gênero fora da caixa - guia prático para educadores e educadoras

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    Projeto Juventude,Gnero e Espao Pblico

    2011

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    Rua Luis Murat, 260Cep: 05436-040So Paulo - SP

    Tel: 11 3812.1333www.soudapaz.org

    @isoudapaz

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    Ficha conceitual 01:Identidades e modelos de gneroFicha conceitual 02:Diversidade, sexualidade e violncia

    Ficha conceitual 03:A violncia masculinaFicha conceitual 04:Violncia contra a mulherFicha conceitual 05:Direitos da mulher

    > Sitesrecomendados> Materiais audiovisuais> Vdeos educativos> Manuais educativos recomendados> Referncias de textos que abordam as temticas do Guia

    Preparando as atividades:recomendaes para o/a educador/aAtividade 01:Os modelos que eu vejoAtividade 02: Dinmica do concordo e discordoAtividade 03:Mural interativo: tem gente de todo o tipoAtividade 04: Fazendo cena e invertendo os papeisAtividade 05:Homens e mulheres na mdia: questionando refernciasAtividade 06: Estnceis pela igualdade de gneroAtividade 07: Machismo e violncia

    Atividade 08: Mudando o rumo da histria: outras formas de resolveros conflitos

    Atividade 09: Qual a sua? Elaborando um fanzine pelo respeito diversidade de gnero

    Atividade 10: Fotonovelas sobre maternidade e paternidadena adolescncia

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    ApresentaoO Instituto Sou da Paz uma Oscip Organizao da Sociedade Civil de Interesse Pblico que, h mais

    de dez anos, busca contribuir para a efetivao de polticas pblicas de segurana e preveno da violnciapautadas pelos valores da democracia, da justia social e dos direitos humanos.

    A juventude um dos focos de atuao do Instituto Sou da Paz, uma vez que constitui o pblico maisvulnervel dinmica da violncia. Os projetos desenvolvidos pela rea de Adolescncia e Juventude do Ins-tituto Sou da Paz atuam para promover a ocupao democrtica dos espaos pblicos, estimular a resoluo

    pacfica dos conflitos e engajar jovens lideranas na transformao de suas comunidades.Entre 2003 e 2005, o Instituto Sou da Paz implementou o projeto Polos da Paz para revitalizar duas

    praas pblicas da cidade de So Paulo (nos distritos Campo Limpo e Jardim ngela), apostando no potencialtransformador da comunidade, especialmente dos jovens.

    Durante a execuo do projeto, observou-se que o envolvimento de jovens mulheres nas atividadesera menor do que o dos homens. Buscando compreender as razes que limitavam a participao femininanos espaos pblicos e de lazer, o projeto Juventude, Gnero e Espao Pblico foi idealizado e, em 2007, re-alizou-se um diagnstico com jovens homens e mulheres, moradores/as da regio das praas revitalizadaspelo Polos da Paz. A pesquisa demonstrou diversos fatores que afastam as mulheres dos espaos pblicos,tais como preconceito da comunidade em relao s mulheres que ficam na rua, responsabilidades pelas

    tarefas domsticas e de cuidado com a famlia delegadas s mulheres, ocupao dos espaos (principal-mente quadras) mediada pela fora, entre outros. Aps esse levantamento, o projeto realizou oficinas comjovens dos distritos estudados, empregando diferentes linguagens artsticas para estimular a reflexo sobreas questes de gnero e a ampliao da participao feminina nas comunidades.

    A partir dos resultados observados, uma segunda edio do projeto Juventude, Gnero e Espao Pblicofoi realizada em 2008 para sensibilizar gestores/as pblicos/as e de organizaes no-governamentais queatuassem na promoo de atividades culturais e esportivas para jovens em espaos pblicos. Com o objetivode estimular a ocupao democrtica e igualitria e contribuir para o aumento da participao feminina nosespaos pblicos, cerca de 40 gestores passaram por um ciclo de formao.

    A terceira edio do projeto, realizada entre 2009 e 2010, atuou diretamente em duas instituies aEMEF Pe. Jos Pegoraro, no Graja, e o Centro de Juventude Helena Portugal Albuquerque, no Jaan , re-alizando diversas aes em parceria com os/as profissionais e a comunidade do entorno para promover aigualdade de gnero e a convivncia democrtica entre jovens. Dessa forma, os/as profissionais receberamformaes e suporte tcnico para desenvolver prticas pedaggicas que trabalhassem contedos de gnerocom os/as alunos/as.

    Com o apoio do projeto Juventude, Gnero e Espao Pblico 3 edio, foram realizadas, nas duas re-gies, diversas aes em parceria com a comunidade e lideranas locais, como eventos esportivos e culturaispara estimular a participao de jovens mulheres, intervenes artsticas de grupos juvenis da zona sul sobrea temtica de gnero e a formao de uma rede com diversas organizaes para melhorar o atendimento mulher vtima de violncia na zona norte. Tambm ocorreram oficinas de comunicao e gnero com jovenshomens e mulheres para que desenvolvessem campanhas de comunicao social pela equidade de gnero,

    utilizando veculos alternativos como jornal mural, fanzine e estncil.Para orientar os/as profissionais das instituies, sensibilizar a comunidade e estimular a reflexo

    dos/as jovens sobre a temtica de gnero, a equipe do projeto Juventude, Gnero e Espao Pblico pesquisouuma srie de materiais e referncias com o intuito de elaborar atividades que dialogassem com o interesse

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    dos/as jovens. Foi realizado um conjunto de oficinas, buscando promover a convivncia pacfica e a valori-zao da diversidade, contribuir para a reflexo crtica sobre os modelos de feminilidade e masculinidade,estimular a no violncia entre jovens, principalmente do sexo masculino e valorizar a participao feminina.Por meio das oficinas, os/as jovens refletiram sobre a temtica de gnero a partir de suas vivncias.

    Este Guia para educadores e educadoras foi elaborado com base nos resultados alcanados e naexperincia acumulada ao longo da 3 edio do projeto Juventude, Gnero e Espao Pblico. Alm dopasso-a-passo de como replicar as oficinas, o Guia conta com textos de apoio sobre os temas relacionados

    interface gnero e violncia, que so abordados pelas atividades e referncias de sites, vdeos e textoscomplementares para consulta.

    Certos de que os valores democrticos so referncias importantes para a construo de formas deconvivncia pacfica, no temos dvida de que a perspectiva de gnero deve ser incorporada no trabalho com

    jovens para encoraj-los a sarem das caixas. Apostamos nas instituies que atendem este pblico, acre-ditando em seu grande potencial para impulsionar transformaes culturais.

    Assim, esperamos que a utilizao deste Guia contribua para que os/as educadores/as incorporema perspectiva de gnero no seu trabalho junto aos/as jovens, fomentando a construo de relaes maisequnimes e, desse modo, de uma sociedade mais justa e pacfica.

    Boa leitura!

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    Como utilizar este materialO Guia est organizado em trs partes.

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    Marcoconceitual

    Atividades

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    Nesta seo, h textos breves que introduzem conceitos importan-tes para subsidiar algumas reflexes junto aos/as jovens. Eles estoorganizados segundo os seguintes enfoques: identidades e modelos

    de gnero; diversidade, sexualidade e violncia; a violncia masculi-na; violncia contra a mulher; e direitos da mulher.

    O ideal que o/a educador/a leia todos os textos conceituais antesde aplicar qualquer uma das oficinas educativas, bem como busquese aprofundar nas questes que geraram dvidas, consultando ou-tras referncias bibliogrficas indicadas ao final deste Guia.

    Na segunda parte h recomendaes sobre como preparar e realizaras oficinas. Alm do passo-a-passo de como fazer cada atividade, oGuia traz dicas e relatos considerando a experincia da equipe queelaborou este material.

    A ltima parte traz uma srie de indicaes de sites, vdeos e refe-rncias bibliogrficas sobre os temas deste Guia, que podem tantoauxiliar o/a educador/a a se preparar para as oficinas, quanto servircomo materiais complementares para a realizao de novas ativida-

    des para os/as alunos/as.

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    Identidades e modelos de gneroFicha conceitual 1

    O que ser homem e o que ser mulher? Para tentar responder essa questo, talvez sejanecessrio considerar que no existe, quando falamos em identidades, uma forma de ser que sejacorreta ou definitiva. As pessoas esto em constante transformao, variando seus interessese desejos, reorganizando seus projetos, alterando prticas cotidianas e a forma como se perce-bem e como veem os outros. As identidades coletivas (de grupos, sociedades) e individuais vosofrendo a influncia das experincias de vida, modelos, regras e discursos que nos atravessam,produzindo novos significados e sentidos para as vrias dimenses das nossas vidas profissio-nal, familiar, amorosa, etc.

    Durante muito tempo prevaleceu, na maior parte das sociedades, a ideia de que as diferen-as entre homens e mulheres eram naturais e definidas por diferenas dos corpos biolgicos. Asmulheres teriam nascido com uma aptido maior para o cuidado com o lar e os filhos, enquantoos homens tinham maior facilidade para trabalhar fora, fazer maior esforo fsico e assumir car-gos de chefia, entre muitas outras concepes que marcaram as distines entre os sexos. Esse

    mesmo discurso era, notadamente, utilizado para justificar a subordinao feminina e as relaesdesiguais entre homens e mulheres.

    Quando o feminismo ganhou flego, aps a segunda metade do sculo XX, algumas pesqui-sadoras propuseram substituir a noo de diferenas entre sexos por diferenas entre gne-ros, como forma de mostrar que a cultura, por meio de valores, prticas e discursos, influencia aconstruo do ser homem e ser mulher. O conceito de gnero procura evidenciar que esses mo-delos so aprendidos ao longo da vida e se alteram ao longo do tempo, em diferentes contextoshistricos e sociais. , por exemplo, muito diferente ser uma mulher no Brasil ou no Afeganisto,assim como ser uma mulher em 1930 ou em 2010.

