geografia das representaÇÕes e vivÊncia … · acompanhados e mentores dos mapas mentais foi um...

16
1 GEOGRAFIA DAS REPRESENTAÇÕES E VIVÊNCIA ESPACIAL NA COMUNIDADE RURAL QUILOMBOLA DE BARRO PRETO - SANTA MARIA DE ITABIRA (MG) E SUA RELAÇÃO COM A EDUCAÇÃO ESCOLAR Aline Neves Rodrigues Alves Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Relações Raciais e Ações Afirmativas (NERA-CNPQ) Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG José Antônio Souza de Deus Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG Nilma Lino Gomes Coordenadora Geral do Programa de Ações Afirmativas na UFMG e do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Relações Raciais e Ações Afirmativas (NERA/CNPQ) Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG Resumo A pesquisa buscou compreender a experiência e a memória, de crianças quilombolas em relação ao seu lugar de vivência. Para isso, o estudo se baseou no pressuposto teórico da Geografia Humanística Cultural em conceituar a categoria lugar, bem como a metodologia de elaboração e interpretação de mapas mentais proposta por Kozel (2007). Os principais sujeitos acompanhados e mentores dos mapas mentais foi um grupo de 17 crianças e incluíram entrevistas com 10 adultos, moradores e não moradores da comunidade. Em contrapartida, à proposta apresentada, foi construído um material de apoio pedagógico para a escola local. Dentre as conclusões destacamos a topofilia (elo afetivo) das crianças em relação ao lugar, a partir de elementos naturais e culturais da paisagem, com ênfase a elementos da paisagem construída. O estudo de caso se situa na Região Metropolitana de Belo Horizonte, porém numa comunidade cujos traços sócio-culturais os aproximam do ambiente rural. Palavras-chave: Quilombo – Mapas Mentais – Crianças – Lugar. Introdução O Decreto 4.4487, que “Regulamenta o procedimento para a identificação, reconhecimento, delimitação, demarcação e titulação das terras ocupadas por remanescentes das comunidades dos quilombos de que trata o Artigo 68 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias” (ADCT) nos apresenta um novo caráter fundiário, dando ênfase à cultura, à memória, à história e à territorialidade dessas comunidades que podem ser urbanas ou rurais. Sendo assim, o estudo das comunidades quilombolas que, por sua vez, se encontra em grande número no Brasil, traz consigo a necessidade de (re) pensarmos e indagarmos como o processo de reconhecimento é vivido e percebido no cotidiano das crianças que

Upload: dodat

Post on 08-Nov-2018

216 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

1

GEOGRAFIA DAS REPRESENTAÇÕES E VIVÊNCIA ESPACIAL NA COMUNIDADE RURAL QUILOMBOLA DE BARRO PRETO - SANTA MARIA

DE ITABIRA (MG) E SUA RELAÇÃO COM A EDUCAÇÃO ESCOLAR

Aline Neves Rodrigues Alves

Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Relações Raciais e Ações Afirmativas (NERA-CNPQ)

Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG

José Antônio Souza de Deus

Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG

Nilma Lino Gomes

Coordenadora Geral do Programa de Ações Afirmativas na UFMG e do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Relações Raciais e Ações Afirmativas (NERA/CNPQ)

Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG

Resumo A pesquisa buscou compreender a experiência e a memória, de crianças quilombolas em relação ao seu lugar de vivência. Para isso, o estudo se baseou no pressuposto teórico da Geografia Humanística Cultural em conceituar a categoria lugar, bem como a metodologia de elaboração e interpretação de mapas mentais proposta por Kozel (2007). Os principais sujeitos acompanhados e mentores dos mapas mentais foi um grupo de 17 crianças e incluíram entrevistas com 10 adultos, moradores e não moradores da comunidade. Em contrapartida, à proposta apresentada, foi construído um material de apoio pedagógico para a escola local. Dentre as conclusões destacamos a topofilia (elo afetivo) das crianças em relação ao lugar, a partir de elementos naturais e culturais da paisagem, com ênfase a elementos da paisagem construída. O estudo de caso se situa na Região Metropolitana de Belo Horizonte, porém numa comunidade cujos traços sócio-culturais os aproximam do ambiente rural. Palavras-chave: Quilombo – Mapas Mentais – Crianças – Lugar. Introdução O Decreto 4.4487, que “Regulamenta o procedimento para a identificação,

reconhecimento, delimitação, demarcação e titulação das terras ocupadas por

remanescentes das comunidades dos quilombos de que trata o Artigo 68 do Ato das

Disposições Constitucionais Transitórias” (ADCT) nos apresenta um novo caráter

fundiário, dando ênfase à cultura, à memória, à história e à territorialidade dessas

comunidades que podem ser urbanas ou rurais.

