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CAPÍTULO 1 Generalidades sobre Anatomia y Explorar o conceito e o significado de Anatomia Humana e seus fundamentos, em relação ao estudo dos sistemas orgâni- cos y Citar os fatores de variação, desenvolvendo explicação so- bre o biótipo y Distinguir entre Anatomia Sistêmica e Anato- mia Topográfica y Definir os termos de posição, na linguagem anatômica, para se proceder à localização das partes do cor- po humano y Descrever os planos de secção e delimitação do corpo humano y Definir designações genéricas básicas em Ana- tomia, como processo, fossa, fóvea, ducto, crista etc. OBJETIVOS

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Page 1: Generalidades sobre Anatomia - ict.unesp.br ROELF 2012.pdf · 3 A Anatomia estuda a forma, a constituição, a arquitetura e a configuração do corpo A Anatomia* 1 Humana tem sido

CAPÍTULO

1

Generalidadessobre Anatomia

y Explorar o conceito e o significado de Anatomia Humana eseus fundamentos, em relação ao estudo dos sistemas orgâni-cos y Citar os fatores de variação, desenvolvendo explicação so-bre o biótipo y Distinguir entre Anatomia Sistêmica e Anato-mia Topográfica y Definir os termos de posição, na linguagemanatômica, para se proceder à localização das partes do cor-po humano y Descrever os planos de secção e delimitação docorpo humano y Definir designações genéricas básicas em Ana-tomia, como processo, fossa, fóvea, ducto, crista etc.

OBJETIVOS

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A Anatomia estuda a forma, a constituição,a arquitetura e a configuração do corpoA Anatomia*1 Humana tem sido definida como a ciência que estudaa forma*, a estrutura* e o desenvolvimento* do corpo humano. En-tretanto, essa definição pertence mais à Morfologia*, cujo estudo émais abrangente. Sob a óptica educativa, a Anatomia do Desenvolvi-mento é estudada na disciplina de Embriologia e a Anatomia Estru-tural ou Microscópica é conteúdo das disciplinas de Histologia, Cito-logia ou Biologia Celular. Esta é uma razão para o uso dos termos

“A Anatomia é a base de todas as ciências médicas, teóricase práticas.”

Claude Bernard

A Anatomia é antiquíssima. Ela se iniciou com a simplesinspeção da forma externa de pessoas e animais, mortos ouvivos, de várias idades. Depois, movido pela curiosidade, ohomem praticou incisões e secções em cadáveres para co-nhecer a constituição interna e seu arranjo ou aspecto ar-quitetural. Na seqüência foram observadas as transforma-ções irreversíveis relacionadas com o desenvolvimento eos aspectos funcionais das formações anatômicas já entãoconhecidas. Para a prática das ciências da saúde ela conti-nua a ser o “...fundamento sólido..., a preliminar essen-cial”, no dizer de Vesalius. Para a produção científica seucampo de pesquisa tem sido ampliado muitas vezes, abran-gendo áreas cada vez mais especializadas, mas que, no finaldas contas, são ramos da própria Anatomia.

GUIA DE ESTUDO 1 (Todos os “blocos de assuntos” deste e dos demais capítulos e subcapítulos até o final dolivro são providos de “guias de estudo”. É aconselhável segui-los, iniciando por este, para alicerçar seu aprendi-zado e receber uma instrução mais personalizada.)

1 Leia uma vez o bloco 1 (B1).2 Faça, por escrito, uma sinopse relativa ao significa-do (conceito) da Anatomia.3 Responda, escrevendo, às seguintes perguntas: Quaissão os fatores gerais de variação anatômica? Quaissão os característicos diferenciais de longilíneos e bre-vilíneos? A que biótipos os tipos cefálicos geralmentese ajustam? Qual é a diferença entre variação e ano-malia? E entre sistema e aparelho? O aparelho masti-gador é formado por quais sistemas?

4 Leia novamente e confira se o que escreveu estácorreto.5 Em caso negativo volte aos itens 1 a 4. Em casopositivo passe para o item 6.6 Leia de novo, agora mais atentamente. Investigueentre seus colegas e professores o que realmente sig-nifica aparelho mastigador. Leia o “Índice” para saberquais sistemas serão estudados.7 Leia novamente o bloco 1, agora realçando (grifan-do, se quiser) os detalhes que julgar mais importantes.

B1

1 Não esqueça que todos os termos seguidos por asteriscos (*) apresentam sua defi-nição no glossário, no Apêndice deste livro.

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GENERALIDADES SOBRE ANATOMIA4

formação, corpo, parte, porção ou elemento anatômico (macroscópi-co*), comumente utilizados na Anatomia, no lugar de estrutura, quesignifica disposição e ordenação de células, genes, tecidos, portantoem nível celular ou subcelular.

Forma significa aparência, feitio, contorno ou limites exteriores, as-pecto físico. Constituição é o complexo de elementos formadores, oconjunto das caraterísticas corporais de um ser, as partes que com-põem o conjunto das características hereditárias; corresponde ao ge-nótipo de um indivíduo. Arquitetura deve ser entendida como a dis-posição organizada das partes ou dos elementos. Configuração é osomatório de tudo, o aspecto físico final, o arranjo do todo por den-tro e por fora, o fenótipo. Portanto, formações anatômicas são estu-dadas em Anatomia quanto ao seu contorno, às partes formadoras eàs relações entre essas partes, para se chegar ao entendimento da con-figuração macroscópica final.

