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UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA CAMPUS DE JI-PARANÁ DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AMBIENTAL ARICSON GARCIA LOPES GEOTECNOLOGIAS APLICADAS À DELIMITAÇÃO DE CORREDORES ECOLÓGICOS ENTRE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO NO ESTADO DE RONDÔNIA Ji-Paraná 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA

CAMPUS DE JI-PARANÁ

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AMBIENTAL

ARICSON GARCIA LOPES

GEOTECNOLOGIAS APLICADAS À DELIMITAÇÃO DE CORREDORES

ECOLÓGICOS ENTRE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO NO ESTADO DE

RONDÔNIA

Ji-Paraná

2016

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ARICSON GARCIA LOPES

GEOTECNOLOGIAS APLICADAS À DELIMITAÇÃO DE CORREDORES

ECOLÓGICOS ENTRE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO NO ESTADO DE

RONDÔNIA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado

ao Departamento de Engenharia Ambiental,

Fundação Universidade Federal de Rondônia,

Campus de Ji-Paraná, como parte dos

requisitos para obtenção do título de Bacharel

em Engenharia Ambiental.

Orientadora: Profª. Me. Josiane de Brito Gomes

Coorientador: Profº Me. Marcos Leandro Alves Nuñes

Ji-Paraná

2016

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus pais, Adeval e Eliana, a quem eu tenho imenso amor,

respeito e gratidão, e a minha vó, Maria de Lourdes, sendo esta, a que me deu o maior apoio a

ingressar no curso de engenharia ambiental.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, por ter me concedido a oportunidade de ingressar no curso de

engenharia ambiental e por sempre ter iluminado o meu caminho e guiado meus passos.

À minha vó, Maria de Lourdes, por sempre me incentivar a buscar algo melhor para

minha vida, por me ajudar sempre que precisei.

Ao meu pai, Adeval Lira Lopes, por ter me dado educação e amor, e por sempre estar

disposto a me ajudar, me dando condições de permanecer no curso em período integral.

Exemplo de pai, homem que eu mais admiro e me espelho.

A minha mãe, Eliana Garcia, por ser essa mãe maravilhosa que é, por sempre estar ao

meu lado, me ajudando em todas as horas de preocupação, me aconselhando, muito obrigado,

Mãe!

A minha irmã, Avilyn Barbara, por ser parte fundamental da minha familia.

Ao meu irmão caçula, Anderson Felipe, meu companheiro de todas as horas, a quem

tenho um amor inexplicável.

A minha namorada, Nicoly Dal Santo, por sempre me apoiar e me incentivar na vida

acadêmica e pessoal.

A minha orientadora, professora Me. Josiane de Brito Gomes, por suas valiosas

contribuições para a realização deste trabalho.

Ao meu Coorientador, professor Me. Marcos Leandro, por suas contribuições.

Ao professor Dr. Alex Mota dos Santos, o qual foi meu orientador no inicio da

pesquisa que resultou neste trabalho de conclusão de curso, contribuindo com os

conhecimentos técnicos necessários para a realização do mesmo.

Aos professores do departamento de engenharia ambiental, por suas valiosas

contribuições no decorrer desses cinco anos que passei na universidade, que foram

fundamentais para a minha formação profissional.

Agradeço também aos amigos que fiz no decorrer da minha formação acadêmica e

agradeço a todos que direta ou indiretamente contribuíram para o desenvolvimento deste

trabalho.

Por fim, agradeço a você que está lendo este texto, por dedicar o seu tempo a ler o meu

trabalho, o qual é fruto de grande dedicação e esforço. Muito obrigado!

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RESUMO

Com a intensa ocupação que ocorreu no estado de Rondônia no século XX, houve uma

considerável devastação de seus recursos naturais. Desde então, suas florestas vêm sendo

alteradas e até mesmo eliminadas, inicialmente devido o valor comercial de sua

biodiversidade faunística e florística e mais recentemente para dar lugar às diversas atividades

econômicas, com destaque para a pecuária e agricultura de grãos. Tais ações resultam na

fragmentação florestal, que por sua vez acarreta a interrupção do fluxo de genes de diversas

espécies, consequentemente vindo a diminuir ou até extinguir o número de espécies. Dessa

forma, a implementação de corredores ecológicos entre remanescentes florestais, tais como

unidades de conservação representam uma estratégia promissora para minimizar os impactos

ambientais da fragmentação florestal e para a conservação da biodiversidade faunística e

florística. Nesse contexto, o presente trabalho propõe a delimitação de corredores ecológicos

entre as unidades de conservação Reserva Biológica do Guaporé e Parque Estadual de

Corumbiara, situadas no sudeste do estado de Rondônia, Amazônia Ocidental, a partir do uso

de modelagem geográfica por geotecnologias, utilizando o método Análise Hierárquica de

Pesos (AHP). Os resultados revelaram sete propostas de corredores ecológicos, com

comprimento médio de 32.155 metros, largura média de 3.215,5 metros e área media de

10.095,5 hectares. Todas as propostas estão inseridas nos limites do município de Alta

Floresta D’Oeste. Dentre as sete propostas, o corredor E, foi o que apresentou melhores

condições ambientais, apresentando 91,4% de sua área total coberta por florestas, sendo o

corredor com a maior proporção de área de florestas e por estar mais próximo à frente da

expansão agropecuária, fato que o tornaria uma barreira para tal expansão antrópica.

Palavras chave: Sensoriamento remoto, processamento digital de imagens, fragmentação

florestal.

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ABSTRACT

With the intense occupation that occurred in the state of Rondônia in the twentieth century,

there was considerable devastation of its natural resources. Since then, its forests have been

altered and even eliminated, initially due to the commercial value of its faunistic and floristic

biodiversity and more recently to give place to the various economic activities, with emphasis

on livestock and grain agriculture. These actions result in forest fragmentation, which in turn

causes the interruption of the flow of genes of several species, consequently decreasing or

even extinguishing the number of species. Thus, the implementation of ecological corridors

among forest remnants such as conservation units represent a promising strategy to minimize

the environmental impacts of forest fragmentation and the conservation of wildlife and

floristic biodiversity. In this context, the present work proposes the delimitation of ecological

corridors between the conservation units Guaporé Biological Reserve and Corumbiara State

Park, located in the southeast of the state of Rondônia, Western Amazon, using

geotechnology geographic modeling using the Hierarchical Analysis of Weights (AHP). The

results revealed seven proposals for ecological corridors, with an average length of 32,155

meters, an average width of 3,215.5 meters and an average area of 10,095.5 hectares. All the

proposals are inserted in the limits of the municipality of Alta Floresta D'Oeste. Among the

seven proposals, corridor E was the one that presented better environmental conditions,

presenting 91.4% of its total area covered by forests, being the corridor with the highest

proportion of forest area and being closer to the front of the expansion Agriculture, a fact that

would make it a barrier to such anthropic expansion.

Key words: Remote sensing, digital image processing, forest fragmentation.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Mapa de localização da área de estudo. ................................................................... 30

Figura 2 – Mapa de área protegida na área de estudo. ............................................................ 39

Figura 3 – Mapa do uso e ocupação da terra no ano de 2015. ................................................ 42

Figura 4 – Criação de gado bovino às margens da floresta, nos limites do município de Alta

Floresta D’Oeste. Coordenadas (-62,143266 e -12,691359). Fonte: Arquivo próprio

(20/08/2016). ............................................................................................................................ 43

Figura 5 – Área de pastagem nos limites do município de Alta Floresta D’Oeste.

Coordenadas (-62,149983 e -12,496566). Fonte: Arquivo próprio (20/08/2016). ................... 44

Figura 6 – Buritizais abertos e campos inundáveis na Reserva Biológica do Guaporé,

19/02/2015. Fonte: MMA, 2015. .............................................................................................. 45

Figura 7 – Campos inundáveis na Reserva Biológica do Guaporé, 19/02/2015. Fonte: MMA,

2015. ......................................................................................................................................... 45

Figura 8 – Mapa da percurso realizado em campo, no dia 20/08/2016. .................................. 46

Figura 9 – Campos inundáveis. Coordenadas (-62,170906 e -12,993845). Fonte: Arquivo

próprio (20/08/2016). ............................................................................................................... 47

Figura 10 – Campos inundáveis. Coordenadas (-62,160726 e -12,961878). Fonte: Arquivo

próprio (20/08/2016). ............................................................................................................... 47

Figura 11 – Mapa do uso e ocupação da terra no ano de 2015. .............................................. 48

Figura 12 - Efetivo de bovinos no município de Alta Floresta entre os anos de 2004 e 2014.

Fonte: (IBGE, 2016) ................................................................................................................. 49

Figura 13 – Mapa dos corredores ecológicos resultantes do método AHP. ............................ 50

Figura 14 – Mapa do Zoneamento Socioeconômico – Ecológico do estado de Rondônia. .... 51

Figura 15 – Carta imagem dos corredores ecológicos A e B. ................................................. 54

Figura 16 – Carta imagem dos corredores ecológicos C e D. ................................................. 56

Figura 17 – Carta imagem dos corredores ecológicos E, F e G. ............................................. 58

Figura 18 – Mapa do uso e ocupação da terra nos corredores ecológicos. ............................. 60

Figura 19 – Ocupação antrópica em área de floresta. Coordenadas (-62,147713 e -

12,827985). Fonte: Arquivo próprio (20/08/2016). .................................................................. 62

Figura 20 – Ocupação antrópica em área de floresta. Coordenadas (-62,136269 e -

12,812250). Fonte: Arquivo próprio (20/08/2016). .................................................................. 63

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Escala fundamental de comparadores. ................................................................... 27

Tabela 2 – Procedimentos para definir a relação de importância. ........................................... 28

Tabela 3 – Valores de IR para matrizes quadradas de ordem n............................................... 29

Tabela 4 - Imagens utilizadas no desenvolvimento do trabalho. ............................................. 32

Tabela 5 – Interpretação dos valores de KAPPA. ................................................................... 34

Tabela 6 - Relação de importância entre os fatores. ................................................................ 35

Tabela 7 – Custos de cada classe de uso da terra. ................................................................... 35

Tabela 8 – Custos de cada classe da declividade. .................................................................... 36

Tabela 9 – Matriz de custos e pesos de cada variável. ............................................................ 36

Tabela 10 – Uso e cobertura da terra no ano de 2015. ............................................................ 38

Tabela 11 – Corredores ecológicos propostos pelo método AHP. ......................................... 52

Tabela 12 – Proporção de APPs nos corredores ecológicos. ................................................... 59

Tabela 13 – Uso e ocupação da terra em cada corredor ecológico. ......................................... 61

Tabela 14 – Percentual do uso e ocupação da terra em cada corredor ecológico. ................... 61

Tabela 15 – Resultado da análise estatistica descritiva da classificação. ................................ 64

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LISTA DE SIGLAS

AHP..............................................................................................Análise Hierárquica de Pesos.

APP.........................................................................................Área de Preservação Permanente.

EMBRAPA.....................................................Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias.

FUNAI............................................................................................Fundação Nacional do Índio.

GPS.......................................Global Positioning System (Sistema de Posicionamento Global).

IBAMA...............Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis.

IBDF.............................................................Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal.

IBGE....................................................................Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

IC.............................................................................................................Índice de Consistência.

INCRA...................................................Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária.

INPE..........................................................................Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais.

ISA........................................................................................................Instituto Socioambiental.

PDI.......................................................................................Processamento Digital de Imagens.

PRODES...........................................Projeto de Estimativa de Desflorestamento da Amazônia.

RC............................................................................................................Razão de Consistência.

REBIO...........................................................................................................Reserva Biológica.

RESEX........................................................................................................Reserva Extrativista.

SEDAM..............................................Secretaria de Desenvolvimento Ambiental de Rondônia.

SEMA............................................................................Secretaria Especial do Meio Ambiente.

SIG.......................................................................................Sistema de Informação Geográfica.

SIRGAS..................................................Sistema de Referência Geocêntrico para as Americas.

SNUC...............................................................Sistema Nacional de Unidades de Conservação.

SPRING....................................Sistema de Processamento de Informações Georreferenciadas.

SR...........................................................................................................Sensoriamento Remoto.

SRTM.......................Shuttle Radar Topography Mission (Missão Topográfica Radar Shuttle).

TI..........................................................................................................................Terra Indígena.

UC........................................................................................................Unidade de Conservação.

