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FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ
CENTRO DE PESQUISAS AGGEU MAGALHÃES
DEPARTAMENTO DE SAÚDE COLETIVA
ESPECIALIZAÇÃO EM SAÚDE PÚBLICA: GESTÃO DO TRABALHO E EDUCAÇÃO
EM SAÚDE
DORIS SANDRA MOREIRA DA SILVA VIANNA
VIGILÂNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR: UM MANUAL OPERACIONAL
PARA TRABALHADORES DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE, PERNAMBUCO
RECIFE
2015
DORIS SANDRA MOREIRA DA SILVA VIANNA
VIGILÂNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR: UM MANUAL OPERACIONAL
PARA TRBALHADORES DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE, PERNAMBUCO
Monografia apresentada ao Curso de
Especialização em Saúde Pública: Gestão do
Trabalho e da Educação em Saúde do
Departamento de Saúde Coletiva do Centro de
Pesquisas Aggeu Magalhães, Fundação
Oswaldo Cruz para obtenção do título de
Especialista em Saúde Pública: Gestão do
Trabalho e da Educação em Saúde.
Orientadora: Prof. Dra. Idê Gomes Dantas Gurgel
RECIFE
2015
Catalogação na fonte: Biblioteca do Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães
S586v
Vianna, Doris Sandra Moreira da Silva.
Vigilância em saúde do trabalhador: um manual operacional
para Trabalhadores da Atenção Primária à Saúde, Pernambuco /
Doris Sandra Moreira da Silva Vianna. — Recife: [s. n.], 2015.
42 p.: il.
Monografia (Especialização em Saúde Pública: Gestão do
Trabalho e da Educação em Saúde) – Departamento de Saúde
Coletiva, Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães, Fundação Oswaldo
Cruz.
Orientadora: Idê Gomes Dantas Gurgel.
1. Vigilância em Saúde do Trabalhador. 2. Saúde do
Trabalhador. 3. Manuais. 4. Atenção Primária à Saúde I.
Gurgel, Idê Gomes Dantas. II. Título.
CDU 331.47
DORIS SANDRA MOREIRA DA SILVA VIANNA
VIGILÂNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR: UM MANUAL OPERACIONAL
PARA TRABALHADORES DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE, PERNAMBUCO
Monografia apresentada ao Curso de
Especialização em Saúde Pública: Gestão do
Trabalho e da Educação em Saúde do
Departamento de Saúde Coletiva do Centro de
Pesquisas Aggeu Magalhães, Fundação
Oswaldo Cruz para obtenção do título de
Especialista em Saúde Pública: Gestão do
Trabalho e da Educação em Saúde.
Aprovada em: 03 /02 /2016
BANCA EXAMINADORA
_______________________________
Prof.ª Drª. Idê Gomes Dantas Gurgel
CPqAM/Fiocruz/PE
_______________________________
MSc. José Marcos da Silva
Secretaria Municipal de Saúde do Recife
AGRADECIMENTOS
A Deus que sempre foi e é meu porto seguro na vida, e permitiu que eu chegasse até aqui.
Ao meu marido Roderico Vianna e meus filhos Milena, Matheus e Marcela pela torcida e
força para que eu continuasse a estudar sempre.
Aos meus pais que sempre apoiaram com carinho.
Aos novos amigos que compartilharam comigo o dia a dia do curso, muito obrigada.
Aos queridos colegas da GEAST-PE, CEREST Estadual e CEREST’s Regionais de
Pernambuco pelo apoio e história de lutas pela Saúde do Trabalhador em Pernambuco.
As minhas queridas mestras Kátia Medeiros e Luciana Camêlo que contribuíram com
dedicação e empenho para meu aprendizado.
E principalmente a minha orientadora Prof. Idê Gurgel que diante de sua rotina de trabalho
“gigante” teve paciência e boa vontade comigo.
“[...] trabalhar não é tão só produzir: trabalhar é ainda viver junto.”
DEJOURS
VIANNA, Doris Sandra Moreira da Silva. Vigilância em Saúde do Trabalhador: Um manual
Operacional para Trabalhadores da Atenção Primária à Saúde, Pernambuco. 2015.
Monografia (Curso de Especialização em Saúde Pública: Gestão do Trabalho e da Educação
em Saúde) - Centro de Pesquisa Aggeu Magalhães, Fundação Oswaldo Cruz, Recife, 2016.
RESUMO
A Saúde do Trabalhador é um campo de cuidado que compreende várias práticas teóricas
interdisciplinares e interinstitucionais desenvolvidas por vários atores (sindicatos, academia,
serviços públicos) e os Centros de Referência em Saúde do Trabalhador situados em lugares
sociais distintos, ancorados por direcionamento comum e gestão participativa dos
trabalhadores. Um novo paradigma do trabalho nas sociedades pós-industriais, que se instala a
partir da reestruturação produtiva, recoloca a centralidade do trabalhador nesse processo,
ampliando a discussão sobre gestão do trabalho. Nesse contexto os Centros de Referência em
Saúde do Trabalhador possuem um papel relevante perante a população trabalhadora. Para
uma análise mais concreta o desafio desse Plano de Intervenção é contribuir com o SUS e
investigar o conjunto de ações e processos de trabalho que vem sendo desenvolvidos e
oferecidos pelos CEREST’s em Pernambuco no movimento da descentralização e
reorganização da Rede de Atenção do SUS no direcionamento que nos conduza a ações e
processos de trabalho mais efetivos e coerentes com o referencial da Política Nacional de
Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora a partir da construção de um Manual Operacional a
ser utilizado pelos trabalhadores da atenção Primária à Saúde de Pernambuco referente à
ações de Vigilância em Saúde do Trabalhador.
Palavras Chaves: Processos de Trabalho em Saúde, Vigilância em Saúde do Trabalhador,
Atenção Primária à Saúde.
Vianna, Doris Sandra Moreira da Silva. Health Surveillance Worker: An Operational Manual
for Workers Primary Health Care, Pernambuco. 2015. Monograph (Specialization in Public
Health: Labor and Education in Health Management) - Research Center Aggeu Magalhães,
Oswaldo Cruz Foundation, Recife, 2016.
ABSTRACT
The Worker’s Health is a care field that comprises several interdisciplinary and inter-
institutional theoretical practices developed by various actors (trade unions, academia, public
services) and Reference Centers in Occupational Health located in different social places,
anchored by common direction and management participatory workers. A new paradigm of
work in post-industrial societies, which settles from the restructuring process, replaces the
centrality of the worker in the process, expanding the discussion of labor management. In this
context the Worker's Health Reference Centers have an important role towards the working
population. For a more concrete analysis of the challenge of this Intervention Plan is to
contribute to the SUS and investigate. Moreover all activities and work processes that have
been developed and offered by CEREST's in Pernambuco in the movement of
decentralization and reorganization of the SUS Care Network in directing, that lead us to
actions and work processes more effective. In addition, consistent with the framework of the
Workers National Health Policy and the worker from the construction of an Operational
Manual to be used by workers Health Primary Attention Care in Pernambuco concerning the
actions surveillance in Work’s Health.
Key Words: Work Processes in Health, Occupational Health Surveillance, Health Primary
Care.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
APS – Atenção Primária à Saúde
CEREST – Centro de Referência em Saúde do Trabalhador
CMS – Conselho Municipal de Saúde
CNST – Conferência Nacional de Saúde do Trabalhador
ESF – Estratégia Saúde da Família
GM – Gabinete Ministerial
GEAST-PE – Gerência Estadual de Atenção à Saúde do Trabalhador-Pernambuco
MS – Ministério da Saúde
NASF – Núcleo de Apoio à Saúde da Família
OMS – Organização Mundial de Saúde
PNSST – Política Nacional de Saúde e Segurança no Trabalho
PNSTT – Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora
PSF – Programa Saúde da Família
RENAST – Rede Nacional de Atenção Integral a Saúde do Trabalhador
SINAN – Sistema Nacional de Informação de Agravos Notificáveis
ST – Saúde do Trabalhador
SUS – Sistema Único de Saúde
UFMG – Universidade Federal de Minas Gerais
USF – Unidade de Saúde da Família
UBS – Unidade Básica de Saúde
VISAT – Vigilância em Saúde do Trabalhador
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 09
2 REFERENCIAL TEÓRICO 10
2.1 Saúde do Trabalhador 10
2.2 Vigilância em Saúde do Trabalhador 15
2.3 Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora 18
2.3.1 A Rede Nacional de Atenção à Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora
e o papel estratégico dos CEREST’s
20
2.4 O Trabalho em Saúde e o Processo de Trabalho na rede de saúde SUS 23
2.5 Atenção Primária à Saúde 25
3 OBJETIVOS 28
3.1 Objetivo Geral 28
3.2 Objetivos Específicos 28
4 DIRETRIZES 29
5 OBJETIVOS/METAS/ESTRATÉGIAS/PLANO OPERATIVO 31
6 RESULTADOS ESPERADOS 34
7 RECURSOS HUMANOS 35
8 ORÇAMENTO 36
9 FONTE DE FINANCIAMENTO 37
REFERÊNCIAS 38
APÊNDICE A – Manual Operacional de VISAT 43
9
1 INTRODUÇÃO
A Saúde do Trabalhador é um campo da saúde pública cujo objeto é multidimensional,
que envolve diferentes atores sociais e conflitos de interesse entre capital e trabalho, ou seja,
depende do contexto histórico em que se encontra e das relações entre a saúde do trabalhador
e as forças políticas e econômicas na sociedade. Nesse contexto, o campo do cuidado
relacionado à Saúde do Trabalhador envolve práticas transversais desenvolvidas por diversos
atores como: sindicatos, universidades, serviços públicos de saúde, conselhos de saúde entre
outros. Dessa forma a Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora (PNSTT)
é uma política transversal às demais ações e programas de saúde.
Segundo o Anuário Estatístico da Previdência Social (2013), no Brasil, “durante o ano
de 2011, foram registrados no Instituo Nacional de Seguridade Social (INSS) cerca de 711,2
mil acidentes do trabalho. Comparado com 2010, o número de acidentes de trabalho teve
acréscimo de 0,2%. O total de acidentes registrados com Comunicado de Acidente de
Trabalho (CAT) aumentou em 1,6% de 2010 para 2011”.
Nesse sentido, a ideia de elaborar um manual operacional de vigilância em saúde do
trabalhador (VISAT) se torna importante a partir do momento que os trabalhadores de
Atenção Primária à Saúde (APS) encontram-se com mais um subsídio para identificação das
suas atribuições concernentes a temática de saúde do trabalhador. Também é relevante dizer
que ocorre uma lacuna referente a manuais que relatem com mais objetividade e praticidade
as suas funções na área.
Diante desse contexto, observa-se também a necessidade da continuidade do serviço
público na área de Saúde do Trabalhador, em que, no contexto atual brasileiro a rotatividade
de funcionários é considerável nas equipes que constituem as unidades de saúde em
Pernambuco, e a população trabalhadora que necessita do serviço fica prejudicada com essa
descontinuidade.
Este Manual foi elaborado obedecendo ao referencial legal previsto para o Sistema
Único de Saúde (SUS), orientando as atividades e os processos de trabalho dentro dos
princípios e das regras gerais em Saúde do Trabalhador, e pretende, levando em conta todas
essas questões, apresentar caminhos que facilitem o processo de trabalho e ações
desenvolvidas nas equipes da Atenção Primária à Saúde em Pernambuco. A Gestão do
Trabalho e a Educação em Saúde contribui para a valorização do processo de trabalho como
10
estratégia de qualificar a produção de cuidados no (SUS). Esse entendimento ajudará na
compreensão melhor do assunto.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Saúde do Trabalhador
O processo de institucionalização da Saúde do Trabalhador legitimado passa por
modelos hegemônicos da medicina do trabalho e da saúde ocupacional. O médico italiano
Bernardino Ramazzini, que mais tarde foi considerado o Pai da Medicina do Trabalho, através
do seu livro De Morbis Artificum Diatriba fez o registro histórico de maior relevância na
análise da relação trabalho-saúde no ano de 1700, cujas lições, relevantes para a época,
permaneceram como o texto básico da medicina preventiva por quase dois séculos; Ramazzini
estudou mais de 60 profissões, relacionando o exercício das atividades com as doenças que
eram consequência das mesmas, indicando ainda o tratamento recomendável e as medidas
preventivas (OLIVEIRA, 2007).
Na transição para o século XX, as condições de trabalho nos países industrializados
modificaram-se drasticamente devido ao processo de reestruturação capitalista e produtiva.
Esta reestruturação modifica as condições de trabalho na sua organização e controle,
implicando novas tendências, que muitas vezes eram impostas pelo mercado externo, e
exigências quanto à formação dos trabalhadores e sua disciplina no local de trabalho
(ANTUNES, 2003; ASSUNÇÃO, 2003)
A Medicina do Trabalho, enquanto especialidade médica, surge na Inglaterra, na
primeira metade do século XIX, com a Revolução Industrial; naquele momento, o consumo
da força de trabalho, resultante da submissão dos trabalhadores a um processo acelerado e
desumano de produção, exigiu uma intervenção sob pena de tornar inviável a sobrevivência e
reprodução do próprio processo (MENDES; DIAS, 1991).
Nesse contexto, nasce o primeiro serviço de medicina do trabalho quando Robert
Dernham, proprietário de uma fábrica têxtil, contrata seu médico Baker para trabalhar em sua
fábrica, pois tinha a preocupação de que seus operários não dispunham de cuidado médico a
não ser aquele propiciado por instituições filantrópicas. Diante disso, procurou o Dr. Robert
Baker, e pediu que o mesmo resolvesse tal situação, Baker respondeu-lhe que colocasse no
interior da sua fábrica o seu próprio médico, que serviria de intermediário entre o proprietário,
11
os seus trabalhadores e o público, com o objetivo de verificar o efeito do trabalho sobre as
pessoas, e se ele verificasse qualquer trabalhador sofrendo a influência de causas que possam
ser prevenidas, ele próprio faria a tal prevenção. (MENDES; DIAS 1991).
Nesse sentido, relatam ainda Mendes e Dias (1991) que prover serviços médicos aos
trabalhadores é uma preocupação antiga e que começa a se firmar no contexto internacional e
na agenda da Organização Internacional do Trabalho (OIT), criada em 1919. Na Conferência
Internacional do Trabalho (1953) constava que os Estados Membros da OIT fomentassem a
formação de médicos do trabalho qualificados e o estudo dos “Serviços de Medicina do
Trabalho”, através da Recomendação 97 sobre a "Proteção da Saúde dos Trabalhadores". No
ano de 1954, a OIT convocou um grupo de especialistas para estudar as diretrizes gerais que
organizariam esses "Serviços Médicos do Trabalho”.
A influência do pensamento mecanicista na medicina científica e na fisiologia é
refletida na relação entre a doença e um grupo de fatores de riscos presentes nos ambientes de
trabalho, que considera o trabalhador-objeto, levando a um tipo de expectativa que promove a
"adaptação" do trabalhador ao trabalho, como promove também a da "manutenção de sua
saúde".
Num contexto econômico e político como o da guerra e o do pós-guerra, o custo
provocado pela perda de vidas - abruptamente por acidentes do trabalho, ou mais
insidiosamente por doenças do trabalho - começou a ser também sentido tanto pelos
empregadores (ávidos de mão-de-obra produtiva), quanto pelas companhias de
seguro, às voltas com o pagamento de pesadas indenizações por incapacidade
provocada pelo trabalho. Entre muitos outros desdobramentos deste processo,
desvela-se a relativa impotência da medicina do trabalho para intervir sobre os
problemas de saúde causados pelos processos de produção. Crescem a insatisfação e
o questionamento dos trabalhadores - ainda que apenas 'objeto' das ações - e dos
empregadores, onerados pelos custos diretos e indiretos dos agravos à saúde de seus
empregados. A resposta, racional, "científica" e aparentemente inquestionável
traduz-se na ampliação da atuação médica direcionada ao trabalhador, pela
intervenção sobre o ambiente, com o instrumental oferecido por outras disciplinas e
outras profissões (MENDES; DIAS, 1991, p. 343).
O que repercutia da origem histórica dos serviços médicos e o lugar de destaque da
indústria nos países "industrializados" tinha ênfase na higiene “industrial”, ou seja, o
surgimento de uma "Saúde Ocupacional" em grandes empresas, com o formato da multi e
interdisciplinaridade realizado através da organização de equipes multiprofissionais. Mendes
e Dias (1991), relatam que no Brasil, a saúde ocupacional aconteceu tardiamente e caminhava
por várias direções. O padrão que foi multiplicado para outras instituições de ensino e
pesquisa, e que atinge até alguns departamentos de medicina preventiva e social de escolas
médicas seguiu pela vertente das academias, e teve como destaque a Faculdade de Saúde
12
Pública da Universidade de São Paulo, que origina uma "área de Saúde Ocupacional", no
Departamento de Saúde Ambiental, e dessa forma exerce sua influência através de cursos de
especialização e pós-graduação (mestrado e doutorado).
