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10 GABRIELA MARIA FIGUEIREDO DO NASCIMENTO DIAGNÓSTICO DE SUMIDOUROS: UM ESTUDO DE CASO DE UM CONDOMÍNIO MULTIFAMILIAR EM PARNAMIRIM/RN NATAL-RN 2016 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

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10

GABRIELA MARIA FIGUEIREDO DO NASCIMENTO

DIAGNÓSTICO DE SUMIDOUROS: UM ESTUDO DE

CASO DE UM CONDOMÍNIO MULTIFAMILIAR EM

PARNAMIRIM/RN

NATAL-RN

2016

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

Gabriela Maria Figueiredo do Nascimento

Diagnóstico de sumidouros: um estudo de caso de um condomínio multifamiliar em

Parnamirim/RN

Trabalho de Conclusão de Curso na

modalidade Monografia, submetido ao

Departamento de Engenharia Civil da

Universidade Federal do Rio Grande do

Norte como parte dos requisitos

necessários para obtenção do Título de

Bacharel em Engenharia Civil.

Orientador: Prof. Dr. Osvaldo De Freitas

Neto

Coorientador: Profa. Esp. Izabela

Cristiane de Lima Silva.

Natal-RN

2016

Catalogação da Publicação na Fonte

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - Sistema de Bibliotecas Biblioteca Central Zila Mamede / Setor

de Informação e Referência

Braz, Gabriela Maria Figueiredo do Nascimento.

Diagnóstico de sumidouros: um estudo de caso de um condomínio multifamiliar em Parnamirim/RN/

Gabriela Maria Figueiredo do Nascimento. - 2016.

29 f. : il.

Monografia (Graduação) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Tecnologia,

Departamento de Engenharia Civil. Natal, RN, 2016.

Orientador: Prof. Dr. Osvaldo de Freitas Neto.

Coorientadora: Profª. Esp. Izabela Cristiane de Lima Silva.

1. Engenharia civil - Monografia. 2. Sumidouros - Monografia. 3. Colmatação - Monografia. 4.

Infiltração - Monografia. I. Freitas Neto, Osvaldo de. II. Silva, Izabela Cristiane de Lima. III. Título.

RN/UF/BCZM CDU 624

Gabriela Maria Figueiredo do Nascimento

Diagnóstico de sumidouros: um estudo de caso de um condomínio multifamiliar em

Parnamirim/RN

Trabalho de conclusão de curso na

modalidade Monografia, submetido ao

Departamento de Engenharia Civil da

Universidade Federal do Rio Grande do

Norte como parte dos requisitos

necessários para obtenção do título de

Bacharel em Engenharia Civil.

Aprovado em 16 de Novembro de 2016:

___________________________________________________

Prof. Dr. Osvaldo De Freitas Neto - Orientador

___________________________________________________

Profa. Esp. Izabela Cristiane de L. Silva – Coorientador.

___________________________________________________

Prof. Dr. Fagner Alexandre Nunes de França – Examinador interno

___________________________________________________

Profa. MsC. Isabelly Bezerra Braga Gomes de Medeiros – Examinador externo

Natal-RN

2016

AGRADECIMENTOS

À vida por me conceder uma nova oportunidade;

Aos meus pais pelo amor;

Aos meus avós pela base;

À minha irmã pela admiração;

Aos meus tios pelo cuidado;

Aos meus companheiros de jornada por tornar a vida mais leve.

Gabriela Maria Figueiredo do Nascimento

RESUMO

Diagnóstico de sumidouros: um estudo de caso de um condomínio multifamiliar

em Parnamirim/RN

O saneamento básico consiste na implantação de medidas com o objetivo de preservar o

meio ambiente e consequentemente melhorar as condições da saúde pública da

população. As suas principais atividades estão ligadas ao fornecimento de água de

qualidade para a população, a coleta e o tratamento de esgotos e resíduos sólidos, além

da drenagem das águas pluviais.

O presente estudo tem como foco principal a redução do problema de infiltração dos

efluentes no solo, provenientes da estação de tratamento de esgoto, através de

sumidouros, onde, depois de passados cinco anos do início de operação do condomínio,

os mesmos encontram-se com a infiltração no solo comprometida, não suportando a

demanda de efluentes gerada. Fez-se necessário, então, o esgotamento total dos

sumidouros via carros limpa fossa, constando-se assim uma divergência entre a situação

ideal de projeto e a situação real construída. Constatada essa divergência, fez-se

necessário readaptar os sumidouros para a situação ideal de projeto, visando à melhora

da infiltração do efluente no solo, ademais, mesmo depois do serviço realizado, os

sumidouros continuaram sem suportar a demanda de efluentes do condomínio,

sugerindo a hipótese de subdimensionamento.

Para constatar o subdimensionamento, foram realizados dois ensaios. O primeiro ensaio

realizado foi o da sondagem de simples reconhecimento – SPT, para conhecer o tipo de

solo do local. O segundo ensaio realizado foi o de infiltração, com o intuito de observar

a taxa máxima de aplicação diária do solo.

Com os dados obtidos nesses dois ensaios, fez-se um novo dimensionamento dos

sumidouros para constar a área de infiltração necessária para a demanda de efluentes do

condomínio. Logo após o novo dimensionamento, comparou-se a área de infiltração

necessária com a área de infiltração disponível construída.

Contudo, o estudo de caso concluiu um subdimensionamento na área de infiltração

necessária dos sumidouros. Ou seja, os sumidouros construídos não suportam a

quantidade de efluentes que são despejados nos mesmos, devido à área de infiltração

lateral estar subdimensionada.

Palavras-chave: Sumidouros, Permeabilidade dos Solos, Dimensionamento de

Sumidouros, Ensaio SPT, Ensaio de Infiltração dos Solos, Taxa Máxima de Aplicação

Diária dos Solos, Solo.

ABSTRACT

Diagnosis of infiltration tanks: a case study of a multifamily condominium in

Parnamirim/RN

Basic sanitation consists of the implementation of measures aimed at preserving the

environment and consequently improving the public health conditions of the population.

Its main activities are linked to the provision of quality water for the population,

collection and treatment of sewage and solid waste, and drainage of rainwater.

The present study has as main focus the reduction of the problem of infiltration of the

effluents in the soil from the sewage treatment station through infiltration tanks, where,

after five years after the start of operation of the condominium, With the infiltration in

the soil compromised, not supporting the generated effluent demand. It was necessary,

then, the total exhaustion of the infiltration tanks via clean pit tanks, thus constituting a

divergence between the ideal design situation and the actual situation constructed. Once

this divergence was verified, it was necessary to readapt the infiltration tanks to the

ideal project situation, in order to improve the infiltration of the effluent in the soil,

besides, even after the service performed, the infiltration tanks continued without

supporting the effluent demand of the Condominium, suggesting the hypothesis of

undersizing.

In order to verify the undersizing, two tests were performed. The first test was the

simple recognition survey - SPT, to know the soil type of the site. The second

experiment was the one of infiltration, in order to observe the maximum rate of daily

application of the soil.

With the data obtained in these two tests, a new dimensioning of the infiltration tanks

was made to record the infiltration area required for the effluent demand of the

condominium. Soon after re-sizing, the required infiltration area was compared with the

available infiltration area constructed.

However, the case study concluded that the infiltration tanks needed to be infiltrated.

That is, the infiltration tanks constructed do not support the amount of effluents that are

dumped into them, because the lateral infiltration area is undersized.

Key words: Infiltration tanks, Permeability of Soils, Sizing of infiltration tanks,

Penetrometer Assay, Soil Infiltration Test, Maximum Rate of Daily Application of

Soils, Soil.

