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Caderno Profuncionário

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  • Rede e-Tec Brasil1

    Fundamentos e Prticas na EaD

    Artemilson Alves de Lima

    Cuiab - MT2012

    UFMT

  • Brasil. Ministrio da Educao. Secretaria de Educao Profissional e Tecnolgica. B823 Fundamentos e Prticas na EaD / Artemilson Alves de Lima, -- edio revisada e atualizada. Cuiab; Universidade Federal de Mato Grosso / Rede e-Tec Brasil, 2012 62 p. : il. (Curso tcnico de formao para os funcionrios da educao. Profuncionrio; 10) ISBN 1. Profissionais da educao. 2. Educao a distncia. I. Lima, Artemilson Alves Cabral de. II. Ttulo. III. Srie.

    2012 CDU 37.018.43

    Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP)

    Catalogao na fonte: Maurcio S.de Oliveira CRB/1-1860.

  • Presidncia da Repblica Federativa do Brasil

    Ministrio da Educao

    Secretaria de Educao Profissional e Tecnolgica

    Diretoria de Integrao das Redes EPT

    Este caderno foi elaborado em parceria entre o Ministrio da Educao e a Universidade Federal de Mato Grosso para a Rede e-Tec Brasil.

    Equipe de Elaborao

    Universidade Federal de Mato Grosso UFMT

    Coordenao InstitucionalCarlos Rinaldi

    Coordenao de Produo de Material Didtico ImpressoPedro Roberto Piloni

    Designer EducacionalNeure Rejane Alves da Silva

    Designer MasterMarta Magnusson Solyszko

    IlustraoTatiane Hirata

    DiagramaoVernica Hirata

    Reviso de Lngua PortuguesaVernica Hirata

    Projeto GrficoRede e-Tec Brasil/UFMT

  • Rede e-Tec Brasil5

    Prezado estudante,

    Bem-vindo Rede e-Tec Brasil!

    Voc faz parte de uma rede nacional pblica de ensino, a Rede e-Tec Brasil, institu-da pelo Decreto n 7.589/2011, com o objetivo de democratizar o acesso ao ensino tcnico pblico, na modalidade a distncia. O programa resultado de uma parceria entre o Ministrio da Educao, por meio da Secretaria de Educao Profissional e Tecnolgica (Setec), as universidades e escolas tcnicas estaduais e federais.

    A educao a distncia no nosso pas, de dimenses continentais e grande diversida-de regional e cultural, longe de distanciar, aproxima as pessoas ao garantir acesso educao de qualidade, e promove o fortalecimento da formao de jovens morado-res de regies distantes, geograficamente ou economicamente, dos grandes centros.

    A Rede e-Tec Brasil leva os cursos tcnicos a locais distantes das instituies de ensi-no e para a periferia das grandes cidades, incentivando os jovens a concluir o ensino mdio. Os cursos so ofertados pelas instituies pblicas de ensino e o atendimento ao estudante realizado em escolas-polo integrantes das redes pblicas municipais e estaduais.

    O Ministrio da Educao, as instituies pblicas de ensino tcnico, seus servidores tcnicos e professores acreditam que uma educao profissional qualificada inte-gradora do ensino mdio e educao tcnica capaz de promover o cidado com capacidades para produzir, mas tambm com autonomia diante das diferentes di-menses da realidade: cultural, social, familiar, esportiva, poltica e tica.

    Ns acreditamos em voc!Desejamos sucesso na sua formao profissional!

    Ministrio da EducaoMaro de 2012

    Nosso [email protected]

    Apresentao Rede e-Tec Brasil

  • Rede e-Tec Brasil7

    Ol, caro estudante!

    Inicio nossa conversa fazendo algumas perguntas: esta-mos de fato conversando? O que est acontecendo que faz voc pensar e sentir que estamos em dilogo? Voc pode imaginar que comigo tambm ocorre essa busca de estabelecer um ambiente de conversa? Enfim, mas como pode-mos nos sentir em dilogo sem recorrermos ao telefone e estando, quem sabe, a um, duzentos ou milhares de quilmetros distantes um do outro?