    Os espaos de socializao, sejam institucionais ou informais, oferecem, a todo tempo, mo-delos que passam a ser incorporados desde a infncia. Um exemplo disso so as famlias, quandodefinem os brinquedos de menino como a bola e a espada e os de menina como a boneca,o fogozinho e jogo de panelas. O mesmo vale para as roupas, os mveis e as cores de um quartoe tantas outras escolhas que evidenciam uma determinada forma de olhar para a criana. Outroespao de convvio importante na nossa formao a escola, onde os professores expressam eafirmam, na sua ao pedaggica, valores, ideias e comportamentos que consideram adequadospara cada sexo.

    medida que nosso universo de relaes vai se ampliando, torna-se importante tambma influncia dos amigos e de tudo aquilo que vamos percebendo como expectativas sociaise as possibilidades de sermos reconhecidos socialmente. Isso vai dando indicaes de comodevemos lidar com as emoes, como devemos nos comportar sexualmente, fazer escolhas

    profissionais, etc.Quando se pensa a construo de identidades na sociedade moderna, no devemos subes-

    timar o poder que os padres de consumo e a cultura de massas exercem sobre as pessoas e, deforma muito especial, os/as jovens. Videoclipes, revistas, pginas da web, programas de televiso,propagandas e produtos por elas oferecidos so alguns dos elementos que exercem grande influ-ncia nos comportamentos, na formao dos gostos, padres estticos e outras formas de vivere expressar identidades. Certamente, neles esto presentes modelos de gnero que so mais oumenos valorizados. Um padro em filmes de ao mostrar homens fortes e guerreiros, que usamarmas e conquistam belas mulheres, ao mesmo tempo em que revistas trazem sees e mais se-es que ensinam as mulheres a cuidar do corpo para serem mais desejveis e femininas.

    importante ressaltar que esses padres variam muito de um grupo social para outro.Entre os recortes mais importantes, que produzem diferenas significativas, esto os de classesocial, regio geogrfica e tnico-racial. Portanto, algo que pode ser valorizado em determinadocontexto pode variar consideravelmente quando deslocamos o olhar para outro espao ou con-

    junto de pessoas. Um exemplo a expectativa maior nas classes mais ricas de que o jovem adie

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    1 sua entrada no mercado de trabalho e a gravidez, enquanto nas classes baixas o jovem estimu-lado a trabalhar e a adolescente grvida vista de modo mais natural.

    Alm disso, possvel se relacionar com os modelos de formas bastante variveis, noapenas aceitando-os como referncias prontas. Somos capazes de perceber as informaes quechegam a ns de forma crtica e, assim, adequar os modelos ao que acreditamos ser melhor parans e nosso meio. Somos tambm produtores e disseminadores de novas formas de viver a fe-minilidade e a masculinidade. Por conta disso, fundamental que educadores que atuam com

    jovens os auxiliem para que possam fazer uma leitura crtica a respeito dos modelos de gnero edaquilo que valorizado e legitimado atravs deles.

    O questionamento de certas barreiras que foram historicamente erguidas inevitvel quan-do pensamos numa sociedade mais democrtica e menos desigual. Por que o homem agressivo,dominador, que por vezes coloca em risco sua sade e integridade fsica ainda to valorizado?Por que tantos homens deixam de ver a paternidade como uma forma importante e saudvel derealizao da sua masculinidade? Por que a mulher valorizada aquela que possui o corpo consi-derado desejvel pelos homens? Qual a possibilidade de ser aceita quando decide viver de formaautnoma, quando expressa interesse de viver sua sexualidade sem ser estigmatizada? Por queainda se encontram justificativas para legitimar a violncia contra a mulher ou para sustentar opreconceito contra homossexuais?

    Quando as identidades esto aprisionadas por modelos rgidos e ao mesmo tempo toarraigados, to comuns, que nem sequer nossa adeso a eles percebida, nossa capacidadede escolher e transformar a realidade consideravelmente reduzida. Por outro lado, medidaque nos damos conta desses modelos e compreendemos que eles so frutos de construesculturais, passamos a ser capazes de escolher e atuar como produtores, promovendo a trans-formao de valores culturais e tendo maior poder de realizao dos nossos desejos, interessese projetos pessoais e coletivos.

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    Diversidade, sexualidade e violncia2

    Quando falamos sobre as relaes de gnero, estamos tambm falando sobre diversidadee a forma como as pessoas lidam com ela e resolvem seus conflitos, que so inerentes ao con-vvio entre diferentes. Ao se trabalhar com jovens meninos ou meninas, evidente que aspectoscomo raa, etnia, classe social e orientao sexual influem na sua qualidade de vida e no modocomo se socializam. A diversidade um aspecto fundamental da vida moderna, de uma forma desociabilidade baseada em valores democrticos, na prtica do dilogo e da tolerncia.

    Embora no seja verdadeiro dizer que as diferenas produzem desigualdades, certo quetodas as formas de desigualdade encontram sua origem nas diferenas entre as pessoas, ricos epobres, brancos e negros, homens e mulheres, heterossexuais e homossexuais, etc. H, portanto,formas de ser que ocupam lugar privilegiado em comparao a outras; existe sempre uma relaode poder operando as relaes sociais. Ao mesmo tempo, h muitas manifestaes de intolern-cia, prticas sistemticas de violncia contra o prximo, que buscam colocar o outro numa situ-ao de inferioridade, em geral para legitimar ou reafirmar uma determinada identidade, posio

    ou caracterstica de indivduos e grupos.Os homossexuais so um grupo social especialmente afetado pela violncia e prticas

    discriminatrias. Em escolas pblicas, 87% da comunidade sejam alunos, pais, professores ouservidores tem algum grau de preconceito contra homossexuais, como revelou uma pesquisarealizada em 2009 pela FEA/USP. A homofobia deixa evidente como os modelos de gnero ope-ram nas relaes interpessoais, apresentando de forma bastante clara qual a expectativa socialem relao sexualidade dos indivduos, apesar de todas as conquistas dos movimentos pelaafirmao da diversidade sexual.

    A heteronormatividade uma forma de regulao social da sexualidade, que valoriza a rela-o entre pessoas de sexos opostos (heterossexual) em detrimento de todas as outras maneirasde se relacionar sexualmente. A todo tempo e das formas mais variadas, o homem pressionadoa reafirmar seu papel como sujeito sexualmente e socialmente ativo, em oposio passividade,que indicaria o lugar do homossexual. Dentro dessa viso, a homossexualidade representa a per-da da honra masculina e, consequentemente, de todo o status a ela associado. Por outro lado, amulher incitada a ocupar um lugar de inferioridade, em que seu valor est na possibilidade de oseu corpo ser objeto do desejo masculino, como acontece, por exemplo, em muitas das msicasde funk.

    No incomum que educadores descubram dentro de uma sala de aula ou oficina umasituao de conflito desencadeada porque a menina masculina demais ou o menino con-siderado delicado. Acuados, alguns desses adolescentes e jovens passam a se comportartambm de forma agressiva, como meio de sobreviver s ofensivas dos colegas ou como ex-

    presso de um conflito entre as necessidades e interesses pessoais e as exigncias coletivas.E alguns educadores encontraro dificuldade em agir, seja no sentido de prevenir, seja paraintervir no problema.

    Nesse caso, sua tarefa discutir com o grupo a importncia do respeito ao diferente, es-clarecer mitos e preconceitos e desenvolver prticas de explorao e afirmao da diversidade.Ao contrrio do que se pode pensar, a orientao sexual no uma simples escolha da pessoa,mas algo muito mais complexo. Na verdade, o desejo algo sobre o que se tem pouco controle,faz parte de um processo de descoberta e no necessariamente se mantm igual a vida toda.No entanto, h muita cobrana para que a pessoa se posicione o mais cedo possvel, dandodemonstraes de ser homem ou mulher de verdade. Quando trabalhamos numa perspectivade gnero, no existe uma nica e natural forma de ser homem e ser mulher, mas sim as mais

    variadas possibilidades de feminilidades e masculinidades. Valorizar essas diferenas contribuipara que os jovens possam ser mais autnomos e felizes com suas escolhas e tambm maisbem recebidos pelo grupo, inclusive quando escolhem se relacionar sexual e afetivamente comparceiros/as do mesmo sexo.

    Ficha conceitual

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    2Preservar e promover a diversidade um desafio fundamental para que possamos conviver

    socialmente de uma forma saudvel e pacfica. Processos de globalizao e as novas tecnolo-gias da comunicao e informao proporcionam ao mundo condies inditas para intensificar ocontato entre diferentes culturas e entre as pessoas, de um modo geral. Essas novas estruturassociais, contudo, no oferecem habilidades de convvio, que devem ser cultivadas por meio deaes educativas, dando visibilidade aos que no esto investidos de poder, desconstruindo mo-

    delos mais aceitos e criando novas formas de viver e fazer a diferena.A tolerncia no deve se apresentar apenas na forma passiva de aceitar o outro, como um

    peso, mas acima de tudo na ao de conhecer novas pessoas, valorizar outros jeitos e escolhas,circular na cidade e em espaos pblicos e praticar o respeito convivendo de forma amigvel, afir-mando a possibilidade de coexistir com o outro e resolver conflitos por meio do dilogo.

    DicaConhea o vdeo da campanha contra a homofobia em Portugal:

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    3 Tendo por smbolo o lao branco, a campanha estimula a organizao masculina em torno doproblema por meio das mais variadas aes (distribuio de material informativo, atos, oficinaseventos, entre outros) e da sua articulao em redes locais, nacionais e internacionais e com omovimento feminista.

    Nos ltimos anos, tem tambm crescido bastante o nmero de estudos e iniciativas quebuscam compreender melhor os modelos de masculinidade e intervir no sentido de contribuirpara que os homens vivam de forma mais saudvel, assumindo papis de cuidador e reduzindo

    as desigualdades de gnero e as situaes de violncia. Espera-se, assim, que cada vez maisexistam jovens homens resolvendo seus conflitos por meio do dilogo e no da fora, aceitando evalorizando a diversidade e multiplicando novas formas de masculinidades, livres das imposies

    DicaConhea o site da campanha do Lao Branco:

    Conhea a campanha Reacciona Ecuador: El machismo es violencia

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    Violncia contra a mulher4

    O emprego da violncia contra as mulheres um fenmeno de grande amplitude, a consi-derar o nmero de vtimas no Brasil e no mundo. Dados da Organizao Mundial de Sade (OMS,2005) indicam que uma em cada trs mulheres na Amrica Latina j sofreu algum tipo de vio-lncia. No Brasil, h estimativas de que 2 milhes de mulheres so vitimadas a cada ano, o queresultaria em um caso a cada 15 segundos (FUNDAO PERSEU ABRAMO, 2004).

    As situaes de violncia contra a mulher so bastante variadas, mas sabemos que em cer-ca de 70% dos casos o agressor o seu parceiro. A maioria delas acontece dentro de casa e, muitasvezes, o relacionamento violento mantido por vrios anos sem que a mulher consiga por fim aociclo de agresses, que costuma ter momentos de maior uso da violncia combinados com pedi-dos de desculpas e instantes de calmaria. A incidncia desse tipo de violncia relativamentesemelhante nas diferentes classes sociais; o que pode mudar so as condies que as vtimasencontram para lidar com o problema, como, por exemplo, o acesso a servios de sade.

