes distritais.III. Toda sede de município, no Brasil, é considerada, por lei, uma cidade.

Quais estão corretas?

a. Apenas I.b. Apenas II.c. Apenas III.d. Apenas I e II.e. Apenas II e III.

04. (UNIFOR – CE) Sobre a urbanização brasileira, pode-se afirmar que:

a. há semelhança no processo de urbanização do Brasil e dos países do chamado “Primeiro Mundo”;b. a intensa urbanização que vem ocorrendo no País se caracteriza pela concentração econômica e

demográfica nas grandes metrópoles;c. o Brasil apresenta grande crescimento urbano sendo um dos países menos industrializados da

América Latina;d. o crescimento das metrópoles brasileiras tem sido acompanhado de planejamento que atende às

necessidades da infra-estrutura urbana;e. a urbanização brasileira ocorre através de um pequeno crescimento do setor terciário em relação ao

emprego nas atividades industriais.

05. (UFBA) “... as cidades de um país ou de uma região apresentam estágios desiguais de crescimento( ... ) fazendo com que umas dependam de outras em graus diferentes, porém estabelecendo-se

sempre uma vida de relações entre elas.“

Fonte: Nakata e Amorim Coelho. Geografia Geral

Essa definição refere-se ao conceito de:

a. sítio urbanob. função urbanac. situação urbanad. localização urbanae. hierarquia urbana

Gabarito

01. Alternativa a.

A partir de 1940 observou-se a modernização da economia e da sociedade brasileira,resultando num acelerado processo de urbanização. Com a industrialização e a modernização daagricultura, houve um destacado êxodo rural e o Brasil tradicional transformou-se num paísurbano-industrial, com predomínio de população vivendo em cidades. Num primeiro momento asgrandes cidades tornaram-se os principais pólos de atração populacional e num momento posteriordestacou-se o crescimento das cidades pequenas e médias, sendo estas últimas as que mais crescemna atualidade.

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02. Alternativa e.

Na década de 1960 o processo de industrialização foi intensificado, com a efetivaparticipação do Estado, que comandou a implantação da infra-estrutura de transportes ecomunicações necessária para a atração do grande capital transnacional. Constitui-se o chamadoBrasil Urbano, caracterizado pelo predomínio das atividades dos setores Secundário e Terciário, sobreas atividades do setor Primário. Como os investimentos concentraram-se nas grandes cidades – queofereciam as melhores condições de infra-estrutura, mão-de-obra e mercado – estas tornaram-se osprincipais pólos de atração populacional, devido à maior geração de oportunidades de trabalho. Apartir de meados dos anos 70 teve início a descentralização espacial das atividades econômicas, quelevou à criação de novos núcleos de desenvolvimento e estimulou a expansão das cidades médias.

03. Alternativa e.

A legislação brasileira define como cidade todas as sedes de município, onde estálocalizado o aparelho de Estado dessas unidades político-territoriais, representado pelos poderesExecutivo (prefeitura), Legislativo (câmara dos vereadores) e Judiciário. Os distritos estão subordinadosàs cidades e não possuem estrutura político-administrativa própria.

A figura acima não apresenta um indicativo de hierarquia urbana ou do campo deinfluência das cidades em questão, não possibilitando a conclusão sobre a influência das cidades A, Bou C.

04. Alternativa b.

As cidades milionárias do Brasil

Cidades com mais de 1 milhão de habitantes

1960 2 Cidades (São Paulo e Rio de Janeiro)

1970 5 Cidades

1980 10 Cidades

1991 12 Cidades

Fonte: SANTOS, M. – A Urbanização Brasileira

O exercício remete à constituição das chamadas cidades milionárias brasileiras, aquelasque concentram mais de 1 milhão de habitantes. A sua formação derivou do processo de conurbaçãojunto das maiores cidades brasileiras. Em 1960 o Brasil tinha apenas 2 cidades com mais de 1 milhãode habitantes e em 1991 estas já formavam um grupo de 12 grandes aglomerados urbanos, queconcentravam 45 milhões de habitantes ou cerca de 32% da população do país. Nessas cidadesmilionárias está concentrado o grande capital e o comando das atividades econômicas realizadas emtodo o país.

05. Alternativa e.

O conceito de hierarquia urbana está baseado na noção de rede urbana, que correspondea um conjunto integrado de cidades estabelecendo relações econômicas, sociais e políticas entre si.Essas relações levam ao predomínio e à influência de algumas cidades sobre as outras, produzindo umsistema de relações hierarquizadas no interior de cada rede urbana.

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