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Profa. Dra. Estela Sant’Ana Departamento de Pesquisa & Desenvolvimento IBRAMED FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA INTRODUÇÃO O uso do frio como recurso terapêutico remonta de longa data. Na medicina física e reabilitação a crioterapia é bastante difundida para tratar processos infamatórios e aliviar a dor 1 . Na dermatologia, o uso de técnicas de congelamento não seletivo de tecidos com nitrogênio líquido (-196°C) é amplamente utilizado o tratamento de queratoses actínicas, verrugas e tumores superficiais 2 . No entanto, o frio pode afetar diferentes estruturas corporais de forma seletiva, incluindo o tecido adiposo. Os adipócitos são as únicas células especializadas no armazenamento de lipídios na forma de triglicerídeos em seu citoplasma, sem que isto seja nocivo para sua integridade funcional 3 . Nos mamíferos, existem dois tipos de tecido adiposo: o branco e o marrom. O adipócito branco maduro armazena os triacilgliceróis em uma única e grande gota lipídica que ocupa de 85-90% do citoplasma e empurra o núcleo e uma fina camada de citosol para a periferia da célula. O tecido branco se distribui em diversos depósitos no organismo, anatomicamente classificados como tecido adiposo subcutâneo e tecido adiposo visceral. O tecido adiposo subcutâneo é principalmente representado pelos depósitos abaixo da pele nas regiões abdominal, flancos, glútea e femoral 3 . De acordo com Jalian e Avram (2013) 2 , o primeiro artigo a descrever a sensibilidade do tecido adiposo ao frio foi publicado por Hochsinger em 1902, que relatou a formação de nódulos sub a mandíbula em crianças que denominou como “reação aguda ao congelamento”. Em 1941, Haxthausen publicou uma série de casos envolvendo quatro crianças e uma adolescente com lesões que ocorreram após a exposição ao frio extremo durante o inverno que denominou “adiponecre e frigore”. Outros relatos publicados entre 1940 a 1970 descrevem paniculite induzida pelo frio com formação de nódulos tanto em crianças quanto em adultos. Em 1970, Epsteian e Oren cunham o termo paniculite do picolé (popsicle panniculitis) depois de averiguar a presença de um nódulo endurecido e avermelhado seguido de necrose transitória do tecido adiposo local na bochecha de uma criança causada por chupar picolé. A aplicação de cubos de gelo nas nádegas dessa criança causou efeito semelhante. Essas observações culminaram com a seguinte observação: o tecido adiposo rico em lipídeos é mais suscetível ao frio que tecidos ricos em água. Estes achados confirmam a bioquímica que observamos diretamente na nossa cozinha, gorduras saturadas como a gordura animal são sólidos à temperatura ambiente e as não-saturadas, como o azeite e óleos vegetais são líquidos à mesma temperatura. A análise dos efeitos do frio sobre o tecido adiposo subcutâneo dos mamíferos deu subsídio para o desenvolvimento de um dispositivo de resfriamento controlado

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Profa. Dra. Estela Sant’Ana

Departamento de Pesquisa & Desenvolvimento IBRAMED

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

INTRODUÇÃO

O uso do frio como recurso terapêutico remonta de longa data. Na medicina física e

reabilitação a crioterapia é bastante difundida para tratar processos infamatórios e aliviar a

dor1. Na dermatologia, o uso de técnicas de congelamento não seletivo de tecidos com

nitrogênio líquido (-196°C) é amplamente utilizado o tratamento de queratoses actínicas,

verrugas e tumores superficiais2. No entanto, o frio pode afetar diferentes estruturas corporais

de forma seletiva, incluindo o tecido adiposo. Os adipócitos são as únicas células

especializadas no armazenamento de lipídios na forma de triglicerídeos em seu citoplasma,

sem que isto seja nocivo para sua integridade funcional3. Nos mamíferos, existem dois tipos de

tecido adiposo: o branco e o marrom. O adipócito branco maduro armazena os triacilgliceróis

em uma única e grande gota lipídica que ocupa de 85-90% do citoplasma e empurra o núcleo e

uma fina camada de citosol para a periferia da célula. O tecido branco se distribui em diversos

depósitos no organismo, anatomicamente classificados como tecido adiposo subcutâneo e

tecido adiposo visceral. O tecido adiposo subcutâneo é principalmente representado pelos

depósitos abaixo da pele nas regiões abdominal, flancos, glútea e femoral3.

