geografia do estado do rio de janeiro · também, de uma breve análise da descentralização...

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Módulo 1 Reconhecendo o Território Aula 5 Regionalização e políticas públicas no estado do Rio de Janeiro Objetivo Descrever e analisar as formas de regionalização fluminense, enfatizando seu uso como base para a discussão de políticas públicas de desenvolvimento. Introdução O Estado do Rio de Janeiro conta com 92 municípios. Os impostos são arrecadados nas esferas municipais e estadual e ocorre a gestão do território através de seus governantes eleitos. A escala regional, representando grupos de municípios, poderia unir essas unidades municipais em prol de interesses comuns. Contudo, a região, enquanto "ente administrativo", não existe, cabendo ao Governo do Estado sua definição. Há 8 Regiões de Governo definidas pelo CIDE (Centro de Informações e Dados Estatísticos), órgão do Governo do Estado responsável por definir as regiões para planejamento. Porém observa-se que os trabalhos realizados por este órgão não apresentam discussões qualitativas suficientes a respeito destas regiões. Mais ainda, as políticas implementadas pelo Governo Estadual raramente consideram esta regionalização, fazendo uso na maioria das vezes de alianças político partidárias como principal vetor de ação. Embora muitos autores considerem espaço, território e região como sinônimos, devemos enfatizar que esses conceitos-chave da Geografia, juntamente com lugar e paisagem, possuem uma grande diferença de significado para os que trabalham nesta ciência. O conceito de região tem sua origem associada a atividades administrativas, para melhor arrecadação de impostos e uma melhor gestão (e controle) do espaço. Os critérios utilizados para a regionalização do estado do Rio de Janeiro necessitam de uma grande discussão e redefinição. Ao compararmos o produto final das regionalizações propostas pelo CIDE com a da TurisRio, a da EMATER com a proposta pelo SEBRAE, ficam evidentes as diferenças entre estas. Leia os textos a seguir e reflita como os conceitos de território e região são fundamentais para pensarmos as políticas públicas e o desenvolvimento do estado. Regionalização do Estado do Rio de Janeiro: Uma Nota sobre Desenvolvimento e Políticas Públicas1 Regionalização do Estado do Rio de Janeiro: Uma Nota sobre Desenvolvimento e Políticas Públicas Demian Garcia Castro Bacharel e licenciado em Geografia, mestre em Geografia O estado do Rio de Janeiro é dividido atualmente em 92 municípios e 8 Regiões de Governo. No âmbito das políticas públicas, porém, há somente as esferas municipais e estaduais. São nestas esferas que são

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Módulo 1Reconhecendoo Território

Aula 5Regionalização e políticas públicas no estado do Rio de Janeiro

Objetivo

Descrever e analisar as formas de regionalização fluminense, enfatizandoseu uso como base para a discussão de políticas públicas dedesenvolvimento.

Introdução

O Estado do Rio de Janeiro conta com 92 municípios. Os impostos sãoarrecadados nas esferas municipais e estadual e ocorre a gestão doterritório através de seus governantes eleitos. A escala regional,representando grupos de municípios, poderia unir essas unidadesmunicipais em prol de interesses comuns. Contudo, a região, enquanto"ente administrativo", não existe, cabendo ao Governo do Estado suadefinição.

Há 8 Regiões de Governo definidas pelo CIDE (Centro de Informações eDados Estatísticos), órgão do Governo do Estado responsável por definiras regiões para planejamento. Porém observa-se que os trabalhosrealizados por este órgão não apresentam discussões qualitativassuficientes a respeito destas regiões. Mais ainda, as políticasimplementadas pelo Governo Estadual raramente consideram estaregionalização, fazendo uso na maioria das vezes de alianças políticopartidárias como principal vetor de ação.

Embora muitos autores considerem espaço, território e região comosinônimos, devemos enfatizar que esses conceitos-chave da Geografia,juntamente com lugar e paisagem, possuem uma grande diferença designificado para os que trabalham nesta ciência.

O conceito de região tem sua origem associada a atividadesadministrativas, para melhor arrecadação de impostos e uma melhorgestão (e controle) do espaço. Os critérios utilizados para aregionalização do estado do Rio de Janeiro necessitam de uma grandediscussão e redefinição. Ao compararmos o produto final dasregionalizações propostas pelo CIDE com a da TurisRio, a da EMATERcom a proposta pelo SEBRAE, ficam evidentes as diferenças entre estas.

Leia os textos a seguir e reflita como os conceitos de território e regiãosão fundamentais para pensarmos as políticas públicas e odesenvolvimento do estado.

Regionalização do Estado do Rio de Janeiro: Uma Nota sobreDesenvolvimento e Políticas Públicas1

Regionalização do Estado do Rio de Janeiro: Uma Nota sobreDesenvolvimento e Políticas Públicas

Demian Garcia CastroBacharel e licenciado em Geografia, mestre em Geografia

O estado do Rio de Janeiro é dividido atualmente em 92 municípios e 8Regiões de Governo. No âmbito das políticas públicas, porém, hásomente as esferas municipais e estaduais. São nestas esferas que são

arrecadados impostos e ocorre a gestão do território através de seusgovernantes eleitos. A esfera regional, da qual fazem parte grupos demunicípios, não existe enquanto "ente administrativo". Esta escala édefinida e pensada pelo Governo do Estado, embora acabe sendo ignorada na maioria das vezes.

Em nosso ponto de vista, o planejamento e a gestão através de Regiõesde Governo, contribuiriam sobremaneira na instalação de um processo dedesenvolvimento e na melhor definição/articulação de políticas públicas.Desta forma, discutir a regionalização do estado se faz basilar.

O CIDE (Centro de Informações e Dados Estatísticos) é o órgão doGoverno do Estado responsável por definir estas regiões paraplanejamento. Porém, observa-se que os trabalhos realizados por esteórgão não apresentam discussões qualitativas a respeito destas regiões.Mais ainda, as políticas implementadas pelo Governo Estadual raramenteconsideram esta regionalização.

O que questionamos é como podemos pensar o desenvolvimento e comoeste possui fundamentalmente uma dimensão territorial, que ultrapassaa esfera municipal. Daí, a valorização da dimensão regional.

Mas será que podemos concordar com a regionalização vigente? E osoutros órgãos de Políticas Públicas, como regionalizam o estado?Poderíamos pensar alguma forma de gestão para estas regiões?

Desta forma, neste artigo serão tecidas algumas considerações sobre oconceito de desenvolvimento, observando algumas de suas diferentesconcepções, como local e territorial e como este ocorre de maneiradiferenciada sócio-espacialmente, articulando diversas escalas e sereproduzindo de forma desigual e combinada. Ocupar-nos-emos,também, de uma breve análise da descentralização administrativa efinanceira efetuadas pela constituição de 1988, permitindo maiorautonomia aos municípios. Este fato gerou uma "febre emancipatória",que teve no Rio de Janeiro um incentivo ainda maior dos royalties pagos pela exploração do petróleo na Bacia de Campos. Depois, focalizaremos aregionalização do estado do Rio de Janeiro, sob diferentes pontos devista: CIDE, TurisRio, SEBRAE e EMATER. Apresentamos ainda uma proposta de criação de Conselhos Regionais de Desenvolvimento. Aofinal, buscamos uma síntese das diferentes regionalizações apresentadase uma visão de como poderia ser encarada a regionalização do estado doRio de Janeiro, tendo como exemplo a Região das Baixadas Litorâneas.

