fungos queratinofÍlicos dermatofÍticos e nÃo...

4
311 XVIII Jornada de Iniciação Científica PI BlC CNPq/F APEAM/INPA Manaus - 2009 FUNGOS QUERATINOFÍLICOS DERMATOFÍTICOS E DERMATOFÍTICOS ISOLADOS DE AMOSTRAS DE SOLO DO DA ESCOLA ESTADUAL DlALMA BATISTA/MANAUS NÃO PÁTIO Darleny Abreu dos SANTOS 1 ; José Augusto Almendros de OLIVEIRA 2 ; Ana Cláudia Alves CORTEZ 3 . 'Bolsísta PIBIC/INPA; 20rientador CPCS/INPA/; 3Co-orientador CPCS/INPA. 1. Introdução Os fungos são microrganismos amplamente distribuídos no ambiente (Monteiro et aI., 2007), a grande maioria vive no solo (Goulart et aI., 1986) e eventualmente pode agir como patógenos, parasitando o hospedeiro (Esposito; Azevedo, 2004). Os dermatófitos são microrganismos capazes de invadir os tecidos queratinizados (pele, unha e pêlos) causando dermatofitoses (Costa et aI., 2002). Essas infecções fúngicas são mais comuns em países tropicais. Sua distribuição, frequência e agentes etiológicos variam segundo a região geográfica e o nível socioeconômico da população (Santos et aI., 2006). Dentre os dermatófitos geofílicos, o Microsporum gypseum é o fungo que mais infecta o homem causando essas infecções. A flora microbiológica do solo pode se constituir num fator epidemiológ ico importante para a transmissão de doenças, pois a constante presença desses microrganismos nas areias de recreação revela um potencial risco à saúde pública (Vaz et aI., 2002). Então se faz necessário o conhecimento das espécies fúngicas presentes no solo, capazes de desencadear processos inflamatórios nos seres humanos (alunos) como as micoses e assim propiciar a elaboração de medidas eficazes para o seu controle. Esse trabalho tem como objetivo demonstrar a ocorrência de fungos queratinofílicos no solo do pátio de uma escola de ensino fundamental situada no bairro Japiim/Manaus, verificar as espécies queratinofílicas como agente de dermatofitoses, as não consideradas agentes de dermatofitoses, bem como a frequência de acordo com a sazonalidade. 2. Material e métodos As amostras do solo provenientes do pátio da Escola Estadual Djalma Batista/Manaus foram coletadas em duplicata de 07 pontos previamente selecionados, perfazendo um total de 14 amostras por mês e 42 amostras para cada período (seco e chuvoso). Essas coletas ocorreram nos meses de outubro, novembro, dezembro de 2008 e fevereiro, março e abril de 2009. Com o auxílio de uma espátula, o material foi coletado (solo) e colocado em sacos plásticos esterilizados, sendo encaminhados ao Laboratório de Micologia Médica - Coordenação de Pesquisas em Ciências da Saúde/Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia para o processamento. Foi utilizado o método de Vanbreuseghem (Minami, 2003), que consiste em colocar a terra até a metade da placa de petri (deixando de fora as pedras), espalhar pêlos esterilizados sobre a terra, umedecer o solo (não deixando empapado), identificar as placas e incubá-Ias a temperatura ambiente, acompanhar o desenvolvimento dos fungos. Após o crescimento das colônias foi feito o exame direto que consiste em examinar os pêlos ao microscópio entre lâmina e lamínula com lactofenol azul-algodão e, também, com hidróxido de potássio acrescido de DMSO. Os fungos queratinofílicos foram isolados em Agar Sabourouad e identificados segundo as técnicas tradicionais (Lacaz, 1991; Lacaz et aI., 1998; Moura et aI., 1997; Balows & Hausler, 1987; Rippon, 1982, Rebell & Taplim, 1970). Os fungos queratinofílicos, também foram repicados em meio Sabouraud com cloranfenicol e Mycosel para serem identificados e conservados. 3. Resultados e discussão Nos 06 meses de coleta, foram analisadas 84 amostras de solo. No período seco, Microsporum gypseum foi isolado em 03 pontos, que foram: Pátio superior (10 pátio), pátio lateral (2° pátio) e pátio dos fundos (ambiente 1). Chrysosporium sp. e os outros fungos foram encontrados em todos os pontos (Tabela 1).

