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FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ CENTRO DE PESQUISAS AGGEU MAGALHÃES DEPARTAMENTO DE SAÚDE COLETIVA RESIDENCIA MULTIPROFISSIONAL EM SAÚDE COLETIVA MORGANA DE FREITAS CARACIOLO AVALIAÇÃO DAS AÇÕES DE CONTROLE DA ESQUISTOSSOMOSE NO CONTEXTO DA ATUAÇÃO DOS ENFERMEIROS DAS EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA NO ESTADO DE PERNAMBUCO RECIFE 2015

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FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ

CENTRO DE PESQUISAS AGGEU MAGALHÃES

DEPARTAMENTO DE SAÚDE COLETIVA

RESIDENCIA MULTIPROFISSIONAL EM SAÚDE COLETIVA

MORGANA DE FREITAS CARACIOLO

AVALIAÇÃO DAS AÇÕES DE CONTROLE DA ESQUISTOSSOMOSE NO

CONTEXTO DA ATUAÇÃO DOS ENFERMEIROS DAS EQUIPES DE SAÚDE DA

FAMÍLIA NO ESTADO DE PERNAMBUCO

RECIFE

2015

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MORGANA DE FREITAS CARACIOLO

AVALIAÇÃO DAS AÇÕES DE CONTROLE DA ESQUISTOSSOMOSE NO

CONTEXTO DA ATUAÇÃO DOS ENFERMEIROS DAS EQUIPES DE SAÚDE DA

FAMÍLIA NO ESTADO DE PERNAMBUCO

Monografia apresentada ao curso de

Residência Multiprofissional em Saúde

Coletiva do Centro de Pesquisas Aggeu

Magalhães, Fundação Oswaldo Cruz para

obtenção do título de especialista em Saúde

Coletiva.

Orientadora: Dra. Louisiana Regadas de Macedo Quinino

Recife

2015

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Catalogação na fonte: Biblioteca do Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães

C257a

Caraciolo, Morgana de Freitas.

Avaliação das ações de controle da

esquistossomose no contexto da atuação dos

enfermeiros das equipes de saúde da família no estado

de Pernambuco / Morgana de Freitas Caraciolo. -

Recife: [s.n.], 2015.

55 p. : il. ; 30 cm.

Monografia (Programa de Residência

Multiprofissional em Saúde Coletiva) - Departamento

de Saúde Coletiva, Centro de Pesquisas Aggeu

Magalhães, Fundação Oswaldo Cruz, 2015.

Orientadora: Louisiana Regadas de Macedo

Quinino.

1. Esquistossomose – prevenção & controle. 2.

Avaliação de desempenho profissional. 3. Papel do

profissional da enfermagem. 4. Pessoal de Saúde.

Estratégia Saúde da Família. I. Quinino, Louisiana

Regadas de Macedo. II. Título.

CDU 614.253

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MORGANA DE FREITAS CARACIOLO

AVALIAÇÃO DAS AÇÕES DE CONTROLE DA ESQUISTOSSOMOSE NO

CONTEXTO DA ATUAÇÃO DOS ENFERMEIROS DAS EQUIPES DE SAÚDE DA

FAMÍLIA NO ESTADO DE PERNAMBUCO

Monografia apresentada ao curso de

Residência Multiprofissional em Saúde

Coletiva do Centro de Pesquisas Aggeu

Magalhães, Fundação Oswaldo Cruz para

obtenção do título de especialista em

Saúde Coletiva. Aprovado em: 26/07/2015

BANCA EXAMINADORA

____________________________________________

Ms. Denise da Silva Melo

Instituto de Medicina Integral prof. Fernando Figueira (IMIP)

____________________________________________

Dra. Louisiana Regadas de Macedo de Quinino

CPqAM/FIOCRUZ

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A quem sirvo com paixão e louvor, Deus.

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CARACIOLO, Morgana de Freitas. Avaliação das ações de controle da esquistossomose

no contexto da atuação dos enfermeiros das equipes de saúde da família no estado de

Pernambuco. 2015. Monografia (Residência Multiprofissional em Saúde Pública) - Centro

de Pesquisas Aggeu Magalhães, Fundação Oswaldo Cruz, Recife, 2015.

RESUMO

Ao considerar a necessidade da integralidade das ações de vigilância e assistenciais no

controle da esquistossomose e a figura central do enfermeiro como gestor do cuidado, este

trabalho realizou uma avaliação normativa da dimensão processo, para obtenção do grau de

implantação das ações do enfermeiro da ESF frente ao programa de controle da

esquistomosse. Foram utilizados dados secundários da pesquisa intitulada: “Análise da

implantação do Programa de Esquistossomose em Pernambuco” que foram coletados no

período de 2009 a 2011 por meio de um questionário aplicado aos enfermeiros da ESF. A

amostra representativa foi composta de 23 municípios da zona endêmica do estado de

Pernambuco. Foi construído um modelo lógico que comtemplou as funções gestoras e

técnicas deste profissional, a partir do aparato normativo existente. Utilizou-se de uma matriz

de julgamento e um sistema de escores para definição do GI das ações do enfermeiro em

implantado, quando atingiu 75 a 100 do total de pontos; parcialmente implantado, 50 a 74,9

pontos; incipientemente implantado, 25 a 49,9 pontos e não implantado, menos de 24,9

pontos. O processo da função gestora esteve mais bem implantado do que na função técnica:

52,8% (parcialmente implantado) na primeira contra 33,3% na segunda (implantação

incipiente). O GI do processo como um todo foi de 47,84 pontos (implantação incipiente). A

discussão baseia-se no confronto das informações do modelo lógico com a realidade empírica.

Identificou-se deficiência de informações por parte dos enfermeiros ao identificar critérios

ambientais de risco relacionados à doença; Falha na comunicação e compartilhamento de

saberes com os outros profissionais que atuam na ESF; Incompletude das ações gerenciais

privativas do enfermeiro relacionados à supervisão e à coordenação dos ACS e técnicos de

enfermagem); Falta de comprometimento com as ações básicas de vigilância epidemiológica.

e planejamento de enfermagem precário relacionado às ações de controle.

Palavras-chave: Esquistossomose; Avaliação de desempenho profissional; Papel do

profissional da enfermagem.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABEn Associação Brasileira de enfermagem

ACS Agente Comunitário de Saúde

COREN Conselho Regional de Enfermagem

CPqAM Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães

DCN Diretrizes Curriculares Nacionais

ESF Estratégia Saúde da Família

FG Função Gestora

FIOCRUZ Fundação Oswaldo Cruz

FT Função Técnica

FUNASA Fundação Nacional de Saúde

GERES Gerencia Regional de Saúde

GI Grau de Implantação

LDB Lei de Diretrizes e Bases

MS Ministério da Saúde

PACS Programa de Agentes Comunitários de Saúde

PAPES Programa Estrartégico de Apoio a Pesquisa em Saúde

PCE Programa de Controle da Esquistossomose

PECE Programa Especial de Controle da Esquistossomose

PSF Posto de Saúde da Família

RSB Reforma Sanitária Brasileira

SESP Fundação Serviços Especiais de Saúde Pública

SES/PE Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco

SINAN Sistema de Informações sobre Agravos de Notificação

SISPCE Sistema de Informação sobre o PCE

SMS Secretaria Municipal de Saúde

SUCAM Superintendência de Campanhas de Saúde Pública

SUS Sistema Único de Saúde

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SUMÁRIO

1 ASPECTOS INTRDUTÓRIOS 8

1.1 Justificativa 9

2 REFERENCIAL TEÓRICO 11

2.1 Evolução do Controle da Esquistossomose no Brasil 11

2.2 A complexa formação do enfermeiro e a propostas de reorientação do

modelo de atenção à saúde

14

3 OBJETIVOS 18

3.1 Objetivo geral 18

3.2 Objetivos específicos 18

4 MATERIAIS E MÉTODOS 19

4.1 Desenho do estudo 19

4.2 Área do estudo 19

4.3 População e Amostra 19

4.4 Período do estudo 20

4.5 Coleta de dados 20

4.6 Modelo Lógico 20

4.7 Plano de Análise 22

4.7.1 Matriz de Julgamento 22

4.7.2 Grau de implantação (GI) 22

4.7.2.1 Julgamento GI Processo (Função gestora e função técnica) 28

4.7.2.2 Julgamento GI Processo das ações do enfermeiro frente ao PCE 28

4.8 Considerações éticas 29

5 RESULTADOS 30

5.1 Modelo lógico 30

5.2 Grau de implantação 33

5.2.1 Grau de implantação das funções gestoras 33

5.2.2 Grau de implantação das funções técnicas 34

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5.2.3 Grau de implantação da dimensão Processo 34

6 DISCUSSÃO 37

7 CONCLUSÃO 41

REFERENCIAS 42

ANEXO A - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido 47

ANEXO B – Parecer do Comitê de Ética 49

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1 ASPECTOS INTRODUTÓRIOS

Ao considerar que as ações de controle das doenças infecciosas apresentam-se

influenciadas pelo processo histórico de saúde publica no país, observa-se nesta trajetória o

desenvolvimento de racionalidades diversas que orientaram as intervenções em saúde tanto de

caráter individual como coletivo. No tocante ao controle da esquistossomose, são

identificados ainda hoje, processos de trabalho que carregam consigo características do

modelo de atenção à saúde Sanitarista Campanhista, que foi amplamente difundido no Brasil

como um todo durante o século XX e que é marcado por ações pontuais, verticalizadas e

desintegradas das demais atividades assistenciais e de vigilância em saúde (PAIM, 2003).

Deriva deste contexto, o caráter reemergente da esquistossomose no processo de

contra-transição epidemiológica que reza que apesar da redução da mortalidade e prevalência,

é possível identificar ainda novos quadros sindrômicos, inclusive o aumento silencioso de

formas graves (GUIMARAES; TEIXEIRA; TIBIRICA, 2011). De acordo com o Programa de

enfrentamento às doenças negligenciadas de Pernambuco, o Estado é considerado a unidade

federada do Brasil com maior grau de endemicidade para a esquistossomose e apresenta uma

série histórica de taxa de mortalidade cerca de 5 vezes maior que a frequência nacional. Em

2010 foram registrados 358 óbitos e, aproximadamente, 109 municípios de cinco Regionais

de Saúde são endêmicos para a doença (PERNAMBUCO, 2014). Além disso, nos últimos

anos observou-se expansão espacial da esquistossomose para áreas litorâneas e região

metropolitana do Recife (BARBOSA et al., 2011).