1. Sobre o conceito de desenvolvimento

A expressão desenvolvimento traz consigo uma idéia de transformação,de mudança, associada a uma melhora. É uma expressão que guardavariados significados no debate acadêmico, e também político. Vemrecebendo novos adjetivos, de acordo com as transformações mais geraisda sociedade. Buscaremos, considerando estes fatos, nos ocupar de uma breve exposição de diferentes concepções de desenvolvimento, e suarelação com a (re)estruturação espacial.

A concepção de desenvolvimento centrada no projeto da modernidadeesteve muito associada ao racionalismo cartesiano. A ênfase recaia nasquestões gerais relacionadas ao modo de produção capitalista. Podemosassociar a este termo a noção de progresso (modernização) material etecnológico, sinônimo de crescimento econômico.

O modelo de desenvolvimento vigente baseia-se, segundo Rua (2002, p.18), "em princípios que foram sendo construídos desde a revoluçãocientífica do século XVII, e ganhou mais força com a revolução industrialdo século XIX." Esses princípios se caracterizam pelo utilitarismo, pelaexpansão ilimitada do capitalismo e pela imposição do modelocivilizatório ocidental, abrangendo as esferas econômica, política e social.

Nesta visão utilitarista, a natureza passou a ser vista como recursoinfindável, a ser explorada e transformada em riqueza, o que foiauxiliado pelo domínio e sofisticação da técnica, na maioria das vezes, aserviço do modo de produção capitalista. Este sistema de (re)produçãoentrou em crise quando suas críticas começaram a ser percebidas naprática, ao resultar em miséria e destruição de grandes espaços naturais.

O desenvolvimento no modo de produção capitalista apresenta-se demaneira desigual e combinada sócio-espacialmente. Trocando emmiúdos, o crescimento econômico de determinadas áreas está associadoà estagnação de outras. O que esta sendo colocado não é uma simpleslógica dual, que separa de um lado "desenvolvidos" e do outro"atrasados". Ambos se inter-relacionam estando presente um no outro. A homogeneidade é sempre pretensa. A visão que se tem de nordeste esudeste é bem reveladora: o nordeste complementava a economia dosudeste com produtos que este não produzia e com matérias primas parasuas indústrias. Todavia, não podemos pensar que o nordeste é sósemi-árido, seca e fome, como é a representação criada por suasoligarquias para legislar em causa própria, na construção do que já foidenominado de "mito da necessidade" (Castro, 1992). E nem o sudeste ésó crescimento industrial, prosperidade, gente bonita, como aparece nasnovelas que são transmitidas para todo país. O nordeste também está nosudeste e vice-versa.

Ao trabalharmos com a escala da cidade do Rio de Janeiro, não podemosconcluir que há somente favelas, ou somente bairros de classe alta: afavela sempre está próxima aos bairros mais abastados e mesmo dentrodeles, através de seus trabalhadores, ocupados como porteiros efaxineiras, por exemplo. Mesmo dentro das próprias favelas há umadistinção entre uma parte com maior infra-estrutura e outra que pode serconsiderada a favela da favela.

O modo de produção capitalista produz espaços desiguais e que secombinam, produtos de uma lógica que lhes é externa. Deste modo, osespaços são percebidos como fruto de uma lógica que perpassa asdiversas escalas de desenvolvimento do capitalismo, desde a global até alocal. Assim, a visão do espaço é antes de tudo uma questão de escala.

A realidade que se apresenta diante dos olhos não é a mesma casomudemos a escala: conforme colocado, criamos pretensashomogeneizações e não conseguimos apreender o fenômeno em suatotalidade. Ao observar uma carta de 1:50.000, percebemos uma realidade que não é a mesma quando observamos uma planta de1:10.000. O recorte a ser trabalhado permite visualizações de fenômenosque não aparecem em outras escalas. Portanto, se buscamos pensarestratégias de desenvolvimento nacional, regional, ou local, asprioridades passam a ser distintas.

Quando a questão local surgiu, de acordo com Bourdin (2001, p. 18),"prevaleciam nas sociedades dominantes, processos de homogeneização,ligados ao desenvolvimento do consumo fordista e a emergência nospaíses ricos de camadas cada vez mais vastas organizadas em tornodeste consumo".

Mais à frente Bourdin complementa dizendo que

"Hoje nos encontramos em uma situação inversa. A onda neoliberal, ofim dos blocos, a frágil governabilidade dos grandes conjuntos sociaisprejudicaram o Estado-Providência (...), mesmo nos países ricos oconsumo pós-fordiano se diversifica consideravelmente e deixa de ser umfator de homogeneização social, o universalismo cede cada dia um poucodiante do relativismo tranqüilo para não dizer hipócrita, a singularidade éo valor mais garantido que existe, as ideologias comunitárias e

'identitárias' se impõem." (Bourdin, 2001, p. 19-20)

A idéia de desenvolvimento local emerge em meio a uma crítica aossistemas pretensamente totalizantes característicos da modernidade. Odesenvolvimento local visa a incorporar elementos da cultura e da subjetividade. A escala local é onde isto se torna possível, pois é maisfácil de serem visualizados os elementos concernentes à cultura e àidentidade das comunidades e de mobilizar os agentes necessáriosentorno da idéia.

Alguns autores discordam que o desenvolvimento deva ser visto na escala micro. Em entrevista a "Revista Proposta", Vainer (1998, p. 41) afirma que "a questão do desenvolvimento é uma questão macro. Aomeu ver, não existe questão micro de desenvolvimento. A noção dedesenvolvimento local é uma noção teórica e conceitualmenteinconsistente". O desenvolvimento, na sociedade capitalista, énecessariamente articulado aos processos mais gerais. Segundo este autor, "a questão do desenvolvimento local teoricamente não faz sentido.Isso não que dizer que a questão da articulação local, regional, nacionale global não o faça. O local na verdade só tem sentido comoproblemática da articulação entre várias escalas." (Vainer, 1998, p. 41).A questão do desenvolvimento local é central desde que enfocada nãocomo oposição ao desenvolvimento global, mas como uma das escalasdesse movimento, não devendo haver uma sobre valorização denenhuma das escalas.

Martins argumenta que o entendimento da escala local permite a eficáciadas ações e um melhor acompanhamento dos resultados. De acordo comeste autor, "quando se fala de local, está-se referindo à escala dasinter-relações pessoais da vida cotidiana, que sobre uma base territorialconstroem sua identidade" (Martins, 2002, p. 54).