De acordo com Jalian e Avram (2013)2, o primeiro artigo a descrever a sensibilidade do tecido

adiposo ao frio foi publicado por Hochsinger em 1902, que relatou a formação de nódulos sub

a mandíbula em crianças que denominou como “reação aguda ao congelamento”. Em 1941,

Haxthausen publicou uma série de casos envolvendo quatro crianças e uma adolescente com

lesões que ocorreram após a exposição ao frio extremo durante o inverno que denominou

“adiponecre e frigore”. Outros relatos publicados entre 1940 a 1970 descrevem paniculite

induzida pelo frio com formação de nódulos tanto em crianças quanto em adultos. Em 1970,

Epsteian e Oren cunham o termo paniculite do picolé (popsicle panniculitis) depois de

averiguar a presença de um nódulo endurecido e avermelhado seguido de necrose transitória

do tecido adiposo local na bochecha de uma criança causada por chupar picolé. A aplicação de

cubos de gelo nas nádegas dessa criança causou efeito semelhante. Essas observações

culminaram com a seguinte observação: o tecido adiposo rico em lipídeos é mais suscetível ao

frio que tecidos ricos em água. Estes achados confirmam a bioquímica que observamos

diretamente na nossa cozinha, gorduras saturadas como a gordura animal são sólidos à

temperatura ambiente e as não-saturadas, como o azeite e óleos vegetais são líquidos à

mesma temperatura. A análise dos efeitos do frio sobre o tecido adiposo subcutâneo dos

mamíferos deu subsídio para o desenvolvimento de um dispositivo de resfriamento controlado

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cujo objetivo é induzir uma possível atrofia terapêutica no tecido adiposo subcutâneo. Hoje

vários descritores são usados para descrever a técnica que usa a extração de calor do tecido

adiposo tais como: Fat Freezing4, Cryolysis, Selective Cryolisis5, Lipocryolysis6, Ice-Shock

Lipolysis (uso associado com terapia por ondas de choque)7, sendo o descritor mais conhecido,

Criolipólise8.

Ensaios pré-clínicos

Em 2008, Manstein et al.5 publicaram um estudo realizado em seis porcas Yucatan que, sob

anestesia e usando um protótipo de um protótipo de dispositivo criogênico, trataram 15

diferentes locais (flancos, abdômen e glúteos dos animais) foram expostos a um processo de

resfriamento com diferentes temperaturas (20, -1, -3, -5, e -7°C) e tempo de aplicação (10

min). Nesta configuração de protótipo, duas configurações de aplicadores foram utilizadas:

uma plana com uma placa de resfriamento e outra dobrável em forma de copo com duas

placas de resfriamento e uso de vácuo para favorecer o contato da pele com as placas (Figura

1).

Figura 1. Imagem esquemática das diferentes configurações de aplicadores para resfriamento

seletivo da área a ser tratada, sendo A, aplicador plano com uma placa de resfriamento e B,

aplicador em forma de copo com vácuo para sucção da pele e camada subcutânea e dois

elementos de resfriamento de ação simultânea (extraído de Manstein et al.5)

Cada ponto demarcado foi tratado em duplicata e os locais mapeados para avaliação aos 28

dias, 14 dias, 7 dias, 2 dias 1 dia e imediatamente ao tratamento. Entre o dispositivo e a pele

do local tratado foi aplicado uma loção de glicerol/água foi aplicada para melhorar o contato

do dispositivo com a pele. Imediatamente após cada exposição, o local tratado era

massageado por 1 minuto com um vibromassageador comercial. A espessura do tecido

adiposo foi avaliada por ultrassom diagnóstico e amostras de sangue para a avaliação do perfil

lipídico foram realizadas. Após a eutanásia, amostras de tecido adiposo subcutâneo foram

coletadas, processadas e coradas com HE. As análises por ultrassom diagnóstico demostraram

diminuição de aproximadamente 50% da espessura do tecido adiposo. A paniculite lobular

apresentou pico de aumento aos 14 dias, conforme demostrado na Figura 2. Os níveis séricos

de lipídeos não apresentaram diferenças estatisticamente significativas.

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Figura 2. Graus de paniculite induzida pelo frio avaliada por análise histológica. A extensão da

inflamação se relaciona ao tempo de análise pós-tratamento e à temperatura utilizada.

Observar resultados mais intensos com temperatura de -7°C. Média e erro padrão da média

Eextraído de Manstein et al.5.

Em 2009, Zelickson et al.9 conduziram um estudo usando três porcos Yucatan (animal A, B, e C)

e um porco Yorkshire (animal D). Todos os animais foram tratados com um protótipo para

resfriamento controlado da área (Zeltiq, Pleasanton, CA). Neste estudo a temperatura de

tratamento foi transcrita para taxa de extração de calor em mW/cm2 e foi denominada Fator

de intensidade de resfriamento (CIF = cooling intensity factor). Diferentes taxas foram

aplicadas: animal A, CIF=24,5 (-43,8mW/cm2) por 60 min seguidos de 5 min de massagem

vibratória; animal B, CIF=24,5 (-43,8mW/cm2) por 60 min em duas áreas e outras áreas

tratadas por 45 min seguidos de 5 min de massagem vibratória; o animal C foi tratado com

mesmo CIF, porém todos os locais foram tratados por 45 min seguidos de 5 min de massagem

e o animal D foi tratado com CIF de 21,5 (-36,8 mW/cm2) e cada local foi tratado por 15 min.

