fundamentos da psicologia social

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Fundamentos da Psicologia Social Teoria e Pesquisa em Psicologia Social Marcos Emanoel Pereira Departamento de Psicologia / Programa de Pós-Graduação em Psicologia Universidade Federal da Bahia

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Fundamentos da Psicologia Social. Roteiro de aula. Programa de Pós-Graduação em Psicologia. UFBa.

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Page 1: Fundamentos da Psicologia Social

Fundamentos da Psicologia Social

Teoria e Pesquisa em Psicologia Social

Marcos Emanoel Pereira

Departamento de Psicologia / Programa de Pós-Graduação em PsicologiaUniversidade Federal da Bahia

Page 2: Fundamentos da Psicologia Social

Pressuposto básico

Page 3: Fundamentos da Psicologia Social

Pressuposto básico

Toda e qualquer disciplina depende de uma clara definição de três elementos

Page 4: Fundamentos da Psicologia Social

Pressuposto básico

Toda e qualquer disciplina depende de uma clara definição de três elementos

Objeto

Page 5: Fundamentos da Psicologia Social

Pressuposto básico

Toda e qualquer disciplina depende de uma clara definição de três elementos

Objeto

Métodos

Page 6: Fundamentos da Psicologia Social

Pressuposto básico

Toda e qualquer disciplina depende de uma clara definição de três elementos

Objeto

Métodos

Matrizes teóricas

Page 7: Fundamentos da Psicologia Social

Qual o lugar do ser humano?

Page 8: Fundamentos da Psicologia Social

Qual o lugar do ser humano?

Concepção de ser humano

Page 9: Fundamentos da Psicologia Social

Qual o lugar do ser humano?

A antropologia filosófica

Concepção de ser humano

Page 10: Fundamentos da Psicologia Social

Qual o lugar do ser humano?

A antropologia filosófica

Concepção de ser humano

Ausência de um modelo hegemônico

Page 11: Fundamentos da Psicologia Social

Fragmentação

Page 12: Fundamentos da Psicologia Social

Fragmentação

Objeto de

estudo

Page 13: Fundamentos da Psicologia Social

Fragmentação

Objeto de

estudo

Métodos de investigação

Page 14: Fundamentos da Psicologia Social

Fragmentação

Objeto de

estudo

Métodos de investigação

Matrizes teóricas

Page 15: Fundamentos da Psicologia Social

Alternativas

Page 16: Fundamentos da Psicologia Social

Alternativas

Ecletismo

Page 17: Fundamentos da Psicologia Social

Alternativas

Ecletismo

Reducionismo

Page 18: Fundamentos da Psicologia Social

Alternativas

Ecletismo

Reducionismo

Complementarismo

Page 19: Fundamentos da Psicologia Social

O reducionismo

Page 20: Fundamentos da Psicologia Social

O reducionismo

social

Page 21: Fundamentos da Psicologia Social

O reducionismo

social

psicológico

Page 22: Fundamentos da Psicologia Social

O reducionismo

social

psicológico

biológico

Page 23: Fundamentos da Psicologia Social

O reducionismo

social

psicológico

biológico

físico

Page 24: Fundamentos da Psicologia Social

Complementarismo

Page 25: Fundamentos da Psicologia Social

ComplementarismoMetodológico

Page 26: Fundamentos da Psicologia Social

ComplementarismoMetodológico

métodos

quantitativos

métodos

qualitativos

Page 27: Fundamentos da Psicologia Social

ComplementarismoMetodológico

métodos

quantitativos

métodos

qualitativos

Page 28: Fundamentos da Psicologia Social

ComplementarismoMetodológico

métodos

quantitativos

métodos

qualitativos

Page 29: Fundamentos da Psicologia Social

ComplementarismoMetodológico

métodos

quantitativos

métodos

qualitativos

explicação

Page 30: Fundamentos da Psicologia Social

ComplementarismoMetodológico

métodos

quantitativos

métodos

qualitativos

explicação compreensão

Page 31: Fundamentos da Psicologia Social

ComplementarismoO complementarismo conceitual

de Rychlak (1986)

