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Revi sta de Di vul gação Ci ent í fi ca do Núcl eo Tocant i nense de Ar queol ogi a Fundação Uni ver si dade do Tocant i ns Nº 1 - Dezembro de 2002 ISSN: 1677-972X

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Revi sta de Di vul gação Ci ent í fi ca do Núcl eo Tocant i nense de Ar queol ogi a

Fundação Univer sidade do Tocant i ns Nº 1 - Dezembro de 2002

ISSN: 1677-972X

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Revi sta de Di vul gação Ci ent ífi ca do Núcl eo Tocant i nense de Ar queol ogi a

Fundação Univer sidade do Tocant i ns Nº 1 - Dezembr o de 2002

Patrocinador:

FURNAS

CENTRAIS ELÉTRICAS S.A.

ISSN: 1677-972X

Acoéme . nº 1 - dez/02pag. 3

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Revi sta de Di vul gação Ci ent ífi ca do Núcl eo Tocant i nense de Ar queol ogi a

Fundação Universidade do Tocantins - UNITINS

Instituto de Arqueologia Brasileira - IAB

Magnífico

Pró-Reitora de Pesquisa e Pós-Graduação

Coordenador Geral do Núcleo Tocantinense de Arqueologia - NUTA

Diretor Presidente

Diretor de Pesquisas

Reitor

Pró-Reitora de Ensino

Diretoria de Projetos

Edison Nazareth Alves

Maria Luiza C. P. Nascimento

Prof. Msc. Marcos Aurelio Camara Zimmermann

Prof. Dr. Ondemar Ferreira Dias Junior

Prof. Dr. Paulo Roberto Gomes Seda

Maria de Lourdes F. G. Aires

Humberto Falcão Coelho

Comissão de Publicação e

Editor Responsável

Redatora

Corpo Editorial

Coordenador da Revista

Prof. Dr. Ondemar Ferreira Dias JuniorProf. Msc. Marcos Aurelio Camara ZimmermannProf . Esp. Antônia Custódia PedreiraEsp. Eunice Helena Gomes Menestrino

Prof. Msc. Marcos Aurelio Camara Zimmermann

a

Prof. Dr. Ondemar Ferreira Dias JuniorProf. Msc. Marcos Aurelio Camara Zimmermann

Denise Huguet

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Acoéme . nº 1 - dez/02pag. 5

Copyright 2003 da UNITINSÉ permitida a reprodução parcial ou integral, desde que autorizadas préviamente

pelos detentores do Copyright

ACOÉME - Revista de Divulgação Científica do Núcleo Tocantinense de Arqueologia - NUTA/UNITNS - 2002

ISSN: 1677-972X

. ARQUEOLOGIA . MEIO AMBIENTE . ECOLOGIA CULTURAL

. CULTURA MATERIAL1 2 34

Publicações UNITINS

Endereço para correspondência

e-mail

Fundação Universidade do Tocantins - UNITINSNúcleo Tocantinense de Arqueologia - NUTA

Rua 03, Qd 17, Jardim dos IpêsCampus Univerversitário de Porto Nacional

Porto Nacional - TO, CEP: 77.500-000: [email protected]

FOTO DA CAPA: PONTA DE PROJÉTIL EM QUARTZO SÍTIO ARQUEOLÓGICO GURUPI II MUNICÍPIO DE GURUPI - TO FOTO/2002: Eunice Helena Menestrino

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“Este pobre mundo tem já6 mil anos...”Shakespeare

“Como vos agradar”, IV,1,80

Esta publicação é fruto das pesquisasarqueológicas desenvolvidas pelo ProjetoSALTMISA, convênio entre UNITINS, IAB e FURNAS,e tem por objetivo principal uma primeirareflexão sobre os resultados dos trabalhos desalvamento dos sítios arqueológicos resgatados,por toda extensão da área impactada pelostrabalhos de engenharia na construção da linhade transmissão Norte/Sul, Circuito, 500Kw,trecho de Miracema do Tocantins (TO) aSamambaia (DF) de responsabilidade de FurnasCentrais Elétricas.

Tal projeto proporcionou grandequantidade de dados, originados de coletas de

Palavra dos Editores

Em 1988, foi firmado um convênio científicoentre a Fundação Universidade do Tocantins(UNITINS) e as Centrais Elétricas do Norte do Brasil(ELETRONORTE).

Com recursos oriundos do ProjetoSALTIMINS, foi construída a primeira parte dolaboratório de arqueologia no Campus de PortoNacional (TO) da Universidade do Tocantins,garantindo assim a guarda do acervo arqueológicoresgatado e um local apropriado à análise einterpretação dos mesmos. Com o Projeto SALTMISAe SALTFENS, a ampliação foi planejada e construídoum anexo, aumentando a área e as dependências dolaboratório.

Com o crescimento das atividades de pesquisae para atender às exigências do IPHAN, a UNITINS

O NÚCLEO TOCANTINENSE DE ARQUEOLOGIA (NUTA) NESTE MOMENTO PUBLICA O

PRIMEIRO NÚMERO DA REVISTA DE DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA DENOMINADA ACOÉME (“ANTIGUIDADE” NA

LÍNGUA TUPI), DEDICADA À DIVULGAÇÃO DAS SUAS PESQUISAS ARQUEOLÓGICAS, NÃO ESQUECENDO AABORDAGEM DE TEMAS CORRELATOS COMO GEOGRAFIA, ANTROPOLOGIA, HISTÓRIA

E OUTROS DE INTERESSE DA PESQUISA CIENTÍFICA.

Breve HistóricoNúcleo Tocantinense de Arqueologia – NUTA

criou o Núcleo Tocantinense de Arqueologia (NUTA),em 22 de dezembro de 1999, por Instrução Normativan° 14/99, aproveitando o espaço físico do laboratóriode arqueologia, tendo como mentor e coordenadorgeral o arqueólogo professor Msc. Marcos AurélioCâmara Zimmermann.

O Núcleo de Arqueologia coordena, desenvolve,orienta e executa estudos e pesquisas em sua áreaespecífica, contando com o apoio técnico/científicodas áreas de Antropologia, História, Educação e dasCiências do Meio Ambiente (Geografia e Biologia),também oferecendo bolsas de iniciação científica aosalunos dos cursos de História, Geografia e Biologiada UNITINS.

Professor Msc. Marcos Aurélio Câmara Zimmermann

superfície e de trabalhos estratigráficos,efetuados nas diversas estruturas arqueológicasencontradas, além das informações resultantesda descrição e configuração geográfica espacial.

Este trabalho só foi possível mediante opatrocínio financeiro de Furnas CentraisElétricas, do Núcleo Tocantinense de Arqueologiae do Instituto de Arqueologia Brasileira, que vêmimplementando pesquisas arqueológicas noEstado do Tocantins.

Ainda que seja um início modesto, ele abrenovas perspectivas e inaugura uma nova etapa noconhecimento do passado da ocupação humananeste trecho tão peculiar do território nacional.

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PALAVRAS DOS EDITORES

Ondemar Dias (IAB)Marcos Zimmermann (NUTA)

BREVE HISTÓRICO

Núcleo Tocantinense de Arqueologia (NUTA)Marcos Zimmermann

ARTIGO

Ondemar Dias (IAB)Marcos Zimmermann (NUTA)Antonia Custódia (NUTA)Eunice Menestrino (NUTA)

PARTE I – SÍNTESE PRELIMINAR & BASES TEÓRICO METODOLÓGICAS

A – Introdução............................................................................................................1B – Análise do material coletado por FURNAS ..........................................................2C – Fase II – Salvamento Arqueológico ......................................................................4D – Fase III – Análise de Laboratório .......................................................................11E – Fase IV – Análise Interpretativa ..........................................................................11

PARTE II – RESULTADOS PRELIMINARES

A – Introdução .........................................................................................................17B – O meio ambiente ...............................................................................................18C – Pesquisas de campo ...........................................................................................20D – Resultados obtidos .............................................................................................21E – Conclusão ..........................................................................................................54F – Equipe Atuante e Responsabilidade.....................................................................57Agradecimentos .......................................................................................................59Bibliografia ...............................................................................................................61

DOCUMENTO

Instrução Normativa Nº 14/99 que cria o Núcleo Tocantinense de Arqueologia eestabelece seu regimento (Marcos Zimmermann)

NORMAS EDITORIAIS

ÍNDICE

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Pesquisas Arqueológicas noEstado do Tocantins Projeto SALTMISA

(Relatório Final)

Ondemar Dias (IAB)Marcos Zimmermann (NUTA)Antonia Custódia (NUTA)Eunice Menestrino (NUTA)

PARTE I – SÍNTESE PRELIMINAR &BASES TEÓRICO-METODOLÓGICAS

Neste texto são divulgados os primeirosresultados das pesquisas arqueológicas no Estadodo Tocantins alcançados por um dos projetosde salvamento arqueológico em andamento. Defato, desde 1998 foram iniciados projetos como objetivo de salvar sítios localizados ao longoda linha de transmissão de energia elétrica quecorta toda a área de norte a sul do Estado, desdeos limites com o Maranhão até as fronteiras comGoiás.

Como já foi exposto na parte inicial destapublicação, o Núcleo Tocantinense deArqueologia (NUTA) iniciou suas atividades naárea sob atuação da ELETRONORTE peloProjeto de Salvamento Arqueológico na Linhade Transmissão Norte-Sul (ProjetoSALTMINS), inteiramente sob suaresponsabilidade e se estendendo entreImperatriz, no Maranhão, e Miracema, noTocantins. Em seguida foi elaborado este projeto– Salvamento Arqueológico na Linha deTransmissão entre Miracema do Tocantins eSamambaia, Distrito Federal, no trecho sob açãode FURNAS – completando o restante doEstado. Desta forma, todo o circuito I, já emfuncionamento, teve os sítios arqueológicos

conhecidos escavados. Tal projeto foiestabelecido sob a responsabilidade do IAB,atuando em cooperação com a UNITINS, comodoravante passou a ocorrer em função doConvênio de Cooperação Científica celebradoentre as duas Instituições.

Em ambos, a etapa de levantamentoocorreu em função de pesquisas efetuadas pelosarqueólogos das próprias empresas citadas.Posteriormente se instalaram outros doisprojetos, em cooperação UNITINS/IAB: um aolongo do trecho da Ferrovia Norte-Sul(Programa SALTFENS, com a VALEC) e outroao longo do trecho da linha 2, que correráparalela ao circuito anterior (Projeto SALTTINS,com a Enelpower/NOVATRANS).

Na primeira parte deste texto é feita umapequena crônica histórica do ProjetoSALTMISA e são sumarizadas as bases teórico-metodológicas de todos os projetos, uma vez queeste é o primeiro dos quatro a ser divulgado,inaugurando a Revista do NUTA, ainda que osresultados já alcançados estejam longe dapretensão e dos objetivos expostos em taisbases. Isto se deve, sobretudo, por julgarmosser precipitada a divulgação das relações culturais

A - INTRODUÇÃO

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e das interpretações analíticas do material, já queos mesmos sítios pesquisados anteriormentepelos projetos SALTMISA e SALTIMINS estãosendo reabordados pelas equipes do ProjetoSALTTINS. Estão tendo especial atençãoaqueles cujas obras do novo circuito II atingemparte significativa do seu terreno, com oacréscimo de muito material lito-cerâmico, aoqual são somados novos dados provenientes desítios agora localizados, sejam em prospecçõescomplementares, sejam nos novoslevantamentos.

O SALTMISA foi um projeto depesquisas de salvamento em sítios previamentelocalizados pelos arqueólogos Marcelo PaivaGatti e Teresa Cristina de Borges Franco, quandodo levantamento do potencial arqueológico daárea impactada pela “linha 1” de transmissão deenergia elétrica a cargo de FURNAS CentraisElét ricas, no trecho entre Miracema e

A fase de levantamento emonitoramento arqueológico foi efetuada pelosarqueólogos de FURNAS Centrais Elétricas, queencaminharam o relatório à regional do IPHAN emfevereiro de 1999. Na ocasião foi exigida acomplementação dos trabalhos, tanto pela confecçãoda citada relação-inventário quanto pelasescavações de salvamento dos sítios entãolocalizados. Em função dessas exigências, FURNAScontatou a UNITINS e o IAB para contratar osserviços de ambas as Instituições, em conjunto.

As conversações se estenderam porcerca de um ano, entre os meses finais de 1999 e2000, e o contrato foi assinado entre FURNAS eIAB em setembro de 2000. Por sua vez, o IAB, emabril do mesmo ano, havia assinado Convênio deCooperação Científica com a UNITINS para acriação de um instrumento efetivo de atuaçãoconjunta.

Os trabalhos relacionados à primeirafase do contrato, com as análises laboratoriais domaterial, tiveram seu início em novembro de 2000 e

Palmeirópolis, no Tocantins (não foramlocalizados sítios no trecho entre aquela últimalocalidade e Samambaia - DF).

Apesar de ser um projeto integrado deatuação, ele foi organizado em sucessivas fasesde trabalho. A inicial foi voltada para a análisedo material recolhido durante os trabalhosanteriores; a segunda, dedicada aos trabalhos desalvamento em campo, com a escavação dossítios localizados na fase anterior; a terceira,voltada para a análise do material recolhidodurante o salvamento, e, a última, deinterpretação dos dados gerais, elaboração dorelatório final e divulgação.

Está previsto, também, o aproveitamentode uma parte do acervo recolhido nas etapas decampo como elemento didático e pedagógicopelos alunos da UNITINS, desde quepermaneça nas instalações do NúcleoTocantinense de Arqueologia.

B - ANÁLISE DO MATERIAL COLETADO POR FURNAS

se estenderam até janeiro do ano seguinte, ficandoestabelecido que a fase de salvamento, com aabordagem dos 19 sítios, seria iniciada apenas apósa autorização legal concedida pelo IPHAN.

A primeira fase de análise foi destinadaexclusivamente à classificação do material (artefatoscerâmicos, líticos, ósseos, malacológicos etc),identificação de seus percentuais em relação aomaterial não trabalhado pelo homem – desde quepresentes nas coleções analisadas dos 19 sítioscitados – e à elaboração da relação-inventário daqual, uma vez encaminhada ao IPHAN, constavamas ocorrências de tais classes em cada sítio, setores,níveis e camadas estratigráficas, quando haviam.

Ficou também estabelecido o uso dosistema de registro de laboratório da UNITINS, naidentificação dos artefatos e peças arqueológicas –sistema numeral – que orienta a localização dos sítiosna citada relação. Tais análises se desenvolveram nasinstalações do NUTA, na cidade de Porto Nacional,logo que o material recolhido anteriormente foi levadopara o local pelos arqueólogos de FURNAS.

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Os métodos de análise foram ostradicionalmente empregados e experimentados, aolongo dos anos, pelas equipes do IAB. Em relação àcerâmica, foram utilizados os princípios propostosinicialmente por Shepard (1966), e posteriormentedesenvolvidos por autores diversos, como Rye(1981), por exemplo. Para as análises teóricas erelacionais dos dados tecnológicos obtidos destaforma foram empregados tanto os métodospropostos por Ford (1962), posteriormenteaperfeiçoado, entre outros, por Evans & Meggers(1967, com tradução brasileira alguns anos depois),quanto aqueles defendidos por Bussad (et alii,1990)e Bellido (et alii,) em Latini (1998). Em relação àterminologia empregada, segue-se a aprovada pelouso, constante de Brochado (et alii, 1966), com asmodificações introduzidas ao longo dos anos e já dedomínio público.

O material lítico foi estudado segundoas propostas terminológicas e analíticas de Empe-raire (et alii, 1966); Semenov (1973) e de Schick &Toth, (1993). Metodologicamente, e de acordo comas perspectivas melhor aplicáveis para o material, tem-se como base as posições teóricas de MichaelCollins, (1992) e de Lubreras, (1984), entre outros.

Caso existissem artefatos ósseos,seriam estudados segundo as recomendações domanual de Hesse & Wapnish (1985) e,complementarmente, os esquemas interpretativosexpostos por Hudson (ed. 1993).

A cerâmica foi classificada segundo ascategorias básicas de identificação, sendo separadapreliminarmente pelo tratamento das superfícies,como“simples” (quando as faces do vasilhame são

C – FASE II – SALVAMENTO ARQUEOLÓGICO

apenas alisadas, em grau variado, de forma a tornar-se menos porosa), e como “decorada”, quando aspeças recebem algum tipo de tratamento para finstecnológicos (como o corrugado, por exemplo) ouestéticos (como a pintura). Os tipos decorados foramagrupados segundo a tecnologia decorativa, em“plásticos” e “pintados”.

As características tecnológicas defabricação também foram observadas e registradas,incluindo dados sobre pasta, sistemas de produção,queima, resistência e coesão do material. Sempreque necessário, foi também procedida a análise doscomponentes percentuais da pasta, observando-seas variáveis das argilas e dos temperos ouantiplásticos existentes. O estudo dos tratamentos desuperfície, decoração e morfologia do vasilhamecompletou a análise.

O mesmo procedimento foi tomado noque diz respeito aos artefatos líticos, pela identificaçãodas grandes categorias expressas na tipologia domaterial, seja pelo tratamento das superfícies, sejapela tecnologia de produção e também completopelas análises morfológicas e/ou funcionais, sempreque possível.

Na primeira fase o objetivo foi constituira lista-inventário, exigida pela legislação, com oregistro das características gerais do material recolhidonos sítios e que não consta deste texto por ter sidoencaminhada juntamente com o relatório competentee, ainda, por não se considerar pertinente suadivulgação por se tratar de documento para uso doIPHAN.

Para cada um deles, ademais, foi feitauma descrição básica do seu acervo arqueológicoinventariado.

Desses, treze são lito-cerâmicos, trêssomente cerâmicos e três têm exclusivamente materiallítico. A profundidade máxima referenciada é de 70centímetros e a área de concentração bastantevariável.

Detalhamento complementar, que não cabeaqui, pode ser encontrado no relatório citado, nasfichas de cadastro e no mapa de localizaçãotopográfica de autoria daqueles pesquisadores.

1. Justificativas

De acordo com o Relatório do Programade Preservação do Patrimônio Arqueológico, defevereiro de 1999, assinado pelos arqueólogosMarcelo Paiva Gatti e Teresa Cristina de BorgesFranco, foram localizados 20 sítios arqueológicos quese constituem motivo desse projeto.

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2. Objetivos do salvamento

Por considerar que a etapa de localizaçãoe prospecção dos sítios se encontravaconcluída, o Projeto SALTIMISA partiu,desde logo, para a execução dos trabalhos desalvamento em campo propriamente dito, cujosobjetivos foram:

2.1- Caracterizar de forma mais completa oscomponentes espaciais dos sítios –para tanto foram executadas, a partirde cada um deles, diversas tradagensao longo das áreas referidas naquelerelatório – e prospecções ao longo dalinha e na largura da faixa de servidãodas torres, de forma a melhor visualizara inserção ambiental e estabelecer suasrelações com o meio.

2.2- Caracterizar o s componentescronológico-estratigráficos – com aabertura de cortes estratigráficos dedimensões variáveis, com o objetivo dealcançar as camadas-bases de cadaum.

2.3- Complementar as coletas do materialcultural, para caracter izar asocupações humanas dos diversos sítiosao longo do tempo.

3. Metodologia de campo

3.1 - Técnicas de abordagem

Foram ut ilizadas as técnicas de

prospecção e escavação arqueológicas hámuitos anos praticada pela equipe do IAB emais recentemente pela UNITINS.

Ao entender que cada sítio registra,como um arquivo, as experiências e asatividades do grupo humano que o habitou (e,neste sentido, o construiu), através daescavação procura-se não só entender taisprocessos de vida como construir uma imagemde tais experiências e atividades codificadasno acervo material preservado.

As técnicas de escavação arqueológicacomeçaram a ser desenvolvidas ainda noséculo XVIII, ligadas às atividades de resgatede antigüidades históricas na Europa. Desdeentão, e ao longo de todo o tempo, foram setornando cada vez mais complexas edetalhadas, beneficiando-se dos avançostecnológicos. No entanto, nunca se afastou deseu escopo principal, que é permitir aconstrução de idéias, esquemas e visualizaçõesda trajetória do homem, em especial, mas nãoexclusivamente, nos seus aspectos culturais.

No Brasil, desde o início se impôs aperspectiva francesa de abordagem, detalhistae pontual, que privilegia a visão histórica eprocessual, e que foi defendida, entre outros,por Annette Emperaire – a qual nos deixouuma escola de atuação eficiente e decomprovada competência.

Esta abordagem foi posteriormenteenriquecida com as perspectivas propostas porBetty Meggers e Clifford Evans, próceres dachamada “escola americana”, que privilegia ocontexto, a visão geral e as análises de caráterantropológico. Tal “escola” também criouequipes de excelentes profissionais que atéhoje ajudam a construir a arqueologiabrasileira.

Ainda que tais “escolas” difiram quantoàs técnicas de abordagem e até mesmo quantoaos processos metodológicos (se a primeiraparte do particular para o geral, a segundaprega exat amente o contrário) , suasperspectivas não se antagonizam, mas secomplementam, como vêm demonstrando osarqueólogos brasileiros que desenvolveram

No geral, portanto, pode-seconsiderar concluída a etapa preliminarde levantamento e caracterização dossít ios. Tornou-se, no entanto,necessária a sua reabordagem, tendoem vista as seguintes metas :

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simbióticamente uma maneira própria ecoerente de atuação ao longo dos anos.

Nós mesmos, há algum t empo,divulgamos nossa experiência em trabalhos dogênero, defendendo uma perspectiva integra-da de atuação e que desde então serve deparâmetro para as pesquisas do Instituto deArqueologia Brasileira (Dias Junior: 1972) eque orientou estas pesquisas de campo.

Para tanto, após a caracterizaçãotopográfica do sítio e sua inserção espacial,com a elaboração das plantas individuais e doentorno, procede-se à coleta de superfície emtoda a zona de influência de cada sítio.