Sendo assim, o estudo das comunidades quilombolas que, por sua vez, se encontra em

grande número no Brasil, traz consigo a necessidade de (re) pensarmos e indagarmos

como o processo de reconhecimento é vivido e percebido no cotidiano das crianças que

2

fazem parte dessas comunidades. Perguntamos-nos se há algum tipo de influência do

modo de vida dessa comunidade quilombola sobre o seu seus limites territoriais. E em

caso afirmativo, como isso acontece? Há uma predominância da “cultura” quilombola

da comunidade sobre o município e região ou isso é uma troca equivalente? Como a

questão territorial quilombola é percebida pelas crianças da escola local?

A comunidade quilombola de Barro Preto, reconhecida pelo Instituto Nacional de e

Reforma Agrária (INCRA) através da Fundação Cultural Palmares (FCP) no ano de

2006, traz consigo importantes constatações: trata-se de um quilombo rural situado em

região metropolitana.

Surgida em meados do século XIX, Barro Preto também chamado de Córrego do Santo

Antônio, tem sua origem em outra comunidade, denominada Indaiá, em que os

primeiros habitantes teriam comprado terras onde viveram, depois de trabalharem em

fazendas próximas e anteriormente terem sido trazidos escravizados do Rio de Janeiro.

Atualmente sua população é de aproximadamente 600 habitantes distribuídos em cerca

de 150 casas. A forte vocação agrícola e a indisponibilidade de serviços tais como

atendimento médico, comunicação (apenas um telefone público e ausência de caixa de

Correios), transporte público, acesso, saneamento básico (precário abastecimento de

água) e rede elétrica rural com baixa atividade comercial traz características mais do

rural do que do urbano. (SILVA, 2010)

Em relação à economia local, esta se caracteriza por trabalhos sazonais nas fazendas do

entorno e trabalhos de capina em duas empresas locais de recuperação e recomposição

vegetal de áreas degradadas pela mineração. Além desses, a extração do palmito,

garimpo rudimentar e a troca de produtos como de doces e bordados. Outras rendas

advém de doações de parentes que moram fora da comunidade, auxílio invalidez e

aposentadorias, precário atendimento do programa governamental Bolsa Família e a

subsistência, que persiste visando o sustento familiar, com a criação de galinhas, e em

menor proporção suínos e gado leiteiro, assim como os cultivos.

O trabalho na roça, em Barro Preto, sofre modificações influenciadas pela precariedade

de infra-estrutura e conseqüentemente outras formas de trabalho. Situação essa que

acomete toda a comunidade, mas, notadamente a população jovem que migra para

grandes centros urbanos, no caso, Belo Horizonte-MG e São Paulo-SP, e cidades

próximas, como Itabira-MG. Esses jovens buscam complemento dos estudos, pois na

comunidade há apenas uma escola que atende as séries iniciais do ensino fundamental,

3

além desses, visam melhor remuneração salarial. Dentre outros fatores condicionantes

dessa migração se destaca o confinamento territorial qual sofre a comunidade, o que

impede a construção de novas casas.

Segundo o Centro de Documentação Eloy Ferreira da Silva - CEDEFES, os limites da

área ocupada pelos antigos moradores do Barro Preto não condizem com o atual uso e

acesso ao território, tal constatação foi corroborada por esta pesquisa através de

observação em campo e pelos depoimentos colhidos dos moradores, os quais, afirmam

ter possuído uma “área” maior do que hoje se apresenta.

Endividamento com fazendeiros provocando o pagamento através de porções de terras,

bem como o uso da força por parte desses latifundiários que implantaram cercas

próximas às moradias e documentos falsos, ou mesmo, intimidando os moradores por

não possuírem documentos de propriedade dessas glebas, causaram a perda de faixas

territoriais e provocaram o uso seletivo dessas áreas que outrora se configuravam mais

coletivas no cultivo.

Dentre os problemas territoriais temos atualmente a dificuldades no acesso e

abastecimento de água dentro da comunidade. Os poços artesianos que abastecem a

comunidade são exemplos das tensões territoriais in loco, pois, para serem construídos

foram travadas negociações entre poder público, comunidade e fazendeiros.

Cabe lembramos que o artigo 68 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias

(ADCT) reconhece aos quilombolas o direito à propriedade de suas terras devendo o

Estado emitir-lhes os títulos. Tal preceito constitucional traduz a necessidade de

reparação a uma injustiça história de acesso à propriedade de suas terras, agora possível

por seus descendentes. Assim, Barro Preto se encontra com processo aberto junto ao

INCRA desde o ano de 2007.

E para melhor compreender o histórico de reconhecimento da comunidade e seu modo

de vida quilombola através da experiência e memória de crianças-moradoras é que

recorremos aos pressupostos teóricos da Geografia Humanística Cultural. Essa ao

conceituar a categoria lugar nos aproxima da vivência, que podem ser traduzidos por

meio dos mapas mentais. Esses, enquanto imagens passíveis de decodificação e aliados

a outras técnicas nos permitem analisar códigos que traduzem a cultura, a memória e a

história da comunidade, bem como podem apontar como os conflitos territoriais locais

poderão ser percebidos por essas crianças.