Page 32: Fundamentos da Psicologia Social

ComplementarismoO complementarismo conceitual

de Rychlak (1986)

physikos

Page 33: Fundamentos da Psicologia Social

ComplementarismoO complementarismo conceitual

de Rychlak (1986)

physikos

bios

Page 34: Fundamentos da Psicologia Social

ComplementarismoO complementarismo conceitual

de Rychlak (1986)

physikos

cogito bios

Page 35: Fundamentos da Psicologia Social

ComplementarismoO complementarismo conceitual

de Rychlak (1986)

physikos

cogito bios

socius

Page 36: Fundamentos da Psicologia Social

ComplementarismoO complementarismo conceitual

de Rychlak (1986)

physikos

cogito bios

socius

Page 37: Fundamentos da Psicologia Social

ComplementarismoO complementarismo conceitual

de Rychlak (1986)

physikos

cogito bios

socius

Page 38: Fundamentos da Psicologia Social

ComplementarismoO complementarismo conceitual

de Rychlak (1986)

physikos

cogito bios

socius

Page 39: Fundamentos da Psicologia Social

ComplementarismoO complementarismo conceitual

de Rychlak (1986)

physikos

cogito bios

socius

Page 40: Fundamentos da Psicologia Social

ComplementarismoO perspectivismo de Doise (1986)

nível intra-individual de análise

Page 41: Fundamentos da Psicologia Social

ComplementarismoO perspectivismo de Doise (1986)

nível inter-individual de análise

Page 42: Fundamentos da Psicologia Social

ComplementarismoO perspectivismo de Doise (1986)

nível intragrupal de análise

Page 43: Fundamentos da Psicologia Social

ComplementarismoO perspectivismo de Doise (1986)

nível intergrupal de análise

Page 44: Fundamentos da Psicologia Social

ComplementarismoO perspectivismo de Doise (1986)

nível posicional de análise

Page 45: Fundamentos da Psicologia Social

ComplementarismoO realismo crítico de Bashkar (1978)

Page 46: Fundamentos da Psicologia Social

ComplementarismoO realismo crítico de Bashkar (1978)

Dimensão intransitiva

Page 47: Fundamentos da Psicologia Social

ComplementarismoO realismo crítico de Bashkar (1978)

Dimensão intransitiva

referente às proposições a respeito

do mundo e das coisas nele encontradas

Page 48: Fundamentos da Psicologia Social

ComplementarismoO realismo crítico de Bashkar (1978)

Dimensão intransitiva

Dimensão transitiva

referente às proposições a respeito

do mundo e das coisas nele encontradas

Page 49: Fundamentos da Psicologia Social

ComplementarismoO realismo crítico de Bashkar (1978)

Dimensão intransitiva

Dimensão transitiva

referente às proposições a respeito

do mundo e das coisas nele encontradas

esclarecer as estratégias adotadas pelos pesquisadores

para o estudo do mundo real

Page 50: Fundamentos da Psicologia Social

ComplementarismoDimensão intransitiva

é essencial estabelecer uma separação entre o mundo das aparências e uma série de mecanismos, cuja prova de existência é difícil de ser estabelecida,

mas cujos efeitos justificam e devem ser necessariamente incluídos em qualquer tentativa de explicação dos eventos que ocorrem no mundo físico

e social

Page 51: Fundamentos da Psicologia Social

ComplementarismoDimensão intransitiva

Uma visão estratificada do mundo real passa a ser uma conseqüência inevitável

da aceitação que a realidade pode ser apreendida em diferentes níveis.

Page 52: Fundamentos da Psicologia Social

ComplementarismoDimensão intransitiva

“empirical”

o nível empírico dos eventos observados ordinariamente

Page 53: Fundamentos da Psicologia Social

ComplementarismoDimensão intransitiva

“actual”

nível dos fluxos tais como se apresentam

“empirical”

o nível empírico dos eventos observados ordinariamente

Page 54: Fundamentos da Psicologia Social

ComplementarismoDimensão intransitiva

“real”

o nível dos entes “realmente” reais

“actual”

nível dos fluxos tais como se apresentam

“empirical”

o nível empírico dos eventos observados ordinariamente

Page 55: Fundamentos da Psicologia Social

Complementarismoempírico

corresponde à experiência usual das pessoas no seu dia a dia

qualquer concepção de ciência que adote como objetivo último obter um conhecimento preciso deste

nível de realidade encontra-se condenada à esterilidade, pois jamais chegará a alcançar a

inteligibilidade plena no trato do seu objeto de estudo

Page 56: Fundamentos da Psicologia Social

Complementarismoactual

se refere a um fluxo de acontecimento, geralmente produzido em condições de

laboratório, com a finalidade explícita de isolar e avaliar os mecanismos que se manifestam