A segunda etapa consiste em suasetorização, ou seja, divisão de sua superfícieem áreas de dimensões variadas, de acordocom suas características, de forma que cadasetor seja identificado por uma sigla nãorepetida, que localiza no espaço cadacomponente estrutural do mesmo, assim comoo material coletado.

Uma terceira etapa prevê a tradagem– em número variado – dessas mesmas áreas,cujo objetivo é determinar a profundidade dossolos arqueológicos, a dispersão do materialcultural e, conseqüentemente, da ocupaçãohumana. Tecnicamente, a tradagem é adptadaàs características topográficas de cada sítio,podendo ser aleatória, em termos gráficos (porexemplo, seguindo as curvas de um cursod’água), simétrica (quando utiliza comoreferência um acidente da natureza, como acurva de nível, ou artificial, como uma estrada),ou em rede (sistema de linhas cruzadas,círculos concêntricos, esquemas radiais etc),que foi aquela preferencialmente utilizada pelaequipe de campo.

A partir dos dados coletados, foramescolhidas as áreas mais propícias para a coletaestratigráfica do material, abrindo-se entãocorte(s) cujas dimensões mínimas são dequatro metros quadrados, em um ou maispontos do sítio. Se necessário, em função dasevidências que surgirem, é procedida aescavação de áreas amplas para determinaçãode estruturas habitacionais e/ou cerimoniais, oque, infelizmente, não ocorreu.

3.2 - Técnicas de escavação

Para a escavação, considerando-se osdados obtidos no relatório, foi utilizada adecapagem por níveis artificiais de 10 centímetros,seguindo-se sempre, no entanto, as camadasnaturais do solo. Desta forma, em decorrência damudança da camada, é possível interromper umnível ou concluí-lo, com espessura menor do queaquela metricamente estipulada, por exemplo.

Ainda em campo, o material recolhido foisempre identificado e embalado em separado deacordo com a sua classe – cerâmico, lítico, ósseo,malacológico, etc, sendo que cada embalagemrecebeu etiqueta identificadora interna e externa.

Todas as evidências foram coletadas, nãosendo feita seleção no campo, evitando-se, noentanto, recolher material não-cultural. Na dúvidatodo ele foi recolhido.

A princípio todo sedimento de cada cortee de cada nível foi peneirado, o que só não ocorreuem casos em que as evidências ou sedimentosdemonstraram não ser necessário tal cuidado.

Sempre que possível – e desde que omaterial o tenha permitido – procedeu-se à limpezado material em campo.

Foram documentadas em campo todas asevidências, tanto a estrutura vertical de cada um(estratigrafia de cada corte), quanto as horizontais(estruturas domésticas, funcionais, técnicas oucerimoniais, etc), em desenho, fotos e vídeo.

Amostras de carvões foram tambémrecolhidos para datação de C-14. Para algumasdestas, o IAB já dispõe de crédito junto aoSmithsonian Institution, e outras poderão serefetuadas em outros laboratórios. São recolhidossedimentos tanto para fins geomorfológicos quantocomo elemento de apoio para a datação portermoluminescência.

Uma vez que tais trabalhos foramexecutados sob as torres de alta tensão – e deacordo com recomendações explícitas dacompanhia, que não permite trânsito sob os fios –só puderam ser concretizados durante a seca ounos maiores intervalos entre pancadas de chuva.Por esta razão foram previstos para seremexecutados e concluídos em um prazo de trêsmeses de campo.

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4. Área de atuação

A “área de atuação” do ProjetoSALTMISA estendeu-se pela linha detransmissão de energia entre os municípios deMiracema do Tocantins e Palmeirópolis noEstado do Tocantins, nas fronteiras domunicípio goiano de Minaçu, em especialsobre a faixa de terreno ocupada pelas torresestabelecidas por FURNAS e nas terraslaterais das mesmas, conhecida como “Faixade Serventia”. Como os sít ios já se encont ramcadastrados pela equipe de FURNAS, ànossa equipe compet indo somente acomplementação dos dados, foi possívelprospeccionar as zonas de entorno paramelhor caracterizar a inserção ambiental de

cada um. Em um caso foi possível associaruma nova área a um sítio conhecido (SítioPalmeirópolis II).

5. Organização da pesquisa decampo

Organizamos, preliminarmente, ost rabalhos de salvamento para seremdesenvolvidos a partir da abordagem doponto extremo da linha de ocorrência, emdireção ao ponto mais próximo dasinstalações da UNITINS, em Porto Nacional.Começou-se, então, escavando os sítios domunicípio de Miracema, terminando noslocalizados em Palmeirópolis. A pesquisa sedesenvolveu segundo o esquema demonstradona próxima página:

Revista Acoéme -Núcleo Tocantinense de Arqueologia - Número 1 - Ano 1

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Sítios arqueológicos localizados na área de extensão da linha detransmissão do Projeto SALTMISA

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Município de Miracema do Tocantins

1.Vão entre as torres 99/98, atuais 101/100Sítio MiracemaSítio de superfície e com ocupação até 90 cm deprofundidadeMaterial coletado: lítico e cerâmico

Município de Pugmil

2. 17. Sítio Torre 220, atual 222Sítio SudanSuperfície e camada arqueológica com 90 cmde profundidadeMaterial coletado: lítico e cerâmico

3. Sítio Torre 271, atual 273Sítio MiroróSuperfície e camada ocupacional com até 70 cmde profundidadeMaterial coletado: lítico e cerâmico

Município de Santa Rita

4. Sítio Torre 417, atual 421Sítio Santa Rita ICamada ocupacional de 60 cm de espessuraMaterial coletado: lítico e cerâmico

5. Sítio Torre 419, atual 423Sítio Santa Rita IISuperfície e camada ocupacional de 10 cm deprofundidadeMaterial coletado: exclusivamente lítico

6. Sítio Torre 426, atual 430Sítio Santa Rita IIISuperfície e camada ocupacional de 50 cm deespessuraMaterial coletado: lítico e cerâmico

Município de Crixás

7. Sítio acesso à Torre 427, atual 431Sítio CrixásSítio com material entre 10 cm e 90 cm deprofundidade

Material coletado: exclusivamente lítico

Município de Aliança do Tocantins

8. Sítio Torre 489, atual 493Sítio Aliança ISítio com camada ocupacional de 40 cm deespessuraMaterial coletado: exclusivamente cerâmico

9. Sítio Torre 525, atual 530Sítio Aliança IISuperfície e camada ocupacional de 40 cm deprofundidadeMaterial coletado: lítico e cerâmico

10. Sítio Torre 531Sítio Aliança IIISítio superficialMaterial coletado: lítico e cerâmico

Município de Gurupi

11. Vão das torres 570/571, atuais 575/576Sítio Gurupi ISítio de superfície e camada de ocupação até 50cm de profundidadeMaterial coletado: lítico e cerâmico

12. Sítio Torre 582, atual 587Sítio Gurupi IIMaterial arqueológico da Superfície até 270 cmde profundidadeMaterial coletado: exclusivamente lítico

13. Vão entre as torres 588/589, atuais 593/594Sítio Gurupi IIISuperfície e até 50 cm de profundidadeMaterial coletado: exclusivamente cerâmico

14. Sítio Torre 591, atual 596Sítio Gurupi IVDos 10 cm aos 40 cm de profundidadeMaterial coletado: exclusivamente cerâmico

Município de Jaú do Tocantins

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15. Sítio Torre 213, atual 216Sítio JaúDa Superfície até os 60 cm de profundidadeMaterial coletado: lítico e cerâmico

Município de Palmeirópolis

16. Sítio Torre 373, atual 383Sítio Palmeirópolis ICamada ocupacional dos 10 cm aos 210 cm deprofundidadeMaterial coletado: lítico e cerâmico

17. Sítio Torre 374, atual 384 e 385

Sítio Palmeirópolis II A e BSuperfície até 60 cm de profundidadeMaterial coletado: lítico e cerâmico

18. Sítio Torre 407, atual 417Sítio Palmeirópolis IIISuperfície e camada ocupacional com 70 cm deespessuraMaterial coletado: lítico e cerâmico

19. Sítio Torre 440, atual 450Sítio Palmeirópolis IVDa superfície aos 100 cm de profundidadeMaterial coletado: lítico e cerâmico

D - FASE III – ANÁLISE DE LABORATÓRIO

Os trabalhos de laboratório sedestinaram a satisfazer as exigências da Portaria07/88 do IPHAN, com a elaboração da“Relação-Inventário” do material recolhido e aidentificar suas características técnicas emorfológicas. Inicialmente foi feita a comparação

com aquele recolhido durante a fase delevantamento e, dentro da quarta fase do projeto,estabelecer suas relações com outros acervos járecolhidos pelas equipes que atuaram no Estadoanteriormente.

Foi utilizada a mesma metodologiadescrita em relação à primeira fase deste projeto.

E - FASE IV – ANÁLISE INTERPRETATIVA

1 – Aspectos gerais

Na pesquisa arqueológica comum, ahipótese de trabalho costuma constituir o primeiropasso dos projetos, desde que, em geral, tenhacomo objetivo levantar questões, colocarproblemas e colaborar para o esclarecimento docontexto espaço-temporal da ocupação humanade um determinado lugar. Tal fato constitui aschamadas “bases teórico-metodológicas”. NaArqueologia de Salvamento (ou Contratual),entretanto, em que os objetivos primários sãooutros, tais bases se organizam – no campoteórico, bem entendido – em um momentoposterior, e a partir dos elementos salvos dadestruição, de forma que é em torno deles queos esquemas interpretativos são estabelecidos.

Isto não impede, no entanto, que em seusaspectos gerais tais bases sejam expostas ediscutidas, desde que seja – de fato – impossíveltrabalhar sem elas, ainda que não explicitadas.

Desta forma, podemos colocá-las emdois níveis. Um, nos seus aspectos gerais eorientadores da pesquisa; o outro, no que dizrespeito aos possíveis problemas a seremlevantados pelo acervo que será interpretado.

2 – Bases teórico-metodológicas

Durante muito tempo os arqueólogos sepreocuparam em esquematizar e descrever,identificando e detalhando ao máximo ascaracterísticas do acervo preservado na culturamaterial dos grupos humanos estudados. Tal

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etapa ficou conhecida como “fase histórico-culturalista” e se constituiu em uma das basessobre a qual a arqueologia foi construída emmuitas partes do mundo. No Brasil,paradoxalmente, ainda que a maioria dos atuaispesquisadores seja taxada como seguidora detal corrente – e às vezes chamada de“arqueografia” – carecemos, e muito, de taiscritérios e descrições, únicas em que podemosnos apoiar para estabelecer conexões culturais ecomparações necessárias.

Desta forma, ainda que não possamosmais aceitar ser este o objetivo da pesquisa, adescrição do material recolhido deve ser um dosobjetos básicos de todos os trabalhos, de formaa fornecer aos demais especialistas os principaisdetalhes do material analisado. Esta preocupaçãoé um dos objetivos do nosso trabalho.

Assim, uma vez que os sítios foramprospeccionados por outros mas escavados pornós, ocorreu um aumento significativo de materialque se somou àquele anteriormente exumado efoi, por sua vez, analisado. A abordagemcompleta, com todas as análises e a descriçãodo material em seus detalhes de importância,compõe parte deste texto.

O fato de que estas listas edescrições, ainda que básicas, não se constituammais o objetivo da pesquisa, se deve àscontribuições da chamada “Nova Arqueologia”surgida na década de 60 do século XX, quetrouxe para nossa ciência uma série de novasabordagens e perspectivas. Muitas delas,inclusive, eram oriundas da visão antropológica,como a valorização das funções dos objetos (jáproposta desde a década de 40 por Taylor,1948), a visão sistêmica da cultura, a importânciado ambiente no processo cultural e ascontribuições da perspectiva neo-evolucionista.

Destacam-se as contribuições de Willey ePhillips, (1958), entre outras – com ênfase noprocesso evolutivo – as de Binford, (1968),destacando os aspectos adaptativos da cultura;ou ainda a visão de “mudança e continuidade”no processo cultural, como em Griffin e seusseguidores (como Charles Cleland, 1976, porexemplo). A perspectiva processual pode ser

bem acompanhada em sua evolução pelostrabalhos de Kent Flannery (1972).

Sem dúvida, uma das mais importantescontribuições da “Nova Arqueologia” é a quedestaca a integração do homem com a natureza,considerando a cultura como o processoadaptativo tipicamente humano. Binford, porexemplo, definia a cultura como um sistema quenão depende das suas funções genéticas ousomáticas, que serve “para adaptar indivíduose grupos aos seus ambientes” (op.cit, 1968:323). Uma boa síntese das perspectivasdominantes na época pode ser encontrada emSmith, (1972).

Betty Meggers, considerada uma dascriadoras da chamada “ecologia cultural”compartilha dessa visão, definindo a culturasegundo o mesmo conceito (1982).

Destacamos que, no Brasil, ascontribuições da Dra. Betty Meggers são deinestimável valor, ainda que muita vezes malcompreendidas e pessimamente interpretadas,alguns chegando ao cúmulo de denominá-la como“determinista ambiental”. Na verdade, e muitopelo contrário, os estudos da “ecologia cultural”demonstram que não existem determinismos deespécie alguma e sim uma interação entre ohomem, um ser natural, e o meio que o cerca.Em outras palavras, muito diferentemente dosgeógrafos deterministas dos anos 40 – quedefendiam, eles sim, a perspectiva segundo a qualo meio determina o comportamento humano – etambém dos “culturalistas” extremados dadécada seguinte, que propugnavam o contrário,aquela corrente defendia (e continua defendendo)uma perspectiva dialética em que homem enatureza se integram e complementam, sópodendo ser entendidos um em relação ao outro.

Compartilhamos, em grande parte, dessaperspectiva e a integramos em nossos trabalhose bases teóricas de atuação, defendendo anecessidade do estudo do ambiente em que seencaixam os sítios, visto também em sua dinâmicatemporal, isto é, segundo o olhar do geo-cientista.Ainda que ele – o meio – não determine oscomportamentos culturais, sendo a tecnologia osistema do qual se vale o homem para nele no

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interferir (desde que é ela a dinamização de umdos seus sentidos ou atributos), só podemosentender as características culturais de qualquergrupo humano compreendendo suasnecessidades, relações ambientais, contatos comhomens de outras sociedades e inter-relaçõescom pessoas do mesmo grupo. Mesmo que estavisão amplie consideravelmente a proposiçãoinicial da ecologia cultural, trata-se somente deuma dinamização do seu conteúdo básico e umaadaptação às novas idéias e proposições surgidasposteriormente.

Com a introdução da teoria dossistemas nos estudos arqueológicos tornou-secostumeira a reconstituição da organização socialdos grupos estudados, sobretudo a partir dosdados que expressam os mecanismoseconômicos (adaptativos) de produção. Nesteaspecto foram os pesquisadores fortementeinfluenciados pelas teorias marxistas, mesmo poraqueles que não aceitam a possibilidade daexistência de lutas de classe dentro de sociedadesdo tipo tribal, onde tais segmentos sociais nãoexistem (pois a existência de classes implica emorganizações mais complexas do que as quepredominaram na pré-história do nosso país, porexemplo).

Um dos apoios mais conhecidos daarqueologia processual é o constituído pelosestudos de etno-arqueologia, quando se procura(segundo o velho método comparativo ouetnográfico) encontrar nas populações“primitivas” atuais, resíduos de comportamentoscomparáveis com os que se supõe estaremexpressos no acervo arqueológico resgatado.Apesar de todo o perigo que tal prática podeacarretar, em nosso país esta perspectiva temcolhido bons resultados, sobretudo porque épossível estabelecer certa continuidadeobservável entre os elementos arqueológicos eas descrições etnográficas e mesmo históricas.Betty Meggers, por exemplo, em inúmeros casosvem se utilizando desse último tipo de observaçãopara melhor entender os restos exumados eorganizar esquemas interpretativos válidos (op.cit:por exemplo).

A cautela necessária é sempre

observada e recomendável, sobretudo emrelação às diferenças cronológicas e às derivascomportamentais. Ainda que possa ser de menorvalia em relação às questões históricas, talexercício tem se mostrado útil no que diz respeitoaos aspectos sociais de longa duração. Esta é arazão pela qual incluímos em nossa equipe umprofissional responsável pelos estudos etno-históricos da área afetada pelos trabalhos empauta.

Em relação à contribuição daarqueologia marxista, foi (e é) de considerávelprofundidade em relação à necessidade de umamelhor compreensão tanto a respeito da tensãointerna organizadora das sociedades, quanto àênfase nos aspectos ideológicos (ou mentais) queperpassam seus “modos de produção” oumesmo seus “padrões adaptativos”. Ainda quede difícil prática, na verdade tais proposiçõesdinamizaram os conceitos funcionalistasanteriores, em que se procurava enfatizar até queponto o “mundo das idéias” se expressa e semanifesta no conjunto de atividades cotidianasque, afinal, acabam por constituir o sítioarqueológico.

A “Nova Arqueologia” – que tambémficou conhecida como “ArqueologiaProcessual” – foi criticada, sobretudo, pelo fatode alguns de seus defensores terem procuradoencontrar referenciais gerais e de longa duração,algo que se aproxima do conceito de “leiuniversal” defendido pelos evolucionistas. Aindaque não sejam do nosso interesse tais postulados,mantemos dela a perspectiva de que o processo,como um “todo”, é expresso por suas “partes”constitutivas. Em outras palavras, que existe umtal grau de profunda intimidade em todo equalquer aspecto da cultura humana, que cadauma de suas “partes”, na verdade, contém otodo, não podendo ser bem entendida sem ele.Da arqueologia processual chegamos àsperspectivas integracionistas da “Teoria doComplexo”.

Antes, no entanto, é necessárioreferenciar as perspectivas pós-processuais, queconstituem a chamada “ArqueologiaContextual”. Sua principal contribuição reside

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no fato de apontar a dificuldade de serem aceitascomo válidas aquelas leis gerais,independentemente do local e da época em queatuam. Assim, num retorno às posições histórico-culturalistas do início do século XX (sobretudodefendidas por Franz Boas), é reforçada anecessidade de ênfase nos processos locais eparticularizadores da cultura. Por outro lado,coloca também problemas em relação àfuncionalidade, seja de órgãos, instituições ouartefatos (sempre um item aberto à contestação)pelo fato de ser ela dificilmente comprovável(mesmo através de exemplos etnográficos). Estacorrente também enfatiza a pressão de que asidéias tradicionais – socialmente aceitas etransmitidas através das gerações – exerce nasmanifestações materiais da cultura, mesmo emépocas e locais em que não apresentam maisfunções ou razões de ordem econômica.Destacamos como um contributo de importânciasua perspectiva de que mesmo elementosmateriais aparentemente funcionais (como acerâmica corrugada, por exemplo) podemsimplesmente significar um identificador culturalsem função utilitária visível, cujo objetivo éressaltar a unidade de um grupo, família ouquaisquer outras (micro ou macro) divisõessociais.

Até certo ponto, vimos incorporandomuito das suas contribuições aos nossosesquemas interpretativos, sem termos quenecessariamente abandonar esquemasexplicativos anteriores, que não as contradizem,por seguirem válidos e úteis para melhorcompreensão do contexto.

Um bom sumário das suasperspectivas pode ser encontrado no livro dePreucel & Hodder, (1996).

As perspectivas abertas pela “Teoriado Complexo” são também de caráter muitointeressante, pois apesar de terem como baseprincípios muito generalizadores, são organizadasem torno de experiências não programadas, oucuja programação teve por objetivo finscompletamente diferentes, a que foramsubmetidos, computadas em diversasuniversidades americanas. Trata-se, na verdade,

de uma dinamização da “Teoria do Caos”,postulada nas últimas décadas do século XX eque revolucionou a interpretação dos mecanismosda natureza, agora aplicada aos estudos dasciências sociais.

Dela destacamos a consciência deque há na natureza um tal grau de integração emtodas as suas manifestações que é possívelconhecer, ou esperar, certos comportamentos oumanifestações, mesmo em sistemas não lineares(e portanto não previsíveis) como a História,apesar de todas as possíveis e infinitas variáveisa que estão sujeitos. Ainda que em fase deexperiência, temos ousado colocar em práticaalguns dos seus conceitos, em especial a idéiade que sendo a realidade integrada, quaisquerdas suas manifestações também o são, incluindoos locais que testemunham e preservam aexperiência de vida de milhares de pessoas aolongo do tempo.

Armados, portanto, com os conceitosque vimos acumulando ao longo de toda umavida de pesquisa e de experiênciascompartilhadas com inúmeros companheiros,formamos um corpo teórico que, apesar de estarlonge de ser particular ou inovador, constitui umasólida base de atuação e que já produziu umconsiderável universo de contribuições paramelhor compreensão do passado pré-históricoem nosso país.

Em relação ao segundo nível teórico,este mais vinculado ao manuseio das informaçõesobtidas pela análise arqueológica, podemosresumir os procedimentos básicos aos quaissubmetemos os dados na busca por um quadroreferencial que espelhe alguma coisa de sólido arespeito do passado humano da área e as relaçõesdos grupos humanos reconstituídos, seja com omeio circundante, seja com outras sociedades,ou ainda em sua dinâmica interna.

Tais estudos são efetuados a partir decada sítio, incluindo todas as evidências – dosartefatos às estruturas – considerando-se cadaum como uma unidade arqueológica que tantopode estar vinculada a uma única expressãocultural (mesmo que tenha reocupado o sítioinúmeras vezes) ou a diversas, desde que traços

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evidenciem diferentes ocupações.A comparação e os dados percentuais

obtidos pelas análises quantitativas das classesde material dos diversos sítios permitem aidentificação de unidades maiores que agrupamtais expressões pelas suas similaridades. A análisedesses conjuntos, por seu turno, estabelecerelações espaciais e inter-sociais, seja entre sítiosocupados pelo mesmo grupo, seja entre gruposdistintos.

