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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE TECNOLOGIA E GEOCIÊNCIAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL P P G E C PPGEC- Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil CEP. 50740-530 – Cidade Universitária Recife – PE Tel: 0 81 – 3271-8011 DISSERTAÇÃO DE MESTRADO AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE COAGULAÇÃO/FLOCULAÇÃO SEGUIDO DE RADIAÇÃO GAMA PARA TRATAMENTO DE LIXIVIADOS Patrícia Maria de Souza Paulino Recife/PE Julho/2011

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO DE TECNOLOGIA E GEOCIÊNCIAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL

P

P

G

E

C

PPGEC- Programa de Pós-Graduação

em Engenharia Civil

CEP. 50740-530 – Cidade Universitária

Recife – PE

Tel: 0 81 – 3271-8011

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE COAGULAÇÃO/FLOCULAÇÃO SEGUIDO DE RADIAÇÃO GAMA PARA TRATAMENTO DE

LIXIVIADOS

Patrícia Maria de Souza Paulino

Recife/PE

Julho/2011

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Patrícia Maria de Souza Paulino

AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE COAGULAÇÃO/FLOCULAÇÃO SEGUIDO DE RADIAÇÃO GAMA PARA TRATAMENTO DE LIXIVIADOS

Orientador: Prof. Dr. Maurício de Motta Sobrinho

Co-orientador: Prof. Dr. José Fernando Thomé Jucá

RECIFE, JULHO DE 2011

Dissertação submetida ao corpo docente da Coordenação do Programa de Pós-graduação da Universidade Federal de Pernambuco como parte dos requisitos necessários para obtenção do grau de Mestre em Engenharia Civil.

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Catalogação na fonte

Bibliotecária Raquel Cortizo, CRB-4 664

P324a Paulino, Patrícia Maria de Souza.

Avaliação do processo de coagulação/floculação seguido de radiação gama para tratamento de lixiviados / Patrícia Maria de Souza Paulino. - Recife: O Autor, 2011.

Xvii, 133 folhas, il., gráfs., tabs., figs.

Orientador: Prof. Dr: Maurício de Motta Sobrinho

Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Pernambuco. CTG. Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil, 2011.

Inclui Referências Bibliográficas.

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL

A comissão examinadora da defesa da Dissertação de Mestrado

intitulada

AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE COAGULAÇÃO/FLOCULAÇÃO SEGUIDO DE

RADIÇÃO GAMA PARA TRATAMENTO DE LIXIVIADOS

defendida por

Patrícia Maria de Souza Paulino

Considera a candidata ____________

Recife, 01 de Julho de 2011

Prof. Dr. Maurício A. da Motta Sobrinho DEQ/UFPE (Orientador)

Prof. Dr. José Fernando Thomé Jucá DECivil/UFPE (Co-Orientador)

Prof. Dr. Valderi Duarte Leite DESA /UEPB (avaliador externo)

Prof. Dr. Jaime Joaquim da Silva Pereira Cabral DECivil/UFPE (avaliador interno)

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“As coisas que são impossíveis aos homens, são possíveis a Deus.”

Lucas 18:27.

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Dedico este trabalho à Deus pela proteção e força concedida, aos meus pais Lêmio Paulino e

Cristina Paulino, que primeiro se dedicaram a mim, para que hoje eu pudesse me realizar profissionalmente.

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AGRADECIMENTOS

À Deus por sempre me conceder sabedoria para enfrentar os momentos mais difíceis e me sustentar nessa caminhada.

Aos meus pais Lêmio Paulino e Cristina Paulino, e a minha irmã Priscila, pelo apoio e incentivo de sempre.

Ao meu querido namorado Antônio, sempre companheiro, que soube me dar carinho e segurança em todos os momentos.

Ao meu orientador Prof. Maurício Motta, em especial agradecimento pelo apoio e pelas contribuições durante toda pesquisa.

Ao meu co-orientador Prof. José Fernando Thomé Jucá pela confiança depositada, apoio e pelo conhecimento que ajudou a adquirir com o Grupo de Resíduo Sólido – GRS.

À Joelma Morais Ferreira e Maria do Carmo Lourenço, professoras e pesquisadoras do GPTA, pelo grande apoio na análise dos resultados desta pesquisa.

À técnica Ana Dayse (Gamalab – Departamento de Energia Nuclear) pela ajuda na irradiação dos materiais estudados. Aos meus novos amigos, Etiene, Luciana, Cláudio, Vitor, Luiz, André, Tarsila, Jorge que juntos lutamos nessa caminhada acadêmica, agradeço pela amizade, companheirismo e contribuição para conclusão desta dissertação.

À Antônio Brito, pessoa amiga que estava sempre a disposição, obrigada pela atenção e apoio em todos os momentos no GRS.

À Prof. Valdinete Lins, pelo livre acesso concedido no Laboratório de Engenharias Ambientais e químicas (LEAQ) valioso apoio para conclusão deste trabalho.

Aos colegas do grupo GRS, Cecília, Fabrícia, Ingrid, Eduardo, Rodrigo, Gustavo, Eduarda e tantos outros que sempre me apoiaram.

À minha grande amiga Gemima Manço, pelos momentos de descontração, incentivo e companheirismo que tanto contribuíram para finalização deste trabalho.

À secretária de Pós-graduação, Andréia Negromonte, pela atenção dispensada nos momentos de dúvida e durante todo período acadêmico.

À todos professores e técnicos do Laboratório de Solos e Instrumentação.

À todos do aterro da Murribeca pela disponibilidade e colaboração, em coletar e transportar o lixiviado utilizado na pesquisa.

Ao CNPq pela concessão da bolsa de estudo.

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AVALIAÇÃO DO MÉTODO DE COAGULAÇÃO/FLOCULAÇÃO SEGUIDO DE

RADIÇÃO GAMA PARA TRATAMENTO DE LIXIVIADOS

Patrícia Maria de Souza Paulino

RESUMO

O destino dos resíduos sólidos descartados pelas populações vem se tornando um grave problema ambiental e social. Muitas vezes, esses resíduos são descartados nos denominados lixões sem qualquer cuidado ou técnica especial, representando riscos sanitários e ambientais. Uma das soluções para esse problema é a disposição desses resíduos em aterros sanitários. Nestes locais, a água que é drenada pelo aterro, dissolve várias substâncias poluentes, resultando no lixiviado. Esse líquido contém altas concentrações de substâncias orgânicas e inorgânicas, e possui um potencial de poluição que pode ser cerca de 200 vezes maior do que o esgoto doméstico, razão pela qual deve ser tratado antes de ser lançado em cursos de água. De modo geral o lixiviado de aterros de resíduos sólidos, quando submetidos aos sistemas convencionais de tratamentos de efluentes líquidos (lagoa aeróbia, anaeróbia e facultativa), ainda apresenta concentrações de poluentes, principalmente de carga orgânica, que representam riscos de impactos ambientais e riscos à saúde pública. Entre as alternativas para o tratamento de lixiviado de aterros sanitários está o uso da técnica de coagulação/floculação como um tratamento físico-químico. O uso da radiação ionizante tem sido considerada para o tratamento de efluentes desde a década de 1970. A coagulação/floculação é muito utilizada no tratamento de efluentes, sendo empregada para remover altas concentrações de poluentes orgânicos principalmente compostos não-biodegradáveis e metais pesados. A radiação gama, como um tipo de radiação ionizante, baseia-se na oxidação de matéria orgânica e no melhoramento da biodegradabilidade do efluente. Este trabalho utilizou como efluente a ser tratado, os lixiviados gerados no Aterro da Muribeca-PE. Foi determinada a melhor dosagem de hidróxido de cálcio através de três planejamentos fatoriais 24, um para cada cal estudada. Em seguida, após obter as condições otimizadas do processo de coagulação/floculação, esse lixiviado, já pré-tratado, foi submetido ao tratamento com radiação gama. Para tanto foi realizado um novo planejamento fatorial 22. Para análise dos resultados dos planejamentos experimentais fatorial, Diagramas de Pareto com nível de significância de 95% foram empregados para ilustrar as estimativas dos efeitos principais lineares e de segunda ordem, em valor absoluto, dos fatores em relação às variáveis respostas estudadas. A significância dos efeitos foram testadas por análise de variância (ANOVA). Pode-se concluir que a coagulação/floculação com cal pode remover ao mesmo tempo a cor e a turbidez, com valores significativos para o parâmetro cor acima de 80%. Enquanto que os processos conjugados de coagulação/floculação e radiação gama proporcionaram uma maior eficiência na redução da DQO.

Palavras-chave: Lixiviado, coagulação, radiação gama.

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EVALUATION OF THE COAGULATION/FLOCCULATION PROCESS FOLLOWED BY GAMMA RADIATION TO LEACHATE TREATMENT

Patrícia Maria de Souza Paulino

ABSTRACT

The fate of solid waste disposed by the people is becoming a serious environmental and social problem. Often, these wastes are disposed of in landfills without any known technique or special care, representing health and environmental risks. One solution to this problem is the disposal of such waste in landfills. In these places, the water is drained from the landfill, dissolves various pollutants, resulting in leachate. This fluid contains high concentrations of organic and inorganic substances, and has a potential for pollution that may be about 200 times greater than domestic sewage, why should be treated before being released into waterways. In general the leachate from solid waste landfills, when subjected to conventional wastewater treatments (lagoon aerobic, anaerobic and facultative), still presents concentrations of pollutants, mainly organic load, which pose risks of environmental impacts and risks public health. Among the alternatives for the treatment of landfill leachate is the technique of coagulation / flocculation as a physical-chemical treatment. The use of ionizing radiation has been considered for the treatment of wastewater since the 1970s. The coagulation / flocculation is widely used in wastewater treatment, being used to remove high concentrations of organic pollutants mainly non-biodegradable compounds and heavy metals, Gamma radiation as a type of ionizing radiation, based on the oxidation of organic matter and in improving the biodegradability of the effluent. This work used as effluent to be treated, the leachate generated in the landfill Muribeca-PE. Determined the best dose of calcium hydroxide by three factorial design 24, one for each hydroxide studied. Then, after obtaining the optimum coagulation / flocculation, this leachate, already pre-treated, was treated with gamma radiation. For this purpose, were performed a new factorial design 22. To analyze the results of factorial experimental design, Pareto diagrams with a significance level of 95% were used to illustrate the estimates of main effects and second-order linear, absolute value, the factors concerning the three responses studied. The significance of the effects were tested by analysis of variance (ANOVA). It can be concluded that the coagulation / flocculation using lime can remove both color and turbidity, with significant values for the parameter color above 80%. While the combined processes of coagulation / flocculation and gamma radiation led to a better efficiency in reducing COD.

Keywords: leachate, coagulation, gamma radiation.

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SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS................................................................................................ ix

LISTA DE TABELAS............................................................................................... xi

LISTA DE EQUAÇÕES........................................................................................... xiii

LISTA DE SIGLAS, ABREVIATURAS E SÍMBOLOS........................................ xv

CAPITULO I

1 Introdução Geral............................................................................................. 2

2 Estrutura do Trabalho.................................................................................. 5

3 Referências Bibliográficas............................................................................ 6

CAPITULO II

1 Definição e geração de lixiviado em aterros de resíduos sólidos urbanos .............................................................................................................

10

2 Características e composição do lixiviado .............................................. 18

3 Tratamento de lixiviado ............................................................................... 22

3.1 Recalcitrância do lixiviado............................................................................... 23

3.2 Processos biológicos ......................................................................................... 24

3.2.1 Lodos ativados ................................................................................................ 25

3.2.2 Filtro biológico ............................................................................................... 27

3.2.3 Lagoas aeradas ................................................................................................ 27

3.2.4 Lagoas anaeróbias .......................................................................................... 28

3.2.5 Lagoas facultativas .......................................................................................... 29

3.2.6 Reatores anaeróbios (tipo UASB) ................................................................... 31

3.3 Considerações dos processos biológicos para tratamento de lixiviado ....... 31

3.4 Sistemas fundamentados em recirculação de lixiviado ................................. 32

3.4.1 Recirculação do lixiviado no aterro sanitário .................................................. 32

3.5 Sistemas alternativos ........................................................................................ 32

3.5.1 Evaporação ...................................................................................................... 33

3.5.2 Wetlands .......................................................................................................... 33

3.6 Sistemas bioquímicos ........................................................................................ 34

3.7 Sistema de tratamento fundamentado em métodos físico-químicos ............ 35

3.7.1 Coagulação/Floculação ................................................................................... 35

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3.7.2 Adsorção .......................................................................................................... 41

3.8 Processos oxidativos avançados (POA) .......................................................... 42

3.8.1 Processos oxidativos avançados envolvendo H2O2 ......................................... 45

3.8.2 H2O2/UV .......................................................................................................... 46

3.8.3 Reagente de Fenton ......................................................................................... 48

3.8.4 Percarbonato de sódio (2 Na2CO3.3H2O2) ....................................................... 50

3.9 Processos de Separação por Membranas (PSM)............................................. 51

3.10 Stripping de amônia ou arraste com ar ........................................................ 52

3.11. Radiação ionizante ......................................................................................... 55

3.11.1 Considerações gerais ..................................................................................... 56

3.11.2 Fontes radioativas .......................................................................................... 56

3.11.3 Interação da irradiação com a matéria ........................................................... 58

3.11.4 Tipos de irradiadores ..................................................................................... 59

3.11.5 Fonte de radiação Gama ................................................................................ 59

3.11.6 Aceleradores de elétrons ............................................................................... 60

3.11.7 Aplicações da radiação ionizante .................................................................. 60

4. Referências Bibliográficas .......................................................................... 63

CAPITULO III

Avaliação do método coagulação/floculação no tratamento de lixiviado ........... 76

Resumo ..................................................................................................................... 77

Abstract .................................................................................................................... 78

Introdução ................................................................................................................ 79

Materiais e métodos ................................................................................................ 82

Descrição da área de estudo .............................................................................. 82

Composição do lixo ........................................................................................... 83

Coleta e preservação das amostras .................................................................... 83

Parâmetros analisados ....................................................................................... 84

Procedimento experimental ............................................................................... 84

Coagulação/floculação ................................................................................. 84

Delineamento experimental para a otimização de condições do processo ... 86

Resultados e discussão .......................................................................................... 89

Caracterização das amostras de lixiviado ................................................................ 89

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viii

Planejamento experimental fatorial 24 ..................................................................... 90

Análise de turbidez .............................................................................................. 90

Análise de cor .................................................................................................. 93

Conclusão ................................................................................................................ 97

Referências bibliográficas ...................................................................................... 98

CAPÍTULO IV

Uso conjugado dos processos de coagulação/floculação e radiação gama para

tratamento de lixiviado ..........................................................................................

101

Resumo .................................................................................................................... 102

Abstract ................................................................................................................... 102

Introdução ............................................................................................................... 103

Materiais e métodos ............................................................................................... 106

Delineamento experimental para otimização de condições do processo ........... 107

Resultados e discussões ........................................................................................... 109

Análise de cor ................................................................................................... 109

Análise da DQO ............................................................................................... 110

Conclusão ................................................................................................................ 113

Referências bibliográficas ...................................................................................... 114

CAPITULO V

Conclusões gerais e sugestões para próximas pesquisas.......................................

117

1 Conclusões gerais.................................................................................................. 118

2 Sugestões para próximas pesquisas..................................................................... 119

3 Referências bibliográficas.................................................................................... 120

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ix

LISTA DE FIGURAS

CAPITULO II – INTRODUÇÃO GERAL E ESTRUTURA DO TRABALHO

Figura 1. Fonte de umidade que contribui para formação de lixiviado em

aterro (ALCANTARA, 2007).............................................................

11

Figura 2. Curva de crescimento microbiano mostrando as quatro fases

(KYAW, 2006)...................................................................................

15

Figura 3. Fluxograma das retas metabólicas e grupos microbianos envolvidos

na decomposição da matéria orgânica dos resíduos sólidos (MELO,

2003)..................................................................................................

17

Figura 4. Representação de uma lagoa facultativa, ilustrando as zonas

existentes (FONSECA, 2005).............................................................

30

Figura 5. Desenho esquemático do sistema bioquímico (BELTRÃO,

2005)...................................................................................................

35

Figura 6. Estrutura do percabonato de sódio (WIKIPEDIA, 2010).................. 51

Figura 7. Distribuição de amônia (NH3) e íon amônio (NH4+) em função do

pH (METCALF e EDDY, 2003)........................................................

53

Figura 8. Emissão de raio gama por um nuclídeo instável (THAUAT,

2003)...................................................................................................

57

Figura 9. Decaimento do cobalto 60 a níquel 60 (BORRELY et al.,

1998)..................................................................................................

57

Figura 10. Distribuição da dose de radiação em função da espessura do

material exposto a raios gama e a aceleradores de elétrons

(BORRELY, 1998).............................................................................

58

CAPÍTULO III – AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE COAGULAÇÃO/FLOCULAÇÃO PARA TRATAMENTO DE LIXIVIADO Figura 1. Vista aérea do Aterro da Muribeca e estação de tratamento de

lixiviado...................................................................................................

83

Figura 2. Representação esquemática do procedimento experimental adotado

para o tratamento do lixiviado do Aterro da Muribeca por

coagulação/floculação............................................................................

85

Figura 3. Equipamento de Jar test utilizado nos ensaios de precipitação química 86

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x

Figura 4. Gráfico de Pareto com as variáveis que influenciam na análise de

redução de turbidez para cal CSP(a) e CPA(b).......................................

91

Figura 5. Superfície de resposta em função da redução da turbidez para cal CPA 93

Figura 6. Gráfico de Pareto com as variáveis que influenciaram na análise de

remoção de cor para a cal CSP(a), CPA(b) e CPE(c).............................

94

Figura 7. Superfície de resposta em função da redução da turbidez para cal

CSP........................................................................................................

96

CAPÍTULO IV – USO CONJUGADO DOS PROCESSOS DE COAGULAÇÃO/FLOCULAÇÃO E RADIAÇÃO GAMA PARA TRATAMENTO DE LIXIVIADO Figura 1. Grammacell 220 EXCEL (a) e Espectrofotômetro UV-visível

Thermo Genius 10TM (Watham, MA-EUA) (b).................................

107

Figura 2. Gráfico de Pareto mostrando as variáveis que influenciaram na

análise de redução da DQO...................................................................

111

Figura 3. Gráfico de superfície correlacionando as varáveis que interagiram na

redução da DQO...................................................................................

112

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xi

LISTA DE TABELAS

CAPÍTULO II – INTRODUÇÃO GERAL E ESTRUTURA DO TRABALHO

Tabela 1. Fases e ocorrências durante a degradação da matéria orgânica

(MEIRA, 2009).....................................................................................

14

Tabela 2. Prováveis características do lixiviado de aterros brasileiros (SOUTO

e POVINELLI, 2007)...........................................................................

19

Tabela 3. Vantagens e desvantagens dos processos anaeróbios em relação aos

processos aeróbios; verificado por efluente doméstico (ROCHA,

2005).....................................................................................................

29

Tabela 4. Compostos oxidáveis por radicais hidroxila (RODRIGUES et al.,

2003; FARES et al., 2003)...................................................................

43

Tabela 5. Potencial de oxidação para alguns oxidantes (BELTRAN et al.,

1997) ...................................................................................................

43

Tabela 6. Sistemas utilizados no POA (RENOU et al., 2007)............................ 44

Tabela 7. Diâmetro de poros e exemplos do uso de membranas........................ 52

Tabela 8. Propriedades gerais da amônia (MARTINEZ RODRIGUEZ, 2007)... 54

CAPÍTULO III - AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE

COAGULAÇÃO/FLOCULAÇÃO PARA TRATAMENTO DE LIXIVIADO

Tabela 1. Metodologias utilizadas na caracterização do lixiviado...................... 84

Tabela 2. Descrição das diferentes marcas comerciais de hidróxido de cálcio

utilizado na pesquisa..............................................................................

85

Tabela 3. Variáveis e níveis estudados no planejamento fatorial 24.................... 87

Tabela 4. Matriz experimental com as variáveis e níveis estudados no

planejamento fatorial 24........................................................................

88

Tabela 5. Resultados da caracterização da amostra de lixiviado coletada ........... 89

Tabela 6. Resultados das análises de metais presentes na amostra bruta de

lixiviado e os respectivos limites de lançamento para efluentes em

corpos receptores....................................................................................

90

Tabela 7. Valores calculados da análise da variância (ANOVA) para variável

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xii

turbidez mediante a utilização do programa Statistica 5.0..................... 92

Tabela 8. Valores calculados da análise da variância (ANOVA) para variável

cor............................................................................................................

95

CAPÍTULO IV – USO CONJUGADO DOS PROCESSOS DE COAGULAÇÃO/FLOCULAÇÃO E RADIAÇÃO GAMA PARA TRATAMENTO DE LIXIVIADO

Tabela 1. Níveis com valores do planejamento fatorial 22.................................. 108

Tabela 2. Variáveis e níveis estudados no planejamento fatorial 22................... 108

Tabela 3. Resultados da remoção de cor de acordo com os ensaios realizados.. 109

Tabela 4. Valores calculados da análise da variância (ANOVA) para a

variável DQO......................................................................................

111

Tabela 5. Caracterização das amostras de lixiviado bruto e após a otimização

do planejamento fatorial experimental................................................

113

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xiii

LISTA DE EQUAÇÕES

CAPÍTULO II – INTRODUÇÃO GERAL E ESTRUTURA DO TRABALHO

Equação 1. Equação de balanço hídrico em aterro.......................................... 11

Equação 2. Estimativa de vazão de lixiviado.................................................. 12

Equação 3. Equação genérica de síntese (anabolismo)................................... 26

Equação 4 e 5. Representação da respiração endógena (catabolismo)................. 27

Equação 6 a 8. Reação do óxido de cálcio na formação do carboneto de cálcio.. 37

Equação 9. Mecanismo de remoção de metal pesado pela precipitação

química..........................................................................................

40

Equação 10. Oxidação do poluente orgânico .................................................... 43

Equação 11 a 14. Mecanismo que envolve a fotólise de H2O2.................................. 46

Equação 15. Geração de radicais hidroxila na presença de compostos

orgânicos por abstração do hidrogênio.........................................

47

Equação 16. Geração de radicais hidroxila na presença de compostos

orgânicos por adição eletrofílica...................................................

47

Equação 17. Geração de radicais hidroxila na presença de compostos

orgânicos por transferência de elétron..........................................

47

Equação 18. Mecanismo de degradação de contaminante tóxico..................... 48

Equação 19. Oxidação do Fe2+ em Fe3+............................................................. 48

Equação 20 a 26. Série de reações de competição.................................................... 48

Equação 27. Equação de contínua regressão de Fe2+ na foto-redução do Fe3+ 49

Equação 28. Nitrogênio amoniacal.................................................................... 53

Equação 29. Concentração de amônia livre do total de nitrogênio amoniacal

em função do pH e temperatura....................................................

54

Equação 30. Formação de um radioisótopo artificial........................................ 57

Equação 31. Estabilidade do 60CO obtida pelo decaimento a 60Ni.................... 57

Equação 32 a 35. Interações da radiação gama com o esgoto................................... 58

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xiv

CAPÍTULO III - AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE COAGULAÇÃO/FLOCULAÇÃO PARA TRATAMENTO DE LIXIVIADO

Equação

1.

Modelo com todos os parâmetros significativos para analise da cal

CPA......................................................................................................

92

Equação

2.

Modelo matemático linear codificado para o sistema experimental

analisado (cal CSP).............................................................................

96

CAPÍTULO IV – USO CONJUGADO DOS PROCESSOS DE COAGULAÇÃO/FLOCULAÇÃO E RADIAÇÃO GAMA PARA TRATAMENTO DE LIXIVIADO.

Equação 1. Modelo com os parâmetros significativos para o sistema

experimental analisado.....................................................................

112

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xv

LISTA DE SIGLAS, ABREVIATURAS E SÍMBOLOS

A Área do aterro

AF Ácidos fúlvicos

AH Ácidos húmicos

ARS Aterro de resíduos sólidos.

60CO Cobalto sessenta

Ca Cálcio

CaO óxido de cálcio Ca(OH)Ca(OH)Ca(OH)Ca(OH)2222 Hidróxido de cálcio

Cl Cloro COCOCOCO2222 Gás carbônico

COT Carbono orgânico total.

CONAMA Conselho Nacional de Meio Ambiente.

CPA Hidróxido de cálcio para análise

CPE Hidróxido de cálcio comercial

CSP Hidróxido de cálcio comercial

DQO Demanda química de oxigênio.

DBO5 Demanda bioquímica de oxigênio.

DBO/DQO Razão de biodegradabilidade

Es Escoamento superficial

Et Evapotranspiração

Ev Evaporação

FVMP Freqüência de valores mais prováveis.

g grama.

g/L gramas por litro

HCO3- Bicarbonato

H2O2 Peróxido de hidrogênio

H2O Água

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xvi

HU Huminas

HZ Hazen

K Coeficiente que depende do grau de compactação dos resíduos

KGy Quilo Gray

L Geração de lixiviado

M concentração do coagulante

MF Microfiltração

MeV Megaeletronvolts

mg/L miligramas por litro

MM Massa molar.

Mn Manganês

Mg Magnésio

Min Minuto

NF Nanofiltração

60Ni Níquel sessenta NBR NBR NBR NBR Norma brasileira NHNHNHNH4444++++ Amônia ionizada ou íon amônio NHNHNHNH3333 Amônia livre nmnmnmnm Nanômetro

NTU Nephelometric Turbity Unit

OI Osmose inversa

OH Hidroxila

P Precipitação

pH Potencial de hidrogênio

POA Processos Oxidativos Avançados

PSM Processo de separação por membranas

Q Vazão média de lixiviado

R Radiação

Rc Recirculação de líquidos

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xvii

rpm Rotação por minuto RSM Análise da superfície de resposta RSU Resíduos sólidos urbanos SDT Sólidos dissolvidos totais S Sólido.

SBQ Sistema bioquímico. SMEWW SMEWW SMEWW SMEWW Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater SOSOSOSO44442222---- Sulfato SST SST SST SST Sólidos suspensos totais. STSTSTST Sólidos Totais TATATATA Tempo de floculação TSTSTSTS Tempo de sedimentação UASB Upflow Anaerobic Sludge Blanket.

UF Ultrafiltração

UV Ultravioleta

VA Velocidade de floculação

Wrs Água proveniente dos resíduos e do solo de cobertura

Ws Água subterrânea

Wv Vapor d’ água

µm Micrometro μS/cm μS/cm μS/cm μS/cm MiliSiemens por centímetro

∆W Consumo/produção de água proveniente de reações bioquímicas

∆Wrs Água retida nos resíduos e no solo de cobertura

% Porcentagem

γ Gama

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1

CAPITULO I

INTRODUÇÃO GERAL, ESTRUTURA DO TRABALHO.

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2

1 Introdução Geral

Uma das grandes preocupações ambientais da sociedade contemporânea está

relacionada à gestão dos resíduos sólidos gerados pela produção e consumo de bens e

serviços. Com a intensificação do processo industrial, aliado ao crescimento da

população e a conseqüente demanda por bens de consumo, o homem tem produzido

quantidades significativas de resíduos sólidos sem possuir uma política clara e efetiva

para sua eliminação, incapaz de não gerar prejuízos a si próprio e ao meio ambiente

(LEITE et al., 2004).

Os lixões respondem pelo destino final de aproximadamente 22,5% de todo

resíduo produzido no Brasil e se caracterizam por serem depósitos a céu aberto onde o

lixo é apenas dispensado, sem nenhum tratamento dos resíduos em decomposição ou

proteção ambiental. Por isso, há alta contaminação do solo e da região ao redor desses

lixões, assim como é possível a contaminação do lençol freático pela percolação do

lixiviado no solo (JUCÁ, 2003). Corpos d’água, receptores finais de efluentes

industriais e urbanos, estão com a qualidade cada vez mais comprometida,

representando um sério risco à saúde humana.

