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ano de publicação Autora Márcia Teixeira Sebastiani 2008 Fundamentos Teóricos e Metodológicos da Educação Infantil Esse material é parte integrante do Videoaulas on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.videoaulasonline.com.br

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Page 1: Fundamentos Teóricos e Metodológicos da Educação Infantil ·  · 2014-12-03cujos avanços na Educação Infantil têm reconhecimento internacional. Hoje penso que minha tarefa

ano de publicação

Autora Márcia Teixeira Sebastiani

2008

Fundamentos Teóricos e Metodológicos da Educação Infantil

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www.iesde.com.br

S443 Sebastiani, Márcia Teixeira. / Fundamentos teóricos e metodo-lógicos da Educação Infantil. / Márcia Teixeira Sebastiani.

— Curitiba : IESDE Brasil S.A. , 2008.184 p.

ISBN: 85-7638-256-3

1. Educação. I. Título.

CDD 370.1

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Sumário

Apresentação ..........................................................................................................................07

Condições para a qualidade ...................................................................................................09Escolhas políticas ......................................................................................................................................09Legislação e definição de normas .............................................................................................................10Financiamento e recursos ..........................................................................................................................10Planejamento e controle ............................................................................................................................11Consultoria e suporte técnico ....................................................................................................................11Profissionais ..............................................................................................................................................11Formação e aperfeiçoamento profissional .................................................................................................12Estrutura física ..........................................................................................................................................13Pesquisa e desenvolvimento ......................................................................................................................13Integração e coordenação de serviços .......................................................................................................14Texto complementar ..................................................................................................................................14Atividades ................................................................................................................................................15

Indicadores da qualidade ........................................................................................................17Acessibilidade e utilização dos serviços ...................................................................................................17Ambiente físico .........................................................................................................................................17Atividades de aprendizagem .....................................................................................................................18Sistemas de relações ..................................................................................................................................18Ponto de vista dos pais ..............................................................................................................................19Comunidade (bairro) .................................................................................................................................19Avaliação da diversidade ...........................................................................................................................19Avaliação das crianças ..............................................................................................................................20Relação custo/benefício ............................................................................................................................20Valores éticos ............................................................................................................................................20Texto complementar ..................................................................................................................................21Atividades ................................................................................................................................................22

A idéia de infância e a sua escola ...........................................................................................23Primeira identidade: “a criança-adulto” ou a infância negada ..................................................................23Segunda identidade: a criança-filho-aluno ou a infância institucionalizada .............................................26Terceira identidade: a criança-sujeito social, sujeito de direitos ...............................................................27Função da instituição de Educação Infantil: educar e cuidar ...................................................................28Texto complementar ..................................................................................................................................28Atividades ................................................................................................................................................29

A história das creches .............................................................................................................31Surge a creche na Europa e nos EUA ........................................................................................................31Surge a creche no Brasil ............................................................................................................................32Atividades ................................................................................................................................................37

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A organização dos espaços na Educação Infantil ..................................................................39Concepções de desenvolvimento e a sua influência na organização dos ambientes .................................39Elementos contextuais ...............................................................................................................................40Elementos pessoais ...................................................................................................................................44Critérios para uma adequada organização dos espaços da sala de aula ....................................................45Funções da organização do ambiente ........................................................................................................47Estudos sobre arranjo espacial ..................................................................................................................48Uma experiência: creche em Reggio Emilia .............................................................................................48Texto complementar ..................................................................................................................................50Atividades ................................................................................................................................................51

A rotina na Educação Infantil ................................................................................................53Atividades de organização coletiva ...........................................................................................................54Atividades de cuidado pessoal ..................................................................................................................56Atividades dirigidas ..................................................................................................................................57Atividades livres (isto é, menos dirigidas pelo professor) ........................................................................58Atividades ................................................................................................................................................58

Elaboração da proposta pedagógica: Diretrizes Curriculares Nacionais ...............................61Texto complementar ..................................................................................................................................66Atividades ................................................................................................................................................66

Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil ....................................................69Texto complementar .................................................................................................................................75Atividades ................................................................................................................................................75

O planejamento das atividades na Educação Infantil ............................................................77Itens da programação ................................................................................................................................79Laboratório da comunicação .....................................................................................................................80Laboratório do ambiente ...........................................................................................................................80Laboratório da lógica ................................................................................................................................81Laboratório do corpo .................................................................................................................................81A mala do aprendiz de feiticeiro ...............................................................................................................82A mala do confeiteiro ................................................................................................................................82A programação dos cantinhos ou oficinas .................................................................................................83Texto complementar ..................................................................................................................................84Atividades ................................................................................................................................................84