USGS.......................................................................................United States Geological Survey.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 13

1 REFERENCIAL TEÓRICO .............................................................................................. 16

1.1 UNIDADES DE CONSERVAÇÃO ................................................................................ 16

1.1.1 Histórico das Unidades de Conservação ...................................................................... 16

1.1.2 Importância das Unidades de Conservação ................................................................ 21

1.2 DEGRADAÇÃO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO ......................................... 22

1.2.1 Consequências da Degradação ..................................................................................... 23

1.3 CORREDORES ECOLÓGICOS .................................................................................... 24

1.4 GEOTECNOLOGIAS APLICADAS ÀS ANÁLISES AMBIENTAIS ....................... 26

1.4.1 Modelagem de Corredores Ecológicos ......................................................................... 26

1.4.2 Método Análise Hierarquica de Pesos - AHP ............................................................. 27

2 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................................ 30

2.1 ÁREA DE ESTUDO ......................................................................................................... 30

2.1.1 Reserva Biológica do Guaporé – REBIO Guaporé .................................................... 30

2.1.2 Parque Estadual de Corumbiara – PE Corumbiara .................................................. 31

2.2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS .................................................................. 31

2.2.1 Aquisição de Imagens .................................................................................................... 31

2.2.2 Pré-processamento......................................................................................................... 32

2.2.3 Processamento digital de imagem – PDI ..................................................................... 33

2.2.4 Análise Estatística – Precisão da Classificação ........................................................... 34

2.2.5 Modelagem do Corredor Ecológico ............................................................................. 34

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................................ 38

3.1 USO E COBERTURA DA TERRA ................................................................................ 38

3.2 MODELAGEM DOS CORREDORES .......................................................................... 49

3.3 ANÁLISE INDIVIDUAL DE CADA CORREDOR ..................................................... 52

3.4 VERIFICAÇÃO DA ACURÁCIA DE CLASSIFICAÇÃO ......................................... 63

CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................. 65

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 67

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INTRODUÇÃO

As florestas tropicais formam o ambiente terrestre mais rico em espécies da Terra.

Ainda que ocupem originalmente somente 17 milhões de km², ou menos de 5% do planeta,

estima-se que elas abriguem cerca de 50% de todas as espécies de seres vivos existentes (CI-

Brasil, 2007), pois oferecem condições favoráveis para o desenvolvimento da vida (humidade

e calor). Nesse contexto, a floresta amazônica representa aproximadamente 30% de todas as

florestas tropicais remanescentes do mundo (IBGE, 2013).

No Brasil, a floresta amazônica, representada pelo bioma Amazônia, corresponde a

49,29% do seu território. Assim, visando o desenvolvimento social e econômico dos estados

da região amazônica, o governo brasileiro instituiu o conceito de Amazônia Legal, com ocupa

uma área de aproximadamente 59% do território nacional e corresponde a totalidade de oito

estados, sendo eles, Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e

Tocantins e parte do Estado do Maranhão (IBGE, 2004).

Com a intensa ocupação ocorrida na Amazônia no século XX, houve uma

considerável devastação de seus recursos naturais. Desde então, suas florestas vêm sendo

alteradas e até mesmo eliminadas, inicialmente devido o valor comercial de sua

biodiversidade faunística e florística e mais recentemente para dar lugar às diversas atividades

econômicas. De acordo com Garcia et al. (2013) especialmente no estado de Rondônia, as

áreas de florestas naturais são removidas principalmente para a formação de pastagem e

criação de gado bovino, que é a força motriz da economia do estado (SVIERZOSKI et al.,

2016). Tais processos resultam em uma crescente fragmentação dos ecossistemas naturais

(CASTRO, 2004).

Nesse contexto, as politicas de proteção à natureza do Brasil, determinam a criação de

áreas especiais para conservação dos recursos naturais e da sociobiodiversidade, áreas então

denominadas Unidades de Conservação (UCs) e Terras Indígenas (TIs).

As unidades de conservação são regulamentadas pela lei 9.985 de 2.000, que institui o

Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC). As UCs são divididas em dois

grupos, sendo Unidades de Proteção Integral e Unidades de Uso Sustentável, que são

descritos em detalhe no tópico Referencial teórico.

No estado de Rondônia, cerca de 42% do território corresponde à áreas especiais.

Sendo 21,03 % de TIs e 20,43% de UCs de Proteção Integral e de Uso Sustentável (SANTOS,

2014). Porém, nos dias atuais ainda são observadas importantes mudanças na forma de uso da

terra, consequência das atividades antrópicas. Essas interferências antrópicas fazem com que

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essas áreas especiais se tornem ilhas verdes, isoladas, com suas áreas de entorno fragmentadas

e convertidas em áreas urbanas, agrícolas e pastagens (BRITO, 2012). Essa fragmentação

florestal é uma das principais causas do expressivo aumento das taxas de extinção de espécies

(CASTRO, 2004; MELO et al., 2010; GURRUTXAGA et al., 2010; OLIVEIRA, 2012;

SALES, 2015).

Neste contexto, torna-se importante o desenvolvimento de medidas que visem a

mitigação dos impactos causados pela fragmentação florestal. Dessa forma, a implementação

de corredores ecológicos (CEs) tornam-se uma importante ferramenta. De acordo com a

Resolução do Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA) nº 09 de 1996, CE é

definido como uma faixa de cobertura vegetal existente entre remanescente de vegetação

primária, em estágio médio e avançado de regeneração, capaz de propiciar habitat ou servir de

área de trânsito para a fauna residente nos remanescentes. Os CE entre remanescentes

constituem-se de faixas de cobertura vegetal existentes, nas quais seja possível sua

interligação, em especial às UCs e áreas de preservação permanentes (APPs).

Outra característica importante sobre os corredores se deve ao fato de eles servirem

para aumentar o tamanho e as chances de sobrevivência de populações de diferentes espécies,

além de possibilitarem a recolonização com populações de espécies localmente reduzidas e,

ainda, permitirem a redução da pressão sobre o entorno das áreas protegidas (ARRUDA,

2003; MACIEL, 2007; LOUZADA, 2010; OLIVEIRA, 2012).

A fim de que estudos relacionados à delimitação de CEs sejam realizados, visto que

são, geralmente, extensas áreas geográficas, faz-se o uso de geotecnologias para auxiliar na

delimitação e identificação dos melhores locais para estabelecê-los, sendo fundamentais e

proporcionando um resultado satisfatório (OLIVEIRA, 2012). As geotecnologias são

importantes para a análise integrada da paisagem através de Sensoriamento Remoto e

Sistemas de Informação Georreferenciadas - SIG (ROCHA, et al., 2007).

Sendo assim, por meio de modelagem computacional realizada em ambiente SIGs, e

utilizando o método de Análise Hierárquica de Pesos (AHP), é possível selecionar as

melhores áreas para o estabelecimento de CEs.

Nesse contexto, o presente trabalho propõe a delimitação de corredores ecológicos por

método indireto, a partir do uso de modelagem de eventos terrestres por geotecnologias.

Como objetivos específicos, buscou-se:

a. Realizar mapeamento temático do uso e cobertura da terra, na porção sudeste do

estado de Rondônia, região estudada;

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b. Analisar o uso e ocupação da terra nas unidades de conservação Reserva Biológica

do Guaporé e Parque Estadual de Corumbiara;

c. Realizar mapeamento temático de cada proposta de corredor ecológico gerado pelo

método AHP, bem como analisar individualmente suas características ambientais e

identificar a melhor proposta.

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1 REFERENCIAL TEÓRICO

1.1 UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

1.1.1 Histórico das Unidades de Conservação

De acordo com Miller (1997), o conceito de unidades de conservação é derivado de

três diferentes aspectos nos tempos históricos da humanidade. Primeiro, a preservação de

áreas naturais, por questões religiosas, históricas ou por sua beleza cênica. Em uma fase

seguinte, pelo valor dos recursos naturais. E mais recentemente, pela preservação da

biodiversidade. Dessa forma, eram criadas as áreas protegidas. Porém, segundo Drummond et

al. (2010), o marco fundador mais reconhecido mundialmente, foi a criação do Parque

Nacional de Yellowstone, em 1872, nos Estados Unidos da América. Esse parque estabelece

fundamentos para o modelo de unidades de conservação: a proteção de áreas naturais capazes

de assegurar a continuidade dos processos biológicos sem interferência humana (GODOY,

2000). Sendo assim, tonou-se modelo para a maioria dos parques criados posteriormente,

tanto nos Estados Unidos quanto em outros países: Canadá, em 1885; Argentina, em 1903;

Chile, em 1926 e Brasil, em 1937 (DRUMMOND et al., 2010).

No Brasil, o primeiro Parque Nacional criado foi o do Itatiaia, em 1937, localizado na

Serra da Mantiqueira, abrangendo parte dos estados de São Paulo e Rio de Janeiro (BRITO,

2012). O principal propósito de sua criação foi o de incentivar a pesquisa científica e oferecer

lazer à população (BATARCE, 2010). Esse parque foi criado com base no Código Florestal

de 1934 (SCHENÍNÍ et al., 2004). Entretanto, de acordo com Pádua (1997), o primeiro parque

com objetivo de proteger a natureza, foi o Parque Estadual São Paulo (Horto Botânico de São

Paulo), no ano 1896, hoje denominado Parque Estadual Alberto Löfgren. É importante

ressaltar que o termo unidades de conservação, é utilizado apenas no Brasil. O termo usado

internacionalmente é áreas protegidas (ALMEIDA, 2014).

O antigo Código Florestal de 1934 foi o primeiro texto brasileiro a prever a criação de

parques nacionais, estaduais e municipais. O referido código classificava as florestas nativas e

não nativas em quatro tipos: “protetoras” e “remanescentes” estas sob regime de proteção

integral, e “modelo” e “produtivas” estas passíveis de exploração comercial (DRUMOND et

al., 2010).

As florestas protetoras foram um antecedente das chamadas Áreas de

Preservação Permanente (APPs), mais tarde consagradas pelo novo Código

Florestal, Lei nº 4.771, 15 de setembro de 1965, como um tipo de área protegida. As

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florestas modelo seriam aquelas manejadas e/ou plantadas para fins comerciais.

Foram um prenúncio das florestas nacionais e das grandes extensões de florestas

plantadas em terras particulares, a partir da década de 1970, para fins comerciais.

Com base no Código Florestal de 1934, foram criados, ao longo de três décadas,

vários parques nacionais, florestas nacionais e florestas protetoras de mananciais e

encostas – estas últimas mais conhecidas pelo nome não oficial de “Florestas

Protetoras da União” (DRUMMOND et al., 2010, p. 346).

Em 1965, diante das deficiências do Código Florestal de 1934, que não conseguia

conter a evolução da destruição dos recursos naturais, criou-se o novo Código Florestal, que,

entre outras medidas, criou categorias e introduziu uma divisão conceitual entre as unidades

de conservação. Sendo elas:

Unidades que não permitiam a exploração dos recursos naturais - Unidades

de Conservação de uso indireto e/ou restritivo (Parques Nacionais e Reservas

Biológicas); e Unidades que permitiam a exploração dos recursos naturais –

Unidades de uso não restritivo e/ou uso direto (Florestas Nacionais, Reservas

Florestais, Parques de Caça Florestais, Florestas Protetoras e Florestas

Remanescentes) (BRITO, 2000, p. 57-58).

Nessa lei foram criados a Área de Preservação permanente (APP) e Reserva Legal

(RL), que não possuem delimitação territorial e são considerados protegidos somente pelos

seus atributos ecológicos (MENIS & CUNHA, 2011).

Em 1967, foi criado o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF), uma

autarquia federal, vinculada ao Ministério da Agricultura, para ser o órgão responsável por

administrar as unidades de conservação já criadas e criar novas áreas (ALMEIDA, 2014;

BATARCE, 2010; MEDEIROS, 2006; MENIS & CUNHA, 2011; ORZECHOWSKI &

LIESENBER, 2009; RYLANDS & BRANDON, 2005).

Em 1979, o IBDF elaborou o Plano de Sistema de Unidades de Conservação no Brasil,

que foi dividido em duas etapas, a primeira em 1979 e a segunda em 1982. O plano em suas

duas etapas teve como objetivos,

Escolher, através de critérios técnicos científicos, e inventariar a nível

nacional as áreas de potencial interesse, como unidades de conservação; Identificar

as lacunas e áreas protegidas de maior importância do atual sistema; Estabelecer

critérios técnicos científicos significativos das áreas a incluir no sistema; Rever a

conceituação geral, designadamente no que tange os objetivos de manejo,

precisando-os e aumentando-os, se aconselhável; Propor as ações prioritárias para o

estabelecimento, planificação, manejo e administração desse sistema (PÁDUA,

1978 apud SCHENINI et al., 2004, p. 03).