Dadas estas características herdadas pelo sistema de saúde e aspectos próprios da

doença, a efetivação das ações de controle da esquistossomose da forma preconizada pelo

SUS se constitui um desafio. Os órgãos de saúde responsáveis pelo planejamento e

implementação de estratégias de vigilância e controle da esquistossomose, atuam

incorporando novos conhecimentos e adaptando-os as realidades de cada região numa

tentativa de efetivação dos princípios e diretrizes do SUS, a exemplo da Portaria Nº 1.399, de

15 de dezembro de 1999 que estabelece as competências da União, estados e municípios na

área de epidemiologia e controle de doenças, do Manual de diretrizes técnicas para controle

da esquistossomose 2014 e do Caderno de Atenção básica nº 21 de 2007, que estabelecem as

diretrizes operacionais do Programa de controle da esquistossomose no nível local. Porém,

nem sempre os resultados destas ações tem alcançado o objetivo desejado. Parte deste aparato

normativo a necessidade de se considerar que o controle da esquistossomose somente é

possível a partir de uma abordagem multiprofissional, com integração entre vigilância e

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assistência (BRASIL, 1999, 2008, 2014; OLIVEIRA; CASANOVA, 2009; PIERI; FAVRE,

2007).

Particularmente, no contexto da Estratégia Saúde da Família observa-se que no tocante

ao controle da esquistossomose ocorre a fragmentação do processo de trabalho com

distanciamento entre a sua concepção e execução. Os profissionais, apesar de assimilarem

bem na teoria a vigilância em saúde como nova proposta do modelo de atenção, na prática, as

ações se limitam a vigilância epidemiológica tradicional de modo centralizado com práticas

padronizadas e pouca integração com as atividades programáticas do serviço de saúde. Estas

ações ainda que possam apresentar benefícios imediatos, não apresentam impacto suficiente

para modificar os perfis epidemiológicos populacionais (FARIA; BERTOLOZZI, 2010;

OLIVEIRA; CASA NOVA, 2009; NASCIMENTO; NASCIMENTO, 2005).

De fato, para alcançar êxito em seus objetivos, qualquer intervenção em saúde coletiva

necessita de mecanismos de gestão e execução apropriados. Os profissionais das equipes de

saúde da família que atuam no controle da esquistossomose são importantes atores neste

processo enquanto agentes implementadores das políticas e programas, visto que são dotados

de poder de decisão e funcionam como meio de ligação entre a teoria e a prática condizente

com a realidade local. No entanto, ao levar em consideração os diferentes contextos em quais

se desenvolve o processo saúde-doença, justifica-se o surgimento de diferentes maneiras de

executar essa política pública, o que pode ocasionar dificuldades na efetivação dos resultados

(MONKEN; BARCELLOS, 2005).

No cenário das Equipes de Saúde da Família, faz-se necessário enfatizar a prática do

enfermeiro como parte de um processo coletivo no qual se concentram atividades de gestão e

planejamento de recursos materiais, humanos e organizacionais. Parte daí o interesse pela

avaliação do seu processo de trabalho no que diz respeito às ações que devem ser executadas

de acordo com as normas de controle da esquistossomose existentes, considerando sua função

técnica e gestora, uma vez que a sua atuação no contexto da Estratégia de Saúde da Família se

conforma em ações direcionadas as atividades gerenciais, assistenciais e de vigilância,

atuando no controle do processo de trabalho e educação em saúde (FARIA; BERTOLOZZI,

2010; OLIVEIRA; CASA NOVA, 2009).

Assim sendo, a avaliação do complexo processo de trabalho do enfermeiro pode

funcionar como um pilar para a redefinição de estratégias de controle, fornecendo importantes

subsídios para reelaboração das políticas e programas então vigentes. A partir da identificação

dos “nós críticos” no processo de trabalho deste profissional, torna-se possível formular

contribuições no redirecionamento das atividades visando a melhoria da qualidade das ações

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de rotina realizadas (BARBOSA et al., 2011; OLIVEIRA; CASA NOVA, 2009). Neste

sentido, este trabalho realizou uma avaliação normativa das ações de controle da

esquistossomose no tocante à atuação do enfermeiro das Equipes de Saúde da Família no

estado de Pernambuco, buscando avaliar as ações do ponto de vista da abordagem sistêmica

que compreende aspectos do processo de trabalho.

1.1 Justificativa

Considerando:

a) O Programa de Controle da Esquistossomose constitui-se em um programa prioritário

do governo do Estado de Pernambuco, que visa reduzir enquanto problema de saúde

pública, doenças transmissíveis negligenciadas que apresentam indicadores

inaceitáveis no estado de Pernambuco;

b) A condição do enfermeiro no contexto da saúde da família, que se traduz pelo

reconhecimento mais detalhado dos processos e dos problemas que emergem no

cotidiano bem como um controle sobre os recursos necessários para a prestação da

assistência, o que o destaca como gestor do cuidado e dos serviços;

c) A pertinência da avaliação normativa enquanto instrumento para identificação das

lacunas existentes no processo de trabalho do enfermeiro no controle da

esquistossomose e que dificultam o efetivo controle da doença de acordo com as

normas estabelecidas.

d) A investidura, na elaboração de contribuições para o redirecionamento das atividades

desenvolvidas para o controle da esquistossomose, visando uma melhoria da qualidade

da assistência prestada ao sujeito;

e) O fornecimento de subsídios para reelaboração dos programas e políticas então

vigentes no sentido do contínuo aperfeiçoamento das medidas de controle e

mecanismos de avaliação que serão executados a nível local.

Esse trabalho se justifica uma vez que visa avaliar as ações do enfermeiro da estratégia

saúde da família no controle da esquistossomose e que devem ser realizadas de acordo com os

critérios e normas propostas pelo Programa de Controle da Esquistossomose então vigente.

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11

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Evolução do controle da esquistossomose no Brasil

O inicio das ações de vigilância e controle da esquistossomose data da década de 50.

Como marco inicial tem-se a realização de inquéritos de morbidade que tinham como objetivo

central o conhecimento da situação epidemiológica da doença no país. As áreas que foram

submetidas aos inquéritos foram aquelas onde existia a possibilidade de transmissão ativa da

esquistossomose. Entre os órgãos responsáveis pela realização dos inquéritos, destaca-se a

participação da Superintendência de Campanhas de Saúde Pública (Sucan) já no segundo

inquérito de morbidade, que tinha a finalidade de subsidiar informações relativas ao índice de

positividade média da esquistossomose no país (FAVRE et al., 2001).

A Sucan, em 1975, instituiu o controle nacional da esquistossomose, que incorporou em

sua agenda política o Programa Especial de Controle da Esquistossomose (Pece),

reconhecendo as ações de controle da esquistossomose como prioritárias no Brasil (FAVRE et

al., 2001).

No contexto do Pece, seguiram-se ao inquérito epidemiológico inicial, no qual as

atividades de controle da esquistossomose eram determinadas de acordo com o índice de

positividade encontrado em cada região. Tais ações se limitavam ao controle do molusco

vetor, que era realizado por meio da ação de medicamentos moluscicidas em ambientes

caracterizados como criadouros do vetor e o tratamento quimioterápico em massa para casos

novos e não curados, enquanto que as ações de saneamento básico e educação em saúde

ficavam em segundo plano (FAVRE et al., 2001).

Apesar de as ações de controle do PECE causarem impacto positivo na redução da

prevalência da esquistossomose nos municípios, tais ações se caracterizavam por intervenções

pontuais e verticalizadas, sob um comando único e desintegradas do real contexto em que

vivia a população. De certo modo, refletem a influência do modelo de atenção à saúde

Sanitarista Campanhista que foi amplamente difundido durante todo o século XX e que

norteou durante muito tempo o modo de operar as doenças (AMARAL; PORTO, 1994).

Em 1980, o PECE perdeu as características de programa especial, tornando-se um

programa de rotina do Ministério da Saúde, e passou a ser denominado Programa de Controle

da Esquistossomose (PCE), mantendo a mesma metodologia e o caráter centralizador. Ou

seja, as ações de controle consistiam basicamente no tratamento de doentes, só que agora

outros órgãos de saúde pública são estimulados a participar deste processo. Dadas estas

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características, observa-se que apesar de a este momento já existirem propostas de

reorganização dos serviços visando à integralidade da atenção, as ações do PCE refletiam

ainda certa influência do modelo de atenção à saúde médico-assistencial-privatista, que

prioriza a doença em detrimento da saúde e suas condições determinantes (AMARAL;

PORTO, 1994; FAVRE et al., 2001).

Com relação ao surgimento do novo modelo de reorientação do sistema, foi na década

de 70, que se observou um renascimento da medicina social, cujos pressupostos teóricos,

políticos e ideológicos foram consagrados na Conferência Internacional de Alma Ata em

1978, passando a guiar as propostas de reforma do sistema que, mais tarde, seriam

incorporadas na constituição de 1988 (GOULART et al. 1999). É no período entre 1970 e

1980 que, diante da insuficiência dos modelos de atenção vigentes capazes de atender às

necessidades da população, aconteceram movimentos políticos e sociais que permitiram a

construção do Movimento Sanitário, culminando com a proposta da Reforma Sanitária

Brasileira e criação do Sistema Único de Saúde (SUS), cujas diretrizes eram a

descentralização, atendimento integral e participação da comunidade. Estes movimentos

permitiram a elaboração de propostas alternativas com o objetivo de reorganizar os serviços

de saúde visando à integralidade da atenção e ao impacto sobre os agravos, mas,

principalmente, à concretização dos princípios básicos e diretrizes estabelecidas pela

Constituição da República (MEIR; LARRAÑAGA; BOSSERT, 2000; PAIM, 2003).

Dentre as propostas, destacaram-se a oferta organizada, onde os serviços deveriam ser

voltados para as necessidades de saúde da população e os principais problemas seriam

identificados e norteados por princípios epidemiológicos, supondo o reconhecimento do

planejamento enquanto processo social e a adoção de métodos de gestão. A vigilância em

saúde foi outra proposta que se apoiou na ação intersetorial e procurou reorganizar as práticas

de saúde no nível local tendo como características principais a intervenção sobre problemas

de saúde, somada à articulação entre ações preventivas e curativas, com atuação intersetorial e

territorialização. Nesse processo, emergiu a Estratégia Saúde da Família, que se consolidou

como proposta estruturadora de um modelo de atenção à saúde que priorizou ações pautadas

nos princípios de territorialização, intersetorialidade, descentralização, co-responsabilização e

equidade, tendo como alvo grupos populacionais com maior risco de adoecer e morrer

(PAIM, 2003).

Para efetivar as diretrizes propostas pelo SUS, em 1999, através da portaria nº 1.399 de

15 de dezembro de 1999, foi normatizada a descentralização da execução das ações de

Epidemiologia e Controle de Doenças, dentre estas, a esquistossomose, que sai da

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competência da Fundação Nacional de Saúde (FUNASA), para os estados e municípios. Mais

tarde, esta portaria sofreu alguns ajustes e deu origem à portaria nº 1.172 de 15 de junho de

2004, a qual estabeleceu melhor o processo de programação e acompanhamento das ações de

saúde e definiu a certificação municipal e a sistemática do financiamento destinado às

endemias (BRASIL, 1999, 2004).