O trabalho com projetos .........................................................................................................87Texto complementar ..................................................................................................................................93Atividades ................................................................................................................................................95

A inserção da criança na creche ............................................................................................97Pressupostos teóricos ..............................................................................................................................101Objetivos de uma boa inserção ...............................................................................................................101Estratégias (apresentadas segundo ordem cronológica em que são realizadas) ......................................102O trabalho coletivo dos profissionais ......................................................................................................102Texto complementar ................................................................................................................................103Atividades ..............................................................................................................................................104

Jogos e brincadeiras .............................................................................................................107O que é brincar para a criança? ...............................................................................................................107

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O papel do professor ............................................................................................................................... 111Texto complementar ................................................................................................................................112Atividades ..............................................................................................................................................113

A disciplina na Educação Infantil ........................................................................................115Regras de convivência .............................................................................................................................115Castigos e recompensas ...........................................................................................................................117Summerhill ..............................................................................................................................................117Texto complementar ................................................................................................................................118Atividades ...............................................................................................................................................119

As políticas de formação de professores para a Educação Infantil ......................................121Texto complementar ................................................................................................................................126Atividades ..............................................................................................................................................128

A formação do professor ......................................................................................................131Como aprender a conhecer e a pensar .....................................................................................................131Como aprender a fazer ...........................................................................................................................133Como aprender a viver com os outros .....................................................................................................135Como aprender a ser ................................................................................................................................136Conclusão ................................................................................................................................................139Atividades ..............................................................................................................................................140

A participação da família .....................................................................................................143Formas de trabalho da creche com a família ...........................................................................................145Textos complementares ...........................................................................................................................148Atividades ..............................................................................................................................................150

A gestão social .....................................................................................................................153Texto complementar ................................................................................................................................158Atividades ..............................................................................................................................................159

Educação de crianças com necessidades especiais ..............................................................161Necessidade de um projeto didático ........................................................................................................161Necessidade de uma dupla reestruturação ...............................................................................................162Integração da equipe ...............................................................................................................................162Algumas dificuldades ..............................................................................................................................163Texto complementar ................................................................................................................................167Atividades ..............................................................................................................................................168

Transformação da prática pedagógica ..................................................................................171Texto complementar ................................................................................................................................176Atividades ...............................................................................................................................................176

Referências ...........................................................................................................................179

Anotações .............................................................................................................................183

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Apresentação

Caros alunos e alunas:

P ensar em Educação Infantil no Brasil é projetar e realizar a construção de base necessária ao caminho do desenvolvimento da nossa sociedade. É, portanto, uma questão fundamental, é um desafio e, como tal, é preciso acreditar e lutar. Impossível imaginar uma sociedade, hoje

desenvolvida, que não tenha passado pelo caminho da construção e universalização da educação das crianças pequenas. Para isso, as sociedades definiram como prioridade a educação das suas crianças e foram necessários investimentos, em especial públicos, em infra-estrutura física mas, sem dúvida, o grande investimento foi o da formação de profissionais da área. E esse é o nosso propósito.

Minha formação inicial em magistério de nível médio e, após, a realização do curso de Pedagogia já apontavam para este caminho. Minha prática profissional me aproximou mais da realidade da Educação Infantil. Segui trabalhando e estudando e, na Pós-Graduação, Mestrado e Doutorado, aprofundei meus conhecimento na área, tendo tido a oportunidade de conhecer uma realidade social cujos avanços na Educação Infantil têm reconhecimento internacional.

Hoje penso que minha tarefa como educadora e cidadã é a de repassar o conhecimento acumulado e aprender mais com a prática das pessoas com quem me comunico, como acredito que pode acontecer neste curso com vocês. A interação, ainda que a distância, existirá. Aliás, já existe pelo empenho, pela dedicação que temos em ampliar conhecimentos na área da Educação Infantil e, com isso, avançar nas nossas práticas pedagógicas. Este é o nosso compromisso e nossa responsabilidade na construção de um país desenvolvido e com inclusão social, a começar pela formação das crianças pequenas.

Um grande abraço,

Márcia Teixeira Sebastiani

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A organização dos espaços na Educação Infantil

A gora, vamos estudar um assunto que é fundamental em todas as propostas pedagógicas. Trata-se da organização do espaço na Educação Infantil.

Mais recentemente, tem havido um reconhecimento da importância do ambiente físico no desenvolvimento da criança. Entretanto, as características do espaço geralmente são postas em segundo plano no processo educativo. Costuma-se tão-somente recomendar que esses ambientes sejam “ricos e estimuladores”, mas não se explica bem o que significa isto e, portanto, a aplicação é de difícil entendimento.

