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FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO GOVERNO DE MINAS GERAIS Nirlane de Souza Barroso GERENCIAMENTO ESTRATÉGICO: FORMULAÇÃO DO PLANO DE GESTÃO INTERMEDIÁRIA NAS REGIÕES DE POLÍCIA MILITAR DA PMMG Orientador: Prof. Dr. Marcus Vinicius Gonçalves da Cruz Belo Horizonte – MG 2008 Academia de Polícia Militar

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FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO GOVERNO DE MINAS GERAIS

Nirlane de Souza Barroso

GERENCIAMENTO ESTRATÉGICO: FORMULAÇÃO DO PLANO DE GESTÃO INTERMEDIÁRIA NAS REGIÕES DE POLÍCIA MILITAR DA PMMG

Orientador: Prof. Dr. Marcus Vinicius Gonçalves da Cruz

Belo Horizonte – MG 2008

Academia de Polícia Militar

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Nirlane de Souza Barroso

GERENCIAMENTO ESTRATÉGICO: FORMULAÇÃO DO PLANO DE GESTÃO INTERMEDIÁRIA NAS REGIÕES DE POLÍCIA MILITAR DA PMMG

Monografia apresentada à Academia de Polícia Militar de Minas Gerais e à Fundação João Pinheiro, como requisito parcial para obtenção do título de especialista no Curso de Especialização em Segurança Pública. Orientador: Prof. Dr. Marcus Vinicius Gonçalves da Cruz

Belo Horizonte – MG 2008

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Aos policiais militares, em especial aos gestores da PMMG, que muito têm contribuído para a perenidade dessa Organização bissecular.

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A DEUS, que me permitiu alcançar mais uma etapa vitoriosa em minha vida pessoal e profissional; À Polícia Militar de Minas Gerais, pela oportunidade proporcionada, que me possibilitou a realização desse estudo; À Academia de Polícia Militar de Minas Gerais, pelo espaço do saber, oferecido a cada um de nós; Aos Comandantes e Chefes de P/3 das RPM, pela distinta contribuição na etapa de coleta de dados para esta pesquisa; Ao Comandante e policiais militares da Guarnição da 11ª RPM, pelo incentivo e apoio imensuráveis; À Fundação João Pinheiro, pela forma como recepcionou e conduziu o desenvolvimento do curso naquele educandário; Ao Prof.Dr. Marcus Vinicius G. da Cruz, meu orientador. Pela maestria na arte de orientar, tendo sido, nos momentos de dúvidas, referencial incondicional para determinar o melhor caminho, não medindo esforços no compartilhamento de seu alto nível de conhecimento e sabedoria; Aos colegas do CESP I 2008, pela convivência harmoniosa durante todo o curso; À minha filha Nathália, uma garota maravilhosa, que entendeu minha ausência, sendo fonte de inspiração e sustentação para cada passo dado neste curso e cada degrau atingido. Agradeço de forma extremamente carinhosa a sua existência, visto que a amo sem medida; Aos meus familiares, em especial minha mãe, que na sua simplicidade me deu muita força e energia; A todos que de alguma maneira contribuíram para a realização deste trabalho. OBRIGADA!

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Dê ao mundo o melhor de si, mas o melhor pode não ser o suficiente. Dê o melhor assim mesmo. “Madre Tereza de Calcutá”

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RESUMO

Esta pesquisa tem a intenção de analisar o processo de gerenciamento estratégico, procurando identificar como ocorre a elaboração do plano de gestão intermediária, nas Regiões da Polícia Militar de Minas Gerais. A estrutura da monografia expõe um referencial teórico, que contempla, de forma resumida, conceitos e uma visão geral dos principais aspectos relacionados ao gerenciamento estratégico. No processo de implementação a estratégia é formulada a partir de uma metodologia, faz-se a análise do ambiente, definindo-se os objetivos e as metas. Buscou-se as diversas concepções da estratégia, segundo as dez escolas de pensamento estratégico de Mintzberg, Ahlstrand e Lampel. O gerenciamento estratégico possibilita a integração entre os níveis estratégico, tático e operacional na execução das estratégias. Assim, conhecer as principais características e o processo de formulação do planejamento estratégico é fundamental para o sucesso das organizações. A estrutura e o ambiente são considerados variáveis contextuais que trazem implicações na gestão estratégica, pela necessidade de ajuste da estrutura e adequação ao ambiente para o alcance do futuro desejado. O estudo deu enfoque ao plano estratégico da Polícia Militar de Minas Gerais e, às condições de formulação do plano tático do nível de direção intermediária. A pesquisa identificou alguns resultados que mostraram a importância do gerenciamento estratégico e alguns problemas enfrentados pela organização na operacionalização do modelo. O planejamento estratégico contribui para melhorar os resultados da organização, para integrar as Unidades e departamentos; ainda, para facilitar o processo de descentralização da tomada de decisão. Para aperfeiçoar o processo de planejamento estratégico, a organização poderia melhorar as condições de capacitação e aprendizado dos gestores, investir no treinamento, e incentivar o envolvimento de todos.

Palavras-chave: planejamento estratégico, gestão estratégica, estrutura, ambiente, plano tático e Polícia Militar de Minas Gerais.

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ABSTRACT

This research’s intention is to analyze the process of “Stratetic Management”, trying to identify how elaboration of the intermediary administration occurs within the Military Police of Minas Gerais’ Regions. The structure o this monograph exposes a theoric reference, viewing, in short, notion and a general view about main aspects related to stratetic management. In the implement’s process strategy is formed respecting a methodology, analyzing environment, defining goals and aims. Diverse conceptions of strategy were searched for, concerning the ten schools of stratetic thinking de Mintzberg, Ahlstrand and Lampel. Stratetic management makes it possible to integrate the stratetic, tactical and operational levels ins execution of the strategies. Thos, having knowledge about main features and the process of stratetic management, is primordial for the organization’s success. The structure and environment are considered being variable contexts which bring involvement to stratetic management, due to the necessity of the structure’s adjustment and fitting in the environment for the desired future achievement. This paper focused the stratetic plan of Minas Gerais’ Military Police and the conditions to the formulation of the tactic plan in the intermediary level. The survey identified some results which showed the importance of stratetic management and some problems faced by the organization of the functionalism of the model. Stratetic planning contributes to the results’ improvement, to integrate units and departments, still, to smooth the process of decentralizing the takings of decision. To improve the process of stratetic planning, the organization could improve the conditions of aptness city and learning of the invest in training and stimulate everyone’s involvement.

Key-words: stratetic planning, stratetic management, structure, environment, tactical plan and Military Police of Minas Gerais.

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - Modelo SWOT ...................................................................................... 24

FIGURA 2 - O processo de tomada de decisão ....................................................... 32

FIGURA 3 - Modelo de administração estratégica .................................................... 44

FIGURA 4 - Níveis de decisão e tipos de planejamento .......................................... 51

FIGURA 5 – Etapas do processo de planejamento estratégico ................................ 53

FIGURA 6 – Modelo de análise ................................................................................. 58

FIGURA 7 – Estrutura Geral da PMMG .................................................................... 81

FIGURA 8 – Organograma da PMMG ....................................................................... 82

FIGURA 9 - Mapa de Minas Gerais por Regiões da PMMG - 2008 .......................... 92

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 - Premissas do planejamento e da administração estratégica ............... 45

QUADRO 2 – Tipos de configuração estruturais de uma organização ..................... 74

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 – Relação das RPM em Minas Gerais – ano de 2008 ............................. 96

TABELA 2 – Índice de reposta ............................................................................... 103

TABELA 3 – Índice de respostas e o tempo de exercício na função P/3 ................ 106

TABELA 4 – Tempo de exercício da função P/3 .................................................... 108

TABELA 5 – Motivação para implementar o PGI .................................................... 110

TABELA 6 – Existência de indicador de desempenho na RPM .............................. 112

TABELA 7 – Nível de conhecimento e domínio da metodologia ............................. 115

TABELA 8 – Instrumento que melhor auxiliaria na implementação do PGI ............ 117

TABELA 9 – Como implementou as estratégias na atual estrutura e o nível de

conhecimento do P/3 ............................................................................................... 119

TABELA 10 – Quais foram os principais membros da comunidade consultados .... 121

TABELA 11 – Como foram discutidos e avaliados os cenários ............................... 121

TABELA 12 – Para quanto tempo foi projetado o PGI ............................................ 122

LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1 - Nível de conhecimento e domínio das informações .......................... 109

GRÁFICO 2 – Acompanhamento das metas .......................................................... 110

GRÁFICO 3 – Feedback das metas pelo nível superior .......................................... 111

GRÁFICO 4 – Percepção do nível de conhecimento da RPM ................................ 113

GRÁFICO 5 – Avaliação da produção interna sobre gestão estratégica ................. 114

GRÁFICO 6 – Como ocorreu o processo de implementação da estratégia ............ 116

GRÁFICO 7 – Dificuldades encontradas para elaborar o PGI................................. 118

GRÁFICO 8 – O que mudou na RPM com a implantação do PE ............................ 120

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 14

2 TEORIAS DO PLANEJAMENTO E DO GERENCIAMENTO ESTRATÉGICO 20

2.1 As Organizações ............................................................................................... 21

2.2 As Escolas do Planejamento Estratégico ......................................................... 22

2.3 Conceito de Estratégia: da visão militar à empresarial ..................................... 35

2.4 Formulação da Estratégia nas Organizações ................................................... 39

2.4.1 A importância do Processo de Formulação de Estratégia. ............................... 40

2.5 Administração & Gerenciamento Estratégico ................................................... 42

2.5.1 Diferença entre Administração Estratégica e Planejamento Estratégico .......... 45

3 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO, ESTRUTURA E AMBIE NTE .................. 47

3.1 Abordagens ao Planejamento Estratégico ....................................................... 48

3.1.1 Considerações sobre o Processo de Planejamento Estratégico ...................... 49

3.1.2 Níveis do planejamento estratégico ................................................................ 50

3.1.3 Tipos de Plano ............................................................................................. .. 51

3.1.4 Visão Crítica do Planejamento Estratégico ..................................................... 52

3.1.5 Metodologia do Planejamento Estratégico Segundo Tavares ......................... 53

3.2 Dimensões Contextuais do Planejamento: Estrutura e Ambiente .................. 57

3.2.1 A Estrutura Organizacional .............................................................................. 59

3.2.2 O Ambiente . .................................................................................................... 64

3.3 O Modelo das Configurações Estruturais de Mintzberg ................................... 67

4 A PMMG E O PROCESSO ESTRATÉGICO ........... ........................................ 76

4.1 A Polícia Militar de Minas Gerais: breve histórico ............................................ 77

4.2 A Estrutura da PMMG ...................................................................................... 78

4.3 Evolução da estratégia na PMMG .................................................................... 83

4.3.1 Políticas dos Planos Estratégicos da Instituição .............................................. 84

4.3.1 O Plano Estratégico da PMMG: Quadriênio 2004-2007 ................................... 86

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4.4 A Região de Polícia Militar(RPM): Nível de Direção Intermediária da

PMMG ....................................................................................................................... 91

4.4.1 Composição Funcional da RPM ....................................................................... 93

4.5 O Plano de Gestão Intermediária ..................................................................... 94

4.5.1 Recebimento e Comunicação das Estratégias da Corporação ...................... 95

5 METODOLOGIA .............................................................................................. 98

5.1 Tipo de Pesquisa .............................................................................................. 99

5.2 Natureza da Pesquisa .................................................................................... 100

5.3 Método de Abordagem ................................................................................... 100

5.4 Método de Procedimento ............................................................................... 100

5.5 Técnicas ......................................................................................................... 101

6 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS .................................... 105

6.1 O Perfil do Gestor de Planejamento ................................................................ 106

6.2 Administração e Gerenciamento Estratégico...................................................108

6.3 Formulação da Estratégia .............................................................................. 113

6.4 Metodologia do Processo de Planejamento .................................................... 114

6.5 Estrutura Organizacional e o Processo Estratégico da RPM .......................... 117

6.6 O Ambiente e o Processo Estratégico da RPM ............................................... 120

6.7 Prazo de vigência do PGI ................................................................................ 122

7 CONCLUSÃO ................................................................................................. 123

REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 131

APÊNDICE .............................................................................................................. 135

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

PMMG - Polícia Militar de Minas Gerais

RPM - Região da Polícia Militar

PE - Plano Estratégico

EMPM - Estado Maior da Polícia Militar

SWOT - Strengs – Weaknesses - Opportunities - Threats

PM - Polícia Militar

LOB - Lei de Organização Básica

BPM - Batalhão de Polícia Militar

UEOp - Unidade de Execução Operacional

COPOM - Centro de Operações Policial Militar

PGI - Plano de Gestão Intermediária

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1 INTRODUÇÃO

O planejamento tem se constituído em uma ferramenta administrativa

imprescindível para a sobrevivência e o desenvolvimento das organizações, visto

que a sistematização e os elementos técnicos favorecem o futuro desejado e

permitem melhor controle e avaliação, face à complexidade do ambiente em que

atuam.

Por outro lado, torna-se necessário proceder algumas reflexões dos

desafios e dificuldades inerentes à formulação e implantação do planejamento

estratégico. Os desafios vão desde a dificuldade de percepção e visualização do

horizonte futuro para a organização, até obstáculos organizacionais, culturais e

gerenciais. Conforme Motta (1995, p.86), sempre deve se fazer algumas

considerações ao decidir implementar a gestão estratégica em uma organização,

visto que:

A adoção do planejamento estratégico requer normalmente uma mudança bastante significativa na filosofia e na prática gerencial da maioria das instituições públicas e privadas. O planejamento estratégico não é implementado por meio de simples modificações técnicas nos processos e instrumentos decisórios da organização. É, na realidade, uma conquista organizacional que se inicia em nível de mudanças conceituais da gerência, resultando em novas formas de comportamento administrativo, além de novas técnicas e práticas de planejamento, controle e avaliação.

Depreende-se dessa assertiva que para a adequada utilização e emprego

do planejamento estratégico, torna-se necessário entender o planejamento como um

processo organizacional. Para tanto, deve ser pensado e construído de forma

integrada e contínua, considerando todos os aspectos: estratégico, tático e

operacional.

O planejamento estratégico tem se constituído, a partir do final do século

XX - período pós- guerra, como algo imprescindível à maioria das organizações

mundo afora. Todavia, cumpre executá-lo, elaborando planos de ação específicos,

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que vão assegurar a implantação das estratégias e sua plena execução, com

vistas a alcançar os objetivos e metas.

Além da capacidade de compreender e assimilar o processo de

planejamento, deve-se ajustar a estrutura organizacional às estratégias, de forma a

facilitar a operacionalização dessas estratégias, adequando-se ainda, às constantes

mudanças ambientais. Para Porter (1991), as estruturas das organizações devem se

modificar freqüentemente e de maneira fundamental, pois essa evolução assume

importância decisiva para a formulação e implantação das estratégias.

Dessa forma, esta monografia tem como objetivo fazer uma abordagem

inerente ao gerenciamento estratégico, através de revisão bibliográfica e

documental, sobre o desenvolvimento de um planejamento estratégico, visando

ainda, abranger discussões específicas do processo de planejamento e gestão

intermediária, nas Regiões de Polícia Militar (RPM) de Minas Gerais.

Assim, pretende-se contribuir para que a PMMG possa ter sua dinâmica

de planejamento aprimorada, promova de forma mais hábil a integração do processo

com as suas diversas Unidades de Execução Intermediária e, desta forma, fomente

motivação, capacidade produtiva e satisfatória para o desenvolvimento das

estratégias organizacionais.

Entende-se que a gestão estratégica apresenta condições de lidar, em

certa medida, com o dinamismo do ambiente, a evolução da tecnologia, a busca da

eficácia e da efetividade. Segundo Tavares (2000), a gestão estratégica compreende

um processo contínuo de decisão que vai determinar o grau de excelência da

organização, levando-se em consideração as oportunidades e ameaças do ambiente

em que se está inserido e também as forças e fraquezas da própria organização.

Nesse sentido o gestor estratégico ultrapassa a perspectiva de um bom

planejador e atinge a condição de facilitador das decisões em todos os níveis da

organização. Portanto, há que se reconhecer que a forma como as estratégias estão

sendo implementadas e são executadas depende do gestor executivo, dos planos

táticos, onde a estratégia se desdobra.

Costa (2003) ressalta que, ainda que exista uma utilização universal do

planejamento estratégico por inúmeras organizações, sendo que 89% das empresas

dos Estados Unidos, Europa e Ásia em 1996, o adotavam como uma ferramenta

gerencial, o grau de sucesso na implantação e utilização pelos gestores, tem sido

variável. Alguns problemas típicos na implementação podem ser atribuídos: ao

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diagnóstico inadequado, fazendo com que as pessoas trabalhem com base em

impressões, opiniões pessoais ou idéias pré concebidas; a falta de

comprometimento da alta e média gerência que não vêem a implantação da gestão

estratégica como um investimento e sim como algo apenas controlador; a falta de

metodologia adequada e consensual com conceitos pouco claros e entendida de

forma diferente ou divergente entre os gestores; falta de flexibilidade no processo

tanto em razão da estrutura burocrática quanto da inflexibilidade diante do ambiente.

Observa-se que a Polícia Militar de Minas Gerais adota o modelo de

planejamento do tipo estratégico, enquanto processo gerencial que permite

estabelecer um direcionamento a ser seguido pela Organização, com o objetivo de

se obter uma otimização na relação entre a instituição e seu ambiente. (MINAS

GERAIS, 2003)

Segundo Ansoff e McDonnell (1993), o planejamento estratégico foi criado

na década de 1960 e, é um dos enfoques mais conhecidos de planejamento

institucional. Esta proposta integra um conjunto de princípios, procedimentos e

ferramentas que são aplicáveis aos diferentes tipos de organização. O Planejamento

Estratégico possibilita às organizações, em linhas gerais: identificar fatores e

incertezas que afetam seu futuro; compreender melhor as mudanças no meio e seus

impactos; localizar suas potencialidades e vulnerabilidades; e promover

realinhamentos necessários para atender às demandas do novo contexto. Assim,

refere-se a planejamento estratégico, o processo que instrumentaliza a resposta que

a organização apresenta ao seu ambiente, diante de um contexto de mudanças.

Considera-se processo estratégico, de uma forma genérica, de acordo

com Bethlem (2002) a forma como se faz a elaboração e o desenvolvimento de um

plano, referindo-se a maneira pela qual a organização toma decisões sobre o

conteúdo da estratégia. Pode se resumir em uma série de etapas ordenada, que tem

por objetivo fornecer um produto ou serviço. Existem critérios de transição de uma

etapa para outra. Cada etapa produz subprodutos consumidos pela etapa posterior,

até que se conclua o processo.

Cabe sintetizar que com a inovação na gestão administrativa da PMMG, a

partir da adoção do planejamento estratégico, traduzido no Plano Estratégico 2004-

2007, (MINAS GERAIS, 2003) assimilaram-se conceitos e métodos contemporâneos

da gestão estratégica, este remetido ao nível intermediário da Organização, para

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conhecimento e desdobramento do documento em plano tático, definido na

instituição como Plano de Gestão Intermediária (PGI).

O nível de direção intermediária é também chamado de nível mediador ou

nível gerencial. É o nível existente na organização, colocado entre o nível

institucional e o nível operacional e cuida da articulação entre esses dois níveis. O

nível intermediário é responsável pelos problemas de adequação das decisões

tomadas no nível institucional (no topo) com as ações realizadas no nível

operacional (na base da organização). Compõe-se das pessoas ou órgãos que

transformam as estratégias formuladas para atingir os objetivos organizacionais em

programas de ação. Na PMMG, organização analisada neste estudo, o nível

intermediário é denominado de Região de Polícia Militar (RPM).

Buscou-se ainda neste estudo conhecer um pouco do processo e da

metodologia utilizada pelo nível intermediário da Corporação, na elaboração do

plano de gestão intermediária. Para tanto, está sendo considerado, o perfil do

cotidiano do gestor da Seção de Planejamento e Emprego Operacional da RPM,

assim como, questões atinentes ao planejamento estratégico.

O problema proposto e que fundamentou esta monografia foi: a

metodologia utilizada no processo estratégico, para elaboração do plano de gestão

intermediária, no nível intermediário da PMMG, tem atendido as condições de

implementação e execução das estratégias?

Os dois pressupostos que seguem o problema acima citado são: (i) o

processo estratégico empregado pelo nível de direção intermediária da PMMG, na

elaboração do plano de gestão intermediária, interfere na execução das estratégias

constantes do Plano Estratégico da organização; (ii) a execução das estratégias

necessita do ajustamento da estrutura organizacional e adequação ao ambiente,

facilitando a integração entre os níveis estratégico e tático.

A formulação do plano de gestão intermediária passa a constituir uma

questão importante para a gestão estratégica da PMMG, considerando que a RPM,

enquanto nível intermediário de decisão organizacional, define como as estratégias

serão executadas, intermediando a implementação das ações operacionais que vão

garantir o grau de sucesso do planejamento estratégico.

Assim, elegeu-se como objetivo geral desta pesquisa, verificar o processo

estratégico utilizado na RPM, para formulação do plano de gestão intermediária no

desdobramento do plano estratégico institucional. Para isso, busca-se ainda como

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objetivos específicos: identificar concepções e evolução histórica de

planejamento nas organizações e respectivos documentos que norteiam a

elaboração, gestão e desdobramentos do Plano Estratégico na PMMG; descrever

teorias que abordam o planejamento estratégico e sistematização metodológica do

processo de planejamento organizacional; conhecer, a partir de pesquisa, as

situações do cotidiano do assessor de planejamento e do planejamento estratégico

na RPM.

A motivação do tema surgiu, em primeiro lugar, em razão da inovação dos

aspectos gerenciais da Instituição nos idos de 2004, como já mencionado e, depois,

resultante da experiência vivida pela autora, que enquanto integrante da

organização Polícia Militar de Minas Gerais, conviveu com inúmeros

questionamentos e dificuldades no processo de construção do plano de gestão

intermediária da RPM a que pertencia.

Para tanto, este estudo está estruturado em sete capítulos. No primeiro,

são descritas a apresentação, a justificativa do desenvolvimento do tema e a

construção do objeto da pesquisa, citando o problema, as hipóteses e os objetivos

geral e específicos.

No segundo capítulo encontra-se a fundamentação dos princípios teóricos do

planejamento, tendo a perspectiva de contribuir para uma melhor compreensão, no que

concerne à genealogia das idéias intelectuais e conceituais do pensamento estratégico, a

partir de constatações recorrentes da sua trajetória histórica, para elucidar o sentido e a

importância do planejamento nas organizações.

As considerações sobre o gerenciamento estratégico são realizadas a

partir das acepções atribuídas pela literatura para a administração estratégica,

evoluindo para a gestão estratégica. Como imperativo desse gerenciamento,

delineia-se a evolução e conceito da estratégia. Segue-se, contextualizando a

formulação da estratégia e a compreensão do que está sendo considerado como

organização.

No terceiro capítulo pondera-se acerca do planejamento estratégico

surgido em decorrência da imensa velocidade das transformações e do aumento da

concorrência, características de um período pós-guerra, com fins de viabilizar e

facilitar o processo de tomada de decisão nas empresas. O entendimento do

processo de planejamento está inserto no modelo de formulação do planejamento

estratégico, segundo Tavares (2000).

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Ainda, discute-se as dimensões contextuais estrutura e ambiente, como

variáveis do modelo de análise do gerenciamento estratégico. Identificadas em uma

rica literatura, a configuração da estrutura deve se ajustar à estratégia e, esta

geralmente acompanha as mudanças ambientais.

Reconstitui-se, ainda que de forma bastante resumida, um breve histórico da

PMMG, no capítulo 4 retratando-a enquanto organização pública que aplica a gestão

estratégica. Prossegue-se com algumas considerações do planejamento estratégico na

PMMG, nos últimos anos. Também, se contextualiza o plano estratégico da PMMG do

quadriênio 2004-2007 e o plano de gestão intermediária (plano tático).

A metodologia empregada na elaboração da pesquisa é apresentada no

capítulo 5, que contém a organização para o estudo dos dados coletados, a partir do

estabelecimento de métodos específicos de análise.

No capítulo 6, enquanto resultado da pesquisa de campo realizada no nível de

direção intermediária da PMMG, apresenta-se a análise dos dados, sob a perspectiva da

análise de conteúdo e estatística.

Finalmente, apontam-se as conclusões do estudo. E, as referências

bibliográficas completam a monografia.

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2 TEORIAS DO PLANEJAMENTO E DO GERENCIAMENTO ESTRA TÉGICO

Neste capítulo busca-se a fundamentação dos princípios teóricos do

planejamento, tendo a perspectiva de contribuir para uma melhor compreensão, no

que concerne à genealogia das idéias intelectuais e conceituais do pensamento

estratégico, a partir de constatações recorrentes da sua trajetória histórica, para

elucidar o sentido e a importância do planejamento nas organizações.

Para tanto, inicia-se com as concepções abstraídas das escolas do

pensamento estratégico, identificadas em Mintzberg et al (2007). Na abordagem do

gerenciamento estratégico, torna-se imperativo a definição da palavra estratégia.

Pretende-se, na seqüência, fundamentar a discussão sobre o processo de

formulação da estratégia.

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2.1 As Organizações

As organizações se apresentam como uma das mais admiráveis

instituições sociais, fruto da criatividade humana, desenvolvidas para produzir os

mais variados tipos de produtos e serviços, destinados aos mais variados

consumidores e usuários. Operam em ambientes diferentes, modificam-se no tempo

e no espaço, de modo a atender as demandas humanas através dos tempos.

As organizações são sistemas abertos, nos quais estas se relacionam

dialeticamente com o seu ambiente, que recebe vários insumos, que os transforma

de diversas formas, exportando tais produtos para a sociedade. Nesse contexto, o

sistema deve receber entrada suficiente de recursos para manter suas operações e,

também devolver esses recursos transformados ao ambiente em quantidade e

qualidade suficientes para dar continuidade a esse ciclo de intercâmbio.

A organização, segundo Tavares (1991), é composta de vários

subsistemas, cada um com diferentes níveis de complexidade e funções. Assim

como, constituem totalidades integradas e em constante mudança, sujeita às

influências de seu meio ambiente, ainda que em graus variados. Tavares (2000,

p.156), ao enunciar as questões relativas à organização e seu processo de gestão

estratégica, deixa evidente que:

A definição de um processo de gestão estratégica deve seguir as

características próprias de cada organização. Sua natureza, porte,

estilo de gestão, cultura e clima, certamente irão influenciar a

maneira como esse tipo de atividade será desenvolvida.

Para contextualizar o conceito de organização, remeteu-se às contribuições

de estudiosos do assunto e extraiu-se as seguintes definições, entendendo-se

relevante para o estudo: Para Mintzberg (1995, p.17) “as organizações são

estruturas para apreender e dirigir sistemas de fluxos e determinar os inter-

relacionamentos das diferentes partes.”

Conforme Lawrence & Lorsh (1973, p.3), “uma organização é a

coordenação de diferentes atividades de contribuintes individuais com a finalidade

de efetuar transações planejadas com o ambiente”.

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Para Daft (1999, p.7) "as organizações são entidades sociais

dirigidas por metas, projetadas como sistemas de produtividade deliberadamente

estruturados e coordenados e são interligadas ao ambiente externo"

Percebe-se como ponto comum dessas definições, o aspecto de que a

organização se configura como sistema aberto, portanto, sujeito às influências do

ambiente. Ainda, entendida como estrutura, considera que nas organizações ocorre

o processo de planejamento estratégico, e por sua vez, este contribui

significativamente para a tomada de decisões, respaldada nos objetivos delineados

e no fluxo surgido pela gestão estratégica.´

Por fim, um princípio relevante no primeiro conceito é considerar que na

organização existe um sistema de relação entre as partes, pois a mesma não pode

sobreviver se não houver interação entre os elementos do ambiente.

