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Revista Setembro/Outubro

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Ano XI • nº 56SETEMBRO / OUTUBRO

www.graosbrasil.com.br

Diretor ExecutivoDomingo Yanucci

Gerente de MarketingMarcos Ricardo da Silva

ColaboradorAntonio Painé Barrientos

MatrizBrasilAv. Juscelino K. de Oliveira, 824Zona 02CEP 87010-440Maringá - Paraná - BrasilTel/Fax: (44) 3031-5467E-mail: [email protected]

SucursalArgentinaRua América, 4656 - (1653)Villa Ballester - Buenos AiresRepública ArgentinaTel/Fax: 54 (11) 4768-2263 E-mail: [email protected]

Revista bimestral apoiada pela:F.A.O - Rede Latinoamericana de Prevenção

de Perdas de Alimentos -ABRAPOS

As opiniões contidas nas matérias assinadas, correspondem

aos seus autores.

Conselho EditorialDiretor EditorFlávio Lazzari

Conselho EditorAdriano D. L. Alfonso Antônio Granado MartinezCarlos CaneppeleCelso FinckDaniel QueirozJamilton P. dos SantosMaria A. Braga CaneppeleMarcia Bittar AtuiMaria Regina SartoriSonia Maria Noemberg LazzariTetuo HaraValdecir Dalpasquale

ProduçãoArte-final, Diagramação e CapaMarcos Ricardo da Silva

Ligue e Assine:

(44) 3031-5467

Caros Amigos e Leitores

Uma vez mais com a graça de Deus chegamos as suas mãos. A melhor tecnologia da pós-colheita esta chegando e você deve conhecê-la e ver as possibilidades de adaptá-las a seu armazém.

Nesta etapa que estamos vivendo, a qual chamamos de pós-colheita de precisão, as quebras técnicas e as perdas qualitativas e quantitativas, só podem ser diminuídas com a capacitação dos responsáveis do manejo e com o investimento em tecnologia de ponta.

A Revista Grãos Brasil, que tenho a honra de dirigir por mais de 10 anos, esta trabalhando na difusão das melhores alternativas a serem implementadas nos armazéns brasileiros. Este meio de comunicação tecnológica junto com outras ferramentas que se produzem como livros, congressos, jornadas técnicas, etc., nos permitem acercar-nos de uma realidade que muda e que muda para melhor.

Em tudo no que empreendemos devemos primar o entusiasmo, a for-te decisão, trabalhar em equipe interdisciplinar, confiar nas próprias forças e avançar na busca da eficiência. Esta eficiência que imprime uma relação custo/benefício cada vez menor. Desejo resgatar a ideia que o centro na pós-colheita, como em muitas outras coisas é o ho-mem, porque ele é o destinatário direto ou indireto do trabalho nos armazéns, porque ele é quem desenvolve as tecnologias e ele é quem assume o risco dos trabalhos e eventualmente mora perto dos centos que movimentam grãos.

Estamos esclarecidos que tem muita coisa que não depende de um pequeno conjunto de homens, como pode ser um armazém, também existem as políticas em nível de pais, já que são necessárias infraes-truturas para transporte (rodoviário - rodoferroviário), portuárias, etc, para diminuir os custos de comercialização.

Nos meses passados realizamos encontros de grande transcendência em Maringá-Pr e em Rosario (Santa Fe - Argentina), para 2013 já esta-mos organizando novos congressos e jornadas de capacitação. Vocês podem nos enviar sugestões sobre as próximas reuniões.

Os deixo nesta edição com temas de interesse como Secagem, Aeração, Micotoxinas, Biodisel, Mercado e outros temas.

Muito obrigado por acompanhar-nos, tanto você leitor como as empresas que apoiam a difusão de tecnologia e anunciam na Grãos Brasil.

Domingo YanucciDiretor Executivo

Consulgran - GranosRevista Grãos Brasil

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Editorial

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04 | www.graosbrasil.com.br | Setembro / Outubro 2012

06 Secagem com Ar Natural não Aquecido

SetoresNão só de pão...Editorial02 37

09 Preservação da qualidade do Feijão por meio do Resfria-mento Artificial

12 Colheita e Recebimento de Arroz

14 Secagem de Grãos e Legumes

22 Agronegócio: da Euforia à Realidade

24 Esfriamento Dinâmico de Sementes de Soja

38

Indice

Cool Seed News Utilíssimas40

29 Uma nova abertura dos portos

19 Obrigatório ou não, etanol está nos EUA para ficar

30 Fungos em grãos armazenados

34 As vantagens e a importância da aeração em silos

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GRÃOS BRASIL - DA SEMENTE AO CONSUMO | 05

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Secagem com Ar Natural não Aquecido Uma alternativa para o produtor

Prof. Rafael DionelloDepartamento de Fitossanidade - Faculdade de Agronomia

Universidade Federal do Rio Grande do [email protected]

Mais uma vez houve recorde de produção de milho, ga-nhando destaque a lavoura de segundo ciclo, também chamada de safrinha. Já a produção de soja teve uma variação negativa de 11,8% em relação à safra 2010/2011. Embora, a produção nacional de grãos tem a cada ano superado as perspectivas, batendo recordes de produtividade, muito ainda há de ser feito para minimizar as perdas de grãos na pós-colheita.

Muitas são as perdas que ocorrem desde o plantio até o armazenamento dos grãos. Produtores que estão atentos a estas perdas tem cada vez mais, dado importância a etapa de pós-colheita. Segundo dados do IBGE (2010) perde-se atual-mente cerca de 10% de tudo aquilo que é produzido nas etapas de pós-colheita, ou seja, durante o transporte, na operação de pré-limpeza, durante e após a secagem, no beneficiamento e por fim, no armazenamento dos grãos.

A secagem dos grãos de forma artificial permite antecipar a colheita reduzindo as perdas no campo ocasionadas por con-dições climáticas indesejadas e/ou pelo ataque de roedores, insetos, pássaros e micro-organismos, permite aos produtores obterem maiores preços pelos produtos, principalmente se comercializados na entressafra, no caso da secagem estar associada ao armazenamento.

No Brasil os produtores, em sua maioria, utilizam para aquecimento do ar de secagem, como combustível a lenha. Produtores de arroz tem utilizado a própria casca do arroz, outros fazem uso de Gás Liquefeito de Petróleo (GLP), e uma parcela cada vez mais crescente tem utilizado ar natural sem aquecimento. Cada tipo de combustão tem suas vantagens e desvantagens.

A secagem com material orgânico, como por exemplo: lenha, casca de arroz, briquetes, tem a vantagem do custo, quando existente na propriedade. Por outro lado à combustão incompleta desse material gera fumaça e partículas que muitas vezes escurecem os grãos, deixam cheiro e alteram o sabor. Além de produzirem hidrocarbonetos policíclicos aromáticos, que segundo o Comitê FAO/OMS de Peritos em Aditivos Alimen-tares (JECFA, 2005) são compostos claramente carcinogênicos e genotóxicos.

Já a secagem com GLP, ainda incipiente no Brasil, tem a vantagem de fácil operação, controle exato da temperatura de secagem, e obtenção de um produto sem cheiro, sem alte-ração da cor, sem alteração do sabor, mantendo os produtos com alta qualidade. Entretanto, a grande desvantagem, são os

O Brasil destaca-se mundialmente na pro-dução de grãos. Na safra de 2011/2012 o Brasil produziu aproximadamente 162.923,9 toneladas de grãos (CONAB, 2012).

Secagem

custos de secagem com GLP muitas vezes chegam a ser três vezes maiores, quando comparados à secagem com ar natural.

A secagem com ar natural sem aquecimento permite obter um produto com ótimas características, contribuem com a ma-nutenção das qualidades originais dos grãos, indicado para a secagem de sementes, constitui um método economicamente barato, depois de instalado, o gasto é apenas de energia elétri-ca, eficiente e apresentando alta aplicabilidade nas fazendas, devido ao menor investimento inicial quando comparados aos sistemas que utilizam altas temperaturas ou até mesmo em relação às estruturas metálicas (silos metálicos).

O custo de construção de um silo de concreto armado pode apresentar uma redução de até 60%, em relação a uma estru-tura metálica. Em regiões temperadas, o uso da secagem em baixas temperaturas é recomendado para milho com teor de água inicial inferior a 18-20%, uma vez que, para valores supe-riores a este, são necessários grandes fluxos de ar, muitas vezes, inviabilizando economicamente o sistema. Já em condições de clima tropical, este limite pode chegar até 25% em base úmida.

Outros grãos também podem ser secos com uso de ar na-tural. Já foram realizados trabalhos na Estação Experimental Agronômica da UFRGS, com grãos de trigo e soja, além do milho, e no estado do Rio Grande do Sul, na região de Santa Maria, muitos silos de concreto armado são utilizados para a secagem de arroz.

A Emater/RS-Ascar, instituição de extensão e assistência técnica rural do Rio Grande do Sul, tem indicado o uso de secagem natural em silos de concreto armado com diversas capacidades, como exemplo os mostrados na, Figura 1.

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Figura 1. Silos de concreto armado: (A) com capacidade para 100, (B) 5.500 e (C) 22.000 sacos. (Fonte: Rafael Friedrich de Lima)

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Secagem

GRÃOS BRASIL - DA SEMENTE AO CONSUMO | 07

Essa alternativa em relação à secagem com altas tempera-turas tem demonstrado na prática um bom resultado. No mu-nicípio de Casca / RS, localizado na região Noroeste do Estado, cerca de 60% da produção de milho é secada e armazenada neste sistema, dentro da propriedade por produtores deste grão. Este permite que o produtor mantenha armazenado no próprio silo os grãos que foram secos, eliminando os custos com fretes e secagem com terceiros, e demais taxas cobradas quando não se tem a estrutura na propriedade.

Em um trabalho desenvolvido na Estação Experimental Agronômica da UFRGS, pelo estudante Edar Ferrari Filho (FER-RARI FILHO, ANTUNES e DIONELLO, 2012), com avaliação de custos operacionais de secagem de milho, colhidos com 16% de umidade e secos até 12%, com secagem de ar natural sem aquecimento, com secagem utilizando GLP e com secagem

1 - Médias acompanhadas por letras maiúsculas distintas na coluna diferem significativamente entre si, a 5% de probabilidade, pelo teste de Tukey; 2 - R$ 0,37/kW de energia elétrica, março/2011; 3 - R$ 2,50/kg de gás, março/2011; 4 - dms - diferença mínima significativa.

Tabela 1. Custo operacionais da secagem de milho, colhidos com 16% de umidade e secos até 12%.

solar obtiveram os seguintes custos (Tabela 1).Segundo os autores, os custos, referentes à secagem com

ar natural não aquecido correspondem ao custo de energia elétrica para o funcionamento do motor do ventilador, onde se utilizou um motor elétrico de potência de 2 cv (consumo horário de 1,56 kW/h) durante o tempo de secagem (15 h). Já a secagem com GLP foi utilizado um motor de mesma potência, porém permaneceu ligado por menos tempo (6h). Já na secagem solar, foi utilizado um motor de apenas 1 cv de potência (consumo horário de 0,53 kW/h) e tempo total de secagem de 12 h. Os resultados apresentados nos mostram a possibilidade de uso tanto do sistema com ar natural, como do sistema com coletor solar, entretanto o uso da secagem solar, tem um custo maior com o coletor, o que tem feito muitos produtores optarem pelo

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Secagem

sistema com ar natural.

Considerações Importantes para se Utilizar Secagem com Ar Natural não Aquecido

- A camada de grãos dentro do silo não deve ser maior que 3 metros e meio de altura, a fim de ter maior eficiência econô-mica e não se tornar inviável economicamente.

- O dimensionamento do ventilador deverá ser feito para a pior situação de uso, ou seja, menor tempo de secagem desejada e maior pressão estática dos grãos.

- De maneira geral, o ventilador deverá ser ligado sempre que a umidade do ar for menor que 70%. Importante que cada tipo de grão entra em equilíbrio higroscópio em função da temperatura e umidade relativa do ar ambiente, devendo o produtor fazer uso das Tabelas de Equilíbrio Higroscópico.