O nosso objetivo é reconhecer como a organização do espaço físico influencia os comportamentos das pessoas e como o educador pode organizar ambientes em função do que pretende atingir.

Concepções de desenvolvimento e sua influência na organização dos ambientes

Vamos procurar demonstrar como as concepções que temos sobre o desenvolvimento infantil podem ser reconhecidas por meio da organização de ambientes físicos das instituições de educação. Para ilustrar melhor esta idéia, é interessante apresentar sumariamente uma pesquisa realizada em creches da região de Ribeirão Preto (SP), coordenada por Secaf Silveira, cujos resultados constam do trabalho Organização do Espaço em Instituições Pré-Escolares, de Mara Carvalho e Márcia Rubiano.

Foram observadas creches que atendiam crianças de famílias de baixa renda, cujas instituições apresentavam as seguintes características:

havia um adulto para cada 15 crianças de até 3 anos;

as atendentes tinham baixo nível educacional e péssimas condições de trabalho;

as instalações físicas eram precárias;

dava-se ênfase ao atendimento das necessidades físicas das crianças, sem preocupação com as afetivas, sociais e cognitivas;

o atendimento era centralizado na atendente, o que exigia dessa profissional um ritmo acelerado de trabalho;

eram longos os momentos de espera para a criança, com poucas oportunidades para ocorrer interação adulto/criança e nenhuma preocupação com o relacionamento entre crianças;

os ambientes, em geral, eram pouco mobiliados, quase sem equipamentos e enfeites, e eram raros os objetos disponíveis para as crianças. Mesmo em algumas creches que tinham salas com mais mobiliário, observou-se que as educadoras encostavam esses móveis nas paredes, ou os empilhavam em um canto, para obter um espaço central vazio, sem qualquer empecilho para a atividade infantil.

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Fundamentos Teóricos e Metodológicos da Educação Infantil

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Baseada nestas características, podemos fazer as seguintes perguntas: quais são os pressupostos destes educadores? Como vocês acham que eles compreendem a criança e a sua educação? Podemos dizer que o entendimento deles é:

que a criança precisa de espaço amplo, aberto e vazio, havendo uma valorização das atividades físicas;

que a criança pequena é incapaz de envolver-se e manter-se em determinadas atividades, principalmente aquelas que são compartilhadas com outras crianças e em que não há a mediação do adulto;

que o modelo educacional a ser seguido deve ser aquele que é “centralizado no adulto”. Seguem, portanto, o modelo escolar tradicional, em que o professor é o centro da sala de aula. Acreditam, assim, que o desenvolvimento da criança ocorre, principalmente, por meio de atividades desenvolvidas quando as crianças estão sentadas em torno das mesinhas, com a atendente assumindo o papel tradicional do professor.

Podemos agora afirmar qual concepção, na minha opinião, seja a mais adequada para a creche como um espaço de educação:

a creche é um contexto de socialização de crianças pequenas, diferente tanto da sua casa como da escola de ensino fundamental, sobretudo a tradicional;

na maior parte do tempo, a criança pode e deve escolher as atividades que ela deseja realizar;

um adulto pode cuidar simultaneamente de várias crianças, sendo que os parceiros mais disponíveis para a interação são as outras crianças, geralmente seus coetâneos, isto é, as que têm a mesma idade.

Com base no texto A organização dos espaços na Educação Infantil, a educadora Lina Iglésias Forneiro afirma que é importante termos consciência de quais são os aspectos que condicionam a tomada de decisões dos professores na organização do espaço. Estes aspectos, segundo a autora, podem ser classificados em duas diferentes categorias:

elementos contextuais – o ambiente, a escola e a sala de aula. elementos pessoais – as crianças e os professores.

Vamos ver agora um pouco de cada um deles.

Elementos contextuais

Ambiente Pode ser definido de acordo com as condições climáticas. Existem lugares

onde há muita chuva, outros muito frio, ou calor demais. Os ambientes devem ser pensados de acordo com essas realidades.

Há também os recursos do ambiente, que podem ser espaços naturais ou construídos. Além de toda a área da própria creche, podemos realizar atividades com as crianças fora da creche, ou seja, utilizando praças

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A organização do espaço na Educação Infantil

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ou jardins próximos, o campo de esportes, sem falar nas excursões que podemos fazer pelo bairro ou em outros lugares. Também é possível trazermos pessoas de fora para virem interagir com as crianças na creche, ampliando, assim, o conhecimento que elas têm do mundo.

Escola Condições arquitetônicas – três aspectos são especialmente relevantes.