Desenvolvido para atender a uma necessidade da produção, o modelo da saúde
ocupacional, não consegue alcançar os objetivos apresentados devido ao modelo padrão de
medicina do trabalho estar consolidado no mecanicismo; tanto a capacitação de recursos
humanos, como a produção de conhecimento e de tecnologia de intervenção não conseguem
acompanhar o ritmo de transformação dos processos de trabalho entre outros (MENDES;
DIAS 1991).
O confronto do trabalhador com seu processo de trabalho é produtor de sofrimento,
que pode vir a comprometer a saúde e tornar-se insuportável, ocasionando doenças e até
mortes. O trabalhador durante seu processo de trabalho promove uma interação complexa e
dinâmica com sua atividade e se confronta com diversas dificuldades às quais se ajusta dentro
de seus limites e regras de seu funcionamento biológico, fisiológico, perceptivo e mental.
(ASSUNÇÃO, 2003; BRITO; PORTO, 1991).
A insuficiência do modelo da saúde ocupacional não constituiu fenômeno pontual e
isolado:
A saúde do trabalhador transcende o direito trabalhista, previdenciário e os demais
direitos limitantes por efeitos específicos de contratos [...] invoca o direito à saúde
no seu espectro irrestrito da cidadania plena, típica dos direitos civis, econômicos,
sociais e humanos fundamentais, a que os demais “direitos” estão subordinados. [...]
arvora a si, desse modo, a égide sobre as relações saúde-trabalho no Estado
democrático de direito (VASCONCELLOS, 2007, p. 162).
Com a Convenção da OIT n. 155 sobre segurança e saúde dos trabalhadores ocorre um
avanço e um novo modo de refletir conferindo a participação dos trabalhadores mais
ativamente em questões que envolvam a segurança, a saúde e o meio ambiente de trabalho,
como: melhores condições de segurança, higiene e saúde no local de trabalho, e o direito de
opinar e receber informações sobre essas questões. Além disso, o movimento sindical
começar a refletir e fazer perguntas sobre a legitimidade dos adicionais de remuneração para
equiparar a exposição aos riscos ocupacionais, adotando a posição de que a saúde não se
vende e nem tem preço algum. Todavia, a partir da reivindicação das melhorias do meio
ambiente de trabalho, coloca-se em curso uma nova fase, ou movimento, chamado de “Saúde
do Trabalhador” (OLIVEIRA, 2007).
13
No Brasil, o termo Saúde do Trabalhador, a partir da década de 80 teve como modelo
inspirador a Reforma Sanitária Italiana, que surge, então, intensificando-se em todo o país no
Movimento pela Reforma Sanitária brasileira, dentro do contexto da transição democrática,
em sintonia com o que ocorre no mundo ocidental (TEIXEIRA, 1989).
Dessa forma, ela nasce em contraponto com os modelos hegemônicos das práticas de
intervenção e regulação das relações saúde-trabalho da Medicina do Trabalho, Engenharia de
Segurança e Saúde Ocupacional. As universidades, o Ministério da Saúde com os
trabalhadores, e os técnicos de saúde, uniram-se em esforços dentro da emergência do Novo
Sindicalismo e estabeleceu-se as bases dos conhecimentos e experiências práticas que foram
chamadas de Saúde do Trabalhador. Parmeggiani (1987) relata que a modificação da
terminologia dos serviços de atenção à saúde de Serviços de Medicina do Trabalho e/ou
Saúde Ocupacional para Serviços de Saúde do Trabalhador prosseguiu uma orientação
mundial nos países que passaram por semelhantes movimentos.
A definição do objeto da saúde do trabalhador é a relação do processo saúde e doença
dos grupos humanos com o trabalho, a apropriação da dimensão humana pelos trabalhadores
do trabalho numa perspectiva teleológica representa um esforço de compreensão do processo,
de como ocorre e porque ocorre, além do desenvolvimento de possibilidades de intervenção;
segundo relatam Mendes e Dias (1991). Mesmo com várias expressões os diversos países
mantém os princípios semelhantes: trabalhadores buscam reconhecimento do seu saber,
questionam as alterações nos processos de trabalho e a inclusão de tecnologias modernas,
exercitam o direito à informação e a rejeição ao trabalho perigoso ou arriscado à Saúde.
A busca da edificação do conceito histórico de Saúde do Trabalhador apreende a
dimensão da determinação social do processo saúde doença, englobando uma abordagem
multi e interdisciplinar, multiprofissional e que privilegia o conhecimento do "outro" e seu
envolvimento ativo na troca de saberes, no diagnóstico situacional e na
prevenção/intervenção, ao nível dos serviços de saúde. Nesse contexto, o grupo de
trabalhadores não é tido mais como consumidor de condutas, prescrições/orientações,
medicamentos, etc., como tradicionalmente o usuário é visto pelos serviços de saúde, mas sim
como produtor (grifo nosso) (LACAZ, 1996).
Quando vem a ocorrer a VIII Conferência Nacional de Saúde, 1986, surge o momento
culminante de mobilização popular pela saúde do trabalhador no Brasil, junto com a I
Conferência Nacional de Saúde do Trabalhador. A confirmação do movimento dentro do
campo institucional acontece na IX Conferência Nacional de Saúde e na II Conferência
14
Nacional de Saúde do Trabalhador, em 1994 (DIAS, 1994). E a Consolidação do tema como
conceito, ocorre dentro da Constituição de 1988, e na Lei Orgânica da Saúde - Lei nº
8.080/1990 é definitivamente efetivada (NARDI, 1997).
Diante disso, a política engloba como sujeitos todos os trabalhadores,
homens e mulheres, independentemente de sua localização, urbana ou
rural; de sua forma de inserção no mercado de trabalho, formal ou
informal; e de seu vínculo empregatício, público ou privado, assalariado,
autônomo, avulso, temporário, cooperativado, aprendiz, estagiário,
doméstico, aposentado ou desempregado, obtendo-se, uma política
integrante ao conjunto de políticas de saúde do SUS, onde a
transversalidade das ações de saúde e o trabalho é um dos determinantes
do processo saúde-doença (MINAYO-GOMEZ, 2013, p. 22).
O desenvolvimento de ações que vão além da assistência e que garantam a prevenção,
a promoção, a vigilância e um sistema de informação capaz de oferecer dados sobre condições
de trabalho e saúde tendo como objetivo a orientação de ações mais efetivas na prevenção dos
males à saúde, é executado atualmente, pela Saúde do Trabalhador (ST) no SUS. Ela busca
difundir suas ações para os vários serviços, e no caso do Centro de referência em Saúde do
Trabalhador (CEREST), a partir do que é orientado pela Rede Nacional de Atenção Integral à
Saúde do Trabalhador (RENAST), que têm a responsabilidade de inserir a ST na Atenção
Básica, considerando as Unidades Básicas de Saúde (UBS), a Estratégia Saúde da Família
(ESF), a média e também a alta complexidade, de acordo com os princípios e diretrizes do
SUS (CARMO; MAENO, 2005).
Lacaz (2007), relata “constituem o cerne da abordagem em Saúde do Trabalhador,
abrangendo ‘corações e mentes’ para fundamentar conhecimentos e experiências práticas em
saúde resgatando o social”, nesse cenário, ele fala sobre o protagonismo dos trabalhadores
organizados, sobre o envolvimento da rede de saúde pública nas ações de atenção à saúde que
envolve a assistência e a vigilância, e como são apreendidas as relações trabalho-saúde
mediante o processo de trabalho.
Todavia, é importante frisar o aspecto interdisciplinar, multiprofissional e aberto à
participação para que se consiga um enfoque mais ampliado e que privilegie medidas de
prevenção, potencialize a melhoria das condições de trabalho e a defesa da saúde dos
trabalhadores (LACAZ, 2007).
15
2.2 Vigilância em Saúde do Trabalhador
Segundo o Ministério da Previdência Social (BRASIL, 2014), em 2011, o número de
acidentes de trabalho liquidados1 atingiu 730,6 mil acidentes. Obteve-se um acréscimo de
0,2% em relação a 2010. As principais consequências dos acidentes de trabalho liquidados
foram as incapacidades temporárias com menos de 15 dias e com mais de 15 dias, que
corresponderam a 42,4% e 41,3% do total, respectivamente. As incapacidades temporárias e
permanentes decresceram, respectivamente, 0,2% e 7,1%. E com relação a assistência médica
e os óbitos ocorreu um aumento correspondente respectivamente a 3,7% e 4,8%.
O campo de atuação da vigilância em saúde do trabalhador é distinto da vigilância em
saúde em geral e da ação de outros setores que relacionam saúde e trabalho. Seu objeto
específico é a investigação e intervenção na relação do processo de trabalho com a saúde
(MACHADO, 1996).
Pinheiro (1996), relatou que, a vigilância mais valorosa é aquela que supera o enfoque
reducionista de causa-efeito enquanto definição de determinante social do processo saúde-
doença. É também a que aumenta a subjetividade e o conhecimento dos trabalhadores,
possibilitando ser uma ferramenta de transformação social articulada ao contexto social,
envolvendo além dos riscos e os agravos/efeitos à saúde, tanto o processo de trabalho, quanto
os determinantes de tais condições com vistas à promoção da saúde.
No Brasil, com o advento do SUS, a vigilância sanitária, através da Lei nº 8.080, de 19
de setembro de 1990, artigo 6º, parágrafo 1º, passa a ser definida como:
[...] conjunto de ações capazes de eliminar, diminuir ou prevenir riscos à
saúde e de intervir nos problemas sanitários decorrentes do meio ambiente,
da produção e circulação de bens e da prestação de serviços de interesse da
saúde, abrangendo: I - o controle de bens de consumo que, direta ou
indiretamente, se relacionem com a saúde, compreendidas todas as etapas e
processos, da produção ao consumo; II – o controle da prestação de serviços
que se relacionam direta ou indiretamente com a saúde (BRASIL.
Presidência da República, 1990).
Todavia, enquanto os diversos Estados e Municípios inseriram agravos à saúde do
trabalhador em portarias, as dificuldades e a descontinuidade na implementação da política
mostraram a vulnerabilidade de iniciativas locais e sua forte dependência de compromissos
governamentais que ocorreram durante a década de 1990 (FACCHINI, 2005).
1Acidentes do Trabalho Liquidados. Acidentes do trabalho liquidados correspondem aos acidentes cujos
processos foram encerrados administrativamente pelo INSS, depois de completado o tratamento e indenizadas as
seqüelas.
16
Foi discutida como um dos eixos temáticos na 2ª Conferência Nacional de Saúde do
Trabalhador, em 1994, a sua difusão como prática orientadora da ação de saúde do
trabalhador no SUS. Em 1998 surge a Portaria nº 3.120/MS que orienta as práticas de VISAT
como a ação contínua e sistemática, a longo prazo, para detectar, conhecer, pesquisar e
analisar fatores tecnológicos, sociais, organizacionais e epidemiológicos relacionados aos
processos e ambientes de trabalho, determinando e condicionando os agravos à saúde do
trabalhador (BRASIL. Ministério da Saúde, 1998).
Além das ações de VISAT tornarem-se igualmente relevantes, às investigações e as
notificações no Sistema Nacional de Agravos Notificáveis (SINAN) que atualmente
encontram-se prescritas: Portaria nº204, de 17 de fevereiro de 2016, que também são
importantes dentro do processo e a Portaria nº 205 também de 17 de fevereiro de 2016 que
define a lista nacional de doenças e agravos a serem monitorados por meio da estratégia de
vigilância em unidades sentinelas e suas diretrizes (BRASIL. Ministério da Saúde, 2016). As
Unidades Sentinelas devem ter a capacidade operacional de acompanhar os casos sujeitos à
notificação, realizar a investigação e confirmar os casos, além de estarem cadastradas no
Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES).
A rede de unidades sentinela faz parte dos dispositivos da RENAST para a realização
de diagnósticos e notificação de agravos à saúde relacionados ao trabalho. As unidades
sentinelas são definidas por gestores e técnicos de município em nível local e regional, onde a
sua habilitação é feita através do processo de pactuações nos respectivos Colegiados de
Gestão Regional. Sabendo-se que, em geral, qualquer unidade de saúde, desde as unidades de
atenção primária à saúde até as referências especializadas, podem ser constituídas como
unidade sentinela. A rede de unidades sentinela possuem como parte de suas competências a
realização da identificação de casos e investigações epidemiológicas; logo, os casos
confirmados de agravos relacionados ao trabalho de notificação compulsória devem ser
notificados em todas as unidades de saúde, e quando a confirmação não for realizada, os casos
deverão ser direcionados para referências técnicas especializadas, dentro dos fluxos locais e
especificados do agravo (BRASIL. Rede Nacional de Atenção à Saúde do Trabalhador, 2012).
A Gerência Estadual de Atenção à Saúde do Trabalhador de Pernambuco
(GEAST/PE) tem como atribuição coordenar, apoiar e supervisionar a execução da Política de
Saúde do Trabalhador, garantindo o fortalecimento da Rede Nacional de Apoio à Saúde do
Trabalhador, faz registro de dados, contribui para minimizar os acidentes de trabalho e
17
corrobora para que as ações voltadas ao trabalhador no Estado sejam orientadas a partir dessas
informações.
Os locais de cada Unidade Sentinela em Pernambuco ligadas ao SINAN, sistema que
contabiliza os dados e permite a interligação entre os oito CEREST’s e a RENAST
(PERNAMBUCO. Secretaria Estadual de Saúde, 2009):
QUADRO 1 - Rede Sentinela em Pernambuco
CEREST Responsável
Jairo Tenório de Albuquerque de Jaboatão dos Guararapes: Hospital Policlínica Jaboatão
Prazeres; Hospital Regional João Murilo de Oliveira
Caruaru: Hospital Regional do Agreste; Hospital Jesus Nazareno (Saúde da Mulher)
Cabo de Santo Agostinho: Hospital Municipal Mendo Sampaio; Centro Hospitalar Carozita Brito;
Hospital Municipal Prof. Clóvis Azevedo Paiva
Goiana: Hospital Regional Fernando Salsa; Hospital Regional Belarmino Correia; Hospital Municipal
Dr. João Coutinho e Maternidade D. Primitiva
Estadual: Hospital Agamenon Magalhães; H. Otávio de Freitas; H. da Restauração; H. Getúlio
Vargas; H. das Clínicas; H. Barão de Lucena; CISAM 9Saúde da Mulher); Unidade Mista Torres
Galvão; h. PAM de Areias; H. São Lucas
Ouricuri: Hospital Regional Fernando Bezerra; H. Regional Prof. Agamenon Magalhães; H. Regional
Ruy de Barros Correia; H. Regional Emília Câmara
Palmares: Hospital Regional Dom Moura; H. Regional do Palmares
Petrolina: Hospital Coronel Álvaro Ferraz; H. Regional Inácio de Sá; H. Dom Malan (Saúde da
Mulher); H. de Trauma de Petrolina
FONTE: Elaborado pela autora
O Ministério da Saúde (BRASIL, 2012), afirma ainda que, de acordo com a Política
Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora (PNSTT), a implantação da atenção
integral à saúde do trabalhador envolve a integração da VISAT com os demais componentes
da Vigilância em Saúde e a Atenção Primária à Saúde (APS); a análise do perfil produtivo e
da situação de saúde dos trabalhadores; o fortalecimento e a ampliação da articulação
intersetorial; o estímulo à participação da comunidade, dos trabalhadores e do controle social;
o desenvolvimento e a capacitação dos recursos humanos; e o apoio ao desenvolvimento de
estudos e pesquisas; e estruturação da RENAST (BRASIL. Rede Nacional de Atenção à
Saúde do Trabalhador, 2006).
Para Dias e Silva (2013), é essencial que os setores de Vigilância Epidemiológica,
Sanitária e Ambiental, além de outros níveis técnicos do SUS, apoiem as equipes,
desenvolvendo ações compartilhadas e garantindo o fluxo e a resolutividade das ações, para
que essas ações sejam realmente executadas na APS, como, por exemplo: a discussão de
casos mais “complexos”, realizar a elaboração em conjunto de roteiros de inspeção e de
vistorias em ambientes de trabalho, a análise da situação de saúde, entre outras.
18
Daldon e Lancman (2013), também relatam que desde o início, na Saúde do
Trabalhador, novas formas de intervenção nos ambientes de trabalho têm buscado superar
tanto o enfoque reducionista de causa-efeito, como o conceito de determinação social do
processo saúde-doença.
Consolidando as informações, as ações de VISAT na APS, são: a) suporte técnico para
a investigação dos agravos de saúde do trabalhador de notificação compulsória; b) apoio à
construção, mapeamento e análise do perfil produtivo e do perfil de morbimortalidade da
população trabalhadora; c) vigilância de ambientes de trabalho de forma integrada com a
Vigilância em Saúde e outros setores (DIAS; SILVA, 2013).