Os animais A, B e C receberam um único tratamento e passaram por eutanásia 90 dias depois.

O animal D foi tratado em diferentes áreas 90, 60, 30, 14, 7, 3 dias e 30 min antes da

eutanásia. Foram realizadas fotografias padronizadas, avaliações por ultrassom diagnóstico

antes e 3 meses depois do tratamento. Após a eutanásia, foram coletadas amostras de tecido

subcutâneo para análises histológicas. Amostras de sangue foram coletas (12 horas de jejum)

antes do tratamento, um dia, uma semana e um, dois e três meses após o tratamento. As

fotografias de corte transversal demostraram alteração da superfície no local tratado e

diminuição da camada superficial 90 dias após o tratamento (Figura 3). As medidas de

espessura foram realizadas por ultrassom diagnóstico confirmam o resultado observado por

fotografias.

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Figura 3. Fotografia de corte transversal mostrando a redução da gordura subcutânea

superficial 90 dias após o tratamento (extraído de Zelickson et al.9).

As análises histológicas demostraram um ciclo de paniculite lobular similar ao proposto por

Manstein et al.5 e uma perda seletiva de células de gordura, sem danos na pele e estruturas ao

redor. Este resultado parece refletir o fato de os adipócitos serem mais sensíveis ao frio. Outro

ponto interessante é que, durante a reperfusão que ocorre após o resfriamento, induz a

formação de espécies reativas de oxigênio que podem resultar peroxidação lipídica e redução

dos níveis de glutadiona, o que pode resultar no aumento dos níveis de morte celular

adipocitária. Os autores concluíram que a técnica, denominada como Criolipólise, poderia ser

usada para tratamentos estéticos em humanos desde que avaliados por estudos sequenciais.

Com estes estudos pré-clínicos foi possível concluir que todos os locais tratados com

exposição ao frio inferior a -1°C desenvolveram inflamação perivascular e paniculite. A partir

destes sinais clínicos houve significativa redução da camada de gordura, mais visível após 90

dias de tratamento. Os resultados mais significativos em relação à diminuição da camada de

gordura foram obtidos com temperaturas mais baixas e maior tempo de tratamento.

Ensaios clínicos

Os primeiros ensaios clínicos sobre criolipólise foram publicados em 2009. Nelson et al.10

compilaram resultados sobre estudos pré-clínicos publicados previamente e junto à descrição

de estudos clínicos apresentados na Reunião Anual da Sociedade Americana de Laser para

Medicina e Cirurgia (Annual Meeting of the American Society for Laser Medicine and Surgery)

em abril de 2009. Relataram que os médicos Dover J, Burns J, Coleman S, et al. avaliaram o

uso da criolipólise para a redução da gordura localizada em flancos e costas de 32 pacientes.

demostraram através de fotografias, avaliação clínica e satisfação dos pacientes. Destes, um

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subgrupo de 10 pacientes foi avaliado por ultrassom diagnóstico antes e 4 meses após o

tratamento os pacientes apresentaram espessura de camada adiposa 22,4% menor.

Descreveram também, outro estudo apresentado neste mesmo evento por Kaminer M, Weiss

R, Newman J, et al. que tratou com criolipólise 50 pacientes, todos avaliados por fotografias

comparativas realizadas antes e 4 meses após a sessão. Destes, 89% dos casos obtiveram

diminuição da gordura localizada esteticamente importantes.

Correlacionados aos resultados apresentados, foram desenvolvidos estudos adicionais para

investigar a eficácia e possíveis reações adversas tais como lesão de tecidos adjacentes e

avaliação dos níveis séricos de lipídeos circulantes e função hepática. Coleman et al. (2009)11

realizaram um estudo que envolveu 10 sujeitos tratados com um protótipo do sistema de

resfriamento (Zeltiq, Pleasanton, CA). Uma loção anticongelante foi usada para facilitar o

acoplamento da pele no dispositivo. A região selecionada foram os flancos, o lado direito

recebeu o tratamento e o lado contralateral (esquerdo) foi usado como controle. Do total de

sujeitos participantes do estudo, 10 foram fotografados e avaliados por ultrassom diagnóstico

(7,5 MHz e transdutor linear) antes do tratamento e após 2 e 6 meses do tratamento; 9

passaram por avalição sensorial neurológica antes e 7 dias após o tratamento e 1 sujeito se

submeteu a uma biopsia 6 semanas após o tratamento para avaliar a integridade e densidade

das fibras nervosas sensoriais e a morfologia da pele e tecido subcutâneo. Dos 9 sujeitos

avaliados nos testes sensoriais, 6 apresentaram redução transitória da sensibilidade avaliada

por testes neurológicos, contudo, todos apresentaram resolução espontânea em média 3,6

semanas após o tratamento. As analises da biopsia por imunohistoquímica sugerem que a

criolipólise não causa alterações estruturais ou funcionais nos nervos nas condições deste

estudo. Os pesquisadores concluíram que o tratamento de criolipólise em humanos

apresentou substancial redução do volume de gordura subcutânea e melhora do contorno

corporal na região de flancos tratada sem apresentar danos na pele.