Maior ou menor antigüidade do edifício – às vezes, quando o edifício é muito antigo, tem poucas possibilidades de não enfrentar grandes reformas.

A concepção de escola em seu conjunto – as tipologias mais comuns são: os agrupamentos lineares que têm salas de um ou dos dois lados; os agrupamentos nucleares, que distribuem as salas a partir de um espaço comum; agrupamentos mistos, que procuram combinar os dois modelos anteriores; e agrupamentos do tipo modular, no qual a escola é consti tuída por diferentes edifícios.

Não podemos deixar de pensar nos espaços com áreas de encontro entre crianças de diversos grupos, também chamados espaços de intersecção.

A localização da sala de aula – em escolas antigas, a localização das salas de aula costuma apresentar problemas, tais como situar-se no primeiro ou no segundo andar ou serem muito pequenas. Escolas mais modernas costumam ser localizadas em módulos independentes, o que abre possibilidades de organização diferenciada.

Espaços de uso comum Para determinadas atividades – são aquelas que requerem algumas

condições específicas no espaço: sala para realizar atividades de psicomotricidade, sala de artes plásticas, sala de projeções audiovisuais, ginásio etc.

Salão – para os jogos coletivos, devidamente equipado com móveis e materiais adequados às diferentes faixas etárias.

Espaços externos – devemos considerar: as dimensões e as características do espaço, ou seja, se é revestido

de terra, ou se é calçado, se tem grama, árvores etc.; os equipamentos – balanços, tobogãs, estruturas para subir, cabanas,

pistas para andar de triciclo e carrinhos, labirintos etc.

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Banheiro – deve ser diferente para os bebês e para as crianças maiores. Precisa ser cuidadosamente planejado, principalmente levando-se em conta os aspectos de higiene.

Cozinha, lactário e despensa – um espaço que não precisa excluir as crianças, porque é bom que elas conheçam estes ambientes.

Lavanderia e área de serviço – precisa ser previsto um lugar onde seja possível a entrada de sol. As máquinas de lavar roupa ajudam bastante.

Recepção ou entrada – deve ser o mais acolhedora e agradável possível.

Administração – nas realidades onde existe a presença de um diretor, ou coordenador, ou às vezes um secretário, é preciso ter um espaço específico para este(s) funcionário(s).

Sala de reunião – local acolhedor para ser usado como espaço para reuniões entre funcionários, para encontros periódicos com os pais ou uma sala de multiuso.

Vestiário e sanitário dos funcionários – é preciso existir um espaço para a troca de roupas e os funcionários não devem usar os sanitários infantis.

Sala de aula Elementos estruturais – é o espaço fixo, os elementos permanentes na

estrutura, tais como:

Dimensão da sala de aula – deve-se seguir os padrões determinados em lei. Tomar cuidado com a quantidade e o tipo de mobiliário para que a sala não se torne “opressiva”.

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A organização do espaço na Educação Infantil

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Existência apenas da sala de aula ou de algum outro espaço anexo – possibilita a montagem de outros ambientes, tais como aréas de artes, área de jogos etc.

Posição das janelas – determina a localização das áreas que precisam de boa iluminação. Devem permitir às crianças verem o que ocorre fora da sala de aula.

Existência ou não de pontos de água e a sua localização – a organização de determinadas atividades, tais como artes plásticas, atividades com barro, dependem da possibilidade de se ter uma pia ou um tanque próximos.

Presença de armários embutidos ou de estantes fixas – geralmente, guardam estoque e precisam ter espaço livre ao seu redor.

Tipo de piso – pode determinar o tipo de atividade a ser realizada. Por exemplo, não trabalhar com tinta e pincel quando o piso for carpete.

Mobiliário – pode variar em dois aspectos:

Quantidade – o seu excesso e a sua falta são condicionantes.

Tipo – levar em consideração os seguintes aspectos: leveza, polivalência e funcionalidade.

Decoração – a sala de aula pode estar decorada de tal modo que eduque a sensibilidade estética infantil. A decoração transforma-se, assim, em conteúdo de aprendizagem: a harmonia de cores, a apresentação estética dos trabalhos etc. É comum entrarmos em creches e termos a impressão de que naquele espaço há apenas reprodução de desenhos criados por adultos, como os da turma da Mônica, por exemplo, feitos de isopor. Tais desenhos, copiados e ampliados, dão a idéia de uma exposição artificial, distante daquela que poderia ser produzida por alguns desenhos e painéis das próprias crianças de um, dois ou três anos e que representariam cada fase do desenvolvimento que elas estão. Móbiles, quadros e cartazes, por sua vez, devem ser dispostos na sala e avaliados quanto ao interesse que despertam. Estes elementos não servem apenas para enfeitar as paredes ou para indicar que uma determinada data, por exemplo, o Natal, aproxima-se. Eles também devem ser concebidos e usados como um dos elementos ao redor dos quais as interações adulto-criança podem se desenvolver.