4

O Lugar na Geografia Cultural

A discussão do conceito de lugar dentro da perspectiva humanística ganhou força na

ciência geográfica principalmente a partir da década de 1970. Porém, como nos lembra

Filho, a geografia humanística possui marco fundamental notadamente no final do

século XIX com a evolução dos estudos de percepção ambiental. (FILHO, 1999, p.140)

Segundo Tuan (1980) a percepção se dá através dos sentidos (mecanismos biológicos), entretanto a cultura influencia a forma de perceber, construir uma visão de mundo e de ter atitudes em relação ao ambiente. Descreve como as características culturais dos diferentes grupos humanos interferem no modo de perceber o ambiente, porém combinadas a elas, destaca o importante papel da sensibilidade biológica humana nesse processo perceptivo. Os seres humanos atribuem significado e organizam o espaço de acordo com os símbolos que constroem a partir de sua percepção. (KOZEL, 2010)

A categoria lugar recebe uma nova concepção ligada a valores subjetivos que podem

estar ainda referenciados por aspectos localizacionais, classificatórios ou determinando

a presença de fenômenos, porém, nesta nova abordagem, conferindo-lhe significados.

(KOZEL, 2001, p.152). Cabe lembrar, que o lugar poderá ser um bairro, um povoado,

uma casa, uma rua e outros.

(...) o lugar é uma unidade entre outras unidades ligadas pela rede de circulação; o lugar, no entanto tem mais substancia do que nos sugere a palavra localização; ele é uma entidade única, um conjunto “especial” que tem história e significados. O lugar encarna as experiências e as aspirações das pessoas. O lugar não é só um fato a ser explicado na ampla estrutura do espaço, ele é a realidade concreta a ser esclarecida e compreendia sob a perspectiva das pessoas que lhes dão significados. (TUAN, apud HOLZER, 1999, p.70)

A experiência por sua vez, implica na capacidade do ser humano aprender a partir da

própria vivência, atuando sobre o dado e criando a partir dele. Dado este não conhecido

em sua essência. O que significa que experienciar seja vencer os perigos. (TUAN, 1983,

p.10)

Dessa forma, em Tuan, proeminente geógrafo chinês, o lugar é afetivamente recortado e

emerge da experiência, sendo um “mundo ordenado e significado”. Antes, porém, existe

o espaço que sendo amplo e vulnerável provoca medo e ansiedade e é desprovido de

valores e significação afetiva. Portanto, o espaço pode ser transformado em lugar nas

experiências cotidianas, enfim, tornam-se lugares no contato do eu com outros sujeitos.

(TUAN, 1983, p. 61-65)

5

Para, a doutora em Geografia, Salete Kozel, o lugar seria “a dimensão mais concreta do

espaço da qual ninguém pode desligar-se, por ser o espaço das relações imediatas,

proveniente de uma multiplicidade de tempo e relações referentes a um domínio

territorial específico”. Assim, num contato mais próximo, a realidade das comunidades

quilombolas, que se apresentam por laço de parentesco, referencias de identidade e

pertencimento territorial entre seus próximos ganham nitidez ao observarmos a relação

construída entre os sujeitos e seu entorno físico e simbólico. (KOZEL, 2001, p.154)

Nesta perspectiva, não se pode deixar de apresentar dois conceitos dos estudos em

percepção. Da relação dos homens entre si e com o meio físico, temos topofilia e

topofobia. O primeiro foi discutido inicialmente por Bachelard e em seguida por Tuan

em 1979, e por este descreve o sentimento e afeição das pessoas para com o lugar.

Assim, relacionada à categoria lugar, a Topofilia seria o elo afetivo entre a pessoa e o

lugar ou ambiente físico. A palavra topofilia é um neologismo, útil quando pode ser

definida em sentido amplo, incluindo todos os laços afetivos dos seres humanos com o

meio ambiente material. Estes diferem profundamente em intensidade, sutileza e modo

de expressão. Outro conceito importante seria topofobia, que inversamente ao primeiro

decorre da idéia de paisagem do medo. (TUAN, 1980)

Com a geografia humanística-cultural contemporânea há assim o privilégio da

subjetividade, das experiências, dos simbolismos que por sua vez diminuem a

capacidade homogeneizante que muitas teorias geográficas produziram sobre o espaço e

sobre fenômenos sociais, tais como as comunidades quilombolas e seu movimento de

luta por terra e reconhecimento de suas identidades.

Para Compreensão do Lugar: Mapas Mentais

A metodologia de interpretação do lugar que utilizaremos trata-se da abordagem da

“cartografia cultural” ou mapas mentais, que são representações do vivido, uma

expressão de nossa história com os lugares experienciados. Ou seja, revelam como o

lugar é vivido e compreendido pelas pessoas. Enfim, é uma representação que se faz

integrada ao englobar várias representações que colaboram para a interpretação da

realidade ao redor.