- O produtor que fará uso da secagem com ar natural não aquecido deve planejar muito bem a época de colheita, para que esta não ocorra em período em que a umidade do ar seja elevada e a temperatura ambiente muito baixa. Como é o caso dos meses de abril, maio, junho, julho e agosto para as condi-ções do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, ou onde se tem invernos frios e úmidos. Para as condições climáticas dos demais estados do Brasil a secagem com ar natural deve ser mais difundida e utilizada, pois é uma ótima forma de conser-varmos grãos com qualidade, e reduzirmos o elevado índice de

perdas que ocorrem durante a pós-colheita de grãos no Brasil.

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Pós-Colheita de PrecisãoResfriamento Artificial

Dr. Adílio Flauzino de Lacerda FilhoDepto de Eng. Agr. da Universidade Federal de Viçosa

[email protected]

Dra. Roberta Jimenez de Almeida RigueiraEng. Agr., Doutora, Pós-Doutoranda do Depto de Eng. Agr. da Uni-

versidade Federal de Viçosa [email protected]

M. Sc. Marcus Bochi da Silva VolkDoutorando do Depto de Eng. Agr. da Univ. Federal de Viçosa

[email protected]

Lander Almeida GuimarãesGraduando em Agronomia

O feijão exerce importante papel na alimentação da popu-lação brasileira, uma vez que constitui, juntamente com arroz, milho e mandioca, a base da dieta alimentar de grande parcela da população. As sementes dessa leguminosa constituem a principal fonte de proteína de origem vegetal, principalmente para a população de baixa renda, fornecendo ainda ferro, car-boidratos e fibras (LIMA et al., 2003).

A armazenagem de feijão tem se limitado a atender à comercialização e à movimentação da safra, sem priorizar a preservação das suas qualidades como alimento e como semen-tes, valorizando apenas a estocagem dos excedentes agrícolas.

Colhido e beneficiado, o feijão é ensacado e guardado em simples depósitos ou armazéns, sem o preparo eficiente nem condições adequadas para a sua boa conservação. Desta for-ma e em prazo relativamente curto, ele sofre alterações das características físico-químicas, por transformações de seus componentes, resultando em feijões que possuem elevada resistência à cocção e modificações nas propriedades sensoriais e nutricionais, tornando-se pouco atrativos ao consumidor (ROMANO, 2006).

A preservação da qualidade, da sanidade e do valor nutritivo dos grãos, durante o armazenamento, não depende só das con-dições de produção e de colheita, mas das de armazenamento e de manutenção das condições de estocagem do produto.

A temperatura é, talvez, o fator físico mais importante na conservação dos grãos armazenados, pois a maioria das reações químicas é acelerada com o aumento da temperatu-ra. Quando a temperatura de armazenamento é mais baixa, pode-se armazenar com segurança, mesmo quando a umidade dos grãos esteja um pouco mais elevada, pois a baixa tempe-ratura reduz a atividade de água e inibe o desenvolvimento de micro-organismos e de insetos-praga. O teor de água dos grãos é, juntamente com a temperatura, o fator primordial na conservação dos grãos e sementes. Quando o teor de água é

A produção nacional estimada de feijão primeira safra, deve alcançar 1.324,9mil toneladas, 21,2% menor que a colhida na safra anterior, ou seja, 355,4 mil toneladas a menos. A maior queda aconteceu no Mato Grosso do Sul, Paraná e Rio Grande do Sul (CONAB 2012).

Preservação da qualidade do Feijão por meio do Resfriamento Artificial

baixo (11 a 13% b.u.), a atividade vital (respiração) é diminuída e o metabolismo reduzido ao mínimo. A combinação de baixa temperatura e baixo teor de água dos grãos é ideal para a ar-mazenagem de sementes que necessitam da manutenção da sua viabilidade (BRAGANTINI, 2005).

O processo de esfriamento da massa de grãos, durante o período de armazenagem, é uma técnica eficaz e econômica para a manutenção da qualidade do produto, pois diminui a atividade da água e reduz a taxa respiratória dos grãos, retarda o desenvolvimento dos insetos-praga e da microflora presente, independentemente das condições climáticas da região.

O esfriamento da massa de grãos, mediante a insuflação de ar condicionado frio, tem a vantagem de poder ser aplicado com maior eficiência em larga escala, pois não depende das condições ambientais externas (LAZZARI et al. 2006).

Várias são as vantagens técnicas e econômicas da aplicação do esfriamento artificial em sistemas de armazenagem a granel e ensacados, principalmente no que se refere à manutenção das qualidades físico-químicas do produto, controle dos insetos-praga e fungos e redução da quebra técnica devido à respiração.

O conhecimento das características físicas, químicas e biológicas dos grãos é de grande importância para o sucesso da aplicação dessa técnica. Dentre as variáveis influentes no processo destacam-se a temperatura e a umidade relativa do ar intergranular, e o teor de água dos grãos (LACERDA FILHO et al., 2007).

A interação destes fatores pode propiciar o desenvolvi-

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Resfriamento Artificial

mento de insetos-praga e de microrganismos, principalmente fungos, que poderão causar danos aos grãos, levando-os à perda total, do ponto de vista biológico e sanitário.

Com base no exposto, pesquisadores do Departamento de Engenharia Agrícola da Universidade Federal de Viçosa, avalia-ram a preservação da qualidade de feijão (Phaseolus vulgaris L.) por meio do resfriamento artificial da massa, durante a armazenagem em câmara fria (à 15 ± 5°C).

MATERIAL E MÉTODOSForam utilizados grãos de feijão (Phaseolus vulgaris L.),

cultivares “vermelhinho” e “carioca”. O produto foi embalado em saco de papel kraft, com capacidade de 1,0 kg, envolto em saco plástico, de 0,05 µ, devidamente fechado e identificado.

As embalagens foram dispostas aleatoriamente sobre um estrado de madeira e armazenadas em câmara fria, com dimen-sões de 3m de comprimento, 4m de largura e 3m de altura, com capacidade de armazenamento de 1000 kg, à 15 ± 5°C e a 25 ± 5°C e, 55 ± 5% de umidade relativa do ar em ambas as câmaras.

Os dados obtidos referentes às variáveis: teor de água, con-dutividade elétrica (CE), massa específica, peso de mil grãos, germinação e envelhecimento acelerado, tempo de cocção e cor foram analisados segundo um esquema de parcelas subdi-vididas tendo nas parcelas os teores de água (12, e 18% b.u.) e nas subparcelas o tempo de armazenamento (0, 30, 60, 90 e 120 dias) no delineamento inteiramente casualizado, com três repetições.

Os resultados foram submetidos à análise de variância e regressão por meio do software SAEG, versão 9.0 (SAEG, 2005).

O teor de água dos grãos, o peso de mil grãos, a germinação e o envelhecimento acelerado foram medidos conforme me-todologia descrita em BRASIL (2009). A condutividade elétrica na solução contendo os grãos de soja foi feita utilizando-se o “Sistema de copo” (VIEIRA & CARVALHO, 1994). A massa espe-cífica foi determinada por meio de balança de peso hectolítrico com capacidade de ¼ de litro, modelo Dallemole.

A avaliação da cor dos grãos de feijão, realizada no Labo-ratório de Secagem e Pigmentos Naturais do Departamento de Tecnologia de Alimentos - UFV, foi efetuada com base nas leituras diretas de reflectâncias das coordenadas L, a e b, uti-lizando o espectrofotômetro de bancada, modelo ColorFlex 45/0, geometria 45/0, com área de leitura de 25 mm (LITTLE, 1975). O teste de cocção foi realizado conforme metodologia descrita por Simões (1984).

RESULTADOS E DISCUSSÃOO feijão vermelhinho com 18 e 12% b.u., armazenado em

ambiente esfriado, depois de 120 dias de armazenamento, obtiveram ganho percentual de 0,83 e 1,37%, respectivamente, enquanto que a cultivar carioca obteve perda de 0,23%. Em ambiente a 25 ºC, somente a cultivar vermelhinho, com 12% (b.u.) teve ganho de 0,50% e, nas cultivares vermelhinho com 18% (b.u.) e carioca a 12% (b.u.) a perda foi de 0,66 e 0,20%, respectivamente.

A variação apresentada no teor de água durante o período de armazenamento, quando submetido ao armazenamento refrigerado, pode ser explicado pelo fato do grão, como todo material higroscópico, ter a propriedade de adsorver ou ceder água para o ar que o envolve. Com a mínima variação da umi-dade relativa do ar na câmara fria, os grãos tenderam a perder umidade para o ambiente em que estão acondicionados, até atingirem o equilíbrio higroscópio.

A condutividade elétrica, aos 120 dias de armazenamento, foi maior em grãos armazenados com 12% (b.u.), na cultivar carioca, com 243,88 S cm-1 g-1, após 120 dias de armazena-mento a 25 ºC, enquanto que para 15 ºC foi de 234,57 S cm-1 g-1. Tal resultado foi consequência do nível de deterioração dos grãos durante o período de armazenamento na condição a 25 ºC. Este aumento foi indicativo da maior intensidade de degradação das paredes celulares no período de armazenagem.

A massa específica, depois de 120 dias de armazenamento variou de 759,77 a 788,40 kg m-3, entre as cultivares estudadas, enquanto que o peso de mil grãos variou de 0,21 a 0,31 kg. Os resultados encontrados indicam estar de acordo com os dados obtidos por Resende et al. (2008).

O teste de cocção foi aprovado para as cultivares vermelhi-nho e carioca nas condições de armazenamento refrigerado e a 25 ºC. O consumo de GLP (gás liquefeito de petróleo) utilizado na execução do teste de cocção foi de 0,0017 kg min-1 para ambas cultivares.

A germinação obteve maior decréscimo na condição a 25 ºC, após 120 dias de armazenagem, quando comparada ao armazenamento refrigerado, principalmente para a cultivar vermelhinho a 12% (b.u.), com perda percentual de 7,3%. O envelhecimento acelerado, para ambas as condições de arma-zenamento, teve perda no percentual germinativo médio de 65 e 78% para as cultivares vermelhinho 12% (b.u.) e carioca 12% (b.u.), respectivamente. Não foi possível efetuar a análise de en-velhecimento acelerado para a cultivar vermelhinho 18% (b.u.).

Não houve variação do matiz dos grãos de feijão no decorrer do período de armazenamento, nos tratamentos estudados, enquanto que a cromaticidade avaliada juntamente com a luminosidade indicou que houve modificação na cor do grão de feijão, para o produto armazenado a 25 ºC, para um tom mais claro. Isso se deveu ao fato da coordenada “L” variar de 0 a 100, do mais escuro ao mais claro. Com diminuição da cromaticidade e aumento da luminosidade os grãos tenderam a ficar mais claros em comparação ao período inicial em que foram armazenados.

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GRÃOS BRASIL - DA SEMENTE AO CONSUMO | 11

Prevenção de AcidentesResfriamento Artificial

CONCLUSÕESO armazenamento refrigerado constituiu-se de um método

eficaz na manutenção das características físico-químicas de feijão por um período de 120 dias.

Os teores de água estudados podem ser considerados se-guros para o armazenamento refrigerado de grãos de feijão, até 120 dias, se a temperatura for mantida à 15 ± 5°C e 55 ± 5% de umidade relativa do ar.

A cor dos grãos de feijão foi mantida por 120 dias em am-biente refrigerado à 15 ± 5°C e 55 ± 5% de umidade relativa do ar, com teor de água variando entre 12 e 18% (b.u.).

O feijão esfriado até 15 ± 5 °C pode manter boas caracterís-ticas de cocção, armazenados durante até 120 dias.

AGRADECIMENTOSOs autores agradecem à Cool Seed Ind. e Com. de Aeração

Condicionada, à CAPES e à Universidade Federal de Viçosa pelo apoio para a realização do trabalho aqui resumido.

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Arroz

Colheita e Recebimento de ArrozOs fatores mais importantes na manutenção da qualidade das sementes, grãos e produtos armazenados - são a umi-dade e a temperatura dos mesmos. Estes fatores isolados e/ou associados contri-buem para o desenvolvimento de fungos e insetos.

