gabinete de leitura de rio claro: projeto de ampliação
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Trabalho Final de Graduação - FAUUSP 2012TRANSCRIPT
GABINETE DE LEITURA DE RIO CLARO PROJETO DE AMPLIAÇÃO
LUISA DO VALLE GAMBAROTRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULOFACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMOTRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO
Luisa do Valle GambaroOrientação. Prof. Dr. Antonio Carlos Barossi
São Paulo, novembro de 2012.
GABINETE DE LEITURA DE RIO CLARO PROJETO DE AMPLIAÇÃO
AGRADEÇO ao professor Barossi, pela orientação sempre dedicada e motivadora;
Ao meu irmão, Diogo, e aos meus pais, Jair e Marilena, pelo apoio incondicional
nas mais variadas situações, durante todo o meu período de formação; Aos amigos
com os quais a FAU me presenteou, em especial, à Daniela, à Fabiola e à Maria,
pelas ajudas e sugestões dadas a este trabalho; À equipe do Gabinete de Leitura,
pela disponibilização dos dados necessários à elaboração da proposta.
1. INTRODUÇÃO .........................................................................................
2. SOBRE RIO CLARO ................................................................................. 2.1. FORMAÇÃO .................................................................................. 2.2. PROGRESSO ECONÔMICO E RENOVAÇÃO CULTURAL............ 3. SOBRE O GABINETE DE LEITURA 3.1. HISTÓRICO DA INSTITUIÇÃO ................................................................
3.2. SITUAÇÃO ATUAL ........................................................................................
3.2.1. LOCALIZAÇÃO .........................................................................
3.2.2. LEVANTAMENTO MÉTRICO ..................................................
3.2.3. LEVANTAMENTO FOTOGRÁFICO ......................................
4. O PROJETO 4.1. DEFINIÇÃO DO PROGRAMA ...................................................................
4.2. ESCOLHA DO LOTE ....................................................................................
4.3. PROPOSTA .......................................................................................................
5. REREFÊNCIAS 5.1. PROJETOS..........................................................................................................
5.2. BIBLIOGRAFIA ................................................................................................
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SUMÁRIO
GABINETE DE LEITURA DE RIO CLARO PROJETO DE AMPLIAÇÃO
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O trabalho a seguir tem como proposta a elaboração de um projeto de ampliação para o Gabinete de Leitura de Rio Claro, município do estado de São Paulo, hoje Biblioteca Pública Municipal Lenyra Fracarolli. A instituição foi fundada em 1876, durante o progresso econômico e cultural pelo qual passou a cidade na segunda metade do século XIX, devido ao auge da produção do café e à chegada da linha da Cia. Pau-lista de Estradas de Ferro. Sua sede atual foi construída em 1889 – tombada pelo Condephaat em 1985 -, e a instituição foi transformada em Biblioteca Pública Municipal em 1974. Hoje, é a sede do Sistema de Bibliotecas Públicas Municipais, que conta também com a B.P.M. Maria Victoria Alem Jorge (1999) e a B.P.M. Zeferina Quilici Tedesco (1982), além de um programa municipal de incentivo à leitura chamado Livro Vivo, que disponibiliza livros para a população em sete pontos espalhados pela cidade. O dado mais antigo que se teve acesso sobre a di-mensão de seu acervo é de 1911, quando contava com 1645
volumes. Sessenta e cinco anos depois, quando a instituição já havia se convertido em Biblioteca Pública Municipal, após alguns períodos de crise que quase acarretaram com a parali-zação total de suas atividades, chegou a 13 000 volumes. Ape-nas sete anos depois, quando foi requerido o tombamento do edifício pelo Condephaat em 1983, este número já havia quase dobrado, chegando a 25 000. Hoje, possui aproximadamente 45 000 volumes, quase 28 vezes maior que o de 100 anos atrás, abrigados no mesmo edifício. Devido à ampliação do acervo ao longo de sua exis-tência, o edifício vem sofrendo com a falta de área, princi-palmente administrativas e técnicas. Em 21 de julho de 2011, foi publicada no Jornal Cidade a matéria intitulada Denún-cias apontam descaso com o acervo armazenado no Gabinete deLeitura01, com imagens mostrando o acúmulo de alguns livros doados que aguardavam o processo de triagem, causan-docomoção entre os usuários da biblioteca. O fato é que não existe descaso da biblioteca com o acervo, mas o edifício que
1. INTRODUÇÃO
01 Em http://jornalcidade.uol.com.br/rioclaro/inter-valo/intervalo/79166, acesso em fevereiro de 2012.
1. INTRODUÇÃO
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não comporta mais suas atividades de maneira adequada. A ampliação é desejo da coordenação da biblioteca já há alguns anos, porém ainda não foi atendido pela prefeitura. Além da necessidade real da ampliação do equipa-mento, a escolha do tema foi baseada pelo desejo de se ter como objeto de estudo um edifício Rio-clarense cuja constru-ção tenha ocorrido na segunda metade do século XIX, pois os poucos edifícios remanescentes desta fase próspera da eco-nomia local seguem despercebidos na paisagem, ou sofrendo intervenções questionáveis, o que denuncia a pouca impor-tância dada à produção arquitetônica local deste período. A pesquisa histórica sobre a Instituição e sobre a cida-de de Rio Claro foi baseada principalmente nas fontes MAR-TINS (1983) e PENTEADO (1978). Os desenhos do edifício foram feitos através de medições no local, já que o projeto original do edifício não foi encontrado durante a pesquisa, inclusive no processo de tombamento.
Gabinete de Leitura de Rio Claro.Imagem: acervo próprio, abril de 2012.
Gráfi co esquemático do crescimento do acervo em número de volumes ao longo da existência da biblioteca. Dados de 1911 a 1983 em MARTINS:1983.
45000
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1600
1911
1976
1983
2012
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2. SOBRE RIO CLARO
Google Earth, 2012.
RIO CLARO
CAMPINAS
SÃO PAULO
Rio Claro - São Paulo: 180kmRio Claro - Campinas: 80kmHabitantes: 187 000Território: 499km² -Área urbanizada: 29km²
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2. SOBRE RIO CLARO
Ampliação da área urbani-zada.Google Earth, 2012.
Localização do edifício
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Os paulistas já cruzavam as terras da região desde 1729 como rota alternativa ao Mato Grosso, devido à desco-berta do ouro em Cuiabá. Por este motivo, é ainda no século XVIII que alguns Bandeirantes e aventureiros começaram a fi xar residência em glebas às margens do Ribeirão Claro. Porém, foi somente em 1822 que começou a se for-mar um povoado signifi cativo na região, que se denominou São João Batista do Ribeirão Claro. Implantado em área doada por proprietários de sesmarias, o primeiro arruamento da futura Vila de São João Batista de Rio Claro data de 1826 – o povoado foi elevado à categoria de Vila em 1845, e a Vila foi elevada à categoria de cidade em 1857. Somente em 1905 teve a denominação reduzida para Rio Claro. O traçado viário inicial foi de elaboração de Antonio Paes de Barros, mais tarde Barão de Piracicaba, segundo pro-
jeto do senador e agrimensor Nicolau de Campos Vergueiro. Este traçado regular continha 17 quarteirões quadrados divi-didos em lotes regulares, de pequena testada e grande profun-didade; as vias tinham orientação norte-sul e leste-oeste. Rio Claro é considerada uma das poucas cidades a surgir durante o império com um planejamento de implantação prévio, ao contrário da maneira espontânea como ocorria com a maioria dos municípios. Esse sistema de traçado regular se mostrou bastante adequado às futuras expansões urbanas, auxiliado também pelo relevo pouco acidentado da cidade. As ruas eram nomeadas pelos próprios moradores, de acordo com suas características mais evidentes, como por exemplo, Rua da Matriz, do Hospital, das Formigas, do Co-mércio, das Flores, entre outros. Em 1885, já demonstrando um desejo de ordenação do espaço, as ruas foram numeradas.
2. RIO CLARO2.1. FORMAÇÃO
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2. SOBRE RIO CLARO
Em destaque, as 17 quadras do traçado inicial do muni-cípio. Em amarelo, o edifício do Gabinete de Leitura.Google Earth, 2012.
“Indico à Câmara para facilitar o conhecimento das ruas e para evitar-se ao mes-mo tempo a confusão dos nomes próprios e vulgares, com que são de ordinário designadas aqui as nossas ruas que se adopte o syste-ma simples e racional usado em muitas cidades dos Estados Unidos da América do Norte – a Numeração. Tomando-se por ponto de partida a Estação de Estrada de Ferro da Paulista, todas as ruas verticais a esse ponto se denominarão ‘Avenidas’ e terão os números ímpares para as que fi carem ao lado esquerdo da Rua do Comércio – esta, receberá o número um, e os números pares para as que fi carem à sua direita. As ruas trans-versais serão numeradas na ordem em que se acharem, a partir do mesmo ponto – a Estação e, receberão a de-signação de ‘Ruas’. Exemplo: Rua nº...; Avenida nº... (...).”