O conceito de mundo vivido discutido pela fenomenologia é importante no

entendimento dos mapas mentais, pois se trata de uma análise que permite ir além das

6

representações espaciais assumindo também caráter sociocultural em suas

interpretações.

Na elaboração dos mapas mentais a ideia principal é deslocada para o centro de uma

folha de papel em branco e utilizada na horizontal para proporcionar maior visibilidade.

Cabe lembrarmos que, embora utilizemos a imagem enquanto representação do espaço

desde a pré-história, foi a partir da década de 60 que houve a busca por novas

perspectivas de comunicação e preocupação em desvendar essa imagem. Lynch foi um

dos pioneiros a associar a percepção do “meio” ao comportamento e ação humana, a

partir dos mapas mentais.

A função dos mapas mentais, de acordo com Oliveira (2002), é tornar visíveis

pensamentos, atitudes, sentimentos. Isto para o mundo real ou da imaginação de seu

confeccionador. O que não significa que sejam construções imaginárias de lugares

imaginários. E por sua relevância atrai o interesse, principalmente, de psicólogos,

antropólogos, urbanistas e geógrafos.

Os mapas mentais, portanto, são imagens construídas por “sujeitos históricos reais,

reproduzindo lugares reais vividos, produzidos e construídos materialmente”. E que

portanto, devem ser lidos como produtos em movimento, ou seja, não estáticos e não

apenas cartográficos1 (KOZEL E NOGUEIRA, 1999, p.240)

A ‘metodologia Kozel’, utilizada para interpretação dos mapas mentais parte do

pressuposto que a imagem é apenas uma faceta da representação. Em Kozel (2007)

temos que essa representação é indissociável de tudo que envolve o sujeito e a

linguagem. Esta linguagem uma vez referendada por signos que são construções sociais

refletem o espaço vivido representado em todas as suas nuances. E ancorando-se na

sociolingüística é que Kozel nos apresenta um referencial teórico-metodológico para

interpretação ou decodificação desses signos construídos socialmente.

A autora entende que o objeto de análise é uma forma de linguagem e encontra em

Mikhail Bakhtin (1986) o referencial para análise dos signos (mapas mentais) como

enunciados. Assim, os mapas mentais enquanto construções sígnicas que requerem

interpretação/decodificação estão inseridos em contextos sociais, espaciais e históricos

coletivos apresentando singularidades e particularidades. (KOZEL, 2007, p. 114-115).

O método Bakhtiniano nos apresenta o Dialogismo que estuda a linguagem e o homem

numa interação ou encontro dialógico. O ser humano é visto como ser social, portanto

sua teoria leva em consideração expressões ou interações entre a linguagem e a

7

importância do ser humano como elemento de expressão da sociedade. Assim, o signo

produzido dentro de um contexto que lhe dá sentido poderá ser decodificado como

forma de linguagem.

Kozel (2007) em sua metodologia entende que o ser humano utiliza signos para

representar a realidade, de modo que a construção destes não ocorre de maneira vazia,

mas a partir da consciência que geralmente coincide com a orientação semântica-

ideológica de sua realidade. O que, numa perspectiva sociológica significa dizer que os

signos quando retirados do contexto real vivido transformam-se em apenas sinais.

Assim, a codificação dos signos que formam a imagem na medida em que,

compartilham valores, significados com comunidades e redes de relações tornam se uma

representação não apenas individual, mas coletiva referendando um signo social em

comum. (KOZEL, 2007)

O Desenvolvimento dos Mapas Mentais em Barro Preto

No campo prático, propomos aos estudantes do quinto ano da Escola Municipal Padre

Estevam Viparelli e demais estudantes situados fora dos limites da sala de aula, porém

dentro de Barro Preto, a elaboração de dois desenhos da comunidade e a participação

em duas oficinas: auto retrato e contação de história. A primeira ocorreria em sala de

aula e a segunda situada em local eleito pelos estudantes.

Estes desenhos para eles e mapas mentais para nós se basearam nas recordações que os

estudantes tinham da comunidade. Segundo Kozel (2009), os ambientes percebidos pela

imaginação não podem ser locais indiferentes, mas sim, espaços vividos, e estes se

revelariam nas imagens representadas nos mapas mentais realizados pelo sujeito.

As oficinas ao precederem a confecção dos mapas mentais tinham por objetivo criar um

primeiro diálogo e tornar-se-ia o meio de estimular a memória dos estudantes sobre suas

experiências para com o lugar em que vivem de maneira mais lúdica. Assim, optamos

por não utilizar perguntas estruturadas às crianças.

A oficina O Auto Retrato e a Identidade realizada na escola da comunidade e idealizada

pelo Projeto Negras Imagens em Movimento do Programa Ações Afirmativas na

UFMG2 foi modificada para adequar à realidade dos estudantes de Barro Preto.