Klein et al. (2009)12 realizaram um estudo no qual trataram 40 indivíduos (32 mulheres e 8

homens) com gordura localizada nos flancos. Critérios de inclusão e exclusão foram aplicados e

o tratamento foi realizado bilateralmente. O número de áreas tratadas por sessão variou de 2

a 4, de acordo com a necessidade terapêutica, cada sessão durou 30 min. Amostras de sangue

foram coletadas em todos os sujeitos pré-tratamento e após 1 dia de tratamento e ainda 1, 4,

8 e 12 semanas após a sessão de tratamento. Todos os pacientes obedeceram ao jejum de 12

horas prévio à coleta. As amostras de sangue coletadas foram enviadas para análise

laboratorial para avalição dos níveis de lipídeos: colesterol total, triglicerídeos, VLDL, LDL e HDL

colesterol. Também foi avaliada a função hepática através dos exames séricos laboratoriais:

AST, ALT, fosfatase alcalina, bilirrubina total e albumina. Sujeitos com níveis séricos alterados

foram excluídos do estudo. Análises estatísticas foram realizadas e os resultados não

apresentaram diferenças significativas e os autores concluíram que o tratamento não está

associado a alterações dos níveis séricos de lipídeos ou de função hepática.

Avram & Harry 13 uma revisão de literatura baseados nos achados pré-clínicos histológicos

descreveram os possíveis mecanismos de ação da criolipólise na indução de apoptose dos

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adipócitos no local tratado. A sequência de eventos é relatada de forma temporal.

Imediatamente ao tratamento não são visíveis alterações no tecido subcutâneo, não há

presença de células inflamatórias e as membranas celulares permanecem íntegras. No terceiro

dia pós-tratamento existem evidências de que o processo inflamatório foi estimulado e alguns

adipócitos iniciam o processo de apoptose. O pico do processo inflamatório se estabelece

próximo do 14° dia. À microscopia, ao redor dos adipócitos, são visíveis histiócitos, neutrófilos

linfócitos e outras células mononucleadas. Entre 14 e 30 dias após o tratamento a fogocitose

dos lipídios é aparente. Macrófagos e neutrófilos envelopam e digerem conteúdos e resíduos

dos adipócitos em apoptose. Esse mecanismo é similar ao processo natural de reparo e

regeneração tecidual de outras regiões corporais. Após 60 dias, o processo inflamatório

diminui consideravelmente e os septos interlobulares aparecem espessos à microscopia. Aos

90 dias pós-tratamento não são visíveis sinais de característicos de inflamação. É possível

observar ao corte histológico, uma clara diminuição do tecido adiposo. Os autores concluíram

que a criolipólise é um métodos seletivo e gradual de diminuição da espessura da gordura

subcutânea, porém os mecanismos de morte celular e eliminação dos adipócitos não estavam

muito claros. Reações adversas transitórias foram observadas após o tratamento e geralmente

se resolveram espontaneamente após horas, dias ou semanas. São elas, desconforto

moderado, eritema, equimoses e/ou diestesia. Os autores ressaltam que a criolopolise pode

aprestar riso para pessoa com doenças raras como a crioglobulinemia tais como:

hemoglobinúria ao frio ou urticaria ao frio. Coleman et al. (2009)11 investigaram os efeitos da

técnica poderia causar diminuição da sensibilidade na área tratada (flancos) em 10 pacientes

usando um protótipo Zeltiq System por 45 min. A função sensorial foi realizada por avaliação

neurológica (n=9) e por biopsia (n=1). O tratamento resultou em perda transitória da

sensibilidade em 6 dos 9 pacientes que receberam avaliação neurológica. Os resultados que a

normalidade da área voltou em média 3,6 semanas após o tratamento. A análise histológica da

biópsia demostrou alterações ou danos na pele e nervos do local tratado.

Estudos clínicos

O sistema de criolipólise CoolSculpting (Zeltiq, Pleasanton, California) foi aprovado pelo FDA ,

para o tratamento de flancos em 2010 e para o tratamento de abdome em 2012 e em 2013,

Stevens et al.14 realizaram um estudo retrosprospectivo clínico e comercial que envolveu 528

pacientes (403 mulheres e 125 homens) tratados com criolipólise de janeiro de 2010 a

dezembro de 2012. Os tratamentos foram realizados em 2 ciclos com intervalos de 2 meses

entre os ciclos. Cada sessão de tratamento durou 60 min e após as sessões os pacientes

apresentavam no local tratado eritema, edema, equimoses que se resolveram

espontaneamente em algumas horas ou dias. Durante o período estudado, 1785 locais

anatômicos foram tratados com 2729 sessões, principalmente no abdômen inferior (28%,

n=490 ciclos), abdômen superior (11%, n=189), flanco esquerdo (19%, n=333), flanco direito

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(19%, n=333), coxa interna (6%, n=111), parte externa da coxa (5%, n=87), e na parte posterior

da coxa (6%, n=99). Apenas 3 pacientes relataram dor e/ou neuralgia leve ou moderada que

foram resolvidos em 4 ou menos dias. A figura 4 mostra resultado do tratamento com

criolipólise na região inferior do abdome em mulher de 27 anos.