ÍNDICE GERAL

1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................................. 1

1.1 Considerações Iniciais ..................................................................................................................... 1

1.2 Objetivo ........................................................................................................................................... 1

1.3 Estrutura do trabalho ....................................................................................................................... 2

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................................................ 2

2.1 ESGOTO DOMÉSTICO ................................................................................................................. 2

2.2 ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ESGOTO – ETE ................................................................ 5

2.3 CAPACIDADE DE INFILTRAÇÃO DO SOLO ........................................................................... 7

2.4 SUMIDOURO ............................................................................................................................... 10

2.5. PERDA DA CAPACIDADE DE INFILTRAÇÃO DOS SOLOS ................................................ 15

3. METODOLOGIA ......................................................................................................................... 15

3.1. Serviços de readaptação dos sumidouros ...................................................................................... 18

3.2 Situação pós-readaptação .............................................................................................................. 18

3.3 Ensaio SPT .................................................................................................................................... 18

3.4 Ensaio de Infiltração ...................................................................................................................... 21

3.5 Redimensionamento dos sumidouros ............................................................................................ 22

3.6 Comparativos entre área de infiltração construída e área de infiltração necessária ....................... 24

4. CONCLUSÃO .............................................................................................................................. 25

REFERÊNCIAS ......................................................................................................................................... 27

ÍNDICE DE FIGURAS FIGURA PÁGINA

1

2

3

4

5

6

7

8

Sumidouro – Planta Baixa – Projeto Básico

Sumidouro – Corte BB

Sumidouro – Corte CC

Sumidouro – Tampa

Situação ideal do método construtivo dos sumidouros

Situação construtiva encontrada após o esgotamento dos sumidouros

Layout do local de ensaio SPT e de infiltração

Perfil de sondagem SPT

22

22

23

23

26

27

29

30

ÍNDICE DE TABELAS E QUADROS

TABELAS E QUADROS PÁGINA

1 Tabela 2.1 - Características Físico – Química dos Esgotos Sanitários

14

2 Tabela 2.2 - Microrganismos e parasitas presentes nos esgotos domésticos

brutos

15

3 Tabela 2.3 - Classificação dos solos quanto à permeabilidade

18

4 Tabela 2.1 - Valores de Taxa de Percolação em Taxa de Aplicação

Superficial

20

5

Quadro 2.1 – Descrição construtiva das figuras 2 e 3 24

6

Tabela 3.1 - Valores Obtidos do Teste de Sondagem 31

7

8

9

Tabela 3.2 - Valores de Taxa de Percolação em Taxa de Aplicação

Superficial

Quadro 3.1 – Ficha Técnica do Aquarelle Condomínio Clube

Tabela 3.3 - Contribuição diária de esgoto (C) e de lodo fresco (Lf) por

tipo de prédio e de ocupante

32

32

33

1

1 INTRODUÇÃO

1.1 Considerações Iniciais

O saneamento básico consiste na implantação de medidas com o objetivo de preservar

o meio ambiente e consequentemente melhorar as condições da saúde pública da população.

As principais atividades do saneamento básico estão ligadas ao fornecimento de água de

qualidade para a população, a coleta e o tratamento de esgotos e lixos, além da drenagem das

águas pluviais.

Como medidas de saneamento existem dois tipos de solução para coleta e tratamento

de esgoto: solução centralizada e solução descentralizada. A solução centralizada caracteriza-

se pela implantação de rede coletora e todos seus componentes, associada à Estação de

Tratamento de Esgoto (ETE), sendo aplicada em áreas urbanas. Em zonas periféricas seu

custo passa a ser muito oneroso, nesse caso, geralmente não se realiza a coleta do esgoto,

sendo sua destinação final responsabilidade de cada morador, que adotará o que lhe for mais

conveniente.

A disposição final dos efluentes, pós-tratamento, pode acontecer em corpos d’água

apropriados, com aprovação dos órgãos regulamentadores; rede pública; valas de infiltração

horizontal; sumidouros; ou serem encaminhado para reutilização (VON SPERLING, 1995). A Lei nº 11.445, de 5 de Janeiro de 2007, determina:

Na ausência de redes públicas de saneamento básico, serão admitidas

soluções individuais de abastecimento de água e de afastamento e destinação

final dos esgotos sanitários, observadas as normas editadas pela entidade

reguladora e pelos órgãos responsáveis pelas políticas ambiental, sanitária e

de recursos hídricos. O esgoto, por possuir diversas substâncias nocivas, ao longo do tempo, pode contribuir

para o preenchimento dos vazios do solo, causando uma espécie de impermeabilização, ou

seja, diminuindo a taxa de permeabilidade do solo. Em algumas situações a diminuição da

taxa de permeabilidade do solo ocorre de forma precoce. Na maioria dos casos isso ocorre

devido ao mau tratamento dos efluentes; aos equívocos na concepção do projeto ˗ tanto dos

dispositivos de infiltração como os de tratamento; ou por falhas na construção dos

dispositivos de infiltração no solo.

Quando a percolação do solo é afetada de forma precoce, há a necessidade de se

diagnosticar o problema para soluciona-lo ou reduzi-lo. A necessidade de diagnosticar a causa

da dificuldade de infiltração no solo do efluente do condomínio em questão deu origem a esse

trabalho, baseando-se na literatura e avaliação in loco para a detecção do problema.

1.2 Objetivo

O objetivo deste trabalho é diagnosticar o motivo da dificuldade de infiltração no solo

do o efluente gerado por um condomínio multifamiliar.

2

1.3 Estrutura do trabalho

O trabalho está dividido em quatro capítulos.

O primeiro capítulo, este em que se refere, compreende a introdução do estudo de

caso, com suas considerações iniciais, objetivos e estrutura do trabalho.

O segundo capítulo compõe a revisão bibliográfica, onde estão explanados os

significados de esgoto doméstico, estação de tratamento de esgoto, capacidade de infiltração

dos solos, ensaio SPT do solo, ensaio de infiltração do solo, sumidouros e perda de

capacidade de infiltração do solo.

O terceiro capítulo retrata a metodologia que foi utilizada para alcançar o objetivo

desse estudo de caso.

No quarto e último capítulo, conclui-se a problemática inicial através dos resultados e

discussões.

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 ESGOTO DOMÉSTICO

Segundo a NBR 9648 (ABNT, 1986), Esgoto sanitário é o despejo líquido constituído de esgotos doméstico e

industrial, água de infiltração e a contribuição pluvial parasitária e esgoto

doméstico é o despejo líquido resultante do uso da água para higiene e

necessidades fisiológicas humanas.

Características do esgoto

As características dos esgotos diferenciam-se quanto aos aspectos físicos, químicos e

biológicos. Onde, segundo o Manual de Saneamento (FUNASA, 2015):

a) Características Físicas:

Matéria Sólida: os esgotos domésticos contêm aproximadamente 99,9% de água,

e apenas 0,1% de sólidos. Portanto, devido a esse percentual de 0,1% de sólidos, faz-se

necessária a necessidade de tratamento dos esgotos para não ocorrer à poluição das águas.

Temperatura: a temperatura do esgoto é, em geral, pouco superior à das águas

de abastecimento. A velocidade de decomposição do esgoto é proporcional ao aumento da

temperatura.

Odor: os odores característicos dos esgotos são causados pelos gases formados

no processo de decomposição.

Cor e Turbidez: a cor e turbidez indicam de imediato o estado de

decomposição do esgoto. A tonalidade acinzentada é típica do esgoto fresco e a cor preta é típica

do esgoto velho.

Variação de vazão: a variação de vazão do efluente de um sistema de esgoto

doméstico é função dos habitantes. A vazão doméstica do esgoto é calculada em função do consumo

médio diário de água de um indivíduo.

3

b) Características Químicas:

Matéria orgânica: cerca de 70% dos sólidos no esgoto são de origem

orgânica, geralmente são uma combinação de carbono, hidrogênio, oxigênio e nitrogênio. As

substâncias orgânicas dos esgotos são compostas de proteínas (40% a 60%), carboidratos

(25% a 50%), gorduras e óleos (10%), ureia, sulfatans, fenóis, etc.

Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO): É a forma mais utilizada para se

medir a quantidade de matéria orgânica presente no esgoto. Quanto maior o grau de poluição

orgânica maior será a DBO. Em geral, a DBO dos esgotos domésticos varia entre 100mg/L e

300mg/L.

Demanda Química de Oxigênio (DQO): Mede o consumo de oxigênio para a

oxidação química de uma amostra de esgoto obtida através de um forte oxidante (Dicromato

de Potássio). Apresenta a vantagem de ser rápida, e indica bem o oxigênio requerido para a

estabilização da matéria orgânica carbonácea (biodegradável e não biodegradável). Todavia

oxida também a fração inerte (constituintes inorgânicos) e com isto superestima a quantidade

de oxigênio necessário para o tratamento biológico do esgoto. Para o esgoto doméstico bruto a

relação DQO/DBO varia de 1,7 a 2,4, sendo usual adotar o valor de 2,0.