2.2 As Escolas do Pensamento Estratégico

A categorização do pensamento estratégico, realizada a partir da

observação de como as organizações lidam com a estratégia tem a finalidade não

apenas de facilitar a compreensão do tema, mas também de apresentar o

desenvolvimento da administração estratégica sob diversos ângulos, orientações e

tendências.

Assim, em decorrência de uma significativa revisão da literatura mundial

das premissas do planejamento organizacional, quanto às contribuições do

pensamento estratégico, foi procedida pelos estudiosos Mintzberg, Ahlstrand e

Lampel (2007) uma classificação sistematizada de cerca de 40 autores, no período

médio de 20 anos. Desse estudo, tem-se o surgimento de 10 diferentes escolas, que

ao concluírem seus estudos, foram categorizando-as e reunindo os principais

autores de cada escola, respectivamente.

A categorização dessas escolas, a partir da análise e crítica de uma vasta

produção teórica e científica ao longo dos anos, representou um marco na

classificação do que havia em termos de correntes da estratégia. Assim, tem-se a

Escola do Design, a Escola do Planejamento, a Escola do Posicionamento, a Escola

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Empreendedora, a Escola Cognitiva, a Escola de Aprendizado, a Escola do

Poder, a Escola Cultural, a Escola Ambiental e por último, a Escola de Configuração.

a) A Escola do Design

Segundo Mintzberg, et al (2007), na primeira dimensão figura-se a escola

do design, que propõe um modelo de formulação da estratégia com vistas à

adaptação do ambiente interno1 ao externo2. Para essa corrente, o principal papel do

gestor é a análise desses ambientes, competindo-lhe desenhar os pontos fortes e

fracos da organização e relacioná-los com as oportunidades e ameaças do ambiente

externo. A partir daí, esse gestor estabelece as estratégias políticas a serem

seguidas. Explicita Mintzberg (2007 p.29) que:

Uma vez determinadas as estratégias alternativas, o próximo passo no modelo é avaliá-las e escolher a melhor. Em outras palavras, supõe-se que várias estratégias alternativas foram projetadas e devem ser avaliadas para que uma seja selecionada. Richard Rumelt [...] talvez tenha fornecido a melhor estrutura para fazer essa avaliação, em termos de uma série de testes:

- Consistência: a estratégia não deve apresentar objetivos e políticas mutuamente inconsistentes.

- Consonância: a estratégia deve representar uma resposta adaptativa ao ambiente externo às mudanças críticas que ocorrem dentro do mesmo.

- Vantagem: a estratégia deve propiciar a criação e/ou manutenção de uma vantagem competitiva na área de atividade selecionada.

- Viabilidade: a estratégia não deve sobrecarregar os recursos disponíveis, nem criar subproblemas insuperáveis.

Para se determinar a formulação das estratégias alternativas, a ferramenta

mais utilizada nessa escola é a matriz SWOT, em que se identificam os Strengths –

pontos fortes; Weaknesses – pontos fracos; Opportunities – oportunidades e Threats

1 A avaliação desse ambiente, quanto à identificação dos pontos fortes e fracos, tem como parâmetros de análise os quesitos: marketing, pesquisa e desenvolvimento, sistema de informações gerenciais, equipe gerencial, operações, finanças e recursos humanos. (Mintzberg et al, 2007 p.32) 2 As variáveis ambientais externas, traduzidas enquanto oportunidades e ameaças, são referentes às mudanças: na sociedade, governamentais, econômicas, na competição, nos fornecedores e no mercado. (Mintzberg et al, 2007 p.31)

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– ameaças. Na finalização desse processo, faz-se a escolha da melhor

estratégia para a organização, formuladas como perspectiva3.

No contexto de sistematização do processo identificado nesse modelo,

destaca-se que:

A escola do design representa, sem dúvida, a visão mais influente do processo de formação da estratégia. Seus conceitos-chave continuam a formar a base dos cursos de graduação e mestrado em estratégia, bem como grande partes da prática da administração estratégica (MINTZBERG et al, 2007, p.28).

Todavia, apontam-se como críticas dessa escola, a separação entre ação

e pensamento, processo de concepção da estratégia desconsiderando-se o passado

da organização e a crença de que todas as variáveis foram levantadas e são

previsíveis.

Em síntese, embora se registre problemas nessa escola, pode-se atribuir

à metodologia prevista nessa escola, a consagração da administração estratégica e

dos métodos, como por exemplo, a utilização da matriz SWOT, que significa força e

fraqueza da organização, oportunidade e ameaça do ambiente externo, conforme

FIG. 1.

3 Estratégia como perspectiva é entendida como: “a maneira fundamental de uma organização fazer as coisas, [...] como perspectiva a estratégia olha para dentro – dentro da organização, dentro da

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A matriz SWOT, melhor compreendida por meio da FIG. 1, apresenta

um esquema desenvolvido por Mintzberg et al (2007), tratando da análise ambiental.

Ainda, vê-se que tem sido difundida nos tempos atuais, até mesmo, na formação

dos administradores e por inúmeras organizações.

b) A Escola do Planejamento

Para Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2007), essa escola caracteriza-se

primordialmente pela formalidade dos procedimentos, do treinamento e da análise.

Vê-se que mantém as premissas básicas da escola do design, com a aplicação de

uma matriz, em sua maior parte, a matriz SWOT. A dinâmica das etapas e a própria

matriz citada, que circundam o desenvolvimento e construção de um planejamento

estratégico será abordada em seção específica, visto sua pertinência ao nosso

estudo, possibilitando melhor compreensão do objeto.

O planejamento estratégico apresenta-se como um modelo constituído de

etapas, iniciando pela fixação dos objetivos, entendidos de alguma forma como

meta. A segunda etapa refere-se à análise externa, também remanescente da

escola do design. Esse passo consiste na avaliação das condições externas da

organização, que “é o conjunto de previsões feitas a respeito das condições futuras”,

conforme Mintzberg et al (2007, p.45).

Segue-se à etapa denominada de auditoria interna, estabelecida para

verificação dos pontos fortes e fracos da organização, objetivando identificar

competências distintivas. A quarta etapa propõe-se à avaliação da estratégia,

orientada para a mensuração do resultado gerado pela implementação da

estratégia, que pontualmente direciona-se para a análise financeira. Para tanto,

utiliza-se comumente, de acordo com Mintzberg et al (2007, p.47), técnicas de

“avaliação da estratégia competitiva, análise de riscos e curva do valor”.

A operacionalização da estratégia aparece como quinta e última etapa,

onde ocorre o desdobramento e o detalhamento minucioso do planejamento. Para

Steiner (1979) (apud Mintzberg, 2007, p.47) “todas as estratégias precisam ser

cabeça dos estrategistas – mas também para cima – para a grande visão da empresa.” (Mitnzberg. 2007 p 19)

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divididas em subestratégias para o sucesso da implementação.” Entende-se

que nesse espaço, é possível reconhecer uma alusão no que se refere ao plano de

médio prazo, também denominado de plano tático.

Ressalta-se que a escola do planejamento agrega grande parte das

premissas da escola do design. Em resumo, nas premissas da escola do

planejamento, segundo Mintzberg (2007, p.51), tem-se que:

- As estratégias devem resultar de um processo controlado e consciente de planejamento formal, decomposto em etapas distintas, cada uma delineada por cheklists e apoiada por técnicas.

- A responsabilidade por todo o processo está, em princípio, com o executivo principal; na prática, a responsabilidade pela execução está com os planejadores.

- As estratégias surgem prontas deste processo, devendo ser explicadas para que possam ser implementadas através da atenção detalhada a objetivos, orçamentos, programas e planos operacionais de vários tipos.

O referido esclarecimento é indispensável, visto que alcançam além do

conceito de estratégia, desenvolvido e discutido na subseção seguinte, outras

premissas pertinentes ao processo de planejamento. Assim a relevância está em

destacar o propósito do autor, ao indicar que esse processo formal deve ser

concebido, seguindo-se etapas, apoiadas em técnicas.

Dessa forma, o planejamento propriamente dito, refere-se a assuntos

como, declaração de missão de negócios e objetivos de longo prazo. Também é

marcado pelo desdobramento de estratégias e objetivos de médio prazo, já que a

melhor maneira de se atingir um objetivo de longo prazo é dividi-lo em objetivos de

médio prazo. Cada um desses quesitos se materializa ao se desenvolver etapas,

onde vão se construindo os produtos finais esperados. Denota-se portanto, que sub-

estratégias, sub-objetivos e sub-planos seguem este mesmo raciocínio (STEINER

apud MINTZBERG et al, 2007).

Em síntese, pode se dizer que um dos grandes desafios que viabilizam

uma estratégia, refere-se ao planejamento a curto prazo, metas, programas de ação,

planos em nível tático e operacional, considerando principalmente a necessidade de

envolvimento significativo da organização em toda sua extensão.

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Mintzberg (2007) elaborou críticas a esta escola, apresentando

como falácias do processo a predeterminação, podendo ser entendida como

pensamento presunçoso de que o ambiente em que a organização se encontra

permanece estável, o que não acontece. Outro aspecto discutido é a falácia do

desligamento, que compreenderia a separação entre formulação e implementação

da estratégia. Assim o pensamento fica afastado da ação, comprometido pelos

pretéritos relatórios e informações produzidos para a formulação dessas estratégias,

abstraídos dos detalhes do dia-a-dia. Nesse aspecto, o autor afirma que:

Gerentes desligados, juntamente com planejadores abstraídos, não só fazem más estratégias, mas, na maioria dos casos, não fazem estratégia nenhuma. Olhe para dentro das organizações com pessoas em busca de uma visão, em meio a todo o seu planejamento estratégico, e é quase certo que você encontrará executivos fazendo exatamente o que o planejamento lhes diz para fazer – desligarem-se dos detalhes. (MINTZBERG, 2007 p.59)

A questão da formalização compreende a falácia seguinte, pela

concentração da importância a ela creditada. Ainda, critica-se pelo fato de que o

puro rito formal é insuficiente ou quase intangível enquanto estímulo para a

recriação requerida à escolha das melhores estratégias. Para tanto, evoca-se

Mintzberg (2007) referindo-se à atividade de produção dos inúmeros quadros e

planilhas, e depois “volte a todos aqueles mapas de planejamento estratégico e

procure o quadro que explica como as estratégias são realmente criadas. Você não

irá encontrá-lo [...].”

Por fim, embora se encontrem falácias nessa escola, como as

apresentadas, o planejamento estratégico tem escopo na contribuição para a

seleção e fornecimento de dados importantes ao estrategista. Assim como, continua

sendo muito utilizado por empresas e organizações, possibilitando-as a pensar o

futuro de forma sistemática.

c) A Escola do Posicionamento

Observa-se que as diversas escolas do planejamento não se apresentam

como excludentes entre si, ao contrário, no sentido axiológico percebe-se que

guardam certa complementaridade e não se afastam radicalmente.

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Nesse sentido, a escola do posicionamento preserva premissas das

escolas do planejamento e do design como a formalização do processo e o

desligamento entre formulação e implementação, com alguma exceção, inovando no

aprofundamento do conteúdo das estratégias. O autor que se destacou, considerado

emblemático nessa linha de pensamento foi Michel Porter (PORTER, 1986).

Há uma introdução de ferramentas que vão contribuir significativamente

para a definição de estratégias, podendo ser citadas a título de exemplo, as matrizes

de portfólio de produtos e o modelo da curva de experiência. Ainda, acrescenta-se o

modelo das cinco forças competitivas de Porter4, podendo ser considerado um dos

mais conhecidos e utilizados para análise da estratégia, atualmente.

Mintzberg et al (2007), apresentam cinco premissas da escola do

posicionamento, conhecidas como 5 P´s da estratégia, dentro do processo de

produção de estratégias deliberadas, antes da sua implementação formal.

A primeira refere-se às estratégias como posições genéricas,

especificamente comuns e identificáveis no mercado, ou seja, a diferenciação deve

consistir em um posicionamento ímpar da empresa no mercado. A seguinte consiste

na idéia de que o mercado é econômico e competitivo. Dessa forma, a delimitação

da atividade econômica é feita pelo mercado que é caracterizado pela competição.

A terceira se remete ao processo de formação de estratégia enquanto

seleção analítica dessas posições genéricas, inserindo-se aqui o método baseado

na análise de dados contextuais para orientar a escolha de opções estratégicas. Na

seqüência, tem-se que os analistas desempenham um papel fundamental no suporte

a decisão, ou seja, as escolhas estratégicas dependem das informações

interpretadas pelos analistas, levadas aos executivos.

Por último, depara-se com a premissa de que as estratégias saem desse

processo totalmente desenvolvidas, sendo posicionais e deliberadas, as quais

dirigem a estrutura organizacional.

Considerando o propósito da busca de formulação da melhor estratégia

para a organização que atinja a implementação adequada, cabe citar um conceito

desenvolvido por Porter (1986), de que a estratégia é uma opção excludente, no

4 Porter, M. (1986): as cinco forças são a ameaça de novos entrantes, poder de barganha dos fornecedores e dos clientes, ameaça dos produtos substitutos e intensidade da rivalidade entre empresas concorrentes.

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momento em que a empresa para fazer uma escolha, deve procurar a

combinação de recursos ideal para atingi-la e ao fazê-la, automaticamente, elimina

algumas outras possibilidades.

São apresentados três fatores concorrentes à esta situação, sendo:

1) a inconsistência em imagem e reputação, sendo que este ocorre

quando uma empresa está associada à determinada categoria de produto ou serviço

e fica difícil atuar em outra direção.

2) as opções excludentes demandam escolha de atividades excludentes,

o que significaria que uma empresa com determinada estrutura sedimentada de

sucesso dificilmente conseguiria diversificar sua prestação de serviços ou produtos

para uma rede diferente.

3) dificuldades de coordenação e controle interno, baseada na opção

estratégica, a empresa coordena seus funcionários em uma determinada orientação.

Assim, a atuação em diferentes direções dificulta a coordenação de esforços.

Por fim, Mintzberg et al (2007) tecem críticas à Escola do Posicionamento,

afirmando que seu foco é bastante voltado para o lado econômico das organizações,

em um contexto que contempla as grandes organizações. Quanto ao processo de

planejamento, baseia-se na análise de dados, desprezando a vivência das situações

e a escolha da estratégia ocorre com opções genéricas reduzidas, a partir da

combinação de fatores.

d) A Escola Empreendedora

A apresentação dessa escola tem origens pertinentes a alguns estudos

de economia, semelhante à escola do posicionamento, onde a formulação da

estratégia é focada no líder empreendedor. Esse processo visionário do líder centra-

se na pessoa de nível hierárquico mais elevado da organização, que utiliza das

etapas de percepção ou observação da realidade para formação estratégica, com

menor ênfase na implementação.

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Esta escola enquadra-se dentro da perspectiva descritiva, ou seja,

preocupada em descrever de que forma as estratégias são concebidas mais do que

no resultado delas. Na concepção de Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2007), há uma

valorização de variáveis intangíveis, como a intuição, o julgamento, a sabedoria e a

experiência na conformação da idiossincrasia humana.

Stevenson e Gumpert (apud Mintzberg et al, 2007), mencionam o

empreendedor como pessoa “constantemente sintonizada com mudanças

ambientais que possam sugerir uma oportunidade favorável, ao passo que o

administrador [...] quer preservar recursos e reage de forma defensiva às possíveis

ameaças para neutralizá-las”.

Todavia, a visão enquanto conceito central dessa escola tende a ser um

plano articulado pela mente do líder empreendedor, sustentado pelas suas

experiências, deduzindo-se a presença de uma perspectiva menos coletiva ou

cultural, associada ao censo de direção.

Segundo Mintzberg et al (2007), essa escola baseia-se nas seguintes

premissas: a estratégia existe na mente do líder, como perspectiva de futuro; a

formulação de estratégias é semi-consciente pautada na experiência e na intuição

do líder; o líder promove a visão, mantendo controle pessoal na implementação; a

estratégia empreendedora tende a ser deliberada e emergente; a organização é

mantida simples e maleável facilitando a ação do líder.

As críticas estão relacionadas à obscuridade ou ausência de

esclarecimento de como ocorre o processo de formação da estratégia, privilegiando

o papel da intuição do líder nas decisões, além de mostrá-la como comportamento

de um indivíduo.

e) Escola Cognitiva

Para a escola da cognição, definida por Mintzberg, Ahlstrand e Lampel

(2007), o seu foco está em compreender a mente do estrategista. Ou seja, leva-se

em consideração as estruturas do conhecimento e raciocínio desse estrategista,

acreditando que para se entender o processo de formulação de estratégias é

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imprescindível estudar o funcionamento da sua mente. Destacaram-se nesta

escola, as obras de Lyles (1990), Duhaime e Schwenk (1985) e, Reger e Huff

(1993).

Em relação à importância dada para mente do estrategista, tem-se em

Makridakis (apud Mintzberg et al 2007), a afirmação de que a forma do estrategista

ver o mundo influencia a maneira de como ele toma decisões e formula estratégias.

Essa condição se fundamenta nos motivos de que há uma disposição em buscar

fatos que indiquem uma certa conclusão e desprezar outros que possam ameaçá-la;

dificilmente se consegue aplicar os mesmos critérios de decisão em condições

semelhantes e a tendência a resistir a novas informações ou evidências, buscando-

se a manutenção da situação atual.

A idéia de que o estrategista utiliza todo o seu conhecimento, partindo de

suas experiências para desenvolver processos de pensamento e tomada de

decisões e, que a partir dessa experiência, a utiliza para dar forma ao planejamento,

geraram duas propostas distintas. Uma mais positivista, em que o processamento e

a estruturação do conhecimento prescindem a produção das estratégias. Outra,

considerada mais subjetiva, a formação da estratégia é considerada uma

interpretação do mundo.

Nesse sentido, para Kinicki e Keats (apud MINTZBERG e QUINN, 1998,

p.120), o pensamento e a tomada de decisões nada mais são do que sistemas de

processamento de informações. Esse processo foi sistematizado conforme sugerido

pelos mesmos autores, de acordo com o modelo da FIG. 2:

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Figura 2: O processo de tomada de decisão.

Fonte: MINTZBERG e QUINN, 1998.

Foram estabelecidas como premissas desta escola, segundo Mintzbert et

al (2007, p.131), a formação da estratégia como processo cognitivo existente na

mente do estrategista; as estratégias emergem como perspectivas e sua forma é

dada pela análise subjetiva de como as pessoas interpretam o ambiente.

f) Escola do Aprendizado

Enfatiza-se nesta escola que a organização aprende ao longo do tempo,

acumulando-se experiência, na convivência com as situações do ambiente. Para

Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2007), entre suas premissas encontram-se a idéia

de que a formação da estratégia emerge dentro de um processo de aprendizado

coletivo e de forma natural, na organização; a aprendizagem está afeta a toda

organização; a gerência desse processo de aprendizagem é conduzido pelos

líderes; o surgimento da estratégia parametriza-se inicialmente pelo desenho do

passado, para depois transformar-se em um plano para o futuro.

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Em contra ponto, critica-se essencialmente o processo de

emergência da estratégia, visto que, em deixando de ocorrer a cooperação dentro

da organização, até mesmo pela ausência de feedback, a organização pode vir a

entrar em crise.

Diz-se que a preocupação central dos pensadores dessa escola é saber

como as estratégias são formadas na organização. Quinn (1980), Prahalad e Hamel

(1990) são alguns dos autores inseridos nessa abordagem, defendendo que o

redirecionamento estratégico não decorre de um processo formal de planejamento e

sim de pequenas ações implementadas ao longo do tempo.

g) Escola do Poder

A linha de pensamento da escola do poder projeta a formação da

estratégia como um processo relacionado ao poder e à política, na definição e

negociação das estratégias a serem adotadas.

Considerando-se os eixos que balizam a escolha estratégica, há duas

vertentes de explicação dessa relação, sendo: o “poder micro” que vê a estratégia

como resultado dos interesses políticos internos da organização. E o “poder macro”

que diz respeito à forma como a organização visa influenciar o ambiente externo, ou

seja, a sociedade em ela se insere e onde se encontram seus stakeholders5.

Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2007), citam como premissas dessa

escola: a formação de estratégia é moldada por poder e política; as estratégias que

podem resultar desse processo tendem a ser emergentes e assumem mais a forma

de posições e meios de iludir do que de perspectivas. Considera-se como mérito da

escola o reforço da importância do poder e da política no processo de formulação de

estratégias.

5 Os stakeholders inclui qualquer grupo ou indivíduo que possa afetar ou é afetado pelos objetivos organizacionais. Ainda, Os primários seriam aqueles sem os quais a empresa não sobreviveria, como aciononistas, empregados, fornecedores e consumidores. Os secundários são aqueles que têm algum grau de importância, sem contudo, comprometer a existência da organização, podendo ser comunidade, governo e outras organizações. (CAMPOS, Taiane Las Casas. Administração de Stakeholders: uma questão ética ou estratégia. Disponível em www.iceg.pucminas/apimec/nucleos/stack.pdf. Acessado em 10 de junho de 2008 )

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h) Escola Cultural

O pressuposto da escola cultural refere-se à influência que a cultura

organizacional pode exercer sobre a estabilidade estratégica, ou mesmo,

proporcionar resistência à implementação de novas estratégias.

Segundo Mintzberg et al (2007), pode se dizer que a cultura de uma

organização traduz as crenças, tradições e hábitos , assim como, as interpretações

comuns do público que a integra. Assim, entende-se que há um compartilhamento

de valores e crenças comuns entre eles. Em conseqüência, afirma-se que a

formação da estratégia advém de um processo enraizado na cultura organizacional.

Os aspectos culturais têm sido considerados, algumas vezes enquanto

facilitadores, outras vezes como complicadores do sucesso. Cabe ao gestor, a

capacidade de construir ou fazer bom uso da cultura organizacional, ou seja, para

mudar a estratégia, o mesmo precisa de capacidade de promover mudanças

culturais também.

Apresentam-se como premissas dessa escola: a formação de estratégias

enquanto processo de interação social, baseado em crenças e interpretações

comuns aos membros de uma organização. Ainda, de que o indivíduo adquire essas

crenças através de um processo de aculturação ou socialização; os membros de

uma organização podem descrever os valores de uma organização, porém sem

explicá-los; a estratégia assume a forma de perspectiva, com intenções sustentadas

coletivamente; a cultura e, em especial, a ideologia são fatores desencorajadores

das mudanças estratégicas. (MINTZBERG, AHLSTRAND E LAMPEL, 2007)

i) Escola Ambiental

Nessa escola o agente principal a ser considerado para a formulação das

estratégias relaciona-se ao ambiente externo à organização, em uma forma de

subordinação a ele. Nesse sentido, as estratégias são traçadas segundo as

mudanças desse ambiente, condicionadas às opções oferecidas. De acordo com

essa corrente de pensamento, em havendo resistência às mudanças, a organização

estaria fadada ao insucesso.

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Mintzberg et al (2007), destacaram as seguintes premissas da escola

ambiental: o ambiente se apresentando como o centro do processo de geração de

estratégia; a organização deve responder as forças ambientais; a liderança é

imprescindível na leitura do ambiente e adaptação adequada pela organização.

j) Escola da Configuração

As duas características centrais dessa escola são a configuração e a

transformação. A primeira pode ser entendida como a descrição do estado da

organização e seu contexto. A segunda descreve o processo de construção da

estratégia. Por outro lado, existe uma integração de várias premissas das escolas

anteriormente discutidas. Entende-se que a organização deve passar por momentos

de grandes mudanças para se adaptar ao contexto, ou seja, mudança no contexto

levaria a mudanças na estrutura.

As premissas apontadas por Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2007) são:

uma organização pode ser descrita como um tipo de configuração estável; os

períodos de estabilidade são ocasionalmente interrompidos por um processo de

transformação; os processos de configuração e transformação podem se ordenar ao

longo do tempo em seqüências padronizadas, formatando um ciclo de vida da

organização; a chave da estratégica é sustentar a estabilidade ou se adaptar às

necessidades de transformação; o processo de formulação de estratégias deve

assimilar conceitos e metodologias das demais escolas, que melhor se adapta ao

contexto.

2.3 Conceito de Estratégia: da visão militar à emp resarial

Como as pessoas têm compreendido e empregado o termo “estratégia”

torna-se relevante, visto que certas definições se aplicam melhor a determinados

contextos que em outros. As abordagens clássicas da estratégia remontam suas

origens na arte do combate militar e posteriormente, a partir da década de 1960,

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adquire significados empresariais com os teóricos das organizações,

principalmente na área da administração.

Esse entendimento tem por escopo, a afirmação contida em Silva ( apud

Batalha 2008, p. 188), de que:

A partir da década de 1960, os teóricos das organizações passaram a visualizar a importância do ambiente em que as empresas se encontravam inseridas e começaram a desenvolver estudos acerca da estratégia das organizações, compreendida como a forma pela qual elas administram seus pontos fortes e fracos (existentes ou potenciais) para atingir seus objetivos, levando em consideração as mudanças do ambiente.

Ainda assim, muitos autores entendem que o conceito de estratégia é

bastante efêmero, tanto quanto abstrato. Ou seja, a construção de uma estratégia,

mesmo com extremado rigor e qualidade, sua formulação não significa ou

corresponde a um resultado imediatamente produtivo para a organização, (ANSOFF,

1993).

Dentro da genealogia militar, estratégia é uma palavra de origem grega,

Strategus, significando o general superior e Strategia, que denominava a arte desse

general. Registra-se que há 2.500 anos já se empregava a palavra estratégia como

a arte da guerra.

O emprego da palavra na Europa ocorreu no século XVIII, denominando a

arte do general, em estreita relação à sua origem grega. Conservando-se a

conotação militar do vocábulo, de acordo com Caminha (1982, p.63) há o

entendimento que:

Para Clausewitz, a Tática era o emprego das forças militares no combate, a Estratégia, a teoria do emprego de todos os combates, ligando-os entre si, a fim de atender os propósitos da guerra. Segundo Jomini, a Estratégia abrangia o que se passava no teatro de operações, enquanto a tática era a maneira de combater na batalha. Também o Almirante Castex, em pleno século XX, manteve seu fiel significado militar, afirmando que a finalidade da Estratégia era o preparo para os combates, esforçando-se para que estes se desenvolvam nas melhores condições possíveis e deles se obtenham os melhores resultados. (grifo nosso)

A concepção militar indexada à guerra vai se evoluindo, considerando

cada vez mais fatores não militares, como os fatores políticos, econômicos e

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técnicos, a partir do período pós guerra, principalmente em razão das grandes

mudanças do ambiente. A partir da segunda metade do século XX passa a ser

incorporado nas organizações.

Ansoff (1993) contribui com a solidificação do conceito no meio

empresarial e afirma que essa transição e ligação com os negócios apareceram em

1948 por Von Neumann e Morgenstern, com o estabelecimento da teoria dos jogos.

No mesmo autor, são tratadas duas acepções do conceito, assim estabelecidos:

Uma estratégia pura é uma manobra, ou uma série específica de manobras de uma empresa, tal como um programa de desenvolvimentos de produtos, no qual sucessivos produtos e mercados são claramente delineados. Uma estratégia maior ou mista é uma regra estatística de decisão para ajudar a escolher a estratégia pura específica que a empresa deve adotar numa dada situação. (ANSOFF, 1993, p. 99)

A teoria dos jogos atrai e “rotula” a estratégia enquanto manobra para

alguns autores, que a definem como um conjunto de áreas específicas em termos de

produtos e mercados. Por outro lado, como expansão do termo militar, a estratégia

refere-se ao campo de atuação da empresa.

Considerada uma das maiores autoridades mundial em estratégia, Porter

(2002, p. 30) definiu que “Estratégia é sinônimo de escolha. É preciso escolher quais

as necessidades, de quais clientes, a empresa quer satisfazer. Essa é uma forma

fundamentalmente diferente de ver um negócio.”

