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IMPERIAL GAZETA Jornal editado pelo Instituto Brasil Imperial Outubro de 2015 Ano XIX Número 237 www.brasilimperial.org.br Congresso Internacional Brasil como Reino Unido

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IMPERIAL GAZETA

Jornal editado pelo Instituto Brasil Imperial Outubro de 2015 Ano XIX Número 237 www.brasilimperial.org.br

Congresso Internacional Brasil como Reino Unido

2 Notícias

Entre os dias 13 e 16 de outubro se realizou no Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, o Congresso Internacional Brasil como Reino Unido: 200 anos depois. Congresso esse com o propósito de através de análises multidisciplinares traçar um quadro do significado dessa elevação do Brasil à condição Reino, e a sua importância nesse contexto de união com os Reinos de Portugal e Algarves. Nesse Congresso o Instituto Brasil Imperial foi representado pelo Conselheiro Luís Severiano Soares Rodrigues. A abertura se deu no dia 13, com a conferência do presidente do IHGB, professor Arno Wehling, com o tema - Razões e Circunstâncias de um ato político: o Reino Unido, onde traça um panorama das argumentações historiográficas do inter-relacionamento das causas

Congresso Internacional Brasil como Reino Unido: 200 anos depois

Da Redação

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que levaram a essa, elevação do status político do Brasil, por Alvará régio de 16/12/1815, como forma inclusive de alavancar a posição portuguesa, como potência de primeira ordem no Congresso de Viena. Entre outros pontos faz uma análise das questões institucionais e jurídicas implícitas ao ato, bem como a questão de que essa elevação se traduz na determinante que em 1822, os brasileiros frente ao reacionarismo das cortes de Lisboa, não irão aceitar ter a sua condição política rebaixada, e como uma unidade política superior, optarão pela separação e independência do seu Reino e o elevarão à condição de Império. 14/10 – Sessões realizadas no auditório da Fundação Casa de Ruy Barbosa. Temáticas – Questões Historiográficas (manhã) e O Reino Unido no quadro das Relações Internacionais. Sob a coordenação da professora Joëlle Rouchou (FCRB), realizaram-se as seguintes conferências: A elevação do Brasil a Reino no olhar dos historiadores oitocentistas (1815-1915) – Historiografia, pela professora Armelle Enders da Sorbonne, devemos destacar que a essa professora, se dedica a 25 anos, aos estudos sobre o Brasil. Como o título sugere se debruçou sobre a vasta historiografia sobre o Brasil do século XIX, estrangeira e brasileira e traçou um panorama de como e tema Reino Unido foi tratado ou não. A elevação do Brasil a Reino Unido e a historiografia luso-brasileira, pela professora Lúcia Guimarães do IHGB/UERJ, que se dedicou especificamente a abordagem do tema pelos estudiosos brasileiros e portugueses. Oliveira Lima e o Reino Unido, pela professora Teresa Malatian, da UNESP, Estudiosa da obra de Oliveira Lima,

analisa as postulações do mesmo, em um capítulo específico da sua obra monumental D. João VI no Brasil e como ele atribui a essa elevação como elemento fundamental na formação da nacionalidade brasileira. Com relação à prof. Malatian, devemos lembrar as suas importantes contribuições ao estudo do monarquismo moderno brasileiro com obras sobre o Patrionovismo, uma biografia de D. Luiz, o príncipe perfeito e recentemente sobre o grande intelectual monarquista, que foi o líder do movimento negro, Arlindo Veiga dos Santos. Seguiram-se Debates. Na parte da tarde, sob a coordenação do embaixador Luiz Felipe Lampreia (IHGB), ex-ministro das Relações Exteriores, tivemos: A Diplomacia Portuguesa no Congresso de Viena, pelo professor Antônio Celso Alves Pereira do IHGB/UERJ, que fez uma análise completa dos elementos conjunturais envolvidos nos bastidores do Congresso de Viena, e o problema de assimetria de poder que impôs o protagonismo dos quatro grandes (Grã-Bretanha, Àustria, Prússia e Rússia) naquele congresso. Reino Unido a Portugal: breve, mas, significativo momento na História das Relações Internacionais do Brasil, pelo embaixador Luiz Felipe Seixas Corrêa do IHGB/CIBRE, que não podendo estar presente teve a sua conferência apresentada pelo presidente Arno Wehling, onde foi relatado as diversas implicações diplomáticas e os seus desdobramento para o Brasil, decorrente daquela união. Seguiram-se debates. Encerrando o dia: Le Congrès de Vienne et les petites nations. Quel rôle pour l`Angleterre,