    Falar de violncia contra a mulher como um problema de gnero significa entend-la a par-

    tir de um contexto de desigualdade de poder que se expressa tambm na relao de um casal. Aviolncia evidencia a necessidade de controle e dominao do homem e a forma como os compor-tamentos masculinos violentos so legitimados socialmente. Quando se discutem situaes deviolncia, frequentemente so levantadas inmeras razes e questionamentos que sustentam aideia de que a mulher contribuiu para ser vitimizada, que provocou a agresso, que o seu parceiroapenas perdeu a cabea ou que o problema uma questo privada e, portanto, deve ser resol-vido pelo prprio casal.

    Embora seja mais comum falar da violncia fsica e sexual, h outras formas menos visveisou conhecidas de violncia. A violncia psicolgica ou moral aquela em que a mulher sistema-ticamente desqualificada, coagida, proibida de ter uma vida social independente, resultando emsofrimento psquico, convvio social limitado e abalo da autoestima, entre outros constrangimen-tos. H a violncia patrimonial, quando a mulher privada de seus pertences, como documentos,objetos pessoais e outros bens dos quais dependa sua subsistncia. Por fim, existe a violnciainstitucional, caracterizada pelo mau servio e atendimento realizado por profissionais de rgospblicos, como a omisso ou atitudes desrespeitosas em relao vtima.

    Uma das maiores conquistas do movimento feminista no Brasil foi a criao, em 1985,das delegacias da mulher, rgos especializados no atendimento de vtimas, que constiturama primeira poltica pblica de grande impacto para o enfrentamento desse problema. Em 2006,por sua vez, foi promulgada a Lei Maria da Penha, outro marco das polticas para mulheres. ALei estabelece medidas de preveno, assistncia e proteo das mulheres e seus filhos, indicao tratamento de agressores e evita que estes recebam penas excessivamente brandas, como

    pagamento de cestas bsicas, entre outros avanos significativos.O enfrentamento dessa modalidade de violncia significa a garantia do acesso das mulhe-

    res aos seus direitos e, fundamentalmente, a promoo de autonomia, a ampliao do repertriocultural e de referncias do que ser mulher e o fortalecimento da vida profissional e dos vnculossociais e comunitrios. Quanto mais cedo a jovem mulher comear a ser estimulada a conhecere procurar novos modelos, mais fortalecida poder estar nas suas relaes afetivas e em relaoao seu projeto de vida.

    Uma importante mobilizao nessa temtica a Campanha 16 Dias de Ativismo pelo Fim daViolncia Contra a Mulher, realizada em todo o mundo desde 1991, buscando promover os direi-tos humanos e eliminar a violncia contra as mulheres, tendo como referncia o Dia Internacionalda No-Violncia Contra as Mulheres, em 25 de novembro. No Brasil, h uma campanha nacionala partir de 20 de novembro (Dia Nacional da Conscincia Negra), at 10 de dezembro (DeclaraoUniversal dos Direitos Humanos). Datas como os 16 Dias e o Dia Internacional da Mulher podemser momentos interessantes para abrir um dilogo a respeito deste tipo de violncia, informar asmulheres sobre seus direitos e estimular a denncia.

    Ficha conceitual

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    4DicaA seguir, apresentam-se links interessantes sobre violncia contra a mulher:

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    Direitos da mulher5

    Em 1948, em resposta aos agravos causados por duas grandes guerras, os pases que fa-ziam parte das Naes Unidas aprovaram a Declarao Universal dos Direitos Humanos, grandemarco mundial na defesa da cidadania. Esse documento estabelece condies mnimas de vidaque deveriam, a partir de ento, ser garantidas pelos governos para todas as pessoas, sem distin-es. Seu carter de universalidade, to importante na poca, no esconde, contudo, a existnciade grandes desigualdades na sociedade, que fragilizam determinadas populaes e grupos so-ciais, criando barreiras para a garantia de direitos.

    A evoluo histrica dos Direitos Humanos deu origem a uma nova fase ou gerao ,quando se consolidaram os conceitos de direitos sociais e difusos, promovidos a partir da in-terveno dos governos, especialmente por meio de polticas pblicas. So direitos que visamproteger e fortalecer aqueles que se encontram em condies menos favorveis, criando normase aes especficas dirigidas a esses grupos, alm de indicar novas temticas que ganham impor-tncia, como, por exemplo, o direito a cultura, lazer e esporte. No lugar de uma noo abstrata de

    homem, passam a ser discutidas as necessidades de negros, ndios, homossexuais, deficientes,idosos e tambm de mulheres. nesse contexto, a partir das ltimas dcadas do sculo XX, que apreocupao com a cidadania feminina emerge como questo e tambm como foco de lutas dosmovimentos feministas.

    No Brasil e no mundo, o debate sobre as condies de vida das mulheres e a presso socialdesses movimentos impulsionaram algumas conquistas importantes, seja no campo da sadesexual e reprodutiva, seja nos mbitos do trabalho, da participao poltica e da violncia contra amulher, entre tantos outros. A Constituio de 1988 acolhe muitas das demandas femininas, ex-pressas na Carta das Mulheres Brasileiras aos Constituintes, que culminou na incorporao aotexto constitucional de pontos fundamentais, como o artigo (5, I), que assegura a igualdade entrehomens e mulheres em geral, ou o artigo (7, XX), que prev a proteo da mulher no mercado de

    trabalho, mediante incentivos especficos.Algumas distores histricas vm sendo mudadas aos poucos:

    apenas em 1932 as mulheres conquistaram o direito ao voto no Brasil, mais de cemanos depois que ele fora institudo para os homens brasileiros, embora com limitaesde idade e condio econmica;

    mais recentemente, o Novo Cdigo Civil, aprovado em 2002, alterou o artigo que per-mitia ao marido a anulao do casamento caso comprovasse que sua esposa no eravirgem, dispositivo que legitimava a hierarquia de gnero e o lugar de inferioridade damulher no casamento civil;

    promulgada em 2006, a Lei Maria da Penha se consolida como um grande avano em relao eliminao da violncia contra as mulheres (ver mais no texto Violncia Con-tra a Mulher);

    em 2009 houve uma alterao na lei do Cdigo Penal, que caracterizava o estupro comoum crime contra os costumes e no contra a pessoa , passando a ser consideradocrime contra a dignidade sexual.

    Contudo, as mudanas na legislao e as polticas governamentais so ainda insuficientespara eliminar as desigualdades que foram construdas ao longo de tantos anos. Ainda h impor-tantes lacunas e deficincias, sobretudo na implementao das polticas. As mulheres brasileiras,especialmente as negras e moradoras de periferias, que cada vez mais assumem a posio de

    chefia do lar e enfrentam a tripla jornada, trabalhando, cuidando da casa e dos filhos, ainda so-frem com as marcantes desigualdades no seu dia-a-dia, seja no difcil acesso a espaos pblicose atividades culturais, de lazer ou esportivas, seja pelas diferenas salariais. Alguns dados eviden-ciam claramente a posio desfavorvel de mulheres no nosso pas e no mundo:

    Ficha conceitual

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    5 as brasileiras recebem, em mdia, cerca de 34% menos do que os homens para desem-penhar uma mesma funo (IBGE);

    no mercado de trabalho, as mulheres ocupam apenas 13% dos postos de chefia (Orga-nizao Internacional do Trabalho OIT);

    enquanto 51,7% dos homens dizem cuidar dos afazeres domsticos, 90,6% das mulheresafirmam faz-lo (PNAD, 2002);

    apenas 9% dos representantes no Congresso brasileiro so mulheres (2010), apesar deconstiturem cerca de 51% da populao;

    mulheres chefiam 33% das famlias brasileiras (IPEA, 2007);

    entre as pessoas que vivem abaixo da linha de pobreza no mundo, 70% so mulhe-res (ONU);

    33% das mulheres brasileiras disseram ter sido vtimas de algum tipo de violncia (FUN-DAO PERSEU ABRAMO, 2001); o que significa uma mulher vtima de violncia a cada15 segundos.

    Com isso, continua sendo necessria a mobilizao de mulheres para a defesa e efetivaode seus direitos. Nesse sentido, o movimento feminista que no apenas se transformou aolongo do tempo, mas tambm se diversificou, passando a ser composto de muitas abordagens,demandas e questes distintas e at divergentes entre si ainda referncia fundamental e umlugar a ser ocupado e fortalecido pelas mulheres. importante tambm considerar que muitosdos espaos e polticas voltados participao feminina costumam ser direcionados a um perfilde mulheres mais velhas, sendo pouco adequados aos interesses e necessidades das jovens.

    As iniciativas informais de grupos juvenis, tanto no campo da cultura e da educao comono do esporte, tm sido uma forma interessante de trazer mais jovens mulheres para a discussode seus direitos, sobretudo nas periferias, onde as mulheres sofrem mais as consequncias deuma sociedade desigual. Incentivar a participao feminina na esfera pblica, promovendo en-

    contros de jovens, intervindo e ocupando a cidade, contribui para construir novos projetos de vida,maior esperana na ao coletiva e quebrar velhos estigmas, abrindo caminho para mudanas.

    DicaPara saber mais sobre este tema, leia o documento elaborado pela Unifem, O Pro-gresso das Mulheres no Brasil (Braslia, 2006), disponvel em:

    Acesse tambm:

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    Atividades

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    As atividades a seguir foram aplicadas pela equipe do Projeto Juventude, Gnero e EspaoPblico (3 edio), desenvolvido entre 2009 e 2010 em duas instituies que atendem adoles-centes e jovens da cidade de So Paulo: a EMEF Pe. Jos Pegoraro, no Graja; e o Centro de Juven-tude Helena Portugal Albuquerque, no Jaan.

    Ao longo do projeto procuramos experimentar formas diferentes de promover uma reflexocrtica acerca dos modelos de gnero e suas implicaes para o fenmeno da violncia, procu-rando descobrir como jovens expressariam seus pontos de vista sobre essas questes. Consi-derando a riqueza do processo e a produo de materiais to interessantes por jovens homense mulheres que participaram deste trabalho, organizamos o Guia com a sistematizao de dezatividades. Escolhemos as oficinas educativas que, aps serem aplicadas, mais estimularam os/as jovens a refletir, debater e produzir materiais sobre as questes de gnero.

    Um aprendizado importante para a equipe do Instituto Sou da Paz foi perceber que parao/a jovem se sentir estimulado/a a participar das oficinas, importante que elas no se limitem

    a discusses e reflexes tericas, mas que proponham o desenvolvimento de produtos, comojornal mural, mural interativo, jornal comunitrio, blog, histria em quadrinhos, vdeo, teatro, es-tncil, etc. Isso valoriza o saber do/a aluno/a, promove canais de expresso e gera no grupo ummovimento de corresponsabilizao, uma vez que a no participao de um/a pode implicar oatraso ou no execuo do produto coletivo. Por isso, as oficinas aqui propostas, em sua maio-ria, sugerem a criao de produtos de comunicao. Escolhemos produtos que no exigem co-nhecimento tcnico por parte dos/as educadores/as e podem ser feitos com materiais fceis deencontrar e com baixo custo.