Materiais – podem variar em dois aspectos:

Quantidade – conceito relativo. A carência de materiais é tão negativa quanto o seu excesso. É aconselhável começar o ano com a sala quase vazia de materiais e ir enchendo-a à medida em que vão sendo abordados projetos com as próprias crianças ou estas vão sentindo novas necessidades. A existência de dois ou mais elementos do mesmo tipo pode favorecer a atividade social: por exemplo, dois cavaletes de pintura colocados um ao lado do outro favorecem a relação interpessoal.

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Tipo – destacam-se três aspectos fundamentais apresentados abaixo:

Variedade – capacidade para estimular diferentes tipos de atividades; os objetos que a criança dispõe para brincar são fundamentais. Grandes caixas de papelão ou madeira, bolas, cordas, máscaras, carros, bonecos, mobiliário infantil, sucata variada (como potes, panos, tampas, caixas), jogos de armar, gravuras, livros e discos de histórias infantis e muitos outros. É claro que a criança irá desorganizar a arrumação feita e faz parte da proposta o rearranjo dos ambientes cada vez que são utilizados.

Segurança – evitar materiais cortantes, pontiagudos, de dimensão pequena, venenosos etc.

Organização – a intenção é potencializar a autonomia das crianças, ou seja, permitir que elas possam trabalhar sozinhas. Guardar os mate riais demanda um arranjo do espaço: pode-se fazê-lo por meio de pastas individuais com as produções de cada criança, de sacos plásticos, de um mural de prega. Para a secagem das produções das crianças, existem várias opções: o varal de roupa, a corda ou o mural. Áreas para a guarda de material pessoal de cada criança. Quando escaninhos não são possíveis, os educadores podem improvisar um “canto pessoal” para cada criança guardar não apenas suas trocas de roupa, sua escova de dente, mas certos “tesouros” que ela vai descobrindo e que lhe dão mais uma noção de identidade. Até caixas de sapatos podem servir para esta finalidade.

Elementos pessoais

CriançasÉ importante considerar, com relação às crianças, os seguintes itens:

Idade – condiciona o nível de autonomia e aquilo que são capazes de fazer; em função disso, teremos que organizar os espaços e os materiais.

Necessidades que apresentam – é preciso pensar e arrumar os espaços de maneira que seja possível às crianças desenvolverem atividades tranqüilas ou mais agitadas; espaços para elas estarem com outras crianças e/ou adultos, e espaços para ficarem sozinhas, caso desejem.

Características do ambiente do qual procedem – é importante que o ambiente onde a criança vá permanecer na escola de Educação Infantil possa desenvolver uma dupla função: manter os interesses e as atividades habituais das crianças e, ao mesmo tempo, apresentar novas propostas e oportunidades.

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A organização do espaço na Educação Infantil

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Professores(as)O modelo educativo que os professores irão adotar vai ser percebido por

meio da sua prática pedagógica. Valores e ideologia – é o conjunto de características, que faz parte da

sensibilidade de cada um e que, certamente, será reconhecido na sua proposta de trabalho.

Experiência profissional anterior – cada professor traz consigo as suas experiências anteriores e, muitas vezes, torna-se difícil romper com os hábitos antigos.

Criatividade – maior ou menor criatividade. Aspectos pessoais – a organização do espaço vai depender também das

características específicas e pessoais de cada professor.

Vamos agora apresentar, especificamente, aspectos sobre a estruturação da sala de aula. Para isso, vamos continuar nos pautando no texto de Lina Iglésias Forneiro, cujo título é o próprio tema da aula: A organização dos espaços na Educação Infantil. A autora afirma, em outras palavras, que mesmo não se devendo estabelecer regras rígidas sobre esta questão, há parâmetros importantes para orientar a organização dos espaços de uma sala de aula.

Critérios para uma adequada organização dos espaços da sala de aula

Ainda com base no texto da professora Lina Iglésias Forneiro iremos analisar tais critérios. Um deles é a estruturação por áreas. A sala de aula deve estar organizada em diferentes áreas de atividades que vão possibilitar à criança escolher o que ela deseja fazer. Essas áreas vão permitir a organização de pequenos grupos, facilitando a interação entre as crianças. É uma situação confortável, especialmente para as crianças menores de três anos, que costumam sentir-se perdidas quando colocadas em um espaço amplo e aberto junto com todas as outras crianças da sua turma. Com isso, as crianças vão poder aproveitar melhor os momentos do dia, já que os momentos de espera provavelmente serão menores. Mas a montagem das áreas depende de como o professor observa a utilização e a ocupação dos espaços, sabendo modificá-los de acordo com os interesses das crianças.