Mantendo o teor de umidade baixo e a temperatura baixa, podemos armazenar sementes, grãos e alimentos por longos períodos de tempo. Apesar de que muitos países possuem tecnologia para secar sementes e grãos, os mesmos não apre-sentam condições climáticas favoráveis para armazenar estes produtos por um longo tempo. A seguir descreveremos em 4 partes: 1. O processo de colheita e recebimento, 2. Seca-gem, 3. Armazenamento de arroz e 4. Refrigeração artificial. Concentraremos em medidas de controle da umidade e da temperatura visando a manutenção da qualidade do arroz em casca (Oriza sativa) armazenado e a redução das perdas físicas e econômicas. Dando ênfase especial na refrigeração artificial, como a melhor tecnologia disponível para manter a qualidade do arroz armazenado em regiões de clima quente.

COLHEITAO arroz deve ser colhido com um teor de umidade (TH%)

entre 18-22% visando maximizar o rendimento em grãos intei-ros através da redução da quantidade de grãos partidos. Grãos colhidos muito unidos com TU% a cima de 22% apresentam na amostra muitos grãos fracos e imaturos que irão quebrar du-rante o processamento. Grãos colhidos muito secos, com TU% próximos aos 12% apresentam risco de quebrar (fragmentação) por dano mecânico.

Com o conteúdo de umidade entre 18-22% o grão de arroz apresenta um maior rendimento em grãos inteiros, variando de 55-70% dependendo da variedade. Quando o grão tem unidades muito baixas antes da colheita a variabilidade no conteúdo de umidade dos grãos individuais de arroz em uma única panícula. Esta variabilidade no conteúdo de umidade no momento da colheita também se da em outras espécies

PhD Flavio A. LAZZARIConsultor em Pós-Colheita

[email protected]

PhD Sonia M. N. LAZZARIConsultora em Pós-Colheita

[email protected]

como milho, milheto e soja. Existe uma boa quantidade de grãos com conteúdos de umidade baixa e elevada. Grãos mais secos tendem a rachar sobre pressão mecânica, enquanto que grãos mais unidos e imaturos favorecem o desenvolvimento de fungos de armazenamento. Nos dois casos podem ocorrer perdas de rendimento em grãos inteiros.

Figura 1. Colheita de arroz, Rio Grande do Sul - Brasil

Oriza sativa

Figura 2. Variabilidade no conteudo de umidade (%) de grãos individuais de arroz numa mesma panícula. Variedade Bengal.Fonte: Adaptado por F. Lazzari de T. Siebernmorgen, 2009.

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A quantidade de água do grão de arroz mais apropriada para sua colheita se encontra entre 20-22% de umidade.

Grãos trincados e/ou quebrados Grãos verdes (alta (baixa umidade < 14%) umidade >24%) Fonte: Adaptado por F. Lazzari de Terry Siebenmorgen, 2009

RECIBIMENTO As filas de caminhões e o tempo de espera para a

secagem do arroz úmido que chega do campo são importantes para sua qualidade. Tempos de espera muito prolongados per-mitem o desenvolvimento de fungos na massa de arroz úmido e quente. Um sintoma do crescimento do fungo no grão de arroz e o amarelamento do mesmo. A separação das cargas de arroz conforme a seu conteúdo de umidade permite uma maior efici-ência da secagem e reduz as quebras nos grãos. É recomendável segregar as cargas em conteúdos de umidade, por exemplo: <18, 18-19, 20-21, >22%. Esta separação permite uma melhor secagem com diminuição de grãos trincados, pois, estes vão produzir grãos quebrados o que reduz o rendimento em grãos inteiros. Aumentando assim a dificuldade no armazenamento de arroz e o processo de secagem.

Misturas de diferentes variedades de arroz com diferentes níveis de umidade afetam a qualidade final do arroz cozido. Este é um problema para ser resolvido através da segregação

no momento do recebimento. A identificação visual de mistu-ras de arroz considerado de baixa qualidade em arroz de boa qualidade não e algo fácil.

As empresas compradoras de arroz devem manter forte relacionamento com os agricultores para assegurar grão de arroz sem misturas e de alta qualidade.

Perde-se qualidade no arroz com alta umidade, quente e com excesso de impurezas na espera dos caminhões, antes da secagem.

Figura 3. Arroz esperando para secagem em caminhões sujeito ao ataque de fungos e perda de qualidade.

Arroz

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14 | www.graosbrasil.com.br | Julho / Agosto 2012

Secagem

Secagem de Grãos e Legumes

Ph. D. Valdecir Antoninho DalpasqualeConsultor em Pós-Colheita

[email protected]

A secagem de grãos e legumes pode ser definida de modos distintos, de acordo com o enfoque que se deseja dar. Nos estudos mais teóricos, a ênfa-se recai sobre os mecanismos de transporte de energia e matéria.

Assim, a secagem pode ser definida como um processo em que há trocas simultâneas de calor e massa entre o ar do ambiente de secagem e os grãos. Nos casos gerais, entretanto, define-se secagem como a operação unitária responsável pela redução do teor de umidade de certo produto até um nível considerado seguro para o armazenamento.

Entende-se como seguro o nível de umidade abaixo do qual a atividade respiratória dos grãos e legumes é reduzida, e o ataque de insetos e fungos é dificultado. Esse nível varia para os diferentes tipos de produtos agrícolas, mas, para as condições brasileiras e grãos e legumes mais comuns, compreende uma faixa entre 10% e 14% de umidade, expressa em base úmida.

HistóricoSecam-se produtos agrícolas desde os primórdios da ci-

vilização. No início, não havia qualquer preocupação com a armazenagem, e a diminuição de umidade ocorria no próprio campo. Essa secagem era feita em condições naturais do am-biente, ditadas, principalmente, pela energia solar incidente e o movimento do ar, pelo vento. Mais tarde, tentou-se controlar parcialmente as condições de secagem e esta passou a ser feita em fogões especiais ou em salas aquecidas.

Foi somente entre a Primeira Guerra Mundial ea Segunda que diversas unidades experimentais de secagem foram cons-truídas. Nessa época, apenas algumas unidades comerciais estavam em operação e destinavam-se, basicamente, à desi-dratação de frutas, verduras e feno e à secagem de sementes de milho.

Após a Segunda Guerra Mundial, tornaram-se comuns as grandes unidades comerciais de secagem, e a secagem de grandes quantidades de grãos passou a ser feita nas fazendas. Esse aumento na demanda de secagem foi consequência do desenvolvimento dos métodos de colheita mecânica.

Na América Latina, parte significativa da produção agrícola ainda é secada de forma primitiva, ou seja, secagem no campo, por longos períodos. A utilização dessa técnica acarreta eleva-das perdas da produção, uma vez que o material fica exposto às condições adversas e à ação de predadores, por um tempo prolongado.

Necessidade de secagemAo atingir a maturidade fisiológica, a maioria dos produtos

agrícolas, em especial os grãos e legumes, apresenta um teor de matéria seca máximo. A colheita do material nesse ponto de desenvolvimento seria recomendável sob os aspectos de rendimento máximo da produção. Vários fatores, entretanto, limitam essa possibilidade. Um deles é o teor de umidade deles.

No início do estágio de maturidade fisiológica, os produtos agrícolas apresentam, além do teor máximo de matéria seca, elevada porcentagem de água. Essa condição acarreta dificul-dades, uma vez que eles não resistem aos tratamentos mecâ-nicos da colheita e demais operações de processamento. É de se esperar, então, que a colheita seja feita tão logo os grãos e legumes suportem tal processo. Esta técnica apresenta algumas vantagens como: maior porcentagem de matéria seca, menor contaminação do produto no campo, menor perda devido ao ataque de predadores, maior porcentagem de germinação e vigor do produto, além de outras.

A maior desvantagem da colheita de produtos úmidos é a necessidade de se reduzir a sua umidade a níveis seguros para a armazenagem. Além de ser um processo que requer alto consumo de energia, a secagem de grãos é técnica muito pouco difundida na América Latina, em geral. Nas regiões onde é conhecida, geralmente é mal utilizada. Como consequência, há elevadas perdas de grãos nesses países.

Técnicas de secagem de grãos e legumesAs técnicas de secagem de produtos agrícolas já são bas-

tante conhecidas e utilizadas em países desenvolvidos. Isto significa dizer que, a partir de adaptações às condições de cada país, é possível um rápido aprimoramento das técnicas usadas naqueles países. Pelo menos em princípio, essa afirmativa é verdadeira. Mas o rápido aprimoramento mencionado está

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Secagem

comprometido por algumas razões: nível educacional dos pro-dutores, custos da tecnologia de secagem importada, volume de produção por produtor e disponibilidade de energia elétrica são as mais importantes.

Um sistema de secagem-armazenagem de grãos e legu-mes exige custos de investimento relativamente elevados. A aquisição de tal sistema implica em um treinamento técnico do comprador, a fim de que ele possa usufruir o máximo dos benefícios que essa nova tecnologia pode oferecer, uma vez que as vantagens do sistema são decorrentes do seu bom manejo. Além de conhecer as características do equipamento adquirido, é preciso que o comprador saiba que o seu poder de barganha aumenta na comercialização. A exploração correta desse poder pode levá-lo à maximização de seus lucros.

A utilização das técnicas de secagem-armazenagem, devido aos custos iniciais, exige um nível mínimo de produção para ser economicamente viável. É incorreto supor, porém, que essa tecnologia só é recomendável para grandes produções. Ela apresenta variações que estendem a sua utilização para uma faixa bem ampla de produção. Naturalmente, à medida que maiores volumes são processados, melhor tratamento eles poderão receber, uma vez que sofisticações poderão ser incorporadas a esses sistemas.

Nos processos de secagem mais modernos, as trocas de energia e massa entre um produto agrícola e o ambiente ocor-rem, principalmente, por convecção de ar forçado. Por esse mo-tivo, os secadores agrícolas geralmente possuem um ventilador como agente movimentador de ar. A falta de energia elétrica para acionar esses ventiladores é um dos maiores entraves à popularização de sistemas de secagem-armazenagem em nível de fazenda. Alguns países estão concentrando esforços para, com o apoio financeiro governamental, desenvolver tecnologias que viabilizem técnica e economicamente o processamento de grãos e legumes na própria fazenda, em regiões que disponham de energia elétrica.

Métodos de secagemOs métodos utilizados para se fazer a secagem de grãos e

legumes são bastante diversos e podem ser classificados da seguinte maneira:

a. secagem natural - no campo - em terreirob. secagem artificial - em baixas temperaturas: - com ar natural - com ar levemente aquecido - em altas temperaturas:

- em camada fixa - em fluxos cruzados - em fluxos concorrentes - em fluxos contracorrentes - em cascata (fluxos mistos) - em combinação: - alta temperatura/baixa temperatura - seca-aeração

Os métodos de secagem natural não são aqui discutidos, uma vez que os seus parâmetros de secagem dependem so-mente das condições ambientais. Eles poderão, entretanto, ser mencionados como alternativa, em algumas ocasiões.

Processos de secagem em baixas temperaturas são os que utilizam ar nas condições ambientais, ou aquecidos de 3°C a 5°C, como o meio de transporte de umidade e energia. Nesses processos, empregam-se baixas vazões específicas de ar (2,0-5,0m³min¯¹t¯¹). As baixas vazões de ar, aliadas às suas condições, fazem com que os processos de secagem em baixas temperaturas sejam tipicamente lentos, exigindo dias ou semanas para que a umidade desejada do produto seja atingida. Em contrapartida, esses processos são energetica-mente eficientes e o produto final é de boa qualidade. Podem ser empregados para pequenas ou grandes produções e têm como pontos limitantes as condições ambientais e a velocidade de colheita do produtor.

Os processos de secagem em altas temperaturas caracte-rizam-se pela utilização de ar aquecido em, pelo menos, 10°C acima da temperatura ambiente. As vazões específicas do ar são maiores que nos casos anteriores e, como consequência,

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Secagem

a velocidade de secagem é maior. Assim, secagem de produtos agrícolas em altas temperaturas é empregada em fazendas grandes, com grandes produções e alta velocidade de colheita e em unidades armazenadoras coletoras e intermediárias que recebam produtos úmidos.

Os processos de secagem em altas temperaturas requerem manejo mais adequado e com maior supervisão. Isto porque o perigo de acidentes, incêndios principalmente, é maior e a pos-sibilidade de danos ao produto também é acentuada. Mesmo assim, o manjo correto dos secadores permite que se sequem alguns produtos, a 400°C, sem afetar a sua qualidade final. É bem verdade que nem todos os tipos de secadores aceitam tal manejo, mas se o aumento da temperatura do ar de secagem, por um lado, requer maior supervisão, por outro, aumenta a eficiência energética do processo (menor quantidade de ener-gia consumida por unidade de massa de água evaporada). Esta característica dos processos de secagem em altas temperaturas deve ser bem explorada e melhor investigada, especialmente com relação aos custos de energia.