Upload: ngotram

Post on 24-Dec-2018

215 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

311

XVIII Jornada de Iniciação Científica PIBlC CNPq/F APEAM/INPA Manaus - 2009

FUNGOS QUERATINOFÍLICOS DERMATOFÍTICOS EDERMATOFÍTICOS ISOLADOS DE AMOSTRAS DE SOLO DODA ESCOLA ESTADUAL DlALMA BATISTA/MANAUS

NÃOPÁTIO

Darleny Abreu dos SANTOS1; José Augusto Almendros de OLIVEIRA2; Ana Cláudia Alves CORTEZ3.'Bolsísta PIBIC/INPA; 20rientador CPCS/ INPA/; 3Co-orientador CPCS/ INPA.

1. IntroduçãoOs fungos são microrganismos amplamente distribuídos no ambiente (Monteiro et aI., 2007), agrande maioria vive no solo (Goulart et aI., 1986) e eventualmente pode agir como patógenos,parasitando o hospedeiro (Esposito; Azevedo, 2004). Os dermatófitos são microrganismos capazesde invadir os tecidos queratinizados (pele, unha e pêlos) causando dermatofitoses (Costa et aI.,2002). Essas infecções fúngicas são mais comuns em países tropicais. Sua distribuição, frequênciae agentes etiológicos variam segundo a região geográfica e o nível socioeconômico da população(Santos et aI., 2006). Dentre os dermatófitos geofílicos, o Microsporum gypseum é o fungo quemais infecta o homem causando essas infecções. A flora microbiológica do solo pode se constituirnum fator epidemiológ ico importante para a transmissão de doenças, pois a constante presençadesses microrganismos nas areias de recreação revela um potencial risco à saúde pública (Vaz etaI., 2002). Então se faz necessário o conhecimento das espécies fúngicas presentes no solo,capazes de desencadear processos inflamatórios nos seres humanos (alunos) como as micoses eassim propiciar a elaboração de medidas eficazes para o seu controle.Esse trabalho tem como objetivo demonstrar a ocorrência de fungos queratinofílicos no solo dopátio de uma escola de ensino fundamental situada no bairro Japiim/Manaus, verificar as espéciesqueratinofílicas como agente de dermatofitoses, as não consideradas agentes de dermatofitoses,bem como a frequência de acordo com a sazonalidade.

2. Material e métodosAs amostras do solo provenientes do pátio da Escola Estadual Djalma Batista/Manaus foramcoletadas em duplicata de 07 pontos previamente selecionados, perfazendo um total de 14amostras por mês e 42 amostras para cada período (seco e chuvoso). Essas coletas ocorreram nosmeses de outubro, novembro, dezembro de 2008 e fevereiro, março e abril de 2009. Com o auxíliode uma espátula, o material foi coletado (solo) e colocado em sacos plásticos esterilizados, sendoencaminhados ao Laboratório de Micologia Médica - Coordenação de Pesquisas em Ciências daSaúde/Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia para o processamento. Foi utilizado o métodode Vanbreuseghem (Minami, 2003), que consiste em colocar a terra até a metade da placa de petri(deixando de fora as pedras), espalhar pêlos esterilizados sobre a terra, umedecer o solo (nãodeixando empapado), identificar as placas e incubá-Ias a temperatura ambiente, acompanhar odesenvolvimento dos fungos. Após o crescimento das colônias foi feito o exame direto que consisteem examinar os pêlos ao microscópio entre lâmina e lamínula com lactofenol azul-algodão e,também, com hidróxido de potássio acrescido de DMSO. Os fungos queratinofílicos foram isoladosem Agar Sabourouad e identificados segundo as técnicas tradicionais (Lacaz, 1991; Lacaz et aI.,1998; Moura et aI., 1997; Balows & Hausler, 1987; Rippon, 1982, Rebell & Taplim, 1970). Osfungos queratinofílicos, também foram repicados em meio Sabouraud com cloranfenicol e Mycoselpara serem identificados e conservados.

3. Resultados e discussãoNos 06 meses de coleta, foram analisadas 84 amostras de solo. No período seco, Microsporumgypseum foi isolado em 03 pontos, que foram: Pátio superior (10 pátio), pátio lateral (2° pátio) epátio dos fundos (ambiente 1). Chrysosporium sp. e os outros fungos foram encontrados em todosos pontos (Tabela 1).