Essas áreas, em geral, são chamadas por diferentes nomes: cantos didáticos, laboratórios, centros de interesse, atelier, oficinas, cantinhos e outros mais. Trata-se, na verdade, de espaços de vivência e de aprendizagem que podem ser utilizados por crianças da mesma idade ou de idades diferentes.

Como vão ser estruturadas essas áreas e quais as atividades que serão oferecidas vai depender da programação de cada professor e da sua proposta educativa. Alguns espaços, porém, são mais comuns e encontramos com maior freqüência nas creches/pré-escolas, tais como o cantinho das bonecas, da cozinha, os espaços dos jogos de construção, de leitura, da pintura e da fantasia, da dança.

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Fundamentos Teóricos e Metodológicos da Educação Infantil

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Sala de aula na Scuola dell’ Infanzia Anderlini – Modena – Itália.

Outro critério que nos auxilia na organização da nossa sala de aula é uma delimitação clara das áreas. As áreas de trabalho podem estar bem delimitadas, de modo que a criança distingua facilmente os limites de cada uma. Isso vai favorecer o desenvolvimento da autonomia das crianças.

De acordo com os elementos que usarmos, poderemos obter dois tipos de delimitação:

delimitação forte: é dada pela posição de mobiliário de grandes dimensões como, por exemplo, estantes colocadas perpendicularmente à parede, tapetes, mesas, biombos etc. Ou seja, são materiais difíceis de serem transportados;

delimitação fraca: é quando as áreas estão delimitadas com marcas no piso ou nas paredes, ou com móveis leves, tais como bancos, caixas com material etc., ou com rodinhas, que permitem fácil movimentação.

Ainda assim, é interessante haver na sala de aula alguma área indefinida da qual as crianças possam “apropriar-se” de um modo criativo em algum momento.

Transformação ou conversibilidade é mais um critério na organização da sala de aula e está muito ligado ao anterior. É importante pensarmos que alguns espaços devem ser flexíveis o suficiente para permitir uma rápida e fácil transformação, de acordo com as necessidades que podem surgir de forma imprevisível.

Um outro critério é o favorecimento da autonomia das crianças. Tanto o mobiliário como os materiais devem ser acessíveis às crianças para que elas possam usá-los sozinhas. Além de permitir que a criança se desenvolva com autonomia, esta organização vai permitir que o professor trabalhe com as crianças em pequenos grupos ou até mesmo que ele possa dar atenção especial para cada criança.

O critério da segurança é também muito importante. O mobiliário deve ser estável, não ter pontas agudas que possam produzir cortes em caso de quedas, e o material deve cumprir as garantias exigidas com relação à saúde e à higiene.

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A organização do espaço na Educação Infantil

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Espaço externo. Seton Montessori School, Chicago, Estados Unidos.

Há ainda o critério da diversidade, que significa a existência de grande varie dade de áreas que permitem dar resposta às diferentes e inúmeras necessidades das crianças, respeitando o seu modo de ser e as suas preferências. A diversidade possui quatro vertentes:

diversidade quanto à estruturação: pode-se fazer diferentes combinações, como, por exemplo, áreas muito estruturadas e com materiais específicos (área de pintura ou área de leitura) junto com áreas pouco estruturadas que permitam a realização de múltiplas experiências (área de água ou areia e de jogos);

diversidade de agrupamentos: na sala de aula, devemos ter diferentes áreas que permitam o desenvolvimento de atividades com todo o grupo, também em pequenos grupos, atividades a serem feitas de forma individualizada ou a possibilidade de isolamento;

diversidade quanto à posição corporal: é preciso que os espaços sejam organizados de forma que a criança possa realizar as suas atividades em diferentes posições corporais: trabalhar sentada, em pé, deitada, sobre uma mesa ou sobre a parede;

diversidade de conteúdo: podemos distinguir dois tipos de conteúdo: áreas de atividade curricular e áreas de gestão e serviços (específicos para os adultos).

A polivalência é outro critério. É comum haver restrição quanto à quantidade de espaços físicos em uma escola. Assim, é importante que a sala de aula seja polivalente. Isto é, as diferentes áreas podem oferecer várias possibilidades de utilização nos mais diversos momentos do dia.