Figura 4. Resultado do tratamento com criolipólise na região inferior do abdome em mulher de

27 anos sendo A, antes do tratamento e B, 3 meses depois apresentando diminuição

significativa da gordura localizada (extraído de Stevens et al., 201314).

Os autores concluíram que a criolipólise é um método não cirúrgico seguro e eficaz no

tratamento da gordura localizada. Corroborando com estes resultados, Dierickx et al. (2013)15

também publicaram um estudo restrospectivo realizado em clínicas da Bélgica e da França que

investigou a segurança, tolerância e satisfação com o tratamento com criolipólise

(CoolSculpting, Zeltiq, Pleasanton, CA). Foram estudados 518 pacientes que receberam o

tratamento entre julho de 2009 e fevereiro de 2012. Os estudo demostrou que não houveram

efeitos colaterais significativos ou relato de eventos adversos. A figura 5 mostra o aspecto da

pele da região de flancos antes do tratamento e imediatamente após a sessão com criolipólise

e a figura 6 mostra fotografias do abdome imediatamente após o tratamento.

Figura 5. Fotografia de flancos: A, pré-tratamento e B, aspecto da pele imediatamente após o

tratamento com criolipólise.

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Figura 6. Fotografias sequenciais do abdome imediatamente após o tratamento. Observar o

aspecto da área tratada em relação ao tempo pós-procedimento.

Do total de pacientes tratados, 73% relataram satisfação com os resultados do tratamento e

82% recomendariam o procedimento a um amigo. As medições da espessura do tecido

adiposo demonstraram uma redução de 23% após 3 meses do tratamento. Abdômen, costas e

flancos foram locais de tratamento com melhores resultados e 86% dos indivíduos que

mostram melhora pela avaliação clínica. Os autores concluíram que, quando a seleção do

paciente é adequada a criolipólise é um método de tratamento seguro, bem tolerado e eficaz

para a redução da gordura subcutânea. Outros estudos relativos à avaliação eficácia,

segurança e satisfação com o tratamento foram produzidos e os resultados corroboram com

os estudos anteriormente descritos4,16,8,17,18,19,.

Em 2012, Shek et al.20 realizaram um estudo para avaliar a eficácia e a satisfação dos pacientes

chineses com uma ou duas sessões de criolipólise (protótipo Zeltiq Breeze Sistem®) nas regiões

de flancos e abdome em ambiente comercial. O estudo envolveu 33 sujeitos divididos em dois

grupos: A, com 21 sujeitos que receberam uma sessão de tratamento (2-4 locais tratados de

acordo com a necessidade) e B, com 12 sujeitos que receberam duas sessões de tratamento

(2-4 áreas por sessão, com ~3 meses de intervalo entre as sessões). Foram realizadas avaliação

médica (cego independente), pesagem corporal, fotos padronizadas e medidas por

adipometria (compasso de dobras) antes e 2 meses após a sessão de tratamento.

Questionários avaliativos relativos à tolerância e satisfação com o tratamento. O tempo de

resfriamento foi estabelecido em 60 min e o CIF estabelecido foi de 41,6 (-73 mW/cm2). As

áreas tratadas foram dividas em locais tratados (n=66) e locais controle (n=45). A análise

estatística das medidas de adipometria revelou diferenças significativas entre os locais

tratados e locais-controle (P<0,001). Os sujeitos tratados com duas sessões apresentaram

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resultados mais significativos, porém o maior índice de melhora ocorre no primeiro

tratamento. Todos os locais tratados apresentaram eritema, dor transitória e formigamento,

porém os sintomas foram transitórios. Sinais como equimoses e alterações de sensibilidade

foram resolvidos espontaneamente. Sobre a satisfação com o tratamento, 81% dos pacientes

consideram-se satisfeito a muito satisfeito. Os autores consideraram a técnica efetiva para a

redução da camada de gordura dos locais tratados.

Outras áreas podem ser tratadas com a técnica, em 2015 Kilmer et al.21 trataram 60 sujeitos

com gordura localizada submentoniana com um protótipo de um aplicador (CoolMini

applicator, CoolSculpting System, ZELTIQ Aesthetics). A temperatura de tratamento foi de -

10°C e a duração da sessão foi de 60 min. Fotografias padronizadas e medições da espessura

da camada de gordura foram realizadas por ultrassom diagnóstico pré-tratamento e 12

semanas após a sessão. Os resultaram demonstraram uma redução média de 20 mm na

espessura e o tratamento foi bem tolerado. Efeitos adversos transitórios tais como, eritema,

edema e equimoses se resolveram espontaneamente. Efeitos adversos graves não foram

observados.