Além disso, a política descentralizadora na área da saúde contou com a formulação e

instituição de instrumentos reguladores próprios – as NOBs de 1991/1992, de 1993 e de 1996

e a NOAS, nas versões 2001 e 2002. Em 2006, através do Pacto pela Saúde, foram

adicionadas novas condições para o processo de descentralização, através da firmação de

pactos entre os gestores das três esferas do SUS (BRASIL, 2006). Atualmente, o Decreto Lei

Nº 7508, de 2011, estabelece, pelo Contrato Organizativo da Ação Pública da Saúde,

diretrizes para concretização do processo de descentralização através do estímulo à

organização e integração das ações e dos serviços de saúde mediante o planejamento local

(BRASIL, 2011a).

Nesse sentido, ficava evidente a ideia de que seria preciso conferir mais poder àqueles

que estão “perto” dos cidadãos e de suas necessidades. O município passou a ser responsável

imediato pelo atendimento das necessidades e demandas de saúde de sua população e das

exigências de intervenções saneadoras em seu território. Os novos papéis atribuídos a cada

esfera de governo exigiram ajustes institucionais profundos com redefinição de papéis e

estabelecimento de novas relações entre as três esferas de governo, bem como reformulação

de práticas. Nesta nova conjuntura, ainda que normas técnicas pudessem ser estabelecidas em

níveis mais centrais, elas deveriam ser adaptadas à instância local, mediante estudos

epidemiológicos (SILVA, 1999).

Estas considerações são importantes ao se ponderar a existência do Programa de

Controle da Esquistossomose porque para efetivar a descentralização das ações, suas

diretrizes devem, gradativamente, ser congregadas às ações de vigilância em saúde, onde os

principais problemas devem ser identificados mediante estudos para conhecer as reais

necessidades da população e as intervenções devem ser planejadas considerando-se a

integralidade e a intersetorialidade. Além disso, estas ações devem ser incorporadas à rotina

das Unidades de Saúde da Família. Sendo assim, apesar da existência de diretrizes

estabelecidas pelo Ministério da Saúde visando o controle da esquistossomose nas instâncias

municipais, o município deve realizar um diagnóstico integral da situação de saúde-doença,

considerando todos os determinantes biológicos e sociais para então observar as normas e

aplicá-las à realidade local (BRASIL, 2012; PAIM, 2003).

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14

De um modo geral, as recomendações para a correta realização destas atividades nos

municípios incluem a organização de estruturas específicas capazes de realizar todas as

atividades sob a sua responsabilidade de forma integrada, evitando-se a separação entre

atividades de vigilância epidemiológica, vigilância ambiental em saúde e operações de

controle de doenças. Deve contemplar a integração da rede assistencial, conveniada ou

contratada com o SUS, nas ações de prevenção e controle de doenças e incorporar as ações de

vigilância, prevenção e controle da área de epidemiologia e controle de doenças às atividades

desenvolvidas na atenção básica (BRASIL, 2012).

2.2 A complexa formação do enfermeiro e a proposta de reorientação do modelo de

atenção à saúde.

Nas duas últimas décadas, uma sucessão de eventos como a construção do Sistema

Único de Saúde, a implantação da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e as

transformações sócio-econômicas, exerceram influencia sobre as atuais concepções

pedagógicas, a organização da assistência à saúde, a formação e a prática profissional. Na

política de recursos humanos em saúde, o debate envolve a preparação e a qualificação dos

trabalhadores para a saúde coletiva, vislumbrando a consolidação da Estratégia Saúde da

Família (ESF), o Sistema Único de Saúde (SUS) e a garantia dos seus princípios

fundamentais. Particularmente na enfermagem, o esforço de modificar a perspectiva

tradicional do ensino encontrou suporte nas mudanças ocorridas na saúde pública (construção

do aparato legal do SUS e da nova Lei de Diretrizes e Bases - LDB), como possibilidade

alvissareira de transformar a formação dos enfermeiros (COSTA; MIRANDA, 2009;

LOURENÇÃO; BENITO, 2010; MARTINS et al., 2006).

Estes profissionais foram fortemente influenciados pelo modelo de atenção à saúde

biomédico, tanto nas escolas de formação profissional, quanto nas instituições hospitalares, e

tendem a valorizar o tecnicismo durante a assistência, desconsiderando, na maioria das vezes,

os aspectos individuais e emocionais do cliente. De acordo com o contexto histórico em que

se deu a formação acadêmica dos enfermeiros, é possível perceber uma preocupação maior

por parte destes profissionais em adquirir habilidades técnicas em detrimento do levantamento

de necessidades do usuário e da integralidade do cuidado prestado, ficando a assistência,

limitada a ações isoladas no decorrer de suas atividades (ANDRADE; VIEIRA, 2005).

Diante deste cenário, uma trajetória de inovações afetou e continua afetando os

currículos e projetos políticos de ensino, em busca da formação de profissionais de

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15

enfermagem conhecedores dos problemas sociais e de saúde da população e capazes de

intervir na reorganização do setor saúde.

Desde a sua institucionalização, o ensino de enfermagem sofreu e vem sofrendo várias

modificações ao longo dos anos. Como exemplo significativo dessas diferentes alterações

experimentadas, podemos citar o evento relacionado com a criação da proposta inicial do

currículo mínimo, que foi apresentado e aprovado pelo Conselho Federal de Educação sem o

aval da Associação Brasileira de Enfermagem (ABEn), desconsiderando sugestões e

alterações substanciais propostas por esta entidade (COSTA; MIRANDA, 2009).

Esse evento marca a exclusão do enfoque social e de saúde pública da grade curricular

dos cursos de graduação em enfermagem e sua conseqüente associação com as ciências

biológicas, com enfoque na especialização, priorizando uma prática operacional centrada no

ambiente hospitalar, visando a cura do indivíduo, oriunda do modelo biomédico predominante

na política de saúde do país. Os anos em que o ensino ficou orientado por esse currículo

foram marcados por reivindicações, manifestações de insatisfação e pela realização de muitos

eventos científicos nacionais e regionais (seminários, congressos, debates), que culminaram

com a formulação de propostas de uma nova estrutura curricular para os cursos de graduação

em enfermagem (COSTA; MIRANDA, 2009).

As ações de promoção da saúde e prevenção dos agravos foram gradativamente

incorporadas à educação em enfermagem e contempladas nessa mudança curricular,

respaldadas pela nova visão paradigmática em construção no setor saúde do país, mediante a

mudança do conceito de saúde a orientação dos cuidados em saúde articulados com o

contexto social e ambiental. Nessa perspectiva, que o novo currículo mínimo de enfermagem

deveria contemplar a formação de um profissional que desenvolvesse seu processo de

trabalho dentro de uma conjuntura do contexto de saúde do país, respondendo às necessidades

de saúde da população, devendo a prática profissional estar voltada também para atenção

primária, com a abordagem de problemas individuais e coletivos, associando o método clínico

e o epidemiológico, incluindo atividades educativas na prática, além das terapêuticas e

administrativas. Porém, esse novo currículo mínimo, criado e regulamentado em 1994,

quando implementado, continuou reproduzindo a dicotomia teoria-prática, a adoção de

práticas pedagógicas tradicionais, o ensino centrado no modelo médico (MARTINS et al.,

2006).

Outra importante alternativa de inovação do ensino orientada pela LDB foi a

substituição do currículo mínimo pelas Diretrizes Curriculares Nacionais (Parecer do

CNE/CES nº 776 de 31/12/1997) para a organização dos cursos de graduação de profissionais

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16

da área de saúde. Essas se tornaram peças fundamentais para a articulação da qualidade da

formação com os princípios do SUS e com a atual concepção de saúde, a partir da construção

de projetos políticos de cursos mais criativos, inovadores e flexíveis (BRASIL, 1997).

Antes do SUS, os cursos da área da saúde não possuíam, nos métodos pedagógicos e

estruturas curriculares, nenhuma ligação com a defesa dos princípios de universalização,

integralidade e humanização preconizados pela reforma sanitária, VIII Conferência de Saúde

e defendidos pela Carta Magna de 1988. Ao contrário, reproduziam através do ensino, um

perfil orientado pelo modelo flexneriano, distanciando teoria/prática e mantendo métodos

passivos de ensino-aprendizagem (SILVA; SENA, 2008).

Como a Estratégia Saúde da Família (ESF) surge como meio de viabilização dos

princípios do SUS de forma ágil e efetiva, tem-se a necessidade urgente de que os

profissionais envolvidos na construção e consolidação desse sistema tenham habilidades para

promover saúde, atuar na prevenção de agravos, responder satisfatoriamente aos problemas

sociais e de saúde da população atendida nos e pelos serviços de saúde. A filosofia dessa

proposta enseja, portanto, uma prática crítica, transformadora e reconstrutora do saber. Sendo

assim, a formação que visa especializações precoces, submetida às imposições do mercado e

subjugada à incorporação tecnológica indiscriminada, não é, por certo, todo o aparato

suficiente a ser considerado na formação do profissional de saúde/ enfermeiro, que irá

trabalhar diretamente na saúde coletiva, com famílias, na comunidade, onde as necessidades

sociais e de saúde são complexas e dinâmicas (COSTA; MIRANDA, 2009; SILVA; SENA,

2008).

Além das heranças históricas provenientes do modelo biomédico e que permearam a

formação do enfermeiro desde o princípio, outros fatores contribuem dificultando a realização

das ações com excelência e completude da forma preconizada pelas normas e diretrizes então

vigentes. Ao abordar as atividades desenvolvidas no local de trabalho, além das atividades

assistenciais, os enfermeiros se deparam com a necessidade de desenvolver habilidades de

caráter gerencial. Uma vez que ambas as atuações estão interligadas. Assim, o Ministério da

saúde preconiza como funções específicas do enfermeiro na ESF a realização da assistência

integral em todas as fases do desenvolvimento humano conforme protocolos ou normativas

técnicas estabelecidas; consulta de enfermagem; solicitação de exames complementares;

prescrição de medicações, planejamento, gerenciamento, coordenação e avaliação das ações

envolvidas pelos Agentes Comunitários de Saúde (ACS), participação do gerenciamento de

insumos necessários para o adequado funcionamento da unidade de saúde, entre outras

funções (B. JÚNIOR e al., 2011).

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17

O trabalho envolve ainda o monitoramento das condições de saúde, seja no

atendimento individual ou grupal; no levantamento e monitoramento dos problemas (no

enfoque de risco ou vulnerabilidade) sendo que estes deverão estar articulados à intervenção

nos agravos de ordem patológica e no exercício de uma prática de enfermagem comunicativa

no sentido dialógico e emancipatório, buscando a ampliação da autonomia dos sujeitos.