A sensibilidade estética é um importante critério para a organização da sala de aula, pois, além de tornar agradável a presença nestes ambientes, também

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“educa” a sensibilidade estética e artística das crianças. Estes são alguns aspectos que devemos levar em consideração: ser muito colorida, ser original e criativa, ser personalizada, e incluir réplicas de obras de arte.

E ainda o critério da pluralidade. Significa ter na sala de aula elementos que mostrem as diversidades pessoal, étnica, social e cultural. A intenção é contribuir para a integração e para o desenvolvimento da tolerância com as diferenças.

Funções da organização do ambienteNo início deste assunto já havíamos afirmado que ainda hoje vemos muitas

creches/pré-escolas com ambientes pobremente planejados, pois desconsideram as necessidades específicas das crianças. Geralmente, não levam em consideração as escolhas pessoais das crianças, e as obrigam a ter uma rotina limitada e de poucas oportunidades de desenvolvimento e de satisfação.

Ainda segundo Lina Iglésias Forneiro (1998, p. 238), o espaço é um componente curricular, ou seja, existem elementos do espaço físico da sala de aula que se constituem em determinados ambientes de aprendizagem.

Qualquer observador externo que tenha acesso a uma sala de aula pode perceber quase de imediato o ambiente de aprendizagem que existe na mesma. Praticamente poderíamos dizer: “diga-me como organiza os espaços de sua aula e lhe direi que tipo de professor(a) você é e que tipo de trabalho você realiza”.

Ao planejar cada novo projeto de trabalho, devemos pensar em como vamos estabelecer e organizar os espaços de modo a que se transformem no ambiente adequado e facilitador dos objetivos a serem atingidos.

Estudos sobre arranjo espacialHoje, acredita-se que as interações entre crianças são consideradas tão

importantes para o desenvolvimento infantil quanto as interações adulto-criança. Sobre esse assunto, vamos continuar nos baseando no texto de Mara de Carvalho e Márcia Rubiano que apresenta uma pesquisa desenvolvida por Legendre, educador francês, que estuda como os diferentes arranjos espaciais interferem nas interações entre crianças de dois e três anos. Para isso, analisou três diferentes arranjos espaciais: semi-aberto, aberto e fechado.

Semi-aberto – são zonas circunscritas1 que permitem à criança ver todos os espaços ao seu redor, inclusive os adultos e as outras crianças. Percebeu-se que as crianças ficam preferencialmente em subgrupos e gostam de ocupar as zonas circunscritas, mesmo quando longe dos adultos. Não deixam de se aproximar dos adultos, porém, procuram obter, por meio deles, mais respostas do que quando estão em ambientes com outros arranjos espaciais.

Aberto – ausência de zonas circunscritas. É comum haver um espaço central vazio. Notou-se que as interações entre crianças são raras e que

1Zonas circunscritas são áreas espaciais claramen-

te delimitadas pelo menos em três lados por barreiras for-madas por mobiliário, parede, divisórias baixas, desnível do solo ou outras.

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Uma experiência: creche em Reggio EmiliaMuitos de vocês já devem ter ouvido falar das creches e pré-escolas da cidade

de Reggio Emilia, na Itália. Elas têm sido consideradas modelos educacionais para as crianças pequenas em todo o mundo.

Como pesquisadora, tive a oportunidade de conhecer pessoalmente a realidade da Creche Arcobaleno.

Vamos então ver o desenho da sua planta.

O projeto da creche Arcobaleno foi elaborado em 1975 e realizado em 1976. É a edificação-modelo que pode melhor ilustrar como, na experiência de Reggio Emilia, é de fundamental importância, no projeto educacional, o papel da organização dos espaços.

Os critérios que nortearam a elaboração do projeto arquitetônico, como deve-se esperar, procuraram seguir os objetivos e as linhas programáticas da proposta educacional. Observou-se a interação e a participação entre adultos e crianças e,

elas procuram permanecer em volta do adulto, mesmo que haja pouca interação com ele. Observou-se também que as crianças ficam mais espalhadas pela sala, correndo com freqüência.

Fechado – quando há barreiras físicas, como, por exemplo, um móvel alto dividindo o local em duas ou mais áreas e impedindo a visão total da sala. A pesquisa mostrou que as crianças preferem ficar em volta do adulto e que elas evitam as áreas onde não conseguem vê-lo. Percebeu-se ainda que há poucas interações entre crianças.

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também, a necessidade de conciliar as exigências de livre exploração das crianças com as exigências de segurança e de individualização. Contudo, procura-se atender não apenas as necessidades das crianças, mas também as dos adultos, freqüentemente negligenciados nas creches tradicionais.