Carbono orgânico total (COT): É uma medição direta que tem se mostrado

satisfatória em amostras com baixa quantidade de matéria orgânica como, por exemplo, os

corpos d’água. Este teste é menos rotineiro em laboratórios convencionais.

Oxigênio dissolvido (OD): Determinação válida e usual para aferir a qualidade

dos cursos de água. É um fator limitante para manutenção da vida aquática e de processos de

autodepuração em sistemas aquáticos naturais e estações de tratamento de esgotos.

O valor mínimo de oxigênio dissolvido (OD) para a preservação da vida aquática

estabelecido pela legislação no Brasil é de 5,0 mg/l, mas existe uma variação na tolerância de

uma espécie para outra. A concentração de oxigênio presente na água varia de acordo com a

pressão atmosférica.

Nitrogênio: Os testes de nitrogênio vêm sendo cada vez mais utilizados para a

caracterização dos esgotos, sendo também indicativos importantes para a manutenção da

atividade biológica nos processos de tratamento e no controle da poluição das águas.

No esgoto fresco o nitrogênio orgânico está combinado sob a forma de proteína e

ureia. As bactérias transformam o nitrogênio orgânico em amônia e posteriormente em nitritos

e depois em nitratos. Águas com temperaturas mais baixas têm maior capacidade de dissolver

oxigênio; já em maiores altitudes, onde é menor pressão atmosférica, o oxigênio dissolvido

apresenta menor solubilidade.

Fósforo: O fósforo é um nutriente essencial para o crescimento dos micro-

organismos responsáveis pela estabilização da matéria orgânica.

Em corpos de água o fósforo em excesso poderá conduzir a crescimento exagerado de

algas e ocasionar o fenômeno de eutrofização de lagos e represas.

Matéria Inorgânica: formada principalmente pela presença de areia e de

substâncias minerais dissolvidas.

As características quantitativas químicas típicas de esgotos domésticos encontram-se

representadas pela tabela 2.1 adaptada de (VON SPERLING, 1995).

4

Tabela 2.2 – Características Físico – Química dos Esgotos Sanitários

Parâmetro Contribuição Per Capita (g/hab.dia) Concentração

Faixa Típico Unidade Faixa Típico

Solidos totais 120 - 220 180 mg/l 700 - 1350 1100

Em suspensão 35 -70 60 mg/l 200 - 450 400

Fixos 7 - 14 10 mg/l 40 - 100 80

Voláteis 25 - 60 50 mg/l 165 - 350 320

Dissolvidos 85 - 150 120 mg/l 500 - 900 700

Fixos 50 - 90 70 mg/l 300 - 550 400

Voláteis 35 - 60 50 mg/l 200 - 350 300

Sedimentáveis - - mg/l 44105 15

Matéria Orgânica

Determinação indireta

DBO 40 - 60 50 mg/l 200 - 500 350

DQO 80 - 130 100 mg/l 400 - 800 700

DBO última 60 - 90 75 mg/l 350 - 600 500

Determinação direta

COT 30 - 60 45 mg/l 170 - 350 250

Nitrogênio total 6 - 112 8 mgN/l 35 -75 50

Nitrogênio orgânico 2,5 - 5,0 3,5 mgN/l 15 - 30 20

Amônia 3,5 - 7,0 4,5 mgNH3-N/l 20 - 40 30

Nitrito ≈ 0 ≈ 0 mgNO2-N/l ≈ 0 ≈ 0

Nitrato 0,0 - 0,5 ≈ 0 mgNO2-N/l 0 - 2 ≈ 0

Fósforo 1,0 - 4,5 2,5 mgP/l 5 - 25 14

Fósforo orgânico 0,3 - 1,5 0,8 mgP/l 2 - 8 4

Fósforo inorgânico 0,7 - 3,0 1,7 mgP/l 4 - 17 10

pH - - - 6,7 - 7,5 7

Alcalinidade 20 - 30 25 mgCaCO2/l 110 - 170 140

Cloretos 4 - 8 6 mg/l 20 - 50 35

Óleos e graxas 10 - 30 20 mg/l 55 - 170 110

Fonte: VON SPERLING, 1995. Adaptado.

c) Características Biológicas:

Micro-organismos de Águas Residuais: Os principais organismos

encontrados nos esgotos são as bactérias, os fungos, os protozoários, os vírus e as algas.

Desses, as bactérias são as mais importantes, pois são responsáveis pela decomposição e

estabilização da matéria orgânica tanto na natureza como nas estações de tratamento.

Indicadores de Poluição: Há vários organismos cuja presença num corpo

d’água indica uma forma qualquer de poluição.

Para indicar a poluição de origem humana adotam-se os organismos do grupo

coliforme. As bactérias coliformes são típicas do intestino do homem além de outros

mamíferos, e por estarem presentes nas fezes humanas, são adotadas como referência para

indicar e medir a grandeza da poluição.

5

As características quantitativas biológicas típicas de esgotos domésticos, em termos de

organismos patogênicos, encontram-se representadas pela tabela 2.2 adaptada de (VON

SPERLING, 1995).

Tabela 3.2 - Microrganismos e parasitas presentes nos esgotos domésticos brutos

Tipo Organismo Contribuição per capita (org/hab.d)

Bactérias Coliformes totais 109 - 10¹³

Coliformes fecais (termotolerantes) 109 - 10¹²

E. coll 109 - 10¹²

Clostridium perfrigens 106 - 10

8

Enterococos 107 - 10

8

Estrepiococos fecais 107 - 10

10

Pseudomonas aeruginosa 106 - 10

9

Shigella 10³ - 106

Salmonella 105 - 10

7

Protozoários Cryptosporidium parvum (oocistos) 104 - 10

6

Entamoeba histolytica (cistos) 104 - 10

8

Giardia lamblia (cistos) 104 - 10

7

Helmintos Helmintos (ovos) 10³ - 106

Ascaris lumbricoides 10¹ - 106

Vírus Vírus entéricos 105 - 10

7

Colfagos 106 - 10

7

Fonte: VON SPERLING, 1995. Adaptado.

2.2 ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ESGOTO – ETE

Segundo a NBR 12209 (ABNT, 1992), Estação de tratamento de esgoto (ETE) é o conjunto de unidades de

tratamento, equipamentos, órgãos auxiliares, acessórios e sistemas de

utilidades cuja finalidade é a redução das cargas poluidoras do esgoto

sanitário e condicionamento da matéria residual resultante do tratamento.

Diversas formas ambientalmente sustentáveis para o tratamento e disposição final dos

esgotos devem ser estudadas e empregadas em pequenas localidades. As alternativas

individuais devem ser função da densidade demográfica, a partir de uma determinada

densidade, torna-se mais viável economicamente a implantação de uma rede coletora de

esgotos.

É comum em comunidades rurais e áreas periféricas, os sistemas descentralizados de

coleta e tratamento de esgotos, por constituírem uma alternativa para atender a população,

porém, deve-se atentar para o nível da qualidade do efluente final para assegurar a proteção da

saúde pública e do meio ambiente.

Existem muitos processos tecnológicos de tratamento de esgotos. A escolha do melhor

tratamento vai depender da situação, devendo considerar as condições locais, os objetivos, a

eficiência desejada, e a relação custo/benefício incluindo-se as despesas operacionais.

6

Com base no Manual de Saneamento (FUNASA, 2015), para pequenas localidades a

escolha de soluções tecnológicas mais simples e naturais é mais recomendada, devendo-se

atender a alguns requisitos principais:

Baixo custo de implantação e de operação, com nenhuma ou mínima dependência de

fornecimento de energia, equipamentos e peças;

Adequada eficiência na remoção de poluentes com simplicidade operacional e de

controle;

Tecnologia aplicável em pequena escala (sistemas descentralizados), mas com

flexibilidade para expansões futuras e aumento de eficiência no processo;

Reduzido problema com o manejo e disposição do lodo produzido e possibilidade de

recuperação de subprodutos utilizáveis;

Elevada vida útil e experiência prática na utilização da tecnologia.