Código de Posturas da Câmara Municipal de São João do Rio Claro (MRC-18/06/1884) FERREIRA: 2002.
AV 1
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RUA
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Segundo PENTEADO (1978), a produção de café foi introduzida na região de Rio Claro em 1828 pelo Senador Vergueiro, na sua Fazenda Ibicaba e, após se verifi car a boa adaptação da espécie com o clima da região, outros proprie-tários de terra começaram a seguir sua iniciativa. Em 1886, a cidade foi considerada a principal produtora da Província e, em 1901, teve o apogeu da produção local. Em 1876, a ferrovia chegou, auxiliando o escoamento da produção para São Paulo e para o porto de Santos. Foi por muito tempo fi m de linha da Companhia Paulista de Estradas de Ferro, pois era considerada a região limite para a produção do café, já que a partir de lá, os custos de transporte não mais
seriam compensadores. Durante o grande progresso econômico a partir de 1860, houve um signifi cativo aumento da população. Entre as décadas de 70 e 90 a população quase dobrou, como demons-tra dado do censo do Estado: 1872 - 14.996 habitantes 1890 - 25.584 habitantes Nos anos entre 1882 e 1886, às vésperas da proclama-ção da república e da inauguração da nova sede do Gabinete de Leitura, surgiram 26 novos quarteirões ao redor do núcleo original do município, revelando uma média de 6,5 quartei-rões/ano, o maior índice de expansão urbana da época.
2. RIO CLARO2.2. PROGRESSO ECONÔMICO E RENOVAÇÃO CULTURAL
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2. SOBRE RIO CLARO
Assim como as demais cidades cafeeiras do oeste paulista, como consequência deste progresso econômico, sofreu um processo de renovação cultural, com o surgimen-to de modernos equipamentos urbanos. Como exemplos signifi ca-tivos deste processo havia o Teatro São João (1864), considerado o segundo maior teatro da Província, com 63 camarotes distribuídos em três ordens e plateia para 400 ca-deiras; o próprio Gabinete de Leitura (1876), instituição rara para época, fundada no mesmo ano em que chegou a ferrovia; e a Sociedade Philarmonica Rioclarense (1879), que realizava saraus e espetáculos musicais, tendo duas orquestras e um maestro italiano contratado para sua direção.
Primeira estação da Cia. Paulista de Estradas de Ferro, inaugurada em 11 de agosto de 1876. Demolida em 1910.Imagem: CAMPOS: 2010
Nova estação da Cia. Pau-lista de Estradas de Ferro. Reconstruída, foi inaugura-da em 1911.Imagem: CAMPOS: 2010
Estação da Cia. Paulista de Estradas de Ferro hoje. Desativada, abriga a sede da Secretaria Municipal de Turismo e o terminal de onibus urbano, além de ser palco de eventos culturais.Imagem: acervo próprio, abril de 2012.
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É também exemplo do desenvolvimento local da épo-ca a quantidade de jornais editados: Echo do Povo e Estrela do Oeste (1873); Correio do Sertão (1874); O Caipira (1875); O Futuro (1876); O Trem e Gazeta Rioclarense (1877); O Alpha (1878); Infância (1879); Correio do Oeste (1880); Correio de Rio Claro (1881); O tempo (1882); O Século XIX e Diário de Rio Claro (1886); Tiradentes, O Tipógrafo e Treze de Maio (1888). Dentre estes, os mais signifi cativos da imprensa riocla-rense e que mais permaneceram foram o “Diário de Rio Cla-ro”, imparcial, mas com proprietário republicano e o “Gazeta Rioclarense”, órgão do Partido Republicano. Outros melhoramentos marcaram esse período. Em 1884, foi inaugurada a linha de bondes; em 1885, além da adoção do sistema numérico para denominação das vias, a cidade foi a primeira da Província e a segunda do país a dispor de sistema de iluminação elétrica; em 1881 fi caram disponíveis as comunicações por telégrafo; e em 1901 ganhou seus primeiros telefones, com ligações interurbanas a partir de 1904. A partir de 1847, imigrantes europeus começaram a ser trazidos por iniciativa do Senador Vergueiro para traba-
lhar em sua fazenda pelo Sistema de Parceria. Estes colonos, principalmente de origem alemã, de procedência urbana e protestantes, muitas vezes acabavam não se adaptando às condições do trabalho na lavoura, e então, ao se fi nalizarem seus contratos, se mudavam para a cidade retomando ali suas atividades do país de origem. Os italianos começaram a chegar após 1870. A partir de então, com a possibilidade dessa nova mão de obra, foram libertados os primeiros escravos por bom comportamento, e em 3 de março de 1888, a Câmara se antecipou à Lei Áurea, ofi cializando a libertação total dos escravos do município. A Rio Claro do século XIX era uma cidade cafeeira, marcantemente liberal, abolicionista e republicana. Devido à sua experiência pioneira de imigração, aos comerciantes que começavam a se estabelecer na cidade, juntamente com o expressivo número de bacharéis vindos do Largo de São Fran-cisco durante a criação da Comarca de Rio Claro em 1859, originou-se esse novo grupo social, a pequena burguesia. Essa nova camada urbana em ascensão foi quem criou e utilizou os equipamentos culturais do município, entre eles o próprio Gabinete de Leitura.
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2. SOBRE RIO CLARO
As imagens a seguir estão contidas em CAMPOS: 2012. Exceto a imagem 06, todas são do acervo do Arquivo Público Histórico de Rio Claro.
01 Teatro São JoãoConstrução: 1864Demolição: 1957
02 Sede da Sociedade Phi-larmônica Rio-Clarense.Fundação: 1897.Ainda funciona em mesmo local, em edifício recons-truído.
03 Antiga Sede do Grupo Ginástico Rio-Clarense, clube para atividades físicas, fundado em 1919, ainda refl exo da fase de progresso econômico do século XIX.
04 Também fundado no começo do século XX, em 1914, Cine Teatro Varieda-des. O edifício sofreu inter-venções mas ainda existe, abriga um supermercado.
05 Mercado Municipal.Construção: 1897Hoje abriga pequenos serviços.
06 Edifício do jornal O Alpha. Data da imagem não informada.Acervo Mons. Jamil Abib Nassif.
01
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Dos remanescentes da produção arquitetônica da segunda metade do séc. XIX, os que são de propriedade parti-cular acabaram sofrendo algumas intervenções questionáveis, e são hoje utilizados principalmente para comércio. Pode-se dizer que a exceção para esses casos é a Resi-dência Siqueira Campos, situada a Avenida 3, esquina com a Rua 7, que por desejo de seus proprietários, mantém sempre
um uso público. Há alguns anos funcionava ali o Arquivo Público Municipal. Hoje, abriga o Casarão da Cultura, que contém o acervo da Pinacoteca Municipal Pimentel Junior, uma época já abrigado pelo Gabinete, e frequentemente reali-za ofi cinas variadas e espetáculos musicais. Os que são de propriedade municipal abrigam esco-las, além do próprio Gabinete.
6
4
32
1
5
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2. SOBRE RIO CLARO
1 - SOLAR DA BARONESA DE DOURADOS
1863
Avenida 2, 572
Sobrado de esquina, alinhado à rua, onde se tem o acesso principal, possui recuo lateral e nos fundos, ambos com jardins, e telhado de quatro águas com beirais. O uso residencial se dava apenas no segundo pavimento, sendo o térreo de uso comercial. Proprie-dade da Prefeitura Municipal desde 1937, já abrigou colégios, sede do Tiro de Guerra, e desde 1963 o Mu-seu Histórico e Pedagógico Amador Bueno da Veiga. Desativado já há alguns anos, um incêndio em 2010 destruiu grande parte do edifício, que segue em obras de reconstrução desde o início de 2012.
2 - RESIDÊNCIA DO VISCONDE DO RIO CLARO
1865
Avenida 1, 356
De esquina, alinhado à rua, possui porão habitável e beirais que se projetam para a rua. Foi construída por Amador Rodrigues Lacerda Jordão, o Barão de São João do Rio Claro. Após sua morte foi vendido para o Sr. José Estanislau de Oliveira, o Visconde do Rio Claro, que o alugou para o Hotel Castelo. Residiu no edifício a partir de 1875 até falecer, em 1884. Durante este período cedeu salas para a Câmara Municipal e hospedou D. Pedro II e Dona Th ereza Christina em sua primeira visita à cidade. Em 1898 foi cedida para o funcionamento do Grupo Escolar, que em 1929 recebeu o nome do ex-marido da neta do Visconde, Marcello Schmidt, após seu falecimento. Mantém este programa até então, hoje Escola Municipal Marcello Schmidt.