Combustíveis utilizadosAté o advento da crise energética mundial não havia qual-

quer preocupação com o consumo de combustíveis durante a secagem de produtos agrícolas. Ou seja, os processos de seca-gem não precisavam ser energeticamente eficientes, devido ao baixo custo dos derivados de petróleo, os quais representavam a maior fonte de energia para esses processos. As caracterís-ticas importantes que um secador de grãos e legumes deveria apresentar, então, eram: baixo custo inicial; fácil manutenção;

e não causar danos significativos ao produto final. Isso fez com que os secadores de fluxo cruzado alcançassem grande popu-laridade nos países desenvolvidos, em especial nos Estados Unidos. Nos processos de secagem em baixas temperaturas, a energia elétrica era utilizada para acionar o ventilador e/ou como fonte suplementar de aquecimento do ar.

A partir de 1973, novas fontes de energia foram pesquisa-das. Da mesma forma, sistemas de secagem mais eficientes foram desenvolvidos. Essa transformação ocorrida na área de secagem de grãos e legumes indica claramente que a aplicação de novas tecnologias requer, além do aval técnico, a garantia de que é um empreendimento economicamente viável. Se o desenvolvimento de novas tecnologias pode acontecer a qual-quer custo, o mesmo não é válido para as suas aplicações. Estas só serão possíveis após a determinação do ponto de equilíbrio entre custos e benefícios.

Os derivados de petróleo tiveram sua utilização proibida para a secagem de produtos agrícolas a partir de 1981, no Brasil. Antes de terem seus usos vedados, os óleos pesados e o óleo diesel eram os subprodutos do petróleo mais empregados para aquele fim. Em outros países, o gás natural e o gás lique-feito de petróleo são largamente utilizados. A queima desses gases é uma forma eficiente de se obter energia, uma vez que o desenvolvimento de queimadores apropriados permite a combustão quase completa dos gases. Além disso, o controle da vazão dos queimadores pode ser facilmente realizado com o auxílio de equipamentos eletromecânicos, o que facilita a automação dos sistemas de secagem.

A disponibilidade de energia elétrica é geralmente fator

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limitante para a adoção de tecnologia de secagem. Isto porque esses sistemas contêm um ou mais ventiladores eletricamente acionados. A falta de uma malha maior de distribuição de ener-gia elétrica no Brasil, por exemplo, é o maior entrave para a popularização dos sistemas de secagem-armazenagem em nível de fazenda. Como exemplo, cita-se o Paraná, um dos Estados melhores dotados em energia elétrica: o seu governo estabe-leceu como meta eletrificar de 100 mil a 120 mil propriedades rurais, o que dá uma dimensão do problema em nível de Brasil. Isto já foi atingido, mas ainds está se pesquisando a secagem em secadores que não utilizam essa fonte de energia. Tais secadores, denominados secadores com ar movimentado por convecção natural, terão aplicabilidade para pequenos agricultores, em regiões de fronteira agrícola e em propriedades que não possam dispor de energia elétrica.

O emprego desse tipo de energia como fonte suplementar de calor é limitado pelo seu elevado custo. Uma redução desses custos poderia levar a uma maior utilização dos sistemas de secagem em baixas temperaturas, com ar levemente aquecido.

Esses sistemas são totalmente automáticos e exigem pouca supervisão, pois são de fácil manejo.

A proibição do uso de derivados de petróleo como fonte de aquecimento do ar para a secagem de produtos agrícolas levou ao estudo de fontes alternativas de energia. Dentre elas, as mais importantes são a madeira, os resíduos agrícolas, a energia solar e o álcool.

A utilização da madeira tem sido uma solução-problema. Como solução, foram redescobertas fornalhas usadas até um passado recente, quando foram, então, substituídas por quei-madores de derivados de petróleo. O problema apareceu sob duas formas principais: uma delas diz respeito a não otimização das fornalhas. Como consequência imediata, essas “novas” fornalhas apresentam um consumo elevado de lenha, devido a perdas diversas. Poucos estudos têm sido realizados visando determinar o tamanho e a forma ideal dos diversos tipos de fornalhas, a quantidade de ar necessária para uma combustão completa e um melhor aproveitamento da energia dissipada através das paredes.

A outra face do problema diz respeito à distribuição de flo-restas energéticas no País. É bem verdade que o Brasil dispõe de madeira suficiente para secar os produtos agrícolas que produz, mas as grandes concentrações de florestas estão nas regiões Nordeste e Centro-Oeste, e a maior parte da produção agrícola tem origem na região Sul do País. Isso demonstra claramente a falta de planejamento de certos setores do Governo, uma vez que a proibição do uso de derivados de petróleo deve ter reduzido em menos de 1,0% as necessidades diárias dessa fonte de energia. Além disso, não se desenvolveu, concomi-tantemente com a proibição, uma política de implantação de florestas energéticas nas regiões de maiores produções. Isso tem levado a situações como as que ocorrem em algumas cooperativas do Oeste do Paraná: a lenha consumida nas suas fornalhas é adquirida a distâncias maiores que 200km e o custo de transporte da lenha fatalmente é repassado ao agricultor cooperado através de um maior custo de secagem.

A utilização de certos resíduos agrícolas tem sido motivo de muita controvérsia em países desenvolvidos. Alguns setores advogam seu emprego na secagem de grãos e legumes, em especial aos secados nas próprias fazendas, visando a uma quase independência energética das propriedades rurais. Por outro lado, questionam-se os efeitos negativos que a remoção desses resíduos causaria aos solos, facilitando a sua erosão e impedindo a recirculação de nutrientes. Percebe-se, aqui, a necessidade de estudos que quantifiquem o que fica e o que sai do campo, a fim de que não se concorra para a deterioração dos mesmos e, ao mesmo tempo, permita-se secar produtos

Secagem

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Secagem

agrícolas a preços bem mais compatíveis. Como exemplo, estima-se a quantidade de resíduos agrícolas (restos de culturas e do beneficiamento dos produtos agrícolas) como sendo igual, em massa, à matéria-prima nobre produzida. Assim, produzem--se, no Brasil, hoje, em torno de 165 milhões de toneladas de resíduos agrícolas (provenientes de produção de grãos e legu-mes), com um poder calorífico de aproximadamente 12.500k J. kg¯¹, o que representa mais da metade da energia equivalente ao petróleo importado anualmente pelo Brasil. Mesmo assim, esses números devem ser vistos como potencial apenas. Um balanço entre as diversas possibilidades de uso de restos cul-turais deve ditar a política correta para o setor.

Muito tem sido comentado a respeito da utilização de ener-gia solar para a secagem de grãos e legumes. Extensos estudos têm sido realizados e alguns pontos têm sido questionados. Um deles é o elevado custo inicial dos coletores, que faz com que essa forma de energia não seja gratuita, como muitos pensam. Têm sido feitas tentativas para desenvolver coletores mais ba-ratos, de custos competitivos, com a utilização de outras fontes de energias, mas ainda não se chegou a resultados satisfatórios. O outro aspecto de suma importância, que limita a utilização de coletores solares para aquecimento de ar de secagem de produtos agrícolas, no Brasil, é a coincidência do período de safras da maioria das culturas com época das chuvas. É nesse período que mais se precisa do sol, mas é também a época em que ele está menos disponível. Essa fonte alternativa de energia deve ser usada com muito cuidado.

O Brasil mostrou para o mundo que é possível utilizar outra fonte de energia, com algumas características especiais: é uma fonte de energia limpa, ou seja, a produção de fumaça e outros contaminantes é mínima; é uma fonte de energia renovável, que pode ajudar a manter o homem no campo; 2,1 litros de álcool tem o mesmo poder calorífico que um quilograma de GLP. Essa fonte de energia já foi usada em um secador contínuo de milho, com um consumo ligeiramente inferior a 1.000kcal/kg de umidade evaporada, consumo bem melhor do que quando se usa lenha. Esse valor pode ser reduzido para menos de 800kcal/kg

Eficiência térmica de secagemO consumo de energia em um secador de grãos e legumes

não deve ser medido apenas em unidades de combustível usadas durante o processo. É importante que se relacione esse consumo com a correspondente quantidade de água evapo-rada; daí a necessidade de se definir um elemento que sirva de termo comparativo entre diferentes processos ou mesmo diferentes secadores. Esse termo, já bem aceito na comunidade científica e aqui denominado eficiência térmica de secagem, é assim definido: “é a relação entre a quantidade de energia destinada à secagem e a quantidade de água evaporada durante o processo”. Não se inclui, para efeito de cálculo deste termo, a energia para movimentar o material.

O consumo de energia por unidade de água evaporada varia com diversos parâmetros. Destes, os mais importantes são: a variação de umidade do produto durante a secagem (taxa de secagem), as condições ambientes e o tipo de secador utilizado. A taxa de secagem de certo tipo de grão, por sua vez, é função da temperatura e da vazão do ar de secagem, do teor de umidade inicial e de equilíbrio do produto, da temperatura e, quando for o caso, da velocidade desses no secador.

O tipo de secador utilizado tem grande influência no ren-dimento térmico da secagem. Cada produto seca em taxas

diferentes, apresentando, cada um, exigências mais ou menos específicas quanto à qualidade. Assim, há a necessidade de se desenvolverem diferentes secadores para cada tipo de grão, pois as condições de secagem (temperatura, fluxo de ar, velo-cidade do produto pelo secador, teor de umidade inicial) para arroz diferem das de milho, feijão ou soja, ou seja, a secagem de milho em um secador específico para a soja já é um indicativo de que o processo não será termicamente eficiente.

Em vista dos aspectos mencionados, fica patente a neces-sidade de extensas pesquisas no campo, de dimensionamento e otimização de sistemas de secagem de produtos agrícolas. É natural que o conhecimento do comportamento dos parâ-metros de secagem e a interdependência que eles mantêm devem ser bem investigados, pois do correto dimensionamen-to deles dependerá o sucesso final do empreendimento. Além disso, outros fatores não mencionados aqui são de extrema necessidade nos estudos de otimização de secadores para grãos e legumes: recirculação de ar de secagem, secagem intermitente e a utilização dos conceitos de energia na análise da utilização das diferentes fontes de energia.

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Biodisel

Obrigatório ou não, etanolestá nos EUA para ficar

Por Janet McGurty e Matthew RobinsonNos últimos cinco anos, o governo norte--americano pagou às companhias de combustíveis bilhões de dólares em subsí-dios para compra de etanol produzido domesticamente, à base de milho, viabilizando parte da oferta de gasolina do país.

Agora seria preciso pagar a elas para que não comprem.

A pior seca em mais de meio século reanimou o forte debate sobre alimentos versus combustíveis. Produtores de alimentos e de animais estão pedindo que o presidente Barack Obama abandone - pelo menos temporariamente - a obrigatoriedade imposta pelo governo, que exige converter mais de um terço da safra de milho dos EUA para o etanol. O presidente tem três meses para decidir.

Especialistas dizem que mesmo que ele renuncie ao Renewable Fuel Standard (RFS), isso não vai, necessaria-mente, liberar muito milho para alimentos e ração animal. Na verdade, a menos que os preços do milho subam mais 2 dólares ou os preços do petróleo caiam drasticamente, isso pode não fazer nenhuma diferença.

Mesmo sem a obrigatoriedade, um terço da oferta de

gasolina do país precisa conter etanol, para atender a regras não relacionadas de ar limpo, principalmente na Califórnia e na Costa Leste. Nenhuma outra substância disponível pode oxigenar a gasolina de forma tão eficaz, ajudando na queima de forma mais limpa.

Mais importante, o etanol é 1 dólar mais barato do que os outros tipos de aditivos para aumentar octanagem, que refinarias utilizam para elevar a eficiência do combustível.

“Mesmo com uma redução na renúncia, ainda há um incen-tivo econômico para a indústria de combustíveis para utilizarem o etanol como um aditivo oxigenado”, disse Maureen Cannon, especialista em químicos e negócios agrícolas e vice-presidente do Grupo de Valence, um banco de investimentos especializado em produtos químicos.