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pela professora Annie Jourdan da Universidade de Amsterdã, que é uma estudiosa, dos períodos revolucionário e napoleônico no contexto europeu, onde traçou um panorama dos desdobramentos geopolíticos decorrentes das resoluções do Congresso de Viena, seja no cenário europeu seja no cenário colonial, e as suas implicações para os Estados menos poderosos, inclusive a devolução de Caiena (Guiana Francesa) pelo Reino Unido. 15/10, no IHGB, Temáticas: Sociedades e Instituições (manhã) e Uma solução política? (tarde). Sob a coordenação do professor Christian Lynch (FCRB/UERJ), que foi um militante do Movimento Parlamentarista Monárquico (MPM) na época do plebiscito, tivemos as seguintes conferências: Entre a Polícia e o liberalismo: singularidades do pensamento luso-brasileiro, pelo professor Airton Seelaender (UnB/IBHD), que explanou sobre a questão da representação e da implementação do poder de repressão do Estado e seu quadro jurídico na conjuntura estudada. Em torno de 1815: dimensões da política e da religião no império português, pelo professor Guilherme Pereira das Neves do IHGB/UFF, onde avalia o componente religioso na esfera política, na medida em que o clero letrado tinha uma presença significativa nas discussões dos temas políticos, bem como o seu potencial alcance. Seguiram-se debates. Na parte da tarde sob a coordenação do sociólogo José Arthur Rios (IHGB/CNC), seguiram-se as seguintes conferências: Reino Unido: uma coroa entre a Europa e a América, pela professora Lucia Bastos do IHGB/UERJ, onde são analisadas as percepções do problema pelos observadores

envolvidos dos dois lados do Atlântico e suas conclusões favoráveis ou não à nova realidade que se impõe com a criação do Reino Unido, destacando o protagonismo do conde (futuro duque) de Palmela nesse debate, e uma constante destacada é a opinião dos protagonistas em relação à dependência do país na sua aliança com a Inglaterra. Destaca, a palestrante, que conseguindo ter soberania, decorrente da sua nova condição de Reino, essa será uma das vantagens que os brasileiros não irão abrir mão em 1822. O Brasil como Reino Unido a Portugal: um modelo de emancipação colonial, pela professora Maria de Lourdes Viana Lyra do IHGB/APH, que coloca a questão nos termos de uma forma inovadora de emancipação, que foi positiva para o país, bem como exemplifica as posições de diversos observadores, através das suas ideias e opiniões, que confirmam os seus argumentos. Seguiram-se debates. Encerrando o dia: Uma forma sutil de poder: a cultura inglesa no Rio de Janeiro joanino, pela professora Maria Beatriz Nizza da Silva do IHGB/USP, que traçou um quadro da preponderância econômico/financeira e naval dos britânicos no Brasil de então e alguns desdobramentos culturais da sua presença no Brasil, baseando-se nos estudos de Gilberto Freire e da propaganda comercial nos jornais cariocas do período. 16/10, no IHGB. Temáticas: Arte (manhã), Imprensa (tarde). Sob a coordenação da veneranda historiadora Cybelle de Ipanema (IHGB/APH), tivemos as seguintes conferências: No Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves: Pradier e a economia política das imagens de arte e poder, que