3 - RESIDÊNCIA DO BARÃO DE PORTO FELIZ
1865
Avenida 2, 501
De esquina, com porão alto, também é alinhada à rua. Possui platibandas e ornamentos nas fachadas. É um dos últimos edifícios que mantém o canto da esquina com ângulo reto. De propriedade particular, mantém uso comercial. Parte de suas esquadrias foi retirada e teve seus vãos ampliados para a criação de vitrines.
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4 - RESIDÊNCIA SIQUEIRA CAMPOS
1868
Avenida 3, 568
De esquina, com porão alto, também alinhada à rua. Reformas posteriores executaram o chanfro da esquina, e substituíram os beirais anteriores por platibandas, introduzindo também outros elementos decorativos neoclássicos, como a bandeira em arco na porta principal. Em 1886 hospedou D. Pedro II e Dona Th ereza Christina em sua segunda visita à cidade. De propriedade particular, como exceção aos outros casos, mantém um uso público, o Casarão da Cultura, que abriga o acervo da Pinacoteca Municipal Pimentel Junior e frequentemente realiza exposições, ofi cinas e espetáculos musicais.
5 - SOLAR DE DONA LUIZA BOTÃO
1890
Avenida 5, 445
O edifício, algumas décadas mais recente que os ante-riores, já apresenta aspectos do desenvolvimento das técnicas construtivas. Representante do estilo eclético, com porão alto, é assobradado, possui balcões e gradis de ferro fundido e jardim lateral pelo qual se dá o acesso principal. Sobre as platibandas possui estatue-tas em louça portuguesa. Foi considerado na época de sua construção o mais belo edifício da cidade. De pro-priedade da prefeitura Municipal desde 1914, abriga hoje a Escola Técnica Prof. Armando Bayeux da Silva.
6 - RESIDÊNCIA DA FAMILIA MACHADO
1866
Avenida 1, esquina com Rua 11
Pouco mais afastado do núcleo inicial do município, este sobrado também foi construído na segunda metade do século XIX, e merece destaque sobretudo pois, segundo CAMPOS (2009), foi obra do mesmo arquiteto que projetou a sede do Gabinete de Leitura. Construído em 1886, possuía telhado com duas águas e beirais que se projetavam para a rua. De proprieda-de particular, no início do presente trabalho, o edifí-cio encontrava-se em péssimo estado de conservação, mas mantinha o uso residencial. Há alguns meses, porém, foi iniciada sua demolição.
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A ideia da fundação do Gabinete de Leitura Rio-clarense surgiu em uma reunião realizada na residência de Antonio Gonçalves de Amorim, na tarde de 25 de maio de 1876. Estavam presentes senhores representantes dessa nova pequena burguesia, alguns já abolicionistas, republicanos, ma-çons e positivistas. No dia 28 de maio aconteceu a Assembleia que elegeu a primeira diretoria da Instituição, composta por: Presidente – João Vergueiro Bonamy, neto do Senador Vergueiro Diretor – Francisco A. Pacheco Jordão Tesoureiro – Th eodoro de Paula Carvalho
1° Secretário – Zacharias Oliveira 2° Secretário – Francisco de Arruda Camargo Em 23 de julho do mesmo ano, foi concretizada a fundação do Gabinete de Leitura Rioclarense com uma gran-de festa para a população, que contou com a apresentação de uma banda de música local e espetáculo de pirotecnia. Come-çou a funcionar em uma sede provisória situada à antiga Rua do Comércio - atual Avenida 1. Os Estatutos do Gabinete de Leitura, de organização do Padre Flamínio Vasconcellos, demonstram sua proposta cultural e pedagógica. Citava seu Artigo 1º:
3. SOBRE O GABINETE DE LEITURA3.1. HISTÓRICO DA INSTITUIÇÃO
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3. SOBRE O GABINETE DE LEITURA
O Gabinete de Leitura Rio-Clarense é uma Sociedade composta de indivíduos de ambos os sexos, sem distinção de nacionalidade, e que tem por fi m:§ único. - Desenvolver o estudo e cultura das letras, indús-trias, artes e ofícios:1° Fazendo publicações úteis;2° Discutindo theses litterarias e scientifi cas;3° Adquirindo livros, jornais, mappas, revistas e manus-criptos para o desenvolvimento da sua Bibliotheca;4° Instituindo cursos de instrucção primária, secundária e profi ssional, conforme os recursos da Sociedade;5° Promovendo conferencias publicadas;6° Estabelecendo offi cinas.
Com exceção do item 6° - Estabelecendo ofi cinas – todos os demais foram exercidos. A preocupação com o ensino se justifi ca pela carência escolar de toda a Província, e acentuada em Rio Claro frente à inexistência de escolas pú-blicas e o aumento da população no decênio 70/80 do século XIX. O curso primário era liberado para adultos e meno-res com autorização dos responsáveis, e o secundário dava preferência aos sócios e seus fi lhos, quando não era possível admitir todos os interessados. Na fase em que o Gabinete manteve-se na sede provisória – 1876 a 1888 -, há somente o Livro de Registro de Visitantes do Gabinete de Leitura Rioclarense – 1878 – 1886 como fonte de suas atividades. Nele se encontram assinaturas das seguintes personalidades: - Conde D’Eu em 15/07/1877; - Dr. Prudente de Moraes Barros, então Deputado
Federal em 27/01/1885; - Conselheiro João Alfredo, Presidente da Província em 05/12/1885; - Imperador D. Pedro II em 06/09/1886, afi rma-se ser sua segunda visita à Instituição.
Nesta primeira década de funcionamento, o Gabinete de Leitura teve um desenvolvimento bastante signifi cativo, tanto nas atividades da biblioteca quanto nas da Escola Notur-na, aumentando seu número de sócios e acervo, mostrando-se assim necessária a construção de uma sede própria. Os fundos necessários para a construção do edifício foram levantados pelos seus próprios incorporadores atra-vés da realização de espetáculos de tombolas, quermesses e empréstimos a juros. Parte do terreno escolhido, situado à antiga Rua Aurora – atual Av. 4 - foi doado pelo Major Carlos Emílio de Azevedo Marques. O projeto do edifício “é obra do arquiteto Samuel Quílici, formado pela Universidade de Flo-rença, Itália, que chegou ao Brasil em 1882, estabelecendo-se em Rio Claro, onde constituiu a família Quílici.” (CAMPOS: 2010). O construtor responsável foi Antonio Rodrigues Pinto, “que não mediu esforços para dotar Rio Claro de um porten-toso edifício de dois pavimentos, de sólida construção, e que, ainda hoje, faz fi gura entre os modernos prédios desta cidade” (PENTEADO:1977).