A forma não é estática, mas dinâmica porque o organismo se trans-forma sempre, ainda que lentamente, para se adaptar com novas for-mas às necessidades funcionais em um determinado momento. Umosso sofre contínua e progressiva remodelação*. Um músculo experi-menta processos de hipertrofia* e de hipotrofia*, segundo os exercí-cios que realiza ou deixa de realizar. Uma articulação, uma víscera*,um dente se altera com o uso, com a idade, com a doença etc. Dessemodo, nenhum corpo humano é igual a outro nem o mesmo é sem-pre igual em todas as suas partes em momentos diferentes.

A forma é dependente de fatores gerais e individuais devariaçãoTem-se de considerar os grandes fatores de variação* (gerais) queapresentam características anatômicas comuns. São eles a idade, o sexo,o biótipo, o grupo racial e o estado de nutrição.

As diferenças anatômicas determinadas por esses fatores são maisou menos óbvias; entretanto, parece-nos que o biótipo precisa dealguma abordagem. A Biotipologia refere-se aos tipos morfológicosconstitucionais longilíneo, brevilíneo e mediolíneo, que ocorremem ambos os sexos e em várias faixas etárias e grupos raciais, au-mentando assim a diversidade, já que cada um tem caracteres ana-tômicos próprios.

Para se ter uma idéia das diferenças anatômicas entre os éctipos (tiposextremos), apontamos no longilíneo algumas características comple-tamente opostas às dos brevilíneos: 1. alto e magro; 2. membros infe-rior e superior bastante longos em relação ao tórax; 3. o tórax predo-mina sobre o abdome; 4. as costelas e a linha cérvico-escapular sãooblíquas (no brevilíneo são horizontais); 5. pele delgada e tela subcu-tânea* escassa; 6. dolicocrânio*; 7. coluna vertebral com curvas dis-cretas e espaços intercostais amplos; 8. coração e estômago alonga-dos verticalmente; 9. dentição precoce e dentes apertados; 10. mús-culos delgados e longos.

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O mediolíneo apresenta características atenuadas de ambos os écti-pos, ora mais ora menos acentuadas.

A cabeça, tomada isoladamente, pode ser classificada em quatro ti-pos fundamentais conforme as dimensões de seus três segmentos fa-ciais: o superior ou cerebral, o médio ou respiratório e o inferior oudigestório. Os tipos cefálicos são os seguintes: respiratório, quandoo segmento médio é mais desenvolvido que os demais; o digestório,quando o segmento inferior é o predominante; o cerebral, quando opredominante é o segmento superior; e o quarto tipo é o muscular,quando os três segmentos se equivalem. Ao se relacionar os tiposcefálicos com os biótipos, nota-se uma correspondência entre o res-piratório e o longilíneo, entre o digestório e o brevilíneo e entre omuscular e o mediolíneo.

Os pequenos fatores de variação (individuais) são próprios do indi-víduo. Variações anatômicas individuais da forma (contorno inco-mum ou tamanho exagerado de um órgão*, duplicação de um duc-to*, ausência de uma veia, trajeto incomum de uma artéria, raizdental supranumerária) são extremamente comuns e a Anatomialida tranqüilamente com isso. Observe que a variação anatômicanão causa prejuízo funcional.

Se a variação anatômica é grande a ponto de interferir com o bomfuncionamento ou mesmo com a estética (fissura lábio-palatina, dedosupranumerário, anodontia, espinha bífida), já não é mais variaçãoe sim uma anomalia*. Se a anomalia é exagerada e de alta gravidade,a ponto de ser incompatível com a vida, passa a se chamar monstruo-sidade, estudada pela Teratologia.

Assim, a Anatomia estuda o aspecto normal*, ou seja, as formasmais comuns, mais freqüentes, típicas. Porém, incorpora pequenosdesvios do normal, como as variações, e até mesmo prevê seu apa-recimento. A forma tida como anormal ou alterada é objeto deestudo da Patologia.

A melhor anatomia é a que nos revela o ser viventeEmbora seja, no estudo anatômico, imprescindível a utilização decadáveres e de modelos industrializados, é importante ter em menteque ele visa mesmo ao conhecimento do corpo vivo. Sempre quepossível o estudo deverá ser feito no próprio estudante ou em seupar, com inspeção visual e manual. A palpabilidade do crânio, devários músculos, da laringe, de algumas articulações é não apenaspossível, mas necessária. O exame da boca no vivo tem a vantagemde se fugir das modificações de consistência, elasticidade, forma, cor,odor, secreções e sensibilidade decretadas pela morte e pelos meiosde conservação do cadáver. Examinar a boca do ser vivente é lidarcom uma anatomia “real” dessa parte do corpo.