Na primeira etapa, foi sugerida a criação de 16 novas categorias de unidades de

conservação e seus respectivos objetivos (ALMEIDA, 2014; RYLANDS & BRANDON,

2005), e também foram propostas 13 áreas para se tornarem unidades de conservação, das

quais 9 foram oficialmente criadas entre 1979 e 1981 (MENIS & CUNHA, 2011; SCHENINI

et al., 2004), sendo elas:

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1. Parque Nacional do Pico da Neblina (AM);

2. Reserva Biológica do Rio Trombetas (PA);

3. Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses (MA);

4. Parque Nacional da Serra da Capivara (PI);

5. Parque Nacional do Jaú (AM);

6. Parque Nacional do Cabo Orange (AP);

7. Reserva Biológica do Laggo Piratuba (SP);

8. Reserva Biológica do Atol das Rocas (RN);

9. Parque Nacional dos Pacaás Novos (RO).

Na segunda etapa foram propostas 18 áreas, destas, somente 4 unidades de

conservação foram oficialmente criadas, sendo elas:

1. Reserva Nacional da Serra do Divisor (AC);

2. Reserva Biológica do Guaporé (RO);

3. Reserva Biológica do Abufari (AM);

4. Parque Nacional do Monte Roraima (RR).

Segundo Rylands & Brandon (2005), o sistema brasileiro de unidades de conservação

sofreu com problemas de funções duplicadas entre o IBDF e a Secretaria Especial do Meio

Ambiente (SEMA) e de categorias mal definidas nas instâncias municipal, estadual e federal.

Em 1989, foi criado o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais

Renováveis (IBAMA) (ALMEIDA, 2014; BATARCE, 2010; MEDEIROS, 2006; SCHENINI

et al., 2004) e foram extintos o IBDF e a SEMA. O IBAMA adquiriu a responsabilidade da

gestão das unidades de conservação, e outras funções, tais como licenciamento ambiental e

fiscalização (ORZECHOWSKI & LIESENBERG, 2009). De acordo com Schenini et al.

(2004, p. 03-04), o IBDF e a SEMA haviam assinado um protocolo de intenções com a

Fundação Pró Natureza (FUNATURA) em 1988, para que elaborasse um anteprojeto de lei

para dar suporte ao novo sistema. Após as tramitações legais o anteprojeto deu origem a Lei

nº 9985 de 18 de julho de 2000, que institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação

(SNUC).

A referida lei, em seu artigo 2º traz as seguintes definições,

I - unidade de conservação: espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo

as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído

pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime

especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção;

II - conservação da natureza: o manejo do uso humano da natureza, compreendendo

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a preservação, a manutenção, a utilização sustentável, a restauração e a recuperação

do ambiente natural, para que possa produzir o maior benefício, em bases

sustentáveis, às atuais gerações, mantendo seu potencial de satisfazer as

necessidades e aspirações das gerações futuras, e garantindo a sobrevivência dos

seres vivos em geral;

III - diversidade biológica: a variabilidade de organismos vivos de todas as origens,

compreendendo, dentre outros, os ecossistemas terrestres, marinhos e outros

ecossistemas aquáticos e os complexos ecológicos de que fazem parte;

compreendendo ainda a diversidade dentro de espécies, entre espécies e de

ecossistemas;

IV - recurso ambiental: a atmosfera, as águas interiores, superficiais e subterrâneas,

os estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo, os elementos da biosfera, a fauna e a

flora;

V - preservação: conjunto de métodos, procedimentos e políticas que visem a

proteção a longo prazo das espécies, habitats e ecossistemas, além da manutenção

dos processos ecológicos, prevenindo a simplificação dos sistemas naturais;

VI - proteção integral: manutenção dos ecossistemas livres de alterações causadas

por interferência humana, admitido apenas o uso indireto dos seus atributos naturais;

VII - conservação in situ: conservação de ecossistemas e habitats naturais e a

manutenção e recuperação de populações viáveis de espécies em seus meios naturais

e, no caso de espécies domesticadas ou cultivadas, nos meios onde tenham

desenvolvido suas propriedades características;

VIII - manejo: todo e qualquer procedimento que vise assegurar a conservação da

diversidade biológica e dos ecossistemas;

IX - uso indireto: aquele que não envolve consumo, coleta, dano ou destruição dos

recursos naturais;

X - uso direto: aquele que envolve coleta e uso, comercial ou não, dos recursos

naturais;

XI - uso sustentável: exploração do ambiente de maneira a garantir a perenidade dos

recursos ambientais renováveis e dos processos ecológicos, mantendo a

biodiversidade e os demais atributos ecológicos, de forma socialmente justa e

economicamente viável;

XII - extrativismo: sistema de exploração baseado na coleta e extração, de modo

sustentável, de recursos naturais renováveis;

XIII - recuperação: restituição de um ecossistema ou de uma população silvestre

degradada a uma condição não degradada, que pode ser diferente de sua condição

original;

XIV - restauração: restituição de um ecossistema ou de uma população silvestre

degradada o mais próximo possível da sua condição original;

XV - (VETADO)

XVI - zoneamento: definição de setores ou zonas em uma unidade de conservação

com objetivos de manejo e normas específicos, com o propósito de proporcionar os

meios e as condições para que todos os objetivos da unidade possam ser alcançados

de forma harmônica e eficaz;

XVII - plano de manejo: documento técnico mediante o qual, com fundamento nos

objetivos gerais de uma unidade de conservação, se estabelece o seu zoneamento e

as normas que devem presidir o uso da área e o manejo dos recursos naturais,

inclusive a implantação das estruturas físicas necessárias à gestão da unidade;

XVIII - zona de amortecimento: o entorno de uma unidade de conservação, onde as

atividades humanas estão sujeitas a normas e restrições específicas, com o propósito

de minimizar os impactos negativos sobre a unidade; e

XIX - corredores ecológicos: porções de ecossistemas naturais ou seminaturais,

ligando unidades de conservação, que possibilitam entre elas o fluxo de genes e o

movimento da biota, facilitando a dispersão de espécies e a recolonização de áreas

degradadas, bem como a manutenção de populações que demandam para sua

sobrevivência áreas com extensão maior do que aquela das unidades individuais.

As unidades de conservação se dividem em dois grupos, sendo eles: Unidades de

Proteção Integral e Unidades de Uso Sustentável. O grupo de unidades de proteção integral é

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formado por cinco categorias,

1. Estação Ecológica;

2. Reserva Biológica;

3. Parque Nacional;

4. Monumento Natural; e

5. Refúgio da Vida Silvestre.

O grupo de unidades de uso sustentável é formado por sete categorias, sendo elas:

1. Área de Proteção Ambiental;

2. Área de Relevante Interesse Ecológico;

3. Floresta Nacional;

4. Reserva Extrativista;

5. Reserva de Fauna;

6. Reserva de Desenvolvimento Sustentável; e

7. Reserva Particular do Patrimônio Natural.

O objetivo básico das Unidades de Proteção Integral é preservar a natureza, sendo

admitido apenas o uso indireto dos seus recursos naturais, com exceção dos casos previstos na

Lei 9.985 de 2000; e o objetivo básico das unidades de uso sustentável é compatibilizar a

conservação da natureza com o uso sustentável de parcela dos seus recursos naturais. O

Quadro 1 apresenta os objetivos de cada categoria de unidade de conservação.

Quadro 1 – Objetivos de cada categoria de unidade.

Grupo Categoria Objetivos

Proteção

Integral

Estação

Ecológica

Preservação da natureza e a realização de pesquisas

científicas.

Reserva

Biológica

Preservação integral da biota e demais atributos naturais

que estiverem em seus limites, sem interferência humana

direta ou modificações ambientais, exceto para recuperação

de seus ecossistemas alterados e as ações de manejo.

Parque

Nacional

Preservação de ecossistemas naturais de grande relevância

ecológica e beleza cênica, possibilitando a realização de

esquisas científicas e o desenvolvimento de atividades de

educação e interpretação ambiental, de recreação em

contato com a natureza e de turismo ecológico.

Monumento

Natural

Preservar sítios naturais raros, singulares ou de grande

beleza cênica.

Refúgio da

Vida Silvestre

Proteger ambientes naturais onde se asseguram condições

para a existência ou reprodução de espécies ou

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comunidades da flora local e da fauna residente ou

migratória.

Uso

Sustentável

Área de

Proteção

Ambiental

Proteger a diversidade biológica, disciplinar o processo de

ocupação e assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos

naturais.

Área de

Relevante

Interesse

Ecológico

Manter os ecossistemas naturais de importância regional ou

local e regular o uso admissível dessas áreas, de modo a

compatibilizá-lo com os objetivos de conservação da

natureza.

Floresta

Nacional

Uso múltiplo sustentável dos recursos florestais e a

pesquisa científica, com ênfase em métodos para

exploração sustentável de florestas nativas.

Reserva

Extrativista

Proteger os meios de vida e a cultura dessas populações, e

assegurar o uso sustentável dos recursos naturais da

unidade

Reserva de

Fauna

Proteger as populações animais de espécies nativas,

terrestres ou aquáticas, residentes ou migratórias,

adequadas para estudos técnico-científicos sobre o manejo

econômico sustentável de recursos faunísticos.

Reserva de

Desenvolvi-

mento

Sustentável

Preservar a natureza e, ao mesmo tempo, assegurar as

condições e os meios necessários para a reprodução e a

melhoria dos modos e da qualidade de vida e exploração

dos recursos naturais das populações tradicionais, bem

como valorizar, conservar e aperfeiçoar o conhecimento e

as técnicas de manejo do ambiente, desenvolvido por estas

populações.

Reserva

Particular do

Patrimônio

Natural

Conservar a diversidade biológica.

Fonte: Lei 9.985 de 2000 (SNUC).

Em agosto de 2007, o Senado aprovou o projeto de criação do Instituto Chico Mendes

de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), uma autarquia federal vinculada ao Ministério

do Meio Ambiente, sendo este o resultado de um desmembramento do IBAMA. De acordo

com Menis e Cunha (2011) o ICMBio foi criado com a finalidade de ser o responsável pela

criação, gestão e fiscalização da Unidades de Conservação Federais, bem como executar

programas de proteção e conservação em todo território brasileiro. Desde então, as

informações refrentes às unidades de conservação federais são disponibilizadas no sítio

eletrônico do ICMBio.

1.1.2 Importância das Unidades de Conservação

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Segundo o Ministério do Meio Ambiente apud Hassler (2005, p.86) a importância da

conservação da natureza e seus atributos está relacionada aos valores econômicos diretos, a

participação na manutenção dos grandes ciclos ambientais do planeta, tais como o ciclo

hidrológico e o ciclo do carbono e valores estéticos (beleza cênica da natureza).

De acordo com Vallejo (2003) os valores econômicos diretos se dividem em valor de

consumo, que são os recursos usados para o consumo próprio, tais como lenha e animais de

caça e valor produtivo, que são os recursos comercializados no mercado nacional e

internacional. De acordo com a Fundação World Wide Fund for Nature (WWF Brasil),

estima-se que são colhidas entre 50.000 e 70.000 espécies vegetais para uso na medicina

tradicional e moderna em todo o mundo. Segundo Hassler (2005) é possível aumentar as

frentes de trabalho e aumentar a renda com a criação de áreas protegidas, quando bem

gerenciadas.

Vallejo (2003) ainda destaca os serviços ambientais prestados pelas comunidades

biológicas, quando conservadas, a exemplo, a polonização de lavouras de monocultura por

insetos, proteção da água e recursos do solo, entre outros.

1.2 DEGRADAÇÃO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

Com a intensa ocupação ocorrida na Amazônia no século XXI, houve uma

considerável degradação de seus recursos naturais. Desde então, suas florestas vêm sendo

alteradas e até mesmo eliminadas, inicialmente devido o valor comercial de sua

biodiversidade faunística e florística e mais recentemente para dar lugar às diversas atividades

econômicas. De acordo com Garcia et al. (2013), especialmente no estado de Rondônia, as

áreas de florestas naturais são removidas principalmente para a formação de pastagem e

criação de gado bovino, que é a principal atividade econômica do estado. Tais processos

resultam em uma crescente fragmentação dos ecossistemas naturais (CASTRO, 2004;

ROCHA et al., 2016).