Podemos entender que os sítios (oumesmo suas parcelas verticais, estratigráficas, ouhorizontais, espaciais) que compartilhammanifestações culturais semelhantes relacionaram-se entre si e com o meio através de processosmentais similares. Estes, ou mesmo complexosde absorção e intervenção na natureza, semanifestados de forma material semelhante semdúvida espelham valores e conceitos repetidos eaceitos pelos grupos – portanto tradicionais. A“tradição” é, assim, um elemento de longaduração que orienta as respostas culturais àsquestões da vida comum e que se reflete naspreferências manifestadas na escolha dos locaisde ocupação, formas de produção econômica,relações sociais, práticas cerimoniais etc.

Como tais normas tendem a variar, mesmoque de forma quase imperceptível ao longo dotempo – seja pelas pressões do ambiente,contatos intergrupais, difusão de novas idéias oudescobertas – é possível determinar algumasdessas mudanças ou modificações que tambémse expressam no acervo, caracterizandomomentos ou fases culturais peculiares. Mesmoque não alterem as tradições, servem paraexprimir seqüências específicas e identificadoras

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de caráter cronológico ou conjuntural.Uma vez de posse de tais dados, pode-se

estabelecer vínculos de ligação do acervoexumado e dos padrões assim constituídos comos localizados nas regiões próximas e jáestudados, que ocupam tanto o território dosatuais estados do Tocantins, Goiás e Maranhão,quanto com os localizados em áreas maisdistantes. Assim, além de caracterizar os padrõesculturais e as soluções culturais integrantes daregião abordada, é possível comparar taissistemas com aqueles já estudados, seja para aAmazônia, seja para o Centro-Oeste brasileiro.

De imediato, a equipe se encontraenvolvida por uma questão que, sem dúvida, setentará responder adiante: até que ponto aseparação do atual Estado do Tocantins doanterior território goiano se justifica por questõesde relacionamento e adaptação ambiental,passíveis de constatação desde a antigaocupação indígena local. Os acervos – orecolhido na porção mais meridional do Estadopelas equipes de FURNAS, mais o exumadodurante a fase de salvamento, comparados como recolhido em Goiás – e as amostras jáexistentes no Tocantins coletadas mais ao nortena mesma linha de transmissão, ajudaram, aindaque parcialmente, ao esclarecimento da questãoque se nos configura de real importância: oambiente do Estado do Tocantins e sua ocupaçãohumana no passado pré-histórico, colonial e atualestá mais ligada aos padrões amazônicos dereferência e modo de vida, ou àquelespreponderantes no Brasil central? E, se for umazona de transição, onde (ou até que local) cadaum destes conjuntos se fazem mais presentes?

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PARTE II – RESULTADOS PRELIMINARES

A - INTRODUÇÃO

As pesquisas de campo do ProjetoSALTMISA, conforme previsto no planejamen-to, se efetivaram após a conclusão da fase 1,isto é, da análise do material recolhido em cam-po pela equipe de FURNAS Centrais Elétricas,responsável pela localização e levantamento ar-queológico de todo o território atingido pelasobras de implantação das torres de transmissãode energia elétrica entre Imperatriz, noMaranhão, e Samambaia, no Distrito Federal.Uma vez que no trecho após Palmeirópolis, nafronteira entre os estados do Tocantins e Goiás,em todo o território goiano até Samambaia nãofoi registrado um único sítio arqueológico naquelaetapa, todo o material então recolhido ficou res-trito à área entre Imperatriz e Palmeirópolis, com

destaque ao acervo tocantinense. O relatóriocompetente foi encaminhado ao IPHAN e àFURNAS, acompanhado das fichas de registrodos sítios e do pedido de autorização para quefossem procedidas as necessárias atividades deescavação ou salvamento, e cuja licença foi con-cedida em meados de 2001.

Uma vez liberada a verba pertinente, aequipe do IAB/NUTA deu início às pesquisasde campo a partir da segunda quinzena de julho,durando os três meses previstos. Todos os sítiosque integravam o planejamento submetido aoIPHAN foram pesquisados a contento, logran-do-se, ainda, localizar uma ocorrência nova, aárea B do sítio Palmeirópolis II, no município domesmo nome.

B - O MEIO AMBIENTE

1. Objetivos e métodos da pesquisa

Com o objetivo de entender o meioambiente dos sítios arqueológicos existentes notrecho compreendido pelo Projeto SALTMISA,a pesquisa procurou avaliar e descrever o meiofísico-geográfico a partir de dados levantados nasáreas específicas dos municípios do Estado doTocantins onde os sítios estão localizados.

Os dados foram coletados através deentrevistas semi-estruturadas, aplicadas aosmoradores próximos aos sítios em visitas a todosos locais, através da observação livre e análisedocumental e bibliográfica existente.

A metodologia utilizada assume, assim, umcaráter descritivo por se entender que o relatóriodiagnóstico envolve a descrição de dados,registros, observações e análises de fatos evariáveis.

Assim entendido, as condições ambientais como o solo, relevo edisponibilidade de recursos hídricos, entre outros elementos naturais e fatores de ordemantrópica, são temas geradores de informações que possibilitam o entendimento eintegram as investigações que estão em andamento sobre os sítios arqueológicos detodo o Estado do Tocantins, entendidos como vestígios materiais deixados pelaspopulações pré-coloniais que ocupavam o território em épocas remotas.

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2. Aspectos fisiográficos da regiãodo projeto

Para o conhecimento ambiental de umaunidade de paisagem é preciso caracterizar suagênese, constituição física, tipo de vegetação erede de drenagem. Obtemos essas informaçõesatravés da geologia, geomorfologia, pedologia,fitogeografia, hidrografia e climatologia. É atravésda integração desses elementos naturais e pelaanálise das ações antrópicas que entendemos asmudanças e os processos ocorridos no ambiente.

Sob o aspecto fisiográfico, as paisagensdos municípios ou região dos sítios arqueológicosapresentam-se, de um modo geral, com asseguintes características.

2.1 – Cobertura vegetal

Os contextos regionais dos municípiosonde estão inseridos os sítios arqueológicos sãocaracterizados pela vegetação de cerrado.Predomina a savana arbórea aberta com e semfloresta de galeria, que de forma intercaladaapresenta outros subgrupos – savana florestada(cerradão), savana arborizada (campo cerrado),savana gramíneo lenhosa, savana parque e asveredas de buritis onde se destacam os solos maisúmidos. Todo o contexto apresenta considerávelvariedade botânica, merecendo destaque aocorrência das espécies arbóreas jatobá, peroba,ipê, aroeira, angico e caraíba, entre outrasconsideradas no Tocantins como madeiras de lei,utilizadas para construções de currais, cercas dearame, madeirame de casas e fabricação demóveis, entre outras utilidades. As espéciesnativas ricas em frutos são representadas pelocaju, pequi, bacaba, bacupari, puçá, mangaba,buriti, murici, ingá, mamacadela, babaçu,

macaúba, genipapo e outras. Há presença deextensos campos de gramíneas nativasrepresentados pelo capim agreste e o barba-de-bode, que servem de pastagem aos rebanhos degado. Dos estudos realizados sobre a vegetação decerrado, é possível alinhar as seguintesconclusões: inicialmente, que se trata de umavegetação bastante antiga, desenvolvida noQuaternário ou no fim do Terciário, sendoanterior à instalação da floresta, estabelecidadurante o páleo-clima atual, do ponto de vistadas precipitações.

Essas condições climáticas, que nãovigoram mais, foram as que mais contribuírampara o estabelecimento dos cerrados, enquantoque as condições edáficas são responsáveis porsua manutenção. No entanto as condições atuaisnão a contariam, apesar de não serem suficientespara a propagação desse tipo de coberturavegetal.

2.2 – Domínios geomorfológicos

A compartimentarção física de maiorabrangência espacial dos sítios arqueológicosenglobam dois dos cinco domíniosmorfoclimáticos do Estado do Tocantins (IBGE,1995), representados pelo domínio dos planaltose depressões do interflúvio dos rios Tocantins eAraguaia (faixa de dobramento do Proterozóicomédio e superior – 34,62% do Estado), sítiosarqueológicos paralelos ao eixo da RodoviaBelém-Brasília (Barrolândia a Gurupí) e odomínio das morrarias e depressões do AltoParaná (complexos metamórficos e seqüênciavulcano-sedimentar do Arqueano e ProterozóicoInferior – 17,90% do Estado), sítiosarqueológicos localizados na região de Jaú doTocantins e Palmerópolis.

Revista Acoéme -Núcleo Tocantinense de Arqueologia - Número 1 - Ano 1

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C - PESQUISAS DE CAMPO

1.Técnica de Abordagem

Contato inicial: setorização. Colocaçãode piquetes em quatro linhas a partir dos pés decada torre, considerada individualmente como o“marco zero” de cada sítio. Tais linhas, em cruz,tendo ao centro a torre, foram então identificadas:lado vante = linhas A e B; lado direito = linhas Ce D; lado ré = linhas E e F; lado esquerdo =linhas G e H.

Em cada linha foram colocados 11piquetes com distância de quatro metros entreeles, sendo o primeiro piquete com distância deoito metros do pé da torre (levando-se em contaa área de segurança daquelas estruturas). Emcada piquete foi efetivada uma tradagem, deprofundidade variável, para determinar acomposição estratigráfica de cada ponto e alocalização de material arqueológico. Asamostras coletadas foram guardadas com registroda profundidade de sua ocorrência, número dopiquete correspondente, linha e torre (sítio) a que

pertencem. Foi feita ainda prospecção fora da área

demarcada pelos piquetes, denominada “área dedispersão do material”.

Em cada sítio foram feitos, no mínimo,dois cortes de 2m x 2m (dois metros por dois)nas tradagens aparentemente mais relevantes emfunção da amostragem recolhida. Sempre quenecessário, de acordo com as evidênciascoletadas, foram feitas tradagens intermediáriaspara determinar a extensão do sítio em sua “áreade dispersão” .

Para a confirmação da profundidade dosítio, o sistema utilizado foi o de se escavar maistrês níveis abaixo do último nível com materialcultural e, depois, para aumentar a segurança,outras cinco tradagens dentro do corte,aprofundando-se mais um metro. Estes procedimentos foram realizados em todosos sítios pesquisados.

D - RESULTADOS OBTIDOS

A equipe ficou alojada em cinco cidades distintas, consideradas como sedes operacionais,sendo que os sítios foram pesquisados conforme a ordem descrita na próxima página:

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Ponto Base 1 – Paraíso do Tocantins; Torre 100/101 (Sítio Miracema); Torre 222(Sítio Sudam); Torre 273 (Sítio Miroró); Torre 421 (Sítio Santa Rita I);

Torre 423 (Sítio Santa Rita II)

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PONTO BASE 1 – PARAÍSO DOTOCANTINS

1 – Município de BARROLÂNDIA

Aspectos fisiográficos e históricosO município onde está inserida a área do

Sítio Arqueológico Miracema localiza-se naregião centro-oeste do Tocantins, numa distânciade 105 Km de Palmas, capital do estado, e selimita com os municípios de Miracema doTocantins ao norte e ao leste, Divinópolis doTocantins e Monte Santo do Tocantins ao oeste,e Paraíso do Tocantins ao sul. Abrange uma áreade 705 Km² e uma população estimada em 5 milhabitantes. Esse município foi criado em 11 dejaneiro de 1988 e instalado em 1º de junho de1989. Sua sede urbana fica as margens da BR-153 (Rodovia Belém-Brasília); a economia ébaseada na agropecuária e é considerada áreade bacia leiteira, sendo o subsolo rico em cristalde rocha e talco. A região encontra-se no domíniodas faixas de dobramento do Proterozóico Médioe Superior nas áreas de Planaltos do InterflúvioTocantins e Araguaia, apresentando relevo dealtitudes modestas, na faixa de 361 metros. Avegetação predominante é o cerrado. Seusistema hidrográfico integra a bacia do RioTocantins.

1.1.Características do Sítio Miracema(Torres 100/101)

Localizado no município de Barrolândia(TO), entre as coordenadas geográficas de Lat.09º 52´ 32´´ S e Long. 48º 40 ́21´́ W, em terrasda Fazenda Caridade, de propriedade do Sr.Adenilson José Dias.

O ambiente natural outrora constituído pelavegetação de cerrado, atualmente compõe-sepor pastagem que se estende por extensa áreade relevo plano.

Embora existindo um pequeno trecho de

mata ciliar preservando as margens do CórregoCaridade, que passa justamente entre o vão dastorres 100-101 do Linhão N/S, local do sítioarqueológico, o ambiente natural estápraticamente descontextualizado pela açãoantrópica.

O terreno arado por consecutivas vezesapresenta fortes indícios de erosão evidentes,principalmente nos lugares onde o pasto nãoconseguiu recobrir o solo.

A superfície é aplainada e sua litologiaderiva da sedimentação fluvial e eólica; possuisedimentos de textura arenoso-argilosa ecoloração avermelhada em decorrência dagrande presença de laterita fragmentada. Omaterial geológico é composto por arenitos equartzo leitoso em blocos de tamanhos variados.

O material arqueológico que se encontravavisível foi representado por pequena quantidadede cacos cerâmicos, bastante quebrados eespaçadamente espalhados sobre a superfície doterreno. Provavelmente tal situação decorreu dosvários processos da remoção do solo pelosintensos trabalhos de mecanização agropastorilrealizados na área.

Síntese das Pesquisas Arqueológicas

3Sítio Miracema – Torres 100/101Município: Barrolândia (TO)Dimensões do sítio: +/- 64,0m x

76,0m [sentidos: vante = 32,0 m; direito= 50,0 m; ré = 32,0 m; esquerdo = 24,0m]

Neste sítio foram abertos três cortes:Foram co locados piquet es e

efetuada uma tradagem em cada áreaintermediaria para delimitar a extensão dosítio.

Área plana de pasto limpo, cuja terra éperiodicamente arada, descontextualizando efragmentando o material arqueológico, osedimento arenoso-argiloso, vermelho, friávele homogêneo.

O material cerâmico é esparso.

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Este sítio tem material arqueológico até90 cm. A maior coleção totaliza 33 cacos naprofundidade de 20/30 cm. Cacos pequenos,simples e resistent es. Tratamento desuperfície elementar; boa confecção, desdeque não se observou bolhas de ar, rachadurasou desgaste. Predomina a queima oxidantenas faces interna e externa, cuja coloração émarrom claro, e no núcleo prevalece a corcinza claro pela queima redutora.

Na textura os cacos são compactos,leves, coesos e resistentes à fratura. Notempero destaca-se areia fina (grãos até 2mm) e grande quantidade de cariapé, comuma todos os cacos, eventualmente aparecendoargila branca ou vermelha e mica. As bordas

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são muito extrovertidas com reforço externoou somente extrovertidas.

Este sítio apresentou quatro evidênciaslíticas associadas à cerâmica, sendo estacoleta realizada por ocasião do resgate, nãohavendo coleta no levantamento.

A matéria prima predominante nestesítio foi o quartzo, com uma microlascapreparada em forma retangular e lascascorticais com a mesma forma. Também foramclassificadas uma lasca cortical com forma deparalelogramo, em quartzito, e outrasemicortical, em arenito silicificado, comforma retangular.

Torre 101/100 (Sítio Miracema),vista geral do sítio

Torre 101/100 (Sítio Miracema), corte 1, linhaC, vante com pontos de tradagem ao fundo

Foto 1 pag34

Revista Acoéme -Núcleo Tocantinense de Arqueologia - Número 1 - Ano 1

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2 – Município de PUGMIL

Aspectos fisiográficos e históricosRegião dos sítios arqueológicos Sudam e

Miroró, o município foi criado em 1997 e selocaliza na região centro-oeste do estado. Seucentro urbano situa-se às margens BR-153(Rrodovia Belém-Brasília) e se liga ao municípiode Pium (TO) pela Rodovia TO-354. Faz limitecom os municípios de Paraíso do Tocantins aonorte, Nova Rosalândia ao sul, Porto Nacionalao leste e Pium a oeste. Possui área de 399 Km²,estimativa populacional de 1,5 mil habitantes. Suaeconomia está baseada na agricultura de milho efeijão e na criação de gado. Possui as mesmascaracterísticas físicas e ambientais das áreas daregião centro-oeste do Tocantins.

2.1.Características do Sítio Sudam(Torre 222)

Está localizado em meio rural, na fazendapertencente ao Sr. José Francisco, entre a Lat.10º 19´ 13´´ S e Long. 48º 51´ 51´´ W, nomunicípio de Pugmil (TO). O sítio encontra-seexatamente em uma área em declive da margemdireita do Ribeirão São José, a uma distância dedez metros do seu leito, bem ao lado de umaestrada de chão batido e de uma rústica pontede madeira sobre o ribeirão. A hidrografia localcompõe a Bacia do Ribeirão dos Mangues, quese integra ao sistema hidrográfico do RioTocantins pela sua margem esquerda.

O terreno é constituído por camadasuperficial de cascalho lixiviado e por sololamacento de cor escura e de textura arenosa, eprovavelmente outrora fora recoberto porvegetação ciliar do córrego. Aparenta ter sidobastante utilizado como local de lavoura, sendohoje área degradada, representada por pastagemtambém degradada. No seu entorno localizamosestruturas habitacionais totalmente danificadas,demonstrando ter sido uma sede de fazendaabandonada (casa, curral, cercas de arame em

péssimas condições), além de árvores frutíferasentre matagais.

O sítio arqueológico foi superficialmentecaracterizado por alguns líticos lascados, porémde relevância significante entre os demaismateriais rochosos existentes no local, ou seja,cascalhos lavados.

Síntese das Pesquisas Arqueológicas

3Sítio Sudan – Torre 222Município: Pugmil (TO)Dimensão do sítio = 18,0m x 64,0m

[sentidos: vante = 36,0m; direito = 22,0m;ré = 28,0m]

A área vante é cortada por uma estrada epelo córrego; a linha A fica junto ao barrancodeste córrego. Desta forma, não foi possível fazeras tradagens desta linha.

Na linha C, lado direito,foi toda piqueteada e somenteos piquetes 7 e 8 não foramtradados por estarem na estrada.

Área plana em declive, de pasto limpoem terra arada e desmatada, com materialdescontextualizado. Solo areno-argiloso,marrom-escuro até os 30 cm, passando paramarrom-amarelado, friável, homogêneo.

Apresentou 43 evidências líticas,predominando o quartzo translúcido e hialinocomo matéria-prima, das quais 33 eram lascascorticais, semicorticais e preparadas nasformas geométrica triangular e retangular emicrolascas. Estas evidências líticas sãoprovenientes de coletas, tanto da etapa delevantamento quanto de resgate. Ocorreram

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dois artefatos sobre lasca: um furador e umraspador, sendo o primeiro com retoques naextremidade distal de uma lasca cortical e o

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segundo com retoques em seus bordos direitoe esquerdo da face superior, e um seixo dequartzo, que foi utilizado como batedor.

Torre 222 (Sítio Sudam), corte 1, linha C, final do corte

2.2.Características do Sítio Miroró(Torre 273)

Encontra-se em terras da FazendaSerrinha na propriedade do Sr. RenatoCaixeta, no município de Pugmil (TO). Éum sítio cerâmico, a céu aberto, dispostosobre uma área plana, com sedimentos detextura ora argilosa, ora arenosa, de cormarrom avermelhado, mais ou menosfriável.

O ambiente é caracterizado comouma região onde o meio dinâmico seencontra bastante instável; em algunspontos apresenta vestígios da vegetaçãooriginal de cerrado e em outros é recobertopor pastagem. Observamos grandestrechos praticamente degradados devidoaos freqüentes processos de mecanizaçãoagrícola para formações de pastagem. O

solo, também agredido pelos trabalhos dasmáquinas, acha-se perturbado, apresentandoindícios de ravinamentos e voçorocas. Ahidrografia local é inserida no sistema hidrográficoda margem esquerda do Rio Tocantins, designadapelo Ribeirão dos Mangues e seus afluentes.

Síntese das Pesquisas Arqueológicas

3Sítio Miroró – Torre 273Município = Pugmil (TO)Dimensão do sítio = 32,0 m x 44,0

m [sentidos: vante = 36,0 m; direito = 22,0m; ré = 28,0 m]

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Foi necessário abrir caminho para o sítio,pois estava tomado pelo mato, assim como a áreaao redor da torre. No lado vante, pasto; ladosdireito e esquerdo, cerrado; lado ré, estrada deacesso.

Ocorreu material na linha A, aos 20 cmde profundidade e, na linha B, cerâmica aos 10cm de profundidade.

Na linha H, coletou-se cerâmica a 20 cmde profundidade.

Neste sítio foram abertos cinco cortes: umna linha A, onde apareceu pedra canga a 20 cme não ocorreu material arqueológico. Mais quatrocortes na linha H, entre os marcos 3 e 5. Nestaárea, o nível da escavação em todos os cortesfoi, no máximo, 70 cm. Apareceu grandequantidade de cacos cerâmicos e, dentre estes,cacos decorados, fragmento de peso de rede oufuso, e fundo marcado com folha.

Devido à cerâmica localizada nas paredesdos cortes, decidiu-se abrir dois hemi-setores nalinha H, entre os marcos 3 e 5.

O nível dos hemi-setores foi de, nomáximo, 60 cm de profundidade, retirando-secacos de cerâmica.

Sedimento areno-argiloso, compacto atéos 30 cm, marrom amarelado. Não se trata deum sítio profundo, já que o material está nomáximo aos 70 cm, e a partir daí surgem pedracanga e cascalho.

Foi coletada grande quantidade decerâmica predominantemente sobre o materiallítico.

O sítio está do lado esquerdo da torre,pois o material cultural concentrou-se nesta área.Desta forma, o sítio está localizado da áreaescavada para trás.

O nível desta torre é de 70 cm deprofundidade com material arqueológico e amaior coleção é composta por 203 cacosencontrados no nível 10/20 cm.