A disposição de resíduos em aterros sanitários constitui a técnica mais utilizada

mundialmente para a remediação de resíduos sólidos. Os resíduos em decomposição sob

o solo, juntamente com a água proveniente principalmente da chuva, geram o lixiviado

ou percolado, o qual escoa até a base do aterro onde, posteriormente deverá ser drenado

e tratado. O lixiviado é um líquido escuro e com forte odor e que possui alto potencial

patogênico e toxicológico. Falha na impermeabilização do aterro e tratamento ou

manejo inadequado do lixiviado podem comprometer o meio ambiente local, na medida

em que este efluente pode se tornar uma fonte de contaminação hidrogeológica

(MORAES e BERTAZZOLI, 2007). Portanto a correta coleta, destinação e tratamento

do lixiviado se fazem extremamente necessárias, uma vez que se trata de um líquido

extremamente tóxico para o meio ambiente, sobretudo para os ambientes aquáticos.

O lixiviado pode ser definido como o líquido resultante das reações de hidrólise

que acontecem durante o processo de bioestabilização anaeróbia dos resíduos sólidos

orgânicos, além da própria umidade residual do material orgânico e outras possíveis

fontes de água que porventura possam vir a atravessar a massa de resíduo (LOPES,

2003). Este líquido, produzido indistintamente em aterros jovens e antigos, cujo

potencial poluidor está ligado, entre outros fatores, aos elevados valores de carga

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orgânica, exige tratamento adequado para evitar que efeitos indesejados decorrentes de

sua disposição “in natura” acarretem impactos negativos ao meio ambiente (solo, águas

superficiais e subterrâneas) e sérios problemas de saúde pública.

O potencial contaminante dos resíduos sólidos urbanos torna-se evidente após a

sua disposição em aterro sanitário, uma vez que após o seu aterramento esses resíduos

são submetidos ao processo de biodegradação. Este processo compreende reações

físico-químicas e biológicas que ocorrem no interior das células resultando na formação

de líquidos e de gases (KELLY, 2002), principais vetores de contaminação ambiental.

Durante a vida útil do aterro e após cessar o seu funcionamento é necessário que

haja o monitoramento cuidadoso dos gases, bem como o emprego de técnicas de

tratamento dos líquidos lixiviados (SILVA, 2002). As características físicas, químicas e

biológicas do lixiviado são bastante complexas e variáveis, uma vez que, além de

depender das características dos resíduos aterrados são influenciadas pelas condições

ambientais, pela forma de operação do aterro e, principalmente, pela dinâmica dos

processos de decomposição que ocorrem no interior das células (EL FADEL et al.,

2002; KJELDSEN et al., 2002). Assim, pode-se afirmar que a composição dos

lixiviados de um aterro de resíduos sólidos é bastante diversificada, podendo variar

consideravelmente de um local para outro, como também em um mesmo local e entre

uma e outra época do ano (REINHART e GROSH, 1998 apud PAES, 2003).

A variabilidade das características do lixiviado proveniente de diferentes aterros

e de áreas com idades de aterramento distintas exige que métodos de tratamento sejam

adaptáveis as variações de biodegradabilidade, as concentrações de substâncias

presentes e volume gerado (VEIGA et al., 2006). Neste contexto, o conhecimento da

composição do lixiviado é fundamental para a escolha da melhor forma de tratamento

para esse tipo de efluente.

A maioria dos aterros brasileiros não possui nenhum tipo de tratamento para o

lixiviado ou o trata de maneira ineficiente. Desta forma, é relevante o desenvolvimento

de técnicas de tratamento eficientes na remoção da carga poluidora do mesmo e que

sejam compatíveis com a realidade técnica e econômica dos municípios

(MANNARINO et al., 2006).

Kargi & Pamukoglu (2004) comentam que a combinação de processos físicos,

químicos e biológicos, é usualmente utilizada para um tratamento efetivo do chorume,

visto que, segundo eles, é difícil se obter uma remoção de poluentes satisfatória usando-

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se apenas um destes processos, dada à complexidade e o alto grau de poluição deste

efluente.

De maneira geral, para lixiviado de aterro sanitário, as rotinas integradas

envolvem a utilização de métodos biológicos e físico-químicos. Esses últimos objetivam

o aumento da biodegradabilidade da matriz (pré-tratamento) ou a remediação de

parâmetros que a rota biológica não permite (polimento final) (MORAIS, 2005).

Com a necessidade de proteção ao meio ambiente e controle da poluição, assim

como a prevenção de doenças ocasionadas pela contaminação dos recursos hídricos,

algumas tecnologias têm sido desenvolvidas. Dentre elas os métodos físico-químicos,

envolvendo coagulação, que tem por objetivo aglomerar as impurezas que se encontram

em suspensões finas (ou em estado coloidal) e algumas que se encontram dissolvidas,

em partículas maiores que possam ser removidas por decantação ou filtração. Este

fenômeno de aglomeração ocorre devido duas ações distintas: 1) Uma desestabilidade

onde, por adição de produtos químicos, se neutralizam as forças elétricas superficiais e

se anulam as forças repulsivas. Este primeiro fenômeno é a coagulação. 2) Uma

aglomeração dos colóides "descarregados" até a formação de flocos que sedimentam a

uma velocidade adequada. Esta aglomeração é facilitada pela agitação suave, porém

completa para facilitar o contato dos flocos uns com os outros. Esta é chamada de

floculação (PEREIRA, 2010).

Os alcalinizantes mais utilizados, pelo seu baixo custo, é a Cal (virgem ou viva,

hidratada). Podem também ser utilizado o hidróxido de cálcio [CaOH)2] e de misturas

deste com o óxido de magnésio (MgO) e o hidróxido de magnésio [Mg(OH)2]

(PEREIRA, 2010).

Várias tecnologias de tratamento de lixiviado têm sido desenvolvidas, buscando

a redução das concentrações de compostos orgânicos recalcitrantes (ex. substâncias

húmicas), substâncias tóxicas como: nitrogênio amoniacal, metais pesados, entre outras

e visando principalmente enquadrá-lo dentro dos limites de descarte permitidos pela

legislação vigente. Devido à complexidade da matriz, muitas vezes para se obter uma

melhor eficiência são empregados processos envolvendo a combinação de dois ou mais

métodos para o tratamento desse tipo de efluente (TATSI et al., 2003), sendo esses

métodos classificados como físicos, químicos e biológicos.

Em geral, os processos biológicos apresentam boa eficiência no tratamento de

líquidos percolados de aterros sanitários novos, ou seja, abaixo de 10 anos, os quais

possuem maior concentração de matéria orgânica biodegradável. Já os aterros velhos,

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que é a atual classificação do Aterro de Resíduos Sólidos da Muribeca-PE, de onde foi

coletado o lixiviado para o presente estudo, apresentam líquidos percolados com baixa

biodegradabilidade, sendo que esses processos normalmente são empregados em

conjunto com outros, de modo a aumentar a eficiência dos sistemas.

Dentre os métodos físico-químicos, destaca-se a precipitação química utilizando

hidróxido de cálcio ou cal hidratada, a qual vem sendo empregada com grande

eficiência no tratamento de efluentes com elevadas concentrações de compostos

orgânicos e metais pesados. A escolha dessa técnica consiste, entre outros fatores, na

simplicidade do processo, no baixo custo e na disponibilidade do agente precipitante

adotado (KURNIAWAN et al., 2006).

Outro tipo de tratamento físico que pode ser testado sua eficiência no tratamento

de lixiviados são as radiações ionizantes, como os elétrons de alta energia e a radiação

gama, já que vários estudos demonstram a efetividade das radiações ionizantes na

tratamento/desinfecção de esgoto (FAROOQ et al., 1993; BORRELY et al., 2004;

CAPIZZI e SCHWARTZBROD, 2001; BASFAR e ABDEL REHIM, 2002;

TAGHIPOUR, 2004).

O desenvolvimento de métodos mais eficientes para o tratamento de lixiviado é

um grande desafio, visto que esses tratamentos apresentam inúmeras dificuldades

devido à dinâmica das características qualitativas e quantitativas desse tipo de efluente.

Este trabalho consistiu em avaliar a eficiência da coagulação/floculação com o

uso de coagulantes de baixo custo combinado ao uso da radiação gama no tratamento do

lixiviado do Aterro de Resíduos Sólidos da Muribeca (Jaboatão dos Guararapes/PE).

2 Estrutura do Trabalho

O presente trabalho está dividido em 5 capítulos. O Capítulo I apresenta uma

breve introdução, ressaltando os aspectos gerais sobre o potencial de contaminação do

lixo pelos prejuízos causados a saúde pública e ao meio ambiente devido ao tratamento

inadequado de seus subprodutos, além dos objetivos gerais propostos a alçar com o

estudo. O Capítulo II inclui a Revisão Bibliográfica, onde são vistos vários conceitos

sobre a geração de lixiviado, suas características e composição, além de apresentar

métodos de tratamento tanto biológicos quanto físico-químico, dentre os quais serão

focadas as técnicas experimentais a serem utilizadas no presente estudo.

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O Capítulo III consiste na elaboração de um artigo com o título Avaliação de

três cales para tratamento de lixiviado por coagulação, descrevendo a metodologia

utilizada e os resultados analisados de parte da pesquisa realizada.

No Capítulo IV é apresentado a composição de outro artigo com título Uso

conjugado dos processos de coagulação/floculação e radiação gama para tratamento

de lixiviado. Descrito com metodologia utilizada e resultados obtidos como segunda

parte da pesquisa. As conclusões são apresentadas no Capítulo V. As referências

bibliográficas são apresentadas no final de cada capítulo.

3 Referências Bibliográficas

BASFAR, A. A.; ABDEL REHIM, F. Disinfection of wastewater from a Riyadh astewater Treatment Plant with ionizing radiation. Radiation Physics and Chemistry, v.65, p. 527-532, 2002.

BORRELY, S. I.;GONÇALVES, A. A.;OIKAWA, H.;DUARTE, C. L.;ROCHA, F. R. Electron beam accelerator for detoxification of efluents. When radiation processing can enhance the acute toxicity? Radiation Physics and Chemistry, v.71, p.453–456, 2004.

CAPIZZI, S.; SCHWARTZBROD, J. Irradiation of Ascaris ova in sludge using an electron beam accelerator. Water Research, v. 35, n. 9, p. 2256-2260, 2001..

EL-FADEL, M., BOU-ZEID, E., CHAHINE, W., ALAYLI, B. Temporal variation of leachate quality from pre-sorted and baled municipal solid waste with high organic and moisture content. Waste Management, v. 22, p. 269-282, 2002.

FAROOQ, S.; KURUCZ, C. N.; WAITE, T. D.; COOPER, W. J. Disinfection of Wastewaters: High-Energy Electron vc Gamma Irradiation. Water Research, v. 27, n. 7, p.1177-1184, 1993.

JUCÁ, J.F.T. Disposição final dos resíduos sólidos urbanos no Brasil. In: 5º Congresso Brasileiro de Geotecnia Ambiental – REGEO 2003, Porto Alegre-RS, 2003.

KARGI, F.; PAMUKOGLU, M.Y. Adsorbent supplemented biological treatment of pre-treated landfill leachate by fed-batch operation. Bioresource Technology, v. 94, p. 285-291, 2004.

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KELLY, R.J. Solid waste biodegradation enhancements and the evaluation of analytical methods used to predict waste stability. PhD Thesis - Faculty of Virginia Polytechnic Institute and State University, Blacksburg-Virginia. 66 p, 2002.

KJELDSEN, P.; BARLAZ, M. A.; ROOKER, A. P.; BAUN, A.; LEDIN, A.; CHRISTENSEN, T. Present and long-term composition of msw landfill leachate: A review. Environmental Science and Technology, v. 32, n. 4, p. 297 – 336, 2002.

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LEITE, C. M. B.; BERNADES, R. S.; OLIVEIRA, S. A. Método Walkley Black na determinação da matéria orgânica em solos contaminados por chorume. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental. Campina Grande, v.8, n.1, p. 111-115, 2004.

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MANNARINO, F.C.; FERREIRA, J.A.; CAMPOS, J.C.; RITTER, E. Wetlands para tratamento de lixiviados de aterros sanitários – experiências no Aterro Sanitário de Piraí e no Aterro Metropolitano de Gramacho (RJ). Revista Engenharia Sanitária e Ambiental, v. 11, n. 2, p. 108-112, 2006.

MORAIS, J.L. Estudo da potencialidade de processos oxidativos avançados, isolados e integrados com processos biológicos tradicionais, para tratamento de chorume de aterro sanitário. Tese de Doutorado - Universidade Federal do Paraná, Curitiba-PR. 207p, 2005.

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PAES, R.F.C. Caracterização do chorume produzido no Aterro da Muribeca –PE. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal de Campina Grande, Campina Grande-PB. 150 p, 2003.

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PEREIRA, D. X. Resumos sobre coagulação, floculação e decantação. Disponível em: <http://www.ebah.com.br/resumos-sobre-coagulacao-floculacao-edecantacaodf.a23037.html>. Acessado em: Fevereiro de 2010.

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VEIGA, A. A., CARDILLO, L., YOKOYAMA, L., CAMPOS, J.C. Remoção de amônia em chorume por arraste de ar. In: VIII Simpósio Ítalo Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental, Fortaleza-CE, 2006.

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CAPÍTULO II

REVISÃO BIBLIOGRAFICA

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1. Definição e Geração de Lixiviado em Aterros de Resíduos Sólidos

Urbanos

Chorume é o nome comumente utilizado para caracterizar o líquido gerado

durante o processo da decomposição predominante anaeróbia de resíduos sólidos

dispostos em aterro sanitário (BIDONE e POVINELLI, 1999). No entanto, lixiviado ou

percolado é a denominação atual dada à mistura de líquidos provenientes da umidade

natural dos resíduos sólidos, uma vez que, na prática, seria impossível distinguir as

diferentes fontes de água dentro dos aterros sanitários. Além disso, o termo caracteriza

melhor os processos físicos e químicos ligados ao fenômeno de geração deste líquido,

como a infiltração e percolação das águas pluviais e o arraste, ou lixiviação, dos

compostos solúveis do interior da massa de resíduos.

A formação de lixiviados é função da precipitação e da disponibilidade de água

no local, das características dos resíduos depositados e do método de impermeabilização

do aterro. De acordo com El-Fadel et al. (2002), os fatores que influenciam no processo

de formação de lixiviados podem ser divididos naqueles que contribuem diretamente no

teor de umidade do aterro (drenagem superficial, chuva, águas subterrâneas, conteúdo

de umidade inicial, recirculação e a decomposição dos resíduos) e aqueles que afetam a

distribuição da umidade dos resíduos aterrados (compactação, permeabilidade,

granulometria, vegetação, camada de cobertura, impermeabilização, entre outros).

Dentre as fontes que contribuem para a formação do lixiviado, a água da chuva que

percola através da camada de cobertura é, sem dúvida, a mais relevante (D’ALMEIDA

e VILHENA, 2000 apud ALCÂNTARA, 2007). Nem toda a água que alcança a

superfície do aterro se converte em lixiviado. Parte desta água se perde por escoamento

superficial, se os resíduos do aterro estão cobertos superficialmente com solo, e pode ser

tratada como água limpa. Outra parte da água se perde por evaporação direta do solo e

transpiração vegetal. Ambos os processos normalmente se combinam e denomina-se

evapotranspiração. O restante da água infiltrar-se-á na cobertura de solo e uma porção

desta ficará retida no solo (MONTEIRO, 2003). Teoricamente, nenhum lixiviado será

formado até, que a umidade do meio exceda a capacidade de campo, que de acordo com

Velásquez et al. (2003) apud Alcântara (2007) representa a quantidade de água provável

que será retida pelos resíduos, antes da produção de lixiviado.

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Segundo Lins (2003), os resíduos sólidos inicialmente agem como uma esponja,

pois simplesmente absorvem a água. Entretanto, o material atinge um teor de umidade

tal que, uma vez ultrapassado, inicia-se a produção de lixiviado. Este fenômeno é

conhecido como capacidade de campo ou de retenção que é definida como o máximo

conteúdo de umidade que é retido num meio poroso sem produzir percolação. A

capacidade de campo dos resíduos sólidos urbanos está diretamente relacionada com a

composição física e peso específico do mesmo e o seu conhecimento é essencial para

implementar um controle do teor total de umidade no aterro, uma vez que esse pode

influenciar as condições de biodegradação e produção de metano.

O potencial de formação do lixiviado, segundo Alcântara (2007), pode ser

avaliado através do balanço hídrico, ou seja, a diferença entre a soma de todas as

frações de água que entram e saem do aterro, em um determinado intervalo de tempo. O

autor descreve que a estimativa da produção de lixiviado em função da equação de

balanço hídrico pode ser expressa pela Equação 1, cujos termos estão indicados na

Figura 1.

L = (P + Wrs + Ws) – (Ev + Et + Es + Wv + ∆Wrs) ± ∆W + Rc (1)

na qual: L = geração de lixiviado; P = precipitação; Wrs = água proveniente dos

resíduos e do solo de cobertura; Ws = água subterrânea; Es = escoamento superficial;

Ev = evaporação; Et = evapotranspiração; Wv = vapor d’água; ∆Wrs = água retida nos

resíduos e no solo de cobertura; ∆W = consumo/produção de água proveniente de

reações bioquímicas; Rc = recirculação de líquidos.

Figura 1: Fonte de umidade que contribui para formação de lixiviado em aterro (ALCANTARA, 2007).

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Em aterros menores e mais simples ou na falta de dados para aplicação dos

modelos de balanço hídrico, metodologias simplificadas podem ser empregadas. Um

delas é o Método Suíço, descrito por ROCCA et al. (1979), que estima a vazão de

lixiviado de acordo com a Equação 2:

Q = 1/t •P•A•K (2)

onde: Q = vazão média de lixiviado (L/s); P = precipitação média anual (mm); A = área

do aterro (m2); t = número de segundos em um ano (s); K = coeficiente que depende do

grau de compactação dos resíduos, e cujos valores são Tabelados.

Segundo Silva (2002) determinar o volume de lixiviado gerado em um aterro

não é uma tarefa fácil, para tanto, vários pesquisadores vem estimando a produção do

lixiviado com aplicação de modelos matemáticos. Porém, esta ferramenta ainda

apresenta imprecisões decorrentes da diferença dos cenários para a aplicação do modelo

e do grande número de variáveis envolvidas.

As transformações ocorridas durante a degradação da matéria orgânica contida

nos resíduos sólidos são do tipo biológicas, sendo estas transformações responsáveis

pela geração do lixiviado, que podem realizar-se de forma aeróbia ou anaeróbia,

segundo a disponibilidade de oxigênio.

A biodegradação da massa de lixo se dá pela ação conjunta de diferentes grupos

de microrganismos, sejam eles: fungos e bactérias. Assim que ocorre a disposição dos

RSU, estão presentes os microrganismos aeróbios, onde existe uma fonte de oxigênio

(oxidante) para suas atividades metabólicas. Após um determinado tempo há

proliferação de organismos anaeróbios, que degradam a matéria orgânica sem presença

de oxigênio e perduram durante toda a vida em um aterro (MELO, 2003).

Fungos, juntamente com as bactérias heterotróficas, são os principais

decompositores da biosfera, quebrando os produtos orgânicos e reciclando carbono,

nitrogênio e outros compostos do solo e do ar. Muitos fungos são economicamente

importantes para o homem como destruidores de alimentos estocados e outros materiais

orgânicos (LEITE, 2008).

Em compostos de RSU, têm sido encontrados fungos do gênero Aspergullus,

inclusive da espécie A. fumigatus, que é responsável por infecções graves em seres

humanos e animais. Como os fungos são microrganismos esporógenos, a sua presença

ao longo do processo de degradação de RSU em aterros, sugere que eles possam

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permanecer por muito tempo, no ambiente do aterro, mesmo após a estabilização do

material orgânico (ALCÂNTARA, 2007).

As bactérias encontradas em RSU podem ser aeróbias, anaeróbias ou facultativas

a depender da fase de decomposição dos resíduos e das condições de oxigenação do

ambiente. Em geral a decomposição aeróbia é relativamente curta em um aterro de

RSU. Em aterros pouco profundos (inferiores a 3m) ou quando se garante suprimento

extra de oxigênio, essa fase pode se estender por um tempo maior.

Para uma melhor caracterização da composição qualitativa do lixiviado gerado

em um aterro, é importante o conhecimento da fase do processo de degradação

anaeróbia em que a matéria orgânica aterrada se encontra, uma vez que as

características de cada fase influenciam diretamente na qualidade do lixiviado ao longo

do processo de estabilização (CASTRO, 2001 apud PAES, 2003).

O ecossistema de um aterro é o resultado de interações complexas entre

diferentes grupos microbianos e isso pode ser evidenciado pela cadeia degradativa, onde

determinado substrato fornece produtos para um grupo e este para outro e assim

sucessivamente (VILLAS BÔAS, 1990 apud ALVES, 2005). Essa diversidade de

microrganismos encontradas nos RSU é dada por sua heterogeneidade que disponibiliza

diversos substratos a esses grupos microbianos.

As reações de degradação da matéria orgânica acontecem seqüencialmente em

fases, compreendendo uma fase aeróbia e quatro fases anaeróbias com a formação do

lixiviado e de biogás, principalmente o metano. A duração dessas fases depende das

condições físicas, químicas e microbiológicas que se desenvolvem dentro do aterro ao

longo do tempo (POHLAND e HARPER, 1985).

As fases da degradação da matéria orgânica no caso especifico de substratos

sólidos confinadas em aterros sanitários estão apresentadas na Tabela 1.

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Tabela 1: Fases e ocorrências durante a degradação da matéria orgânica.

Fases Ocorrências

I – aeróbia:

Há presença fungos e bactérias, dada presença de oxigênio difundido no meio da massa sólida, permanecendo assim

durante algumas semanas ou até poucos meses, em função da cobertura diária do lixo e da atividade

microbiana, passam assim a vigorar as condições anaeróbias. A atividade dos microrganismos leva a produção de CO2 e água, ao consumo de oxigênio e a elevação da temperatura.

II – anaeróbia não metanogênica:

Começa a predominar as condições anaeróbias, com um aumento significativo na produção de dióxido de carbono e hidrogênio pelos microrganismos aeróbios facultativos. A

glicose da primeira fase é metabolizada por este grupo. Ocorre formação de ácidos, com consequente queda do pH e

simultaneamente se observa acentuado decréscimo de oxigênio livre, que tende a zero.

III – anaeróbia metanogênica

(instável):

Esta fase é caracterizada pela primeira evidência da produção de metano havendo, em conseqüência, redução nas

produções de dióxido de carbono e hidrogênio. Há uma produção acentuada de acetato, formiato, hidrogênio e

dióxido de carbono, até chegar a fase metanogênica estável.

IV – anaeróbia metanogênica

(estável):

anaeróbia metanogênica (estável): as produções de metano e dióxido de carbono atingem uma composição constante

sugerindo, segundo os autores, que na massa de resíduos que está sendo degradada, estejam prevalecendo as atividades

das metanobactérias.

V – maturação final

Esta fase consiste no estágio final de estabilização em aterros, nutrientes e substratos disponíveis tornam-se

limitados e a atividade biológica é reduzida. A produção de gás diminui e o chorume permanece com concentrações mais

baixas, o oxigênio e espécies oxidativas podem reaparecer vagarosamente.

Fonte adaptada: MEIRA, 2009

De acordo com Melo (2003) as culturas bacterianas crescem exponencialmente

durante o crescimento ativo, aumentando em progressão geométrica, sendo este

crescimento influenciado pela composição nutricional do meio e pelas condições físicas.

Se o crescimento bacteriano ocorre num sistema fechado, ou seja, sem a entrada de

novos nutrientes, bem como a remoção dos metabólitos gerados no processo, ocorre a

exaustão do sistema. Durante o crescimento, a população em um sistema fechado é

balanceada, havendo um aumento ordenado em todos os constituintes de cada célula

microbiana.

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Quando é atingida a população máxima, verifica-se a exaustão de nutrientes e a

intoxicação pelos produtos metabólicos gerados pelos próprios microrganismos. A

reprodução é inibida e começa a morte celular. A cinética do crescimento de

microrganismos em aterros de RSU para uma determinada massa de resíduos ocorre em

quatro fases distintas de crescimento em função do tempo: lag, log, estacionária e

declínio (Figura 2).

Figura 2: Curva do crescimento microbiano mostrando as quatro fases (KYAW, 2006).

Segundo Meira (2009), as fases de crescimento microbiano correspondem aos

seguintes acontecimentos:

Fase lag: período variável, onde ainda não há um aumento significativo da população.

Ao contrário, é um período onde o número de organismos permanece praticamente

inalterado. Esta fase também é observada quando as células sofrem traumas físicos

(choque térmico, radiações) ou químicos (produtos tóxicos), ou quando são transferidas

de um meio rico para outro de composição mais pobre. É uma fase onde há a adaptação

microbiana ao meio imposto e se deve a atividade metabólica dos microrganismos para

adaptar-se ao novo ambiente, antes de poder duplicar-se. Essa adaptação é necessária,

pois os organismos sintetizam enzimas extracelulares a fim de degradar as substâncias

presentes no meio. Para a produção desta enzima, leva-se algum tempo, por isso não há

crescimento bacteriano e sim uma preparação para este crescimento.

Fase log ou exponencial: nesta etapa, as células estão plenamente adaptadas,

absorvendo os nutrientes, sintetizando seus constituintes, crescendo e se duplicando.

Deve ser levado em conta também que neste momento, a quantidade de produtos finais

de metabolismo ainda é pequena. Diminui-se o oxigênio e inicia-se o desaparecimento

de microrganismos aeróbios e surgimento de anaeróbios degradadores de

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macromoléculas. Os microrganismos alcançam uma velocidade constante do

crescimento, pois as células iniciam seu processo de divisão, entrando no período de

crescimento exponencial ou logarítmico.

Fase estacionária: nesta fase, os nutrientes estão escasseando e os produtos tóxicos

estão tornando-se mais abundantes. Nesta etapa não há um crescimento líquido da

população, ou seja, o número de células que se divide é equivalente ao número de

células que morrem. Diversos fatores podem intervir na fase log e diminuir sua

atividade, entre eles tem-se: o término de nutrientes, o acúmulo de produtos de

degradação, assim como mudanças no pH que podem ser danosas as células.

Fase de declínio ou morte celular: a maioria das células está em processo de morte,

embora outras ainda estejam se dividindo, portanto o número de células mortas excede

ao de células novas. Vários são os fatores que determinam esta fase, entre eles estão a

diminuição do substrato, subprodutos do metabolismo que se tornam tóxicos quando em

altas concentrações.

Embora seja um processo natural, a decomposição dos RSU em um aterro

sanitário é um processo complexo e para que ocorra um crescimento bacteriano

satisfatório, todos os microrganismos necessitam de condições mínimas para

sobrevivência e posterior reprodução. Portanto, o pH, a umidade e temperatura ideais

são fatores essenciais para o seu desenvolvimento (MELO, 2003).

Segundo Paes (2003), o pH deveria ser ácido nas células contendo resíduos mais

recentes e básico nas células mais antigas, que já estariam na fase metanogênica de

degradação, porém isto nem sempre é verificado uma vez que dentro de uma mesma

célula ocorrem simultaneamente várias fases de decomposição devido às diferentes

idades dos resíduos sólidos aterrados.

A fase aeróbia normalmente se estabelece logo após a deposição dos resíduos

sólidos urbanos na célula do aterro, estendendo-se até um curto período após a execução

do sistema de cobertura, quando ainda existe oxigênio livre no interior da massa de

resíduos (MACIEL, 2003). Nesta fase, sob a ação de microrganismos aeróbios, ocorre a

completa oxidação dos compostos orgânicos biodegradáveis e a sua conversão em água,

gás carbônico, sais minerais, materiais parcialmente degradáveis e biomassa, além de

promover também uma elevação da temperatura do meio (MC BEAN et al., 1995 apud

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MONTEIRO, 2003). Segundo Palmisano & Barlaz (1996), a fase aeróbia geralmente só

chega a durar alguns dias.