Os conhecimentos em Anatomia podem ser obtidos por meio do es-tudo dos sistemas* do corpo (esquelético, digestório, nervoso etc.) ouaparelhos* (gênito-urinário, cárdio-respiratório), com todas as suasramificações, não importando em que região possam estar. Constitui

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GENERALIDADES SOBRE ANATOMIA6

O corpo humano, em posição ortostática, se forcircunscrito em um paralelepípedo, será limitado porquatro planos longitudinais e dois horizontaisA noção dos imaginários planos de delimitação (anterior, posterior,lateral direito, lateral esquerdo, superior e inferior) é fundamental paraa compreensão dos termos de posição e direção* usados na descriçãodo corpo (Fig.1-1). Há também termos que definem planos de sec-ção (Fig.1-1), o que na prática realmente acontece ao se reduzir cadá-veres nos laboratórios de anatomia ou nos institutos médico-legaisou ao se realizar cirurgias. Portanto, estes não são planos imaginários.São eles: sagital*, sagital mediano, frontal*, frontal médio, transver-sal, oblíquo, horizontal, longitudinal.

O plano sagital mediano pode ser praticado em um cadáver, de talmodo que este fique separado ao meio. As duas metades resultantes,direita e esquerda, são os antímeros. A construção corpórea obedecea alguns princípios, entre eles o da simetria bilateral denominadoantimeria*. Outro princípio que o estudante logo perceberá se traduzna disposição das estruturas em camadas ou estratos, da superfíciepara a profundidade, em todas as partes do corpo. É o princípio daestratificação* do corpo humano ao ser embriologicamente forma-do. A metameria (segmentação crânio-caudal em unidades ou metâ-meros, como por exemplo, vértebras, costelas, nervos espinais, etc.) ea paquimeria (divisão pelo plano frontal médio em paquímeros ven-tral, com a grande cavidade que contém as vísceras, e dorsal com acavidade que contém o neuroeixo) são os demais princípios ou planosgerais de construção do corpo humano.

a Anatomia Sistêmica. Se o estudo for feito obedecendo às regiões docorpo (dividido convencionalmente em regiões topográficas), cons-tituirá a Anatomia Topográfica. Nesse caso, em cada região será es-tudada parte de cada sistema orgânico que compõe essa região.

B2

GUIA DE ESTUDO 2

1 Leia uma vez o bloco 2.2 Responda, escrevendo, às seguintes perguntas: Porquê os planos de delimitação são referidos como pla-nos imaginários? Quais são eles? Que diferenças po-dem ser estabelecidas (com exemplos reais) entre ostermos mediano, médio e medial? É possível usar ostermos de posição (anterior, posterior, medial, lateral,superior, inferior, médio e intermédio) sem estabele-cer relação um com o outro? O termo mediano tam-bém? O joelho é distal, médio ou proximal em relaçãoao tornozelo? E em relação à coxa? Qual é a posiçãodo tornozelo em relação aos dedos do pé? O que sig-nifica, em Anatomia, processo, forame, crista e óstio?Utilizando os termos de posição que você aprendeu,classifique os pontos A, B e C nas figuras 1-2b e 1-2c.

3 Leia novamente e confira se as respostas estão cor-retas. Consulte o Glossário para completar ou ampliarseu entendimento.4 Se as respostas estiverem erradas ou incompletas,volte aos itens 1 a 3. Se estiverem corretas, passe parao item 5.5 Leia de novo, agora mais atentamente. Troque idéiascom os colegas. Simule localizar elementos de seupróprio corpo. Imagine, por exemplo, descrever asposições do olho, da boca, da orelha, a partir dos pon-tos de referência que já conhece. Consulte outros li-vros de Anatomia e observe bem suas ilustrações.6 Leia ainda uma vez mais o bloco 2 para destacar osdetalhes que julgar mais importantes.

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Posição de descrição anatômicaTodos estes planos de delimitação e de secção, e também os termos deposição ou localização das estruturas anatômicas, são utilizados como corpo em uma posição padronizada. Por exemplo, imaginemos terde descrever a posição relativa de uma lesão na pele da face, que seencontre entre o nariz e a orelha. Caso o paciente se encontre emdecúbito dorsal (deitado com a face para cima), a lesão será descritacomo localizada “superiormente” à orelha. Já se o paciente estiver emdecúbito ventral (deitado com a face para baixo), a lesão seria descritacomo localizada “inferiormente” à orelha. Para se evitar esse tipo deconfusão, foi adotada uma posição fixa, universalmente aceita. Nessaposição, denominada posição de descrição anatômica, o corpo ficana vertical (posição ortostática), com a cabeça “olhando” para frentee para o horizonte, pés unidos, membros superiores estendidos aolado do corpo com as palmas das mãos voltadas para frente, de formaque o polegar fique “apontando” para fora. Assim, voltando ao nossoexemplo inicial, a lesão deverá ser corretamente descrita como locali-zada “anteriormente” à orelha.

As descrições feitas ao longo deste livro fundamentam-se nessa posi-ção. Ao estudar o crânio, por exemplo, ele poderá ser posicionado daforma mais conveniente para visualizar este ou aquele acidente ana-tômico, mas a descrição no texto sempre será feita levando-se em con-sideração a posição de descrição anatômica.