XVIII Jornada de Iniciação Científica PIBIC CNPq/FAPEAMlINPA Manaus - 2009

Tabela 1. Pontos de coleta e fungos identificados de solos da Escola Estadual Djalma Batista emOut/Nov/Dez de 2008 (oerlodo secoITEM DESCRIÇÃO DO AMBIENTE FUNGOS IDENTIFICADOS

PERÍODO SECO

F. Q. D F. Q. N. D OUTROS

N°. 1 Pátio em frente - Chrysosporium sp. Aspergi//us nigerà Secretaria Aspergillus sp.

Fusarium sp.Penici/lium se.

NO. 2 Área de lazer: - Chrysosporium sp. Aspergillus sp.quadra e campo Curvuieris sp.

Fusarium sp.Penici//ium SP.

NO. 3 Estaciona mento - Chrysosporium sp. Fusarium sp.Penici/lium sp.

NO.4 Area da caixa d'água - Chrysosporium sp. Aspergi//us nigerAspergillus sp.Fusarium sp.Penici/lium sp ,

NO. 5 Pátio superior Microsporum gypseum Aspergi//us niger(1° pátio) Chrysosporium sp. Aspergi//us sp.

Fusarium sp.Penici/lium SD.

NO. 6 Pátio lateral Microsporum gypseum Aspergillus niger(2 ° pátio) Chrysosporium sp. Fusarium sp.

Penici/lium SD.N0. 7 Pátio dos fundos (ambiente 1) Microsporum gypseum Fusarium sp.

Chrvsosporium sp . Penici//ium sp.

.. . .F. Q. D = Fungos queratinofllicos derrnatofittcos.F. Q. N.D = Fungos queratinofílicos não dermatofíticos.

No período chuvoso M. gypseum, foi isolado em novo local, no pátio em frente à secretaria,estando presente em 04 pontos. Em três 03 pontos Chrysosporium sp. foi isolado. Outros fungostambém foram identificados nos pontos selecionados, com exceção da área de lazer (quadra ecampo) (Tabela 2).A respeito da sazonalidade a incidência do fungo queratinofílico M. gypseum foi maior no períodochuvoso. Ao contrário do fungo queratinofílico não dermatofítico Chrysosporium sp. quepredominou no período seco. No Rio Grande do Sul, (Santos et aI., 2007), encontrou resultadossemelhantes, onde M. gypseum foi isolado em 06 amostras de um total de 11 coletas em bairros,praças e Campus Universitário. No Pará, nas praias da ilha de Mosqueiro, além do Microsporum,também foi encontrado Trichophyton (Ferreira et aI., 2007). É importante salientar, que Santos etaI., 2007 e Ferreira et et., 2007 não verificaram a presença das espécies fúngicas relacionando-as asazonalidade.

312

XVIII Jornada de Iniciação Científica PIBIC CNPq/FAPEAM/INPA Manaus - 2009

Tabela 2. Pontos de coleta e fungos identificados de solos da Escola Estadual Djalma Batista emFev/Mar/Abr de 2009 (período chuvoso).ITEM DESCRIÇÃO DO AMBIENTE FUNGOS IDENTIFICADOS

PERÍODO CHUVOSO

F. Q. D F. Q. N. D OUTROS

N°. 1 Pátio em frente Microsporum gypseum - Aspergillus sp.à Secretaria Fusarium sp.

NO. 2 Área de lazer: - Chrysosporium sp. -Quadra e campo

NO. 3 Estaci onamento - Chrysosporium sp. Paecy/omices sp.

N0. 4 Área da caixa d'água - - Fusarium sp.Paecy/omices sp.

N°.5 Pátio superior Microsporum gypseum - Aspergillus sp.(1° pátio) Fusarium sp.

Mucor sp.

N°. 6 Pátio lateral Microsporum gypseum Chrysosporium sp. Fusarium sp.(2 ° pátio) Mucor sp.

Paecv/omices se,N°. 7 Pátio dos fundos (ambiente 1) Microsporum gypseum - Mucor sp.

, . , .F. Q. D = Fungos queratínofllícos dermatofiticos.F. Q. N. D = Fungos queratinofílicos não dermatofíticos.