Nesta oficina foi possível verificarmos a partir das falas dos estudantes o entrosamento

entre eles, as brincadeiras em comum, diferenciadas notadamente pelo gênero, e os

locais de uso em comum. Notamos também a forte ligação entre eles identificável a

8

partir de algum nível de parentesco, como primos ou irmãos de leite. Além do fato de

estarem juntos desde as séries iniciais.

Sobre identidade, recorremos a várias indagações sobre beleza, então aludidos em

conversas à respeito do cabelo, do corpo, e não intencionalmente à respeito da visão de

África. E estas, por sua vez, se aproximavam de uma visão midiática, em que os padrões

de beleza se limitavam a valoração de olhos claros, pele clara e cabelos lisos, para eles,

e a compreensão de que as crianças africanas passavam fome e eram muito pobres. Com

isto, vimos que eles não se viam próximos às situações vivenciadas por seus ancestrais,

tampouco não demonstraram conhecimentos sobre o vínculo de práticas culturais atuais

com o legado da cultura africana em nosso país.

Após exibição de um trecho do DVD produzido pelo Programa Ações Afirmativas na

UFMG, intitulado África Aqui, que por sua vez discorre sobre a estética dos modelos de

penteados afro-brasileiros, refletimos sobre beleza negra e todos foram convidados a

realizarem a atividade denominada auto-retrato. Em papel kraft em tamanho suficiente

para o desenho de todo o corpo todos se auto desenharam imbuído nas particularidades

do seu EU.

Para Tuan (1983) o corpo humano é aquela parte do universo material que conhecemos

mais intimamente, não sendo apenas a condição para experenciar o mundo, mas como

objeto é também passível de observação. Sua contribuição para a construção dos mapas

mentais esteve ligada a importância dada ao corpo, em várias culturas, em que analogias

entre o corpo humano e a fisiognomonia da terra é amplamente difundida3.

Antes, porém, podemos ainda em Tuan (1983) vislumbrarmos o homem enquanto

medida de todas as coisas, em sentido literal, ou seja, seus princípios de organização

espacial encontram se no resultado da relação de seu corpo com outras pessoas

organizando o espaço a fim de conformá-lo às suas necessidades biológicas e sociais. O

corpo humano é a medida de direção, localização e distância4. E até mesmo as medidas

populares de comprimento são derivadas de partes do corpo como o uso dos dedos ou

do polegar.

Na oficina Contação de História, foi possível conhecermos a comunidade através de

caminhadas com as crianças que se apresentaram para participar da atividade. E às

estudantes foram apresentados5 quatro livros dentre aqueles o escolhido foi Betina, de

autoria da professora Nilma Lino Gomes (2009), da editora Mazza com ilustrações de

Denise Nascimento.

9

O local escolhido para a atividade era elevado em relação à comunidade o que sugeria

uma visão panorâmica da mesma6. Devemos levar em consideração que neste momento,

a participação das crianças se resumiu ao sexo feminino e foram elas que deram

desenvolvimento aos mapas mentais no alto da serra. Esses, por sua vez, foram

denominados “mapas mentais panorâmicos”, os quais foram realizados por meio da

experiência direta do observador com o objeto observado.

Segundo Lynch (1999), o observador ao visualizar a imagem pode aprender a

interpretá-la, por meio de dicas e indícios. Assim, pode rever detalhes anteriormente não

observados e, por meio da repetição da experiência de observação, o modelo de

percepção do ambiente poderá ser alterado.

Essa observação estava mediada à história de Betina, assim, a cada passagem do livro

eram feitas intervenções que buscavam um deslocamento proposital da história fictícia

para o mundo daquelas meninas, e elas se viram instigadas a fazerem reflexões sobre a

protagonista: A menina negra que se sentia linda. E possuía os cabelos bem cuidados,

tinha uma ótima convivência com sua avó e também com a escola. Mas também

refletiram sobre Barro Preto, seus moradores, seus hábitos, os costumes e sua história.

As meninas de Barro Preto tinham em comum, com Betina, o hábito de trançarem os

cabelos, não necessariamente trançados pela avó, mas também pelas irmãs, as tias e até

mesmo vizinhas. A mãe até sabia trançar, mas sempre estava muito ocupada, já que

trabalha fora, foi o que afirmavam. Os ancestrais que a avó de Betina mencionava,

foram relembrados também pelas meninas, elas nos contou que eles vieram de África,

que antes moradores de fazendas próximas, conseguiram fundar a comunidade e

mencionaram a existência de um canavial, plantações de banana, arroz, feijão, em que

os primeiros habitantes da comunidade plantavam para subsistência e comércio7.

Além disso, fizemos uma merecida reflexão sobre a importância de se preservar o

hábito da oralidade e como este pode ser necessário para a memória coletiva de um

grupo, prática essa ancestral.