A idéia de desenvolvimento local tem, segundo Veiga (2002), respaldocientífico nos distritos marshallianos, estes revelaram que iniciativaslocais tornam-se fatores de competitividade ao fazerem dos territóriosambientes inovadores. A partir destes as organizações internacionais,"com muito atraso começaram a levar a sério proposições sobredesenvolvimento 'endógeno', desenvolvimento 'de baixo para cima', eaté sobre 'ecodesenvolvimento'" (Veiga, 2002, p. 12). Entretanto,trata-se de um espaço com suas próprias peculiaridades, inserido em umcontexto completamente diferente da nossa realidade. Bocayúva noslembra que estamos trabalhando no plano do local periférico do sistemacapitalista, este "atualiza as diferentes dinâmicas e estratégias, quepermitem visualizar a construção de alternativas e experiências,reabrindo o tema do desenvolvimento como um direito coletivo daspopulações." (Bocayúva, 1998, p. 38). Para Bocayúva, o plano local traz

"A perspectiva de articular novas lógicas entre público e privado, novasformas de integração de políticas e mecanismos democráticos de gestãonuma perspectiva sócio-ambiental pode permitir uma formulaçãoalternativa de redefinição dos rumos do desenvolvimento". (Bocayúva,1998, p. 38).

O local emerge como contraponto importante para a tentativa de investimentos tanto por parte do estado como do capital privado. Para Oth, o desenvolvimento local passa a ser uma tentativa de ultrapassar ainércia do passado, e propõe para este um "paradigma aproximativo".

O paradigma aproximativo do desenvolvimento local seria o seguinte: os atores locais, unidos por uma vontade solidária encarregam-seconjuntamente do destino do seu território em função das necessidades edos recursos locais. Seu projeto cultural e global ultrapassa asconsiderações unicamente econômicas e deve criar novas relações sociaisque se situam no nível da qualidade de vida. (Oth, 1997, p.87)

Pressupõe-se, então, a vontade de participação da população local, queseria a maior interessada no processo. Porém, quando tais planos dedesenvolvimento são desencadeados, o que se percebe é umesvaziamento das reuniões, que seria, conforme Martins (2002), não aexpressão de um desinteresse, mas um importante indicativo de que seuconteúdo pode não ter sido bem entendido ou aceito.

Recentemente alguns autores vêm trabalhando com a idéia dedesenvolvimento territorial, entre eles ressaltamos Veiga (2002 e 2000) e Abramovay (1999 e 2000). Ambos autores são economistas etrabalham na mesma perspectiva, fazendo uma reflexão a partir deconcepções da OCDE (Organização para Cooperação e DesenvolvimentoEconômico). Veiga (2002) questiona se estaria havendo umarevalorização da dimensão espacial na economia, ou se seria apenasmais um adjetivo incorporado ao substantivo desenvolvimento. O próprioautor responde que parece estar havendo uma revalorização dadimensão espacial, porém ainda se está longe de considerar a expressão"desenvolvimento territorial" como um conceito propriamente, além deser cedo para conhecer seus efeitos práticos.

Abramovay (1999) propõe sete desafios para o desenvolvimentoterritorial. Entre estes podemos citar: a necessidade de uma mudança noambiente educacional, com a valorização da cultura e da técnica local; aformação de uma rede de atores trabalhando para a valorização dosatributos de uma região; a necessidade de uma ação extra-municipal,pois muitas vezes esta unidade administrativa é inadequada para gerir arede de relações necessárias ao desenvolvimento territorial; aparticipação das universidades na formação dessas redes.

As vantagens de se utilizar as palavras espaço ou território estão,segundo Veiga (2002), no fato de não restringir o fenômeno a escalalocal, regional, nacional ou mesmo continental, podendo revelar ao mesmo tempo essas mesmas dimensões.

A proposta de um desenvolvimento territorial ultrapassa as propostas de desenvolvimento setorial e engloba, como já foi dito, outras escalas quenão só a local. As contribuições de Abramovay (2000) e Cruz (2000)caminham por esta linha. O primeiro, ao discutir as principais definiçõese delimitações entre rural e urbano, propõe uma concepção de rural denatureza territorial e não a setorial, comumente difundida, relacionada àsatividades agrícolas. O segundo discute o planejamento para o turismo,visto pelo território e não setorialmente, o turismo em si. Em resumo, aótica de análise e ação passa a ser o território e não as atividadessetoriais.

As abordagens de Veiga e Abramovay encaram como sinônimos aspalavras espaço e território. Reconhecem a importância da dimensãoespacial para a implementação de políticas, porém trazem consigo umaimprecisão conceitual facilmente reconhecida para os geógrafos. Fato queespaço e território, juntamente com região, lugar e paisagem sãoconceitos-chave da Geografia, tendo uma grande diferença de significadopara os que trabalham nesta ciência.

O conceito de território vem sendo bastante utilizado por outras ciências,como a Biologia, a Psicologia, a Antropologia, a Economia, entre outras, o que traz ao mesmo tempo uma diversidade e uma riqueza de significados. A concepção aqui empregada diz respeito às relações depoder sobre o espaço (Souza, 2000). O território pode ser entendidocomo espaço apropriado pelo poder, substrato material base dareprodução social (Haesbaert, 2002). Possui também (com isso) umconjunto de valores que o impregnam de simbologia, relacionando umadimensão identitária, de pertencimento a determinado espaço quetambém é apropriado por estas práticas simbólicas. De importância

capital é o entendimento da dimensão político-institucional do território,delimitado enquanto unidade administrativa, no qual emergem diversascontradições ligadas às diferentes práticas de (re)estruturação/gestãoterritorial. Estas estão ligadas fundamentalmente ao poder executivo e àiniciativa privada, sendo que estes também agem (na maioria das vezes)articulados. Desta forma, o conceito de território guarda uma polissemiavinculada à identidade, ao poder, ao pertencimento, ao eu e a nós, aosimbólico, à alteridade, à norma e à regra.

A análise do território é aqui entendida na relação com outros territóriose outras escalas espaciais. Não se deve supervalorizar o local ou o global,mas tentar apreender a realidade em suas múltiplas (inter)relações ecomo as escalas e as diferentes lógicas se interpenetram em um modelode desenvolvimento. Este é diferenciador em sua essência, pois age deforma desigual e combinada levando a rebatimentos diferenciadores que mudam conforme a escala do olhar. Em suma, deve-se tentar interpenetrar as escalas e apreender a totalidade em seus constantes processos de totalização.

Entende-se o desenvolvimento atual como desterritorializador (Haesbaert, 2002). A preocupação com este processo é remetida aosexcluídos do seu substrato material de reprodução da (sobre)vivência. Ecom isso descaracterizador de identidades e do menosprezo do saber de comunidades locais.

O desenvolvimento deve ser sinônimo de autonomia para essascomunidades. Esta autonomia se alicerça na garantia política, na qualtodos tenham a possibilidade material de igualdade de chances departicipação na tomada de decisões (Souza, 1997), instituindo o que foidenominado por Souza (2000) territorialidade autônoma. Acredita-se,assim, na emergência de territórios, detentores de uma racionalidadecontrária à racionalidade vigente, pautados em horizontalidades, nasrelações pessoais do cotidiano, de co-presença, em um tempo mais lentopróprio do lugar (Santos, 1996).