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Com porão alto, foi construído alinhado à rua e com recuo lateral contendo um acesso secundário. Na fachada, apresenta elementos neoclássicos como platibanda, pilastras, compoteiras e guirlandas em massa, mas não há uma simetria rígida em relação às aberturas. Apesar da modulação regular dos vãos, as fachadas posterior e lateral não possuem a mesma quantidade de ornamentos da principal, sendo a posterior a mais simplifi cada das três. O salão do térreo abrigava a biblioteca, e o compartimento menor, a sala de aula da Escola Noturna. O pavimento superior era o Salão Nobre do Gabine-te, utilizado para palestras e conferências. As paredes externas do térreo têm 60cm de espessura, e as internas, 30 cm. No pa-vimento superior, as externas tem 45 cm, e as internas, 10 cm. Apesar de ter sido construído nos últimos anos da Monarquia, o edifício só foi inaugurado no ano seguinte, já sob a República, ostentando o ano de 1889 em sua fachada, como a marcar uma vitória ou registrar um feito dos homens que o constituíram. A importância da solenidade de inauguração, em 11 de maio de 1890 é medida pela presença de Prudente de Moraes, Presidente do Estado, Bernardino de Campos, Chefe de Polícia e Cerqueira César, Inspetor do Tesouro. Neste momento, sua diretoria era composta por: Presidente – Francisco de Paula Campos Secretário – Eduardo Leite Secretário – João de Souza
Tesoureiro – José Farani Orador Ofi cial – Dr. Luis Carlos da Fonseca
De 1901 a 1909, a Instituição teve sua primeira crise, chegando quase a paralisar completamente suas atividades. Foi a partir de 1910 que Anchises Lima, o novo Presidente do Gabinete, tomou a iniciativa de reorganizar e reerguer a Instituição, com apoio de outros interessados, parte deles já descendentes de imigrantes alemães e italianos. Pela primeira vez, o Gabinete foi incluído pela municipalidade em seu orça-mento, recebendo uma verba de 200 mil réis. Dados do relatório da diretoria de 1911 revelam a fase próspera a que seguiu: recebia 13 jornais diários, 14 semaná-rios e 10 revistas; houve a retirada de 624 obras, totalizando 811 volumes, sendo 599 em português, 22 em francês, 2 em inglês, e 1 em espanhol; a sociedade foi visitada por 160 pes-soas; o acervo chegou a 1115 obras, totalizando 1645 volumes. Houve a instalação de telefone, doado por um de seus sócios, e a execução da primeira reforma do edifício, com a substitui-ção das telhas francesas quebradas, por similares doadas pela Companhia Paulista de Estradas de Ferro, e a substituição dos encanamentos. Foi também reestabelecido o Curso Noturno, contando com 33 alunos e sendo nomeado Professor Arthur Fontes, que por muitos anos seguiu responsável pelo instituto. Constava no relatório do mesmo ano que era inten--ção da diretoria a criação de um curso noturno para “moças
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3. SOBRE O GABINETE DE LEITURA
pobres, empregadas, que durante o dia não dispõem de tempo para estudar. Esta classe funcionará separadamente e fi cará a cargo de uma professora”. Apesar de não haver notícias sobre a concretização da ideia, a atitude revela as intenções que marcaram a administração de Anchises Lima. Em 1911, também foi publicada a primeira edição de “A Revista”, que era o primeiro órgão de divulgação do Ga-binete, e em seus artigos percebe-se a postura positivista dos homens daquela geração:
Depois de sete lustros respeitáveis o Gabinete de Leitura vê, hoje, pela primeira vez fl uir uma innovação proveitosa que se adapte com os fi ns a que elle se empenha. Elle pre-cisa possuir um órgão da imprensa que faça echo do seu viver robusto e onde archive todos os seus atos
Em 1915, o acervo chegou a 1301 obras, que abran-giam as seguintes “classes”: História, Athlas, Sciências Phipsi-co-naturais e Agricultura, Política, Philosophia, Jurisprudên-cia, Th eologia, Biographias e Pedagogia, Direito e Medicina.Neste período de 1910 até o fi nal dos anos 20, a renda da Instituição se dava pelo pagamento das mensalidades dos associados, aluguéis dos quartos dos fundos e de donativos, vindos de particulares e do Departamento de Cultura de São Paulo. Monteiro Lobato foi fornecedor de livros para o Gabi-nete, pois há registro de pagamentos ao escritor no livro caixa de 1923. Aconteciam também neste período conferências lite-rárias, com a presença de estudiosos da época como Eduardo Leite, Nuto Sant’Anna, Arthur Bilac, Fábio Aranha,
Sede defi nitiva do Gabinete de Leitura em 1924, pouco antes da crise que paralizou suas atividades nos anos 30.Imagem: CAMPOS: 2010.
Sede defi nitiva do Gabinete de Leitura em 1974, durante evento de celebração do centenário da instituição.Imagem: Acervo do Arquivo Público Histórico de Rio Claro
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José Romeu Ferraz, Menotti Del Pichia, entre outros. No Registro de Sócios verifi ca-se que o Gabinete tam-bém servia a moradores de outros municípios como Itirapina, Limeira e Santa Gertrudes. A partir da crise de 29, porém, a Instituição não conseguiu manter a situação equilibrada que vinha desde a administração de Anchises Lima na segunda década do séc. XX, e começa a declinar chegando aos difíceis anos 30 em sua maior crise, com a paralização completa de suas atividades.Em 20 de abril de 1937, para evitar o desaparecimento da Instituição frente à precária situação em que se encontrava, foi votada em Assembleia a entrega do Gabinete à Prefeitura Municipal. O que se seguiu, porém, foi a transformação doedifício em sede do Tiro de Guerra, e posteriormente em repartição para distribuição de açúcar. Neste período houve a perda de muitas coleções de livros e jornais, vendidos como papel velho. Em 1945, um antigo associado – Dr. José de Vascon-cellos de Almeida Prado Jr. – tomou conhecimento dos fatos e ao verifi car que o ato legal da transferência não se completou, contendo documentos sem a assinatura dos responsáveis, retomou a posse do edifício como sócio remanescente. Solici-tou ao Sr. Th imóteo Feijó Jardim – subgerente da Agência do Banco do Brasil que assumisse a presidência da Instituição. Th imóteo Feijó Jardim convocou a classe bancária para a reorganização do Gabinete de Leitura, que doou horas
de trabalho e foi responsável desde a limpeza dos livros, então bastante danifi cados, e pela classifi cação do acervo. Nesta fase de reorganização de 1945, a diretoria era composta por: Presidente - Th imóteo Feijó Jardim Secretário - Alcides Verner Secretário – Luso dos Santos Ferro
A Instituição ganhou vida nova, adquirindo boa frequência e aumentando seu número de sócios. Em 1951, já com a situação equilibrada, publicou sua segunda revista “A Idéia”, que divulgava suas atividades, o movimento de sócios e de obras, além de outros assuntos como Filatelia, Cinema e Crítica. Em 1954, foi criada a Biblioteca Infantil, que abria inclusive aos domingos. E em 1966, em convênio com a prefeitura, foi instalada no Gabinete a Pinacoteca Municipal Pimentel Junior, hoje mantida no Casarão da Cultura. Neste mesmo ano foi executada a segunda reforma do edifício, com a construção de sanitários na área externa e reparos na cober-tura. O Sr. Luso dos Santos Ferro, que desde a retomada do Gabinete em 1945 participava da Diretoria, manteve-se à frente da Direção da Casa até os anos 70, e as iniciativas de sua administração projetaram ainda mais o Gabinete na vida pública rioclarense. No início da década de 70, com o aumento da popu-
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3. SOBRE O GABINETE DE LEITURA
lação estudantil de Rio Claro, houve a necessidade de ampliar o horário de atendimento e adquirir maior número de livros. Esta reorganização foi possível pela colaboração da Prefeitura Municipal, através do prefeito Orestes Giovanni e a participa-ção da Prof.ª Dalva Christofoletti da Silva, do Departamento de Educação e Cultura. Em 1974, foi assinado o convênio entre o Gabinete de Leitura de Rio Claro e a Prefeitura Municipal, convertendo-o na Biblioteca Pública Municipal de Rio Claro. Em junho de 1976, 100 anos após sua fundação, apresentava os seguintes dados:
Visitantes da Instituição - 4.281 Livros pesquisados por estudantes - 4.533 Livros retirados - 2.461 Sócios inscritos no quadro social - 2.028 Volumes catalogados - 13.000
Nas férias escolares a Casa promovia competições li-terárias e jogos de salão. Em 1985, o edifício foi tombado pelo CONDEPHAAT. Neste momento, seu acervo era de 25000 obras, com 5200 sócios, funcionando de 2ª a 6ª das 8h às 22 horas. O maior número de frequentadores eram estudantes de primeiro e segundo grau.
Sede defi nitiva do Gabinete de Leitura em 1976, durante evento de celebração do Centenário da instituição. Vista do Salão Principal. Ao fundo, as estantes doadas pela Cia. Paulista que ainda permanecem no edifício.
Idem. Vista do Salão Principal em direção ao acesso principal. Verifi ca-se, diferentemente da situação atual, a utilização de estan-tes em madeira, luminárias pendentes, e uma eclusa após a porta de acesso. A mesa em madeira é, pro-vavelmente, a mesma que se encontra no pavimento superior junto da área de estudo.
Idem. Vista do Salão Nobre no pavimento superior. Verifi ca-se a não utilização deste espaço para armaze-namento do acervo, como acontece hoje. O mobiliário e as luminárias são diferen-tes dos atuais, assim como o acabamento das paredes, que não apresenta as faixas decorativas horizontais.
Imagens: Acervo do Arqui-vo Público Histórico de Rio Claro
GABINETE DE LEITURA DE RIO CLARO PROJETO DE AMPLIAÇÃO
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O Gabinete de Leitura é a sede do Sistema de Biblio-tecas Públicas de Rio Claro, que também conta com a BPM Maria Victória Alem Jorge, localizada no Centro Cultural Roberto Palmari; e a BPM Zeferina Quilici Tedesco. Além das duas bibliotecas, o Gabinete é responsável pela administração do programa municipal de incentivo à leitura chamado Livro Vivo, que disponibiliza livros à população em sete pontos da cidade, onde o usuário pode realizar empréstimos sem buro-cracia e utilizar o material pelo tempo que achar necessário. Hoje, a maior parte de seu acervo tem origem de doações que ocorrem diariamente, segundo a equipe do Gabi-nete. Este material, antes de ser destinado a uma das unidades do sistema, é primeiramente armazenado em um depósito, enquanto aguarda o processo de triagem, limpeza e cataloga-ção. O acervo do Gabinete conta com aproximadamente
45 000 volumes, isto é, 28 vezes maior que o de 1911, o dado mais antigo que se tem notícia, e 3,5 vezes maior que o de 1976, fase em que se tornou Biblioteca Pública Municipal. Este crescimento, característico de qualquer biblioteca, de-monstra a necessidade de frequentes ampliações em edifícios destinados a este programa. A sede centenária do Gabinete, no entanto, não sofreu nenhuma intervenção signifi cativa desde sua construção em 1889. Como consequência, volumes podem ser vistos acumulados em áreas inadequadas, às vistas dos usuários, além das atividades administrativas se reduzi-rem a uma área mínima junto ao balcão de empréstimos. Mais preocupante que a distribuição inadequada das atividades no edifício, porém, é o acúmulo de estantes satura-das no pavimento superior - salão e depósito - que, projetado para comportar o Salão Nobre da Instituição, põe em questão se a capacidade estrutural é adequada para tal uso.