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analisou os componentes simbólicos, do poder estatal, presentes na obra do gravador Pradier, membro da Missão Artística Francesa. A arte como instrumento de construção da capital do Rio de Janeiro, pelo arquiteto Júlio Bandeira do IHGB/IPHAN, que analisou as contribuições à arquitetura e ao urbanismo da urbis fluminensis, dado pelos membros da missão francesa, notadamente Debret e Montigny. Seguiram-se debates. Na parte da tarde sob a coordenação do professor Antônio Herculano (FCRB), tivemos as seguintes conferências: Reino Unido: Atos Legais, Manifestações Impressas e a Oração de Graças do Padre Mororó. Pela professora Cybelle de Ipanema (IHGB/APH), que traçou um quadro de vários levantamentos do inventário das publicações a que aludi o título da conferência, realizadas pela imprensa régia, bem como dá destaque à Oração de Graças do polêmico Padre Mororó, no tocante à elevação do Brasil à condição de Reino. Portugal e Brasil: o Congresso de Viena nas páginas do “Correio Brasiliense” pela professora Isabel Lustosa do IHGB/FCRB, que analisa detidamente a grande contribuição lúcida de Hipólito da Costa, no seu jornal na defesa dos interesses luso-brasileiros no Congresso de Viena, no período de 1814/15, bem como o seu alerta da perniciosidade da ação de alguns elementos, como o conde de Funchal, aos interesses portugueses na Conferência de Paris que antecedeu o Congresso de Viena. Seguiram-se debates. Encerrando o Congresso tivemos a conferência: Quadros jurídicos do Reino Unido de

Portugal, Brasil e Algarves, pelo professor Rui Marcos da Universidade de Coimbra, que traçou um panorama das instituições jurídicas advindas da condição da elevação à condição de Reino pelo Brasil, seu funcionamento e alguns desdobramentos teóricos e práticos no direito luso-brasileiro em face dessa nova realidade política. Valendo aqui destacar a grande participação do nosso representante Luís Severiano Soares Rodrigues nas discussões ensejadas ao longo do congresso, o Instituto Brasil Imperial parabeniza o IHGB, bem como as demais instituições envolvidas na organização desse congresso, pelo feliz êxito alcançado na sua realização, bem como a grande contribuição ao estudo desse período da nossa história.

6 Artigo

O GOVERNO NÃO GOVERNA Marco Antonio Villa Publicado em O Globo

O governo perdeu a capacidade de governar. A cada mês, desde a posse, o espaço de governabilidade foi se reduzindo. Hoje, luta desesperadamente pela sua sobrevivência. Qualquer ato, por menor que seja, está mediado pela necessidade de preservação. Efetuou uma reforma ministerial com o único intuito de ter uma base segura no Congresso Nacional. Em momento algum analisou nomes tendo como base a competência. Não, absolutamente não. O único pensamento foi de garantir uma maioria bovina. E, principalmente, impedir a abertura de um processo de impeachment. O articulador deste arranjo antirrepublicano foi o ex-presidente Lula. Ele assumiu o protagonismo, reuniu lideranças partidárias, ditou mudanças políticas e econômicas e apresentou à presidente a nova composição de forças. Foi louvado pela imprensa chapa-branca. Parecia que a escuridão estava no fim. Teria aberto o caminho da governabilidade, isolado os opositores e pavimentado a sua eleição, dada como certa em 2018. Ledo engano. A reforma ministerial fracassou. Uma semana depois, o panorama no Congresso Nacional é o mesmo — ou até pior. E Lula foi o grande derrotado. Na última quinzena, somou diversas derrotas. Foi acusado de vários crimes — lavagem de dinheiro, corrupção passiva, formação de quadrilha, entre outros — pelo