Figura 1-1 – Planos de delimi-tação e secção. Em A, estão re-presentados os planos de delimi-tação laterais, superior e inferior.Observe que eles “tangenciam” ocorpo (representado pelo esque-leto) sem seccioná-lo. Já o planosagital mediano, ou simplesmenteplano mediano, é um plano de sec-ção que divide o corpo em duasmetades semelhantes, à direita eà esquerda. Planos de secção pa-ralelos ao mediano são denomi-nados sagitais. Os planos superiore inferior tangenciam o alto dacabeça e as plantas dos pés. Pla-nos de secção paralelos a estes sãodenominados planos horizontais.Em B, além dos planos superior einferior, estão representados osplanos de delimitação anterior eposterior, que “tangenciam” o cor-po ventral e dorsalmente. Planosparalelos a estes, que seccionemo corpo, são chamados planosfrontais, e o mais central é o pla-no frontal médio. Obs.: erronea-mente, os planos estão represen-tados como linhas.

Plano superior(ou cranial)

Plano superior(ou cranial)

A B

Plano inferior(ou podálico)

Plano inferior(ou podálico)

Plan

o posterior (ou dorsal)

Plan

o lateral esquerdo

Plan

o anterior (ou

ventral)

Plan

o lateral direito

Plan

o median

o

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GENERALIDADES SOBRE ANATOMIA8

A lista de termos anatômicos oficial é constantementeatualizada e deve ser seguida com rigorA nomenclatura anatômica* oficial atual, usada para designar comdenominações apropriadas as partes do corpo humano e suas posi-ções, ascende a mais de 5.000 vocábulos. Alguns são conhecidos (na-riz, gengiva, fêmur, artéria coronária), outros serão conhecidos pau-latinamente (processo coronóide, carina da traquéia, veia retroman-dibular, funículo espermático etc.).

Alguns termos são básicos para se iniciar o domínio da linguagemanatômica. Os termos de posição, por exemplo, são adjetivos usadosa todo momento e de entendimento fácil: anterior (ventral), poste-rior (dorsal), superior, inferior, externo, interno, superficial, profun-do. Outros termos, como mediano*, medial*, lateral*, médio*, inter-médio*, proximal* e distal*, constam do Glossário e são explicadosnas legendas das figuras 1-2 e 1-3. Quando necessário, esses adjetivossão transformados em advérbios (posteriormente, ventralmente, pro-fundamente).

Esses termos não são apenas fundamentais para a Anatomia, mas cons-tituem a única forma correta para localizar e descrever em relatórios,laudos e encaminhamentos médicos, por exemplo, lesões na cavidadebucal. Assim, seu conhecimento é requisito básico para o estudo ana-tômico.

São básicas também (e constam do Glossário) as designações genéri-cas que se aplicam a elevações ou saliências, depressões ou reentrân-cias, orifícios, condutos de partes do corpo: processo*, fossa*, fóvea*,fissura*, óstio*, hiato*, forame*, túber*, tuberosidade*, tubérculo*,ducto*, canal*, linha*, crista* e outros.

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Figura 1-2 – Localização de elementos anatômicos no eixo látero-medial. Em a, a linha bidirecional representa oeixo látero-medial, que vai do plano lateral ao plano mediano nesta vista anterior do crânio. Qualquer elemento, como oelemento M, que se encontre no plano mediano será considerado mediano (p. ex.: nariz, osso esterno, umbigo, pênis etc.). Vejaagora os elementos A, B e C. Como A está mais próximo do plano mediano em relação a B e C é considerado medial emrelação a B e C. C, por estar mais próximo do plano lateral é lateral em relação a A e B. Obviamente B é lateral em relaçãoa A e medial em relação a C. Já em relação a A e C, o elemento B é intermédio. A partir desta explicação, pode-se deduziro significado dos termos anterior, médio (não confunda médio com intermédio; intermédio é utilizado apenas para o eixolátero-medial) e posterior no eixo ântero-posterior (b) e dos termos superior, médio e inferior no eixo longitudinal (c).

Figura 1-3 – Localização de elementos anatômicosnos membros. O esqueleto do membro superior tem umhipotético elemento localizado em A, portanto mais próxi-mo da raiz do membro (parte que se liga ao tronco) emrelação aos elementos localizados em B e C. Ele é dito pro-ximal em relação a B e C. C, por estar mais distante da raizdo membro, é distal em relação a A e B. O elemento B, queé distal em relação a A e proximal em relação a C, é médioem relação a A e C. Nas outras partes do corpo são usadosos termos superior, médio e inferior, mas nos membros elessão trocados por proximal, médio e distal, respectivamente.Esses termos também são utilizados para localizar segmen-tos de vasos e nervos em relação aos órgãos centrais, cora-ção e neuroeixo.