Predominam os cacos com areia grossa(grãos até 4 mm), quartzo e cariapé. O quartzo,em partículas de grandes dimensões, apresentaarestas e o cariapé, ambos no tempero, são vistosa olho nu e deixam os cacos ásperos.

A superfície conserva bolhas de ar e

rachaduras, sendo que a grande maioria apresentadesgaste.

Os cacos variam de tamanho,prevalecendo os cacos pequenos.

Algumas coleções são grandes, isto é, commais de cem cacos, e em muitos os roletes deconfecção foram conservados, mal disfarçadospelo alisamento.

A queima é oxidante nas paredes decoloração marrom claro e o núcleo, redutor, decoloração que varia entre cinza claro e cinzaescuro foi conservado.

As decorações são:

¹Pintada: engobo vermelho,engobo branco, banho vermelho.

¹ Plástica: acanalado,ponteado,digitado arrastado, ungulado.

As bordas são extrovertida, direta,expandida, direta vertical, levemente introvertida,com reforço externo.

Nesta torre destacam-se três cacos decerâmica apresentando, na superfície externa,sulcos que variam de 55 mm a 30 mm decomprimento, 8 mm a 2 mm de profundidade e15 mm a 7 mm de largura. Os sulcos, iniciados apartir da periferia (área mais desgastada),alongam-se pela superfície dos cacos e terminamem seção triangular. Um dos exemplares tem trêssulcos de diferentes direções e em dois outros,há evidência de pequenos sulcos rasos nasuperfície interna. Possivelmente os exemplaresforam utilizados como peças passivas, seguradasna mão, para polir superfícies finas. Espessuravariando de 20 mm a 10 milímetros.

Destaca-se um disco perfurado, artefatode cerâmica fragmentada circular, apresentandouma perfuração (diâmetro 13 mm) em sua partecentral. As superfícies da peça são alisadas.Possivelmente o artefato corresponde a umarodela de fuso. Diâmetro da peça: 64 mm;espessura: 11 mm.

Apresentou 43 evidências líticasassociadas à cerâmica, coletadas até umaprofundidade máxima de 50/60cm, durante asetapas de levantamento e resgate, predominando

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as lascas e microlascas (37), a maioria em sílex.As lascas corticais, semicorticais e preparadasvariaram de tamanho entre 64x45x13mm a23x17x9mm, e nas formas geométricas triangulare retangular. Apresentou uma lasca com retoques

que começam na parte próxima e em forma debico e avança por todo o bordo direito até aparte distal da face superior, parecendo umraspador com dupla função. O materialpredominou nos níveis 10/20 cm e 40/50 cm.

Torre 273 (Sítio Miroró), artefato sobre lasca e fragmentos de borda com decoração ponteada em linha

Torre 273 (Sítio Miroró), corte 4, linha H, cerâmica em “situ”

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3 – Município de SANTA RITA DOTOCANTINS

Aspectos fisiográficos e históricos

Região dos sítios arqueológicos SantaRita I, II e III, respectivamente Torres 421,423 e 430.

Município localizado na porção sul doterritório tocantinense e sede urbana àsmargens da Rodovia Belém-Brasília. Possuiárea de 3.288 km² e população estimada em1,5 mil habitantes, sendo criado em 1997.Limita-se com os municípios de Fátima aonorte, Brejinho de Nazaré a leste, Cristalândiaa oeste e Crixás do Tocantins ao sul.Produção econômica baseada na agriculturade milho, soja e na criação do rebanhobovino. A região é banhada pelo córregoBarreiro Branco e o Rio Crixás. A vegetaçãoque predomina é do tipo cerrado de climatropical, como em todas as outras regiões doEstado do Tocantins.

3.1.Características do Sítio Santa Rita I(Torre 421)

Síntese das Pesquisas Arqueológicas

3Sítio Santa Rita I – Torre 421Muncípio de Santa Rita (TO)

[Área setorizada dos ladosvante, direito e ré = 50,0m, cada lado; ladoesquerdo = 26,0m]

Obs: A descrição sumária doambiente geográf ico de cada áreaespecífica dos sítios arqueológicos nomunicípio de Santa Rita do Tocantins nãoé necessária pela abrangência comum dasinformações.

Torre 421 (Sítio Santa Rita I), vista geral dos pontos de tradagem

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A torre está localizada num terreno lajeado (ofio contrapeso corre sobre esta laje), com algunsnichos de vegetação que se tornam alagadiços naépoca das chuvas.

O sedimento sobre esta laje foi removidoquando da construção da torre, formando uma linhade entulho nos lados direito e esquerdo da torre.

Os três lados – vante, direito e ré – estão sobrea laje de pedra, o que dificultou aprofundar os tradosa 1 metro.

Do lado esquerdo, os piquetes foramcolocados a cada 2 metros pois antes e após a áreade entulho há uma vegetação densa que se tornaalagadiça com as chuvas. Nesta parte as tradagenstambém não foram profundas. Com distância menorentre um piquete e outro, foi possível trabalhar umaárea maior antes da área com impedimento.

Das 18 evidências líticas, 16 são lascas, 3semicorticais e preparadas na forma geométricatriangular variando de tamanho entre 40x20x12mma 22x16x6mm, e microlascas, na maior parte emquartzo hialino e translúcido e dois blocos. O materialpredominou no nível 10/20 cm.

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3.2.Características do Sítio Santa Rita II(Torre 423)

Síntese das Pesquisas Arqueológicas

3Sítio Santa Rita II – Torre 423Município de Santa Rita (TO)[Área setorizada: lado direito =

48,0m; lados ré e esquerdo = 50,m]

Constatou-se a mesma situação que na torreanterior.

No lado vante não foi possível colocar ospiquetes por estar sobre a laje de pedra.

No lado direito as tradagens não chegarama 1 metro, atingindo pouca profundidade.

O terreno é úmido em torno da torre, sendoque as áreas ré e esquerda estão dentro da mata decerrado.

O material arqueológico coletado na torre423 (levantamento) não excede 21 evidências líticas,todas em quartzo, lascas e microlascas que variamde tamanho entre 31x28x9mm a 11x9x3mm e, que,muitas vezes, assumem formas difíceis de seremidentificadas ou descritas geometricamente. Omaterial é proveniente do nível zero/10 cm da etapade levantamento, uma vez que a etapa de resgatenão apresentou evidências líticas.

Torre 423 (Sítio Santa Rita II), vista geral do sítio

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Acoéme . nº 1 - dez/02pag. 33

Ponto Base 2 – Aliança do Tocantins; Torre 430 (Sítio Santa Rita III); Torre 431 (Sítio Crixás); Torre493 (Sítio Aliança I); Torre 530 (Sítio Aliança II); Torre 531 (Sítio Aliança III). Ponto Base 3 –Gurupi (TO); Torre 576/575 (Sítio Gurupi I); Torre 587 (Sítio Gurupi II); Torre 594/593 (Sítio

Gurupi III); Torre 596 (Sítio Gurupi IV)

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Acoéme . nº 1 pag. 34

PONTO BASE 2 - ALIANÇA DOTOCANTINS

3.3. Características do Sítio Santa RitaIII (Torre 430)

Síntese das Pesquisas Arqueológicas

3Sítio Santa Rita III – Torre 430Município de Santa Rita (TO)[Área setorizada: lados direito, ré e

esquerdo = 50,0 m para cada lado.]

O Rio Crixás corre a cerca de 60metros da torre, sentido vante. Não foipossível trabalhar nesta área, pois existedeclive abrupto e irregular em meio à matade galeria.

Só foi possível efetuar as tradagens naslinhas G e H, também localizadas na mata decerrado . Fo ram executadas t odas astradagens previstas, mas a maioria nãoalcançou um metro de profundidade, atingindoos 90 centímetros, ao ser alcançada a linhade cascalho.

Local muito remexido pelo proprietáriopara dar acesso ao gado até o rio.Posteriormente, quando da implantação da torre,foram abertas valetas de drenagem de águaspluviais e construídos pequenos taludes, quemodificaram a topografia do terreno. Atualmenteencontra-se com muita vegetação e sem asprimeiras camadas, anteriormente removidas.

As peças líticas associadas à cerâmicaocorreram somente na superfície. A coleta dematerial foi até o nível 40/50cm, apresentandopouco material lítico. Num total de 12 peçaslíticas em quartzo hialino, predominaram aslascas semicorticais e preparadas comformato geométrico triangular, retangular equadrado, duas microlascas, também emquartzo hialino e dois núcleos esgotados. Omaterial é proveniente das duas etapas.

Torre 430 (Sítio Santa Rita III), vista geral do sítio

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4 – Município de CRIXÁS DO TOCANTINS

Aspectos fisiográficos e históricos

Região do sítio arqueológico Crixás (Torre431).

Município criado em 1997; sua sedeurbana também está localizada às margens daRodovia Belém-Brasília, na região sul do estado,encontrando-se distante de Palmas 164 Km.Limita-se com Santa Rita do Tocantins ao norte,Aliança do Tocantins ao sul, Brejinho de Nazaréa leste e a oeste com Dueré e Cristalândia. Possuiárea de 991 Km² e população estimada em 2mil habitantes. A base econômica é a agricultura,tendo produção expressiva de arroz, milho, feijãoe mandioca. A pecuária é de corte e de cria,existindo a base para a pecuária leiteira. Seusistema hidrográfico tem como componentesprincipais o Rio Crixás, na divisa com o municípiode Santa Rita do Tocantins, e os ribeirões SantaTeresa, São José, Sambaíba, Berimbau, Grotãoe Mata Verde. Possui topografia plana e soloareno-argiloso, com elevada acidez. Predominaa vegetação de cerrado e clima tropical, comtemperaturas no decorrer do ano entre 26 e 35graus Centígrados.

4.1.Características do Sítio Crixásou Santa Rita IV (Torre 431)

Também se localiza na região sul do Estadodo Tocantins, em área rural, localidade pertencenteà Fazenda Buenos Aires, de propriedade da Sra.Lurdes Fernandes Reis. Geograficamente o localé estratégico, em meio à vegetação ciliar do RioCrixás, em sua margem direita. No entanto, fatoresque julgamos inconvenientes à preservaçãoambiental se fazem presentes no entorno da área.

Pode-se notar a perda da cobertura vegetalpor processos de desmatamentos e queimadas,que associados a outros fatores antrópicos – comoatividades agrícolas e pastoril – conjugam empossibilidades de destruição total dos vestígioslíticos e cerâmicos.

Síntese das Pesquisas Arqueológicas

3Sítio Santa Rita IV ou Crixás –Torre 431

Município de Crixás (TO)Dimensão do sítio = 26,0 m x 54,0

m [sentidos: vante = 26,0m; direito = 54,0m]

A área estava com grande acúmulo demato. Foi feita, portanto, uma limpeza dolocal, inclusive da área de segurança parapossibilitar o trabalho e melhor visualizaçãoda superfície.

As tradagens foram iniciadas no ladovante e se estenderam por toda a setorização,inclusive por plantação de milho e por áreaainda florestada.

O Rio Crixás corre entre as torres 430e 431, sendo que ainda existem em suasmargens árvores de grande porte. O solo, emdeterminada área da linha F, apresentoucoloração cinza, que se destaca das demais,avermelhadas.

A terra de coloração cinza é bem úmidae está situada em área de inundação na épocade cheia do rio.

Somente na linha H todos os piquetespuderam ser tradados.

Outro corte, aberto na linha B (setor3) apresentou solo compactado com muitasraízes e radículas, se mostrou estéril.

Das oito evidências líticas desta torre,sete são lascas corticais e semicorticais, quevariam de tamanho entre 31x31x13milímetrosa 23x22x10 milímetros, e apenas um éfragmento de mineral corante vermelho, commarcas de uso.

Este material foi coletado com uso dotrado por ocasião do resgate, pois não existemater ial provenient e da et apa delevantamento.

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Torre 431 (Sítio Crixás), vista do corte 1, linha B

5 – Município de ALIANÇA DOTOCANTINS

Aspectos fisiográficos e históricos

Região dos sítios arqueológicos:Aliança I e II, Torres 493 e 530.

O município foi criado em 10 de janeirode 1988 e instalado em 1º de janeiro de1989. É considerado fundador da cidadeTietre Monteiro de Carvalho que, aliado aosdemais moradores, consolidou Aliança comopovoado, posteriormente Dist rito , domunicípio de Gurupí. Localiza-se na regiãosul do Tocantins, a 195 Km de Palmas.

Possui área de 1.586 Km² e populaçãoestimada em 6 mil habitantes. Está situado naregião sul do Tocantins, entre as coordenadasgeográficas de 11º 18´ 22´´ de latitude Sul e48º 56´ 09´´ de longitude oeste, limitandocom os municípios de Crixás do Tocantins aonorte, Gurupí ao sul, Brejinho de Nazaré aleste e Dueré a oeste.

A exemplo da maioria das cidades noeixo da Rodovia Belém-Brasília nos anos 60,a origem da cidade foi resultado das obrasde construção da estrada, quando muitostrabalhadores braçais e retirantes da seca doNordeste em 1956, 57 e 58 permaneceramno local, originando um núcleo urbano,enquanto a abertura da estrada prosseguiapara Belém (PA).

A economia local é baseada naplantação de milho e na criação de gado decorte. A área do município é banhada porvários cursos dágua, entre eles Rio São João,Ribeirão Gameleira, Ribeirão da Extrema e oRibeirão Santa Teresa. O relevo regionalapresenta altitudes modestas de 333 metros.

5.1.Características do Sítio Aliança I(Torre 493)

Não se fez necessária a descriçãofisiográfica particularizada do sítio.

Revista Acoéme -Núcleo Tocantinense de Arqueologia - Número 1 - Ano 1

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Síntese das Pesquisas Arqueológicas

3Sítio Aliança I – Torre 493Município de Aliança do TocantinsDimensão do sítio = 20,0 m x 50,0

m [sentidos: vante = 20,0 m; esquerda =50,0 m]

Foram feitos os trabalhos de setorizaçãonas torres 492 e 493, sendo que em nenhumadelas foi encontrado material de superfície.Solo coberto de cascalho em ambas. Mesmoassim, entretanto, considerando o Relatório deLevantamento, foram efetivadas as tradagensprogramadas.

O sedimento no local é amarelado e astradagens nem sempre chegaram a um metrodevido à grande quantidade de cascalho.Apesar do trabalho, não foi encontradomaterial na torre 492. A profundidade médiagirou em torno de um metro, após a qual alaje de pedra era atingida.

No entanto, na torre 493, linha H,apareceram cacos cerâmicos (emprofundidades diferenciadas) durante astradagens. Em vista disso, procedeu-se àabertura de um corte estratigráfico (entre ossetores 5 e 6).

O sedimento é marrom escuro até os20 centímetros de profundidade, tornando-se marrom avermelhado até a base, decascalho, aos 40centímetros. Foi recolhidauma considerável quantidade de cerâmica,entre cacos e bordas. O corte foi alongadopara o setor 6, que também forneceu fartomaterial até aquela mesma profundidade.

Foi aberto mais um corte entre as linhas5 e 4 (neste caso com as dimensões de 2 m x1 m). A escavação desenvolveu-se de formaidêntica à dos setores vizinhos. Apareceumaterial cerâmico. Foram feitas 17 tradagenscomplementares para determinar a extensãodo sítio, sendo que na maioria apareceu

cerâmica (em 15) na linha H, e outras quatrona linha G (cerâmica no setor 8). Assim, emfunção dos resultados das mesmas, concluiu-se que o sítio estendia-se da torre para o ladosudoeste em terreno, com inclinação de cercade 30% da linha H em direção ao brejo. Acamada de ocupação gira em torno dos 20cm de espessura, mas provavelmente era maisespessa no passado, diminuindo pela açãoantrópica ao longo dos anos e da suaexploração agropastoril.

Da principal área de dispersão domaterial até o brejo a distância é de cerca de50 metros, sendo que no período das chuvasesta distância tende a diminuir. No verão, obrejo está seco.

O Sítio Aliança I, portanto, localiza-sena área da Torre 493.

A profundidade máxima de ocorrência dematerial é de 40 cm e a maior coleção têm 408cacos na camada 10/20 centímetros.

Neste sítio os cacos são simples. Otempero é composto por areia grossa (grãosaté 4 mm) e quartzos (hialino, leitoso e rosa),eventualmente aparecendo raízes deintromissão. Notamos que o quartzo mostra-se em grandes dimensões e com arestas.

A grande quantidade de quartzo notempero proporcionou uma cerâmicacompacta e resistente à fratura, além depesada.

O trat amento de superfície éexclusivamente o alisado, sendo a cerâmicade boa confecção, sem bolhas de ar e/ourachaduras.

Em poucas coleções de campo se podeperceber a existência de cacos com desgastena superfície, o que foi atribuído à açãoantrópica, neste caso a ut ilização deequipamento agrícola para formação de pastoe pisoteamento do material pelo gado.

A queima predominante é oxidante,deixando a coloração marrom clara, tanto naparede interna quanto na externa. Os tiposde borda são: com reforço externo, levementeextrovertida, reta, extrovertida e borda direta.

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Torre 493(Sítio AliançaI), vista doscortes compontos detradagem

5.2.Características do Sítio Aliança II(Torre 530)

Também não se fez necessária a descriçãofisiográfica particularizada deste sítio.

Síntese das Pesquisas Arqueológicas

3Sítio Aliança II – Torre 530Município de Aliança do TocantinsDimensão do sítio = 60,0 m x 100,0

m [vão]

Foram efetivadas as tradagens decostume, partindo da torre. De uma maneirageral, atingiu-se o lençol freático a um metro deprofundidade (em poucos casos maissuperficialmente). Em alguns setores a existênciade cascalheiras não permitiu o rebaixamento atéeste nível.

Não se encontrou material nas tradagensem torno da torre, e sim exclusivamente nasuperfície da área do sítio, inclusive entre as linhas

E e F, em que poucos fragmentos de cerâmicaestavam na valeta da chuva em direção à torre529. Provavelmente a água da chuva transportoueste material, já que a torre 529 está em umaparte mais alta do terreno. Tendo esta ocorrênciaem vista, resolveu-se pesquisar a área situadaentre as duas torres, confirmando-se, então, queo sítio na verdade localiza-se no vão entre astorres 530/529.

Nesta área ocorre grande quantidade decacos cerâmicos na superfície.

Foi feita, então, nova setorização na área,cobrindo um espaço de 100 por 60 metros. Todoo material da superfície foi coletado, por setor, ecada amostra identificada e plotada no plano detopo.

Foram abertas duas quadrículas de quatrometros quadrados nas áreas de maiorconcentração de superfície.

Os dois cortes atingiram os 40 cm deprofundidade, chegando à base do terreno comcascalho. O solo tem coloração amarelada ecompacta, e somente em um dos cortes apareceumaterial cultural. Foram 55 cacos de cerâmica.

O brejo dista cerca de 20 metros dosúltimos piquetes, colocados nas linhas A e B,lado vante. Embora os cortes não fornecessemgrande quantidade de material, a superfície geral

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foi setorizada, assim como a área de dispersão,fornecendo material suficiente para análise delaboratório.

O sítio é predominantemente de superfíciee sua espessura ocupacional não ultrapassa os30 cm, estando bastante revolvido pelo trator. Aprofundidade máxima é de 50 cm e a maiorcoleção foi encontrada na superfície geral, com224 cacos.

Esta torre apresentou cacos simples,compactos, pesados, coesos, resistentes àfratura. Pelo resultado das análises de laboratórioé possível definir seu acervo lito-cerâmico daseguinte forma:

¹A pasta é de boa confecção, comsimples alisamento de superfície. Os fragmentosanalisados possuem desgastes, rachaduras oubolhas de ar.

¹A queima varia entre redutora,coloração cinza claro ou cinza escuro, sem núcleoou totalmente oxidante, coloração marrom claronas paredes e no núcleo; com queimaintermediária, oxidante nas paredes de coloraçãomarrom claro e redutora no núcleo – este comcores que variam do cinza claro ao cinza escuro.

¹ O tempero é homogêneo. Todos oscacos são constituídos de areia grossa e quartzo.

O quartzo muitas vezes se apresenta emgrãos de grandes dimensões, muitas vezes nasparedes internas e externas dos cacos, e semprevisto a olho nu no núcleo. Outros componentessão eventuais no tempero: hematita (tambémevidente a olho nu), mica e algum carvão.

Destaca-se do conjunto (número de catálogo2302) um artefato de cerâmica fragmentada circular,apresentando uma perfuração em sua parte central,possivelmente uma rodela de fuso.

Material predominantemente de superfície,constituído de cacos pequenos, muitos comquebra recente atribuída à ação antrópica; nestecaso, pasto para gado e pisoteamento do localpor animais.

Os tipos de borda são: borda direta,extrovertida e levemente extrovertida.

Apresentaram sete evidências líticas, todasem quartzo, das quais quatro são lascassemicorticais e preparadas, com formageométrica triangular e uma em losango, commedidas de 69x41x11mm a 21x11x7mm; umseixo natural em quartzo, com marcas de uso(batedor) e duas plaquetas em micaxisto, tambémcom marcas de uso. O material é proveniente daetapa de resgate, sendo a maior quantidadecoletada na superfície (quatro).

Torre 530 (Sítio Aliança II), demarcação da área do sítio

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5.3.Características do Sítio Aliança III(Torre 531)

Não se faz necessária descrição fisiográficaparticular deste sítio, que não se encontrava narelação de sítios a pesquisar.

Síntese das Pesquisas Arqueológicas

3Sítio Aliança III – Torre 531Município de Aliança do Tocantins[Área setorizada: 50,0 m para cada

lado]

Enquanto a equipe se encontrava no sítioAliança II, torre 530, foi feita uma prospecçãojunto à torre 531, separada da anterior por umcórrego que se pode atravessar a pé.

Verificou-se a existência de quatropequenos cacos de cerâmica na superfície.