O projeto leva em consideração, ainda, o princípio da visibilidade de todos os espaços e de suas funções. Todos os ambientes nos quais se desenvolvem as tarefas indiretas dos funcionários (rouparia, lavanderia, cozinha) têm a mesma importância dos espaços para as crianças, e são a elas acessíveis. Em particular, a cozinha é situada no centro do prédio e possui uma grande vidraça que permite às crianças perceberem todas as ações que ali acontecem. O pátio central e o atelier (lugar privilegiado para as atividades lúdicas) também foram pensados seguindo o critério de visibilidade e acesso.

As quatro turmas (lactentes, pequenos, médios e grandes) possuem espaços separados, seja para o almoço, ou para o repouso (espaços acusticamente protegidos). É interessante perceber que nas salas específicas para cada turma, houve a preocupação em definir espaços voltados para as crianças que desejarem ficar sozinhas em alguns momentos. São uma espécie de “tocas”, ou seja, pequenos espaços embaixo de um balcão, fechados por uma cortina de pano. Essas salas estão ligadas por uma grande sala, com função de praça (para encontros das turmas, ou para atividades motoras) e por um percurso circular interno capaz de facilitar às crianças o reencontro da cada espaço e o total acesso aos mesmos.

O espaço físico como um dos elementos fundamentais para uma Pedagogia da Educação Infantil

(FARIA, Ana Lúcia G., 2000, p. 69-71)

[...] Uma Pedagogia da Educação Infantil que garanta o direito à infância e o direito a melhores condições de vida para todas as crianças (pobres e ricas, brancas, negras e indígenas, meninos e meninas, estrangeiras e brasileiras, portadoras de necessidades especiais etc.) deve, necessariamente, partir da nossa diversidade cultural e, portanto, a organização do espaço deve contemplar a gama de interesses da sociedade, das famílias e prioritariamente das crianças atendendo as especificidades de cada demanda possibilitando identidade cultural e sentido de pertencimento. Assim, uma política para a Educação Infantil deve ser plural, e diferentes tipologias devem ser propostas. Cada grupo de profissionais de uma determinada instituição organizará o espaço de acordo com seus objetivos pedagógicos, de modo a superar os modelos rígidos de escola, de casa e de hospital. Assim, a Pedagogia faz-se no espaço e o espaço, por sua vez, consolida a Pedagogia.

[...] As instituições de Educação Infantil deverão ser espaços que garantam o imprevisto (e não a improvisação) e que possibilitarão o convívio das mais variadas diferenças, apontando para a arbitrariedade das regras (daí o jogo e a brincadeira serem tão importantes, iniciando o exercício da contradição, da provisoriedade e da necessidade de transformações).

Este espaço, portanto, é o “pano de fundo”, a “moldura”, como afirma Mayumi Souza Lima (1989, p. 30). Ele será qualificado adquirindo uma nova condição, a de ambiente: “o espaço físico isolado do ambiente só existe na cabeça dos adultos para medi-lo, para vendê-lo, para guardá-lo. Para a criança existe o espaço-alegria, o espaço-medo, o espaço-proteção, o espaço-mistério, o espaço-descoberta, enfim, os espaços de liberdade ou da opressão.”

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O espaço físico, assim concebido, não se resume à sua metragem. Grande ou pequeno, o espaço físico de qualquer tipo de centro de Educação Infantil precisa tornar-se um ambiente, isto é, ambientar as crianças e os adultos: variando em pequenos e grandes grupos de crianças, misturando as idades, estendendo-se à rua, ao bairro e à cidade, melhorando as condições de vida de todos os envolvidos, sempre atendendo às exigências das atividades programadas individuais e coletivas, com ou sem a presença de adulto(s) e que permitam emergir as múltiplas dimensões humanas, as diversas formas de expressão, o imprevisto, os saberes espontâneos infantis.

1. Qual o valor que você costuma dar para o espaço físico de um ambiente educacional?

2. Pense sobre esta afirmação: “um adulto pode cuidar simultaneamente de várias crianças”. Como isso pode significar educação com qualidade?

3. Dentre os elementos contextuais, escolha e descreva os três que você achou mais interessantes.

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4. Com relação aos elementos pessoais, pense e escreva sobre como os seus valores e a sua ideologia interferem no seu trabalho em sala de aula.

5. Com mais um colega, discutam os critérios para uma adequada organização dos espaços da sala de aula. Após a conversa, procurem desenhar a planta de uma sala ideal para vocês. Não se esqueçam de definir o número de crianças e de adultos e a faixa etária dos alunos.

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