Na definição proposta por Ohmae (2002, p. 102) concebe-se a estratégia

como sendo o modo pelo qual a empresa se distingue da concorrência, tratando-a

como “um plano de ação para a companhia, elaborado a partir das necessidades do

consumidor, ou seja, cria-se um programa para atender melhor a suas

necessidades.”

Para Vasconcelos Filho e Pagnoncelli (2001, p. 298), há o entendimento

da “estratégia competitiva como o que a empresa decide fazer e não fazer,

considerando o ambiente, para concretizar a visão e atingir os objetivos, respeitando

os princípios, visando cumprir a missão no seu negócio”.

Para Ansoff (1993), “a estratégia é um conjunto de regras6 de tomada de

decisão para orientação do comportamento de uma organização.”

6 Para o autor, há quatro tipos distintos de regras, sendo: 1) padrões pelos quais o desempenho presente e futuro da empresa é medido. Em termos qualitativos são chamados de objetivos, em seu aspecto quantitativo são chamados de metas. 2) regras para desenvolvimento da relação da empresa com seu ambiente externo. 3) Regras para o estabelecimento das relações e dos processos internos

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38

Revistando Mintzberg et al (2007), muito conhecido por seus estudos

de desenvolvimento de estratégia e práticas gerenciais, depara-se com uma

discussão um pouco mais detalhada e complexa, na medida em que o autor

segmenta a estratégia em cinco características, podendo ser entendido como cinco

conceitos, que de alguma maneira, interagem entre si.

Dessa forma, inicialmente a estratégia se apresenta como um plano ao

associá-la a um conjunto de ações planejadas para nortear uma determinada

situação. Esse entendimento é bastante utilizado no militarismo e na administração.

Em outra concepção, considera-se a estratégia como um padrão, ao

referenciar o seu processo de construção como uma seqüência de ações pautadas

no comportamento observado dentro das organizações, ao longo do tempo. Nesse

ponto, Andrews (1971) observa que a estratégia é um padrão de decisões, onde se

determina os objetivos, metas e políticas da organização. Enfatiza-se que a

estratégia deve ser um processo coerente com a estrutura, o comportamento e a

cultura organizacional.

A estratégia vista como um jogo é a concepção seguinte, segundo

Mintzberg (2007), ela pode ser entendida como uma manobra específica, ou seja,

esconder a verdade perante os concorrentes.

A característica subseqüente apresenta a estratégia como uma posição, e

assim sendo, a estratégia é abstraída a partir da análise ambiental, em uma

combinação entre ambiente externo (ameaças e oportunidades) e interno (pontos

fortes e fracos). Por último, define-se estratégia como perspectiva, ou seja, sua

definição ocorre ou é determinada a partir do pensamento coletivo dos membros da

organização, baseada nas percepções e visões de mundo dos estrategistas da

empresa.

Nesse sentido, segundo Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2007) há uma

intensa correlação entre os cinco conceitos de estratégia, que pode ser vista tanto

como planos para o futuro, assim como padrões do passado. Precisa também se

posicionar dentro de um ambiente que apresenta vários fatores intervenientes. Os

autores esclarecem que as organizações não atingem completamente a estratégia

planejada, mas também não se desviam dela, ponderando que o contrário,

representaria uma projeção de futuro extremamente acertada.

na organização. 4) Regras pelas quais a empresa conduzirá suas atividades do dia-a-dia, chamadas de políticas operacionais. (Ansoff, 1993, p. 70)

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Ao apresentar os conceitos relativos ao termo estratégia, não se teve

a intenção de esgotá-lo dentre a vasta literatura que o aborda, bem como, não se

pretendeu verificar se existe um conceito melhor que os outros. No entanto, releva-

se a existência de princípios gerais que devem ser observados para ajustarem aos

aspectos peculiares que conduzem ao sucesso das organizações.

2.4 Formulação da Estratégica nas Organizações

A abordagem do processo de elaboração de estratégias nesse estudo,

busca demonstrar que, a forma como as organizações desenvolvem estes

processos, pode influenciar sobremaneira na melhoria de suas condições de

competitividade, dependendo da trajetória percorrida.

A partir da década de 50 registram-se alguns trabalhos que fomentaram

importantes referenciais para a área de estratégia organizacional. Andrews (1971)

apontou a necessidade de se considerar o ambiente como sujeito a constante

mudanças, a fim de que o gerenciamento da organização pudesse se ajustar

constantemente.

Nesse contexto, emerge assim, alguns conceitos chave da área de

estratégia corporativa, como ameaças e oportunidades do ambiente (externo)

combinadas com forças e fraquezas da organização. Com o surgimento desses

conceitos, registram-se assim, as preocupações e construções teóricas, durante a

década de 60, das premissas básicas para a compreensão do que seria a

formulação de estratégias.

Fazendo uma clara distinção entre o processo de formulação e

implementação, Andrews (1971, p.44) considerava que a estratégia deveria ser

planejada e conscientemente formulada e só depois seria implementada. Para o

autor,

[...] as principais sub-atividades da formulação estratégica incluem identificar oportunidades e ameaças no ambiente da empresa e relacionar estimativas e riscos com as alternativas disponíveis. Antes de uma escolha ser feita, as forças e fraquezas deveriam ser analisadas de forma conjunta com os recursos disponíveis.

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Deste modo, Andrews interpretou o processo estratégico como

racional e conduzido conscientemente. Fez também as primeiras considerações

quanto à adequação estratégica ou “strategic fit”, ao destacar que a análise do

ambiente e a análise interna deveriam buscar um ponto de equilíbrio ótimo. Os

aspectos envolvidos na formulação descritos eram:

a) Identificação de oportunidades e riscos;

b) Determinação dos recursos materiais, técnicos, financeiros e gerenciais

da empresa;

c) Valores pessoais e aspirações da alta gerência;

d)Reconhecimento de responsabilidades não econômicas para a

sociedade.

Tomando por base os aspectos acima descritos, Ansoff apregoa esta

proposta e passa a considerar a formalização do processo de formulação estratégica

(MINTZBERG, 2007). Assim, na formulação de planos a empresa passa a conhecer

o ambiente em que está inserida e identifica os meios para atingir uma vantagem

competitiva.

Levando-se em consideração o aspecto do ambiente, enquanto fator que

interfere diretamente na formulação e sucesso das estratégias, torna-se necessário

que a organização identifique o grau de habilidade para observar e compreender as

mudanças em seu ambiente. De igual forma, é preciso ter a disposição para

adaptar-se aos feedbacks externos para ajustar suas estratégias, considerando as

suas forças e fraquezas.

2.4.1 A importância do processo de Formu lação de Estratégia

A formulação da estratégia é relevante para que se possa capacitar a

empresa a focalizar e alinhar suas equipes executivas, unidades de negócio,

recursos humanos, tecnologia da informação e recursos financeiros na estratégia da

organização. Essa formulação organiza as contribuições que as diversas áreas têm

a dar à organização, servindo como linha de orientação à integração dos esforços

desenvolvidos pelos vários executivos dispersos em todas essas áreas.

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Como as organizações obtêm sucesso em suas estratégias, e na

mesma medida, como o processo de formulação estratégica ocorre, vem consistido

alvo de debates. Nesse ponto de vista, procura-se buscar a evidência de como a

estratégia adotada foi elaborada, ou seja, quais os procedimentos seguidos, que

conduziram a organização a um amoldamento com o seu ambiente, conseguindo

alcançar um desempenho superior.

Para Porter (1991), o alinhamento da organização com o propósito de se

alcançar a vantagem competitiva7 consiste no objetivo central da estratégia. Nesse

sentido, a escolha estratégica é influenciada por uma série de fatores. Porter (1991)

afirma que essa escolha em parte é influenciada pelos fatores externos. Além do

que, no ambiente organizacional externo, determinadas forças têm maior peso do

que outras, sobre as decisões da empresa.

Acrescenta ainda, que o processo estratégico deve considerar a

necessidade, fundamentalmente, de satisfazer três partes interessadas diretamente

com a organização: clientes, funcionários e fornecedores. Não se pode

desconsiderar outros grupos externos, que devem ter suas necessidades satisfeitas.

Por outro lado, apresenta como um dos grandes problemas, o fato de

como adequar a formulação de estratégias com vistas a resultados para todos os

interessados, ou mesmo questionar, se todos os interessados influenciam

diretamente o processo estratégico, assim como, devem ser atendidos.

Por fim, jamais deve se esquecer da influência dos stakeholders como

fatores importantes na decisão da estratégia, o que significa entender mais sobre o

que contribui e o que não contribui para o sucesso de uma estratégia.

Para Porter (1991), importa também, como fator preponderante, o

entendimento da extensão do processo de formulação da estratégia da empresa

adequado ao seu ambiente competitivo, e como a cultura da empresa facilita a

efetiva decisão e execução da estratégia.

7 Vantagem competitiva surge fundamentalmente do valor que uma empresa consegue criar para seus compradores e que ultrapassa o custo de fabricação pela empresa. Existem dois tipos básicos de vantagem competitiva: liderança de custo e diferenciação. A estratégia competitiva deve surgir de uma compreensão sofisticada das regras de concorrência que determinam a atratividade da empresa. Essas regras estão englobadas em cinco forças competitivas: a entrada de novos concorrentes, a ameaça de substitutos, o poder de negociação dos compradores, o poder de negociação dos fornecedores e a rivalidade entre os concorrentes existentes. (Livro: Vantagem competitiva de Michael E.Porter, 1991 p.2-3)

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Conforme a literatura visitada e de acordo com a abordagem feita

anteriormente, na conceituação da estratégia, verifica-se a diversidade de

posicionamento na definição, não ocorrendo unanimidade. Todavia identifica-se que:

“A prática da estratégia resulta em um processo interativo no qual a empresa testa o seu próprio futuro através de um aprendizado contínuo. Dirigentes devem estar conscientes desse processo, para nele poderem melhor intervir. Sem a visão estratégica, não se pode conhecer o conjunto de necessidades, demandas, apoios e recursos existentes na sociedade.” (MOTTA, 1996, p. 102)

Nesse sentido, quando a organização decide implantar o espírito

estratégico dentro da organização, almeja-se que os seus integrantes e envolvidos

tenham uma participação ativa e consciente, aplicando a criatividade,

responsabilizando-se pelo crescimento da instituição.

Por fim, a formulação da estratégia antes de ser uma ciência exata, se

constitui numa arte que requer discussões permanentes e participação constantes

na abordagem do futuro da organização.

2.5 Administração & Gerenciamento Estratégico

A Administração Estratégica, nos anos 1950, teve sua delimitação

estabelecida pela primeira vez a partir de pesquisas realizadas na Fundação Ford e

Carnegie Corporation, patrocinadoras do estudo. Um resumo dessa pesquisa,

chamada de relatório Gordon-Howell, recomendava que o ensino de negócios

tivesse uma natureza mais ampla e incluísse um curso de capacitação em uma área

chamada de política de negócios. Logo em seguida passou a fazer parte do currículo

das escolas de negócios.

Todavia, ainda se vê uma falta de uniformidade nas opiniões sobre o

significado que expresse, fielmente e com clareza, o conceito de Administração

Estratégica, que vem evoluindo e continuará a evoluir.

Com o propósito de fornecer um conceito mais recorrente, procurou-se

localizar no arcabouço teórico pesquisado, aqueles que mais pudessem contribuir

para o entendimento do proposto.

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De acordo com Certo e Peter (1993), “a administração estratégica é

definida como um processo contínuo e interativo que visa manter uma organização

como um conjunto apropriadamente integrado a seu ambiente.”

Nessa definição é possível verificar o quanto importa a interação do que

ocorre dentro e fora de uma organização, no sentido de que esta se posicione

perante o futuro e se antecipe diante de situações de ameaça. Mostra-se que esse

processo é contínuo e após iniciado a elaboração do planejamento, sugere-se

passar por revisões, para melhor se adequar à situação ambiental.

Em contra ponto, evoca-se Costa (2003) que discorre sobre o assunto,

apontando a ampliação e modulação do termo, denominando-o de gestão

estratégica. Para o autor a gestão é muito mais ampla que a administração

estratégica, pois vai desde o processo de avaliação diagnóstica até a atribuição de

responsabilidade para o detalhamento dos planos de implantação. Sendo o

processo bastante adequado, alcança-se o envolvimento e comprometimento de

todos os integrantes, pelo que se pode conceituar gestão estratégica como:

processo sistemático, planejado, gerenciado, executado e acompanhado sob a liderança da alta administração da instituição, envolvendo e comprometendo todos os gerentes responsáveis e colaboradores da organização. A gestão estratégica tem por finalidade assegurar o crescimento, a continuidade e a sobrevivência da instituição, por meio da contínua adequação de sua estratégia, de sua capacitação e de sua estrutura, possibilitando-lhe enfrentar e antecipar-se às mudanças observadas ou previsíveis no seu ambiente externo. (COSTA, 2003, p. 54)

Verifica-se que a gestão estratégica compreende um campo maior de

abrangência, visto que todos os aspectos inerentes à administração e ao

planejamento estão inseridos em seu contexto, ou seja, são partes do processo.

No mesmo sentido, Tavares (2000, p.33) afirma que a gestão estratégica

procura reunir planejamento estratégico e administração em um só processo, que

“corresponde assim, ao conjunto de atividades planejadas e intencionais, estratégias

organizacionais que visa integrar a capacidade interna ao ambiente externo.”

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O autor op cit expõe o conceito de administração estratégica

enquanto “processo contínuo e interativo que visa capacitar a organização de forma

a permitir que as tomadas de decisões estejam de acordo com as decisões

estratégicas8.

Segundo Gaj (2003), como aporte ao planejamento estratégico, a gestão

estratégica é entendida como um sistema em tempo real, que integra as estratégias

emergentes e que inclui o fator capacitação como instrumento transformador da

própria estratégia.

FIGURA 3 – Modelo de Administração Estratégica

Fonte: Peleias, I.R (1992, p. 71)

Como se vê, na FIG. 3, é importante conhecer e entender que a empresa

está inserida em um ecossistema, onde são identificadas as variáveis econômicas,

sociais, políticas, culturais, éticas, tecnológicas, etc. e, realiza constante interação

interna e externa, através da aquisição de recursos dos fornecedores e

disponibilização de produtos aos clientes. Assim, a administração estratégica

abrange a empresa e seu ambiente como um todo.

Por fim, a implantação do gerenciamento estratégico oferece benefícios

para a instituição, visto que o caminho a ser seguido pela organização, previsto no

planejamento estratégico, fica mais claro, seus esforços são direcionados a um

8 Tavares (2000) preceitua que decisão estratégica é toda decisão que resulta em uma nova maneira de distribuir ou utilizar os recursos básicos da organização.

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propósito comum, concentrando os esforços e os resultados mais alinhados

com as metas organizacionais.

2.5.1 Diferença entre Administração Estratégica e Planejamento Estratégico

As diferenças entre administração estratégica e planejamento estratégico

são apresentadas por Gaj (2003). Para o autor, os primeiros estudos conceituando e

empregando a administração estratégica, surgiram na década de 50, coincidindo

com o já mencionado. Com a evolução das pesquisas acadêmicas, nos anos

seguintes, entendeu-se que o processo utilizado para a formulação da estratégia

receberia a designação de planejamento estratégico.

Contudo, percebe-se uma extensão dos aspectos correlacionados ao

planejamento estratégico que remeteu à administração estratégica, tendo surgido

enquanto denominação para o respectivo processo estratégico.

As diferenças existentes são básicas e simples, mas elementares, como

sugeridas por Gaj (2003, p. 23). As premissas estabelecidas para as duas

proposições e sua correlação, constantes do QUADRO 1 descrevem o entendimento

do que vem a ser um e outro.

QUADRO 1

Premissas do planejamento e da administração estratégica

PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGIA

Estabelece uma postura em relação aos ambientes.

Acresce capacitação estratégica.

Lida com fatos, idéias, probabilidades. Acresce aspirações em gente, com mudanças rápidas da organização.

Termina com um plano estratégico. Termina com um novo comportamento.

Sistema de planejamento. Sistema de ação.

Fonte: GAJ, 2003. Administração estratégica.

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Como pode ser visto nas diferenças apresentadas acima, interessa-

se especialmente as perspectivas geradas, no que diz respeito à mudança na

organização e o foco direcionado à ação, decorrente da implementação do plano.

Na nova abordagem, em que a estratégia passa a considerar o ambiente

interno e externo, clientes, fornecedores e cenários, a então nominada

administração estratégica, a partir da década de 70, vem permeada de muita

complexidade, frente a esses ambientes.

Referente à essa consideração e tendo em vista os objetivos deste

estudo, deixar-se-á de discorrer sobre os limites que vão caracterizar os problemas

decorrentes do ambiente complexo, para se restringir a citar o sistema básico de

administração estratégica, proposto por Gaj (2003, p. 28). Para o autor, este

sistema9 compreende: “o diagnóstico estratégico; o desenvolvimento estratégico; a

administração do processo de planejamento e o orçamento.”

Conclui-se que todos os fatores são levados em consideração na

administração estratégica, e que os elementos apresentados são interligados,

portanto vinculados à condição sistêmica. Quanto ao planejamento estratégico será

feita uma abordagem específica no capítulo seguinte, visto a necessidade de maior

compreensão do assunto.

9 Gaj (2003, p. 31) estabeleceu que a administração estratégica considere como elementos do diagnóstico, a administração de resistência e conflitos e o diagnóstico em si; do desenvolvimento estratégico propõem o sistema de informação, o desenvolvimento do processo e o treinamento em administração estratégica. Para a administração de processos, ele considerou a administração de eventos, do processo e dos projetos. Por última, para o orçamento estabeleceu a administração da estrutura organizacional, orçamento propriamente dito e sistema de recompensas.

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3 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO, ESTRUTURA E AMBIENTE

Nesta seção são explicados aspectos específicos, inerentes ao

planejamento estratégico, abordando alguns conceitos, seus tipos, níveis e críticas.

Assim como, tendo o planejamento estratégico surgido em decorrência da imensa

velocidade das transformações e do aumento da concorrência, características de um

período pós-guerra, com fins de viabilizar e facilitar o processo de tomada de

decisão nas empresas se fará seqüencialmente, uma breve contextualização do

processo de planejamento, seguindo-se à apresentação de um modelo do processo

de planejamento estratégico, segundo Tavares.

Para finalizar a seção, discute-se as dimensões contextuais “estrutura e

ambiente”, como modelo de análise do gerenciamento estratégico. Identificadas em

uma rica literatura, a configuração da estrutura deve se ajustar à estratégia e, esta

geralmente acompanha as mudanças ambientais.

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3.1 Abordagens ao Planejamento Estratégico

A década de 1990 foi denominada a “Era da Eficiência Operacional” em

razão das exigências do ambiente, no sentido de fazer melhor que os concorrentes,

em busca da eficiência nas melhores práticas empresariais, segundo Porter (2002).

O planejamento estratégico formal teve seu desenvolvimento a partir dos

clássicos trabalhos de Andrews, Chandler e Ansoff, entre outros (Mintzberg et al.,

2007). A idéia central desses autores apregoa a utilização de planos escritos, de

longo e médio prazo, e seus desdobramentos nas diferentes funções e níveis da

organização.

O planejamento estratégico integra um processo de gestão e o seu

desenvolvimento se desencadeia em fases que devem ser capazes de aproveitar as

oportunidades e pontos fortes, assim como, minimizar ou neutralizar as ameaças e

pontos fracos apresentados pelo ambiente. Por conseguinte, refere-se a um

processo de reflexão que conduz uma organização na definição dos principais

objetivos, políticas e estratégias.

Para alcançar tal mister, esse processo deve seguir uma metodologia

adequada, podendo a mesma sofrer alguma adaptação para atender as

características da organização. Essa metodologia é utilizada para garantir a

otimização da capacidade dos gestores e possibilitar a participação de todos os

envolvidos que possam contribuir para a produção do melhor conjunto possível de

diretrizes.

Na literatura existem diversas definições para o termo ‘Planejamento

Estratégico’, conduzindo para sentidos semelhantes. Torna-se então, pertinente,

enfocar alguns conceitos que contribuam para a contextualização dessa ferramenta

administrativa.

Nesse sentido, Tavares (2000) apresenta o conceito de planejamento

estratégico enquanto “a técnica administrativa que objetiva manter uma organização

como um conjunto apropriadamente integrado a seu ambiente, identificando

oportunidades e ameaças, pontos fortes e fracos para o cumprimento de sua

missão”.

De acordo com Oliveira (2003, p. 47) o planejamento estratégico pode ser

visto como uma atividade gerencial que possibilita aos executivos o estabelecimento

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de uma direção para a organização, visando maior grau de interação com o

ambiente, definindo-o como:

Processo administrativo que proporciona sustentação metodológica para se estabelecer a melhor direção a ser seguida pela empresa, visando a otimização do grau de interação com o ambiente e atuando de forma inovadora e diferenciada.

Por conseguinte, Vasconcelos Filho e Pagnoncelli (2001), descrevem o

planejamento estratégico como uma técnica administrativa que cria a consciência de

suas ameaças e oportunidades, de seus pontos fortes e fracos para o cumprimento

dos objetivos, motivando a organização na escolha e construção de futuro desejado.

Levando em consideração as acepções conceituais descritas, conclui-se

acrescentando que o conhecimento e discernimento das funções do planejamento

estratégico são essenciais para o processo de sua implantação, (Tavares, 1991).

Para tanto, as principais funções do PE resultam em: interação entre a organização

e seu ambiente, coerência ao processo decisório, direção dos objetivos e ação,

adequação de modelos organizacionais às demandas ambientais, otimização na

alocação de recursos, avaliação e controle.

3.1.1 Considerações sobre o Processo de Planeja mento Estratégico

A organização que escolhe implantar a gestão estratégica adota e institui,

concomitantemente, uma linguagem comum, com o intuito de oferecer um

significado e direção ao processo selecionado. Para tanto, a organização

empreende o desenvolvimento de conceitos e posturas concernentes a gestão

estratégica. (TAVARES, 2000)

O Planejamento Estratégico diz respeito à determinação de diretrizes

estratégicas em nível macro, e diretrizes táticas em nível de áreas. Segundo Motta

(1984, p. 11):

O planejamento estratégico se volta para o alcance de resultados, através de um processo contínuo e sistemático de antecipar mudanças futuras, tirando vantagem das oportunidades que surgem, examinando os pontos fortes e fracos da organização, estabelecendo

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e corrigindo cursos de ação a longo prazo. Portanto, é essencialmente um processo gerencial, que se concentra nos níveis hierárquicos mais elevados da organização e

que não pode ser concebido como atividade clássica de planejamento, delegável a comissões ou grupos de planejamento. Constitui a essência da gerência de alto nível sobre a qual recai o maior peso da responsabilidade externa e interna pelos rumos da organização.

Seguindo essa premissa, ressalta-se que a gestão estratégica pauta-se

pelo estabelecimento do planejamento estratégico como ferramenta administrativa,

para o delineamento das estratégias organizacionais, com vistas ao melhor

aproveitamento das oportunidades e neutralização das ameaças ambientais.

Segundo Tavares (2000), os modelos de planejamento estratégico formal

clássico e suas derivações têm por objetivo nortear o processo de elaboração de

estratégias de sucesso para as organizações.

3.1.2 Níveis do planejamento estratégico

O planejamento, entendido como ferramenta administrativa, é processado

em três níveis: o estratégico, o tático e o operacional. Os respectivos níveis mantêm

relação com a hierarquia organizacional e com o tempo para o qual é projetado, ou

seja, se remetem à longo, médio ou curto prazo. Seus objetivos e objetos de análise

também se diferem no que diz respeito ao seu alcance (parte ou empresa como um

todo).

Conforme Oliveira (2003, p. 45), apesar de apresentarem diferenças em

seus focos, os níveis de planejamento devem guardar estreita relação, como pode

ser visto na FIG. 4. Verifica-se que, os planejamentos estão subordinados ao

planejamento estratégico e a esse devem se alinhar. Esse alinhamento10 assegura

que a organização caminhe para uma mesma direção, atingindo seus resultados

como um todo.

10 A consideração citada refere-se ao alinhamento das estratégias, visto que “embora a necessidade de conexões unificadoras e de processos de alinhamento possam parecer óbvia e direta, muitas empresas não interligaram suas unidades de negócio e de serviço, compartilhado à estratégia divisional e corporativa. (KAPLAN e NORTON, 2000, p. 177). Assim, alinhamento não está se referindo à passividade e sim entendimento e compreensão dos objetivos da organização.

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NÍVEL Decisões Planejamento

ESTRATÉGICO estratégicas estratégico

NÍVEL Decisões Planejamento

TÁTICO táticas tático

NÍVEL Decisões Planejamento

OPERACIONAL operacionais operacional

FIGURA 4 - Níveis de decisão e tipos de planejamento

Fonte: Oliveira, 2003, p. 45

Dessa forma vê-se que os níveis do planejamento demonstram sua a

amplitude nas organizações. Todavia, estas classificações não são independentes

entre si, ou seja, existe por exemplo, uma relação de sobreposição nos planos

estratégicos e planos de longo prazo. A correlação se faz de acordo com o nível

hierárquico e o tempo de vigência.

3.1.3 Tipos de Planos

A classificação dos planos também se faz possível, tomando por

referência, o prazo e os objetivos. Portanto, considerando-se os dois fatores citados,

tem-se a identificação dos três tipos de planos, o estratégico, tático e operacional.

(ROBBINS, 2006)

O plano estratégico, estando sob responsabilidade da alta administração

da organização, estabelece os objetivos globais e busca de posicioná-la em termos

de seu ambiente. Quanto ao tempo, o mesmo tende a abranger um período extenso

de tempo, de cinco anos ou mais. Ainda, este tipo de plano se aplica à organização

como um todo, cobrindo uma área mais ampla e lidam menos com particularidades.

O plano tático, desenvolvido no nível intermediário da organização, refere-

se a planos que especificam os detalhes de como os objetivos organizacionais

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globais devem ser alcançados. Contém o desdobramento dos objetivos e

estratégias do nível superior, com a finalidade de melhor utilização dos recursos

para a consecução dos resultados propostos. No tocante ao prazo, o plano tático

tende a cobrir um período menor de tempo que o anterior, considerado de médio

prazo e elaborado para um período de até cinco anos.

Por último, o plano operacional corresponde a um conjunto de partes

homogêneas do plano tático, com amplitude mais restrita. Quanto ao conteúdo,

possuem objetivos mais estreitos e mais limitados. No que se refere ao tempo, o

este plano é de prazo curto, ou seja, abrange menos de um ano. (ROBBINS, 2006;

OLIVEIRA, 2003)

3.1.4 Visão Crítica do Planejamento Estratégico

O planejamento estratégico formal utilizado com freqüência pelas

organizações atuais é também alvo de críticas de autores, que o denominam de

burocrático e rígido. Outro aspecto mencionado pelos críticos refere-se à sua

utilização como instrumento de controle dentro das organizações. (MINTZBERG,

2007; TAVARES, 2000).

Ressalta-se que a efetiva execução operacional na prática, guarda restrita

relação com o que foi planejado previamente. Nesse aspecto, pode-se verificar o

uso de termos distintos na literatura, estabelecendo-se estratégia realizada (a que

efetivamente foi posta em prática), estratégia emergente (decorrente das

adaptações ao ambiente) e estratégia deliberada (a que tinha sido previamente

planejada). Para tanto, a estratégia realizada seria uma soma das duas últimas.