O lixiviado formado durante a fase aeróbia é caracterizado pelo elevado teor de

sais solúveis e teores relativamente pequenos de espécies orgânicas, provenientes da

biodegradação aeróbia, sendo esse provavelmente resultado da umidade aterrada com os

resíduos sólidos urbanos durante a compactação e construção das células (LU et al.,

1985 apud ALCÂNTARA, 2007; POHLAND e GOULD, 1986 apud PAES, 2003).

A fase anaeróbia de degradação caracteriza-se por ser mais longa e por só

ocorrer na ausência de oxigênio. Quanto à bioestabilização dos resíduos sólidos na

degradação anaeróbia, a mesma pode ser compreendida como a sucessão de quatro

etapas: hidrólise, acidogênese, acetogênese e metanogênese (VAN HAANDEL e

LETTINGA, 1994 e CHERNICHARO, 1997 apud PAES, 2003). Nestas etapas diversos

grupos de microrganismos convertem matéria orgânica complexa em subprodutos

orgânicos tais como metano, álcoois, sulfetos e amônia. Basicamente existem três tipos

de grupos de bactérias que participam da decomposição anaeróbia: as fermentativas, as

acetogênicas e as metanogênicas (MELO, 2003).

Na Figura 3 são ilustradas as etapas de decomposição da matéria orgânica e suas

respectivas rotas metabólicas.

Figura 3: Fluxograma das rotas metabólicas e grupos microbianos envolvidos na decomposição da matéria orgânica dos reísiduos sólidos (MELO, 2003).

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A composição do lixiviado pode variar amplamente em função das sucessivas

fases de degradação. A divisão em fases facilita a compreensão dos processos de

estabilização dos resíduos sólidos e seus impactos sobre as composições do lixiviado e

das emissões gasosas, embora na prática, durante a vida ativa de um aterro, estas fases

não são bem delimitadas. Como citado anteriormente, isso porque células que recebem

resíduos novos acabam causando uma grande variabilidade na idade do material

aterrado, não sendo difícil encontrar estas fases ocorrendo simultaneamente em uma

célula de aterro sanitário.

Desta forma o lixiviado recebido na base do aterro, provindo de um conjunto de

células, será de composição média e com características que tendem para a fase de

degradação predominante na maior parte do aterro (MORAIS, 2005).

2. Característica e composição do lixiviado

Para a definição dos processos de implantação de sistemas de tratamento dos

lixiviados e destinação, sistema de coleta e remoção destes líquidos é essencial que se

tenha o conhecimento de seu volume (LINS, 2007). Esses volumes são função do clima

local (regime de precipitações pluviométricas, temperatura, velocidade e direção dos

ventos), tipo de cobertura dos resíduos (material, espessura, densidade), umidade dos

resíduos no momento do aterramento, grau de compactação, capacidade dos resíduos de

reter umidade (capacidade de campo) (CASTILHOS JR. et al., 2006; REICHERT,

2007).

O potencial de formação do lixiviado pode ser determinado através do balanço

de água no aterro. Este balanço corresponde ao somatório do volume de água influente

subtraído do volume de água consumido durante as reações químicas, assim como o de

água que evapora (LINS, 2007).

Entre os problemas encontrados pelos projetistas nacionais, para se determinar o

melhor método a ser aplicado para o tratamento de lixiviado, está à dificuldade de se

encontrar dados concretos referentes à descrição das características físico-químicas dos

lixiviados típicos de aterros sanitários brasileiros.

Solto e Povinelli (2007), reuniram dados disponíveis na literatura referentes a 25

aterros localizados em nove estados no Brasil, com o objetivo de elaborar uma

caracterização do lixiviado de aterros brasileiros, já que as tabelas disponíveis em

literatura usualmente apresentam dados oriundos do exterior, principalmente de clima

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temperado. Com base neste levantamento foram construídas distribuições de freqüência

que permitiram determinar as faixas mais prováveis de concentração para 30 variáveis

físico-químicas do lixiviado, conforme a Tabela 2.

Tabela 2: Prováveis características do lixiviado de aterros brasileiros.

Variável Faixa máxima Faixa mais provável

FVMP

pH 5,7 – 8,6 7,2 – 8,6 78% Alcalinidade total (mg/L de

CaCO3) 750 - 11 400 750 - 7 100 69 %

Dureza (mg/L de CaCO3) 95 - 3 100 95 – 2 100 81 % Condutividade (µS/cm) 2 950 - 25 000 2 950 - 17 660 77 %

DBO (mg/L) < 20 - 30 000 < 20 - 8 600 75 % DQO (mg/L) 190 – 80 000 190 - 22 300 83 %

Óleos e Graxas (mg/L) 10 - 480 10 - 170 63 % Fenóis (mg/L de C6H5OH) 0,9 – 9,9 0,9 – 4,0 58 %

NTK (mg/L) 80 - 3 100 não há - N-amoniacal (mg/L) 0,4 - 3 000 0,4 - 1 800 72 % N-orgânico (mg/L) 5 - 1 200 400 - 1 200 80 %

N-nitrito (mg/L) 0 - 50 0 - 15 69 % N-nitrato (mg/L) 0 - 11 0 – 3,5 69 %

P-total (mg/L) 0,1 - 40 0,1 - 15 63 % Sulfeto (mg/L) 0 - 35 0 - 10 78 % Sulfato (mg/L) 0 - 5 400 0 - 1 800 77 % Cloreto (mg/L) 500 - 5 200 500 - 3 000 72 %

Sólidos totais (mg/L) 3 200 - 21 900 3 200 - 14 400 79 % Sólidos totais voláteis (mg/L) 630 - 20 000 630 - 5 000 60 %

Sólidos totais fixos (mg/L) 2 100 - 14 500 2 100 - 8 300 74 % Sólidos suspensos totais (mg/L) 5 - 2 800 5 – 700 68 %

Sólidos suspensos voláteis (mg/L) 5 - 530 5 - 200 62 % Ferro (mg/L) 0,01 - 260 0,01 - 65 67 %

Manganês (mg/L) 0,04 – 2,6 0,04 – 2,0 79 % Cobre (mg/L) 0,005 – 0,6 0,05 – 0,15 61 % Níquel (mg/L) 0,03 – 1,1 0,03 – 0,5 71 % Cromo (mg/L) 0,003 – 0,8 0,003 – 0,5 89 % Cádmio (mg/L) 0 – 0,26 0 – 0,065 67 % Chumbo (mg/L) 0,01 – 2,8 0,01 – 0,5 64 %

Zinco (mg/L) 0,01 – 8,0 0,01 – 1,5 70 % FVMP: freqüência de ocorrência dos valores mais prováveis. Fonte: Souto e Povinelli, 2007.

Há inúmeros fatores que afetam as características físicas, químicas e biológicas

dos lixiviados, por exemplo: idade do aterro, composição e características dos resíduos

aterrados (em função das características da população), conteúdo de umidade,

precipitação pluviométrica, aspectos climáticos e hidrogeológicos, estações do ano,

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características do solo, tipo de operação e gerenciamento do aterro, atividade da flora

microbiana, além das próprias condições internas do aterro (temperatura, conteúdo de

umidade, fase de biodegradação entre outros) (EL-FADEL et al., 2002; KARGI e

PAMUKOGLU, 2003; RENOU et al., 2007).

A variação da composição química do lixiviado depende, dentre os fatores

apresentados, da idade do aterro. Segundo Lins (2003), a composição do lixiviado varia

com o transcorrer dos anos, de acordo com as fases de vida do aterro, nas quais

compostos químicos podem ser gerados ou consumidos.

O lixiviado é um líquido de alto poder poluidor, cuja principal característica é a

variabilidade de sua composição em decorrência do esgotamento progressivo da matéria

orgânica biodegradável resultando em inúmeros compostos orgânicos e inorgânicos.

Christensen et al. (2001) propõem a classificação dos poluentes presentes no lixiviado

de aterros sanitários em quatro grandes grupos:

1. Matéria orgânica dissolvida, expressa como demanda química de oxigênio (DQO)

ou carbono orgânico total (COT), incluindo metano (CH4), ácidos graxos voláteis e

mais compostos recalcitrantes, como por exemplo as substâncias húmicas (ácidos

húmicos e fúlvicos);

2. Macrocomponentes inorgânicos: cálcio (Ca), magnésio (Mg), sódio (Na), potássio

(K), amônia (NH3), ferro (Fe), manganês (Mn), cloro (Cl), sulfato (SO42-) e

bicarbonato (HCO3-).

3. Metais pesados: cádmio (Cd), cromo (Cr), cobre (Cu), chumbo (Pb), níquel (Ni) e

zinco (Zn);

4. Compostos orgânicos xenobióticos, presentes em baixas concentrações, que incluem

uma variedade de hidrocarbonetos aromáticos, compostos fenólicos e alifáticos

clorados;

Além desses constituintes, Christensen et al. (2001), citam outros componentes

do lixiviados encontrados em baixíssimas concentrações como boro (B), arsênio (As),

selênio (Se), bário (Ba), lítio (Li), mercúrio (Hg) e cobalto (Co). Nesse tipo de efluente

é possível também encontrar um número elevado de bactérias, sendo as mais comuns:

acetogênicas, redutoras de sulfato, desnitrificantes e espécies patogênicas como as

pertencentes ao grupo coliforme

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No lixiviado são encontradas também Archaeas metanogênicas, microrganismos

fundamentais no processo de digestão anaeróbia (BARLAZ et al., 1989; PINTO, 2000).

Além desses organismos são encontrados também cisto de protozoários e ovos de

helmintos (PAES, 2003).

O lixiviado é considerado um efluente tóxico devido à presença de compostos

recalcitrantes, metais pesados, elevadas concentrações de amônia e alcalinidade.

Entretanto, segundo Clèment et al. (1997), a toxicidade do lixiviado não pode ser

associada à uma substância isoladamente e nem a soma de todas as substâncias

presentes, mas sim ao efeito sinérgico entre as diferentes substâncias existentes nesse

efluente.

Os parâmetros físico-químicos e biológicos mais freqüentemente utilizados para

caracterizar o lixiviado são pH, DQO, DBO5, COT, Nitrogênio Total (NKT) e

amoniacal, alcalinidade, série de sólidos, ácidos orgânicos voláteis e metais pesados

(CLÈMENT et al., 1997; RENOU et al., 2007, BAUN et al., 2004). Tais parâmetros

são essenciais para controlar o descarte do lixiviado tratado nos corpos hídricos

receptores. Dentre esses parâmetros pode-se destacar a DBO e DQO, uma vez que a

biodegradabilidade da matéria orgânica presente no lixiviado é comumente determinada

pela relação DBO/DQO.

A relação DBO5/DQO pode sugerir o estágio de degradação dos resíduos sólidos

e, conseqüentemente, indicar a maturidade do aterro e do lixiviado a qual aumenta com

o tempo (a relação DBO/DQO é inversa à maturidade, diminuindo com o tempo.

Aterros novos, cujo lixiviado apresenta grande quantidade de matéria orgânica de fácil

biodegradação, a relação DBO5/DQO encontra-se na faixa de 0,4 a 0,6. Para aterros

mais antigos, esta relação situa-se normalmente na faixa entre 0,05 e 0,2. A relação é

menor porque o lixiviado proveniente de aterros antigos contém tipicamente mais

ácidos húmicos e fúlvicos, constituintes considerados recalcitrantes ou de difícil

biodegradação e a matéria orgânica biodegradável já foi quase todo degradada (EL

FADEL et al.,2002; TCHOBANOGLOUS et al., 1993). Para alguns autores, o lixiviado

pode ser classificado em novo (jovem), intermediário e estabilizado (velho) (BRAIG et

al. ,1999).

A quantidade de substâncias químicas nos resíduos é finita e a qualidade do

lixiviado alcança um limite de diversidade de seus componentes depois de

aproximadamente 2 ou 3 anos, seguidos pelo declínio gradual nos anos seguintes

(PAES, 2003).

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3. Tratamento do lixiviado

No Brasil, o Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA), através das

Resoluções 357/2005 e 430/2011 (que altera e complementa a 357), estabelecem

parâmetros orgânicos e inorgânicos como padrões de lançamento de efluentes de

qualquer fonte poluidora (CAVALCANTI et al., 2009).

Grande parte dos efluentes descartados nos corpos d´água não atendem as

normas de descarte estabelecida na resolução CONAMA 357/2005, que dispõe também

sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu

enquadramento. O descarte de efluentes sem tratamento nas águas superficiais pode

modificar a sua coloração natural e provocar a formação de espumas na superfície do

corpo hídrico (SILVA, 2008).

De modo geral, o lixiviado dos aterros de resíduos sólidos (ARS), quando

submetido aos sistemas convencionais de tratamento de efluentes, dos quais pode-se

citar lagoas aeróbias, anaeróbias e facultativas, ainda apresenta concentrações de

poluentes elevados, principalmente de carga orgânica, que representam riscos de

impacto ambiental e à saúde publica (CECCONELLO, 2005).

Para evitar os problemas ambientais e à saúde pública, causados pelo seu no

meio-ambiente, é importante e necessário que sejam estudadas formas e tecnologias que

resultem em um pós-tratamento de baixos custos condizentes com a realidade brasileira.

A decisão quanto ao processo a ser adotado para o tratamento de lixiviado deve

ser fundamentada em uma avaliação com critérios técnicos e econômicos, com a

apreciação de parâmetros quantitativos e qualitativos, vinculados essencialmente à

realidade em foco (LIMA et al., 2005). De acordo com Souto e Povinelli (2007) as

falhas na operação de uma estação de tratamento podem ser resultado da aplicação de

tecnologia inapropriada ou do dimensionamento inadequado das unidades.

De maneira geral, não há tecnologia que, atuando isoladamente, consiga tratar o

efluente tão complexo como o lixiviado. Os métodos convencionais de tratamento de

lixiviado podem ser classificados em quatro grandes grupos: transferência de lixiviado –

recirculação, evaporação e tratamento combinado com esgotos; métodos biológicos

aeróbios e anaeróbios; métodos físicos e químicos – adsorção, precipitação química,

coagulação/floculação, oxidação química, air stripping ou remoção de amônia por

injeção de ar e filtração por membranas; e por fim, métodos alternativos – wetlands

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construídos e o sistema de barreira bioquímica. (RENOU et al. 2007; KURNIAWAN et

al., 2006b; WISZNIOWSKI et al., 2006; IWAI, 2005; BELTRÃO, 2005).

Nesta pesquisa bibliográfica procurou-se abordar de forma breve algumas das

técnicas usadas no tratamento de lixiviado, enfatizando os métodos de precipitação

química (coagulação/floculação) e radiação gama, em função da suas especificidades,

por serem os métodos utilizados nesta pesquisa. Tais métodos serão apresentados nos

subitens 3.7.1 e 3.11.

3.1 Recalcitrância do lixiviado

A presença de substâncias recalcitrantes em amostras de chorume provenientes

de aterros velhos foi apontada na literatura (MILOT et al., 1987; KANG, et al., 2002;

LOPEZ et al., 2003, RIVAS et al., 2004). A dificuldade ou impossibilidade de

degradação de certas substâncias químicas na natureza associa-se o termo recalcitrância.

Como os microorganismos são os principais agentes dos processos de degradação e

reciclagem de nutrientes, sua incapacidade de degradar ou transformar essas substâncias

é o indício de sua recalcitrância ou persistência no meio ambiente.

As substâncias podem oferecer dificuldade a biodegradação em decorrência de

diversos fatores, dentre os quais podemos citar:

(1) Estrutura química complexa desprovida de grupos funcionais reativos;

(2) Ação tóxica de compostos químicos sobre os microorganismos responsáveis pela

degradação inativando metabolismo celular dessas espécies;

(3) Interações entre compostos químicos gerando produtos não acessíveis a

biodegradação.

No caso do chorume, diversos autores (EL FADEL e KHOURY, 2000; KANG,

et al., 2002; ZOUBOULIS et al., 2004) afirmam que a recalcitrância pode ser associada

com a presença de compostos de elevada massa molar com estruturas muito complexas,

como é o caso das substâncias húmicas (SH).

As SH são reconhecidas como substâncias de grande heterogeneidade e

complexidade, que se desenvolveram aleatoriamente através do metabolismo-

catabolismo microbiano, durante o período de degradação microbiológica de materiais

orgânicos. As substâncias húmicas são parcialmente aromáticas, de natureza

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polieletrólita, e não exibem mais as características químicas e físicas normalmente

associadas a compostos orgânicos de estruturas bem definidas (PICCOLO e CONTE,

2001).

De acordo com Maia (2003), a classificação das substâncias húmicas é

meramente operacional e baseia-se nas propriedades de solubilidade em soluções

extratoras aquosas em diversos valores de pH. Os termos ácidos húmicos (AH), ácidos

fúlvicos (AF) e huminas (HU) referem-se às principais frações até hoje usadas para

descrever componentes húmicos. A fração AH é aquela solúvel em valores de pH

alcalino, a fração AF é aquela que, após solubilização em álcali, se mantém solúvel a

qualquer valor de pH e a fração HU é insolúvel em toda faixa de pH.

3.2 Processos biológicos

Os métodos biológicos de tratamento baseiam-se no fato de que organismos

vivos utilizam-se de compostos com potencial energético presentes nas águas

residuárias para suas funções vitais, oxidando-os e convertendo-os em subprodutos

menos energéticos e de compostos com potencial oxidativo (aceptores de elétrons),

reduzindo-os bem como absorvendo outros compostos presentes para suas funções

vitais, removendo-os do meio, além de atuarem em processos físicos como filtragem e

adsorção (FLECK, 2003).

Em termos de sua função metabólica, os processos biológicos podem ser

classificados como anaeróbios, aeróbios, anóxicos e facultativos (BITON, 1999;

METCALF e EDDY, 2003). Em cada processo, há diferenças quanto ao crescimento

biológico (suspenso ou aderido), quanto ao fluxo (contínuo ou intermitente) e quanto às

características hidráulicas (mistura completa, fluxo de pistão ou fluxo arbitrário)

(MENDONÇA, 2002). Na oxidação aeróbia, as bactérias utilizam o oxigênio molecular

como aceptor final de elétrons, enquanto que, na oxidação anaeróbia, este papel é

exercido por componentes como gás carbônico (CO2), nitratos (NO3-) e sulfatos (SO4

2-).

Já os processos facultativos empregam bactérias que se desenvolvem na

presença ou na ausência de oxigênio livre. Sob ambiente anóxico, as bactérias

desnitrificantes para se desenvolverem usam o nitrato como fonte de alimento, havendo

a formação de nitrogênio gasoso N2, CO2 e água (METCALF & EDDY, 2003).

Para o tratamento biológico de chorume, além do processo de recirculação,

realizado no próprio aterro, também podem ser utilizados sistemas aeróbios (lodos

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ativados, lagoas aeradas, filtros biológicos), anaeróbios (reator anaeróbio de fluxo

ascendente, lagoas anaeróbias, filtro anaeróbio) e os facultativos, representados pelas

lagoas facultativas (MORAIS, 2005).

Os métodos biológicos permitem tratar grandes volumes de efluente e são

baseados no consumo pelos microrganismos do substrato poluente (PACHECO, 2004).

Os tratamentos biológicos têm sido eficientes na remoção de matéria orgânica

para lixiviado novo, mas quando se trata de um lixiviado estabilizado, cuja fração

orgânica é constituída por material pouco biodegradável, esse tratamento é pouco

indicado (IWAI, 2005; RENOU et al., 2007).

No Brasil, os métodos biológicos são os mais empregados no tratamento de

lixiviados de aterros sanitários. Devido à sua confiabilidade e simplicidade eles são

comumente usados para lixiviado contendo altas concentrações de DBO e DQO

(RENOU et al., 2007).

Inúmeras dificuldades são encontradas ao utilizar este tipo de tratamento para

lixiviado de aterro sanitário, como a vazão e a carga orgânicas muito variáveis,

necessidade de uma grande área para implantação, inibição do crescimento microbiano

em função dos metais pesados, altas concentrações de amônia (toxicidade), acarretando

em baixa eficiência para o tratamento de lixiviado estabilizado ou pouco biodegradável

(ALVES & LANGE ; 2004, LANGE et al., 2006).

3.2.1 Lodos ativados

Há diversas variantes do sistema de lodo ativado, que pode ser classificado,

principalmente, de acordo com as características hidráulicas e tipo de aeração

(MENDONÇA, 2002; ACGDAG e SPONZA, 2005).

O tratamento por lodos ativados pode ser definido como um sistema no qual uma

cultura heterogênea de microrganismos, continuamente recirculada e concentrada, entra

em contato com a matéria orgânica do efluente a ser tratado na presença de oxigênio

introduzido no sistema. Estes microrganismos têm a capacidade de estabilizar e remover

a matéria orgânica biodegradável. O processo pode ser inibido pela presença de

substâncias tóxicas (principalmente a nitrificação) e pela variação de temperatura e do

pH do lixiviado (FERREIRA et al., 2001).

O processo de lodos ativados possui como principal vantagem a eficiência na

remoção de parâmetros de poluição (sólidos suspensos, DQO, DBO5, nutrientes,

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nitrogênio amoniacal por nitrificação e desnitrificação), porém apresenta algumas

desvantagens tais como: necessidade de longos períodos de aeração, acarretando alto

consumo de energia; sensibilidade a sobrecargas hidráulicas; grande volume de lodo

produzido em excesso (passivo ambiental) e inibição microbiana devido às elevadas

concentrações de nitrogênio amoniacal (RENOU et al., 2007; WISZNIOWSKI et al.,

2006).

O princípio de depuração para lodos ativados com biomassa suspensa emprega

como elementos ativos os bactérias, fungos, protozoários e metazoários, os quais, em

contato com substrato biodegradável e na presença de oxigênio, crescem e floculam e

degradam o poluente biodegradável (BITON, 1999). Os flocos biológicos são formados

por consórcios de microorganismos que configuram comunidades dinâmicas, cada uma

das quais possui uma determinada finalidade no processo de lodos ativados. O processo

de sedimentação da biomassa, necessário para a separação do efluente tratado, só é

possível graças à floculação (MORAIS, 2005).

Na degradação aeróbia, parte da matéria orgânica é oxidada a produtos finais

(CO2 e H2O, principalmente) enquanto produz energia para os processos vitais; outra

parte é convertida em novas células. Na ausência de matéria orgânica biodegradável, os

microorganismos passam a metabolizar suas próprias reservas celulares (respiração

endógena) para obter energia.

Segundo Van Handel e Gerrit (1999), as reações aeróbias de estabilização da

matéria carbonácea procedem de uma maneira simplificada, desprezando mecanismos

intermediários, de acordo com as etapas seguintes:

(1) Etapa Inicial: Predominância da Síntese (Anabolismo), representado pela

Equação 3.

EnergiaOHCONOHCONHOCH +++⇒++ 22275232 6338 (3)

matéria orgânica material celular

A matéria orgânica biodegradável presente na água residuária é utilizada pelos

microorganismos para as suas atividades metabólicas de crescimento e obtenção de

energia, ocorrendo assim o consumo de oxigênio e o aumento do material celular.

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(2) Etapa subseqüente: Predominância da Respiração Endógena (Catabolismo), representado pelas Equações 4 e 5 (simplificada):

C5H7NO2 + 5O2

→ 5CO2

+ NH3

+ 2H3O + ENERGIA (4)

material celular

CH2O + O

2 → CO

2 + H

2O + ENERGIA (5)

Quando a matéria orgânica biodegradável é removida e a população de

microorganismos se encontra em seu máximo, a principal fonte de alimento passa a ser

os próprios protoplasmas celulares, predominando assim os mecanismos de auto

oxidação ou respiração endógena.

3.2.2 Filtros biológicos

Consistem em leitos dotados de meio suporte (pedra britada, areia, escória,

unidades sintéticas, etc.), com grande área superficial e espaços vazios. Quando o

líquido percola através do leito ocorre o contato direto do substrato e do oxigênio

presente no ar com os microrganismos (biofilmes) que se encontram aderidos à

superfície de um meio suporte (METCALF & EDDY, 2003).

As condições aeróbias são mantidas a partir da prática de trabalho em ciclos de

operação e repouso, ou a partir de sistemática de funcionamento que permita aeração

contínua do meio, para permitir o crescimento de biomassa aderida que promove o

tratamento através da adsorção e metabolismo das cargas orgânicas e nitrogenadas

(ROCHA, 2005; CECCONELLO, 2003).

Uma das vantagens para este tipo de sistema é a maior tolerância aos choques de

carga, tanto hidráulico como químico, que são muito comuns quando se trata de

lixiviados. Comparativamente ao sistema de lodos ativados, os sistemas de biofilme

consomem menor quantidade de energia, sendo porém limitados quanto à capacidade de

tratar o lixiviado com elevadas concentrações de material orgânico, principalmente pela

obstrução dos vazios e redução da oxigenação (IWAI, 2005).

3.2.3 Lagoas aeradas

As lagoas aeradas constituem em um tratamento biológico no qual o oxigênio é

fornecido por aeradores mecânicos (VON SPERLING, 1996), com a finalidade de

manter uma determinada concentração de oxigênio dissolvido em toda ou em parte da

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massa líquida. As lagoas aeradas funcionam como reatores biológicos de crescimento

suspenso, sem recirculação do lodo, tendo profundidade de 2,5 a 5,0 m. Nelas, os

efluentes são submetidos à ação de um consórcio de microorganismos durante vários

dias (MORAIS, 2005).

As lagoas aeradas são utilizadas para o tratamento de lixiviado, de efluentes

domésticos ou de despejos industriais com elevado teor de substâncias biodegradáveis.

Os fatores de maior influência na seleção desse processo são: disponibilidade de área;

fonte de energia elétrica e os custos de implantação e operação (IPT/CEMPRE, 1995).

De acordo com Silva (2002), a utilização de lagoas aeradas é bastante freqüente

como etapa que precede a disposição final do lixiviado em estações de tratamento de

esgotos, onde bons resultados de biodegradação são obtidos para lixiviados

provenientes de aterros jovens.

3.2.4 Lagoas anaeróbias

Na lagoa anaeróbia, a matéria orgânica é submetida à um processo de

degradação na ausência de oxigênio com produção de gás metano e gás carbônico.

Lagoas anaeróbias são tanques com profundidade de 4,0 a 5,0 m, de maneira a

reduzir a penetração do oxigênio da superfície para as camadas mais profundas. A carga

orgânica aplicada deverá ser alta, principalmente para que a taxa de consumo de

oxigênio seja várias vezes superior à taxa de produção, criando condições estritamente

anaeróbias (MEIRA, 2003). O efluente das lagoas anaeróbias necessita, em geral, de

tratamento posterior.

Os sistemas anaeróbios para tratamento de lixiviado apresentam algumas

vantagens sobre o tratamento aeróbio, como: a geração do gás metano como subproduto

e a baixa produção de lodo biológico ou material em suspensão. Além disso o sistema

não requer a introdução de equipamentos de aeração, o que reduz fortementeo baixo

consumo de energia (IWAI, 2005). As principais vantagens e desvantagens dos

processos anaeróbios em relação aos processos aeróbios são apresentadas na Tabela 3.

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Tabela 3: Vantagens e desvantagens dos processos anaeróbios em relação aos processos aeróbios, verificado para efluente doméstico.

Vantagem Desvantagem

Baixa produção de sólidos; As bactérias anaeróbias são susceptíveis a inibição por um grande número de compostos;

Baixo consumo de energia; A partida do processo pode ser lenta na ausência de semeadura adaptada;

Baixo custo de implantação; Alguma forma de pós- tratamento usualmente é necessária;

Produção de metano; A bioquímica e a microbiologia da digestão anaeróbia são complexas e ainda precisam ser mais estudadas;

Possibilidade de preservação da biomassa sem alimentação do reator por vários meses;

Possibilidade de geração de maus odores;

Tolerância a elevadas cargas orgânicas; Possibilidade de geração de efluente com aspecto desagradável;

Aplicabilidade em pequena e grande escala. Remoção de nitrogênio, fósforo e patogênicos insatisfatórios.

Fonte: ROCHA (2005).