Enquanto desenhavam os mapas mentais contavam sobre seus afazeres diários, entre

eles as tarefas da escola e outros como lavar louças, alimentar algum animal, “acender o

fogo” e regar plantas. As imagens produzidas repetiam lugares como cachoeira,

porteiras, cercas, as casas dos moradores mais conhecidos, o rio cortando o povoado,

rua principal, a igreja, a quadra, as serras, a natureza.

10

A Análise dos Mapas Mentais

Os aspectos de interpretação dos mapas mentais foram realizados de forma qualitativa a

partir da metodologia proposta por Kozel (2007), que adaptada, assim define os

seguintes aspectos:

1. Interpretação quanto à forma de representação dos elementos na imagem;

2. Interpretação quanto à distribuição dos elementos na imagem;

3. Interpretação quanto à especificidade dos ícones;

Representação dos elementos da paisagem natural

Representação dos elementos da paisagem construída

Representação dos elementos móveis

Representação dos elementos humanos

4. Apresentação de outros aspectos ou particularidades.

Entre as interpretações realizadas pela pesquisa elegemos algumas imagens que seguem

abaixo agrupadas a partir de seus aspectos ou particularidades:

A. Relações com a água e relevância subjetiva:

Mapas analisados nessa ótica:

Júlia, 10 anos Vanessa, 10 anos

Durante a construção dos mapas mentais não foi perceptível a importância dada aos

desenhos que contemplavam casas e suas caixas d’água. Mais tarde pelas entrevistas,

depoimentos coletados e informações adicionais da pesquisa, foi possível compreender

a dimensão das imagens. Essas apresentam a água em diversos locais, em precipitações,

no rio, na cachoeira, pessoas pescando e repetidamente caixas de água sobre as casas,

um grande reservatório de água no alto da serra ou mesmo a bomba d’água da

comunidade. Demonstrando satisfação de ter água encanada ou mesmo a preocupação

11

em mantê-la, já que a nascente que abastece o reservatório encontra-se em terras

vizinhas e há conflitos sobre a sua captação. Para Tuan, muitos lugares, altamente

significantes para certos indivíduos e grupos, têm pouca notoriedade visual para seus

visitantes. São conhecidos emocionalmente, e não através do olho crítico ou da mente.

(TUAN, 1983).

B. Relações com o lazer e experiência:

Mapas analisados nessa ótica:

Luis, 11 anos Adenilson, 11 anos

A quadra, construída no ano de 2008, talvez seja o elemento da paisagem construída

com maior recorrência entre os mapas mentais analisados. Embora seja local que possa

demandar a participação de crianças do sexo masculino, observamos, no entanto, que

são disputados com as meninas. Já na quadra da escola o seu uso acontece de maneira

mais equilibrada, pois conseguem brincar juntos. O fato é que embora seja importante

para as crianças, a quadra da comunidade, não coberta, encontra-se em vias de

degradação pelo “tempo” (agentes geológicos). E por ser elemento de grande

importância e associada à satisfação, a maioria das crianças, a representou em maiores

proporções e bastante colorida.

C. Relações com a religiosidade e memória:

12

Mapas analisados nessa ótica:

Maicon, 11 anos Andréia, 11 anos

As igrejas, católica e protestante, da comunidade de Barro Preto, notadamente a

primeira, se apresentaram como grande referência nas imagens. Normalmente

centralizada nos mapas mentais, maior tamanho se comparada às moradias, por isso de

grande destaque; a igreja encontra-se no imaginário das crianças e traz elementos de

compreensão sobre o lugar de vivência. A igreja católica de Barro Preto tem a função de

reunir coletivos dentro da comunidade. Aí funcionam grupos de oração e mesmo

reuniões da Associação de Bairro e Associação Quilombola de Barro Preto e Indaiá

(AQUBI), bem como as principais manifestações religiosas da comunidade: Natal,

Semana Santa, Festa de São João e celebrações do 13 de maio e 20 de novembro.

D. Relações com os limites e laços afetivos.

Mapas analisados nessa ótica:

Luana, 10 anos Rosiane, 10 anos

As fronteiras criadas a partir da existência de porteiras no território, não parecem sugerir

a limitação à circulação das pessoas. Alguns desenhos retrataram esses ícones como um

símbolo que de alguma forma (de) marca e/ou limita os lugares de forma física. A

autora da imagem, à esquerda - Luana, conseguiu também externalizar a sutil diferença

entre AQUI e LÁ: a quadra para esta moradora de Cambraia está distante, bem como o

13

calçamento, que existe em apenas em um pequeno trecho da comunidade e que ela

intitula, a partir de sua escrita na imagem, como rua. Dessa forma, as porteiras ganham

dimensões de limites no uso dos espaços, mas não impedem o vínculo afetivo com

outros lugares.

E – Relações com o entorno e dinâmica rural-urbano.