no nível do real

A experimentação como exemplo

Page 57: Fundamentos da Psicologia Social

Complementarismoreal

se refere aos mecanismos, geralmente ocultos, a serem identificados pelo cientista e

considerados na explicação do comportamento

Page 58: Fundamentos da Psicologia Social

Complementarismoreal

Mecanismos Componentes Relações Interações Mudanças

Social Entes e grupos sociais

Associações, afiliações

Comunicação Influência,

decisão grupal Cognitivo Representações

mentais Associações, implicações

Processos computacionais

Inferências

Neurais Neurônios, grupos de neurônios

Conexões sinápticas

Excitação, inibição

Atividade cerebral

Molecular Moléculas, tais como neuro-

transmissores e proteínas

Conexões físicas

Reações bioquímicas

Transformação de moléculas

Fonte: Thagard, 2006

Page 59: Fundamentos da Psicologia Social

ComplementarismoDimensão transitiva

procura enfrentar as discussões, introduzidas por algumas correntes

atuais da filosofia da ciência, a respeito do caráter histórico e social

do conhecimento científico

Page 60: Fundamentos da Psicologia Social

ComplementarismoDimensão transitiva

O conhecimento, embora tenha por referência objetos que pré-existem e independem do

estudioso, deve ser tratado como um produto social e uma vez que a ciência é uma prática social, o conhecimento resultante deve ser

entendido como algo intrinsecamente material, embora apreendido sob a lógica desta prática.

Page 61: Fundamentos da Psicologia Social

ComplementarismoO sistematismo de Bunge

A caracterização de qualquer domínio de conhecimento científico deve ser precedida pela

discussão dos problemas relacionados com a questão ontológica, referente à natureza dos objetos submetidos a investigação, e com a

questão epistemológica, relativa aos princípios e procedimentos adotados pelo investigador.

Page 62: Fundamentos da Psicologia Social

ComplementarismoO sistematismo de Bunge

A obra de Mario Bunge merece destaque no que concerne a esta discussão no âmbito das

ciências sociais, pois aponta para duas direções divergentes de tratamento da questão, mostra as

fragilidades destes modelos e apresenta uma síntese que representa bem a solução

alternativa encontrada por muitos estudiosos (Bunge, 1987)

Page 63: Fundamentos da Psicologia Social

ComplementarismoO sistematismo de Bunge

Page 64: Fundamentos da Psicologia Social

ComplementarismoO sistematismo de Bunge

Atomismo

Page 65: Fundamentos da Psicologia Social

ComplementarismoO sistematismo de Bunge

Atomismo

Holismo

Page 66: Fundamentos da Psicologia Social

ComplementarismoO sistematismo de Bunge

Atomismo

Holismo

Sistematismo

Page 67: Fundamentos da Psicologia Social

Pressupostos ontológicosCaracterística Individualismo Holismo Sistematismo

pressupostos ontológicos

a sociedade deve ser considerada uma coleção de indivíduos - qualquer

supraindividualidade é uma ficção

sociedade deveria ser considerada como uma

totalidade que transcende aos seus

membros

um sistema concreto de indivíduos

interconectados

propriedades  emergentes ou

globais

não  existem

existem, sendo irredutíveis aos

indivíduos

existem propriedades que decorrem dos agregados, assim

como propriedades emergentes

relações

entre

indivíduos e sociedade

as sociedades não podem agir diretamente sobre os

grupos

as relações entre duas sociedades envolvem duas totalidades e as mudanças sociais são

supra-individuais

sociedade não pode atuar diretamente

sobre o indivíduos, mas sim indiretamente, pois a ação individual é determinada também pela posição social do

indivíduo

Page 68: Fundamentos da Psicologia Social

Pressupostos metodológicosCaracterística Individualismo Holismo Sistematismo

pressupostos  metodológicos

o estudo dos indivíduos

estudo das propriedades e

mudanças globais

o estudo dos fatores socialmente relevantes dos indivíduos, bem como as

propriedades e mudanças dos grupos sociais entendidos

como totalidades

explicação

levando em consideração

exclusivamente as ações e intenções

individuais

em termos de unidades supra-individuais, tais como o Estado, ou de

forças supra-individuais, tais como a consciência coletiva ou a organização social 