    As oficinas no necessariamente precisam ser aplicadas na sequncia sugerida aqui, po-dendo acontecer de forma independente. importante que o/a educador/a fique atento/a e te-nha sensibilidade para identificar quais questes relacionadas a gnero precisam ser trabalhadasno grupo e escolha as atividades mais adequadas aos interesses dos/as jovens. Algumas ativida-des podem ser fragmentadas em mais de um encontro, de acordo com o tempo disponvel.

    As oficinas sugeridas podem ser aplicadas com jovens de 15 a 29 anos, mas mais interes-sante que o grupo concentre pessoas com idades prximas por exemplo, um grupo de 15 a 18,outro de 20 a 24 e assim por diante , j que a profundidade das discusses sobre gnero variabastante dependendo do momento de vida dos/as jovens.

    Por fim, esperamos que as atividades faam sentido para o/a educador/a e contribuampara que o/a jovem desenvolva um pensamento crtico acerca das questes de gnero emnossa sociedade.

    Atividades

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    As atividades sugeridas podem ser realizadas por qualquer educador/a, seja em escolas eprojetos sociais, seja em organizaes no governamentais. Como a questo de gnero comple-xa e exige certa reflexo e sensibilidade por parte dos educadores, preciso que o/a educador/atenha alguma afinidade/interesse pelo tema e experincia de trabalho com jovens.

    Alm de se sentir confortvel com o contedo abordado nas oficinas, o/a educador/a devese preocupar com sua postura em sala de aula, pois isso tambm contribui para um ambientemais participativo e de respeito entre as pessoas. importante o/a profissional estar atento paragarantir espao para que as jovens mulheres tenham voz, estimular a diversidade, no tolerarfalas preconceituosas e machistas, estabelecer regras de convivncia e no reforar esteretiposde gnero. O importante manter uma postura condizente com os contedos que esto sendotrabalhados. No adianta, por exemplo, o/a educador/a debater com os/as alunos/as sobre res-peito diversidade e fazer brincadeiras ou colocaes preconceituosas.

    Recomendamos que as atividades sejam realizadas em grupos mistos (homens e mulhe-

    res), com a participao de 10 a 20 jovens. O/a facilitador/a pode ser homem ou mulher, o queconta a afinidade com o tema e comprometimento.

    Para receber os/as alunos/as, reserve um espao agradvel que os/as deixe confort-veis. Caso o grupo ainda no se conhea, comece os primeiros encontros realizando algumasdinmicas de apresentao e integrao. Reserve tempo para fazer uma pausa nas atividades,estabelecendo um momento de descontrao. Nesse caso, se possvel, oferea um lanche paraos/as jovens.

    Finalmente, importante preparar as oficinas com antecedncia, separando os materiaisnecessrios e lendo os textos de apoio. Se possvel, vale a pena registrar os encontros, pontuandoas discusses que foram mais proveitosas, os temas mais candentes para o grupo, os pontos de

    vistas dos/das jovens e as atividades nas quais o grupo se envolveu mais. Isso ajuda a planejaras prximas atividades e ter um registro de todo o processo educativo.

    Preparando as atividades:algumas recomendaes

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    Objetivo

    Permitir que os/as jovens reflitam sobre modelos valorizados pela sociedade.

    Tempo estimado2 horas (1 hora de construo do modelo e 1 hora de debate)

    MateriaisPapel pardoRevistas e jornais diversificadosColaTesouraCaneta piloto

    Descrio da atividadeEsta atividade consiste na montagem de modelos ideais de homem e mulher valoriza-dos pela sociedade segundo a opinio dos/as alunos/as.

    Para realizar a atividade, voc deve dividir a sala em quatro grupos e distribuir algunsexemplares de revistas e jornais de diferentes tipos: resumo semanal; publicaes diri-gidas ao pblico masculino; com notcias sobre celebridades; voltadas ao pblico negro;

    praticantes de atividade fsica, etc., para que os grupos tenham uma maior variedade deimagens disponveis, e possam escolher o modelo que querem construir.

    Pea para que cada grupo desenhe num papel pardo um corpo masculino ou femi-nino a partir da silhueta de um/a jovem. Em seguida, pea para que o grupo pensena questo: em sua opinio, qual o modelo de homem/mulher mais valorizado pelasociedade?

    Os /as alunos/as devem recortar imagens e construir um personagem colando estasimagens. Dois grupos devem procurar imagens para fazer a construo do modelo fe-minino e os outros dois do modelo masculino, procurando responder s questes:

    Como a aparncia dele/dela? Quais bens materiais ele/ela possui?O que ele/ela sente?

    Fechando a discussoNossa experincia com a aplicao desta atividade mostrou que os modelos so bemparecidos com os personagens de sucesso retratados nas novelas, ou seja, completa-mente diferentes da realidade dos/das jovens. Equipamentos eletrnicos como celular eipod, corpos malhados, carros e viagens em lugares paradisacos apareceram em quasetodos os modelos construdos pelos/as jovens. Por isso, antes de finalizar a atividade,

    importante conversar com os/as jovens o quanto esses modelos influenciam a sua vida.A seguir, apresentamos algumas questes que podem ajudar a nortear a discusso.

    AtividadeOs modelos que eu vejo

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    1Quais problemas voc identifica nesses modelos? Quais as vantagens?

    O que voc mais valoriza em si mesmo?

    possvel ser diferente? Como para voc ter que estar de acordo com um padro?

    Por que as pessoas tm dificuldade de aceitar outras formas de ser homem e ser

    mulher? O que podemos fazer para mudar isso?Voc consegue identificar preconceitos presentes na ideia de ser homem/mulherpropagada pela mdia? E por sua famlia e amigos?

    Qual a importncia de respeitar a diversidade (de jeitos, de corpos, de gostos, etc.)?

    Imagens selecionadas pelos/as alunos/as do Centro de Juventude Helena Portugal Albuquerque, no Jaan.

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    Objetivo

    Identificar as percepes dos/as jovens sobre as relaes de gnero no cotidiano e, apartir disso, debater com o grupo sobre as questes e pontos de vista mais polmicos.

    Tempo estimado50 minutos

    MateriaisCartes de papelFlip-chart ou lousa

    Prepare a atividadeEssa atividade deve ser realizada em um espao amplo, para que o grupo possase movimentar. Caso ela ocorra dentro da sala de aula, importante que as car-teiras sejam afastadas, deixando o espao central livre.Prepare-se para ser o mediador dos debates: consulte antes os textos de apoiodeste Guia.

    Descrio da atividadePartindo da apresentao de algumas afirmaes que traduzem percepes do sensocomum sobre relaes de gnero, os/as jovens devem se posicionar a favor ou contrao que foi dito. Alm de promover o debate, esta atividade permite que o/a educador/aidentifique quais preconceitos e percepes sexistas precisam ser trabalhados com os/as

    jovens. A partir desse diagnstico, outras atividades sobre a temtica de gnero podem (edevem) ser desenvolvidas para promover relaes mais democrticas entre o grupo.

    Socialize com o grupo de jovens as afirmaes apresentadas nos quadros a seguir e peapara que todos/as se levantem e se posicionem em relao ao que foi dito: aqueles que

    so a favor, no lado direito da sala; os contra, no lado esquerdo; e os que esto em cimado muro, no meio da sala.

    Pea para os/as participantes escolherem sua posio mentalmente antes de se movi-mentarem na sala. Nossa experincia mostrou que os/as jovens costumam se posicionara partir da escolha dos/as amigos/as, o que pode atrapalhar a dinmica da atividade.

    AtividadeDinmica do concordo e discordo

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    Fechando a discussoDepois disso, procure identificar quais foram as duas afirmaes que geraram maiorpolmica na sala. Organize um rpido debate sobre essas duas questes (um as-sunto por vez) entre o lado que concorda e o que discorda, solicitando que defendamsuas posies.

    Outra dinmica interessante o debate invertido, no qual o lado que concorda coma frase deve defender a posio contrria e vice-versa. Isso contribui para que os jo-vens entrem em conflito com suas prprias convices e desenvolvam a capacidadede entender o outro lado de uma argumentao.

    A) Hoje em dia os homensesto menos machistas doque antigamente.

    E) Os pais continuam sendomais controladores com asfilhas do que com os filhos.

    C) O que o jovem de hoje maisvaloriza numa garota o fatode ela ser gostosa.

    G) Existem coisas s parameninos, como futebol, e coi-sas s para meninas, comocozinhar e danar bal.

    I) Os homens so, por natu-reza, mais agressivos do queas mulheres.

    B) Hoje em dia os garotos es-to mais carinhosos do queantigamente.

    F) natural falar mal dasmeninas que gostam de sairde casa e de conversar comos garotos na rua.

    D) As garotas de hoje dese- jam encontrar um homempara casar e tm medo de fi-car sozinhas.

    H) Hoje em dia as mulheres jovens se valorizam menos,saindo ou ficando com vriosmeninos.

    J) Tomar conta dos filhos eda casa responsabilidadeda mulher.

    DicaProvoque o debate despertando nos/nas jovens a reflexo sobre algumas convic-es que geralmente aparecem, tais como: hoje em dia as mulheres esto muito f-ceis e depois ainda querem que a gente as respeite; homem j nasce mais violento

    mesmo; no existe machismo porque as mulheres j possuem os mesmos direitosdo que os homens; etc.

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    Objetivo

    Contribuir para a ampliao do repertrio dos/as jovens sobre as masculinidades e femi-nilidades possveis, bem como estimular o respeito diversidade no espao educativo.

    Tempo estimado3 horas (divididas em etapas/encontros diferentes)

    MateriaisImagens diversas de homens e mulheres em sites da Internet, fotografias, jornais,revistas, materiais educativos, etc.ColaTesouraQuadro de cortia ou cartolinaFolha de sulfiteCaneta pilotoFita dupla face

    Descrio da atividadeA ideia desta atividade construir, junto com os/as alunos/as, um painel com imagens dehomens e mulheres realizando atividades que rompam com o modelo comum de mas-

    culinidade e feminilidade, com o qual outros/as alunos/as e funcionrios/as possam inte-ragir. Posteriormente, deve-se realizar uma discusso sobre os resultados da atividade.

    Sua realizao consiste em trs etapas: 1) escolha das imagens junto com os/as alu-nos/as; 2) montagem do painel e exposio interativa; 3) discusso sobre os resulta-dos da atividade.