Assim, discorrer sobre as práticas de enfermagem implica no entendimento de que , enquanto

prática social, busca responder as exigências sociais e de saúde de uma determinada época e

espaço social (B. JÚNIOR et al., 2011).

Complementam-se a estas atividades, ações como reuniões de equipe,

realização de educação continuada para profissionais de nível médio (Técnicos e ACS) e para

os outros profissionais de nível superior que atuam na USF, construção de relatórios,

gerenciamento na ESF, desde o planejamento de atividades e organização e administração de

materiais, supervisão dos ACS e responsabilidade técnica perante o Conselho Regional de

Enfermagem (COREN) (BRASIL, 2008).

Diante deste cenário, o amplo e diverso campo de atividades exigidas do enfermeiro

dentro da Estratégia Saúde da Família, e o complexo ambiente de trabalho que envolve estes

profissionais, acabam por dificultar o desempenho das atividades e consequentemente dos

programas que as norteiam. Muitos dos enfermeiros compreendem as atividades de gestão e

planejamento como sendo desvio do cuidado ao usuário, considerando, muitas vezes, a

assistência e as ações gerenciais como funções dicotômicas, e desta forma, na maioria das

vezes, acabam por priorizar uma função em detrimento da outra de acordo com as suas

vivências, o que não pode acontecer diante das necessidades urgentes que se configuram a

realidade de saúde da população brasileira (LOURENÇÃO; BENITO, 2009).

Desta forma, é possível perceber então a importância que este profissional assume

perante a complexa realidade que envolve o processo saúde-doença, e que a grande parte da

resolubilidade das ações dentro da ESF depende da capacidade do enfermeiro em planejá-las,

de um perfil baseado em atitudes para transformar. As ações gerenciais e assistenciais fazem

parte da prática deste profissional e necessitam ser desenvolvidas durante a formação

acadêmica e na prática cotidiana, para que esta possa qualificar a assistência prestada a

população com base nas necessidades sociais.

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18

3 OBJETIVOS

3.1 Objetivo Geral

Avaliar as ações de controle da esquistossomose realizadas pelos enfermeiros das

equipes de saúde da família do estado de Pernambuco de acordo com as normas propostas.

3.2 Objetivos específicos

a) Construir um modelo lógico sobre a atuação do enfermeiro no Programa de Controle

da Esquistossomose;

b) Verificar o cumprimento das normas estabelecidas para atuação do enfermeiro da

estratégia saúde da família no controle da esquistossomose no estado de Pernambuco

através do cálculo do grau de implantação (GI).

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19

4 MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 Desenho do estudo

Trata-se de um estudo do tipo avaliativo normativo, descritivo, transversal. Este tipo de

avaliação consiste em fazer um julgamento sobre uma intervenção, comparando os recursos

empregados e sua organização (estrutura), os serviços ou bens produzidos (processo), e os

resultados obtidos, com critérios e normas. Toda avaliação normativa se apoia no postulado

de que existe uma relação forte entre o respeito aos critérios e às normas escolhidas e os reais

efeitos da intervenção (DENNIS; CHAMPAGNE, 1997).

Neste estudo foram avaliados, no entanto, aspectos do processo de realização de

atividades do enfermeiro de acordo o arcabouço teórico existente, não levando em

consideração aspectos de estrutura nem de resultados.

4.2 Área do Estudo

O estudo foi realizado nas Unidades de Saúde da Família do estado de Pernambuco, que

é considerada a unidade federada do Brasil com maior grau de endemicidade para a

esquistossomose e apresenta uma série histórica de taxa de mortalidade cerca de 5 vezes

maior que a frequência nacional no ano de 2014. Em 2010 foram registrados 358 óbitos e,

aproximadamente, 109 municípios de cinco Regionais de Saúde são endêmicos para a doença

(PERNAMBUCO, 2014). Além disso, nos últimos anos observou-se expansão espacial da

esquistossomose para áreas litorâneas e região metropolitana do Recife (BARBOSA et al.,

2011).

4.3 População e amostra

Este estudo utilizou parte dos dados da pesquisa intitulada “O programa de controle da

esquistossomose: uma análise de implantação no estado de Pernambuco.¨ (aprovada no

Comitê de Ética em Pesquisas do Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães conforme parecer nº

013/2009), financiada pelo programa Estratégico de Apoio à Pesquisa em saúde (PAPES),

edital nº 5, cujo objetivo central foi analisar a implantação do PCE no estado de Pernambuco

a partir da verificação da influência dos determinantes políticos e estruturais na variação do

Grau de Implantação (GI) do PCE nas instâncias municipais. Para cumprir seus objetivos, foi

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20

selecionada uma amostra representativa de 23 municípios (IC: 95%; Erro: 10; variância „σ‟ de

25) da zona endêmica de Pernambuco, a qual é composta dos 115 municípios que compõem

as cinco primeiras Gerências Regionais de Saúde (GERES) de Pernambuco. Os 23 municípios

foram selecionados por amostragem aleatória simples, sendo que o número de municípios

selecionados em cada uma das GERES foi proporcional ao número total de municípios da

respectiva GERES.

Os sujeitos participantes do estudo foram os enfermeiros das equipes de Saúde da

Família que, no momento da coleta de dados estavam realizando ações de controle da

esquistossomose nas instâncias municipais.

4.4 Período do Estudo

Os dados do estudo foram coletados no período de 2009 à 2011.

4.5 Coleta de dados

Foram utilizados dados secundários da pesquisa intitulada: “Análise da implantação do

Programa de Esquistossomose em Pernambuco”. O questionário adotado por esta pesquisa

tinha como público alvo os enfermeiros das equipes de saúde da família e contemplava

perguntas sobre as diversas atividades que deveriam ser realizadas de acordo com o que é

preconizado pelas normas. A partir destes dados, realizou-se uma análise secundária para

apreensão de informações referentes ao processo de trabalho do enfermeiro frente ao PCE.

4.6 Modelo lógico

Quando se pretende avaliar uma intervenção, independentemente do tipo de avaliação

escolhida, é de fundamental importância descrevê-la claramente. Esta descrição torna

explícitos os pressupostos que a norteiam, servindo de quadro de referência para o

planejamento e gerenciamento da avaliação. Nesse sentido, uma das ferramentas de que se

pode lançar mão, para contribuir com a reconstrução do objeto a ser avaliado e evitar erros no

projeto e nos resultados da avaliação, é o modelo lógico (FELISBERTO et al., 2008).

O modelo lógico é uma maneira visual e sistemática de configurar o desenho do

funcionamento da intervenção para resolver os problemas sobre o qual ele pretende intervir.

Ele descreve os elementos principais e como estes elementos se articulam para alcançar os

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21

objetivos (geral e específicos) e as metas da intervenção. Para tanto ele deve conter os

insumos necessários para realização das atividades, as atividades requeridas para execução

dos seus componentes, os produtos esperados, e seus efeitos ou resultados na situação de

saúde da população (MEDINA et al., 2005).

Apresentar e discutir o modelo lógico de uma intervenção é o que permite definir

exatamente o que deve ser medido e qual a parcela de contribuição de cada ação nos

resultados observados. Explicitar o modelo lógico implica descortinar quais os limites ou

debilidades de seus pressupostos, possibilitando identificar onde melhores evidências devem

ser buscadas (MEDINA et al., 2005).

Desta forma fez-se necessário a construção de um modelo lógico sobre as atribuições do

enfermeiro da saúde da família no controle da esquistossomose, abrangendo as funções

gestoras e técnicas deste profissional. É importante ressaltar que a validade do modelo lógico

se traduz pela fidelidade da autora às normas preconizadas e divulgadas em território nacional

e à submissão do modelo lógico para análise de dois especialistas na área. A especificação dos

atributos do modelo lógico foi realizada a partir das seguintes normas, leis e portarias

nacionais:

a) Manual de Diretrizes Técnicas da Esquistossomose Mansoni do Ministério da Saúde

(BRASIL, 2014);

b) Caderno de Atenção Básica de Vigilância em Saúde da Esquistossomose (BRASIL,

2007);

c) Guia de vigilância epidemiológica e controle da mielorradiculopatia esquistossomótica

(BRASIL , 2010);

d) Guia para vigilância e controle de moluscos de importância epidemiológica

(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2011);

e) Portaria nº 963, de 27 de maio de 2013 que redefine a atenção domiciliar no âmbito do

Sistema Único de Saúde (SUS).

f) Portaria nº 2.488, de 21 de outubro de 2011, que aprova a Política Nacional de

Atenção Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes e normas para a organização da

Atenção Básica, para a Estratégia Saúde da Família (ESF) e o Programa de Agentes

Comunitários de Saúde (PACS).

g) Política Nacional de Educação Permanente em Saúde, 2009.

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22

Para construção do modelo lógico, segundo o referencial adotado, optou-se por dividir

o processo de trabalho do enfermeiro em funções gestoras e funções técnicas, que se

configuraram nos componentes do modelo lógico. Para avaliação de cada componente, foram

criadas categorias de análise que caracterizam cada uma dessas funções.

4.7 Plano de Análise

4.7.1 Matriz de julgamento

As categorias de análise foram arranjadas em matrizes de julgamento, cuja função foi

apresentar, além das categorias de análise, os critérios, os indicadores e os padrões utilizados

para avaliar cada uma delas e o julgamento feito com relação à proporção de profissionais que

afirmaram realizar tais ações de acordo com o preconizado (respondem de forma positiva) ou

não (respondem de forma negativa). A matriz de julgamento foi composta de 24 variáveis,

sendo 18 referentes às funções gestoras e 06 referentes às técnicas.

4.7.2 Grau de implantação (GI)

O indicador composto Grau de Implantação (GI) foi usado para julgar se o processo de

trabalho dos enfermeiros aconteceu conforme o normatizado. Para sua montagem, cada item

da matriz recebeu uma pontuação igual, uma vez que se partiu do princípio que cada um dos

itens é igualmente importante para o controle da esquistossomose.

Assim, cada item recebeu uma pontuação de acordo com o percentual de adequação às

normas, obedecendo aos seguintes pontos de corte:

a) Se igual ou mais de 75% dos profissionais ou equipes se adequam aos padrões

estabelecidos: o item recebeu 4,16 pontos;

b) Se entre 50 e 74,99% dos profissionais ou equipes se adequam aos padrões

estabelecidos: o item recebeu 2,08 pontos;

c) Se igual ou menos de 49,99% dos profissionais ou equipes se adequam aos padrões

estabelecidos: o item recebeu 0 pontos.

O GI variou de zero (para processo não implantado) até 100 (para processo implantado),

sendo dividido da seguinte forma: total de pontos máximo possível de ser atingido pelos

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23

processos da função gestora é de aproximadamente 75 pontos e, nos processos da função

técnica, 25 pontos. A matriz de julgamento se apresenta no Quadro 1 a seguir.