Segundo Fearnside (2010), as estradas são o portão de entrada para o desmatamento.

Além da pecuária, outra atividade intimamente relacionada com a retirada da vegetação é a

agricultura, sobretudo o agronegócio de soja; a conversão de florestas em lavouras de soja tem

sido crescente, visto que esta é uma commodity cada vez mais presente no estado de

Rondônia (SANTOS; PEREIRA, 2016, no prelo).

Com relação ao estado de Rondônia, cerca de 42% do território corresponde à áreas

especiais. Sendo 21,03 % de terras indígenas e 20,43% de unidades de conservação de

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Proteção Integral e de Uso Sustentável (SANTOS, 2014). Porém, nos dias atuais ainda são

observadas importantes mudanças na forma de uso da terra, consequência das atividades

antrópicas. Essas interferências antrópicas fazem com que essas áreas especiais se tornem

ilhas verdes, isoladas, com suas áreas de entorno fragmentadas e convertidas em áreas

urbanas, agrícolas e pastagens (BRITO, 2012). Essa fragmentação florestal é uma das

principais causas do expressivo aumento das taxas de extinção de espécies (CASTRO, 2004;

MELO et al., 2010; GURRUTXAGA et al., 2010; OLIVEIRA, 2012; SALES, 2015).

De acordo com Grupo de Trabalho Amazônico (GTA), Regional Rondônia,

O desmatamento em Rondônia, nas últimas décadas, tem se concentrado ao

longo da BR- 364 e outras rodovias como a BR-429 e BR-421, que têm servido

como eixos da expansão de atividades agropecuárias e madeireiras. As Terras

Indígenas e Unidades de Conservação em Rondônia têm se tornado, cada vez mais,

alvos ameaçados pelo desmatamento ilegal. Além disso, essas áreas protegidas têm

sofrido intensas pressões de outros ilícitos, especialmente a exploração clandestina

de madeira, que geralmente não aparecem nos dados oficiais sobre o desmatamento

da Amazônia. Nos anos recentes, uma tendência marcante tem sido o deslocamento

de frentes de desmatamento e exploração madeireira de áreas antigas de ocupação ao

longo da BR-364, onde foi devastada a grande maioria das florestas, em direção às

unidades de conservação, terras indígenas e outras áreas protegidas [...] (GTA, 2008,

p. 10-11).

A floresta amazônica enfrenta uma série de ameaças que poderão devastá-la ainda

neste século se medidas eficazes não forem tomadas rapidamente. Tais ameaças como a

conversão florestal em pastagens e agricultura de grãos e a exploração madeireira

(FEARNSIDE, 2010).

1.2.1 Consequências da Degradação

De acordo com Andreli et al. (2012) pesquisas apontam que a ação antrópica nas

últimas décadas devastou mais áreas naturais do que toda a humanidade na história de sua

existência no planeta.

São inúmeras as consequências da alteração das florestas por ação antrópica, dentre

elas destacam-se a perda de produtividade, a perda de biodiversidade, alterações no regime

hidrológico, perda de serviços ambientais, alterações climáticas, dentre outros (ANDREOLI

et al., 2012; FEARNSIDE, 2005; FEARNSIDE, 2006). De acordo com Bernardi & Budke

(2010), a degradação de habitats naturais pode ser considerada o principal processo que leva à

extinção de espécies.

Com a intensificação das atividades antrópicas de conversão de florestas em áreas de

pastagem e lavouras de monoculturas, ocorre a fragmentação florestal, que é o isolamento de

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áreas de florestas naturais. Nos dias atuais, observa-se que boa parte desses remanescentes

florestais são as áreas protegidas, unidades de conservação e terras indigenas. Porém, o fato

de tais áreas estarem isoladas, tornando-as ilhas verdes, compromentem os objetivos da

criação dessas áreas protegidas. Para diversas espécies, muitos desses fragmentos podem não

ter área suficiente para comportar as condições mínimas necessárias para sua perpetuação

(SANTOS, 2010). De acordo com Viana & Pinheiro (1998), a fragmentação afeta os

parâmetros demográficos de natalidade e mortalidade de várias espécies, dessa forma altera

também a estrutura dinâmica dos ecossistemas.

Segundo Nascimento & Laurence (2006) os efeitos de borda e os efeitos de área são os

principais fatores que levam às alterações em comunidades bióticas dos fragmentos florestais.

Os efeitos de área referem-se às mudanças ecológicas que ocorrem em função

do isolamento do fragmento e são proporcionais à area do fragmento. Por exemplo,

as espécies que ocorrem naturalmente em baixa densidade podem sofrer

considerável redução do tamanho populacional em fragmentos pequenos e além

disso tornam-se mais vulnerávies à extinção local devido a eventos estocásticos

demográficos, catastróficos e genéticos.

Os efeitos de borda, por outro lado, são causados por gradientes diferenciados

de mudanças fisícas e bióticas próximas às bordas florestais e, portanto, são

proporcionais à distância da borda mais próxima. Ambos operam paralelamente, já

que quanto menor o tamanho de um fragmento florestal maior é a razão borda/área

e, portanto, fragmentos menores estão mais sujeitos a maiores intensidades dos

efeitos de borda.

Os efeitos de borda vêm sendo relativamente bem avaliados em fragmentos

de floresta em regiões tropicais no tocante às comunidades de plantas. A criação de

bordas florestais expostas a locais abertos leva à modificações nas condições

microclimáticas e aumento da turbulência de ventos, resultando num aumento nas

taxas de mortalidade e danos de árvores e conseqüente abertura de clareiras

próximos às bordas. Consequentemente, mudanças na abundância relativa e

composição de espécies de plantas podem ocorrer, em grande parte devido ao

aumento no recrutamento e densidade de espécies arbóreas pioneiras, aumento na

densidade de cipós adaptadas a locais degradados e diminuição na densidade de

plântulas de espécies tardias (NASCIMENTO & LAURENCE, 2006, p. 184).

1.3 CORREDORES ECOLÓGICOS

Segundo Brito (2012), no ano 2000 foi dado início ao estabelecimento de corredores

ecológicos como alternativas de mitigar os efeitos da fragmentação florestal. Os corredores

ecológicos possuem várias definições. A Resolução CONAMA nº 09 de 24 de outubro de

1996, define corredor ecológico como sendo uma faixa de cobertura vegetal existente entre

remanescentes de vegetação primária em estágio médio e avançado de regeneração, capaz de

propiciar habitat ou servir de área de trânsito para a fauna residente nos remanescentes.

A Lei 9.985 de 2000 em seu artigo 2º define corredor ecológico como Porções de

ecossistemas naturais ou seminaturais, ligando unidades de conservação, que possibilitam

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entre elas o fluxo de genes e o movimento da biota, facilitando a dispersão de espécies e a

recolonização de áreas degradadas, bem como a manutenção de populações que demandam

para sua sobrevivência áreas com extensão maior do que aquela das unidades individuais.

Para Arruda (2003, p. 21), os corredores ecológicos são ecossistemas naturais ou

seminaturais que garantem a manutenção das espécies e a conectividade entre as áreas

protegidas e são gerenciadas como unidades de planejamento.

De maneira geral, os corredores ecológicos são áreas que unem os fragmentos

florestais, permitindo o trânsito de animais e a dispersão das sementes. Assim, possibilitam o

fluxo gênico entre as espécies faunísticas e florísticas, impedindo a diminuição ou até mesmo

a extinção de espécies.

O termo corredor ecológico é recente e alvo de diversos estudos (ARRUDA, 2003;

BRITO, 2012; LOUZADA et al., 2010; OLIVEIRA, 2012; RUSHDI & HASSAN, 2015;

ROCHA et al., 2007). De acordo com Arruda (2003), os corredores tem a função de

aumentar as chances de sobrevivencia de populações de diferentes espécies, e ainda reduzir a

pressão no entorno das áreas protegidas.

Atualmente, os principais corredores ecológicos atuam em uma escala biorregional, no

qual não se limitam apenas em conectar fragmentos florestais, uma vez que são incluidos

neles a integridade dos ecossistemas e a promoção do uso sustentável dos recursos naturais,

abrangendo grandes áreas, que contemplam milhões de hectares (BRITO, 2012). Nesse

contexto, destaca-se o corredor ecológico binacional Guaporé/Itenez - Mamoré, criado em

2001, como sendo o primeiro corredor binacional do Brasil, localizado na fronteira entre o

Brasil e a Bolívia. Vale ressaltar que este corredor ecológico abrange totalmente a área de

estudo deste trabalho.

O Corredor Ecológico Guaporé/Itenez-Mamoré abrange, em Rondônia, a

bacia hidrográfica do rio Guaporé e rio Madeira, totalizando cerca de 55 % da área

do estado. Ao norte, desce a Calha do Madeira, entre o entroncamento do rio Abunã

até a cachoeira de Santo Antônio. Ao sul, o corredor se estende sobre a Bacia do

Guaporé até o município de Cabixi. Engloba 17 municípios: Porto Velho, Guajará-

Mirim, Nova Mamoré, Cerejeiras, Costa Marques, São Miguel do Guaporé,

Castanheira, Seringueiras, Pimenteiras do Oeste, São Francisco do Guaporé,

Corumbiara e Cabixi, Mirante da Serra, Alvorada D'Oeste, Alto Alegre dos Pareces,

Alta Floresta D'Oeste, Campo Novo de Rondônia e Buritis (RODRIGUES et al.,

2003, p. 137).

Porém, nem todos os corredores ecológicos são em escala biorregional. Estudos vêm

sendo realizados, propondo a instalação de corredores ecológicos entre fragmentos de

florestas, abrangendo uma área relativamente pequena, quando comparada a corredores

biorregionais (LOUZADA et al., 2010; OLIVEIRA, 2012; ROCHA et al., 2007).

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A Resolução CONAMA nº 09/1996, estabelece que para implantação de um corredor

ecológico, sua largura será de 10% do seu comprimento, não podendo ser inferior a 100

metros. Quando possível, deverão ser aproveitadas as APPs e RL.

1.4 GEOTECNOLOGIAS APLICADAS ÀS ANÁLISES AMBIENTAIS

O termo Geotecnologias pode ser definido como um conjunto de tecnologias para

coleta, processamento, análise e disponibilização de informação com referência geográfica

(RUFINO, 2011). De acordo com Santos et al. (2012), o conceito de geotecnologias está

relacionado à aquisição, processamento, interpretação (ou análise) de dados ou informações

espacialmente referenciadas, apoiadas pelos Sistemas de Informações Geográficas,

Sensoriamento Remoto, Geoestatística, Geodésia, Cartografia.

As geotecnologias podem ser aplicadas em diversas áreas do conhecimento, tendo

destaque na área ambiental. Atualmente é utilizada em estudos como ecologia da paisagem,

gestão e fiscalização ambiental, avaliação do avanço do desmatamento, expansão agrícola de

monoculturas, dinâmica de urbanização, cartografia, sedimentos em suspensão nos rios

modelagem geográfica, dentre outras, em fim, são diversas as aplicações ambientais

(COELHO & FERREIRA, 2011; LEMOS & SILVA, 2011; MARTINI et al., 2015; MATOS

et al., 2011; OLIVEIRA, 2012; SALES, 2015; SANTOS et al., 2011; SANTOS et al., 2012).

Pode-se destacar o Projeto de Estimativa de Desflorestamento da Amazônia

(PRODES), vinculado ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), ao Ministério do

Meio Ambiente (MMA) e ao IBAMA, que realiza o monitoramento do desmatamento na

Amazônia Legal desde 1988, através de imagens de satélite; tais informações são utilizadas

para o estabelecimento de políticas públicas, contribuindo tanto à fiscalização quanto à gestão

ambiental (PRODES, 2015).

Destacam-se também as aplicações em modelagem geográfica, sendo que, de acordo

com Bazzo (2006 apud Sales, 2015, p. 18), modelar é criar a representação do mundo real, de

forma simbólica ou física que torne possível descrever seu comportamento no todo ou em

partes. Assim, a modelagem é baseada na elaboração de modelos matemáticos que buscam

representar um processo que ocorre na natureza (SALES, 2015).

1.4.1 Modelagem de Corredores Ecológicos

Os corredores ecológicos tem uma relevante importância, que é estabelecer

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conectividade entre ilhas verdes ou fragmentos de florestas (BRITO, 2012). Assim,

constituem-se uma alternativa para manter a conservação da biodiversidade, possibilitando o

fluxo genético das mesmas. De acordo com Sales (2015), a delimitação de corredores

ecológicos pode se dar por método direto, sendo realizado o trabalho diretamente em campo,

e por método indireto, utilizando alternativas mais viáveis economicamente e também

poupando tempo, como modelagens ambientais em ambiente de Sistemas de Informação

Geográfica (SIG). Para um melhor resultado, aconselha-se a integração dos dois métodos.