(MINTZBERG et al, 2007)

A falta de sincronia e uniformidade entre o que foi planejado e o que é

executado pela organização, tem sido a crítica mais recorrente ao processo de

formulação formal. Para Mintzberg (2007), essa circunstância poderia ser resolvida

ou amenizada com a incorporação de um “pensamento estratégico”11, que consistiria

11 Pensamento estratégico trata-se do pensamento que o tempo todo leva em conta a estratégia e a criação de valor, focalizado na intenção estratégica, analisando passado, presente e futuro, e movido a hipóteses. (Coletânea Estratégia e planejamento, organizada por Carlos Alberto Júlio e José Salibi Neto, 2002).

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no desenvolvimento do processo de formulação estratégica de forma mais

integrada e com apoio da intuição e da criatividade.

3.1.5 Metodologia do Planejamento Estratégico segu ndo Tavares (2000)

Existe uma vasta literatura sobre planejamento estratégico, apresentando

inúmeras metodologias de elaboração e implementação de estratégias, que trazem

perspectivas semelhantes, podendo citar alguns autores: Andrews, 1980; Ansoff,

1990; Porter, 1986; Costa, 2003; Mintzberg & Quinn, 1998; Certo E Peter, 1993;

Tavares, 2000; Mintzberg, 2007.

Contudo, o modelo de metodologia demonstrado será o de Tavares

(2000), conforme FIG. 5. A escolha se deu em razão do modelo que melhor se

adequa à organização em estudo e ter sido utilizado como uma das bases teóricas

no planejamento estratégico da PMMG dos anos de 2004 a 200712, como explicitado

pelo Coronel PM Renato Vieira de Souza, durante suas aulas, na disciplina de

Planejamento Estratégico do Curso de Especialização de Segurança Pública –

CESP.

FIGURA 5 - Etapas do processo de planejamento estratégico

12 Nas referências bibliográficas do Plano Estratégico da PMMG, dos anos 2004/2007 encontra-se a citação do livro “Gestão Estratégica”, do autor Mauro Calixta Tavares, 2000.

(2) Análise macroambiental

(3) Análise do ambiente

competitivo e dos tipos de

relacionamento do ambiente

(4) Análise do ambiente interno

(9 a 11)Avaliação e controle Gerenciamento e responsabilidades

(5) Valores e políticas

(1) Negócio Visão

Missão Competências

distintivas

(8)Elaboração do orçamento

(6)Formulação e implementação de

estratégias

(7)Definição de objetivos

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Fonte: TAVARES, 2000, p. 156

A visão geral da metodologia, conforme exposta acima, fornece a

sistematização do que deve ser analisado e construído, etapa a etapa, para a

elaboração do planejamento estratégico de uma organização. Nessa perspectiva,

se fará uma breve e resumida consideração dos aspectos gerais que constituem as

respectivas etapas.

Etapa 1 – Delimitação do negócio, formulação da visão, da missão e o inventário

das competências distintivas.

Nessa etapa realiza-se a reflexão do espaço de negócio desejado pela

organização, desde o significado de sua existência até o que deve ser atingido para

que seja diferente de outras organizações, com vistas ao futuro esperado.

A definição do negócio compreende uma escolha que diz respeito às

condições do ambiente externo da organização. Tendo definido o negócio, procede-

se a formulação da visão13 e da missão14.

Etapa 2 – Análise macroambiental

De acordo com a concepção de Tavares (2000), no nível externo da

organização estão as variáveis macroambientais, sendo que este macroambiente é

constituído de forças que se apresentam enquanto ameaças e oportunidades, que

influenciam a organização.

Para Tavares (2000), o ambiente externo da organização é composto pelos

fornecedores, concorrentes, órgãos governamentais, sindicatos e associações,

comunidade local, imprensa e público em geral. Na análise dessa etapa são levadas

em consideração as principais variáveis macroambientais: conjuntura econômica,

estruturas sociais, ações do governo, legislação em vigor, demografia, cultura,

tecnologia e ecologia.

Também conhecido como ambiente externo, caracterizando-se como

sendo “as oportunidades e ameaças do mundo externo a organização que poderão

13 A visão inclui o cenário de atuação da organização, semelhante a um sonho, estabelecendo um foco de direção rumo ao futuro. (Tavares, 1991) 14 A missão corresponde ao enunciado do papel que a organização pretende desenvolver em torno do seu negocio. (Tavares, 1991)

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afetar as suas ações estratégicas e sobre as quais ela não exerce controles

diretos” (RICHERS, 1981).

Após sistematizado as dimensões desse macroambiente, desenvolve-se

as correspondentes hipóteses das possibilidades dos impactos negativos ou

positivos que podem afetar a organização. A essa configuração de hipóteses, dá-se

o nome de cenários, que corresponde ao desenvolvimento de ambientes futuros.

Citado por Tavares (2000) como segundo nível do ambiente externo, com

proximidade e influência mais direta na organização, são os denominados públicos

externos, com relevância e interesses de relacionamento. Os segmentos apontados

pelo autor englobam os acionistas, imprensa, associações e sindicatos, comunidade

local, financiadores, fornecedores, concorrentes e públicos em geral.

Etapa 3 – Análise do ambiente competitivo

Equivale-se a avaliação das forças competitivas que atuam sobre a

organização, atingindo-a de alguma forma. Para diagnosticar a vantagem

competitiva, considera-se a cadeia de valores15 referentes à infra estrutura, a

gerencia de recursos humanos, a tecnologia, marketing e serviços . A vantagem

competitiva refere-se a diferença da organização em relação aos seus concorrentes

e compreendida em termos do valor atribuído pelos clientes.

Etapa 4 – Análise do ambiente interno

A análise do ambiente interno propicia a identificação e conhecimento dos

pontos fortes e pontos fracos da organização. Consiste basicamente em realizar um

diagnóstico levantando a situação atual interna da organização, confrontando-a com

a pretendida. Pode ser realizado por consultoria externa ou pessoas da própria

organização. Alguns fatores de interesse que podem ser analisados são os produtos

e serviços atuais e novos, imagem institucional, sistema de informação, estrutura

organizacional, tecnologia, fator humano, controle e outros.

Etapa 5 – Valores e políticas

15 Toda empresa em uma reunião de atividades que são executadas para projetar, produzir, comercializar, entregar e sustentar seu produto. Todas essas atividades podem ser representadas com o uso de uma cadeia de valores. A cadeia de valores de uma empresa e o modo como ela executa atividades individuais são um reflexo de sua historia. As atividades de valor são as atividades

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Nessa fase a organização busca explicitar as crenças que irão pautar

suas ações e sustentar a implementação do processo de gestão estratégica. Devem

ser específicos, públicos, claros, obrigatórios e possíveis de reformulação. As

políticas devem expressar a vontade da organização em ter normas que orientem

seu processo decisório. (TAVARES, 2000)

Etapa 6 – Formulação e implementação das estratégias

A avaliação do ambiente somado a rigorosa avaliação do ambiente

interno, serão o ponto de partida para a formulação da estratégia. “Deve resultar a

partir do estabelecimento do escôo competitivo, perspectiva apresentadas pelos

cenários, análise dos relacionamentos e do ambiente competitivo.” Na elaboração da

estratégia, procura-se explorar as oportunidades e minimizar ou neutralizar as

ameaças. (TAVARES, 2000)

A implementação da estratégia abrange três dimensões: a coordenação e

integração de esforços entre as áreas e departamentos, para concentração de

esforços; o comprometimento das pessoas envolvidas; a competência técnica e

gerencial no equacionamento e solução dos problemas.

Etapa 7 – Definição de objetivos

Assim como as estratégias, os objetivos estratégicos estão baseados nos

cenários futuros da organização e devem ser metas mensuráveis que a organização

se compromete a alcançar. Para defini-los deve haver uma dinâmica entre as

dimensões externa e interna da organização, em um movimento convergente entre

elas.

Na sua construção podem ser delineadas para o posicionamento da

organização, a orientação da ação, definição do ritmo dos negócios, motivação do

pessoal, avaliação de desempenho e racionalidade de esforços.

Etapa 8 – Elaboração do orçamento

Como integrante do plano de ação, sua elaboração processa-se na

definição dos objetivos. Sua alocação abrange todas as áreas da organização que

físicas e tecnologicamente distintas, por meio do qual a empresa cria um produto valioso para seus clientes. (Porter, 1991, p. 41)

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necessitam desse recurso. Deve sofrer um processo de aprovação para sua

execução, assim como admite-se a avaliação, para correção de possíveis desvios.

Etapa 9 a 11 – Envolve a definição de parâmetros de avaliação e controle.

Compreende a formulação de um sistema de gerenciamento e responsabilidades no

acompanhamento de implementação e execução das estratégias.

Por fim, o planejamento estratégico vislumbra o alcance da efetividade,

considerando o cumprimento das metas estabelecidas, implantando-se as

estratégias formuladas que seguiram um método, visando uma vantagem

competitiva.

A avaliação consiste no mecanismo para medir essa efetividade, com o

papel de identificar o impacto das decisões do processo estratégico, verificar o

possível distanciamento entre os objetivos existentes e seu cumprimento. O

controle facilita o monitoramento do constante no plano e seu real cumprimento.

A execução da avaliação e controle permite e facilita o processo de

gerenciamento com um feedback que realimenta toda a gestão estratégica.

3.2 Dimensões Contextuais do Planejamento: Estrutur a Organizacional e

Ambiente

A vinculação entre a estratégia, estrutura e ambiente é tema bastante

abordado por diversos autores (Lawrence e Lorst, 1973; Mintzberg, 1995, 2007;

Chandler, 1998; Richers, 1981; Daft, 1999). A estrutura normalmente tende a refletir

a adoção de uma ou outra estratégia estabelecida pela organização, e esta

geralmente acompanha as mudanças ambientais.

A estrutura organizacional é concebida como um dos fatores

fundamentais que facilita o processo de tomada de decisão. Nesse sentido, uma

estrutura inadequada pode também inviabilizar a implementação de uma estratégia.

Portanto, torna-se recorrente que a organização incorpore um modelo de gestão

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flexível, o bastante, para facilitar a gestão estratégica, permitindo um bom

desempenho administrativo e funcional.

O papel da estrutura nas organizações é possibilitar a previsibilidade do

comportamento de seus membros, mapear suas relações de subordinação e

proporcionar o alcance dos objetivos organizacionais.

Para o alcance desses objetivos organizacionais, delimitando-se a

abordagem de interesse direto do estudo, tomam-se para análise organizacional, as

dimensões contextuais: ambiente, metas e estratégias, dimensão, tecnologia, cultura

e estrutura, conforme FIG. 6 . Por sua vez, seguindo a problemática proposta, serão

discutidas duas dessas dimensões, a estrutura e o ambiente, sendo que a estratégia

já fora analisada anteriormente.

FIGURA 6 – Modelo de análise

Fonte: DAFT ,1999, p. 10

É possível perceber que há uma intercessão ligando as diversas

dimensões organizacionais. Conforme mencionado, para este estudo, serão

analisadas as dimensões, estrutura e ambiente, foco deste estudo.

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3.2.1 A Estrutura Organizacional

A organização sempre está inserida em um ambiente que exerce

influência sobre sua forma de atuar e seu conseqüente desempenho, estando sob

um conjunto de condições que vão desde a economia, tecnologia, demografia,

política até a ecologia. Observa-se que esse ambiente encontra-se em constate

mudança. Por sua vez, essas mudanças exigem que a organização se adapte a

elas, modificando e implantando novas estratégias.

Para que essa estratégia consiga atingir um alto grau de desempenho,

autores como Chandler (1998 ) afirmaram que seria preciso, acima de tudo,

proceder a adequação, a fim de adaptar a estrutura interna da organização à

estratégia escolhida.

Na abordagem sobre estrutura organizacional, de forma heterodoxa, mas

de enorme importância para a administração organizacional, o estudioso Alfred

Chandler, na versão final de Strategy and Structure16 em 1962, apresenta crises e

sucessos de quatro mega-empresas norte americanas – Du Pont, General Motors,

Standard Oil e Sears, Roebuck, que conduziram-nas a adotar uma estrutura

multidivisional17, representando a revolução e inovação organizacional.

De acordo com Chandler (1998), a estrutura das empresas deve se

ajustar às estratégias por ela adotadas, para levar em consideração as mudanças do

meio ambiente externo. Segundo o autor, assim como a estratégia deve se adaptar

às oportunidades e às ameaças colocadas pelo ambiente externo, a estrutura deve

seguir a estratégia, ou seja, a estrutura organizacional deve ser vista como um

recurso para possibilitar a operacionalização das estratégias adotadas pela

organização.

16 Obra de Alfred Chandler, Strategy and Structure, foi publicada em 1962. 17 As citadas empresas migraram de uma estrutura organizacional centralizada e funcionalmente departamentalizada, para uma estrutura descentralizada. A estrutura multidivisional refere-se a várias divisões operacional, administrada por um escritório geral. O escritório geral compõe-se de executivos gerais e um amplo quadro de consultores financeiros e assessores. Além de coordenar, monitorar e avaliar o desempenho das divisões, o escritório geral faz plano para o crescimento da empresa e aloca os recursos materiais e humanos necessários à execução desses planos. A forma multidivisional foi adotada pelas grandes empresas gerenciais, geralmente centralizadas, ao ingressarem em novos mercados geográficos e de produtos. Quando uma empresa diversificava ou passava a operar em áreas geográficas distantes, isso implicava a adoção de alguma variante da forma multidivisional de organização. (Chandler, 1998)

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No conceito de estratégia definida por Chandler, encontram-se

dimensões conceituais que contribuem para o sustentáculo da assertiva de que “a

estratégia precede a estrutura”. Por conseguinte, o autor op cit (1998, p.21), na

retaguarda dessa afirmação, acrescentou que:

[...] as empresas, assim como outras organizações, são governadas por inércia; só mudam de orientação (ou de estratégia) quando obrigadas pelas pressões competitivas; e uma mudança de estratégia somente tem êxito quando se faz acompanhar de uma mudança decisiva na estrutura organizacional.

Essas assertivas passaram a fazer parte do discurso do empresariado da

época, com o propósito de esclarecer a seus clientes sobre a necessidade e o

momento da mudança estratégica, para a legitimidade no ajuste de suas estruturas

organizacionais.

Perseguindo seu propósito, Chandler (1998) indaga o seguinte: “qual a

relação entre estrutura interna, estratégia e mudança econômica e tecnológica‽”.

Para responder essa questão, o autor realizou uma pesquisa comportamental das

50 maiores empresas norte-americana.

No estudo, verificou-se que a estratégia que marca o surgimento da

grande empresa foi basicamente a integração vertical, com uma estrutura

geralmente centralizada. Nas empresas verticalmente integradas, as funções mais

importantes foram departamentalizadas. Geralmente, o presidente e o vice

presidente integravam a coordenação dos diversos departamentos. A coordenação

necessária para viabilização da integração desses departamentos ocorria em uma

estrutura operadora centralizada, portanto uma organização centralizada.

Depois de 1900 assistiu-se à notável expansão da indústria elétrica,

advento da indústria automobilística e a grandes mudanças na indústria de

implementos e máquinas motrizes. Atribuem-se às essas mudanças econômicas e

tecnológicas a probabilidade de mudanças organizacionais, no sentido do

desenvolvimento de novos produtos e processos e de novas formas de estrutura e

estratégias empresariais.

Depreende-se, do exposto acima, que quando o desenvolvimento e a

integração da organização estão concentrados em condições menores, elas têm

relativamente pouca dificuldade em gerir suas atividades mediante estruturas

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organizacionalmente centralizadas e funcionalmente departamentalizadas. Em

situação contrária, essa estrutura demonstra-se ineficiente e limitada.

Observou Chandler que, a diversificação de produtos em duas empresas

de equipamentos elétricos, demandou a criação de cadeias de distribuição e varejo.

Em outro ramo de atividade, registrou-se que produtos originados nos laboratórios

de pesquisas tendiam a organizar-se em unidades mais autônomas, portanto

implantou-se estruturas descentralizadas.

De maneira destacada, tem-se a General Electric, que até depois da II

Guerra Mundial, manteve uma estrutura complexa, com duas formas organizacionais

concomitantes, sendo parte centralizada e parte descentralizada. Logo em seguida,

assiste-se na empresa à tentativa de simplificação, porém os planos foram

protelados pela guerra.

Em 1946, com a sucessão da sua presidência à Ralph Cordiner,

presencia-se a redefinição estrutural da empresa, movida pelas mudanças

estratégicas de crescimento, com a criação de novos produtos, sendo que a nova

estrutura, conforme Chandler, (1998, p. 80) assim se arranjou:

Cordiner prontamente redefiniu as atividades da empresa conforme as linhas de produtos, criando seis novos departamentos principais [...]. Cada qual era chefiado por um alto executivo que controlava todas as funções necessárias e era responsável pelo desempenho financeiro de todos os produtos de seus departamentos. Os antigos departamentos funcionais tornaram-se unidades consultivas com funções de planejamento e coordenação. As políticas e os planos da empresa eram estabelecidos por comitês que geralmente incluíam os três executivos gerais.

De maneira concreta, por meio do exemplo citado, confirma-se uma

situação em que o estabelecimento de novas políticas e mesmo a expansão

organizacional e ambiental dirigiram e exigiram adequação estrutural, redefinindo o

desenho organizacional e funcional da empresa.

Entretanto, na General Electric, a reorganização não parou por aí. Após

quatro anos, o mesmo presidente subdividiu os departamentos em mais de 70

unidades, extinguindo também os comitês de planejamento e coordenação. Nesse

caso, a estrutura passou, de acordo com os escritos de Chandler (1998, p. 83) a

funcionar assim:

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A supervisão e o planejamento de várias unidades foram confiados a um gerente geral de divisão, que não tinha auxiliares para não conflitar com os chefes de departamento.

Na sede, designaram-se quatro novos vice-presidentes de grupo. Individualmente eles avaliavam o desempenho dos vários departamentos e divisões colocados sob sua orientação. Coletivamente eram responsáveis – junto com o presidente, o presidente do conselho de administração e o chefe dos departamentos de serviço – pelas políticas gerais.

Portanto, no exemplo demonstrado, a estrutura tem conformação

descentralizada, constituída por unidades operacionais autônomas, com a instalação

de uma sede coordenada por executivos gerais e assessorias especializadas18.

Tudo isso derivou de uma estrutura organizacional centralizada e funcionalmente

departamentalizada.

Percebe-se claramente que a estrutura anterior denotara inadequada para

comportar a diversificação de produtos e serviços novos. “Fundamentalmente, a

nova estrutura foi a resposta organizacional à estratégia de diversificação de

produtos desenvolvida nos anos 20.” (CHANDLER, 1998)

Por fim, considera-se por meio do exposto, ter apresentado e

demonstrado a vinculação com devida justificação do corolário assertivo de que a

estratégia precede a estrutura para atender às condições ambientais. Nesse

sentido, as empresas que sobreviveram e expandiram foram aquelas em que se

administrou com habilidade a adaptação de sua estratégia às oportunidades do

ambiente e devido ajuste da estrutura, para um mínimo de conflito na

implementação da estratégia.

- Conceitos de Estrutura

Na discussão sobre estratégia e estrutura, já tendo situado as acepções

da palavra estratégia em seção anterior, procede neste caso, reportar ao que vem

sendo considerado como estrutura, em referência ao que se discutiu anteriormente.

Assim, a denotação emprestada ao vocábulo, na concepção de Chandler

(1998, p.136), pode-se dizer que estrutura refere-se ao

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Modelo de organização pelo qual se administra a empresa. Tal modelo, formal ou informalmente definido, apresenta dois aspectos. Abrange em primeiro lugar, as linhas

de autoridade e comunicação entre os diferentes níveis e funcionários administrativos e, em segundo lugar, as informações e os dados que fluem por essas linhas de comunicação e autoridade. Essas linhas e esses dados que fluem por essas estruturas são fundamentais para efetivamente garantir a coordenação, a avaliação e o planejamento, indispensáveis à execução de metas e políticas básicas e à concentração dos recursos totais da empresa.

Observa-se que nessa afirmativa, o autor apresenta dois aspectos

importantes na estrutura organizacional. Assim, primeiro inclui as linhas de

autoridade e de comunicação entre as diferentes unidades e seus integrantes.

Segundo, cita-se as informações e os dados que fluem através dessas linhas.

Um aspecto relevante é que essas linhas de autoridade e esses

dados/informações são essenciais para a garantia da coordenação, avaliação e para

o processo de planejamento, visto que, são extremamente necessários à formulação

das metas e políticas organizacionais.

Para Richers (1981), a estrutura é uma variável inteiramente dependente,

que embora possa ser modificada inúmeras vezes, de acordo com a conveniência

administrativa da organização, deve sempre acompanhar o intuito de adaptação

mais adequada para dar suporte à estratégia e atender às condições ambientais, a

fim de atingir o melhor desempenho.

Segundo Mintzberg (1995, p.10) “a estrutura de uma organização pode

ser simplesmente definida como a soma total das maneiras pelas quais o trabalho é

dividido em tarefas distintas e como é feita a coordenação entre essas tarefas.”

Essa definição enfatiza, de forma bastante simples, a divisão e a coordenação do

trabalho na organização através da estrutura que se adota.

Nos conceitos abordados, os principais elementos da estrutura

organizacional, que devem ser considerados na implementação da estratégia são: a

forma da divisão do trabalho e a especialização, as linhas hierárquicas, a amplitude

de controle, a departamentalização, a definição da centralização ou

descentralização, a comunicação e a distribuição da autoridade e responsabilidade.

18 Nota-se também em outro exemplo de descentralização, que uma vez implementada a estratégia de linha completa e a estrutura descentralizada, a General Motors rapidamente superou a Ford em lucros e participação no mercado.

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- Tipos de Estrutura

Para McGill apud Aleixo (2005, p. 30), a organização pode estabelecer

estruturas do tipo funcional, por projetos e matricial.

A organização de estrutura funcional estabelece o agrupamento das

pessoas por funções semelhantes, como recursos humanos, logística, financeiro,

operacional, dentre outras.

Na estrutura por projetos, as pessoas são dispostas em equipes,

utilizando como critério o projeto ou a pasta em que estão envolvidos naquele

período de tempo. Destaca-se que esse tipo de estrutura apresenta considerável

flexibilidade e alta eficácia nas respostas a mudanças ambientais.

Quanto à estrutura matricial, a organização incorpora funcionalmente as

pessoas em departamentos para fins de administração interna, e

concomitantemente as pessoas de dois ou mais departamentos são agrupados em

equipes por projetos. Trata-se de uma combinação entre os tipos Funcional e por

Projetos.

3.2.2 O Ambiente

O ambiente como variável genealógica das estratégias também hospeda

as ameaças e oportunidades que são forças incontroláveis da organização, bem

como as forças e fraquezas existentes no ambiente organizacional interno. A

habilidade da organização realizar com maior exatidão a avaliação do ambiente,

mais a possibilitará decifrar os sinais deixados nesse ambiente.

Depreende-se do arcabouço teórico que a maioria das mudanças

ambientais de mais concernência para a organização, em algum momento,

repercutem nos ´mercados` por ela visados. Associando-se à administração pública,

esses mercados podem obter a configuração de sociedade.

Chandler (apud Lawrence, 1973, p. 220), considera que as novas opções

estratégicas surgem de alterações ambientais: “o crescimento estratégico resultou

da consciência das oportunidades e necessidades – criadas pelas variações de

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população, renda e tecnologia, no sentido de empregar com maior rentabilidade

os recursos existentes ou em expansão.”

Percebe-se uma conformidade entre o pensamento de Lawrence

(1973) e Chandler (1998) ao afirmarem que diferentes condições de ambiente

exigem estruturas diferentes. Para este último autor citado, o ritmo de transformação

do ambiente cria a pressão em favor de uma modificação estratégica e

posteriormente estrutural.

Quanto ao ambiente organizacional, identificou-se dois fatores relevantes

ao processo de implementação estratégica dentro de uma organização

departamentalizada, de médio e grande porte. Esses fatores são a diferenciação e a

integração. A explicação mais conducente indica que à divisão do trabalho entre os

departamentos e a necessidade do esforço unificado conduzem a um estado de

diferenciação e integração dentro da organização. (Lawrence e Lorsch, 1973)

A diferenciação é compreendida como “as diferenças de atitude e

comportamento” ou “diferença entre orientação cognoscitiva e emocional nos

diferentes departamentos funcionais”, quanto ao modo de agir e de pensar

desenvolvidos pelos administradores de unidades funcionais. Em uma elucidação

bem restrita, mas pertinente, visto que o assunto é amplo, a diferenciação entre

unidades pode se referir à orientação das tarefas e ao formalismo da estrutura.

Lawrence e Lorsch (1973, p. 26-27), apresentam quatro dimensões

específicas das diferenças, a saber:

a) Em primeiro lugar, as diferenças entre os administradores em

diferentes tarefas funcionais na sua orientação dirigida a metas particulares.

b) Em segundo lugar, as diferenças na orientação relativa ao tempo

possuído pelos administradores em diversas partes da empresa.

c) Em terceiro lugar, as diferenças na maneira em que os administradores

de vários departamentos funcionais tratam tipicamente com seus colegas, isto é com

sua orientação interpessoal.

d) A quarta dimensão é a variação no formalismo da estrutura.

Lawrence e Lorsch (1973, p. 28) definem integração como a qualidade do

estado de colaboração existente entre departamentos necessários para realizar a

unidade de esforço de acordo com as exigências do ambiente. Para os autores, a

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integração não se consegue por um processo automático, por meio da simples

expedição de ordem através da hierarquia administrativa.

Finalizando a abordagem sobre os aspectos do ambiente organizacional,

exprimem-se a seguir, algumas considerações sobre o conceito de ambiente,

elaborados por alguns autores da área.

Na definição de Richers (1981, p. 25), tem-se a argumentação expressando

dois sentidos de ambiente:

Um deles mais lato e o caracteriza como sendo as oportunidades e ameaças do mundo externo à empresa que poderão afetar as suas ações estratégicas e sobre as quais ela não exerce controles diretos. Num sentido mais restrito, ambiente também pode ser entendido como sendo as oportunidades e ameaças dos mercados em que a empresa opera ou pretende operar.

Percebe-se que os enfoques atribuídos ao ambiente, remetem à

organização inserida em um ecossistema maior, onde o primeiro sentido refere-se

ao ambiente externo e o segundo diz respeito às condições internas da própria

organização.

O ambiente remete a todo o universo que envolve externamente uma

empresa tomada como ponto de referencia, ou seja, tudo aquilo que está situado

fora da empresa. O ambiente é a própria sociedade maior, constituída de outras

empresas, organizações, grupos sociais e outros.

As organizações não vivem isoladas, nem mesmo são auto-suficientes.

Ao contrário, funcionam dentro de um contexto, do qual tem uma relação de inter-

dependência. É do ambiente que as empresas obtêm os recursos e informações

necessárias para sua subsistência e funcionamento, e é no ambiente que colocam

os resultados de suas operações. Essa é a idéia contida na concepção de Richers

sobre ambiente como lócus em que a organização está inserida.

Daft (1999, p.54) aponta que o “ambiente organizacional é definido como

todos os elementos que existem fora dos limites da organização e que têm o poder

de afetar toda ou parte dela.”

Mintzberg (1995, p.140) destaca que “não é o ambiente de per si que

importa, mas a habilidade da organização para enfrentá-lo – para predizê-lo,

compreendê-lo, tratar com sua diversidade e responder rapidamente a ele. E propõe

cinco hipóteses de respostas organizacionais às condições ambientais:

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Hipótese 1 – quanto mais dinâmico o ambiente, mais orgânica será a

estrutura.

Hipótese 2 – quanto mais complexo o ambiente, mais descentralizada será a

estrutura.

Hipótese3 – quanto mais diversificados forem os mercados e áreas geográficas

da organização, maior a propensão para ela se dividir em unidades por mercado.

Hipótese 4 – a extrema hostilidade em seu ambiente leva qualquer organização a

centralizar temporariamente sua estrutura.

Hipótese 5 – disparidades no ambiente encorajam a organização a descentralizar

seletivamente em constelações diferenciadas de trabalho.

