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Sexta-feira, 28 de março de 2014 Gazeta do Povo Coluna do leitor / Pedágios O que o Ministério Público Federal revela acerca dos “atos secretos” sobre os contratos de pedágio no Paraná (Gazeta, 27/3) não causa nenhuma surpresa. Há duas décadas que o estado está sendo leiloado através de concessões obscuras entre concessionárias que exploram as rodovias. Não é de hoje que temos um dos mais caros pedágios da federação. A falta de transparência sobre como se deram as concessões e, consequentemente, seus excessivos termos aditivos dão margem para que tenhamos a presunção de que todos ganham, menos o usuário. Marcelo Rebinski, historiador Corrupção O Brasil tornou-se terra de ninguém há 11 anos, quando uma quadrilha organizada invadiu Brasília e começou, usando dinheiro público, a comprar o Poder Legislativo, que infelizmente já era tomado por indivíduos de mau caráter, aéticos e fisiológicos, mas protegidos por uma excrescência chamada imunidade parlamentar. Coisa de Terceiro Mundo para proteger bandidos da pior espécie e mantê-los atuantes e a serviço do Poder Executivo. O trabalho dessa megaquadrilha é destruir o país. Humberto de Luna Freire Filho, médico, São Paulo – SP Precatório Meu pai entrou na Justiça em 1999, ganhou o direito aos precatórios (Gazeta, 22/3) em 2002, faleceu em 2006 e hoje, em 2014, nós ainda não recebemos. Quem sabe nossos netos, em 2045, possam usufruir de um direito de meu pai. Se fosse o contrário e nós não pagássemos ao estado, com certeza estaríamos na cadeia. É realmente uma vergonha o que o estado faz dando essa desculpa de que o TJ está quase sem funcionários. O estado deve, já perdeu na Justiça e se nega a pagar. Waldir Mattos Trabalho infantil A atuação do MPT-PR em relação a menores que trabalham em lanchonetes (Gazeta, 27/3) caracteriza-se como “excesso de zelo”. Num país que se vê envolvido numa leva crescente de crimes cometidos por menores de idade, não é possível que se condene organizações que dão a esses menores as primeiras condições de se integrar ao mercado de trabalho, marco jurídico e social da cidadania no Brasil. Luiz Fernando Mazzarotto Relações humanas / Para 65%, roupas curtas são motivo para atacar mulheres Opinião é apenas uma das reveladas em estudo do Ipea sobre percepção social. Para pesquisadores, comportamento é “pré-civilizatório” Diego Ribeiro e Brunno Brugnolo, especial para Gazeta do Povo, com agências Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgado ontem apresentou um retrato preocupante do comportamento brasileiro. Batizado de Sistema de Indicadores de Percepção Social (SIPS), o levantamento revelou, entre outros dados, que 65% dos brasileiros concordam que mulheres que usam roupas curtas merecem ser atacadas. Do total de 3.810 entrevistados – dos quais 66,5% são mulheres –, ainda,

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  • Sexta-feira, 28 de março de 2014

    Gazeta do Povo Coluna do leitor / Pedágios

    O que o Ministério Público Federal revela acerca dos “atos secretos” sobre os contratos de pedágio no Paraná (Gazeta, 27/3) não causa nenhuma surpresa. Há duas décadas que o estado está sendo leiloado através de concessões obscuras entre concessionárias que exploram as rodovias. Não é de hoje que temos um dos mais caros pedágios da federação. A falta de transparência sobre como se deram as concessões e, consequentemente, seus excessivos termos aditivos dão margem para que tenhamos a presunção de que todos ganham, menos o usuário. Marcelo Rebinski, historiador

    Corrupção O Brasil tornou-se terra de ninguém há 11 anos, quando uma quadrilha organizada invadiu Brasília e começou, usando dinheiro público, a comprar o Poder Legislativo, que infelizmente já era tomado por indivíduos de mau caráter, aéticos e fisiológicos, mas protegidos por uma excrescência chamada imunidade parlamentar.

    Coisa de Terceiro Mundo para proteger bandidos da pior espécie e mantê-los atuantes e a serviço do Poder Executivo. O trabalho dessa megaquadrilha é destruir o país. Humberto de Luna Freire Filho, médico, São Paulo – SP

    Precatório Meu pai entrou na Justiça em 1999, ganhou o direito aos precatórios (Gazeta, 22/3) em 2002, faleceu em 2006 e hoje, em 2014, nós ainda não recebemos.

    Quem sabe nossos netos, em 2045, possam usufruir de um direito de meu pai. Se fosse o contrário e nós não pagássemos ao estado, com certeza estaríamos na cadeia. É realmente uma vergonha o que o estado faz dando essa desculpa de que o TJ está quase sem funcionários. O estado deve, já perdeu na Justiça e se nega a pagar. Waldir Mattos

    Trabalho infantil A atuação do MPT-PR em relação a menores que trabalham em lanchonetes (Gazeta, 27/3) caracteriza-se como “excesso de zelo”. Num país que se vê envolvido numa leva crescente de crimes cometidos por menores de idade, não é possível que se condene organizações que dão a esses menores as primeiras condições de se integrar ao mercado de trabalho, marco jurídico e social da cidadania no Brasil. Luiz Fernando Mazzarotto Relações humanas / Para 65%, roupas curtas são motivo para atacar mulheres Opinião é apenas uma das reveladas em estudo do Ipea sobre percepção social. Para pesquisadores, comportamento é “pré-civilizatório” Diego Ribeiro e Brunno Brugnolo, especial para Gazeta do Povo, com agências

    Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgado ontem

    apresentou um retrato preocupante do comportamento brasileiro. Batizado de Sistema de Indicadores de Percepção Social (SIPS), o levantamento revelou, entre outros dados, que 65% dos brasileiros concordam que mulheres que usam roupas curtas merecem ser atacadas. Do total de 3.810 entrevistados – dos quais 66,5% são mulheres –, ainda,

  • 63% disseram concordar com a ideia de que “casos de violência dentro de casa devem ser discutidos somente entre membros da família”. “Temos um problema social de enorme importância, uma doença coletiva. O quadro que temos no Brasil hoje é de uma sociedade pré-civilizatória”, afirmou o diretor de Estudos e Políticas do Estado, das Instituições e da Democracia do Ipea e um dos autores do levantamento, Daniel Cerqueira.

    Culpabilização Para ele, um número significativo de entrevistados parece considerar a violência contra a mulher uma forma de correção. A vítima teria responsabilidade, seja por usar roupas provocantes, seja por não se comportarem “adequadamente”.

    Para a presidente da Comissão de Estudos sobre Violência de Gênero (Cevige) da OAB Paraná, Sandra Lia Leda Bazzo Barwinski, a sociedade evoluiu em vários aspectos, mas ainda resiste quando o tema é igualdade de direitos das mulheres. “É muito assustador. Continuamos a manter conceitos que eram de gerações passadas, do século 18”, comenta.

    Estudo O levantamento sobre a percepção social tem como ponto de partida o grande número de pessoas que diz concordar com a frase: se mulheres soubessem se comportar, haveria menos estupros. O trabalho indica que 58,5% das pessoas concordam com esse pensamento. A resposta a essa pergunta apresenta variações significativas de acordo com algumas características. Moradores de metrópoles das regiões mais ricas do país (Sul e Sudeste), ter escolaridade mais alta e ser mais jovem aumentam a probabilidade de valores mais igualitários e de intolerância à violência contra mulheres. Os autores da pesquisa avaliam, porém, que tais características têm peso menos importante que a adesão a certos valores, como acreditar que o homem deve ser cabeça do lar, por exemplo. Foco no respeito às diferenças é fundamental, diz especialista

    Para a presidente da Comissão de Estudos sobre Violência de Gênero (Cevige) da OAB Paraná, Sandra Lia Leda Bazzo Barwinski, é preciso que as escolas desenvolvam um trabalho focado com as novas gerações que foque nas diferenças. “Há ainda muito ranço [de gerações passadas], mas a parte positiva é que a tendência é de que isso ocorra menos no futuro, com os jovens de hoje. É uma tendência [apontada pela própria pesquisa]”, disse. A advogada ressalta que o problema começa na educação inicial das crianças. “Fala-se muito em erotização precoce das meninas, mas ninguém fala sobre virilização precoce dos meninos”, chama atenção a especialista.

    Sandra lembra que é preciso também fazer uma crítica à mídia, de uma forma geral, sobre como esta perpetua uma cultura equivocada que contribui para a violência. O próprio pesquisador do Ipea Daniel Cerqueira ressalta que o machismo que coloca a mulher como objeto de desejo e propriedade e permeia cultura, músicas, meios de comunicação. “Essa semana o metrô de SP, no horário de pico, veiculou a propaganda para xavecar a mulher. Reflexo da cultura que a gente tem”, afirma.

    De acordo com a procuradora de Justiça e coordenadora do Núcleo de Atendimento às Vítimas de Estupro (Naves) do MP, Rosângela Gaspari, o resultado da pesquisa mostra que as conquistas feministas não estão consolidadas. “É ainda uma história em construção, mas é fundamental ressaltar que não há justificativa qualquer para que se cometa um ato de violência contra a mulher”, ressalta.

    Ainda na avaliação de Sandra, o feminismo ainda precisa trabalhar e debater o tema na sociedade para que cada vez mais diminua esse histórico violento. Sobretudo, segundo ela, é preciso consolidar o que é de direito. “Queremos ser apenas tratadas com igualdade de direitos”, diz Sandra.

  • Absurdo / Meio milhão de pessoas são estupradas por ano no Brasil Junto com o estudo sobre percepção social, o Ipea também divulgou, ontem, o

    resultado parcial de uma pesquisa sobre estupro. Chamada de “Estupro no Brasil: uma radiografia segundo dados da saúde”, a pesquisa mostra que 88,5% das vítimas da violência são do sexo feminino e mais da metade tem menos de 13 anos de idade. O levantamento misturou dados próprios com informações do sistema de agravos de notificação do Ministério da Saúde.

    Segundo Daniel Cerqueira, responsável pelo estudo, o objetivo foi buscar entre as pessoas que sofreram a violência as condicionantes que favorecem os ataques. Segundo a pesquisa, as duas principais são baixa escolaridade e vulnerabilidade a alguém bem próximo (família, amigo, vizinho etc). “Eu que sou pesquisador de violência, fiquei bastante estarrecido com a situação. Estimamos que a cada ano no Brasil 527 mil pessoas são estupradas e somente 10% dos casos são reportados à policia”, afirma Cerqueira.

    Ataques coletivos A pesquisa olha também para uma realidade que, a princípio, não é encarada como comum no Brasil, mas está bem mais perto de se imagina: os estupros coletivos. Notícias de ataques assim na Índia chegam com bastante frequência via agências internacionais de notícias, mas, segundo o estudo do Ipea, cerca de 15% dos crimes de estupro no Brasil são cometidos por dois ou mais agressores.