Portanto, para que essas ações sejam efetivadas na APS, é essencial que os setores de
Vigilância Epidemiológica, Sanitária e Ambiental, além de outros níveis técnicos do SUS,
apoiem as equipes, desenvolvendo ações compartilhadas e garantindo o fluxo e a
resolutividade das ações, como, por exemplo: a discussão de casos considerados mais
“complexos”, a elaboração conjunta de roteiros de inspeção, de vistorias em ambientes de
trabalho, a análise da situação de saúde, entre outras.
2.3 Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora
A política de Saúde do Trabalhador preconizada pela portaria ministerial nº 1.823/12
deve ser entendida como um instrumento orientador da atuação do setor saúde na área da
saúde dos trabalhadores. Seus objetivos englobam a promoção e proteção à saúde dos
trabalhadores através das ações de promoção, vigilância e assistência; além de esclarecer o
papel do setor saúde em relação às questões de Saúde do Trabalhador. Também busca dar
visibilidade às questões pertinentes à temática e viabilizar a pactuação intra e inter-setorial
além de fomentar a participação dos diversos atores e o controle social (BRASIL. Rede
Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador, 2006).
Segundo Costa et al. (2013), a iniciativa do Ministério da Saúde de instituir a Política
Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora (PNSTT), é de estabelecer a
participação do SUS nesse contexto, ou seja, definir as diretrizes e a estratégia da atuação do
SUS nos diversos níveis para o desenvolvimento da atuação integral em ST.
19
Ela dá ênfase na vigilância como trata o dispositivo legal em seu artigo 2º: quando visa
a promoção e a proteção da saúde dos trabalhadores e a redução da morbimortalidade
decorrente dos modelos de desenvolvimento e dos processos produtivos, além de reafirmar o
texto teórico, e o conjunto de princípios e diretrizes da ST (BRASIL. Ministério da Saúde,
2012).
Ainda relatam os autores, que mesmo sendo eleita como uma estratégia a PNSTT,
observa-se uma redação tímida no tocante à própria vigilância, e dá o exemplo do parágrafo 2º
do artigo 14: “cabem aos Centros de Referência em Saúde do Trabalhador (CEREST’s) ações
diretas de vigilância, somente em caráter complementar ou suplementar para situações em
que o Município não tenha condições técnicas e operacionais, ou para aquelas definidas como
de maior complexidade” (COSTA et al., 2013, grifo nosso).
Logo, esta redação exprime certa dubiedade de interpretação que se reflete nas ações
de vigilância, na ausência de prioridades e programas articulados nos vários níveis do
território e que não há autoridade sanitária, como ocorre em Pernambuco e na maioria dos
CEREST’s, para o desenvolvimento da competência da própria equipe, que tem a função de
ser referência para a rede. E no caso dos regionais de Pernambuco, ser referência com o
desenvolvimento da própria ação de vigilância, matriciamento, centro articulador, retaguarda
técnica segundo a Portaria 1.823/12; não tendo a competência de inspeção sanitária, sim da
competência de capacitação e qualificação dessa rede a partir do conteúdo pertinente a como
tratar riscos (COSTA et al., 2013).
Portanto, as ações de vigilância e intervenção ocorrerão a partir das ações da rede
básica (ordenadora da rede) que serão os atores multiplicadores das informações de vigilância
em saúde do trabalhador para toda a rede de saúde, além dos próprios inspetores da vigilância
sanitária matriciados em VISAT pelos CEREST’s.
Vale salientar que a política de Saúde do Trabalhador apresenta interfaces com várias
outras políticas: a econômica, industrial e comercial, agricultura, ciência e tecnologia,
educação e justiça, além de estar diretamente relacionada às políticas do trabalho, previdência
social e meio ambiente. Ela deve ter articulação com organizações de trabalhadores e
instituições organizadas da sociedade civil, garantindo sua participação e dando colaborações
para a promoção de condições de trabalho dignas, seguras e saudáveis para todos os
trabalhadores (BRASIL. Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador, 2006).
20
Para Vilela et al. (2012), é preciso agir de forma efetiva e colocar o trabalho como
centro das atenções da vigilância mantendo atualizada ampla ferramenta teórica e conceitual
de modo a compatibilizá-lo nas situações de intervenção, e não apenas agir sobre fatores de
risco. O arsenal teórico e conceitual é requisito essencial para além dos aspectos teóricos,
pois, colocar em prática o saber-fazer e suas habilidades para a ampliação da comunidade de
cooperação intra e extra SUS (intrasetorialidade e intersetorialidade). Isto favorece o
estabelecimento de ligações com os trabalhadores e seus representantes, bem como, com a
própria rede de atenção, com outras instituições públicas, imprensa etc. As equipes de Saúde
da Família (ESF, NASF, CEREST) mais atuantes possuem uma composição multidisciplinar,
o que lhes permite analisar e conhecer em profundidade o trabalho real, dominar
metodologias qualitativas e quantitativas, utilizar-se de ferramentas teóricas e conceituais da
ergonomia da atividade, da sociologia, das engenharias, da fisiologia, da epidemiologia, da
toxicologia entre outras ciências, facilitando assim, abordagem mais efetiva.
Portanto, a PNSTT-SUS, segundo constata, o Ministério da Saúde (BRASIL, 2012),
orienta as equipes da APS, de forma articulada com as demais instâncias da rede e com o
apoio das áreas técnicas de saúde do trabalhador e dos CEREST’s que devem desenvolver
ações no âmbito individual e coletivo, além de planejar e desenvolver as ações de saúde do
trabalhador, estar atentas para contemplar as especificidades dos perfis das atividades
produtivas e da população trabalhadora, considerando os problemas de saúde deles advindos e
sua distribuição nos territórios.
Desta forma, temos uma política que se integra ao conjunto de políticas de saúde do
SUS, contemplando a transversalidade das ações de saúde e o trabalho como um dos
determinantes do processo saúde-doença. (MINAYO-GOMEZ, 2013 p. 22).
2.3.1 Rede Nacional de Atenção à Saúde do Trabalhador e o papel estratégico dos Centros de
Referência em Saúde do Trabalhador
A prática orientadora da ação de saúde do trabalhador no SUS foi discutida como um
dos eixos temáticos na 2ª Conferência Nacional de Saúde do Trabalhador, em 1994, e
estabelecida como diretriz pela Portaria nº 3120 de 1998, como já foi dito anteriormente.
Formalizada por meio da Portaria nº 1679 de 2002, seu orçamento foi definido como
proveniente da média e alta complexidade, e em 2003, ocorre a implantação da RENAST no
âmbito da Secretaria de Assistência à Saúde, acontece portanto, nesse contexto, a difusão
21
nacional das ações em saúde do trabalhador e se inicia um debate sobre a ênfase assistencial
do modelo que seria voltado para a atenção básica, ou com uma perspectiva de ênfase nas
ações preventivas de vigilância (BRASIL. Ministério da Saúde, 2001).
A RENAST, instituída pela Portaria nº 2.437/2003, representa o aprofundamento da
institucionalização e fortalecimento da Saúde do Trabalhador no âmbito do SUS, reunindo as
condições para o estabelecimento de uma política de Estado e os meios para sua execução. A
concepção de uma Rede Nacional que tem como eixo integrador a rede regionalizada dos
CEREST’s, localizados em cada uma das capitais, regiões metropolitanas e municípios sede
de polos de assistência, das regiões e microrregiões de saúde (BRASIL. Rede Nacional de
Atenção Integral à Saúde do Trabalhador, 2006).
No âmbito do Ministério da Saúde os CEREST’s foram incorporados a Secretaria de
Vigilância a Saúde, conforme assinala Machado et al. (2011),
O amadurecimento desta discussão com as atividades dos Centros de Referência em
Saúde do Trabalhador (CEREST) e suas limitações torna evidente que o modelo a
ser estabelecido é de atenção integral em saúde e que as atividades de vigilância,
além de fazerem parte deste modelo, apontam a sua direcionalidade, resignificando
as ações assistenciais no contexto da análise dos impactos na saúde no âmbito da
vigilância em saúde. Neste contexto, no Ministério da Saúde a área técnica de Saúde
do Trabalhador passa a fazer parte da Secretaria de Vigilância em Saúde em 2007, e
com a Portaria n° 3252/GM de dezembro de 2009 é formalizada a inclusão da Saúde
do Trabalhador como componente do Sistema Nacional de Vigilância em Saúde.
No Estado de Pernambuco teve início a Saúde do Trabalhador em 1989, e compete ao
SUS desenvolver ações de Saúde do Trabalhador com o objetivo de eliminar riscos de
acidentes de trabalho, doenças profissionais e do trabalho, dar informação aos trabalhadores
relacionada as atividades que causem riscos à saúde e métodos de controle além de controlar e
fiscalizar os ambientes e processos de trabalho, garantir o acompanhamento pelos sindicatos,
como foi preconizado em seu artigo 166 da Constituição Estadual de Pernambuco
(PERNAMBUCO. Governo do Estado Pernambuco, 1989).
Em 14 de dezembro de 1994, com a publicação da Portaria nº 942 que criou o
Programa Estadual de Saúde do Trabalhador, começa a se estruturar legalmente a Saúde do
Trabalhador em Pernambuco. Em suas atribuições constam a definição das condições para
proporcionar assistência à saúde do trabalhador, mediante criação dos CEREST’s, que
deveriam se adequar à rede pública para atendimento às doenças ocupacionais e acidentes de
trabalho.Nela estão inseridos os princípios e diretrizes direcionam as ações estratégicas
intersetoriais e transetoriais no campo da saúde pública para o Estado e Municípios, sendo
22
importante notar que, a Portaria 942/94 delegava aos municípios, a gestão de saúde do
trabalhador, de acordo com sua condição referente ao processo de municipalização
(FERREIRA et al., 2014).
Também é importante relatar que ocorreu um marco regulatório na Saúde do
Trabalhador do Estado, quando houve a alteração do regulamento do Código Sanitário do
Estado de Pernambuco incluindo a Saúde do Trabalhador através do Decreto nº 20.780/98
(PERNAMBUCO, 1998): “A Saúde do Trabalhador deverá ser resguardada nas relações
sociais que se estabelecem entre o capital e o trabalho no processo de produção, pressuposta a
garantia da sua integridade e da sua higidez física e mental”. A inclusão foi de forma mínima
ainda, visto que o ideal seria ter-se mais ênfase e detalhamento em outros locais no
documento onde abrangeria diversas situações pertinentes ao tema e que mereceriam serem
mencionadas e reguladas.
Em 2003 quando o MS cria a RENAST com o objetivo de fortalecer as ações de saúde
do trabalhador nos Estados e Municípios através de uma rede técnica disponibilizando
recursos para implantação de CEREST’s Regionais e Estaduais, o Estado de Pernambuco
recebe recursos para implantação e funcionamento do CEREST Estadual, inicialmente sob a
administração da Prefeitura do Recife. Nesse sentido o processo de regionalização da Saúde
do Trabalhador em Pernambuco foi aprovado pela resolução no. 1236/08 da Comissão
Intergestora Bipartite (CIB), que definiu a implantação de 8 CEREST’s nos seguintes
municípios: Cabo de Santo Agostinho, Goiana, Palmares, Caruaru, Jaboatão dos Guararapes,
Ouricuri, Petrolina e Recife; onde o papel dos CEREST”s é dar o auxílio técnico para o SUS e
onde as ações deverão ser desenvolvidas de forma descentralizada e hierarquizada em todos
os níveis (PERNAMBUCO. Secretaria Estadual de Saúde, 2012).
Têm-se o conhecimento que ocorre com frequência a ultrapassagem dos limites dos
fatores de risco e perigos gerados pelos processos produtivos dos ambientes de trabalho e
estes, atingirem as comunidades moradoras no entorno das unidades de produção e mesmo
locais mais distantes. Neste contexto, as ações de vigilância em saúde do trabalhador devem
ser inseridas no planejamento da atuação das equipes com base no conhecimento do perfil
produtivo e dos fatores de riscos para a saúde da população, além do perfil dos trabalhadores.
Para isso, é fundamental o apoio técnico e pedagógico dos setores da Vigilância em Saúde e
do CEREST às equipes. Nesse sentido, a Portaria nº 3.252/2009 estabelece que a integração
entre a Vigilância em Saúde e a APS é diretriz obrigatória para a construção da integralidade
do cuidado (BRASIL. Ministério da Saúde, 2009).
23
2.4 O Trabalho em Saúde e o Processo de Trabalho na Rede de Saúde - SUS
Desde a antiguidade greco-romana, o trabalho era visto como um fator gerador e
modificador das condições de viver, adoecer e morrer dos homens. Na Idade Média, era
considerado como indigno para o homem, era uma atividade apenas imprescindível para
suprir as necessidades humanas, pois era perigosa a ambição do ser humano e o apego
demasiado ao trabalho. Na Idade Moderna, gradativamente o pensamento vai se modificando,
principalmente com o surgimento do Renascimento, que traz como basilar a admiração ao
trabalho e ao valor que o mesmo possui. E foi na Idade Contemporânea onde ocorreram
grandes transformações no universo do trabalho com a Revolução Industrial disseminada pelo
mundo e expansão do capitalismo (CARMO, 1992).
Segundo Brito e Porto (1991), estabeleceu-se um processo de adoecimento
caracterizado pelo desgaste físico e pelo fenômeno de alienação do trabalhador em relação ao
seu próprio trabalho, com a incerteza do emprego e necessidade de adaptação constante ao
ritmo estabelecido pelo mundo globalizado. Nesse momento, o trabalhador era considerado
um ‘objeto’ das ações e era cuidado como importante à manutenção da produção, não tendo a
participação no processo de trabalho ativamente e deveria adaptar-se às condições que lhe
eram impostas.
Nesse novo processo de organização do trabalho, os fatores de risco e seus impactos
nos indicadores de saúde, não são igualmente distribuídos através de emprego e gênero. Por
exemplo: introdução precoce de jovens no mercado de trabalho que muitas vezes abandonam
o estudo devido à necessidade de lutar pela sobrevivência e são levados a acreditar que quanto
mais cedo começar a trabalhar maiores suas chances de ser bem-sucedido (CARMO, 1992).
No Brasil, com a I CNST que foi um dos desdobramentos do movimento de reforma
sanitária e da 8ª. CNS que foi marcada pela introdução da atenção à saúde dos trabalhadores
como prática de saúde pública na rede básica através da implementação dos Programas de
Saúde do Trabalhador (PST), ocorre também, a adoção de princípios de participação e do
controle social, atores relevantes para o desenvolvimento dos programas e ações (GOMEZ;
LACAZ, 2005).
Considerando-se a consolidação das Leis nº 8.080/90 e 8.142/90, e no ano de 2002 a
instituição da Portaria nº 1.679, a RENAST, levando em conta a necessidade de articulação
das ações no SUS, independente do vínculo empregatício e tipo de inserção no mercado de
24
trabalho, o dever de implantar e organizar as ações na rede de Atenção Básica e do Programa
de Saúde da Família (PSF); a rede de CEREST’s e as ações na rede assistencial de média e
alta complexidade do SUS (BRASIL. Presidência da República, 2002).
No que se refere a rede de saúde, a PNSTT-SUS, segundo constata o Ministério da
Saúde, tem o papel da orientação das equipes da APS com o apoio das áreas técnicas de saúde
do trabalhador e dos CEREST’s que devem desenvolver ações intersetoriais no âmbito
individual e coletivo. O mesmo documento prescreve que além de planejar e desenvolver as
ações de saúde do trabalhador deve-se considerar os problemas de saúde e sua distribuição
nos territórios e considerar também que os territórios são espaços sócio-políticos dinâmicos,
com trabalhadores residentes e não residentes, executando atividades produtivas e de trabalho
em locais públicos e privados, peri e intra-domiciliares (BRASIL. Ministério da Saúde, 2012).
Outra situação que a política se refere é a intersetorialidade como possibilidade de
formação dos espaços compartilhados entre instituições e setores de governos e entre setores
de diferentes governos – federal, estadual e municipal (DRT, INSS, Fundacentro,
Universidades, centros de pesquisa, etc). Permite também considerar o cidadão nas suas
necessidades individuais e coletivas, demonstrando que ações resolutivas em saúde requerem
parcerias com outros setores, como por exemplo o Ministério do Trabalho e Emprego, o da
Previdência Social, o do Meio Ambiente, e o da Educação, ou seja, considerar o cidadão na
sua integralidade (BRASIL. Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador,
2006).
Para Dias (2012 apud CHIAVEGATTO; ALGRANTI 2013), através do
compartilhamento de experiências exitosas (mostras e oficinas) as estratégias para processos
de trabalho ou ações que os CEREST’s realizem, os núcleos de Apoio à Saúde da Família
(NASF) passam pelo apoio matricial em saúde do trabalhador junto a Universidade Federal de
Minas Gerais, por exemplo, que também garantem o suporte assistencial e técnico-pedagógico
à Atenção Básica, como também à atenção especializada e hospitalar.
Para a PNSTT as atribuições dos CEREST’s são: Função de suporte técnico, de
educação permanente, de coordenação de projetos de promoção, vigilância e assistência à
Saúde do Trabalhador em sua área de abrangência; Apoiar matricialmente o desenvolvimento
das ações de Saúde do Trabalhador na Atenção Primária à Saúde, nos serviços especializados
e de urgência e emergência, na promoção e vigilância da Rede de Atenção à Saúde; Atuar
como centro articulador e organizador das ações intra e intersetoriais de Saúde do Trabalhador
(BRASIL. Ministério da Saúde, 2012).