Mapas analisados nessa ótica:

Eliel, 10 anos Tomás, 10 anos

Barro Preto nessa representação recebe elementos que demonstram a modernização na

comunidade. O carrinho de areia, na imagem à esquerda, destacado por seu conteúdo

revela a construção de novas casas (verticalmente, uma vez que os limites da

comunidade estão definidos pela vizinhança latifundiária). Notoriamente equipamentos

característicos do urbano, aí representados, revelam-se no interior de um quintal em

meio a uma antiga mangueira. Além da infra-estrutura, como no uso da energia elétrica

e TV a cabo, atentemos aos veículos circulantes na rua principal da comunidade; o

mapa mental da direita recupera através de símbolos sonoros a alegria de um final de

semana, em que ex-moradores, normalmente jovens, voltam à comunidade, em grupos,

para visitarem os amigos e familiares.

Conclusões: Os Mapas e o Material de Apoio Pedagógico

De forma mais geral, o desenvolvimento dos mapas mentais permitiu entendermos

como os estudantes de Barro Preto compreendem o lugar em que vivem: compreender

como se relacionam com os lugares; traz reflexões sobre o uso dos espaços; como

percebem a dinâmica urbano-rural e as questões de evolução tecnológica. Ao contribuir

para a construção do material de apoio pedagógico voltado para a escola local,

14

conseguimos nos aproximar também de questões territoriais, em que as crianças tomam

para si lugares que estão ocupados por seus familiares, mas estão distantes no espaço

físico, porém situados na comunidade.

Contudo, demonstrou-se viável durante a pesquisa o uso de outras fontes, como por

exemplo, depoimentos orais com os adultos da comunidade e mesmo as oficinas com as

crianças-estudantes, que por sua vez, enriquecem as possíveis análises das imagens

produzidas. O elo entre teoria e prática no uso dos mapas mentais nos leva a duas

importantes questões, uma de ordem política e outra pedagógica.

As interpretações dos mapas mentais sugerem ser um indicador de políticas públicas,

guardadas as devidas proporções. Os estudantes ainda que com pouca idade

conseguiram apontar importantes situações/modificações dentro da comunidade e que

foram construídas com recurso público. Podemos apontar: a importância dada ao

abastecimento de água, embora a mesma não seja tratada adequadamente e a

valorização dos espaços de lazer, embora a quadra construída na comunidade se

encontre degradada. Contraditoriamente essas recentes construções aumentam a

topofilia (elo afetivo) que eles possuem pelo lugar.

São olhares e experiências com o lugar que apontam soluções, conflitos e

problematizações que podem ser discutidas e trabalhadas pelo poder público local, aí

considerando também a especificidade destes cidadãos: quilombolas. Outra área de

possível abrangência da metodologia que se apresenta com o caráter de “Cartografia

Cultural” é a educação básica. Enquanto instrumento pedagógico torna-se importante no

ensino fundamental ao trazer subsídios aos trabalhos na disciplina de geografia, pois

proporciona uma análise ampla do estudante no contexto sócio-cultural ao realizar

relações dialógicas entre EU e o OUTRO.

Esta experiência de uso dos mapas mentais na comunidade de Barro Preto nos

aproximou de um movimento em que falar da memória se traduz também em fazer

história. Exercício pedagógico já utilizado por professores da comunidade que visam

ampliar a capacidade e habilidade de seus alunos, estimulando-os a estabelecer

conexões significativas. Em Barro Preto há atividades que trabalham indiretamente a

ancestralidade africana na escola através de aulas de capoeira, maculelê e grupo de

dança, adulto e infantil. E de forma geral há muitos homens e mulheres guardiões da

memória, situação recorrente em comunidades de origem africana.

15

A dinâmica rural observada em Barro Preto e sua proximidade com grandes cidades

geram influências sobre o modo de vida de seus moradores. Entre as crianças, por

exemplo, o gosto musical pelo Hip-hop, cortes de cabelo e desejo de conhecer novos

lugares como já fazem os jovens. Já o contato mais imediato, nas redondezas, parece

sugerir uma troca de informações, possíveis pela mídia local que noticiam

positivamente as apresentações culturais dos quilombolas em eventos públicos. Isso traz

subsídios sobre maior visibilidade da luta quilombola na região e indica oportunidades

de reflexão por parte da população do entorno sobre as contribuições do povoado à

história local e nacional, bem como a secular ocupação territorial de Barro Preto no

atual município de Santa Maria de Itabira-MG.