4. ConclusãoAs análises realizadas revelaram a predominância de uma única especre de importância médicarepresentada por Microsporum gypseum, e uma espécie de fungo queratinofílico não dermatofítico,Chrysosporium sp. Será sugerido a direção da escola e mesmo aos alunos sobre os cuidados quedevem ser adotados na prevenção de infecções por fungos, como o uso de calçados e evitar ocontato físico direto com o solo. O isolamento desses microrganismos é importante para oconhecimento da flora dermatofítica de nossos solos, pois esses estudos esclarecem váriosaspectos da epidemiologia das micoses prevalentes em qualquer ambiente de nossa região.

5. ReferênciasBalows, A.; Hausler, W. J. 1987. Diagnostic Procedures for Bacterial, Mycotic and Parasiticinfections. American Public Health Association, Inc. Wasinghton De.

Costa, M.; Passos, X.S.; Souza, L.K.H.; Miranda, A.T.; Lemos, J.A.; Oliveira Jínior, J.G.; Silva,M.R.R. 2002. Epidemiologia e etiologia das dermatofitoses em Goiânia, GO, Brasil. Rev, Soe. Bras.Med. Trop, v.35, no lUberaba.

Esposito, E. ; Azevedo, J.L. 2004. Fungos: Introdução a biologia, bioquímica e biotecnologia.Caixas do Sul: EDUCS.

Ferreira, L. S.; Fagundes, P. c.; Mesquita, R. c.; Monteiro, W. P. 2007. Isolamento de fungosfilamentosos queratinofílicos em areias de praias na ilha de Mosqueiro - Belém - PA. In: 59Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência. Belém. Anais da 59 ReuniãoAnual da SBPC.p. 37

Goulart, E.G.; Lima, S.M.F.; Carvalho, M.A.R.; Oliveira, J.A.; Jesus, M.M.; Campos, R.E.;Cosendey, M.A.E. 1986. Isolamento de fungos patogênicos do solo do município do Rio de Janeiro,RJ, Brasil. 93(1): 15-20.

Lacaz, e.S. 1991. Micoses superficiais. In: Lacaz, C.S.; Porto, E.; Martins, J.E.C.. Micologia Médica,8a Ed. São Paulo, Sarvier, 695p.

313

XVIII Jornada de Iniciação Científica PIBIC CNPq/FAPEAMlINPA Manaus - 2009

Lacaz, C.S; Porto E; Heins-Vaccari; Meio, N.T. 1998. Guia para identificação: Fungos,Actinomicetos e Algas de Interesse Médico. São Paulo, Sarvier, 445p.Minami, P.S. 2003. Micologia: métodos laboratoriais de diagnóstico das micoses. Barueri, SP:Manole.

Monteiro, J.S.; Gutiérrez, A.H.; Costa, S.P.S.E. 2007. Fungos filamentosos da água e solo de trêspraias localizadas no município de Barcarena-PA. Anais da 59 Reunião Anual da SBPC.

Moura, R.A.; Wada, C.S.; Purchio, A.; Almeida, T.V. 1997. Técnicas de Laboratório. Atheneu. S.P,464p.

Rebel, G. ; Taplin, D. 1970. Dermathophytes. New York, Miami Press, 124p.

Rippon, J. W. 1982. Medical Mycology. The pathogenic fungi and pathogenic actimonycetes., 2° Ed.Philadelphia, USA. W. B. saunders Company, 842p.

Santos, c.c.G.; Sampaio, E.A.P.; Pinheiro, N.B.; Souza, L.B.S.; Santana, W.J. 2006. Fatores devirulência do gênero Trichophyton. Faculdade de Medicina de Juazeiro doNorte. http://medicina.medcenter.com.br/content/resumos/resumo_medstudents_20070 131_04 .doc Acesso em 09/02/2009

Santos, J. L; Lima, L.M.; Philipi, J. M. S.; Damim, J. 2007. Pesquisa de Helmintos e isolamento defungos queratinofílicos em amostras de solo do Campus da UFSCe de bairros residenciais próximosao Campus. Anais da 6a Semana de Ensino, Pesquisa e Extensão.

Vaz, L.O.; Silva, M.B.; Ramos, A. D.; Gonçalves, R. F.; Cassini, S.T.A. 2002. Consolidação dosdados sobre a qualidade sanitária de areias de contato primário em escolas e logradouros públicosda cidade de Vitória - Espírito Santo. In: Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental.Saneamento ambienta I Brasileiro: Utopia ou realidade? Rio de Janeiro, ABES, 2005. p.1-5, IIus,tab. Apresentado em: Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental, 23, CampoGrande, 18-23 set.

314