25
Para subsidiar as ações de diagnóstico, tratamento e vigilância e o estabelecimento da
relação da doença com o trabalho, bem como as medidas daí decorrentes, o Ministério da
Saúde, cumprindo a determinação contida no Art. 6o, §3o, inciso VII, da Lei nº 8.080/90,
elaborou-se, para uso clínico e epidemiológico, a Lista de Doenças Relacionadas ao Trabalho.
Além das doenças, são também relacionados os agentes de risco e as situações de exposição
ocupacional a elas relacionadas. A mesma Lista foi adotada pela Previdência Social para fins
da caracterização dos acidentes do trabalho e procedimentos decorrentes, para fins do SAT
(BRASIL. Presidência da República, 1999).
Caracterizar e registrar as doenças do trabalho no Brasil, é uma tarefa difícil ainda; e
isso acontece devido à dificuldades na notificação e também por conta dos mecanismos de
proteção ao trabalhador não serem bem definidos. O acidente por ser mais evidente a sua
visualização, é muito mais fácil de ser notificado; o que não ocorrem com as doenças que
surgem vagarosamente e nem sempre diretamente relacionadas ao trabalho segundo
Waissman (2006 apud FERREIRA et al., 2014).
Portanto, o processo de VISAT está intimamente ligado às estratégias de como
operacionalizar a política de saúde, e a mesma política, ocorre a partir da influência das
condições sociais e econômicas, envolvendo aspectos legais e o controle social. Trata-se de
um conjunto complexo com diversas frentes de trabalho e que envolve conhecimentos de
diversos níveis, além de incluir componentes essenciais, como: a informação e suas diretrizes
de ação; a intervenção em processos, condições e ambientes de trabalho; a educação, a
comunicação e a promoção da saúde; a participação do controle social e dos diferentes atores
comprometidos no processo (DALDON; LANCMAN, 2013).
2.5 Atenção Primária à Saúde
Segundo Teixeira e Solla (2006), a Saúde da Família é uma proposta que foi oriunda
no surgimento e difusão do movimento de Medicina Familiar nos Estados Unidos da América
com o fim de introduzir reformas no processo do ensino médico e que foi divulgado em
diversos países da América Latina nas décadas seguintes e no Brasil, surgiu numa proposta de
formação de pós-graduação em Medicina Geral e Comunitária, absorvido como
fundamentação da política de organização da Atenção Primária à Saúde.
É também: “uma estratégia de mudança do modelo de atenção à saúde no SUS,
instrumento de uma política de universalização de cobertura da atenção básica,
portanto, espaço de reorganização do processo de trabalho em saúde; mais ainda
26
quando se conjuga com mudanças na organização da média e alta complexidades
induzidas por políticas de regulação e controle ao mesmo que se articula com a
vigilância e estimula implementação de ações intersetoriais de promoção da saúde e
melhoria da qualidade de vida da população adscrita (TEIXEIRA; VILASBÔAS,
2006).
Ainda relatam Teixeira e Solla (2006) a reorganização do modelo de atenção à saúde,
propondo como eixo desse processo a ampliação e qualificação da atenção básica é a atual
política do Ministério da Saúde. É de grande relevância a implementação da Estratégia de
Saúde da Família e sua consolidação nos trabalhos das equipes nos pequenos e médios
municípios, além do avanço do PSF para os grandes municípios das regiões metropolitanas.
A Atenção Primária como eixo organizador das ações do SUS, deverá concentrar
esforços no sentido de garantir o acesso a uma atenção qualificada para estabelecer o nexo
causal entre o quadro de morbimortalidade verificado no âmbito dos processos de trabalho de
um determinado território. Abordar a saúde do trabalhador nessa perspectiva amplia o olhar
para além do processo laboral, considerando os reflexos do trabalho e condições de vida dos
indivíduos e famílias, ou seja, abordagem integral do sujeito: resolutividade,
responsabilização, acolhimento e integralidade (PERNAMBUCO. Secretaria Estadual de
Saúde, 2012).
A Atenção Primária à Saúde também deve além de planejar e executar ações de
vigilância em cada território, identificar e registrar a população economicamente ativa, por
sexo e faixa etária; as atividades produtivas existentes na área, bem como os perigos e os
riscos potenciais para a saúde dos trabalhadores, da população e do meio ambiente; os
integrantes das famílias que são trabalhadores (ativos do mercado formal ou informal, no
domicílio, rural ou urbano e desempregados); a existência de trabalho infantil (crianças e
adolescentes menores de 16 anos, que realizam qualquer atividade de trabalho,
independentemente de remuneração, que frequentem ou não as escolas); a ocorrência de
acidentes e/ou doenças relacionadas ao trabalho, que acometam trabalhadores inseridos tanto
no mercado formal como informal de trabalho (BRASIL. Ministério da Saúde, 2001); ou seja,
deve estar atenta para informar e discutir com o trabalhador as causas de seu adoecimento.
Entendendo que a identificação dos agravos é necessária e faz parte da atenção integral
à saúde dos trabalhadores, em abril de 2004 publicou-se a Portaria nº 777, todavia, foi
substituída pela Portaria 219/2011 e atualmente temos o dispositivo legal referente à Portaria
204 de 17 de fevereiro de 2016, que trata dos procedimentos técnicos para notificação
27
compulsória de doenças, agravos e eventos de saúde pública nos serviços de saúde públicos e
privados em todo território nacional (BRASIL, Ministério da Saúde, 2016).
Paim et al. (2011) observam em determinada análise que os desafios do SUS são
também políticos e não podem ser solucionados na esfera técnica apenas e sim com os
esforços de todos os indivíduos e da sociedade; onde estão inseridos também a questão de sua
estrutura de financiamento, para assegurar a universalidade, a igualdade, a sustentabilidade; e
o formato do modelo de atenção com o objetivo de atender as rápidas mudanças demográficas
e epidemiológicas do país, além da promoção da qualidade do cuidado e da segurança dos
usuários.
Nesse contexto de rede, é importante também observar não só a ação intersetorial
como também a intrasetorial e segundo Teixeira et al. (1998) relatam, o planejamento iniciado
com a identificação, descrição e análise dos determinantes sociais dos problemas de saúde
implica a definição dos objetivos, metas, ações e atividades que serão realizadas para o
enfrentar os problemas de saúde identificados e priorizados na área, logo, de acordo com o
seu conteúdo, as operações que foram definidas no município poderão introduzir desde ações
políticas, até ações de saúde propriamente ditas que englobam a educação sanitária e a
comunicação social orientadas para grupos específicos em função da distribuição social dos
problemas de saúde, até ações de vigilância epidemiológica, sanitária, nutricional, e serviços
de assistência direta a pessoas, ao nível ambulatorial e hospitalar. É relevante relatar também
sobre expressões fenomênicas (riscos e danos) devido a necessidade de adequação das ações
propostas aos determinantes e condicionantes dos problemas.
28
3 OBJETIVOS
Serão apresentados em seguida os objetivos do referido Plano de Intervenção.
3.1 Objetivo Geral
Construir um Manual de Operacionalização de Saúde do Trabalhador para os
trabalhadores da Atenção Primária à Saúde de Pernambuco que facilite as atividades diárias
de vigilância em saúde do trabalhador.
3.2 Objetivos Específicos
a) Definir o processo de trabalho da Vigilância em Saúde do Trabalhador para
trabalhadores de Atenção Primária à Saúde em Pernambuco;
b) Elaborar um Manual de Operacionalização;
c) Publicar o trabalho realizado;
d) Divulgar um Manual de Operacionalização.
29
4 DIRETRIZES
As diretrizes utilizadas para direcionamento da discussão para o desenvolvimento do
trabalho foram três, são elas:
a) DIRETRIZ 1: Saúde do Trabalhador - As ações de Saúde do Trabalhador no SUS
têm sido desenvolvidas em distintas estratégias e formas de organização
institucional nos três níveis de gestão do SUS. No que se refere a Atenção Primária
à Saúde a PNSTT-SUS, segundo constata, o Ministério da Saúde (BRASIL, 2012),
orienta as equipes da APS, de forma articulada com as demais instâncias da rede e
com o apoio das áreas técnicas de saúde do trabalhador e dos Centros de Referência
em Saúde do Trabalhador e devem desenvolver ações no âmbito individual e
coletivo. O mesmo documento prescreve que o planejamento e o desenvolvimento
das ações de saúde do trabalhador devem contemplar as especificidades dos perfis
das atividades produtivas e da população trabalhadora, considerando os problemas
de saúde deles advindos e sua distribuição nos territórios, considerando que os
territórios são espaços sócio-políticos dinâmicos, com trabalhadores residentes e
não residentes, executando atividades produtivas e de trabalho em locais públicos e
privados, peri e intra-domiciliares;
b) DIRETRIZ 2: Vigilância em Saúde do Trabalhador - A Vigilância em Saúde do
Trabalhador, diferencia-se da vigilância em saúde em geral e da ação de outros
setores no campo das relações entre saúde e trabalho por delimitar como seu objeto
específico a investigação e intervenção na relação do processo de trabalho com a
saúde. Ela enfatiza aspectos distintos na prática de vigilância características de uma
prática que organiza processos de trabalho em saúde sob a forma de operações que
confrontam problemas de enfrentamento contínuo num território delimitado. A
partir de operações montadas sobre os problemas em seus diferentes níveis do
processo saúde-doença (modelo sanitarista de vigilância) e cujo trabalho toma por
objeto os modos de transmissão e fatores de risco das diversas doenças em uma
perspectiva epidemiológica, ela se utiliza de um conjunto de meios que compõem a
tecnologia sanitária (educação em saúde, saneamento, controle de vetores,
imunização, entre outros);
30
c) DIRETRIZ 3: Processos de Trabalho em Saúde- A saúde do trabalhador procura
saber o porquê do adoecimento e morte dos trabalhadores através de estudos dos
processos de trabalho, com articulação do conjunto de valores, crenças e ideias,
representações sociais e possibilidade de consumo de bens e serviços. No caso da
VISAT a perspectiva de compreensão do processo trabalho-saúde-doença,
apropria-se de diversas abordagens que estudam os processos de trabalho e suas
relações sociais, articulando a epidemiologia, a saúde coletiva, a psicologia social,
a psicodinâmica do trabalho, entre outras. O processo de trabalho na VISAT
engloba diferentes áreas do saber (Medicina do Trabalho e de outras especialidades,
Serviço Social, Odontologia, Educação em saúde pública, Enfermagem,
Engenharia, Fonoaudiologia, Fisioterapia, Psicologia, Sociologia, Terapia
Ocupacional entre outras ciências), o que beneficia uma melhor contextualização,
interpretação e compreensão da complexidade de relações sociais e técnicas que
conformam a produção e subjetividade dos diversos atores envolvidos.
Evidenciando também que para se pensar em desenvolver ações de Saúde do
Trabalhador são necessárias mudanças em processos de trabalho das equipes e forte
investimento na educação permanente e no suporte técnico das ações.
31
5 OBJETIVOS, METAS, ESTRATÉGIAS, PLANO OPERATIVO
Nesse tópico apresenta-se o quadro de Objetivos, Metas, Estratégias e em seguida o
quadro referente ao Plano Operativo do Plano de Intervenção a ser executado.
Inicialmente o processo de trabalho estava direcionado para ações de vigilância e
promoção de saúde, onde seriam identificadas todas as atividades integrantes da Política
Nacional de Saúde do Trabalhador e Trabalhadora e a partir desta identificação realizar um
levantamento bibliográfico existente em manuais de vigilância em saúde e promoção em
saúde e outras referências que envolvam o tema como legislações esparsas, cadernos de saúde
pública e o manual da Rede Nacional de Atenção à Saúde do Trabalhador.
Após esse levantamento foi agendada uma reunião com a Gerência de Atenção
Estadual à Saúde do Trabalhador e Coordenadora do CEREST Estadual de Pernambuco que
até então, eram a mesma pessoa, para ciência do Plano de Intervenção e possibilidade de
colaboração para a execução do mesmo. A reunião aconteceu na própria dependência da
FIOCRUZ PE. Num primeiro momento houve a confirmação e aceitação verbal do referido
plano, porém, ficou acordado que o mesmo deveria focar a vigilância em saúde do trabalhador
apenas, retirando-se o tema promoção em saúde porque só o tema vigilância em saúde do
trabalhador já significava bastante conteúdo a ser trabalhado e o mesmo é uma das prioridades
da própria gestão. O produto final seria um Manual Operacional de VISAT para técnicos
recém-lotados nos CEREST’s Pernambuco. Em seguida o manual seria enviados a todos os
CEREST’s de Pernambuco para contribuição com sugestões a respeito do conteúdo
elaborado.
Numa segunda etapa com o conteúdo elaborado foi enviado para os CEREST’s no dia
13 de novembro de 2015 pedindo que os mesmos retornassem com suas contribuições até 22
de novembro de 2015 devido ao prazo de finalização do curso PROGESUS. Nesse sentido,
ocorreram contribuições através do CEREST Jaboatão e do CEREST Estadual que foram
incorporadas.
Após finalização do prazo para sugestões pelos CEREST’s e alguns integrantes da
CIST o material foi consolidado.
Através também de contatos telefônicos conversamos a respeito da necessidade
posterior de apresentá-lo na reunião da Comissão Intersetorial de Saúde do Trabalhador de
Pernambuco para finalização e aceitação do mesmo para em seguida ser disponibilizado em
32
meio eletrônico no site da Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco, e para toda a Rede de
Saúde.
QUADRO 2 - Objetivos, Metas e Estratégias
Fonte: Elaborado pela autora
Após a apresentação do Plano de Intervenção à banca examinadora foi sugerido alguns
ajustes que foram incorporados na versão final do Plano. O cronograma de desenvolvimento
das etapas do projeto, sofreu algumas alterações a posteriori, logo, as datas finais foram
remarcadas. Até a realização da apresentação da banca no dia 03 de fevereiro de 2016
estávamos com o Plano de Intervenção concluído, faltando finalizar o produto do mesmo
(Manual) com alguns ajustes finais e a diagramação gráfica.
Após a realização da banca, acontece novo ajuste do plano de intervenção onde o
mesmo e o produto final que é o manual sofreu modificação, e este agora será direcionado aos
trabalhadores da Atenção Primária à Saúde como sugeriu o debatedor da banca, pois a
Atenção Básica como a ordenadora da rede de saúde possui ainda resultados insuficientes nas
ações de saúde do trabalhador, necessitando de uma atenção maior devido às demandas
emergentes existentes nas unidades de saúde.
Portanto, com essa nova perspectiva e direcionamento do trabalho, teremos um
prolongamento do cronograma que se estenderá até o final de fevereiro de 2016 para
OBJETIVOS METAS ESTRATÉGIAS
Caracterizar o processo de trabalho
para Vigilância em Saúde do
Trabalhador.
Identificar todas as atividades de
VISAT preconizadas pela
PNSTT.
Realizar levantamento bibliográfico na
legislação, manuais publicados e
informações pertinentes ao processo de
trabalho de VISAT.
Descrever a definição do processo de
trabalho VISAT.
Definir e consolidar todo o do
conteúdo referente ao processo
de trabalho VISAT desenvolvido
pelos CEREST em Pernambuco.
Agendar e realizar reunião com GEAST-
PE e CEREST Estadual para análise e
sugestões do conteúdo elaborado.
Encaminhar via e-mail para os
CEREST’s Regionais o conteúdo para
análise e sugestões do conteúdo
elaborado após retorno do material pela
GEAST-PE e CEREST Estadual.
Elaborar o Manual de
Operacionalização da Vigilância em
Saúde do Trabalhador para os
trabalhadores de Atenção Primária à
Saúde de Pernambuco.
Elaborar um Manual que oriente
o desenvolvimento das
atividades de VISAT.
Avaliar e consolidar as sugestões dos
CEREST’s
Finalizar conteúdo do Manual.
Elaborar design do Manual para formato
eletrônico. Encaminhar para reunião da
CIST Estadual para homologação.
Apresentar e divulgar o Manual de
Operacionalização para os
Trabalhadores de saúde da família de
Pernambuco.
Disponibilizar o Manual
finalizado para publicização e
divulgação pela GEAST no site
da SES-PE.
Encaminhar o Manual finalizado para
GEAST-PE e CEREST Estadual para
divulgação e publicização em meio
eletrônico.
33
finalização dos ajustes do manual de operacionalização de VISAT para os trabalhadores da
Atenção Primária à Saúde. Como etapa final a submissão à CIST-PE e assim, disponibilizá-lo
e publicizá-lo.
QUADRO 3- PLANO OPERATIVO - Etapas de Desenvolvimento do Projeto e Cronograma
ANO 2015 2016
MÊS J F M A M J J A S O N D J F M A M J J A S O N D
Realizar levantamento
bibliográfico na legislação,
manuais publicados e
informações pertinentes ao
processo de trabalho de VISAT.