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24

COMPONENTE

CRITÉRIO

INDICADOR

PADRÃO

JULGAMENTO

Função Gestora

Conhecimento sobre o PCE Nº de enfermeiros que conhecem o

PCE/total de enfermeiros x 100

Mais de 50% dos enfermeiros devem

conhecer o PCE

Se mais de 75%

dos profissionais

se adequam aos

padrões

estabelecidos:

4,16 pontos

Se entre 50 e

74,99% dos

profissionais se

adequam aos

padrões

estabelecidos:

2,08 pontos

Se menos de

49,99% dos

profissionais se

adequam aos

padrões

estabelecidos: 0

pontos

Conhecimento sobre as formas de

transmissão da esquistossomose

Nº de enfermeiros que tem conhecimento

sobre as formas de transmissão da

esquistossomose/total de enfermeiros x 100

Mais de 50% dos enfermeiros devem

conhecer as formas de transmissão da

esquistossomose

Identificação do caramujo transmissor da

esquistossomose

Nº de enfermeiros que identificam o

caramujo transmissor da

esquistossomose/total de enfermeiros x 100

Mais de 50% dos enfermeiros devem

identificar o caramujo transmissor da

esquistossomose

Realização de reuniões para

planejamento de ações, discussão de

casos, compartilhamento de

experiências, seminário de estudos com

a ESF e a equipe de vigilância em saúde

Nº de enfermeiros que realizam reuniões

para planejamento de ações, discussão de

casos, compartilhamento de experiências,

seminário de estudos com a ESF e a equipe

de vigilância em saúde/total de enfermeiros

x 100

Mais de 50% dos enfermeiros devem

realizar reuniões para planejamento de

ações, discussão de casos,

compartilhamento de experiências,

seminário de estudos com a ESF e a

equipe de vigilância em saúde

Reconhecimento da importância de se

reunir para planejamento de ações,

discussão de casos, compartilhamento de

experiências, seminário de estudos com

a ESF e a equipe de vigilância em saúde

Nº de enfermeiros que reconhecem a

importância de se reunir para planejamento

de ações, discussão de casos,

compartilhamento de experiências,

seminário de estudos com a ESF e a equipe

de vigilância em saúde/total de enfermeiros

x 100

Mais de 50% dos enfermeiros devem

reconhecer a importância de se reunir

para planejamento de ações, discussão

de casos, compartilhamento de

experiências, seminário de estudos com

a ESF e a equipe de vigilância em saúde

Organização de agenda para entrega de

resultados de exames pelos ACS e/ou

técnicos de enfermagem

Nº de enfermeiros que organizam uma

agenda para entrega de resultados de exames

pelos ACS e/ou Técnicos de enfermagem

/total de enfermeiros x 100

Mais de 50% dos enfermeiros devem ter

organizado uma agenda para entregas de

resultados de exames pelos ACS e/ou

técnicos de enfermagem.

Planejamento e monitoramento da

distribuição de potes realizada pelos

ACS;

Nº de enfermeiros que planejam e

monitoram a distribuição de potes realizada

pelo ACS./total de enfermeiros x 100

Mais de 50% dos enfermeiros devem

monitorar a distribuição de potes

realizada pelo ACS

Quadro 1 – Distribuição da pontuação máxima atribuível por ação realizada pelo enfermeiro da estratégia Saúde da família frente ao Programa de Controle

da Esquistossomose para julgamento sobre o Grau de Implantação da dimensão processo no estado de Pernambuco (Continua)

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25

COMPONENTE

CRITÉRIO

INDICADOR

PADRÃO

JULGAMENTO

Função Gestora

Orientação do ACS para supervisão de

tomada de medicação pelo paciente

Nº de enfermeiros que orientam o ACS

para supervisão de tomada de medicação

pelo paciente/total de enfermeiros x 100

Mais de 50% dos enfermeiros devem

orientar o ACS para supervisão de tomada

de medicação pelo paciente.

Se mais de 75%

dos profissionais

se adequam aos

padrões

estabelecidos:

4,16 pontos

Se entre 50 e

74,99% dos

profissionais se

adequam aos

padrões

estabelecidos:

2,08 pontos

Se menos de

49,99% dos

profissionais se

adequam aos

padrões

estabelecidos: 0

pontos

Monitoramento do trabalho do ACS em

acompanhamento da realização da

coproscopia de controle pelos pacientes

Nº de enfermeiros que monitoram o

trabalho do ACS em acompanhamento da

realização de coproscopia de controle pelos

pacientes/total de enfermeiros x 100

Mais de 50% dos enfermeiros devem

monitorar o trabalho do ACS em

acompanhamento da realização de

coproscopias de controle pelos pacientes

Planejamento e supervisão das

atividades realizadas pelo ACS que

ajudem a acabar com o molusco vetor.

Nº de enfermeiros que planejam e

supervisionam as atividades de

malacologia realizadas pelo ACS/total de

enfermeirosx 100

Mais de 50% dos enfermeiros devem

planejar e supervisionar as atividades de

malacologia realizadas pelo ACS;

Monitorar a identificação de critérios

ambientais de risco pelo ACS

Nº de enfermeiros que monitoram a

identificação de critérios ambientais de

risco pelo ACS/total de enfermeiros x 100

Mais de 50% dos enfermeiros devem

monitorar a identificação de critérios

ambientais de risco pelo ACS (mediante

documento comprobatório)

Orientar palestras realizadas pelo ACS

sobre esquistossomose.

Nº de enfermeiros que acompanham a

realização de palestras pelo ACS sobre

esquistossomose/total de enfermeiros x 100

Mais de 50% dos enfermeiros devem

orientar as palestras realizadas pelo ACS

sobre esquistossomose

Classificação das áreas de risco para

transmissão da esquistossomose

Nº de enfermeiros que sabem classificar as

áreas de risco para transmissão da

esquistossomose /total de enfermeiros x

100

Mais de 50% dos enfermeiros devem

saber classificar áreas de risco para

transmissão da esquistossomose (áreas

indenes e vulneráveis, áreas focais e áreas

endêmicas) e saber identificar a

prevalência (casos novos e em tratamento)

da doença na área de abrangência da ESF

Identificação de prevalência da doença

no território de abrangência da ESF

Nº de enfermeiros tem conhecimento sobre

a prevalência da esquistossomose na

área/total de enfermeiros x 100

Mais de 50% dos enfermeiros devem ter

conhecimento sobre a prevalência da

esquistossomose na área

Quadro 1 – Distribuição da pontuação máxima atribuível por ação realizada pelo enfermeiro da estratégia Saúde da família frente ao Programa de Controle da

Esquistossomose para julgamento sobre o Grau de Implantação da dimensão processo no estado de Pernambuco (Continuação)

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26

COMPONENTE

CRITÉRIO

INDICADOR

PADRÃO

JULGAMENTO

Função Gestora

Participação na realização de inquéritos

coproscópicos

Nº de enfermeiros que participam da

realização de inqueritos

coproscópicos/total de enfermeiros x 100

Mais de 50% dos enfermeiros devem

participar da realização de inquéritos

coproscópicos

Detecção permanente de casos novos de

esquistossomose

Nº de enfermeiros que detectam

permanentemente casos novos

esquistossomose (através de notificação no

SISPCE pela ficha PCE 108)/total de

enfermeiros x 100

Mais de 50% dos enfermeiros devem

detectar permanentemente casos novos de

esquistossomose (através de notificação

no SISPCE pela ficha PCE 108)

Conhecimento da existencia de casos

graves de esquistossomose no território

Nº de enfermeiros que apresentam

conhecimento sobre a existência de casos

graves de esquistossomose/total de

enfermeiros x 100

Mais de 50% dos enfermeiros devem

apresentar conhecimento sobre a

existência de casos graves de

esquistossomose (forma clínica

hepatoesplênica compensada,

descompensada e complicada)

Notificação e investigação de casos de

esquistossomose

Nº de enfermeiros que notificam e

investigam casos confirmados de

esquistossomose /total de enfermeiros x

100

Mais de 50% dos enfermeiros devem

notificar e investigar os casos

confirmados de esquistossomose

TOTAL DE PONTOS DA SUB-DIMENSÃO FUNÇÃO GESTORA

75 PONTOS

Função Técnica

Obtenção do histórico da pessoa,

família, Coletividade

Nº de enfermeiros que realizam a obtenção

do histórico da pessoa, família e

coletividade /total de enfermeiros x 100

Mais de 50% dos enfermeiros devem

obter o histórico da pessoa, família e

coletividade

Solicitação de exames complementares Nº de enfermeiros que solicitam exames

complementares /total de enfermeiros x

100

Mais de 50% dos enfermeiros devem

solicitar exames complementares

Quadro 1 – Distribuição da pontuação máxima atribuível por ação realizada pelo enfermeiro da estratégia Saúde da família frente ao Programa de Controle

da Esquistossomose para julgamento sobre o Grau de Implantação da dimensão processo no estado de Pernambuco (Continuação)

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27

COMPONENTE

CRITÉRIO

INDICADOR

PADRÃO

JULGAMENTO

Função Técnica

Construção do plano de ações de

enfermagem

Nº de enfermeiros que constroem plano de

ações de enfermagem /total de enfermeiros

x 100

Mais de 50% dos enfermeiros devem

construir o plano de ações de

enfermagem

Se mais de 75% dos

profissionais se

adequam aos

padrões

estabelecidos: 4,16

pontos

Se entre 50 e

74,99% dos

profissionais se

adequam aos

padrões

estabelecidos: 2,08

pontos

Se menos de

49,99% dos

profissionais se

adequam aos

padrões

estabelecidos: 0

pontos

Tratamento Supervisionado dos casos Nº de enfermeiros que realizam tratamento

supervisionado dos casos/total de

enfermeiros x 100

Mais de 50% dos enfermeiros devem

realizar tratamento supervisionado dos

casos

Preenchimento periódico da Ficha do

PCE 108 (notificação de casos da

atenção básica)

Nº de enfermeiros que preenchem

periodicamente a Ficha do PCE 108

(notificação de casos da atenção

básica)/total de enfermeiros x 100

Mais de 50% dos enfermeiros devem

preencher periodicamente a ficha do

PCE 108 (notificação de casos da

atenção básica)

Desenvolvimento de ações educativas

em escolas, associação de moradores,

igrejas e outros aparelhos comunitários

Nº de enfermeiros que desenvolvem ações

educativas em escolas, associação de

moradores, igrejas e outros aparelhos

comunitários/total de enfermeiros x 100

Mais de 50% dos enfermeiros devem

desenvolver ações educativas em

escolas, associação de moradores,

igrejas e outros aparelhos comunitários.