A

B

C

Plano inferior

Plano superior

PosteriorAn

teri

or

Lateral

Pla

no

med

ian

o

M

A B C

A B C

B

C

A

cba

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CAPÍTULO

2

SistemaEsquelético

� Conceituar osso do ponto de vista de sua constituição, discri-minando os elementos formadores � Conceituar osso desde oponto de vista biomecânico, sem deixar de se referir às subs-tâncias compacta e esponjosa � Expor diferenças entre o ossode laboratório e o do ser vivente, sem deixar de relatar ativida-des de remodelação óssea � Classificar os ossos quanto à forma,atribuindo exemplos � Distinguir entre esqueleto axial e esque-leto apendicular, indicando com precisão os ossos que com-põem cada um deles � Reconhecer os ossos humanos, analisan-do forma, tamanho, número, tipo morfológico, posição elocalização � Identificar os acidentes (detalhes) anatômicos docrânio nas vistas anterior, superior, lateral, inferior, interior emedial � Descrever (e desenhar) o contorno e as porções for-madoras da mandíbula e da maxila, com riqueza de detalhes �Citar os elementos (artérias, veias, nervos, glândulas) que pas-sam através de forames e canais do crânio e que se situam emfossas e sulcos � Analisar, detalhadamente, a topografia dento-alveolar na maxila e na mandíbula, justificando seu significadoou aplicabilidade �

OBJETIVOS

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Generalidades

de por remodelação óssea? O que é periósteo? Comoo periósteo contribui para o crescimento ósseo?3 Leia novamente e confira se suas respostas estãocorretas.4 Em caso negativo, volte ao item 1. Em caso positivo,passe para o item 5.5 Complemente suas respostas procurando informa-ções em livros de Histologia.6 Leia o bloco 1, agora mais atentamente.7 Releia o texto, grifando e destacando os detalhesque julgar mais importantes.

1 Leia uma vez o bloco 1 (B1) a seguir.2 Responda, escrevendo, às seguintes perguntas: Comoé composto o osso? Em virtude de sua composição,qual analogia pode ser feita com materiais industriali-zados? Qual é a função da hidroxiapatita de cálcio?Qual é a diferença entre o osso de uma criança e deum adulto? Quais são os tipos de ossificação e quaisas diferenças entre eles? Quais são as diferenças entrea substância óssea compacta e a esponjosa? O que éuma trabécula óssea? Quais são as diferenças do ossodo ser vivo em relação ao osso seco? O que se enten-

GUIA DE ESTUDO 3

O osso tem em sua constituição tecido mole e tecidoduro combinadosUm terço da composição do osso do indivíduo adulto é formado poruma matriz orgânica fibrosa com 90% de colágeno e uma substânciafundamental amorfa contendo proteínas. Tanto as fibras colágenasquanto as proteínas não-colagenosas têm funções na mineralização emostram grande tendência de agregação, em particular ao íon cálcio.Os outros dois terços são inorgânicos: cristais de hidroxiapatita de10nm de comprimento aproximadamente, que contêm principalmentecálcio, fósforo e íons hidroxila. Os sais inorgânicos também são com-postos por carbonato, citrato de sódio, magnésio e flúor.

A hidroxiapatita de cálcio (hidróxido de fosfato pentacálcico) é um doscomponentes de todos os tecidos mineralizados do corpo, tanto do ossocomo do esmalte e da dentina. Concede ao osso sua dureza e, se fosseremovida (como ao desmineralizar o osso colocando-o em um ácido),permaneceria apenas o arcabouço orgânico. Nesse caso, embora o ossoconservasse sua forma original, ele se tornaria mole e flexível.

B1

Sem a existência de um esqueleto ósseo, seríamos incapazesde realizar movimentos como aqueles necessários à loco-moção. Também seria impossível a manutenção da postu-ra, ou mesmo mastigar os alimentos. Adicionalmente, sema presença de um esqueleto ósseo, qualquer impacto emnosso corpo provocaria lesões sérias nos órgãos internos, jáque estes não estariam mais protegidos. Assim, podemosdefinir o sistema esquelético como o conjunto de ossos e car-tilagens que protegem os órgãos internos e permitem a reali-zação de movimentos. Esse sistema é abordado pela Osteo-logia, que estuda ossos e cartilagens, e pela Artrologia, queestuda as articulações.

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SISTEMA ESQUELÉTICO14

Essa combinação do arcabouço orgânico com sais inorgânicos au-menta de forma notável a resistência óssea. A parte orgânica ofereceresiliência* e a inorgânica, rigidez. Enquanto a primeira resiste me-lhor às forças de tensão, a segunda resiste às forças de compressão.Ambas, conjugadas, conferem ao osso uma resistência maior que a decada um dos componentes tomado isoladamente.

Para se entender melhor, pode-se fazer uma analogia* com o conheci-do material de resina de poliéster com fibras de vidro. A resina é defor-mável, mas não se fratura facilmente, pois apresenta elasticidade e resi-liência. O vidro não se deforma, é duro e resistente; mas não é elásticoe se fratura. O mesmo acontece com a borracha do pneumático, que éelástica, deformável, porém é reforçada com porções metálicas paraadquirir rigidez e firmeza. Nessa analogia, enquanto um material per-mite torção e alongamento, o outro resiste à compressão. O mesmoacontece com o osso, que é ao mesmo tempo rígido e elástico.

A quantidade de minerais do osso aumenta com o tempo. Na criançaainda é pequena e, portanto, as fibras colágenas estão em alta propor-ção. Em razão disso, ela tem maior elasticidade óssea.