    Herança Segundo Cerqueira, as causas para a persistência da cultura do estupro e da violência contra mulher no Brasil são inúmeras e, principalmente, culturais. “Existem várias pequenas causas, elas são fruto de uma ideologia patriarcal. Machismo é uma face/expressão dessa ideologia, responsável por demarcar a relação de poder entre os gêneros”, explica Pedágio / Estudos encomendados pelo governo ignoram atos secretos em contratos Duas pesquisas feitas a pedido do DER-PR e da Agepar não levam em conta as mudanças informais investigadas pelo MPF Amanda Audi

    Dois estudos sobre os pedágios paranaenses, encomendados para embasar

    possíveis revisões contratuais com as concessionárias, não teriam levado em consideração as 13 alterações informais investigadas pelo Ministério Público Federal e mostradas ontem em reportagem da Gazeta do Povo. Esses estudos foram feitos pela Fundação Instituto de Administração (FIA) e pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) no ano passado e custaram, juntos, R$ 4,8 milhões.

    “É certo afirmar que ambos os estudos desconhecem as inúmeras alterações informais realizadas pelo governo estadual que com certeza alteraram ainda mais a base objetiva contratual que existia no início da avença”, diz o relatório preliminar do MPF, que aponta os primeiros resultados de uma investigação em curso sobre os pedágios.

    Esses atos informais, na conclusão do MPF, serviram em sua maioria para adiar ou suprimir obras de responsabilidade das concessionárias, fazendo com que elas faturassem mais e investissem menos que o previsto no contrato original.

    A formalização de um novo aditivo contratual formal, englobando ou corrigindo modificações informais ou decorrentes de ações judiciais, com aval do governo federal, depende de um acordo entre o governo estadual e as concessionárias. As 180 ações judiciais geradas pelas várias mudanças nos contratos de concessão desde 1998 estão congeladas há quase quatro anos, desde maio de 2011 – quando as partes decidiram suspender o andamento dos processos para chegar a um acordo comum. Até o momento, não há previsão de quando a situação será resolvida.

  • Mesmo sem levar em consideração os atos informais, de acordo com o MPF, o levantamento elaborado pela FIA, contratada pelo Departamento de Estradas de Rodagem (DER-PR), chegou à conclusão de que o cenário mais viável para recuperar o equilíbrio financeiro dos contratos seria a redução da tarifa em um valor próximo ao do reajuste anual, entre outras considerações. Já o estudo da Fipe, encomendado pela Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados do Paraná (Agepar), concluiu que as concessionárias foram lesadas por fazerem obras pelas quais não foram compensadas.

    Em nota, o DER-PR disse que o levantamento da FIA abrange as alterações dos contratos nos 19 fascículos do seu relatório, mas não especificou se essas alterações englobam os atos informais identificados pelo MPF.

    A FIA, por meio de sua assessoria de imprensa, informou que realizou os trabalhos com base somente em informações públicas ou definidas pelo DER-PR. A reportagem tentou entrar em contato com a Agepar para se posicionar sobre o estudo da Fipe, mas não teve sucesso. Outro lado / Estado e antigos governadores negam qualquer ilegalidade

    O DER-PR refutou, mais uma vez, a existência dos atos “secretos”. Segundo o órgão estadual, os documentos citados na reportagem de ontem da Gazeta do Povo “são de conhecimento público” e o processo foi acompanhado pelo Ministério dos Transportes e pelo Tribunal de Contas da União (TCU) com documentação e relatórios trimestrais. A nota emitida pelo DER-PR diz que as alterações da atual gestão foram divulgadas à sociedade, “em especial pelos meios de comunicação”.

    O órgão diz ainda que “os procuradores do Ministério Público Federal já haviam questionado a legalidade dos termos de ajustes em outubro de 2013” e que “o TCU havia se manifestado considerando legal o procedimento do governo do Paraná”. Diogo Castor de Mattos, um dos procuradores que compõem a força-tarefa de investigação do MPF, diz desconhecer a manifestação do TCU. “É impossível respaldar ato que não teve publicidade. Desconhecemos esse posicionamento”, responde.

    O DER-PR destacou também que o governo Beto Richa tem buscado uma solução negociada “tanto que os investimentos ao longo do Anel de Integração somam mais de R$ 1,5 bilhão, o que resultou na retomada das duplicações, construção de trincheiras e passarelas, além de terceiras faixas e marginais”.

    Requião Rogério Tissot, secretário dos Transportes durante o governo de Roberto Requião (PMDB), quando teriam começado os atos informais, segundo o relatório do MPF, diz que todas as alterações administrativas nos contratos durante sua gestão foram comunicadas ao Departamento de Outorgas do Ministério dos Transportes. Em alguns casos, porém, ele admite que modificações foram ordenadas em decisões judiciais, que hoje estão paralisadas.

    No caso do acordo com a Ecocataratas, por exemplo, que previu redução de 30% no preço da tarifa em troca da eliminação dos investimentos em duplicações pela concessionária, ele explica que foi firmado, na época, um “pré-acordo”. Em reuniões de 2005, concessionária e estado discutiam os termos para a redução da tarifa. O prazo desse pré-acordo caducou e a concessionária teria conseguido, na Justiça, que o definido na ata de uma das reuniões passasse a valer oficialmente. “No nosso entendimento, a retirada das duplicações é nula, porque não existe termo aditivo que oficialize o que ficou combinado”, explica.

    Pessuti Orlando Pessuti (PMDB), governador por 10 meses em 2010, disse que assinou apenas dois atos ligados aos pedágios em sua gestão, mas que nenhum deles fez alterações nos contratos. “Nunca nem me reuni com os diretores dos pedágios”, afirmou Saúde / MPT quer suspender repasse do Mais Médicos a Cuba Folhapress

  • O procurador do Ministério Público do Trabalho Sebastião Caixeta ajuizou ontem uma ação civil pública contra o governo federal pedindo isonomia na contratação de médicos brasileiros e estrangeiros para o programa Mais Médicos, principalmente em relação aos profissionais cubanos. Ele também pede a suspensão do repasse do pagamento da bolsa ao governo de Cuba, que efetua o pagamento aos médicos no Brasil.

    Na ação, o procurador pede que os valores do programa sejam pagos diretamente aos médicos no Brasil, ou seja, que eles recebam os R$ 10 mil referentes ao valor integral da bolsa. Atualmente, o governo repassa o montante para a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) que faz a intermediação com Cuba. O governo cubano então, deposita para os médicos o valor de $ 1,2 mil por mês e retém o restante do valor.

    Na ação, o procurador pede que qualquer cláusula contratual que restrinja os direitos fundamentais dos médicos cubanos seja cancelada, principalmente aquelas relativas à remuneração, à livre manifestação do pensamento, à liberdade de locomoção e de se casar ou relacionar-se amorosamente.

    Além disso, o procurador pede também o pagamento de décimo terceiro salário, férias anuais com remuneração de, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal, licença maternidade e licença-paternidade, e um meio ambiente de trabalho equilibrado, seguro e saudável. De acordo com Caixeta, todas as ações estão previstas na Constituição.

    O MPT tentou, inicialmente, aplicar um termo de ajuste de conduta junto ao governo, mas segundo Caixeta, as negociações não avançaram e foi preciso levar o caso à Justiça. O governo tem 72 horas para se manifestar e apresentar defesa. Caso a Justiça acate liminarmente os pedidos do MPT, na prática, o governo terá de suspender o repasse do pagamento ao governo cubano imediatamente. A ação foi ajuizada e distribuída para 13.ª Vara de Trabalho de Brasília.

    R$ 1,5 bilhão equivalente a um ano da remuneração dos 13.325 médicos participantes do programa ativos a partir do quarto ciclo. Segundo o MPT, as investigações demonstraram que há claro desvirtuamento na relação de trabalho, mas a ação não pretende interromper o programa, mas sim, adequá-lo à finalidade, que é a contratação de profissionais para atender o sistema de saúde. Congresso / Oposição formaliza pedido para CPI da Petrobras e PT ameaça retaliação Presidente do Senado disse que instalará comissão. Governistas resistem e propõem investigar também escândalos de governos tucanos Folhapress

    No dia em que a oposição formalizou o pedido de criação da CPI da Petrobras no

    Senado, o Planalto orientou sua base aliada a propor a inclusão de “aditivos” no objeto de investigação da comissão que podem atingir o PSDB de Aécio Neves e o PSB de Eduardo Campos, os principais adversários da presidente Dilma Rousseff na eleição deste ano.

    A ideia é que, além da polêmica compra da refinaria de Pasadena, feita em 2006 e que gerou um prejuízo de US$ 1 bilhão ao Brasil, a CPI investigue também as suspeitas de formação de cartel e fraude à licitação de trens em São Paulo, que atinge os tucanos, e o porto de Suape, administrado por Campos. PSDB e PSB articularam a criação da CPI da Petrobras.

    O requerimento foi protocolado ontem pela oposição e conta com o apoio de 28 senadores, sendo oito de partidos da base aliada. Aliado do Planalto, o presidente do

  • Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), resistia à investigação, mas ontem disse que “não há mais o que fazer” e que discutiria com os líderes sua instalação. A oposição cobrou pública e reservadamente que Renan leia o pedido de criação da CPI até terça-feira.

    Estratégia O governo ainda não desistiu de convencer seus aliados a desistirem da comissão, mas já reconhece que a operação tem poucas chances de dar certo. As pressões serão concentradas nos senadores Sérgio Petecão (PSD), Clésio Andrade (PMDB) e Eduardo Amorim (PSC).

    A nova estratégia do Planalto foi colocada em prática ontem simultaneamente na Câmara e no Senado. A equipe presidencial diz que a tática é respaldada em precedentes no Congresso, como no caso da CPI das ONGs, na qual foram feitos aditivos ao objeto investigado.

    O governo foi defendido pela senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR): “Se é para fazer investigação política, era importante trazer esse tema [metrô de São Paulo] para a CPI.

    Eles estão politizando”. Comissão mista Como terá maioria na comissão, o governo quer, inclusive, iniciar

    as investigações pelas irregularidades no metrô paulista, com o argumento de que seriam mais antigas. O Planalto ainda tentará fazer com que a CPI seja mista (Câmara e Senado). A oposição vai combater a operação sob o argumento de que é necessário que os temas tenham vinculação com o objeto principal da CPI, que é investigar a Petrobras.

    Lançada pelo PSDB, a CPI da Petrobras, além de investigar o caso Pasadena, tem como alvo o suposto superfaturamento de refinarias, irregularidades em plataformas e a suspeita de que uma empresa holandesa pagou propina a funcionários da estatal. A previsão é que apuração dure 180 dias. A ideia de criar uma CPI ganhou o apoio final necessário com a adesão dos senadores do PSB. Opositores na Câmara tentam viabilizar CPI na terça-feira Agência Estado

    Os líderes de PSDB, DEM, PPS e Solidariedade na Câmara dos Deputados se

    reunirão na próxima terça-feira para viabilizar uma CPI mista da Petrobras. A intenção é aparar arestas internas e concentrar esforços para a coleta de assinaturas em adesão ao requerimento que já tem apoio no Senado. Até o momento, foi protocolado apenas um pedido de investigação exclusivo do Senado.