Quando terminado o trabalho da torre530, estendeu-se a mesma abordagem para atorre 531, considerada como implantada no Sítio

Aliança III, mesmo não constando da relaçãode sítios a pesquisar.

As linhas A e B da setorização, lado vante,corriam paralelas ao eixo da linha de transmissãojunto à estrada de acesso. A tradagem não atingiuum metro de profundidade devido à presençade cascalho.

As linhas C e D de tradagem, no ladodireito da torre alcançaram um metro deprofundidade, com exceção de poucos piquetesque atingiram o lençol freático aos 60 centímetros.

O sedimento é argiloso, coloração do soloentre amarelado e branco, semelhante aosedimento que está próximo ao córrego.

Apesar de terem sido efetuadas todas astradagens, não foi encontrado materialarqueológico. O entulho próximo ao local em quea cerâmica e o lítico inicialmente apareceram nasuperfície foi todo removido, porém mais nadafoi detectado, concluindo-se que a torre 531 seencontra apenas em uma área de ocorrência enão em um sítio arqueológico.

Os cacos são pequenos e simples,compactos, coesos, resistentes à fratura epesados; sem tratamento esmerado de superfície,mas de boa confecção.

No tempero predomina o quartzo emgrãos de grandes dimensões,evidentes a olho nu, e a mica,também em grandequantidade, proporcionandoao caco um certo brilho.

A queima é oxidantenas paredes, coloraçãomarrom clara e/ou marromavermelhado e o núcleoredutor de coloração cinzaclaro.

Foram coletadas, porocasião do resgate, trêslascas preparadas, nasuperfície, em quartzo (2) earenito (1), medindo entre49x25x15mm e34x30x11mm na formageométrica triangular,associadas à cerâmica.

Foto pag 53

Torre 531 (Sítio Aliança III), pontos de tradagem

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PONTO BASE 3 – GURUPÍ (TO)

6 – Município de GURUPÍ

Aspectos fisiográficos e históricos

Região dos sítios arqueológicos Gurupí I, II,III e IV.

Situa-se na região sul do estado, entre ascoordenadas geográficas de –11º 43 ́43´́ de Lat.Sul e 49º 04 ́07´́ Long. Oeste. Limita-se com osmunicípios de Cariri ao sul, Aliança do Tocantins aonorte, Peixe a leste e Dueré a oeste. Sua sede urbanaestá localizada às margens da rodovia Belém-Brasíliae fica distante de Palmas 243 Km e de Brasília-DF742 Km. O município possui área de 1.847 Km² etem população estimada em 70,5 mil habitantes.

O topônimo Gurupí é de origem indígena,significando “Diamante Puro” na língua dos índiosxerentes. Pelos registros históricos, até a década de1930 essa região era habitada apenas por populaçõesindígenas, dizimadas a partir de 1946, com a chegadade exploradores oriundos de várias localidades,como de Porto Nacional e Dueré. Eram garimpeirosde cristal e fazendeiros que desbravaram a região deGurupí, guiados pela necessidade de sitiar fazendasem lugares de extensas pastagens naturais.

O povoado do Córrego Mutuca foi elevadoa Distrito de Porto Nacional em 1956, no início daconstrução da Rodovia Belém-Brasília, e a suaemancipação político-administrativa aconteceuatravés da Lei Estadual Nº 2.140, de 14 de novembrode 1958. Hoje, Gurupí é a terceira maior cidade doEstado do Tocantins nos aspectos populacional eeconômico, depois de Palmas e Araguaína.

6.1.Características do Sítio Gurupí I (vão entre as Torres 576/575)

Sítio cerâmico, a céu aberto, localizadoexatamente no meio de uma grande área depastagem, da Fazenda Independência, que há40 anos pertence e é explorada pelo Sr. JoãoGomes de Sousa e seus familiares. O sítio esta

distante cerca de 250 metros do rio principal,o Córrego Bandeira, afluente do CórregoCabaceira Grande, que limita a área leste dafazenda. O curso d’água mais próximo é oBrejo Cabaceira Verde, que fica a cerca de65 metros do sítio. O ambiente pode serdefinido como área perturbada apenas noslocais onde houve trabalho de preparação dosolo para plantação de lavouras.

A vegetação original ainda é bastanterepresentat iva, podendo-se visualizarsegmentos de vegetação nativa e aindaconsiderar como preservadas as matasciliares dos córregos. A área onde o sítio seencontra, por ter sido duas vezes gradeadapor trator, apresenta traços de solos frágeis,degradados, alterando o contexto dapaisagem.

Segundo informações levantadas, oterreno do sítio já foi várias vezes utilizadopara plantar milho, mandioca e banana, desdeentão, tornou-se evidente o mater ialarqueo lógico. Apesar de tudo, cacoscerâmicos ainda podem ser vistos por todaextensão da área de relevo plano, recobertosou não pelo pasto, e se encontram bastantesquebrados em função das atividades alidesenvolvidas. Porém, a grande quantidadeque aflora pela superfície, ident ifica edetermina a relevância significativa deste sítio.

Síntese das Pesquisas Arqueológicas

3Sítio Gurupi I – vão entre as torres576/575

Município de Gurupi (TO)Dimensão do sítio = 44,0 m x 94,0

m: vão [sentidos: ré = marco zero a 100,0m no eixo da linha]

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Local de pasto, bastante revolvido pormáquinas, com capim alto; bem próximo há umaárea de cultivo de milho.

Na fase de reconhecimento do local, foramcoletados, na superfície, 230 cacos e oito bordas.

Para delimitar o sítio – tomada porreferência o material da superfície – colocou-seo marco zero no eixo das torres a 100 metros datorre 576, sentido ré, em direção da torre 575.

Foram colocadas linhas perpendicularesao eixo, com intervalo de quatro metros entreum piquete e outro, e efetuadas as tradagens emtodos eles.

Observando-se o resultado das tradagens,concluiu-se que a camada de ocupação do sítionão ultrapassa 30 centímetros de profundidade,com pouco material. A coloração passa demarrom escuro para vermelho e com cascalhoaté um metro de profundidade.

Foram abertos dois cortes, um em áreade maior concentração de material de superfíciee outro onde foi coletado material aos 36 cm, amais profunda do sítio.

Estes dois cortes foram escavados até 50cm de profundidade, com pouca cerâmica.Sedimento compacto, marrom claro, homogêneo,aparecendo o cascalho aos 50 cm. Daí parabaixo ocorre a mudança na coloração paraavermelhado, sendo o solo bem mais compacto.

O local setorizado alcançou as dimensõesde 100 x 60 m, com material de superfície, mase a área de dispersão é bem maior. Numadistância de 300 metros da torre, na superfície,ainda ocorre material cultural.

Parte do sítio é banhado por um córrego.Esta área, antes da ocupação atual, poderia tersido um local de permanência devido à grandequantidade de cacos espalhados por toda a suaextensão.

Segundo o proprietário, ele percebeu queapareciam pedaços bem maiores de cacos emtoda a superfície ao trabalhar a terra para osprimeiros plantios, mas como nunca tevecuriosidade de saber o por quê, a destruição dosítio continuou ao longo do tempo (até hoje) e,conseqüentemente, possíveis evidências foramperdidas.

A profundidade máxima com materialarqueológico é de 50 cm e a maior coleção tem1.603 cacos encontrados na superfície geral.

Nesta torre os cacos têm tamanho entremédio e pequeno, compactos, coesos,resistentes à fratura, pesados.

Possuem boa confecção, sem tratamentomais complexo da superfície que o alisamento.Não há bolhas de ar ou rachaduras, e desgastesforam observados apenas em poucos cacos.

A queima predominante é a oxidante, comcoloração das paredes internas e externas entremarrom claro e marrom avermelhado. Em algunscacos o núcleo possui queima redutora comcoloração cinza claro ou cinza escuro.

O tempero é composto por areia grossa,quartzo, hematita e mica. Prevalecem em todasas coleções o quartzo e/ou hematita, em grãosde grandes dimensões, vistos a olho nu. O quartzoapresenta as arestas evidentes. A mica existenteem alguns cacos é sempre em grande quantidade,produzindo um certo brilho.

Foi observado um artefato de cerâmica,fragmentado e de pequenas dimensões, circular,apresentando uma perfuração em sua partecentral, possivelmente uma rodela de fuso.

¹ As decorações são: engobo branco nasparedes internas e/ou externas, inciso simpleslocalizado na parte externa do caco nasproximidades da borda.

¹ Os tipos de borda são: borda direta,extrovertida, levemente extrovertida, levementeintrovertida, com reforço externo, com bordadireta.

Das 14 evidências líticas, 12 são lascas,oito semicorticais e uma preparada na formageométrica triangular e microlascas (três). Umfragmento de seixo muito polido e um núcleo emquartzito esgotado. Este material é provenientedo resgate.

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Torres 576/575 (Sítio Gurupi I), vista do corte

6.2.Características do Sítio Gurupi II(Torre 587)

Sítio lítico, localizado na Fazenda Rian,área de propriedade dos familiares do Sr. KleberSilnei Rocha (já falecido). Encontra-se nasproximidades de um pequeno morro, entre duasnascentes. Seu terreno é composto porsedimentos argilosos, de cor escura,razoavelmente encharcados, de textura xistosa euntuosa, e recobertos por vegetação de várzea.Área da nascente do Rio Gurupí, é caracterizadapela presença de buritizais, em meio ao cerradodenso, de variadas espécies vegetais. O relevoapresenta moderado declive na área escavada,circundada por terrenos colinar, de morros.Aflora em forma de lajedo um material rochoso,aparentando micaxisto (rocha metamórfica), queao ser descomposto atribui ao solo do sítio umatextura talcoxistosa, de cor escura esverdeada ebrilhosa, pela grande quantidade de micafragmentada.

Há também alguns blocos de tamanhosvariados de granito, quartzo leitoso e quartzoróseo dispostos sobre o solo, provavelmente

rolados das áreas mais altas. A área deste sítiopode ser definida como razoavelmentedegradada pelos trabalhos da engenharia, queremoveu bastante o solo ao plotar neste local atorre do Linhão N/S.

Síntese das Pesquisas Arqueológicas

3 Sítio Gurupi II – Torre 587Município de Gurupi (TO)Dimensão do sítio = 58,0 m x 80,0

m [sentidos: vante = 32,0 m; direito = 44,0m; esquerdo = 14,0 m]

Como de praxe, foi feita setorização epiqueteamento em todo o sítio, findo o quecomeçaram as tradagens.

No lado vante, próximo a um córrego emmeio à área de brejo, foi observado que a partirde um metro de profundidade a argila torna-seúmida. Mesmo assim, as tradagens atingiram deum a dois metros e meio.

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No lado ré, linha E, com a média deprofundidade das tradagens em torno de metroe meio, estende-se dentro do charco. Comoconseqüência, em alguns setores a partir de ummetro de profundidade se atingia o nível freáticodo local. Os sedimentos apresentam-seargilosos e acinzentados, sendo que em algumastradagens nota-se a presença de mica depermeio.

O sítio localiza-se no brejo, que alaga naocasião das chuvas, e o solo está pisoteado pelogado e úmido devido ao lençol freático quasesuperficial.

Todo o material retirado das tradagens eda escavação teve que ser lavado em campopara melhor visualização devido ao barro úmidoaderido às peças.

A matéria prima predominante neste sítioé o quartzo, sendo 1.420 peças inventariadasna etapa de levantamento, apresentando umagrande quantidade de lascas, que variaram detamanho entre 108x32x17mm e 21x11x3mm,lâminas e microlascas. A forma geométrica dagrande maioria das lascas é retangular etriangular, apresentando lascas semicorticais, de

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preparação e algumas com trabalhossecundários. Ocorreram muitos artefatos sobrelascas, como uma ponta de projétil pedunculada(que se apresenta quebrada), furadores,raspadores de diversos tipos (alguns com duplafunção) e bifaces. A coleta do material, nestaetapa, atingiu a profundidade máxima de 260/270 cm, sendo que a maior parte do material éproveniente das cavas e estava concentrado nosníveis 40/50, 50/60, 60/70, 70/80 e 80/90 cm.

Das 497 evidências líticas, da etapa deresgate, onde a maior concentração estava nosníveis 70/80 e 80/90, predominaram as lascasem quartzo, que variaram de tamanho de107x51x22mm a 21x11x7mm, com retiradasaleatórias e que muitas vezes assumiram formasde difícil identificação ou descrição geométricamais precisa e muitas microlascas.

Acredita-se que esta torre do Sítio GurupiII fosse de fato um sítio, que foi destruído pelasobras de base da torre, uma vez que o materiallítico do primeiro momento indica uma indústriaabundante com predominância de vestígios demanufatura e acabamento de artefatos sobrelascas, provavelmente uma indústria lítica.

Torre 587 (Sítio Gurupi II), vista do corte 29 C

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Torre 587 (Sítio Gurupi II), ponta de projétil e artefato sobre lasca em quartzo.

Torre 587 (Sítio Gurupi II), final dos setores 33 Y e 33. Biface fragmentada em quartzo

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Torre 587 (Sítio Gurupi II): artefatos sobre lasca em quartzo

6.3.Características do Sítio Gurupi III(Vão entre as torres 594/593

Não é necessário detalhamento particulardeste sítio, enquadrado nas característicasfisiográficas dos anteriores.

Síntese das Pesquisas Arqueológicas

3 Sítio Gurupi III – Vão entre astorres 594/593

Município de Gurupi (TO)[Sentidos: ré = marco zero a 50,0

m no eixo da linha; área setorizada = 24,0m x 48,0 m]

A setorização foi executada a partir doeixo entre as torres. O primeiro piquete ficou a50 m da Torre 594, sentido ré. O espaço entreos piquetes, tanto da linha do eixo quanto da linhaintermediária, foi de quatro metros.

Não se procedeu à tradagem dos setoreslocalizados no eixo da linha por se encontraremna estrada de acesso. Além disso, o solo seapresenta bastante remexido pela própriaconstrução da estrada (esta também muitocompactada).

Todos os setores perpendiculares foramtradados, ocorrendo material cultural em uma daslinhas, de número 5, setor E, aos 25 cm deprofundidade.

Neste ponto foi aberto o corteestratigráfico, sendo o único local no sítio em queapareceu material cultural.

O corte localizou-se no interior da matade cerrado, com árvores de pequeno porte emuito material orgânico na superfície. Sedimentomarrom escuro, compacto, raízes e radículas portodo o setor.

Foram escavados 50 cm. O materialcultural apareceu até os 20 cm. A partir dessaprofundidade não apareceram mais evidências,apesar de terem sido feitas mais cinco tradagensdentro do setor. A partir de 30 cm a coloraçãodo solo tornou-se marrom avermelhado compresença de cascalho.

Na prospecção foram localizados três

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pequenos cacos de cerâmica sobre o entulho queestava junto à estrada de acesso. Todo o entulhofoi removido, mas nada mais foi encontrado.

Na Torre 593 as condições do local sãodiferentes, já que se trata de área de pasto. Nãohavia material cultural.

Devido à pouca ocorrência de material,seja no corte, na superfície ou nas tradagens, foidecidido não abrir outro corte.

Material arqueológico foi encontrado atéos 25 cm de profundidade e a maior coleçãosão cinco cacos na camada 10/20 cm.

Cacos pequenos e simples, compactos,

coesos, resistentes à fratura, homogêneo,pesados. Tratamento simples de superfície, masde boa confecção, sendo que alguns cacosapresentam bolhas de ar exclusivamente nasuperfície externa.

O tempero é composto de areia fina comalgum cariapé – sempre bem misturado à pasta– além do quartzo, em grãos de grandesdimensões, evidentes a olho nu, em quantidadepouco significativa.

A queima é oxidante com paredes marromclaro e/ou marrom amarelado e núcleo redutorcoloração cinza claro.

Torres 594/593 (SítioGurupi III),fragmentode borda

Torres 594/593(Sítio Gurupi III),vista geraldos pontos detradagementre as torres

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6.4.Características do Sítio Gurupi IV(Torre 596)

Não há necessidade de detalhamentofisiográfico para este sítio, que se enquadra nascaracterísticas registradas para os anteriores.

Síntese das Pesquisas Arqueológicas

3Sítio Gurupi IV – Torre 596Município de Gurupi (TO)Área setorizada [ sentidos: vante =

50,0 m; direito = 50,0 m; esquerdo =20,0 m]

O sítio está localizado em área de pasto. Nolado esquerdo da torre não foram feitas todas astradagens devido ao leito do rio.

O solo dos lados vante e direito possuemcoloração marrom claro até os 20 cm. A partir daítorna-se amarelado, não atingindo a profundidadede um metro devido à compactação e ao cascalho.

As tradagens das linhas E e F do lado rémostraram que o sedimento até os 20 cm é marromclaro e a partir daí torna-se acinzentado (tabatinga).Esta área possui um desnível acentuado e os últimospiquetes estão a mais ou menos 120 metros do brejo.

Nesta torre, apesar da prospecção em todaa área do sítio e na área de dispersão, assim comodurante as tradagens, não foi encontrada qualquerevidência de material cultural.

Segundo o relato do proprietário, Eriberto deSouza, e do vaqueiro, durante o trato com a terranunca foi encontrado qualquer vestígio de material.

Revista Acoéme -Núcleo Tocantinense de Arqueologia - Número 1 - Ano 1

Torre 596 (Sítio Gurupi IV), pontos de tradagem

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Ponto Base 4 – Peixe (TO); Torre 216 (Sítio Jaú). Ponto Base 5 – Palmeirópolis (TO); Torre 383 (SítioPalmeirópolis I); Torre 384 (Sítio Palmeirópolis II); Torre 417 (Sítio Palmeirópolis III); Torre 450 (Sítio

Palmeirópolis IV).

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PONTO BASE 4 – PEIXE (TO)

7. Município de JAÚ DO TOCANTINS

Aspectos Fisiográficos e Históricos

Região do Sítio Arqueológico Jaú.Município criado em 5 de outubro de 1989

e instalado em 1º de janeiro de 1993.Desmembrado do município de Peixe em 1991,Jaú começou a ter seu povoamento na primeirametade do século XX a partir da instalação defazendas de gado curraleiro. Sua distância paraPalmas é de 384 Km, e tem área de 2.181 Km²,com população estimada em 3,8 mil habitantes.Está localizado na região sul do estado, entre ascoordenadas de 12º 39´ 13´´ de latitude sul e48º 35´ 39´´ de longitude oeste. Limita-se aonorte e a oeste com o município de Peixe, comos municípios de São Salvador e Palmeirópolisa leste e com o Estado de Goiás ao sul. A baseeconômica local é a agricultura de milho e apecuária, com a criação de gado bovino.

Um dos atrativos naturais de Jaú, que chamaatenção dos turistas, é uma piscina natural de águasquentes, com dois pequenos lagos que brotam daterra. Este lugar está situado na Fazenda Poçosde Caldas, a 22 Km de Jaú. Outra atração é aGruta da Boa Vista, com um salão no qual foiinstalado um altar com a imagem de NossaSenhora da Conceição, onde, todo dia 8 desetembro, é realizada uma tradicional missa, apósuma romaria. O relevo possui altitude de 360metros. O município é banhado a oeste, na divisacom Peixe (TO), pelo Rio Santa Teresa.

7.1.Características do Sítio Jaú(Torre 216)

Localizado no município de Jaú doTocantins, na região sul do estado, numa área deplanície na margem do Rio Santa Tereza, emterras da fazenda Gameleira de propriedade do

Sr. Milton Inácio dos Santos. O rio corta oterreno entre as duas torres da linha detransmissão, de números 215 e 216, trechocorrespondente ao sítio arqueológico. Quanto àavaliação do contexto ambiental, o sítio escavadoestá localizado em uma área onde a coberturanatural se acha regenerada, tendo sidoreconstituídas algumas características davegetação ciliar primária.

O ambiente possui vegetação fechada,espinhentas, conhecidas popularmente como“unha de gato”, entre espécies de coco piaçava ecoco tucum. No entanto, todo seu entornocompreende áreas antropizadas, extremamentedescontextualizada de suas características naturaispelas extensas áreas de pastagem formadas.

O solo compreende uma espessa camadaargilosa superficial, que recobre o terreno arenoso.Encontra-se afloramento de laterita interperizada,descaracterizando o material representativo derochas areníticas. O relevo regional é, em suamaior parte, representado pelas áreas do planaltosul tocantinense, seqüências elevadas denominadasno local como Serra do Jaú.

Síntese das Pesquisas Arqueológicas

3 Sítio Jaú – Torre 216[Área setorizada = 50,0m em cada

lado da torre]Município de Jaú do Tocantins

Esta torre recebeu nova numeração: 216(antiga 215).

Nas linhas C e D, lado direito, a maiorprofundidade alcançou 60 cm e, a menor, 30 cm,devido ao cascalho. Coloração do soloamarelada.

Foi feita prospecção do lado vante até atorre 217, e do lado ré até próximo ao Rio SantaTeresa.

Não foi encontrado material cultural nestatorre nem próximo a ela, por isso não se abriucorte.

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Das 119 evidências líticas, a grande quantidade ficou por conta das lascassemicorticais e algumas de preparação, nas formas geométricas triangulares, retangularese trapezoidais, com muitas microlascas e seixos que apresentaram um ou doislascamentos, sem marcas de uso.

Torre 216 (Sítio Jaú), abertura de pontos de tradagem

PONTO BASE 5 – PALMEIRÓPOLIS(TO)

8. Município de PALMEIRÓPOLIS

Aspectos fisiográficos e históricos

Região dos sít io s arqueológicosPalmerópolis I, II, III e IV.

O município se localiza no extremo Suldo Estado do Tocantins, na divisa com oEstado de Goiás, entre as coordenadasgeográficas de 13° 02´ 38´´ de latitude sul e

48° 24´ 08´´ de longitude oeste.Sua distância para Palmas é de 452 Km,

com área de 1.710 Km² e população estimadaem 6,8 mil habitantes. Foi criado em 10 dejaneiro de 1980 e instalado em 1º de janeirode 1983.