Diferente de cinco anos atrás, quando o etanol era um combustível marginal e relativamente caro que exigia pesa-dos subsídios do governo para sobreviver, agora é uma fonte competitiva de energia.

ALIMENTOS VS. COMBUSTÍVEISA constatação de que o etanol não vai ser facilmente re-

tirado da oferta de gasolina dos EUA aparece assim que um

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Biodisel

renovado debate entre alimento ou combustível ganha força. Uma severa seca encolheu a safra de milho, levando os preços a subirem mais de 60 por cento em apenas três meses, para uma alta recorde acima de 8 dólares por bushel.

Sob pressão de produtores de gado e de aves indignados, que viram os custos de sua ração subirem, vários governadores estaduais solicitaram à Agência de Proteção Ambiental (EPA) renúncias à obrigatoriedade de mistura do etanol. A agência, que negou um recurso semelhante em 2008, deve decidir até meados de novembro como irá proceder.

No entanto, remover a obrigação RFS não vai mudar o fato de que a Lei do Ar Limpo de 1990 exige que as empresas de combustível vendam uma mistura mais limpa, chamada de gasolina reformulada (RFG, na sigla em inglês) ou RBOB, em regiões mais populosas do país.

“Se a EPA flexibilizar o padrão para o etanol, as refinarias podem produzir a gasolina convencional, mas elas não seriam capazes de produzir gasolina RFG”, disse Mark Routt, conse-lheiro sênior para a KBC Advanced Technologies, baseada em Houston.

Originalmente concebido como um caminho para as nove cidades mais poluídas dos Estados Unidos limparem o ar, o RFG agora é um combustível necessário em cerca de 30 por cento dos postos do país.

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Figura 2. PROBIT aplicado à mortalidade de larvas e adultos de Alphitobius diaperi-nus expostos a diferentes concentrações de óleo essencial de sassafrás e eucalipto.

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Agronegócio

Agronegócio: da Euforia à RealidadeQuando começou o ano de 2012, as perspectivas de produção de soja e de milho tanto na América do Sul quanto no Hemisfério Norte era de super safra e a previsão da maioria dos analistas de mercado convergia para o mesmo ponto: abundância de oferta!...

No tocante à soja, o Brasil teve problemas de clima e sofre até hoje com a quebra de quase 9 milhões de toneladas de soja (da previsão inicial de 73 milhões, estamos próximos de 66 milhões);

Já para o milho, ocorre o inverso, o Brasil está colhendo a maior safrinha (é muita modéstia!...) de milho da história (34,218 milhões da safra de verão e 38,558 milhões da “safri-nha”, totalizando 73,776 milhões de tons - recorde absoluto), mesmo considerando possíveis reduções de produtividade aqui e ali em virtude de problemas climáticos;

Diante deste quadro, qual deveria ser a tendência de pre-ços? A principio deveria ser altista para soja devido a menor produção no Hemisfério Sul e baixista para o milho devido a superprodução. Mas tinha outro importante variável para os preços: A safra 2012/2013 norte americana. Pois bem o fator climático vem afetando de forma intensa o desenvolvimento da safra norte-americana. Sendo esta atual estiagem a maior em 54 anos. Menor produção nos Estados Unidos, propor-cionando a cada relatório de oferta e demanda do Depto de Agricultura dos Estados Unidos condições mais críticas de estoques de passagem.

Preços em alta acentuada como pode ser visto nos gráficos a seguir.

Osvaldo J. PedreiroNovo Horizonte Assessoria

[email protected]

Marco Henrique SerraAgrofuturos

Gráfico semanal soja em CBOT vencimento novembro, fonte www.cme.com.

Gráfico semanal de milho em CBOT vencimento agosto, fonte www.cme.com.

Em resumo ao quadro de oferta e demanda, temos a safra de grãos do Hemisfério Norte se deteriorando a cada relatório anunciado pelo USDA, vindo de uma projeção de 87 milhões de tons para soja e 375 milhões de tons para milho, chegando agora em agosto em uma estimativa de 73,2 milhões de tons para soja e 273,8 milhões de tons (quebra de 14,5 milhões de tons na soja e 101,2 milhões de tons no milho);

OFERTA E DEMANDA TEM DE SE AJUSTARA quebra de produção dos EUA, e em menor escala de

alguns países da Europa e da Ásia, repercutiu tremendamente

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Agronegócio

na Oferta/Demanda mundial, pois além dessas perdas que estão ocorrendo nas safras atuais, a América do Sul também está vindo de uma quebra considerável na sua produtividade, tendo o Brasil sofrido perdas de produção de soja em torno de 15% do volume total previsto de 73 milhões de toneladas, e deve fechar 2012 com estoques muito baixos.

Ao que parece o foco passa a ser fundamentando em: “O mundo terá que se readequar e ajustar sua demanda”, pois a oferta de soja e milho ficará super apertada de agora até fe-vereiro/março de 2013, quando se espera que o novo recorde de produção sul americana venha repor os estoques de soja principalmente, para que as coisas comecem a voltar à norma-lidade; mesmo com um excedente de 14 milhões de toneladas de milho aqui no Brasil, que tem suas graves limitações de lo-gística para levar esse excedente até os países consumidores e tradicionalmente abastecidos pelos norte americanos, também para o milho a situação é muito semelhante à soja. Outro fator que deve ser levado em consideração: o mundo está totalmente dependente do farelo de soja para formulação de ração animal, e não há como se achar de imediato um substituto protéico para o farelo de soja!...

Embora os preços estejam altamente compensadores ao produtor rural, nem tudo é euforia. Nossa infra-estrutura carente de investimentos continua em condições de não atender o escoamento da Safra Brasileira, principalmente para exportação. Principalmente para o cereal milho, a grande produção brasileira terá de ser exportada correndo o risco de falta de armazenagem. Aí voltamos à realidade de perda de competitividade de comercialização da produ-ção nacional.

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Esfriamento Dinâmico

Esfriamento Dinâmicode Sementes de Soja

Contudo, com o desenvolvimento dos conhecimentos de biologia molecular e o lançamento de cultivares trans-gênicas, a semente passou a assumir a função de um “chip”, portador de tecnologias genéticas (Miyamoto, 2006). Com essa nova concepção, a necessidade de sementes com alta qualidade torna-se cada vez mais importante para a agricultura.

A produção de sementes de soja, com qualidade, é um desafio constante, principalmente das empresas situadas na região central brasileira, bioma cerrado, onde as condições climáticas se caracterizam por ter alta umidade relativa e alta temperatura no período da safra. Além disso, os índices plu-viométricos neste período são elevados, o que pode causar danos diretos às sementes e interferir na logística operacional da colheita e de pré-processamento das sementes.

Os principais fatores que reduzem a qualidade fisiológica das sementes são: danos mecânicos, principalmente durante a colheita, ambientes com temperatura e umidade relativa altas durante a armazenagem, ataque de patógenos e insetos e baixa disponibilidade de nutrientes durante sua formação. A semente de soja é especialmente mais susceptível às variações ambientais, bem como exige maiores cuidados com seu manejo durante todas as fases de produção (Peske et al., 2006).

O processo de produção de sementes é constituído de várias etapas e uma delas é o armazenamento. A preservação da qualidade das sementes durante o armazenamento é um aspecto fundamental a ser considerado no processo, pois os esforços despendidos na fase de produção podem ser perdidos se a qualidade das sementes não for mantida até a época de semeadura (Oliveira et al., 1999).

A redução acentuada do poder germinativo de sementes de soja [Glycine max (L.) Merrill] durante o armazenamento é um dos principais obstáculos para a manutenção de lotes de

Até fins de 1990, a semente eraconsiderada um insumo agrícola, que com os demais defensivos e fertilizan-tes compunha os pacotes tecnológicos necessários à produtividade.

Eng. Agr. Jacson ZuchiDoutorando em Fitotecnia

Universidade Federal de Viç[email protected]

Dr. Adilio F. Lacerda FilhoEngenheiro Agrônomo, Doutor em Agronomia

Universidade Federal de Viç[email protected]

sementes com qualidade para a comercialização, instigando pesquisadores da área de sementes a buscarem cada vez mais conhecimentos sobre os processos deteriorativos destas. Os efeitos na qualidade fisiológica das sementes geralmente são traduzidos pelo decréscimo na porcentagem de germinação, no aumento de plântulas anormais e por uma redução de vigor de plântulas (Carvalho & Nakagawa, 2000; Smiderle & Cícero, 1998).

O uso da aeração em uma massa de grãos ou sementes armazenada, com o objetivo de reduzir a temperatura, é de fundamental importância para manter a qualidade destes, tendo-se como consequência menor índice de deterioração (Oliveira et al., 1999). A atividade dos fungos de campo é para-lisada durante o armazenamento, devido à baixa umidade das sementes e do ambiente. Contudo, fungos de armazenamento são capazes de proliferar nessas condições. A redução da tem-peratura da massa de grãos, abaixo de 15 ºC tem sido eficiente para reduzir a atividade de água desses e, consequentemente, a atividade de insetos e de fungos (Sun & Byrne, 1998). No Brasil e em outras regiões de climas semelhantes, favoráveis ao desenvolvimento de insetos-praga, fungos e outros organismos, a aplicação das técnicas de resfriamento, utilizando o ar res-friado artificialmente, tem se mostrado eficiente e econômica. O emprego da tecnologia de resfriamento artificial do ar para resfriar grãos armazenados não é uma técnica nova, porém pouco utilizada nos países e clima tropical e subtropical. Nos

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Esfriamento Dinâmico

ROTASILOS

últimos seis anos, a sua utilização no Brasil vem acontecendo de forma econômica e eficiente (Lacerda Filho et al., 2008).

O uso de tecnologias de armazenamento que reduzam a velocidade e a intensidade do processo de deterioração das sementes soja é muito importante. Assim, o objetivo deste estudo foi levantar aspectos técnicos da utilização de esfria-mento artificial de sementes de soja de forma dinâmica, em uma unidade de beneficiamento de sementes de soja.

DESENVOLVIMENTO Pesquisa em tecnologia de sementesA pesquisa busca, de forma constante, oferecer subsídios

aos produtores, para aperfeiçoarem seu sistema produtivo e, consequentemente, a quantidade e a qualidade da produção. O negócio de sementes de soja e muito robusto, principalmente na região de cerrado brasileira. Entre os gargalos da produção de sementes de soja, um dos mais críticos e o período de co-lheita das sementes, que e bastante dificultado pelas chuvas. Assim, cultivares de boa performance agronômica pode ficar a mercê do mercado de sementes, haja vista a grande demanda e também aos riscos de as sementes não atingirem o padrão mínimo de germinação após o armazenamento.

O setor sementeiro brasileiro demanda novas tecnologias para secagem, limpeza e seleção no processo de beneficia-mento e armazenagem, durante o período de conservação das sementes, como alternativa para ampliar sua competitividade (Mello, 1996). Assim, consolidou-se, nos últimos anos, a tec-nologia de esfriamento de sementes, que se tornou muito útil

para os produtores de semente de soja das regiões de clima tropical. O resfriamento de grãos agrícolas é uma técnica eficaz e econômica para a manutenção das qualidades desejadas ao produto, quando a sua utilização se destina à alimentação humana, animal ou como sementes (Lacerda Filho et al., 2008).

O resfriamento artificial de sementes a granel desponta como uma alternativa interessante, técnica e economicamente. Trata-se de uma técnica já conhecida há várias décadas, mas sua implantação na América do Sul ainda é relativamente recente. Os primeiros estudos sobre resfriamento artificial de sementes surgiram a partir de 1950, mas por alguma razão a tecnologia de resfriamento a granel não evoluiu. Existem câmaras frigoríficas para armazenagem de sementes, porém somente são viáveis economicamente em sementes de alto valor agregado, devido ao seu elevado custo de implantação e de consumo de energia

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Esfriamento Dinâmico

elétrica (Demito, 2006).

Caracterização do processo de esfriamentoO esfriamento tem por princípio a redução da temperatura

da massa de sementes, possibilitando a diminuição do metabo-lismo e o retardamento do processo deteriorativo, mantendo o vigor e a qualidade da semente durante o período de arma-zenamento, o qual se estende por oito meses, além de ser uma ferramenta de “marketing” para as empresas produtoras.