Criolipólise de Reperfusão

O uso associado da criolipólise com técnicas de massagem para favorecer a reperfusão tem

sido proposto desde os estudos experimentais realizados em porcos5,9, além de ser citada

como parte do procedimento em estudos clínicos e de revisão2,4. Baseados na dinâmica:

resfriamento tecidual, constrição vascular induzida pelo frio e reperfusão que ocorrem durante

o tratamento com criolipólise (ciclo de congelamento/descongelamento). Sasaki et al. (2014)22

realizaram um estudo cujo objetivo foi registrar as variações de temperatura durante o ciclo de

resfriamento e reperfusão/recuperação do tecido com e sem massagem pós-tratamento. O

estudo foi desenvolvido em duas partes: um grupo piloto que envolveu 6 pacientes e avaliou a

temperatura subdérmica e um grupo clínico que envolveu 112 pacientes e avaliação da

temperatura da pele e a temperatura oral . As medidas de temperatura foram coletadas a cada

15 min e a temperatura da sala foi mantida estável. Todos os pacientes foram avaliados

previamente e foram realizadas medições do: peso, altura, IMC (índice de massa corporal),

avaliação do percentual de gordura por bioimpedância, adipometria e ultrassom diagnóstico.

Fotografias padronizadas também foram realizadas. Diferentes áreas foram tratadas no estudo

clínico, incluindo abdome, flancos, dorso, e regoes mediais e posteriores de coxas. O ciclo

completo de registro da temperatura de constou de 60 min referente ao tratamento de

criolipólise e 60 min de registro para avaliar a temperatura durante o tempo de

reperfusão/recuperação. No grupo piloto, após a administração de anestesia local, um

termômetro (ThermaGuide, Cynosure, Inc, Westford, Massachusetts) foi inserido com uma

cânula abaixo da pele no local onde o aplicador seria posicionado (porção inferior do abdome).

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Um ultrassom diagnóstico foi usado para avaliar se o termômetro esta na profundidade

adequada (~1,5 cm). A figura 7 demonstra o registro da média de temperatura subdérmica

durante o procedimento realizado no grupo piloto e a figura 8 demostra a média da

temperatura da pele e oral dos pacientes do grupo clínico.

Figura 7. Média da temperatura subdérmica e oral dos pacientes do grupo piloto, cujas coletas

foram realizadas a cada 15 min, tanto na durante as fases de resfriamento (60 min) quanto na

fase de reperfusão/recuperação (60 min). Observar que a temperatura média mínima

subdérmica obtida na medição foi de 9,5°C. A região abdominal foi tratada e um paciente

(sujeito 4) recebeu 5 min de massagem mecânica imediatamente após a retirada do aplicador.

Figura 8. Média da temperatura da pele e oral dos pacientes do grupo clínico, cujas coletas

foram realizadas a cada 15 min, tanto na durante as fases de resfriamento (60 min) quanto na

fase de reperfusão/recuperação (60 min). Observar que a temperatura média mínima

subdérmica obtida na medição foi de 10,7°C. Diferentes áreas foram tratadas e parte das

áreas tratadas receberam 5 minutos de massagem mecânica imediatamente após a retirada do

aplicador.

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As análises dos resultados demostram que nos primeiros 30 min da fase de resfriamento, as

temperaturas subcutâneas registradas nos pacientes do grupo piloto caíram rapidamente em

relação aos níveis pré-tratamento e permaneceram baixas até o fim do tratamento quando

comparadas com medições da superfície da pele. Durante a fase de reperfusão/recuperação, a

temperatura a subcutânea do sujeito 4, que recebeu massagem, voltou a níveis mais altos mais

rapidamente do que as temperaturas de indivíduos que não receberam massagem. Dos 112

pacientes do grupo clínico, 85 voltaram para a reavaliação 6 meses após o tratamento. Destes,

21,5% apresentaram redução média de gordura nas medidas de adipometria. A média de

diminuição na região de abdome e flancos foi de 25% e 27%, respectivamente. A avaliação das

fotografias por 2 avaliadores independentes demostram melhora do contorno corporal.

Efeitos colaterais mínimos foram observados e se resolveram espontaneamente. Os autores

concluíram que o mecanismo de ação exato da criolipólise ainda não foi completamente

elucidado, porém o retorno a temperaturas próximas ao pré-tratamento, mais rapidamente

promovidas pela massagem podem resultar em maior morte celular pela produção de espécies

reativas de oxigênio e outros efeitos deletérios que acompanham a reperfusão e com isso

melhoras os resultados clínicos.