Notas _____________ 1Vale lembrar que os mapas mentais são imagens que os homens constroem dos lugares, paisagens e regiões. Assim houve na geografia uma tentativa de se trazer para o campo das técnicas cartográficas estas representações, que na verdade devem ser tratadas enquanto fatos cartográficos com significações subjetivas. (FILHO, 1999, p.141) 2O Programa Ações Afirmativas na UFMG situa-se no contexto das políticas de ações afirmativas para população negra no ensino superior. Desde o ano 2002, vem implementando uma política de permanência bem sucedida para os jovens negros/as, principalmente os de baixa renda, regularmente matriculados/as nos diversos cursos de graduação da UFMG. Além disso, desenvolve ações direcionadas para a formação continuada de professores da Educação Básica, projetos de pesquisa, extensão, seminários, cursos e oficinas destinados aos/as alunos/as bolsistas, com a possibilidade de participação da comunidade externa. 3 “Os Dogon da África ocidental vêem as rochas como ossos, o solo como partes internas do estômago, a argila vermelha como sangue, e os seixos brancos do rio como artelhos”. (TUAN, 1983, p.100) 4As preposições espaciais são necessariamente antropocêntricas, quer sejam substantivos derivados de partes do corpo humano ou não. “No Egito Antigo, a palavra para “rosto” é a mesma para “sul”, e a palavra “nuca” está associada com “norte”. Muitas línguas da África e dos Mares do Sul extraem suas preposições espaciais diretamente de termos das partes do corpo como “costas” para “trás”, “olhos” para “em frente de”, “pescoço” para “acima”, e “estômago” para “dentro”. (TUAN, 1983, p.50) 5Os livros apresentados foram selecionados levando em consideração sua importância enquanto literatura que contemple protagonistas negros, que elevam a auto-estima de crianças negras e geram respeito por todas, negras e não negras. 6 Acreditamos que escolha do local não ocorreu de forma aleatória, Tuan verifica em seus estudos o prestígio dado a muitas culturas na escolha de locais que sejam elevados. (TUAN, 1983) 7No trabalho as entrevistas e depoimentos fizeram parte do conteúdo dentro do material e em outra dimensão eram subsídios importantes para interpretação dos mapas mentais confeccionados pelas crianças.

Referencias

ALVES, Aline Neves Rodrigues; Território Quilombola e Escola: Percepções do Lugar a partir do uso de mapas mentais. Monografia apresentada ao IGC/UFMG, 2012

CENTRO DE DOCUMENTAÇÃO ELOY FERREIRA DA SILVA (Org.). Comunidades quilombolas de Minas Gerais no séc. XXI: história e resistência. Belo Horizonte: Autêntica/CEDEFES, 2008. (Coleção Cultura Negra e Identidades).

16

FILHO, Oswaldo Amorim. Topofilia e topocídio em Minas Gerais. In: DEL RIO, Vicente, OLIVEIRA, Lívia de. Percepção ambiental: a experiência brasileira. 2ª edição. São Carlos: UFSCar / Studio Nobel, 1999, p.139-152.

GOMES, Nilma Lino; NASCIMENTO, Denise. Betina. Belo Horizonte: Editora Mazza, 2009. 24p.

HOLZER, Werther. O lugar na geografia humanista. Revista Território. Rio de Janeiro: ano IV, n. 7, p. 67-78, jul/dez. 1999.

KOZEL, Salete. Representação do espaço sob a ótica, dos conceitos: mundo vivido e dialogismo. In: ENCONTRO NACIONAL DE GEÓGRAFOS, 16, 2010. Porto Alegre-RS. Anais... Disponível em: www.agb.org.br/evento/download.php?idTrabalho=4528 Acesso em: 20 abr. 2012

KOZEL T.S e LIMA, A. M. L. Lugar e Mapa mental: Uma análise possível, In: Geografia – v. 18, n.1, jan/jun. 2009. Disponível em HTTP://www.uel.br/revistas/uel/index.php/geografia/ Acesso em: 25 mar.2012

KOZEL, Salete. Mapas mentais - uma forma de linguagem: perspectivas metodológicas. In KOZEL, Salete; SILVA, Josué C.S.; FILHO, Sylvio F. G. (orgs). Da percepção e cognição à representação: reconstruções teóricas da geografia cultural e humanista. São Paulo: Terceira Margem; Curitiba: NEER, 2007.

KOZEL T.S. e NOGUEIRA. A. R. B. A. Geografia das Representações e sua aplicação pedagógica: contribuições de uma experiência vivida, In: Revista do Dep de Geografia de São Paulo. FFLCH-USP.1999.

LYNCH, Kevin. A imagem da cidade. São Paulo, Martins Forte, 1980, 207 p.

OLIVEIRA, Nilza Ap. da Silva. Mapas mentais – Uma forma de representar a compreensão e interpretação do lugar. 2002

SILVA, Elisson Moura; As Estratégias para Manutenção da Comunidade Quilombola: Manejos Tradicionais nos Cultivos de Quintais, Pluriatividade do Trabalho e a Questão Territorial em Barro Preto – Santa Maria de Itabira/MG. Monografia apresentada ao IGC/UFMG, 2010

TUAN, Yi-Fu. Espaço e lugar: a perspectiva da experiência. São Paulo: DIFEL, 1983. 250p.

TUAN, Yi-Fu. Topofilia: um estudo da percepção, atitudes e valores do meio ambiente. São Paulo: Difel, 1980, 288p.