No atual estágio da tecnologia de resfriamento podem--se resfriar sementes a granel tanto em silos (processo es-tático) ou na linha de beneficiamento (processo dinâmico). As sementes resfriadas podem ser armazenadas em silos ou bolsas, sem a necessidade de climatizar armazéns, evitan-do-se assim, o esforço técnico e financeiro que representa o tratamento de ar de grandes ambientes. O resfriamento artificial dinâmico de sementes agrega uma nova etapa durante o processo de classificação de sementes até então ausente. Porém, a sua viabilidade técnica depende de um aspecto de extrema importância; a estabilidade térmica das sementes, isto é, a manutenção de baixos níveis de temperaturas em sementes armazenadas em sacas. A es-tabilidade térmica das sementes depende, dentre outros fatores, da transferência de calor entre o ar do interior do armazém e as sementes ensacadas, sendo um fenômeno físico complexo, pois envolve transferências de calor, principalmente, por condução e convecção (Demito, 2006).

O esfriamento dinâmico consiste na passagem de ar frio (10 a 12 °C), em fluxos contracorrentes, através da massa de sementes advindas do beneficiamento, acondicionadas em um módulo resfriador. A operação é realizada previamente ao ensaque das sementes, logo apos a o beneficiamento das sementes na mesa de gravidade. O fluxo de sementes, bem como a quantidade de sementes advindas dos processos de separação por tamanho e por densidade especifica de-terminarão a velocidade necessária no processo de resfria-mento e a velocidade deste afetara, conseqüentemente, a do processo de ensaque. Deste modo, o dimensionamento do numero e da capacidade dos módulos de resfriamento serão de extrema importância para evitar estrangulamento do fluxo de sementes na UBS e para uma melhor otimização

da operação de ensaque. A unidade de refrigeração de sementes (URS) é instalada

na parte externa da unidade de beneficiamento de sementes (UBS) e é conectada ao módulo resfriador por meio de um duto flexível, revestido com material isolante. Este duto tem a função de distribuir o ar seco e frio para todos os módu-los de resfriamento. A operacionalidade dos módulos será tanto melhor quanto mais eficiente o fluxo de ar. Entre os aspectos necessários a um bom fluxo de ar, podemos citar o bom vedamento dos dutos e válvulas de controle, bem como do funil de descarga dos módulos resfriadores.

A URS é composta por circuitos refrigeradores, os quais são dimensionados com diferentes potências frigoríficas, conforme as necessidades da massa de sementes a ser res-friada, durante 24 horas. As URS permitem a possibilidade de operação sob demanda, isto é, os circuitos podem ser acionados ou desativados, manual ou automaticamente, segundo o a quantidade de sementes a serem resfriadas si-multaneamente, o que corresponderá a diferentes números de caixas a serem resfriadas.

Os módulos resfriadores, ao receberem diferentes volu-mes de sementes, proporcionalmente aos diferentes tama-nhos das mesmas, se não forem adequadamente regulados os respectivos fluxos de ar, poderá ser observada maior a intensidade de resfriamento naquele que possuir diferentes espessuras e velocidade de passagem de sementes, com diferentes vazões específicas de ar resfriado. O isolamento térmico e o menor comprimento dos dutos, flexível e fixo, bem como a boa vedação de escapes de ar frio dos módulos, aumentam a eficiência do processo de esfriamento. Outro detalhe importante é a operacionalidade das caixas, deve--se, sempre que possível, trabalhar com o fundo do funil de descarga cheio, possibilitando deste modo, a ventilação do ar para o topo da caixa, caso contrário perde-se eficiência.

Dentre as ferramentas disponíveis ao operador de es-friamento, destacam-se o controle de fluxo de ensaque, a termometria das caixas, o número de circuitos operantes da URS e o volume de ar de entrada nas caixas. Contudo, o controle de fluxo de ensaque e a termometria das caixas, são os principais.

Não obstante, estes mecanismos estão condicionados principalmente pela eficiência da URS e pela uniformidade de esfriamento da caixa. O sistema de termômetros me-rece atenção especial, pois é através dele que operador de esfriamento se guia para liberar o ensaque da caixa,

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principalmente no que tange a posição deste, sendo que o termômetro indicador de parada de ensaque, que rege a descarga da caixa armazenadora, deve ser o primeiro, cuja posição correta é abaixo da plataforma de distribuição do ar, na entrada do funil de descarga (na base mais larga), pois, deste modo, não se tem o risco de ensacar sementes com temperaturas desiguais.

As sementes advindas do beneficiamento entram nas caixas armazenadoras com temperatura média de 25 a 28 ºC. O tempo médio de carga, completa, das caixas deve ser no mínimo de duas horas, sendo o dimensionamento das caixas o dobro de volume de beneficiamento, por hora, para a mesma atingir 2 horas de esfriamento. Desta forma, as sementes em fluxo dinâmico, ficariam expostas ao ar frio por, pelo menos, duas horas, o que possibilitaria o resfria-mento de um volume expressivo da caixa armazenadora, otimizando a operação de ensaque.

Outro fato a ser considerado é a existência de uma frente de esfriamento, pois a camada de sementes mais próxima da entrada do ar na caixa, recebe ar mais frio que as camadas superiores, esfriando-se de forma mais acentuada.

A espessura da camada resfriada pelo sistema varia de 1,10 a 1,40 metros, assim, quanto maior a base da caixa, maior será o volume de sementes passíveis de esfriamento. Neste sentido, medindo-se a temperatura de uma amostra de sacos, de uma pilha de sementes, com 360 sacos e 4,5 metros de altura, podemos ter uma ideia da uniformidade do processo, sendo que, as fileiras oriundas do ensaque do

Esfriamento Dinâmico

funil de descarga e dos 60 cm superiores à frente de res-friamento, podem variar até 1,5º C da temperatura média de esfriamento (16 ºC).

Não obstante, a maneira como as sementes se movi-mentam na caixa, durante a descarga, pode gerar ensaque de sementes não resfriadas, haja vista que as sementes

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Esfriamento Dinâmico

localizadas na parte central da caixa deslizam no funil de descarga com maior velocidade, podendo comprometer a homogeneidade do processo de esfriamento.

Além destes aspectos, temos de convir que o armazena-mento das sementes é uma condicionante da manutenção de temperatura de esfriamento dentro das caixas, pois as sementes tendem a entrar em equilíbrio higroscópico com o ambiente circundante. Assim, se considerarmos que em um armazém convencional, a temperatura e a umidade re-lativa do ar variam bastante, podendo chegar à 8 ºC e 30%, na parte superior da pilha, e 1 ºC e 12%, na parte inferior, pode ocorrer gradiente de enclausuramento da massa de sementes e consequentemente de temperatura, onde os sacos que ficam nas partes basais e medianas da pilha, tendem a ter uma melhor manutenção da temperatura de esfriamento, em face da maior pressão estática e as menores variações de temperatura e umidade relativa.

O esfriamento de sementes pode promover, também, uma leve secagem das sementes, 0,8 a 0,4 pontos percen-tuais, dependendo do tempo de exposição das sementes ao ar frio e da altura da camada de sementes, em relação à entrada do ar frio na caixa. Este fato torna-se interessante, quando pensamos em tempo de secagem, consumo de gás e estrangulamento do recebimento.

CONCLUSÃO A sustentabilidade de empresas produtoras de semente

depende diretamente da tomada de decisões corretas e a

utilização de esfriamento na linha de beneficiamento pode também trazer benefícios paralelos ao da manutenção da qualidade das sementes de soja.

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Logística

Uma nova abertura dos portos

Após vencer a inflação e as restrições cambiais que inibiam o crescimento econômico, o Brasil está descobrindo que é preciso superar outras restrições importantes para crescer a taxas mais elevadas.

Numa economia globalizada, a atividade produtiva só consegue se desenvolver sendo competitiva em relação ao resto do mundo. Nesse aspecto, o Brasil vinha fazendo pouco nos últimos 30 anos. A lista dos problemas é extensa -entre eles as deficiências do sistema portuário, especialmente em relação à produção do agronegócio.

Nos últimos anos, houve forte mudança na geografia da nossa produção de grãos. As regiões Norte, Nordeste e Cen-tro-Oeste que, em 2001, respondiam por 32% da produção de soja e de milho, são responsáveis, hoje, por 52% do total.

Esse deslocamento da produção tende a se acentuar no futuro. No entanto, seu escoamento é realizado predomi-nantemente pelos portos do Sul e do Sudeste, sobretudo São Francisco do Sul, Paranaguá e Santos.

Por esses portos, saíram 85,9% dos 58,3 milhões de to-neladas exportadas em 2011. Enquanto isso, os portos do Arco Norte, de Porto Velho a São Luís, somados a Salvador, responderam por apenas 14,1% do total embarcado para o exterior, devido à carência de infraestrutura adequada e de acessos por rodovia, ferrovia ou hidrovia.

Como a nossa produção de grãos está cada vez mais distante dos portos disponíveis, é fortemente afetada pelos custos do transporte rodoviário.

Estudos realizados pela Associação Nacional dos Expor-tadores de Cereais (Anec) indicam que, em média, os custos do transporte rodoviário no Brasil (US$ 85 por tonelada) são quase três vezes maiores dos que os que incidem sobre os produtores norte-americanos (US$ 23 por tonelada) devido às diferenças nas distâncias percorridas.

Além dos custos decorrentes da distância entre produção e porto, as ineficiências nos congestionados portos brasileiros também punem a produção.

No relatório “The Global Competitiveness Report”, do Fórum Econômico Mundial, o Brasil está na 130ª colocação no ranking de eficiência/qualidade portuária. No mesmo ranking,

Para ser competitivo e líder no mercado mundial, o Brasil precisa de uma nova abertura dos portos

Kátia AbreuSenadora (PSD/TO)

Pres. da CNA (Conf. da Agr. e Pec. do Brasil).

os procedimentos alfandegários estão na 124ª posição, sendo os grandes responsáveis pela baixa competitividade brasileira em relação ao restante do mundo. Assim, nossos produtores, tanto na agricultura como na indústria, podem ser conside-rados verdadeiros heróis quando vendem para o exterior.

Para viabilizar os investimentos nos portos do Arco Norte -especialmente Porto Velho, Santarém, Belém (Outeiro) e São Luiz- e suas ligações com as áreas de produção, com ênfase no aproveitamento dos grandes sistemas fluviais dos rios Madeira, Tapajós e Tocantins, é preciso redesenhar as tradicionais prioridades do sistema de transporte do país.

É importante ressaltar o novo olhar estratégico que o governo federal dirige ao Brasil que existe acima do paralelo 16. O Ministério dos Transportes vem priorizando a rodovia Cuiabá-Santarém, bem como a hidrovia do Tocantins, cujos estudos de viabilidade técnica, econômica e ambiental estão em fase adiantada.

A ampliação dos portos de Outeiro e Itaqui está em pleno andamento e poderá, em breve, recepcionar boa parte da produção da região.

Um grupo de trabalho coordenado pela Casa Civil da Presi-dência da República e liderado pela ministra Gleisi Hoffmann, com a participação de todos os segmentos da produção, vem estudando os gargalos em busca de soluções para a moder-nização dos portos, permitindo que olhemos com otimismo para o futuro.

Mas conceder serviço público à iniciativa privada não deve significar, simplesmente, trocar um monopólio por outro. Um bom começo, na área dos portos, seria a revogação do decre-to nº 6.620, de 2008, com a finalidade de incentivar o setor privado e estimular verdadeiramente a livre concorrência.

O Brasil precisa, definitivamente, de uma nova abertura dos portos para garantir competitividade e liderança no mer-cado mundial. Confiamos que seja agora.

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Micotoxinas

Fungos em grãos armazenadosdesenvolvimento, riscos e medidas preventivas

De forma geral, as unidades responsáveis pelas ope-rações de secagem, armazenamento e beneficiamento de grãos, não apresentam capacidade para processar em tempo hábil e de forma elevada volume de grãos recebido, principalmente, no pico da safra, já que muitas vezes estas unidade encontra-se subdimensionadas ou com mão-de--obra pouco qualificada. Logo, as operações da etapa de pré-armazenamento não são corretamente executadas e, assim, as perdas tendem a se agravar na etapa posterior: o armazenamento. Etapa em que as perdas de qualidade não podem ser recuperadas, apenas mantidas de acordo com as características de chegaram.