Sua economia é baseada na plantaçãode milho e na criação de gado; a área éconsiderada bacia leiteira do estado e possuio maior rebanho de suínos do Tocantins.

Seu subsolo é rico em minério decalcáreo, cobre, grafita, mica e zinco. Orelevo regional encontra-se na faixa de 438metros, representado pela Serra Dourada.

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8.1. Características do Sítio Palmeirópolis I(Torre 383)

Situado em terrenos da Fazenda BoaEsperança, de propriedade do Sr. João dePina, morador do local há 32 anos. O sítiofica exatamente entre a torre do 383 e atapera da antiga sede da fazenda. A tapera érepresentada por vários tipos de árvoresfrutíferas plantadas pelo proprietário há pelosmenos 20 anos.

A área do sítio fica entre as partes maisaltas do terreno que acompanha o CórregoCocalinho pela margem direita e o RioMucambinho pela margem esquerda. Alocalidade é cercada por pequenos morrosque compõem a geomorfologia regionalformada pela Serra Dourada.

A vegetação circundante é representadapelo cerrado de pequeno e médio portes,dividindo a paisagem da direção norte, comuma densa mata de cocais, constituída porpalmeiras de babaçu, macaúba, gueroba ebacuri.

Atualmente o terreno do sítio estárecoberto por densa pastagem e as evidênciasde materiais arqueológicos sobre a camadasuperficial do solo são mínimas, constituídas,basicamente, de alguns vest ígios defragmentos cerâmicos e líticos. O alto graude destruição do sítio provavelmente é devidoaos diferentes tipos de atividades antrópicasjá realizadas no local.

Durante o reconhecimento de superfíciee nas tradagens só foram encontradasevidências na linha F-zero (superfície) e emoutros três pontos, em profundidade (C7 aos40 centímetros e D10 aos 20 centímetros).

Em dois destes três pontos foramabertos cortes estratigráficos (linha D,tradagem 10 e linha F, tradagem zero).

Ambos os cor t es at ingiram aprofundidade de 1,40 metro sem outromaterial que aquele recolhido na tradagem.Até 20 cm o sedimento é marrom escuro,tornando-se avermelhado a partir de então.

Do lado esquerdo da torre, sentidovante, há vestígio da construção da antigafazenda do proprietário e o pomar; destemesmo lado, distante cerca de 80 metros,corre o Rio Mucambinho.

Apesar da intenção de fazer um cortena margem do rio para verificação daestratigrafia, a grande quantidade de pedras,cascalho, seixos e raízes do barranco tornoua tarefa impossível.

Três cacos pequenos de cerâmicaforam encontrados nesta torre, cujo nível maisprofundo é 50 cm e a maior coleção totalizadois cacos a 10 cm.

Cacos pequenos, simples, compactos,coesos, resistentes à fratura e pesados.Tratamento rudimentar de superfície, mas deboa confecção, bem conservados, sem bolhasde ar e rachaduras. Queima oxidante,paredes e núcleo de coloração marrom claro.O tempero é composto de areia fina (grãosaté 2 mm), raízes e mica.

O material lítico é proveniente daetapa de levantamento, sendo coletadas 12evidências líticas, a maioria em quartzo esílex.

As lascas preparadas com formageométrica t riangular não apresentamdesgaste. Das cinco peças entre blocos enúcleos, um bloco apresentou sinais deutilização como bigorna. Não houve evidêncialítica durante o resgate, somente cerâmica.

Síntese das Pesquisas Arqueológicas

3 Sítio Palmeirópolis I – Torre 383Município de Palmeirópolis (TO)Dimensão do sítio = 12,0 m x 60,0

m [sentidos: direito = 54,0 m; ré = 12,0 mesquerdo = 6,0 m]

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Torre 383 (Sítio Palmeirópolis I), vista do corte na linha D com pontos de tradagem

Torre 383 (Sítio Palmeirópolis I), fragmento de borda

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8.2.Características do Sítio Palmeirópolis II-A (Torre 384)

Localizado também na Fazenda BoaEsperança, do Sr. João de Pina, distante do sítioanterior cerca de 500 metros. Seu local é de fácilacesso, pois se acha em frente à sede atual dafazenda, nas proximidades do lado direito docurral (20 metros). O terreno está delimitado porcerca de arame liso; foi recentemente arado eencontra-se recoberto por um tipo de pastagemrasteira ainda em formação, introduzida paraalimentação do rebanho bovino.

A paisagem de entorno é excepcional: umgrande vale cercado pela unidade seqüencial daSerra Geral, denominada na região como SerraDourada, que compõe as áreas de altitudes maiselevadas da extremidade sul do Estado doTocantins, em sua divisa com o norte do Estadode Goiás. O ambiente serrano, mas de relevoplano e altitudes elevadas, propicia ao lugartemperaturas agradáveis durante todo ano.

A hidrografia local, representada pelo RioMucambinho e seus afluentes, um tributário doRio Maranhão, que se encontra não mais de 30Km distante dali, juntamente com a coberturavegetal de cerrado, campos cerrados e matasciliares contribui para a fertilidade do solo,favorecendo a formação de extensas áreas deterras pretas, propícias ao cultivo de plantaçõese lavouras. Quanto às evidencias arqueológicas,pode-se afirmar que é um sítio significante pelaquantidade de cacos cerâmicos que se achamespalhados por todo terreno, pequenos, porémbem representativos.

Segundo o proprietário da fazenda, oterreno já foi removido pelo arado cerca de seisa oito vezes, e em todas elas apareceram grandesquantidades de cacos cerâmicos. Também jáencontrou neste local duas machadinhas, queteriam chegado a serem guardadas durante umcerto tempo e que depois perdidas pelos seusfilhos, que as utilizavam para brincar. Mesmoestando a área impactada por consecutivos anosde trabalho agro-pastoril não perdeu totalmentesuas características ambientais, conservando de

forma harmoniosa a conjunção dos fatores físicos:relevo, hidrografia, clima e vegetação.

Este sítio possui duas áreas de ocorrência,a primeira, “A”, já cadastrada no Iphan, tendosido localizada pela equipe de Furnas. A segunda,“B”, foi localizada nos trabalhos de salvamentoarqueológico deste projeto. São divididas poruma estrada de terra e pertencem a duaspropriedades diferentes. Não é necessáriocadastrar em separado ambas as áreas, mas osacervos recolhidos foram discriminados uma vezque podem vir a se constituir duas unidadesinterpretativas diferenciadas, quando se juntar aomaterial aqui descrito aqueles recolhidos pelasequipes do Projeto Salttins, no trecho ondepassará a Linha 2 de transmissão.

Síntese das Pesquisas Arqueológicas

3 Sítio Palmeirópolis II-A – Torre384 (antiga 378)

Município de Palmeirópolis (TO)Dimensão do sítio = 44,0 m x 58,0

m [sentidos: vante = 30,0 m; direito = 32,0m; ré = 14,0 m; esquerdo = 26,0 m]

Área de pasto com uma leve inclinaçãoem direção ao Rio Mucambinho.

Apresenta grande quantidade de materialcerâmico de superfície.

As tradagens alcançaram profundidadesvariáveis. No sentido vante, atingiram entre 65cm e 1 metro de profundidade, com ocorrênciade material em tradagens (setores 2 e 5). Omesmo em referência àquelas abertas no ladodireito e esquerdo da torre (linhas C e D, setores2 e 5). Do lado ré, o material só foi encontradono setor zero, linha F. E do lado esquerdo,somente no setor 3 da linha G. Outras tradagensforam feitas em setores intermediários, mas sófoi recolhido material cerâmico na linha F.

Os cortes foram abertos na linha B, setor5, e na linha G, setor 3.

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Os dois cortes foram escavados até os 90centímetros de profundidade, mas o materialarqueológico atinge somente os 20 primeiroscentímetros. Solo marrom escuro até 20 cm,passando depois para oavermelhado, sendo maiscompacto.

Este sítio é, portanto,quase superficial. A coletamais profunda, com poucasevidências, se restringe aos 20centímetros superficiais,provavelmente devido ao solomuito remexido por causa dosconstantes trabalhosmecânicos na terra paraplantio.

O material cerâmico ésimples, com algumas bordasde diferentes tipos, e semdecoração.

A maior coleção é a de superfície, com717 cacos.

Cacos compactos, coesos, resistentes àfratura, pesados. Tratamento de superfíciesimples, alisadas, mas cerâmica de boaconfecção. Não apresenta desgaste, bolhas dear ou rachaduras.

A queima é oxidante nas paredes,

adquirindo coloração marrom avermelhada enúcleo redutor, cuja cor varia entre cinza claro ecinza escuro. Apenas uma coleção desta torrepossui queima totalmente oxidante, que imprimiu

às peças, uma coloração marrom avermelhada.O tempero é composto por areia fina,

cariapé, quartzo e mica. O quartzo foi encontradosempre em grandes dimensões e com arestas e amica de forma laminar. Apenas um conjunto foitemperado com areia grossa, o que o difere dosdemais, onde predomina a areia fina.

Destacam-se duas bordas unguladas na

Torre 384 (Sítio Palmeirópolis II), setor “A” abertura de corte

Torre 384 (Sítio Palmeirópolis II), fragmento de borda decorada e fragmento de lâmina de machado polida

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extremidade, dois fundos, um aplique sem formadefinida por estar muito fragmentado e uma pré-forma de rodela de fuso (diâmetro 28 mm).

Os tipos de bordas são: levementeintrovertida, extrovertida, muito extrovertida, comreforço externo.

As oito evidências líticas coletadas nestaárea são provenientes das duas etapas, sendoque o material coletado associado à cerâmicafoi até uma profundidade máxima de 30/40 cmna etapa de levantamento, e na superfície, naetapa de resgate. Apresentou quatro lascascorticais e semicorticais na forma geométricatriangular, medindo entre 70x312x15 mm a30x24x06 mm, em quartzito e arenito silicificado;um fragmento de bloco de arenito silicificado commarcas de uso (alisador), dois fragmentos delâmina de machado, um em arenito bem erodidoe outro em quartzito, e um núcleo esgotado emsílex.

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8.3.Características do Sítio Palmeirópolis II-B (vão entre as torres 384/385)

Em relação às peculiaridades fisiográficas,este sítio, por ser vizinho do Palmeirópolis II, seenquadra nas já descritas para o sítio em questão,exceto em relação ao proprietário. O sítio nãoconstava das fichas do IPHAN, não tendo sidonotado quando do levantamento efetuado naimplantação das torres de transmissão. Ao serconcretizado o seu salvamento, foi verificada asua existência e nele praticada a atividade abaixoenumerada.

Síntese das Pesquisas Arqueológicas

3 Sítio Palmeirópolis II-B (Vãoentre as torres 384/385)

Município de Palmeirópolis (TO)Dimensão do sítio = 60,0 m x

146,00 mMaterial coletado do sítio = 2.014

peças

Ao ser executado o salvamento do sítiojá cadastrado a equipe foi procurada pelo Sr.Maxwell, que relatou que na fazenda de seu pai,José de Oliveira Sousa – onde está localizada asubestação da fibra ótica de FURNAS e a torre385 – existem muitos “cacos de panela” e “pedrasde raio”.

A veracidade da informação foiconstatada quando a equipe chegou ao local como informante e coletou uma pequena amostra decacos de cerâmica na superfície.

Esta fazenda está em frente à torre 384,que foi anteriormente pesquisada. O local já teveplantação de milho, soja, arroz e atualmente épasto plantado, fazendo com que o materialestivesse na superfície, muito quebrado, uma vezque a terra foi bastante remexida. Mantém, noentanto, as curvas de nível.

Entre 1989 e 1992 o empregado dafazenda encontrou uma lâmina de machadofragmentada, em local próximo à nascente dapropriedade, e que foi doada ao NUTA pornossa solicitação.

O nome da Fazenda é Pingo d´Água, emrelação ao local onde foi encontrada a lâmina demachado.

Foi feita a prospecção em toda a área, ecoletados cerca de 1,6 mil cacos de cerâmica.

O sítio foi setorizado no local de maiorconcentração, abrangendo uma área de 144 por60 metros. Os piquetes foram colocados comintervalos de 6 m: dez linhas perpendiculares aoeixo da linha das torres e 24 linhas paralelas àmesma.Este local dista do anterior cerca de 130metros.

As tradagens foram efetuadas até aprofundidade de um metro, mas o materialcultural se restringe até os 30 centímetros.

A coleta de superfície foi executadadurante todo o trabalho, isto é, piqueteamento,tradagem e abertura dos cortes, sempre comgrande volume de material cultural, de forma que95% do material da área B foram coletados nasuperfície.

Abertos cortes nas linhas E, setor 8, e B,setor 19, nestes locais devido à grandeconcentração de tradagens no entorno com

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material cultural. Ambos alcançaram 50centímetros de profundidade, ainda que asevidências se limitassem aos primeiros 30centímetros. Solo avermelhado e muitocompactado.

Embora a área demarcada possua grandeextensão (vide plano de topo), é possível que osít io ultrapassasse aquelas dimensões.Infelizmente, devido às diversas intervenções naterra para diferentes plantios, não só o materialfoi espalhado por uma grande superfície, comodesapareceram quaisquer marcas ou indícios decabanas ou estruturas habitacionais.

Considerou-se a área ocupada pelas torres384 e 385 como integrante de um único sítio

arqueológico, de ocupação extensa, ainda quepouco profunda.

Das seis evidências líticas coletadas nestaárea por ocasião da etapa de resgate, três sãolascas semicorticais na forma geométricaretangular e uma arredondada com os bordosgastos e duas reentrâncias perpendiculares, comose fossem para amarrar, sem ponto de impactoou bulbo e uma microlasca, que variaram detamanho entre 87x84x17 mm a 17x15x03 mm,em arenito silicificado, quartzito e quartzo.Apresentou ainda dois fragmentos de lâmina demachado em quartzito. A coleta do líticoassociado à cerâmica ocorreu na superfície e nosníveis 10/20 cm e 30/40 cm, com o uso do trado.

Torres 384/385(Sítio Palmeirópolis II)

setor B,fragmentos de lâminade machado polida

Torres 384/385(Sítio Palmeirópolis II)

setor B,vista geral da área

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8.3.Características do Sítio Palmeirópolis III(Torre 417)

Localiza-se na Fazenda Limoeiro, depropriedade do Sr. José Correa de Almeida,morador do local há 17 anos. O ambiente é deplanície, representadas pelas áreas banhadas peloCórrego Limoeiro, tributário do Rio Mucambão.

O solo é de textura argilosa de coloraçãoavermelhada e se acha recoberto pelo capimbraquearão, em área de pasto que acompanha amata ciliar do Córrego Limoeiro. A vegetaçãooutrora de cerrado fechado, atualmente acha-seintercalada por densas partes de capoeiras. Esteterreno, segundo o proprietário, foi utilizado pordiversos anos para plantar milho, e, portanto,gradeado por 14 anos consecutivos. Apesardisso, boa quantidade de cacos cerâmicos aindasão vistos espalhados pela camada superficial dosolo.

De acordo com o Sr. José Correa, elemesmo viu no local peças cerâmicas de origemindígena que estavam praticamente inteiras, potese panelas que foram destruídas pelo trator nostrabalhos de preparação do solo nas atividadesagrícolas. Ele também teria encontrado duas“pedras de corisco” nos primeiros anos quegradeou o solo, das quais não sabe mais oparadeiro.

Síntese das Pesquisas Arqueológicas

3 Sítio Palmeirópolis III – Torre417

Município de Palmeirópolis (TO)Dimensão do Sítio = 48,0 m x 78,0

m (sentidos: vante = 39,0 m; direito = 44,0m; ré = 39,0 m; esquerdo = 4,0 m]

Esta torre estava identificada pelonúmero 411, e assim consta do cadastro doIPHAN, mas através do mapa para localizaçãodas torres verificamos que, na verdade, seunúmero atual é 417.

Todas as linhas foram setorizadas e ossetores tradados, e, exceto as tradagens 6, 8 e 9da linha G, não alcançaram a profundidade deum metro devido à existência de uma laje depedra.

Foram abertos dois cortes: um no setorB2 – onde foram coletados fragmentoscerâmicos e peças líticas – e outro na linha D,setor 8, onde a quantidade de material recolhidofoi menor. O estabelecimento deste segundo cortese fez pela proximidade da maior área dedispersão de material no sítio.

O corte da linha 2 atingiu 80 cm deprofundidade e, o da linha D, 40 cm. Em ambosforam coletados cacos de cerâmica e lítico. Solocompacto, com muitas radículas, devido ao pasto,com coloração marrom escuro, mudando paraavermelhado aos 20 cm.

A cerca de 150 metros do lado direito datorre, e ainda na área de dispersão, existe umaplantação de mandioca onde foi coletada amaioria dos cacos cerâmicos. Neste local seráimplantada a próxima torre (linha 2) que dista daatual (417) aproximadamente 70 metros e queserá motivo de pesquisa pela equipe do ProjetoSALTTINS, hoje em andamento.

A grande quant idade de materialencontrado no local indica que, aparentemente,o centro do sítio está localizado na área daplantação de mandioca. Neste local o terrenofoi muito gradeado nas ocasiões do plantio e omaterial foi carreado para o nível mais baixo doterreno, onde está localizada a torre.

O nível mais profundo de ocorrência dematerial é aos 70 centímetros de profundidade ea maior coleção é a da superfície geral, com 65cacos.

Nesta torre os cacos são médios epequenos, sendo que na maioria das coleçõespredomina cacos compactos, coesos, resistentesà fratura e pesados.

Tratamento de superfície apenas regular,mas a pasta foi bem confeccionada. Ausênciade bolhas de ar, rachaduras e desgaste.

Os tipos de queima são: totalmenteoxidante, com coloração (paredes e núcleo)marrom avermelhada ou marrom clara e oxidante,

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com paredes de coloração marrom avermelhadae núcleo redutor, este de cor cinza claro ou cinzaescuro.

Os temperos que compõem os cacosdesta coleção variam entre areia grossa, quartzo,mica e algum cariapé, com variação nacomposição e uso em conjunto dos mesmos empastas diversas. O quartzo foi moído em grãosde grandes dimensões, com arestas evidentes.

As decorações são: engobo branco nasparedes internas e externas, banho vermelho nasparedes internas e externas. Já os tipos de bordassão: levemente introvertida, borda direta,extrovertida.

Das 25 evidências arqueológicas, dez sãolascas corticais, semicorticais e preparadas, emarenito silicificado e quartzito, sendo a maioriade forma geométrica triangular, retangular e umamicrolasca, com medidas que variaram entre145x82x21 mm a 21x14x4 mm. Apresentou seisartefatos sobre lascas, como raspador comescotadura, batedor e furador. A maiorconcentração de material deu-se no nível zero/10 cm e todo o material é proveniente das duasetapas.

8.4.Características do Sítio Palmeirópolis IV-A (Torre 450)

Localiza-se na Fazenda Santa Luzia depropriedade do Sr. Erzilio Dias de Oliveira,morador do local há 33 anos, e que sustenta suafamília se aproveitando dos recursos naturais queo lugar oferece, caça, pesca, coleta de frutossilvestres, criação de animais e solo agricultável.

O sítio arqueológico está localizado emuma área próxima, em frente à sede da fazenda,em terrenos de inundação, periodicamentelixiviado pelas cheias do Rio Mucambão.Compreende uma área com característica decapoeira, também constituída por algumasespécies arbóreas de grande porte,remanescentes da vegetação ciliar do RioMucambão. Este, por sua vez, é um importantemanancial hídrico afluente direto do Rio

Maranhão, que limita as terras fazendo divisa entreos municípios de Palmerópolis, no Estado doTocantins, e Minaçú, no Estado de Goiás. Oterreno apresenta solo de textura argilo-arenoso,de coloração escura, provavelmente peladecomposição da matéria orgânica, com espessacamada de folhas e troncos, restos de vegetaisacumulados entre os sedimentos da margem dorio. O relevo de suave declive acompanha odesnível da margem esquerda do rio, tornando-se mais acidentado à medida que se afasta domesmo, e vai sendo representado por pequenosmorros, cujo material rochoso é constituído porblocos soltos de quartzo, arenito, quartzito elaterita de tamanhos variados. Compõe tambéma paisagem local o Brejo Buritirana.

Síntese das Pesquisas Arqueológicas

3 Sítio Palmeirópolis IV Setor –Torre 450

Município de Palmeirópolis (TO)Dimensão do Sítio = 31,0 m x 46,0

m [sentidos: direito = 46,0 m; ré = 31,0m]

O número atual desta torre é 450, comoconsta do mapa de localização, e não 444, que é onúmero antigo.

O sítio está localizado na margem esquerdado Rio Mucambão, que faz divisa com o Estadode Goiás.

Nos lados vante e esquerdo da torre não foipossível colocar os piquetes de setorização devidoà proximidade do rio.

No lado ré só foi possível colocar ospiquetes da linha E, também pela proximidade docurso dágua.

O lado direito foi o único que teve condiçõespara a colocação de todos os piquetes. Na linha C,onde a profundidade varia entre 97 cm e 1,80 m,foram efetuadas tradagens intermediários natradagem. A cerâmica foi coletada aos 30 cm deprofundidade no setor C7-A (intermediária) e no

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setor D2-A(intermediária), ondeforam abertos cortesestratigráficos. Amboschegaram aos 40centímetros deprofundidade.

O materialarqueológico encontradorestringiu-se a três cacosde cerâmica.

Além da área dosítio foi feita prospecçãona área de dispersão, masnenhum outro materialcultural foi encontrado.

A camada maisprofunda desta torrechegou a 30 cm, commaterial arqueológico. Amaior coleção se reduz a um caco encontradonaquela profundidade.

Cacos pequenos, simples, compactos,coesos, resistentes à fratura, pesados.

Tratamento de superfície simples, alisada,mas, como é comum na área, material bem

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confeccionado e bem conservado, sem bolhas dear e rachaduras.