Agendamento e realização de
reunião com GEAST-PE e
CEREST Estadual para análise e
sugestões referente à viabilidade
do Plano de Intervenção e
elaboração do Manual VISAT.
Identificação e definição do
conteúdo referente ao processo
de trabalho VISAT.
Encaminhamento do conteúdo
via e-mail para GEAST-PE,
CEREST Estadual e CEREST’s
Regionais para análise e
sugestões.
Avaliação e consolidação do
material com as sugestões da
GEAST-PE e CEREST’s
finalizadas.
Finalização do conteúdo do
Manual e definição do formato e
design do Manual em meio
eletrônico e impresso.
Encaminhamento do Manual
para CIST-PE.
Encaminhamento para GEAST-
PE divulgar e publicizar em
meio eletrônico.
Disponibilização do Manual
Operacional VISAT no site da
SES-PE para download.
Defesa da TCC
Fonte: Elaborado pela autora
34
6 RESULTADOS ESPERADOS
a) Facilitar o desenvolvimento das ações na área de vigilância em saúde do trabalhador
para os trabalhadores da Atenção Primária à Saúde de Pernambuco;
b) Orientar também gestores, sindicatos, controle social e outros que se interessem pelo
assunto;
c) Agilizar os processos de trabalho referentes à vigilância em saúde do trabalhador no
SUS sem prejuízo da descontinuidade do serviço público;
d) Ser utilizado como guia prático de contribuição com o campo da saúde do trabalhador;
e) Servir como padrão mínimo de orientação para as atividades diárias de vigilância em
saúde do Trabalhador;
f) Publicar o trabalho realizado.
35
7 RECURSOS HUMANOS
O Plano de Intervenção foi elaborado pela autora e orientadora.
O manual foi elaborado pela autora e orientadora com contribuição da Gerência
Estadual de Atenção à Saúde do Trabalhador-PE, CEREST’s, Escola de Saúde Pública de PE.
Os responsáveis pela divulgação e distribuição dos manuais em Pernambuco será a
Gerência Estadual de Atenção à Saúde do Trabalhador (GEAST/PE), junto com CEREST
Estadual.
36
8 ORÇAMENTO
A realização do Plano de Intervenção não teve auxílio financeiro de órgãos de fomento
sendo de responsabilidade da pesquisadora todos os custos envolvidos no projeto.
Tabela 1- Custos do Plano de Intervenção
ITEM QUANTIDADE VALOR UNITÁRIO VALOR TOTAL
(R$)
Notebook 1 Já adquirido -
Material de consumo:
Papel ofício
A4
Caneta
Pasta
Lápis
Borracha
Cartuchos de
tinta
250
1
1
1
1
4
0,10
1,00
2,70
2,15
3,95
30,00
25,00
1,00
2,70
2,15
3,95
120,00
R$154,80
Fonte: Elaborada pela autora
37
9 FONTE DE FINANCIAMENTO
A realização do Plano de Intervenção não teve auxílio financeiro de órgãos de fomento
sendo de responsabilidade da pesquisadora todos os custos envolvidos no projeto.
38
REFERÊNCIAS
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reestruturação produtiva no Brasil. Ideias, Campinas, v.10, n.1, p.13-24, 2003.
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Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora – PNSTT. Brasília, DF, 2012.
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normativa que fornece subsídios básicos para o desenvolvimento de ações em Vigilância em
Saúde do Trabalhador, no âmbito do SUS. Brasília, DF, 2 jul. 1998.
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terminologias adotadas em legislação nacional, conforme o disposto no Regulamento
Sanitário Internacional 2005 (RSI 2005), a relação de doenças, agravos e eventos em saúde
pública de notificação compulsória em todo o território nacional e estabelece fluxo, critérios,
responsabilidades e atribuições aos profissionais e serviços de saúde. Brasília, DF, 2011.
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Nacional de doenças e agravos, na forma do anexo, a serem monitorados por meio de
estratégia de vigilância em unidades sentinela e suas diretrizes. Brasília, DF, 2016. Disponível
em: <
39
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de Janeiro, v. 17, n. 10, p. 2817-2830, 2012.
43
APÊNDICE A- Manual técnico-operacional de VISAT para trabalhadores da Atenção
Primária à Saúde de Pernambuco
44
Doris Sandra Moreira da Silva Vianna
Idê Gomes Dantas Gurgel
MANUAL TÉCNICO-OPERACIONAL DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE
DO TRABALHADOR PARA TRABALHADORES DA ATENÇÃO
PRIMÁRIA À SAÚDE DE PERNAMBUCO
RECIFE
2015
45
Catalogação na fonte: Biblioteca do Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães
Vianna, Doris Sandra Moreira da.Silva
Manual Técnico-Operacional de Vigilância em Saúde do
Trabalhador para trabalhadores da Atenção Primária à Saúde de
Pernambuco/ Doris Sandra Moreira da Silva Vianna. — Recife: [s. n.],
2015.
37p.: il.
Orientadora: Idê Gomes Dantas Gurgel.
1. Vigilância em Saúde do Trabalhador no SUS. 2.Atenção Primária
à Saúde 3. Práxis VISAT I. Gurgel, Idê Gomes Dantas. II. Título.
CDU 331.47
46
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 07
2 Vigilância em Saúde do Trabalhador no SUS 10
3 Atenção Primária à Saúde 14
4 Práxis da VISAT na Atenção Primária à Saúde 17
5 Considerações Finais 27
6 Referências
APÊNDICE A
47
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ACS – Agente Comunitário de Saúde
ABS – Atenção Básica em Saúde
APD – Atividade Produtiva Domiciliar
APS – Atenção Primária da Saúde
AT – Acidente de Trabalho
BVS – Biblioteca Virtual da Saúde
CEREST – Centro de Referência em Saúde do Trabalhador
CRST – Centro de Referência da Saúde do Trabalhador (sigla anterior)
CBO – Código Brasileiro de Ocupação
CIST – Comissão Intersetorial de Saúde do Trabalhador
CAT – Comunicado de Acidente de Trabalho
CF – Constituição Federal
CNS – Conferência Nacional de Saúde
CNST – Conferência Nacional de Saúde do Trabalhador
COSAT – Coordenadoria de Saúde do Trabalhador
DORT – Distúrbio Osteomuscular Relacionada ao Trabalho
DRT – Delegacia Regional do Trabalho
DRT – Doença Relacionada ao Trabalho
EUA – Estados Unidos da América
FUNDACENTRO – Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e
Medicina do Trabalho
GM – Gabinete Ministerial
INSS – Instituto Nacional do Seguro Social
LER – Lesão por Esforço Repetitivo
LDRT – Lista de Doenças Relacionadas ao Trabalho
LOS – Lei Orgânica da Saúde
MS – Ministério da Saúde
MTE – Ministério do Trabalho e Emprego
NOB – Norma Operacional Básica
NOST – Norma Operacional Básica de Saúde do Trabalhador
OIT – Organização Internacional do Trabalho
OPAS – Organização Pan-Americana de Saúde
48
PAIR – Perda Auditiva Induzida por Ruído
PNST – Política Nacional de Saúde do Trabalhador (sigla anterior)
PNSTT – Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora
PNSST – Política Nacional de Saúde e Segurança no Trabalho
PACS – Programa de Agentes Comunitários de Saúde
PSF – Programa de Saúde da Família
RENAST – Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador
ST – Saúde do Trabalhador
SVS – Secretaria de Vigilância em Saúde
SAT – Seguro de Acidente de Trabalho
SIH – Sistema de Informações Hospitalares
SIAB – Sistema de Informação da Atenção Básica
SINAN – Sistema Nacional de Agravos de Notificação
SUS – Sistema Único de Saúde
SINVSA – Subsistema Nacional de Vigilância em Saúde Ambiental
UFMG – Universidade Federal de Minas Gerais
VSA – Vigilância em Saúde Ambiental
VIGISUS – Vigilância em Saúde do Sistema Único de Saúde
VISAT – Vigilância em Saúde do Trabalhador
49
AGRADECIMENTOS
A Deus que sempre é meu porto seguro na vida, e permitiu que chegasse até
aqui.
A minha família pelo apoio incondicional.
Aos amigos da Gerência Estadual de Atenção à Saúde do Trabalhador-PE e
Centros de Referência em Saúde do Trabalhador de Pernambuco que labutam
com dedicação nessa área envolvente.
E a minha querida professora Idê Gurgel que muito contribui para na elaboração
desse manual.
50
APRESENTAÇÃO
A ideia de elaborar um manual de vigilância em saúde do trabalhador
para auxiliar os trabalhadores da Atenção Primária à Saúde em Pernambuco nos
processos de trabalho realizados no âmbito do SUS, surgiu da insuficiência das
ações de saúde do trabalhador nos diferentes níveis de complexidade.
A Saúde do Trabalhador é um campo da saúde pública cujo objeto é
multidimensional, que envolve diferentes atores sociais e conflitos entre capital
e trabalho, ou seja, depende do contexto histórico e das relações com as forças
políticas e econômicas na sociedade.
Nesse contexto, o campo do cuidado relacionado à Saúde do Trabalhador
envolve práticas transversais desenvolvidas por diversos atores como:
sindicatos, instituições de ensino, serviços públicos de saúde, conselhos de saúde
entre outros. Dessa forma a Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da
Trabalhadora (PNSTT) foi publicada em 2012 no intuito de apoiar a atuação dos
diferentes atores auxiliando nos diversos processos e inclusive o de vigilância
em saúde do trabalhador.
Nesse sentido, existe a necessidade de instrumentos que possam auxiliar
as práticas em saúde do trabalhador com face aos novos caminhos preconizados
pela PNSTT que auxiliem na estruturação das ações na rede de Atenção Primária
à Saúde. Ademais, existe grande rotatividade de profissionais no serviço público
de saúde, de modo que se torna relevante existirem ferramentas que contribuam
para a sustentabilidade das ações.
Compreender a importância da garantia dos serviços públicos para a
preservação dos direitos individuais e coletivos é dever de todo trabalhador do
serviço público que legitimamente representa o Estado frente aos cidadãos. A
Gestão do Trabalho e a Educação em Saúde contribui para a valorização do
processo de trabalho como estratégia de qualificar a produção de cuidados no
Sistema Único de Saúde – SUS. Esse entendimento ajudará na compreensão
melhor do assunto.
Este Manual foi elaborado obedecendo ao referencial legal previsto para
o SUS, direcionando as atividades e os processos de trabalho dentro dos
princípios e das regras gerais em Saúde do Trabalhador, e pretende, apresentar
51
orientações que facilitem o processo de trabalho e ações desenvolvidas nas
equipes da Atenção Primária à Saúde em Pernambuco.
É importante frisar que este manual é um subsídio de orientação básico e
deve ser complementado com outras leituras paralelas e relacionadas ao tema.
Boa leitura!
“[...] trabalhar não é tão só produzir: trabalhar é ainda viver junto.”
(DEJOURS, 2004, p. 18)
52
INTRODUÇÃO
A Saúde do Trabalhador surge na década de 60, dentro de um movimento social
renovado, revigorado e redirecionado como ocorreu nos países industrializados do
mundo ocidental e se difundiu no mundo. É um momento em que se questionava o
sentido da vida, o valor da liberdade, do significado do trabalho na vida, do uso do
corpo e pela denúncia de valores já sem significados para a nova geração. Iniciou-se no
mundo, mudanças sobre a saúde e segurança dos trabalhadores, onde criaram-se
legislações que tinham como base o reconhecimento do exercício de direitos
fundamentais dos trabalhadores. Entre eles, o direito à informação e o direito à recusa
ao trabalho em condições de risco grave para a saúde ou a vida (MENDES; DIAS,
1991).
O trabalho é então considerado o organizador da vida social. Neste cenário os
trabalhadores assumem o papel de atores, sujeitos políticos e sociais, constituindo-se
agentes de transformação, com conhecimentos e vivências, compartilhados
coletivamente, ou seja, ele pode intervir e mudar a sua realidade de trabalho ao
participar do controle da nocividade, da definição consensual de prioridades de
intervenção e construção de estratégias transformadoras (MENDES; DIAS; 1991;
LACAZ, 2007).
O processo de institucionalização da Saúde do Trabalhador legitimado passa por
modelos hegemônicos da medicina do trabalho e da saúde ocupacional. O médico
italiano Bernardino Ramazzini, que mais tarde foi considerado o Pai da Medicina do
Trabalho, através do seu livro De Morbis Artificum Diatriba fez o registro histórico de
maior relevância na análise da relação trabalho-saúde no ano de 1700, cujas lições,
relevantes para a época, permaneceram como o texto básico da medicina preventiva por
quase dois séculos; Ramazzini estudou mais de 60 profissões, relacionando o exercício
das atividades com as doenças que eram consequência das mesmas, indicando ainda o
tratamento recomendável e as medidas preventivas (OLIVEIRA, 2007).
Na transição para o século XX, as condições de trabalho nos países
industrializados modificaram-se drasticamente devido ao processo de reestruturação
capitalista e produtiva. Esta reestruturação modifica as condições de trabalho na sua
organização e controle, implicando novas tendências, que muitas vezes eram impostas
pelo mercado externo, e exigências quanto à formação dos trabalhadores e sua
disciplina no local de trabalho (ANTUNES, 2003; ASSUNÇÃO, 2003)
53
A Medicina do Trabalho, enquanto especialidade médica, surge na Inglaterra, na
primeira metade do século XIX, com a Revolução Industrial; naquele momento, o
consumo da força de trabalho, resultante da submissão dos trabalhadores a um processo
acelerado e desumano de produção, exigiu uma intervenção sob pena de tornar inviável
a sobrevivência e reprodução do próprio processo (MENDES; DIAS, 1991).
Nesse contexto, nasce o primeiro serviço de medicina do trabalho quando Robert
Dernham, proprietário de uma fábrica têxtil, contrata seu médico Baker para trabalhar
em sua fábrica, pois tinha a preocupação de que seus operários não dispunham de
cuidado médico a não ser aquele propiciado por instituições filantrópicas. Diante disso,
procurou o Dr. Robert Baker, e pediu que o mesmo resolvesse tal situação, Baker
respondeu-lhe que colocasse no interior da sua fábrica o seu próprio médico, que
serviria de intermediário entre o proprietário, os seus trabalhadores e o público, com o
objetivo de verificar o efeito do trabalho sobre as pessoas, e se ele verificasse qualquer
trabalhador sofrendo a influência de causas que possam ser prevenidas, ele próprio faria
a tal prevenção. (MENDES; DIAS 1991).
O momento mais importante da mobilização popular no Brasil dá-se na VIII
Conferência Nacional de Saúde, em 1986, que tem culmina na I Conferência Nacional
de Saúde do Trabalhador; e com a promulgação da Constituição de 1988 e a formulação
da Lei Orgânica da Saúde (Lei 8.080/90) ocorre a consolidação de seu conceito de lei
como responsabilidade do Estado (OLIVEIRA et al., 2012).
Com a promulgação da Constituição da República Federativa do Brasil (CRFB),
em 1988, a saúde torna-se um “direito de todos e dever do Estado, garantido mediante
políticas sociais e econômicas”, adotando-se um conceito ampliado do processo saúde-
doença. O texto da CRFB afirma que “as ações e serviços de saúde integram uma rede
regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único”. Em seu art. 200, inciso
II, atribui a esse sistema a execução de ações de vigilância sanitária e epidemiológica,
bem como as de saúde do trabalhador; e além disso, colocou a importância do SUS em
colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho (inciso III).
Desse modo, é a partir da implantação do SUS que as condições e ambientes de trabalho
são fiscalizados pelo setor saúde do SUS, dando-lhe a prerrogativa de exercer a
vigilância em saúde do trabalhador nos locais de trabalho de forma multidisciplinar e
interinstitucional, atingindo a integralidade e eficiência das ações (OLIVEIRA et al.,
2012).
54
A política foi formalizada por meio da Portaria nº 1.679/MS de 2002 e seu
orçamento proveniente da média e alta complexidade. No ano seguinte, ocorre a
implantação da Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador (RENAST)
na Secretaria de Assistência à Saúde, em que, ocorre a difusão nacional das ações em
saúde do trabalhador e começa um debate sobre a ênfase assistencial do modelo: se seria
voltado para a atenção básica, ou se seria voltado para as ações preventivas de
vigilância (BRASIL. Ministério da Saúde, 2002).
É responsabilidade do SUS prevenir o adoecimento dos trabalhadores e
trabalhadoras, por meio de ações de promoção, proteção, prevenção e vigilância. De
uma forma geral, saúde do trabalhador e da trabalhadora pode ser entendida como um
conjunto de fatores que determinam a qualidade de vida, como as condições adequadas
de alimentação, moradia, educação, transporte, lazer e acesso aos bens e serviços
essenciais que contribuem para a saúde. Também, como direito de todo trabalhador e
trabalhadora está a garantia de trabalho e o ambiente saudável que não gere
adoecimento.