3. SOBRE O GABINETE DE LEITURA3.2. SITUAÇÃO ATUAL
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3. SOBRE O GABINETE DE LEITURA
B.P.M. ZEFERINA QUILICI TEDESCO
1982
Localizada em área mais afastada do centro da cidade, possui um caráter de biblioteca de bairro, tem uma área de 100m². Seu acervo é de aproximadamente 12000 volumes, e tem pouca utilização, aproximada-mente 10 usuários por dia.
B.P.M. MARIA VICTORIA ALEM JORGE
1999
Localizada no Centro Cultural Roberto Palmari, cons-truído no fi nal da década de 70, é a maior das três, com um acervo de aproximadamente 70 000 volumes, mas uma média de 100 usuários por dia, menor que a do Gabinete. Segundo relato de funcionários, quando usuários permanecem no local, se utilizam prati-camente apenas das áreas de leitura. O acervo para consulta é raramente utilizado. Sua localização era para ser provisória, porém permanece ali desde sua fundação. A cobertura do edifício, em laje imperme-abilizada com manutenção pouco frequente, causa o surgimento de goteiras em meio às estantes. O tele centro se localiza fora do ambiente da biblioteca.
LIVRO VIVO
2011
Primeiro posto do programa Livro Vivo, localizado na Estação Ferroviária. Com um acervo de 7600 volu-mes, espalhados em 7 postos na cidade, o programa Livro Vivo disponibiliza livros ao cidadão sem buro-cracia, limitado a um volume por pessoa, com data de devolução estipulada pelo próprio usuário. O acervo tem origem de doações, que são recolhidas, tratadas e catalogadas pela equipe do Gabinete de Leitura.
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3. SOBRE O GABINETE DE LEITURA3.2. SITUAÇÃO ATUAL 3.2.1. LOCALIZAÇÃO
A seguir, ampliação da imagem aérea com destaque para as vias principais e a loca-lização das três bibliotecas municipais, sendo o Gabinete de Leitura localizado no Centro, a Alem Jorge, no Centro Cultural Roberto Palmari na Vila Operária e a Zeferina Quilici, mais ao norte, no Jardim Cervezão.
LEGENDA
Gabinete de Leitura - B.P.M. Lenyra Fracarolli B.P.M. Maria Victoria Alem Jorge B.P.M. Zeferina Quilici Tedesco
Vias Principais
3
2
1
Av. 8
Av. 29
Rua 1
Rua 3
Rua 6
Rua 9
Av. Rio
Clar
o
Rod. Washington Luis
Av. 40
3
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1
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3. SOBRE O GABINETE DE LEITURA
Gabinete de Leitura
Área de elevado fl uxo de pedestres - Con-centração de comércio e serviços.
Vias Principais
Ampliação da imagem aérea, com destaque para alguns dos equipamentos de atração e instituições pedagógicas localizados no entorno do Gabinete de Leitura.
LEGENDA Equipamentos de atração1 - Estação - Terminal de Ônibus Urbano2 - Jardim Central3 - Igreja Matriz4 - Casarão da Cultura5 - Museu Amador Bueno da veiga - em obras6 - Mercado Municipal
Instituições Pedagógicas1 - EE Joaquim Salles2 - Colégio Puríssimo Coração de Maria3 - ETSG Armando Bayeux da Silva4 - EE Marcello Schmidt5 - Faculdades ASSER6 - SENAC7 - Colégio Alem8 - Colégio Objetivo
Av. 8
Rua 3
Rua 6
Rua 9
Av. Rio
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3. SOBRE O GABINETE DE LEITURA3.2. SITUAÇÃO ATUAL 3.2.2. LEVANTAMENTO MÉTRICO
Os desenhos a seguir foram feitos a partir de medição no local e com auxílio de informações presentes no levantamento cadastral contido no Processo de Tombamento pelo CONDEPHAAT. O projeto original não foi encontrado durante a pesquisa. As plantas apresentam o layout da biblioteca no momento da visi-ta, ocorrida em março de 2012.
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3. SOBRE O GABINETE DE LEITURA
Área do lote - 380 m²
Área construída:Térreo - 171 m²Superior - 141 m² Total - 313 m²
TÉRREO
INFANTIL
COPA
WC FEM
LIV
RO
S R
AR
OS
PE
RIÓ
DIC
OS
WC MASC
LIVROS RAROS
LEITURA
ACERVO CIRCULANTE
ATE
ND
IME
NTO
ADMINISTRAÇÃO
AV
EN
IDA
4
JARDIM
DEPÓSITOACERVO CONSULTA
ESTUDO
POSTO DIGITAL
S
SUPERIOR
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CORTE A
CORTE B
A
B
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3. SOBRE O GABINETE DE LEITURA
1889
G A B I NE T E d e L E I T U R A
1
2
3
ELEVAÇÃO 1 ELEVAÇÃO 2
ELEVAÇÃO 3
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3. SOBRE O GABINETE DE LEITURA3.2. SITUAÇÃO ATUAL 3.2.3. LEVANTAMENTO FOTOGRÁFICO01
01Todas as fotos são de acervo próprio, tiradas em março ou abril de 2012.
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3. SOBRE O GABINETE DE LEITURA
FACHADAS Destacam-se pontos de umidade ascen-dente; sujidades nas regiões próximas ao solo e à platibanda e nos elementos decorativos em massa; elementos faltantes próximos à platibanda e em alguns peitoris; esquadrias também apre-sentam descascamento da pintura. Nota-se a diferença de ornamentação entre as fachadas, sendo a fachada posterior a mais simplifi cada das três. A fachada cega, face oeste, mantém as duas pilastras superiores em massa, e alguns dos elementos horizontais mais marcantes.
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JARDIM
A construção dos fundos, com dormi-tórios, já não existe mais, tendo sido substituída por um jardim. Não há notícias de quando houve esta demolição, pode-se concluir pelos dados do histórico, contudo, que ocorreu entre os anos de 1920 e 1960. Junto desta área externa há um ane-xo com copa e sanitários construídos na reforma de 1966.
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3. SOBRE O GABINETE DE LEITURA
SALÃO PRINCIPAL
No salão principal, destacam-se as es-tantes fechadas em vidro com o acervo de livros raros, provavelmente doadas pela Cia. Paulista, de acordo com informações do estudo de tom-bamento. São fechadas com chaves em posse da coordenadora da biblioteca, e a consulta a este material só pode ser feita em sua companhia. Neste ambiente localizam-se o acervo circulante adulto nas prateleiras metálicas, e periódicos próximos à mesa central. O balcão de empréstimo e as atividades administrativas dividem a área próxima à entrada principal. Um mural expõe as capas dos livros com mais saída, e o usuário deve respeitar uma lista de espera para alugar estes volumes. Nota-se o acúmulo de alguns volumes aguardando o processo de triagem, devido à saturação das estantes do depósito no pavimento superior na data da visita.
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INFANTIL
O acervo infantil, originado em 1954, se resume ao compartimento menor do térreo. Com menos de 20m², contém estantes, duas mesas e um sofá.
ESCADA
Sob a escada, outro local que denuncia a falta de espaço de armazenamento de materiais doados.
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3. SOBRE O GABINETE DE LEITURA
SALÃO SUPERIOR
No pavimento superior, há o posto digi-tal, o acervo para consulta e mesas de estudo. Em todas as visitas feitas desde o início do trabalho, com exceção do tele centro, não foi visto nenhum usuário utilizando este espaço, e nem funcioná-rios no balcão de atendimento. Representando um terço de toda a área útil do edifício, demons-tra a má organização das atividades dentro da área disponível. Alguns eventos e os encontros literários quinzenais ocorrem neste ambiente, mantendo em parte sua antiga função de Salão Nobre. As estantes saturadas e o eventual acú-mulo de volumes no chão põem em questão a capacidade estrutural do edifício centenário.