    Pois bem, ao desenvolver esse material, a grande motivao est em torno de questes como essa. Querer se comunicar superando as barreiras da distncia fsica, imagine voc, e adicionar a esse fator elementos que propiciem condies de estudo, aprendizagem e au-toavaliao? Percebe que estamos falando de desafios que ns, ho-mens e mulheres, ao longo da histria, nos colocamos para atender s necessidades, sejam elas individuais ou coletivas, de ordem pessoal ou profissional, de mbito de organizaes ou de Estado, enfim, precisa-mos nos comunicar para nos proporcionar aquilo que sei que existe, mas est fora do alcance das mos.

    Mas, conforme mudanas vo ocorrendo nas relaes humanas, tec-nolgicas e de trabalho, os meios para viabilizar essa comunicao tambm vo se modificando. Sobre isso, algumas pessoas podem es-tar se sentindo mais desafiadas, uma vez que, alm do aprendizado e formao que se quer alcanar, requer uma superao das novidades do universo da informtica. Quanto a isso, acredito que ser secund-rio, tanto no estudo deste caderno quanto na participao no progra-ma Profuncionrio, pois o grande foco tornar efetiva a comunicao a distncia, e com isso gerar o que aqui o nosso propsito que permitir que haja formao continuada por meio da modalidade de educao a distncia.

    Mensagem do professor-autor

    Artem

    ilson

  • Fundamentos e Prticas na EaDRede e-Tec Brasil 8Rede e-Tec Brasil

    Diante disso, volto s perguntas iniciais: conseguimos dialogar, nos co-municar e colaborar para um processo de educao? Ouso responder que sim, pois ao ler voc tambm esteve ativo nesta conversa, pois pensava, refletia, se autorrespondia, desejava me dizer que sim ou que no, quem sabe at gerou uma segunda conversa com algum que pode estar ao seu lado. Alm dessas situaes, sabe o que est buscando com a leitura deste texto, e de minha parte sei o que se pretende com esse programa - portanto, nos comunicamos. Quanto ao uso das ferramentas que aqui adotamos, poder verificar durante o estudo quais foram os recursos e ferramentas necessrios.

    isso. Espero que, ao ler, estudando este caderno, sinta-se motivado a enxergar as vrias e diferentes situaes e formas que voc utiliza ou j utilizou para entender e ser entendido, mesmo a distncia.

    Bons estudos!

  • Rede e-Tec Brasil9

    Apresentao da Disciplina

    Caro estudante,

    Atravs desta disciplina, voc ter acesso a informaes que iro aju-d-lo a compreender melhor o que e como se estrutura um curso ou programa de Educao a Distncia.

    A disciplina de Fundamentos e Prticas na EaD est estruturada em 5 unidades e tem como objetivo compreender o papel das tecnologias da informao e comunicao nos processos de ensino-aprendiza-gem, como tambm os principais aspectos e elementos constitutivos da Educao a Distncia como sistema de ensino.

    A primeira unidade tem como foco a introduo das questes bsicas para voc. Estas dizem respeito tecnologia, bem como a compreen-so de qual papel as tecnologias tm na vida cotidiana.

    Na segunda unidade, veremos questes mais especficas da EaD. Nes-sa etapa voc poder reconhecer o processo de evoluo das tecno-logias da informao e da comunicao. Esse reconhecimento opor-tunizar a percepo das implicaes mais relevantes dessas TICs no nosso cotidiano.

    Na terceira unidade apresentaremos o conceito de Educao a Dis-tncia, bem como suas principais caractersticas. Sero abordados o processo de evoluo da EaD no Brasil e no mundo, os fundamentos bsicos dessa modalidade de ensino e ainda as as diferenas entre ela e o ensino presencial. nessa unidade que ser possvel verificar como se estrutra a EaD e que rumos e dilemas so desafios para essa modalidade de ensino no presente.

    Em seguida, na unidade 4, os modelos e sistemas de educao a dis-tncia podero ser conferidos. Na mesma unidade ser possvel verifi-car a diferena entre Educao a Distncia e Aprendizagem Aberta. O contedo disponibilizar ainda o reconhecimento da estrutura dos cur-sos em seus diferentes nveis, sistemas e subsistemas de organizao.

  • Fundamentos e Prticas na EaDRede e-Tec Brasil 10Rede e-Tec Brasil

    Finalizando, na unidade 5 o tema ser as mdias e materiais na EaD. Mostraremos o papel das mdias e ferramentas utilizadas na EaD. A importncia do material didtico poder ser reconhecida nessa uni-dade, asssim como ser percebida a evoluo do uso das mdias e a forma como integram atualmente os processos de ensino e aprendi-zagem.