A utilização de geotecnologias aplicadas à delimitação de corredores ecológicos

apresentam resultados satisfatórios (LOUZADA et al., 2010; OLIVEIRA et al., 2010;

OLIVEIRA et al., 2012; ROCHA et al., 2007; SALES, 2015).

Louzada et al. (2010) realizaram estudo com o objetivo de propor rotas para

implantação de corredores ecológicos entre duas unidades de conservação estaduais no

Espirito Santo, utilizando geotecnologia. Tal estudo resultou em 6 propostas de corredores

ecológicos, denomindos corredores A, B, C, D, E e F respectivamente. Após análise

ambiental de cada corredor, o autor conclui que o corredor A configura a melhor proposta.

Sales (2015) em estudo semelhante, propôs rota para conectar Terras Indigenas

localizadas no estado de Rondônia, e obteve a proposta de 14 corredores ecológicos. Vale

ressaltar que ambos os estudos utilizaram em suas respectivas modelagens, o método Análise

Hierarquica de Pesos (AHP) proposta por Saaty (1977). Tal método também foi empregado

na realização do presente estudo.

1.4.2 Método Análise Hierarquica de Pesos - AHP

O método AHP foi desenvolvido por Tomas L. Saaty na década de 70. Desde então

vem sendo estudado e aprimorado e, aplicado em diversas áreas de conhecimento (MARINS

et al., 2009). Em sintese, trata-se de um método de tomada de decisões por níveis

hierarquicos, que permite analisar os diversos critérios que influem na tomada de decisão

(SANTOS & CRUZ, 2013). Para aplicação deste método, faz-se necessário a utilização da

escala fundamental de comparadores (Tabela 1), que permite definir o quanto um fator pode

ser mais importante que o outro.

Tabela 1 – Escala fundamental de comparadores.

VALORES RELAÇÃO DE IMPORTÂNCIA

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1/9 Extremamente menos importante que

1/7 Muito fortemente menos importante que

1/5 Fortemente menos importante que

1/3 Moderadamente menos importante que

1 Igualmente importante a

3 Moderadamente mais importante que

5 Fortemente mais importante que

7 Muito fortemente mais importante que

9 Extremamente mais importante que

Fonte: Saaty (1977), adaptado.

De acordo com Louzada et al. (2010), a fase de escolha da relação de importância

entre os fatores é considerada uma das fases mais importantes no processo de modelagem dos

corredores ecológicos. Segundo Santos et al. (2010), para que seja definida a relação de

importância devem ser adotados um ou mais dos procedimentos descritos na Tabela 2.

Tabela 2 – Procedimentos para definir a relação de importância.

Procedimento Descrição do Procedimento

1 O pesquisador, com base em sua experiencia, e em atividades em

campo, compara os fatores e define sua escala de importância.

2 O pesquisador define a escala de importância através de um

levantamento bibliográfico.

3 O pesquisador monta uma equipe multidisciplinar e realiza

debates a fim de chegar a consenso e define a escala de

importância.

Fonte: Adaptado de Santos et al. (2010).

Para Santos et al. (2010) e Louzada et al. (2010), o ideal para se definir a relação de

imprtância entre os fatores, é a junção dos tres procedimentos a cima, pois dessa maneira

ocorrera uma melhor coerência no resultado final.

Para analisar a veracidade das informações geradas pelo método AHP, Tomas L. Saaty

elaborou um índice denominando Razão de Consistência (RC), que poderá ser obtido através

da equação 1 e utilizando os valores da Tabela 3 (LOUZADA et al., 2010; SANTOS et al.,

2010).

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Tabela 3 – Valores de IR para matrizes quadradas de ordem n.

N 2 3 4 5 6 7

IR 0,0 0,58 0,90 1,12 1,24 1,32

Fonte: Adaptado de Laboratório Nacional de Oak Ridge apud Louzada et al. (2010).

(1)

Onde, RC = razão de consistência; IR = Índice aleatório (tabela 2); IC = índice de

consistência, obtido através da equação 2.

(2)

Onde, n = número de variáveis testadas; λmax = autovalor, obtido através da equação 3.

(3)

Onde, [Aw]i = iésimo elemento da matriz resultante do produto da matriz de comparação pela

matriz dos pesos calculados; [w]i = iésimo peso calculado.

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2 MATERIAL E MÉTODOS

2.1 ÁREA DE ESTUDO

A área de estudo corresponde às unidades de conservação de proteção integral Reserva

Biológica do Guaporé, o Parque Estadual (PE) de Corumbiara e a zona de entorno (buffer) de

10 quilômetros para ambas as unidades. A área está localizada na porção sudeste do estado de

Rondônia, Amazônia Ocidental, abrangendo parte de oito municípios, sendo eles: São

Francisco do Guaporé, Seringueiras, São Miguel do Guaporé, Alta Floresta D’Oeste, Alto

Alegre do Parecis, Pimenteiras do Oeste, Cerejeiras e Corumbiara, conforme Figura 1.

Figura 1- Mapa de localização da área de estudo.

2.1.1 Reserva Biológica do Guaporé – REBIO Guaporé

A REBIO Guaporé, criada em 1982 pelo decreto nº 87.587 de setembro de 1982,

atualmente possui 615.771,556 hectares (ICMBio, 2016) e está situada no médio baixo vale

do Guaporé, à margem direita do rio guaporé, estado de Rondônia, região sudoeste da

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Amazônia Brasileira, sob as coordenadas geográficas 12º 27’S; 63º 20’W. Essa unidade de

conservação é classificada como de extrema importância para a conservação da diversidade

biológica na Amazônia. Aproximadamente 65% dos limites da REBIO Guaporé são

sobrepostos à Terra Indígena Massaco, que abriga grupos indígenas isolados (BISSAGIO et

al., 2013). De acordo com ICMBio (2016) o clima é do tipo tropical chuvoso com

precipitação média de 2100 mm/ano e temperatura média de 25 °C. A REBIO Guaporé é uma

Unidade de Conservação Federal, administrada pelo ICMBio.

2.1.2 Parque Estadual de Corumbiara – PE Corumbiara

O PE de Corumbiara foi criado em 2010, pelo decreto estadual nº 2.590 de 2010. Está

inserido em área de fronteira internacional com a Bolívia, localizado no extremo sul do

Estado de Rondônia. Abrange partes dos municípios de Cerejeiras (27%), Pimenteiras do

Oeste (57%) e Alto Alegre dos Parecis (16%), sendo ainda, margeado pelos municípios de

Corumbiara e Alta Floresta do Oeste e limita-se ao norte com a Terra Indígena Rio Mequéns

(FERRO, 2015). O relevo é essencialmente plano, com poucas variações de altitudes, com

predominância de aluviões. Segundo dados da Secretaria de Desenvolvimento Ambiental de

Rondônia (SEDAM) (2010) o clima é do tipo Aw - Clima Tropical Chuvoso, com média

anual de precipitação pluvial que varia entre 1.400 e 2.500 mm/ano, enquanto que a

temperatura do ar varia entre 24 e 26 °C.

2.2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

2.2.1 Aquisição de Imagens

Para realização deste estudo foram utilizadas imagens do sensor Operational Land

Imager (OLI) a bordo do satélite Landsat 8, adquiridas gratuitamente no sítio eletrônico da

United States Geological Survey – USGS, serviço geológico norte-americano. A série Land

Remote Sensing Satellite (LANDSAT), iniciou em 1972 com o lançamento do satélite ERTS-

1. Ela teve sequência com os LANDSAT 2, 3, 4 e, sobretudo com o LANDSAT 5, 7 e 8. O

principal objetivo do sistema LANDSAT foi o mapeamento multiespectral em alta resolução

da superfície da Terra. Esse foi e é de longe o sistema orbital mais utilizado pela Embrapa, no

monitoramento por Satélite, no mapeamento da dinâmica espaçotemporal do uso das terras e

em todas as aplicações decorrentes. A antena do INPE em Cuiabá recebe de forma contínua

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imagens de todo o território nacional, desde os anos setenta, e isso constitui um enorme e

único acervo de dados sobre o país (EMBRAPA, 2015).

O satélite LANDSAT 8 revisita a mesma área a cada 16 dias. Uma imagem inteira do

satélite representa no solo uma área de abrangência de 185 x 185 km. Cada píxel da imagem

tem uma resolução espacial de 30 metros (isto é, representa um quadrado no solo de 30

metros de lado), com exceção da banda 6, que tem uma resolução espacial de 120 metros

(INPE, 2015).

As imagens correspondem ao mês de agosto de 2015 (Tabela 5), apresentando

resolução espacial de 30 metros.

Tabela 4 - Imagens utilizadas no desenvolvimento do trabalho.

Mês/Ano Satélite Bandas Órbita Ponto

Agosto/2015

LANDSAT 8

4, 5 e 6

230

231

232

69

68 e 69

68 e 69

Desta forma, as bandas utilizadas foram a 4 (azul), 5 (verde) e 6 (vermelha), pois

assim apresentam características de falsa cor (cor próxima a realidade). Esta composição

justifica-se por ser a mais adequada para diferenciação visual entre feições de vegetação

(FERRO, 2015).

2.2.2 Pré-processamento

As imagens foram pré-processadas através do Sistema de Informações Geográficas

(SIG) Sistema de Processamento de Informações Georreferenciadas (SPRING) versão 5.2.6,

disponibilizado gratuitamente no sítio eletrônico do INPE. O primeiro passo consistiu em

criar um banco de dados no SPRING, em seguida foram definidos os parâmetros do projeto,

no qual foi utilizado o sistema geodésico SIRGAS 2000 que é o único sistema geodésico de

referência adotado no Brasil (FERRO, 2015).

Posteriormente, seguiu-se para a etapa de correção geométrica das imagens (registro)

pelo modo tela, sendo utilizado o arquivo vetorial (shapefile - SHP) das rodovias do estado de

Rondônia, disponibilizado pela Secretaria de Desenvolvimento Ambiental de Rondônia

(SEDAM), sob uma base de dados georreferenciados, datum SIRGAS 2000. A partir dai,

foram coletados 10 pontos de controle a fim de obter o melhor resultado. Após coletar os

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pontos obteve-se um erro de 0,007, que caracteriza um resultado satisfatório (INPE, 2006).

2.2.3 Processamento digital de imagem – PDI

Para o PDI no SPRING foram empregadas as bandas 4, 5 e 6 na composição 6-R, 5-G

e 4-B. Foi usada esta composição, pois a mesma permite diferenciar claramente os limites

entre o solo e a água, com a vegetação mais discriminada, aparecendo em tonalidades de

verde e o solo em rosa, dando assim o aspecto de “falsa cor” que mais se associa às cores

reais destes alvos (LINHARES, 2013).

As imagens escolhidas foram as que tinham a menor quantidade de nuvens e ou outros

empecilhos que pudessem dificultar o processo de classificação. Posteriormente foi realizado

o mosaico das cinco imagens utilizadas no trabalho. O processo “Mosaico” é a união de duas

ou mais imagens na qual a área de estudo está situada.

Após o mosaico, foi realizada a classificação das imagens. A classificação é o

processo de extração de informação em imagens para reconhecer padrões e objetos

homogêneos e são utilizados em Sensoriamento Remoto para mapear áreas da superfície

terrestre que correspondem aos temas de interesse (INPE, 2006).

O método de classificação utilizado foi o Bhattacharya, classificador supervisionado

por regiões, sendo que esse apresentou os melhores resultados. Os classificadores por regiões

utilizam, além de informação espectral de cada pixel, a informação espacial que envolve a

relação com seus vizinhos (MANTELLI et al., 2007). Procuram simular o comportamento de

um foto- intérprete, reconhecendo áreas homogêneas de imagens, baseados nas propriedades

espectrais e espaciais de imagens. A informação de borda é utilizada inicialmente para separar

regiões e as propriedades espaciais e espectrais irão unir áreas com mesma textura (INPE,

2006).

Para efetuar a classificação é necessário antes realizar a segmentação da imagem,

processo que exige a definição dos valores de similaridade e de área. Segundo Leão et al.