Operações unitárias, processos e sistemas de tratamento

As unidades de tratamento, nas quais se processam as operações unitárias, são

responsáveis pela remoção ou transformação de substâncias indesejáveis em outras mais

simples.

Segundo o Manual de Saneamento (FUNASA, 2015), as operações unitárias

costumam ser divididas em:

Operações físicas unitárias: gradeamento, homogeneização, sedimentação, flotação,

filtração;

Processos químicos unitários: coagulação química e floculação, precipitação química,

adsorção, desinfecção;

Processos biológicos unitários: oxidação ou estabilização biológica da matéria

orgânica, remoção biológica de nutrientes, digestão de lodo.

Os sistemas de tratamento de esgotos são formados por uma ou mais combinações de

unidades de tratamento, selecionadas em função do poluente a ser removido e do grau de

eficiência desejado.

Nível de tratamento e eficiência

O nível de tratamento relaciona-se à remoção dos poluentes, adequando-se aos padrões

de lançamento do corpo receptor, exigidos pelos órgãos ambientais.

A eficiência de remoção de poluentes é a relação percentual do valor da concentração

do poluente e o valor da concentração do poluente na entrada da unidade de tratamento.

Os níveis de tratamento da fase líquida do esgoto são usualmente classificados pelo

Manual de Saneamento (FUNASA, 2015) como: preliminar, primário, secundário e terciário.

Tratamento preliminar: remoção de sólidos grosseiros;

Tratamento primário: predominam os mecanismos físicos, removendo os sólidos

sedimentáveis e parte da matéria orgânica;

Tratamento secundário: predominam os mecanismos biológicos, removendo a matéria

orgânica e os nutrientes (nitrogênio e fósforo);

Tratamento terciário: remoção de poluentes específicos, tóxicos ou compostos não

biodegradáveis, ou ainda, poluentes não removidos no tratamento secundário.

Os quatro níveis de tratamento citados poderão ser obtidos empregando-se processos

que utilizam unidade de tratamento isolada, ou o conjunto dessas unidades, sempre

objetivando a simplicidade e menor custo de implantação e operação.

Essas unidades de tratamento apresentam faixas percentuais de eficiência

diferenciadas para cada poluente, em função do mecanismo de remoção predominante.

7

Portanto, os processos de tratamento têm eficiências variáveis, sendo relativos para cada tipo

de poluente.

Para os esgotos domésticos, os parâmetros citados no Manual de Saneamento

(FUNASA, 2015) para aferir a eficiência de um processo de tratamento são: sólidos suspensos

totais, DBO total, nitrogênio total, fósforo totais e coliformes termo tolerantes.

Parâmetros para o lançamento de efluentes no solo

Sendo o esgoto um resíduo gerador de poluição, e relacionado diretamente com os

efeitos negativos à saúde, ao meio ambiente e ao desenvolvimento econômico e social, seu

controle deve ser primordial, dando-se máxima importância ao seu afastamento, tratamento e

disposição final.

Desta maneira, evita-se a contaminação do solo e a degradação dos mananciais de

abastecimento de água e a proliferação de vetores, melhorando as condições sanitárias locais e

reduzindo os gastos públicos com o tratamento de endemias e epidêmicas.

No aspecto do desenvolvimento econômico e social, o tratamento e disposição dos

esgotos interferem no aumento da vida média do homem por diversos motivos citados no

Manual de Saneamento (FUNASA, 2015):

Redução dos casos de doenças; despesas com o tratamento de doenças evitáveis;

Redução do custo do tratamento da água de abastecimento, pela prevenção da poluição

dos mananciais; controle da poluição das praias e dos locais de recreação –

promovendo o turismo; preservação da biota aquática, especialmente os criadouros de

peixes; obtenção de maior disponibilidade hídrica para a instalação de indústrias

devido à conservação dos recursos naturais.

O lançamento de efluentes no solo é regulamentado pela Resolução CONAMA

396/08, em seu artigo 27º que afirma: A aplicação e disposição de efluentes e de resíduos no solo deverão

observar os critérios e exigências definidos pelos órgãos competentes e não

poderão conferir as águas subterrâneas características em desacordo com o

seu enquadramento.

2.3 CAPACIDADE DE INFILTRAÇÃO DO SOLO

Definição

Sabendo-se que o solo é ótimo para tratar os esgotos domésticos, por promover uma

grande redução dos organismos patogênicos, é imprescindível estabelecer a sua capacidade de

absorção, ou sua permeabilidade, para a definição da solução adequada na destinação final

dos efluentes do sistema de tratamento.

Uma das classificações do solo é em relação a sua porosidade. A porosidade do solo é

dada pelo volume do espaço poroso do solo, e esse espaço é construído pelo arranjo dos

componentes das partículas sólidas do solo que, em condições naturais, é ocupada por água e

ar.

Como explica a revista EMBRAPA ALGODÃO (EMBRAPA, 2003): As areias retêm pouca água, porque seu grande espaço poroso permite a

drenagem livre da água dos solos. As argilas absorvem relativamente,

grandes quantidades de água e seus menores espaços porosos a retêm contra

as forças de gravidade. Apesar dos solos argilosos possuírem maior

capacidade de retenção de água que os solos arenosos, esta umidade não está

8

totalmente disponível para as plantas em crescimento. Os solos argilosos (e

aqueles com alto teor de matéria orgânica) retêm mais fortemente a água que

os solos arenosos. Isto significa mais água não disponível.

Sendo assim, a porosidade de um solo está ligada a sua permeabilidade. A

permeabilidade é a propriedade que o solo apresenta de permitir o escoamento do efluente

através de seus poros, sendo expresso numericamente através do coeficiente de

permeabilidade.

A classificação dos solos quanto à sua permeabilidade está representada na tabela 2.3,

abaixo.

Tabela 2.3 - Classificação dos solos quanto à permeabilidade

Classificação Grau de

permeabilidade

Tipos de solos Coeficiente de

permeabilidade a 20

ºC (cm/s)

Solos permeáveis Alta

Média

Baixa

Pedregulhos

Areias

Siltes e Argilas

> 10−1

10−1 a 10−3

10−3 a 10−5

Solos impermeáveis Muito baixa

Baixíssima

Argilas

Argilas 10−5 a 10−7

< 10−7

Fonte: CAPUTO, 1996. Adaptado.

Sondagens de simples reconhecimento com SPT - Método de ensaio - NBR

6484/01

O objetivo da realização de uma sondagem é conhecer o tipo de solo e suas principais

características, como o nível do lençol freático e a resistência. Uma das mais conhecidas e

realizadas é a sondagem do tipo SPT-T.

A sondagem do tipo SPT-T é mais um método de investigação de solo no qual a

perfuração é feita por meio de trado ou de lavagem do solo, cravando-se um amostrador

padrão para a obtenção de medidas de resistência à penetração, coleta de amostras e

determinação do nível de água.

A resistência do solo obtém-se contando o número de golpes necessários para cravar

um amostrador padrão definido na norma NBR 6484/01. Entretanto, a medida de resistência,

mais conhecida como NSPT, é obtida contando o número de golpes necessários para cravar o

amostrador em três segmentos de 15 cm. Coleta-se então, uma amostra metro a metro, na

qual, permite a análise tátil e visual das camadas de solo.

Se a sondagem é realizada acima do nível da água, a perfuração deve ser executada

com o auxílio de um trado concha ou helicoidal até atingir o lençol freático. Já, se a sondagem

é realizada abaixo do nível da água, utiliza-se o método de percussão com circulação da água.

O ensaio SPT apenas torna-se SPT-T quando após o término da cravação, acopla-se

um torquímetro na parte superior da haste e aplica-se o torque. Da aplicação do torque,

obtêm-se duas medidas, uma correspondente ao valor máximo do torque e a outra o valor do

torque residual.

9

Procedimentos do ensaio SPT

1. Amostrador padrão

Escava-se o solo até atingir 1 m de profundidade. Após atingir essa profundidade, a

equipe posiciona o amostrador padrão, que será cravado e coletará as amostras de solo.

