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7/25/2019 Geertz_sahlins
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HZ 468 – Antropologia e Teoria Social Contemporânea
Luciana de S. Buchala – RA !!!
"ue#t$o %. Comente& Sahlin#' Ilhas de História
A idéia principal de Sahlins no livro Ilhas de história é contestar a oposição
entre estrutura e história, mostrando que a cultura é historicamente reproduzida
bem como alterada na ação. O autor debate com o estruturalismo ao propor uma
noção de estrutura, entendida como um sistema de signos, com perspectiva
histórica.
Primeiramente, Sahlins mostra que a transormação de uma cultura
também é um modo de sua reprodução. !a e"peri#ncia dos su$eitos humanos, os
eventos são apropriados e avaliados em termos de conceitos a priori. Assim, os
eventos, mesmo que tenham orças e raz%es próprias, são capturados por um
esquema cultural e, assim, transormados naquilo que lhes é dado como
interpretação histórica. !esse sentido, ordens culturais diversas possuem modos
próprios de produção histórica.
!a descrição dos acontecimentos reerentes & viagem do capitão 'oo(, a
chegada de 'oo( ao )ava* oi um evento sem precedentes na história local, mas
acabou por ganhar a signiicação dada pelas ormas culturais tradicionais, as
quais lhe atribu*ram o status de divindade. Além disso, o ato de mulheres
havaianas e ingleses participarem $untos das reeiç%es colocou em d+vida a
natureza divina do estrangeiro, uma vez que tal evento recebeu interpretação
própria do sistema simbólico havaiano, que estabelece como tabu a
comensalidade dos homens com mulheres.
A segunda proposição de Sahlins é de que as categorias culturais são
alteradas no mundo e na ação, adquirindo novos valores uncionais. sso signiica
que, se as relaç%es entre as categorias mudam, a estrutura é transormada. O uso
de conceitos convencionais em conte"tos emp*ricos su$eita os signiicados
culturais a reavaliaç%es pr-ticas, pois as realidades emp*ricas $amais poderão
corresponder aos mitos em todas as suas particularidades.
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!esse sentido, o esquema cultural é ameaçado por um risco emp*rico tanto
ob$etiva quanto sub$etivamente. e orma ob$etiva, partindo da desproporção entre
palavras e coisas, o signiicado é posto em perigo quando conrontado com um
cosmos capaz de contradizer os sistemas simbólicos que presumivelmente o
descreveriam, de modo que os conceitos são submetidos a alguma determinação
pela situação.
O risco sub$etivo surge da poss*vel revisão dos signos pelos su$eitos em
seus pro$etos pessoais, na medida que os mesmos são utilizados conorme os
interesses e as e"peri#ncias sociais dos diversos su$eitos. 'abe ressaltar que,
para se tornarem consensuais em uma sociedade, as atualizaç%es das categorias
culturais dependem das relaç%es de poder dos su$eitos que as elaboram.
'omo e"emplo, o sistema simbólico havaiano soreu alteraç%es a partir do
evento da chegada dos ingleses. /ma das alteraç%es oi a reavaliação do conceito
de tabu, de orma que os chees passaram a usar os tabus para regular o tr-ico
com o europeu. )ouve uma e"tensão dos propósitos rituais para a pr-tica
comercial, a qual oi $ustiicada pelas unç%es e signiicados antigos de
preced#ncia dos chees.
iante disso, todo uso de sistemas simbólicos é parte reprodução dos
mesmos e parte transormação pelos riscos de reer#ncia e pelas inovaç%es
interessadas do sentido, de modo que Sahlins airma0 1o antigo sistema é
projetado adiante sob novas formas2 3p.445. 'hega6se, assim, ao conceito de
1estrutura da con$untura2, o qual se reere e"atamente & realização pr-tica das
categorias culturais em um conte"to histórico espec*ico, assim como se e"pressa
nas aç%es motivadas dos agentes.
"ue#t$o 4. Comente& (eert)' A interpretação da cultura
!o primeiro cap*tulo de seu livro, 7eertz apresenta suas idéias sobre a
natureza do trabalho antropológico a partir da concepção de cultura como um
sistema entrelaçado de signos interpret-veis.
A cultura é deinida pelo autor como estruturas de signiicação, isto é, um
conte"to em que as aç%es e comportamentos são produzidos, percebidos e
interpretados, e ora do qual os mesmos não teriam sentido algum.