(2007) esses parâmetros são responsáveis pela qualidade da segmentação que servirá de base

para a classificação temática posterior. Neste trabalho, foi utilizado o valor 1000 para

similaridade e 30 de área. Após a segmentação foi realizado o treinamento para aquisição de

amostras das classes pré-determinadas. As classes criadas para a classificação foram:

1. Floresta: Vegetação de grande porte, floresta ombrófila densa, floresta ombrófila

aluvial.

2. Cerrado: Vegetação de pequeno porte com galhos retorcidos e campos naturais.

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3. Área Úmida: Áreas com características de pantanal.

4. Água: Rios, córregos, represas, lagoas, açudes e igarapés.

5. Antropizado: áreas ocupadas ou originadas por atividades antrópicas, tais como

estradas, lavouras de monocultura, pastagem e áreas urbanizadas.

6. Afloramento rochoso: Rochas expostas na superfície da terra.

Após a aquisição das amostras de cada classe, realizou-se a classificação com limiar

de aceitação de 99%. Em seguida, foi realizada a conversão do resultado da classificação de

matriz para vetor, obtendo os valores de área de cada classe. A partir dos resultados do PDI

foram elaborados os mapas temáticos.

2.2.4 Análise Estatística – Precisão da Classificação

Foi realizada a avaliação de acurácia da classificação dos dados através da

interpretação da matriz de confusão, também conhecida como matriz de erro. Tal matriz foi

gerada automaticamente pelo SIG SPRING após a classificação e exportada para a análise das

informações. Para a interpretação da matriz de confusão foi utilizado o índice KAPPA, que

testa o grau de concordância entre a realidade e os resultados da classificação. O grau de

concordância é apresentado entre 0 e 1, (Tabela 6) sendo que, quanto mais próximo de 1,

maior é a precisão da classificação, ou sua concordância com a realidade.

Tabela 5 – Interpretação dos valores de KAPPA.

Valor de KAPPA Interpretação/Concordância

< 0 Nenhum acordo

0 – 0,19 Pobre

0,20 – 0,39 Considerável

0,40 – 0,59 Moderado

0,60, - 0,79 Substancial (bom)

0,80 – 1 Quase perfeito (excelente)

Fonte: Adaptado de Landis e Koch (1977) apud Ferro (2015).

2.2.5 Modelagem do Corredor Ecológico

Para a realização da modelagem do corredor ecológico utilizou-se a metodologia

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proposta por Louzada et al. (2010), que por sua vez faz uso do método Análise Hierárquica

de Pesos (AHP), desenvolvido por Thomas L. Satty na década de 70, método amplamente

utilizado e conhecido no apoio à tomada de decisões (MARINS et al., 2009).

A modelagem foi realizada no SIG ArcGis versão 10.3 (versão para estudantes). Para

dar início à modelagem foram definidas as variáveis de entrada, sendo elas:

1. Uso e cobertura da terra;

2. Declividade;

3. Áreas de Preservação Permanente (Hidrografia e nascentes).

Para este trabalho adotou-se a escala de importância (Tabela 6) atribuida por Louzada

et al. (2010) pelo fato de serem usados os mesmos fatores no processo de delimitação dos

corredores. Na qual considera o fator uso da terra fortemente mais importante que a

declividade e moderadamente mais importante que as APPs.

Tabela 6 - Relação de importância entre os fatores.

Fatores Declividade APPs Uso da terra

Declividade 1 1/3 1/5

APPs 3 1 1/3

Uso da terra 5 3 1

Fonte: Adaptado de Louzada et al. (2010).

Vale ressaltar que para as áreas de preservação permanente foram considerados apenas

as linhas de drenagem e as nascentes, sendo que, devido à impossibilidade de verificar a

largura de cada linha de drenagem, foi considerada largura máxima de 10 metros. Desta

forma, de acordo com a Lei 12.651/2012 (Novo Código Florestal), a APP para corpos

hídricos de até 10 metros de largura é de 30 metros em cada faixa marginal. Já para as

nascentes, a APP foi delimitada com um raio de 50 metros.

Assim, a partir dos dados processados, foram atribuídos os custos de característica

identificada nas variáveis de entrada. A Tabela 7 apresenta os custos de cada classe do uso e

cobertura da terra.

Tabela 7 – Custos de cada classe de uso da terra.

Classes Custos Justificativas

Floresta 1 Área com cobertura florestal conservada, consideradas

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propicia para a passagem de corredores ecológicos.

Cerrado 1

Área com vegetação característica do bioma cerrado,

recomendada para passagem de corredores ecológicos por

apresentar rica biodiversidade.

Área úmida 1

Área com características de pantanal, recomendada para

passagem de corredores ecológicos por servir de abrigo

para diversas espécies de fauna.

Água 1

Área adequada para integração dos corredores ecológicos,

por ser lugar de dessedentação de animais e constituir em

seu entorno área de preservação permanente.

Antropizado 100

Áreas consideradas barreiras para a implementação dos

corredores ecológicos por se encontrarem em atividade

agropecuária.

Afloramento

rochoso 100

Área que não indicada para ser passagem de corredores

ecológicos por ter características parecidas com áreas

antropizadas.

Fonte: Adaptado de Louzada et al. (2010).

A Tabela 8 apresenta os custos para a declividade.

Tabela 8 – Custos de cada classe da declividade.

Declividade (graus) Custos Justificativas

< 20 100 Áreas consideradas como agricultáveis, se enquadrando

como barreiras para a passagem de corredores ecológicos.

20 a 45 50 Características de relevo fortemente ondulado, são áreas

restritas para integrar os corredores ecológicos.

> 45 1 Área de preservação permanente, consideradas áreas

propicias para passagem de corredores ecológicos.

Fonte: Adaptado de Louzada et al. (2010).

Para a variável APP, foi atribuído o custo mínimo (um), por estas serem consideradas

áreas ideais para passagem de corredores ecológicos.

Após a atribuição dos custos de cada variável, foi aplicado o método AHP, gerando os

pesos de importância de cada variável para identificar a menor distância entre os fragmentos,

considerando o menor custo, ou seja, os menores valores atribuídos a cada variável. A Tabela

9 apresenta a matriz de custos gerada pelo método AHP.

Tabela 9 – Matriz de custos e pesos de cada variável.

Fatores Declividade APPs Uso da terra Pesos estatísticos

Declividade 1 1/3 1/5 0,1061

APPs 3 1 1/3 0,2605

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Uso da terra 5 3 1 0,6334

Fonte: Adaptado de Louzada et al. (2010).

Após a aplicação do método AHP, são gerados os pesos estatísticos que foram

utilizados na Equação 4, no SIG ArcGis.

Equação 4

Onde: CustoUsoterra =Custo aplicado a cada classe de uso da terra; CustoAPP = Custo aplicado às

áreas de preservação permanente, e CustoDecliv = Custo aplicado a cada classe da declividade.

Em seguida foram gerados os caminhos que apresentaram os menores custos para

implementação dos corredores ecológicos. Após a delimitação das linhas de passagem dos

corredores, delimitou-se a largura de sua faixa marginal, com base nos parâmetros

estabelecidos na Resolução CONAMA nº 9 de 1996, o qual define que a largura do corredor

ecológico deverá ser 10% do seu comprimento, não podendo ser inferior a 100 metros. Após a

delimitação dos corredores e suas respectivas larguras, foram elaborados mapas temáticos de

uso da terra e de localização de cada corredor.

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3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados das análises foram agrupados em quatro partes, sendo a primeira, a

análise dos dados de entrada do modelo de delimitação do corredor, no caso o mapa de uso e

cobertura da terra, a segunda parte consiste na delimitação propriamente dita dos corredores

ecológicos, na terceira parte é realizada uma análise individual de cada corredor proposto e na

última parte, a verificação da acurácia da classificação.

3.1 USO E COBERTURA DA TERRA

A partir dos resultados, constatou-se que a área de estudo possui 66,7% de sua área

coberta por florestas e 15,8% corresponde a áreas úmidas, conforme a Tabela 10, que

apresenta o uso e cobertura da terra no ano de 2015. Ainda foi possível observar que apenas

5,1% da área encontra-se em processo mais acelerado de interferência humana, classificado

aqui como antropizado. Adicionalmente é reconhecido que é possível que haja atividade

antrópica em áreas de florestas e áreas úmidas (LINHARES, 2014; SANTOS, 2014), contudo,

as interferências das mesmas não foram suficientes para serem mapeadas na imagem de

satélite utilizada.

Tabela 10 – Uso e cobertura da terra no ano de 2015.

Classe Temática Área (ha) Percentual

Água 30.554,28 1,6%

Antropizado 98.050,86 5,1%

Áreas Úmidas 303.197,59 15,8%

Cerrado 163.711,26 8,5%

Floresta 1.278.280,71 66,7%

Afloramento Rochoso 42.976,26 2,2%

Total 1.916.770,96 100,0%

O percentual de área de floresta justifica-se por 63,3% da área de estudo ser composta

por áreas especiais (Figura 2), dentre elas a REBIO Guaporé, o Parque Estadual de

Corumbiara e a Terra Indígena Massaco (sobreposta à Rebio Guaporé) estas integralmente

inseridas na área de estudo e parte de mais três áreas protegidas, sendo elas, Terra Indígena

Rio Branco, Terra Indígena Rio Mequéns e a Reserva Extrativista Pedras Negras. Esse fato

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denota a importância das áreas protegidas para a conservação da biodiversidade e do

equilíbrio ambiental de uma região, não obstante, acredita-se que este elevado percentual de

florestas na área de estudo esteja relacionado com a falta de interesse dessa área no período

atual, especialmente pelo seu afastamento da malha viária principal do Estado de Rondônia,

porém, com a abertura de novas estradas, os olhares dos pecuaristas se voltam para essa área.

Fato que pode vir a reduzir significativamente as áreas de florestas remanscentes.

Figura 2 – Mapa de área protegida na área de estudo.

A terra indígena (TI) Rio Branco cobre uma área de 236.137,11 ha (FUNAI, 2016),

desse total, 68.545,55 ha estão inseridos na área de estudo, correspondendo a 3,6% da mesma.

De acordo com dados do Instituto Socioambiental (ISA, 2016) vivem nesta TI 679 pessoas,

que correspondem a sete povos diferentes, sendo eles: Aikanã, Arikapú, Aruá, Djeoromitxí,

Kanoê, Makurap e Tupari. Segundo dados do IBGE (2010), 95,59% da cobertura vegetal é

composta por Floresta Ombrófila Aberta.

Segunda dados da Fundação Nacional do Índio (FUNAI), (2016), a TI Rio Mequens

possui uma área de 107.553,06 ha, sendo que 15.683,06 ha estão inseridos na área de estudo,

correspondendo a 0,8% da área. De acordo com dados recentes do Instituto Socioambiental

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(ISA, 2016), apenas 79 pessoas vivem nos limites desta TI, pertencentes a dois povos, sendo

eles o povo Makurap e o povo Sakirabiat. A cobertura vegetal predominante é de Floresta

Ombrófila Aberta, que corresponde a 94, 95% (IBGE, 2010).

A TI Massaco possui uma área de 421.895,07 ha (FUNAI, 2016), essa TI encontra-se

integralmente na área de estudo. A TI conta com três principais tipos de cobertura vegetal,

sendo eles Floresta Ombrofila Aberta (48,1%), formações pioneiras (25,86%) e

savana/cerrado (26,04%) (IBGE, 2010). A TI Massaco encontra-se com 97% de sua área

sobreposta à Rebio Guaporé.

A RESEX Pedras Negras possui área de 124.408,97 ha (SEDAM, 2016), desse total,

72.222,09 ha estão inseridos na área de estudo.

O Parque estadual de Corumbiara contém uma área de 586.031 ha SEDAM (2013),

porém de acordo com o arquivo vetorial dos limites do parque, adquirido no acervo do

Ministério do Meio Ambiente (MMA, 2016), o parque contém uma área de 429.706,7 ha.

Tal controvérsia de tamanho de área também foi identificada por Ferro (2015), que

para solucionar o problema, realizou a digitalização de mapas do plano de manejo e

posteriormente os georreferenciou, concluindo que a área encontrada no acervo técnico do

MMA foi mais condizente com a realidade. Ainda, segundo o autor, por meio do plano de

manejo de 1995, foi proposto um programa de regularização fundiária, tendo em vista a

existência de imóveis rurais nos limites do parque. A regularização fundiária juntamente com

algumas leis estaduais (que favoreceram pecuaristas, grileiros e madeireiros) resultou na

exclusão de uma parte da área do parque, definindo assim a área atual.