Importante ressaltar que a proposta do uso do calor imediato ao tratamento convencional

pode se sustentar também pela hipótese da formação de espécies reativas de oxigênio, pois

favorece a reperfusão/recuperação de forma possivelmente mais acentuada que a massagem

sugerida por Sasaki et al. (2014)22 com potencial melhora de resultados por indução de danos

adicionais aos adipócitos do local tratado. O aquecimento do Peltier por reversão da ação de

extração de temperatura induz a uma reperfusão significativa, o que poderá melhorar os

resultados clínicos.

Criolipólise de contraste

Os efeitos da extração de temperatura sobre os adipócitos com objetivos estéticos foi objeto

de estudo de outro grupo de pesquisas que isolaram células do coxim intraperitoneal de ratos

para observar os efeitos do frio temperatura/tempo dependente na cristalização do conteúdo

de gordura intracelular. O tecido extraído foi processado em solução enzimática e

posteriormente os adipócitos foram isolados e expostos à temperatura de 8°C por 0, 10 ou 25

min. A presença de cristais foi avaliada por microscopia de luz polarizada. A Figura 9 demostra

os efeitos da extração de temperatura em diferentes tempos e aumentos das imagens à

microscopia de luz polarizada. Os autores relatam que os efeitos da cristalização foram

irreversíveis neste modelo de estudo23.

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Figura 9. Imagens microscópicas de adipócitos resfriados, observe a formação de cristais

dentro das células. A e B, adipócitos controle e não expostos à cristalização; C e D, adipócitos

expostos a 8°C por 10 minutos; E e F adipócitos expostos a 8°C por 25 minutos (aumento de

100 vezes); G, adipócitos expostos a 8°C por 10 minutos; H, adipócitos expostos a 8°C por 25

minutos; I e J, adipócitos pós cristalização mantidos a temperatura ambiente (22°C) por 2 h

(aumento de 400 vezes); K e L adipócitos pós cristalização mantidos a temperatura ambiente

(22°C) por 45 min (aumento de 40 vezes). Modificado de Pinto et al., 201323.

Outros dispositivos, além do equipamento produzido pela Zeltiq (CA, USA), foram

desenvolvidos. Importante ressaltar a Criolipólise (Convencional), que prevê tratamento de

resfriamento prolongado (~60 min) seguido de breve massagem (~5min) para favorecer a

reperfusão está bem estabelecido na literatura, porém um grupo de pesquisadores, baseados

numa técnica temperagem utilizada na indústria alimentícia para induzir a cristalização de

lipídeos24,25, desenvolverem uma série de estudos para avaliar sua aplicabilidade associado a

tratamentos para diminuição da gordura localizada que usam a extração de calor para indução

de apoptose nos adipócitos de regiões com gordura localizada26,27,28. A técnica foi

recentemente descrita como Lipocriólise de Contraste (Contrast lipocryolysis)28.

Estudos clínicos iniciais prévios que utilizaram somente resfriamento do tecido adiposo foram

realizados por Pinto et al. (2012)6. Eles trataram 16 mulheres (18 a 65 anos; IMC 25-30) com

um dispositivo Lipocryo® (Clinipro S.L., Sant Cugat del Vallés, Spain) para o tratamento da

gordura localizada. Os pacientes foram divididas randomicamente em 2 grupos: G1 (recebeu

uma única sessão), G2 (recebeu duas sessões com intervalo de 45 dias entre elas). Após

avaliação clínica, medições antropométricas e medidas de espessura do tecido adiposo por

dobras cutâneas (G1, antes, 40 dias após a primeira sessão e G2, antes, 40 dias após a primeira

sessão e 40 dias após a segunda sessão). Este estudo usou uma taxa de extração de

temperatura de 140 mW/cm2 e a pele se manteve com temperatura ~3,1°C por 25-30 min. Os

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resultados demostram que ambos os grupos tiveram redução estatisticamente significativas

sendo G1 P= 0,04 e G2 P=0,046. Os autores consideraram o tratamento efetivo e não houve

diferença estatisticamente significativa entre os grupos.

A proposta do uso de técnica de temperagem (calor/frio/calor) para favorecer a cristalização

dos adipócitos da gordura localizada foi incialmente estudada em animais. Tecido adiposo

branco de 7 ratos (Sprague-Dawley, 56 dias de idade e 300g de peso) foram extraídos após

eutanásia e processados por enzimas para digestão do estroma. Em seguida os adipócitos

foram filtrados e incubados em soro bovino. As células foram divididas em amostras e foram

submetidas a diferentes e sequência de temperaturas, conforme demostrado na Figura 10.

Algumas amostras forma mantidas resfriadas a 8°C por 30 min, outras forma mantidas a 37°C

(controle). Análises estatísticas foram realizadas Os autores concluíram que o efeito térmico

promovido pelo aquecimento pré e pós a extração de temperatura promoveram maior

destruição celular e que essa poderia ser a chave para melhorar resultados clínicos27.