Queima oxidante nas paredes, de coloraçãomarrom escura, com núcleo redutor cor cinzaescuro.

O tempero predominante é composto deareia fina (grãos até 2 mm) e mica. Destaca-se umaborda (cat. Nº 2763) que possui tempero somentede argila e mica.

A grande maioria das evidências líticas (525)é proveniente da etapa levantamento. As evidênciaslíticas provenientes do resgate (3) foram coletadasatravés do uso do trado.

No total geral houve 528 evidências líticas,onde a matéria-prima predominante foi o quartzo,seguido do quartzito e arenito silicificado, e apenasduas evidências em sílex.

Predominaram as lascas corticais,semicorticais e preparadas, com formas geométricastriangulares e retangulares, e microlascas.

A cerâmica associada ao lítico foi coletadaaté o nível 30/40 cm e, a partir daí, somenteevidências líticas, sendo que o nível 40/50 cmapresentou a maior porcentagem lítica (73): núcleosesgotados, blocos e seixos com um, dois, ou maislascamentos, lascas retocadas com indicação deuso, como raspador com escotadura.

Torre 450 (Sítio Palmeirópolis IV), área de escavação e pontos de tradagemdo lado direito da torre

Torre 450 (Sítio Palmeirópolis IV), lasca retocadacom lascamento recente

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E - CONCLUSÃO

Ao todo foram pesquisados 19 sítiosarqueológicos, já registrados no IPHAN pela equipede levantamento.

Dentre os sítios, três foram exclusivamentelíticos, balizados pelas torres 423 (Santa Rita II), 431(Crixás) e 587 (Gurupi II). Alguns são sítiosprofundos, com espessa camada estratigráfica (aindaque de composição muito simples), como o Crixás,cuja profundidade com material alcança os 90 cm, eo Gurupi II, com material até os 270 cm deprofundidade.

Outros três sítios foram exclusivamentecerâmicos, situados sob as torres 493 (Sítio AliançaI); no vão entre as torres 593 e 594 (Sítio GurupiIII), e 596 (Sítio Gurupi IV). São sítios menosprofundos, com material até os 50 cm deprofundidade.

Dos 13 sítios classificados como lito-cerâmicos, quatro apresentaram coletas de líticoassociado à cerâmica até os níveis 30/40cm: foramos das torres 215 (Sítio Jaú), 430 (Sítio Santa RitaIII), 383 (Sítio Palmeirópolis I) e 444 (SítioPalmeirópolis IV).

Nos demais, as evidências líticas estãoassociadas diretamente à cerâmica: os sítios dastorres 101 (Sítio Miracema), 222 (Sítio Sudam), 273(Sítio Miroró), 421 (Sítio Santa Rita I), 530 (SítioAliança II), 531 (Sítio Aliança III), 576/575 (SítioGurupi I), e aqueles localizados em Palmeirópolis,nas torres 384 e 417 (Palmeirópolis II e III), sendoque o Sítio Palmeirópolis II foi dividido em duasgrandes áreas, “A” e “B”.

Não foram observadas diferenças sensíveisentre as coleções líticas, fossem recolhidas emassociação com a cerâmica – nos sítios em quetambém foram encontradas em níveis anteriores aoseu aparecimento – ou quando constituíram o únicomaterial arqueológico. Provavelmente o fato é emfunção do ainda pequeno número de peças, uma vezque no Sítio Gurupi II, em que foram abundantes, foipossível refinar a análise, trabalho em andamento eque será divulgado em separado em outraoportunidade.

Quanto à cerâmica, sem dúvida as coleções

recolhidas constituirão fases diferenciadas, desde quedetalhes como a variação do tempero, alguma raradecoração ou a morfologia do vasilhame se alteramentre grupos de sítios.

A correlação cultural com outros complexosregionais ainda é muito difícil de ser estabelecida,sobretudo antes de serem identificadas as fases àsquais se vinculam. Ainda que atualmente seja um errocomum a associação direta de sítios às Tradições,este é somente um expediente inicial, de restritosignificado e que só deve ser tentado quando oquadro cultural é bem conhecido. É o caso, porexemplo, de relações de sítios à Tradição Tupiguarani(considerando ser esta a melhor conhecida e a melhoridentificada no País).

Como as Tradições são formadas porconjuntos de fases que mantêm similaridades entrevínculos culturais completos (representados no acervomaterial, inserção dos sítios em áreas aproximadas ecom duração temporal compatível) e representam amaior unidade de análise e interpretação,obrigatoriamente têm que ser caracterizadas porgrandes e genéricos traços identificadores(resultantes, repetimos, das características gerais dasfases que a compõem). Já os sítios constituem amenor das unidades arqueológicas, de forma quecomparar a menor à maior das expressões, ignorandoos critérios iniciais e medianos de agrupamento (asfases) é um exercício preliminar que, como tal, deveser reconhecido. O menor é medido (e muito bemdetalhado em suas peculiaridades) e comparado,com as maiores medidas possíveis (desde queembora possamos postular a existência de arqueo-tradições, elas ainda não foram tentadas nemreconhecidas na arqueologia brasileira).

O paradoxo é que em alguns casos acomparação identificadora é estabelecida por quemnão utiliza o conceito intermediário da fase (e às vezesaté discorda de seu uso), mas que aceita todo oquadro estabelecido de Tradições deste país, comose houvesse sido organizado ao revés daquelas. Jáse viu “bons arqueólogos” criticando os critériosidentificadores de Tradições, pelos que asestabeleceram, e recomendando reparos futuros por

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não enquadrarem perfeitamente todos os aspectos edetalhes de um sítio em particular estudado por eles...

Nas proximidades da região agora estudadajá foram identificados conjuntos de fases vinculadasàs quatro grandes Tradições culturais deste país. Amais antiga, a Tradição Una, cuja primeira fase foiidentificada por um de nós (Dias Junior, 1969), seestende nos cerrados do planalto central entre cercade 3.950 a 1.230 anos atrás (Azevedo Neto:1999). Ela foi localizada na área de Monte doCarmo, Rio das Balsas, pela fase Pindorama(Barbosa, 1984 e Schmitz & Barbosa, 1985).

A Tradição Aratu-Sapucaí, com seus sítiosextensos, de grandes urnas, também inicialmentereconhecida por um de nós (Dias Junior, 1971) –embora tenha sítios localizados até hoje na área maismeridional de atuação deste projeto, entre o Tocantinse a Bacia do Paranã – é representada por diversasfases, como a Itaberaí (Schmitz et alii, 1974) e aTejuaçu (Simonsen, 1981). Ela ocupa o horizontesituado entre 2.000 e 1.050 anos passados.

A Tradição menos extensa, em termos deterritório nacional, bem entendido, a Uru – que cobregrande parte do planalto central – foi identificadapor Schmitz et alii (op.cit:1974) e é composta pordiversas fases, como a Aruanã (Rio Araguaia); aItapirapuã (Rio Vermelho); a Jaupari (Rio Claro), Urue Uruaçu (Rio das Almas), segundo Schmitz eBarbosa (1985). Contemporânea e mais recente doque a anterior, teria se estabelecido na área há cercade 1.250 anos e chegado até o presente representadapelas populações indígenas ainda sobreviventes. Osúltimos grupos a chegar seriam os tupi.

A maioria das fases destas Tradições noTocantins apresenta cerâmica temperada com areia,ou mineral moído e cariapé, em maior ou menorquantidade e proporcionalidade entre si. Emboravariem na morfologia do vasilhame, nesta fase deconhecimento as semelhanças notadas entre elasainda não permitem relacioná-las com segurança aquaisquer dos grupos que começam a se esboçar noprojeto, embora hajam semelhanças maiores com aTradição Aratu-Sapucaí, mesmo com a proximidadedo grupo mais ao norte com a fase Pindorama (Una).

Um dos fatores que dificultam tais vínculos eaté mesmo o estabelecimento das relações dos sítioscom o meio em que estão inseridos se deve à própria

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natureza do projeto. Por se tratar de um salvamentode sítios já levantados ao longo de uma linha reta ebem definida sobre o ambiente, não se pode –sequer – estender a pesquisa para o entendimentoabrangente de todas as características da ocupaçãode qualquer dos grupos identificados.

Conforme foi dito logo no início do texto, épreciso adequar os resultados às hipóteses, nascendoestas em função daqueles. Somente em novaoportunidade a pesquisa poderá ser estendida,ultrapassando os limites rígidos da topografia, nosentido de estudar o aproveitamento do espaço eseu manuseio pelos grupos agora identificados.

Na verdade, é ocasional o fato da linha cortarsítios que representam opções de estabelecimentode grupos de caçadores, coletores e horticultoressobre territórios amplos, altos, colinares epredominantemente secos, semelhantes àquelesdefinidos como ideais para a passagem de linhas detransmissão. Tais resultados somente ganharão maiorsignificância com a complementação futura destetrabalho, organizado, então, em padrões de pesquisaacadêmica, sem dúvida beneficiada pelos dadosprovenientes desta etapa e que permitirão aformulação segura daquelas mesmas hipóteses.

Por hora somente se pode observar que ossítios representam opções de localização de gruposhumanos que se mantinham nas proximidades depequenos cursos d’água, em áreas colinaresdistantes alguns quilômetros das margens do RioTocantins. Em alguns pontos garantiam acesso àsmatas, muito poucas delas preservadas hoje, e acampos de caça nos cerrados, onde algumas jazidasasseguravam o fornecimento de matéria prima lítica.A areia, rica em hematita, foi muito empregada nacerâmica, assim como o cariapé, ao lado de outrostemperos menos importantes. Como em nenhumcaso se descobriu sítios cemitérios ou estruturas maiscompletas de habitação, ainda não é possívelesboçar a sua complexidade cultural, mas resta acerteza de que em alguns pontos a permanência foialongada no tempo, constituindo sítios com algumaprofundidade ocupacional, ainda que predominemas grandes aldeias do tipo Aratu/Sapucaí. Aliás, épreciso destacar o fato de que os horizontes líticosindicam tais permanências muito mais longas do queos exclusivamente cerâmicos.

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F - EQUIPE ATUANTE E RESPONSABILIDADES

Ondemar DiasCoordenador e relato r dos

trabalhos. Responsável geral, organizandoo projeto e todas as etapas da pesquisa,desde a tesouraria à supervisão dostrabalhos de campo, laboratór io eeditoração, em estreita colaboração como segundo coordenador. Responsáveljurídica e legalmente pelos trabalhos frenteao IPHAN, e também pela atuaçãoespecífica da equipe do IAB. É um dosautores deste texto.

Marcos ZimmermannSegundo coordenador (local). Não

só compart ilhou com o pr imeiro aresponsabilidade jurídica e legal peranteo IPHAN, como especificamente zeloupela atuação da equipe do NUTA/UNITINS. Acompanhou e fiscalizoupermanen-temente os trabalhos de campoe laboratório, sendo, igualmente um dosautores deste texto.

Denise ChamumArqueó loga responsável pelo

trabalho de campo, diariamente à frentedas pesquisas, dirigindo os trabalhos dosespecialistas e atuando como executivaprincipal. Ela também se responsabilizou

Um trabalho do gênero, para alcançarresultados satisfatórios, exige a atuação de umaequipe coesa e bem coordenada, que trabalhe emconjunto e de forma eficiente, não só nas diversasetapas que compõem uma pesquisa arqueológica,como também nas funções específicas de cada umdos seus componentes.

Se os presentes trabalhos alcançaram umnível plenamente satisfatório se deve, sem dúvida,não só à capacidade e competência dos profissionaisenvolvidos, como à disciplina e ao interesse de cadaum dos pesquisadores, independentemente do nívelde responsabilidade individual e do papeldesempenhado no transcorrer da pesquisa.

pela análise do material cerâmico.

Eunice MenestrinoArqueóloga lotada no NUTA, auxiliou

nos salvamentos de alguns sítios líticos.Responsável, durante todo o tempo dostrabalhos, pela recepção, organização,identificação e guarda do material chegadode campo nos laboratórios da UNITINS emPorto Nacional e pela análise do materiallítico. É uma das autoras deste texto.

Juber DeccoTécnico de campo da equipe do IAB.

Secundou os trabalhos da arqueólogaresponsável durante a pesquisa,responsabilizando-se pelo material coletadoe pela tesouraria de campo, auxiliando nasanálises do material cerâmico.

Kleyber RochaMotorista e técnico de campo da

equipe do NUTA. Responsável pelacontratação das equipes de apoio (peões),seu transporte e deslocamento. Auxilioutambém em todos os t rabalhos desalvamento, permanentemente em campo.

Antonia C. PedreiraEspecialista em geografia e

Assim, o esquema operacional se desenvolveu da seguinte forma:

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Além das diversas turmas de trabalhadores braçais que atuaram nas pesquisas de campo,temos que considerar como importantes para o bom andamento dos trabalhos os estagiáriose funcionários do NUTA em Porto Nacional, assim como os pesquisadores e técnicos daequipe do IAB no Rio de Janeiro, que auxiliaram, na medida do possível e sempre quenecessário, as atividades desenvolvidas pelo grupo de profissionais diretamente envolvidos noprojeto.

geomorofologia da equipe do NUTA.Responsável pelo levantamento dos dadospertinentes e que compõem parte desterelatório. Participante dos trabalhos de campoem períodos mensais. É uma das autoras destetexto.

Antonio AiresEspecialista em geografia e cartografia

da equipe do NUTA. Participante dostrabalhos de campo em períodos mensais,autor dos mapas e plantas topográficas queacompanham este relatório.

AGRADECIMENTOS

Parece evidente que um projeto desalvamento arqueológico depende da boavontade de muitas pessoas para funcionarcorretamente e atingir os fins aos quais sedestina. Mesmo que uns possam se tornar maisevidentes do que outros, em seu processo derealização todos, independentemente de suaimportância, contribuem com seu quinhão,contrabalançando as felizmente raras figurasque, vez por outra, cruzam o caminho dequalquer equipe e de qualquer Instituição. Nocaso deste projeto, felizmente, todos, semexceção, citados ou não, deram sua parcelade colaboração e merecem nossa gratidãomanifestada de público.

Assim, sem dúvida, o primeiro passo sedeve à lembrança da nossa equipe por partedos arqueólogos de FURNAS Centrais ElétricasS.A. Marcelo Gatti e Cristina Franco, que aindicaram aos diretores da empresa,recomendando-a como capacitada a cumprir astarefas de salvamento e atendimento àsexigências formuladas pelo IPHAN. Seusdiretores acataram o parecer e, após brevediscussão, concordaram com os termospropostos, aceitando patrocinar este projeto,acompanhando com interesse seudesenvolvimento e jamais exigindo quaisquer

tarefas ou comprovações além das acertadaspreviamente. A eles, portanto, devemos umsincero agradecimento, certos de termoscumprido nossa parte e correspondido àexpectativa dos nossos amigos Marcelo eTereza.

Os diretores do IAB e às autoridadesda UNITINS, que em cada uma dasInstituições não só concordaram com ot rabalho como concederam todas asfacilidades para sua boa execução, dando oapoio imprescindível para o bomfuncionamento das equipes, a certeza de quesem a sua compreensão e incentivo nadapoderia ter sido efetivamente concretizado.Este agradecimento é extensivo a todos osfuncionários, colegas e amigos de ambas asInstituições.

Também aos diretores do IPHAN,através seus departamentos competentes, queacataram todo o projeto e concederam alicença necessária para a pesquisa em tempoabsolutamente hábil, sem quaisquer outrasexigências. A eles formulamos nossoreconhecimento, em especial à arqueólogaMaria Lúcia Pardi.

Nosso agradecimento de públicotambém aos proprietários das fazendas e

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terras em que se localizam os sít iostrabalhados, pelo livre acesso e facilidadesconcedidas, sempre que solicitadas.

Não se pode, ademais, deixar delembrar todos os nossos familiares, esposas,maridos, filhos e amigos que curtiram com

carinho das nossas realizações e padeceramcom nossos afastamentos, tão clássicos dosque se dedicam à arqueologia. A eles nossopúblico e permanente afeto, reconhecimentoe penhor por merecermos estas manifestaçõesde amor e confiança.

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INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 014/99 QUECRIA O NÚCLEO TOCANTINENSE DEARQUEOLOGIA E ESTABALECE SEU

REGIMENTO

Novembro, 1999

Acoéme . nº 1 pag. 68

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INSTRUÇÃO NORMATIVA/FUNDAÇÃO - UNITINS/GRE/Nº 014/99

O REITOR DA FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE DO TOCANTINS – UNITINS,no uso de suas atribuições legais, resolve:Art. 1º Fica criado o Núcleo Tocantinense de Arqueologia.

Art. 2º O Núcleo Tocantinense de Arqueologia, órgão vinculado à Pró-Reitoria dePesquisa e Pós-Graduação da Fundação Universidade do Tocantins (UNITINS), destina-seprioritariamente a coordenar, desenvolver, orientar e executar estudos e pesquisas na áreaespecífica de Arqueologia, tendo a Antropologia, História, Educação e Ciências do MeioAmbiente como áreas de apoio técnico-científico.

Art. 3º O Núcleo tem como objetivos gerais:

Desenvolver pesquisa básica e aplicada em suas áreas de atuação, garantindo eefetivando interfaces com todas as congregações da Fundação Universidade do Tocantins que atuam emáreas afins, especialmente com as congregações de História, Geografia, Biologia e Engenharia Ambiental;

Regionalizar estudos e pesquisas;

Promover e otimizar a capacitação de pesquisadores;

Produzir e divulgar documentos;

Retroalimentar os diferentes cursos ministrados na UNITINS em nível degraduação e pós-graduação sob a forma de disciplinas obrigatórias e eletivas, seminários, conferências,painéis e exposições;

Intercambiar com a comunidade em geral e com a comunidade pesquisada, emespecial, os resultados obtidos em pesquisas e estudos;

Divulgar em níveis local, nacional e internacional os resultados de estudos epesquisas;

Prestar assessoria dando laudos arqueológicos e antropológicos em construçõesde hidrelétricas; linhas de transmissão; gasodutos; rodovias; ferrovias; em hidrovias; demarcação de terrasindígenas; de remanescentes de quilombos; em projetos educacionais; EIA-Rimas, e demais atividadesafins;

Art.4º Objetivos específicos do Núcleo de Arqueologia:

I. Na área específica de Arqueologia, que é constituída pelos profissionais especialistasem arqueologia lotados no Núcleo:

a)Promover a pesquisa em níveis local, regional e nacional para estabelecero conhecimento a cerca dos processos culturais ocorridos, bem como a sua relação com os processosatuais;

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b) Realizar pesquisa de salvamento em locais ameaçados de destruição(Arqueologia de Contrato);

c) Realizar trabalhos de pesquisas arqueo-acadêmica promovidas pelaprópria universidade;

d) Realizar trabalhos de tombamento, cadastro e fiscalização de sítiosarqueológicos em colaboração estreita com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional(Iphan), zelando pela observância da lei que dispõe sobre a proteção dos monumentos arqueológicose históricos brasileiros;

e) Capacitar novos profissionais na área de Arqueologia e áreas deapoio;

f) Desenvolver pesquisas na área de área de Arqueologia histórica.

Art. 5º Objetivos complementares do Núcleo de Arqueologia:

I - Da área de Antropologia que se constitui de equipes temporárias deprofissionais especialistas da área, para tal, pelo coordenador do Núcleo, com a concordância dasáreas de origem:

a) Promover o estudo da cultura indígena local, regional e nacional;

b) Desenvolver estudos de grutocronologia;

c) Compreender a situação em que se encontram os grupos indígenasface ao desenvolvimento e contato com a sociedade nacional;

d) Conhecer e analisar a política indigenista (ação oficial, missionária,antropólogos e a sociedade civil);

e) Pesquisar a etno-história dos grupos indígenas (fontes primárias,acervo áudio-visual, microfilmes);

f) Promover estudo de cultura regional, especialmente na Pré-História;

g) Promover estudos sobre grupos étnicos remanescentes de quilombos

II - Na área de meio ambiente, constituída por equipes temporárias de profissionaisespecialistas das áreas de Geografia, Geologia, Biologia e Engenharia Ambiental, para tal convocadospelo coordenador do Núcleo, com a concordância das áreas de origem:

Responsabilizar se pelos projetos de cunho ambiental, voltados paraas necessidade das áreas de atuação do Núcleo;

Desenvolver pesquisas que envolvam tanto estudos de meio ambientecomo também estudos paleo-ambientais, concentrados dentro da escala temporal que compreendeo período quaternário;

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Produzir e organizar um acervo cartográfico, aerofotogramétricoe de geo-processamento;

III - Na área de Educação, formada por equipes temporais interdisciplinarescompostas por profissionais de pedagogia, professores licenciados em diferentes áreas doconhecimento, especialistas em assuntos relacionados aos pesquisadores do instituto etradutores-intérpretes a serem formados através de convocação do coordenador do Núcleo,de conformidade com as necessidades dos trabalhos em desenvolvimento, com a concordânciadas áreas de origem:

O apoio acadêmico ao conjunto de atividades desenvolvidas peloNúcleo, e pela efetivação de estudos em documentação, tendo em vista a sistematização de questões,relatos, diários de expedições e depoimentos que possam ser transformados em publicaçõesespecíficas das diferentes áreas;

Promover o intercâmbio entre as diferentes atividades do Núcleo, acomunidade universitária da UNITINS e a comunidade em geral, através de cursos, conferências,seminários, exposições, eventos e produção de documentos;

Organizar e fazer funcionar um museu do Núcleo;

Organizar e fazer funcionar uma biblioteca especializada do Núcleo;

Assessorar as atividades relativas ao projeto interno de editoração naprodução científica do Núcleo.