    1 ETAPA: escolha das imagens junto com os/as alunos/asDurao: 1 hora (j com a pesquisa das imagens previamente realizada pelo/aeducador/a).

    No suporte escolhido para realizar a atividade cartolina ou quadro de cortia devem serexpostas as imagens de homens e mulheres realizando atividades inusitadas (aquelasque rompem com a concepo tradicional dos papis de homens e mulheres). Para isso,procure imagens que retratem situaes pouco comuns, como, por exemplo: homem cozi-nhando para uma mulher; homem lavando a calada; mulher presidente; homem cuidandode beb; mulher policial; mulher dirigindo um caminho; homem tocando piano; homemusando saia; mulher DJ; mulher grafitando; homem limpando o cho.

    Apresente estas imagens aos/as alunos/as e incentive que escolham pelo menosoito imagens mais interessantes ou polmicas. Voc pode ajudar o grupo com asseguintes perguntas:

    O que chamou ateno nessa imagem?Voc costuma ver homens ou mulheres fazendo isso?Por que voc acha que incomum essa situao?

    AtividadeMural interativo: tem gente de todo o tipo

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    3 2 ETAPA: montagem do mural e exposio interativaDurao: 1 hora (considerando impresso e colagem das fitas dupla face).

    Organize as imagens selecionadas no painel de cartolina ou cortia e pense com os/as alunos/asfrases que estimulem os outros a refletir sobre o que est sendo exposto, tais como:

    O que voc acha sobre o que v? Voc j viu essa cena?Tem gente de todo tipo.

    Junto com os/as alunos/as, copie cada um dos adjetivos abaixo (de acordo com o nmero de ima-gens selecionadas e de pessoas na instituio), recorte e fixe um pedao de fita dupla face atrsde cada um deles.

    BONITO BONITA

    INTELIGENTE INTELIGENTE

    INTERESSANTE INTERESSANTE

    ELEGANTE ELEGANTE

    OUSADO OUSADA

    CORAJOSO CORAJOSA

    FORTE FORTE

    ENGRAADO ENGRAADA

    ESPERTO ESPERTA

    ESTILOSO ESTILOSACOMPETENTE COMPETENTE

    DIFERENTE DIFERENTE

    MODERNO MODERNA

    GRACIOSO GRACIOSA

    CUIDADOSO CUIDADOSA

    IMPORTANTE IMPORTANTECARINHOSO CARINHOSA

    GIL GIL

    ATIVO ATIVA

    LEGAL LEGAL

    TALENTOSO TALENTOSA

    Coloque os adjetivos em umsaquinho, que dever ser fixa-do no painel com as imagense com a seguinte instruo:No saquinho abaixo tem ummonto de palavras. Escolha

    uma palavra que tenha a vercom o que voc v em cadaimagem. Depois, destaque afita adesiva e cole a palavra aolado do retrato.

    Depois da montagem do mu-ral, decida com os/as alunos/as um local com bastante cir-culao de pessoas para fixaro painel por pelo menos umasemana. Estimule que os/asalunos/as faam a divulga-o para outros/as alunos/as e profissionais da institui-o para que todos tenham aoportunidade de interagir como mural.

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    Exemplo de mural produzido pelo projeto Juventude, Gnero e Espao Pblico na EMEF Padre Jos Pegoraro, no Graja.

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    3 ETAPA: discusso sobre os resultados da atividadeDurao: 1 hora

    Recolha o painel e promova uma discusso com o grupo sobre os adjetivos que foram escolhidose como eles esto associados s imagens.

    Nossa experincia com a aplicao desta atividade mostrou que, mesmo pro-

    pondo adjetivos que representem caractersticas positivas, alguns jovens ouprofissionais das instituies os utilizam de forma pejorativa quando so as-sociados s imagens por exemplo, ao lado da imagem de um homem de saiaestilosa e ousada.

    A discusso com os/as alunos/as deve tratar dos preconceitos que existemem relao a estilos, comportamentos e atitudes das pessoas. Por que um ho-mem bailarino taxado de bonita? Um homem pode gostar de andar de skatee costurar ao mesmo tempo? Uma mulher pode trabalhar como piloto, mano-brista ou mecnica? Como ela vista pela sociedade? H situaes na escola/instituio em que os meninos so considerados viados, ou as meninas so

    consideradas mulher-macho?A partir dessa discusso, voc pode desenvolver outras atividades que traba-lhem o respeito diversidade e a negao de prticas discriminatrias (sugerimos a atividade n9deste material).

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    3Prepare-se para esta atividadeColoque em xeque os padres de ser homem e mulher junto aos os/as alunos/as. Paraaquecer essa discusso, sugerimos a leitura da entrevista realizada com o cartunistaLaerte, pela Folha de S, Paulo, em 03 de novembro de 2010 (http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/825136-cartunista-laerte-diz-que-sempre-teve-vontade-de-se-vestir-de-mulher.shtml), bem como a leitura das histrias em quadrinho da personagem Muriel docartunista, disponveis no blog .

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    Objetivo

    Permitir que os/as jovens questionem os papis desempenhados por homens e mulhe-res em algumas situaes, a partir da representao de esquetes teatrais com os papisinvertidos, isto , garotos representando o gnero feminino e garotas representando ognero masculino.

    Tempo estimado1 hora

    MateriaisFolhas de sulfite (fichas)Caneta

    Descrio da atividadeNesta atividade, os/as jovens devem elaborar e apresentar cenas a partir de situaesque fazem parte do dia-a-dia e/ou que so exploradas pela publicidade. No entanto, os/as alunos/as devero representar os papis do gnero oposto ao seu.

    Para realizar a atividade, divida a turma em grupos mistos (homens e mulheres) com pelomenos quatro integrantes em cada. Em seguida, copie as situaes descritas abaixo (uma

    situao por ficha de papel) e distribua uma ficha para cada grupo.

    1) Namorado ciumento pega a namorada conversando comoutro cara.

    2) Homem e mulher se conhecem no metr e se apaixonam primeira vista.

    3) Homem est assistindo futebol e, ao mesmo tempo, sua

    esposa quer ver o ltimo captulo da novela.4) Propaganda na qual um cara rejeitado, ao usar um desodo-rante, assediado por vrias mulheres.

    5) Comercial de carro no qual o homem que dirige um auto-mvel desperta a ateno de vrias mulheres.

    6) Propaganda de TV na qual a mulher passa o batom e vaia uma balada com as amigas. Na balada, a mulher que estutilizando o batom o centro das atenes entre os homenspresentes.

    AtividadeFazendo cena e invertendo os papis

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    Pea para que cada grupo crie uma cena sobre a situao descrita, lembrando que os homens dogrupo devem representar os papis femininos e as mulheres os masculinos. D tempo (entre 15 e20 minutos) para que os grupos elaborem as cenas e, em seguida, pea para que cada grupo repre-sente a situao. Feche a atividade com uma breve roda de conversa sobre como foi fazer as cenas,procurando trazer algumas questes.

    Questes para discussoEssas situaes acontecem com frequncia? Voc conhece algum que j passoupor alguma dessas situaes? E com voc, j aconteceu?

    O que voc acha do papel que o homem desempenha nessas situaes? Por qu?

    O que voc acha do papel que a mulher desempenha nessas situaes? Por qu?

    Na vida real, diante de uma situao semelhante, voc reagiria da mesma formacomo representou?

    O que foi diferente para voc ao interpretar o sexo oposto?

    Para os jovens homens: como voc se sentiu no papel da mulher?

    Para as jovens mulheres: como voc se sentiu no papel do homem?

    Para os jovens homens: vocs acham que as mulheres representaram voc bem?

    Para as jovens mulheres: vocs acham que foram bem representadas pelos homens?

    4

    ComentrioQuando foi realizada pela equipe do Sou da Paz, esta atividade fez parte de uma gin-cana com diversas outras brincadeiras que valiam pontos. Isso propiciou que os jo-vens realmente se envolvessem na atividade, representando um homem ou mulher sem o pudor de pagar mico. Na gincana uma banca composta por trs jurados(os professores) deu notas de acordo com a representao do grupo e a dedicaona construo da cena (dilogos, figurino, etc.). Se achar que o grupo est precisandoser motivado para se soltar mais, voc pode simular uma gincana, ou usar outrasestratgias para o grupo se envolver nessa atividade.

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    Objetivo

    Despertar uma reflexo crtica sobre a influncia que a mdia exerce sobre ns, principal-mente os modelos de gnero fortemente propagados pelos veculos de comunicao.

    Tempo estimado2 horas

    MateriaisComputador com acesso Internet/datashowPapel sulfiteCaneta

    Descrio da atividadePara realizar essa atividade, voc precisar utilizar um computador com acesso Internet,

    j que sugerimos a exibio de videoclipes e comerciais disponveis no Youtube (www.youtube.com) antes de realizar uma discusso com os/as jovens. Estes materiais foramescolhidos porque tm uma linguagem prxima do universo juvenil e alguns deles trazemexemplos positivos, mostrando aos jovens que possvel ser e fazer diferente.

    Dividimos a atividade em trs blocos: msicas e videoclipes; propagandas publicitrias;

    e campanhas sociais. Para cada bloco, h recomendaes e sugestes de questes paradiscusso sobre os contedos veiculados. interessante trabalhar esses trs blocos, pois,alm de linguagens diferentes, eles permitem fazer vrias discusses e ampliar o olhardos jovens.

    Separe entre 30 e 40 minutos para cada bloco, considerando a exibio dos materiais e adiscusso com o grupo.

    BLOCO 1) Msicas e videoclipes: discutindo os poderes associadosao gnero

    A) My humps, do Black Eyed PeasDisponvel em Letra (traduo):

    B) Firma milionria, do MC MaxDisponvel em .Letra: .

    C) Unpretty, da TLCDisponvel em .Letra (traduo): .

    D) Stupid girls ,da PinkDisponvel em .Letra (traduo): .

    AtividadeHomens e mulheres na mdia:

    questionando referncias

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    5 E) Junto e misturado, do MV Bill e KamillaDisponvel em .Letra: .

    F) Quase LLaraDisponvel em: .

    Essas msicas e videoclipes so referncias de modelos de masculinidade e feminilidade

    atuais e que fazem parte do universo juvenil. Elas podem estimular a reflexo crtica dos/as jovens sobre esses modelos propagados. Faa-os reparar em como as duas primeirasmsicas retratam a mulher como se fosse um objeto de desejo do homem, como se fosseum bem de consumo. A mulher se relaciona com o homem medida que ele propicia-lhebens materiais que do status e contribuem para deix-la de acordo com o padro damulher sensual. Por sua vez, as ltimas quatro msicas colocam em xeque esses padres,uma vez que as mulheres retratadas questionam os modelos femininos que as cercam.