As lagoas anaeróbias são reatores biológicos projetados para receber altas cargas

orgânicas por unidade de volume do reator, sendo completamente isentas de oxigênio

dissolvido e de atividade fotossintética. A estabilização ocorre através de fenômenos de

digestão ácida e fermentação metanogênica que tornam parte do processo, com

produção de gases (gás sulfídrico (H2S), metano (CH4) e carbônico (CO2)). Na verdade,

tudo se passa como num digestor anaeróbio ou numa fossa séptica, cujo principal

propósito é transformar e estabilizar a matéria orgânica e não tratar o efluente de forma

a deixá-lo em condições de descarga em corpos receptores (FERNANDES et al., 2006).

3.2.5 Lagoas facultativas

As lagoas facultativas são sistemas baseados numa mistura de microrganismos,

aeróbios e anaeróbios, com profundidade de aproximadamente 2,0 m. Possuem uma

zona anaeróbia localizada no fundo, uma zona aeróbia localizada na sua superfície e

uma zona de transição entre estas duas (Figura 4 ).

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Figura 4: Representação de uma lagoa facultativa, ilustrando as zonas existentes (FONSECA, 2005).

Na camada mais superficial a matéria orgânica é oxidada por meio da respiração

aeróbia. Abaixo da zona de penetração da energia solar, forma-se a zona facultativa

composta de grupos de bactérias que são capazes de sobreviver e proliferar tanto na

presença como na ausência de oxigênio. Na camada de maior profundidade forma-se

uma zona anaeróbia, onde os sedimentos sofrem o processo de decomposição por

microrganismos anaeróbios, sendo convertidos lentamente em gás carbônico, água,

metano e outros (MEIRA, 2003).

As principais características desse tipo de lagoa de estabilização são: cor verde,

devido à elevada concentração de algas e de oxigênio dissolvido (produzido pela

fotossíntese) e uma grande quantidade de sólidos suspensos (algas) de baixa densidade

(difícil sedimentação). O tratamento ocorre através de simbiose entre algas e bactérias

facultativas presentes no meio. Nele, o processo de oxidação bacteriana converte a

matéria orgânica em dióxido de carbono, amônia e fosfatos (FERNANDES et al.,

2006).

A associação de lagoas facultativas, aeradas e anaeróbias é denominada sistema

de lagoas de estabilização que constituem a forma mais simples para o tratamento

biológico de lixiviado, cujo principal objetivo é a remoção de matéria carbonácea (VON

SPERLING, 1996).

Frascari et al. (2004) analisaram amostras de chorume tratadas por sistema de

lagoas (tratados por 32 dias) e concluíram que, embora tenha havido redução de

concentração de alguns inorgânicos, principalmente ferro, as amostras de chorume

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permaneciam com coloração amarela-amarronzada, indicativo da presença de

substâncias húmicas.

Em outro estudo realizado por Nany & Ratasuk (2002), durante a caracterização

de chorume tratado por sistema biológico, foi constatado que o carbono orgânico

dissolvido era constituído em grande parte por substâncias húmicas, principalmente na

forma de ácidos húmicos e ácidos fúlvicos.

Outra dificuldade dos processos biológicos está relacionada com a formação de

lodos. Devido a elevada capacidade de adsorção, a biomassa acaba agindo como sistema

físico-químico de tratamento, concentrando substratos não degradados

(CHRISTENSEN et al., 2001; TATSI et al., 2003). Trata-se de um inconveniente, que

envolve a necessidade de operações complementares para disposição final,

principalmente quando existe a intenção de reutilização.

3.2.6 Reatores anaeróbios (Tipo UASB)

O reator anaeróbio tipo UASB consiste em unidade de crescimento suspenso e

fluxo ascendente em que a velocidade ascensional mantém o lodo em suspensão,

contrabalançando a força gravitacional, de modo que, o efluente atravessa a lâmina de

lodo mantendo um contato íntimo com a microbiota anaeróbia (FLECK, 2003).

IPT/CEMPRE (1995) indica o Reator Anaeróbio de Fluxo Ascendente (RAFA),

também conhecido como “UASB” (do inglês Upflow Anaerobic Sludge Blanket), como

alternativa “privilegiada” para o tratamento do lixiviado, devido à pequena área

requerida, baixo custo de implantação e relativa simplicidade operacional do sistema,

factível para pequenos volumes de lixiviado. Segundo Renou et al. (2007) a principal

desvantagem desse tratamento é a alta sensibilidade as substancias tóxicas.

3.3 Considerações dos processos biológicos para tratamento de lixiviado

Estudos realizados por Diamadopoulos et al. (1994); Amokrane et al. (1997);

Tatsi et al. (2003) demonstram que, quando em fase jovem, o chorume apresenta uma

composição caracterizada por substâncias de baixa massa molar (MM < 120 g mol-1),

incluindo um grande número de ácidos graxos voláteis. Nestas condições, a matriz pode

ser adequadamente tratada por processos biológicos convencionais, especialmente

sistemas aeróbios/anaeróbios.

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Entretanto, é importante salientar que a variabilidade sazonal da quantidade e

composição do chorume não compatibiliza com a extrema sensibilidade dos sistemas

biológicos às cargas de choque. Desta forma, estudos sistemáticos que permitam prever

e absorver variações desta natureza são essenciais.

Por sua vez, o chorume maduro apresenta uma reduzida fração biodegradável,

além de altas concentrações de nitrogênio amoniacal (NH4+-N). Trata-se de

características que normalmente inviabilizam a aplicação de tratamentos biológicos

(Amokrane et al., 1997; Li et al., 1999; Tatsi et al., 2003).

Zouboulis et al. (2004) caracterizaram amostras de chorume submetidas a

tratamento biológico. Neste estudo, constatou-se que grande parte da DQO residual

(cerca 1000 mg L-1) era formada por substâncias orgânicas não biodegradáveis.

3.4 Sistemas fundamentados na recirculação de lixiviado 3.4.1 Recirculação do lixiviado no aterro sanitário

Este tipo de tratamento está associado ao retorno do chorume para o interior do

aterro, feito, em geral, através do processo de aspersão (SILVA, 2002). No processo,

ocorre distribuição de umidade, matéria orgânica e microorganismos ao longo das

células de aterro, o que acelera a decomposição dos resíduos ali depositados (SAN &

ONAYB, 2001). O volume de chorume também é reduzido, principalmente devido às

perdas por evaporação durante o processo de recirculação.

Segundo Chan et al. (2002), o processo de recirculação é relativamente

controlado e para maximizar a estabilização do aterro o volume e a freqüência de

recirculação de chorume deve ser rigorosamente controlada. O excesso de volume nas

células do aterro pode resultar na imposição de condições ácidas, as quais vão reduzir a

atividade metanogênica, alterando a cinética dos processos de decomposição mediados

por microorganismos. Há ainda o aumento de risco de rompimento dos taludes de

proteção do aterro e das geomembranas (KOERNER & SOONG, 2000).

Nos últimos anos, tem havido um maior interesse no aproveitamento do gás

produzido em aterros sanitários, isto tem incentivado a aplicação do processo de

recirculação (CHAN et al., 2002).

3.5 Sistemas alternativos

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3.5.1 Evaporação

A evaporação aplicada ao tratamento de lixiviado representa a eliminação de

parte da fração líquida de seu conteúdo na forma de vapor. A transformação do líquido

em vapor é regulada pela ação de fontes externas de energia, que podem ser naturais ou

artificiais.

Quando o sol é o agente responsável pela evaporação, o método é normalmente

conduzido em lagoas e depende fundamentalmente das condições climáticas, como:

temperatura, velocidade do vento e umidade. Se a fonte de energia for artificial, o

processo é usualmente realizado em tanques de evaporação. O aspecto positivo mais

destacado desse processo é a redução do volume de lixiviado, seja qual for o tipo de

energia utilizada (BIDONE, 2007; REICHERT, 2007).

As maiores dificuldades e desvantagens da aplicação desta técnica são a

poluição atmosférica que está associada ao mau cheiro gerado no processo e o aumento

da concentração de sais solúveis (cloreto de sódio, por exemplo) nos resíduos. Os

rejeitos formandos nesse tipo de tratamento quando são depositados em células de

aterro sanitário pode ocasionar aumento da concentração dos sais, inibindo a ação de

microrganismos característicos e, conseqüentemente, impedindo a degradação dos

resíduos depositados (MORAIS, 2005).

3.5.2 Wetlands

O termo wetlands é utilizado para caracterizar vários ecossistemas naturais que

ficam, parcial ou totalmente, inundados durante o ano. Os sistemas wetlands podem ser

classificados com relação a sua origem como naturais, que são geralmente, charcos,

brejos, várzeas e pântanos e os construídos ou artificiais (CRITES, 1994; BELTRÃO,

2006).

Os wetlands construídos, simulando sistemas naturais formados por leitos de

plantas aquáticas, podem se caracterizar como uma alternativa de tratamento que

viabiliza a redução dos impactos ambientais ocasionados pela degradação dos resíduos

sólidos urbanos. As propriedades dos wetlands incluem alta produtividade das plantas

presentes, existência de grandes superfícies de adsorção no solo e nas plantas, presença

de regiões aeróbias e anaeróbias e população de microrganismos ativos. A sedimentação

e filtração dos sólidos, a absorção de materiais orgânicos e nutrientes pelas plantas, a

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adsorção de metais no solo e nas plantas e as degradações aeróbia e anaeróbia dos

compostos orgânicos são capazes de transformar alguns poluentes em produtos menos

danosos e em nutrientes essenciais a serem utilizados pela biota (MANNARINO et al.,

2006). Tais fatores apontam esse sistema como uma alternativa para o tratamento

terciário para lixiviado de aterro sanitário (BELTRÃO, 2006).

3.6 Sistema Bioquímico

O sistema bioquímico (SBQ) utiliza o conjunto solo/plantas/microrganismos

com a finalidade de remover, degradar ou isolar substâncias tóxicas de efluentes

(BELTRÃO & JUCÁ, 2004). Este sistema caracteriza-se como um tratamento terciário

cujo processo de descontaminação ocorre de formas variadas e concomitantes, partindo

dos princípios de técnicas de tratamento de efluentes já consolidadas: Barreira reativa e

fitorremediação através de plantas aquáticas (wetlands construídos ou charcos

artificiais) (BELTRÃO et al., 2005).

O SBQ pretende ser uma alternativa economicamente viável, eficiente e de fácil

operação para o tratamento de lixiviado de aterros sanitários (Figura 5).

Os principais processos de remoção de poluentes são: 1) contaminantes são

degradados por meio da biomassa aderida ao material suporte (biofilme); 2) poluentes

são absorvidos pelas raízes ou degradados por bactérias que nelas se alojam, em

seguida, os contaminantes são armazenados ou transportados e acumulados nas partes

aéreas das plantas (taboas, por exemplo); 3) a barreira reativa ao entrar em contato com

o efluente reage quimicamente promovendo a retenção de contaminantes, além de servir

como uma parede de retenção física.

O termo “bio” é uma alusão à contribuição dos organismos vivos que compõem

o sistema (biofilme e macrófitas), assim como, o termo “químico” refere-se aos

processos de remoção de poluentes através de processos químicos (adsorção),

independentemente dos microrganismos (BELTRÃO et al., 2005).

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Figura 5: Desenho esquemático do Sistema bioquímico (BELTRÃO, 2005).

3.7 Sistemas de tratamento físico-químicos Os métodos físico-químicos podem ser usados como pré-tratamento de métodos

biológicos, especialmente para lixiviados novos; como pós-tratamento (polimento) para

lixiviado parcialmente estabilizado ou para a remoção de cor e de substâncias

recalcitrantes (KURNIAWAN et al., 2006b).

Segundo SERAFIM et al. (2003) tratamentos baseados em métodos químicos

são capazes de promover a degradação ou até mesmo a mineralização completa de

compostos poluentes. Mas apresentam o inconveniente de ter que adicionar mais

compostos químicos à um meio que já se encontra muito agressivo ao meio ambiente.

Além do mais, o desempenho de cada método está relacionado à natureza química do

lixiviado utilizado no tratamento. A seguir são apresentados alguns dos métodos físico-

químicos empregados no tratamento de lixiviado.

3.7.1 Coagulação/Floculação Os processos de coagulação/floculação são empregados para a remoção de

compostos orgânicos não biodegradáveis e de metais pesados encontrados no lixiviado

de aterro. As condições gerais para esta técnica incluem o ajuste do pH e envolve muitas

vezes a adição de sais de ferro/alumínio como coagulantes para aumentar as forças

repulsivas entre as partículas (KURNIAWAN et al., 2006). A cor (que está associada ao

ácidos húmicos) é um dos grandes problemas no tratamento de lixiviado, sendo a

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coagulação/floculação eficiente na remoção de cor, turbidez, DQO e sólidos suspensos

(LINS et al., 2007).

Este método tem por objetivo aglomerar as partículas que se encontram em

suspensão ou em estado coloidal através da desestabilização das cargas elétricas na

superfície das partículas por adição de produtos químicos, em partículas maiores

(flocos) que possam ser removidas mais facilmente por decantação ou sedimentação.

Os agentes químicos empregados para os métodos de coagulação/floculação são

geralmente classificados em dois grandes grupos: agentes inorgânicos - sulfato de

alumínio (alume), sulfato ferroso, cloreto férrico, clorosulfato férrico, cloreto de

polialumínio (PAC); e polímeros orgânicos derivados de poliacrilamida (ou polietileno)

ou biopolímeros (polímeros produzidos por organismos biológicos) (ZOUBOULIS et

al., 2004).

Amokrane et al. (1997) afirmam que o hidróxido de cálcio é o reagente mais

utilizado na precipitação química, requerendo, geralmente, entre 1 a 15 mg/L deste

reagente no tratamento de lixiviado de aterros. O hidróxido de cálcio pode ser

implementado como um pré-tratamento de um sistema biológico uma vez que a cal

hidratada remove da solução grande quantidade de metais pesados e parte da matéria

orgânica, em especial as substâncias húmicas responsáveis por conferir cor ao lixiviado

e inibir processos fotossintéticos e fotoquímicos essenciais ao desenvolvimento dos

microrganismos, principalmente nas lagoas facultativas e aeradas (LINS et al., 2007).

Diversos estudos reportaram a aplicação do método de coagulação/floculação

para tratamento do lixiviado de aterro sanitário, cujos objetivos foram obter o melhor

desempenho do método, selecionar o agente coagulante mais apropriado, determinar as

melhores condições experimentais, avaliar do efeito do pH e a associação com

floculantes (WISZNIOWSKI et al., 2006).

A precipitação química tem sido empregada tanto no tratamento de água quanto

no tratamento de diferentes tipos de efluentes, visando principalmente à remoção de

compostos orgânicos não-biodegradáveis, nitrogênio amoniacal e metais pesados. Este

método envolve a adição de produtos químicos que promovem a remoção de

substâncias dissolvidas e suspensas por sedimentação (METCALF e EDDY, 2003).

De acordo com Kurniawan et al. (2006b) o método de precipitação química

usualmente utiliza como precipitantes químicos: o fosfato de amônia e magnésio ou

estruvita e hidróxido de cálcio ou cal hidratada, dependendo do alvo de remoção. O

fosfato de amônia e magnésio é aplicado normalmente como pré-tratamento de

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lixiviado, visando principalmente a precipitação de nitrogênio amoniacal, mas pode

também ser aplicado para remover sólidos suspensos e matéria orgânica (KABDASLI et

al., 2008).

A remoção de nitrogênio amoniacal utilizando fosfato de amônia e magnésio foi

investigada por Li et al. (LI et al., 1999; LI e ZHAO, 2001). Os resultados das pesquisas

apontaram para uma remoção satisfatória desse tipo contaminante. Os ensaios com

lixiviado bruto à uma concentração inicial de 5618 mg/L, teve a concentração reduzida

após o tratamento para 112 mg/L em pH controlado (8,5 a 9). Calli et al. (2005) também

avaliaram a precipitação química, utilizando o mesmo agente precipitante, para a

remoção de nitrogênio amoniacal e DQO em um lixiviado tratado anaerobicamente e

verificaram uma remoção de 98% e 20%, respectivamente.

A cal hidratada é aplicada em diversas áreas, como por exemplo: argamassas,

tintas e asfaltos para construção civil; na agricultura para correção de acidez de solos;

tratamento de água potável; águas residuárias industriais; efluentes entre outros.

O termo cal, de maneira geral, refere-se ao óxido de cálcio ou cal virgem (CaO),

hidróxido de cálcio ou cal hidratada (Ca(OH)2) e a cal dolomítica. Entretanto, as duas

formas de cales mais usadas no tratamento de efluentes são a cal virgem e a cal

hidratada.

No tratamento de efluentes, o hidróxido de cálcio é usado principalmente para a

correção de pH, como agente precipitante para matéria orgânica, fosfatos, metais traços,

e como coagulante para remoção de materiais coloidais (SEMERJIAN e AYOUB,

2003). A cal é o principal produto derivado dos calcários, dolomitas ou conchas

calcárias. É obtida através de uma reação química simples de calcinação, mas requer

conhecimento e habilidade para alcançar o padrão de qualidade ideal. A calcinação é a

decomposição térmica dos calcários/ dolomitas/ conchas calcárias que resulta na

formação de dois produtos, óxido de cálcio e dióxido de carbono (Equação 6). A

hidratação do óxido de cálcio origina o hidróxido de cálcio (Equação 7) e a reação entre

este e o gás carbônico leva à formação do carbonato de cálcio (Equação 8)

(REBELATTO, 2006):

CaCO3 (s) → CaO + CO2 (g) (6)

CaO (s) + H2O (l) → Ca(OH)2 (s) (7)

Ca(OH)2 (s) + CO2 (g) →CaCO3 (s) + H2O (8)

s = sólido; g = gás e l = líquido

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A qualidade química da cal depende das características e das impurezas contidas

na rocha que lhe deu origem. Assim, recebe o nome de cal cálcica o produto com alto

teor de óxido de cálcio; cal dolomítica, quando possui a relação entre os óxidos de

cálcio e de magnésio igual à forma molecular de CaO/MgO; e de cal magnesiana

quando possui teores de óxido de magnésio intermediário entre a cal cálcica e a cal

dolomítica. A cal hidratada é o nome genérico de todas as formas de hidratos. Mas a cal

hidratada propriamente dita se apresenta como pó seco, pouco solúvel em água à

temperatura de 25 oC, com 17% a 19% de água combinada (quando dolomítica normal)

e 24% a 27% de água combinada quando cálcica (REBELATTO, 2006).

Keenan et al. (1984) compararam a eficiência de 3 tipos diferentes de cales para

o tratamento de lixiviado, sendo elas: cal com alta concentração de magnésio; cal com

alta concentração de cálcio e cal hidratada. Tais autores constataram que a cal hidratada

além de apresentar uma boa performance no tratamento do lixiviado, também

apresentou o menor custo comparado aos outros tipos.

O hidróxido de cálcio foi bastante utilizado por muitos anos no tratamento de

lixiviado de aterro sanitário com dosagens de aproximadamente 1 a 15 g/L. Sua

eficiência foi verificada especialmente para a remoção de cor, turbidez, metais, sólidos

suspensos, além de óleos dispersos e DQO (AMOKRANE et al., 1997). Salem et al.

(2008) realizaram um teste de precipitação com hidróxido de cálcio em um lixiviado

estabilizado, na fase metanogênica, no qual avaliaram diferentes concentrações de

hidróxido de cálcio, variando na faixa de 0 a 10 g/L, para remoção de cor, DQO e

metais pesados. A amostra de lixiviado foi submetida a uma agitação de 3000 rpm por

20 minutos e 30 minutos de sedimentação, e obtiveram bons resultados de remoção com

apenas 2,5 g/L, exceto para DQO. A precipitação química foi escolhida devido ao baixo

custo e disponibilidade do precipitante.

O grau de clarificação ou remoção de cor de um efluente está diretamente

relacionado com a quantidade de agente químico usado e dos cuidados necessários para

o controle do processo, sendo possível obter por precipitação química um efluente claro

e livre de matéria orgânica em suspensão ou em estado coloidal (METCALF e EDDY,

2003).

Diversos autores descrevem a combinação da precipitação química (coagulação)

com outros métodos físicos ou biológicos de tratamento de lixiviado, alcançando assim

uma maior eficiência do tratamento de lixiviado. Schoeman (2008) utilizou a

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precipitação química como pré-tratamento de lixiviado considerado perigoso, com o

objetivo de posteriormente avaliar a desalinização através do tratamento por

eletrodiálise. A concentração de hidróxido de cálcio utilizada por ele foi de 4,7 g/L em

pH 10. Nessas condições ele obteve uma excelente remoção de dureza (cálcio e

magnésio), ferro, manganês, bário, estrôncio e turbidez, porém constatou uma remoção

insignificante de DQO.

A combinação de métodos físico, químicos e biológicos para alcançar a melhor

remoção de conteúdo orgânico de um lixiviado estabilizado, com elevado conteúdo de

DQO (5690 - 8200 mg/L), foi avaliada por Kapetanios et al. (1995). Os autores

avaliaram uma série de combinações dos métodos de oxidação química com peróxido

de hidrogênio mais sulfato ferroso (reagente de Fenton), oxidação biológica (lodo

ativado) e precipitação química com cal (CaO) e alume, bem como a associação dos

dois precipitantes, variando a dosagem e faixa de pH. Na precipitação química foram

avaliados a eficiência da utilização de cal e alume separadamente (2,5g e 1,5g,

respectivamente) e combinados (2g de cal + 1,5g de alume) para 1L de lixiviado com

pH na faixa de 7,5 - 8.5. Os melhores resultados foram obtidos associando cal e alume,

visto que combinação proporcionou uma redução de aproximadamente 83% de DQO no

tratamento.

O hidróxido de cálcio além de ser usado com agente precipitante, também pode

funcionar como auxiliar de coagulação no tratamento de efluentes em geral. Tatsi et al.

(2003), por exemplo, examinaram a aplicação do método de coagulação/floculação

utilizando diferentes reagentes químicos, entre eles o hidróxido de cálcio. Verificaram

que o uso de sulfato de alumínio e/ou adição de hidróxido de cálcio apresentaram uma

menor remoção de DQO (39% e 18%, respectivamente) quando comparados a

eficiências dos sais de ferro (acima de 50%). Os autores constataram que uma elevada

capacidade de remoção de DQO foi observada durante a ação combinada de sulfato de

alumínio e cal para o tratamento de lixiviado estabilizado.

Além do tratamento de lixiviado provenientes de aterros sanitários, outros

estudos foram realizados com efluentes de diferentes origens, sendo eles na sua grande

maioria executados em jar test, equipamento utilizado para determinar a dosagem

adequada de hidróxido de cálcio.

Georgiou et al. (2003) por meio de técnica de coagulação/floculação, usando

hidróxido de cálcio e/ou sulfato ferroso, apresentaram resultados no tratamento de

efluente têxtil. Os testes comprovaram que somente o uso de hidróxido de cálcio pode

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ser muito eficiente na remoção de cor (70-90%) e de DQO (50-60%) desse tipo de

efluente. Já Goel & Chaudhuri (1996), visaram à remoção de turbidez e DQO em

efluente municipal e testaram o uso de hidróxido de cálcio sozinho e associado com

sulfato de manganês. Os resultados mostraram que o uso do hidróxido de cálcio sozinho

favoreceu uma remoção de 61% de turbidez e aproximadamente 38% de DQO, porém

para o uso combinados dos dois agentes químicos foi obtido valores de remoção de 95%

de turbidez e 75-77% de DQO. Em ambos os trabalhos, as condições experimentais

adotadas foram de mistura rápida seguida de mistura lenta, com velocidades e tempos

distintos.

A precipitação com hidróxido de cálcio para o tratamento de efluentes

inorgânicos tem sido considerada como um dos mais efetivos meios para remoção de

metais com concentração acima de 1000 mg/L. Kurniawan et al. (2006a) relataram o

emprego desse agente precipitante na remoção de metais pesados como Zn (II), Cd (II)

e Mn (II) com concentração inicial de 450, 150, 1085 mg/L respectivamente. Çeçen &

Gursoy (2000) também descreveram a eficiência da remoção de metais pesados como

Cu (II), Pb (II), Fe (II), Mn (II) e Ni (II), em um lixiviado novo, utilizando apenas 8g/L

de hidróxido de cálcio. Tal eficiência dá-se pelo fato que quando o pH é ajustado para

condições alcalinas (pH 11) os íons metálicos são convertidos para uma fase sólida

insolúvel e precipitam na forma de hidróxido metálico.

A Equação 9 apresenta o mecanismo de remoção de metal pesado pela

precipitação química (KURNIAWAN et al., 2006a), onde M2+ e OH- representam os

íons metálicos dissolvidos e o agente precipitante, respectivamente, enquanto M(OH)2 é

o insolúvel hidróxido metálico.

M2+ + 2(OH)- ↔ M(OH)2 (9)

Outro importante aspecto da precipitação química com hidróxido de cálcio é o

apreciável grau de desinfecção que ocorre com o processo. É reportado que a pH

superior a 11 e um contato de 4h, organismos bacterianos encontrados em efluentes são

completamente inativados e os valores de remoção para coliformes e outros organismos

entéricos, em pH 11,2 , alcançam valores de 99 - 100% (SEMERJIAN & AYOUB,

2003).

O hidróxido de cálcio pode ser usado tanto na forma de suspensão, como

descritos anteriormente, quanto na forma vulgarmente denominada de leite de cal.

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Alguns autores, citados a seguir, utilizaram em suas pesquisas a precipitação química

com leite de cal para o tratamento primário de lixiviados estabilizados provenientes de

diferentes aterros.

Giordano (2003) avaliou, em escala de bancada, a aplicação dos métodos de

precipitação química e eletrolítica e os resultados mostraram que a precipitação química

com hidróxido de cálcio (leite de cal a 10%, sob agitação rápida por 5 minutos) foi

eficiente para a remoção de compostos orgânicos, inorgânicos e um método favorável

para a remoção da amônia, devido à alcalinização do meio. Paralelamente, Renou et al.

(2008) descreveram um tratamento combinando usando seqüencialmente os métodos de

precipitação química, pré-filtração a vácuo e uma etapa final de osmose inversa. Neste

caso, o pré-tratamento com precipitação e filtração possibilitou a remoção de 15 - 40%

de salinidade através da precipitação de metais e carbonatos, facilitando assim a

operação da osmose inversa pela diminuição da pressão osmótica.

Na literatura abordada verificou-se que a concentração de hidróxido de cálcio, a

velocidade de agitação, o tempo de agitação e sedimentação utilizada são bastante

variados e esses parâmetros são adotados em função do volume e características do

efluente a ser tratado. Dentre os parâmetros físico-químicos normalmente adotados em

uma pesquisa de tratamento de lixiviado, a análise de DQO é descrita na grande maioria

dos trabalhos citados anteriormente.

As principais vantagens da aplicação de hidróxido de cálcio na precipitação

química incluem: disponibilidade do reagente em muitos países; não contribui para o

aumento da salinidade, como é o caso quando se emprega sais de alumínio ou ferro;

baixo custo e simplicidade do método. O pré-tratamento com hidróxido de cálcio é mais

barato do que a aplicação de outros produtos químicos tais como: sulfato de alumínio,

cloreto férrico, sulfato de magnésio etc. Todavia, como todo método empregado para o

tratamento de lixiviado, a precipitação também apresenta algumas desvantagens, tais

como: aumento do pH e dureza do efluente, geração de lodo e conseqüentemente,

aumento no custo de disposição do lodo (TATSI et al., 2003 ; KURNIAWAN et al. ,

2006b; SEMERJIAN e AYOUB, 2003).

3.7.2 Adsorção

A adsorção consiste de um fenômeno de superfície e está relacionada com a área

disponível do adsorvente, com a relação entre massa do adsorvido e massa do

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adsorvente, pH, temperatura, força iônica e natureza química do adsorvente e do

adsorvido, podendo esse ser um processo reversível ou irreversível. As reações de

adsorção são geralmente, reações de superfície e não implicam necessariamente na

formação de uma nova substância (CASTILHO JUNIOR, 2006; COSTA, 2002 apud

LINS, 2008).