O processo pelo qual o osso se forma é denominadoossificação ou osteogêneseO processo de ossificação inicia-se aproximadamente a partir da sextasemana de vida intra-uterina e continua durante toda a vida. No feto,podem ser descritos dois tipos de ossificação: intramembranácea eendocondral. No tipo intramembranáceo, como o nome indica, a os-sificação começa sobre membranas preexistentes de tecido conjunti-vo. É o que acontece com alguns dos ossos planos do neurocrânio*,partes da mandíbula e da clavícula. Nos ossos restantes, a ossificaçãorealiza-se sobre modelos preexistentes de cartilagem*. Embora os pro-cessos de ossificação apresentem diferenças, o osso resultante é idêntico.

O osso tem duas apresentações macroscópicas:a compacta e a esponjosaA substância compacta é uma estrutura sólida, “sem” espaços inter-nos. Ela dá contorno ao osso, constituindo sua porção externa ou lâ-mina cortical. Por ser compacta é menos elástica que a porção internado osso. Esta é formada pela substância esponjosa ou trabecular, maiselástica. É um emaranhado de trabéculas* ou espículas ósseas, compequenos espaços ou cavidades entre elas, preenchidos por medulaóssea. O arranjo do trabeculado não é disforme ou ao acaso; pois apre-senta uma disposição arquitetônica toda especial para melhor respon-der às forças que agem sobre o osso (sobre arquitetura óssea vale apena ler a primeira página do subcapítulo “Biomecânica* do esqueletofacial”). A substância esponjosa é encontrada, principalmente, nos os-sos curtos, nas epífises* dos ossos longos e no interior de alguns ossosplanos do crânio (estude o quadro “Veja bem...” neste capítulo).

Os canais* ósseos, os seios* aéreos e os alvéolos* dentais, apesar deinternos, são formados por substância compacta.

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O osso do Laboratório de Anatomia é diferente do ossodo ser vivente

O osso seco, submetido à maceração*, tem matriz orgânica reduzidapela ação de substâncias químicas. O osso obtido em cemitério possuisomente os sais minerais, porque todo o material orgânico foi remo-vido pela ação bacteriana.

O osso do ser vivente é dinâmico. Renova-se permanentemente pelaação de células de formação e de reabsorção (osteoblastos e osteoclas-tos, respectivamente), em um processo chamado remodelação*. Du-rante as primeiras décadas da vida predomina a atividade de remode-lação ativa ou progressiva (formação óssea); a partir dos 50 anos, aremodelação passiva ou regressiva (reabsorção) é predominante, detal modo que a massa óssea vai declinando paulatinamente. O osso sehipotrofia* quando está inerte ou se hipertrofia* em condições degrande atividade mecânica. O osso cicatriza quando fraturado.

Esta acentuada capacidade de remodelação exige que o osso seja vas-cularizado e suprido por nervos. De fato, artérias, veias, vasos linfáti-cos e nervos situam-se não apenas na superfície óssea (junto ao peri-ósteo*, veja a seguir), mas também penetram no seu interior. Assim,ao fraturar, um osso provoca hemorragia local, fundamental no pro-cesso de consolidação da fratura.

Outra diferença entre o osso de laboratório e o osso vivo é o revesti-mento deste último por uma membrana chamada periósteo, na qualse inserem tendões* e ligamentos*. Somente não cobre os ossos nassuperfícies articulares. O periósteo é constituído por duas camadas*,uma externa, de tecido conjuntivo fibroso, e outra interna, com mui-tos vasos, nervos e células osteoprogenitoras, portanto, com capaci-dade osteogênica e responsável pelo crescimento do osso em diâmetro.

1 Leia uma vez o bloco 2, a seguir.2 Esclareça os seguintes quesitos ou questões: Citecinco funções do esqueleto. Cite três estruturas “pro-tegidas” pelo esqueleto. Por que o osso é um reserva-tório mineral natural? Quais as vantagens? Quais sãoas partes de um osso longo? Como se podem classifi-car os ossos do ponto de vista morfológico? Qual é adiferença entre osso longo e alongado? Como cresceum osso longo em comprimento? Quais são as conse-qüências clínicas da existência de espaços aéreos emalguns dos ossos do viscerocrânio? Como podemosdividir o esqueleto? Cite os ossos da cintura escapular.Cite ao menos dois exemplos para cada tipo de osso.3 Leia novamente e confira se o que você escreveuestá certo.

4 Em caso negativo volte ao item 1. Em caso positivopasse para o item 5.5 Examine detidamente o(s) esqueleto(s) do Laborató-rio de Anatomia, observe ossos isolados, compare-oscom figuras de atlas e livros-texto, discuta as questõesde estudo com seus colegas. Estude em si mesmo umaanatomia de superfície, fazendo a palpação dos ossospossíveis; continue a prática da palpabilidade, para oreconhecimento dos ossos em um de seus colegas.Quanto à questão sobre espaço aéreo do osso (pneu-mático), leia sobre “seios paranasais”, página 43 e, senecessário, argúa seu professor.6 Leia novamente o bloco 2, agora realçando os deta-lhes que julgar mais importantes.