    A coleta de assinaturas está gerando conflitos na Câmara devido a uma disputa pela autoria da iniciativa. Antes da reunião em que o presidenciável Aécio Neves (PSDB-MG) acertou a estratégia de busca de apoios no Senado, o PPS já coletava na Câmara assinaturas para um pedido de CPI mista. Este requerimento ultrapassou na quarta-feira as 171 assinaturas necessárias (já tem 178), mas não tem ainda apoio de nenhum senador.

    Em paralelo, Aécio e os líderes no Senado buscaram apoio para outro requerimento, de autoria do senador Alvaro Dias (PSDB-PR). Somente na quarta-feira este pedido começou a circular na Câmara para a coleta de assinaturas.

    Ânimos Para evitar a briga interna, o líder do DEM na Câmara, Mendonça Filho (PE), acertou com os colegas uma reunião na terça-feira para apaziguar os ânimos. A intenção é produzir um acordo para que a coleta seja concentrada em único requerimento. A preferência da maioria dos líderes é pelo texto do Senado, que inclui a construção de refinarias, permitindo a investigação da construção da Abreu e Lima, em Pernambuco, que ocorreria em sociedade do Brasil com a Venezuela.

    Governo A ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) disse ontem que a prioridade do governo é evitar que a Petrobras “não seja exposta a um palanque, a uma briga eleitoral”. “Estamos acompanhando. Para nós o fundamental é que a empresa do

  • porte da Petrobras não seja exposta a um palanque, a uma briga eleitoral. Até porque as investigações estão sendo feitas pelos órgãos”, disse. Segundo a ministra, não há receio do governo de que aliados usem a CPI para impor derrotas.

    No TCU O presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Augusto Nardes, disse ontem que o caso Pasadena deve ser analisado nos próximos dias. “É trabalho que o tribunal está verificando. Deve ser relatado nos próximos dias”, disse Nardes numa referência à transação comercial que envolveu a compra da refinaria em Pasadena, nos Estados Unidos, pela Petrobras. O caso é relatado pelo ministro José Jorge. Ele tem a prerrogativa de definir quando apresentará seu parecer, mas Nardes adiantou que isso não vai passar do primeiro semestre. Entenda o caso As principais denúncias recentes envolvendo a Petrobras:

    Calote A Petrobras é questionada sobre a construção da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. A unidade inicialmente seria erguida em uma parceria com a Venezuela, mas um acordo entre os ex-presidentes Lula (PT) e Hugo Chávez (foto) teria deixado o Brasil com a missão de assumir, sozinho, uma conta que pode chegar a quase US$ 20 bilhões.

    Propina Funcionários da Petrobras são alvos de denúncias de recebimento de propina por uma empresa holandesa que teria interesse em conseguir contratos de locação de plataformas petrolíferas entre 2005 e 2012.

    Pasadena A Petrobras teria sido prejudicada em US$ 1 bilhão quando da compra, em 2006, da Refinaria de Pasadena (EUA). A presidente Dilma Rousseff (PT), que presidia o Conselho de Administração da Petrobras na época, votou a favor da compra de parte da refinaria. Ela alegou recentemente que o voto foi dado com base em um resumo juridicamente “falho’’.

    Ex-diretor A Polícia Federal deflagrou a operação Lava Jato e prendeu 24 pessoas que teriam desviado R$ 10 bilhões. Entre os presos está o ex-diretor de Refino e Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa (foto). Ele também é investigado pelo Ministério Público Federal por supostas irregularidades na compra da refinaria.

    Braços A Polícia Federal suspeita que o doleiro Alberto Youssef, alvo da Operação Lava Jato, pagou R$ 7,9 milhões em propinas, entre 2011 e 2012, para Paulo Roberto Costa. Segundo a PF, parte dos pagamentos estava relacionada a obras da refinaria Abreu e Lima, na qual Costa teve participação. Oposição Aécio diz que governo faz “chantagem” para que aliados recuem Folhapress

    O senador Aécio Neves (PSDB-MG) acusou ontem o governo federal de “chantagear” aliados que assinaram o pedido de criação da comissão de inquérito para que recuem do apoio. “Eu não acredito que nenhum dos signatários possa se submeter a qualquer tipo de chantagem. Mas a simples afirmação de lideranças do governo de que vão retirar assinaturas é um ataque à integridade do Congresso Nacional”, afirmou Aécio.

    Como não conseguiu impedir a adesão de aliados ao pedido de criação da CPI, o Palácio do Planalto agora trabalha para convencer governistas a retirarem assinaturas do requerimento. O prazo para a retirada termina somente à meia-noite do dia em que o documento for lido no plenário do Senado por Renan. A oposição também vai brigar para ocupar cargos de comando na comissão de inquérito. Investigação / MP pede prisão preventiva de 6 executivos por cartel

    O Ministério Público (MP) pediu à Justiça a decretação da prisão preventiva de pelo menos seis executivos acusados de formação de cartel e fraude à licitação em

  • concorrências públicas de trens em São Paulo de 1998 a 2008. Todos são estrangeiros e vivem fora do Brasil. Segundo a Promotoria, os acusados não foram localizados nas investigações do caso e residem no exterior, e por isso as detenções são necessárias para que eles possam ser processados e punidos. No requerimento ao Judiciário, o promotor Marcelo Mendroni diz que eles devem ser presos para a “garantia da ordem econômica”. Os pedidos de prisão preventiva foram feitos em duas das cinco denúncias criminais apresentadas pelo MP à Justiça na segunda-feira. Trinta executivos de 12 empresas foram formalmente acusados. O promotor pediu a prisão de Serge van Themsche, Peter Rathgeber, Robert Huber Weber, Herbert Hans Steffen, Rainer Giebl e José Aniorte Jimenez. A reportagem não conseguiu contato com a defesa dos executivos. Show / Após seis anos, Pedreira reabre ao som do rei Roberto Carlos se apresenta no tradicional espaço neste sábado, para cerca de 8 mil pessoas Rafael Rodrigues Costa

    Foi uma longa novela até a Pedreira Paulo Leminski recuperar o direito de sediar

    grandes shows depois de ter sido fechada pela Justiça a pedido de uma ação do Ministério Público movida em nome de moradores da região, em 2008. Pouco mais de dois meses após o anúncio da liberação, os curitibanos dispostos a pagar até R$ 600 por um ingresso poderão finalmente voltar ao espaço reformado para ver de perto um astro de primeira grandeza.

    O nome escolhido para a esperada reabertura, que acontece neste sábado, é o cantor Roberto Carlos, que volta à capital paranaense quatro anos depois de cantar para cerca de 50 mil pessoas na Praça Nossa Senhora de Salette, em 2010. A lotação máxima para esta apresentação será menor – de 8,2 mil, já que a plateia será acomodada em cadeiras. Mas o repertório de clássicos deve ser o mesmo: os fãs podem esperar por sucessos do calibre de “Emoções”, “Como É Grande o Meu Amor por Você”, “Nossa Senhora”, além do hit recente “Esse Cara Sou Eu”.

    De acordo com Hélio Pimentel, sócio-gerente da DC Set Promoções, que administra o Parque das Pedreiras, o rei está ciente de que se apresenta na reabertura de um espaço importante de Curitiba em pleno aniversário da cidade. “Ele vem com a expectativa de participar de um grande evento histórico”, diz Pimentel.

    Depois de adequar a estrutura do local a uma série de exigências, a preocupação dos organizadores para o dia do evento é o meio de transporte que o público irá escolher. A ideia é desestimular a escolha do carro com bloqueio das principais vias próximas ao local, a partir da manhã de sábado, conforme informações da Sentran – confira no mapa ao lado. “A entrada do show fica a mais de 800 metros do lugar mais próximo onde parar”, explica Pimentel. “É preciso criar essa cultura de não ir ao show de automóvel. O importante é sair de casa cedo e usar o Pedreira Bus”, insiste.

    8,2 mil é o número máximo de pessoas previsto para o show de Roberto Carlos. Até o fechamento desta edição, 1,2 mil ingressos ainda estavam disponíveis. O preço dos bilhetes varia de R$150 (meia-entrada) a R$ 600, de acordo com o setor. Bem Paraná Política em debate / Doações Josianne Ritz

  • A senadora Gleisi Hoffmann (PT) divulgou nota negando ter recebido doações de campanha de concessionárias do pedágio. A reportagem da Gazeta do Povo apontou que segundo investigação do Ministério Público Federal, ela teria recebido R$ 1,3 milhão na campanha para o Senado nas eleições de 2010, de “pessoas e empresas ligadas às concessionárias”. Em relação a essa questão, a petista afirma na nota “se houve doações de empresas que eventualmente tenham participação acionária em concessionárias de pedágio é importante esclarecer que estas contribuições são regulares (art. 24, III, da Lei Eleitoral). É o que sempre reconheceu o Tribunal Superior Eleitoral: “(...) 2. A doação efetuada por sócia ou acionista de outra empresa concessionária ou permissionária de serviço público não configura doação recebida de fonte vedada.”

    Condomínios A Assembleia Legislativa instala na próxima segunda-feira uma nova Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), que pretende investigar possíveis irregularidades cometidas por administradoras de condomínios, garantidoras e síndicos. A proposta é do deputado Roberto Aciolli (PV), que alegou ter recebido reclamações a respeito de cobranças indevidas, valores abusivos e outras irregularidades. O prazo de trabalho da comissão será de 120 dias. “São várias as reclamações, que vão desde cobranças abusivas, coerção, apropriação indébita até despejos fraudulentos”, afirmou Aciolli. “Uma das vítimas tinha uma dívida de R$ 6 mil e, quando foi pagar, a empresa cobrava R$ 200 mil, mais de 30 vezes o valor devido”, explica ele.

    Publicidade O Tribunal de Contas do Estado do Paraná (TCE/PR) revogou a medida cautelar que impedia a continuidade de licitação realizada pela Prefeitura de Curitiba para a contratação de agências de publicidade. O despacho emitido pelo corregedor-geral, conselheiro Ivan Bonilha, no último dia 20, foi homologado pelo Pleno do TCE na sessão de ontem. A concorrência realizada pela Secretaria Municipal de Comunicação Social, prevê a contratação de até quatro agências, para a prestação de serviços de publicidade aos órgãos da administração direta e indireta municipal. O valor máximo da contratação é de R$ 20 milhões, no período de um ano. A partir de Representação da Lei de Licitações recebida pelo TCE, a Corregedoria-Geral havia suspendido cautelarmente o certame duas vezes.