A questão chave em termos de ambiente organizacional é qual o tipo de

resposta a organização dará para as condições ambientais em que se encontra

inserida, ou seja, qual será sua estrutura em termos de departamentalização,

integração organizacional, planejamento e coordenação.

3.3 O Modelo das Configurações Estruturais de Min tzberg

O modelo das configurações estruturais de Mintzberg contribui para o

estudo, no aspecto de apresentar a classificação das organizações e mostrar a

identificação das tendências evolutivas.

Esse modelo inova a visão estruturalista, visto que, teoricamente,

demonstra a possibilidade de uma organização assumir cinco tipos de configurações

ao longo do tempo, e especificamente neste caso, para se ajustar à gestão das

estratégias para alcançar o seu desempenho e o resultado desejado.

a) Os mecanismos de coordenação

Mintzberg (1995) especifica cinco mecanismos de coordenação das

tarefas dentro de uma organização. Eles compreendem em:

• ajustamento mútuo – refere-se à coordenação do trabalho pelo simples processo

da comunicação informal;

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• supervisão direta – trata-se da coordenação por intermédio de uma pessoa

que se responsabiliza pelo trabalho dos outros, tanto no aspecto de lhes oferecer

instruções, quanto na monitoração de suas ações;

• padronização dos processos de trabalho – esse mecanismo se realiza pela

especificação e programação da execução do trabalho;

• padronização dos resultados – especificação das saídas, dos resultados, ou seja,

medido pela produção ou o desempenho;

• padronização das habilidades dos trabalhadores – relaciona-se à especificação da

espécie de treinamento necessário para execução do trabalho.

Os níveis dos meios de coordenação do trabalho se desencadeiam do

mais simples, que trata do ajuste mútuo à supervisão direta, e por último para a

padronização. Isso parece ocorrer de acordo com o grau de complexidade do

processo de trabalho.

b) As Cinco Formas de Operar da Organização

Mintzberg (1995) distinguiu cinco formas de demonstrar como uma

organização pode operar, sendo o seguinte:

• Fluxo de autoridade formal – é indicado pela representação constante do

organograma, que expõe a divisão do trabalho em unidades e como a autoridade

formal emana sobre elas. Destaca-se a supervisão direta.

• Fluxo da atividade regulamentada – concebe-se por ordens e instruções

hierarquizadas, ou seja, de cima para baixo; ainda, pela retro-informação dos

resultados gerados, e pelas informações e recomendações. Concentra-se no modelo

da padronização.

• Fluxo de comunicações informais – representa um desenho demonstrando quem

comunica com quem, estabelecendo uma rede de comunicação informal, além de

indicar centros de poder dentro da organização que podem suplementar ou

neutralizar o poder formal. Ênfase no ajustamento mútuo.

• Conjunto de constelações de trabalho – constituído pela agremiação de amigos

para realizar um trabalho. Não há uma padronização de forma de trabalho, sendo

que cada agrupamento ou constelação de trabalho atua de forma distinta na

administração da equipe, de acordo com o nível hierárquico.

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• Fluxo de um processo decisório específico – o fluxo de uma decisão

estratégica é demonstrado do início até o fim.

Pode-se inferir, a partir do exposto e analisando a combinação dessas

cinco formas de como uma organização pode funcionar, o quão complexo é o

funcionamento de uma organização.

c) Os Cinco Componentes Básicos da Estrutura

Segundo Mintzberg (1995), qualquer estrutura organizacional é composta

por cinco componentes básicos (níveis hierárquicos), assim apresentados:

a) Cúpula Estratégica: Neste nível encontram-se os cargos com total

responsabilidade pela organização. Essa cúpula é encarregada de assegurar que a

organização cumpra sua missão de maneira eficaz e satisfaça as exigências

daqueles que controlam e/ou exercem poder sobre a organização;

b) Linha Intermediária: É a cadeia de gerentes com autoridade formal que

faz a ligação entre a cúpula estratégica e o núcleo operacional;

c) Tecnoestrutura: Nesse nível são encontrados os analistas, que prestam

serviços à organização, atuando sobre as tarefas dos outros. São encarregados de

padronizar as atividades organizacionais;

d) Assessoria de Apoio: Nesse nível encontram-se as atividades de apoio

da organização fora de seu fluxo de trabalho operacional.

e) Núcleo Operacional: Engloba os participantes que realizam o trabalho

básico, diretamente relacionado com a produção de bens e serviços e sua

comercialização.

d) As Cinco Configurações Estruturais

De acordo com as diferentes circunstâncias, as estruturas foram

classificadas em: estrutura simples; burocracia mecanizada; burocracia profissional;

estrutura divisionalizada e adhocracia, segundo Mitnzberg (1995).

1) Estrutura Simples: Na estrutura simples a coordenação é realizada

principalmente pela supervisão direta. No aspecto do poder, as decisões mais

importantes geralmente tendem a ser centralizadas nas mãos do executivo principal.

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A cúpula estratégica é a parte central da organização de estrutura simples. Em

razão dessa centralidade vertical, a responsabilidade pelo processo de formulação

da estratégia da organização submete-se ao principal executivo, tornando o

processo pouco analítico. (MINTZBERG, 1995)

A estrutura simples pode funcionar adequadamente sob condições de um

ambiente simples e dinâmico, assim como dispensa uma forma burocrática e

formalizada. As organizações novas às vezes deixam de fazer uma consideração

mais refinada do seu ambiente, sendo mais comum a adoção dessa estrutura

simples. (MINTZBERG, 1995).

Algumas críticas pertinentes à esse tipo de estrutura são a centralidade

nas mão de poucas pessoas e risco de haver interposição entre questões

estratégicas e operacionais.

2) Burocracia mecanizada: A burocracia19 mecanizada apresenta como

principais parâmetros de delineamento desse tipo de estrutura: especialização do

trabalho vertical e horizontal; tarefas operacionais com procedimentos rotineiros, ou

seja, rotina padronizada por meio de normas, regulamentos e comunicações; o

trabalho se agrupa de acordo com a função, recorrente a unidades operacionais de

dimensão maior; o poder é centralizado verticalmente quanto à tomada de decisão,

sendo limitada a descentralização20 horizontal, distinguindo-se autoridade de linha e

assessoria. (MINTZBERG, 1995)

Nessa estrutura destaca-se a coordenação pela padronização do

processo de trabalho. A elaboração da estratégia é feita de cima para baixo, com

19 O modelo Burocrático de Max Weber serviu de inspiração para uma nova teoria administrativa. As características da burocracia são: caráter legal, formal e racional, impessoalidade, hierarquia, rotinas e procedimentos padronizados, competência técnica e meritocracia, especialização, profissionalização, e completa previsibilidade do funcionamento.

20 Borja (apud CKAGNAZAROFF, 1995) caracterizou três formas distintas de descentralização:[...] Descentralização territorial – Este processo objetiva fazer com que os habitantes de uma região sejam representados através da eleição de pessoas para uma organização [...] neste tipo de descentralização a capacidade de investimento pode ser distribuída entre as unidades descentralizadas, a execução das políticas pode ser melhorada, os planos podem refletir de maneira mais adequada às necessidades dos cidadãos. Descentralização funcional – é um tipo de descentralização setorial que procura uma gerência pública mais flexível e ágil através do estabelecimento de organizações autônomas com o objetivo específico em determinado setor. A intenção é tornar a administração mais próxima do cidadão.

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grande ênfase no planejamento para a ação. E uma das tarefas desenvolvidas

pela linha intermediária refere-se ao suporte do fluxo vertical na estrutura, mediando

informações entre o nível estratégico e baixando planos de ação para o nível

operacional, o que faz com que a alta administração receba informações filtradas,

com atraso e às vezes abstratas.

A burocracia mecanizada inclui como condições de funcionamento

adequado que o ambiente em que a organização se insere seja simples e estável,

com alto grau de controle externo, sendo inviável para um ambiente complexo e

dinâmico.

Os aspectos críticos mencionados foram a redução da autonomia do

núcleo operacional, diminuição do poder dos gerentes de primeira linha em razão da

existência de padrões a serem seguidos, inibição da comunicação e, o espaço para

as pessoas conversarem sobre seus problemas é quase inexistente.

3) Burocracia profissional : A burocracia profissional se sustenta na

padronização das habilidades dos peritos e especialistas, aqui denominados

profissionais. A formação inicial passa pela educação em universidades, escolas

técnicas ou instituições, com conteúdo programático que inclua as habilidades e

conhecimentos modelados ao perfil daquele profissional. Na aplicação prática do

conhecimento adquirido, que ocorre como treinamento do serviço é acompanhado

por outros profissionais com experiência. Assim se completa o denominado

processo de doutrinação.

A atuação dos profissionais no núcleo operacional da estrutura é bastante

autônoma, considerando que o trabalho é altamente especializado na dimensão

horizontal. Assim, mesmo junto aos colegas de trabalho, o profissional possui

relativa independência, porém próximo aos clientes ou usuários de serviços a quem

serve.

A linha intermediária é mais restrita em função de existir necessidade

mínima de supervisão direta, sendo que o ajustamento mútuo entre eles favorece a

existência de unidades operacionais enormes e poucos gerentes na primeira linha

de supervisão, bem como acima deles.

A burocracia profissional encontra condições favoráveis onde haja uma

organização repleta de trabalhadores com habilidades para tarefas difíceis e com

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existência de procedimentos bem definidos e específicos. Nesse sentido, a

organização tem atuação em um ambiente complexo, porém estável.

Considerando ambientes dinâmicos, as mudanças exigem novas

habilidades e novas classificações das questões, requerendo esforços criativos das

equipes. Portanto, a burocracia profissional21 se configura como insuficiente,

demandando um outro tipo de configuração (adhocracia).

4) Forma divisionalizada : essa estrutura traduz-se em um conjunto de

entidades, praticamente autônomas, conectado a uma estrutura administrativa

central. Essas entidades correspondem a unidades na linha intermediária,

denominadas divisões, que respondem ao escritório central. O fluxo do poder se

mantém de cima para baixo.

Cada divisão possui suas próprias funções operacionais, inexistindo

interdependência entre elas, com atuação quase autônoma, que dispensa

coordenação entre si. Nessa estrutura o escritório central tem grande amplitude de

controle sobre diversas divisões, embora o poder esteja descentralizado.

Na forma divisionalizada, o primeiro mecanismo de coordenação é a

padronização de resultados e o parâmetro principal de delineamento é o sistema de

controle de desempenho. Outros mecanismos de coordenação possíveis nesta

configuração são a padronização das habilidades dos gerentes de cada divisão e a

supervisão direta.

Como crítica, a estrutura divisionalizada conduz as divisões a

comportamentos mais centralizados e mais formalizados do que seriam como

entidades independentes. Ocorre que os gerentes do escritório central exercem

pressão para centralizar certas decisões, obtendo de modo indevido os poderes das

divisões.

21A questão da substituição do modelo burocrático para gerencial foi abordada por Junquilho (2003), com ênfase na pretensão de se transformar o perfil dos administradores públicos, no Brasil, de burocráticos para gerentes. O estudo de caso sobre a ação gerencial na administração pública de um estado da Região Sudeste revelou que certos traços da cultura brasileira que restringem e facilitam as ações ao mesmo tempo, configurando um certo perfil gerencial, deixando claro que qualquer mudança nesse perfil envolve uma reconstrução social de significados das ações no seio das organizações do setor público.(Souza, 2005)

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5) Adhocracia: Consiste em uma configuração capaz de agregar

especialistas de diversas áreas em equipes de projeto ad-hoc, isto é, para

determinado fim específico. Possui uma estrutura basicamente orgânica, com baixa

formalização do comportamento, grande especialização horizontal do trabalho. As

equipes de projeto utilizam como instrumento de interligação o ajustamento mútuo

intra e entre equipes.

Nesta configuração a forma funcional do trabalho é fluida, dinâmica,

flexível e orgânica, buscando sempre inovações. Para tanto, os padrões pré-

estabelecidos e as armadilhas de uma estrutura burocrática são impertinentes, tais

como nítida divisão do trabalho, alta diferenciação22 de unidades, grande

formalização dos comportamentos, ênfases nos sistemas de planejamento e

controle.

De todas as configurações estruturais, a Adhocracia demonstra maior

distanciamento dos princípios clássicos da administração. Na Adhocracia os

profissionais de diversas áreas se reúnem, de forma interdisciplinar, ao redor de um

projeto ou inovação específicos.

A grande questão da Adhocracia consiste em manter os profissionais em

seu campo de origem, e utilizar, concomitantemente, as bases funcionais em uma

estrutura matricial, que agrupa os peritos em unidades funcionais para fins de

administração interna (admissões, comunicações e outros.) e são efetivamente

destacados para equipes de projeto.

A descentralização é seletiva nas dimensões vertical e horizontal, visto

que o poder para a tomada de decisão fica distribuído entre os gerentes e não

gerentes de todos os níveis da hierarquia. A coordenação nessa situação acontece

por ajustamento mútuo, podendo adotar a figura do gerente integrador para

coordenar os esforços entre as unidades funcionais e as equipes de projeto (forças-

tarefa).

A Adhocracia é dividida em dois tipos, sendo a operacional e a

administrativa. A Adhocracia Operacional inova para garantir a resolução dos

problemas no atendimento aos anseios de seus clientes. Nessa perspectiva, para

cada Adhocracia Operacional, existe uma correspondência na Burocracia

22 A diferenciação é entendida como as diferenças de atitude e de comportamento e não simplesmente o fato da segmentação e do conhecimento especializado. Existem várias dimensões da

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Profissional, sendo que as duas executam o mesmo projeto, com uma

orientação mais refinada e estreita para a segunda.

Os quadros de dirigentes da cúpula estratégica da Adhocracia precisam

dedicar certa parte do seu tempo na direção dos projetos. Todavia, outra parte do

tempo podem se dedicar a verificar e redesenhar as escolhas estratégicas.

Para o sucesso dessa configuração, o papel mais importante da direção

na Adhocracia, em especial a Operacional23 consiste em assegurar a estreita

relação com o ambiente externo. A Adhocracia se apresenta melhor situada no

ambiente complexo e dinâmico, constantemente.

Resumindo, observa-se no QUADRO 2, a visão estruturalista das

organizações no modelo das configurações, apresentando-se como um processo de

evolução e inovação, partindo de uma configuração estrutural simples, tendo como

primeiro mecanismo de coordenação a supervisão direta, centralizada na cúpula

estratégica à uma estrutura de Adhocracia, com coordenação por ajustamento

mútuo, descentralização seletiva e a assessoria de apoio como parte-chave da

organização.

QUADRO 2

Tipos de configurações estruturais de uma organização

diferenciação, interessando-se a quarta dimensão da diferenciação entre as unidades, que é a variação no formalismo da estrutura. (Lawrence, 1973) 23 a Adhocracia Operacional empenha-se num esforço de inovação para encontrar uma solução adequada a cada problema demandado por um cliente novo, ao passo que a Burocracia Profissional faz a captação desse empreendimento e solução aplicada, classificando-os entre os casos conhecidos, no intuito de poder lhe aplicar um programa-padrão a toda organização.

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Fonte: Mintzberg, 1995, p.154.

O quadro apresentado sintetiza o esforço e os resultados pretendidos na

busca da compreensão das diferentes tendências teóricas, no sentido de explicar e

entender a questão da estrutura organizacional. Na comparação entre elas, a

estrutura mais propícia que absorve melhor a administração estratégica é a

adhocracia.

O grande desafio das organizações contemporâneas na implementação da

estratégia é que sua configuração em sua maioria advém dos parâmetros

burocráticos de gestão em temos de estrutura, o que implica em esforços maiores

para a efetivação da mudança.

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4 A PMMG E O PROCESSO ESTRATÉGICO

A proposta que fundamenta esta seção surgiu a partir da premissa de que

a Polícia Militar de Minas Gerais, enquanto organização pública, adota a

administração estratégica em seus diversos níveis de decisão. Será apresentada,

ainda que de forma bastante resumida, a histórica da PMMG.

Prossegue-se a seção com algumas considerações do planejamento

estratégico na PMMG, explanando as filosofias institucionais implantadas nos

últimos anos, que delinearam sua adaptação às mudanças ambientais e

caracterizaram seu planejamento. Também, será contextualizado o plano estratégico

da PMMG do quadriênio 2004-2007 e o plano de gestão intermediária (plano tático),

do mesmo período, parâmetros de análise deste estudo.

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4.1 A Polícia Militar de Minas Gerais: breve hist órico

As primeiras Companhias de Dragões, institucionalizadas no ano de

1775, pelo então Governador Dom Antônio de Noronha são consideradas o marco

inicial da organização Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG), que se constituía a

tropa paga da Capitania de Minas Gerais, denominada Regimento Regular de

Cavalaria de Minas. As atividades iniciais desse “exército estadual” consistiam na

defesa do território da Capitania, na contenção de tumultos e principalmente na

garantia do envio do ouro para o Reino Português (CASTRO, 1998, p.37).

No aspecto organizacional, considera-se que no início da década de

1960, a PMMG apresentava-se como uma organização de sistema fechado, com um

modelo hierárquico militar a exemplo do Exército Brasileiro, com uma cadeia rígida

de tomada de decisões, com pouca ou nenhuma interferência do ambiente externo.

Com esta estrutura, quase inexistia interação com o ambiente externo,

conseqüentemente os anseios da comunidade eram desconsiderados.

Com a edição do Decreto-lei 317/1969, seguido do 667/1969 assiste-se à

Grande Reforma Policial, assim denominada por Espírito Santo e Meireles (2003 p.

201). A Polícia Militar que mantinha os seus integrantes aquartelados, inicia uma

nova fase, com seus policiais militares realizando um policiamento ostensivo

fardado, nas ruas das cidades, com vistas a manter a ordem pública.

Assiste-se na PMMG, a partir de 1979, as primeiras tentativas iniciais da

produção de algumas obras doutrinárias pontuais sobre policiamento, demarcando a

consolidação desta nova perspectiva de prestar serviços no campo da segurança

pública.

Por outro lado, as transformações ocorridas na legislação brasileira,

aliadas à exigência de solução rápida para se aprender a executar o policiamento

ostensivo e compreender os anseios da comunidade provocaram mudança gradual

na PMMG.

Tudo isso decorrente da nova configuração, que passa a caracterizá-la

como uma organização de sistema aberto, uma maior descentralização das

unidades policiais, maior aproximação e interação com a comunidade (ambiente

externo). Essa condição apresenta-se como uma nova configuração da organização,

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fazendo com que passasse a desenvolver habilidade para receber e sofrer

influência direta do ambiente.

Com a promulgação da atual Constituição Federal de 1988, registra-se

um período de reconstrução democrática da Polícia Militar, com a busca por uma

maior profissionalização e principalmente, verifica-se a elaboração de uma linha

estratégica e de planejamento, inserindo a sociedade como o público participativo

dos serviços de Polícia Militar (ESPÍRITO SANTO e MEIRELES, 2003 p. 203)

De acordo com Cardoso (2006), a PMMG passou a receber interferências

do ambiente externo e da sociedade brasileira, como toda organização de sistema

aberto. Com escopo no processo de abertura política e redemocratização do país,

observa-se uma exigência relacionada a uma formação de melhor qualidade a seus

integrantes, com uma visão de cidadania e de garantia dos Direitos Humanos.

Todos os aspectos pontuados recontam de forma bastante resumida a

evolução da trajetória histórica da PMMG, de maneira um pouco reducionista, visto

que muito se tem a considerar da sua condição organizacional, social e cultural. Mas

há que se esclarecer que o propósito foi o de oferecer uma rápida contextualização

sobre a organização que se está discutindo, seu sistema e sua estrutura.

Por fim, considera-se como imprescindível limitar-se e dedicar-se a

descrever um pouco mais sobre a questão estrutural dessa organização e, seguindo-

se o desencadeamento do estudo, aprofundar o suficiente na abordagem de alguns

aspectos da inter-relação da PMMG e respectivo processo de planejamento

estratégico.

4.2 A Estrutura da PMMG

Em conformidade com o que se desenhou na seção III, a estrutura indica

o modelo de administração aplicado pela organização, podendo adotar as formas

funcional, por projetos e matricial, dentre outras, para configurar a sua estrutura

organizacional.

Conforme o aporte teórico dos modelos de gestão e tipo de estrutura

organizacional, verifica-se que a Polícia Militar de Minas Gerais é uma instituição24

24 Instituição: associação ou organização de caráter social, educacional, religioso, etc.

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pública com gestão burocrática25, e estruturada de forma funcional. Enquanto

organização com modelo de estrutura funcional, de gestão burocrática, a PMMG tem

sua administração dividida em Órgãos de Direção Geral, de Direção Intermediária e

de Execução.

Nesse sentido, recorre-se à Lei nº. 6624 de 18 de julho de 1975 (LOB),

alterada pela Lei n. 9 774, de 7 de Junho de 1989, onde se encontra estabelecida a

formalização da estrutura geral da PMMG, já com as alterações mais atuais

inseridas, que assim dispõe:

Art. 6º - A Polícia Militar estrutura-se em: I - Unidades de Direção-Geral; II - Unidades de Direção Intermediária: a) Comandos Regionais de Policiamento; b) Diretoria. III - Unidades de Execução: a) Unidades de Execução Operacional; b) Unidades de Execução de Apoio. Art. 7º - As Unidades de Direção realizam: I - o planejamento geral, visando à organização da Corporação, em todos os pormenores, às necessidades de pessoal e material e ao emprego da Corporação para o cumprimento de suas missões; II - o acionamento, por meio de diretrizes e ordens, dos órgãos de apoio e de execução; III - a coordenação, o controle e a fiscalização da atuação desses órgãos. IV - o acionamento das Unidades de Direção Intermediária e de Execução; V - a coordenação, o controle e a fiscalização da atuação dessas Unidades. Art. 8º - As Unidades de Direção Intermediária são responsáveis, perante o Comandante-Geral, pela condução das respectivas Unidades, nos campos operacional e de apoio. Art. 9º - As Unidades de Execução realizam as atividades- fim e atividades-meio da Polícia Militar, em cumprimento a diretrizes, ordens e instruções das Unidades de Direção.

Quanto às áreas de Responsabilidade e Desdobramento, a referida lei

estabelece que:

25 A burocracia baseia-se numa divisão automática de funções, na atividade rotineira, na permanência e em uma longa hierarquia vertical. Decisões são tomadas no topo; instruções são emitidas; e a ação é realizada na base. Esse sistema burocrático está preparado para realizar um número limitado de funções repetitivas, em ambientes relativamente previsíveis. Toffler (1985, p.118)

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Art. 51 - O Estado será dividido em regiões, áreas, subáreas, setores, e subsetores em função das necessidades decorrentes das missões e das características regionais.

Art. 52 - Entende-se por:

I - região: espaço geográfico de responsabilidade de um Comando Regional de Policiamento;

II - área: espaço geográfico de responsabilidade de um Batalhão ou Grupamento;

III - subárea: espaço geográfico de responsabilidade de uma Companhia ou Subgrupamento;

IV - setor: espaço geográfico de responsabilidade de um Pelotão ou Seção;

V - subsetor: espaço geográfico de responsabilidade de um Grupo ou Subseção.

Parágrafo único - Os Comandos de Batalhão em todo o Estado e os Comandos de Companhia e Pelotão de Polícia Militar no interior do Estado deverão ter sua sede na área, subárea ou setor de sua responsabilidade.

De acordo com o que se acabou de apresentar, pode-se verificar que a

PMMG organiza-se em um tipo “piramidal hierárquico”, tendo como componentes

básicos, os níveis estratégico, tático e operacional. A estrutura funcional é

departamentalizada "por funções" - atividade-fim e atividade-meio - e a forma de

operar "por território", segundo a localização geográfica de suas Unidades,

articulando-se em Regiões, Áreas, Subáreas e Setores, denominados "espaços

geográficos", que determinam os locais de responsabilidade atribuídos às Frações

PM.

A estrutura organizacional e funcional da PMMG, compartimentada nos

três níveis de decisão, acrescida da divisão por funções operacionais e funções

administrativas ou de apoio, pode ser demonstrada conforme FIG. 7:

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Figura 7 – Estrutura Geral da PMMG

Fonte: Adaptado de MINAS GERAIS, 2002

Embora a referência se remeta ao ano de 2002, em relação aos três

níveis de direção da estrutura geral permanece a mesma divisão, havendo sim

modificação na quantidade de Diretorias. Assim, atualmente existem 6 Diretorias

(Recursos Humanos, Finanças, Saúde, Apoio Logístico, Meio Ambiente e Trânsito,

Tecnologia e Sistema). Além da Academia de Polícia Militar, Corregedoria da Polícia

Militar, 16 Comandos Regionais de Polícia Militar, 01 Comando de Policiamento

Especializado e 48 Unidades de Execução Operacional em nível de Batalhão de

Polícia Militar (BPM), no Estado de Minas Gerais, de acordo com a Resolução 3960

de 11 de Fevereiro de 2008.

O desenho da estrutura de uma organização pode ser representado em

um organograma, que mostra a divisão do trabalho em Unidades e como a

autoridade formal emana sobre as mesmas. Nesse sentido, a FIG. 8 evidencia o

atual organograma operacional da PMMG.

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FIGURA – 8 Organograma da PMMG

Fonte: MINAS GERAIS, 2008

Stoner (1985, p.180) escreve que “para mostrar a estrutura da

organização, os administradores normalmente fazem um organograma, que

diagrama as funções, os departamentos ou os cargos da organização e mostra

como eles se relacionam”. Representação gráfica que apresenta as subordinações,

níveis hierárquicos, abrangência de comando, e os agrupamentos de atividades e ou

processos de uma organização.

A articulação administrativa e operacional diz respeito à divisão estrutural

e funciona da PMMG no Estado de Minas Gerais, para fins de planejamento,

comando, coordenação, execução e controle organizacional, podendo ser alterada

de acordo com a o plano de articulação/desdobramento construído e aprovado

anualmente.

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4.3 Evolução da Estratégia na PMMG

De acordo com Oliveira (2003), o planejamento estratégico tem como

objetivo o desenvolvimento de processos, técnicas e atitudes administrativas que

proporcione uma situação viável para avaliar as implicações futuras das decisões

presentes em função dos objetivos previamente estabelecidos, que facilitarão a

tomada de decisão de modo mais rápido e coerente.

Segundo Souza (2003), a PMMG estabeleceu filosofias institucionais

destinadas a promover sua adaptação às mudanças ambientais e assegurar a

eficácia do seu planejamento, no transcorrer de sua existência. Assim, o

planejamento na PMMG, ante a evolução doutrinária, foi se transformando ao longo

dos anos dentro da própria Instituição. Souza (2003, p.167-169) definiu seis fases

doutrinárias que orientaram o planejamento estratégico da PMMG:

- 1ª Fase - período de 1775 a 1967 : a PMMG funcionava como um

verdadeiro Exército Estadual, sendo restrita e quase inexistente a sua atuação como

força pública de preservação da ordem pública. Durante este período, foi criado em

Belo Horizonte o patrulhamento a pé, representado pelas duplas de "cosme-e-

damião".

- 2ª Fase - final da década de 60 : período marcado pelas atividades

voltadas para manutenção da ordem pública, cuja característica principal era o

policiamento ostensivo fardado. Nesta fase há um vazio de elementos doutrinários

que orientassem o cumprimento da nova missão institucional.

- 3ª Fase - início da década de 70 até 1985 : caracterizada pelo

lançamento maciço de efetivo nas ruas, em que pese a ênfase na repressão, trouxe

importantes avanços para a instituição. Em dezembro de 1973, a PMMG lançou o

primeiro plano estratégico da organização, para vigência durante o ano de 1974,

onde foram descritas as ações necessárias à implementação dos pressupostos

formulados na diretriz mencionada. A nova estratégia de policiamento foi

denominada "Ideologia da Operacionalidade"

- 4ª Fase - período de 1985 até 1993 : a nova estratégia de

policiamento foi denominada de “Ideologia da Efetividade”, com preocupações claras

para as questões relacionadas com a qualidade na prestação de serviço pela

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PMMG, manutenção da ordem, redução do medo e maior controle do crime é o

objetivo central.