Esse processo de desenvolvimento que se pensa tem em si umafundamentação territorial, resultante da análise do todo, em suas maisdiversas facetas setoriais, incluindo fundamentalmente as comunidades locais em um processo de reterritorialização e de valorização do saberfazer dessas pessoas.

2. Descentralização e Políticas Públicas

No Brasil, os sujeitos das políticas para o desenvolvimento local são osmunicípios, que ganharam autonomia administrativa a partir daconstituição de 1988. A partir de então, os municípios foram capacitadospara se tornarem protagonistas na implementação de políticas públicasde gestão territorial. A partir de um processo de descentralizaçãoadministrativa e financeira, a chamada municipalização, pautado em umreceituário neoliberal de diluição do Estado, estes municípios passaram ase constituir como "entes governamentais", conforme observou Penalva Santos (2002).

A descentralização foi defendida como instrumento de melhoria da gestãodos serviços e dos gastos públicos, em um contexto marcado pelo debatedo papel do setor público na economia. Esse processo se pautou noreceituário do Banco Mundial que empenhou a "Reforma do Estado",visando um "Estado Mínimo", reduzindo sua participação através deprivatizações e de descentralização de poderes.

Observa-se que tal receituário, ao incentivar a descentralização, acabapossibilitando o surgimento de administrações progressistas, baseadasna participação popular. Ressalta-se ainda que o Estado mínimo,propagandeado pelo pensamento neoliberal, mantém-se forte nasrelações onde o poder privado necessita de sua tutela. Desta forma, o

Estado se metamorfiza para assumir novas funções, tendo ainda umagrande poder de regulação.

A descentralização administrativa seria um instrumento dedemocratização do poder, que favoreceria a uma maior participação dasociedade na formulação de políticas públicas. Juntamente com adescentralização administrativa foi necessário que se realizasse umaumento dos recursos a serem disponibilizados, de forma a proporcionar maior autonomia aos municípios. Para isto foi criado o Fundo deParticipação Municipal (FPM), além de instituído o repasse do ICMS(Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), arrecadado peloEstado, fora o IPTU (Imposto Predial Territorial Urbano), que é deresponsabilidade do município.

No estado do Rio de Janeiro, é de grande importância o repasse dosroyalties da exploração do petróleo na Bacia de Campos. O Brasil temuma produção de petróleo que o torna quase que auto-suficiente,dependendo muito pouco da importação desse produto. O estado do Riode Janeiro é responsável por cerca de 80% da produção nacional, o quepode nos dar uma idéia do montante de verbas que é repassado por talatividade. Os principais beneficiários são os municípios da Região dasBaixadas Litorâneas, assim como os do Norte Fluminense, devido ao fatode estarem integrados as áreas geoeconômicas do petróleo. Os critériospara as distribuições se dividem, segundo Ribeiro, em três categorias:

A primeira corresponde a zona de produção principal, entendida comoconjunto de municípios confrontantes com os poços produtores e aquelesque possuam instalações industriais; a segunda, denominada zona deprodução secundária, compõe o conjunto de municípios atravessados poroleodutos ou gasodutos destinados exclusivamente ao escoamento daprodução de uma dada área de exploração marítima; e quanto a terceiraárea é chamada de zona limítrofe, entendendo-se por aquela formadapelo conjunto de municípios contíguos aos municípios que integram azona de produção principal, bem como os municípios que, embora nãoatendendo a critério de contigüidade, possam ser social oueconomicamente atingidos pela produção ou exploração do petróleo ougás natural. (Ribeiro, 2001, p. 23)

Pode ser observado no Quadro 1, os valores recebidos pelos principaismunicípios beneficiários em 1999-2000.

Quadro 1: Estado do Rio de Janeiro: Distribuição dos royalties eparticipações especiais - 1999 - 2000.

Municípios Beneficiados

Royalties(em milhões de

reais)Participação

especial

Total(em milhões de

reais)1999 2000

1 - Campos dos Goytacazes 48,460 94,025 54.743,190,34 548,768

2 - Macaé 34,775 67,461 17.365,853,42 84.827

3 - Rio das Ostras 17,654 36,510 25.201.769,58 61,711

4 - Quissamã 14,647 25,077 5,971.791,95 31.048

5 - Cabo Frio 13,175 23,371 23,371

6 - São João da Barra 5.361 12.263 12.263

7 - Armação de Buzios 6.774 12,071 12.071

8 - Casimiro de Abreu 6,052 11,547 11,547

9 - Duque de Caxias 4,416 11.041 11,041

10 - Carapebus 6,166 10.859 591.201,57 11.450

Fonre: Ribciro, 2001.

A descentralização administrativa e o grande repasse de royalties eparticipações especiais, provenientes desta atividade, levaram diversosdistritos a reivindicarem sua autonomia, acarretando uma fragmentação

A propósito do conceito de regiãopodem ser consultadas comoliteratura básica, Corrêa (1998),Lencioni (1999) e Gomes (2000).Vale destacar ainda acontribuição que nos é fornecidapor Livingstone (1993),especialmente o capitulo 8 destaobra, “The Regionalizing Ritual:Geography, Place andparticularity” (p. 260-303).

na malha municipal que ficou conhecido como "febre emancipatória".Participam como exemplos sui generis deste processo os municípios deRio das Ostras, Armação dos Búzios e Quissamã.

Ainda hoje percebem-se movimentos reivindicatórios que buscam darautonomia a outros distritos, como o de Tamoios, em Cabo Frio e de Barra de São João, em Casimiro de Abreu, intimamente interessados naspossibilidades de gerir os recursos do petróleo, que na maioria das vezesfica concentrado na sede municipal.

3. Uma breve discussão sobre região eregionalização

Faremos agora rápida abordagem sobre oconceito de região na história dopensamento geográfico, para uma melhorinterpretação do nosso ponto de vista.Não nos prenderemos às Escolas, uma vezque este não é nosso propósito nomomento. Apresentaremos a região,ligada aos aspetos físicos, à quantificação,ao marxismo e à subjetividade.

O conceito de região tem sua origem associada a atividadesadministrativas, para melhor arrecadação de impostos e uma melhorgestão (e controle) do espaço. Ao percorrermos a história da Geografia,observa-se como este conceito foi imbuído de significados diferentes. Ageografia hoje denominada tradicional tinha na região o seuconceito-chave que buscava dar legitimidade à ciência. A região naturalfoi pautada em elementos das ciências naturais, as monografias queindicavam as regiões configuravam ao mesmo tempo seu carátersingular. A região natural era de fácil delimitação, pois baseava-se,principalmente, em aspectos como relevo, vegetação, hidrografia e clima.Os aspectos naturais eram vistos ainda como condicionantes de uma cultura, própria de uma região.

A geografia neopositivista, imbuída da razão matemática, trouxe aestatística para a geografia. A delimitação regional passou a estarrelacionada a teorias quantitativas que definiam a funcionalidade dasregiões. Visava também uma hierarquização das cidades, sendo pautadaem números. A região era definida em trabalhos de gabinete, em umaanálise fria de dados estatísticos. A geografia e seu métodológico-dedutivo, extremamente racional, ganhava a teoria de W.Cristaller (lugares centrais) e ares de cientificidade.