GABINETE DE LEITURA DE RIO CLARO PROJETO DE AMPLIAÇÃO
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SALÃO SUPERIOR
O assoalho tem próximo às janelas da fachada principal - face norte - sua área mais danifi cada. Ao lado, peitoril de uma das janelas do salão superior.
DEPÓSITO
O depósito contém, além das estantes de armazenamento, alguns móveis que não estão sendo utilizados, e uma mesa para as refeições dos funcionários, já que a copa no anexo do térreo é bastante pequena. É o que se vê atrás da porta na imagem ao lado.
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3. SOBRE O GABINETE DE LEITURA
GABINETE DE LEITURA DE RIO CLARO PROJETO DE AMPLIAÇÃO
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O programa atual da biblioteca divide-se como repre-sentado na imagem ao lado, seu acervo atual é de aproxima-damente 45 000 volumes.01
Observa-se a destinação de 86m², 30% de sua área útil total, para o acervo sob consulta e as mesas de estudo, espaço raramente utilizado. Já o depósito, tem 22m², área insufi ciente para suas atividades, o que justifi ca o espalhamento de volu-mes em locais inadequados, à espera do processo de triagem e catalogação. Destacam-se também a inexistência de uma área administrativa restrita, e a área reduzida dos ambientes de
apoio como copa e sanitários. Outra questão que se evidencia na disposição atual da biblioteca é o armazenamento inade-quado dos livros raros que se encontram nas estantes do salão do térreo, em madeira, fechadas com vidro, e sem controle de iluminação, temperatura e umidade. Para a melhor con-servação do papel, este material deveria ser armazenado em estantes metálicas, em ambiente fechado, ao abrigo de luz excessiva, climatizado por sistema de ar condicionado com temperatura de 21°C, e umidade relativa entre 30 e 50%.02
4. O PROJETO4.1. DEFINIÇÃO DO PROGRAMA
01 Este número represen-ta um crescimento de 28 vezes em relação ao acervo de 1911 - o dado mais antigo encontrado durante a pesquisa, e de 3.5 vezes o de 1976, quando se tornou Biblioteca Municipal.
02 SAUSP: 2005
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4. O PROJETO
S
ACESSO RESTRITO
ÁREA ÚTIL TOTAL
ACESSO PÚBLICO
271m²
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O Gabinete de Leitura possui um público fi el de fre-quentadores. É a biblioteca municipal com a maior frequência de usuários, 200 por dia, com uma média de 150 empréstimos diários, mas seu espaço ainda é bastante sub-utilizado. A maioria dos usuários não permanece em suas instalações, o tempo que passa ali, é apenas o tempo que leva para procurar seu livro de interesse e sair. O acervo sob consulta e as áreas de estudo são pouco utilizadas. Por isso, a proposta buscou contemplar áreas de estar agradáveis, que convidem o usuário a permanecer no local por mais tempo, qualifi car as áreas externas, criar percursos interessantes, disponibilizar livros, periódicos e mídias com
temas diversos, dispostos sempre ao alcance do usuário. As áreas de ampliação consideraram a duplicação do número de usuários frequentadores, que ocorreria em fun-ção da valorização do edifício com o projeto de intervenção, chegando em torno de 400 usuários/dia. A área que deverá ser mais ampliada em relação à existente é a do acervo infantil, hoje resumido em 20m², com estantes baixas e duas mesas, não possuindo elementos atra-tivos para as crianças. Não foram encontrados usuários neste ambiente em nenhuma das visitas feitas durante o trabalho. O programa proposto para a ampliação chegou aos seguintes números:
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4. O PROJETO
675m² ACESSO RESTRITO 155m²325m² 70m²
25 40Atendimento Armazenamento de doaçõesGuarda Volumes Triagem, restauro e catalogação
150 30100 45m²20 Sanitários 2030 Copa 15
100m² DML 530 Almoxarifado 5
Revistas e HQ's 40m²Didáticos 20Literatura 10CD's e DVD's 10Audiolivros
70250m²
100Revistas e JornaisReferênciaLiteratura NacionalLiteratura InternacionalDemais temasCD's e DVD's 830m²Audiolivros 440m²
50 560m²5050
670m²Área total a ser ampliada com circulação + 20%
ACESSO PÚBLICOUSO GERAL ÁREA TÉCNICAAcesso Restauro e Triagem
Exposição Acervo e Consulta Livros RarosEventos e atividades pedagógicasSanitáriosCafé
SERVIÇOS
Áreas de Leitura/Estar/Atividades
Área totalÁrea edifício existente ¹
INFANTILAcervo Circulante
ADMINISTRAÇÃOSala Coordenadores
Área total a ser ampliada
Sala de ReuniãoSala Diretoria
Áreas de Leitura/EstarComputadoresMesas de Estudo
Acervo CirculanteADULTO
1 Área do edifício existente considerando o porão a ser escavado e submurado, de acordo com a proposta.
GABINETE DE LEITURA DE RIO CLARO PROJETO DE AMPLIAÇÃO
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Foram estudadas a priori as quatro opções de implantação apresentadas a seguir. Todas elas incluem a adição de algum lote vizinho, já que foi excluída, desde o início do desenvolvimento do trabalho, a utilização do próprio jardim dos fundos do terreno. O zoneamento municipal defi ne a área como ZEC-E1 (Zona Especial Central - Uso Institucional Diversifi cado E1)
CA: 2.00 TO: 70% Taxa de permeabilidade: 20% Gabarito máximo: 30m Recuo frontal mínimo: 4.00m Recuo nas demais faces: 1.50m
4. O PROJETO4.2. ESCOLHA DO LOTE
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4. O PROJETO
Avenida 4
Rua 5
Rua 6
Avenida 2
Ampliação da imagem aérea, ao centro, a quadra entre ruas 5 e 6, e avenidas 2 e 4. O edifício do Gabinete de Leitura se destaca com gabarito maior que o padrão do entorno, exceto pelos poucos edifícios de múlti-plos pavimentos.Imagem: Google Earth, 2012.
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OPÇÃO 1
Agregar os dois lotes de fundo, hoje estacionamento e residência. Seria composto por uma sequencia cheio-vazio--cheio, sendo o edifício existente, uma praça central e o edifício novo, criando uma passagem que atravessaria a quadra. A opção foi descartada por ocasionar uma segregação muito marcante do antigo com o novo edifício. Além disso iria alterar a percepção do edifício existente, uma vez que as atividades de acesso provavelmente aconteceriam no edifício novo, de acesso em rua paralela, fazendo com que o usuário entrasse ao edifício do Gabinete pelos seus fundos.
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4. O PROJETO
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OPÇÃO 2
Agregar os dois lotes laterais a leste, hoje duas residências, criando também uma praça entre o edifício existente e o novo. O acesso se daria pela praça, onde se localizariam as atividades de acesso como o balcão de atendimento e o guarda volu-mes. Os fundos do edifício novo ganhariam um pequeno jardim restrito para o acervo infantil. A opção foi descartada pois também causou uma separação entre o novo e o existente, difi cultando a defi nição de quais atividades aconteceriam em qual edifício. Além disso, haveria a difi culdade de se engastar a cobertura do acesso na fachada lateral ornamentada do edifício existente.
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OPÇÃO 3
Agregar apenas o primeiro lote lateral a leste, ampliando o edifício existente para os fundos, e entre eles uma área de luz. O acesso se manteria no existente, causando a surpresa ao usuário que seguiria para o fundo do edifício. O gabarito do anexo de mesma altura que o do prédio existente, possibilitaria a criação de mais um pavimento, ao se utilizar pés direitos mais baixos. O acervo infantil se abrigaria no térreo para um melhor acesso à praça. O Salão Nobre do edifício existente abrigaria os eventos e atividades pedagógicas. O edifi cio administrativo e técnico da biblioteca se localizaria no limite leste do novo lote, criando a praça entre ambos. A opção foi descartada por utilizar o jardim dos fundos e, também, pela difi culdade de engastar a cobertura da interfa-ce entre o anexo e o existente.
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4. O PROJETO
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R 6
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OPÇÃO 4
Agregar os dois lotes laterais a oeste, hoje duas residências, fazendo com que a ampliação se comunique com o existen-te através de uma abertura na sua fachada cega. A fachada lateral leste não se abre para a rua como nas opções anteriores, continua com sua característica de recuo lateral. A intervenção mantém a integridade das fachadas mais ornamentadas do edifício - norte, leste e sul. O edifício de Acesso Restrito ocupa os fundos dos lotes laterais, que são pouco mais longos que o existente, mantendo o jardim com a característica de jardim de fundos, como é hoje. Este foi o partido defi nido no TFG I para o início do desenvolvimento do projeto.