Figura 10. Aquecimento (linha vermelha), extração de temperatura (linha azul) e temperatura

estabilizada (linha preta). MBT, tratamento Basal modificado = 8°C por 30 min; Post38 e

Post40 = 38°C 40°C respectivamente por 10 min após MTB; Pre0 = 40°C por 5 min e Pre38 e

Pre40 = 38°C 40°C respectivamente por 5 min antes do MTB. Grupos controle (temperatura

ambiente constante = 37°C) não foram mostrados. Extraído de Pinto et al., 201427.

Seguindo o raciocínio proposto por Pinto et al.,27 e comparando com resultados obtidos em

estudos anteriores publicados por Pinto et al. 6, Pinto e Melamed (2014)28 realizaram um

estudo que usou a técnica de temperarem (calor/frio/calor) em comparação com a técnica

convencional (somente resfriamento). O tratamento foi realizado em 10 pacientes, com média

de idade de 48,1±9,73 anos e IMC entre 22 e 27. O equipamento utilizado foi o Lipocontrast®

(Clinipro S.L., Sant Cugat del Vallés, Spain) que aplica a técnica de contraste automaticamente

e área tratada foi a abdominal. Todas as pacientes foram avaliadas clinicamente, medições

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antropométricas e medidas de espessura do tecido adiposo por dobras cutâneas foram

realizadas (M1, antes do tratamento; M2, 15 dias após a sessão e M3, 30 dias após a sessão). O

tempo de sessão seguiu o seguinte modelo: Convencional, somente resfriamento (= 8°C) ou

Contraste, aquecimento (40°C/5 min), resfriamento (8°C/30 min) e aquecimento (38°C/10

min), totalizando 45 min de sessão26,28.

Figura 11. Imagem representativa de técnica convencional (somente extração de temperatura)

e de contrate (aquecimento/extração de temperatura/aquecimento), sendo aquecimento

(linha vermelha), extração de temperatura (linha azul) e temperatura estabilizada (linha preta).

Extraído de Pinto e Melamed (2014) 26,28.

Figura 12. Medidas da dobra cutânea, sendo M1, azul; M2, vermelho e M3, verde. Extraído de

Pinto e Melamed (2014)28.

Os autores relataram a média de diminuição das medidas de espessura do tecido adiposo por

dobras cutâneas foi estatisticamente significativa (P=0,01 entre M1 e M2). A redução da

espessura da dobra cutânea este estudo28 foi de 42,45% quando comparada ao estudo

realizado pelo mesmo grupo que usou somente a técnica convencional6. Os efeitos adversos

causados pela técnica forma considerados moderados e reversíveis29.

CONCLUSÃO

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O POLARYS é um equipamento microcontrolado de terapia por criolipólise desenvolvido para

utilização nas áreas de estética, fisioterapia dermatofuncional, biomedicina estética e medicina

estética, promovendo lipólise induzida através do resfriamento (por extração de temperatura)

em conjunto a um sistema de sucção a vácuo assistido, gerando cristalização e subsequente

apoptose das células do tecido adiposo.

A tecnologia POLARYS foi desenvolvida para atender tanto a técnica de Criolipólise

Convencional, Criolipólise de Reperfusão e a de Contraste e teve seu desenvolvimento

pautado em estudos previamente publicados. Além das variações da técnica já citadas o

POLARYS permite ainda a técnica de Preparo, usada para favorecer o acoplamento no

aplicador e evitar equimoses por aumentar a maleabilidade do tecido por aquecimento.

O sistema de temperatura (resfriamento e aquecimento) do aplicador é baseado no efeito

Peltier, onde duas pastilhas semicondutoras, uma de cada lado do aplicador, transferem calor

de um lado para o outro quando submetidas à passagem da corrente elétrica. A troca de calor

da pastilha é realizada por um sistema de refrigeração a água, que possui um tanque de

armazenamento, uma bomba de água e um radiador de calor com ventilação forçada, esses

fatores produzem uma extração gradativa de temperatura do tecido, absorvendo o calor nele

presente até que a temperatura selecionada seja atingida, para o processo de aquecimento

ocorre o inverso, liberando o calor para o tecido extraindo sua baixa temperatura, também de

forma gradativa, sendo todo esse processo controlado por um termostato. Para o

funcionamento da sucção o aplicador é ligado a uma bomba de vácuo controlado por uma

válvula proporcional. O equipamento conta com 9 valores de temperatura de resfriamento

para uso, que vão de 8 °C até -8°C com incrementos de 2°C (8°C, 6°C, 4°C, 2°C, 0°C, -2°C, -4°C, -

6°C e -8°C) e a temperatura de aquecimento fixa em 40°C. Além disso, trabalha com o modo

contínuo de sucção e mais 3 opções de modos pulsados (P1, P2 e P3), sendo o valor máximo de

pressão do vácuo de -550 mmHg podendo ser ajustado em passos de 10% até atingir o valor

total de 100%.

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