A geografia, ao se apropriar do materialismo histórico e dialético,autodenominando-se marxista, ignorou o conceito de região. Criticava afetichização do conceito ao transformá-lo em ator, em que a preocupaçãodos autores era pura e simplesmente as lutas de classe e o desenvolvimento do capitalismo. Para eles, o espaço não tinhaimportância, o que acabou por produzir, na época da introdução destacorrente de pensamento no Brasil, trabalhos muito parecidos, que teorizavam sobre o desenvolvimento do capitalismo e no final faziam algumas menções ao local de estudo. A crítica marxista ao conceito deregião pode ser vista em Markusen (1981). Posteriormente, assumindoque o desenvolvimento do capitalismo ocorreria de forma desigual e combinada, a proposta de divisão regional dessa corrente de pensamentobaseou-se na divisão territorial do trabalho.

A partir do final da década de 80, vêm ganhando forças na geografiaquestões relacionadas à subjetividade, com a incorporação dafenomenologia, em tempos denominados por alguns intelectuais depós-modernidade. Tópicos como cultura e identidade passam a ter cadavez mais espaço no temário geográfico.

Como um exemplo disto foram expostos no item anterior oscritérios para as definições dasáreas geoeconômicas dopetróleo. Os municípios buscaramargumentar alguma forma de pertencer a estas áreas,preocupados em conseguir um maior repasse possível derecursos provenientes daexploração da atividadepetrolífera.

Uma análise do processo defragmentação da malha municipalfluminense é feita em CIDE

Não achamos que as diferentes correntes do pensamento geográficoapresentem definições melhores ou piores a respeito do conceito deregião. Estas definições podem ser encaradas de forma não excludente.Certamente concordamos com a crítica marxista que o espaço não podeser encarado como sujeito. Porém, também é certo e necessário avalorização do papel do espaço na estruturação da sociedade, pois esteage condicionando a ação humana, ao mesmo tempo em que é agido poresta. O espaço é parte intrínseca da sociedade, formando uma totalidadeque se encontra em constante processo de totalização (Santos, 1996). Oespaço é ator e agido simultaneamente, não sendo fetichizado.

A incorporação da visão marxista coloca a questão do desenvolvimentodo capitalismo, que se expressa espacialmente de forma desigual e combinada. A lógica do desenvolvimento capitalista é apreendidadiferentemente a partir das particularidades de cada espaço, que a partirde sua própria lógica, conflitos e contradições, lê este processo de formasingular.

As relações com o espaço e os conflitos nele travados, e por estecondicionado, acabam por criar uma identidade da população com oespaço que não pode ser ignorada na delimitação de uma região. Estapode estar ainda relacionada a aspectos naturais como, por exemplo, o mar ou a serra, que influenciam o modo de viver, possibilitando aexploração de atividades como a pesca, a agricultura, criando laços depertencimento das pessoas com o lugar, bem como uma paisagem diferenciada, elementos que fornecem uma identidade facilmentevisualizável a uma região. Da mesma forma podem ser utilizados dadosestatísticos para comprovar a funcionalidade de variados espaços e apossibilidade de agrupá-los em regiões.

A partir desta rápida exposição sobre oconceito de região e suas diferentesinterpretações, poderíamos afirmar quedificilmente diferentes geógrafos, quandoestudam uma dada realidade, proporiam a mesma regionalização para esta, dada ainclinação maior ou menor a cada umadestas correntes e as diversasinter-relações possíveis entre estas. Aregião acaba por ser o que se quercomo a região, dependendo dos critériosa serem escolhidos, ou mesmo dos interesses pessoais de governantes que possam receber maioresbenefícios com a inserção em uma ou outra região.

No próximo item serão analisadas diferentes regionalizações que foramfeitas para o estado do Rio de Janeiro.

4. Regionalizações do estado do Rio de Janeiro

Vejamos agora como diferentes órgãos, que trabalham com políticaspúblicas, regionalizaram o estado do Rio de Janeiro para seus propósitos.Antes disto apresentamos também a regionalização feita por AlbertoRibeiro Lamego, referência nas pesquisas sobre este estado. Em seu livro"O Homem e a Restinga", este autor apresenta um mapa com os "Setores da Evolução Fluminense" (mapa 1). Estes diferentes setoresdizem respeito à relação do homem com a natureza, o que é notadopelos próprios nomes dos setores: O Homem e a Serra; O Homem e aRestinga; O Homem e o Brejo; e O Homem e a Guanabara.

A apresentação do mapa de setores daevolução fluminense (mapa 1) e do mapade blocos territoriais do estado (mapa 2) serve para efeito de comparação com as

(1993) e Natal e Barbosa (2001)diferentes regionalizações hoje utilizadas.O mapa 2 diz respeito aos blocos de origem dos municípios, que poderiam serlidos aqui também como regiões e regiões de transição. Uma analisedestes blocos quando comparados a regionalizações atuais demonstracomo foi mantida uma certa coerência interna a estes, tal como regiões.

Mapa 1: Setores da evolução fluminense.

Mapa 2: Blocos territoriais na fragmentação municipal do estadodo Rio de Janeiro.

4.1. A regionalização do CIDE

O CIDE é o órgão vinculado ao Governo do Estado do Rio de Janeiro quepossui entre suas principais atividades o levantamento de informações ea tabulação de dados estatísticos. Produz um Anuário Estatístico, comdados do IBGE e de diversas outras instituições, além de diversos mapassobre temas variados. Edita um Boletim Mensal, o IQM (Índice deQualidade Municipal) e diversas outras publicações, como por exemplo o

Foi através de visitas ao sítio daFundação CIDE(www.cide.rj.gov.br), em outubro de 2002, que notamos taisalterações.

O Rio Cresce: Esta publicaçãoteve por base uma pesquisa realizada pela FIRJAN/SEBRAE-RJ (1998). Esta pesquisa visava identificar as potencialidadeseconômicas e a competitividadedo estado do Rio de Janeiro e de suas regiões.

Boletim Técnico.

O que é produzido no CIDE tem por base a regionalização do estadodefinida por esta instituição. A análise desta regionalização se fazprimordial, pois esta foi feita para o planejamento e execução de políticaspúblicas por parte Governo do Estado (CIDE, 1997). Estas são as regiõesoficiais do Governo, recebendo o nome de Regiões de Governo (mapa 3).

Mapa 3: Regionalização do CIDE para o estado do Rio de Janeiro.

Apesar de adotar esta região para fins de planejamento do Governo,muito pouco é discutido sobre elas e também foram poucas as políticasimplementadas que tiveram uma abrangência regional. Não há nenhumestudo qualitativo aprofundado sobre estas regiões. Na publicação"Território" (CIDE, 1997) são apresentadas an passant e o estado éfocalizado como um todo, provavelmente pela dificuldade de se empreender estudos mais aprofundados sobre regiões com tão poucahomogeneidade.