Posiciona-se também a cabeça de bater para receber o impacto direto do martelo.

2. Marcação

Marca-se um segmento de 45 cm, dividido em três partes iguais de 15 cm. Essa

marcação serve de referência para a contagem das batidas do martelo em cada trecho.

3. Posicionamento do martelo

Inicia-se a cravação, posicionando o martelo a 75 cm de altura da cabeça de bater e

iniciam-se os golpes até que se crave os 45 cm. Anota-se, então, a quantidade de golpes

necessária para cravar o amostrador a cada 15 cm.

4. Coleta de amostras

Ao cravar-se os 45 cm, o amostrador padrão é retirado para a coleta de amostras do

solo. Seguem-se os mesmos passos anteriores até que se encontre o nível da água.

5. Teste de umidade

Quando a amostra é retirada e percebe-se umidade no solo, faz-se um teste para saber

se foi atingido o nível da água. Um equipamento chamado "piu" realiza o teste. Esse

equipamento, ao ser tocado na água emite um som.

Após encontrar o nível da água, continua-se a perfuração, porém utilizando o método

de percussão com circulação de água.

6. Colocação do torquímetro

Ao terminar a cravação do amostrador, acopla-se um torquímetro na parte superior das

hastes e aplica-se um torque obtendo duas medidas. Uma corresponde ao valor máximo do

torque e a outra correspondente ao torque residual.

Determinação da capacidade de percolação do solo

Para dimensionar qualquer sistema de disposição de efluente no solo, há a necessidade

da determinação da capacidade de percolação dos solos. Essa determinação ocorre através do

ensaio de infiltração do solo.

Para estimar a capacidade de percolação dos solos, a NBR 13969/97, em seu anexo

A.2, sugere os procedimentos abaixo descritos. a. O número de locais de ensaio deve ser no mínimo 3 pontos, distribuídos

aproximadamente de modo a cobrir áreas iguais no local indicado para campo

de infiltração;

b. Com o trado de ∅ 150 mm, escavar uma cava vertical, de modo que o fundo

da cava esteja aproximadamente no mesmo nível previsto para fundos das

valas;

c. Retirar os materiais soltos no fundo da cava e cobrir o fundo com cerca de

0,05 m de brita;

d. Encher a cava com água até a profundidade de 0,30 m do fundo e manter esta

altura durante pelo menos 4 h, completando com água na medida em que

desce o nível. Este período deve ser prolongado para 12 h ou mais se o solo

for argiloso; esta constitui uma etapa preliminar para saturação do solo;

e. Se toda a água inicialmente colocada infiltrar no solo dentro de 10 min pode-

se começar o ensaio imediatamente;

f. Exceto para solo arenoso, o ensaio de percolação não deve ser feito 30 h após

o início da etapa de saturação do solo;

g. Determinar a taxa de percolação como a seguir:

10

- colocar 0,15 m de água na cava acima da brita, cuidando-se para que durante

todo o ensaio, não seja permitido que o nível da água supere 0,15 m;

- imediatamente após o enchimento, determinar o abaixamento do nível

d’água na cava a cada 30 min (queda do nível) e, após cada determinação,

colocar mais água para retornar ao nível de 0,15 m. O ensaio deve prosseguir

até que se obtenha diferença de rebaixamento dos níveis entre as duas

determinações sucessivas inferiores a 0,015 m, em pelo menos três medições

necessariamente. No solo arenoso, quando a água colocada se infiltra no

período inferior a 30 min, o intervalo entre as leituras deve ser reduzido para

10 min, durante 1 h; assim sendo, nesse caso, o valor da queda a ser utilizado

é aquele da última leitura;

h. Calcular a taxa de percolação para cada cava escavada, a partir dos valores

apurados, dividindo-se o intervalo de tempo entre determinações pelo

rebaixamento lido na última determinação;

i. O valor médio da taxa de percolação da área é obtido calculando-se a média

aritmética dos valores das cavas;

j. O valor real a ser utilizado no cálculo da área necessária está especificado na

tabela 4, abaixo;

k. Obtém-se o valor da área total necessária para área de infiltração dividindo-se

o volume total diário estimado de esgoto (m³/dia) pela taxa máxima de

aplicação diária.

Tabela 2.4 - Valores de Taxa de Percolação em Taxa de Aplicação Superficial

Taxa de percolação

min/m

Taxa máxima de aplicação diária

m³/m².dia

40 ou menos 0,2

80 0,14

120 0,12

160 0,10

200 0,09

400 0,065

600 0,053

1200 0,037

1400 0,032

2400 0,024

2.4 SUMIDOURO

A disposição adequada dos esgotos é essencial à proteção da saúde pública. São

inúmeras as doenças que podem ser transmitidas por uma disposição inadequada

(NUVOLARI, 2003).

Como alternativa técnica, considerada viável para proceder ao tratamento

complementar e disposição final do efluente, utiliza-se de poços absorventes, denominados

sumidouros.

Como exposto na NBR 13969 (ABNT, 1997): O sumidouro é a unidade de depuração e de disposição final do efluente de

tanque séptico verticalizado em relação à vala de infiltração. Devido a esta

Fonte: NBR 13969/97: Tanques sépticos – Unidades de tratamento

complementar e disposição final dos efluentes líquidos – Projeto, construção

e operação.

11

característica, seu uso é favorável somente nas áreas onde o aquífero é

profundo, onde possa garantir a distância mínima de 1,50 m (exceto areia)

entre o seu fundo e o nível aquífero máximo.

Esta norma oferece alternativas de procedimentos técnicos para o projeto, construção e

operação de unidades de tratamento complementar e disposição final dos efluentes líquidos

para o tratamento local de esgotos.

As alternativas citadas devem ser selecionadas de acordo com as necessidades e

condições locais onde é implantado o sistema de tratamento, tais como os dados sobre vazões

reais a serem tratadas, as características do esgoto, do solo, do nível aquífero, das condições

climáticas locais etc. Conforme as necessidades locais, as alternativas citadas podem ser

utilizadas complementarmente entre si, para atender ao maior rigor legal ou para efetiva

proteção do manancial hídrico, a critério do órgão fiscalizador competente.

Para o dimensionamento dos sumidouros, devem-se seguir os procedimentos

adequados de cálculo também regidos por essa norma.

Apesar de ser considerado um procedimento simples de disposição e tratamento de

esgoto doméstico, para qualquer dimensionamento e construção de sumidouro, deve ser feito

um projeto levando em consideração a NBR relacionada.

Dimensionamento dos Sumidouros

A área necessária para infiltração do efluente pode ser obtida pela expressão:

A = V ÷ Ci; (1)

Onde:

V = volume de contribuição diário em l/dia = N x C;

N = número de contribuintes;

C = contribuição unitária de esgotos;

Ci = coeficiente de infiltração do terreno.

Para a determinação do coeficiente de infiltração do terreno (Ci) deverão ser seguidas

as regras da NBR 13969/97, citadas anteriormente, no item “Determinação da capacidade de

percolação do solo” do presente trabalho.

Apesar da norma (NBR 13969/97) considerar o fundo e as paredes como área de

infiltração, como segurança, o projetista poderá contabilizar apenas a área lateral,

desprezando a infiltração pelo fundo do sumidouro.

Detalhes Construtivos dos Sumidouros

Baseando-se na NBR 13969/97, algumas considerações construtivas são feitas em

relação aos sumidouros:

a) Os sumidouros devem ter as paredes revestidas de alvenaria de tijolos, assentes

com juntas livres, ou de anéis (ou placas) pré-moldados de concreto, convenientemente

fundos, e ter enchimento no fundo de cascalho, pedra britada e coque de pelo menos 0,50 m

de espessura;

b) As lajes de cobertura dos sumidouros devem ficar ao nível do terreno, de

concreto armado, dotadas de aberturas de inspeção com tampão de fechamento hermético,

cuja menor dimensão em seção seja de 0,60 m.

A seguir, demonstram-se os detalhes construtivos dos sumidouros através das figuras

1, 2, 3 e 4, bem como suas respectivas legendas no quadro 2.1.