    Questes para discussoSobre o que falam as msicas? Tente resgatar os elementos mais fortes de cadauma delas.

    O que as msicas tm em comum?

    Quais so as caractersticas das mulheres retratadas nas msicas?

    Quais so as caractersticas dos homens retratados nas msicas?

    De que forma homens e mulheres se relacionam nas msicas?

    Segundo as msicas, o que um homem precisa ter para ser valorizado? E a mulher?

    Voc acha que as pessoas so influenciadas por esses videoclipes? De que forma?

    Voc se identifica com isso? Por qu?

    Essas pessoas so referncias para voc? Por qu?

    possvel ser e agir de outra forma, de um jeito diferente do retratado nas msicas?Como?

    Boa ideia!

    Voc pode sugerir aos jovens que faam uma stira/pardia das msicas ou clipes,mudando as letras e/ou cenas. Assim, eles podem fazer uma leitura crtica das msi-cas originais e transmitir isso na produo. Veja este exemplo de stira da msica Myhumps, feita pela Alanis Morissette:

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    5BLOCO 2) Propagandas: tenha e sejaA) Comerciais de bebidas

    B) Comercial de carro

    C) Comercial de marca esportiva

    D) Comercial de hidratante

    E) Campanha publicitria sobre produo dos padres de beleza

    As propagandas associam bens a um estilo de ser que traz visibilidade e poder a quemos adquire. Uma forma de problematizar o contedo veiculado com os/as jovens ques-

    tionar o modelo de beleza dos comerciais. Afinal, as mulheres retratadas atendem a ummesmo padro de beleza (mulher branca, alta, corpo violo, etc.), enquanto os homensprecisam passar a imagem de que so viris, poderosos e populares. Os produtos buscamreforar esses modelos de comportamento, valorizando-os e estimulando que os consu-midores tambm correspondam a este padro. O ltimo comercial indicado mostra comoeste modelo de beleza que valorizamos fabricado.

    Questes para nortear a discussoQual a associao que os comerciais fazem do produto vendido com a figura damulher? E do homem?

    Qual o tipo de relao estabelecida entre o homem e a mulher nesses comer-ciais?

    O que voc acha que as pessoas esto buscando ao comprarem esses produtos?

    O que d poder mulher nos comerciais? E ao homem?

    Qual o padro de beleza valorizado pelas propagandas?

    Segundo os comerciais, qual o tipo de mulher ideal? E o de homem ideal?

    Voc consegue identificar um jeito de ser homem e um jeito de ser mulher pa-recido nos comerciais (mesmo padro em mais de um comercial)?

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    5 BLOCO 3) Campanhas sociais: utilizando a mdia para promover a equi-dade de gnero

    A) Campanha de Portugal contra a homofobia

    B) Animao pela equidade de gnero

    C) Campanha de Portugal contra o namoro violento

    D) Campanha pela no violncia contra a mulher

    E) Campanha do Lao Branco

    F) Campanha D Licena Eu Sou Pai!

    Essas campanhas sociais mostram como a mdia tem potencial no s para disseminarvalores e modelos negativos, mas tambm para ser uma poderosa ferramenta de divulga-o de outros valores, estimulando a equidade de gnero.

    Boa ideia!A partir desses exemplos de campanhas sociais, estimule que os jovens produzamfanzines, vdeos, jornal mural, podcasts, programas de rdio, etc. So formas divertidase leves de trabalhar o tema, ao mesmo tempo em que ajudam os jovens a enxergaremos veculos de comunicao no apenas como viles, mas tambm como aliados na

    promoo da equidade de gnero, ao veicularem mensagens positivas.

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    Objetivo

    Estimular a expresso de ideias e mensagens por jovens a respeito das relaes de g-nero por meio da produo de estnceis (tcnica de grafite utilizando moldes).

    Tempo estimado1 hora para discusso e 2 horas para confeco de moldes e aplicao da tcnica

    MateriaisCartolina e/ou papel cartoRgua

    Estilete Fita adesivaSprays e/ou tintas de cores variadasRolinho de espuma para aplicao da tintaPapeloLpisBorracha

    Descrio da atividadeEssa atividade combina uma sensibilizao do grupo sobre a temtica de gnero e a con-

    feco de estnceis para veicular mensagens sobre as questes de gnero. O estncil umsuporte de comunicao que desperta grande interesse nos/as jovens, podendo ser feitopara divulgar logotipos, mensagens e desenhos de acordo com a criatividade do grupo.

    A) SENSIBILIZAO DO GRUPO PARA A TEMTICA DE GNERO

    Este momento da atividade importante para que os/as jovens consigam criar asmensagens e desenhos que sero divulgados por meio do estncil. A sensibilizaopode ser realizada de diversas formas, a partir de msicas, textos, notcias, vdeos,campanhas, etc. Voc tambm pode utilizar alguma outra atividade sugerida nas de-mais fichas deste material. A seguir sugerimos uma dinmica de sensibilizao.

    > Ser homem e mulher, uma construo

    Exiba o filme Acorda Raimundo... Acorda!Em seguida, pergunte aos/as jovens: o que bomem ser menino/a? Em seguida, pergunte novamente: o que ruim em ser menino/a?Anote as respostas conforme acontece a atividade. Depois, pea turma que identifiquequestes que gostariam de mudar na relao entre homens e mulheres e quais mensa-gens eles/as gostariam de passar para as pessoas com o objetivo de contribuir para adesconstruo das desigualdades de gnero.

    O vdeo indicado tambm est disponvel no Youtube.

    Parte I: Parte II:

    AtividadeEstnceis pela igualdade de gnero

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    6 Relato da aplicao desta sensibilizaoQuando a equipe do Instituto Sou da Paz realizou esta atividade, os/as alunos/as partici-pantes do grupo Fala A, da EMEF Padre Jos Pegoraro, no Graja, afirmaram o seguinte:o ruim em ser mulher que a gente pode ficar grvida; o homem sempre tem que to-mar a iniciativa em tudo, principalmente na hora de chegar na menina; tm coisas queno ficam bem a mulher fazer. Homem pode fazer mais coisas. A partir dessa conversa,ajudando o grupo a identificar preconceitos e se questionar a respeito dos modelos mais

    aceitos, os/as jovens chegaram a algumas mensagens que gostariam de divulgar.Veja aqui o que eles produziram:

    1 Homem inteligente pai presente

    Homem com o filho(a)

    2 Mulher de atitude

    Mulher dando buqu de flor para homem(invertendo a lgica da conquista)

    3 Seja o que voc quiser e no o que osoutros pensam

    Homem cozinhando e mulher jogando bola.

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    6B) ORIENTAES TCNICAS: COMO FAZER UM ESTNCIL?O estncil um molde vazado. Para sua produo, necessrio definir que mensagens ouimagens sero divulgadas e desenhar estas mensagens e imagens em um suporte duro.Pode ser cartolina ou papel carto (quanto mais resistente o material, maior a durabilidadedo molde), onde os/as jovens devem escrever as letras e/ou os desenhos criados. Parafacilitar a atividade, colocamos no fim desta atividade uma fonte para estncil.

    A prxima etapa recortar as partesque devem ser vazadas para que a tin-ta possa ser aplicada e assim formar aimagem. Para isso, utilize um estiletee contorne a imagem. Faa isso numasuperfcie prpria que possa ser risca-da pelo estilete (uma placa de madeiri-te em cima da mesa de trabalho podeproteg-la).

    O seu molde est pronto! Segure-o na parede e aplique o spray ou a tinta. Faa osestnceis em locais adequados, como nos muros das prprias instituies ou emlocais autorizados.

    O resultado finalfica incrvel!

    DicaEm vez de desenhar no suporte, voc pode colar uma imagem j pronta (e prpriapara estncil).

    As letras e desenhos escritos no molde devem ser vazados, para que a tinta pos-sa ser aplicada e assim formar a imagem desejada na parede.

    O molde deve ser pensado como se fosse um negativo da imagem original.

    Devem ser criadas pontes para ligar as partes soltas da imagem ao resto do

    molde para que a figura possa ser formada quando aplicada.

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    6DicaVeja mais explicaes sobre essa tcnica em:

    Veja tambm fotos da aplicao desta atividade no Centro de Juventude Helena PortugalAlbuquerque, no Jaan.

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    ABCD

    EFGH

    IJLM

    NOPQ

    RSTU

    >>> Exemplo de letra para stencil

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    6

    XWYZ

    01234

    56789

    ?!%*@

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    Objetivo

    Promover uma reflexo sobre como a construo das identidades e prticas de homensjovens influenciada por modelos machistas de comportamento propagados por ami-gos, comunidade, famlia e a mdia , que podem lev-los a adotar atitudes violentas.

    Tempo estimado2 horas

    MateriaisComputador com acesso Internet/ datashowPapel sulfiteCanetaFlip-chartCaneto

    Descrio da atividadeEsta atividade est dividida em trs momentos:

    primeiro, propomos que os/as alunos/as reflitam sobre o conceito de machismo eque valores e atitudes esto associadas a ele;

    depois, a ideia que os/as jovens reflitam sobre a associao entre masculinidade e

    violncia e como o machismo contribui para fortalecer e naturalizar essa relao;finalmente, o grupo discutir sobre como se aprende a ser machista e a valorizara violncia; e terminar refletindo em maneiras de se ensinar a no ser machistanem violento.

    PRIMEIRO MOMENTO: identificando comportamentos machistas

    Pea para que o grupo se organize em subgrupos de quatro ou cinco alunos. Distribua paraos subgrupos uma das fichas abaixo com a descrio de alguns personagens masculinos e

    pea para que leiam e discutam entre eles quais caractersticas machistas identificam nospersonagens. Os grupos devero levantar argumentos sobre o porqu acham isso. Peapara que os/as alunos/as anotem as caractersticas e os argumentos.

    Descrio dos personagens:

    AtividadeMachismo e violncia

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    7 Joo Carlos, 37 anosMora com dois filhos (meninos) pequenos e sua esposa. conhecido por ser um homemcorreto; religioso, vai toda semana com a famlia igreja. Apesar de bom trabalhador,est desempregado h alguns meses, desde que a empresa em que trabalhava faliu.Chateado, tem conversado cada vez menos com sua parceira. Constantemente ele cri-tica a forma como ela educa seus filhos. A mulher prefere conversar com os filhos emvez de dar umas palmadas quando eles fazem besteiras e tambm incentiva que osmeninos ajudem nas tarefas domsticas. Joo acha que educando assim os meninosvo ficar frouxos quando crescerem.