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!essas condiç%es, o trabalho do etnógrao apro"ima6se da tarea do cr*tico
liter-rio, na medida que busca apreender e apresentar a multiplicidade de
estruturas conceituais comple"as, as quais aparecem sobrepostas e amarradas
umas &s outras de orma não e"pl*cita. 8m outras palavras, o comportamento
humano é visto como uma ação simbólica e, por isso, a antropologia deve indagar
o que est- sendo transmitido com sua ocorr#ncia. 'onsiderando a antropologia
nesses termos, 1o ponto global da abordagem semiótica da cultura é auxiliar-nos a
ganhar acesso ao mundo conceptual no qual vivem os nossos sujeitos, de forma a
podermos, num sentido tanto mais amplo, conversar com eles2 3p. 9:5.
iante disso, 7eertz apresenta a etnograia como uma descrição densa, ou
se$a, como anotação do signiicado que as aç%es sociais particulares t#m para
seus atores. sso signiica que a pesquisa antropológica é interpretativa, pois a
e"posição dos atos $- é uma e"plicação, uma tentativa de adivinhação de seus
signiicados.
'abe destacar que as descriç%es antropológicas não são dos próprios
grupos estudados, mas são interpretaç%es de segunda mão, isto é, são as
construç%es que se imagina que tais grupos usam para deinir o que lhes
acontece. !esse conte"to, 7eerzt airma que 1os dados da etnografia são
realmente nossa própria construção das construçes de outras pessoas, do que
elas e seus compatriotas se propem2 3p. 4;5.
8 como ocorreria o desenvolvimento teórico de uma ci#ncia interpretativa<
Para responder a isso, 7eertz apresenta duas condiç%es da teoria cultural. A
primeira é a necessidade da teoria conservar6se pró"ima das imediaç%es da
descrição minuciosa, o que limita sua liberdade de modelar6se em termos de uma
lógica interna. 'onorme airma o autor, 1as formulaçes teóricas pairam tão baixo
sobre as interpretaçes que governam que não fa!em muito sentido ou t"m muito
interesse fora delas2 3p.9=5. Assim, a tarea essencial da construção teórica não é
codiicar regularidades abstratas 3generalizar através dos atos5, mas tentar traçar
um quadro intelig*vel a partir de um con$unto de atos simbólicos 3generalizar
dentro dos casos5.
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A segunda condição da teoria cultural é que ela não é proética, ou se$a, a
ormulação teórica é dirigida para a ormulação de assuntos $- sob controle, e não
para pro$etar resultados de manipulaç%es e"perimentais ou deduzir estados
uturos de um sistema determinado. sso não signiica que a teoria não se
relacione com o uturo, pois ela precisa sobreviver diante das realidades que estão
por vir, sendo capaz de continuar a ornecer interpretaç%es plaus*veis & medida
que sur$am novos en>menos sociais.
!essas condiç%es, o papel da teoria em etnograia é descobrir as estruturas
de signiicação que inormam os atos dos su$eitos e airmar o que elas
demonstram sobre a sociedade e a vida social nas quais são encontradas. !as
palavras de 7eertz, 1em etnografia, o dever da teoria é fornecer um vocabul#rio
no qual possa ser expresso o que o ato simbólico tem a di!er sobre ele mesmo,
isto é, sobre o papel da cultura na vida humana2 3p. 9?5
A partir disso, 7eertz discute com a corrente estruturalista ao argumentar
contra a proposição de que, $- que o interesse est- em decirar os signiicados das
aç%es, a antropologia não precisaria se preocupar com o comportamento em si, a
não ser supericialmente. 8m primeiro lugar, onde quer que este$am os sistemas
de s*mbolos 1em seus próprios termos2, ganha6se acesso a eles por meio da
an-lise dos acontecimentos concretos, e não através da organização de entidades
abstratas em padr%es uniicados.
Além disso, para 7eertz, se a interpretação antropológica é uma leitura do
que acontece, então divorci-6la do que as pessoas espec*icas dizem e azem é
divorci-6la de suas aplicaç%es e torn-6la vazia. 8m outros termos, a abordagem
estruturalista aasta a an-lise cultural de seu ob$etivo0 a lógica inormal da vida
real.
Ademais, a etnograia não inscreve o discurso social bruto, mas apenas a
pequena parte que os inormantes a$udam a compreender. !essas condiç%es,
torna6se incompleta a idéia da an-lise antropológica como manipulação
conceptual dos atos descobertos e como reconstrução lógica de uma simples
realidade.