- 5ª Fase - período de 1993 até 1999 : O modelo estratégico foi

denominado de Polícia Comunitária - "Polícia Militar-Comunidade, Solidárias na

Segurança”. Assiste-se o compartilhamento com a comunidade dos problemas

relacionados à segurança pública.

- 6ª Fase - período de 1999 até 2002 : o crescimento exorbitante das

taxas de criminalidade violenta em Minas Gerais conduziu à implantação de

mudanças no modelo de gestão operacional da PMMG. Em 1999, na cidade de Belo

Horizonte, passou a utilizar ferramentas de administração gerencial. O modelo foi

denominado "Polícia de Resultados" e institucionalizada para toda a PMMG através

da edição da Diretriz para a Produção de Serviços de Segurança Pública 01/2002.

Essa síntese permitiu o conhecimento da evolução e transformação do

planejamento da Polícia Militar de Minas Gerais, no que diz respeito ao conteúdo

dos planos elaborados ao longo do período considerado.

4.3.1 Políticas dos Planos Estratégicos da Institui ção

Como apresentado, em 1974 a PMMG, editou o primeiro plano

estratégico pelo nível institucional, datado de dezembro de 1973, denominado

“Diretrizes para Ação de Comando”. Para a sua formulação, Mota (apud Souza,

2003, p. 193) levou em consideração o ambiente como variável estratégica, como

pode perceber ao afirmar em sua avaliação que

Embora curto o novo período, podemos passar a uma avaliação de nosso desempenho, através de estudos que nos levam a uma conclusão sobre o ambiente em que serve a Polícia Militar e adoção de medidas segundo dois enfoques: - medidas independentes do espaço; - medidas levando em conta o ambiente.

Todavia, parece que o objetivo principal dessa análise ambiental era

somente de resgatar a imagem da PMMG como burocracia pública. “Em nenhum

momento vislumbrou-se a possibilidade do envolvimento concreto da sociedade na

definição de serviços”. (SOUZA, 2003). Em 1985, a PMMG estabeleceu em suas

políticas uma diretriz que contemplava a interação com a comunidade ou a forma de

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relacionamento externo. Essa condição foi estabelecida pelo Comandante Geral

da época, como descrito por Affonso apud Souza (2003, p. 218):

- Resguardar a caracterização da Polícia Militar (PM) como instituição prestadora de serviços essenciais e basilares. - Manter procedimentos que façam jus à honrosa qualificação de patrimônio do povo mineiro. - Manter e ampliar espaço ocupado pela Instituição PM, ao longo dos séculos, em estrita obediência ao interesse público. - Contribuir para definição do papel da Polícia de Manutenção da Ordem pública. - Estabelecer indicativos que auxiliem na definição de um novo Sistema de Defesa Social. - Implementar reciprocidade, visando a contribuir para preenchimento de necessidades de comunidades específicas, em Segurança, bem como permitir a estas conhecerem melhor sua PM, reduzindo óbices, ensejando um clima de mútua satisfação.

Quanto à descentralização do poder, percebe-se que a instituição

conviveu com uma certa dificuldade de autonomia para o planejamento e execução

das atividades entre os níveis estratégico e intermediário, conforme Castro apud

Souza (2003, p.212) ao relatar que:

Entre 1983 e 1985, apesar de alguns instrumentos descentralizadores [...] a Polícia Militar de Minas Gerais viveu uma crise de autonomia que dificultou a comunicação entre a Direção-Geral e a intermediária, com prejuízo para o desempenho das Unidades de Execução. A Direção Intermediária estava indecisa entre seguir os processos estabelecidos pela Direção-Geral e tomar iniciativas espontâneas, o que sufocou o processo de comando. O desenvolvimento da Corporação, tanto na atividade-fim quanto na atividade-meio, bloqueado por incertezas engastadas em desconfiança, exigia o incremento da delegação de poderes.

Muitas transformações no modelo de planejamento são observadas ao

longo da existência da organização policial militar mineira, contudo, vários aspectos

críticos da administração estratégica podem se observados.

Conforme Souza (2003, p.274), foi publicado no ano de 1997, em um

artigo da revista O Alferes, número 45, Abr-Jun/1997, pp. 64-65, intitulado Cultura

Organizacional da PMMG: uma visão diagnóstica, a percepção do perfil

organizacional da PMMG, onde se expressava a existência de um "estilo gerencial

autocrata e as relações de trabalho caracterizadas pela utilização do poder para

anular oposições e dominar subordinados [...]”.

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Embora a citação acima evidencie traços preocupantes, que

interferem no processo de planejamento, assim como uma aversão às mudanças

ambientais contemporâneas, muito tem se modificado na última década, com uma

evolução considerável.

A primeira obra elaborada no âmbito da PMMG com o objetivo de

oferecer bases conceituais e padronizar o processo de planejamento foi publicada

em 1987, constituindo-se no Manual de Trabalho de Comando. Além de formulários

para estudos de situação, planos, ordens de serviço, dentre outros, o manual

apresenta aspectos da teoria geral da administração, técnicas de resolução de

problemas e teoria da tomada de decisão. (MINAS GERAIS, 1987)

A Diretriz de Produção de Serviço de Segurança Pública (DPSSP)

01/2002, editada pelo Comando Geral da PMMG, descreve uma lista de

pressupostos básicos, com orientação para prevalecer em todo o processo de

planejamento, coordenação, execução e controle da missão constitucional da

PMMG. Inclui também a gestão e informações para coordenação e controle de

ocorrências de destaque.

O pressuposto que se refere ao planejamento estratégico, retrata a

maneira pela qual a organização se comporta frente ao ambiente onde está

envolvida. Devendo saber ajustar-se às situações, focalizando a estabilidade e a

continuidade de procedimentos em ambientes previsíveis ou o redirecionamento

com vistas a reagir de modo a vencer turbulências de um ambiente dinâmico e

incerto.

Assim, verifica-se que a Polícia Militar de Minas Gerais adota o modelo de

planejamento do tipo estratégico, enquanto processo gerencial que, permite

estabelecer um direcionamento a ser seguido pela Organização, com o objetivo de

se obter uma otimização na relação entre a instituição e seu ambiente.

4.3.2 O Plano Estratégico da PMMG: Quadriênio 2004- 2007

Para que as políticas do planejamento estratégico possam ser

instrumentalizadas, é necessário formalizar as decisões estratégicas, sendo

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realizado através de um plano, que normalmente é um documento formal em

que se inserem os objetivos da organização e a direção a ser seguida.

O plano estratégico é um documento elaborado para detalhar e governar

o processo. Deve orientar o estabelecimento de ações táticas e operacionais, sendo

um instrumental técnico que expressa as decisões, ações e operações definidas no

nível estratégico dentro de um processo de gestão.

O Plano Estratégico do quadriênio 2004-2007 foi tomado como parâmetro

para análise das condições e circunstâncias de seu desdobramento e

implementação no nível de direção intermediária da PMMG. Como se vê, foi

elaborado para um período de quatro anos, e a metodologia adotada pela

organização assemelha-se à metodologia apresentada na seção III, segundo

Tavares (2000).

Conforme o documento que contém o PE 2004-2007, foram designadas

várias comissões: de coordenação, proposição dos objetivos, definição da

identidade organizacional e revisão final. Todas as comissões foram compostas de

forma multisetorial, com integrantes do nível estratégico, cotando ainda com

sugestões dos diversos níveis institucionais. (MINAS GERAIS, 2003)

Após a introdução, contém uma alusão da importância do planejamento

estratégico para a PMMG. Segue-se com o diagnóstico da segurança pública em

Minas Gerais, confeccionado em conjunto com a Fundação João Pinheiro, pautado

em sua maioria, em informações referentes ao fenômeno da violência e taxas de

criminalidade.

Para Vasconcelos Filho e Pagnoncelli (2003, p. 51), o diagnóstico

estratégico é “um processo formal e estruturado que procura avaliar a existência e a

adequação das estratégias vigentes na organização em relação ao andamento de

transformações para a construção de seu futuro”. O mesmo autor afirma que o

diagnóstico deve verificar os seguintes elementos mínimos:

1. Como está a competitividade da organização;

2. Como está o portifólio de serviços ou produtos;

3. Como está a flexibilidade em relação as mudanças e o grau de

vulnerabilidade em relação as ameaças;

4. Como está a capacitação para construir as transformações necessárias;

5. Como estão os recursos estratégicos;

6. Como estão os processos de desenvolvimento e inovação;

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7. Como estão sendo tratados os temas societários;

8. Como estão sendo acompanhados e tratados os temas e problemas

estratégicos da organização;

9. Como está a estrutura de poder e de liderança;

10. Existe um processo de projetar e construir o futuro da organização.

Portanto, o diagnóstico demonstra como a organização se encontra,

analisando e verificando todos os processos inerentes à realidade externa e interna

da organização. Para Oliveira (2003), o diagnóstico compreende a análise externa e

interna, tendo como componentes de análise ambiental os pontos fortes, pontos

fracos, oportunidades e ameaças.

Resumidamente, o plano apresenta a metodologia, noticiando as

atribuições realizadas pelas comissões responsáveis pela elaboração do plano. Por

conseguinte, citou como etapas do planejamento: “a identidade organizacional, o

desdobramento de cada objetivo em estratégias, metas e meios de implementação e

por último, formas de operacionalização do plano”. (MINAS GERAIS, 2003)

Tavares (2000) afirma que a explicitação da metodologia de gestão

estratégica está integrada aos demais processos organizacionais. Ressalta que a

participação e o envolvimento dos gestores precedem as etapas decorrentes do

processo, sendo imprescindível que se reconheça o papel de cada administrador na

construção do planejamento.

Em seguida, vem constando a identidade organizacional,

estabelecendo-se o negócio, missão, visão e valores. Segundo Vasconcelos Filho

(2001), negócio refere-se ao entendimento do principal benefício esperado pelo

cliente; missão consiste na razão de existir da empresa no seu negócio e visão é

entendida como desafio estratégico e pode funcionar como um “sonho”.

O negócio de uma organização precisa ser definido considerando-se

duas dimensões: os desejos ou necessidades que ela pretende satisfazer e a

disponibilização de competências e habilidades para satisfazê-los. A missão implica

na compreensão comum do papel da organização em face da realidade,

expressando sua razão de existir. A visão é uma projeção das oportunidades futuras

do negócio da organização, para permitir uma concentração de esforços em sua

busca.

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A identidade organizacional da PMMG, prevista no Plano Estratégico

2004-2007, foi assim formulada:

a) O Negócio da Polícia é a “Paz Social”.

b) A missão é “proporcionar um ambiente seguro em Minas Gerais: com a

participação comunitária, protegendo a vida, e garantindo a lei e reduzindo o crime e

o medo”.

c) A visão é “sermos reconhecidos como referencia na produção de

serviços públicos e orgulho do povo mineiro”.

Após a identidade organizacional, vêm descritas as políticas setoriais. Na

política de recursos humanos menciona-se a valorização dos recursos humanos,

mediante aperfeiçoamento de normas; seleção dentro de um perfil necessário ao

exercício da missão institucional; aperfeiçoamento do ensino e do treinamento.

A política setorial de inteligência indica a necessidade de produção de

conhecimentos de inteligência com oportunidade, segurança, objetividade,

imparcialidade, amplitude e legalidade.

Já a política setorial das operações, indica a necessidade de priorizar a

prevenção do delito, acompanhamento da mutabilidade e mobilidade do crime, de

modo a perceber a demanda operacional, o que deve ser feito em sintonia com a

participação da comunidade.

A política de logística prioriza a garantia de suprimento logístico mínimo

necessário ao desenvolvimento da polícia ostensiva e melhoria da gerência de

manutenção e do emprego dos recursos materiais, com vistas a reduzir custos.

A política setorial de comunicação organizacional indica a necessidade de

fortalecimento da comunicação organizacional, de modo a consolidar a imagem da

PM e potencializar sua presença objetiva e subjetiva.

Finalmente, a política setorial de orçamento, finanças e modernização

administrativa, menciona a necessidade de incrementar metodologias de gestão, de

modo a priorizar a destinação dos recursos segundo a prioridade ditada pela

demanda operacional. A política de relacionamento interinstitucional enfatiza o

relacionamento da PM com o público que faz parte de seu ambiente, segundo

parâmetros que permitam integração, parceria e respeito.

Com o título de “Gestão Estratégica”, seguem-se os objetivos que podem

ser entendidos como os resultados que a empresa precisa alcançar em prazo

determinado para concretizar sua visão sendo competitiva no ambiente atual e

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futuro. Dentro do plano estratégico, a partir do capítulo 6, estão listados os

objetivos a serem alcançados pela corporação no período de 2004 a 2007.

Os objetivos estão divididos segundo as seis políticas setoriais, sendo:

recursos humanos, inteligência, operações, logística, comunicação organizacional;

orçamento e modernização administrativa. Ainda, para cada objetivo, tem-se a

justificativa, a estratégia, as metas, meios de implementação e recursos necessários.

No plano existe um somatório geral de 42 objetivos.

A operacionalização do plano se apresenta de forma bastante resumida,

restringindo-se na citação da avaliação e da gestão, genericamente. Para a

avaliação, cita-se que serão designados um coordenador e um grupo de gerentes de

projetos, segundo capacidade técnica e experiência profissional. Na gestão foi

previsto que caberá à Subchefia do EMPM avaliar o desempenho dos gerentes de

projeto.

Todavia, além da ausência de como os resultados seriam avaliados, a

implementação do Plano Estratégico não ocorreu por meio de projetos. O

desdobramento das políticas e objetivos estratégicos no nível intermediário, em

plano tático, seguiu a mesma formatação do nível estratégico.

Por último, vem descrita a conclusão do plano, com enfoque na

implementação, conforme Minas Gerais (2003, p. 86):

O passo seguinte, que é a efetiva realização do planejado, requer, para além do esforço de gerência dos projetos, a efetiva consciência de todos, de que é preciso dar prosseguimento, mediante o comprometimento individual de cada integrante da Polícia Militar, como agente capaz de tornar mais próxima do ideal a concretização do objetivo maior, neste Plano especificado como visão (item 4.3), sermos reconhecidos como referência na gestão de recursos e prestação de serviços à comunidade.

Contudo, reafirma-se que a administração por projetos não foi implantada

como planejado.

Segundo Souza (2008)26 as principais causas de fracasso do plano

estratégico 2004-2007 da PMMG foram:

- Inadequação dos instrumentos de controle e de avaliação;

- falta de foco;

26 Nota de aula do Coronel PM Renato Vieira de Souza, na disciplina de Planejamento Estratégico, curso de

especialização em segurança pública da PMMG. Belo Horizonte, 2008.

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- ausência de divulgação interna e de conscientização.

Conclui-se que o planejamento estratégico do quadriênio 2004-2007, na

forma como foi concebido, demonstra um modo inovador de gerenciamento

estratégico na PMMG, um pouco diferente em relação aos anteriores. Os aspectos

avaliativos sobre o grau de implementação e alcance das estratégias não constituem

objeto direto deste estudo, por isso, deixa-se de realizar uma análise nessa direção,

limitando-se a apresentação sumária do conteúdo do plano, com algumas

considerações, como exposto.

4.4 A Região de Polícia Militar (RPM): Nível de Di reção Intermediária da PMMG

O nível de direção intermediária é também chamado de nível mediador ou

nível gerencial. É o nível existente na organização, colocado entre o nível

institucional e o nível operacional e cuida da articulação entre esses dois níveis. O

nível intermediário é responsável pelos problemas de adequação das decisões

tomadas no nível institucional (no topo) com as operações realizadas no nível

operacional (na base da organização). Compõe-se das pessoas ou órgãos que

transformam as estratégias formuladas, para atingir os objetivos empresarias em

programas de ação.

As Regiões da Polícia Militar (RPM) correspondem às Unidades de

Direção Intermediária da PMMG, responsáveis pelo desenvolvimento de atividades

operacionais e administrativas, de competência da polícia militar, dentro de suas

respectivas áreas de atuação27. (MINAS GERAIS, 1996)

A área de atuação da RPM é definida como região, que compreende o

espaço geográfico de responsabilidade de um Comando Regional de Polícia Militar

(CRPM), das áreas contíguas de duas ou mais Unidades de Execução Operacional

(UEOp) subordinadas, conforme Resolução 3.283 de 1996 expedida pelo Comando

Geral da PMMG.

No Estado de Minas Gerais existe atualmente um total de 16 RPM,

distribuídas no Estado, segundo alguns critérios, como perfil do município,

27 A região compreende o espaço geográfico de responsabilidade de um CRPM, áreas contiguas de duas ou mais Unidades de Execução Operacional (UEOp) subordinadas, conforme Resolução nr 3283 de 1996 – Comando Geral – PMMG.

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localização, índices de criminalidade e outros. Há 3 RPM na região

metropolitana de Belo Horizonte e em 13 municípios de médio porte do Estado,

conforme FIG. 9, que apresenta as Regiões da PMMG e as cidades onde se

encontram instaladas.

FIGURA 9 – Mapa de Minas Gerais por Regiões da PMMG - 2008

Fonte: Polícia Militar, Estado-Maior. (2008)

Em todo o Estado de Minas Gerais, foram criadas estrategicamente as

RPM, que de maneira bastante razoável e adequada, se encontram

geograficamente bem definidas, atendendo aos propósitos da administração

gerencial de uma organização.

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93

4.4.1 Composição funcional da RPM

A composição funcional da RPM, dentre as normas que subsumem as

regulamentações para o funcionamento da Polícia Militar de Minas Gerais, está

prevista no regulamento dos Comandos Regionais da Polícia Militar28, que

estabelece a departamentalização funcional para esse nível organizacional,

prevendo ainda a finalidade, competência e as linhas gerais de funcionamento.

Portanto, a RPM funciona com a seguinte composição:

I - Comandante;

II - Estado-Maior:

a) Chefia;

b) 1ª Seção (P1) - Pessoal e Ensino;

c) 2ª Seção (P2) - Inteligência;

d) 3ª Seção (P3) - Operações;

e) 4ª Seção (P4) - Logística-Administração Financeira e Orçamentária;

f) 5ª Seção (P5) - Comunicação Social.

III - Seção Administrativa:

a) Secretaria;

b) Centro Regional de Comunicações (COPOM).

Em termos de gerência e hierarquia funcional, o Comandante é cargo

privativo de Coronel PM. No Estado Maior, a função do chefe é de Tenente Coronel

PM, a chefia das seções de P1 a P5 é função privativa de Major PM. Na seção

administrativa, a secretaria é função de Tenente PM e o COPOM é função de

Capitão PM.

Compete ao Comando Regional da Polícia Militar, desdobrar diretrizes,

planos e ordens emanadas do Comando-Geral. Em específico, atribui-se aos chefes

de seções de estado maior das RPM, “desdobrar diretrizes, planos e ordens do

Comando-Geral, no seu campo de atividades, para difusão às UEOp subordinadas”.

(MINAS GERAIS, 1996)

O Chefe da P/3 da RPM, dentre as atribuições estabelecidas, tem a

responsabilidade de elaborar e desdobrar planos emanados pelo nível estratégico

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da instituição. De acordo com o regulamento da RPM (MINAS GERAIS, 1996)

está descrito que:

O Chefe da 3ª Seção do Estado-Maior (P3 RPM) tem as seguintes atribuições:

[...]

II - elaborar e difundir, de acordo com as orientações vigentes e os prazos estabelecidos:

a) Estudos de Situação;

b) Planos e Ordens de Operações, bem como os respectivos relatórios de avaliação e controle; [...]

VI - desdobrar, assegurando amplo entendimento e difusão aos militares e às frações subordinadas, todos os documentos referentes a operações, oriundos do escalão superior. (grifo nosso)

O que se conclui, a partir do exposto e do observado é que há um

consenso, bem como, constitui uma questão pragmática e cultural da PMMG, que as

atribuições de difundir e condensar a elaboração e desdobramento de planos,

passam pelo gestor de planejamento e emprego operacional da RPM(P3).

4.5 O Plano de Gestão Intermediária

O plano tático, denominado na PMMG de Plano de Gestão Intermediária

(PGI), é elaborado nas Regiões de Polícia Militar de Minas Gerais, seguindo-se as

diretrizes do Estado Maior da PMMG (EMPM). (MINAS GERAIS, 2004)

Na perspectiva de Oliveira (2003), o planejamento tático é a metodologia

gerencial que tem por finalidade a otimização de determinada área de resultado,

trabalhando com a decomposição dos objetivos, estratégias e políticas estabelecidos

no planejamento estratégico.

Ainda, salienta que o conhecimento detalhado de uma metodologia de

elaboração e implementação de planejamento tem o propósito de propiciar ao

28 Resolução 3.283 de 1996 expedida pelo Comando Geral da PMMG.

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gestor, o embasamento teórico na otimização de sua aplicação. O gestor deve

ter o domínio da teoria e da prática a fim de realizar um planejamento bem

sedimentado.

Conforme Oliveira (2003, p. 66):

A teoria aparece como base de sustentação no processo decisório. E, nessa atual conjuntura de constantes mudanças nos ambientes organizacionais, a teoria ganha importância extra sobre a prática. Esta fica como sedimentação de uma vivência passada, procurando evitar a ocorrência de erros anteriores, bem como proporcionando melhor base de conhecimento sobre a realidade da empresa considerada.

Logo, a definição e explicitação de uma metodologia pautada em

correntes intelectuais, sustentam um processo de planejamento, visto que o gestor

necessita recorrer a uma doutrina institucional que contemple o detalhamento do

processo e respectivas etapas para nortear seus trabalhos.

4.5.1 Recebimento e Comunicação das Estratégias da Corporação

As estratégias corporativas definidas pelo nível estratégico e,

formalizadas através do Plano Estratégico 2004-2007, publicado em dezembro de

2003 foram repassadas às Unidades de Execução Intermediária através de

documento interno.

A comunicação às RPM, das estratégias e metas, com a edição do PE

2004-2007, ocorreu através do nível estratégico que realizou seminário para

divulgação e treinamento de policiais militares, com participação de alguns

integrantes das regiões, podendo citar, o Comandante e o P/3, em oficinas e

worshops sobre planejamento estratégico, para assegurar a consistência das

informações. (MINAS GERAIS, 2003)

Ainda, foi expedida a instrução 3.002.7/2004 procedente do EMPM,

datada de maio de 2004, que regula a elaboração de Plano de Gestão Intermediária,

enquanto um segundo documento institucional que versa sobre o planejamento

estratégico atual, na PMMG.

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Nele é possível identificar conceitos pertinentes ao gerenciamento

estratégico, orientações para designação de comissões responsáveis pela

formulação do PGI, alguns prazos de remessa ao nível estratégico (embora

prorrogados), seqüência de formatação de conteúdo do planejamento intermediário.

(MINAS GERAIS, 2004)

Entretanto, sendo uma metodologia bastante nova para a instituição, a

citada instrução apresenta-se um tanto quanto difícil de compreender, além de

conteúdo esparso, carecendo um pouco mais de profundidade na consistência sobre

o “como” desdobrar as diretrizes institucionais, processo de análise ambiental,

formulação da estratégia, de metas, de indicadores de desempenho para monitorar

estratégias, controle e avaliação das melhores práticas internas e externas.

Tavares (2000, p. 78-102) descreve os fatores que interferem no processo

de decomposição das diretrizes, relacionando: “a ausência de prática do

aprendizado organizacional, falta de informações apropriadas, insuficiência de

tempo dos envolvidos, falta de recursos, ausência ou falhas na leitura ambiental e

enfoque nos sintomas e não nas causas”.

Os PGI seguiram uma rígida integração ao plano de longo prazo, com

forte visão vertical, sendo elaborados para a vigência durante o mesmo período do

PE, portanto, para quatro anos, cujo desdobramento foi realizado com

recomendação superior para designação de comissões nas RPM.

Na ocasião existiam 13 RPM, sendo que atualmente existem 16 RPM,

enumeradas ordinalmente e estão localizadas nos respectivos municípios que se

seguem, como demonstrado na TAB. 1:

TABELA 1

Relação das RPM e cidades de localização em Minas Gerais – ano de 2008

RPM Cidade 1ª RPM Belo Horizonte 2ª RPM Contagem 3ª RPM Vespasiano 4ª RPM Juiz de Fora 5ª RPM Uberaba 6ª RPM Lavras 7ª RPM Divinópolis 8ª RPM Governador Valadares 9ª RPM Uberlândia 10ª RPM Patos de Minas

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11ª RPM Montes Claros 12ª RPM Ipatinga

13ª RPM Barbacena 14ª RPM Curvelo 15ª RPM Teófilo Otoni 16ª RPM Unaí

Fonte: Resolução 3960 de 11 de fevereiro de 2008.

Nesse sentido, o plano tático, ferramenta administrativa incumbida de

indicar como as estratégias serão executadas, tem importância fundamental para a

organização, para se atingir seus objetivos. Assim, no capítulo VI, apresenta-se a

análise das condições de implementação e desdobramento do planejamento

estratégico no nível intermediário.

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5 METODOLOGIA

Neste capítulo será tratada a metodologia de pesquisa adotada para a

realização da pesquisa. Conforme Gil (1987) existe basicamente dois critérios

fundamentais para classificar o tipo de pesquisa na área social: quanto aos objetivos

(fins) da própria pesquisa e quanto aos procedimentos técnicos adotados no

processo de investigação (meios).

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5.1 Tipo de Pesquisa

Quanto aos objetivos:

Foi adotada a tipologia descrita por Gil (2007) para classificar a pesquisa

com base em seus objetivos. Desta forma, a pesquisa pode ser denominada como

descritiva, pois procurou estabelecer uma relação entre o modelo de gerenciamento

estratégico existentes nas teorias escolhidas e o modelo do processo estratégico

existente na Polícia Militar de Minas Gerais.

Quanto aos procedimentos técnicos adotados:

Quanto aos meios, na pesquisa foi empregada a estratégia da pesquisa

bibliográfica, sendo utilizado o referencial inserto em Lakatos(2007)29. A pesquisa

bibliográfica serve para fundamentar a investigação ao proporcionar o conhecimento

consolidado na teoria da administração de empresas e modelos de gestão

disponíveis ao público em geral.

O escopo do trabalho está perfeitamente enquadrado dentro da definição

estabelecida pelas autoras, quando se buscou o referencial teórico existente que

aborda o assunto, objeto do estudo, que trata do planejamento, da organização no

aspecto funcional e estrutural, bem como sobre o gerenciamento estratégico.

A presente pesquisa também é documental, pois paralelamente à

pesquisa bibliográfica, são analisados documentos, manuais de procedimentos e

documentos legais de criação da Região da Polícia Militar de Minas Gerais. Um

documento de relevante importância para esta pesquisa foi o plano estratégico

2004-2007, consolidado pela organização, que compila o planejamento estratégico

da PMMG.

Na utilização da pesquisa documental foi feito o levantamento de

informações em documentos e diretrizes institucionais internas da PMMG e

contemporâneas que são pertinentes ao assunto em estudo. “A característica da

pesquisa documental é que a fonte de coleta de dados está em documentos,

escritos ou não, constituindo o que se denomina de fontes primárias”. MARCONI;

LAKATOS (2007)

29 MARCONI, Marina de Andrade. LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de metodologia científica . 6 ed. São Paulo: Atlas. 2007. Entende-se a pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir de

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5.2 Natureza da Pesquisa

A pesquisa realizada foi de natureza qualitativa e quantitativa, uma vez

que se aplicou questionário com questões fechadas e abertas, com propósito de

conhecer como ocorre o desdobramento do plano estratégico e a elaboração do

plano de gestão intermediária, buscando verificar o perfil do cotidiano do P/3 das

RPM da PMMG e aspectos relacionados ao gerenciamento estratégico.