12

Figura 1 - Sumidouro – Planta Baixa – Projeto Básico

Fonte: CEHOP. FILTROS E SUMIDOUROS. Instalações Sanitárias. Obras Civis.

Fonte: CEHOP. FILTROS E SUMIDOUROS. Instalações Sanitárias. Obras Civis.

Figura 2 - Sumidouro – Corte BB

13

Figura 3 - Sumidouro – Corte CC

Fonte: CEHOP. FILTROS E SUMIDOUROS. Instalações Sanitárias. Obras Civis.

Figura 4 - Sumidouro - Tampa

Fonte: CEHOP. FILTROS E SUMIDOUROS. Instalações Sanitárias. Obras Civis.

14

Quadro 2.1 – Descrição construtiva das figuras 2 e 3

Item Descrição

E Tampa em concreto estrutural Fck = 15 Mpa

F Alvenaria de pedra calcárea assente com argamassa traço T4 (1:5 de cimento e

areia)

G Alvenaria de blocos cerâmicos seis furos, com furos voltados para fora e assentes

com argamassa traço T4 (1:5 de cimento e areia).

H

Alvenaria de tijolo cerâmico maciço, espessura 9,0cm, assente com argamassa traço

T4 (1:5 de cimento e areia) e revestida internamente com argamassa traço T1 (1:3

de cimento e areia), sobre chapisco com argamassa traço T1.

I Camada de brita nº 3

J Laje pré-moldada para piso, espessura = 12,0 cm.

L Laje pré-moldada para piso, espessura = 12,0 cm.

Fonte - CEHOP. FILTROS E SUMIDOUROS. Instalações Sanitárias. Obras Civis.

Considerações Gerais

a) No estabelecimento das dimensões do sumidouro, a cota de fundo deverá

ser mantida o mais afastado possível do lençol freático;

b) Sempre que possível, o sumidouro deverá ser projetado em duas unidades, para

permitir o uso alternado;

c) Quando o volume de contribuição crescer acima de 4.000 litros, é

recomendável dividir o sumidouro em dois, tendo o cuidado de afastá-los entre si, de uma

distância maior que três vezes a sua maior dimensão, e nunca menor que 6 metros.

Deverão ser observadas as seguintes condições com relação à implantação dos

sumidouros:

A distância mínima permitida entre o sumidouro e qualquer manancial ou

fonte de captação de água será de 30,0 m;

Sua localização deverá ter fácil acesso;

Não poderão comprometer a estabilidade de edificações adjacentes

O fundo deverá ficar no mínimo, 1,50 m acima do lençol freático.

Manutenção

Os sumidouros devem sofrer inspeções semestrais, pois, observada a redução da

capacidade de absorção do solo, novas unidades devem ser construídas.

15

2.5. PERDA DA CAPACIDADE DE INFILTRAÇÃO DOS SOLOS

Como estudado por (Gloaguen, 2005), a aplicação de esgotos domésticos sobre a

condutividade hidráulica do solo produzem efeitos que não são claramente definidos

(SOUZA et al., 2010).

Sabe-se que a diminuição da condutividade hidráulica do solo está associada à

obstrução física dos vazios do solo, decorrente do aporte de sólidos em suspensão e dos

coloidais, e também à obstrução biológica, em virtude do desenvolvimento da população

microbiana nas camadas de solo (MAGESAN et al., 2000).

A obstrução do meio filtrante é um problema que envolve fenômenos biológicos

(acumulação de microrganismos) e físicos (mecanismo de filtração), conforme informado

por Magesan et al., (2000) e Pavelic et al., (2011), mas também envolve processos

químicos, associado notadamente pela deposição e acumulação de precipitados químicos

(PEDESCOLL et al., 2011). Esse bloqueio nos vazios dos solos configura-se como uma

provável colmatação dos mesmos, o que pode ocasionar retardo no fluxo do líquido e

diminuir a eficiência do sistema de tratamento pela redução da condutividade hidráulica do

solo, naqueles que se utilizam da areia como meio filtrante (SOLEIMANI et al., 2009).

3. METODOLOGIA

O presente trabalho esclarece a problemática do condomínio multifamiliar localizado

em Nova Parnamirim – Parnamirim/RN. O condomínio dispõe de quatro torres de 20

pavimentos, sendo 4 unidades por pavimento, totalizando 304 unidades de unidades. O seu

início de operação se deu em Dezembro de 2009.

Atualmente, para o local em que o condomínio se encontra a cidade de

Parnamirim/RN não possui rede coletora de esgoto, ou seja, o condomínio utiliza a disposição

de efluentes no solo, provenientes da estação de tratamento de esgoto, através de sumidouros.

O efluente do condomínio é tratado por uma estação de tratamento de esgotos e só

depois é disposto nos sumidouros. O condomínio dispõe de dois sumidouros de dimensões

(51,0 x 3,0 x 2,5 m³ e 53,0 x 3,0 x 2,5 m³). Sendo essas dimensões o comprimento, a largura e

a altura, respectivamente.

Passados cinco anos após a partida do sistema, iniciou-se o surgimento de problemas

devido ao preenchimento completo e transbordamento de efluentes dos dois sumidos, o que

alavancou um aumento no custo condominial devido as constantes terceirizações de carros

limpa fossa para o esvaziamento desses sumidouros.

O projeto ideal dos sumidouros, já existentes, deveria ser baseado na norma NBR

13969/97 e os sumidouros construídos conforme o layout disponível no Relatório Técnico do

Condomínio1, representado na figura 5.

1 Aquarelle Residencial Clube. LIMPEZA E ADEQUAÇÃO DOS SUMIDOUROS, RELATÓRIO TÉCNICO. Parnamirim,

2015.

16

Figura 5 - Situação ideal do método construtivo dos sumidouros

Fonte: Elaborado pela autora, 2016.

17

Como tentativa de encontrar a razão do problema, foram utilizados 78 carros limpa-

fossa para esgotamento de ambos os sumidouros. A grande quantidade de carros limpa fossa

se deveu ao constante recebimento de efluentes no sistema, ou seja, enquanto os sumidouros

estavam sendo esgotados, os efluentes do condomínio continuavam chegando de forma

ininterrupta.

Após o esgotamento dos sumidouros foi observada que a sua execução não atendia às

recomendações propostas no projeto, bem como não atendia as recomendações da norma

NBR 13969/97.

Abaixo se encontra representada, através da figura 6, a situação construtiva encontrada

após o esgotamento dos sumidouros.

Figura 6 - Situação construtiva encontrada após o esgotamento dos sumidouros

Fonte: Elaborado pela autora, 2016.

18

Não obstante, além da situação construtiva não está de acordo com os parâmetros

ideais, precisou ser diagnosticado o motivo da dificuldade de infiltração dos efluentes no solo.

Para isso, a metodologia seguiu a seguinte estrutura:

1. Readaptação dos sumidouros existentes;

2. Ensaio SPT do solo;

3. Ensaio de infiltração;

4. Dimensionamento dos sumidouros;

5. Comparação entre o dimensionamento dos sumidouros já existentes e do novo

dimensionamento;

6. Detecção do problema.

3.1. Serviços de readaptação dos sumidouros

Avaliando a realidade instalada, e tendo como referência o que foi previsto em projeto,

foi possível identificar as seguintes divergências no método construtivo dos sumidouros:

a) Ausência de brita na superfície inferior do sumidouro.

b) Brita disposta nas cavas e tubos de PVC;

c) Ausência de tubos de PVC no segundo sumidouro e poucos no primeiro;

d) Filme de solo colmatado no fundo do sumidouro;

A partir do diagnóstico situacional supracitado, realizou-se o serviço de manutenção e

readaptação dos sumidouros existentes, com o objetivo de solucionar ou reduzir o problema

da dificuldade de infiltração no solo, conforme descrição apresentada a seguir.

a) Esgotamento dos sumidouros via carros limpa-fossa;

b) Retirada da camada superficial do solo colmatado;

c) Colocação novos tubos PVC;

d) Limpeza e colocação de brita na superfície inferior dos sumidouros.

Após a realização dos serviços de readaptação dos sumidouros obteve-se exatamente a

situação descrita no layout de projeto, conforme mostra a figura 5.