GUIA DE ESTUDO 4

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SISTEMA ESQUELÉTICO16

Os ossos têm funções físicas e químicasFisicamente os ossos constituem a estrutura rígida de sustentação ede movimentação do corpo. Ao sustentar o corpo, o esqueleto apóiatodas as suas partes e provê compartimentos fechados para órgãosinternos, que se acham assim protegidos. É o caso do encéfalo nacavidade craniana, do coração na caixa torácica, da medula espinal nocanal vertebral, da medula óssea nas cavidades medulares dos ossoslongos e nos espaços intertrabeculares da substância esponjosa de os-sos do crânio (díploe), esterno, costelas, vértebras, osso do quadril eepífises de ossos longos. A medula óssea vermelha tem função de pro-duzir células sangüíneas (observe que a função hemopoética não édo osso, mas sim da medula óssea vermelha).

Os ossos contribuem de forma fundamental para movimentar o cor-po. Servem de inserção* aos músculos, que, ao se contraírem, propi-ciam a movimentação do esqueleto que se dobra nas articulações,sendo o osso o elemento passivo nessa movimentação.

Os ossos têm também a função química de armazenar sais de cálcio,fósforo, magnésio, sódio, potássio etc. Quase todo o cálcio do corpoestá estocado nos ossos. O organismo recebe cálcio dos alimentos e oelimina na urina. Caso elimine mais do que recebe, o organismo reti-ra cálcio dos ossos. Dessa maneira, eles são um reservatório mineralnatural.

Dependendo das características morfológicas, os ossospodem ser agrupados em longos, curtos, planos,irregulares, pneumáticos e sesamóidesA característica principal do osso longo é sua forma tubular, portantocom o comprimento maior que a largura. Por ser tubular ele é oco,possuindo uma cavidade (medular) interior. Outra característica épossuir extremidades largas que se articulam com outros ossos, asepífises*, unidas por um eixo, a diáfise* (a união entre a epífise e adiáfise é denominada metáfise*). Nas crianças e nos jovens uma placacartilagínea, a cartilagem epifisial, separa a epífise da diáfise e assegu-ra o crescimento ósseo em extensão (veja, no quadro “Veja bem...” napágina 17, maiores esclarecimentos sobre esse assunto). Esse processose dá pela constante mitose das células da cartilagem epifisial, o queleva a um aumento de seu tamanho. Paralelamente, a região da carti-lagem epifisial próxima à diáfise vai se ossificando de forma que otamanho da cartilagem fica relativamente constante, enquanto o ta-manho do osso vai aumentando. Aos 25 anos aproximadamente acartilagem é completamente substituída por osso e o crescimento doosso em comprimento cessa. As diáfises são encurvadas para poderaumentar sua curva ao receber grandes compressões longitudinais.

B2

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17

Veja bem...

Lâmina externa

Díploe

Lâmina interna

Superfíciearticular Epífise

(proximal)

Periósteo Substância ósseacompacta

Substância ósseaesponjosa

Cavidade medular

Diáfise

Epífise (distal)

Além de reconhecer as partes de um osso lon-go, veja a disposição da substância óssea com-pacta e esponjosa. Observe no corte transversalque externamente se localiza o periósteo, o qualestá em contato com a substância óssea compacta.Entre esta e a cavidade medular localiza-se cer-ta quantidade de substância esponjosa.

Já nos ossos planos, a disposição das substân-cias ósseas é diferente. Existe uma lâmina ex-terna e outra interna de substância óssea com-pacta, envolvendo uma camada de substânciaóssea esponjosa, que nos ossos planos do crâ-nio é denominada díploe (o periósteo não foirepresentado).

Linhaepifisial

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SISTEMA ESQUELÉTICO18

As costelas e a clavícula, embora o comprimento destas seja maiorque a largura, não possuem metáfise em nenhuma fase da vida e nãosão tubulares, sendo assim consideradas ossos alongados. São longosos ossos dos membros superior e inferior, com exceção daqueles docarpo e do tarso. Estes últimos, encontrados na mão e no pé, são con-siderados ossos curtos, porque nenhuma das três dimensões – com-primento, largura e espessura – predomina sobre as demais. Já os os-sos planos têm seu comprimento e largura bem maiores que a espes-sura, aproximando-se assim de uma forma laminar. No crânio, os ossosparietal, frontal e occipital, e no resto do esqueleto, o esterno, a escá-pula e o osso do quadril são classificados como planos.

Ossos como as vértebras, a maxila, o esfenóide, a mandíbula não seencaixam na classificação mencionada e, por isso, são chamados ossosirregulares quanto à forma. Alguns ossos irregulares (maxila, etmóide,esfenóide e temporal) e o frontal possuem espaços aéreos (seios) emseu interior, o que os classifica também como ossos pneumáticos.

Finalmente, uns poucos ossos curtos envolvidos por tendões na mão,no pé e no joelho, têm a denominação especial de ossos sesamóides,sendo a patela o melhor exemplo.