TOTAL DE PONTOS DA SUB-DIMENSÃO FUNÇÃO TÉCNICA

25 PONTOS

TOTAL DE PONTOS DA DIMENSÃO PROCESSO (25 itens)

100 PONTOS

Fonte: Autora.

Quadro 1 – Distribuição da pontuação máxima atribuível por ação realizada pelo enfermeiro da estratégia Saúde da família frente ao Programa de Controle

da Esquistossomose para julgamento sobre o Grau de Implantação da dimensão processo no estado de Pernambuco (Conclusão)

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28

4.7.2.1 Julgamento GI processo das Funções gestoras e funções técnicas

A partir da comparação entre o observado e o disposto na matriz, através da atribuição

de pontos a cada item da dimensão conforme disposto em item anterior, ponderou-se sobre a

implantação do processo em separado para as funções gestoras (FG) e as funções técnicas

(FT) com o percentual de cumprimento de normas (% de pontos atingidos com relação ao

total) atingido por cada uma delas, obedecendo aos seguintes pontos de corte:

a) Processo FG ou FT implantados: 75 a 100% do total de pontos;

b) Processo FG ou FT parcialmente implantados: 50 a 74,9 % do total de pontos;

c) Processo FG ou FT incipientemente implantados: 25 a 49,9% do total de pontos;

d) Processo FG ou FT não implantados: igual ou menos de 24,9% do total de pontos.

4.7.2.2 Julgamento sobre o GI do Processo das ações do enfermeiro frente ao PCE

A análise do GI processo visou responder à seguinte pergunta: No tocante ao controle

da esquistossomose, as ações do enfermeiro da Equipe de Saúde da Família estão implantadas

nas instâncias municipais em Pernambuco?

O GI processo das ações do enfermeiro para o estado de Pernambuco se deu através

do somatório dos GI processo das funções gestoras e técnicas, obedecendo-se à seguinte

equação (1):

GI processo = GI função gestora + GI função técnica

(1)

Por fim, a conclusão a respeito do GI processo das ações dos enfermeiros frente ao

PCE em Pernambuco obedeceu aos seguintes pontos de corte:

a) Implantado: 75 a 100 do total de pontos;

b) Parcialmente implantado: 50 a 74,9 pontos;

c) Incipientemente implantado: 25 a 49,9 pontos;

d) Não implantado: igual ou menos de 24.9 pontos.

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29

4.8 Aspectos éticos

Esta pesquisa faz parte de um estudo mais amplo, financiado pelo programa

Estratégico de Apoio à Pesquisa em Saúde (PAPES), intitulada “Análise da implantação do

Programa de Esquistossomose em Pernambuco” (aprovada no Comitê de Ética em Pesquisas

do Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães conforme parecer nº 013/2009 – CAAE:

0083.0.095.000-08).

O estudo não oferece riscos de qualquer natureza aos envolvidos, na medida em que se

pode levar em consideração que os julgamentos estabelecidos advêm de um processo de

discussão e análise crítica que nos leva a contribuir enquanto agentes mobilizadores e

transformadores da realidade. Através desta pesquisa será possível formular questionamentos

sobre o desenvolvimento de tais ações e o subsequente planejamento de atividades específicas

do contexto referido.

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30

5 RESULTADOS

5.1 Modelo Lógico

O modelo lógico das ações do enfermeiro da ESF frente ao PCE foi submetido à

análise de dois especialistas na área do estudo que o apreciaram com relação a sua

completitude e lógica. Para avaliação de cada componente (funções gestoras e funções

técnicas), foram criadas categorias de análise que caracterizam cada uma dessas funções.

Assim, para o componente Função Gestora, foram selecionadas as seguintes

categorias de análise: Educação Permanente dos membros da ESF; Coordenação das ações

desenvolvidas pelo ACS, Técnico de enfermagem e Auxiliar de enfermagem; Vigilância

epidemiológica e Participação Social. Para o componente Função Técnica, tem-se como

categorias de análise: Consulta de enfermagem; Atenção domiciliar; Sistema de informação e

Educação em saúde e mobilização comunitária. O modelo lógico das ações do enfermeiro da

ESF frente ao PCE está disposto na figura 1.

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31

- Ações realizadas pelos ACS e técnicos de enfermagem no

tocante ao controle da esquistossomose planejadas, gerenciadas,

coordenadas monitoradas e avaliadas pelo enfermeiro da ESF.

COMPONENTES DE

ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO

FRENTE AO PCE FUNÇÃ0

GESTO

RA

Estrutura

Processo

Produto

Resultado

EDUCAÇÃO PERMANENTE

- Internet; - Dados ambientas, sociais, econômicos e

epidemiológicos; - 01 sala

COORDENAÇÃO DAS AÇÕES (ACS/TÉC.

ENF./AUX. ENF.) VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA

- Treinamentos de acordo com as necessidades e com

vistas a atualização de condutas frente ao PCE; - Realização de reuniões (planejamento, discussão de

casos, compartilhamento de experiências, seminário de

estudos, teleconferência); - Reconhecimento de sua função enquanto agente

implementador das ações de educação permanente - Reconhecimento da importância de definição de

responsabilidades e competências frente ao PCE

- Treinamentos realizados de acordo com as necessidades

e com vistas a atualização de condutas frente ao PCE; - Reuniões realizadas (planejamento, discussão de casos,

compartilhamento de experiências, seminário de estudos,

teleconferência); - Importância do enfermeiro reconhecida enquanto agente

implementador das ações de educação permanente.

- Aquisição de competências e capacidades específicas do

PCE; - Conhecimento sobre o PCE; - Coordenação de condutas com outros e trabalho em

equipe; - Acesso bibliográfico, a dados, à educação virtual e a

outras experiências.

- Um profissional enfermeiro de referência por ESF.

- Organização de agenda para entrega de resultados de exames

pelo ACS e técnico; - Planejamento e monitoramento da entrega de potes realizada

pelo ACS; - Monitoramento do ACS em supervisão de tomada de

medicação pelos pacientes; - Monitoramento do ACS em acompanhamento da realização da

coproscopia de controle pelos pacientes; - Planejamento e supervisão das atividades realizadas pelo ACS

que ajudem a acabar com o molusco vetor da esquistossomose; - Orientação sobre a identificação de critérios ambientais de

risco pelo ACS; - Orientação de palestras realizadas pelo ACS sobre

esquistossomose.

- Agenda para entrega de resultados de exames pelos ACS e

técnicos organizada.

- Entrega de potes realizada pelo ACS planejada e monitorada

pelo enfermeiro. - Supervisão do ACS

quanto a tomada de medicamento pelo paciente monitorada pelo

enfermeiro. - Trabalho do ACS em acompanhamento da realização de

coproscopia de controle pelos pacientes monitorado pelo

enfermeiro. - Atividades realizadas pelo ACS que ajudem a acabar com o

molusco vetor da esquistossomose planejadas e supervisionadas

pelo enfermeiro. - Identificação de critérios ambientas de risco pelo ACS

monitorada pelo enfermeiro. - Palestras realizadas pelo ACS orientadas pelo enfermeiro.

- Recursos Materiais; - Profissional Treinado.

- Classificação das áreas de risco dentro do território e

identificação de prevalência; - Realização de inquéritos coproscópicos; - Detecção permanente de casos de esquistossomose; - Conhecimento da existência de casos graves de

esquistossomose no território; - Notificação e investigação de casos de

esquistossomose.

- Áreas de risco dentro do território classificadas e

prevalência da esquistossomose identificada. - Inquéritos coproscópicos realizados.

- Casos de esquistossomose detectados

permanentemente. - Casos graves de esquistossomose no território

conhecidos. - Casos de

esquistossomose notificados e investigados.

- Detecção precoce das condições ambientais de risco

favoráveis à doença; - Prevenção do aparecimento de formas graves e redução

de óbitos; - Contenção de focos e interrupção de transmissão da

doença nas áreas focais;

- Monitoramento da ocorrência da doença na população.

Figura 1. Modelo lógico das ações do enfermeiro da Estratégia Saúde da Família (função gestora e função técnica) frente ao PCE no estado de Pernambuco,

Brasil.

(Continua)

Fonte: Autora

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32

COMPONENTES DE

ATUAÇÃO DO

ENFERMEIRO FRENTE AO

PCE

CONSULTA DE ENFERMAGEM ATENÇÃO DOMICILIAR SISTEMA DE INFORMAÇÃO MOBILIZAÇÃO COMUNITÁRIA E

PARTICIPAÇÃO SOCIAL

FUNÇÃ

O

TÉCNIC

A

ESTRUTURA

PROCESSO

PRODUTO

RESULTADO

- Recursos materiais; - Profissional capacitado.

- Obtenção do histórico da pessoa, família,

Coletividade; - Solicitação de exames complementares;

- Diagnóstico e plano de ações de

enfermagem; - Prescrição de medicação; - Tratamento Supervisionado.

- Histórico da pessoa família e Coletividade

obtido. - Exames complementares solicitados.

- Diagnóstico e plano de ações de enfermagem

realizados. - Medicação prescrita. - Tratamento supervisionado realizado.

- Garantia de assistência ao paciente portador

de esquistossomose visando a integralidade do

cuidado.

- Equipamentos; - Material Permanente e de consumo;

- Aparelho telefônico; - Veículo;

- Realização de visitas com regularidade;

- Ordenamento do cuidado e a ação territorial;

- Treinamento dos familiares|cuidador;

- Realização de reuniões para colher demanda

de dúvidas.

- Visitas domiciliares realizadas com

regularidade. - Cuidado e ação territorial ordenados.

- Familiares/cuidador treinados.

- Reuniões para acolhimento de demanda de

dúvidas realizadas.

- Redução da Fragmentação da assistência aos

portadores graves de esquistossomose.

- Ampliação do acesso aos serviços de saúde

que visam o controle de esquistossomose.

- Participação ativa dos profissionais

envolvidos, usuário, família e cuidador na

atenção domiciliar.

- Computador; - Boletins; - Ficha do PCE 108; - Profissional Treinado;

- Preenchimento periódico da Ficha do

PCE 108 (notificação de casos da atenção

básica); - Envio Regular dos dados para SMS.

- Ficha do PCE 108 (notificação de

casos da atenção básica) preenchida. - Dados para SMS enviados

regularmente.

- Melhora no monitoramento das ações

de controle da esquistossomose;

- Melhora na identificação, avaliação e

explicação de problemas de saúde.

- Material educativo; - Profissional treinado;

- Desenvolvimento de ações educativas em

escolas, associação de moradores, igrejas e

outros aparelhos comunitários;

- Formação de grupos para discussão de

problemas locais; - Estabelecimento de parcerias com ONGs

e associação de moradores e com outras

secretarias.