Recentemente ocorreram pequenasmudanças sobre esta regionalização, quenão foram acompanhadas de nenhumapublicação. Assim, Maricá e Mangaratibadeixaram de pertencer a RegiãoMetropolitana e passaram a BaixadasLitorâneas e Baía da Ilha Grande respectivamente, esta última mudoutambém de nome passando a ser denominada Costa Verde, mesmadenominação utilizada há bastante tempo pela TurisRio, como veremosno próximo item. A incorporação destes municípios a ambas as regiõesrevela uma preocupação em associá-los a uma imagem turística,atividade expressiva nestas regiões, desvinculado-se da imagem deRegião Metropolitana.

O Governo do Estado publicou em 27 de abril de 2001 a revista "O Rio Cresce", encartada no Jornal do Brasil. Nestapublicação demonstrava aspotencialidades e os fatores de competitividade que deveriam ser incentivados em cada uma das regiões.Dos possíveis projetos, o que ganhou

O Programa Frutificar concedecrédito de até cento e cinqüentamil reais, para o financiamento de fruticultura irrigada domaracujá e do abacaxi emestabelecimentos de 2 a 10 hectares. O produtor ao entrar no programa se compromete a vender pelo menos 50% daprodução à uma empresaintegradora (a Bela Joana e aNiágara), e esta fica com aobrigação da compra de 100% daprodução se o produtor assimdesejar. O programa recentemente foi expandido àcocoicultura no município deQuissamã, que para istoconstruiu com o auxílio daEmbrapa uma envasadora deágua de coco. A respeito dofrutificar e de sua inserção emQuissamã, ver Menezes e Souza(2003).

corpo e foi executado com umaabrangência regional, foi o Programa Frutificar, com a implantação de um pólode fruticultura irrigada no Norte e Noroeste fluminense. Excetuando-se o Frutificar, ainda não foram implementadosprogramas pautados nas Regiões deGoverno.

4.2. A regionalização turística (TurisRio)

Após a fusão dos estados do Rio deJaneiro e da Guanabara, inicia-se uma tentativa de interiorização dos fluxosturísticos no estado. O plano deDesenvolvimento Econômico e Social parao período de 1980-1983 dividiu o Estadodo Rio de Janeiro em seis regiõesturísticas, com o objetivo de facilitar osestudos e o planejamento dessa atividade: Metropolitana, Costa Verde, Costa do Sol, Norte, Serramar e Serrana, esta dividida em Serrana A e Serrana B (Fratucci, 2000).

Fratucci nos fornece uma explicação de como foi feita estaregionalização.

Essa divisão, resultado de estudos feitos em 1980, visando a orientar e aorganizar as ações institucionais para o fomento do turismo, baseava-sena homogeneidade e complementaridade da oferta de recursos turísticosexistentes, nas características geomorfológicas e culturais e nos limitespolítico-administrativos dos municípios. Interessante notarmos atentativa de criar nomes que fossem vinculados às característicasturísticas de algumas das regiões. (Fratucci, 2000, p. 87)

Esta é a regionalização adotada pelo TurisRio, o órgão do Governo doEstado responsável pelo planejamento e execução de ações que visem aodesenvolvimento da atividade turística em seu território. Porém, taldivisão regional não encontra mais parâmetro na realidade, entre outrosfatores, devido à fragmentação da malha municipal e ao aumento darede rodoviária, o que criou novas solidariedades entre os lugares, aidéia de solidariedade aqui empregada é de acordo com Santos (1996).

Na sua dissertação de mestrado, Fratucci (2000) destaca que vemsurgindo uma regionalização turística espontânea, envolvendo grupos demunicípios vizinhos no estabelecimento de unidades regionais comcaracterísticas turísticas homogêneas, objetivando otimizar odesenvolvimento desta atividade. Assim foram formados: o CONRETUR - Conselho Regional de Turismo da Região das Agulhas Negras; oCONCICLO - Conselho Regional de Turismo do Ciclo do Café; o Fórum deSecretários Municipais de Turismo da Região da Costa do Sol, além deincorporar os municípios de Quissamã, Macaé e Carapebus, reafirmouesta denominação no lugar daquela ainda presente no senso comum,Região dos Lagos. Alguns municípios localizados na vertente norte daSerra do Mar, com o slogan "do outro lado da Serra", vêm tentandoarticular a possibilidade de desenvolver o turismo rural. Os municípios daRegião Noroeste procuram articular um Fórum Regional deDesenvolvimento Turístico. As dificuldades são a ausência tanto deinfra-estrutura quanto de uma identidade turística regional.

Estas duas regionalizações podem ser visualizadas no mapa 4.

Mapa 4: Regionalização turística do estado do Rio de Janeiro.

Em 2001, a TurisRio lançou o Plano Diretor de Turismo do Estado do Riode Janeiro. Este foi feito a partir de Encontros Regionais com representantes municipais e do mercado turístico, e também com aparticipação de uma empresa de consultoria. Divide-se em duas partes:a primeira, com um diagnóstico, e a segunda, com a apresentação depropostas.

A elaboração do Plano impôs a revisão da regionalização turísticaestadual, buscando adequá-la à atual realidade social, econômica,política e administrativa do Estado, e reconstruí-la em uma perspectivaque incorpore uma visão mercadológica assentada num desenvolvimentoambientalmente equilibrado e economicamente sustentável. Aregionalização proposta considera, ainda, as manifestações espontâneasde aglutinação entre municipalidades (TurisRio, 2001).

Desta forma são propostas duas escalas de organização espacial, asRegiões Turísticas e as Áreas de Desenvolvimento Estratégico (ADE) (vermapa 5). Aquelas têm por objetivo a gestão de tal atividade, constituindouma instância intermediária de articulação entre o Estado e osmunicípios. Neste sentido, é resultado de um agrupamento de umpequeno número de municípios. Os objetivos das ADE estão relacionadosà promoção e ao marketing da identidade espacial destas. Nestemomento elas foram apresentadas sem uma denominação, indicadas poralgarismos romanos e arábicos, devendo seus nomes passarem por umadiscussão.

Mapa 5: Regionalização turística (ADE) do estado do Rio deJaneiro.

As informações aquiapresentadas foram extraídas dosítio destas instituições:www.emater.rj.gov.br e www.sebraerj.com.br.

4.3. As Regionalizações da EMATER-RJ eSEBRAE-RJ

De início explicaremos brevemente o papeldestas diferentes instituições e a seguirapresentaremos suas regionalizações parao estado do Rio de Janeiro.

A EMATER-RJ (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural) é umaempresa pública vinculada à Secretaria de Estado de Agricultura,Abastecimento e Pesca. Entre as atribuições da EMATER, estão as deplanejar, coordenar e executar programas de assistência técnica eextensão rural, visando ao aumento da produção e da produtividade e àmelhora nas condições de vida do meio rural. Também tem porpreocupação preservar o meio ambiente e manter o equilíbrio ecológico.

Entre suas atribuições estão: a profissionalização e capacitação deagricultores, a elaboração de projetos de créditos rural, o apoio àorganização rural, a prestação de consultoria na elaboração do PMDR(Plano Municipal de Desenvolvimento Rural), a execução de análiselaboratorial de solo, elaboração e execução de projetos de recuperação,preservação e exploração de recursos naturais renováveis etc.