Diversas espécies químicas presentes no lixiviado (iônicas ou orgânicas) são

passíveis de serem adsorvidas em matrizes sólidas e inúmeros materiais têm sido

testados como adsorventes (carvão ativado, zeólitas, vermiculita, caulinita, alumina

ativada) (MORAIS, 2005). Dentre os materiais adsorventes, as zeólitas constituem uma

classe de adsorventes de grande interesse econômico e social, devido a sua alta

capacidade de troca de cátions, boa resistência física e química, excelente

compatibilidade com o meio ambiente e principalmente no que se refere à remoção de

poluentes, tais como cátions de metais e íons amônio (LINS, 2008). No entanto, o

carvão ativado continua sendo considerado o material que apresenta melhores resultados

com custos mais acessíveis (MORAIS, 2005).

3.8 Processos Oxidativos Avançados (POAs)

A oxidação química é uma técnica de recuperação que se baseia na utilização de

um agente oxidante, responsável pela mineralização de orgânicos poluentes presentes

nos solos, nas águas ou no ar, em tratamentos ex-situ ou in-situ. Os principais oxidantes

utilizados são: peróxido de hidrogênio, reagente Fenton, permanganatos e persulfatos

(ITRC, 2005; US EPA, 2006).

Os Processos Oxidativos Avançados (POAs) são processos de oxidação que

geram o radical hidroxila (•OH), que são espécies altamente oxidantes, em quantidade

suficiente podem provocar a completa mineralização da matéria orgânica a dióxido de

carbono, água e íons inorgânicos. Esses radicais hidroxila podem ser formados em

processos homogêneos ou heterogêneos, catalíticos ou não, sob a incidência de radiação

ou não. A grande vantagem desses processos reside no fato deles serem um tipo de

tratamento destrutivo, ou seja, o contaminante não é simplesmente transferido de fase

como na separação por carvão ativado, filtração, injeção de vapor ou dessorção térmica,

mas sim degradados através de uma série de reações químicas, como na Equação 10

(PANDIYAN et al., 2002).

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Poluentes orgânicos + O2 → CO2 + H2O (10)

Os radicais hidroxilas (•OH) são capazes de oxidar praticamente todas as classes

de compostos orgânicos, como pode ser observado na Tabela 4 (RODRIGUES et al.,

2003; FARES et al., 2003).

Tabela 4: Compostos oxidáveis por radicais hidroxilas.

Composto Ácidos Formico, glucônico, lático, propiônico, tartárico. Álcoois Benzil, ter-butil, etanol, etileno glicol, glicerol, isopropanol, metanol,

propenodiol. Aldeidos Acetaldeído, benzaldeído, formaldeído, isobutaraldeido,

tricloroacetaldeido Aromáticos Benzeno, clorobenzeno, clorofenol, diclorofenol, hidroquinona, p-

nitrofenol, fenol, tolueno, triclorofenol, xileno e trinitrotolueno. Aminas Anilina, dietil amina, dimetil formamida, EDTA, n-propil amina. Corantes Antaquinona, diazo, monoazo. Éteres Tetrahidrofurano. Cetonas Dihidroxi acetona, metil etil cetona. Fonte: (RODRIGUES et al., 2003; FARES et al., 2003)

Em relação a outros agentes oxidantes, o radical hidroxila apresenta alto

potencial de oxidação termodinâmico, conforme mostrado na Tabela 5.

Tabela 5: Potencial de oxidação para alguns oxidantes

Agente oxidante Potencial de oxidação Radical fluoreto 3,06 Radical Hidroxila (• OH) 2,80 Ozônio (O3) 2,07 O2 1,23 Peróxido de hidrogênio (H2O2) 1,77 Permanganato (KMnO4) 1,67 Dióxido de cloro (Cl2) 1,50 Cloro 1,36 Bromo 1,09 Iodo 0,54 Radical Peroxila (•OOH) 1,70

Fonte: BÉLTRAN et al. (1997)

O radical hidroxila é um poderoso oxidante de natureza não seletiva a compostos

orgânicos, sendo capaz de oxidá-los gradativamente a alcoóis, aldeídos ou cetonas,

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ácidos carboxílicos, ou até sua completa mineralização, encerrando em gás carbônico e

água (SILVA, 2009a).

Os radicais (•OH) podem atacar anéis aromáticos nas posições ocupadas por um

grupo de halogênios, gerando fenóis substituídos. Embora seja um radical muito reativo,

reage lentamente com alguns compostos como, por exemplo, os alcanos clorados como

o tricloroetano e tetracloroetano e alguns ácidos orgânicos como o acético, maléico e

oxálico (CHIRON et al., 2000).

Os POA podem ser classificados em dois grandes grupos: sistemas homogêneos,

que envolvem reações com ozônio (O3), peróxido de hidrogênio (H2O2) com ou sem

radiaçãoe sistemas heterogêneos, que empregam catalisadores, como o dióxido de

titânio. Denomina-se sistema heterogêneo aquele que utiliza semicondutores foto-

sensíveis no estado sólido, que em contato com a massa líquida, catalisam a reação de

geração do radical (•OH).

A Tabela 6 descreve alguns dos principais sistemas homogêneos e heterogêneos,

diferenciando-os.

Tabela 6: Sistemas utilizados no POA.

Sistema homogêneo Sistema heterogêneo Com irradiação Sem irradiação Com irradiação Sem irradiação

O3/UV O3/H2O TiO/O3/UV Eletro-Fenton H2O/UV O3/OH- TiO2/H2O/UV

Feixe de elétrons H2O2/Fe2+ (Fentron) Ultrasom (US)

H2O2/US UV/US

H2O2/Fe2+/UV (Foto Fenton)

Fonte: Renou et al., (2007).

Alguns compostos altamente recalcitrantes exigem, muitas vezes, o uso da

radiação UV, tornando o custo do processo muito alto, devido ao fato da necessidade de

implementação de uma lâmpada negra como fonte de radiação UV

(fotólise/fotocatálise). Uma possibilidade de reduzir esses custos é utilizando a luz solar,

uma vez que a mesma emite radiação dentro da faixa de interesse de trabalho para a

maioria dos POA (SILVA, 2009b).

Estudos recentes vêm apontando para a utilização de processos de tratamentos

combinados, ou seja, a utilização de processos aliados que reúnem as vantagens de dois

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ou mais processos de tratamento como, por exemplo, utilizar reagente de Fenton para

degradar moléculas persistentes e gerar intermediários menos tóxicos que podem ser,

posteriormente, destruídos por tratamentos biológicos (FARES, 2003).

Outra alternativa que pode ser avaliada é a utilização de dois tipos de POA,

como por exemplo o reagente de Fenton, que degradaria rapidamente os compostos

alvos, seguido da fotocatálise, que agiria como um polimento do tratamento, ou seja,

degradar qualquer intermediário que, porventura, ainda esteja no meio (HIGARASHI et

al., 2000).

Atualmente, os POA se destacam como a grande inovação dentre as linhas de

pesquisa da Engenharia Ambiental, ressaltando-se sua utilização na degradação de

fármacos (BATISTA & NOGUEIRA, 2009; CUNHA et al., 2009; BLANCO et al.

2009; MANSILLA, 2009); organoclorados (VELOSA et al., 2009; CARDEÑA et al.,

2009; RESENDE e TEIXEIRA, 2009); efluentes oriundos de indústrias têxteis (DIAS et

al., 2009; MONEZI, 2009; SOBREIRA et al., 2009; ALBUQUERQUE et al., 2009);

poluentes orgânicos derivados de petróleo, como fenóis e BTEX (MAZZI et al., 2009;

BARONI et al., 2009; SANTOS et al., 2009; OLIVEIRA et al., 2009), chorumes

(ARAGÃO et al., 2009; GERALDO FILHO et al., 2009); herbicidas e agrotóxicos

(PEIXOTO e TEIXEIRA, 2009; GOZZI et al., 2009; MATOS et al., 2009); entre

outros.

Recentemente, outros tipos de POA não convencionais estão sendo

desenvolvidos, como por exemplo, o uso da oxidação termoquímica aplicando a

tecnologia DiCTT (Direct Contact Thermal Treatment), que propõe um contato efetivo

entre os radicais hidroxilas oriundos da combustão do gás natural e uma solução

contaminada com fenol e BTEX em escoamento helicoidal ao longo da parede de um

reator vertical (OLIVEIRA et al., 2009).

Mais recentemente, um novo processo tem sido utilizado para degradar efluentes

líquidos com elevada recalcitrância e cor. Trata-se do processo Gama-Fenton, que

utiliza a radiação Gama para catalisar o processo Fenton, uma vez que a radiação UV

não pode penetrar (cor ou turbidez elevada) (VASCONCELOS, 2011)

3.8.1 Processos Oxidativos avançados envolvendo H2O2

O H2O2 tem sido usado como agente oxidante para alguns compostos orgânicos

por ser adequado a uma série de aplicações na remediação de contaminações. Contudo,

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o H2O2 sozinho não é um bom oxidante para a maioria das substâncias orgânicas, mas

quando combinado, torna-se excelente oxidante, como por exemplo, H2O2/UV;

Reagente Fenton (Fe2+/H2O2) e Reagente foto-Fenton (Fe2+/H2O2/UV). Dessas

combinações as mais empregadas são Fenton e Foto-Fenton.

3.8.2 H2O2 / UV

O radical hidroxila, principal agente oxidante dos POA, pode ser gerado com

eficiência a partir de sistemas que envolvam radiação ultravioleta e peróxido de

hidrogênio (H2O2/UV). O sucesso desse processo tem sido geralmente atribuído a

estequiometria de formação de radicais hidroxilas, pois a combinação de H2O2/UV é

uma das maneiras mais fáceis de produzir tais radicais.

A absorção do fóton UV pelo H2O2 dissocia-o em dois radicais hidroxila,

conforme mostra a Equação 11. O mecanismo mais aceito para a fotólise do peróxido é

a ruptura da ligação O-O pela luz ultravioleta formando dois radicais hidroxilas. O

mesmo reage rapidamente e não seletivamente com a maioria dos compostos orgânicos

pela abstração do próton ou pela adição eletrofílica à ligação insaturada, ocorrendo

geralmente em hidrocarbonetos insaturados e aromáticos (NOGUEIRA et al., 2007;

Hernandez et al., 2002).

H2O2 + hν (254nm) → 2 •OH (11)

Outras reações também podem ocorrer como mostram as Equações 12, 13 e 14.

H2O2 + •OH → •O2H + H2O (12)

H2O2 + •OH2 → • OH + O2 + H2O (13)

2 •OH2 → H2O2 (14)

De acordo com Rodrigues & Duarte (2003), alguns problemas influenciam a

eficiência desse processo tais como: (

• Comprimento de onda abaixo de 200nm. O processo requer comprimento de onda de 200-400nm para tornar-se eficiente;

• Efluentes turvos contendo fortes absorvedores UV tais como compostos

orgânicos aromáticos, requer alta incidência de luz, que aumenta o custo do processo;

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• Esse sistema não é aplicado em tratamento in-situ;

• Requer pH ácido.

A fonte da radiação UV não é limitada para lâmpada negra, podendo-se utilizar

também a luz solar. Alguns compostos podem ser oxidados por este processo, tais

como, hidrocarbonetos aromáticos, fenóis, alcanos, alcenos, éteres, cetonas dentre

outros (SOUZA e SILVA, 2007).

De acordo com Nogueira et al. (2007), os radicais hidroxila gerados na presença

de compostos orgânicos podem reagir de três diferentes maneiras, como mostram as

Equações 15, 16 e 17.

abstração do hidrogênio •OH + RH → •R + H2O (15) adição eletrofílica •OH + PhX → •HOPhX (16) transferência de elétrons •OH + RX → OH- + •RX+ (17)

A elevada eficiência oxidativa dos sistemas fotoquímicos assistidos por H2O2

tem sido amplamente divulgada. Dentre alguns resultados pertinentes destacam-se a

degradação do fenol através de um sistema dotado de um reator fotoquímico contínuo

via UV/H2O2, com eficiência superior a 98% de remoção de carga orgânica (MAZZI et

al., 2009).

Outro recente trabalho publicado foi sobre a degradação da Flumequina por uso

de H2O2/UV. Este fármaco é um antimicrobiano da família das quinolonas, com baixa

degrabilidade, que, quando descartado de forma irregular, pode provocar efeitos

adversos nos organismos vivos (biota) além do desenvolvimento de bactérias super-

resistentes. Os resultados desta pesquisa indicaram uma degradação superior a 99%

deste fármaco, para os experimentos dotados com UV/H2O2, seguido do uso da radiação

UV simplesmente e, por fim, a peroxidação (H2O2 sem radiação UV), que apresentou

um baixo índice de degradação, cerca de 20% (SILVA et al., 2009b).

O uso de H2O2/UV também foi recentemente relatado para degradação de

corantes, como o Laranja Cassafix® CA-2R 150%. Comparando a degradação deste

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corante em dois diferentes sistemas, o primeiro contendo H2O2 e o outro H2O2/UV, o

segundo apresentou uma eficiência de degradação 74 vezes maior, com degradação

superior a 80% do poluente (SOUSA et al., 2009).

3.8.3 Reagente Fenton

Há mais de um século, a oxidação catalítica do ácido tartárico na presença de

peróxido de hidrogênio e íons ferrosos foi relatada por H. J. H. Fenton em 1894.

Quarenta anos após a primeira observação do que seria a chamada reação de Fenton, foi

postulado por Haber-Weiss em 1934 que o radical hidroxila seria a espécie oxidante

neste sistema, capaz de oxidar várias classes de compostos orgânicos em uma reação

espontânea que ocorre no escuro (NOGUEIRA et al., 2007).

O Reagente de Fenton é composto de uma solução de peróxido de hidrogênio e

um sal de ferro (Fe2+ ou Fe3+) em meio ácido, produzindo radicais hidroxilas com

grande poder oxidante na degradação de contaminantes tóxicos, como mostra o

mecanismo descrito pela Equação 18 (OLIVEIRA et al., 2009).

Fe2+ + H2O2 → Fe3+ + OH- + •OH (18)

Na ausência de um substrato, o radical hidroxila formado pode oxidar o Fe2+ em

Fe3+, como mostra a Equação 19.

Fe2+ + •OH → Fe3+ + OH- (19)

Além destas, uma série de outras reações de competição podem ocorrer, como descrevem as Equações 20 a 26 (WALLING, 1975): RH + •OH → H2O + •R (20)

Fe2+ + •OH → Fe3+ + OH- (21)

• R + Fe3+ → Fe2+ + R+ (22)

• R + •OH → ROH (23)

• R + H2O2 → ROH + •OH (24)

• OOH + Fe3+ → O2 + Fe2+ + H+ (25)

• OH + H2O2 → •OOH + H2O (26)

Como pôde ser visto pela Equação 16, o excesso do H2O2 pode capturar radicais

hidroxilas, formando um radical chamado hidroperoxila, cujo potencial de oxidação é

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igual a 1,42V, portanto, inferior ao do •OH (2,80V), mas que prejudica o sistema

oxidativo (NOGUEIRA et al., 2007).

Outro aspecto importante é a que taxa de remoção inicial do poluente orgânico

pelo reagente Fe3+/H2O2 é muito mais lenta que para o reagente Fe2+/H2O2, talvez pela

baixa reatividade do íon Fe3+ com o peróxido.

O radical hidroxila é gerado por uma cadeia de mecanismos, e reage de maneira

rápida e não seletiva com a maioria dos compostos orgânicos pela abstração de

hidrogênio ou adição a ligação insaturada C = C. No ataque às ligações C – H por

radicais hidroxila, a ordem de seletividade é carbono terciário > carbono secundário >

carbono primário, porém a reatividade pode aumentar com grupos doadores de elétrons

(-OH, -OR, amidas), e pode diminuir com a presença de grupos eletronegativos (ácido

acético, acetona, halo-álcoois). O carbânion gerado pelo ataque do radical hidroxila

reage com o O2 para formar organo-peróxidos (•ROO) que podem se decompor,

formando •HO2, ou um produto oxigenado (FARES, 2003).

O processo que utiliza os reagentes de Fenton combinados com radiação UV de

fonte artificial, como as lâmpadas brancas, ou fonte natural como a luz solar, é chamado

de foto-Fenton (SILVA, 2009). Este é um processo cíclico capaz de reduzir o Fe3+ em

Fe2+, aumentando a eficiência na degradação dos compostos orgânicos devido à

contínua regeneração do Fe2+ via foto-redução do Fe3+, conforme demonstra a Equação

27.

Fe3+ + H2O + hν → Fe2+ + H+ + •OH (27)

A faixa ideal de comprimento de onda nas reações foto-Fenton fica entre 300 e

400 nm, sugerindo então que as emissões solares sejam utilizadas para esta reação

(NOGUEIRA, 2007). Ests comprimentos são característicos de processos fotocalíticos.

A influência do pH na eficiência de degradação de compostos orgânicos foi

avaliada em diversos trabalhos sendo observado que uma estreita faixa de pH, entre 2,5

e 3,0, proporciona uma máxima eficiência de degradação. Esta faixa limitada é

decorrência da precipitação de Fe3+ em valores de pH acima de 3, diminuindo

drasticamente sua interação com peróxido de hidrogênio e, conseqüentemente, a

produção de •OH. Abaixo de pH 2,5, a velocidade de degradação também diminui,

apesar das espécies de Fe2+ permanecerem solúveis, pois altas concentrações de H3O+

podem seqüestrar radicais hidroxila (NOGUEIRA, 2007).

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A maior vantagem do processo de Fenton sobre os outros sistemas de produção

de radicais hidroxila é a sua simplicidade, os reagentes são de fácil aquisição, baixo

custo, e os produtos de reação não agridem o meio ambiente.

Devido à facilidade operacional, o reagente de Fenton ou foto-Fenton é visto

como o mais corriqueiro dos POA, com aplicações ambientais na degradação de

diversos tipos de poluentes, como fármacos, organoclorados, efluentes oriundos de

indústrias têxteis, poluentes orgânicos derivados de petróleo, chorumes, herbicidas e

agrotóxicos, entre outros.

Cunha et al. (2009) estudaram a degradação de uma série de fármacos da classe

dos quimioterápicos, utilizando o processo foto-Fenton. Os experimentos foram

realizados utilizando um reator fotoquímico dotado de uma lâmpada de vapor de

mercúrio (125W) em pH 3,0. Os resultados indicaram uma diminuição do COT em

90%, demonstrando que o método utilizado é útil para o tratamento de água

contaminada por estes fármacos .

Cardeña et al. (2009) avaliaram a degradação do organoclorado 2,4-diclorofenol

em solução aquosa através do processo foto-Fenton. As variáveis de estudo foram as

concentrações do poluente, concentrações de íons ferrosos e a potência da lâmpada

utilizada. Os resultados da mesma indicaram uma remoção de 99% de COT para as

melhores condições experimentais .

Utilizando-se um reator fotoquímico com radiação solar, Dias et al. (2009)

estudaram a degradação do corante Remazol Preto B via reações de foto-Fenton. Os

resultados indicaram uma redução de COT de 90% e 100% de cor, para os melhores

resultados, através da realização de um planejamento experimental dotado de 17

ensaios.

Aragão et al. (2009) avaliaram a eficiência do reagente de Fenton na degradação

do lixiviado produzido pelo lixão da “Terra Dura”, Aracaju-SE. Segundo este trabalho,

a demanda química de oxigênio (DQO) foi próxima a 70%, com redução de 61,5% em

cor .

É possível perceber que os processos oxidativos Fenton ou foto-Fenton tem uma

vasta aplicabilidade para degradação de poluentes dos mais diversos tipos. Associado ao

baixo custo operacional, comparando-os com outros POA, é natural sua grande procura.

3.8.4 Percarbonato de Sódio (2Na2CO3.3H2O2)

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O percarbonato de sódio é um sal branco, cristalino, solúvel em água. É um

agente oxidante bastante utilizado em indústrias de sabões em pó para clareamento de

roupas, podendo ser utilizado também em tratamentos dentários e clarificação de papéis.

(www.wikipedia.com.br). Sua estrutura está apresentada na Figura 6.

Figura 6: Estrutura do percarbonato de sódio (www.wikipedia.com.br)

O percabonato de sódio é resultante da adição composta de carbonato de sódio

com peróxido de hidrogênio. É um composto capaz de destruir contaminantes em águas

subterrâneas através de uma reação química poderosa, porém controlada. Ao contrário

dos métodos convencionais baseados no uso de peróxido de hidrogênio (ex: reagentes

Fenton), o percarbonato de sódio não resulta numa reação exotérmica diminuindo os

riscos em seu manuseio (www.clean.com.br). A molécula de percarbonato de sódio

quando dissolvida em água libera carbonato de sódio e peróxido de hidrogênio, criando

um meio oxidativo alcalino.

O potencial de oxidação para o radical •OH é superior aos potenciais de

oxidação de outros oxidantes comumente usados, como cloro e dióxido de cloro. Além

disso, os POAs se destacam pela sua flexibilidade de aplicação a uma grande variedade

de problemas relacionados com contaminantes em água. A utilização dos Processos

Oxidativos Avançados no tratamento de líquidos percolados (lixiviados) não é somente

eficiente como também viável economicamente, principalmente na Reação de Fenton,

onde os equipamentos e reagentes necessários não sugerem altos investimentos

3.9 Processos de Separação por Membranas (PSM)

Os processos de separação por membranas para tratamento de lixiviado,

especialmente osmose inversa, tem sido amplamente usada nos países europeus (França,

Alemanha, Itália, etc.), na América do Norte (Estados Unidos e Canadá) e na Ásia

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(China e Coréia), devido à habilidade de reter ambos contaminantes orgânicos e

inorgânicos (TREBOUT et al., 2001; RENOU et al., 2008).

Os processos de separação por membranas são uma variação dos processos

convencionais de filtração clássica onde os meios filtrantes (membranas) apresentam

poros muito inferiores em comparação aos processos convencionais. Os processos

utilizando membranas baseados na diferença de pressão são: microfiltração,

ultrafiltração, nanofiltração e osmose inversa, onde, o que varia é o tamanho da

partícula retida em cada um dos processos (NASCIMENTO, 2004). De modo geral, o

que diferencia e caracteriza cada uma das categorias é o diâmetro dos poros das

membranas, conforme a Tabela 7.

Tabela 7: Diâmetro de poros e exemplos do uso de membranas.

Tipo de membrana Diâmetro do poro Aplicação típica

Microfiltração (MF) 0,1 a 2,0 µm Remover sólidos em suspensão.

Ultrafiltração (UF) 0,01 a 0,1 µm Remover substâncias coloidais, bactérias, pirogênio.

Nanofiltração (NF) 0,001 a 0,01 µm Remover vírus, íons inorgânicos e substâncias com peso molecular > 400g/mol

Osmose inversa (OI) 0,0001 a 0,001 µm Remover compostos orgânicos, sais dissolvidos, vírus, bactérias e pirogênio.

A principal desvantagem do sistema de membranas ainda é o elevado custo de

operação, provenientes do alto consumo de energia para aplicação de alta pressão e dos

problemas de incrustação dos poros das membranas, principalmente no caso de

lixiviado, devido às altas concentrações de sólidos e a disposição do concentrado

gerado. Sendo assim, a limpeza periódica das membranas é uma etapa fundamental e

visa restaurar o fluxo permeado a valores próximos do fluxo inicial (CHIANESE et al.,

1999; SCHNEIDER e TSUTIYA, 2001).

3.10 Stripping de amônia ou arraste com ar

O nitrogênio amoniacal é um dos grandes problemas relacionados ao tratamento

de efluentes, pois ele contribui diretamente para a poluição dos corpos hídricos.

Resultante de processos bioquímicos, o nitrogênio pode ser encontrado na forma de

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nitrogênio orgânico, amônia (NH3) e como íons amônio (NH4+), nitrito (NO2

-) e nitrato

(NO3-). A forma orgânica consiste de uma complexa mistura de compostos incluindo

aminoácidos, aminoaçúcares e proteínas, que podem ser solúveis ou particulados

(METCALF & EDDY, 2003). Nitrogênio amoniacal é um termo geral para designar em

meio líquido as espécies denominadas amônia livre ou amônia não-ionizada (NH3) e

amônio ou amônia ionizada (NH4+), dependendo do pH da solução. O nitrogênio

amoniacal apresenta-se segundo a seguinte equação de equilíbrio (Equação 28):

NH3 + H+ ↔ NH4+ (28)

A amônia livre, diferente da amônia ionozada, pode ser removida por

volatilização dependendo do pH adotado. Com a elevação do pH, o equilíbrio da reação

se desloca para a esquerda, favorecendo a maior presença de NH3. No pH em torno da

neutralidade, praticamente toda o nitrogênio amoniacal encontra-se na forma de NH4+,

enquanto que no pH próximo a 9,5, aproximadamente 50% do nitrogênio amoniacal

está na forma de NH3 e 50% na forma de NH4+. Em pH superior a 11, praticamente toda

o nitrogênio amoniacal está na forma livre (VON SPERLING, 1996). A distribuição das

espécies de nitrogênio amoniacal em função do pH é mostrado na Figura 7.

Figura 7: Distribuição de amônia (NH3) e íon amônio (NH4

+) em função do pH. (METCALF e EDDY, 2003).

A concentração de amônia livre [NH3] do total de nitrogênio amoniacal [NH3]+

[NH4+] ocorre em função do pH e temperatura, que é dada pela Equação 29, onde [NH3]

é a concentração de amônia em kg/m3; NH4+ é a concentração do íon amônio em kg/m3;

H+ é concentração de íon hidrogênio em moles/L e Ka corresponde a constante ácida de

ionização (Ka= 5.62 x 10-10 ou 10-9.25) (LIAO et al., 2002; LEI et al., 2007).

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[ ][ ]

[ ]3

433

1K

H

NHNHNH

+

+

+

+= ( 29)

A amônia é um gás incolor, mais leve do que o ar. É facilmente liquefeito devido

à formação de pontes de hidrogênio entre as suas moléculas (MARTINEZ

RODRIGUEZ, 2007). Na Tabela 8 são resumidas algumas propriedades da amônia.

Tabela 8: Propriedades gerais da amônia.

Propriedades gerais

Fórmula molecular NH3

Massa molecular 17,03 g/mol

Característica Gás incolor com forte odor

Densidade e fase 0,694 g/L, na fase gasosa

Solubilidade em água 89,9 g/100ml at 0º C

Ponto de fusão -77,73º C (195,42 K)

Ponto de ebulição -33,34º C (239,81 K)

Acidez (pKa) 9,25

Basicidade (pKb) 4,75

Fonte: Martinez Rodriguez (2007).

A amônia livre é aproximadamente cem vezes mais tóxica nas espécies aquáticas

do que a amônia na forma ionizada, mesmo em baixas concentrações. Essa maior

toxicidade certamente ocorre devido a difusão da amônia pela membrana epitelial das

espécies aquáticas, dificultando, por exemplo, mecanismos naturais de eliminação dessa

substância por esses organismos (SILVA & JARDIM, 2007). Este poluente pode ser

acumulado nos tecidos dos peixes, podendo causar efeitos secundários como alteração

do metabolismo e o seu efeito pode estar relacionado com a perda de equilíbrio, hiper-

excitabilidade, aumento da atividade respiratória, aumentos de batimentos cardíacos e

bloqueando as funções vitais, danos ao fígado e rins, etc. No ser humano, a amônia

gasosa pode causar problemas respiratórios, queimaduras na mucosa nasal, necrose dos

tecidos, edema pulmonar e bronquite crônica (BELLIDO, 2003 apud LEYTÓN

CERNA, 2008).

O nitrogênio orgânico e amoniacal são as principais formas presentes em águas

residuárias. O nitrogênio orgânico é convertido à amoniacal sob ambas as condições

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anaeróbias e aeróbias. A remoção deste contribui para remoção de nitrogênio total e a

temperatura e o pH tem impacto sobre os processos de bioatividade e volatilização.

Significativas concentrações de nitrogênio e fósforo são consideradas os

principais fatores nutricionais limitantes ao crescimento dos organismos produtores

primários em ecossistemas aquáticos. Desta forma, a disponibilidade de nutrientes

essenciais pode induzir à eutrofização dos corpos de água receptores com profundas

implicações sobre a qualidade da água, que vão desde mudanças na composição

química a alterações na estrutura e funcionamento das comunidades biológicas,

incluindo florações de espécies fitoplanctônicas potencialmente tóxicas e aumento da

biomassa e macrófitas aquáticas (MIWA et al., 2007).