jurista Hélio Bicudo. Dias depois foi divulgada a notícia de que, em 2009, uma medida provisória que beneficiava montadoras de veículos teria sido vendida, e um dos seus filhos supostamente recebido R$ 2,4 milhões. Em seguida, duas revistas semanais revelaram que Lula teria praticado tráfico de influência internacional em Gana e na República da Guiné Equatorial, favorecendo empreiteiras brasileiras e que o tríplex na Praia do Guarujá foi reformado por uma grande empreiteira. O presidente, que se autoproclamava o mais importante da História do Brasil, que, em 2010, estava em dúvida se seria candidato a secretário-geral da ONU ou a presidência do Banco Mundial — sem contar aqueles que queriam indicá-lo ao Prêmio Nobel da Paz — passou a evitar locais públicos, ficou refugiado em auditórios amestrados e foi homenageado com bonecos representando-o em situações constrangedoras. A crise deve se prolongar. O projeto criminoso de poder — sábia expressão do ministro Celso de Mello, decano do STF — não consegue conviver com o Estado Democrático de Direito e fará de tudo para permanecer no governo, custe o que custar. Ou seja, se for necessário jogar o país na pior crise econômica do último meio século, o fará sem qualquer constrangimento. Se for preciso estender a crise política até a exaustão, não pensará duas vezes — fará com satisfação. Se for indispensável ameaçar com uma crise social — acionando

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movimentos mantidos com generosas verbas oficiais — agirá desta forma sem pestanejar. Neste caso, a dúvida que fica é se aliados de travessia — como o capital financeiro — vão manter seu apoio — que rende lucros fabulosos — a um governo que pode levar o país a uma conflagração, jogando brasileiros contra brasileiros. O perfil da crise atual não tem relação com nenhuma outra da nossa história. É algo muito particular. Os acontecimentos de 1992, por exemplo, tiveram como foco central denúncias de corrupção que, nos moldes do projeto criminoso de poder, parecem, como diria um ex-presidente, “dinheiro de pinga.” A renúncia de Fernando Collor — o impeachment, vale lembrar, não ocorreu — tem relação direta muito mais com o caminho econômico-político preconizado quando da posse do presidente, em 15 de março de 1990, relacionado à profunda modernização do Estado e de suas relações com a sociedade, do que com as acusações de corrupção — algumas comprovadas e que não envolviam diretamente o presidente. Ou seja, ter retirado privilégios de empresários de diversos ramos, de artistas e intelectuais, de funcionários públicos e de empresas e bancos estatais, entre outros, e de se recusar partilhar a máquina pública para obter apoio no Congresso, foram fatais. Com este leque de adversários, o que causa estranheza é que seu governo tenha durado tanto tempo. A crise atual é mais profunda. A política é mero pretexto para o enriquecimento pessoal e uso do Estado como meio de distribuir prebendas, algumas milionárias, ao grande empresariado. O PT cumpriu o dito marxista: transformou o Estado em comitê central da burguesia.

Nos dois governos Lula, isto foi possível devido à conjuntura econômica internacional, às reformas adotadas nas gestões FH que deram frutos depois de 2002, ao estabelecimento de uma máquina burocrática controlada por comissários do partido, à compra de apoio na imprensa, no meio artístico, entre pseudointelectuais e a omissão da oposição parlamentar. Mas o que era doce acabou. Na última quinzena, o governo foi sucessivamente derrotado. Em um só dia, na última quarta-feira, colecionou três fracassos: no Congresso Nacional, no STF e no TCU. Mas, como se diz popularmente, “não quer largar o osso.” Isto porque o partido não sobrevive fora do Estado. Criou um estamento de militantes-funcionários que vivem, direta ou indiretamente, de recursos públicos. São os parasitas da estrela vermelha. E são milhares. A maioria nunca trabalhou — ou está distante décadas do mercado formal de trabalho. O projeto criminoso de poder caminha para o isolamento. Vai ser derrotado. Mas a agonia vai até quando? Empurrar a crise para 2016 significa uma irresponsabilidade histórica. A sociedade quer ser livrar do governo. Mas onde estão os novos governantes? E, principalmente, o que pensam sobre o Brasil?