- Ações educativas em escolas, associação

de moradores, igrejas e outros aparelhos

comunitários realizadas. - Grupos de discussão dos problemas

locais formados. - Parcerias com ONGs e associação de

moradores e com outras secretarias

estabelecidas,

- Empoderamento da população sobre as

características e ações de controle da

esquistossomose. - Adoção de hábitos que dificultam o

estabelecimento da doença no território.

Figura 1. Modelo lógico das ações do enfermeiro da Estratégia Saúde da Família (função gestora e função técnica) frente ao PCE no estado de Pernambuco, Brasil.

(Conclusão)

Fonte: Autora

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33

5.2 Grau de implantação (GI)

O GI do processo requerido para ações de controle da esquistossomose do enfermeiro

da Estratégia Saúde da Família em Pernambuco se apresenta na tabela 2. O processo

decorrente da função gestora esteve mais bem implantado do que na função técnica: 52,7%

(parcialmente implantado) na primeira, contra 33,3% na segunda (implantação incipiente).

5.2.1 Grau de implantação (GI) das funções gestoras

Os fatores que mais contribuíram para a melhor implantação do processo na função

gestora foram o fato de 78,8% dos enfermeiros apresentarem conhecimento sobre o PCE; de

93,5% apresentarem conhecimento sobre as formas de transmissão da esquistossomose; de

100% reconhecerem a importância de se reunir para planejamento de ações, discussão de

casos, compartilhamento de experiências, seminário de estudos com a ESF e a equipe de

vigilância em saúde; tais critérios pertencem ao eixo da educação permanente. Além de 82%

Monitorarem o trabalho do ACS em acompanhamento da realização da coproscopia de

controle pelos pacientes; de 85,3% orientarem as palestras realizadas pelo ACS sobre

esquistossomose; e de 93,9% apresentarem conhecimento da existência de casos graves de

esquistossomose no território.

O maior prejuízo deveu-se, em grande parte, às atividades que competiam ao eixo da

vigilância epidemiológica representado neste estudo pelos critérios de identificação de

prevalência da doença no território de abrangência da ESF (25,9%); participação na realização

de inquéritos coproscópicos (42,4%); e detecção permanente de casos novos de

esquistossomose (17,7%).

Observa-se ainda que, entre as funções gestoras, os critérios de Organização de agenda

para entrega de resultados de exames pelos ACS e/ou técnicos de enfermagem (51,3%);

Planejamento e monitoramento da distribuição de potes realizada pelos ACS (51,3%);

Orientação do ACS para supervisão de tomada de medicação pelo paciente (58,7%);

Planejamento e supervisão das atividades de malacologia realizadas pelo ACS (65,3%);

Monitoramento da identificação de critérios ambientais de risco pelo ACS (62,0%);

Classificação das áreas de risco para transmissão da esquistossomose (57,6%), Notificação e

investigação de casos de esquistossomose (69,0%); Apesar de apresentarem índices razoáveis,

estes, contribuíram para o resultado final do processo, no qual as ações do enfermeiro

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34

esperadas para atingir o adequado controle da esquistossomose em Pernambuco

apresentaram-se deficientes.

5.2.2 Grau de implantação (GI) das funções técnicas

Com relação ao processo das funções técnicas, os critérios que mais contribuíram para

explicar o baixo índice alcançado foram: Obtenção do histórico da pessoa, família e

Coletividade (37,9%) e Construção do plano de ações de enfermagem representado apenas

por 3,4% dos enfermeiros. Tais critérios pertencem ao eixo da consulta de enfermagem. O

critério que conseguiu atingir alto índice de implantação entre as funções técnicas foi a

Solicitação de exames complementares (86,2%).

Observa-se ainda entre as funções técnicas que, o Tratamento Supervisionado dos

casos e o Desenvolvimento de ações educativas em escolas, associação de moradores, igrejas

e outros aparelhos comunitários, com 51,9% e 53,2% respectivamente, apesar de

apresentarem índices razoáveis, estes, contribuíram para o resultado final do processo, que se

traduz pela incompletude da abordagem do enfermeiro esperada para atingir o adequado

controle da esquistossomose em Pernambuco.

5.2.3 Grau de implantação da dimensão processo

O GI do processo da função do enfermeiro da ESF frente ao PCE em Pernambuco

correspondeu à soma do GI da função gestora e do GI da função técnica, obedecendo à

seguinte equação:

GI AÇÕES DO ENFERMERIOS ESF PCE EM PE: 39,52 + 8,32 = 47,84

Deste modo, tem-se que a implantação das ações do enfermeiro da ESF frente ao PCE

em Pernambuco foi Incipiente (47,84 pontos) de acordo com os parâmetros estabelecidos no

estudo, tendo contribuído para este resultado tanto aspectos da gestão quanto da assistência

requerida.

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35

Quadro 2. Distribuição da pontuação recebida de acordo com o critério de avaliação estabelecido para o Grau de

Implantação da dimensão processo das ações de controle da esquistossomose realizadas pelo enfermeiro da

Estratégia Saúde da Família em Pernambuco.

(Continua)

COMPONENTE CRITÉRIO % PONTOS

FUNÇÃO

GESTORA

Conhecimento sobre o PCE 78,8

4,16

Conhecimento sobre as formas de transmissão da

esquistossomose

93,5

4,16

Identificação do caramujo transmissor da

esquistossomose

38,7

0

Nº de enfermeiros que realizam reuniões com a equipe

de VS que abordem a problemática da esquistossomose

(Planejamento, discussão de casos, seminários de

estudos, teleconferências)

22,6

0

Reconhecimento da importância de se reunir para

planejamento de ações, discussão de casos,

compartilhamento de experiências, seminário de

estudos com a ESF e a equipe de vigilância em saúde

100,0

4,16

Organização de agenda para entrega de resultados de

exames pelos ACS e/ou técnicos de enfermagem

51,3

2,08

Planejamento e monitoramento da distribuição de potes

realizada pelos ACS;

51,3

2,08

Orientação do ACS para supervisão de tomada de

medicação pelo paciente

58,7

2,08

Monitoramento do trabalho do ACS em

acompanhamento da realização da coproscopia de

controle pelos pacientes

82

4.16

Planejamento e supervisão das atividades de

malacologia realizadas pelo ACS

65,3

2.08

Monitoramento da identificação de critérios ambientais

de risco pelo ACS

62,0

2,08

Orientação de palestras realizadas pelo ACS sobre

esquistossomose

85,3

4,16

Classificação das áreas de risco para transmissão da

esquistossomose

57,6

2,08

Identificação de prevalência da doença no território de

abrangência da ESF

25,9

0

Participação na realização de inquéritos coproscópicos 42,4

0

Detecção permanente de casos novos de

esquistossomose

17,7

0

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36

Quadro 2. Distribuição da pontuação recebida de acordo com o critério de avaliação estabelecido para o Grau de

Implantação da dimensão processo das ações de controle da esquistossomose realizadas pelo enfermeiro da

Estratégia Saúde da Família em Pernambuco.

(Conclusão)

COMPONENTE CRITÉRIO % PONTOS

Conhecimento da existencia de casos graves de

esquistossomose no território

93,9

4,16

Notificação e investigação de casos de esquistossomose 69,0 2,08

PROCESSO FUNÇÃO GESTORA (TOTAL 75 PONTOS) 52,7% (39,52 PONTOS)

PARCIALMENTE IMPLANTADO

FUNÇÃO

TÉCNICA

Obtenção do histórico da pessoa, família, Coletividade

37,9

0

Solicitação de exames complementares 86,2

4,16

Construção do plano de ações de enfermagem 3,4

0

Tratamento Supervisionado dos casos 51,9

2,08

Preenchimento periódico da Ficha do PCE 108

(notificação de casos da atenção básica)

19,4 0

Desenvolvimento de ações educativas em escolas,

associação de moradores, igrejas e outros aparelhos

comunitários.

53,2

2,08

PROCESSO FUNÇÃO TÉCNICA (TOTAL 25 PONTOS) 33,3% (8,32 PONTOS)

IMPLANTAÇÃO INCIPIENTE

TOTAL GI PROCESSO (100 PONTOS) (47,84 PONTOS)

IMPLANTAÇÃO INCIPIENTE

Fonte: Autora

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37

6 DISCUSSÃO

Esta discussão baseia-se no confronto das informações entre as ações realizadas pelos

enfermeiros da ESF frente ao PCE e o modelo lógico desenhado que expressam que o

julgamento de valor seja feito a partir de critérios e normas (CONTRADIOPOULOS 1997;

DONABEDIAN 1966). É possível, a partir dessa confrontação, perceber a importância da

construção do modelo lógico para avaliação de ações, uma vez que somente a partir do

mesmo é possível expressar incoerências e lacunas das políticas e programas quando de sua

implementação na realidade empírica (HARTZ, 1999; MEDINA, 2005).

Quando da discussão em torno da atuação dos profissionais de saúde do SUS, diversos

estudos convergem para o reconhecimento de que o enfermeiro é o interlocutor e principal

agente catalisador das políticas e programas voltados para a saúde coletiva, cuja formação é

voltada para atuar em diversos espaços sociais, tais como: atenção, gestão, ensino, pesquisa e

controle social. Assim, a escolha da apreciação do processo, fundamentada por Vuori, 2000

foi importante, uma vez que os resultados alcançados pelos programas sempre serão

consequências dos processos (BACKES et al., 2012; COSTA; MIRANDA, 2008; OLIVEIRA

et al., 2012; VUORI, 2000).

O uso de dados secundários pode ser apontado como uma limitação do estudo, uma vez

que estão sujeitos a vieses relacionados à perda de informações no momento da aplicação.

Outro limitante da pesquisa consistiu na impossibilidade de aplicar a avaliação da categoria

atenção domiciliar prevista no modelo lógico, uma vez que os questionários não abordavam

tais quesitos. Apesar disto, o modelo do estudo se revelou útil e adequado para apreciação das

atividades profissionais e gestoras, pois permitiu identificar os aspectos mais basilares do

trabalho do enfermeiro no que concerne ao enfrentamento da doença, já que visitas

domiciliares ocorrem mais comumente quando há casos graves e, portanto, quando as outras

ações não são realizadas como deveriam.

Com relação ao conhecimento sobre a esquistossomose, os enfermeiros de um modo

geral, tinham ciência das diretrizes de operacionalização do Programa de Controle da

Esquistossomose, bem como dos aspectos clínicos e formas de transmissão da doença. No

entanto, não reconheceram o caramujo transmissor da esquistossomose (incluindo sua

taxonomia, genética, distribuição e ecologia). Não reconhecer o hospedeiro, significa não

identificar critérios de risco relacionados ao meio ambiente, espaço extra unidade de saúde

que é, justamente, onde as pessoas em risco estão. Entende-se que a deficiência desta

informação não os permite orientar as medidas de controle de forma segura, adequadas a cada

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38

localidade, dirigidas aos caramujos e nem interpretar corretamente o papel que o mesmo

cumpre na transmissão da doença . Assim, verificou-se que a identificação dos hospedeiros

intermediários ainda configura-se numa realidade distante da prática do enfermeiro da ESF

(BRASIL, 2008; GAZZINELLI, 2002).