A Resolução Federal CONAMA 20/86 trazia para lançamentos de efluentes em

corpos de água o valor limite de amônia de 5,0mg/L. Na nova legislação CONAMA

357/05, a amônia passou a ser expressa como nitrogênio amoniacal total, cujo limite de

lançamento aumentou para 20,0 mg/L. Este valor foi mantido pela resolução CONAMA

430/2011.

O nitrogênio amoniacal aumenta em função da idade do aterro e sua

concentração pode variar em diferentes aterros de 10-100 mg/L, 2000-3000 mg/L ou

mais de 10000 mg/L (KULIKOWSKA & KLIMIUK , 2008). Lixiviado de aterros

velhos são ricos em nitrogênio amoniacal devido à hidrólise e fermentação de frações

nitrogenadas de substratos biodegradáveis.

Segundo Veiga et al. (2006), a variabilidade das características recalcitrantes do

lixiviado de um aterro sanitário, cujas concentrações de amônia dissolvidas

freqüentemente encontram-se elevadas (na ordem de 2000 mg/L), exige que tecnologias

de remoção deste poluente tóxico sejam desenvolvidas e/ou otimizadas, visando

minimizar os impactos causados à biota e aos corpos hídricos receptores.

Devido ao seu baixo peso molecular, o nitrogênio amoniacal, na forma de

amônia, pode ser removido por uma variedade de métodos, incluindo físicos, químicos e

biológicos. A remoção deste contaminante é eficiente através de métodos físicos, tais

como stripping (exceto pelo processo de separação por membranas), adsorção por

carbono ativado e troca iônica, quanto por métodos biológicos de nitrificação-

desnitrificação (GIORDANO, 2003; WISZNIOWSKI et al., 2006; LINS, 2008).

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3.11 Radiação ionizante 3.11.1 Considerações gerais

A radiação ionizante é uma emissão ou propagação de energia por intermédio de

ondas ou por partículas dotadas de energia cinética e cargas, capaz de retirar elétrons do

meio com o qual interage (NOUAILHETAS, 2003).

A radiação ionizante modifica o sistema com que interage. Isso porque a

radiação é freada no material exposto e perde sua energia pela interação com os elétrons

do produto irradiado. Isso provoca energia cinética adicional, nos elétrons, capaz de

arrancá-los de seus orbitais. Assim, podem ocorrer quebras de ligações químicas e

desestruturações de biomoléculas (TAUHATA et al., 2003; NOUAILHETAS, 2003).

Vale lembrar que a quantidade de energia absorvida por uma unidade de massa exposta

a determinada radiação é definida como dose absorvida. O Gray (Gy) é a unidade de

dose absorvida e equivale à um Joule/quilograma (J/kg) (BORRELY et al., 1998;

FAROOQ et al.,1993).

3.11.2 Fontes Radioativas

Existem dois tipos principais de emissores de radiação ionizante, os aceleradores

de elétrons e os irradiadores com fonte gama. No caso dos aceleradores de elétrons, a

partir de um feixe de elétrons há geração de radiação eletromagnética de espectro

contínuo. Já os raios gama são conseqüências da estabilização de um nuclídeo

radioativo que dissipa sua energia excedente através da emissão de onda

eletromagnética, na forma de fótons altamente energéticos, como ilustrado na Figura 8

(TAUHATA et al., 2003). O fóton da radiação gama é similar ao da luz, embora seja

dotado de menor comprimento de onda e, consequentemente, mais energia (BORRELY

et al., 1998). A velocidade da desintegração de um átomo radioativo é a sua

radioatividade. A unidade de medida das desintegrações por segundo é o Becquerel

(Bq), que corresponde a s-1 no sistema internacional (SI). Uma outra unidade, mais

antiga, mas ainda bem difundida é o Curie (Ci). 1 Ci equivale a 3,7 x 1010 Bq

(NOUAILHETAS, 2003).

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Figura 8 – Emissão de raios gama por um nuclídeo instável. (THAUATA , 2003)

O

60Co é um radioisótopo artificial formado em um reator nuclear,

a partir da adição de um nêutron ao metal

59Co, ilustrado na reação da

Equação 30:

59Co + n → 60

Co

(30)

A estabilidade do 60Co é obtida pelo seu decaimento a 60Ni, um nuclídeo estável,

como mostra a Equação 31 e a Figura 9. O 60Co possui uma meia vida de 5,26 anos e

libera fótons com energia de 1,17 e 1,33 MeV, o que soma uma energia total de 2,5

MeV. A título de comparação, a radiação UV libera fótons com energia de 100 eV

(THOMPSON e BLATCHLEY, 1999).

60Co → 60

Ni + e

-

(31)

Figura 9: Decaimento do cobalto 60 a níquel 60 (BORRELY et al.,1998)

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De acordo com Borrely et al. (1998), as diferenças básicas entre as irradiações

com aceleradores de elétrons e com fonte de 60Co são as taxa de dose de radiação e o

poder de penetração de cada tipo de irradiação. A penetração do feixe de elétrons gerada

por aceleradores no material irradiado é mais curta que a penetração da radiação gama

com a mesma energia. As curvas das distribuições das doses de radiação gama e de

feixes de elétrons estão ilustradas na Figura 10.

Figura 10: Distribuição da dose de radiação em função da espessura do material exposto a raios gama e a aceleradores de elétrons. (BORRELY, 1998).

Dessa forma, uma melhor eficiência de desinfecção de esgoto foi

alcançada para a radiação gama.

3.11.3 Interação da irradiação com a matéria

A interação da radiação gama com o esgoto gera vários eventos, tais como a

excitação atômica ou molecular e a ionização, que pode levar à oxidação, dissociação e

a degradação de biomoléculas (TAUHATA et al., 2003), conforme descrito pelas

Equações 32 a 35, a seguir (BORRELY et al., 1998).

AB + e- → AB* + AB+ + e- excitação eletrônica e ionização (32)

AB+ + e- → AB* recombinação (33)

AB* → A• + B• fragmentação (34)

AB+ → A+ B• fragmentação (35)

Desta forma, as reações das substâncias à irradiação são capazes de provocar

fragmentação da molécula-alvo, induzindo a formação de íons e radicais altamente

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reativos para iniciar os efeitos físicos, químicos e biológicos na matéria (GETOFF,

1996; BORRELY et al., 1998).

A ação da radiação gama pode ter efeitos diretos ou indiretos. Na ação direta a

onda eletromagnética da radiação interage diretamente na molécula alvo, enquanto que

na ação indireta a molécula alvo é afetada pelos produtos radiolíticos reativos formados

a partir das interações entre a matéria e a radiação. A maioria dos efeitos da irradiação

de esgoto são indiretos devido à interação dos raios gama com a molécula de água, que

é a responsável principal dos efeitos indiretos da irradiação (EPN, 1997; BORRELY et

al., 1998).

3.11.4 Tipos de Irradiadores

O bombardeamento de produtos por radiação gama, por raios-X ou por elétrons

são técnicas efetivas no processamento por radiação ionizante, sendo a principal

diferença entre essas técnicas o tipo da radiação primária que interage com o produto a

ser tratado.

Após a primeira interação, o mecanismo de transporte de energia no interior do

produto é o mesmo para os três tipos de radiação, prevalecendo os elétrons secundários

(elétrons expulsos de suas órbitas) que produzem a maioria das excitações e ionizações

provocando os efeitos químicos (RELA, 2003).

Quando se considera os sólidos presentes em águas residuárias ou efluentes

industriais podem ser concentrados por uma variedade de técnicas convencionais, como

por exemplo: filtração, floculação, destilação, entre outros.

A radiação ionizante é capaz de aumentar a taxa de sedimentação ou alterar as

características coloidais desses sólidos, pois em geral os colóides são estabilizados por

cargas eletrostáticas que causam uma repulsão mutua entre as partículas que impedem a

sua agregação em um tamanho suficiente no qual as forças de gravidade possam

ocasionar uma sedimentação. A radiação produz um decréscimo ou destruição dessas

forças eletrostáticas, pela produção de íons e elétrons livres que irão reagir com as

espécies de carga oposta neutralizando a carga das partículas coloidais e causando

consequentemente a sua sedimentação (RELA, 2003).

Simultaneamente, a radiação ionizante exerce um efeito letal nos

microorganismos, bactérias, vírus, esporos e outros organismos como as algas,

protozoários e parasitas, também através dos efeitos direto e indireto das radiações,

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cabendo destacar a existência de um alvo de ataque principal que é o material genético

da célula, DNA e/ou RNA.

3.11.5 Fonte de radiação Gama

Os irradiadores industriais utilizam o isótopo artificial 60Co, que é produzido em

reatores nucleares. No decaimento radioativo natural o 60Co emite dois raios gama com

energias de 1,17 MeV e 1,33 MeV. O principal uso dos irradiadores gama está

focalizado na esterilização de produtos médicos e farmacêuticos, na redução de carga

microbiana de especiarias, ervas medicinais, cosméticos e alimentos.

3.11.6 Aceleradores de elétrons

Os elétrons são produzidos em aceleradores de elétrons, que podem ser definidos

como sistemas onde se estabelece um potencial de alta voltagem entre um cátodo e um

ânodo num tubo de vácuo. O cátodo emite feixe de elétrons, chiamados raios catódicos

ou feixes eletrônicos, que seguem o mesmo principio do tubo de televisão, onde a

grande diferença é que este último utiliza, aproximadamente, 25.000 volts de energia,

enquanto o acelerador utiliza da ordem de milhões de volts.

4.7 Aplicações da radiação ionizante

Farooq et al. (1993) realizaram um estudo a fim de comparar a desinfecção de

esgoto doméstico bruto após tratamento secundário por aceleradores de elétrons e por

radiação gama. Para tal, foram verificadas a radiossensibilidade de colífagos, coliformes

totais e bactérias heterotróficas irradiados com doses de radiação idênticas de cada

fonte. Os aceleradores de elétrons, operados em escala real, removeram três unidades

logarítmicas dos organismos testados; enquanto que a fonte de 60Co, operado em escala

laboratorial com uma atividade de 5000 Ci, removeu quatro unidades logarítmicas dos

organismos testados. Ambas as fontes radioativas com dose de 5 kGy. Dessa forma, a

radiação gama se mostrou mais efetiva na remoção de organismos patogênicos.

Sampa et al. (1995) estudaram a desinfecção de esgoto por um acelerador de

elétrons em escala piloto, no Brasil. A concentração inicial de coliformes totais foi

reduzida de 1,3 x 107 NMP/100 mL para 4,0 x 104 NMP/100 mL na dose de radiação de

2 kGy; para 9,0 x 102 NMP/100 mL na dose de radiação 3 kGy e para 2,4 x 101

NMP/100 mL na dose 4 kGy. A concentração inicial de coliformes termotolerantes

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reduziu de 7,3 x 106 NMP/100 mL para 9,0 x 102 NMP/100 mL na dose de radiação 2

kGy, para 3,2 x 101 NMP/100 mL na dose de radiação de 3 kGy e 2 NMP/100 mL na

dose de radiação 4 kGy.

Kurucz et al. (1995) realizaram estudos com o funcionamento de uma instalação

de pesquisa com aceleradores de elétrons. Estes estudos consideraram uma escala real

de estações de tratamento de água e esgoto doméstico, com uma vazão de 460 L/min.

Foram determinadas as cinéticas bacterianas em diversos fluxos de esgoto, bem como a

efetividade dos aceleradores de elétrons na remoção de poluentes industriais. Os autores

utilizaram 5 kGy para tratar aproximadamente 610 L/min, e os aceleradores de elétrons

se mostraram efetivos na remoção de poluentes e na desinfecção de esgoto.

Rawat et al. (1997) investigaram a efetividade da radiação gama para a

desinfecção de esgoto municipal em um irradiador, em Baroda, Índia. A capacidade

máxima do irradiador de pesquisa foi de 110 m3/d. A atividade da fonte foi de 80 kCi à

uma taxa de dose de radiação de 0,8 kGy/h. Observou-se que a dose de radiação gama

de 2 kGy reduziu a concentração de coliformes em esgoto bruto para níveis aceitáveis

de segurança menor do que 100 UFC/mL e uma redução de 20% da DBO5 do efluente.

Houve também, segundo o autor, uma aeração do efluente a fim de aumentar a

efetividade da radiação gama.

Borrely et al. (1998) pesquisaram sobre a radiossensibilidade de Samonellas e a

remoção de colifomes por irradiação. Foi observado que a S. meleagridis e a S. infantis

foram menos sensitivas que a S. typhimurium e S. derby. A dose de radiação gama de 3

kGy alcançou 5 unidades logarítmicas de remoção de coliformes totais e

termotolerantes em esgoto bruto. O efluente da lagoa facultativa apresentou uma melhor

eficiência de inativação na mesma dose de radiação, devido a uma maior concentração

de oxigênio proveniente das algas. O efluente clorado teve a população de coliformes

totalmente eliminada após a irradiação.

Shah et al.(2001) irradiaram lodo líquido no irradiador de pesquisa para

higienização do lodo, em Baroda, Índia. O irradiador foi o mesmo de Rawat et al.

(1997). A atividade máxima da fonte de 60Co foi de 500 kCi. O lodo possuía de 3 a 4 %

de sólidos. As doses de radiação do experimento variaram de 0,5 kGy a 5 kGy. Eles

concluíram que a dose de radiação de 2 kGy foi adequada para a higienização do lodo.

Com essa dose de radiação, foram removidas 3,6 unidades logarítmicas de coliformes

totais, 1,9 unidades logarítmicas de bactérias heterotróficas e 3,5 unidades logarítmicas

de salmonela e shigela totais.

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Taghipour (2004) verificou o efeito da irradiação gama, da irradiação UV e da

combinação de ambas na inativação de E. coli em amostras de efluentes primários e

secundários de esgoto doméstico. As irradiações foram efetivas, mas a irradiação UV

seguida da irradiação gama foi mais eficiente. Isso porque os microrganismos

associados a partículas foram protegidos da exposição aos raios UV, mas foram

inativados pela radiação gama, e por sua vez a prévia irradiação do esgoto com UV

minimizou a energia total que seria requerida pela radiação ionizante. O autor sugere a

associação entre a radiação UV e a radiação gama para minimizar a energia total

necessária e o custo total requerido pela irradiação com raios gama.

Sommer et al. (2001) verificaram a ação desinfetante dos raios UV e da radiação

ionizante em bacteriófagos. Ambas as radiações alcançaram 4 unidades logarítmicas de

remoção. Estes resultados são condizentes com o estudo de Taghipour (2004), que

também encontrou que ambas as radiações UV e gama são eficazes na desinfecção.

Graiño (2001) projetou uma instalação com irradiador para o tratamento de lodo

em larga escala, na cidade de Tucumán, Argentina. A estação foi projetada para servir

uma população de 100.000 a 400.000 habitantes; com a capacidade máxima de

processar 140 m3/d de lodo. Foi sugerida a dose de radiação de 3 kGy para uma

desinfecção efetiva devido à necessidade de inativação de vírus, que são mais

radiorresistentes que os outros organismos patogênicos. Se houver oxigenação do

efluente irradiado a dose de radiação pode ser reduzida para 2 kGy.

Basfar & Abdel Rehim (2002) realizaram um estudo em escala de laboratório

para verificar a ação da radiação gama na desinfecção e no melhoramento da qualidade

do esgoto municipal da Estação de Tratamento de Riyadh, Arábia Saudita. Para tal, foi

monitorada a concentração de coliformes, de bactérias heterotróficas, de DBO, de DQO

e de COT. A taxa de dose para todo o experimento foi 12,7 kGy/h. A inativação

completa de coliformes totais e coliformes termotolerantes foi alcançada na dose de

radiação de 1,3 kGy, além da remoção de duas unidades logarítmicas de bactérias

heterotróficas. Os valores de DBO e DQO apresentaram 23% de redução com a dose de

radiação de 4 kGy. O COT apresentou 10% de remoção a 4 kGy.

Artur & Wiendl (1994) irradiaram carambolas com doses crescentes de radiação

gama com o objetivo de desinfestá-las das larvas e adultos de Anastrepha obliqua e

pelos resultados obtidos concluiu-se que a dose letal para (LD100) para larvas em frutos

de carambola foi 600 Gy e a que impediu a emergência dos adultos foi a de 50 Gy.

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Miyagusku et al. (2003), utilizando doses de 1,5; 3,0 e 7,0KGy, em filés de peito

de frango, observaram uma sensível redução na microbiota contaminante conforme o

aumento da dose.

Oliveira et al. (2007), analisando a caracterização físico-química, microbiológica

e sensorial do caldo de cana puro e adicionado de suco de limão e de suco de abacaxi

submetido ao tratamento térmico (70 °C/25 minutos) e/ou à radiação gama (2,5 kGy),

observou que o processamento térmico e/ou a radiação gama no caldo de cana puro e

com adição de suco de frutas não alteraram a composição físico-química, o aroma e o

sabor da bebida.

Santos et al. (2010), observou que a dose de 0,45 kGy de raios gama pode ser

recomendada como tratamento pos‑colheita da manga, pois proporciona diminuição na

severidade da podridão por Fusicoccum parvum, retarda o amadurecimento das frutas e

não causa alteração em suas características qualitativas.

Vasconcelos et al. (2011) avaliando o uso da radiação gama como tratamento de

lixiviados de aterros sanitários urbanos e de efluentes têxteis, após irradiação de 10 kgy

em lixiviado bruto, obteve resultados que indicaram um aumentou um 25% na fração

biodegradável do lixiviado e conseguiu destruir os corantes com eficiência acima de

95%.

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CAPÍTULO III

AVALIAÇÃO DO MÉTODO COAGULAÇÃO/FLOCULAÇÃO PARA TRATAMENTO DE LIXIVIADOS.

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RESUMO

Os ricos apresentados pelos lixiviados são devidos às altas concentrações de poluentes orgânicos e nitrogênio amoniacal. Agentes patogênicos e substâncias químicas tóxicas podem estar presentes. Para evitar os problemas ambientais causados pelo descarte desse efluente no meio-ambiente é importante e necessário que sejam estudados métodos de tratamento mais eficientes. O presente trabalho consiste na avaliação do processo de coagulação/floculação no tratamento de lixiviados gerados no Aterro da Muribeca-PE. Foram realizados ensaios com três cales (Fmaia – CPA; Hidrafort – CPE e Qualical –CSP) para a escolha da melhor opção custo/eficiência. Foi determinada a melhor dosagem da cal através de um planejamento fatorial 24, realizada para cada cal, utilizando combinações de variáveis como massa do coagulante, tempo de floculação, tempo de sedimentação e velocidade de floculação. Foi analisado como parâmetros de resposta a remoção de cor e turbidez do lixiviado. Para análise dos resultados do planejamento experimental fatorial, diagramas de Pareto com nível de significância de 95% foram empregados para ilustrar as estimativas dos efeitos principais lineares e de segunda ordem, em valor absoluto, dos fatores em relação às variáveis respostas estudadas. A significância dos efeitos foram testadas por análise de variância (ANOVA). Foi observado através do diagrama de Pareto e dos gráficos de superfície de resposta, que a cal CPA apresentou as melhores condições para remoção de cor e turbidez por apresentar uma menor quantidade de impurezas, porém, por uma questão econômica a cal CSP apresenta uma utilização mais viável para aplicação em escala de campo. Pode-se concluir que a coagulação/floculação com cal pode remover ao mesmo tempo a cor e a turbidez, com valores significativos para o parâmetro cor acima de 80%. Através do planejamento fatorial observou-se que a concentração de cal influenciou o processo tanto nos resultados da turbidez como para a remoção da cor e que estes resultados não estão associados apenas à concentração do agente coagulante, mas também a influência de outros fatores como a velocidade de floculação, tempo de

floculação, massa do coagulante e tempo de sedimentação.

Palavras-chave: Lixiviado, coagulação, hidróxido de cálcio.

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ABSTRACT

The dangers of leachate are due to high concentrations of organic pollutants and ammonia nitrogen. Pathogens and toxic chemicals may be present. To avoid the environmental problems caused by the discharge of effluent into the environment is important and needs to be studied more efficient methods of treatment, whereas this treatment presents several difficulties due to the dynamics of qualitative and quantitative characteristics of this type of effluent. The present study was to evaluate the method of coagulation / flocculation treatment of leachate generated in the landfill Muribeca-PE. Were determined the best dose of calcium hydroxide through a 24 factorial design, using combinations of variables such as mass of coagulant, stirring time, settling time and stirring speed. Three types of limes were studied. Analyzing how the removal response parameters, especially, color and turbidity of the leachate, to analyze the results of the experimental design, Pareto diagrams with a significance level of 95% were used to illustrate the estimates of main effects and linear second order in absolute value, the factors concerning the three responses studied. The significance of the effects were tested by analysis of variance (ANOVA). It was observed by Pareto charts and response surface, the lime CPA presented the best conditions for removing color and turbidity by having a smaller amount of impurities, however, due to economic reasons, hydroxide CSP presents a more feasible for implementation in field scale. It can be concluded that the coagulation / flocculation using hydroxide can remove both color and turbidity, with significant values for the parameter color above 80%. Through the factorial design showed that the concentration of lime to the optimum conditions has influenced the process as much as the results of turbidity for the removal of color and that these results are not linked to the concentration of coagulant, but also the influence of other factors (flocculation speed, flocculation time, etc.).

Keywords: leachate, coagulation, calcium hydroxide.

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INTRODUÇÃO

A aceleração do desenvolvimento e crescimento das populações urbanas

impulsionaram o aumento da geração e descarte de grandes volumes de resíduos

sólidos, tornando-se, esses, um dos maiores problemas ambientais no mundo,

principalmente em países em desenvolvimento como o Brasil.

A movimentação da água das chuvas através do aterro sanitário que carrega

materiais em suspensão e dissolvido, com alto potencial de contaminação do meio

ambiente, é um dos principais problemas. Este efluente com um elevado grau de

poluição é denominado de "lixiviado" ou "líquido percolado". A composição dos

lixiviados depende da natureza dos resíduos armazenados, da idade do aterro sanitário,

do estágio de evolução, do tipo de técnica de armazenamento e da administração do

aterro ou lixão.

A geração de lixiviados constitui-se na principal preocupação quanto à

degradação ambiental de áreas localizadas próximas ao local de disposição final dos

resíduos sólidos, uma vez que o tratamento desses efluentes tem se mostrado um grande

desafio. Isso em função da significativa variabilidade de suas características, dependente

de inúmeros fatores, quase sempre de difícil determinação, além da imprevisibilidade

das vazões aplicadas e da elevada carga poluente (JUCÁ, 2003).

A legislação ambiental exige tratamento adequado para o lançamento dos

lixiviados, e normalmente para atender os padrões estabelecidos é necessária uma

combinação de diferentes métodos (TREBOUET, 2007).

Os riscos dos lixiviados, são devidos às altas concentrações de poluentes

orgânicos e nitrogênio amoniacal. Agentes patogênicos e substâncias químicas tóxicas

podem estar presentes (LANG, 2009).

Poucas pesquisas até o presente momento abordaram com profundidade a

viabilidade da associação da precipitação química com os processos biológicos no

tratamento de lixiviado. A conseqüência da utilização dos produtos químicos sobre a

biota do tratamento ainda é uma lacuna, pois comumente a precipitação química de

lixiviado é avaliada como um processo de tratamento isolado. Não é possível prescindir-

se do tratamento biológico em um cenário como o brasileiro e, ao mesmo tempo, a

precipitação química pode ser um coadjuvante interessante em alguns sistemas de

tratamento (BIDONE, 2007).

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A precipitação química é a técnica mais comumente usada para a remoção de

metais pesados de águas residuárias. Uma remoção mais eficiente pode ser obtida com a

precipitação na forma de sulfetos, mas a precipitação na forma de hidróxidos, usando

cal ou soda caustica, é a mais usada. Isto se deve ao fato da precipitação com sulfeto

apresentar maior custo e poder gerar gás sulfídrico, enquanto que a precipitação com

hidróxido apresenta menor custo e é menos perigosa (CASTILHOS JUNIOR et al.,

2006; RODRIGUES FILHO, 2007).

Os efeitos de diferentes dosagens de coagulante e diferentes valores de pH sobre

os processos de coagulação foram comparados por Maleki et al. (2009). Eles utilizaram

cloreto férrico e sulfato de alumínio como coagulantes convencionais. Os resultados

experimentais mostraram que uma remoção de DQO de 18% e 90% de remoção de

metais pesados pode ser obtida em pH 6,5 (ótimo para alumen) com a adição de 1,4 g/L

de alumínio e uma remoção de 28% de remoção de DQO e 86% de metais pesados foi

obtida em pH 10 (ideal para o cloreto férrico) com a adição de 2,0 g/L de cloreto

férrico.

Os processos de coagulação-floculação têm sido largamente empregados para

remoção de compostos orgânicos não biodegradáveis e metais pesados do lixiviado

(URASE et al.,1997). Amokrane et al. (1997) utilizaram sais de ferro e de alumínio no

tratamento de lixiviados com baixa relação DBO5/DQO, obtendo eficiências de até 65%

na redução DQO e de carbono orgânico total.

Lixiviado de aterro de resíduos sólidos do município de Konya (Turquia) foi

utilizado por Yilmaz et al. (2010) para avaliar a remoção de cor e matéria orgânica

utilizado diferentes reagentes (Alumínio, FeCl3, FeSO4), com ajuste de pH com cal,

NaOH e H2SO4. Para a remoção de matéria orgânica, as maiores eficiências foram

alcançadas com 44% usando 9 g/L de alumínio em pH 11 ajustado com cal e em 45%

utilizando 15 g/L de FeCl3 em pH 3. Estudos de remoção de cor indicou que a maior

eficiência de remoção da cor foi obtida quando o pH foi ajustado com cal.

Martins (2005) utilizando cloreto férrico para tratamento de líquidos percolados

gerados em aterro sanitário, observou que a dosagem que apresentou melhor redução de

cor e turbidez foi a de 1,2 g/L , com percentuais de 70% e 82%, respectivamente. O

melhor tempo de mistura rápida encontrado foi de 40 segundos. O que corresponde aos

gradientes máximos de massa do coagulante e tempo de agitação.

Cheibub (2009) constatou a efetividade da coagulação/floculação seguida de

decantação como tratamento primário de lixiviado de aterro sanitário estabilizado

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utilizando dose de 1,23 g/L de cloreto férrico. Nagashima et al. (2009) desenvolveram

estudos em bancada com lixiviado de aterro sanitário envolvendo as etapas de

coagulação/floculação e decantação. Foi utilizado coagulante à base de tanino e 2,25

g/L como dose de coagulante.

Andrés et al. (2007) relatam que a melhor dosagem do agente coagulante

Al2(SO4)3·18 H2O para remoção de aproximadamente 50% de turbidez em lixiviado foi

conseguida na concentração acima de 0,150 g/L. numa velocidade de 150 rpm por 1

minuto.

Baseados em diversos estudos focados principalmente em tratamento de águas

superficiais e subterrâneas, a precipitação química com hidróxido de cálcio é capaz de

remover moléculas orgânicas recalcitrantes de alto peso molecular, tais como os ácidos

húmicos e fúlvicos (RENOU et al., 2008b), bem como metais pesados na forma de

hidróxido (KURNIAWAN et al., 2006b).

A intensidade da cor do lixiviado de aterros é conferida basicamente pela

presença de substâncias recalcitrantes de alto peso molecular, denominada húmicas, que

estão presentes na matéria orgânica natural (RENOU et al., 2008a), enquanto a turbidez

é devida à presença de partículas em estado coloidal, em suspensão, de natureza

orgânica ou inorgânica e outros organismos microscópicos (SAWYER et al., 2003).

Estudos realizados pelo Programa de Pesquisa em Saneamento Básico

(PROSAB) percorreram diversas técnicas de tratamento físico-químico: precipitação

química, coagulação/floculação, adsorção com carvão ativado e reagente de Fenton,

sendo que os melhores resultados foram obtidos com o processo de

coagulação/floculação e oxidação com reagente de Fenton (AMORIM et al., 2009).