    Eduardo, 17 anosMora com a me, uma irm e irmo mais novo. H um ano ele deixou de estudar, quandoainda cursava o ensino mdio. Gosta bastante de jogar bola e ouvir funk. Bonito, forte ecomunicativo, faz bastante sucesso com as jovens, especialmente depois que passou ase apresentar como MC nas festas do bairro. Comeou a trabalhar como balconista numaloja de material eletrnico. Afirma ser um cara tranquilo desde que no mexam com ele.Descontrolou-se apenas uma vez quando teve que partir pra cima de um cara que cha-mou sua namorada de gostosa em uma balada.

    Sophia, 35 anos casada e me de uma menina de quatro anos e de um menino de cinco meses. No abremo de trabalhar para ter o seu prprio dinheiro, mas optou por trabalhar meio perodopara ter mais tempo de ficar em casa com os filhos. Sente-se sobrecarregada s vezes porter que trabalhar, cuidar da casa, do marido e dos filhos. Ela responsvel por cozinhartodos os dias e no gosta que o marido d banho ou troque as crianas. Acha que homemno tem jeito para essas coisas, pois as mulheres so naturalmente mais cuidadosas.

    Lucas, 21 anosMora com a me e o pai (irm mais velha casou-se e saiu de casa). Depois que concluiuo ensino mdio, fez curso tcnico e hoje trabalha numa empresa. Tem um filho de quatroanos, fruto de relacionamento com uma colega nos tempos da escola, com o qual tem

    pouco contato, e uma menina de um ano, que visita de vez em quando. Usa parte do seusalrio para pagar uma penso s mes de seus filhos. s vezes ele atrasa o pagamentoe j aconteceu de uma delas ir sua casa reclamar, ele segurou-a forte nos braos e, aosgritos, disse que ela deveria ficar agradecida por ele ainda ajud-la, pois estava de sacocheio da garota. Seu pai viu a cena e no fez nada.

    Darlene, 18 anosMora com a me e uma irm. Prefere namorar meninos mais velhos que tenham condi-es de lev-la para passear (de preferncia de moto) e pagar tudo. Acha muito charmosoum homem portando uma arma, porque d sensao de que ela est com um cara pode-roso.

    Marlos, 13 anosMora com o pai, a me e mais um irmo e duas irms. Marlos tem tido uma queda derendimento na escola e, desde que entrou na stima srie, tem sido mais indisciplinado.Tem uma turma de amigos conhecida por atitudes de confronto com os professores efuncionrios e acaba de ser suspenso depois de colocar um explosivo no banheiro duranteas aulas. Apesar disso, costuma assumir responsabilidades dentro de casa e cuida dosirmos mais novos sempre que os pais precisam. O pai bastante severo e h suspeitade que ele bata nos filhos e na mulher.

    Rogrio, 52 anosTrabalha com um comrcio na rua perto de onde mora. J av de duas crianas, por partedo filho mais velho. Mora com sua esposa, da qual chegou a se separar aps um perodode crise (ela descobriu que ele tinha uma amante). Fala para ela todos os dias como aama. bastante ciumento e no gosta que ela saia muito, se maquie ou se vista de for-ma chamativa. Organiza o futebol nos finais de semana, quando costuma beber com osamigos, mas no deixa que sua mulher assista as partidas ela fica em casa preparandoa feijoada.

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    7Em seguida, pea para que cada subgrupo apresente o seu personagem e a discussofeita. O/a educador/a dever ir anotando na lousa (ou flip-chart) as caractersticasmencionadas pelos grupos que os levaram a acreditar (ou no) que os personagensso machistas.

    A partir disso, faa uma discusso sobre o que machismo e que ideais so machistas. Asseguintes perguntas podem ajudar:

    O que machismo?Que valores so difundidos pelo machismo?Que ideias so machistas?Existe mulher machista?Voc acha que uma mulher pode educar o seu filho de forma machista? Como?Todos os homens so machistas ou existem os que pensam diferente? D um exemplo.Os modelos masculinos da sua famlia e aqueles divulgados pelos meios de comuni-cao so machistas? Como?

    SEGUNDO MOMENTO: machismo e violnciaEssa uma atividade curta. Depois da discusso em grupo, pea para os subgrupos sereunirem novamente e, analisando mais uma vez as histrias que cada um recebeu, per-cebam se h casos de violncia entre os personagens. Cada grupo deve relatar qual o casode violncia, quem so os autores e as vtimas e como essa violncia acontece ( fsica?verbal? psicolgica?). Por fim, devem responder pergunta: voc acha que o machismoestimula a violncia? Como?

    Cada subgrupo apresentar suas concluses e voc pode fazer uma discusso rpida so-bre as relaes entre machismo e violncia, procurando discutir a suposta associao na-tural entre masculinidade e violncia ( normal que todo homem seja violento).

    TERCEIRO MOMENTO: de onde vem o machismo e como podemos ensi-nar as pessoas a no adotarem comportamentos machistas?Sugerimos a exibio de quatro vdeos (ou trechos) que permitem explorar o fato de que omachismo socialmente construdo e legitimado: ele se aprende em casa, na famlia, naescola, na mdia...

    > Vdeo Children see, children do, campanha da ONG NAPCANEsta campanha alerta para o fato de que as crianas so influenciadas pelas refernciasadultas que as cercam e nos faz refletir sobre como os nossos comportamentos podem

    contribuir para perpetuar atitudes violentas.Link do vdeo: .

    > Vdeo Violncia gera violncia do Instituto PromundoA animao mostra os vrios tipos de violncia (verbal, fsica e psicolgica) que umacriana pode sofrer de sua famlia e como isso pode influenci-la a adotar comporta-mentos violentos.Link do vdeo: .

    > Vdeo No fcil no! do Instituto PromundoO vdeo apresenta os resultados de uma pesquisa feita pelo Instituto Promundo e o Insti-tuto Noos, com homens na cidade do Rio de Janeiro. O estudo revela que a violncia contra

    a mulher cultural e est relacionada maneira como os homens so socializados, comoeles aprendem a se comportar.Link do vdeo: .

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    7 > Vdeo Campanha Reacciona Ecuador, el machismo es violenciaEste vdeo da campanha Reacciona Ecuador mostra que o machismo um mal que seaprende e estimulado desde a infncia atravs da forma como homens e mulheres soeducados/as.Link do vdeo: .

    > Videoclipe Boss Life do Snoop DoggEste videoclipe explora o estilo de vida de algum com vida de chefe: um homem compoder, status, que domina as mulheres. um bom exemplo de como a mdia explora edissemina a ideia de que homem de verdade aquele que tem vrias mulheres, que sosubmissas (isso totalmente machista!).Link do vdeo: Link da letra com traduo: .

    Aps a exibio dos vdeos indicados, pergunte aos/as jovens se conseguem perceberuma relao entre eles. importante que os/as jovens consigam compreender que tantoa mdia como as famlias influenciam a forma como os homens so socializados e, portan-

    to, podem contribuir para a manifestao do machismo.

    DicaAo final da atividade, o grupo pode fazer a seguinte reflexo: j que o machismo seaprende e a violncia muitas vezes estimulada, como podemos ensinar as pessoasa no serem machistas, nem violentas? O grupo pode pensar em algum produto decomunicao que difunda essas mensagens. Neste Guia existem atividades que discu-tem gnero a partir da realizao de produtos de comunicao com jovens. Sugerimos

    principalmente as atividades 6 e a 10.

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    Objetivo

    Promover uma reflexo sobre outras formas de resolver os conflitos (baseadas no dilo-go e no respeito s diferenas), a partir de esquetes teatrais feitos pelos/as jovens sobresituaes de conflito e/ou preconceito de gnero.

    Tempo estimado1 hora (para dois grupos de 4 a 6 pessoas)

    MateriaisPapel sulfiteCaneta

    Descrio da atividadeDivida a turma em grupos menores (entre 4 e 6 pessoas) e distribua para cada grupo umadas situaes apresentadas a seguir.

    A) NO BARSituao: Dois jovens homens jogam sinuca no bar. Um deles fica irritado porque estperdendo e parte pra cima do outro. O/a dono/a do bar fica em dvida se deve ou nochamar a polcia para resolver essa situao. Vizinhos tambm se intrometem na briga.Faam a representao desta situao.Personagens: Jovem 1, jovem 2, vizinhos, policial e dono/a do bar.

    B) NA ESCOLASituao: A me de um aluno vai at a escola contar para a diretora que viu um dos pro-fessores de mos dadas com outro homem na rua. A me alega que isso pode influenciarnegativamente a educao do seu filho, uma vez que ele pode querer ser homossexual.O pai tambm comparece na escola para acompanhar a conversa. Representem estemomento da conversa com a diretora.Personagens: Me, professor, diretor a e pai.

    C) NA RUASituao: Garota passa na rua e recebe uma cantada. S que o namorado dela estavajunto e vai tirar satisfao com o cara que deu a cantada. Alm deste casal de namora-dos, havia outro casal de amigos que os acompanhava. Como foi essa cena?Personagens: Garota, namorado, jovem que passa a cantada, amiga e amigo (o outro casal).

    AtividadeMudando o rumo da histria:

    outras formas de resolver os conflitos

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    Dica

    Se quiser, voc poder tambm criar situaes com os/as prprios/as jovens. Nessecaso, reserve um tempo maior para realizar a atividade.

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    8 D) EM CASASituao: Em determinada noite em uma rua calma, sem sada, com trs casas, vizinhosacordam assustados de madrugada, pois escutam gritos de uma mulher em uma dascasas. Tudo leva a crer que o marido est espancando a mulher. As luzes das casas pr-ximas se acendem e os vizinhos saem na rua. O barulho continua e os gritos da mulherno param. Um dos vizinhos quer ir l bater no cara, o outro diz que em briga de marido emulher ningum mete a colher. E agora, o que fazer?Personagens: Mulher, marido da mulher, vizinho casa 1 e vizinho casa 2.

    E) NA PRAASituao: Uma jovem deseja treinar futebol com as amigas no campinho em frente suacasa. Mas sua me diz que ficar na rua coisa de homem porque mulher pode ficar fala-da no bairro. O namorado dessa jovem tambm contra porque acha que o futebol deixaa mulher muito masculina. Apesar de no incentivarem o esporte, no probem a jovemde treinar. A jovem, por sua vez, gosta muito de futebol, mas tambm tem medo de decep-cionar sua me e do namorado parar de gostar dela. O que a jovem faz?Personagens: Jovem, me, namorado, amiga jogadora 1 e amiga jogadora 2.

    Em seguida, pea para que cada grupo elabore e apresente um esquete da situao, quedeve durar no mais do que cinco minutos, com os/as personagens descritos/as. Cabesalientar aos/as jovens que a cena deve ser elaborada e paralisada no auge do conflito, ouseja, sem o desfecho da histria, pois este ser pensado pela plateia (os outros grupos).