A REBIO Guaporé ocupa área de 615.771,56 ha (ICMBio, 2016) totalmente inserida

na área de estudo. De acordo com dados do ISA, (2016), esta é uma das UCs com maior

diversidade florística, pois apresenta 14 diferentes tipos de vegetação. Dessas, destacam-se a

Floresta Ombrófila Aberta Aluvial e Floresta Ombrófila Aberta Submontana, por serem tipos

de vegetação com particularidades muito integradas ao relevo, podendo, desta forma, assumir

fitofisionomias distintas: nas áreas onde ocorrem alagamentos frequentes encontra-se a

Floresta Ombrófila Aberta Aluvial e nas superfícies com altitudes mais elevadas encontra-se a

Floresta Ombrófila Aberta Submontana.

Diante do exposto, identifica-se a grande importância da criação e gestão das áreas

protegidas na conservação dos remanescentes florestais, tendo em vista também, que a maior

parte da classe florestas, da área de estudo, estão inseridas nas áreas protegidas, conforme

Figura 3. Estudos de Ferreira et al. (2005) e GTA (2008) corroboram tal afirmativa

destacando que a criação e implementação de áreas protegidas na Amazônia Legal têm sido

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uma estratégia eficaz para conservar grandes áreas contíguas de floresta, reduzindo

significativamente a velocidade do desmatamento.

As classes de uso foram generalizadas pelo método de classificação e estão

apresentadas na Figura 3. É possível observar que as pressões de usos variados ocorrem de

norte para sul, já que do lado da República da Bolívia o uso é incipiente, não mapeado na

escala de análise. Na porção oeste foram identificadas atividades antrópicas na área da

REBIO Guaporé. Linhares (2013) observou em seu estudo realizado em Alto Alegre dos

Parecis, que as gramíneas naturais são aproveitadas pelos pecuaristas para alimento do gado

bovino, fato que contribui para o pisoteio dessa fitofisionomia vegetal, o que favorece a

reflectância dos solos, semelhantes às pastagens plantadas. O pisoteio do gado gera impactos

diversos, tais como compactação do solo e assoreamento de rios e igarapés (SANTOS, 2008).

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Figura 3 – Mapa do uso e ocupação da terra no ano de 2015.

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Ao contrário, na porção noroeste, a Terra Indígena Rio Branco serviu de barreira para

a retirada da vegetação remanescente, fato não observado na porção central, onde se observa a

consolidação da agropecuária. Em campo, observou-se ainda, que não há plantação de grãos,

e toda atividade antrópica encontrada no caminho percorrido é voltada para a pecuária de

gado bovino (Figuras 4 e 5).

Figura 4 – Criação de gado bovino às margens da floresta, nos limites do município de Alta Floresta

D’Oeste. Coordenadas (-62,143266 e -12,691359). Fonte: Arquivo próprio (20/08/2016).

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Figura 5 – Área de pastagem nos limites do município de Alta Floresta D’Oeste. Coordenadas (-

62,149983 e -12,496566). Fonte: Arquivo próprio (20/08/2016).

A classe áreas úmidas, a qual correspondeu a 15,8% da cobertura da área de estudo é

caracterizada por campos sujeitos a inundações periódicas (campos inundáveis) e campos

inundáveis com presença de buritizais (Figuras 6 e 7). Estas áreas permanecem totalmente

alagadas no período da cheia e parcialmente alagadas no período de seca, devido à ampla

oferta hídrica na maior parte do ano. Estas áreas são de reconhecida relevância para

conservação da flora e fauna, fato que levou Santos e Mota (2016, no prelo) a recomendar o

reconhecimento dessa área como Sítio Ramsar.

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Figura 6 – Buritizais abertos e campos inundáveis na Reserva Biológica do Guaporé, 19/02/2015.

Fonte: MMA, 2015.

Figura 7 – Campos inundáveis na Reserva Biológica do Guaporé, 19/02/2015. Fonte: MMA, 2015.

Em atividade de campo realizada no dia 20 de agosto de 2016 (período de seca), foi

percorrido um total de 325 km, desses, 100 km nos limites da área de estudo (Figura 8). Nesse

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percurso, foram coletados vários pontos, com o aplicativo para celular GPS Essentials,

adquirido gratuitamente através do Google play e alguns registros fotográficos. Como referido

anteriormente, no período de seca os campos inundáveis permanecem parcialmente alagados,

como pode ser observado nas Figuras 9 e 10, registradas no percurso.

Figura 8 – Mapa da percurso realizado em campo, no dia 20/08/2016.

Aos campos inundáveis intercalam-se os campos de murundus, um sistema de micro

relevo característico de áreas inundáveis.

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Figura 9 – Campos inundáveis. Coordenadas (-62,170906 e -12,993845). Fonte: Arquivo próprio

(20/08/2016).

Figura 10 – Campos inundáveis. Coordenadas (-62,160726 e -12,961878). Fonte: Arquivo próprio

(20/08/2016).

A classe antropizado, que contempla 5,1% da área de estudo está concentrada

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principalmente no entorno das áreas protegidas. Destaque para o município de Alta Floresta,

onde se concentrou a maior parte da área antropizada, apresentada na Figura 11. De acordo

com dados do projeto PRODES/INPE, em 2004 o município encontrava-se com 24,68% de

sua área desflorestada e em 2014 este percentual já havia sido elevado para 31,85%, sendo

identificado um gradativo aumento no desmatamento (PRODES/INPE, 2016). Em

consonância a isso, o efetivo de bovinos aumentou entre os anos de 2004 e 2014 (IBGE,

2016). A Figura 12 apresenta o efetivo de bovinos no município de Alta Floresta entre os anos

de 2004 e 2014.

Figura 11 – Mapa do uso e ocupação da terra no ano de 2015.

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Figura 12 - Efetivo de bovinos no município de Alta Floresta entre os anos de 2004 e 2014. Fonte:

(IBGE, 2016)

Como pode ser observado, o efetivo de bovinos passou de 356.520 cabeças no ano de

2004 para 391.388 no ano de 2014. De acordo com Rivero et al. (2009), a Amazônia

brasileira vem sendo desmatada constantemente e tem como principais causas diretas a

pecuária, a agricultura de larga escala e a agricultura de corte e queima. Dessas causas,

destaca-se a expansão da pecuária bovina, por ser a principal atividade econômica do estado

de Rondônia. Castro (2005) e Barreto (2008) corroboram afirmando que a pecuária é a

principal atividade econômica que impacta negativamente a floresta amazônica, ocasionando

a fragmentação florestal e a consequente perda de biodiversidade florística e faunística e

ainda, contribuindo com as emissões de gases de efeto estufa, que tem se tornado uma

preocupação cada vez mais crescente.

3.2 MODELAGEM DOS CORREDORES

Após a aplicação do método AHP, foi verificada a análise de consistência dos custos,

que apresentou valor de 0,041. Segundo Louzada et al. (2010) o valor da análise de

consistência deve ser menor que 0,1, sendo assim, o valor encontrado para este trabalho foi

aceitável. O método supracitado resultou em uma proposta de sete corredores ecológicos

(Figura 13). Sales (2015) utilizando da mesma metodologia obteve, a proposta de 14

corredores ecológicos entre terras indígenas na porção sudeste do estado de Rondônia.

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Figura 13 – Mapa dos corredores ecológicos resultantes do método AHP.

É possível constatar que as drenagens foram predominantes no sentido norte sul ou das

áreas altas para áreas mais baixas e os corredores foram mapeados de leste para oeste ou de

oeste para leste. Sabe-se que a presença da drenagem é uma das condições para mapeamento

dos corredores, de modo que as possibilidades foram limitadas a duas grandes áreas. O

agrupamento de corredores mais ao sul interceptou uma área antropizada, fato não positivo,

pois é sabido que recuperação de área degradada ainda é escassa no país. O segundo

agrupamento, mais ao norte apresentou-se totalmente em área preservada.

Um fato relevante observado foi o de grande parte da área estar conservada, ou seja, o

mapeamento dos corredores foi tarefa mais de tomada de consciência da conservação, pois

uma grande parcela da área está praticamente inalterada. Não obstante, um fator de risco

observado é a presença de uma estrada que perpassa a área, e que em algumas áreas está

camuflada pela floresta. Na porção central da área de análise observou-se áreas claras,

certamente devido a presença de uma estrada. Como efeito, espera-se para os próximos anos

um avanço da retirada da vegetação, que sempre ocorreu e ocorre em Rondônia a partir da

abertura de uma estrada.

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Assim, os resultados da pesquisa servem ainda para denunciar que áreas de retirada de

vegetação estão ocorrendo em zona úmida, de forma bastante isolada, possivelmente à revelia

do poder público. Além disso, conforme o Zoneamento Socioeconômico – Ecológico do

estado de Rondônia (ZSEE) instituído pela lei complementar nº 233 de 06 de junho de 2000, a

área no qual os corredores estão inseridos pertence à zona 2 (Áreas de uso especial), subzona

2.1 (Área de conservação dos recursos naturais passíveis de uso sob manejo sustentável),

conforme Figura 14.

Figura 14 – Mapa do Zoneamento Socioeconômico – Ecológico do estado de Rondônia.

De acorco com a cartilha do ZSEE (2009) para esta subzona na qual estão inseridos os

corredores foram estabelecidas as seguintes orientações:

Priorizar o aproveitamento dos recursos naturais, evitando a conversão da

cobertura vegetal natural;

Manutenção das atividades agropecuárias existentes;

Não permissão da expansão de atividades agropecuárias;

Utilização, com manejo adequado, das áreas de campo naturais para atividades

agropecuárias;

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Fomento de atividades de manejo florestal;

Fomento de atividades de extrativismo.

Como referido anteriormente, os resultados sugerem que tais orientações não estão

sendo seguidas, tendo em vista o avanço da pecuária identificado em campo.

3.3 ANÁLISE INDIVIDUAL DE CADA CORREDOR

Como referido, a modelagem resultou em sete corredores ecológicos que conectam a

REBIO Guaporé e o PE de Corumbiara, nomeados de corredores A, B, C, D, E, F e G. O

comprimento médio destes foi de 32.155 metros, com largura média de 3.215,5 metros e área

média de 10.095,5 hectares. Louzada et al. (2010) em estudo semelhante realizado no estado

do Espírito Santo, obteve a proposta de 6 corredores com médias de comprimento, largura e

área de 15.010,5 metros, 1.501,05 metros e 2.044,4 hectares, respectivamente, que conectam

os Parques estaduais de Forno Grande e Pedra Azul. Assim, as informações referentes aos

corredores obtidos nesse estudo foram organizadas e apresentadas na Tabela 11.

Tabela 11 – Corredores ecológicos propostos pelo método AHP.

Corredor Comprimento (m) Largura (m) Área (ha)

Corredor A 30.512 3051,2 9.174,36

Corredor B 29.755 2975,5 8.684,34

Corredor C 34.000 3400 11.220,62

Corredor D 34.878 3487,8 11.807,90

Corredor E 31.430 3143 9.492,86

Corredor F 31.178 3117,8 9.363,20

Corredor G 33.333 3333,3 10.925,64

Como pode ser observado, o corredor que apresentou maior comprimento e maior área

foi o D, com 34,84 km de comprimento e 11.807,9 hectares de área e o corredor B apresentou

as menores medidas, com 29,75 km de comprimento e áres de 8.684,34 hectares. Como

referido no item (2.2 metodologia), para obtenção da largura do corredor foi seguida a

Resolução CONAMA nº 09 de 1996, que especifica um comprimento de 10% da área. Outros

estudos encontrados na literatura definiram larguras distintas. Nunes et al. (2005) e Tebaldi et

al. (2009) utilizaram 90 metros e Altoé et al. (2005) utilizaram 200 metros. Louzada et al.

(2010), Saito et al. (2016) e Sales (2015) seguiram também a Resolução CONAMA nº 09.

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Os corredores A e B encontram-se parcialmente sobrepostos, destes, o corredor A

abrange parte de uma área antropizada (Figura 15). Os corredores citados, abrangem em sua

maior parte, áreas úmidas, campos que ficam totalmente inundados no período das cheias e

parcialmente inundado no período de seca.

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Figura 15 – Carta imagem dos corredores ecológicos A e B.

Os corredores C e D (Figura 16) apresentam comprimento e área semelhantes, e assim

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como os corredores A e B, encontram-se parcialmente sobrepostos, e ambos estão inseridos

em maior parte nas áreas úmidas. Em campo observou-se que pecuaristas da região utilizam

os campos como pastagem para o gado bovino no período de seca.