IV - Na área de História, que é constituída temporárias de profissionais especialistasdas áreas de História, para tal convocados pelo coordenador do Núcleo, com a concordância daárea de origem:

Desenvolver pesquisas na área de História regional que sirvam desubsídios para pesquisas em andamento no Núcleo;

Desenvolver pesquisas na área de etno-história;

Organizar o acervo documental: microfilmes, documentosarqueohistóricos, fotografias e outros.

Desenvolver atividades arqueológicas e históricas em quilombos.

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CAPITULO IIDA ADMINISTRAÇÃO – SUA ORGANIZAÇÃO

Art. 6º Núcleo Tocantinense de Arqueologia reger-se á:

I - Pelo Estatuto e Regimento da Fundação Universidade do Tocantins(UNITINS);

II- Por esta instituição normativa e atos administrativos decorrentes.

Art. 7º A estrutura administrativa e acadêmica do Núcleo é composta:

I - Pelo Conselho Deliberativo;

II - Conselho Técnico-Cientifico;

III - Conselho Institucional;

IV - Órgão de Apoio – Contrapartidas.

Art. 8º O Conselho Deliberativo será composto por:

I - Um coordenador provido pelo Reitor da Fundação Universidade doTocantins (UNITINS), escolhido em sua lista tríplice elaborada pelo C. T. C. e composta pornomes de arqueólogos efetivos do Núcleo.

a) O cargo de coordenador do Núcleo terá a duração de 2 (dois)anos.

II - Uma Assessoria Científica composta pelos representantes das áreas deapoio que estiverem no momento colaborando com o Núcleo.

Art. 9º Compete ao coordenador do Núcleo Tocantinense de Arqueologia:

I- Coordenar todas as pesquisas do Núcleo;

II - Dirigir, coordenar e responder pelo Núcleo nos aspectos administrativos;

III- Executar as políticas e decisões do Conselho Técnico Científico;

IV- Participar dos processos de normalização das atividades que lhe sãoafetadas;

V- Fazer cumprir, em toda a área, a decisões tomadas em conjunto com aUNITINS;

VI- Elaborar a proposta orçamentária do Núcleo;

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VII- Emitir parecer sobre matérias e atividades que lhe são afetadas;

VIII- Administrar os recursos orçamentários destinados ao Núcleo, emconsonância com os critérios da Pró-Reitoria Administrativa.

IX- Propor, elaborar, executar e avaliar convênios com outras identidades,em conjunto com a administração superior da UNITINS;

X- Diagnosticar a situação das diversas áreas do Núcleo, no que se refere anecessidades, formação e qualificação de recursos humanos, provendo sua otimização;

XI- Apresentar as instâncias superiores dados quantitativos referentes àavaliação do desenvolvimento das atividades do Núcleo.

XII- Efetivar intercâmbio com instituições científicas de ensino superior,empresas e órgãos nacionais e estrangeiros;

XIII- Promover a integração acadêmica com os diferentes cursos da UNITINSem nível de graduação e pós-graduação;

XIV- Estabelecer representantes das áreas de apoio, segundo necessidade depesquisa;

XV- Coordenar os trabalhos da Assessoria Científica e do Conselho TécnicoCientífico;

XVI- Presidir e convocar as reuniões do Núcleo.

Art. 10º Compete à Assessoria Científica:

I- Apoiar e acompanhar os trabalhos desenvolvidos pelo Núcleo;

II- Assessorar a administrativamente o Núcleo;

III- Viabilizar as políticas de atuação do Núcleo;

IV- Preparar minutas de convênios e intercâmbios científicos;

V- Sistematizar o acompanhamento às diferentes atividades do Núcleo;

VI- Elaborar o cronograma de pesquisas, atividades, promoções e eventosdo Núcleo;

VII- Elaborar o relatório semestral de desempenho das atividades realizadaspelo Núcleo.

Art. 11º O Conselho Técnico-Cientifico será formado pelos membros chamadoprofessores-pesquisadores que constituem a atual equipe de campo e laboratório dos projetos

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de arqueologia em andamento na UNITINS e futuros pesquisadores que preencherem asseguintes disposições indispensáveis

I- Ter curso superior;

II- Ter curso de extensão universitária especializado em Arqueologia eequivalente, ou ainda, cursos afins ministrados pelo Núcleo e universidades;

III- Ter no mínimo quatro anos de pesquisas sistematizadas de campolaboratório no Núcleo;

IV- Compõem a atual equipe científica à qual se refere o Artigo 10 os seguintesprofessores-pesquisadores: professor ms. Marcos Aurelio Camara Zimmermann, pesquisador –Arqueologia, profª esp. Antônia Custódia Pedreira, pesquisadora – Geografia, professor esp. AntônioAires da Silva Neto, pesquisador – Topografia/Cartografia, prof. esp. Sérgio Ayres da Silva,pesquisador – Geologia, profª. drª Gilda Schmith, Pesquisadora – Biologia, professor ms. OdairGiraldim, pesquisador – Antropologia, professor dr. Ondemar Ferreira Dias Junior, pesquisador –consultor.

a) Os futuros pesquisadores que também comporão o C.T.C.deverão ser designados pelo Reitor a partir de uma lista encaminhada pelo coordenador.

Art. 12º Compete ao Conselho Técnico-Científico:

I- Compor a lista tríplice bianual com os nomes propostos coordenação doNúcleo;

II- Aprovar e selecionar estagiários de iniciação científica e outras categorias;

III- Encaminhar aos órgãos competentes solicitação de novos contratos parao quadro efetivo de professores-pesquisadores de acordo com a necessidade do Núcleo;

IV- Aprovar relatórios, propostas e projetos de pesquisas do Núcleo;

V- Diagnosticar a situação acadêmica e administrativa das áreas afins quedeverão atuar prioritariamente em função da Arqueologia;

VI- Autorizar as publicações e comunicações científicas a serem feitas peloNúcleo;

VII- Analisar e aprovar programa de capacitação de recursos humanos;

VIII- Deliberar, em instrumento próprio, a respeito dos projetos e atividadesdesenvolvidades no Núcleo assegurando, também, as interfaces necessárias com as congregaçõesda universidade que atuem em áreas correlatas;

Art. 13º O Conselho Técnico-Científico reunir-se-á, ordinariamente, uma vez por mês,

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podendo o coordenador convocar reuniões extraordinárias. Serão registradas em ata asdiscussões, decisões e encaminhamentos de propostas.

1º § As decisões do Conselho Técnico-Científico serão tomadas mediantevotação no sistema de maioria simples.

2º § Eventualmente, os consultores dos diferentes projetos poderão serconvocados pelo coordenador no Núcleo a fim de esclarecerem questões relativas aos trabalhosdesenvolvidos ou a serem desenvolvidos, sem, no enquanto, terem direito de voto.

Art. 14º O Conselho Institucional é formado pelos seguintes membros:

I- Coordenador do núcleo;

II- Representantes de área;

III- Um representante da Pró-Reitoria de Pesquisa da UNITINS;

IV- Dois representantes do corpo de professores-pesquisadores do Núcleoindicado pelo Conselho Técnico Científico;

V- Um representante dos acadêmicos em iniciação científica do quadro debolsistas do Núcleo.

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Art. 15º O Conselho Institucional reunir-se-á em uma estância acadêmica eadministrativa que poderá ser convocada pelo coordenador quando os assuntos a seremtratados requerem a participação do conjunto de profissionais.

Art. 16º Caberá à Fundação Universidade do Tocantins manter o quadro de professorespesquisadores e funcionários administrativos de acordo com a necessidade do Núcleo, comotambém a manutenção de equipamentos e de consumo necessários.

Art. 17º Competirá ao Núcleo Tocantinense de Arqueologia a contrapartida com osresultados científicos e acadêmicos.

1º § A contrapartida para a Fundação Universidade do Tocantins seráde 0 a 15% dos recursos adquiridos com a taxa administrativa. Sob a posse do Núcleo ficará omaterial de consumo e permanente destinados a viabilização dos trabalhos.

CAPÍTULO III

DO QUADRO CIENTÍFICO – DAS CATEGORIAS DE PESQUISADORESEFETIVOS E CONVIDADOS

Art. 18 São pesquisadores efetivos os professores-pesquisadores em Arqueologia que

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fazem parte do quadro profissional da UNITINS.

Art. 19 São fundadores os profissionais da UNITINS que constam desta InstruçãoNormativa do Núcleo Tocantinense de Arqueologia.

Art. 20 São Pesquisadores Beneméritos todos aqueles pesquisadores, efetivos ou nãodo Núcleo, que tiverem contribuído com o seu trabalho ou sua atuação para oengrandecimento do Núcleo.

Art. 21 São benefícios aqueles que contribuírem com donativo de vulto para o Núcleo.

Art. 22 O título de pesquisador honorário será concedido às autoridades, pessoasgradas ou científicas, nacionais ou estrangeiras.

Art. 23 São representantes aqueles pesquisadores que, devidamente credenciados peloNúcleo, mantenham intercâmbio com o Laboratório de Arqueologia, residindo em outraspartes do pais ou no estrangeiro, ouvido o C.T.C.

Art. 24 São correspondentes os pesquisadores que entrarem em contato solicitando efornecendo dados científicos e devidamente autorizados pelo C.T.C.

Art. 25 São pesquisadores visitantes aqueles que podendo contribuir de alguma formacom as pesquisas do Núcleo poderão ter viabilizadas visitas científicas para dar orientações,palestras, conferências etc, junto à Fundação Universidade do Tocantins, uma vez aprovadopelo C.T.C.

Art. 26 São consultores os pesquisadores que, estando ligados aos projetos científicos,tenham sua consultoria viabilizada pelos órgãos patrocinadores.

CAPITULO VI

DO QUADRO ADMINISTRATIVO DO NÚCLEO

Art. 27 Para a administração do Núcleo será necessária a lotação permanente defuncionários da UNITINS com as seguintes funções:

I- Coordenador do Núcleo – Profissional em Arqueologia com as atribuiçõesconferidas pelo Artigo 8;

II- Secretária(o) – Profissional responsável pela organização de todas asatividades de secretária e administração;

II- Digitador – Profissional responsável pela digitação de todo materialacadêmico-cientifico e administrativo do Núcleo;

IV- Arquivista-almoxarife ou técnico de Laboratório – Profissional responsável

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pela organização, guarda e manutenção de todo acervo técnico-científico, material de campo einstrumental do Núcleo;

V- Desenhista – Profissional responsável pelo desenho de todas as peças doacervo, dos sítios, das estruturas, das escavações e demais atividades do Núcleo;

VI- Fotógrafo/cinegrafista – Profissional responsável pela documentação emvídeo e fotografia das atividades do Núcleo;

VII- Motorista – Profissional responsável pela condução e manutenção dosveículos do Núcleo;

VIII- Serviços gerais – Profissional responsável pela limpeza e manutenção doNúcleo;

CAPITULO V

DO PATRIMÔNIO – DO ACERVO CIENTÍFICO

Art. 28 Constituem patrimônio de uso do Núcleo Tocantinense de Arqueologia osbens patrimoniais da Fundação Universidade do Tocantins (UNITINS) adquiridos emconvênios científicos ou de qualquer outro modo. Inclui-se no seu patrimônio o seu acervocientífico, toda a coleção arqueológica que estiver no Núcleo para fins de pesquisa,divulgação ou simples guarda, assim como a sua biblioteca especializada.

Art. 29 Descreve-se neste artigo o primeiro bem imóvel da Fundação Universidadedo Tocantins de uso exclusivo do Núcleo, segundo os termos do Convênio Científicoassinado com a Eletronorte (Projeto Saltimins), destinado para a salvaguarda do acervoarqueológico, recolhido em sua vigência, segundo a legislação federal específica.

I- Um prédio de 400 m2 com área para depósito, análises laboratoriais, sala de computação,sala para documentação (fotografia, mapoteca e outros).

Art. 30 Descreve-se neste artigo os primeiros bens materiais permanentes adquiridosem convênio científico com a Eletronorte (Projeto Saltimins) para a efetiva instalaçãodeste Núcleo e desenvolvimento das pesquisas arqueológicas.

I- Aspirador de pó, Modelo HidroVac A20No do patrimônio: 13903No de série: 915000468

II- Aspirador/jateador de ar MastersuxMarca : McfredNo do patrimônio:

III- 01 Aparelho de ar-condicionado de 18.000 BTUs – Linha Silenciosa

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Marca: SpringerNo do patrimônio: 11553

IV- 04 Aparelhos de ar-condicionado de 10.000 BTUs – Linha SilenciosaMarca: EletroluxNo do patrimônio: 12340 a 12343

V- 02 Arquivos de aço c/ 02 portas, medindo 1,98x0,90x0,40 c/ fechadura.Marca: PandimNo do patrimônio: 11624 e 11625

VI- 04 Arquivos de aço c/ 04 gavetas, c/ chave (pastas suspensas)Marca: PandimNo do patrimônio: 11467, 11470, 11471 e 11472

VII- 01 Arquivo de aço c/ 07 gavetasMarca: PandimNo do patrimônio: 11499

VIII- 20 Bancos com 55 cm de alturaNo do patrimônio: 13457 a 13456

IX- 20 Bancos com 80 cm de alturaNo do patrimônio: 13457 a 13476

X- 04 Cadeiras c/ assento e encosto em tecido almofado, giratória, 05 rodíziosMarca: CavalletiNo do patrimônio: 11552, 11554, 11555 e 11556

XI- 01 Câmera filmadora portátil c/ controle remoto, zoom de 18x, gravaçãoc/ baixa iluminação, gerador de caracteres, adaptador de fita, carregadorde bateria e alça p/ transporte.Marca: GradienteNo do patrimônio: 11465

XII- 01 Caminhão GMC, Motor turbo Cumins, 115 cavalos com carroceriaMarca: ChevroletNo do patrimônio:

XIII- 36 Estantes de aço com 06 bandejasMarca: PandimNo do patrimônio: 11512 a 11547

XIV- 02 GPS 4000XLMarca:MagellanNo do patrimônio: 11725 e 11726

XV- Mapoteca

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No do patrimônio: 13436

XVI- 02 Máquinas fotográficas profissionaisMarca: YachicaNo do patrimônio: eNo de série: 5032410 e

XVII- 04 Mesas c/ tampo estrutura de madeira c/ 02 gavetasMarca: RealmeNo do patrimônio: 11548 a 11551

XVIII- Micro computador, Pentium 233 MHZ MMX, HD 4GB/ Teclado 104Marca: Microtec – MythusNo do patrimônio: 11466No de série: YTHUS5233/BZ8284A055

XIX- Microscópio estereoscópio (luneta) BinocularMarca: InalthNo do patrimônio: 11466No de série: MSZ 200/984002

XX- Monitor de vídeo 20”Marca: SANSUNGNo do patrimônio: 11509No de série: H3NH504246

XXI- Nobreak 1.2KVA, Modelo MSB 1200BI, Entrada 220V, Saída 115VMarca: SMSNo do patrimônio: 11463No de série: 974717973

XXII- Notebook Hitachi Pentium 200MHZ, 32MB RAM, CD ROM 20x, FaxModem int. 56.000KBS HD 2,1GB, Tela dual scan 12.1-P=L Windows95Marca Hitachi. No do patrimônio: 11509.No de série: H3NH504246FCCIDA3LCFG963

XXIII- Scanner Genius colorpage HR5 9600dpiMarca: GeniusNo do patrimônio: 11508No de série: H893448501944

XXIV-TV Monitor, Modelo 20PT122AMarca: PhilipsNo do patrimônio: 13905No de série: HC150021

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XXV- Toyota (Gabine dupla) a diesel – Bandeirante 4x4 completaMarca: BandeiranteNo do patrimônio: 11707

XXVI- Tripé para máquina fotográficaNo do patrimônio: 13345

XXVII-Videocassete, Modelo VR488, 4 cabeças 19 micronMarca: PhilipsNo do patrimônio: 13904No de série: HC081678

XXVIII-Zip drive 100MBMarca: IomegaNo do patrimônio:No de série: S/N PREJ1632KO/02959B03

Art. 31 O Núcleo deverá contar com uma biblioteca especializada para suporte daspesquisas de campo e laboratório e atendimento aos estagiários de iniciação científica e deaperfeiçoamento, assim como à comunidade acadêmica.

Art. 32 Descreve-se neste artigo o inventário sumarizado das coleções do Laboratóriode Arqueologia que será atualizado na medida em que as pesquisas forem sendodesenvolvidas.

1o O acervo científico nesta data está em torno de 11.595 (onze mil quinhentos enoventa e cinco) artefatos em apenas três sítios arqueológicos já escavados descritos em relatóriosemestral do Projeto Saltimins.

Art. 33 Os bens descritos acima são inalienáveis e de uso deste Núcleo segundo ostermos do convênio mencionado no Artigo 27.

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CAPÍTULO VIDO LOGOTIPO – DA LOGOMARCA

Art. 18 São adotados motivos arqueológicos de acordo com o modelo que acompanhao presente regimento e, de acordo com a necessidade, o logotipo da Fundação Universidadedo Tocantins.

CAPÍTULO VIIDISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 19 As pesquisas desenvolvidas pelas áreas de apoio deverão necessariamente tero envolvimento da Arqueologia.

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Art. 20 As áreas de atuação são responsáveis, perante a Coordenação do Núcleo,pela apresentação dos projetos de pesquisa com indicadores necessários para o planejamento.

Art. 21 A Assessoria da Coordenação elaborará, em trabalho integrado com a áreade planejamento, o Programa de Pesquisa do Núcleo.

Art. 22 O Cconselho Técnico Científico só poderá aprovar os projetos que tenhamplanejamento completo e viabilidade econômico-financeira.

Art. 23 A Coordenação do Núcleo encaminhará às competentes instâncias superioreso Programa de Pesquisa, para captação dos recursos orçados, que, uma vez concedidos,serão aplicados e controlados pela mesma.

Art. 24 O dia 3 de Dezembro é a data festiva do Núcleo, pois lembra a inauguraçãodo Laboratório de Arqueologia que deu origem ao Núcleo.

Art. 25 Será realizada nessa data ou o mais próximo possível dela, uma AssembléiaGeral com todos os profissionais do Núcleo para avaliação dos trabalhos ralizados, somentecom caráter consultivo.

Art. 26 Em caso de dissolução do Núcleo, os bens móveis e imóveis reverterão para aUNITINS e as coleções, peças de museu e arquivos técnicos serão entregues ao Instituto dePatrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

Art. 27 Os casos omissos serão resolvidos pelas instâncias previstas nas normasinternas, segundo a sua natureza.

Gabinete do Reitor da Fundação Universidade do Tocantins (UNITINS) aos 22de novembro de 1999.

Professor Ruy Rodrigues da SilvaReitor da UNITINS

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NORMAS EDITORIAIS

1. O material a ser publicado deverá serencaminhado ao coordenador geraldo Núcleo Tocantinense deArqueologia, que o repassará paraa comissão de publicação da revista,a qual decidirá sobre sua publicação,reservando à comissão o direito desugerir alterações nos originais.

2. Os autores deverão preparar umaautorização para publicação (emfolha à parte) declarando que nãoquerem receber direitos autorais.

3. Todos os trabalhos deverão serenviados em uma via impressa e emarquivo eletrônico editado através doprograma Microsoft Word forWindows.

4. Os textos devem ser digitados noprocessador Microsoft Word, semformatação dos parágrafos, doespaçamento entre linhas oupaginação com, no máximo, 20páginas, uma das quais sem nomedo(s) autor(es). A letra deverá serem Times New Roman, tamanho 14no texto e 15 nos títulos, em negrito;

5. Além do texto principal deverão serencaminhados abstracts (ou resumé)de, no máximo cem palavras em umsó parágrafo, título em inglês oufrancês, palavra-chave (até cinco)

em português e em inglês ou francês.No caso de o texto estar em línguaestrangeira, o resumo deve serredigido em português.

6. As páginas deverão ser numeradasna margem direita inferior.

7. O material a ser publicado deveconter na folha de rosto:

· Título;· Autor ou autores;· Instituição em que trabalha

cada autor e a atividade queali exerce;

· Resumo de até cem palavrase três palavras-chaves;

8. O material deverá vir devidamenterevisado pelo autor. Para indicar quefez a revisão, o autor deve rubricarcada página.

9. Excepcionalmente, serão aceitostrabalhos que tenham sido publi-cados em periódicos estrangeiros,sujeitos à mesma avaliação dosoriginais inéditos. O autor do artigodeverá apresentar autorização, porescrito, do editor da revista na qualseu artigo tenha sido originalmentepublicado.

10. Os originais enviados não serãodevolvidos, mesmo que não tenham

Objetivo da Revista

A Revista Acoéme é uma revista de divulgação científica do Núcleo Tocantinense deArqueologia (NUTA) da Fundação Universidade do Tocantins (UNITINS) e tem por objetivopublicar artigos, teses, notas prévias, resenhas, relatórios finais de projetos e outros referentes àarqueologia brasileira, internacional e os seus campos interdisciplinares, tendo como prioridade adivulgação dos trabalhos nacionais mais expressivos nesta área de conhecimento.

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sido publicados. Os autores serãoinformados sobre a publicação ounão de seus textos.

11. O autor que tiver seu art igopublicado receberá dois exemplaresda revista.

12. Ao editor da Revista Acoéme éreservado o direito de introduziralterações nos originais, visandomanter a homogeneidade e aqualidade da publicação, respeitando,porém, o estilo e a opinião dosautores. As provas tipográficas nãoserão enviadas aos autores.

13. Os originais da Revista Acoémeserão publicados em línguaportuguesa, ficando a tradução de

artigos em outras línguas a cargo dosautores.

14. As opiniões emitidas pelos autoresem seus artigos são de exclusivaresponsabilidade deles.

15. Agradecimentos. Osagradecimentos ou auxíliosrecebidos para a elaboração dotrabalho deverão ser mencionadossucintamente no final do artigo, antesdas notas bibliográficas.

16.Materiais gráficos. Ilustrações,tabelas e gráficos deverão ter suafonte especificada. No caso deilustrações já impressas, deverá serapresentada a permissão parareprodução.

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