O esqueletoO esqueleto compõe-se das porções axial e apendicularO esqueleto axial* (Figs. 2-1 e 2-2) é formado pelo crânio, vértebras,costelas e esterno. O crânio será estudado detalhadamente nas pági-nas seguintes. As vértebras, de acordo com a localização, são separa-das em sete cervicais, doze torácicas, cinco lombares, cinco sacrais equatro coccígeas. As vértebras sacrais são fusionadas e constituem umúnico osso, o sacro. As 33 vértebras formam a coluna vertebral.

Doze pares de costelas articulam-se posteriormente com as doze vér-tebras torácicas e anteriormente com o esterno, com exceção dos doisúltimos pares (costelas flutuantes). A ligação com o esterno é feitaatravés das cartilagens costais. Portanto, o esqueleto do tórax é ósseoe cartilagíneo.

O esqueleto apendicular é formado pelos ossos das partes livres dosmembros superior e inferior e das cinturas escapular (clavícula e es-cápula) e pélvica (osso do quadril). A clavícula e a escápula unem otórax ao membro superior. Neste, o osso do braço é o úmero e o doantebraço são a ulna, medialmente, e o rádio, lateralmente. O esque-leto do punho, entre o antebraço e a mão, tem duas fileiras de ossoscurtos. São os ossos do carpo, denominados escafóide, semilunar,piramidal, pisiforme, trapézio, trapezóide, capitato e uncinado. Apalma da mão tem cinco ossos metacarpais numerados de I a V, delateral para medial (metacarpal I, metacarpal II etc.). O esqueletodos dedos é constituído pelas falanges proximal, média e distal, tam-bém numeradas de I a V. O polegar tem apenas a falange proximal I ea falange distal I.

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Figura 2-1 – Esqueleto em vistas anterior e posterior.

A cintura pélvica é formada por dois ossos do quadril, que se unemposteriormente ao osso sacro. Cada osso do quadril tem três partesfusionadas no adulto, ílio, ísquio e púbis, que correspondem a trêsossos embrionários.

No membro inferior, o osso da coxa é o fêmur e os da perna são atíbia, medialmente, e a fíbula, lateralmente. No joelho, encontra-se apatela. O esqueleto do pé é dividido em sete ossos do tarso (tálus,calcâneo, navicular, cubóide, cuneiforme medial, cuneiforme inter-médio e cuneiforme lateral), cinco ossos metatarsais (metatarsal I,II, III, IV, V) e 14 falanges (proximal e distal no hálux e proximal,média e distal nos dedos de II a V).

Crânio

Clavícula

Escápula

Úmero

CostelasEsterno

Coluna vertebral

Rádio

Ulna

Osso do quadril

Ossos do carpoMetacarpo

Falange

Fêmur

Patela

Tíbia

Fíbula

Ossos do tarso

Metatarso

Falange

⎧⎨⎩

⎧⎨⎩

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SISTEMA ESQUELÉTICO20

O crânio

Figura 2-2 – A) Coluna vertebrale tórax humanos em vista anterior.B) A mesma coluna vertebral emvista lateral esquerda. Os asteris-cos representam as três curvatu-ras da coluna vertebral: cervical,torácica e lombar.

GUIA DE ESTUDO 5

1 Leia uma vez o bloco 3, examinando as figuras e, depreferência, com um crânio à mão para acompanhar aleitura.2 Responda ou esclareça os seguintes quesitos ouquestões: Faça um resumo do que significa viscero-crânio, neurocrânio e base do crânio. Quais são aspartes integrantes do osso frontal e com quais ossosele se liga? O que é órbita, quais são suas partes e queossos a formam? Defina sulco, canal e forame infra-orbital; onde se iniciam, como se continuam e onde selocalizam? Como é formada a abertura piriforme e acavidade nasal óssea? Descreva o osso zigomático, seusprocessos, suas conexões e denomine as suturas for-madas pelas conexões. Quais partes da maxila e damandíbula podem ser vistas pela norma frontal? Oque é processo alveolar (maxilar e mandibular)? Pela

norma vertical, quais são os ossos e suturas que po-dem ser vistos?3 Leia novamente o bloco 3 e compare suas explica-ções com o texto para constatar se estão corretas. Senão estiverem, corrija-as ou complemente-as.4 Leia mais uma vez, com atenção redobrada e comum crânio (natural ou modelo plástico) ao lado e dis-tinga os detalhes mais importantes. Utilize sondasdelgadas e flexíveis para apontar acidentes anatômi-cos e para atravessar forames e canais (fios ou fibrasde vassoura de piaçaba são úteis para isto; canudo detomar suco, cortado em ângulo, também serve paraapontar).5 Procure responder, em voz alta, às mesmas ques-tões do item 2, sem consultar suas respostas escritas.6 Confronte o que falou com o texto do livro.

Vértebras cervicaisC1-C VII

Vértebras torácicasT1-T XII

Vértebras lombaresL1-L V

Costelas verdadeirasI-VII

Costelas falsasVIII-X

Costelas flutuantesXI-XII

Sacro

Cóccix

corpo

manúbrio

processoxifóide

Esterno

Cartilagem costal

⎧⎨⎩

⎧⎨⎩

⎧⎨⎩

⎧⎪⎪⎨⎪⎪⎩

A B

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