A EMATER-RJ apresenta uma estrutura física de gestão composta peloescritório central, pelos escritórios regionais, escritórios locais eescritórios de irrigação e drenagem, conforme pode ser observado nomapa 6.

Mapa 6: Regionalização da EMATER para o estado do Rio deJaneiro.

O SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), éum serviço social autônomo desvinculado da Administração Federal,concebido juntamente com as confederações representativas das forçasprodutivas nacionais. Na forma de pessoa jurídica sem fins lucrativos,tem como objetivo nacional: apoiar e fomentar a criação, a expansão e amodernização das micro e pequenas empresas, capacitando-as paramelhor cumprir o seu papel no processo de desenvolvimento econômicoe social, de distribuição de renda, da geração de trabalho e de novosempresários. Recebem uma contribuição social compulsória, assinaladapor lei, equivalente a 0,3% sobre a folha salarial das empresas. O levantamento de mais recursos se dá com o estabelecimento deparcerias com instituições públicas e entidades empresariais.

O SEBRAE/RJ trabalha com programas de capacitação e incentivo devocações empresariais nas comunidades, nos setores de produção, nasescolas técnicas e também nas universidades, oferecendo apoio paraque as micro e pequenas empresas tenham uma evolução sustentável.Para isto, divide seu trabalho em quatro eixos: informação/orientação,treinamento/capacitação, promoção de negócios e tecnologia.

Atuando em municípios de pequeno e médio porte, o SEBRAE/RJ tambémdesenvolve uma série de fóruns comunitários para integrar e organizar asociedade, estimulando a criação de agendas locais articuladas àsvocações de cada região.

Adota uma estrutura descentralizada mantendo uma rede de balcões emtodo o estado para fornecer atendimento para os empresários de micro epequenas empresas e também para os novos empreendedores. No mapa7 pode ser observada a espacialização dos Balcões Convênio, BalcõesMicro-regionais e das Agências de Desenvolvimento Regional em todoestado do Rio de Janeiro, bem como a regionalização adotada peloSEBRAE.

Mapa 7: Regionalização do SEBRAE-RJ para o estado do Rio deJaneiro.

Os exemplos mais concretos a respeito do que esta sendo apresentado estão relacionados àRegião das Baixadas Litorâneaspelo fato de este ter sido o recorte espacial da monografia a partir do qual o artigo aqui apresentado se originou.

5. A criação de um Conselho Regional de Desenvolvimento

O que se coloca para pensar é a necessidade de uma grande discussãosobre a regionalização do estado do Rio de Janeiro, para que as políticaspúblicas possam ser mais abrangentes e eficazes. A discussão desta novaregionalização poderia envolver representantes do Governo do Estado,EMATER-RJ, SEBRAE-RJ, FIRJAN, CIDE, Universidades, Organizações NãoGovernamentais, sociedade civil organizada, bem como representantes de grandes empresas como Petrobrás, CSN, entre outras.

No caso da Região das BaixadasLitorâneas, podem ser reunidas àsinstituições acima citadas representantesda AREMAC (Associação da ReservaExtrativista Marinha de Arraial do Cabo), da AHB (Associação de Hoteleiros deBúzios), da Companhia Nacional deÁlcalis, da Pró-Lagos, do Fórum deSecretários Municipais de Turismo daRegião da Costa do Sol, entre outros.

A partir de então poderiam ser implementados Conselhos deDesenvolvimento Regional, onde teriam espaço as instituições citadas.Nestes seriam discutidos os problemas regionais e a melhor forma deresolvê-los, além de torná-los transparentes à sociedade que passaria ater conhecimento das propostas e participação nestas. Istoproporcionaria uma "radicalização da democracia", através do aumentoda participação da sociedade, consciente de seu papel como sujeito emum processo de mudança.

Diversas questões ultrapassam a instância das administrações municipaise poderiam ser debatidas em tal conselho, como por exemplo, as relacionadas ao Rio São João, a Lagoa de Araruama, a Lagoa deJuturnaíba, a Reserva Biológica Nacional de Poços das Antas, bem comoquestões relacionadas aos pescadores, aos citricultores, ao turismo, abacia leiteira, atividades que acontecem em diversos municípios emerecem uma gestão integrada para seu maior sucesso. Enfim, umagestão baseada no território, que integra e é definido pela sociedade eseus diferentes setores, e ultrapassa o território definido

político-administrativamente.

O desenvolvimento passaria a ser visto a partir do território e não maissetorialmente. A idéia de setor serve analiticamente, a uma análisesimplificadora, na qual se separa aquilo que está integrado para umamelhor compreensão, e, em decorrência, as políticas passam também aser setoriais, ou seja, separadas. O que não deveria acontecer, dada aforma como estes setores se complementam. O desenvolvimento necessita, então, estar pautado nas criatividades locais, no respeito àssingularidades e ser encarado de maneira integrada.

Experiências com conselhos similares aos que estão sendo propostosacontecem no Rio Grande do Sul, tendo começado no início da década de90, após um período de amadurecimento por parte dos órgãos deplanejamento do estado, no bojo da descentralização política. Suacriação visava, para Klarmann (1999, p. 76), suprir "a falta de instânciasde articulação regional constituído-se paralelamente em instrumento demobilização da sociedade e fórum de discussão e decisão a respeito depolíticas e ações que visassem o desenvolvimento regional". EstesConselhos são, de acordo com Rückert (1997, p. 96-97), "órgãos decaráter representativo das diferentes regiões do estado para definiremco-responsabilidades de investimentos juntamente com o Governo Estadual".

A experiência sul-riograndense serve como exemplo, todavia poderíamospensar em uma proposta de acordo com as características singulares denosso estado. As características singulares do território fluminense foramressaltadas por Davidovich (1999) e Ribeiro (2001). A elaboração destaproposta consideraria que o município do Rio de Janeiro foi a capital dopaís, o estado tem alta concentração metropolitana, é um dos menoresestados da federação e com uma alta densidade populacional, apresentaum interior com um quadro de amplo domínio da população urbana sobrea rural, entre outras singularidades. Assim, a instituição de novas formasde pensar o desenvolvimento regional passa necessariamente pelos diversos setores da sociedade. Tais Conselhos de Desenvolvimento Regional poderiam ser os fóruns para a instalação de tais debates.

6. Em busca de uma síntese

A regionalização do estado do Rio de Janeiro como foi acima expostonecessita de uma grande discussão. Assumindo nossa participação nela,não podemos deixar de expor nossa opinião a respeito. Ao compararmosa regionalização do CIDE (mapa 3), com a da TurisRio (mapa 4 e 5), coma da EMATER (mapa 6), com a do SEBRAE (mapa 7), ficam evidentes asdiferenças entre estas, que podem ser comparadas, ainda, aos Setoresda Evolução Fluminense (mapa 1) e ao mapa de Blocos Territoriais(mapa 2).