interações entre os indivíduos e

as totalidades

teste das hipóteses e

avaliação das teorias

exclusivamente a observação 

de comportamentos  individuais

não podem ser testadas ou, no

máximo, contrastadas com dados globais

devem ser testadas

a partir de observações realizadas com indivíduos

Page 69: Fundamentos da Psicologia Social

ComplementarismoO sistematismo de Bunge

Atomismoo estado de um sistema social é uma função dos estados dos componentes

individuais 

Page 70: Fundamentos da Psicologia Social

ComplementarismoO sistematismo de Bunge

Atomismoo estado de um sistema social é uma função dos estados dos componentes

individuais 

Holismo o estado de um indivíduo é uma função do estado da sociedade em que ele

vive

Page 71: Fundamentos da Psicologia Social

ComplementarismoO sistematismo de Bunge

Atomismoo estado de um sistema social é uma função dos estados dos componentes

individuais 

Holismo o estado de um indivíduo é uma função do estado da sociedade em que ele

vive

Sistematismo o estado de um sistema social é uma função das propriedades dos seus

componentes individuais, sendo o inverso igualmente verdadeiro

Page 72: Fundamentos da Psicologia Social

O sistematismoA análise de um sistema deve levar em

consideração três elementos fundamentais

o contexto

a organização estrutural

os componentes

Page 73: Fundamentos da Psicologia Social

O sistematismoA análise de um sistema deve levar em

consideração três elementos fundamentais

o contexto

a organização estrutural

os componentes

O modelo sistêmico incorpora estes três elementos; o modelo atomista retira a importância da estrutura; o

modelo holista desconsidera os componentes do sistema.

Page 74: Fundamentos da Psicologia Social

O sistematismo

(a)composição

diferente,mesmo

contexto,mesma

estrutura

(b)mesma

composição,mesmo

contexto, estruturas diferentes

(c)composição

diferente,mesmo

contexto,estruturas diferentes

(d)composição

diferente,contextos diferente,estruturas diferentes

Page 75: Fundamentos da Psicologia Social

O sistematismoOs conceitos oriundos das tradições

individualistas e holistas podem ser importantes para a compreensão dos fenômenos sociais, mas se o objetivo for extrapolar os limites da

compreensão e envolver a explicação, é imprescindível que se leve em consideração

conceitos oriundos de uma perspectiva relacional

Ritzer e Gindoff (1992)

Page 76: Fundamentos da Psicologia Social

O sistematismoTrês modalidades distintas de sistematismo

Page 77: Fundamentos da Psicologia Social

O sistematismoTrês modalidades distintas de sistematismo

micro -> macro

concede prioridade aos fenômenos microssociais e que pode ser identificado com a psicologia social psicológica

Page 78: Fundamentos da Psicologia Social

O sistematismoTrês modalidades distintas de sistematismo

micro -> macro

concede prioridade aos fenômenos microssociais e que pode ser identificado com a psicologia social psicológica

macro -> micro

ressalta os fenômenos macrossociais e que pode ser identificado com a psicologia social sociológica

Page 79: Fundamentos da Psicologia Social

O sistematismoTrês modalidades distintas de sistematismo

micro -> macro

concede prioridade aos fenômenos microssociais e que pode ser identificado com a psicologia social psicológica

macro -> micro

ressalta os fenômenos macrossociais e que pode ser identificado com a psicologia social sociológica

dialético

situado em um ponto médio, que não acentua qualquer uma das perspectivas; pode ser identificado nas abordagens emergentes da

psicologia social e da sociologia

Alvaro e Garrido (2003)

Page 80: Fundamentos da Psicologia Social

ReferênciasAlvaro, J. e Garrido, A. (2003). Psicologia social: perspectivas psicologicas y

sociologicas. Mc-Graw-Hill/Interamericana de España

Bhasker, R. (1978). A realist theory of science. Hassocks, Sussex: Harvester Press

Bunge, M.(1980).  Epistemologia - Curso de atualização. SP: T. A. Queiroz

Bunge, M. & Ardila, R. (2002). Filosofía de la psicología. México: Siglo Veintiuno Editores

Doise, W. (1986). Levels of explanation in social psychology. Cambridge: Cambridge University Press.

Ritzer, G. e Gindoff, P. (1992) Methodological relationalism: lessons for and from social psychology. Social Psychology Quarterly, 55, 2, 128-140.

Rychlak, J. (1993). A suggested principle of complementarity for psychology. American Psychologist, 48, 9, 933-942.

Thagard, P. (2006). Hot Thought. Mechanisms and Applications of Emotional Cognition. Cambridge, Mass: MIT Press