A saúde do trabalhador busca a explicação sobre o adoecer e o morrer das
pessoas, dos trabalhadores em particular, através do estudo dos processos de trabalho,
de forma articulada com o conjunto de valores, crenças e ideias, as representações
sociais, e a possibilidade de consumo de bens e serviços na “moderna” civilização
urbano-industrial (MENDES; DIAS, 1991).
O conceito de vigilância em saúde do trabalhador dimensiona a abrangência de
sua intervenção na articulação de ações voltadas para as dimensões individual e coletiva
no campo da saúde pública em torno da relação entre processo de trabalho e saúde
(MACHADO, 1997).
É relevante frisar também que a APS é uma estratégia de mudança do modelo de
atenção à saúde no SUS, pois, observa-se nela, uma política de universalização de
cobertura da atenção básica, e reorganização do espaço do processo de trabalho em
saúde, que ao se conjugar com as mudanças na organização da média e alta
complexidades induzidas por políticas de regulação e controle, além de se articular com
a vigilância e estimular a implementação de ações intersetoriais de promoção da saúde
se encontra em patamares elevados quando promove melhoria da qualidade de vida da
população adscrita (TEIXEIRA; VILASBÔAS, 2006)”.
Portanto, a Atenção Primária à Saúde ao planejar e executar ações de vigilância
nos locais de trabalho, considerando as informações colhidas em visitas, os dados
55
epidemiológicos e as demandas da sociedade civil organizada (BRASIL, Ministério da
Saúde, 2001), deve estar atenta para informar e discutir com o trabalhador as causas de
seu adoecimento além de desenvolver juntamente com a comunidade e instituições
públicas (CEREST, Fundacentro, Ministério Público, laboratórios de toxicologia,
universidades etc.) ações integrativas para obtenção da resolutividade das diferentes
demandas.
2. Vigilância em Saúde do Trabalhador no SUS
VIGILÂNCIA - Significa vigiar, estar atento às situações que envolvam
“trabalho-saúde” para promover saúde, prevenir contra doenças e acidentes relacionados
ao trabalho e proteger das situações de risco o trabalhador. As ações de vigilância
englobam: promoção, prevenção e controle de doenças e agravos à saúde, devendo
constituir espaço de articulação de conhecimentos e técnicas. A vigilância em saúde
deve estar cotidianamente inserida em todos os níveis de atenção da saúde. A partir de
saberes e práticas da epidemiologia, da análise de situação de saúde e dos determinantes
e condicionantes sociais da saúde (BRASIL, Ministério da Saúde, 2009).
Segundo o Ministério da Previdência Social (BRASIL, 2013), em 2011, o
número de acidentes de trabalho liquidados (acidentes do trabalho liquidados
correspondem aos acidentes cujos processos foram encerrados administrativamente pelo
INSS, depois de completado o tratamento e indenizadas as sequelas) atingiu 730,6 mil
acidentes. Obteve-se um acréscimo de 0,2% em relação a 2010. As principais
consequências dos acidentes de trabalho liquidados foram as incapacidades temporárias
com menos de 15 dias e com mais de 15 dias, que corresponderam a 42,4% e 41,3% do
total, respectivamente. As incapacidades temporárias e permanentes decresceram,
respectivamente, 0,2% e 7,1%. E com relação a assistência médica e os óbitos ocorreu
um aumento correspondente respectivamente a 3,7% e 4,8%.
O campo de atuação da vigilância em saúde do trabalhador é distinto da
vigilância em saúde em geral e da ação de outros setores que relacionam saúde e
trabalho. Seu objeto específico é a investigação e intervenção na relação do processo de
trabalho com a saúde (MACHADO, 1996).
56
Com relação ao ambiente de trabalho, SANTOS-FILHO (2009), mostra uma
concepção ampliada de espaço de trabalho em que propõe aos trabalhadores se
organizarem nos serviços de saúde para a discussão e (re)construção dos seus espaços
sociais de trabalho. Segundo o autor, é um espaço físico e de relações (vivências
subjetivas, criatividade, riscos, sociais) dentro de uma relação concreta: gestor-
trabalhador-usuário, onde se aplicam indicam estratégias também ampliadas de
intervenção nesse espaço.
Pinheiro (1996), relatou que, a vigilância mais valorosa é aquela que supera o
enfoque reducionista de causa-efeito enquanto definição de determinante social do
processo saúde-doença. É também a que aumenta a subjetividade e o conhecimento dos
trabalhadores, possibilitando ser uma ferramenta de transformação social articulada ao
contexto social, envolvendo além dos riscos e os agravos/efeitos à saúde, tanto o
processo de trabalho, quanto os determinantes de tais condições com vistas à promoção
da saúde.
No Brasil, com o advento do SUS, a vigilância sanitária, através da Lei nº 8.080,
de 19 de setembro de 1990, artigo 6º, parágrafo 1º, passa a ser definida como:
[...] conjunto de ações capazes de eliminar, diminuir ou prevenir riscos à
saúde e de intervir nos problemas sanitários decorrentes do meio ambiente,
da produção e circulação de bens e da prestação de serviços de interesse da
saúde, abrangendo: I - o controle de bens de consumo que, direta ou
indiretamente, se relacionem com a saúde, compreendidas todas as etapas e
processos, da produção ao consumo; II – o controle da prestação de serviços
que se relacionam direta ou indiretamente com a saúde (BRASIL.
Presidência da República, 1990).
Todavia, enquanto os diversos Estados e Municípios inseriram agravos à saúde
do trabalhador em portarias, as dificuldades e a descontinuidade na implementação da
política mostraram a vulnerabilidade de iniciativas locais e sua forte dependência de
compromissos governamentais que ocorreram durante a década de 1990 (FACCHINI,
2005).
Foi discutida como um dos eixos temáticos na 2ª Conferência Nacional de Saúde
do Trabalhador, em 1994, a sua difusão como prática orientadora da ação de saúde do
trabalhador no SUS. Em 1998 surge a Portaria nº 3.120/MS que orienta as práticas de
VISAT como a ação contínua e sistemática, a longo prazo, para detectar, conhecer,
pesquisar e analisar fatores tecnológicos, sociais, organizacionais e epidemiológicos
57
relacionados aos processos e ambientes de trabalho, determinando e condicionando os
agravos à saúde do trabalhador (BRASIL. Ministério da Saúde, 1998).
Além das ações de VISAT tornarem-se igualmente relevantes, às investigações e
as notificações no Sistema Nacional de Agravos Notificáveis (SINAN) que atualmente
encontram-se prescritas: Portaria nº204, de 17 de fevereiro de 2016, que também são
importantes dentro do processo e a Portaria nº 205 também de 17 de fevereiro de 2016
que define a lista nacional de doenças e agravos a serem monitorados por meio da
estratégia de vigilância em unidades sentinelas e suas diretrizes (BRASIL. Ministério da
Saúde, 2016). As Unidades Sentinelas devem ter a capacidade operacional de
acompanhar os casos sujeitos à notificação, realizar a investigação e confirmar os casos,
além de estarem cadastradas no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde
(CNES).
A rede de unidades sentinela faz parte dos dispositivos da RENAST para a
realização de diagnósticos e notificação de agravos à saúde relacionados ao trabalho. As
unidades sentinelas são definidas por gestores e técnicos de município em nível local e
regional, onde a sua habilitação é feita através do processo de pactuações nos
respectivos Colegiados de Gestão Regional. Sabendo-se que, em geral, qualquer
unidade de saúde, desde as unidades de atenção primária à saúde até as referências
especializadas, podem ser constituídas como unidade sentinela. A rede de unidades
sentinela possuem como parte de suas competências a realização da identificação de
casos e investigações epidemiológicas; logo, os casos confirmados de agravos
relacionados ao trabalho de notificação compulsória devem ser notificados em todas as
unidades de saúde, e quando a confirmação não for realizada, os casos deverão ser
direcionados para referências técnicas especializadas, dentro dos fluxos locais e
especificados do agravo (PERNAMBUCO. Secretaria estadual de Saúde, 2009).
A Gerência Estadual de Atenção à Saúde do Trabalhador de Pernambuco
(GEAST/PE) tem como atribuição coordenar, apoiar e supervisionar a execução da
Política de Saúde do Trabalhador, garantindo o fortalecimento da Rede Nacional de
Apoio à Saúde do Trabalhador, faz registro de dados, contribui para minimizar os
acidentes de trabalho e corrobora para que as ações voltadas ao trabalhador no Estado
sejam orientadas a partir dessas informações.
58
Os locais de cada Unidade Sentinela em Pernambuco ligadas ao SINAN, sistema
que contabiliza os dados e permite a interligação entre os oito CEREST’s e a RENAST
(PERNAMBUCO. Secretaria Estadual de Saúde, 2009):
QUADRO 1 - Rede Sentinela em Pernambuco
CEREST Responsável
Jairo Tenório de Albuquerque de Jaboatão dos Guararapes: Hospital Policlínica Jaboatão
Prazeres; Hospital Regional João Murilo de Oliveira
Caruaru: Hospital Regional do Agreste; Hospital Jesus Nazareno (Saúde da Mulher)
Cabo de Santo Agostinho: Hospital Municipal Mendo Sampaio; Centro Hospitalar Carozita Brito;
Hospital Municipal Prof. Clóvis Azevedo Paiva
Goiana: Hospital Regional Fernando Salsa; Hospital Regional Belarmino Correia; Hospital
Municipal Dr. João Coutinho e Maternidade D. Primitiva
Estadual: Hospital Agamenon Magalhães; H. Otávio de Freitas; H. da Restauração; H. Getúlio
Vargas; H. das Clínicas; H. Barão de Lucena; CISAM 9Saúde da Mulher); Unidade Mista Torres
Galvão; h. PAM de Areias; H. São Lucas
Ouricuri: Hospital Regional Fernando Bezerra; H. Regional Prof. Agamenon Magalhães; H.
Regional Ruy de Barros Correia; H. Regional Emília Câmara
Palmares: Hospital Regional Dom Moura; H. Regional do Palmares
Petrolina: Hospital Coronel Álvaro Ferraz; H. Regional Inácio de Sá; H. Dom Malan (Saúde da
Mulher); H. de Trauma de Petrolina
FONTE: Elaborado pela autora
O Ministério da Saúde (BRASIL, 2012), afirma ainda que, de acordo com a
Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora (PNSTT), a implantação
da atenção integral à saúde do trabalhador envolve a integração da VISAT com os
demais componentes da Vigilância em Saúde e a Atenção Primária à Saúde (APS); a
análise do perfil produtivo e da situação de saúde dos trabalhadores; o fortalecimento e
a ampliação da articulação intersetorial; o estímulo à participação da comunidade, dos
trabalhadores e do controle social; o desenvolvimento e a capacitação dos recursos
humanos; e o apoio ao desenvolvimento de estudos e pesquisas; e estruturação da
RENAST (BRASIL. Ministério da Saúde, 2012).
Para Dias e Silva (2013), é essencial que os setores de Vigilância
Epidemiológica, Sanitária e Ambiental, além de outros níveis técnicos do SUS, apoiem
as equipes, desenvolvendo ações compartilhadas e garantindo o fluxo e a resolutividade
das ações, para que essas ações sejam realmente executadas na APS, como, por
59
exemplo: a discussão de casos mais “complexos”, realizar a elaboração em conjunto de
roteiros de inspeção e de vistorias em ambientes de trabalho, a análise da situação de
saúde, entre outras.
Daldon e Lancman (2013), também relatam que desde o início, na Saúde do
Trabalhador, novas formas de intervenção nos ambientes de trabalho têm buscado
superar tanto o enfoque reducionista de causa-efeito, como o conceito de determinação
social do processo saúde-doença.
Consolidando as informações, as ações de VISAT na APS, são: a) suporte
técnico para a investigação dos agravos de saúde do trabalhador de notificação
compulsória; b) apoio à construção, mapeamento e análise do perfil produtivo e do
perfil de morbimortalidade da população trabalhadora; c) vigilância de ambientes de
trabalho de forma integrada com a Vigilância em Saúde e outros setores (DIAS;
SILVA, 2013).
Portanto, para que essas ações sejam efetivadas na APS, é essencial que os
setores de Vigilância Epidemiológica, Sanitária e Ambiental, além de outros níveis
técnicos do SUS, apoiem as equipes, desenvolvendo ações compartilhadas e garantindo
o fluxo e a resolutividade das ações, como, por exemplo: a discussão de casos
considerados mais “complexos”, a elaboração conjunta de roteiros de inspeção, de
vistorias em ambientes de trabalho, a análise da situação de saúde, entre outras.
3. Atenção Primária à Saúde
Segundo Teixeira e Solla (2006), a Saúde da Família é uma proposta que foi
oriunda no surgimento e difusão do movimento de Medicina Familiar nos Estados
Unidos da América com o fim de introduzir reformas no processo do ensino médico e
que foi divulgado em diversos países da América Latina nas décadas seguintes e no
Brasil, surgiu numa proposta de formação de pós-graduação em Medicina Geral e
Comunitária, absorvido como fundamentação da política de organização da Atenção
Primária à Saúde. É também:
Uma estratégia de mudança do modelo de atenção à saúde no SUS,
instrumento de uma política de universalização de cobertura da atenção
básica, portanto, espaço de reorganização do processo de trabalho em saúde;
60
mais ainda quando se conjuga com mudanças na organização da média e alta
complexidades induzidas por políticas de regulação e controle ao mesmo que
se articula com a vigilância e estimula implementação de ações intersetoriais
de promoção da saúde e melhoria da qualidade de vida da população adscrita
(TEIXEIRA; VILASBÔAS, 2006).
Ainda relatam Teixeira e Solla (2006) a reorganização do modelo de atenção à
saúde, propondo como eixo desse processo a ampliação e qualificação da atenção básica
é a atual política do Ministério da Saúde. É de grande relevância a implementação da
Estratégia de Saúde da Família e sua consolidação nos trabalhos das equipes nos
pequenos e médios municípios, além do avanço do PSF para os grandes municípios das
regiões metropolitanas.
A Atenção Primária como eixo organizador das ações do SUS, deverá
concentrar esforços no sentido de garantir o acesso a uma atenção qualificada para
estabelecer o nexo causal entre o quadro de morbimortalidade verificado no âmbito dos
processos de trabalho de um determinado território. Abordar a saúde do trabalhador
nessa perspectiva amplia o olhar para além do processo laboral, considerando os
reflexos do trabalho e condições de vida dos indivíduos e famílias, ou seja, abordagem
integral do sujeito: resolutividade, responsabilização, acolhimento e integralidade
(PERNAMBUCO. Secretaria Estadual de Saúde, 2012)
A Atenção Primária à Saúde também deve além de planejar e executar ações de
vigilância em cada território, identificar e registrar a população economicamente ativa,
por sexo e faixa etária; as atividades produtivas existentes na área, bem como os perigos
e os riscos potenciais para a saúde dos trabalhadores, da população e do meio ambiente;
os integrantes das famílias que são trabalhadores (ativos do mercado formal ou
informal, no domicílio, rural ou urbano e desempregados); a existência de trabalho
infantil (crianças e adolescentes menores de 16 anos, que realizam qualquer atividade de
trabalho, independentemente de remuneração, que frequentem ou não as escolas); a
ocorrência de acidentes e/ou doenças relacionadas ao trabalho, que acometam
trabalhadores inseridos tanto no mercado formal como informal de trabalho (BRASIL.
Ministério da Saúde, 2001); ou seja, deve estar atenta para informar e discutir com o
trabalhador as causas de seu adoecimento.
Entendendo que a identificação dos agravos é necessária e faz parte da atenção
integral à saúde dos trabalhadores, em abril de 2004 publicou-se a Portaria nº 777,
todavia, foi substituída pela Portaria nº 219/2011 e atualmente temos o dispositivo legal
61
referente à Portaria nº 204 de 17 de fevereiro de 2016, que trata dos procedimentos
técnicos para notificação compulsória de doenças, agravos e eventos de saúde pública
nos serviços de saúde públicos e privados em todo território nacional. Também
importante a Portaria nº 205 de 17 de fevereiro de 2016 que define a Lista Nacional de
doenças e agravos, a serem monitorados por estratégia de vigilância em Unidade
sentinela e suas diretrizes (BRASIL. Ministério da Saúde, 2016)
Paim et al. (2011) observam em determinada análise que os desafios do SUS são
também políticos e não podem ser solucionados na esfera técnica apenas e sim com os
esforços de todos os indivíduos e da sociedade; onde estão inseridos também a questão
de sua estrutura de financiamento, para assegurar a universalidade, a igualdade, a
sustentabilidade; e o formato do modelo de atenção com o objetivo de atender as rápidas
mudanças demográficas e epidemiológicas do país, além da promoção da qualidade do
cuidado e da segurança dos usuários.