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Obrigado, Príncipe D. Pedro

Nosso Príncipe nasceu em Portugal. Uma criança chegada ao Brasil, ainda com nove para dez anos, que se deixaria dominar pelo amor a esta terrabravia, cheia de encantos mil, de natureza tropical, rica, fagueira e paradisíaca. Nosso Príncipe, com o passar dos anos, desenvolveu caráter forte,eu diria tempestuoso, onde se mesclavam a indolência, a falta de escrúpulos,mas, também, uma coragem sem limites. Nossa alteza, alertado pelo pai, sabia que sua terra morena, mais cedo ou mais tarde, faria sua independência e ele teria que estar à frente dos acontecimentos. Os sinais estavam sendo dados, os brasileiros o queriam como seu libertador. Eis que, em São Paulo, às margens do Ipiranga, mensageiros lhe fazem chegar notícias preocupantes da metrópole portuguesa, desejosa de manter o domínio ultramarino sob sua autoridade despótica. O jovem vê que é chegada a sua hora, que foi também a nossa. Muitos não acreditam, mas, para os verdadeiros brasileiros que amam essa terra acima de tudo, ele proclamou, alto e bom som, desembainhando sua espada, já sob escolta de seus DRAGÕES: “Laços fora, soldados! Pelo meu sangue, pela minha honra, juro fazer a liberdade do Brasil. Independência ou morte! ” Hoje nosso primeiro imperador não é mais cantado em prosa e verso na grande maioria das escolas deste Brasil. Apenas uma imagem deletéria se deixa passar para a juventude, nada mais nada menos do que a de um homem cheio de vícios,dominado pelas paixões, boêmio contumaz, como se isso não fosse comum entre a politicalha

Paulo Ricardo da Rocha Paiva Coronel de Infantaria e Estado-Maior.

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republicana que passou a dominar o País após uma lamentável proclamação de república, diga-se de passagem, o único desserviço prestado pelo Exército à nação. Mas nosso imperador, apesar destes defeitos graves, jamais, pode ser acusado de falta de amor por esta terra. Com perfeita noção de que havia chegado a seu momento, em 1831, por um ato de grandeza, não titubeou em abdicar. Aqui, como seu pai o fizera, deixaria seu filho, este ao cuidado de brasileiro patriota e competente que indicaria para o futuro imperador o caminho de honra e glória, aquele que seria palmilhado ao longo de todo o 2º Império. Não, em absoluto, não se pode deixar sem correção estas injustiças que se fazem ao nosso D. Pedro I. Há que se "dar a César o que é de César" ao soberano que, mesmo deixando o Brasil, ainda foi capaz de invadir Portugal à frente de um exército em 1834, para se envolver em conflito numa escala muito maior, que envolveu toda a península ibérica numa luta em que, vitorioso, liderou liberais contra aqueles que procuravam o retorno ao absolutismo. A morte alcançaria nosso libertador, vitimado pela tuberculose, ainda em 24 de outubro de 1834. É de se perguntar porque os americanos não defenestram as memórias de um Kennedy ou mesmo de um Clinton, por certo, tão ou mais vulneráveis do que o nosso Príncipe às paixões humanas. Por certo, o patriotismo dos dois norte-americanos pese muito mais na balança do que os seus desvios de conduta. De qualquer forma, muito obrigado meu Príncipe. Seu

legado imperial, por certo, significa muito mais do que o estorno republicano, máxime o que vivenciamos desde 1985.