Estas perdas muitas vezes são intensificadas pela ado-ção de práticas inadequadas durante a limpeza, a secagem e o armazenamento dos grãos. Na secagem, a utilização de temperatura maior do que a recomendada causa dano térmico nos grãos. No armazenamento, as perdas qua-litativas e quantitativas são maiores quanto maior for à umidade, o teor de impurezas e a temperatura da massa de grãos (Figura 1).

É crescente aumento da produção nacional de grãos, principalmente devido ao aumen-to da área de cultivo agrícola e do uso de novas tecnologias de campo. Porém devido ao baixo investimento em infraestrutura nas operações de pré-armazenamento e arma-zenamento as etapas de pós-colheita têm se tornado o principal gargalo daprodução de grãos no Brasil.

Dr. Maurício de Oliveira Eng. Agrônomo - Professor da FAEM - UFPel

[email protected]

Eng. Agr. Ricardo Tadeu ParaginskiMestrando em Ciência e Tecnologia de Alimentos

FAEM - [email protected]

Eng. Agro. Nathan Levien VanierDoutorando em Ciência e Tecnologia de Alimentos

FAEM - [email protected]

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GRÃOS BRASIL - DA SEMENTE AO CONSUMO | 31

Micotoxinas

(A) (B)

Figura 1. Espiga (a) e grãos (b) de milho atacadas por fungos

O ataque de fungos é a segunda causa de deteriora-ção e perdas na armazenagem de grãos, estando atrás apenas dos insetos. Os danos causados por estes micro--organismos nos grãos estão relacionados às seguintes alterações: (1) aparecimento de manchas e descoloração, (2) alterações no odor, (3) aquecimento e compactação da massa de grãos, (4) produção de toxinas (micotoxinas), (5) redução do poder germinativo e vigor de sementes e (6) alterações na composição química e nutricional dos grãos e (7) consumo de matéria seca.

A razão do grande sucesso dos fungos é a sua reprodu-ção através de esporos, que podem ser transportados por água, vento, plantas, produtos e subprodutos. Alguns são

resistentes às oscilações de temperatura e podem perma-necer dormentes no solo por vários meses. O crescimento fúngico e a produção de micotoxinas em cereais podem ocorrer nas diversas fases de desenvolvimento, maturação, colheita, transporte, processamento ou armazenamento dos grãos, principalmente em grãos de amendoim, arroz, cevada, milho, sorgo e trigo, onde encontram substrato altamente nutritivo para crescimento e desenvolvimento.

Os fungos são divididos em dois grupos:Fungos de campo: atacam os grãos antes da colheita.

Os gêneros de ocorrência mais frequente são Alternaria, Cladosporium, Fusarium e Helmintosporium, exigem teor de água dos grãos superiores a 20% e umidade relativa superior a 90% para o seu desenvolvimento, porém não continuam crescendo durante a armazenagem, já que normalmente são destruídos durante a secagem. Perma-necem dormentes quando a umidade dos grãos for baixa.

Fungos de armazenamento: entram em contato com os grãos e ocorrem normalmente durante a colheita e a pós-colheita. As espécies mais frequentes são dos gêneros Aspergillus e Penicillium. São encontrados em grande número no ar, poeira, solo e nos resíduos dos grãos, e desenvolvem-se quando encontram condições adequa-das de umidade e temperatura no ambiente, geralmente com umidade igual ou superior a 15% e umidade relativa

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Micotoxinas

entre 70 e 90%. Portanto, exigem umidades muito me-nores para o desenvolvimento quando comparados aos fungos de campo, possibilitando o desenvolvimento no interior da massa de grãos.

Os fungos de armazenamento são responsáveis pela produção de micotoxinas, que são substâncias tóxicas produzidas pelo metabolismo secundário fúngico em condições adequadas para o desenvolvimento. O consu-mo de micotoxinas pode ser direto, quando o produto é diretamente utilizado na alimentação humana ou de animais, ou indireto, quando subprodutos e derivados contaminados são consumidos. Quando ingeridas na ali-mentação animal as micotoxinas podem causar diversos efeitos à saúde, apresentando propriedades anabolizan-tes, estrogênicas, carcinogênicas e mutagênicas. Animais diagnosticados com este problema devem ser descarta-dos, para evitar recontaminação de outros indivíduos.

Além disso, podem causar enormes prejuízos econô-micos devido à redução na produtividade agrícola.

As aflatoxinas são as micotoxinas mais comuns e mais conhecidas, sendo produzidas por fungos dos gêneros Aspergillus e classificadas em B1, B2, G1 e G2 (a nomen-clatura iniciada pela letra B e G deve-se ao fato destas apresentarem fluorescência azulada e esverdeada, res-pectivamente, quando observadas sobre luz ultravioleta), provocando sinais clínicos e lesões em várias espécies, principalmente com redução do ganho de peso, redução da velocidade de crescimento, alterações na reprodução de matrizes, alterações digestivas e maior suscetibilidade dos animais a infecções, levando os animais geralmente a morte.

Cabe ressaltar que os principais fatores que favorecem o desenvolvimento e crescimento dos fungos de armaze-namento e que são utilizados para o seu controle, que são:

- teor de umidade dos grãos superior a 15%;- temperatura de armazenamento entre 25 e 30ºC e

umidade relativa do ar mínima de 70%; - presença de insetos e roedores;- presença de grãos quebrados, matérias estranhas e

impurezas em quantidades elevadas;- presença de inóculo fúngico no ambiente;- elevados períodos de armazenamento;- utilização de cultivares mais suscetíveis ao ataque

dos fungos;A permanência de grãos úmidos no interior de ca-

minhões (Figura 2), em virtude da baixa capacidade operacional das unidades armazenadoras, acelera o me-tabolismo dos grãos e dos micro-organismos associados, propiciando condições ideais para o desenvolvimento de

fungos e, inclusive, micotoxinas. Quando grãos atacados ou contaminados por fungos são secados e colocados em silos para armazenamento a granel. Com o inóculo já instalado, todo o restante da massa de grãos é contami-nada, pois as temperaturas de secagem são insuficientes para destruição as toxinas produzidas por estes fungos.

Figura 2. Fila de caminhões para descarga em unidade arma-zenadora

A utilização de temperaturas do ar de secagem supe-riores a 110°C, para tentar acelerar o processo, provoca o rompimento do tegumento e, por vezes, dos tecidos dos grãos. Tornando assim os grãos mais suscetíveis à degra-dação e também ao ataque fúngico.

A operação de aeração, quando executada no momen-to certo, é uma prática muito importante para a conser-vação dos grãos armazenados, pois ajuda a eliminar focos de aquecimento, uniformiza a temperatura da massa de grãos e promove o equilíbrio da umidade intersticial aos grãos armazenados, desfavorecendo assim o desenvolvi-mento fúngico.

Para minimizar perdas, de forma geral, o sistema de ae-ração deve ser mantido ligado ininterruptamente quando o armazém estiver carregado com grãos “quentes” (acima da temperatura desejada para um armazenamento seguro), oriundos da secagem, até que a temperatura dos grãos entre em equilíbrio com a temperatura do ar ambiente, o que deve ser verificado através da termometria, esta operação é denominada aeração de arrefecimento.

Para auxiliar na tomada de decisão sobre quando proce-der à aeração de arrefecimento ao verificar foco de aqueci-mento na massa de grãos dois fatores são considerados: a umidade relativa do ar e a diferença de temperatura entre o ar e os grãos, para isso pode ser utilizado o diagrama da aeração de grãos (Figura 3).

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Micotoxinas

ASTRAL AMBIEN-TAL

Figura 3. Diagrama de aeração de grãos. Fonte: Lasseran (1978)

As correntes convectivas que ocorrem quando a tempe-ratura externa ao silo é diferente da temperatura do am-biente interno. Como exemplo, pode ser citado o fenômeno que ocorre em dias quentes, onde a temperatura externa ao silo é maior do que no seu interior, fazendo com que os grãos mais próximos às paredes se aqueçam mais do que os outros. Dessa maneira, o ar intersticial se aquece próxi-mo da parede, fazendo com que sua densidade diminua e sejam formadas correntes convectivas ascendentes de ar mais aquecido junto da parede, formando um gradiente térmico e fazendo com que ocorra formação de correntes convectivas descendentes de ar menos aquecido nas regi-ões mais internas do silo. O contrário pode ocorrer quando a temperatura externa for menor do que a temperatura no interior do silo. A umidade do ar saturado oriundo das correntes convectivas poderá mudar de fase quando atin-gir a temperatura de orvalho, passando para a fase líquida através da condensação. Assim, a água se distribuirá pela massa de grãos e propiciará o desenvolvimento de fungos, bactérias e insetos. O dano causado pelo excesso de água na massa de grãos está exemplificado na Figura 4.

Figura 4. Grãos deteriorados em silo armazenador. Imagem: Nathan Levien Vanier

Para remoção do ar saturado existem equipamentos auxiliares de aeração que executam adequadamente essa tarefa, os exaustores (Figura 5), que podem ser naturais ou mecânicos. Nos armazéns graneleiros, a construção de lanternins, quando bem dimensionados, ajuda na remoção do ar saturado.

Figura 5. Exaustores para remoção do ar saturado em silo vertical. Fonte: http://www.fanair.com.br/agricola/Img_vert.htm.

Para evitar ou reduzir problemas com fungos no interior das unidades de armazenamento, algumas práticas devem ser realizadas:- secagem dos grãos até níveis de umidade recomendados, respeitando às temperaturas do ar de secagem;- colheita os grãos logo após atingirem a maturação fi-siológica, reduzindo a permanência dos grãos na lavoura;- redução dos percentuais de grãos quebrados, avariados, impurezas e matérias estranhas no interior da massa de grãos;- limpeza adequada da unidade, reduzindo as fontes de inóculos;- adoção de técnicas de controle de pragas e roedores no interior da unidade;- evitar a permanência de grãos com elevada umidade dentro de caminhões; - aeração, com sistema dimensionado corretamente;- utilização de respiros e/ou exautores na superfície dos silos;- utilização de sistema de termometria, para diagnostico de focos de aquecimento na massa de grãos;

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Aeração

As vantagens e a importância da aeração em silosEfeitos da aeração na preservação de grãos armazenados

A aeração é um método amplamente usado para a preservação de grãos armazenados. Esta tecnologia é utilizada para modificar o microclima da massa de grãos, criar condições desfavoráveis para o desenvolvimento de organismos prejudiciais aos grãos e criar condições favorá-veis para a preservação contínua da qualidade dos grãos.

Os efeitos de aeração em grãos armazenados são mais bem demonstrados vendo-se a massa de grãos como um ecossistema no qual os grãos, a microflora e os insetos são componentes bióticos. Perdas no armazenamento são, freqüentemente, causadas pela microflora, devido a con-dições de umidade favoráveis, e infestações de insetos que podem ser destrutivas se medidas de controle preventivas não forem tomadas. Foram estimadas perdas monetárias de grãos armazenados variando de 1% a 50%, e em alguns exemplos o grão pode tornar-se inútil para o consumo. Estas perdas devem ser consideradas como um resultado das interações entre os componentes do ecossistema, sendo afetada pelo grão e pelas condições ambientais.

As interações entre os componentes bióticos e abióti-cos do sistema estão em um estado dinâmico, com cada componente afetando os outros continuamente. O papel da aeração neste ecossistema é “condicionar” o grão armazenado pela melhoria das condições existentes pela movimentação do ar de qualidade satisfatória pela massa de grãos. A movimentação do ar de qualidade satisfatória pelo sistema (ar frio e seco) pode criar condições que suprimem o desenvolvimento e o crescimento de insetos e da microflora, e possibilita a preservação da qualidade

A aeração pode ser definida como o movimento forçado do ar ambiente de qualidade satisfatória ou de ar adequadamente condicionado através da massa de grãos para a melhoria do armaze-namento dos grãos.