    O/a educador/a deve fazer perguntas provocativas para influenciar a plateia a pensarem finais que sejam baseados no dilogo e no respeito. Essas perguntas podem ser:o que cada personagem est sentindo ou pensando? De que forma um conflito comoesse geralmente resolvido? legal ele ser resolvido assim ou ele poderia ter outrodesfecho? Algum tem alguma pergunta a fazer para a personagem? possvel haver

    dilogo, nesse caso? Quem deve tomar a iniciativa? Algum nessa cena pode ser omediador da situao?

    Lembre os jovens de que possvel pensar em outras solues para a cena, levando emconta os papis dos/as personagens na histria. Note, por exemplo, que na maioria dassituaes existe algum personagem mais neutro, ou seja, que no est diretamente en-volvido na situao (como um amigo ou o dono do bar). Esses personagens podem se aliara outra/o personagem, como tambm exercerem o papel de mediadores dos conflitos.

    Questione quaisquer desfechos que apresentem violncia ou falas preconceituosas.Abaixo, apresentamos mais algumas sugestes de questes que podem ser feitas para

    influenciar a reflexo dos/as alunos/as sobre cada uma das situaes e como elas podemter outro desfecho.

    A) NO BARO que fez o homem querer brigar com o outro?Voc acha que brigar com algum uma forma legtima de buscar conquistar orespeito dos outros?Nessa situao, o que a polcia pode fazer? Ela realmente necessria ou outrapessoa pode ajudar a mediar a situao? O/a dono/a do bar conseguiria mediarsozinho/a esta situao? De que forma?

    Como o policial deve agir nesse caso? Como os vizinhos devem interferir nesse tipo de situao? E o homem que iria apa-nhar, como ele deveria reagir: bater de volta ou tentar conversar?

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    B) NA ESCOLAPor que voc acha que a me ficou preocupada?Voc acha que a me preconceituosa?Voc acha que um professor gay influencia os alunos a serem gays tambm?O que a diretora deveria fazer neste caso?Ao perceber o preconceito da me, como o professor deveria reagir?Qual foi a posio do pai nessa histria? Ele concordou com a opinio da me?

    C) NA RUAO cara que cantou a garota folgado? Por que ele xaveca as meninas que passamna rua?Voc acha normal o namorado ir tirar satisfao com o cara xavequeiro?Voc acha que ele foi tirar satisfao por amor, cime ou porque acha que a garota sua propriedade?O que o casal de amigos achou da situao? De que forma eles se posicionaramnessa histria?

    D) EM CASAVoc acha que o vizinho deve interferir?Voc concorda com a frase em briga de marido e mulher no se mete a colher?Voc acha que a mulher pode estar merecendo apanhar porque pode ter feitoalguma coisa errada?Como voc resolveria esse caso?Voc conversaria com a mulher? Caso conversasse, o que recomendaria a ela? O queela deveria procurar primeiro: o posto de sade, a assistncia social, ou a delegaciada mulher?Voc conversaria com o marido agressor? Caso conversasse, o que recomendaria

    a ele?Voc pediria a ajuda de algum para resolver essa situao? De quem?

    E) NA PRAAVoc acha que a me est fazendo isso porque quer proteger a jovem? A me querproteger a jovem do que, exatamente?Voc concorda com o namorado da jovem de que o futebol deixa a mulher mascu-lina?O que uma mulher masculina?Voc acha importante que a jovem respeite os prprios desejos mesmo que isso

    decepcione sua famlia?Como eles podem resolver essa situao sem que a famlia fique magoada demais?

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    Fotos da aplicao desta atividade na EMEF Padre Jos Pegoraro, no Graja.

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    interessante que a atividade de produo do fanzine acontea quando o grupo j tiverparticipado de outras atividades dobre gnero, assim estaro mais familiarizados com otema. Depois de muitas reflexes, eles j devem ter percebido a importncia do respeito diversidade, mas vale a pena retomar esse assunto com o grupo, realizando a dinmi-ca do jogo dos opostos.

    Para esta dinmica importante que o local tenha espao para que o grupo se movi-mente, pois as pessoas iro se mover para se posicionarem a favor (direita) ou contra(esquerda), de acordo com as perguntas que sero feitas por voc. Para que a atividade

    no fique muito longa, faa no mximo dez perguntas.

    Objetivo

    Construir, junto com os/as jovens, um fanzine (jornal alternativo, muito utilizado pelosjovens) com o tema respeito diversidade.

    Tempo estimado5 horas (a atividade pode ser fragmentada em vrios encontros)

    MateriaisFolhas de sulfiteRevistas e jornais diversificadosMquina fotogrficaComputador com acesso InternetImpressora/ mquina de xeroxGravadorCanetaColaTesouraDVD e televiso

    Descrio da atividade

    Esta atividade consiste na produo de um fanzine pelos/as prprios/as jovens. Aquisugerimos algumas sees que o fanzine deve ter, bem como dinmicas para cada umadelas, com o objetivo de contribuir para que os/as jovens trabalhem o tema do respeito diversidade.

    AtividadeQual a sua? Elaborando um fanzine pelo

    respeito diversidade

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    DicaEm vez de fazer um fanzine, voc pode construir com os/as jovens um blog. Neste su-porte existe a possibilidade de continuar estimulando os/as jovens a irem produzindoe assim atualizando o contedo do blog com outras produes. O blog pode concentraras mesmas produes e reflexes sugeridas aqui para a confeco do fanzine.

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    Abaixo sugerimos algumas perguntas que podem ser feitas ao grupo:Quem tem namorado ou namorada?Quem beija bem?Quem vai igreja sempre?Quem tem um amigo gay?Quem acha que a violncia justificvel em alguns casos?Quem j bateu em algum menor do que voc? Quem j bateu em algum maior?Quem j teve muita vontade mas no bateu?Quem acha que a escola um saco?

    Quem acha que cabe mulher tomar providncia para no engravidar?

    Quem acha que mulher tem que ser virgem at o casamento?Quem acha que tm profisses que envolvem risco ou fora e por isso s devem serocupadas por homens?Quem acha que deve tomar atitude para defender a irm ou namorada?Quem acha que se uma pessoa passar a mo propositalmente na bunda de umamenina na balada o seu namorado deve bater?Quem acha importante se vestir bem?Quem j teve preconceito com algum que estava mal vestido?Quem quer ter uma moto?

    Quem costuma fazer trabalhos domsticos?Quem se acha bonito?Quem assiste TV todos os dias?

    Fechando a atividade...Depois disso, converse com os/as alunos/as sobre o fato de que possumos opiniesprprias que podem ou no ser iguais s dos nossos amigos e familiares. Afinal, nossaidentidade composta de mltiplas referncias, sendo que nenhuma pessoa igual outra. importante salientar que estamos em constante reconstruo, as nossas opi-nies se modificam ao longo da vida.

    Feita esta primeira sensibilizao sobre o tema, a turma dever ser dividida em subgru-pos responsveis pela produo de cada parte do fanzine, de acordo com as habilidadesde cada um. Sugerimos as seguintes sees: a) entrevista; b) enquete; c) fotos; d) cola-gem; e) ponto de vista. Alm dessas sees, voc pode, com os/as alunos/as, criar eincrementar o fanzine com outras, como poesia, conto, crnica, histria em quadrinho,charges, matrias, etc. Tente identificar quais so os pontos fortes dos participantes edecida com eles o contedo.

    Ateno!A ideia que os grupos trabalhem simultaneamente. Voc deve adequar o tempo detrabalho de acordo com o nmero de horas/encontros disponveis. O fanzine podeser realizado em uma tarde de trabalho inteira, ou tambm pode ter sua produofragmentada em vrios encontros.

    Ateno!Voc pode fazer perguntas aleatrias, pois o importante da atividade no trabalharquestes sobre a temtica de gnero, mas sim fazer com que todos percebam quepossuem ideias diferentes e que no existe uma pessoa igual outra.

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    Ateno!Apesar de ouvir e respeitar opinies diferentes nas entrevistas, questione falasmachistas ou preconceituosas. Converse com os/as alunos/as sobre o que foi ditonas entrevistas.

    A seguir, so apresentadas as atividades pensadas para cada seo.

    A) ENTREVISTA

    Nesta seo, os alunos podem entrevistar pessoas da instituio, da escola ou da comu-nidade, que deem sua opinio sobre temas como relacionamento, famlia, sexualidade,etc. As entrevistas e respostas mais interessantes podem ser publicadas no fanzine.

    Para fazer esta seo, o grupo deve definir algumas perguntas (sugerimos uma mdiade cinco perguntas, alm das triviais como nome, idade, estado civil e profisso). A ideia que as perguntas permitam evidenciar como os/as entrevistados/as se relacionamcom pessoas diferentes. Sugerimos algumas questes que podem ajud-lo/a a criar asperguntas com os/as jovens:

    Quem voc acha que a pessoa mais diferente de voc? Por qu?Como voc se relaciona com pessoas diferentes de voc?Para voc, o que uma pessoa normal?Voc se acha normal?

    Para voc, importante fazer parte de uma tribo? Voc tem alguma? Se sim, as pessoas dessa tribo tm interesses parecidos?Tem algum tipo de pessoa que voc acha estranho?Tem algum tipo de pessoa da qual voc nunca seria amigo? Por qu?Voc j foi vtima de preconceito? Como?Por que voc acha que as pessoas zoam as outras?Voc j foi zoado? Por que voc acha que isso aconteceu?

    Depois pea para que o grupo faa uma tabela (como o exemplo a seguir), que reunirtodas as respostas.

    Nome Idade Estadocivil

    Profisso Pergunta1

    Pergunta2

    Pergunta3

    Pergunta4

    Pergunta5

    Na verso final do trabalho, pea para que os/as alunos/as escolham as entrevistasmais interessantes e apresentem-nas de forma comparativa.

    Oriente os/as alunos/as a pedir autorizao aos/as entrevistados/as para tirar fotos.Recomende tambm que as fotos sejam colocadas ao lado das respostas registradas,como feito em jornais e revistas.

  • 8/7/2019 Gnero Fora da Caixa - Guia Prtico para Educadores e Educadoras

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    9 B) ENQUETENesta seo, os alunos podem criar umapergunta e coletar respostas junto s pes-soas da instituio, escola ou da comunida-de. Os/as jovens podem perguntar pessoal-mente s pessoas ou realizar uma votaoutilizando cdulas de papel. Ao final, o grupo

    deve construir um grfico com as respostascoletadas. No fanzine, a pergunta pode serexposta junto com um grfico com as por-centagens de cada resposta. Veja o exemploao lado construdo pelos alunos da EMEF Pe.Jos