Nesse contexto de rede, é importante também observar não só a ação
intersetorial como também a intrasetorial e segundo Teixeira et al. (1998) relatam, o
planejamento iniciado com a identificação, descrição e análise dos determinantes sociais
dos problemas de saúde implica a definição dos objetivos, metas, ações e atividades que
serão realizadas para o enfrentar os problemas de saúde identificados e priorizados na
área, logo, de acordo com o seu conteúdo, as operações que foram definidas no
município poderão introduzir desde ações políticas, até ações de saúde propriamente
ditas que englobam a educação sanitária e a comunicação social orientadas para grupos
específicos em função da distribuição social dos problemas de saúde, até ações de
vigilância epidemiológica, sanitária, nutricional, e serviços de assistência direta a
pessoas, ao nível ambulatorial e hospitalar. É relevante relatar também sobre expressões
fenomênicas (riscos e danos) devido a necessidade de adequação das ações propostas
aos determinantes e condicionantes dos problemas.
Segundo Costa et al. (2013), a iniciativa do Ministério da Saúde de instituir a
Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora (PNSTT), é de
estabelecer a participação do SUS nesse contexto, ou seja, definir as diretrizes e a
estratégia da atuação do SUS nos diversos níveis para o desenvolvimento da atuação
integral em ST.
Ela dá ênfase na vigilância como trata o dispositivo legal em seu artigo 2º:
quando visa a promoção e a proteção da saúde dos trabalhadores e a redução da
morbimortalidade decorrente dos modelos de desenvolvimento e dos processos
62
produtivos, além de reafirmar o texto teórico, e o conjunto de princípios e diretrizes da
ST (BRASIL. Ministério da Saúde, 2012).
Ainda relatam os autores, que mesmo sendo eleita como uma estratégia a
PNSTT, observa-se uma redação tímida no tocante à própria vigilância, e dá o exemplo
do parágrafo 2º do artigo 14: “cabem aos Centros de Referência em Saúde do
Trabalhador (CEREST’s) ações diretas de vigilância, somente em caráter complementar
ou suplementar para situações em que o Município não tenha condições técnicas e
operacionais, ou para aquelas definidas como de maior complexidade” (COSTA et al,
2013).
Logo, esta redação exprime certa dubiedade de interpretação que se reflete nas
ações de vigilância, na ausência de prioridades e programas articulados nos vários
níveis do território e que não há autoridade sanitária, como ocorre em Pernambuco e na
maioria dos CEREST’s, para o desenvolvimento da competência da própria equipe, que
tem a função de ser referência para a rede. E no caso dos regionais de Pernambuco, ser
referência com o desenvolvimento da própria ação de vigilância, matriciamento, centro
articulador, retaguarda técnica; não tendo a competência de inspeção sanitária, sim da
competência de capacitação e qualificação dessa rede a partir do conteúdo pertinente a
como tratar riscos (COSTA et al., 2013).
Portanto, as ações de vigilância e intervenção ocorrerão a partir das ações da rede
básica (ordenadora da rede) que serão os atores multiplicadores das informações de
vigilância em saúde do trabalhador para toda a rede de saúde, além dos próprios
inspetores da vigilância sanitária matriciados em VISAT pelos CEREST’s.
4. Práxis da Vigilância em Saúde do Trabalhador na Atenção Primária à Saúde
A Atenção Primária à Saúde deve planejar e executar ações de vigilância nos locais
de trabalho, considerando as informações colhidas em visitas domiciliares, os dados
epidemiológicos e as demandas da sociedade civil organizada, e estar atenta para
informar e discutir com o trabalhador as causas de seu adoecimento. Também
desenvolver, juntamente com a comunidade e instituições públicas ações intersetoriais
orientadas para a resolutividade dos problemas (BRASIL. Ministério da Saúde, 2001).
A Rede de Atenção à Saúde do SUS dos municípios compreende: Programa de
Saúde da Família (PSF), Estratégia de Saúde da Família (ESF), Programa de Agentes
63
Comunitários de Saúde (PACS), Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF), Unidade
Básica de Saúde (UBS), Policlínicas, Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), Centros
de Reabilitação, Centros de Referência em outras especialidades, Unidades de Pronto
Atendimento em Saúde (UPAS), Serviço de Assistência Domiciliar (SAD), Serviço de
Atendimento Médico de Urgência (SAMU), Vigilância em Saúde (sanitária,
epidemiológica e ambiental), Unidades Sentinelas, Centro de Referência Estadual de
Saúde do Trabalhador (CRESAT) e Hospitais.
A PNSTT, preconiza que a Atenção Primária deve, de maneira geral, identificar
e mapear as atividades produtivas no território; identificar a população trabalhadora e
seu perfil sócio-ocupacional no território; identificar os potenciais riscos e impactos
(perfil de morbimortalidade) à saúde dos trabalhadores, das comunidades e ao meio
ambiente, provenientes das atividades produtivas do território; identificar e registrar a
situação de trabalho, da ocupação e do ramo de atividade econômica dos usuários das
unidades e serviços de atenção primária em saúde. Também deve identificar a relação
entre o trabalho e o problema de saúde apresentado pelo usuário, para fins de
diagnóstico e notificação dos agravos relacionados ao trabalho; notificar os agravos
relacionados ao trabalho no SINAN e no E-SUS e emitir relatórios e atestados médicos,
incluindo o laudo de exame médico da Comunicação de Acidente do Trabalho (CAT),
nos casos pertinentes; além de realizar na rede de saúde a referência e contra referência
com estabelecimento dos fluxos e encaminhamentos adequados.
A APS tem o papel importante na incorporação de conteúdo de saúde do
trabalhador nas estratégias de capacitação e de educação permanente para as equipes da
atenção primária à saúde; em caso de doença ou acidente de trabalho e colocar o código
AT (Acidente de Trabalho) no prontuário e em seguida notificar.
É o que constata o Ministério da Saúde através da Portaria nº 4.279, de 30 de
dezembro de 2010, onde a Atenção Primária à Saúde é a ordenadora da Rede de
Atenção à Saúde do SUS, e deve atuar junto as equipes de saúde do trabalhador de
forma articulada para garantir o desenvolvimento de ações no âmbito individual e
coletivo (BRASIL. Ministério da Saúde, 2010)
Em seguida, têm-se um consolidado das ações da VISAT que deverão ser
executadas pela APS além de algumas sugestões que podem auxiliar e contribuir no
desenvolvimento das atividades de rotina.
64
PRÁXIS DA VISAT
ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
Figura 1 – Vigilância da Saúde
Figura 2 – Assistência da saúde
APS-
identificação/cadastro
dos trabalhadores
Mapeamento-
Atividades
produtivas
Vigilância das
condições e
ambientes de
trabalho VISA
VE Busca ativa
Identificação da necessidade
de intervenção no processo de
trabalho
Notificação/SINAN
APS
Diagnóstico/Trata
mento
Nexo
causal/Notificação
/CAT
Referência/Contra
referência
Encaminhamento
INSS
Acompanhamento
pela APS
65
Considerando os instrumentos que já são utilizados pelas equipes da APS,
enfatizando as ações de apoio pelos CEREST’s, seguem algumas sugestões de ações:
Otimizar o uso das variáveis presentes na Ficha A:
Figura 3
Sugestões de ações a serem implementadas em médio prazo:
a) Estabelecer o elenco de ações de Saúde do Trabalhador que deverão ser
desenvolvidas, definidas a partir do diagnóstico da situação de saúde
baseado no perfil produtivo e perfil epidemiológico dos agravos relacionados
ao trabalho, inserindo-as nos Planos Municipais e Estaduais de Saúde;
b) Apoiar as pactuações de modo a garantir a atenção integral e o acesso a
níveis tecnológicos mais complexos do sistema, bem como apoio técnico e
laboratorial para as ações de assistência e vigilância da saúde;
c) Construir protocolos e Linhas guia para orientar as equipes sobre o manejo
dos agravos à saúde relacionados com o trabalho e a notificação, garantindo
o acesso às unidades especializadas, sempre que necessário
(Desenvolvimento de ações na APS, UFMG-2010).
Como exemplo de ação pode-se ilustrar o seguinte caso clínico: na Estratégia de
Saúde da Família, podemos conferir a ação dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS):
eles farão a identificação dos casos quando estiverem realizando a visita domiciliar, em
66
seguida, se houver casos identifica-los como doenças relacionadas ao trabalho e fazer a
notificação para as Equipes de Saúde da Família - ESF, onde as equipes investigaram o
adoecimento (e se o mesmo tiver uma complexidade maior, levar o mesmo para
discussão em sala de situação). A enfermeira fará a coleta da história ocupacional para o
estabelecimento da relação do adoecimento com o trabalho (nexo causal), e caso haja
necessidade, o médico ou outro especialista da equipe encaminhará o trabalhador para
níveis mais complexos de cuidado (referência e contra-referência). Também observar
quando for possível definir o nexo causal, o médico da equipe deverá abrir o
Comunicado de Acidente de Trabalho (CAT) e encaminhá-lo ao INSS para a provisão
de benefícios (Figura 4).
Quadro 2
CAT–Comunicação de Acidente de
Trabalho
CAT INICIAL CAT REABERTURA CAT ÓBITO
É um documento utilizado para
notificar uma doença ou acidente
relacionado ao trabalho junto ao
INSS.
Acidente de trabalho,
típico ou de trajeto ou
doença profissional
Reinício do tratamento, por
agravamento da lesão do
acidente, ou da doença
relacionada com o trabalho,
já comunicada ao INSS.
Falecimento decorrente do
acidente ou doença
ocupacional, ocorrido após
a emissão da CAT
INICIAL.
A Lei 8.213/91 em seu art. 22
determina que todo acidente de
trabalho ou doença profissional
deverá ser comunicado pela empresa
ao INSS, sob pena de multa em caso
de omissão.
Deverão ser comunicados ao INSS
em formulário da CAT
Fonte: elaborado com adequações pela autora
ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE NA MÉDIA COMPLEXIDADE
a) Atuar junto à Unidade de Saúde na identificação de problemas de saúde,
fatores de risco e de outras questões relacionadas ao trabalho que
necessitam ser investigadas ou estudadas;
67
Quadro 3
Fatores de risco para a saúde e segurança dos trabalhadores presentes ou relacionados
ao trabalho:
FÍSICOS (VERDE) ruído, vibração, radiação ionizante e não-ionizante, temperaturas extremas (frio e calor), pressão atmosférica anormal, umidade entre outros.
QUÍMICOS (VERMELHO) Poeiras, fumos, neblinas, gases e vapores, agentes e substâncias químicas, sob a forma líquida, gasosa ou de partículas e poeiras minerais e vegetais, comuns nos processos de trabalho (agentes etiológicos ou fatores de risco da Lista de Doenças Relacionadas ao Trabalho- LDRT).
BIOLÓGICOS (MARROM) vírus, bactérias, parasitas, fungos, bacilos, geralmente associados ao trabalho em hospitais, laboratórios e na agricultura e pecuária (agentes etiológicos ou fatores de risco da LDRT);
ERGONÔMICOS E PSICOSSOCIAIS (AMARELO)
Esforço físico intenso, levantamento e transporte manual de peso, fatores que decorrem da organização e gestão do trabalho como por exemplo da utilização de equipamentos, máquinas e mobiliário inadequados levando a posturas e posições incorretas; locais adaptados com más condições de iluminação, ventilação e de conforto para os trabalhadores; trabalho em turnos ou noturno, monotonia e repetitividade, ritmo de trabalho excessivo, controle rígido de produtividade, relações de trabalho autoritárias, falhas de treinamento e supervisão dos trabalhadores, jornada de trabalho prolongada entre outras situações causadoras de estresse físico ou psíquico.
ACIDENTES (AZUL) Probabilidade de incêndio ou explosão, ligado a proteção das máquinas, arranjo físico inadequado, ordem e limpeza do ambiente de trabalho, sinalização, rotulagem de produtos, iluminação, eletricidade, animais peçonhetos e outros que podem levar a acidentes de trabalho.
Fonte:http://www.prevencaonline.net/2010/01/o-que-e-mapa-de-risco.html#.UZ1EZb Elaborado com
adequações pela autora
b) Participar e apoiar nas reuniões para análise de dados e orientação das
decisões de intervenção para resolução da problemática;
c) Atuar na Educação Permanente dos profissionais da saúde através da
execução de treinamento, capacitações e atualizações, bem como
usuários e atores sociais envolvidos com a Saúde do Trabalhador, de
acordo com as políticas de comunicação em saúde desenvolvidas pelo
SUS em suas três esferas de governo (Federal, Estadual e Municipal);
d) Dar apoio na busca ativa de outros casos de doenças relacionadas ao
trabalho e notificação dos agravos à saúde relacionados ao trabalho;
e) Notificar e alimentar o Sistema de Informação (SINAN);
68
Quadro 4
Lista Nacional de Doenças e Agravos a serem monitorados pela Estratégia de
Vigilância Sentinela
ANEXO
Lista Nacional de Doenças e Agravos a serem monitorados pela Estratégia de Vigilância Sentinela
Nº DOENÇA OU AGRAVO
I Vigilância em Saúde do Trabalhador
1 Câncer relacionado ao trabalho
2 Dermatoses ocupacionais
3 Lesões por Esforços Repetitivos/Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (LER/DORT)
4 Perda Auditiva Induzida por Ruído - PAIR relacionada ao trabalho
5 Pneumoconioses relacionadas ao trabalho
6 Transtornos mentais relacionados ao trabalho
II Vigilância de doenças de transmissão respiratória
1 Doença pneumocócica invasiva
2 Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG)
3 Síndrome Gripal (SG)
III Vigilância de doenças de transmissão hídrica e/ou alimentar
1 Rotavírus
2 Doença Diarreica Aguda
3 Síndrome Hemolítica Urêmica
IV Vigilância de doenças sexualmente transmissíveis
1 Síndrome do Corrimento Uretral Masculino
V Síndrome neurológica pós infecção febril exantemática Fonte: Portaria No- 205, de 17 de fevereiro de 2016
f) Apoiar no diagnóstico e terapêutica da rede junto aos Laboratórios de
Toxicologia, Serviços de apoio diagnóstico e terapêutico (radiologia,
eletroneuromiografia, entre outros);
g) Apoiar e participar em projetos e estudos nos vários setores;
h) Apoiar e participar nas atividades educativas, além de produção e
divulgação de material educativo;
i) Apoiar e auxiliar no fomento de campanhas que contribuam para
diminuição dos casos na Unidade de Saúde;
j) Apoiar e auxiliar na orientação da referência e contra referência
(RENAST, p.39. 2006).
69
Figura 4
Sugestão de Fluxograma para Acidente de Trabalho ou Doença Ocupacional:
ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE NA ALTA COMPLEXIDADE/SERVIÇOS DE
URGÊNCIA E EMERGÊNCIA
a) Apoiar na coleta sistemática da História Ocupacional para o
estabelecimento da relação do agravo com o trabalho;
b) Atuar na Educação Permanente dos profissionais da saúde através da
execução de treinamento, capacitações e atualizações, bem como
usuários e atores sociais envolvidos com a Saúde do Trabalhador, de
acordo com as políticas de comunicação em saúde desenvolvidas pelo
SUS em suas três esferas de governo (Federal, Estadual e Municipal);
c) Apoiar no diagnóstico e tratamento dos trabalhadores;
d) Apoiar na notificação dos agravos e alimentação do sistema de
informação (SIA/SIH/SINAN);
e) Apoiar na elaboração do Cadastro das Atividades Produtivas existentes
no território;
70
f) Apoiar após a alta hospitalar, a realização do acompanhamento
domiciliar registrando as avaliações em ficha a ser definida pelo SIAB
(Caderno de ST, 2001);
g) Apoiar na orientação da referência e contra referência, bem como,
encaminhamento ao INSS para o provimento dos benefícios
previdenciários correspondentes.
ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE E DEMANDA ESPONTÂNEA
a) Orientação aos trabalhadores e usuários sobre a referência e contra
referência da Rede de Saúde de seu território de abrangência;
b) Orientação e informação aos trabalhadores e usuários em geral sobre
assuntos relacionados à saúde do trabalhador, bem como sobre sua
demanda específica.
c) Orientação para acompanhar e articular a assistência na rede de
referência para a prevenção das sequelas;
d) Orientação para notificar o caso nos instrumentos do SUS. Para
trabalhadores inseridos no mercado formal de trabalho (BRASIL. Ministério
da Saúde, 2001).
e) Acompanhar a emissão da CAT pelo empregador.
f) Preencher o item II da CAT, referente a informações sobre diagnóstico,
laudo e atendimento.
g) Encaminhar o trabalhador para perícia do INSS, fornecendo-lhe o atestado
médico referente ao afastamento do trabalho dos primeiros quinze dias.
ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE E UNIVERSIDADE/CONTROLE
SOCIAL/SINDICATO
a) Colaborar na realização de parcerias para a elaboração de oficinas,
congressos, seminários, entre outros, referentes aos temas relacionados à
ST que possibilitem reflexões pertinentes às necessidades do território.
b) Colaborar e participar de atividades educativas com trabalhadores,
entidades sindicais e empresas.