3.2 Situação pós-readaptação

Apesar dos serviços de readaptação, o solo prosseguiu com dificuldade de infiltração

do efluente despejado nos sumidouros.

Portanto, foi necessário fazer-se o estudo de ensaios e redimensionamento dos

sumidouros para comprovar a hipótese de que o sistema estaria subdimensionado para a

demanda de efluente do condomínio.

3.3 Ensaio SPT

Nos dias 25 e 26 de Abril de 2016, investigou-se geotécnicamente o solo em questão

através da sondagem à percussão (SPT). Esse tipo de ensaio teve como objetivo conhecer o

perfil do terreno em que o efluente estaria sendo disposto e posteriormente calcular a taxa de

infiltração do mesmo.

O serviço realizado pela empresa responsável diferiu do proposto pela NBR 8036/83

no que diz respeito à quantidade de furos de sondagem.

19

A NBR 8036/83 afirma que: Em quaisquer circunstancias o número mínimo de sondagens deve ser

a) Dois para área da projeção em planta do edifício até 200 m²;

b) Três para área entre 200 m² e 400 m².

O ensaio realizado no condomínio resumiu-se na execução de 01 furo de sondagem à

percussão, onde sua locação foi estipulada pelo solicitante do serviço.

Conforme representado no layout da figura 7, a localização do ensaio não consistiu na

mesma localização de onde se encontram dispostos os sumidouros. Os sumidouros localizam-

se no estacionamento subsolo e o ensaio foi realizado na parte externa do condomínio. Isso

ocorreu, pois o pé direito do estacionamento subsolo é muito baixo, o que dificulta a entrada

de maquinários para realização do ensaio.

Figura 7 – Layout do local de execução do ensaio SPT e local dos sumidouros

Fonte: http://www.estruturalbrasil.com.br/Content/imoveis/aquarelle-condominio-clube/planta-02.jpg

Para a realização do ensaio utilizou-se um amostrador padrão do tipo SPT (Standard

Penetration Test) com corpo bipartido e tubos metálicos de revestimento com diâmetro

interno de aproximadamente de 3’’. E para o auxílio na perfuração foi utilizado um trado

helicoidal, um martelo de ferro de 65 kg para cravação das hastes de perfuração, um tripé e

um conjunto de motor/bomba para circulação de água no avanço da perfuração.

Inicialmente, escavou-se o solo até atingir 1 m de profundidade. Após atingir essa

profundidade, a equipe posicionou o amostrador padrão para o início da cravação e coleta de

amostras. Posicionou-se também a cabeça de bater para receber o impacto direto do martelo

de ferro.

Marcou-se um segmento de 45 cm, dividido em três partes iguais de 15 cm. Essa

marcação serviu de referência para a contagem das batidas do martelo de ferro em cada

trecho.

Iniciou-se a cravação, posicionando o martelo a 75 cm de altura da cabeça de bater e

golpeou até cravar os 45 cm. Como já mencionado no item “Sondagens de simples

reconhecimento com SPT - Método de ensaio - NBR 6484/01” desse trabalho, o índice de

resistência à penetração é definido como sendo a soma do número de golpes necessários para

a penetração dos 30 cm finais do amostrador padrão no solo, portanto, os 15 cm iniciais que

correspondem à cravação do amostrador no solo são desprezados.

A cada 45 cm, o amostrador padrão foi retirado para a coleta das amostras do solo e

foram seguidos os mesmos passos anteriores até encontrar o impenetrável.

Localização dos

sumidouros

Localização

dos ensaios

20

A coleta das amostras de solo foi realizada pelos técnicos de campo, sendo retiradas

do amostrador padrão após os ensaios de penetração. Todas as amostras foram levadas à

empresa responsável pelo ensaio para serem analisadas quanto à compacidade e/ou

consistência, com base nos índices de resistência à penetração.

A profundidade atingida na sondagem foi de 13,85 metros, considerando que o tipo de

solo não permitia alcançar maiores profundidades.

Como resultado do ensaio à percussão (SPT), obteve-se o perfil de sondagem, inserido

na figura 8 abaixo, na qual apresenta um gráfico de resistência à penetração, bem como os

principais dados sobre o solo encontrado, além das informações sobre os equipamentos

utilizados na execução do serviço, a profundidade alcançada no ensaio e a comprovação que

não foi encontrado nível da água.

Figura 8 - Perfil de sondagem SPT

Fonte: Relatório de Ensaio Penetrométrico (SPT) e Infiltração (INF).

21

3.4 Ensaio de Infiltração

Depois de conhecido o solo em que os sumidouros foram construídos, necessitou-se

determinar a capacidade de percolação do terreno para posterior redimensionamento dos

sumidouros.

Para determinar a capacidade de percolação, foi realizado o ensaio de infiltração do

solo, baseado nas orientações da NBR 13969/97.

O ensaio foi realizado entre os dias 25 e 26 de Abril de 2016 por técnicos de uma

empresa de especializada.

Materiais utilizados para a realização do ensaio:

Relógio;

Cronômetro;

Régua;

Trado com 150 mm de diâmetro;

Dispositivo para medição do nível de água na cava;

Água.

A norma NBR 13969/97 diz o seguinte: a) O número de locais de ensaio deve ser no mínimo 3 pontos,

distribuídos aproximadamente de modo a cobrir áreas iguais no local

indicado para campo de infiltração;

b) A cota do fundo da cava para ensaio deve ser aproximadamente

a mesma do sumidouro.

O ensaio não seguiu exatamente as recomendações da norma, pois realizou apenas

uma abertura de furo de sondagem com dimensões 15 cm de diâmetro e profundidades de 2

metros e o local de perfuração não ocorreu na cota de fundo dos sumidouros, pelos mesmos

motivos supracitados anteriormente no ensaio SPT.

Após a abertura do furo de sondagem, todo material solto foi retirado e a cava

preenchida com 5 cm de brita na sua parte inferior.

Iniciou-se a etapa de saturação do solo, preenchendo a cava com água até a altura de

30 cm do fundo, sendo mantida essa altura durante pelo menos 4 horas, e sendo completada

com sempre que baixado o nível.

Após saturação iniciou-se a determinação da taxa de percolação onde, inseriu-se 15

cm de água na cava, certificando-se que durante todo ensaio esse valor não fosse superado.

Em seguida determinou-se o rebaixamento do nível d’água na cava a cada 30 minutos. Após

cada determinação realizou-se o preenchimento do furo com água para se retornar os 30 cm

anteriores.

O ensaio prosseguiu até que se obteve diferença de rebaixamento dos níveis entre as

duas determinações sucessivas inferiores a 0,015 m, em pelo menos três medições.

Na tabela 3.1, a seguir, apresentam-se os resultados obtidos nos ensaios.

Tabela 3.1 - Valores Obtidos do Teste de Sondagem

Ensaio Profundidade (m) Tempo (min)

01 1,85

2,00

0

28

02 1,85

1,97

0

30

03 1,85

1,95

0

30 Fonte: Relatório de Ensaio Penetrométrico (SPT) e Infiltração (INF).

22

Para se calcular a taxa de percolação em min/m, na sondagem em questão, utilizaram-

se os dados contidos na tabela 3, de forma que foi divido o intervalo de tempo pelo desnível

apurado no ensaio realizado.

Nos três ensaios realizados, foram obtidas taxas de percolação média de 245,56

min/m. Posteriormente, as taxas de percolação média foram comparadas a tabela 3 da NBR

13969, ilustrada abaixo. Dessa forma, foi possível encontrar a taxa máxima de aplicação

diária do local, reproduzida na tabela 3.2, abaixo.

Tabela 3.2 - Valores de Taxa de Percolação em Taxa de Aplicação Superficial.

Taxa de percolação

min/m

Taxa máxima de aplicação diária

m³/m².dia

40 ou menos 0,2

80 0,14

120 0,12

160 0,10

200 0,09

400 0,065

600 0,053

1200 0,037

1400 0,032

2400 0,024 Fonte: NBR 13969/97: Tanques sépticos – Unidades de tratamento complementar e disposição final dos efluentes

líquidos – Projeto, construção e operação.

Logo, a taxa máxima de aplicação diária equivale a 0,084 m³/m². dia ou 84 L/m².dia.