Lêda Rita D’Antonino Faroni Prof. do Depto. de Engenharia Agrícola

Universidade Federal de Viçosa (UFV)[email protected]

e um armazenamento seguro dos grãos. Aeração forçada é um método efetivamente aplicado em massas de grãos armazenados em escala comercial e leva vantagem de duas propriedades físicas importantes da massa de grãos: 1. Porosidade da massa de grãos: para a maioria dos grãos de cereal, o volume intergranular é 35% a 55% do volume da massa de grãos. A natureza porosa da massa de grãos permite o ar forçado entrar em contato com quase todos os grãos; 2. Propriedade de condutividade térmica da massa de grãos: devido à baixa condutividade térmica, a massa de grãos é auto-isolante. Isto permite a manuten-ção de um microclima modificado depois que a massa de grãos é aerada; Para resumir, a aeração é possível porque o ar pode ser forçado através da massa de grãos dando propriedades desejáveis aos grãos, e estas propriedades são mantidas (por um armazenamento prolongado) devido à natureza isolante da massa.

Embora o papel da temperatura tenha sido reconhe-cido por muito tempo como um regulador importante de processos biológicos, a manipulação da temperatura através de técnicas de aeração foi colocada em foco a partir de 1950. Desde então vários autores reportaram seus trabalhos sobre aeração elaborados em climas tem-perados, formando a base da tecnologia da aeração atual.

Compreensivelmente, a tecnologia de aeração de grão foi desenvolvida e tem sido usada principalmente em climas temperados, especialmente como resultado da necessidade e da disponibilidade de selecionar ar de propriedades desejadas - isto é, baixa temperatura e umidade nestas regiões. Porém, em meados da década de 60, trabalhos experimentais também foram conduzi-dos em climas quentes como na Austrália, Brasil, Índia e Israel. Em alguns desses países, a tecnologia da aeração tem sido uma prática de rotina. O uso efetivo da aeração pode ser vantajoso, especialmente em regiões subtropi-cais que apresentam invernos e noites razoavelmente frescas. Experimentos têm demonstrado que a massa de grãos esfriada durante o inverno mantém-se em baixas temperaturas durante muitos meses.

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Aeração

Uma outra técnica de aeração é a utilização de ar refrigerado que envolve o esfriamento do ar ambiente com uma unidade de refrigeração antes de usá-lo para a aeração da massa de grãos. A aeração refrigerada tem sido usada para esfriar grãos secos em climas subtropicais quando as temperaturas do ar ambiente estão muito al-tas e não controlam os insetos satisfatoriamente apenas com aeração. A refrigeração envolve investimento con-siderável, mas, pode ser viável para um armazenamento comercial seguro em climas tropicais.

No momento, a aeração forçada dos grãos é um dos métodos não-químicos mais efetivos em uso para o con-trole das condições dos grãos armazenados, de ativida-des biológicas e de perdas da qualidade dos grãos. Não obstante, a aeração forçada não é o único remédio para prevenção de perdas de grãos armazenados. Esforços devem continuar para integrar outros métodos com esta tecnologia, inclusive métodos alternativos para controle de qualidade do ar de aeração. Porém, a contribuição principal da aeração no mundo, atualmente, é a redução no uso de pesticidas químicos no armazenamento de grãos. Então, a extensão e promoção de tecnologias de aeração apropriadas são recomendadas.

Objetivos da aeração - O propósito da aeração é me-lhorar e manter a condição da massa de grãos no arma-

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zenamento. A aeração é alcançada movimentando-se o ar desejado ou selecionando-se propriedades para uma massa de grãos até que ocorra um novo microclima que impeça a deterioração dos grãos armazenados. Embora a aeração seja direcionada para melhorar as condições do armazenamento, geralmente não melhora os atributos de qualidade intrínseca do grão mas é suficiente para manter esses atributos de qualidade.

Sabendo-se que a aeração com ar de características diferentes tem efeitos diferenciados sobre o grão arma-zenado, as condições de armazenamento podem ser melhoradas de várias maneiras. Mas vai depender das propriedades do ar usado para a aeração e das condições existentes ou das propriedades do grão. Então, antes de operar um sistema de aeração, é essencial o entendi-mento do efeito que essa técnica terá sobre o grão. Sem conhecimento anterior do processo, os benefícios da melhoria das condições de armazenamento não podem ser antecipados. Os objetivos específicos da operação de qualquer sistema de aeração devem estar claros no avanço da operação. Estes objetivos podem ser definidos de acordo com os efeitos da aeração sobre uma massa de grãos, como se segue: ü Resfriamento da massa de grãos; ü Uniformizar a temperatura ao longo da massa de grãos; ü Prevenir o aquecimento biológico em grãos úmidos; ü Limitar a secagem; ü Remover odores e resí-duos de fumigantes.

*Resfriamento da massa de grãos: O resfriamento dos grãos é, freqüentemente, o objetivo mais aplicado da aeração. Se ar frio está disponível (no inverno ou durante quedas de temperaturas, em noites frias), introduzindo--se e movendo-se este ar ao longo da massa de grãos, gradualmente consegue-se baixar a temperatura dos grãos. Assim, um novo ambiente é criado para todos os componentes biológicos do ecossistema de grãos.

*Uniformização da temperatura ao longo da massa de grãos: Por causa de suas propriedades auto-isolantes, grãos levados para o armazenamento durante colheitas de verão retém as temperaturas iniciais da colheita durante várias semanas durante o outono. Para um armazenamento seguro durante os meses de inverno e primavera, a temperatura dos grãos deve ser diminuída

durante o outono, e mantida em baixos níveis para su-primir a reprodução e o crescimento de insetos e fungos.

*Prevenção do aquecimento em grãos úmidos: A aeração é aplicada freqüentemente em grãos recém--colhidos, com alta umidade antes da secagem artificial, especialmente quando a capacidade de secagem é in-suficiente. A aeração de grãos úmidos é principalmente usada em climas temperados e tem o objetivo de permitir que grãos com conteúdo de umidade excessivo possam ser armazenados seguramente por vários dias, até que o grão possa ser seco.

Em massas de grãos úmidos, a respiração é muito in-tensa, devido parcialmente ao grão, mas principalmente ao metabolismo da microflora. A respiração resulta em alguma perda de peso seco e produz um fenômeno cha-mando de aquecimento espontâneo. O acúmulo de calor na massa de grãos tem um efeito prejudicial na qualidade de grão. Altas temperaturas (próximas a 60 ºC) criam gradientes de temperaturas entre grãos aquecidos e ambientes frios ao redor. A migração de umidade, provocada por temperatu-ras desuniformes na massa de grãos, causam mofos que atraem insetos, adicionando uma deterioração progressiva das condições de armazenamento.

*Secagem limitada de grãos pela aeração com altos fluxos de ar: Em geral, sistemas de aeração não são projetados para secar grãos. Porém, em climas temperados, grãos úmidos (aproximadamente 20% b.u.) podem ser secos pelo ar natural quando são utilizados altos volumes de ar. A taxa mínima de fluxo de ar indicada para a secagem de grãos com ar natural depende das condições ambientais, mas é tipicamente de 15 a 25 vezes maior do que as taxas utilizadas para o resfriamen-to de grãos. Este método de secagem pode ser distinto da aeração por resfriamento de grãos. Cai dentro da definição habitual e histórica de secagem lenta ou secagem dentro do armazenamento.

Um pequeno, mas significativo, efeito da secagem (re-moção de até 2% de umidade) pode ser obtido durante a aeração a longo prazo (ciclos múltiplos de resfriamento) resfriando-se grandes volumes de grãos. Esta perda de água é refletida na perda correspondente de peso na massa de grãos.

*Remoção de odores e resíduos de fumigantes: A maioria dos odores e resíduos de fumigantes pode ser reduzida usando aeração; porém, odores residuais podem persistir após ciclos de aeração repetidos. Odores de mofos nos grãos são evitados pela prevenção e operações que previnem a deterioração de grãos. Outros odores desa-gradáveis similares que podem estar presentes também podem ser removidos parcialmente por ciclos de repetidos de aeração.

Aeração

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Fungos - Seu controle Cool Seed News

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Fungos - Seu controle Cool Seed News

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Revista Granos & Postcosecha Latino Americana

Já esta circulando a nova edição da Revista Granos & Postcosecha Latino Americana - De La Semilla Al Consumo. No seu 18º ano de existência ela vem rechegada com o mais atual conte-údo sobre a Pós-Colheita de Grãos e Sementes na América Latina. Interes-sados em assinar enviar email para: [email protected]

Curso Técnico Operacional Cool SeedNovembro - 2012

Descrição: O Curso Técnico Operacional oferecido pela Cool Seed , tem por objetivo atualizar os clientes , operadores e téc-nicos sobre as tecnologias desenvolvidas pela empresa, como o resfriamento estático e dinâmico, assim como aproximar os clientes da equipe interna da empresa.Agenda: Dias 20, 21 e 22/11/2012.N°. de vagas: Limitadas (Maximo 02 pessoas por empresa )Inscrições: gratuitasContatos: [email protected], [email protected], patrí[email protected].

GRANOS SAC 201215ª EXPO POST-COSECHA INTERNACIONAL

POST-COSECHA DE PRESICIÓNSe realizou com grande êxito a 15ª Expo Post-Cosecha Inter-

nacional Granos SAC, um evento já tradicional no calendário de todos os que tem a ver com a especialidade, desta vez sob o título de Post-Cosecha de Precisão, contou com representantes da Argentina, Uruguai, Chile, China e Brasil e quase 300 parti-cipantes que ficaram muito satisfeitos com as apresentações do Dr. Flavio Lazzari, Dra. Sonia de Lázzari, Sr. Roberto Barcia, Eng. Eduardo Sierra, Eng. Armando Casalins, Lic. Wan Jianing, Ing. Marcelo Hoyos, Eng. Gabriel Di Capua, Eng. Gustavo Manfredi, Eng. Guillermo Dalton e o Eng. José María Borrás. Ademas contou com uma exposição de empresas argentinas e do exterior apresentando o último em tecnologia, ouveram mesas redondas, se apresentaram experiencias práticas, etc. que serviram para dirimir as inquietudes do numeroso público. Durante o evento foi entregue a Taça Granos 2012 ao técnico eleito peol público e se realizou o reconhecimento a trajetoria de Dr. Juan Carlos Rodriguez do INTA.

Já se esta trabalhando na nova edição a realizar-se em 2013. Agradecemos a todos os que colaboraram com este novo êxito do mais importante evento da especialidade na região.

ING. DOMINGO YANUCCI

Safra 2012/13 pode chegar a crescimento recorde de produção

A intenção de plantio da safra de grãos 2012/2013 aponta para um crescimento recorde de produção, se comparado à safra anterior de 2011/12. A estimativa para o volume de grãos varia entre 177,68 e 182,27 milhões de toneladas (t) e, com-parativamente à safra anterior, isso representa um aumento de 7,2% a 10% ou o correspondente a 11,96 milhões e 16,55 milhões de toneladas acima da safra passada que foi de 165,7 milhões de t. Os números são do 1º levantamento da safra 2012/13, divulgados nesta terça-feira, dia 9 de outubro, pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

Com relação à área, o estudo aponta uma projeção de cres-cimento entre 50,93 e 52,21 milhões de hectares, resultado que representa uma elevação de 0,2% a 2,7%, ou seja, de 80,1 mil a 1,36 milhão de hectares (ha) frente à área plantada na safra anterior e que totalizou 50,84 milhões de ha.

A soja foi o único grão que apresentou crescimento de área neste estudo, que considerou também as culturas de algodão, arroz, feijão primeira safra e milho primeira safra. A variação é de 5,5% a 9,1% ou o intervalo entre 26,42 e 27,33 milhões de hectares acima do cultivo de 2011/2012, que marcou 25,04 mi-lhões de ha. O motivo se deve aos altos preços da soja no mer-cado, pela quebra de safra dos principais países exportadores.

Ainda com relação à oleaginosa, foi também o maior desta-que em termos de crescimento de produção, com um acréscimo estimado entre 13,68 milhões e 16,43 milhões de toneladas em comparação ao estudo passado. O milho primeira safra teve uma elevação entre 653,2 mil e 2,01 milhões de toneladas. Já para o feijão primeira safra, a previsão é de um crescimento entre 45,9 e 84,9 mil toneladas.

Para fazer o levantamento, 50 técnicos foram a campo nas principais regiões produtoras do País, no período entre 17 e 28 de setembro deste ano.

Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

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