No tratamento de efluentes, o hidróxido de cálcio é usado principalmente para a

correção de pH como agente precipitante para matéria orgânica, fosfatos, metais traços e

como coagulante para remoção de materiais coloidais (SEMERJIAN & AYOUB,

2003). Alguns autores (GIORDANO, 2003; RENOU et al., 2008b) tem utilizado o leite

de cal em suas pesquisas, como tratamento primário de lixiviados estabilizados,

oriundos de aterros diferentes.

Neste trabalho objetivou-se otimizar o processo de precipitação química através

de um planejamento fatorial 24 utilizando leite de cal de três fabricantes diferentes,

avaliando a eficiência do tratamento na redução da cor e da turbidez, com cada um

deles.

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MATERIAIS E MÉTODOS

Descrição da área de estudo

O Aterro de Resíduos Sólidos da Muribeca está situado na zona rural, localizado

a 16 km da Cidade do Recife, no município de Jaboatão dos Guararapes/PE. O aterro

possui uma área total de 64 hectares, com perímetro de 3,85 km.

O Aterro da Muribeca funcionou como vazadouro a céu aberto (lixão) desde

1985, atendendo aos municípios de Recife e Jaboatão, onde recebia todo tipo de

resíduos sólidos. Na década de 90, após um diagnóstico do local, foi iniciado um estudo

do processo de tratamento dos resíduos e recuperação ambiental, visando à recuperação

da área, com o intuito de aumentar o tempo de vida útil do aterro, transformando o lixão

em aterro controlado. Esse processo consistiu na construção de nove células, com

largura e comprimento médios de 200m x 200m, respectivamente, com altura variando

de 20 a 40 m, aproximadamente (LINS, 2003).

Em 2002, o lixiviado gerado no Aterro da Muribeca deixou de ser lançado

diretamente ao Rio Muribequinha e passou a ser drenado e encaminhado para o

tratamento na Estação de Tratamento de Lixiviado (ETL) apresentada na Figura 1. A

ETL, consta de um tratamento biológico que consiste numa série de lagoas de

estabilização ordenadas (01 anaeróbia seguida de 03 facultativas) e o tratamento

bioquímico, constituído por duas barreiras bioquímicas que utilizam a fitorremediação,

para polimento final do lixiviado. O efluente tratado é posteriormente direcionado

através de um emissário até o Rio Jaboatão onde é descartado. Anterior a este sistema

há duas lagoas de decantação, de onde uma parte do lixiviado é recirculado para o

aterro, seguido de uma caixa de medição de vazão. O aterro foi fechado em meados de

2009.

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Figura 1. Vista aérea do aterro da Muribeca e da estação de tratamento de lixiviados.

Composição do Lixo

Quando em atividade, o aterro da Muribeca recebia diariamente, em média,

2.600 toneladas de resíduos sólidos regulares (domésticos), sólidos volumosos (entulhos

e raspagens) e resíduos de podação. A composição gravimétrica do aterro baseada em

dados obtidos para a célula experimental da CHESF (Companhia Hidro Elétrica do São

Francisco) compreende: 46,3% de matéria orgânica; 12,2% de papel/papelão; 19,4% de

plástico; 1,9% de metal; 2,7% de madeira; 3,5% de materiais têxteis; 0,8% de borracha

e couro; 1% de vidro; 3,6% de fraldas descartáveis; 6% de coco e 2,6% outros

(MARIANO et al., 2007).

Coleta e preservação das amostras

As amostras foram coletadas na caixa de vazão de entrada da estação de

tratamento de lixiviados. Estas amostras constituíram-se em cerca de 300 litros de

lixiviados acondicionados em bombonas plásticas de polietileno, previamente

higienizadas. As mesmas foram transportadas ao Laboratório do Grupo de Processos e

Tecnologias Ambientais (GPTA), no Departamento de Engenharia Química/UFPE e

preservadas a 4ºC.

As análises físico-químicas e os ensaios de precipitação química foram

realizados no Laboratório de Contaminação Ambiental do Grupo de Resíduos Sólidos

(GRS), no Departamento de Engenharia Civil/UFPE. Ressalta-se que as análises foram

realizadas em duplicatas.

Estação de Tratamento de Lixiviado

Aterro da Muribeca

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84

Parâmetros analisados

Os critérios para caracterização dos efluentes brutos foram rigorosamente

seguidos, a partir dos métodos do Standard Methods for Examination of Water and

Wastewater (APHA et al., 1998). Foram analisados os seguintes parâmetros físico-

químicos para a caracterização dos lixiviados: pH; Cor; Condutividade; Turbidez;

Sólidos Totais(ST); Sólidos Suspensos Totais (SST); Sólidos Dissolvidos Totais (SDT);

Sólidos Sedimentáveis(SS); DQO; DBO5. A Tabela 1 apresenta a metodologia utilizada

para cada um destes parâmetros. Os parâmetros cor e turbidez foram analisados antes e

após os ensaios de coagulação/floculação.

Tabela 1: Metodologias utilizadas na caracterização do lixiviado.

Parâmetro Método Equipamentos

pH Método eletrométrico -SMEWW 4500 B

Potenciômetro - DM 22 (Digimed)

Cor (Hazen) Fotocolorimétrico - SMEWW 2120 C

Espectrofotômetro - Spectroquant Nova 60 (MERCK)

Condutividade (µS/cm) Condutância elétrica SMEWW 2510 B

Condutivímetro - DM 32 (Digimed)

Turbidez (NTU) Nefelométrico SMEWW 2130 B

Turbidímetro - turbiquant 1000 IR (MERCK).

Sólidos Totais (mg/L) Gravimétrico Adapatado do SMEWW 2540 - B, 2540 C, 2540 D.

Estufa Fanen Mufla Quimis Q318M21

Sólidos Suspensos Totais (mg/L);

Sólidos Dissolvidos Totais (mg/L);

Sólidos Sedimentáveis (mg/L)

Método do cone Imhoff

DQO (mg O2/L) Titulométrico (Digestão com K2Cr2O7) - SMEWW 5220 C

Temoreator de DQO para 8 tubos - ECO 8 (Velp)

DBO (mg O2/L) Manométrico Adapatado do SMEWW 5210

Procedimentos Experimentais

Precipitação química

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85

Os testes foram realizados sempre utilizando lixiviado bruto. Como coagulante,

foi utilizado o hidróxido de cálcio comercial (CPE e CSP) e o hidróxido utilizado em

análise laboratorial (CPA) conforme descritos na Tabela 2.

Tabela 2: Descrição das diferentes marcas comerciais de hidróxido de cálcio utilizado

na pesquisa.

Produto Descrição Fabricante Custo (Kg)

P.A (CPA) Uso em laboratório Fmaia R$ 22,40

Comercial (CPE) Construção civil Hidrafort R$ 1,40

Comercial (CSP) Construção civil Quallical R$ 0,80

As cales são constituídas basicamente de óxido de cálcio ou óxido de magnésio

ou mais comumente pela mistura destes dois compostos.

Um fluxograma esquemático do procedimento experimental é

apresentado na Figura 2.

Figura 2: Representação esquemática do procedimento experimental adotado para o tratamento do lixiviado do Aterro da Muribeca por

coagulação/floculação.

Os ensaios de coagulação/floculação do lixiviado foram realizados em um

equipamento de reatores estáticos ou comumente denominado “Jar Test” (modelo JT-

203). O equipamento é composto de seis reatores ou jarros, com a forma tronco-

prismática de seção transversal quadrada, com capacidade para até 2 litros em cada

reator como ilustrado na Figura 3. Este equipamento possui controle de rotação

Coleta

(Amostras de lixiviado)

Caracterização Planejamento

fatorial (24)

Matriz experimental

(24)

Ensaios

Coagulação/floculação

(jar test)

Preparo das

soluções

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86

(agitação mecânica) ajustável até 120 rpm e capacidade de realizar seis ensaios

simultâneos.

Os ensaios no jar test foram utilizados com o objetivo de simular em escala de

laboratório as condições físicas de coagulação, floculação e sedimentação que poderiam

ser observados posteriormente em escala de campo, seguindo 5 fases : fase 1:

Tempo de coagulação; fase 2: velocidade de coagulação; fase 3: tempo

de floculação; fase 4: velocidade de floculação; fase 5: tempo de

sedimentação. Após os ensaios, procedeu-se as análises do lixiviado

tratado avaliando a eficiência quanto à remoção de cor e redução de

turbidez.

Figura 3. Equipamento de jar test utilizado nos ensaios de precipitação química.

Delineamento experimental para a otimização de condições do processo

O estudo da otimização das condições do processo de coagulação/floculação foi

realizado utilizando a metodologia do planejamento experimental do tipo fatorial

completo.

O planejamento fatorial de experimentos é uma ferramenta utilizada em

otimizações de processos que reduz a quantidade de ensaios a serem realizados no

experimento, através de “design” de aproximações geométricas que proporcionam uma

forma simples, confiável e eficiente de análise dos dados, já que se utiliza à metodologia

de análise de superfície de resposta (RSM). Seus modelos são avaliados por parâmetros

estatísticos específicos, contidos na metodologia de análise de variância dos dados

(ANOVA). Nesta metodologia de otimização, as variáveis independentes são

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conhecidas como sendo os fatores, suas variações são chamadas de níveis, enquanto que

as variáveis dependentes são tidas como sendo as respostas (Barros Neto et al., 1995).

Elaborou-se um planejamento experimental fatorial completo 24 constituído por

19 ensaios, incluindo 3 repetições no ponto central, para verificar os efeitos e as

interações das variáveis independentes escolhidas, velocidade de floculação, tempo de

floculação, massa do coagulante e tempo de decantação sobre as variáveis resposta cor e

turbidez, no estudo de otimização do processo de floculação/coagulação para os três

coagulantes estudados (cal P.A (CPA), cal comercial (CPE) e cal comercial (CSP)). Os

parâmetros tempo (60 segundos) e velocidade de coagulação (115 rpm) adotados nesse

estudo, foram definidos a partir de estudos realizados por Mello (2011). Os

experimentos com as três cales foram realizados em duplicata, com triplicata para o

ponto central, dessa forma , permitindo obter-se uma estimativa da influência do erro

experimental sobre os resultados dos ensaios.

A Tabela 3 apresenta os níveis das variáveis utilizadas nos ensaios

experimentais, onde as combinações dos tratamentos foram aplicadas.

Tabela 3. Variáveis e níveis estudados no planejamento fatorial 24.

Variáveis inferior (-) central (0) superior (+)

Velocidade de floculação (rpm) 36 72 108

Tempo de Floculação (min) 5 15 25

Massa do coagulante (g) 50 100 150

Tempo de decantação (min) 10 35 60

Baseado nos valores dos trabalhos de Yilmaz et al. (2010), Nagashima et al.

(2009) e Lins (2011) optou-se por se trabalhar na faixa de concentração de 5,0 a 15,0

g/L.

As soluções de cal (leite de cal) foram previamente preparadas dissolvendo 50,

100 e 150g de cal em 1000 mL de água deionizada (C= 50g/L ou 5%; 100g/L ou 10% e

150g/L ou 15%). Em seguida foi adicionando 100 mL do leite de cal em 900 mL do

lixiviado, compreendendo um volume final de 1000 mL no jar test.

A partir desta Tabela 4 foi gerada uma matriz experimental com todos os níveis

e parâmetros a serem analisados (Tabela 4).

Os dados encontrados passaram por uma regressão quadrática pelo método dos

mínimos quadráticos em modelos empíricos. A avaliação do ajuste dos dados aos

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modelos empíricos propostos foi feita pela metodologia da análise de variância

(ANOVA) e a otimização do sistema pela metodologia da análise da superfície de

resposta (RSM), descritas em Barros Neto et al. (1995).

Tabela 4. Variáveis e níveis estudados no planejamento fatorial 24.

Experimento Massa do coagulante

(g)

Velocidade de floculação

(rpm)

Tempo de floculação

(min)

Tempo de decantação

(min) 1 15 108 25 60 2 15 108 25 10 3 15 108 5 60 4 15 108 5 10 5 15 36 25 60 6 15 36 25 10 7 15 36 5 60 8 15 36 5 10 9 5 108 25 60

10 5 108 25 10 11 5 108 5 60 12 5 108 5 10 13 5 36 25 60 14 5 36 25 10 15 5 36 5 60 16 5 36 5 10 17 10 72 15 35 18 10 72 15 35 19 10 72 15 35

Diagramas de Pareto com nível de significância de 95% foram empregados para

ilustrar as estimativas dos efeitos principais lineares e de segunda ordem, em valor

absoluto, dos fatores em relação às variáveis respostas estudadas. No diagrama de

Pareto, a magnitude de cada efeito é representada pelas colunas e a linha transversal às

colunas corresponde ao valor de p igual a 0,05 e indica o quão grande deve ser o efeito

para ter significado estatístico. O ponto no qual os efeitos estimados são significativos

(p=0,05) está indicado pela linha vertical vermelha.

As análises estatísticas dos planejamentos experimentais, incluindo o diagrama

de Pareto foram realizadas usando o programa Statistica® versão 5.0 (Statsoft.Inc,

Tulsa/OK USA).

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Caracterização do lixiviado

Nos estudos dos métodos físico-químicos foram empregadas amostras de

lixiviado coletadas em diferentes meses do ano. As coletas foram realizadas em julho,

agosto e setembro do ano de 2010. No entanto, para facilitar a referência de cada uma

das amostras, essas foram denominadas como: 1, 2, 3, seguindo a ordem das coletas. Os

resultados da caracterização são apresentados na Tabela 5.

Tabela 5. Resultado da caracterização das amostras de lixiviado coletadas

Parâmetros Valor Parâmetros Valor

DBO (mg/L) 1510,0 Sólidos Sedimentáveis 60´ (mL/L)

0,0/0,0

DQO (mg/L) 2822,0 pH 8,37/8,31 DBO/DQO (mg/L) 0,54 Cor (Hazen) 5550,0/5460,0 Sólidos Totais (ST) (mg/L) 8840,0/8728,0 Cloretos (mg/L) 670,0 Sólidos Totais Voláteis (STV) (mg/L)

2102,0/2038,0 Sulfetos (mg/L) 0,20

STV/ST (mg/L) 0,24 Fósforo Total (mg/L) 10,75

Sólidos Dissolvidos Totais (STD) (mg/L)

8168,0/8064,0 Turbidez (NTU) 33,10/33,25

Sólidos Dissolvidos Voláteis (SDV) (mg/L)

1654,0/1562,0 Alcalinidade Total (mg/L CaCO3)

8516,0/8600,0

SDV/SDT (mg/L) 0,20 Condutividade (mS/cm)

22,51/22,76

Sólidos Suspensos Totais (SST) (mg/L)

672,0/664,0 Nitrogênio Amoniacal (mg/L)

2350,0/2380,0

Sólidos Suspensos Voláteis (SSV) (mg/L)

448,0/476,0 SSV/SST (mg/L) 0,69

A intensidade da cor do lixiviado de aterros é conferida basicamente pela

presença de substâncias recalcitrantes de alto peso molecular, denominada húmicas, que

estão presentes na matéria orgânica natural (RENOU et al., 2008a), enquanto a turbidez

é devida à presença de partículas em estado coloidal, em suspensão, de natureza

orgânica ou inorgânica e outros organismos microscópicos (SAWYER et al., 2003). A

coleta do lixiviado foi realizado no mês de setembro de 2010. Desta fora, as elevadas

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cor e turbidez indicam o processo de coagulação/floculação como uma das etapas de um

sistema de tratamento.

Os teores medidos de alguns metais pesados nas amostras do lixiviado bruto são

apresentados na Tabela 6, que também apresenta os limites de lançamento exigidos pela

legislação, Portaria CONAMA 357/05 e sua portaria retificadora CONAMA 430/2011.

Dentre os valores de metais pesados apresentados, observa-se que a maioria

desses está bem abaixo dos valores máximo permitido para lançamento de efluentes em

corpos receptores, excetuando-se o ferro, que é tem baixa toxicidade e é facilmente

removido. Ressalta-se que o solo da região tem bastante ferro, podendo este não ser

originário dos resíduos sólidos depositados no aterro.

Tabela 6. Resultados das análises de metais presentes na amostra bruta de lixiviado e os respectivos limites de lançamento para efluentes em corpos receptores.

Elemento Concentração (mg/L)

*VMP (mg/L)

Fe 7,325 15,0 ** Mn 3,575 1,0** Zn 4,625 5,0 Cu N/A 1,0 ** Ni N/A 2,0 Pb N/A 0,5 Cr 0,575 0,5

*Valores Máximos Permitidos por Lei para lançamento de efluentes determinados pela Resolução CONAMA 357/05. N.D. – Não detectado. ** dissolvido

Planejamento experimental fatorial 24

Análise de turbidez

A partir dos resultados do planejamento fatorial completo, o gráfico de Pareto

foi obtido para visualização dos efeitos estimados dos fatores principais. O gráfico de

Pareto fornece uma representação gráfica para estes fatores e permite observar a

magnitude e a importância de um determinado efeito. Neste gráfico (Figura 4), as barras

(fatores) que graficamente ultrapassam a linha de significância exercem uma influência

estatisticamente significativa sobre o resultado. Desta forma, foi possível observar que

as variáveis que mais influenciaram de forma significativa o processo de

coagulação/floculação foram o tempo de sedimentação e a massa do coagulante para cal

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CSP e CPA respectivamente. Para a cal CPE não foi verificado nenhuma influência

significativa no processo das variáveis de entrada nos níveis estudados.

Figura 4. Gráfico de Pareto com as variáveis que influenciaram na análise de redução da turbidez para a cal CSP (a) e CPA (b).

Os dados dos planejamentos fatoriais também foram submetidos a uma análise

de variância, análise de regressão e teste F. Verificou-se, conforme os dados contidos na

Tabela 7, que o modelo para a CPA apresenta um coeficiente de determinação (R2 =

0,93) satisfatório e uma regressão estatisticamente significativa (Fcalculado / Ftabelado > 1),

ao nível de 95% de confiança de acordo com Barros Neto et al. (1995). Para a CSP e

CPE, o teste F confirma, para regressão, o baixo valor de R2 obtido de 0,48 e 0,27

b

a

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92

respectivamente, no entanto é necessário um ajuste nestes modelos, visto que os valores

do teste Fcal foram inferiores aos do Ftab.

Tabela 7: Valores calculados da análise da variância (ANOVA) para variável turbidez mediante a utilização do programa Statistica 5.0.

TURBIDEZ

CPA CSP CPE R2 0,93 0,48 0,27

Fcalculado 27,22 1,92 0,76 Fcalculado / Ftabelado 11,73 0,83 0,33

Através da regressão dos dados experimentais da cal CPA com relação ao

parâmetro resposta turbidez, foi possível obter um modelo matemático linear codificado

para o sistema experimental analisado. Este modelo, com todos os parâmetros

significativos pode ser representado por uma equação empírica como a ilustrada na

Equação 1.

Turb = 88,11 - 30,66M + 7,34TA + 21,48VA + 3,60 MxTA + 20,24MxVA + 7,74 MxTS + 9,67TAxVA +3,62 TaxTS + 6,98 VAxTS (1)

na qual: M= massa do coagulante (g); TA= tempo de floculação da amostra; VA= velocidade de floculação (rpm); TS= tempo de sedimentação (s).

Por não ter obtido uma correlação confiável com relação ao parâmetro resposta

turbidez, decidiu-se não apresentar a equação empírica e superfícies de resposta para a

cal CSP e CPE.

Após uma triagem dos fatores utilizando o planejamento fatorial, uma análise de

superfície de resposta foi realizada para a cal CPA. A utilização da Metodologia de

Superfície de Resposta possibilita a pesquisa de duas variáveis simultaneamente e a

determinação de regiões maximizadas e minimizadas.

A Figura 5 apresenta as superfícies de resposta construídas a partir do modelo

obtido para a cal CPA. Através desta observa-se o efeito da velocidade de floculação e

da massa sobre a redução da turbidez (Figura 5a) e o efeito da velocidade sobre o tempo

de floculação (Figura 5b), onde percebe-se uma redução da turbidez quando utilizou-se

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93

maiores faixas de velocidade com menores concentrações da cal e com maiores tempo

de floculação, respectivamente.

Diversos pesquisadores tais como, CAMP (1953), BRATBY (1981) e DI

BERNARDO (1993) têm previsto a possibilidade de melhorar o desempenho das

unidades de floculação quando o gradiente de velocidade é escalonado em sentido

decrescente. Esta hipótese baseia-se no fato de que no início da floculação, as partículas

encontram-se bastante dispersas na água, de modo que devem ser empregados valores

de gradiente de velocidade relativamente altos para aumentar as chances de contato das

partículas previamente desestabilizadas, para que assim se formem os flocos. Contudo,

à medida que ocorre a floculação, há necessidade de reduzir o gradiente de velocidade

para evitar a ruptura excessiva dos flocos que vão se formando. Preferencialmente, os

gradientes de velocidade devem ser otimizados a partir de ensaios realizados em

reatores estáticos (jartest).

Figura 5. Superfícies de resposta em função da redução da turbidez para cal CPA.

A turbidez mostrou-se um parâmetro importante na indicação da performace dos

coagulantes, pois a sua redução indica a remoção dos sólidos em suspensão no lixiviado

no seu tratamento.

Análise de cor

A Figura 6 apresenta o Gráfico de Pareto obtido no planejamento experimental,

no qual o efeito é tão significativo na remoção da cor quanto mais à direita da linha

vermelha ele estiver. Também são mostrados os efeitos das interações das variáveis

a

b

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duas a duas. Segundo estes gráficos, observa-se que todas as variáveis apresentaram

efeito significativo na remoção da cor para as três cales estudadas.

Figura 6. Diagramas de Pareto com as variáveis que influenciaram na análise de remoção de cor para a cal CSP (a), CPA (b) e CPE (c).

c

b

a

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95

O tempo de agitação (TA) e a massa interferiram na remoção da cor de forma

inversa (valor negativo do coeficiente), ou seja, quanto maior esse tempo e a massa

teremos menos cor no lixiviado. Considerando as quatro variáveis, a velocidade de

agitação (VA) foi a que menos influenciou nos três casos. Avaliando o tempo de

sedimentação percebe-se sua influência representativa para a cal CSP (Figura 6a). A

interação entre tempo e velocidade de floculação (2 e 3) também exerceu influência

para as três cales, afetando na remoção da cor.

A Tabela 8 ilustra os valores obtidos para a análise de variância (ANOVA), para

cal CPA, CSP e CPE calculados mediante a utilização do programa Statistica® 5.0

estudada.

Tabela 8. Valores calculados da análise da variância (ANOVA) para variável cor.

COR

CPA CSP CPE

R2 0,86 0,92 0,82

Fcalculado 1,95 22,68 9,51

Fcalculado / Ftabelado 0,84 9,77 4,01

Uma análise de significância estatística dos valores observados na Tabela 9 é um

fator importante, uma vez que os dados experimentais são utilizados para produzir um

modelo empírico, através da regressão. O coeficiente de determinação R2 quantifica a

qualidade do ajuste do modelo, pois fornece uma medida da proporção da variação

explicada pela equação de regressão em relação à variação total das respostas. O teste F

apresenta a razão entre o F calculado e o F tabelado, sempre que esta relação for maior

que 1 a regressão é estatisticamente significativa havendo relação entre as variáveis

independentes e dependentes.Para que uma regressão seja não apenas estatisticamente

significativa, mas também útil para fins preditivos, o valor da razão deve ser no mínimo

maior que 4 (Barros Neto et al., 1996).

De acordo com os valores apresentados na Tabela 9, verifica-se um coeficiente

de determinação (R2) satisfatório para as três cales utilizadas no processo de remoção da

cor, no entanto os resultados obtidos através do teste F, indicam que o modelo para a

CPA necessita de um melhor ajuste, pelo fato da razão de Fcalculado por Ftabelado ter sido

inferior a 1.

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Pelo fato da cal CSP ter apresentado o melhor ajuste para a remoção da cor, a

Figura 7 mostra as superfícies de resposta geradas em Software Statistica for Windows

5.0, através do uso dos dados obtidos experimentalmente, após uma otimização

realizada com auxílio do planejamento fatorial. Portanto, percebe-se a tendência da

redução de cor com o aumento do tempo e velocidade de floculação (Figura 7a) e com a

diminuição do tempo de sedimentação (Figura 7b).

Figura 7. Superfícies de resposta em função da redução da cor para cal CSP

Através da regressão dos dados experimentais da cal CSP, com relação ao

parâmetro resposta cor, foi possível obter um modelo matemático linear codificado para

o sistema experimental analisado. Este modelo pode ser representado na Equação 2.

Cor = 5096,05 +150,0M+247,19 TA+130,94 VA -209,69TS +84,69MxTA + 89,69 MxVA+193,44TAxVA-158,44TAxTS+52,81VAxTs (2)

onde: M= massa do coagulante utilizado (g); TA= tempo de floculação (min); TS= tempo de sedimentação (min); VA= velocidade de floculação (rpm).

Este modelo matemático linear é aplicado para remoção de cor nessas condições estudadas.

A intensidade da cor do lixiviado de aterros é conferida basicamente pela

presença de substâncias recalcitrantes de alto peso molecular, denominada húmicas, que

estão presentes na matéria orgânica natural (RENOU et al., 2008a), enquanto a turbidez

é devida à presença de partículas em estado coloidal, em suspensão, de natureza

orgânica ou inorgânica e outros organismos microscópicos (SAWYER et al., 2003).

a b

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Baseados em diversos estudos focados principalmente em tratamento de águas

superficiais e subterrâneas, a precipitação química com hidróxido de cálcio é capaz de

remover moléculas orgânicas recalcitrantes de alto peso molecular, tais como os ácidos

húmicos e fúlvicos (RENOU et al., 2008), bem como metais pesados na forma de

hidróxido (KURNIAWAN et al., 2006).

Os resultados discordaram de Nunes (1996), que afirma que na precipitação com

hidróxido de cálcio só há necessidade de mistura rápida.

CONCLUSÃO

De modo geral, verificou-se que dentro dos níveis estudados, todas as variáveis

independentes evidenciaram a influência significativa dos efeitos principais para

redução da turbidez e cor, excepcionalmente quando trabalhou-se com a cal CSP, cujo

efeito da concentração de Ca(OH)2 foi observado apenas através da interação desta

variável com as demais para o decréscimo da turbidez.

A clarificação do lixiviado ocorreu progressivamente com o aumento da

velocidade de floculação e com o decréscimo dos tempos de sedimentação e floculação,

sendo observada que a cor marrom escuro a preta inicial, muda gradualmente de

marrom claro a amarelo translúcido. Observou-se ainda que a concentração de cal para

as condições ótimas influenciou o processo para a remoção da cor

Pode-se concluir que o processo de coagulação/floculação com cal pode remover

ao mesmo tempo a cor e a turbidez, com valores significativos para o parâmetro cor

acima de 80%.

Verificou-se ainda que a velocidade de floculação favorece a remoção da cor por

um contato mais íntimo do floco com o líquido, todavia, desfavorece a remoção de

turbidez pela desestruturação do floco.

Em relação aos parâmetros físico-químicos analisados nessa pesquisa, e para a

correlação estabelecida entre as variáveis estudadas, foi observado que a eficiência do

método não está associada apenas à concentração do agente coagulante, mas também a

influencia de outros fatores (velocidade de floculação, tempo de floculação, etc.).