De posse desses resultados, observa-se que a taxa de aplicação diária do solo é boa, ou

seja, o solo é arenoso, com um bom índice de percolação, o que reforça a hipótese de que os

sumidouros foram subdimensionados para a demanda de efluentes do condomínio.

3.5 Redimensionamento dos sumidouros

Para concluir a hipótese de subdimensionamento dos sumidouros, fez-se necessário

redimensiona-los. Para isso, apurou-se os dados e a ficha técnica do condomínio, abaixo

ilustrada no quadro 2.

Quadro 3.1 – Ficha Técnica do Aquarelle Condomínio Clube

Nº Torres 4

Nº de pavimentos por torre Térreo e 19 pavimentos tipo

Nº de unidades por pavimento 4

Nº total de unidades 304

Nº de dormitórios por unidade 3

Lançamento Dezembro de 2009

Fonte: http://www.estruturalbrasil.com.br/imoveis/aquarelle-condominio-clube

23

Conhecendo a ficha técnica do condomínio, foram calculados os seguintes fatores para

obtenção da área de infiltração necessária para os sumidouros:

Taxa de ocupação;

População;

Contribuição de despejos;

Volume do esgoto.

Macintyre Josep Archibald, em seu “Manual de Instalações Hidráulicas e Sanitárias”,

considera para prédio de apartamentos, duas pessoas por dormitório. A taxa de ocupação

adotada para residências e edifícios é, usualmente, de 5 pessoas. Portanto, nesse caso, essa foi

a taxa de ocupação utilizada para efeito de dimensionamento do presente trabalho.

O cálculo da população do condomínio dá-se pela seguinte fórmula:

População = Unid ∗ TaxaOC (2)

Onde:

Unid. – Quantidade de unidades de apartamentos do condomínio;

TaxaOC – Quantidade de pessoas por unidade;

Sendo assim, o cálculo da população do condomínio dá-se por:

População = 304 unidades * 5 pessoas

População = 1520 habitantes

O volume de esgoto é dado pela seguinte fórmula:

V (l/dia) = C (l/dia ∗ pessoa) ∗ N(pessoa) (3)

Onde:

“C” é a contribuição e “N” o número de pessoas.

Baseando-se na tabela da Norma Brasileira NBR 7229/93, reproduzida na tabela 7

abaixo, e considerando o condomínio de padrão médio, obtém-se o valor de contribuição de

esgotos (C = 130 l/dia).

Tabela 3.3 - Contribuição diária de esgoto (C) e de lodo fresco (Lf) por tipo de prédio e de ocupante

Prédio Unidade Contribuição de esgotos (C ) e Lodo fresco (Lf) (L)

Ocupantes Permanentes

Residência

padrão alto pessoa 160 1

padrão médio pessoa 130 1

padrão baixo pessoa 100 1

Hotel (exceto lavanderia e cozinha) pessoa 100 1

Alojamento provisório pessoa 80 1 Fonte: Adaptada da NBR 7229 - Projeto, construção e operação de sistemas de tanques sépticos.

24

V (l

dia) = 130 (

l

dia∗ pessoas) ∗ 1520(pessoas)

𝐕 (𝐥

𝐝𝐢𝐚) = 𝟏𝟗𝟕𝟔𝟎𝟎 𝐥/𝐝𝐢𝐚

Considerando que nem todo o efluente que é lançado chega diretamente ao sumidouro,

pois uma parte dele fica retida na estação de tratamento de esgoto do condomínio, costuma-se

multiplicar o valor da vazão de efluente pela taxa de redução do volume do sumidouro (0,8).

𝐕 (𝐥

𝐝𝐢𝐚) = 𝟏𝟗𝟕𝟔𝟎𝟎

𝐥

𝐝𝐢𝐚∗ 𝟎, 𝟖 = 𝟏𝟓𝟖𝟎𝟖𝟎 𝐥/𝐝𝐢𝐚

Por fim, determina-se a área de infiltração lateral necessária:

Al = V (l /dia)/q(l/m². dia) (4)

Onde:

Al – Área de Infiltração Lateral;

V – Volume do Sumidouro;

q – Coeficiente de Infiltração do Terreno.

O coeficiente de infiltração do terreno, q = 84 l/m².dia, foi determinado por ensaio

SPT, disposto no “ANEXO A - Relatório de Ensaio Penetrométrico (SPT) e Infiltração

(INF)”, desse trabalho.

Al = 158080 (l

dia) / 84 (l/m². dia)

𝐀𝐥 = 𝟏𝟖𝟖𝟏, 𝟗 𝐦²

3.6 Comparativos entre área de infiltração construída e área de infiltração

necessária

Normalmente, por medida de segurança, não se leva em consideração a área de fundo

como área de infiltração no dimensionamento dos sumidouros. Sendo assim, nesse presente

dimensionamento, não se utilizou a área de fundo no cálculo da área de infiltração. Ademais,

com os resultados do ensaio SPT e a constatação de que a taxa de percolação do solo é baixa,

utilizar a área de fundo como parte do dimensionamento não seria indicado.

Como já mencionado anteriormente, o condomínio dispõe de dois sumidouros. O

sumidouro 1, com dimensões (51,0 x 3,0 x 2,5 m³), e o sumidouro 2 com (53,0 x 3,0 x 2,5

m³). Sendo essas dimensões o comprimento, a largura e a altura, respectivamente.

Calculando-se a área de infiltração do primeiro sumidouro, obtemos:

Alsumid1 = perímetro1 ∗ altura1 (5)

Onde:

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Alsumid1 - Área de infiltração lateral do sumidouro 1;

Perímetro1 – perímetro do sumidouro 1;

Altura1 – Altura do sumidouro1;

Alsumid1 = 51 x 2, 5 x 2 + 3 x 2, 5 x 2

Alsumid1 = 270 m²

Calculando-se a área de infiltração do segundo sumidouro, obtemos:

Alsumid2 = perímetro2 ∗ altura2 (6)

Onde:

Alsumid2 - Área de infiltração lateral do sumidouro 2;

Perímetro2 – perímetro do sumidouro 2;

Altura2 – Altura do sumidouro 2;

Alsumid2 = 53,0 x 3,0 x 2,5

Alsumid2 = 280m²

Somatório das áreas laterais de infiltração dos dois sumidouros:

Altotal = Alsumid1 + Alsumid2 (7)

Onde:

Altotal – somatório das áreas laterais de infiltração dos sumidouros.

Altotal = 270 + 280 m²

Altotal = 550 m²

4. CONCLUSÃO

Diante dos estudos realizados, o furo de sondagem à percussão atingiu o impenetrável

(13,85 metros de profundidade), o solo predominante encontrado foi arenoso e não se

encontrou nível d’água.

No que diz respeito ao ensaio de infiltração, o coeficiente referente à taxa máxima de

aplicação diária do solo encontrada foi de 0,084 m³/m². dia ou 84 L/m².dia. Ou seja, o solo

possuía uma boa taxa de infiltração, o que reforçou a hipótese de subdimensionamento dos

sumidouros.

Com base nesses dados, redimensionou-se a área de infiltração necessária para a

demanda de efluentes do condomínio e posteriormente comparou-se com a área de infiltração

disponível construtivamente na situação construtiva atual.

Observou-se então que a área de infiltração lateral necessária para infiltrar a demanda

de efluentes do condomínio é de, no mínimo, 1881,9 m², porém, apenas dispõe-se

construtivamente de 550 m² de área de infiltração lateral utilizada.

26

Tendo como base os ensaios e cálculos, a hipótese de subdimensionamento dos

sumidouros foi confirmada.

Concluindo-se que os sumidouros foram subdimensionados para a demanda existente,

precisando-se ainda de uma área de infiltração mínima de 1331,9 m² para suprir essa demanda

e evitar o transbordamento dos mesmos.

Como alternativa para esse problema, o condomínio poderá construir novos

sumidouros para suprir a área de infiltração em falta, bem como poderá utilizar drenos

verticais que contribuam na percolação desse efluente no solo.

27

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simples reconhecimento com SPT - Método de ensaio. Rio de Janeiro, 2000.

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líquidos – Projeto, construção e operação. Rio de Janeiro, 1997.

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