5.3 Método de Abordagem

Para a abordagem foi utilizado o método hipotético dedutivo, uma vez

que o conhecimento teórico sobre o objeto da pesquisa merece investigação do

assunto, dado às especificidades do tema para um determinado espaço geográfico e

nível institucional estabelecido que são as RPM. Houve o levantamento sobre um

determinado problema, resumido em uma pergunta, cuja busca de resposta passará

pela estruturação de um modelo teórico e a formulação de hipóteses que serão

testadas no decorrer dos trabalhos de pesquisa.

5.4 Método de Procedimento

Como procedimentos, foram empregados o método comparativo e

estatístico, uma vez que se pretendeu abordar o tema com base teórica,

descrevendo a trajetória do planejamento, na perspectiva histórica conceitual,

finalizando com a discussão contemporânea do planejamento nas diversas regiões

da Polícia Militar, objeto de estudo. A pesquisa em documentos e diretrizes

institucionais foram perseguidas na identificação do tratamento metodológico dado à

elaboração de planos na PMMG. A realização da pesquisa de campo, com aplicação

de questionários, visaram os aspectos que diretamente influenciam na formulação

de planejamento tático e que guardam estreita relação com o gerenciamento

estratégico.

bibliografia – livros, revistas, monografias, teses e outros, já tornada pública, relacionado ao tema de estudo.

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5.5 Técnicas

a) Documentação indireta

Pesquisa documental – Através desta técnica foram examinados

principalmente, os documentos doutrinários que contém o Plano Estratégico da

PMMG, de 2004/2007 que trata das políticas, objetivos e estratégias institucionais a

longo prazo e a Instrução 3.002.7 de maio de 2004 que regula a elaboração de

planos de na PMMG.

Pesquisa bibliográfica - Esta pesquisa ocorreu como base nas

teorias relativas ao planejamento nas organizações e o processo de elaboração

de planos na administração, estrutura e ambiente e o gerenciamento por

estratégias.

b) Documentação direta

Foi realizada de forma direta intensiva através da técnica de

questionário, em que se buscou o posicionamento dos Chefes da Seção de

Planejamento e Emprego Operacional das RPM, como um dos gestores do PGI.

c) Delimitação do universo

A técnica de delimitação do universo utilizada foi a censitária, visto que

o universo envolvido é restrito. De acordo com Gil (2007), os levantamentos de

dados normalmente tem abrangência a um universo de elementos muito grande, o

que conduz a ao trabalho por amostragem de parte dos elementos que compõe o

universo. No estudo em pauta, a situação se inverte, possibilitando a coleta de

dados, sendo o universo composto de 16 Oficiais da PMMG, compreendendo todos

os Chefes de P/3 das 16 RPM em Minas Gerais.

d) Forma de aplicação

Os questionários foram remetidos via rede de comunicação eletrônica da

PMMG, denominada “ZWork”, para as caixas de correio eletrônico das Sedes das 16

RPM existentes em 2008, acompanhado de um ofício de solicitação ao Comandante

da RPM, para direcionamento ao Chefe da P/3, enquanto respondente do

instrumento, que depois de respondido deveria retornar a esta pesquisadora, no

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102

mesmo meio de comunicação. Para garantia e agilidade do procedimento,

também foi remetido via rede de informações da PMMG – intranet, na caixa postal

da Seção de Planejamento das 16 RPM.

e) Tratamento dos dados

Para a elaboração e análise das matrizes de dados coletados nos

questionários, foi utilizado um software SPSS, versão 14. Este programa é

apropriado para tabulação e categorização de dados, que permitiu a elaboração de

gráficos e tabelas que facilitam a interpretação do material coletado. Foram

analisados através da técnica de tabulação, análise e interpretação de dados e

elaboradas tabelas como método estatístico descritivo, com o propósito de

apresentar idéias coletadas. De igual forma, utilizar-se-á gráficos para a

representação dos dados de forma clara e de fácil interpretação.

Para Marconi e Lakatos(2007)30:

Uma vez manipulados os dados e obtidos os resultados, o passo seguinte é a análise e interpretação dos mesmos, constituindo-se ambas no núcleo central da pesquisa. [...] Análise e interpretação são duas atividades distintas, mas estreitamente relacionadas e, como processo, envolvem duas operações. [...] Análise é a tentativa de evidenciar relações existentes entre o fenômeno estudado e outros fatores. [...] Interpretação é a atividade intelectual que procura dar um significado mais amplo às respostas, vinculando-se a outros conhecimentos.

Para as questões abertas, os dados coletados nos questionários foram

analisados através da técnica de Análise de Conteúdo. Para Gomes (1994)31:

A técnica de análise de conteúdo, atualmente compreendida muito mais como um conjunto de técnicas, surgiu nos Estados Unidos no início do atual século. Seus primeiros experimentos estavam voltados para a comunicação de massa. Até os anos 50 predominava o aspecto quantitativo da técnica que se traduzia, em geral, pela contagem da freqüência da aparição de características nos conteúdos das mensagens veiculadas. Atualmente podemos destacar duas funções na aplicação da técnica. Uma se refere à verificação de hipóteses e / ou questões. Ou seja, através da análise de conteúdo, podemos encontrar respostas para as questões formuladas e também podemos confirmar ou não as afirmações

30 MARCONI, Marina de Andrade. LAKATOS, Eva Maria. p. 169 31 GOMES, Romeu. A análise de dados em pesquisa qualitativa. In MINAYO, Maria Cecília de Souza. Pesquisa Social: teoria, método e criatividade. p.74.

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103

estabelecidas antes do trabalho de investigação (hipóteses). A outra função diz respeito à descoberta do que está por trás dos conteúdos manifestos, indo além das

aparências do que está sendo comunicado. As duas funções podem ser aplicadas a partir de princípios da pesquisa quantitativa ou da qualitativa.

Portanto, a interpretação dos dados constantes das questões abertas

ocorreu mediante a análise qualitativa do conteúdo.

No ano de 2004 quando houve a recomendação do nível estratégico da

PMMG para que o nível intermediário realizasse o desdobramento do plano

estratégico 2004-2007, existiam 13 RPM criadas e instaladas, sendo da 1ªRPM à

13ª RPM. No ano de 2007 foram criadas e instaladas mais 3 regiões de nível

intermediário, sendo da 14ª a 16ª RPM.

Nesse sentido, os questionários foram remetidos a todas elas, porém com

a ressalva de que as questões exclusivas, pertinentes ao PGI anterior (2004-2007)

receberam por parte dos respondentes a resposta de “prejudicada” em razão de sua

data de instalação e a resposta na análise foi categorizada com a designação “não

se aplica” (NA). Na análise e interpretação dos dados estabeleceu-se um perfil entre

as 13 RPM com PGI e 3 RPM sem PGI elaborados no período considerado de 2004-

2007, criando possibilidades de se extrair conclusões, sem prejuízo para a análise.

Os questionários, como citado, foram enviados a todas as RPM da PMMG

com a solicitação de que fossem respondidos. Dos 16 questionários enviados para

obtenção dos dados, retornaram 15. Sendo assim, obteve-se 93,75% das respostas

esperadas. O questionário que não retornou foi o da 7ª RPM – Divinópolis.

Entre os questionários que retornaram, alguns estavam com questões em

branco, outros 3 referem-se às RPM com recente instalação. Para melhor

possibilidade de análise procedeu-se a freqüência dos questionários respondidos,

conforme TAB. 2:

TABELA 2 Índice de respostas

Freqüênci

a

Percentu

al

Satisfatório 9 60,0%

Faltando

informação 3 20,0%

Recente instalação 3 20,0%

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104

Total 15 100,0%

Fonte: Coleta Direta de Dados/2008

A variável “satisfatório” refere-se a 9 questionários com todas as questões

respondidas; a variável “ faltando informação” diz respeito a 3 questionários com

algumas questões em branco e; por último a variável “recente instalação”, refere-se

aos questionários aplicados para as 3 regiões PM recentemente instaladas,

totalizando 15 questionários respondidos.

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105

6 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

Nesta seção serão feitas a apresentação, a análise e a interpretação dos

dados da pesquisa realizada através de questionários aplicados ao Chefe da Seção

de Planejamento e Emprego Operacional (P/3) das RPM. Os instrumentos de coleta

de dados foram enviados a todas as RPM da PMMG, com a solicitação de que

fossem respondidos. Dos 16 questionários enviados para obtenção dos dados,

houve o retorno de 15. Sendo assim, obteve-se 93,75% das respostas esperadas.

Para os dados deixados de ser informados pelas três RPM recém instaladas,

colocou-se na análise a observação “não se aplica(NA)”, evitando-se um prejuízo

para a avaliação.

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106

6.1 O Perfil do Gestor de Planejamento

De acordo com Vasconcelos Filho e Pagnoncelli (2003, p. 51), dentre os

elementos que a organização deve verificar para obter uma boa análise do ambiente

(etapa do diagnóstico), na fase de planejamento, é questionar como está a

capacitação para construir as transformações necessárias. Afirma ainda, que o

diagnóstico estratégico é “um processo formal e estruturado que procura avaliar a

existência e a adequação das estratégias vigentes na organização em relação ao

andamento de transformações para a construção de seu futuro”.

Na concepção de Mintzberg (2007), de acordo com o pensamento

empreendedor e cognitivo da estratégia, há uma valorização de variáveis

intangíveis, como a experiência do gestor. Defende-se a idéia de que o estrategista

utiliza todo o seu conhecimento, partindo de suas experiências para desenvolver

processos de pensamento e tomada de decisões.

Os gestores de planejamento da PMMG, pesquisados, compreendem um

total de 15 Oficiais PM, sendo que na linha de hierarquia funcional da organização,

apresentaram o seguinte perfil: 11 com cargo de Major PM (73,3%), considerado

Oficial superior e 4 com cargo de Capitão PM (26,7%), considerado Oficial

intermediário, todos ocupando a função de Chefe da Seção de Planejamento das

RPM.

TABELA 3

Índice de respostas e o Tempo de exercício da Função P/3.

Sobre as respostas Total

Satisfatório Faltando

informação Recente

instalação

Tem

po d

e ex

ercí

cio

da fu

nção

P

/3

Inferior a 2 anos

Freq 4 3 3 10 %

44,4% 100,0% 100,0% 66,7%

entre 2 e 5 anos

Freq 3 0 0 3 %

33,3% 0% 0% 20,0%

7 anos acima

Freq 2 0 0 2 %

22,2% 0% 0% 13,3%

Total Freq 9 3 3 15 % 100% 100% 100% 100%

Fonte: Coleta Direta de Dados/2008

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107

Desse total, o tempo de experiência de exercício na função, como

Chefe da Seção de Planejamento (P/3) é equivalente a: 66,7 % com menos de 2

anos; 20% entre 2 e 5 anos; 13,3% há mais de 7 anos, conforme TAB. 3.

Levando-se em consideração o tempo de exercício na função, foi possível

observar que o resultado quanto ao índice de respostas satisfatórias (55,5% na

freqüência relativa acumulada) correspondem aos gestores com considerada

experiência (acima de 2 anos), ou seja todos responderam aos questionamentos de

forma completa. Por outro lado, somente dos gestores com pouca experiência

(inferior a 2 anos) apresentaram um resultado parcial no índice de respostas, ou seja

3 deles ficaram faltando informação.

Outro aspecto importante, considerado por Lawrence e Lorsch (1973),

como relevante para o processo de implementação da estratégia, remete-se ao fator

diferenciação, que no entendimento do autor, existem quatro dimensões específicas

das diferenças, sendo a segunda delas, as diferenças na orientação relativa ao

tempo possuído pelos administradores em diversas partes da empresa.

Ainda, Tavares (2000), ressalta que a participação e o envolvimento dos

gestores precedem as etapas decorrentes do processo, sendo imprescindível que se

reconheça o papel de cada administrador na construção do planejamento.

Quanto à participação dos integrantes da organização, no processo de

formulação da estratégia, segundo Motta (1996, p.102), “a prática da estratégia

resulta em um processo interativo, no qual a empresa testa o seu próprio futuro

através de um aprendizado contínuo. [...] Sem a visão estratégica, não se pode

conhecer o conjunto de necessidades, demandas, apoios e recursos existentes na

sociedade.”

Nesse sentido, verifica-se uma restrita participação do atual gestor de

planejamento da RPM no processo de formulação das estratégias de sua área, ou

melhor, de sua Unidade de Direção Intermediária, o que pode ser constatado pela

TAB. 4.

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TABELA 4 Tempo de Exercício da Função P/3 por

Perfil de Participação no Desdobramento do Plano Estratégico

Perfil de Participação

Total

Participou da formulação

Não participou da formulação

Tem

po d

e E

xerc

ício

da

Fun

ção

P/3

Inferior a 2 anos

Freq. 3 7 10

% 30,0% 70,0% 100,0%

Entre 2 e 5 anos

Freq. 1 2 3

% 33,3% 66,7% 100,0%

7 anos acima

Freq. 2 0 2

% 100,0% ,0% 100,0%

Total Freq. 6 9 15 % 40,0% 60,0% 100,0%

Fonte: Coleta Direta de Dados/2008

Portanto, é possível analisar que 60% dos gestores das 16 RPM não

participaram do processo de formulação das estratégias, que por sua vez,

declararam que não tiveram participação no desdobramento do Plano Estratégico da

organização. Ressaltando-se que se levou em consideração o atual gestor do

departamento de Planejamento e Emprego Operacional do nível de direção

intermediária da PMMG.

6.2 Administração e Gerenciamento Estratégico

Dentro do contexto de administração estratégica, Certo e Peter (1993) a

define como “um processo contínuo e interativo que visa manter uma organização

como um conjunto apropriadamente integrado ao seu ambiente.”

No que se refere ao gerenciamento estratégico, Tavares (2000, p.33)

afirma que a gestão estratégica procura reunir planejamento estratégico e

administração em um só processo, que “corresponde assim, ao conjunto de

atividades planejadas e intencionais, traduzidas em estratégias organizacionais que

visa integrar a capacidade interna ao ambiente externo.”

Uma das variáveis utilizadas para se fazer a análise das condições da

gestão estratégica nas RPM, ocorreu por meio da seguinte questão: “Faça uma

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109

auto-avaliação quanto ao seu nível de conhecimento e domínio das informações

sobre administração estratégica na RPM.”

A partir disso, de acordo com GRAF. 1, verifica-se que 40% dos

respondentes têm pouco conhecimento e domínio do assunto. O nível elevado ficou

como última condição, com apenas 13,3% dos gestores tendo adquirido e

assimilado bem o conteúdo sobre o processo estratégico. Para uma gestão, com

premissas baseada no sistema de ação, acrescida de aspirações em gente, com

mudanças rápidas da organização, somada à capacitação estratégica e finalizada

com um novo comportamento; a falta de conhecimento e domínio podem prejudicar

o processo.

13,3%

20%

26,7%

40%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

Elevado Bom Adequado Pouco

GRÁFICO 1 – Auto avaliação do nível de conhecimento e domínio das informações do P3 sobre administração estratégica.

Fonte: Coleta Direta de Dados/2008

Em outra variável indicativa do alcance da administração estratégica na

organização, diz respeito ao acompanhamento do processo pela presidência (nível

estratégico) até o último nível da empresa. A administração estratégica refere-se a

um “processo contínuo e interativo que visa manter uma organização como um

conjunto apropriadamente integrado a seu ambiente,” no sentido de que esta se

posicione perante o futuro e se antecipe diante de situações de ameaça.(CERTO e

PETER, 2003).

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110

Nessa perspectiva, foi perguntado se houve cobrança e

acompanhamento da administração superior no cumprimento das metas

estabelecidas. Observa-se que 40% dos respondentes informaram não ter havido

esse acompanhamento e 20% não respondeu. Assim como, somente 13,3%

declarou que houve acompanhamento das metas pela administração superior,

conforme GRAF. 2.

40,0%

26,7%

13,3%

20,0%

Não Sim NR NA

GRÁFICO 2 – Acompanhamento das metas pela administração superior

Fonte: Coleta Direta de Dados/2008

No aspecto da motivação para implementação e execução do

planejamento de gestão estratégica intermediária, apenas foi possível fazer uma

inferência, visto o limite de alcance da questão para se tirar conclusões, conforme

TAB. 5.

TABELA 5

Qual foi a motivação para implementar e executar o PGI.

Freqüência Percentual

Expectativa na concretização do planejamento

4 26,7%

Compromisso com a Corporação 3 20,0%

Pequena Motivação 1 6,7%

Boa motivação 1 6,7%

NR 3 20,0%

NA 3 20,0%

Total 15 100%

Fonte: Coleta Direta de Dados/2008

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111

Assim, percebe-se que não houve nenhuma resposta demonstrando

um nível alto de motivação e sim, frases afirmativas quanto à expectativa e

compromisso com a organização. Especificamente, um respondente afirmou que a

motivação foi “pequena”, representando 6,7% das RPM pesquisadas.

Outra questão ponderada na pesquisa, refere-se a avaliação e ao

controle, sendo portanto perguntado sobre a existência de indicadores de

desempenho para controle, mensuração e alinhamento das estratégias

estabelecidas. Ainda, se a RPM recebeu feedback do atingimento ou não das metas

elaboradas.

Para Tavares (2000), a execução da avaliação e do controle permite e

facilita o processo de gerenciamento com um feedback que realimenta toda a gestão

estratégica. A avaliação e controle são etapas do processo estratégico, pelo fato de

que planejamento estratégico vislumbra o alcance da efetividade, considerando o

cumprimento das metas estabelecidas.

Assim, tem-se, de acordo com o GRAF. 3 o seguinte resultado, quanto ao

feedback que a RPM tenha recebido do nível superior, quanto ao atendimento ou

não das metas:

20,0%

46,7%

13,3%

20,0%

Sim Não NR NA

GRÁFICO 3 – A RPM recebeu feedback do atendimento ou não, das metas, pelo nível superior

Fonte: Coleta Direta de Dados/2008

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112

Analisa-se que desconsiderando as três RPM que não têm o PGI, a

maioria respondeu que não houve feedback sobre o alcance ou não das metas, com

base nas informações de 7 RPM, que representa 46,7% dos respondentes. Apenas

20% responderam que sim, houve o retorno sobre as metas.

Quanto ao controle, tomou-se por base a existência ou não de indicadores,

ou seja, para mensuração do alcance das metas pelas RPM. Foi perguntado

quantos indicadores de desempenho foram construídos para o controle, mensuração

e alinhamento das estratégias estabelecidas. Veja, portanto, a TAB 6.

TABELA 6

Existência de indicadores de desempenho na RPM

Fonte: Coleta Direta de Dados/2008

Nesse sentido, fica fácil perceber que nenhuma RPM desenvolveu um

mecanismo de controle e até de recompensa, por meio indicadores, conforme

previsto no plano estratégico 2004-2007 da PMMG, sendo que cinco RPM foram

taxativas em afirmar que os indicadores não foram definidos.

Ressalta-se que a 1ª RPM fez a seguinte referência em sua resposta: “ o

PGI foi levado adiante de forma coincidente com outras demandas. Os indicadores

construídos foram um esforço de dar instrumentalidade de dar à ação tática da

RPM. Mas indicadores específicos, ligados ao que previa o Plano Estratégico, não

houve.”

Freqüênc

ia Percentu

al Avaliações e acompanhamentos realizados periodicamente

3 20,0%

Ainda não foi implementado 1 6,7%

Não foram definidos indicadores 5 33,3%

NR 3 20,0%

NA 3 20,0%

Total 15 100,0%

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113

6.3 Formulação da Estratégia

Ao considerar a formulação da estratégia, revisita-se o conceito de

estratégia, para melhor compreensão e sensibilização da relevância na sua

definição, para a organização. Assim, Ansoff (1993), definiu que “a estratégia é um

conjunto de regras de tomada de decisão para orientação do comportamento de

uma organização.”

Nessa direção, o nível de informação que se deve ter para o

desdobramento e formulação da estratégia na RPM passa a ser algo que necessita

de atenção. Foi perguntado, qual a percepção do P3, quanto ao nível de

conhecimento e informação da RPM para o desdobramento do Plano Estratégico.

Conforme GRAF. 4 foi possível verificar que:

.

6,7%

26,7%

26,7%

33,3%

6,7%

Elevado Bom Adequado Pouco NR

GRÁFICO 4 – Percepção do P3 quanto ao nível de conhecimento e

informação da RPM para o desdobramento do plano estratégico

Fonte: Coleta Direta de Dados/2008

Foi verificado que na percepção do P3, apenas 6, 7% das RPM tem um

nível elevado; a percepção de que o nível de conhecimento é pouco foi de 33,3%

das RPM e, em 26,7% entende-se ser adequado.

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114

No aspecto de fonte de informação interna da organização para a

formulação das estratégias, tomou-se por referência o questionamento de como o

P/3 analisa a produção interna (bibliografia) existente na PMMG sobre gestão

estratégica e suas técnicas de aplicação. O GRAF.5 aponta o resultado obtido:

6,7%

20,0%

6,7%

20,0%

46,7%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

Deficiente/Limitado Mediano/Razoável Ótima NS NR

GRÁFICO 5 – Como o P3 analisa a produção interna (bibliografia) existente na PMMG sobre gestão estratégica e suas técnicas de aplicação

Fonte: Coleta Direta de Dados/2008

Nas respostas dos respondentes, encontra-se que 46,7% acham que é

deficiente e limitada; 20% analisam como mediana e razoável; sendo que apenas

6,7 informaram que é ótima.

6.4 Metodologia do Processo de Planejamento

Conforme discorrido no referencial teórico, existe uma vasta literatura

sobre planejamento estratégico, apresentando inúmeras metodologias de

elaboração e implementação de estratégias, podendo citar alguns autores: Andrews,

1980; Ansoff, 1990; Porter, 1986; Costa, 2003; Mintzberg & Quinn, 1998; Certo E

Peter, 1993; Tavares, 2000; Mintzberg, 2007 e outros.

Tomando por base a metodologia apresentada, a pergunta que direcionou

a análise sobre a metodologia, abordou a auto-avaliação do P/3 quanto ao seu nível

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115

de conhecimento e domínio das informações sobre a metodologia utilizada no

PE da PMMG. Na TAB 7, tem-se que:

TABELA 7

Auto-avaliação do P3 quanto ao nível de conhecimento e domínio da metodologia utilizada no PE da PMMG

Freqüência Percentual

Já ouvi falar, mas não conheço a metodologia.

6 40,0%

Conheço superficialmente 4 26,7%

Sim. Conheço e compreendo a metodologia

5 33,35

Total 15 100,0%

Fonte: Coleta Direta de Dados/2008

Pelo observado, conclui-se que 40% embora já tenha ouvido falar, não

conhece a metodologia; 33,35% conhece e compreende, todavia, acumulando-se a

freqüência entre quem não conhece ou conhece superficialmente, corresponde à

maioria; visto que 26,7% conhece superficialmente. A opção de resposta foi

oferecida no instrumento de pesquisa, portanto uma questão fechada, por isso

possibilita esta conclusão.

Um aspecto que contrapõe a questão anterior, onde desconhece ou

conhece superficialmente, foi o questionamento de como foi o processo de

implementação estratégica e se houve a contratação/ participação de consultoria

externa. O resultado pode ser visualizado no GRAF 6.

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26,7%

40,0%

13,3%

20,0%

0% 10% 20% 30% 40%

NA

NR

Esforço da equipe do Comando da RPM local

Não houve participação de Consultoria

GRÁFICO - 6 Como foi o processo de implementação estratégica?

Fonte: Coleta Direta de Dados/2008

Pode-se inferir que não houve contratação ou participação de consultoria

externa, tendo as RPM contado apenas com o conhecimento dos seus gestores

para a elaboração do PGI. Assim, 40% dos respondentes informaram que ocorreu

com o esforço da própria equipe e 26% afirmaram que não houve a participação de

consultoria externa.

Por fim, os conceitos da metodologia não foram internalizados em sua

plenitude, conforme informações dos respondentes. Entretanto a metodologia do

plano constitui uma inovação institucional, requerendo um tempo maior para

internalização e assimilação dos conceitos.

Quanto ao instrumento que melhor auxiliará o gestor de RPM para

compreender a metodologia e desenvolver o processo de formulação das

estratégias, questionou-se qual o instrumento que melhor auxiliaria na

implementação do planejamento de nível intermediário. Os resultados foram os

constantes da TAB. 8, como se segue:

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TABELA 8

Instrumento que melhor auxiliaria na implementação do PGI

Sim Não Total

Freq. % Freq. % Freq. %

Manual de Planejamento 7 46,7% 8 53,3% 15 100,0%

Instrução Normativa 6 40,0% 9 60,0% 15 100,0%

Canal de Acesso Direto via Telefone 3 20,0% 12 80,0% 15 100,0%

Reuniões de Aplicação 9 60,0% 6 40,0% 15 100,0%

Assessoria para acompanhamento do processo

8 53,3% 7 46,7% 15 100,0%

Outro 1 6,7% 14 93,3% 15 100,0%

Fonte: Coleta Direta de Dados/2008

Foi citada em maior preferência, a realização de reuniões de aplicação

(60%), seguido da assistência de uma assessoria para acompanhamento do

processo (53%). As outras duas opções que se destacaram foram a edição de um

manual de planejamento (46,7%) e a produção de instrução normativa sobre o

assunto (40%). Nessa questão, era opcional aos respondentes a indicação de mais

de uma resposta.

6.5 A Estrutura Organizacional e o Processo Estratégico da RPM

De acordo com a revisão bibliográfica, Chandler (1998) afirma que a

estrutura das empresas deve se ajustar às estratégias por ela adotadas, para levar

em consideração as mudanças do meio ambiente externo. Segundo o autor, assim

como a estratégia deve se adaptar às oportunidades e às ameaças colocadas pelo

ambiente externo, a estrutura deve seguir a estratégia , ou seja, a estrutura

organizacional deve ser vista como um recurso para possibilitar a operacionalização

das estratégias adotadas pela organização.

Nessa perspectiva, a análise das contribuições da estrutura como variável

contextual para o sucesso das estratégias, tomou-se por escopo a teoria de

Mintzberg(1995) da configuração das cinco estruturas organizacionais. Assim, as

organizações podem adotar: estrutura simples, burocracia mecanizada, burocracia

profissional, divisionalizada e a adhocracia.

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118

Considerando ambientes dinâmicos, as mudanças exigem novas

habilidades e novas classificações das questões, requerendo esforços criativos das

equipes. Portanto, a burocracia profissional se configura como insuficiente,

demandando um outro tipo de configuração. (JUNQUILHO, 2003)

A PMMG possui uma estrutura do tipo burocrática, conforme abordado.

Entretanto, a estrutura que possibilitaria a substituição do modelo burocrático para o

gerencial seria a estrutura do tipo adhocracia.

Para essa análise as variáveis questionadas foram: quais as dificuldades

encontradas pelo nível intermediário da PMMG para fazer o PGI levando-se em

consideração a estrutura organizacional existente e, como a RPM conseguiu

implementar as estratégias do PE 2004-2007 com cruzamento do nível de

informação do gestor; e por último, o que mudou com a implementação do

planejamento estratégico na RPM.

No GRAF. 7 pode se verificar as dificuldades encontradas nas RPM:

40,0%

6,7%

20,0%

6,7%

6,7%

20,0%

0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00%

NANRFixação da metodologia adotadaPouca experiência na elaboração de planosAdequação do conteúdo a realidade da regiãoFalta de Instrução e/ou Qualif icação

GRÁFICO 7 – Dificuldades encontradas para elaborar o PGI

Fonte: Coleta Direta de Dados/2008

Assim, tem-se que 40% dos respondentes declararam que a maior

dificuldade encontrada é a falta de instrução e/ou qualificação da equipe. A segunda

maior dificuldade refere-se a pouca experiência no processo estratégico. Os 20%

que não se aplica, são as três RPM criadas no ano de 2007 e 6,7% diz respeito à

questão sem resposta (NR).