    Desaprovação O ex-prefeito de Guaratuba (Litoral), Miguel Jamur, terá devolver R$ 2,8 milhões aos cofres municipais. O motivo são sete irregularidades que o Tribunal de Contas do Estado (TCE/PR) identificou nas contas do convênio assinado, em 2007, entre o município e o Instituto Brasileiro Pró-Cidadão de Santa Catarina (Ibrasc). Entre as irregularidades encontradas estão o objeto da parceria: limpeza pública, que não é prevista por lei. O TCE também constatou que “todos os termos de parceria estão irregulares”. Eles instituem, na prática, terceirização de mão de obra para contratação de pessoal sem concurso público.

    Pedágio O presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito da Assembleia Legislativa que investiga o pedágio, deputado estadual Nelson Luersen (PDT), divulgou nota afirmando que a CPI já havia questionado a falta de documentação que comprovasse que atos administrativos tomados pelo Departamento de Estradas de Rodagem (DER) tivessem sido publicados em Diário Oficial. Reportagem publicada ontem pela Gazeta do Povo aponta que segundo investigação do Ministério Público, pelo menos 13 atos que alteraram os contratos de pedágio foram decididos sem publicação no Diário Oficial e sem anuência do governo federal. A maioria para adiar ou cancelar obras previstas nos contratos originais. A direção paranaense da Associação Brasileira das Concessionárias de Rodovias (ABCR/PR) e o Departamento de Estradas de Rodagem (DER/PR) alegaram que as mudanças seguiram os trâmites legais.

    Indícios Segundo a CPI, pedidos de informações foram feitos pela comissão, mas nenhuma cópia das publicações oficiais foi encaminhada – “o que dava claros indícios de irregularidades”. As alterações teriam ocorrido em todos os governos estaduais desde o início da cobrança do pedágio, em 1998, na gestão de Jaime Lerner. No entanto, os atos

  • irregulares, sem publicação oficial e sem anuência da União, começaram em 2003 e continuaram até 2014. “Quando investigamos o pedágio no Paraná e verificamos a ausência destes documentos e formalizações oficiais, ficamos perplexos”, disse Luersen.

    Em baixa O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Rejeitou o pedido do Ministério Público para multar em R$ 25 mil a presidente Dilam Roussef , o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o PT, por propaganda eleitoral antecipada. Os ministros entenderam que não houve promoção pessoal nos programas. Karlos Kohlbach / CPI natimorta

    Morreu na casca a ideia do deputado estadual Luiz Cláudio Romanelli (PMDB) de propor a instalação de uma CPI na Assembleia Legislativa para investigar os motivos pelos quais o governo do Paraná encontra tanta dificuldade e resistência em obter a liberação de empréstimos nacionais e internacionais. Depois de muito refletir, não o deputado, mas sim o Palácio Iguaçu, a conclusão é que os efeitos práticos são menores que as chances de desgaste – já que a oposição poderia convocar membros do governo, como os ex-secretários da Fazenda, Luiz Carlos Hauly (PSDB) e Jozélia Nogueira para expor ainda mais as finanças do Estado. Uma das provas deste diagnóstico foi o súbito interesse da bancada do PT na Assembleia pela instalação da CPI. Pelo sim, pelo não, melhor desistir da CPI. E é isto que será feito e anunciado por Romanelli.

    A nossa Petrobrás Guardadas as devidas proporções, já tem gente da oposição na Assembleia Legislativa dizendo que as empresas de pedágio que atuam no estado estão para o governo do Paraná assim como a Petrobrás está para o governo federal. Ou seja, é uma mina que se acionada pode causar estragos irreparáveis. Tem político que não pode nem ouvir falar em pedágio. A diferença é que as pedageiras doaram recursos tanto para a campanha dos governistas quanto para a oposição. A notícia de que a investigação do Ministério Público Federal já identificou “atos secretos” que beneficiaram as empresas, aumentando o faturamento, ainda está sendo digerida no meio político do Paraná. Um tucano de bico grande avalia que se o MPF for até as últimas consequências na investigação sobre os pedágios, requerendo para a Justiça a quebra de sigilo bancário, por exemplo, o estrago pode ser tão grande quanto o Palácio do Planalto teme com a CPI da Petrobrás.

    “Não há mais o que fazer” Dentro do Palácio do Planalto a CPI do Senado Federal para investigar as denúncias de corrupção envolvendo a Petrobrás já é uma certeza. O governo articulou, colocou ministros de Estado para convencer senadores a não assinar o requerimento para instalar a comissão, mas não adiantou. Ontem, o pedido de CPI foi protocolado e o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB), declarou: “Não há mais o que fazer”. O Planalto agora corre para tentar evitar maiores danos – principalmente porque é ano eleitoral. A estratégia é assegurar que a CPI seja mista – ou seja, do Senado e da Câmara Federal. Assim, o PMDB do Senado, menos revolto, ficaria com a presidência da comissão e o PT na Câmara com a relatoria. Garantiria assim, em tese, os rumos da CPI da Petrobrás. O Diário do Norte do Paraná Opinião / O leite nosso de cada dia José Boromelo, escritor e cronista

    Um empresário foi preso no Rio Grande do Sul acusado de crimes contra a saúde

    pública. O flagrante num posto de resfriamento confirmou a adição de produtos químicos

  • e água no leite para simular suas propriedades naturais, com o intuito de aumentar significativamente seu volume e auferir lucros com a prática altamente danosa ao organismo humano. O Ministério Público, agentes do Ministério da Agricultura e a polícia gaúcha tentam rastrear o destino final e a real quantidade de leite enviada para diferentes laticínios, mas já se sabe que centenas de milhares de litros foram comercializadas nos estados do Paraná e São Paulo, com marcas distintas.

    Os revendedores do produto foram orientados a retirar o lote contaminado das prateleiras, mas os danos provocados à saúde dificilmente serão constatados de imediato. Entre os produtos utilizados para a consecução do ilícito está a ureia, que em contato com o leite libera o formol, substância altamente cancerígena a longo prazo.

    O brasileiro sofre há muito com a falta de escrúpulos e a desonestidade nos segmentos do comércio e da indústria, em que a busca pelo lucro fácil supera todos os limites aceitáveis. Esse acontecimento recente foi apenas mais um entre os incontáveis casos de desrespeito aos direitos elementares do consumidor. Certamente a adulteração do leite remonta a décadas, mas só agora veio a público. Assim foi no caso do frango congelado, que carregava consigo uma quantidade excessiva de água, ludibriando a boa fé do consumidor. Alguns produtos conseguem atrair o eventual interessado utilizando embalagens visualmente criativas como a bebida láctea, genérico do iogurte que diminuiu de volume sem alterar significativamente o sabor e que muitos desatentos confundem com o original. Há casos graves como a larva encontrada no chocolate, objetos estranhos no refrigerante, na farinha de trigo e nos enlatados. Uma lista imensa de fatos nebulosos que vez ou outra estampa as manchetes dos noticiários.

    Visando proteger a população contra a transmissão de doenças como brucelose, tuberculose e febre aftosa entre outras, as unidades federadas editaram normativas com o propósito de inibir o comércio de leite "in natura", uma tradição principalmente nos pequenos municípios. A alternativa para os produtores que mostraram interesse em permanecer na atividade respeitando a legislação foi a adesão ao programa de pasteurização coletiva, com resultados pouco satisfatórios. Pelo visto o leite comercializado de porta em porta se mostra bem mais saudável que o industrializado, principalmente aquele oriundo de determinada região do País. Não obstante a gravidade dos fatos sabe-se de antemão que apesar de todas as evidências, os responsáveis poderão responder ao processo criminal em liberdade após pagamento de fiança. Como no Brasil as coisas andam a passo de tartaruga, será mais um monte de papel empoeirado nas prateleiras da burocracia. Nota-se que o prejuízo fica sempre com o consumidor, inerte diante da ganância desenfreada e da cultura antiética que acompanha certos empresários desse País.

    Já que se torna inviável acomodar no gramado do jardim uma vaquinha ou uma cabrita para ter o prazer de saborear leite fresco todo dia, o jeito é torcer para que o aparelho digestivo resista bravamente à ação maléfica da mistura criminosa. E aceitar com resignação o ônus que o sistema perverso impõe à parte mais vulnerável nas relações do comércio. Porque esperar por alguma postura decente diante de fatos tão graves seria mesmo uma grande utopia. Diário dos Campos TCE reprova contas de Ortigueira após reajuste irregular Da Redação

    A concessão de reposição salarial ao magistério acima da inflação em período

    eleitoral levou à desaprovação das contas de 2012 do Município de Ortigueira pelo

  • Tribunal de Contas do Estado do Paraná (TCE-PR). Outra irregularidade foi o atraso de 75 dias no envio de dados contábeis, financeiros, operacionais e patrimoniais do sexto bimestre daquele exercício ao Sistema de Informações Municipais (SIM-AM) do Tribunal.

    Em virtude das irregularidades, o então prefeito de Ortigueira, Geraldo Magela do Nascimento (PSDB), recebeu duas multas, que somam R$ 1.450,96. As sanções administrativas estão previstas no Artigo 87 da Lei Orgânica do TCE (Lei Complementar Estadual 113/2005). O TCE encaminhará cópia dos autos ao Ministério Público Estadual, em virtude da violação da Lei Federal 9.504/97, que estabelece normas para as eleições no país. (das assessorias) Órgãos definem plano de ações em prol do sistema prisional Das Assessorias

    Representantes do Programa Segurança sem Violência definiram as principais

    metas do plano destinado ao aperfeiçoamento do sistema carcerário no Brasil. Fazem parte da iniciativa o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), o Ministério da Justiça, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e o Conselho Nacional de Defensores Públicos Gerais (Condege).Constituem essas áreas: a construção de unidades prisionais e a melhoria das condições carcerárias; a adoção de medidas alternativas às penas privativas de liberdade; a prestação de assistência jurídica a presos provisórios e definitivos e formas de acelerar a tramitação dos processos penais; a instituição de mecanismos de redução da pena com reinserção social e mobilização da sociedade civil para a ressocialização de ex-detentos; a criação de incentivos fiscais para estados e municípios que receberem estabelecimento penal e a implantação de melhorias na gestão do sistema prisional.O desenvolvimento dessas medidas, entretanto, dependerá da aprovação pelo colegiado dos órgãos aos quais elas se destinam. Na ocasião, definiu-se que uma comissão constituída por representantes de todos os órgãos parceiros apresentará, em até 30 dias, um plano de atuação com ações e metas capazes de sanar alguns dos principais problemas do sistema prisional. Folha de Londrina MPF contesta doações ligadas a concessionárias Procuradores da República ainda criticam atuação do Executivo na questão do pedágio e apontam falta de publicidade em alterações contratuais Mariana Franco Ramos Reportagem Local

    Curitiba - Um relatório parcial da força-tarefa montada pelo Ministério Público

    Federal (MPF) para averiguar a situação dos pedágios no Paraná mostra que candidatos receberam milhões de reais de sócios ou de outras pessoas ligadas às seis empresas responsáveis pelas concessões nos pleitos de 2008 e 2010. Segundo o MPF, a manobra contraria o artigo 24 da Lei das Eleições (9.504/97), que veda doações a políticos, de forma direta ou indireta, por parte de concessionários ou permissionários de serviços públicos. As investigações começaram em agosto de 2013 e devem seguir por mais seis meses.