Outro fator evidenciado pelos resultados deste estudo diz respeito aos desafios dos

processos grupais de reuniões. Os enfermeiros, apesar de terem ciência da importância da

avaliação e planejamento conjunto e dos benefícios das ações de educação permanente para a

equipe como um todo no controle da esquistossomose, a exemplo de realização de reuniões de

discussão de casos, seminários de estudos, teleconferências, os mesmos não contribuem para

realização de tais ações. Percebe-se um distanciamento daquilo que é assimilado na teoria

pelo profissional e o que realmente é posto em prática.

Na literatura encontra-se diversidade de autores que abordam a importância das

reuniões de equipe na estratégia saúde da família enquanto espaço de fluidez de diálogo,

expressão de opiniões, construção de projetos e planos de atendimentos coletivos para o

efetivo delineamento do trabalho em equipe. Corroborando com os resultados desta pesquisa,

Grando, 2010 enfatiza que a comunicação entre a ESF, quando realizada, se destina

basicamente a troca ou transmissão de informações de caráter técnico, sendo pouco referidas

situações em que se exercite a discussão crítica em torno de problemas e necessidades da

equipe e da população na busca de consensos coletivos (FORTUNA, 2005; GRANDO; 2010).

Com relação à prática do enfermeiro de coordenar as ações do ACS e técnicos de

enfermagem no controle da esquistossomose, tem-se um amplo espectro de atividades que

precisam ser monitoradas e que não estão sendo realizadas em sua completitude segundo os

resultados deste estudo. De todos os critérios que foram avaliados, somente o monitoramento

da coproscopia de controle e a orientação de palestras realizadas pelo ACS foram

considerados implantados, ficando o monitoramento da distribuição de potes, supervisão da

tomada de medicação, atividades de malacologia e identificação de critérios ambientais de

risco classificados como parcialmente implantados.

A atividade gerencial privativa do enfermeiro está expressa com relação à atenção

básica de um modo geral, com a publicação da Portaria nº 2.488, de 21 de outubro de 2011,

que deixa claro que é atribuição específica do enfermeiro supervisionar, coordenar e realizar

atividades de educação permanente dos ACSs e da equipe de enfermagem. No tocante ao

controle da esquistossomose de maneira específica, está expresso no caderno de atenção

Básica nº21 que é responsabilidade do enfermeiro a supervisão das ações de outros

profissionais envolvidos no processo (ACS e Técnico de enfermagem). No entanto, vale

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39

salientar que o amplo espectro de funções e responsabilidades que o enfermeiro assume

podem acarretar sobrecarga de trabalho e uma menor disponibilidade de tempo para

supervisão da equipe de enfermagem e dos ACS, o que pode ter influenciado os resultados do

estudo (BRASIL, 2008, 2011; OLIVEIRA et al., 2012).

No tocante as ações de vigilância epidemiológica da esquistossomose, as atribuições

básicas não estão sendo realizadas, a exemplo da identificação da prevalência da doença no

território adscrito, participação na realização de inquéritos coproscópicos e principalmente a

detecção permanente de novos casos. São questões que envolvem a proteção populacional,

além da individual. Os principais objetivos da vigilância epidemiológica da esquistossomose

são reduzir a prevalência da infecção, evitar ou reduzir a ocorrência de casos graves e óbitos e

interromper a expansão da endemia. Mas, não há como atingir os objetivos, quando não se

tem um ponto de partida, quando não há subsídios para avaliação de progressos ou retrocessos

(BRASIL, 2008).

Tal fato é bastante preocupante, considerando as intensas discussões no decorrer dos

últimos anos acerca da integração entre ações assistenciais e de vigilância em saúde para o

efetivo controle da esquistossomose. As ações que estão sendo priorizadas podem trazer

resultados imediatos, porém não em longo prazo. Fogem ao controle efetivo da doença e de

suas metas primordiais (QUININO, 2009, 2010).

Ao analisarmos a consulta de enfermagem, é possível perceber que a solicitação de

exames complementares e o tratamento supervisionado dos casos são os critérios que

atingiram maiores índices em detrimento da obtenção do histórico da pessoa, família e

coletividade e a construção do plano de ações de enfermagem. Observa-se, assim, uma quebra

da integralidade do cuidado, na medida em que o enfermeiro dá prioridade às ações

tradicionalmente realizadas, mas não registra informações sob uma visão holística e não

programa o cuidado, principalmente quando se fala sobre esquistossomose, no qual um dos

fatores que contribuem de maneira significativa para o diagnóstico é a analise detalhada do

local de residência do paciente e o contexto em que este está inserido. Trata-se agora de não

mais focar atenção nas ações de enfermagem por si só, mas pela finalidade do trabalho, pelos

interesses em jogo, como o processo de trabalho se organiza e de que forma pode-se atingir o

objetivo sem perder de vista o essencial (BRASIL, 2008; MARQUES; SILVA, 2004).

Marques e Silva, 2004 fazem um retorno na história da enfermagem desde a

implantação da Estratégia Saúde da Família e afirma que o enfermeiro como membro da ESF,

é o profissional que mais conseguiu se aproximar da proposta de integralidade do SUS, sendo

adotado como profissional referência pela comunidade, por suas ações de educação em saúde

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40

e interação social. No entanto, esse processo tem se modificado ao longo dos anos, seja pelas

crescentes demandas, seja pela própria dinâmica da unidade de saúde. O processo de trabalho

do enfermeiro, que era centrado no usuário e na comunidade em si, passa a ter como foco a

Unidade de saúde, estando seu trabalho voltado para os procedimentos que lhe cabem e

exercendo, predominantemente, o papel administrativo e gerencial (MARQUES; SILVA,

2004).

No tocante ao controle da esquistossomose, foi evidenciada a mesma segregação, de

modo que o enfermeiro, apesar de ser o profissional que mais avançou na proposta da atenção

básica, nos termos da abordagem integral necessária ao enfrentamento da esquistossomose

não conseguiu progredir. Tal fato é preocupante visto que, este profissional funciona como

sendo a mola mestra do cuidado frente à esta doença, e apresenta inclusive, potencial para

servir de exemplo para os demais profissionais da ESF.

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41

7 CONCLUSÃO

Os achados deste estudo permitiram concluir que a dimensão Processo das ações de

controle da esquistossomose no contexto da atuação do enfermeiro da estratégia saúde da

família no estado de Pernambuco apresentou implantação incipiente.

Ao levar em consideração a construção do modelo lógico, que possibilitou melhor

entendimento ao sistematizar tais ações, tem-se que este resultado se deu em decorrência,

principalmente, dos seguintes fatos: a) Deficiência de informações por parte dos enfermeiros

ao identificar critérios ambientais de risco relacionados à doença; b) Falha na comunicação e

compartilhamento de saberes com os outros profissionais que atuam na ESF; c) Incompletude

das ações gerenciais privativas do enfermeiro relacionados à supervisão e à coordenação dos

ACS e técnicos de enfermagem); d) Falta de comprometimento com as ações básicas de

vigilância epidemiológica; e) Planejamento de enfermagem precário relacionado às ações de

controle.

Diante do exposto, foi possível concluir que existe dificuldade por parte dos enfermeiros

em cumprir o que é recomendado para o efetivo controle da esquistossomose, considerando-

se, sobretudo, a integralidade das ações assistenciais e de vigilância. Apesar de todo aparato

normativo existente e dos progressos atingidos até o momento, há ainda, uma tendência dos

enfermeiros em manter as características dos modelos de atenção à saúde centralizados,

verticalizados e desintegrados do contexto da população.

Assim, aponta-se para a necessidade de execução adequada das ações mínimas de rotina

propostas para o controle da endemia, assim como, a inclusão da esquistossomose com

prioridade no processo de trabalho deste profissional, pois somente assim, será possível

vislumbrar maior repercussão e impacto dessas ações no efetivo controle da esquistossomose.

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ANEXO A – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Título da Pesquisa: “Análise da implantação do programa de esquistossomose em

Pernambuco”

Instituições participantes da pesquisa:

Fundação Oswaldo Cruz – FIOCRUZ – centro

de Pesquisas Aggeu Magalhães - CPqAM – Departamento de Parasitologia;

O Sr(a) está sendo convidado a participar do estudo acima referido, na qualidade de

entrevistado, que tem como objetivo avaliar a implantação das ações de controle do programa

de esquistossomose em Pernambuco bem como a identificação das principais dificuldades na

implantação e execução das atividades referentes ao controle desse agravo.

A metodologia do estudo compreenderá uma avaliação normativa abrangendo os

componentes de estrutura e processo onde serão entrevistados os profissionais diretamente

envolvidos na execução das ações de controle do programa de esquistossomose, utilizando um

questionário estruturado construído a partir das normas preconizadas por instrumentos

oficiais. Além da realização de entrevistas com sujeitos chaves, onde se pretende aprofundar

aspectos contextuais que possam interferir na implantação das ações de controle da

esquistossomose.

Sua participação não é obrigatória e sua recusa não lhe trará nenhum

constrangimento ou prejuízo em relação aos pesquisadores e com as instituições

participantes. A qualquer momento da pesquisa você pode desistir de participar e retirar seu

consentimento.

Os riscos relacionados com a participação dos sujeitos da pesquisa podem ser

constrangimentos perante pessoas e instituições, caso a identidade venha a público.

Contudo, garantimos que este fato não ocorrerá sob hipótese alguma. As informações obtidas

poderão ser utilizadas em eventos científicos, no entanto estando resguardada a sua

identidade/ participação. Os benefícios relacionados com a sua participação são: contribuir

para o conhecimento do grau de adequação das atividades de controle da esquistossomose

desenvolvidas pelas equipes do programa segundo as normas preconizadas, assim como, os

principais entraves na realização dessas atividades. Permitindo, desta forma, subsidiar a

atenção à saúde deste grupo de indivíduos.

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Qualquer esclarecimento entrar em contato com a professora Constança Simões

Barbosa pelo telefone: 81 21012572 ou com a pesquisadora Louisiana Regadas Quinino de

Macedo pelo telefone: 81 86364254 ou dirigir-se ao Departamento de Parasitologia/

Laboratório de esquistossomose/ CPqAM-FIOCRUZ.

Minha participação é voluntária e está formalizada através da assinatura deste termo em duas

vias, sendo uma retida por mim e a outra pela pesquisadora.

Pesquisadora: __________________________________________________________

Participante: __________________________________________________________

________________, _____/_____/________.

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ANEXO B – Parecer do Comitê de Ética