10 Artigo

Viagem a Portugal Impressões de um viajante erudito – Trás-os-Montes

Concluo aqui a minha análise da boa gestão dos bens culturais observada em Portugal, que espero tenha podido sensibilizar os responsáveis brasileiros pelo setor a terem uma atitude mais inteligente no que tange a gestão dos patrimônios histórico e artístico. Fecho, portanto, esse trabalho com o magnífico exemplo do Portugal Setentrional, onde eu descobri as verdadeiras Montanhas Mágica. Vila Real: Cidade que se chega de ônibus via cidade do Porto, a viagem de Faro ao Porto são mais de cinco horas de Trem. Capital do distrito de mesmo nome, vem a ser uma cidade, que sob certo aspecto guarda uma aura mística, seja em função do seu posicionamento no Caminho português de Santiago, que por sinal é todo sinalizado, seja pela atmosfera das suas igrejas muito antigas, a começar pela catedral medieval de simplicidade monacal, em cujas paredes se vê, em baixo relevo, a cruz dos templários. O medievo (românico) também é encontrado na igreja da misericórdia e na igreja do cemitério. O barroco já desponta na igreja de São Pedro, na dos Clérigos, e na da Ordem Terceira de São Francisco, esta ao lado tem um belo jardim, todas essas igrejas possuem interiores esplendorosos, como o culto divino deve ser. A praça principal também guarda

Luís Severiano Soares Rodrigues Economista, pós-graduado em história, sócio correspondente do Instituto Histórico e Geográfico de Niterói, Conselheiro Consultivo do Instituto Cultural Dona Isabel I – A Redentora e membro do Instituto de Pesquisa Histórica e Arqueológica do Rio de Janeiro (IPHARJ).

11 Artigo Aniversários Artigo

interessante conjunto arquitetônico com o paço municipal e outros prédios que tem em seu frontão as armas do Reino, com sua coroa real, pois a Vila é Real, no entorno e no centro histórico encontram-se muitas casas com pedras brasonadas, algumas em grandes proporções, demonstrando que seus moradores se orgulham de suas origens nobres. Dos museus destaco o Museu Arqueológico e Numismático, cujo acervo arqueológico é pequeno, mas o acervo numismático é enorme, contando algo em torno de três mil moedas, em sua maioria, romanas, mas passando também pelos mulçumanos, pelos visigodos e pelos primeiros reis do país. Destaco o Arquivo Distrital, instalado em prédio do século XX, mas de estilo do século anterior, mas bem conservado, com equipe muito bem preparada e simpática com os pesquisadores. Outro museu a se destacar é o museu da Vila Velha, que em modernas instalações, localizado, onde outrora se localizava a primitiva muralha da cidade, e que guarda um acervo arqueológico singular de peças encontradas em escavações realizadas nas imediações de sua localização no ano 2000. Nas imediações da cidade visitei a freguesia de Borbela, a pedido de um grande amigo, Antônyo Cruz, que é presidente do Instituto Brasil Imperial, e que nasceu naquele lugar, que apresenta igreja medieval bem conservada, monumentos em iguais condições, tais como um antigo Cruzeiro; uma praça dedicada a Santa Maria com estátua em pedra da santa maior. Fechando Vila Real devemos mencionar em seus arredores a Casa (Solar) de Mateus, que vem a ser uma vila nobre, propriedade do sétimo conde de Vila Real, e que lhe serve de residência de verão, e que fica aberta a visitação, com excesso dos apartamentos privativos do conde, propriedade de beleza arquitetônica inquestionável, guarda em seu interior exposição permanente de arte e história de uma família

dedicada ao serviço da pátria e do rei, pela propagação do bom nome de Portugal, que inclusive deu, ao Brasil, um governador da capitania de São Paulo, conhecido como Morgado do Mateus (quarto conde) por dez anos. Essa propriedade, hoje, uma fundação, está destinada a se perpetuar como fonte de divulgação dessa família pelos tempos sem fim. Possui a propriedade também capela particular, do tamanho de uma igreja, e jardim artisticamente trabalhado e de grande beleza.

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