    Conforme o documento, o então candidato Beto Richa (PSDB), hoje governador do Estado, recebeu R$ 2 milhões em 2010, sendo R$ 500 mil da Construtora Triunfo, proprietária da Econorte, e R$ 1,5 milhão da Camargo Corrêa, ligada à Ecovia. O tucano

  • também se utilizou da prática na campanha anterior, à Prefeitura de Curitiba, quando angariou R$ 1 milhão.

    Na corrida ao Senado, a maior beneficiária foi Gleisi Hoffmann (PT), com R$ 1,35 milhão, recolhidos de pessoas físicas relacionadas ao pedágio. O atual prefeito da capital, Gustavo Fruet (PDT), com R$ 140 mil, e o ex-governador Roberto Requião (PMDB), com R$ 15 mil, também são citados.

    De acordo com o procurador da República de Jacarezinho, Diogo Castor de Mattos, tal mecanismo viola os princípios da moralidade administrativa e da impessoalidade, uma vez que o poder econômico influencia na disputa eleitoral. "A questão dos candidatos é problemática porque o prazo (para questionar) doações ilícitas se encerra 15 dias após a diplomação. Então a providência é mais no sentido de fiscalizar, de fazer com que a sociedade civil tenha conhecimento e de evitar que situações como essa voltem a ocorrer", afirmou.

    As investigações também mostram que cinco deputados estaduais angariaram verbas de empresas responsáveis pelo Anel de Integração. Todos eles integram a base de apoio ao governador na Assembleia Legislativa (AL). O presidente da AL, Valdir Rossoni (PSDB), recebeu R$ 50 mil de um sócio da Tucuman, acionista da Caminhos do Paraná. O mesmo empresário teria doado R$ 20 mil a Alceu Maron Filho (PSDB). Os demais parlamentares são Evandro Jr. (PSDB) e Hermas Brandão Jr. (PSB), ambos beneficiados com R$ 20 mil de um sócio da Goetz Lobato, também acionista da Caminhos, e Plauto Miró (DEM), que recebeu R$ 30 mil da Hafil Empreendimentos, pertencente ao grupo econômico da CR. Almeida, ligado à Ecovia.

    Atos secretos O MPF revela ainda uma série de modificações ilegais nos contratos com as rodovias desde 1998. Entre elas estão "atos administrativos editados sem publicidade" ou sem qualquer ata de reuniões. Para os procuradores, todas essas alterações foram realizadas sem embasamento técnico e quase sempre foram benéficas às empresas, pois culminaram com postergações ou supressões de investimentos, sem reduções tarifárias.

    O documento também aborda a existência de contratos de consultorias suspeitos e acusa o Departamento de Estradas de Rodagem (DER), do governo do Estado, de omissão, pelo fato de não ter adotado medidas fiscalizatórias efetivas. SAIBA MAIS "RESPONSABILIDADE DILUÍDA"

    Para os procuradores da República, conforme relatório preliminar, "a responsabilidade do fracasso do Programa de Concessões Federais é diluída por todos os governos estaduais desde 1998, como também, pelo afastamento do governo federal". Veja trechos do documento: SOBRE GESTÃO JAIME LERNER (1995-2002)

    O decreto unilateral de julho de 1998 só pode ser justificado do ponto de vista eleitoral. Modificar todo o projeto rodoviário previsto 24 dias depois do pedágio começar a operar no Estado evidencia uma severa violação ao princípio da boa-fé objetiva. SOBRE GESTÃO ROBERTO REQUIÃO (2003-2010)

    Em que pese tenha assumido um discurso de beligerância em relação aos pedágios, também pouco fez de efetivo para melhorar a situação para o usuário. Pelo contrário, dessa época se iniciam os atos "informais" de modificação do Plano de Exploração de Rodovias (PER) que suprimiram ainda mais obras em troca de redução tarifária. SOBRE GESTÃO BETO RICHA (2011-2014)

  • Já o atual governador apresentou um discurso mais ameno, com propostas em tese conciliatórias, determinando a suspensão de dezenas de ações judiciais envolvendo o Estado e as empresas. Sustentou que esse seria o caminho para melhorar a situação para o usuário. Contudo, até o presente momento, nenhuma revisão contratual foi feita em favor do usuário, em que pese diversos apontamentos técnicos das Cortes de Contas Federal e Estadual comprovem a existência de substancial desequilíbrio.

    Diversos atos informais de modificação do PER foram editados, com a interveniência do DER, postergando a execução de diversas obras que beneficiaram ainda mais as empresas concessionárias. Na mesma linha, vislumbra-se uma dificuldade grande de disponibilização do acesso às informações envolvendo os contratos de concessão. ‘Sócia ou acionista não é fonte vedada’

    Curitiba - Por meio de sua assessoria de imprensa, Beto Richa justificou que todas as doações de campanha são públicas, foram declaradas e aprovadas pela Justiça Eleitoral na prestação de contas. "O governador rechaça qualquer possibilidade de irregularidade ou ilegalidade." Já Gleisi Hoffmann disse, em nota, que não recebeu doação de concessionárias de pedágio em nenhuma das eleições disputadas, razão pela qual suas prestações "sempre foram integralmente aprovadas". Na mesma nota, a petista cita trecho de um despacho de 2013 do Tribunal Superior Eleitoral, no qual a ministra Nancy Andrighi escreve que "a doação efetuada por sócia ou acionista de outra empresa concessionária ou permissionária de serviço público não configura doação recebida de fonte vedada".

    Sobre os R$ 15 mil recebidos de Joel Malucelli, ligado à Rodonorte, Roberto Requião explicou, também via assessoria, que o valor se refere ao aluguel de uma casa, de propriedade do empresário. O imóvel teria sido utilizado como comitê eleitoral tanto pelo peemedebista como pelo seu sobrinho, o deputado federal João Arruda (PMDB-PR), que é genro de Malucelli.

    A assessoria de Valdir Rossoni, por sua vez, alegou que ele estava em viagem pelo interior do Estado, motivo pelo qual não foi localizado. A FOLHA tentou contato com os outros quatro membros da AL citados no relatório. Destes, apenas Evandro Junior foi encontrado. "Estava respaldado pela lei em vigor, que dizia que eu poderia receber (recursos) de qualquer pessoa jurídica. E na época, disputava minha primeira eleição. É diferente do cara que já é deputado." (M.F.R.) Informe Folha / Data definida

    A vereadora Elza Correia (PMDB) anunciou ontem que deixa oficialmente a liderança do governo na Câmara de Londrina a partir de segunda-feira, quando a função passa a ser exclusiva do Professor Fabinho (PPS). A data foi estipulada porque é quando o prefeito Alexandre Kireeff (PSD) retorna de viagem oficial ao Japão. Ontem, Elza voltou a justificar que seu acordo com o prefeito é que permaneceria como líder por um ano, mas acabou ficando três meses a mais. Desde 11 de março, Elza e Fabinho passaram por um "período de transição" para que o novo líder assimilasse melhor as obrigações. "Ele me pediu apenas que desse apoio a ele como vereadora", afirmou Elza.

    Discurso mais maleável Elza Correia nega veementemente que sua saída tenha a ver com a possibilidade de ser candidata do PMDB à Assembleia Legislativa. Porém, se até o dia 11 sua posição era a de que permaneceria na Câmara Municipal até 2016, ontem o discurso foi um pouco mais maleável. "Não é o que eu desejo, mas tem que ver o que o partido quer. Por mim, concluo meu mandato", afirmou.

    R$ 2,8 milhões O ex-prefeito de Guaratuba (Litoral) Miguel Jamur deverá devolver R$ 2,8 milhões aos cofres municipais. O motivo são sete irregularidades que o

  • Tribunal de Contas (TC) do Paraná identificou nas contas do convênio assinado, em 2007, entre o Município e o Instituto Brasileiro Pró-Cidadão de Santa Catarina (Ibrasc). O ressarcimento é solidário com o presidente do Ibrasc, Wagner Daniel Dutra Mattos, e o próprio instituto.

    Problemas O TC sustenta que serviços de limpeza pública não podem ser objeto de convênios do tipo e que não houve prestação de contas de todos os recursos repassados. Além disso, o TC apontou problemas nos serviços. Para o órgão, a atuação do Ibrasc foi ineficiente e onerosa: "Os serviços de PSF (Programa de Saúde da Família) foram interrompidos após auditoria do Ministério da Saúde, tendo sido revelados desvios e várias irregularidades", diz trecho do relatório do TC.

    Folga no aniversário Os servidores do Legislativo e do Executivo de Guaratuba (Litoral) podem ganhar uma folga remunerada no dia do próprio aniversário. É o que prevê o projeto de lei número 557, de autoria do vereador Itamar Júnior (PSC), aprovado já em segunda discussão na última segunda-feira. O texto foi aprovado com apenas um voto contrário, do vereador Maurício Lense (PPS). A matéria segue para a sanção ou veto da prefeita da cidade, Evani Justus (PSDB).

    Só metade do expediente O Ministério Público (MP) do Paraná acionou o ex-presidente da Câmara de Santa Terezinha de Itaipu (Oeste) Alexandre Luiz de Sousa e uma ex-assessora parlamentar comissionada, Jaciara Ramos, por ato de improbidade administrativa. O promotor de Justiça Marcos Cristiano de Andrade afirma que, durante praticamente todo o ano de 2011, a servidora cumpriu só metade de sua jornada de trabalho, mas recebeu integralmente os salários, sem que o ex-presidente do Legislativo tomasse qualquer providência. A jornada de trabalho se estendia das 8h30 às 11h30 e das 13h30 as 17h30, mas a servidora, segundo o MP, frequentava um curso universitário no período da manhã, em Foz do Iguaçu.

    Contas de Ortigueira A concessão de reposição salarial ao magistério acima da inflação em período eleitoral levou à reprovação das contas de 2012 da Prefeitura de Ortigueira (Centro) pelo Tribunal de Contas (TC) do Paraná. Outra irregularidade foi o atraso de 75 dias no envio de dados ao TC. Por causa das irregularidades, o então prefeito de Ortigueira, o tucano Geraldo Magela do Nascimento (gestão 2009-2012), recebeu duas multas, que somam R$ 1.450,96.

    Sobre eleições O Ministério Público (MP) do Paraná realiza hoje em Curitiba uma reunião de trabalho sobre as eleições de 2014. O evento é promovido pela Coordenadoria das Promotorias de Justiça Eleitorais e pelo Centro de Estudos e Aperfeiçoamento Funcional (Ceaf). O encontro será das 13h30 às 17h30, com transmissão ao vivo, via webcast, para membros da instituição, em especial promotores e procuradores de Justiça com atribuição na área.