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Figura 16 – Carta imagem dos corredores ecológicos C e D.

Os corredores E, F e G estão inseridos mais ao norte, estando parcialmente

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sobrepostos (Figura 17). Como pode ser visto, os corredores E e F encontram-se quase

totalmente sobrepostos, justificando a similaridade de seus respectivos comprimentos,

larguras e áreas. Ainda, pode-se observar que estes são os que estão mais próximos da área

antropizada, porém ainda com cobertura florestal conservada.

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Figura 17 – Carta imagem dos corredores ecológicos E, F e G.

Como pode ser observado nas Figuras 14, 15 e 16, as sete propostas de corredores

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contêm áreas de preservação permanente (APP). Nos corredores A, B, C e D, as APPs são

caracterizadas na maior parte como áreas úmidas. A proporção de área de APP em cada

corredor foi organizada e apresentada na Tabela 12.

Tabela 12 – Proporção de APPs nos corredores ecológicos.

Corredor Área corredor (ha) APP no corredor (ha) Percentual

A 9.174,36 462,39 5,0%

B 8.684,34 471,7 5,4%

C 11.220,62 634,73 5,7%

D 11.807,90 564,77 4,8%

E 9.492,86 375,95 4,0%

F 9.363,20 366,2 3,9%

G 10.925,64 321,12 2,9%

É perceptível que o corredor que apresenta maior quantidade de APP é o corredor C,

com 5,7%, enquanto que corredor com a menor é o corredor G, com 2,9%. Como referido, a

vegetação nas áreas de APP nos corredores A, B, C e D é caracterizada por campos

inundáveis, podendo vir a ser usados por pecuaristas no período de seca, enquanto a

vegetação nas APPs dos corredores E, F e G é caracterizada por floresta ombrófila aberta, e

com pouca alteração antrópica. De acordo com Louzada et al. (2010), é importante priorizar

as áreas de APPs, pois são áreas protegidas, conforme o atual código florestal, e isso favorece

a interligação de fragmentos florestais, contribuindo para a formação de corredores

ecológicos.

Para a escolha da melhor proposta de corredor, foi relevante o mapeamento do uso e

ocupação da terra em cada corredor (Figura 17); os dados do mapeamento foram organizados

nas Tabelas 13 e 14.

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Figura 18 – Mapa do uso e ocupação da terra nos corredores ecológicos.

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Tabela 13 – Uso e ocupação da terra em cada corredor ecológico.

Classes Corredores Ecológicos - área de cada classe (ha)

A B C D E F G

Floresta 1.647 1.257,12 1.308,33 1.697,13 8.696,54 8.590,95 9.966,42

Área úmida 6.331,50 6.994,53 9.151,20 9.332,82 591,67 563,04 618,93

Antropizado 888,21 116,73 521,46 449,37 237,75 243,09 372,69

Água 349,29 347,4 265,5 353,43 0 0 0

Tabela 14 – Percentual do uso e ocupação da terra em cada corredor ecológico.

Classes Corredores Ecológicos - Percentual de cada classe

A B C D E F G

Floresta 17,9% 14,4% 11,6% 14,3% 91,4% 91,3% 91,0%

Área úmida 68,7% 80,3% 81,4% 78,9% 6,2% 6,0% 5,6%

Antropizado 9,6% 1,3% 4,6% 3,8% 2,5% 2,6% 3,4%

Água 3,8% 4,0% 2,4% 3,0% 0,0% 0,0% 0,0%

Analisando as Tabelas 13 e 14 foi possível constatar que o corredor A apresentou

maior área antropizada enquanto que o corredor B apresentou a menor. Porém, como já

referido, o corredor B, assim como os corredores A, C e D possuem em sua maior parte, áreas

úmidas, que no período de seca podem vir a ser utilizadas como pastagem para o gado bovino.

Porém, segundo Santos (2008), as áreas úmidas apresentam grande diversidade de espécies

faunísticas. Pode-se destacar o Cervo do pantanal - Blastocerus dichotomus, espécie

ameaçada de extinção encontrada na REBIO Guaporé e que tem como seu habitat as áreas

alagadas (ICMBio, 2016).

Os corredores E, F e G destacaram-se por apresentar as maiores áreas de floresta,

correspondendo a 91,4 %, 91,3% e 91% respectivamente. Estas áreas podem ser consideradas

corredores já implantados caso não ocorra alteração significativa na vegetação. Porém em

campo foi possível observar áreas de ocupação (Figuras 18 e 19) na parte sobreposta dos

respectivos corredores, aparentemente grileiros. Como as imagens analisadas foram referentes

ao ano de 2015, sugere-se que as ocupações ocorreram no ano 2016.

A classe água não pôde ser mapeada nas análises devido à cobertura florestal, fato

positivo que revela que as APPs estão preservadas. Constatou-se que o avanço da pecuária já

adentrou os limites da subzona 2.1 do ZEES, o que contradiz as diretrizes de uso dessa área.

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Foi observado ainda que a classe antropizado apresentou áreas relativamente pequenas, de

2,5%, 2,6% e 3,4% respectivamente, e que estas estão nas proximidades da estrada,

corroborando com diversos estudos que apontam a construção de estradas como a porta de

entrada para o desmatamento (FEARNSIDE, 2010; SANTOS, 2014; LOUZADA et al., 2010;

LOPES, 2015).

A classe áreas úmidas foi identificada mais ao norte dos corredores, área que faz

divisa com a REBIO Guaporé, correspondendo a 6,2%, 6%, e 5,6%, respectivamente. Os

corredores mais ao norte apresentaram cobertura de áreas úmidas bem menores em relação

aos corredores mais ao sul (corredores A, B, C e D), porém apresentaram áreas de floresta

bem maiores.

Figura 19 – Ocupação antrópica em área de floresta. Coordenadas (-62,147713 e -12,827985). Fonte:

Arquivo próprio (20/08/2016).

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Figura 20 – Ocupação antrópica em área de floresta. Coordenadas (-62,136269 e -12,812250). Fonte:

Arquivo próprio (20/08/2016).

Após a análise dos dados, constatou-se que a melhor opção para efetiva

implementação é o corredor “E”, pois apresenta uma contígua área de floresta preservada,

apresenta também a maior área de APPs e menor área antropizada dentre os corredores mais

ao norte. Considerou-se relevante o avanço da agropecuária no município de Alta Floresta,

onde estão inseridos os corredores, tendo em vista que estão mais próximos às áreas

antropizadas, o que sugere que em breve possa haver a conversão florestal em pastagens para

criação de gado bovino. Assim, torna-se importante a implementação de tal corredor que

servirá de rota para diversas espécies e para promover o uso sustentável dos recursos.

3.4 VERIFICAÇÃO DA ACURÁCIA DE CLASSIFICAÇÃO

A verificação da acurácia da classificação foi realizada através da análise da matriz de

confusão (Quadro 2) gerada pelo SIG SPRING. Com base na matriz de confusão, o SIG

aplica o cálculo do desempenho geral e do índice KAPPA. O desempenho geral é calculado

dividindo-se o total do somatório da diagonal principal pelo número total de pixels da matriz

de confusão (SUAREZ e CANDEIAS, 2012).

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Qradro 2 – Matriz de confusão da classificação.

Flo Ár ú Águ Ant Cer Af r Abs Som L

Flo

10.607.371 0 0 0 0 0 0

10.607.371 61.63% 0.0% 0.0% 0.0% 0.0% 0.0% 0.0%

Ár ú 746.800 3.195.866 0 0 0 0 0

3.942.666 4.34% 18.57% 0.0% 0.0% 0.0% 0.0% 0.0%

Águ 0 31.635 146.991 0 0 0 0

178.626

0.0% 0.18% 0.85% 0.0% 0.0% 0.0% 0.0%

Ant 6.672 0 0 821.872 0 0 0

828.544 0.04% 0.0% 0.0% 4.78% 0.0% 0.0% 0.0%

Cer 17.890 0 0 0 1.439.089 0 0

1.456.979

0.10% 0.0% 0.0% 0.0% 8.36% 0.0% 0.0%

Af r

0 18.626 0 0 0 179.039 0

197.665 0.0% 0.11% 0.0% 0.0% 0.0% 1.04% 0.0%

Som C 11.378.733 3.246.127 146.991 821.872 1.439.089 179.039 0 17.211.851

Flo – Floresta; Ár ú – Área úmida; Águ – Água; Ant – Antropizado; Cer – Cerrado; Af r –

Afloramento rochoso; Abs – Abstenção; Som C – Soma coluna; Som L – Soma linha.

De acordo com Suarez e Candeias (2012), os valores da diagonal principal mais

próximos de 100% indicam que não houve confusão entre as classes. Assim, como pode ser

observado, a classe que apresentou maior exatidão foi Floresta, com 61,63%, enquanto que a

classe que apresentou maior confusão foi Água, com 0,85%. A matriz destaca ainda a

confusão entre as classes água e área úmida, cerrado e floresta, área úmida e floresta, fato que

pode ser explicado devido à semelhança dos alvos espectrais e, consequentemente, da

reflectância de ambas as classes no período analisado (período de seca).

A partir da matriz de confusão, o próprio SIG realizou o cálculo do índice KAPPA, a

confusão média e o desempenho geral, que são descritos na Tabela 15.

Tabela 15 – Resultado da análise estatistica descritiva da classificação.

Descrição Resultado

Índice KAPPA 91.16%

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Confusão média 4.77%

Desempenho geral 95.23%

Como pode ser observado, o índice KAPPA foi de 91,16%, de acordo com Fonseca

(2000) esse valor é classificado como Excelente, evidenciando que amostras coletadas são

condizentes com as imagens classificadas. O desempenho geral da classificação foi de

95,23% e a confusão média entre as classes, foi de 4,77%. Tais valores, assim como o índice

KAPPA indicam que os resultados da classificação são satisfatórios, exprimindo bem a

realidade da área estudada.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir dos resultados foi possível constatar que a expansão das atividades

agropecuárias, na porção central da área de estudo tem se tornado uma grande ameaça à

conservação dos recursos naturais, sendo que os pecuaristas realizam o desmate das áreas de

floresta para o desenvolvimento de pastagens, fazendo com que ocorra a compactação do

solo, devido ao pisoteio do gado bovino, assim, acelerando os processos erosivos e o

assoreamento dos corpos hídricos, bem como a perda de nutrientes do solo e a alteração da

qualidade da água superficial.

No entanto, pode-se afirmar que a criação e gestão de unidades de conservação e terras

indígenas são de grande importância para a conservação dos remanescentes florestais e da

biodiversidade florística e faunística, tendo em vista que grande parte da classe florestas, da

área de estudo, está inserida nas áreas protegidas e que tais áreas atuam como barreira para a

expansão da classe antropizado, caracterizado por alterações causadas pelo homem.

Além da utilização das ferramentas de geoprocessamento o trabalho em campo foi de

grande importância para a avaliação in loco das condições ambientais da área de estudo. Foi

possível constatar que as áreas classificadas como áreas úmidas permanecem parcialmente

alagadas mesmo no período de seca, bem como para a identificação das principais atividades

antrópicas na área.

Em relação aos corredores ecológicos, a metodologia utilizada se mostrou satisfatória,

na qual originou a proposta de sete corredores, denominados corredores A, B, C, D, E, F e G.

Destes, o corredor que apresentou as melhores condições ambientais para sua efetiva

implementação foi o corredor E, sendo que apresentou 91,4% de sua área coberta por florestas

e 2,6% de área antropizada, e ainda que está próxima às áreas antropizadas, identificadas em

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campo como sendo áreas de pastagem para criação de gado bovino.

Nesse contexto, a implementação do corredor aqui proposto, além de garantir a

manutenção das populações biológicas e a conectividade entre as áreas protegidas, ainda

servirá como unidade de planejamento, possibilitando o uso sustentável dos recursos naturais

ali presentes.

Adicionalmente, sugere-se em uma posterior pesquisa, realizar o levantamento

faunístico e florístico da área, identificando as espécies ali presentes para ampliar o

entendimento da dinâmica ecossistêmica de cada espécie e realizar a gestão ambiental do

corredor de acordo com as características de cada espécie da fauna e flora presentes.

Ademais, as informações adquiridas no decorrer desta pesquisa podem ser empregadas

na gestão das unidades de conservação e terras indígenas em questão, bem como para a

educação ambiental da população residente na área.

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