GABINETE DE LEITURA DE RIO CLARO PROJETO DE AMPLIAÇÃO
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4. O PROJETO4.3. PROPOSTA
Na proposta, optou-se por considerar os princípios da
distinguibilidade por julgá-los os mais adequados, como maneira de
respeitar a memória histórica local contida no edifício do Gabine-
te, e assim, propor um novo edifício que evidencie o século e duas
décadas que os separam no tempo.
Ao contrário do que se estabeleceu ao fi nal dos estudos de
viabilidade do TFGI, a ampliação não se divide entre um edifício
de acesso público e outro de acesso restrito, ela concentra as duas
funções em um mesmo prédio, que tem suas atividades organiza-
das de maneira a criar uma divisão do espaço sem ser necessária a
separação total dos edifícios, como será demonstrado a seguir. Essa
solução foi resultado de duas questões que surgiram logo no início
do TFGII, são elas:
1. A biblioteca, mesmo com a ampliação de sua área, ainda terá um
porte médio, pouco mais de 1000m² e, portanto, o isolamento brus-
co das áreas de administração e os funcionários que ali trabalham
não seria uma solução prática.;
2. Foi criada, mais que o recuo frontal obrigatório de 4.00m, uma
praça que se abre para a rua, à frente do edifício da ampliação, sen-
do este recuado para o fundo do lote como demonstram os diagra-
mas a seguir.
Esta praça, além de ampliar as visuais dos pedestres em re-
lação ao edifício existente, cujo entorno se confi gura essencialmente
por edifícios alinhados à rua, equilibra a relação cheios/vazios da
implantação do projeto, podendo ser resumida em edifício existente
+ jardim / praça + edifício novo.
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4. O PROJETO
Rebaixamento do lote agregado. Inserção do edifício novo, recuado em relação à rua. Abertura na fachada lateral do edifício existente.
Inserção do bloco de circulação vertical Inserção da empena lateral e elevação do bloco de
circulação - passando sob este bloco, a praça adentra
ao centro no lote.
Edifício existente + jardim / praça + edifício novo.
GABINETE DE LEITURA DE RIO CLARO PROJETO DE AMPLIAÇÃO
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Ao se testar algumas possibilidades de implantações no lote, chegou-se à
opção de aproveitar o desnível do terreno - pouco mais de um metro entre os dois
lotes, ampliado pela soma da altura do porão do edifício existente. Assim, houve a
criação de um nível semienterrado, abaixo do nível considerado como o térreo da
biblioteca, que abriga as áreas técnicas e de serviços.
Para iluminar e ventilar estes ambientes foi criado um rasgo no terreno,
acessível pela praça, que, passando sob o bloco de circulação, se abre novamente
no centro do lote. Esta área abriga um café, de onde se pode visualizar tanto o jar-
dim do Gabinete, quanto o edifício da ampliação, como sendo uma área de acesso
livre que a partir da rua, “entra” nos limites da biblioteca.
O bloco de circulação se insere como um elemento de grande importân-
cia para o projeto, ele faz a interface entre o edifício histórico e o edifício novo,
portanto optou-se em utilizar estrutura metálica neste elemento, diferente do
restante do edifício, que tem estrutura de concreto. A princípio, este elemento seria
o mais transparente possível para, da praça, se visualizar o jardim interno, mas
devido à orientação norte da fachada, optou-se por revestí-lo em chapa perfurada,
fi ltrando a incidência direta da luz, sem obstruir totalmente a visão do interior
para o exterior, além de criar uma pele homogênea, semi transparente, que con-
trasta com a fachada ornamentada do edifício existente.
A empena lateral em concreto aparente ripado arremata o encontro entre
o bloco de circulação e o edifício novo, que possuem diferentes gabaritos.
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IMPLANTAÇÃOESCALA 1:750
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PLANTA SUBSOLOESCALA 1:200
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4. O PROJETO
LEGENDA
1. Exposições2. Praça3. Café4. Triagem e Restauro5. Livros raros - acervo e consulta6. Serviços
Na Praça frontal, optou-se por não utilizar vegetação, como
maneira de tornar os vazios do projeto - jardim e praça - opostos,
um sombreado e úmido, o outro ensolarado e seco. Ao se adentrar
no lote, chegando ao Café, a área é sombreada pelo próprio edifício
novo e pelas copas das árvores do jardim do Gabinete. Para reforçar
a idéia do ‘vazio que adentra à biblioteca’, nesta área foi utilizada a
mesma pavimentação do passeio - mosaico português amarelo.
O porão do edifício do Gabinete foi escavado e submurado,
até chegar à cota 0.30m e abriga a área de exposições. O comparti-
mento maior recebe temas livres e o compartimento menor contém
a exposição fi xa sobre a história da Instituição. O acesso é indepen-
dente ao da biblioteca.
No nível 0.30m também se encontra o Café - com um com-
partimento de apoio, sanitários masculino, feminino e especial.
No nível 0.00m, há as áreas técnicas da biblioteca - tria-
gem de doações e restauro, consulta e acervo de livros raros - e de
serviços - sanitários de funcionários, copa, depósito de limpeza e
almoxarifado. O acesso para este nível se dá pela escada que chega
à administração - no nível 3.00m - ou pelo elevador. Há um acesso
para funcionários que se liga diretamente à praça.
A sala de triagem e restauro contém uma estante para
armazenar os livros doados ou que necessitem de restauro, uma
bancada para trabalho e uma estante para armazenar os livros já
tratados e catalogados, que aguardam seu destino, sendo este a
própria biblioteca, as demais bibliotecas - Zeferina ou Alem Jorge -,
ou para o programa Livro Vivo. O acervo de livros raros é enclausu-
rado, com acesso por uma ante-câmara por onde se faz a consulta de
material. Para uma melhor conservação do papel, o compartimento
para armazenamento do acervo de livros raros deve ser climatizado
artifi cialmente, para haver o controle de temperatura (ideal: 21º) e
umidade (ideal: 30% a 50%), além de iluminação branda. São utili-
zadas estantes metálicas deslizantes para melhor aproveitamento da
área. Com esta confi guração, tem capacidade para 6000 volumes.
Os sanitários de funcionários e copa são ventilados e
iluminados naturalmente. As janelas da copa são encobertas pelo
revestimento externo em chapa metálica perfurada, o mesmo do
bloco de circulação na fachada, para não serem visíveis da praça.
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PLANTA TÉRREOESCALA 1:200
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4. O PROJETO
LEGENDA
1. Acesso para P.C.D.2. Acervo circulante3. Acervo periódicos4. Jardim5. Bloco de circulação6. BIblioteca infantil 7. Sanitários públicos8. Admnistração
O Salão Principal mantém sua utilização como acervo
circulante - literatura adulta, assim como ocorria anteriormente. O
material catalogado digitalmente pode ser consultado pelo usuário
no computador para busca. Próximo das janelas, mesas para estar. O
balcão de atendimento e empréstimos se localiza à frente da escada
de acesso, e os armários guarda-volumes se organizam na estrutura
das estantes em madeira utilizadas anteriormente como acervo de
livros raros. As estantes que bloqueavam o acesso ao compartimento
menor do Salão Principal foram removidas. O acervo de periódicos
ocupa o compartimento menor, anteriormente utilizado como a
biblioteca infantil. Neste ambiente, o acervo se organiza em duas
estantes a serem ocupadas com jornais e revistas de temas diversos,
há poltronas e mesas pequenas para estar.
O Jardim recebe um tratamento de piso e vegetação para
sombrear o ambiente e criar um espaço de estar agradável ao usuá-
rio.
A biblioteca infantil ocupa uma área quase cinco vezes
maior que a anterior. Aproximadamente 100m², que possibilita a
inserção de mesas pequenas e estante para brinquedos, um grande
tapete com almofadas e estofados que podem se confi gurar de dife-
rentes maneiras para estar e para a realização de atividades lúdicas
em geral, como a Hora do Conto. O acervo se organiza em estantes
baixas próximas à fachada lateral do edifício para possibilitar modi-
fi cações de layout do restante do salão. O acesso ao jardim se dá pela
ponte que passa sobre o café.
A área administrativa contém uma sala que integra os
postos de trabalho para três funcionários e o da coordenação da
biblioteca, além de estantes para armazenamento de documentos.
Possui uma sala fechada para reunião. A escada leva ao pavimento
semi-enterrado que compreende os serviços para os funcionários e
as áreas técnicas da biblioteca.
O acesso à biblioteca continua sendo pelo edifício existen-
te, tendo como alternativa, o recuo lateral, cujo desnível foi adequa-
do às normas de acessibilidade, criando-se uma rampa que chega
diretamente à porta de acesso lateral existente, no compartimento
menor do Salão Principal.