    Publicidade do BRDE O Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) abriu licitação este mês para contratar uma agência de publicidade. A instituição financeira pública de fomento - criada pelos Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná – prevê gastar R$ 4,9 milhões no contratação por um período de cinco anos. Câmara rejeita ‘CEI do Marco Zero’ Fiscalização iniciada pela Comissão de Trabalho e mobilização da Acil tiram força de grupo de investigação Luís Fernando Wiltemburg Reportagem Local

    Com sete votos a favor e dez contrários, a Câmara de Londrina enterrou ontem a Comissão Especial de Inquérito (CEI) proposta por Jamil Janene (PP) para investigar os motivos da dificuldade de concessão de alvarás para os empreendimentos que rodeiam o

  • Marco Zero. O autor perdeu até mesmo o apoio de quem chegou a assinar seu pedido de investigação, datado do início de fevereiro.

    Assinam o requerimento, além de Jamil, os vereadores Gustavo Richa (PHS), Mário Takahashi (PV), Padre Roque (PR), Gaúcho Tamarrado (PDT), Péricles Deliberador (PMN) e Tio Douglas (PTB). Ontem, os dois últimos votaram contra a CEI e Gaúcho se ausentou do plenário durante a votação.

    Após a votação, Jamil reclamou de suposta interferência do Executivo. "O Márcio Stamm (chefe de gabinete) me ligou três vezes ontem, pedindo para retirar o requerimento", afirmou. Outros vereadores negaram terem sido pressionados. A FOLHA tentou contato com Stamm, mas o celular estava desligado.

    Jamil pretendia abrir a investigação com base em declarações do empresário Raul Fulgêncio, feitas no ano passado, na Câmara. Na ocasião, ele afirmou que a administração municipal "sangra" grandes empreendedores e que a Leroy Merlin, que integra o complexo do Marco Zero, mesmo atendendo todas as contrapartidas, teve o alvará definitivo negado.

    O pedido de CEI entrou pela primeira vez em discussão no dia 14 de fevereiro, mas acabou retirado de pauta por emenda de Roberto Fu (PDT), que ampliaria a investigação para todos os hipermercados e lojas de departamento de Londrina. O autor, entretanto, decidiu suspender a votação por 90 dias após a Associação Comercial e Industrial de Londrina (Acil) se comprometer a apurar a situação.

    Nesse meio tempo, a Comissão de Trabalho da Câmara assumiu uma apuração paralela. A medida provocou "ciúmes" de Jamil, que estava com seu requerimento congelado devido ao acordo.

    Alegando ter um "fato novo", o vereador voltou atrás na terça-feira passada, quando pediu o retorno para a pauta do Legislativo de ontem. Jamil apresentou um vídeo com cópias de reportagens de jornais impressos, rádios e tevês, além de trechos da fala de Fulgêncio no Legislativo.

    Outros vereadores lembraram que a Câmara já está apurando o fato com a Comissão de Trabalho e que a CEI é um instrumento muito forte, a ser utilizada apenas em ocasiões em que há obstáculos para a fiscalização.

    CGM abre sindicância para apurar problemas

    A Corregedoria-Geral do Município (CGM) instaurou ontem uma sindicância para apurar possíveis irregularidades no processo de implementação de empreendimentos comerciais no entorno do Marco Zero. O procedimento foi iniciado a pedido da promotora de Justiça do Patrimônio Público Sandra Koch, que já tem inquérito aberto sobre o caso.

    De acordo com a corregedora-geral interina Adriana Granado, o ofício do Ministério Público chegou no fim do ano passado ao Executivo, mas só foi atendido agora porque teve de aguardar uma fila de procedimentos que estavam na frente.

    Segundo ela, o ofício da promotora não faz alusão a algum fato específico ou à participação ou erros de servidores municipais. "Só fala de possíveis irregularidades no processo de implementação dos empreendimentos", afirma a corregedora. O complexo é composto por uma loja de materiais de construção, um shopping center e um hotel, que ainda não está terminado.

    O processo interno da administração municipal deve se iniciar com a análise dos documentos referentes aos pedidos de construção e aprovação de projetos, entre outros. O prazo para a conclusão é de 90 dias, mas pode ser prorrogado por igual período. (L.F.W.)

  • Para 65%, mulher com roupa curta merece ser atacada Por outro lado, 91% concordam com a prisão de marido que bate na esposa, aponta pequisa do IPEA Lucio Flávio Cruz Reportagem Local

    Londrina - A maioria dos brasileiros concorda com a ideia de que marido que bate na esposa deve ir para a cadeia, revelou pesquisa divulgada ontem pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Batizado de Sistema de Indicadores de Percepção Social (SIPS), o trabalho se baseou nas entrevistas de 3.810 pessoas, residentes em 212 municípios no período entre maio e junho do ano passado. A pesquisa mostra que 91% dos entrevistados concordam total ou parcialmente com a prisão dos maridos que batem em suas esposas. O estudo alerta, no entanto, que é prematuro concluir, com bases nesses dados, que a sociedade brasileira tem pouca tolerância à violência contra a mulher.

    Dos entrevistados, 63% disseram concordar com a ideia de que "casos de violência dentro de casa devem ser discutidos somente entre membros da família". "Isso não é uma questão familiar. A agressão de mulheres é uma epidemia mundial e impacta na saúde dos filhos e das vítimas e na vida das pessoas, por isso precisa ser um preocupação pública. Só no âmbito familiar o problema não será resolvido", ressaltou Susana Lacerda, promotora da Vara Maria da Penha de Londrina.

    Causou espanto entre os próprios pesquisadores o fato de que 65% disseram concordar com a frase: "mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas". Isso deixa claro para os autores do trabalho a forte tendência de culpar a mulher pelos casos de violência sexual.

    A avaliação tem como ponto de partida o grande número de pessoas que diz concordar com a frase: se mulheres soubessem se comportar, haveria menos estupros. O trabalho indica que 58,5% concordam com esse pensamento.

    "Muitas mulheres realmente se sentem culpadas pela agressão, o que não traduz a realidade. As vítimas entram em um ciclo de violência e não conseguem sair sozinhas. É preciso apoio de profissionais e terapias individuais e coletivas. Caso contrário, cedo ou tarde a violência vai se repetir", frisou Eunícia Lohn, coordenadora do Centro de Referência da Mulher em Curitiba.

    "A maneira de se comportar não justifica uma agressão. A mulher tem o direito de fazer o que quiser com seu corpo e não pode se sentir culpada por isso", apontou Lucimar Rodrigues da Silva, diretora de Enfrentamento da Violência Contra a Mulher da Secretaria Municipal de Políticas para as Mulheres de Londrina.

    A conselheira da organização não governamental (ONG) Espaço Mulher, Ludmila Nascarella, entende que essa situação é "triste e lamentável" e reflete a realidade atual. "As mulheres estão tomando mais coragem em denunciar a violência, apesar de continuarem sendo vítimas. A cada dois segundos uma mulher é agredida na América Latina", apontou.

    A pesquisa do Ipea também revela que a maior parte dos brasileiros se incomoda em ver dois homens ou mulheres se beijando. Dos entrevistados, 59% relataram desconforto diante da cena. A relação afetiva entre pessoas do mesmo sexo também não tem uma aceitação expressiva. Das pessoas ouvidas, 41% disseram concordar com a frase: "um casal de dois homens vive um amor tão bonito quanto entre um homem e uma mulher". E 52% concordam com a proibição de casamento gay. (Com Agência Estado)

  • Mais de 500 mil foram vítimas de estupro em 2013

    "Essas crianças vão formar novas famílias violentas. Ou serão autores ou vítimas", alerta a promotora Susana Lacerda

    Londrina – O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada estima que em 2013

    aconteceram 527 mil tentativas ou casos de estupros consumados no Brasil. O percentual representa que 0,26% da população brasileira sofre violência sexual a cada ano. Os dados foram retirados de um questionário sobre vitimização, no âmbito do Sistema de Indicadores de Percepção Social (SIPS), que continha algumas questões sobre violência sexual. Do total, apenas 10% das situações teriam sido informadas à polícia.

    Segundo estatísticas do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), ligado ao Ministério da Saúde, do total de casos registrados em 2011, 88,5% das vítimas eram do sexo feminino, mais da metade tinha menos de 13 anos, 46% não possuíam o ensino fundamental completo e 51% eram de cor preta ou parda. Os dados mostram ainda que apenas 12% eram ou haviam sido casados e mais de 70% dos estupros vitimizaram crianças e adolescentes.

    "Essas crianças vão formar novas famílias violentas. Ou serão autores ou vítimas. Tendem a se transformar em pessoas agressivas, o que pode resultar em tragédias familiares, tão comuns nos dias de hoje", frisou a promotora Susana Lacerda, da Vara Maria da Penha, responsável por casos de agressões contra mulheres, crianças e adolescente em Londrina.

    A maioria esmagadora dos agressores são homens (96%) e 15% dos estupros registrados foram cometidos por dois ou mais agressores. Para a conselheira da organização não governamental (ONG) Espaço Mulher, de Curitiba, Ludmila Nascarella, somente a condenação do agressor não vai resolver. "Além da punição, o agressor precisa ser tratado. O homem não é educado para respeitar o corpo da mulher", relatou.

    Parentes, namorados e amigos ou conhecidos das vítimas são responsáveis por 70% dos estupros. No caso de crianças, 24% dos agressores são os próprios pais ou padrastos das vítimas.(L.F.C.) Procuradoria pede suspensão de repasse do Mais Médicos a Cuba Mariana Haubert Folhapress

    Brasília - O procurador do Ministério Público do Trabalho Sebastião Caixeta ajuizou ontem uma ação civil pública contra o governo federal pedindo isonomia na contratação de médicos brasileiros e estrangeiros para o programa Mais Médicos, principalmente em relação aos profissionais cubanos. Ele também pede a suspensão do repasse da bolsa ao governo de Cuba, que efetua o pagamento aos médicos no Brasil.

    Na ação, o procurador pede que os valores do programa sejam pagos diretamente aos médicos no Brasil - que eles recebam os R$ 10 mil referentes ao valor integral da

  • bolsa. Atualmente, o governo repassa o montante para a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), que faz a intermediação com Cuba. O governo cubano então, deposita para os médicos o valor de $ 1,2 mil por mês e retém o restante do valor.

    Na ação, o procurador pede que qualquer cláusula contratual que restrinja os direitos fundamentais dos médicos cubanos seja cancelada, principalmente em relação à remuneração, à livre manifestação do pensamento, à liberdade de locomoção e de se casar ou relacionar-se amorosamente.

    O procurador pede também o pagamento de 13º salário, férias, licença-maternidade e licença-paternidade, e um meio ambiente de trabalho equilibrado, seguro e saudável.