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119

TABELA 9 Como a RPM implementou as estratégias na atual estrutura e

o nível de conhecimento do P/3.

1 1 2 4

16,7% 25,0% 40,0% 26,7%

2 1 0 3

33,3% 25,0% ,0% 20,0%

0 1 2 3

,0% 25,0% 40,0% 20,0%

0 1 1 2

,0% 25,0% 20,0% 13,3%

1 0 0 1

16,7% ,0% ,0% 6,7%

1 0 0 1

16,7% ,0% ,0% 6,7%

1 0 0 1

16,7% ,0% ,0% 6,7%

6 4 5 15

100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

Freq

%

Freq

%

Freq

%

Freq

%

Freq

%

Freq

%

Freq

%

Freq

%

Buscando Cumprir osobjetivos que forampropostos

Recente instalação

Exercitando a atividade decoordenação e controle

Empenho das pessoasenvolvidas

Ocorreu uma adequação

Houve pouco interesse eenvolvimento

NR

Como a RPMconseguiuimplementar asestratégiaspropostas noPlanoEstratégico daPMMG2004/2007 ?

Total

Já ouvi falar,mas não

conheço ametodologia

Conheçosuperficia

lmente

Sim. Conheçoe

compreendoa metodologia

Nível de conhecimento e domínio dasinformações sobre a metodologia utilizada

no Plano Estratégico da PMMG

Total

Fonte: Coleta Direta de Dados/2008

Na TAB. 9, vê-se a implementação da estratégia de acordo com a atual

estrutura organizacional da PMMG por nível de conhecimento dos gestores.

Percebe-se uma diversidade nas informações obtidas nas RPM, não

sendo coincidentes e congruentes entre si, ou mesmo, harmônicas ou concordantes

em sua maioria.

Assim, na dispersividade das respostas, tem-se que 26,7% resumem ao

cumprimento dos objetivos propostos, podendo inferir que não se considera a

adequação necessária à execução. Segue-se com 20% executaram as estratégias

voltadas ao controle e coordenação. Nesse sentido, Mintzberg (2007) afirma que

uma das críticas ao planejamento é sua utilização como instrumento de controle

dentro das organizações. E, 13% das RPM só conseguiu implementar em razão do

esforço das pessoas envolvidas. Também infere-se que a estrutura não contribuiu

com a execução das estratégias. Segundo Porter (1991), a estrutura deveria

sustentar a vantagem competitiva.

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120

No GRAF.8 figuram as mudanças ocorridas com a implementação do

PE:

26,7%

20,0%6,7%

20,0%

6,7%

20,0%

Resultados positivos obtidos pelo cumprimento das metas

Criou-se consciência da necessidade de planejamento

Propiciou melhor aplicação de recursos disponíveis

Não há visão prática de mudança

NR

NA

GRÁFICO 8 – O que mudou na RPM com a implementação do PE

Fonte: Coleta Direta de Dados/2008

Das mudanças citadas, 26,7% relatam a obtenção de resultados positivos

no cumprimento das metas; com mesma diversidade de informações, 20%

consideraram a criação da consciência da necessidade de planejamento e 20% que

não viu visão prática de mudança. Esse último percentual deve receber atenção

especial pela organização, pois todo o esforço do gerenciamento estratégico para

um futuro de sucesso, ainda não atingiu essas três RPM. Talvez com a mudança ou

adequação de estrutura esse quadro possa ser modificado.

6.6 O ambiente e o processo estratégico da R PM

A estratégia organizacional deve se adequar às mudanças do ambiente. É

no ambiente externo e interno que devem ser diagnosticadas as oportunidades, as

ameaças, os pontos fortes e os pontos fracos.

A avaliação do ambiente interno tem como parâmetros de análise os

quesitos: marketing, pesquisa e desenvolvimento, sistema de informações

gerenciais, equipe gerencial, operações, finanças e recursos humanos. (Mintzberg et

al, 2007 p.32)

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121

As principais variáveis macroambientais são: conjuntura econômica,

estruturas sociais, ações do governo, legislação em vigor, demografia, cultura,

tecnologia e ecologia. (RICHERS, 1981; TAVARES, 2000; LAWRENCE e LORSCH,

1973)

Nas informações obtidas sobre o ambiente, considerou como ocorreu a

discussão e avaliação dos cenários e quais os principais membros da comunidade

consultados. Assim, foi possível verificar, conforme TAB 10, o seguinte resultado:

TABELA 10

Quais foram os principais membros da comunidade consultados?

Freqüênci

a Percentua

l Lideranças e instituições com visibilidade na sociedade 2 13,3%

CONSEP 2 13,3%

Não foram consultados 5 33,3%

NR 3 20,0%

NA 3 20,0%

Total 15 100,0% Fonte: Coleta Direta de Dados/2008

Conclui-se que a maioria das RPM não consultou qualquer membro da

comunidade (33,3%); 20% das RPM não responderam. E, em uma freqüência

acumulada das lideranças e dos CONSEP que foram consultados, tem-se um

resultado de 26,6% das RPM que o fizeram, assim mesmo a consulta foi para um

público restrito, as demais variáveis foram desconsideradas.

No que se refere aos cenários e banco de dados com informações para o

diagnóstico, pode ser visto na TAB 11.

TABELA 11

Como foram discutidos e avaliados os cenários

Freqüê

ncia Percent

ual Avaliações feitas através de bancos de dados da PMMG

5 33,3%

Através de Reuniões para apresentação e validação dos dados

3 20,0%

Não houve base específica de dados 1 6,7% NR 3 20,0% NA 3 20,0% Total 15 100,0%

Fonte: Coleta Direta de Dados/2008

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Verifica-se que 33,3% das RPM avaliaram os cenários com base em

banco de dados da própria organização; 20% o fizeram através de reuniões para

apresentação de dados e 6,7% informou que não avaliaram cenários para

elaboração das estratégias. Ainda, o resultado de 3 questionários ficaram

prejudicados em razão do gestor não ter respondido a citada questão.

6.7 Prazo de vigência do PGI

Na classificação dos planos, no tocante ao prazo, o plano tático tende a

cobrir um período menor de tempo que o plano estratégico, considerado de médio

prazo e elaborado para um período de até cinco anos. (ROBBINS, 2006).

De acordo com a TAB. 12, o PGI (plano tático) foi projetado para o

mesmo período do plano estratégico 2004-2007 em 9 RPM e apenas uma RPM

informou ter sido para um período menor (2 anos).

TABELA 12

Para quanto tempo foi projetado o PGI ?

Freqüência Percentual 4 anos 9 60,0% 2 anos 1 6,7% NR 1 6,7% NA 4 26,7% Total 15 100,0%

Fonte: Coleta Direta de Dados/2008

Por último, considera-se a partir dos resultados obtidos que os

objetivos do estudo foram alcançados, pela condição oferecida na pesquisa

de se conhecer o “como” vem ocorrendo a formulação das estratégias nas

RPM da PMMG. Muitas outras observações relevantes podem ser extraídas,

todavia o uso da técnica de questionário carrega algumas limitações, que

foram consideradas ao longo da apresentação e análise dos dados.

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123

CONCLUSÃO

A organização policial para se ajustar à estratégia compreende um

desafio aos gestores que administram esse processo na Polícia Militar de Minas

Gerais. Primeiro, por conhecer com sensibilidade e consciência, a importância de se

incorporar à prática da administração pública, os processos do planejamento

estratégico, pelo relevado papel da estratégia em uma organização. Segundo, em

razão da estrutura organizacional e das mudanças necessárias e inerentes ao

processo, para que se ocorra o alinhamento estratégico, a integração e a

participação dos gestores e executores. Entretanto, convence-se de que sua

implantação na organização é um empreendimento meritório e inovador.

Assim, para as considerações finais, retoma-se aos passos que guiaram

este estudo, para acompanhar melhor a lógica percorrida até o alvo que se buscou

atingir, ou seja, um objetivo para responder a um problema. Para tanto, o objetivo

proposto foi a verificação do processo estratégico utilizado na RPM, para formulação

do plano de gestão intermediária, no desdobramento do plano estratégico

institucional. O problema formulado, a ser respondido foi: a metodologia utilizada no

processo estratégico, para elaboração do plano de gestão intermediária, no nível

intermediário da PMMG, tem atendido as condições de implementação e execução

das estratégias institucionais?

No sentido de chegar às considerações finais, algumas colocações ainda

se fazem necessárias para corroborar a afirmativa de que o gerenciamento

estratégico deve constituir um caminho a ser perseguido pela PMMG. Além de

consistir em uma técnica de gestão, correspondendo a um dos mecanismos

utilizados pelas grandes empresas e organizações públicas, que lhes garantiu

resultados de sucesso é também, uma necessidade, para atender as exigências

colocadas às instituições públicas nas últimas décadas.

Para essa última colocação, cita-se Bresser Pereira (1998, p. 24) que

apresenta a seguinte explicação:

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Os cidadãos estão-se tornando cada vez mais conscientes de que a administração pública burocrática não corresponde às demandas que a sociedade civil apresenta aos Governos, no capitalismo contemporâneo. Os cidadãos exigem do Estado muito mais do que o Estado pode fornecer . E a causa imediata da lacuna que assim se cria não é apenas fiscal, como observou O’Connor (1973), nem apenas política, como Huntington (1968) destacou : é também administrativa. Os recursos econômicos e políticos são escassos por definição, mas se pode superar parcialmente a limitação com o uso eficiente pelo Estado, quando não se pode contar com o mercado, [...]Neste caso, a função de uma administração pública eficiente passa a ter valor estratégico, ao reduzir a lacuna que separa a demanda social e a satisfação desta demanda. (grifo meu)

Fundamentado na assertiva evidenciada no trecho citado, que vão além

de uma simples teorização, visto que são alicerçadas em uma realidade pragmática

e, que a PMMG convive integralmente em seu labor, enquanto instituição de

segurança pública, verifica-se a inviabilidade de retroceder ou fraquear o processo

de gerenciamento estratégico iniciado na organização.

Ao contrário, para responder às demandas da sociedade, a Polícia Militar

deve fortalecer e ampliar as condições de formulação de estratégias que vão

posicionar melhor a organização na tomada de decisão, para execução de ações

acertadas e almejadas. O planejamento estratégico, como ferramenta administrativa,

oferece possibilidades de alinhamento da organização para nortear o futuro

desejado no atendimento às demandas dos cidadãos.

Esse aporte na estratégia merece destaque, a partir do que foi descrito

neste estudo, por intermédio da contribuição de Ansoff (1990) ao acreditar na

estratégia, ao ponto de mencionar que “uma estratégia maior ou mista é uma regra

estatística de decisão para ajudar a escolher a estratégia pura, específica, que a

empresa deve adotar numa dada situação.”

Todavia, prossegue-se, no sentido de demonstrar que o processo

estratégico como um novo enfoque gerencial é algo que precisa ser assimilado,

aperfeiçoado e ampliado, ou seja, requer que toda a organização tenha

envolvimento nesse processo.

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125

O gerenciamento estratégico deve procurar reunir planejamento

estratégico e administração em um só processo, correspondendo ao conjunto de

atividades planejadas que precisa procurar integrar a capacidade interna ao

ambiente externo. A capacitação estratégica e a assimilação de um novo

comportamento integram esse modelo de gestão. (TAVARES, 2000)

Tomando-se o processo de planejamento estratégico da organização

PMMG, foi possível verificar, de acordo com Dornelas (2006), que o Plano

Estratégico 2004 – 2007 se apresenta como um instrumento que norteou ações e

relacionamentos, para todos os níveis da instituição, trazendo a delineação de

objetivos e metas clarificadas, pela primeira vez na história da organização. O

planejamento constituiu um parâmetro para a elaboração de diretrizes e outros

documentos resultantes do processo de planejamento, afirmando-se como políticas

de relacionamento institucional, integração, parceria e respeito.

Ainda, quanto ao planejamento estratégico, este pode ser plenamente

visto como uma atividade gerencial, que possibilita aos executivos o

estabelecimento de uma direção para a organização, visando maior grau de

interação com o ambiente Nesse sentido, Oliveira (2003) o define como um

“processo administrativo que proporciona sustentação metodológica [...], visando a

otimização do grau de interação com o ambiente e atuando de forma inovadora e

diferenciada.”

No trabalho apresentou-se uma metodologia de planejamento estratégico

em que se observa a consecução de fases que se estendem do diagnóstico à

formulação, implementação e avaliação da estratégia, assim apontadas: delimitação

da identidade organizacional, sendo o negócio, visão e missão; análise

macroambiental e do ambiente competitivo; análise do ambiente interno; explicitação

dos valores e crenças; formulação e implementação das estratégias; definição dos

objetivos; elaboração do orçamento; avaliação e controle.

Observa-se ainda, que o planejamento estratégico institucional, elaborado

e conhecido de forma isolada é insuficiente, uma vez que para o alcance de

objetivos a longo prazo, requer dos níveis inferiores da organização, a

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126

operacionalização de como esses objetivos serão executados e portanto,

implementados.

A PMMG editou seu primeiro plano estratégico pelo nível institucional no

ano 1973, denominado “Diretrizes para Ação de Comando”. A primeira obra

elaborada no âmbito da PMMG com o objetivo de oferecer bases conceituais e

padronizar o processo de planejamento foi publicada em 1987, constituindo-se no

Manual de Trabalho de Comando.

A cultura de planejamento da organização foi se evoluindo, vários outros

planos e diretrizes foram sendo expedidos. No ano de 2003 a PMMG editou seu

Plano Estratégico de longo prazo, para o quadriênio 2004-2007, que foi apresentado

neste estudo, na seção IV.

As Regiões da Polícia Militar (RPM), que correspondem às Unidades de

Direção Intermediária da organização são responsáveis pelo desdobramento do

respectivo plano estratégico, devendo elaborar o plano tático, denominado pela

instituição de Plano de Gestão Intermediária.

Verificou-se que foram expedidos pela alta administração, o documento

contendo o PE e outro contendo as normas que regulam o desdobramento e

elaboração do PGI, para a RPM, enquanto produção bibliográfica interna pertinente

ao processo estratégico. Além de ter ocorrido um seminário de treinamento a alguns

funcionários das RPM, que contemplou o conteúdo e metodologia do PE e do PGI.

O processo estratégico para elaboração do PGI e implementação do PE

foram alvos desta pesquisa, através de aplicação de questionários aos Chefes da

Seção de Planejamento das RPM. A apresentação e análise dos dados foram

expostas na Seção VI, bem como, algumas conclusões possíveis serão

apresentadas mais à frente desta seção.

Importa agora afirmar que, ao decidir implantar a gestão estratégica,

passa a ser um fator que merece destaque e a respectiva implementação das

estratégias precisa de atenção da organização. Para tanto, é de igual necessidade

que se considere as dimensões contextuais que interferem nesse processo.

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Assim, o estudo também abordou a estrutura e o ambiente, enquanto

variáveis que integram essas dimensões contextuais do processo estratégico. A

vinculação entre a estratégia, estrutura e ambiente é tema bastante abordado por

diversos autores, como discorrido no referencial teórico.

A estrutura organizacional é concebida como um dos fatores

fundamentais que facilita o processo de tomada de decisão. Nesse sentido, uma

estrutura inadequada pode também inviabilizar a implementação de uma estratégia.

De acordo com Chandler(1998), assim como a estratégia deve se adaptar às

oportunidades e às ameaças colocadas pelo ambiente externo, a estrutura deve

seguir a estratégia, ou seja, a estrutura organizacional deve ser vista como um

recurso para possibilitar a operacionalização das estratégias adotadas pela

organização, assunto discutido na seção III.

Ainda, considerou como conceito de estrutura, o modelo de organização

pelo qual se administra a empresa. Os tipos de estrutura discutidos foram: estrutura

simples, burocracia mecânica, burocracia profissional e adhocracia.

De acordo com as discussões teóricas, verificou-se que a Polícia Militar

de Minas Gerais é uma organização pública, que adota a gestão burocrática, e

estruturada de forma funcional. Nessa estrutura destaca-se a coordenação pela

padronização do processo de trabalho e a elaboração da estratégia é feita de cima

para baixo, com grande ênfase no planejamento para a ação.

Uma das tarefas desenvolvidas pela linha intermediária refere-se ao

suporte do fluxo vertical na estrutura, mediando informações entre o nível

estratégico e baixando planos de ação para o nível operacional, o que faz com que

a alta administração receba informações filtradas, com atraso e às vezes abstratas.

Segundo Mintzberg (1995), os principais elementos da estrutura

organizacional, que devem ser considerados na implementação da estratégia são: a

forma da divisão do trabalho e a especialização, as linhas hierárquicas, a amplitude

de controle, a departamentalização, a definição da centralização ou

descentralização, a comunicação e a distribuição da autoridade e responsabilidade.

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128

Quanto à variável ambiente, Daft (1999) o definiu “como todos os

elementos que existem fora dos limites da organização e que têm o poder de afetar

toda ou parte dela.” Foi possível verificar que diferentes condições de ambiente

exigem estruturas diferentes. E, o ritmo de transformação do ambiente cria a

pressão em favor de uma modificação estratégica e posteriormente estrutural.

(Lawrence, 1973; Chandler, 1998) Por tanto, quanto maior a habilidade da

organização em realizar com mais exatidão a avaliação do ambiente, mais a

possibilitará decifrar os sinais deixados nesse ambiente, necessitando para isso de

um ajuste estrutural.

Nessa direção, as considerações finais sobre a metodologia utilizada no

processo estratégico, para elaboração do plano de gestão intermediária, pelas RPM

da PMMG e as condições de implementação e execução das estratégias

institucionais, se desenvolvem a partir de todo o referencial teórico descrito,

apresentado de forma resumida nesta seção e da discussão dos resultados

analisados e interpretados na seção VI.

Por tanto, foi possível investigar que o processo de planejamento da

PMMG, até a versão do quadriênio 2004-2007, não vislumbrava uma visão

estratégica para a organização, não definia missão e visão, uma vez que tinha

ênfase instrutiva teórica, sem observação de tempo, espaço e, sem perspectiva

orçamentária. Eram chamados de “Políticas do Comandante Geral”, faltava uma

ferramenta que pudesse instrumentalizar o Comandante a ter uma visão melhor e

mais prospectiva.

Assim, no que concerne ao ajuste da estrutura às estratégias,

considerando-se a interação do nível estratégico com as Unidades de Execução

Intermediária, para a execução das metas, sucederam-se algumas dificuldades

encontradas pelos gestores, no processo estratégico.

Todavia, o grande desafio das organizações contemporâneas na

implementação da estratégia é que sua configuração em sua maioria advém dos

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parâmetros burocráticos de gestão em termos de estrutura, o que implica em

esforços maiores para a efetivação da mudança.

Assim, conclui-se que o instrumento de planejamento estratégico, pode

muito bem funcionar em meio à estrutura da PMMG, bastando para isso alguns

ajustes dentro da estrutura atual, como por exemplo, a promoção do alinhamento

estratégico, tático e operacional, bem como melhor estruturação na sistemática de

acompanhamento, controle e avaliação. Não menos importante e até imprescindível

é o enfoque nas pessoas, buscando-se prover os gestores de capacitação e

treinamento a fim de os conceitos inerentes ao processo sejam conhecidos e

assimilados.

Para fazer frente às dificuldades apresentadas pelos gestores de RPM,

sendo a primeira delas, o problema de qualificação e conhecimento, seguido de

pouco experiência com o processo, pode-se promover a otimização do aprendizado

organizacional, ampliando ainda, as produções internas e incentivando pesquisas na

área, aplicadas à organização.

As RPM perceberam mudanças com a implementação do PGI, como

melhoria dos resultados e crença na necessidade de planejamento, que devem ser

reforçadas pela organização com a disseminação e conscientização da importância

e dos benefícios oferecidos pelo gerenciamento estratégico.

Percebe-se uma inexistência de cadastro de indicadores vinculados aos

objetivos estratégicos, embora tenha aparecido o registro de reuniões de avaliação

em alguma RPM. Nota-se que o acompanhamento integrado, níveis estratégico e

intermediário, com remessa de mensagens de alerta de pendências aos

responsáveis é algo que pode ser efetivado pelos integrantes da RPM. Dessa forma,

o estabelecimento e implementação de indicadores são importantes para criar

condições mais favoráveis ao processo.

O desdobramento das estratégias para o nível intermediário foi realizado

pela regiões, sendo que somente três RPM ainda não tiveram experiência no

processo, justificado pela sua recente instalação. Uma maior intensificação nas

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130

discussões necessárias ao entendimento e domínio dos conceitos afetos à

gestão estratégica podem vir a suprir a deficiência de experiência, no

desdobramento do plano estratégico, com a devida sensibilização aos integrantes

das RPM.

Sugere-se o empreendimento de um canal de comunicação e

monitoramento dos serviços e produtos do planejamento estratégico para o público

interno: portal da estratégia, mapa estratégico, sistema de informações gerenciais,

reuniões com os gestores das RPM e um escritório de negócios, para que possam

auxiliar a organização e favorecer os seus integrantes.

Por último, espera-se que esta monografia represente uma contribuição

para a instituição, no sentido de que possa ter sua dinâmica de planejamento

aprimorada, promova de forma mais hábil a integração do processo com as suas

diversas Unidades de Execução Intermediária e, desta forma, fomente motivação,

capacidade produtiva e satisfatória para o desenvolvimento das estratégias

organizacionais.

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APÊNDICE

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ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

CENTRO DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO

Prezado Senhor,

Na condição de aluna do Curso de Especialização em Segurança Pública (CESP

I/2008), da Academia de Polícia Militar de Minas Gerais, estou desenvolvendo uma pesquisa

monográfica, como requisito parcial para conclusão do curso, com o tema “Gerenciamento

Estratégico: formulação do plano de gestão intermed iária nas RPM da PMMG.”

O objetivo geral do presente estudo é verificar as ferramentas metodológicas de gestão

estratégica, usadas pelos P/3, na formulação dos planos de gestão intermediária das RPM, no

desdobramento do planejamento estratégico, seus óbices e dificuldades.

A participação de V.Sª. é de relevante importância para verificar os óbices e dificuldades

encontrados na formulação do PGI, pelo que solicito a especial fineza em responder o questionário

abaixo.

Coloco-me à disposição para esclarecimentos que se fizerem necessários, através do

“ZWork”. Solicito que a remessa do questionário possa ocorrer até o dia 30 de junho de 2008 - Sex.

Desde já antecipo os agradecimentos,

Nirlane de Souza Barroso, Cap PM

Aluna do CESPI/2008

INSTRUMENTO DE PESQUISA - QUESTIONÁRIO

Dados Gerais 1. Cidade de Exercício do Trabalho: 4ª RPM – Juiz d e Fora. 2. Posto Oficial P/3 da RPM: ( ) Major PM ( ) C ap PM ( ) Outro – Citar:________ 3. Tempo de exercício na função de P/3:

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( ) inferior a 2 anos ( ) entre 2 e 5 anos

( ) entre 5 e 7 anos ( ) 7 anos acima As questões de 4 a 16 referem -se ao cotidiano do P/3 de RPM 4. Como o Senhor analisa a produção interna (bibliografia) existente na PMMG sobre gestão estratégica e suas técnicas de aplicação? 5. Quais os cursos/treinamentos realizados pela PMMG em que foi abordado o conteúdo sobre metodologia de elaboração de planejamento estratégico o Senhor freqüentou? ( ) curso de Formação de Oficiais ( ) curso de Especialização em Segurança Pública da PMMG (CESP antigo CAO) ( ) curso de Especialização em Gestão Estratégica em Segurança pública (CEGESP) ( ) Outros. Citar_____________________. 6. Marque a opção em que o Senhor se enquadra, quanto ao perfil de participação no desdobramento do Plano de Estratégico da PMMG, do período 2004/2007. ( ) participou da formulação do PGI ( ) não participou da formulação do PGI 7. Faça uma auto-avaliação quanto ao seu nível de conhecimento e domínio das informações sobre administração estratégica na RPM: ( ) elevado ( ) bom ( ) adequado ( ) pouco 8. O processo de implementação e execução do plano de gestão intermediária compreende etapas e fases a serem seguidas. Nesse sentido, qual é a principal fonte de informação que o Senhor utiliza para obtenção desses conhecimentos? ( ) Referencial bibliográfico externo à instituição, entendido como livros, revistas, publicações, consultas via internet e outros; ( ) Troca de informações com professores e profissionais afins ao assunto; ( ) Produção interna (diretrizes, memorandos e documentos institucionais) da PMMG; ( ) Outras. Quais?_______________________________. 9. Qual sua percepção quanto ao nível de conhecimento e informação da RPM para o desdobramento do plano estratégico? ( ) elevado ( ) bom ( ) adequado ( ) pouco

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10. Faça uma auto-avaliação quanto ao seu nível de conhecimento e domínio das informações sobre a metodologia utilizada no Plano Estratégico da PMMG: ( ) Não ( ) Já ouvi falar, mas não conheço a metodoloiga ( ) Conheço superficialmente ( ) Sim. Conheço e compreendo a metodologia

11. Qual o instrumento de gestão que melhor o auxiliaria na implementação do planejamento de nível intermediário? (Marque mais de uma opção se couber) ( ) Manual de Planejamento ( ) Instrução Normativa ( ) Canal de Acesso Direto via Telefone (hotline) ( ) Reuniões de Aplicação ( ) Assessoria para acompanhamento do processo ( ) Outros (Cite): ______________________________________ 12. No que se refere aos policiais militares que coordenam o PGI na RPM, quem são os participantes do processo de formulação estratégica? Função:_______________Posto/Grad:________ Tempo na Corporação: ___ (anos) Função:_______________Posto/Grad:________ Tempo na Corporação: ___ (anos) Função:_______________Posto/Grad:________ Tempo na Corporação: ___ (anos) 13. De que forma o plano estratégico chegou e foi repassado à RPM? ( ) ordem expressa por meio de documento institucional ( ) reunião/seminário com integrantes da RPM ( ) distribuição do documento que contém o Planejamento Estratégico ( ) encaminhamento via “intranet PM” 14. Quais são as dificuldades encontradas pelo nível intermediário da PMMG, para fazer o plano de gestão intermediária, na visão do Senhor? As questões de 15 a 27 referem -se ao Plano Estratégico da PMMG 2004/2007 15. Levando-se em consideração a estrutura organizacional existente, como a RPM conseguiu implementar as estratégias propostas no Plano Estratégico da PMMG 2004/2007 ?

16. Como foi o processo de implementação estratégica? Houve a contratação/participação de uma consultoria externa? 17. Qual foi a motivação para implementar e executar o PGI ?

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18. Quanto tempo demorou o processo de formulação e implementação do PGI?

19. Para quanto tempo foi projetado o PGI ? 20. Na avaliação do Senhor, qual é a realidade local da RPM, no aspecto da participação e motivação da RPM, no processo de formulação e implementação do PGI? 21. Quantos indicadores de desempenho foram construídos para controle, mensuração e alinhamento das estratégias estabelecidas? Se existentes, ocorre acompanhamento sistêmico desses indicadores e em qual freqüência? 22. O que mudou com a implementação do planejamento estratégico na RPM? 23. Como foram discutidos e avaliados os cenários, do global ao local, existia alguma base de dados com as informações? 24. Quais foram os principais membros da comunidade consultados? 25. Qual o nível de interação da alta administração (nível estratégico) na atuação como protagonista desse processo? 26. Houve uma cobrança e acompanhamento da administração superior no cumprimento das metas estabelecidas? 27. A RPM recebeu feedback do atingimento ou não, das metas elaboradas do nível superior?