A interface entre o edifício existente e a ampliação criou
um rasgo vertical na fachada oeste do Gabinete, sustentada por
uma estrutura em pórtico metálico interno à alvenaria, vão esse que
ocupa a lateral do antigo compartimento da escada. Os pés direitos
generosos não se mostraram adequados para serem mantidos na
ampliação, que possui o térreo nivelado ao existente, cota 3.00m, e o
pavimento superior em nível intermediário, cota 6.40m, em relação
ao do existente, de cota 7.60m. O rasgo na fachada cria uma entrada
de luz no compartimento, antes o menos iluminado da biblioteca,
que denuncia ao usuário que algo acontece além de seus limites. Op-
tou-se por remover a escada existente e inserir o bloco de circulação
vertical, este cria um percurso que integra os dois edifícios, além de
possibilitar uma circulação de maior conforto, visto que a escada
era em leque, com apenas 1.00m de largura e subindo 26 pisos sem
patamar intermediário.
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PLANTA PAVIMENTO SUPERIORESCALA 1:200
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4. O PROJETO
LEGENDA
1. Salão Nobre: estudo e eventos2. Sala de vídeo3. Acervo circulante4. Posto digital5. Varanda
O Salão Nobre do Gabinete mantém sua função original de
receber eventos esporádicos, e demais atividades pedagógicas como
os encontros literários que já ocorrem quinzenalmente na biblioteca.
Nos momentos em que não é utilizado para tal, mantém-se como
área de estar, estudo ou leitura.
O compartimento menor recebe uma sala de vídeo, para
ser utilizada pelos próprios usuários que queiram, ao invés de locar
o material em vídeo, assistí-los na própria biblioteca.
O bloco de acesso, em estrutura metálica, faz a ligação do
segundo pavimento da ampliação com o segundo pavimento do
edifício existente, através de uma ponte, atirantada à sua estrutura
superior. Desta ponte, o usuário pode visualizar tanto o interior
da biblioteca, quanto a rua e o jardim. Com fachada de orientação
norte, o bloco de acesso recebe um revestimento em chapa metálica
perfurada para fi ltrar parte da da iluminação direta, afastada do
fechamento em vidro para criar um colchão de ar entre os mesmos.
A área de acervo circulante recebe os livros de temas gerais
adultos, além da literatura que se manteve no salão do térreo. Há
neste pavimento mesas para estudo e o Posto Digital.
O edifício da ampliação recebe aberturas nas fachadas late-
rais para a criação de ventilação cruzada: na fachada leste, proteção
de brises verticais móveis sobre fechamento em vidro de correr; na
empena lateral, aberturas com brises verticais fi xos.
O elevador possui abertura nas duas laterais, possibilitando
a chegada em todos os níveis do edifício: 0.00m, 3.00m, 6.40m e
7.60m.
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A
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4. O PROJETO
B
GABINETE DE LEITURA DE RIO CLARO PROJETO DE AMPLIAÇÃO
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C
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4. O PROJETO
D
GABINETE DE LEITURA DE RIO CLARO PROJETO DE AMPLIAÇÃO
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E
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4. O PROJETO
F
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G
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4. O PROJETO
H
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4. O PROJETO
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3
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4. O PROJETO
EDIFÍCIO DA AMPLIAÇÃO_PERSPECTIVA
Empena lateral
Bloco de circulação - estrutura metálica
Fachada leste, brises verticais móveis
Revestimento em chapa metálica per-
furada sobre o avanço da administração
e guarda corpo da varanda
Ponte de acesso ao segundo pavimento do edifício existente
Pele em chapa metálica perfurada sobre o fechamento em vidro fixo
GABINETE DE LEITURA DE RIO CLARO PROJETO DE AMPLIAÇÃO
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Vistas gerais do conjunto.
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4. O PROJETO
Vista a partir da rua.
GABINETE DE LEITURA DE RIO CLARO PROJETO DE AMPLIAÇÃO
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Vista a partir da rua.
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4. O PROJETO
Vista da praça, sob o bloco de circulação.
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Vista da praça ao se abrir no centro do lote.
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4. O PROJETO
Vista do café.
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Vista da varanda
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4. O PROJETO
Vista do jardim.
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5. REFERÊNCIAS5.1. PROJETOS
Seguem fotos de algumas das referências de projeto utilizadas durante o desenvolvimento do trabalho. A pesquisa considerou o tema Bib-liotecas Públicas Municipais, referências de programa e de intervenções em edifícios históricos.
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5. REFERÊNCIAS
B.P.M. Mário de AndradeArq. Jacques PilonConstrução 1936 - 1942Área 12 000m²Recuperação e modernização: Piratininga Ar-quitetos Associados, 2010.
B.P.M. Monteiro Lobato
B.P.M. Alceu Amoroso LimaArq. José Oswaldo VilelaProjeto 1990Inauguração 1998Área 2330m²
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Biblioteca São PauloAfl alo & Gasperini ArquitetosParque da Juventude, São Paulo, 20104527 m²
Amsterdam Public LibraryJo Coenen Architects and UrbanistsAmsterdam, 2001-2007.28000m²
Oloron Saint Marie Multimedia CenterPascale Guédot e Michel CorajoudOloron-Sainte-Marie, França, 2009.2700m²
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5. REFERÊNCIAS
Museu Rodin BahiaBrasil ArquiteturaSalvador, 2002
Morgan Library. Renovação e ampliação.Renzo Piano Building WorkshopNova York, 2000.
Bloor/Gladstone Library. Renovação e ampliação.RDH ArchitectsToronto, 2009.
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5. REFERÊNCIAS5.2. BIBLIOGRAFIA
BALDONI, Marco Antonio. Destruição e tombamentos no centro de Rio Claro. Portal Vitruvius. Minha Cidade. http://w.vitruvius.com.br/
revistas/read/minhacidade/06.072/1943. Acesso em 19/04/2012.
CAMPOS, Marisa. Patrimônio preservado e patrimônio destruído. Rio Claro, Revista do Arquivo, nº5. Jun. 2010. Pag. 36-43.
CAMPOS, Maria Teresa de Arruda (org.). ACIRC, 90 anos de história: Associação Comercial de Rio Claro-SP: 1922 – 2012. Rio Claro,
Divisa Editora, 2012.
Discurso do Sr. Luso dos Santos Ferro, por ocasião do Centenário do Gabinete de Leitura Rioclarense, 23/07/1976, mimeografado. Acervo
do Arquivo Público e Histórico de Rio Claro.
FERREIRA, Monica C. B. Frandi. A Edifi cação Residencial Urbana Paulista. Estudo de Caso - Rio Claro, 1930-1960. Dissertação (Mestrado)
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, São Paulo, Universidade de São Paulo, 2002.
HILL, Ann B. Th e Small Public Library: Design Guide, Site Selection, Design. Milwaukee, Wis. Center for Architecture and Urban Planning
Research, University of Wisconsin-Milwaukee, 1980.
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5. REFERÊNCIAS
KONYA, Allan. Libraries: a Briefi ng and Design Guide. London, Architectural Press, 1986.
MARTINS, Ana Luiza. Estudo de Tombamento do Gabinete de Leitura de Rio Claro. Processo de Tombamento do CONDEPHAAT n°
22297/82, consultado em 10 de maio de 2012.
OLIVEIRA, Carolina Bortolotti de. O Solar da Baronesa de Dourados: memória da arquitetura residencial paulista no século XIX. Rio Cla-
ro, Revista do Arquivo, nº6. Out. 2010. Pag. 10-13.
PENTEADO, Oscar de Arruda. Rio Claro – Coletânea Histórica. Piracicaba, Franciscana, 1977.
____. (org) Rio Claro Sesquicentenária. Rio Claro: Museu Histórico e Pedagógico Amador Bueno da Veiga, Secretaria da Cultura, Ciência e
Tecnologia, Governo do Estado de São Paulo, 1978.
PINTO, Sandra Regina. Análise das Condições de Iluminação das Bibliotecas Públicas Municipais da Cidade de São Paulo. Dissertação
(Mestrado) Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, São Paulo, Universidade de São Paulo, 2008.
POOLE, Frazer G. Programa para o Projeto do Edifício da Biblioteca Central. Trad. de Elton Eugênio Volpini. Brasília, Biblioteca Central da
Universidade de Brasília, 1973.
REBELLO, Yopanan Conrado Pereira. Bases para Projeto Estrutural na Arquitetura. São Paulo, Zigurate Editora, 2007.
REIS FILHO, Nestor Goulart. Quadro da Arquitetura no Brasil. São Paulo, Perspectiva, 1970.
SAUSP. Manual de conservação preventiva de documentos: papel e fi lme. São Paulo Edusp, 2005.
VENTURA, Ana Claudia. Bibliotecas: a Rede Pública em São Paulo. Dissertação (Mestrado) Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, São
Paulo, Universidade de São Paulo, 2001.