    A ação foi ajuizada e distribuída para 13ª Vara de Trabalho de Brasília. O valor estipulado para a ação é de R$ 1,5 bilhão equivalente a um ano da remuneração dos 13.325 médicos participantes do programa ativos a partir do quarto ciclo. Jornal da Manhã Promotoria da Defesa do Patrimônio Público instaurou um inquérito civil público para investigar denuncias realizadas ao órgão contra professores da instituição Michael Ferreira

    O Ministério Público de Ponta Grossa, através da Promotoria de Defesa do Patrimônio Público, instaurou um Inquérito civil público para investigar os professores da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). O objetivo do órgão é realizar um raio X do quadro de docentes da instituição com informações que vão desde o regime de trabalho até a cidade em que eles residem. Gazeta do Povo Reinaldo Bessa / Agora vai? 1

    Saiu ontem uma decisão do Tribunal de Contas que vinha sendo aguardada por muita gente do meio publicitário local. O TCE revogou a medida cautelar que impedia a continuidade de licitação da prefeitura para a contratação de agências. O imbróglio vem desde o ano passado, quando foi aberta a concorrência da secretaria municipal de Comunicação Social para contratação de até quatro empresas de publicidade.

    O certame foi suspenso cautelarmente duas vezes, em dezembro e em fevereiro, por causa de erros nos editais, que estavam em desacordo com a Lei de Licitações.

    Agora vai? 2 Com isso, a prefeitura prorrogou os contratos com as mesmas três agências que já a atendiam – e que também prestam serviços para o governo estadual. A continuidade gerou boatos de que a administração de Gustavo Fruet não estaria rompendo laços com a gestão de Luciano Ducci nessa área.

    Agora vai? 3 Pela avaliação do TCE, agora a prefeitura corrigiu os dois itens no edital – omissão sobre a participação das microempresas e exigência de que os profissionais das agências tivessem, no mínimo, quatro anos de experiência em suas funções.

  • Anvisa / Fabricantes terão de avisar retirada de remédios um ano antes Fabricantes de medicamentos terão que informar à Agência Nacional de Vigilância

    Sanitária (Anvisa), com um ano de antecedência, a intenção de retirar do mercado produtos que possam levar a uma situação de desabastecimento. O objetivo, segundo a própria Anvisa, é permitir que as medidas necessárias sejam tomadas com antecedência para minimizar os impactos à população pela falta de um remédio. A obrigatoriedade abrange, por exemplo, produtos que não têm substitutos no mercado nacional e cuja retirada pode deixar pacientes sem o tratamento adequado. Para aqueles que tiverem substitutos registrados e disponíveis, a exigência de aviso será de seis meses. As situações de redução na fabricação ou na importação também deverão ser informadas com antecedência de 12 meses. Justiça / Déficit de defensores públicos no país é de 66%, revela relatório

    Relatório divulgado ontem pela Defensoria Pública da União (DPU) estima um déficit de 66% no número de defensores públicos federais no Brasil. Segundo o estudo Um Panorama da Atuação da Defensoria Pública da União, seria necessária uma ampliação de 506 para 1.469 profissionais no país – ao menos um defensor público federal para cada 100 mil habitantes com mais de dez anos de idade e rendimento de até três salários-mínimos (140 milhões de pessoas). O relatório mostra que dos 561 cargos de defensor público federal, 506 estão ocupados para atuação na primeira e segunda instâncias da justiça. Não foram considerados no cálculo os membros que atuam perante os tribunais superiores. O levantamento é de dezembro de 2013. Serviço / Para quem ligar em situações de emergência? Muitas pessoas não sabem para quem recorrer na hora em que acontece uma emergência. Existem vários telefones úteis e cada um serve para uma coisa Ágatha Déa, Especial para a Gazeta do Povo

    Em Curitiba, a principal central é a da prefeitura, o 156, responsável por resolver

    a maioria dos casos. Confira a relação dos principais telefones que você deve ter sempre à mão caso ocorram situações inesperadas. Todas as centrais funciionam 24 horas por dia. Tenho entulho de obra e lixos fora do comum para me desfazer

    Esse é um dos casos em que você deve ligar para a prefeitura. O 156 tem como objetivo ajudar o cidadão em qualquer informação e serviço que estejam dentro do âmbito administrativo municipal, como, por exemplo, denúncias de danos a patrimônios públicos, meio ambiente e também informações de horários de ônibus, dúvidas sobre impostos, entre outros. Além do telefone, o cidadão também tem a opção de solicitar atendimento pela internet através do sitewww.central156.org.br. Meu carro estragou na rodovia

    Dependendo de onde estiver, você deve ligar para a concessionária responsável pela via. Se o carro estragar e precisar ser removido, a função dessas empresas é, através de um serviço 24 horas, atender os usuários sempre que necessário. No caso da necessidade de guincho, as concessionárias devem remover o veículo para pontos de apoio, onde são oferecidas condições para o reparo. Se a concessionária não resolver o problema, as polícias rodoviárias podem ser acionadas.

  • Aconteceu um acidente domiciliar Vai depender da situação. O 193 é o telefone do Siate, que presta atendimento às

    vítimas de traumas em vários níveis, desde uma fratura em ambiente doméstico até acidentes automobilísticos com várias vítimas.

    Você chamará o Siate em caso de socorro a vítimas de ferimentos por arma de fogo ou arma branca; quedas com ferimentos e fraturas; ataques de animais; queimaduras graves; afogamentos; soterramentos e lesões graves durante atividades de lazer, por exemplo. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), deve ser acionado pelo telefone 192 no caso de urgências clínicas, como por exemplo, perda de consciência, como desmaios ou hemorragias, crises de convulsão, dores ou sintomas que podem ocasionar problemas de coração, entre outros. Choveu muito e minha rua alagou

    Nesta situação, se não houver vítimas, você deve ligar para a central da Guarda Municipal, 153, ou para 199, telefone nacional da Defesa Civil. Ambos têm a função de repassar a ocorrência para a Defesa Civil Municipal, que é responsável por adotar medidas de prevenção, socorro, assistência e recuperação de desastres naturais que ocorreram ou que podem ocorrer. Se o acidente envolver vítimas, ligue para o 193, central do Siate (o serviço é 24h). O 153 pode ser acionado em locais em que a prefeitura é responsável. Faltou luz ou água

    A Companhia Paranaense de Energia (Copel) atende pelo telefone 0800 51 00 116. Para relatar a falta de luz ou outros problemas relacionados à energia, você precisa ter em mãos o número da sua unidade consumidora, item que está pintado de amarelo na conta de luz. Se o problema é falta de água, ligue para a Companhia de Saneamento do Paraná pelo telefone 115. Também é preciso ter em mãos a conta de água. Presenciei ou me envolvi em um acidente de trânsito

    Se o acidente tiver vítimas é preciso ligar para o Siate, Serviço Integrado de Atendimento ao Trauma em Emergência, através do telefone 193. Junto ao socorro, a Polícia Militar será avisada. As orientações mais importantes em casos de acidente com vítimas, antes da chegada dos órgãos competentes são: sinalizar o local do acidente; acionar o Siate; preservar o local e não movimentar os veículos e pessoas feridas. Se o acidente não envolver pessoas feridas, o correto é retirar os veículos da via para que o trânsito não seja interrompido, anotar as informações dos carros e dos condutores envolvidos e dirigir-se ao Batalhão de Polícia de Trânsito (BPtran) para registrar o boletim de ocorrência de trânsito. No caso de crimes de trânsito, como embriaguês, a Polícia Militar deve ser acionada pelo telefone 190. Notas Políticas / E a maconha?

    A Comissão de Direitos Humanos do Senado vai agendar audiências para debater a possibilidade de regulamentação da maconha no Brasil. Entre as pessoas que os senadores querem ouvir estão o presidente do Uruguai, José Mujica; o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso; o médico e pesquisador Dráuzio Varela; e o presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Raymundo Damasceno Assis. Judiciário / STF transfere mensalão tucano para 1.ª instância Ministros dizem que Eduardo Azeredo renunciou ao mandato de deputado para evitar julgamento no Supremo Tribunal Federal

  • Agência Estado O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu transferir para a Justiça Criminal de

    Minas Gerais a ação penal aberta contra o ex-deputado federal Eduardo Azeredo (PSDB-MG), acusado de envolvimento com um esquema que ficou conhecido como mensalão tucano. Conforme a acusação, o esquema consistiu no desvio de recursos públicos para a campanha de Azeredo à reeleição para o governo de Minas, em 1998.

    O encaminhamento do processo para a Justiça de 1.ª instância decorre do fato de Azeredo ter renunciado ao mandato em fevereiro, dias após o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ter pedido ao STF que impusesse a ele uma pena de 22 anos de prisão. De acordo com ministros que participaram do julgamento, nesse caso claramente o político renunciou para não ser julgado no Supremo.

    Apenas o presidente do STF, Joaquim Barbosa, votou contra a transferência do processo para a Justiça de 1.ª instância. De acordo com Barbosa, a renúncia ocorreu com o objetivo de evitar o julgamento pelo Supremo e pela Justiça de 1.ª instância. Ele disse que há risco de prescrição do caso.

    Relator do processo, o ministro Luis Roberto Barroso propôs que o tribunal fixasse regras para casos futuros de renúncia de parlamentar que é réu em processo criminal. Barroso propôs que, se a renúncia ocorrer após o recebimento da denúncia, o processo será julgado pelo Supremo. Antes do recebimento da denúncia, será transferido para a Justiça de 1.ª instância. Mas Barroso disse que essa solução não seria aplicada a Azeredo. Ao contrário do relator, Barbosa afirmou que concordava com a aplicação dessa solução já para o caso de Azeredo.

    Ao final dos debates, o STF decidiu adiar a decisão sobre essa fixação ou não de regras porque não foi formada uma maioria na sessão de ontem. A discussão deverá ser retomada na próxima semana.

    Durante a sessão, ministros fizeram críticas ao sistema constitucional brasileiro, que garante a uma grande quantidade de autoridades o direito ao chamado foro especial. Por meio desse dispositivo, parlamentares somente podem ser investigados e processados perante o STF. Barroso disse que gostaria de se dedicar ao estudo de causas de grande repercussão para a sociedade que aguardam julgamento, como a desaposentação, mas tem de analisar, por exemplo, acusações de difamação envolvendo políticos. De acordo com o ministro, há cerca de 400 inquéritos e ações penais tramitando no Supremo. O coro da multidão / Minas Gerais na frente da gente Rhodrigo Deda

    Acaba de ser lançado o projeto Data Viva (dataviva.info), uma plataforma que

    fornece informações a respeito de atividades econômicas, emprego, importações e exportações de todos os municípios do país na última década. O acesso ao conteúdo da plataforma é didático e gratuito. Estão disponíveis mais de 100 milhões de visualizações de dados sobre atividades econômicas em cidades do país. Na internet desde dezembro do ano passado, a realização do projeto é fruto de uma parceria entre uma consultoria internacional e o Escritório de Prioridades Estratégicas do Governo de Minas Gerais, um órgão público que merece o nome ambicioso que lhe foi dado.