De acordo com o Teste F aplicado, através das análises estatísticas, verificou-se

que a cal CPA apresentou melhor decréscimo da turbidez enquanto que a cal CSP foi a

que mais favoreceu a remoção da cor.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

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CAPITULO IV

USO CONJUGADO DOS PROCESSOS DE COAGULAÇÃO/FLOCULAÇÃO E RADIAÇÃO GAMA PARA TRATAMENTO DE LIXIVIADO

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RESUMO

O chorume é um líquido poluente de odor nauseante, originado de processos biológicos, químicos e físicos da decomposição de resíduos orgânicos. Estes processos somados à ação da água das chuvas, se encarregam de lixiviar compostos orgânicos presentes nos

lixões para o meio ambiente com alta carga poluente, principalmente matéria orgânica,

que representa riscos de impacto ambiental e à saúde publica. É importante e necessário que sejam estudadas formas de tratamento mais eficientes condizente com as características peculiares desse efluente. O emprego da radiação ionizante, como por exemplo, a radiação gama, é utilizado como processo de tratamento para oxidação de matéria orgânica e no melhoramento da biodegradabilidade do efluente. Esse processo foi utilizado, neste estudo, para o tratamento de lixiviados gerados no Aterro da Muribeca-PE. Após obter o ponto ótimo do processo de coagulação/floculação, esse lixiviado, já pré-tratado, foi irradiado com doses de radiação gama. Para tanto foi realizado um novo planejamento fatorial 22, onde foram avaliadas a dosagem de radiação e o pH na redução da cor e da DQO. Uma vez otimizado o processos, foi realizada a leitura e análise da cor e DQO da amostra de lixiviado para observar os efeitos de cada tratamento nos parâmetros analisados. Para análise dos resultados dos planejamentos experimentais fatorial, diagramas de Pareto com nível de significância de 95% foram empregados para ilustrar as estimativas dos efeitos principais lineares e de segunda ordem, em valor absoluto, dos fatores em relação às variáveis respostas estudadas. A significância dos efeitos foi testada por análise de variância (ANOVA). Foi observado através do diagrama de Pareto e dos gráficos de superfície de resposta, que as melhores condições para redução da DQO está na utilização de uma maior dose de radiação gama.

Palavras-Chave: Coagulação/floculação; radiação gama; planejamento experimental, lixiviado

ABSTRACT

Leachate is a liquid pollutant nauseating odor originated from biological, chemical and physical decomposition of organic waste. These processes combined action of rain water, are responsible for leach organic compounds in landfills to the environment with high pollutant load, especially organic matter, which poses risks of environmental and public health. It is important and necessary to be considered more efficient forms of treatment consistent with the peculiar characteristics of this effluent. The use of ionizing radiation such as gamma radiation, is used as a treatment process for oxidation of organic matter and improving the biodegradability of the effluent. Was used for the treatment of landfill leachate generated in Muribeca-PE. After obtaining the optimum point of the coagulation / flocculation, this leachate, already pre-treated, was irradiated with gamma radiation. For this purpose we performed a new factorial design 22, which we evaluated the radiation dose and pH on the reduction of color and COD. Once

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optimized the process was done the reading and analysis of color and COD from leachate sample to observe the effects of each treatment these parameters. To analyze the results of factorial experimental design, Pareto diagrams with a significance level of 95% were used to illustrate the estimates of main effects and second-order linear, absolute value, the factors concerning the three responses studied. The significance of the effects were tested by analysis of variance (ANOVA). It was observed by Pareto charts and response surface, that the best conditions for COD reduction is to use a higher dose of gamma radiation. Key words: coagulation / flocculation, radiation gama, experimental design, leachate

INTRODUÇÃO

O crescimento da população em áreas urbanas e o aumento do consumo de

produtos industrializados têm aumentado a geração de resíduos sólidos, que na maioria

das vezes são destinados a aterros sanitários ou lixões. Nestes sítios, estes resíduos são

transformados, através de processos físicos, químicos e biológicos, gerando uma fração

gasosa composta principalmente por CO2 e CH4 e uma fração líquida, comumente

chamada de chorume. Ao escoar pela massa de resíduos e incorporar água proveniente

da umidade destes, de infiltração ou da chuva, passa a ser denominado lixiviado ou

percolado. Este líquido apresenta um problema ambiental devido ao seu alto potencial

de contaminação e toxicidade, e necessita de um tratamento adequado antes de ser

lançado em um corpo receptor, evitando assim, maiores riscos de contaminação do solo,

das águas subterrâneas e superficiais.

De modo geral, o lixiviado dos aterros de resíduos sólidos (ARS), quando

submetido aos sistemas convencionais de tratamento de efluentes, dos quais pode-se

citar lagoas aeróbias, anaeróbias e facultativas, ainda apresenta concentrações de

poluentes elevados, principalmente de carga orgânica, que representam riscos de

impacto ambiental e à saúde publica (CECCONELLO, 2005).

A decisão quanto ao processo a ser adotado para o tratamento de lixiviado deve

ser fundamentada em uma avaliação com critérios técnicos e econômicos, com a

apreciação de parâmetros quantitativos e qualitativos, vinculados essencialmente à

realidade em foco (LIMA et al., 2005). De acordo com Souto e Povinelli (2007) as

falhas na operação de uma estação de tratamento podem ser resultado da aplicação de

tecnologia inapropriada ou do dimensionamento inadequado das unidades.

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De maneira geral, não há tecnologia que, atuando isoladamente, consiga tratar o

efluente tão complexo como o lixiviado. Os métodos convencionais de tratamento de

lixiviado podem ser classificados em quatro grandes grupos: transferência de lixiviado –

recirculação, evaporação e tratamento combinado com esgotos; métodos biológicos

aeróbios e anaeróbios; métodos físicos e químicos – adsorção, precipitação química,

coagulação/floculação, oxidação química, air stripping ou remoção de amônia por

injeção de ar e filtração por membranas; e por fim, métodos alternativos – wetlands

construídos e o sistema de barreira bioquímica. (RENOU et al. 2007; KURNIAWAN et

al., 2006b; WISZNIOWSKI et al., 2006; IWAI, 2005; BELTRÃO, 2005).

A dificuldade ou impossibilidade de degradação de certas substâncias químicas

na natureza associa-se o termo recalcitrância. No caso do chorume, diversos autores (EL

FADEL e KHOURY, 2000; KANG, et al., 2002; ZOUBOULIS et al., 2004) afirmam

que a recalcitrância pode ser associada com a presença de compostos de elevada massa

molar com estruturas muito complexas, como é o caso das substâncias húmicas.

Os processos de coagulação/floculação são empregados para a remoção de

compostos orgânicos não biodegradáveis e de metais pesados encontrados no lixiviado

de aterro. As condições gerais para esta técnica incluem o ajuste do pH e envolve muitas

vezes a adição de sais de ferro/alumínio como coagulantes para aumentar as forças

repulsivas entre as partículas (KURNIAWAN et al., 2006). A cor (que está associada ao

ácidos húmicos) é um dos grandes problemas no tratamento de lixiviado, sendo a

coagulação/floculação eficiente na remoção de cor, turbidez, DQO e sólidos suspensos

(LINS et al., 2007).

Amokrane et al. (1997) afirmam que o hidróxido de cálcio é o reagente mais

utilizado na precipitação química, requerendo, geralmente, entre 1 a 15 mg/L deste

reagente no tratamento de lixiviado de aterros. O hidróxido de cálcio pode ser

implementado como um pré-tratamento de um sistema biológico uma vez que a cal

hidratada remove da solução grande quantidade de metais pesados e parte da matéria

orgânica, em especial as substâncias húmicas responsáveis por conferir cor ao lixiviado

e inibir processos fotossintéticos e fotoquímicos essenciais ao desenvolvimento dos

microrganismos, principalmente nas lagoas facultativas e aeradas (LINS et al., 2007).

No tratamento de efluentes, o hidróxido de cálcio é usado principalmente para a

correção de pH, como agente precipitante para matéria orgânica, fosfatos, metais traços,

e como coagulante para remoção de materiais coloidais (SEMERJIAN e AYOUB,

2003).

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Keenan et al. (1984) compararam a eficiência de 3 tipos diferentes de cales para

o tratamento de lixiviado, sendo elas: cal com alta concentração de magnésio; cal com

alta concentração de cálcio e cal hidratada. Tais autores constataram que a cal hidratada

além de apresentar uma boa performance no tratamento do lixiviado, também

apresentou o menor custo comparado aos outros tipos.

Para não gerar um volume excessivo de lodo e não inviabilizar economicamente

o processo de coagulação/floculação, há uma concentração ótima, a partir da qual o

aumento da dose de coagulante irá promover redução insignificativa e uma geração

grande de resíduo. Desta forma, o desenvolvimento de processos acoplados,

coagulação/floculação complementado por outro, poderá minimizar os custos e

melhorar a eficiência global do processo.

A interação da radiação gama com o esgoto gera vários eventos, tais como a

excitação atômica ou molecular e a ionização, que pode levar à oxidação, dissociação e

a degradação de biomoléculas (TAUHATA et al., 2003)

Desta forma, as reações das substâncias à irradiação são capazes de provocar

fragmentação da molécula-alvo, induzindo a formação de íons e radicais altamente

reativos para iniciar os efeitos físicos, químicos e biológicos na matéria (GETOFF,

1996; BORRELY et al., 1998a).

A maioria dos efeitos da irradiação de esgoto são indiretos devido à interação

dos raios gama com a molécula de água, que é a responsável principal dos efeitos

indiretos da irradiação (EPN, 1997; BORRELY et al., 1998a).

Graiño (2001) projetou uma instalação com irradiador para o tratamento de lodo

em larga escala, na cidade de Tucumán, Argentina. A estação foi projetada para servir

uma população de 100.000 a 400.000 habitantes; com a capacidade máxima de

processar 140 m3/d de lodo.

Vasconcelos et al. (2011) avaliando o uso da radiação gama como tratamento de

lixiviados de aterros sanitários urbanos e de efluentes têxteis, após irradiação de 10 kgy

em lixiviado bruto, obteve resultados que indicaram um aumentou um 25% na fração

biodegradável do lixiviado e conseguiu destruir os corantes com eficiência acima de

95%.

A utilização da radiação ionizante, principalmente a proveniente de feixe de

elétrons de alta energia gerado em aceleradores, tem demonstrado ser um processo

eficiente para o tratamento de efluentes líquidos e Iodos por apresentar as seguintes

características: produção de espécies altamente reativas, não requer a adição de

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reagentes químicos, permite a decomposição de compostos orgânicos, operação segura,

processo facilmente controlado e limpo sem a formação de substâncias poluidoras e

radioativas (BORRELY et al.; 1998a; BORRELY et al.; 1998b; DUARTE et al.; 2002;

SAMPA et al.; 1998)

Nesse contexto, o presente trabalho visa estudar combinações de variáveis por

meio de um planejamento fatorial 22, visando o tratamento do lixiviado do Aterro de

Resíduos Sólidos da Muribeca, de forma a encontrar as melhores condições de

tratabilidade e aumentar a sua biodegradabilidade para que o lixiviado tratado alcance o

limite de DQO de descarte, em corpos receptores, exigidos pela legislação do Estado de

Pernambuco (DQO<200mg/L).

MATERIAIS E MÉTODOS

As amostras foram coletadas na caixa de medição de vazão do Aterro de

Resíduos Sólidos da Muribeca (Jaboatão dos Guararapes/PE), tendo sido

acondicionados em bombonas plásticas de polietileno, previamente higienizadas. As

mesmas foram transportadas ao Laboratório de Processos e Tecnologias Ambientais

(LPTA), no Departamento de Engenharia Química da Universidade Federal de

Pernambuco (UFPE), preservadas a 4ºC.

Foi realizada inicialmente a coagulação da amostra bruta de lixiviado no jar test,

utilizando solução de hidróxido de cálcio da cal CSP nas condições do ponto ótimo

encontrado para coagulação/floculação (150 mg/L de hidróxido de cálcio com tempo de

mistura rápida de 60 segundos e velocidade de coagulação de 115 rpm, em seguida, 108

rpm de velocidade de floculação, no tempo de 25 minutos (mistura lenta) e tempo de 60

minutos de sedimentação). Foi separado uma amostra de 50mL do efluente pré-tratado

para ser irradiado com radiação gama (Cobalto 60) no Gammacell 220 Exel. (Figura

1a). As análises de cor foram realizadas antes e após a coagulação e após a radiação

com uso do Espectrofotômetro modelo Spectroquant Nova 60 (MERCK). A

determinação da concentração da DQO (Digestão com K2Cr2O7 - Método SMEWW

5220 C) foi realizada seguindo dos métodos do Standard Methods for Examination of

Water and Wastewater (APHA, 1998), assim como o pH, cuja leitura foi realizada

através do Potenciômetro - DM 22 (Digimed), a condutividade com o condutivímetro -

DM 32 (Digimed) e a turbidez com turbidímetro - turbiquant 1000 IR (MERCK).

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Os ensaios de irradiação foram realizados no Gamalab no Departamento de

Energia Nuclear da UFPE e as análises físico-químicas ocorreram no Laboratório de

Engenharias Ambientais e Químicas (LEAQ) e no Laboratório de Processos e

Tecnologias Ambientais (LPTA), no Departamento de Engenharia Química/UFPE.

Todas as análises foram realizadas em duplicatas, para obtenção de resultados mais

exatos e confiáveis.

Figura 1. Gammacell 220 EXCEL (a) e Espectrofotômetro UV-visível Thermo Genius 10TM (Watham, MA – EUA) (b).

Delineamento experimental para a otimização de condições do processo

O estudo da otimização das condições do processo de radiação gama foi

realizado utilizando a metodologia do planejamento experimental do tipo fatorial

completo.

O planejamento fatorial de experimentos é uma ferramenta utilizada em

otimizações de processos que reduz a quantidade de ensaios a serem realizados no

experimento, através de “design” de aproximações geométricas que proporcionam uma

forma simples, confiável e eficiente de análise dos dados, já que se utiliza à metodologia

de análise de superfície de resposta (RSM). Seus modelos são avaliados por parâmetros

estatísticos específicos, contidos na metodologia de análise de variância dos dados

(ANOVA). Nesta metodologia de otimização, as variáveis independentes são

conhecidas como sendo os fatores, suas variações são chamadas de níveis, enquanto que

as variáveis dependentes são tidas como sendo as respostas (Barros Neto et al., 1995).

a b

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108

Elaborou-se um planejamento experimental fatorial completo 22 constituído por

4 ensaios em duplicata, incluindo 3 repetições no ponto central, para verificar os efeitos

e as interações das variáveis independentes radiação gama (KGy) e pH sobre as

variáveis resposta cor e DQO.

A Tabela 1 apresenta os níveis e os valores das variáveis utilizadas nos ensaios

experimentais.

Tabela 1. Níveis com valores do planejamento fatorial 22.

Variáveis Inferior (-) Central (0) Superior (+)

Radiação gama (KGy) 5 20 35

pH 5 8 11

A partir desta Tabela 1 foi gerada uma matriz experimental com todos os níveis

e parâmetros a serem experimentados (Tabela 2).

Tabela 2. Variáveis e níveis estudados no planejamento fatorial 22.

Experimento Radiação gama (KGy)

pH

1 35 11

2 35 5

3 5 11

4 5 5

5 20 8

6 20 8

7 20 8

Os dados encontrados passaram por uma regressão quadrática pelo método dos

mínimos quadráticos em modelos empíricos. A avaliação do ajuste dos dados aos

modelos empíricos propostos foi feita pela metodologia da análise de variância

(ANOVA) e a otimização do sistema pela metodologia da análise da superfície de

resposta (RSM), descritas em Barros Neto et al. (1995).

Diagramas de Pareto com nível de significância de 95% foram empregados para

ilustrar as estimativas dos efeitos principais lineares e de segunda ordem, em valor

absoluto, dos fatores em relação às variáveis respostas estudadas. No diagrama de

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Pareto, a magnitude de cada efeito é representada pelas colunas e a linha transversal às

colunas corresponde ao valor de p igual a 0,05 e indica o quão grande deve ser o efeito

para ter significado estatístico. O ponto no qual os efeitos estimados são significativos

(p=0,05) está indicado pela linha vertical vermelha.

As análises estatísticas dos planejamentos experimentais, incluindo o diagrama

de Pareto foram realizadas usando o programa Statistica® versão 5.0 (Statsoft.Inc,

Tulsa/OK USA).

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Análise de cor

As concentrações iniciais de cor na amostra de lixiviado estudada encontravam-

se na faixa de 1120 Hz. Após o processo de coagulação utilizando hidróxido de cálcio,

realizando as condições ótimas do planejamento fatorial experimental estudado por

Paulino (2011), este valor foi reduzido significativamente para 470 Hz. A eficiência

encontrada foi de 58%.

Após o processo de irradiação percebeu-se a formação de um precipitado, o qual

interferiu negativamente para remoção da cor. De acordo com os resultados obtidos

nesta etapa (Tabela 3), observou-se que para as condições estudadas no processo de

radiação não apresentou uma boa eficiência para a remoção de cor. Ocorreu um

aumento da mesma, possivelmente originada da degradação (quebra) de moléculas

produzindo um aumento da cor. Uma possibilidade é a quebra da celulose ou lignina

originando, por exemplo ácidos húmicos ou flúvicos.

Tabela 3. Resultados da remoção de cor de acordo com os ensaios realizados.

Ensaios Radiação

(kGy) pH

cor após radiação (Hz)

1 35 11 645

2 35 5 705

3 5 11 515

4 5 5 625

5 20 8

6 20 8

7 20 8 513

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As substâncias húmicas (SH) incluem-se como potencial poluidores, uma vez

que são compostos de misturas orgânicas dissolvidas que ocorrem na natureza. Podem

ser derivadas de alguns materiais orgânicos (incluindo plantas e restos de animais,

microfauna, resíduos, pesticidas, etc.), afetando o comportamento de alguns poluentes,

nos ambientes naturais, tais como a toxicidade e especiação dos metais pesados,

solubilização e adsorção dos poluentes hidrofóbicos (KANG et al., 2002). As SHs não

exibem características físicas e químicas definidas, possuem alta massa molecular e

causam coloração escura nos solos e nas águas (KURNIAVAN et al, 2006).

Compostos com enxofre, como as proteínas e outros compostos orgânicos,

podem estar presentes no lixiviado. De acordo com Pereira (1997) os compostos com

enxofre reagem mais facilmente com radicais livres devido à sua afinidade as espécies

reativas geradas na irradiação. Dessa maneira alguns constituintes do lixiviado podem

levar a atenuação do efeito da irradiação.

Segundo Farooq et al. (1993) um efluente que contém maior quantidade de

matéria orgânica oxidável, e outras substâncias em forma de partículas e turbidez,

podem propiciar efeito radioprotetor, protegendo assim, contra os efeitos deletérios da

radiação ionizante.

Análise de DQO

Com os dados obtidos para DQO, realizou-se o estudo de otimização do

processo com o auxilio do software STATISTICA (versão 5.0).

O diagrama de Pareto, Figura 2, obtido por meio dos dados do planejamento

experimental, mostrou que a dose de radiação e a interação das variáveis independente

(radiação com pH), influenciaram significativamente na redução demanda química de

oxigênio.

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Figura 2. Gráfico de Pareto mostrando as variáveis que influenciaram na análise de remoção de DQO.

Um outro dado importante a ser obtido através do estudo do planejamento

fatorial é a análise da variância (ANOVA). Através deste é possível verificar uma

significância estatística dos valores observados, uma vez que os dados experimentais

são utilizados para produzir um modelo empírico através da regressão. A Tabela 4

ilustra os valores obtidos da ANOVA, para a variável DQO.

Tabela 4: Valores calculados da análise da variância (ANOVA) para a variável DQO.

R2 0,88

Fcalculado 22,41

Fcalculado / FTabelado 5,80

% Max. Explicável 99,23

Pelos valores observados na Tabela 4 verificou-se que, o sistema em estudo

apresentou um elevado valor de % de variância explicável, ou seja, uma menor

quantidade de resíduos, mostrando assim, um bom ajuste ao modelo matemático

aplicado (Barros Neto et al., 1995).

O teste F foi utilizado para investigar se o modelo proposto explica uma

quantidade significativa de variação nos valores experimentais. O valor do teste F

obtido a partir dos dados experimentais deve ser maior que o valor do teste F Tabelado

para que o modelo seja significativo, ou seja, válido estatisticamente, como foi o caso

apresentado na Tabela 4, mostrando que o modelo linear encontrado (ao nível de 95%

de confiança) foi estatisticamente significativo e altamente preditivo, conforme Barros

Neto et al., 1995.

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A Figura 3 apresenta a superfície de resposta e as curvas de níveis geradas, com

uso do Statistica for Windows 5.0, através dos dados obtidos experimentalmente. Ao

analisar o gráfico de superfície de resposta para variável DQO, através da interação

entre as variáveis (pH e radiação), pode ser observado que para a variação da resposta

estudada (DQO) em função do pH é muito discreta, o que está de acordo com o

diagrama de Pareto. Todavia, quanto maior for a dose de radiação, maior será a redução

da DQO do lixiviado pré-tratado, obtendo valores inferiores a 700 mg O2/L quando

trabalhou-se com pH 5 e radiação de 35KGy.

Inicialmente o valor da DQO do lixiviado era de 1.598,3 mg O2/L. Após o

processo de tratamento combinado (coagulação + radiação) conseguiu-se uma redução

satisfatória da DQO com eficiência de aproximadamente 64%.

Figura 3. Gráfico de superfície correlacionando as variáveis que interagiram na remoção de DQO.

Através da regressão dos dados experimentais, com relação ao parâmetro

resposta DQO, foi possível obter um modelo matemático linear codificado para o

sistema experimental analisado. O modelo com os parâmetros significativos está

representado na Equação 1.

DQO = 779,57 + 159 ,7R - 24,76R x pH (1)

onde: R= dose de radiação e pH= potencial de hidrogênio.

A Tabela 5 mostra os resultados da caracterização após o ensaio de

coagulção/floculação e radiação com 35 KGy, realizado nas melhores condições.

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Tabela 5: Caracterização das amostras de lixiviado bruto e após a otimização do planejamento fatorial experimental.

Parâmetros Bruto Coagulado Irradiado

DQO 1598,3 901,0 563,5

Cor (Hz) 1120 470 645

Turbidez (NTU) 35,1 39,75 53,35

pH 8,06 11,4 5,6

Condutividade (mS/cm) 8,23 6,25 5,93

De um modo geral, naturalmente, a relação DBO/DQO tende a reduzir, uma vez

que o aterro da Muribeca não recebe mais novos resíduos e encontra-se com sua camada

de cobertura efetivada, apresentando, assim uma característica de lixiviado estabilizado.

Vasconcelos et al. (2010) avaliando o uso da radiação gama como tratamento de

lixiviados de aterros sanitários urbanos, observou após irradiação de 10 kgy em

lixiviado bruto, que houve um aumentou um 25% na fração biodegradável do lixiviado.

A Turbidez está relacionada aos sólidos em suspensão que provocam difusão e

absorção da luz, provocada por planctos, bactérias, argilas e siltes em suspensão, fontes

de poluição que lançam material fino e outros. Segundo Sawyer et al. (2003) deve-se à

presença de partículas em estado coloidal, em suspensão, de natureza orgânica ou

inorgânica e outros organismos microscópicos. De acordo com a Tabela 5, a turbidez

variou entre 35,1 e 53,35 NTU apresentando um leve aumento quando analisado o

lixiviado bruto e após o ultimo processo de tratamento (radiação), indicando uma

possível interferência pela formação de um precipitado após o processo de radiação.

A faixa de pH do lixiviado bruto encontrava-se em 8,06, que pode ser

considerado um lixiviado de aterro de fase metanogênica, conforme observado por

diversos autores (EHRIG, 1989; FIRMO, 2008). Segundo os dados do levantamento

realizado por Souto e Povinelli (2007), esta faixa de pH encontra-se dentro da faixa de

valores mais prováveis para os aterros brasileiros. Após o processo de

coagulação/floculação o pH passou para 11,4. Para a realização do processo de radiação

o pH foi reduzido para 5,0 e após a radiação variou para 5,6.

A condutividade elétrica de um material é determinada pela presença de

substâncias dissolvidas que se dissociam em ânions e cátions dependendo da

temperatura. Em um aterro sanitário os ligantes mais comuns são certos ânions

(cloretos, fosfatos, sulfatos), nitrogênio, ácidos húmicos e os aminoácidos

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(CASTILHOS Jr. et at., 2003). Nas amostras de lixiviado analisadas a faixa máxima

obtida foi 8,23 e a mínima após o irradiação foi de 5,93 mS/cm.

CONCLUSÃO

O método de coagulação/floculação utilizando hidróxido de cálcio juntamente

com o processo de ionização com uso da radiação gama, mostraram-se eficientes na

redução percentual da DQO (65%). Através da utilização da matriz experimental 22 foi

possível otimizar o processo, assim como identificar os fatores mais significativos que o

influenciaram.

De acordo com o Teste F aplicado (F= 22,41), através das análises estatísticas,

verificou-se que a dose de 35 KGy e pH 5, apresentou melhor decréscimo da DQO.

Recomenda-se que novos ensaios sejam realizados para verificar se este tratamento

favorece um aumento da biodegradabilidade, pela quebras das moléculas mais

complexas e recalcitrantes, ou se a diminui, pela ação da radiação nos microorganismos.

Por fim, para um tratamento eficiente na remoção da matéria orgânica de um

lixiviado que tende a recalcitrância, faz-se necessário a utilização de processos de

tratamentos combinados, como por exemplo físico-químicos e/ou radioativos.

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CAPÍTULO V

CONCLUSÕES GERAIS E SUGESTÕES PARA PRÓXOMAS PESQUISAS

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1 CONCLUSÕES GERAIS

• A composição química do hidróxido de cálcio ou cal hidratada contribui diretamente no

seu desempenho como agente coagulante. Por essa razão, levando em consideração

custo versus benefício foi escolhida uma marca comercial com baixa concentração de

impurezas, boa eficiência na remoção dos parâmetros avaliados e economicamente

viável, ou seja, a cal CSP (Quallical®).

• Os ensaios realizados com a utilização do planejamento fatorial experimental se

apresentaram como uma excelente ferramenta para o estudo simultâneo das variáveis

que interagiram influenciando na eficiência do processo. Da mesma forma o uso do

software Statistica® possibilitou uma melhor análise dos fatores, a magnitude e

importância dos efeitos nas variáveis dependentes.

• A utilização do hidróxido de cálcio proporcionou uma redução significativa do

parâmetro cor e turbidez, observando que o uso dos outros fatores, também estudados,

contribuíram na eficiência do processo coagulação/floculação.

• De acordo com o Teste F aplicado, através das análises estatísticas, verificou-se que na

utilização do método de coagulação/floculação, a cal CPA apresentou melhor

decréscimo da turbidez enquanto que a cal CSP foi a que mais favoreceu a remoção da

cor. verificou-se também que através do uso da radiação ionizante gama na dose de 35

KGy e pH 5, houve um melhor decréscimo da DQO.

• Para redução da carga orgânica presente no lixiviado do aterro da Muribeca é necessário

a utilização de processos de tratamento combinados para obtenção de melhores

resultados nas análises dos parâmetros exigidos na legislação ambiental. O pesquisa

realizada com o método de coagulação/floculação utilizando hidróxido de cálcio

juntamente com o processo de ionização com uso da radiação gama, confirma essa

conclusão, mostrando redução percentual da DQO (65%).

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2 SUGESTÕES PARA PRÓXIMAS PESQUISAS

• Realizar estudos mais detalhados sobre as possíveis formas de descarte ou

aproveitamento do lodo resultante do método de coagulação/floculação.

• Analisar a influência de outras variáveis no processo da radiação ionizante gama, como

a oxigenação por exemplo, através do planejamento fatorial experimental.

• Avaliar o grau de biodegradabilidade do efluente após o tratamento com radiação gama,

vendo a possibilidade de aumento pela quebra de moléculas ou diminuição por afetar a

microbiota uma vez presente no lixiviado bruto.

• Estudar a toxicidade do efluente tratado (lixiviado submetido à coagulação/floculação e

Radiação gama) através de bioensaios empregando organismos padronizados como

plantas, peixes, microcustáceos e bactérias.

• Estudar a possibilidade de uso do método coagulação/floculação associados ao processo

de radiação gama, com intuito de proporcionar melhorias na eficiência de um

tratamento biológico.

• Avaliar a necessidade de uma inoculação após o uso combinado dos processos

coagulação/floculação + radiação gama para facilitar a realização um tratamento

biológico.

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3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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