71
ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE E MINISTÉRIO PÚBLICO/OUTRAS
INSTITUIÇÕES E ENTIDADES PÚBLICAS OU PRIVADAS
a) Dar ciência aos profissionais de Órgãos Públicos ou privados das ações e
questões relacionadas à Saúde do Trabalhador encontradas em sua área
adscrita quando demandados;
b) Realizar e fomentar Campanhas temáticas referentes à ST junto aos
Órgãos demandantes.
72
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Desde o início, novas formas de intervenção nos ambientes de trabalho têm
buscado superar tanto o enfoque reducionista de causa-efeito, como o conceito de
determinação social do processo saúde-doença. A VISAT deve abranger não apenas os
riscos e os agravos/efeitos à saúde, mas também o processo de trabalho e os
determinantes de tais condições com vistas à promoção da saúde. Essa forma de
vigilância valoriza o saber dos trabalhadores e é um instrumento de transformação e
mudança social articulado ao cenário social.
As medidas que devem assegurar a saúde do trabalhador em seu sentido mais
amplo acabam por muitas vezes a restringir-se à observância de riscos esperados,
indicadores e limites de tolerância para exposição ocupacional e ao estabelecimento de
maneiras de trabalhar consideradas seguras.
Portanto, ampliar a vigilância em saúde do trabalhador, com identificação das
cadeias produtivas mais insalubres e perigosas nos contextos territoriais de
desenvolvimento, e realizar intervenções de impacto, com efeitos educativos e
disciplinares sobre o setor, utilizando critérios territoriais, do ramo produtivo e
epidemiológicos, fortalece as ações de promoção e proteção da saúde garantindo a
integralidade.
Vigilância é, então, olhar (vigiar) as coisas da vida no meio ambiente; aquilo que
produzimos, por meio do trabalho e da produção em geral; os produtos que
consumimos; e as coisas da vida que afetam ou podem afetar a saúde. A Inspeção como
ato de observação e intervenção técnica auxilia nesse processo para a melhoria das
condições de vida e saúde da população.
73
REFERÊNCIAS
ANTUNES, R. Os caminhos da liofilização organizacional: as formas
diferenciadas da reestruturação produtiva no Brasil. Ideias, Campinas, v.10, n.1,
p.13-24, 2003.
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trabalho. Ciência Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v..8, n.4, p. 1005-1018, 2003.
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Dispõe sobre a estruturação da rede integral à saúde do trabalhador no SUS e dá
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Aprova as diretrizes para execução e financiamento das ações de vigilância em
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Anuário Estatístico da Previdência Social 2013. Brasília, 2014. Disponível em:
<http://www.previdencia.gov.br/wp-content/uploads/2015/03/AEPS-2013-v.-
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BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria n. 4.279, de 30 de dezembro de
2010.Estabelece diretrizes para a organização da Rede de Atenção à Saúde no
âmbito do Sistema Único de Saúde. Brasília, DF, 2010. Disponível em:
<(SUS).http://conselho.saude.gov.br/ultimas_noticias/2011/img/07_jan_portaria
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BRASIL. Presidência da República. Lei n. 8.080, de 19 de setembro de 1990.
Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a
organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras
providências. Brasília, DF, 1990. Disponível em: <
http://www.lexml.gov.br/busca/search?keyword=lei+8.080%2F90 >. Acesso
em: 30 nov. 2015.
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria n. 3.120 de 1 de julho de 1998. Aprova
instrução normativa que fornece subsídios básicos para o desenvolvimento de
ações em Vigilância em Saúde do Trabalhador, no âmbito do SUS. Brasília, DF,
2 jul. 1998.
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria n. 204 de 17 de fevereiro de 2016.
Define a Lista Nacional de Notificação Compulsória de doenças, agravos e
74
eventos de saúde pública nos serviços de saúde públicos e privados em todo o
território nacional, nos termos do anexo, e dá outras providências. Brasília, DF,
2016. Disponível em: <
ftp://ftp.cve.saude.sp.gov.br/doc_tec/outros/DNC2016_NAC_Port204_205_170
22016_Monitoramento_Unidades_Sentinelas.pdf>. Acesso em: 17 fev. 2016.
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria n. 1.823, de 23 de agosto de 2012.
Institui a Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora –
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75
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pontos para uma pauta de valorização. In: SANTOS-FILHO, S. B.; BARROS,
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TEIXEIRA, C. F.; SOLLA, J. P. Modelo de atenção à saúde: promoção,
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76
TEIXEIRA, C. F. et al. SUS, modelos assistenciais e vigilância da saúde.
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abr./jun. 1998.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS. Desenvolvimento de ações
de Saúde do Trabalhador na Atenção Primária à Saúde: aspectos históricos,
conceituais, normativos e diretrizes. Julho, 2010.
77
APÊNDICE A – TÍTULO
I Marcos Legais
ANTECEDENTES DOS MARCOS LEGAIS:
Reforma Sanitária – Constituição de 1988
Momento histórico da redemocratização do país, marcado por grandes mobilizações, discussões
sobre os destinos do Brasil;
Os movimentos sociais e sindicais reorganizados participaram da elaboração da Constituição
Federal de 1988;
No Brasil a reforma sanitária inclui as questões de saúde do trabalhador.
MARCOS LEGAIS:
Constituição Federal de 1988:
Art. 200 – Ao SUS compete, além de outras atribuições, nos termos da lei: inciso II –
executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as de saúde do trabalhador;
inciso VIII – colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho.
Lei Orgânica da Saúde – Lei nº 8.080/90:
Art. 6º, Parágrafo 3º - Entende-se por Saúde do Trabalhador, um conjunto de atividades que se
destina, através das ações de VE e VS, à promoção e proteção da saúde dos trabalhadores, assim
como visa à recuperação e reabilitação da saúde dos trabalhadores submetidos aos riscos e
agravos advindos das condições de trabalho, abrangendo:
I - assistência ao trabalhador vítima de acidentes de trabalho ou portador de doença profissional
e do trabalho;
II - ... estudos, pesquisas, avaliação e controle dos riscos e agravos potenciais à saúde existentes
no processo de trabalho;
III - ... normatização, fiscalização e controle das condições de produção, extração,
armazenamento, transporte, distribuição e manuseio de substâncias, de produtos, de máquinas e
de equipamentos que apresentam riscos à saúde do trabalhador;
IV - avaliação do impacto que as tecnologias provocam à saúde;
V - informação ao trabalhador e a sua respectiva entidade sindical e a empresas sobre os riscos
de acidente de trabalho, doença profissional e do trabalho, bem como os resultados de
fiscalizações, avaliações ambientais e exames de saúde, de admissão, periódicos e de demissão,
respeitados os preceitos da ética profissional;
VI - participação na normatização, fiscalização e controle dos serviços de saúde do trabalhador
nas instituições e empresas públicas e privadas;
VII - revisão periódica da listagem oficial de doenças originadas no processo de trabalho, tendo
na sua elaboração a colaboração das entidades sindicais; e
VIII - a garantia ao sindicato dos trabalhadores de requerer ao órgão competente a interdição de
máquina, de setor de serviço ou de todo ambiente de trabalho, quando houver exposição a risco
iminente para a vida ou saúde dos trabalhadores.
Portaria MS n.º 3.120, de 1º de julho de 1988 - Instrução Normativa de Vigilância em Saúde do
Trabalhador:
78
- Define procedimentos básicos para o desenvolvimento das ações de Vigilância em ST no SUS.
Portaria MS n.º 3.908, de 30 de outubro de 1998 - Norma Operacional de Saúde do Trabalhador:
Estabelece procedimentos para orientar e instrumentalizar as ações e serviços de saúde do
trabalhador no SUS.
Portaria MS nº 1.679, de 19 de setembro de 2002 - Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde
do Trabalhador – RENAST
“...concepção de uma rede nacional, cujo eixo integrador é a rede regionalizada de CEREST,
localizados em cada uma das capitais, regiões metropolitanas e municípios sede de pólos de
assistência, das regiões e micro-regiões de saúde, com a atribuição de dar suporte técnico e
científico às intervenções do SUS no campo da saúde do trabalhador, integradas, no âmbito de
uma determinada região, com a ação de outros órgãos públicos”.
“...diretrizes para o desencadeamento de políticas estaduais e municipais em ST; política
permanente de financiamento de ações de saúde do trabalhador, alocando recursos fundo a fundo
para os estados e municípios”.
Política Nacional de Saúde do Trabalhador – PNST
Diretrizes – Portaria nº 1.125/05:
Atenção integral à saúde dos trabalhadores: promoção de ambientes e processos de trabalho
saudáveis; fortalecimento da vigilância de ambientes, processos e agravos relacionados ao
trabalho; assistência integral à saúde dos trabalhadores; adequação e ampliação da capacidade
institucional.
Estruturação de rede de informações em ST.
Articulação intra e intersetorial.
Apoio ao desenvolvimento de estudos e pesquisas.
Desenvolvimento e capacitação de recursos humanos.
Participação da comunidade na gestão das ações em ST.
Portaria MS nº 2.437, de 7 de dezembro de 2005 - ampliação da RENAST
Art. 1º, § 3º A ampliação da RENAST dar-se-á:
I - pela adequação e ampliação da rede de CEREST;
II - pela inclusão das ações de saúde do trabalhador na atenção básica (grifo nosso);
III - pela implementação das ações de vigilância e promoção em saúde do trabalhador;
IV - pela instituição e indicação de serviços de ST de retaguarda, de média e alta complexidade
já instalados, aqui chamados de Rede de Serviços Sentinela; e
V - pela caracterização de Municípios Sentinela em Saúde do Trabalhador.
PORTARIA MS Nº 1.956, de 14 de agosto de 2007
“...define que a gestão e a coordenação das ações relativas à Saúde do Trabalhador, no âmbito do
Ministério da Saúde, sejam exercidas pela Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS)”.
DECRETO Nº 6.860, de 27 de maio de 2009
Formaliza o Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador, com 2
Coordenações-Gerais: Coordenação-Geral de Vigilância em Saúde Ambiental e Coordenação-
Geral de Saúde do Trabalhador.
Art. 35 – À SVS compete:
I – coordenar a gestão do Sistema Nacional de Vigilância em Saúde, integrado por:
f) a Política Nacional de Saúde do Trabalhador.
PORTARIA MS Nº 3.252, de 22 de dezembro de 2009“...aprova as diretrizes para execução e
financiamento das ações de Vigilância em Saúde (VS) pela União, Estados, Distrito Federal e
Municípios e dá outras providências.”
Representa uma atualização normativa da VS, tendo em vista o Pacto pela Saúde e o processo
de planejamento do SUS.
79
“Art. 2º – A Vigilância em Saúde constitui-se de ações de promoção da saúde da população,
vigilância, proteção, prevenção e controle das doenças e agravos à saúde, abrangendo:
V - vigilância da ST: visa à promoção da saúde e à redução da morbimortalidade da população
trabalhadora, por meio da integração de ações que intervenham nos agravos e seus determinantes
decorrentes dos modelos de desenvolvimento e processos produtivos.”
“Art. 4º A Vigilância em Saúde, visando à integralidade do cuidado, deve inserir-se na
construção das redes de atenção à saúde, coordenadas pela Atenção Primária à Saúde.
Art. 5º – A integração entre a VS e a APS é condição obrigatória para construção da integralidade
na atenção e para o alcance de resultados ...” (grifo nosso)
Portaria MS Nº 2.472, de 31 de agosto de 2010
Relação de doenças, agravos e eventos em saúde pública de notificação compulsória em todo o
território nacional.
Inclusão no ANEXO I – Lista de Notificação Compulsória – LNC: 23. Intoxicações Exógenas
(por substâncias químicas, incluindo agrotóxicos, gases tóxicos e metais pesados);
ANEXO III – Lista de Notificação Compulsória em Unidades Sentinelas – LNCS: 1. Acidente
com exposição a material biológico relacionado ao trabalho; 2. Acidente de trabalho com
mutilações; 3. Acidente de trabalho em crianças e adolescentes; 4. Acidente de trabalho fatal; 5.
Câncer Relacionado ao Trabalho; 6. Dermatoses ocupacionais; 7. Distúrbios Ostemusculares
Relacionados ao Trabalho (DORT); 9. Perda Auditiva Induzida por Ruído - PAIR relacionada ao
trabalho; 10. Pneumoconioses relacionadas ao trabalho; 13. Transtornos Mentais Relacionados
ao Trabalho.
PORTARIA Nº 1.823, DE 23 DE AGOSTO DE 2012 - Institui a Política Nacional de Saúde do
Trabalhador e da Trabalhadora (PNSTT).
PORTARIA Nº 204, DE 17 DE FEVEREIRO DE 2016 - Define a Lista Nacional de Notificação
Compulsória de doenças, agravos e eventos de saúde pública nos serviços de saúde públicos e
privados em todo o território nacional, nos termos do anexo, e dá outras providências.
PORTARIA Nº 205, DE 17 DE FEVEREIRO DE 2016 - Define a lista nacional de doenças e
agravos, na forma do anexo, a serem monitorados por meio da estratégia de vigilância em
Unidades Sentinelas e suas diretrizes.
Fonte: Elaborado com adequações pela autora
VI Normas Regulamentadoras
As Normas Regulamentadoras - NR, relativas à segurança e medicina do
trabalho, são de observância obrigatória pelas empresas públicas, privadas e
pelos órgãos públicos da administração direta e indireta, bem como pelos órgãos
dos Poderes Legislativo e Judiciário, que possuam empregados regidos pela
Consolidação das Leis do Trabalho - CLT. O não cumprimento das disposições
legais e regulamentares sobre segurança e medicina do trabalho acarretará ao
empregador a aplicação das penalidades previstas na legislação pertinente.
Constitui ato faltoso a recusa injustificada do empregado ao cumprimento de
suas obrigações com a segurança do trabalho.
80
As Normas Regulamentadoras vigentes estão listadas abaixo:
NR 01 Disposições Gerais
NR 02 Inspeção Prévia
NR 03 Embargo ou Interdição
NR 04 Serviços Especializados em Eng. de Segurança e em Medicina do Trabalho
NR 05 Comissão Interna de Prevenção de Acidentes
NR 06 Equipamentos de Proteção Individual – EPI
NR 07 Programas de Controle Médico de Saúde Ocupacional
NR 08 Edificações
NR 09 Programas de Prevenção de Riscos Ambientais
NR 10 Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade
NR 11 Transporte, Movimentação, Armazenagem e Manuseio de Materiais
NR 12 Máquinas e Equipamentos
NR 13 Caldeiras e Vasos de Pressão
NR 14 Fornos
NR 15 Atividades e Operações Insalubres
NR 16 Atividades e Operações Perigosas
NR 17 Ergonomia
NR 18 Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção
NR 19 Explosivos
NR 20 Líquidos Combustíveis e Inflamáveis
NR 21 Trabalho a Céu Aberto
NR 22 Segurança e Saúde Ocupacional na Mineração
NR 23 Proteção Contra Incêndios
NR 24 Condições Sanitárias e de Conforto nos Locais de Trabalho
NR 25 Resíduos Industriais
NR 26 Sinalização de Segurança
NR 27 Registro Profissional do Técnico de Segurança do Trabalho no MTB (Revogada pela
Portaria GM n.º 262/2008)
NR 28 Fiscalização e Penalidades
NR 29 Segurança e Saúde no Trabalho Portuário
NR 30 Segurança e Saúde no Trabalho Aquaviário
NR 31 Segurança e Saúde no Trabalho na Agricultura, Pecuária Silvicultura, Exploração
Florestal e Aquicultura
81
NR 32 Segurança e Saúde no Trabalho em Estabelecimentos de Saúde
NR 33 Segurança e Saúde no Trabalho em Espaços Confinados
NR 34 Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção e Reparação
Naval
NR 35 Trabalho em Altura
NR 36 Segurança e Saúde no Trabalho em Empresas de Abate e Processamento de Carnes e
Derivados
NRR 1 Disposições Gerais (Revogada pela Portaria MTE 191/2008)
NRR 2 Serviço Especializado em Prevenção de Acidentes do Trabalho Rural (Revogada pela
Portaria MTE 191/2008)
NRR 3 Comissão Interna De Prevenção De Acidentes Do Trabalho Rural (Revogada pela
Portaria MTE 191/2008)
NRR 4 Equipamento De Proteção Individual – EPI (Revogada pela Portaria MTE 191/2008)
NRR 5 Produtos Químicos (Revogada pela Portaria MTE 191/2008)
Fonte: http://www.guiatrabalhista.com.br/legislacao/nrs.htm
VII Diferença entre Saúde Ocupacional, Junta Médica dos Municípios e
Saúde do Trabalhador:
Saúde do Trabalhador Conjunto de ações de vigilância visando à
promoção, à proteção, à recuperação e à
reabilitação da saúde dos trabalhadores
submetidos a riscos e agravos advindos dos
processos de trabalho.
Saúde Ocupacional Serviços Especializados em Engenharia de
Segurança e em Medicina do Trabalho
(SESMT) das empresas
Junta Médica Órgão municipal responsável pela avaliação da
capacidade laborativa do servidor público
municipal e/ou contratado e atua sempre que
solicitada pelo Servidor ou pela Administração
Fonte: Elaborado com adequações pela autora