    O projeto mineiro é um caso de sucesso que ganhou chamada de capa na versão brasileira da Harvard Business Review deste mês. Segundo matéria publicada na revista, foram necessários apenas um ano meio para conceber e realizar o projeto.

    Conforme consta no site da plataforma, o Data Viva foi criado para dar suporte à política de desenvolvimento do governo de Minas. Entretanto, os gestores perceberam

  • que a plataforma tinha potencial como ferramenta de “Big Data”, podendo contribuir para estimular iniciativas não só da economia mineira, mas de todo o Brasil. O termo “Big Data” está se popularizando agora, mas desde a década de 1990 é usado para descrever um enorme volume de dados, do qual é possível processar, analisar e gerar novos conhecimentos. A plataforma traz dados e códigos de programação abertos, o que permite que empreendedores criem novos aplicativos com informações públicas.

    Como cada vez mais informação é poder, ao trazer dados em formato aberto, atualizados e detalhados, o site confere permite que agentes públicos, empreendedores, estudiosos e estudantes conheçam melhor a realidade econômica do país e melhorem seus processos de tomada decisão. Oito aplicativos fazem parte da plataforma e utilizam bases de dados fornecidas pelos ministérios do Trabalho e Emprego (MTE) e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Essas bases trazem informações sobre exportação de 1.256 produtos da Secretaria de Comércio Exterior (SECEX/MDIC) e as 865 ocupações em 427 atividades econômicas da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS/MTE).

    O esforço em oferecer um bom serviço informativo à sociedade traduz uma concepção política inteligente na qual se entende que o Estado deve promover o livre acesso a dados públicos. Em vez de criar obstáculos, o governo mineiro incentiva a cultura de dados abertos e estimula empreendedores e estudiosos a criarem novos produtos, desenvolverem novas ideias e decidirem a aplicação de recursos com uma compreensão mais completa da realidade.

    O Data Viva é exemplo da mentalidade moderna e inovadora de uma parcela ainda pequena de gestores públicos. Mostra que é possível ter um setor público que compartilhe informações e seja cooperativo com cidadãos. Ao tratar a sociedade como aliada, o governo abre uma parceria essencial para o desenvolvimento. Se propagar por estados e municípios essa mentalidade poderá acabar com o atraso e a mesquinharia de políticas governamentais que impedem a informação pública de fluir livremente pela sociedade.

    Tendências A caixa-preta continua 1 Está parado na procuradoria jurídica da Câmara de Curitiba há 70 dias o projeto que pretende dar transparência às prestações de contas das organizações não governamentais (ONGs) que recebem recursos públicos. O fato é uma evidência de que a Câmara mudou de direção, mas continua com dificuldades para encontrar o rumo.

    A caixa-preta continua 2 Quando o vereador Paulo Salamuni (PV) assumiu a Câmara da capital, em fevereiro de 2013, houve toda uma expectativa de mudança. Especulava-se sobre como seria seu mandato. Mas o Legislativo municipal tem apenas reagidos às demandas emergenciais, como ocorreu com a CPI do Transporte Público somente realizada após as manifestações de junho.

    A caixa-preta continua 3 Coerente com o discurso da mudança seria dar agilidade ao trâmite do projeto que obriga as ONGs a divulgarem na internet informações de seus gastos, movimentações financeiras, quadro de funcionários e salários. Tratando-se de moralidade e transparência, a Câmara de Curitiba vive de muita retórica para pouca ação. Judiciário / Decisão do STF volta a limitar ganho de cartorários Katna Baran e Amanda Audi

    O ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), revogou a liminar

    que permitia que os administradores interinos em cartórios extrajudiciais do Paraná recebessem remuneração acima do teto de R$ 22,5 mil. Na decisão, desta quarta-feira, o magistrado considera que o STF não é o órgão competente para julgar a causa.

  • A liminar a favor dos interinos havia sido concedida pelo mesmo ministro no último dia 20 de fevereiro e permitia que os cartorários do estado recebessem o valor integral do faturamento da serventia. Agora, novamente, eles ficam impedidos de ganhar a remuneração acima do teto.

    A limitação de 90,25% do teto do funcionalismo (salário de um ministro do STF) a interinos em cartórios extrajudiciais foi determinada por resolução do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) de 2010. No primeiro entendimento de Zavascki, ele considerou que os interinos não poderiam ser equiparados a servidores públicos.

    A ação foi ingressada pela Associação de Notários e Registradores do Estado do Paraná (Anoreg-PR) depois que o STF garantiu a volta do pagamento integral aos interinos do Mato Grosso do Sul. Outros estados também conseguiram o benefício, como Amazonas e Goiás. Todos os pareceres favoráveis foram dados pelo ministro Teori Zavascki. Não há um balanço oficial sobre quantos estados já ingressaram com ações desse tipo.

    Procurada pela reportagem, a assessoria da Anoreg informou que, como a decisão ainda não foi publicada, não iria comentar o assunto.

    A remuneração dos interinos é variável e depende do rendimento da serventia. O argumento da Anoreg-PR é de que os interinos foram concursados, mas foram nomeados pelo Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR) para ocupar outras serventias extrajudiciais temporariamente. Eles, portanto, não seriam servidores públicos, mas delegatários de serviço público.

    A Anoreg também afirma que os notários e registradores devem arcar com as despesas operacionais dos cartórios, como o pagamento dos funcionários e encargos fiscais, e também “respondem com seu patrimônio pessoal” por eventuais danos causados a terceiros. Por isso a remuneração não poderia ser limitada. No Paraná, parte dos interinos responde por cartórios que foram considerados vagos pelo CNJ e disponibilizados para preenchimento por concurso público. Serventias / CNJ mantém data de concurso para preencher vagas

    O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) negou na quarta-feira um pedido de suspensão do concurso público de provas e títulos para outorga de delegações de notas e de registro do estado do Paraná. A data da prova, agendada para o dia 30 de março, foi mantida na decisão do conselheiro Flavio Sirangelo.

    Um Procedimento de Controle Administrativo havia apontado 12 eventuais vícios no concurso público, mas, para o conselheiro, os supostos vícios não causariam danos irreparáveis ou difíceis de se reparar. Ele também lembrou que, por ter sido questionado no ano passado, o concurso já está mais de um ano atrasado.

    A Câmara de Curitiba reinaugurou ontem à noite o Palácio Rio Branco, sede do Legislativo municipal. Numa sessão solene, com a presença do prefeito Gustavo Fruet (PDT), os vereadores também comemoraram o aniversário de 321 anos da capital. Fechado para reformas desde outubro de 2010, o palácio passou por um processo de restauração, que custou R$ 1,3 milhão. As mudanças foram feitas desde a estrutura do prédio até a fachada, preservando as características da arquitetura do local, que é tombado pelo governo do estado desde 1978. Já na infraestrutura interna, foi instalado um sistema de áudio e votação eletrônica, que foi acoplado às bancadas dos parlamentares. O equipamento está integrado a um painel eletrônico, o que deve extinguir as votações secretas na Câmara. Outra promessa é a transmissão das sessões ao vivo, pelo site da Casa na internet, nos próximos 10 dias.

  • Curitiba / TC libera edital para agências de publicidade Prefeitura deve lançar novas regras para concorrência na próxima segunda-feira, após fazer correções sugeridas pelo tribunal José Marcos Lopes

    O Tribunal de Contas (TC) do Paraná revogou a medida cautelar que suspendia a

    licitação lançada pela prefeitura de Curitiba para a contratação de quatro agências de publicidade. Com isso, a prefeitura deverá publicar na nova semana um novo edital para selecionar as prestadoras de serviço, corrigindo os pontos que foram contestados pelo tribunal. O valor máximo da licitação é de R$ 20 milhões, para o período de um ano.

    A concorrência foi suspensa pelo corregedor-geral do TC, Ivan Bonilha, em duas ocasiões. Na primeira, o tribunal apontou quatro problemas no edital: grau de endividamento máximo dos participantes fixado sem justificativa e em porcentual menor que o usual (60%, quando em outras licitações, segundo a representação, chega a 80%); impossibilidade de se admitir a comprovação de inscrição no Simples nacional como prova da condição de microempresa ou empresa de pequeno porte; impossibilidade de participação de microempresas e empresas de pequeno porte; e exigência de vínculo empregatício entre as agências e seus profissionais. A denúncia ao TC foi feita pelo advogado Angelo Gomes de Pedroso, de Curitiba.

    O edital foi corrigido, mas Bonilha voltou a contestar o documento. O TC considerou que dois itens do edital ainda estavam em desacordo com a Lei de Licitações.

    O primeiro era a omissão a respeito da possibilidade de participação de microempresas e empresas de pequeno porte; o segundo era a exigência de que os profissionais encarregados de prestar os serviços de publicidade tivessem no mínimo quatro anos de experiência em suas funções. Com a nova contestação, a prefeitura suspendeu a licitação no dia 21 de fevereiro deste ano (a abertura dos envelopes estava prevista para 7 de abril).

    Segundo o secretário municipal de Comunicação, Gladimir Nascimento, o novo edital deverá ser publicado na próxima segunda-feira. Com a concorrência suspensa no fim de 2013, a prefeitura prorrogou os contratos com a CCZ, a Master e a OpusMúltipla, as três agências aprovadas na licitação anterior. Os contratos com as empresas terminaram no fim do ano passado. Guaratuba / Ex-prefeito terá de devolver R$ 2,8 milhões Fábio Cherubini

    O Tribunal de Contas do Paraná (TC-PR) determinou que o ex-prefeito de Gua-

    ratuba, no Litoral do Paraná, Miguel Jamur devolva R$ 2,8 milhões aos cofres do município. De acordo com o tribunal, em 2007 o ex-prefeito firmou um convênio para a limpeza pública da cidade com o Instituto Brasileiro Pró-Cidadão de Santa Catarina (Ibrasc) em que foram identificadas sete irregularidades. Ainda cabe recurso da decisão. Conforme o órgão, o pagamento possui caráter solidário e pode ser dividido entre Jamur, o presidente do Ibrasc à época do contrato, Wagner Daniel Dutra Mattos, e o próprio instituto. A decisão ocorreu após uma fiscalização encontrar impropriedades no acordo.

    Segundo o tribunal, “todos os termos da parceria estão irregulares.” Outro lado O ex-prefeito foi procurado para comentar o assunto, mas não

    atendeu às ligações. O Ibrasc solicitou que a reportagem encaminhasse pedido de entrevista por e-mail, mas não respondeu até o início da noite. O ex-dirigente do instituto não foi encontrado.

  • Justiça / Ex-provador de cigarros vai ser indenizado em R$ 500 mil O Tribunal Superior do Trabalho (TST) determinou que a Souza Cruz pague