Focalizaremos as diferenças com base na Região das Baixadas Litorâneas(vide mapa 3). Ao compará-la com o bloco de Cabo Frio (mapa 2),observa-se que quase todos os municípios pertencem a atual região,exceção feita a Cachoeiras de Macacu pertencente ao bloco daGuanabara, Maricá, no Bloco de transição entre Cabo Frio e Guanabara, eRio das Ostras e Casimiro de Abreu, no Bloco de Transição entre CaboFrio e Campos dos Goytacazes. Quando esta comparação é feita com omapa 1 "Setores da Evolução Fluminense", onde se percebe umaregionalização pautada em aspectos naturais, nota-se que a área relativaao homem e a restinga ocupa quase toda a atual região, excetuando-seos municípios de Cachoeiras de Macacu (Japuíba) e Rio Bonito, além deincorporar municípios do litoral norte do estado.

O mapa 4 apresenta uma regionalização turística oficial (TurisRio) e outra"espontânea". A região Costa do Sol oficial se assemelha à BaixadaLitorânea do SEBRAE, faltando incluir os municípios de Rio das Ostras e

O mapa 8 refere-se a espacialidade da atividade de veraneio no estado do Rio de Janeiro. Este mapa foi produzido a partir de dados da Sinopse Preliminar do Censo Demográficode 2000 (IBGE, 2000). Utilizamos-nos de uma relação deporcentagem entre o númerototal de domicílios e o número dedomicílios de uso ocasional dosmunicípios, demonstrando destaforma a importância/dependênciada atividade de veraneio para osmunicípios

Casimiro de Abreu, a Costa do Sol espontânea, abrange ainda osmunicípios de Carapebus, Macaé e Quissamã. Os municípios deCachoeiras de Macacu, Silva Jardim e Rio Bonito se inserem na RegiãoSerrana B, juntamente com Nova Friburgo, Teresópolis, entre outros, istona regionalização oficial.

No mapa 5, a nova regionalização da TurisRio, nota-se na ADE VI umaRegião 9 que é idêntica a Costa do Sol oficial, e uma Região 10 na qualinserem-se os municípios Silva Jardim e Rio Bonito juntamente comItaboraí, Tanguá, em uma região parecida com a Metropolitana III doSEBRAE. Enquanto que o município de Cachoeiras de Macacu pertence àRegião 6 (que se insere na ADE V), juntamente com Nova Friburgo,Guapimirim, Teresópolis e Petrópolis.

O mapa 6, de regionalização da EMATER, traz de diferente, com relação àregionalização do CIDE, a ausência do município Cachoeiras de Macacuque faz parte da Região Metropolitana. Delineando uma região muitoparecida com relação aos outros municípios.

No mapa 7, observa-se que o SEBRAE reúne em uma Região BaixadaLitorânea, os municípios de Maricá, Saquarema, Araruama, Cabo Frio,Iguaba Grande, São Pedro da Aldeia e Arraial do Cabo. Os municípios deRio das Ostras e Casimiro de Abreu foram incorporados à Região Norte,da mesma forma como Cachoeiras de Macau foi incorporado à RegiãoSerrana e os municípios de Rio Bonito e Silva Jardim passaram a fazerparte de uma Região Metropolitana III, juntamente com Niterói SãoGonçalo, Itaboraí e Tanguá.

Os pontos de interseção entre estasregionalizações estão relacionados aosaspectos naturais, basicamente a área debaixada do litoral que tem as suas praias bastante exploradas pela atividade de turismo e veraneio, o que pode ser observado no mapa 8. O município deCachoeiras de Macacu foi o que apareceu de forma mais distinta nas outrasregionalizações, na maioria delasrelacionando à Região Serrana. O mapa deinfra-estrutura (mapa 9) demonstra quenão há ligações rodoviárias destemunicípio com os demais da Região dasBaixadas Litorâneas. A RJ-116 corta o município vindo de Itaboraí emdireção a Nova Friburgo e a RJ-122 parte de Cachoeiras de Macacu emdireção a Guapimirim.

Mapa 8: Veraneio no estado do Rio de Janeiro.

Mapa 9: Infra-estrutura do estado do Rio de Janeiro.

Tanto os municípios de Rio Bonito quanto Silva Jardim não possuemcaracterísticas que os integrem fortemente a alguma destas regiões. Ofato de serem cortados pela BR-101, uma importante via de acesso àregião, os torna basicamente municípios de passagem, com índices deurbanização bastante inferior aos do litoral. A presença de estradas combom estado de conservação nestes municípios, a Via Lagos em Rio Bonitoe a estrada que liga Silva Jardim a Araruama, os articulam à região.

A dotação de infra-estrutura é um aspecto essencial ao desenvolvimentoregional. São necessários a duplicação e o recapiamento das estradasprincipais e a pavimentação e melhoria de estradas secundárias. Assimhaveria uma integração maior entre os municípios, e com a RMRJ.

O investimento em outros meios de transporte como o ferroviário ehidroviário também seria de grande relevância. Estudo da FIRJAN (1998)propõe a instalação de um terminal de catamarãs em Arraial do Cabo,

para viagens que ligariam tanto ao Rio de Janeiro quanto a Niterói.Pode-se também propor a reutilização da ferrovia presente praticamenteao lado da BR-101, para transporte de carga e passageiros.

A integração regional passa certamente pelas potencialidades a seremdinamizadas como fatores de competitividade regional. No caso da regiãoestudada esta identidade vincula-se à atividade turística. O estado do Riode Janeiro poderia ser pensado através de uma regionalização maisfuncional. Propomos ainda que alguns municípios poderiam pertencer amais de uma região. Por exemplo, o município de Casimiro de Abreuvende a imagem de possuir ao mesmo tempo Serra e Praia, respectivamente na sede municipal e no distrito de Barra de São João. Asede articula-se pela Estrada SerraMar a Nova Friburgo (municípiopertencente a Região Serrana), enquanto que Barra de São João, ao sercortada pela Rodovia Amaral Peixoto (RJ-106) insere-se em um eixo de turismo e veraneio, ligado aos municípios litorâneos. Desta forma estemunicípio poderia pertencer a duas regiões: a Serrana e a das BaixadasLitorâneas.

Longe de esgotar a discussão a respeito da regionalização do estado doRio de Janeiro, esta pesquisa buscou sistematizar algumas propostas diferenciadas, bem como expor nossa opinião a respeito. Diversasquestões precisarão ser aprofundadas em um debate mais amplo. Porfim, o que buscamos com este trabalho é suscitar a necessidade destedebate.

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O texto aqui apresentado constitui-se em uma adaptação do terceiro capítulo da monografiaintitulada "(Re)estruturação espacial da Região das Baixadas Litorâneas (RJ): urbanização,turismo e desenvolvimento" apresentada ao Departamento de Geografia da UERJ em marçode 2003, orientada pelo professor Glaucio José Marafon. Buscou-se nesta monografiaanalisar em um primeiro momento a formação sócio-espacial da Região, em um segundomomento, as rápidas transformações sócio-espaciais a partir da década de 1970,provenientes de uma "urbanização turística", para, no último capitulo, abrir um brevedebate sobre regionalização do estado do Rio de Janeiro, desenvolvimento e políticaspúblicas. Publicado originalmente em MARAFON & RIBEIRO (2003).