    Entende-se que esta disciplina de fundamental importncia em qual-quer curso ou situao de ensino que envolva a mediao pedaggica a distncia, visto que capacita o estudante para entender o funciona-mento bsico de um sistema de EaD tanto no que se refere ao uso das ferramentas tecnolgicas, quanto nos aspectos pedaggicos inerentes prtica nessa modalidade especfica.

  • Rede e-Tec Brasil11

    Indicao de cones

    Os cones so elementos grficos utilizados para ampliar as formas de linguagem e facilitar a organizao e a leitura hipertextual.

    Ateno: indica pontos de maior relevncia no texto.

    Saiba mais: remete o tema para outras fontes: livro, revista, jornal, artigos, noticirio, internet, msica etc.

    Dicionrio: indica a definio de um termo, palavra ou expresso utilizada no texto.

    Em outras palavras: apresenta uma expresso de forma mais simples.

    Pratique: so sugestes de: a) atividades para reforar a compreen-so do texto da Disciplina e envolver o estudante em sua prtica; b) atividades para compor as 300 horas de Prtica Profissional Supervi-sionada (PPS), a critrio de planejamento conjunto entre estudante e tutor.

    Reflita: momento de uma pausa na leitura para refletir/escre-ver/conversar/observar sobre pontos importantes e/ou questio-namentos.

  • Fundamentos e Prticas na EaDRede e-Tec Brasil 12Rede e-Tec Brasil

  • Rede e-Tec Brasil13

    Contents

    Unidade 1 Tecnologia: Conceitos fundamentais e teorias 151.1 Tecnologia conceitos e fundamentos 16

    1.2 Construindo um conceito de tecnologia 18

    1.3 Teorias - diferentes modos de ver a tecnologia. 21

    Unidade 2 As tecnologias da informao e da comunicao no nosso cotidiano 23

    2.1 Da argila ao computador 24

    2.2 Um mundo em rede 26

    2.3 Apocalpticos ou integrados? 28

    Unidade 3 O que Educao a Distncia 313.1 EaD? O que isso? 32

    3.2 EaD: modalidade, metodologia ou tecnologia? 33

    3.3 EaD x ensino presencial 36

    Unidade 4 Modelos e sistemas de educao a distncia 394.1 Educao a distncia e educao aberta 40

    4.2 Nveis de Educao a Distncia 42

    4.3 Programas e cursos 43

    Unidade 5 Mdias e materiais didticos na EaD 475.1 O material didtico na Educao a distncia 49

    5.2 As mdias e ferramentas ou o material didtico? 53

    5.3 A importncia das mdias e ferramentas na EaD 56

    Palavras Finais 59

    Referncias 60

    Currculo do professor-autor 62

    Sumrio

  • Unidade 1

    Tecnologia: Conceitos fundamentais

    e teorias

    Objetivos

    1. Conceituar tecnologia;

    2. Identificar as tendncias tericas sobre o conceito de tecnologia;

    3. Reconhecer as vrias formas de tecnologias que esto presentes no meio em que se vive.

  • Fundamentos e Prticas na EaDRede e-Tec Brasil 16

    1.1.1 ...e o homem criou as ferramentas muito comum falarmos em tecnologia e pensarmos somente nas coisas modernas que nos cercam: eletrodomsticos, carros, computa-dores, mquinas etc. Mas importante saber que a tecnologia um processo que acompanha o homem desde o momento em que ele comeou a se diferenciar dos demais animais. Alis, foi atravs dela que o homem conseguiu se distinguir dos outros animais.

    Esse processo foi longo e comeou h mais de 40 mil anos do presente. No incio, o homem vivia numa relao de dependncia total da natureza. Tudo o que ele precisava para sobreviver era reti-

    rado dela, inicialmente atravs da coleta e da caa. Nesse momento, as nicas armas que o homem dispunha para realizar essas ta-refas eram suas mos, pois elas j no ser-viam apenas para apoiar o corpo quando

    ele caminhasse. Agora as suas mos tinham tambm funo prensil, pois o homem contava

    com o dedo polegar opositor, o que facilitou bas-tante o manuseio de ferramentas que ele viria a desenvolver no futuro.

    A nossa primeira aula trata de uma temtica que est muito pre-

    sente no nosso cotidiano: a tecnologia. Todos os dias, usamos

    uma infinidade de objetos que esto presentes nos ambientes

    nos quais vivemos: despertador, o chuveiro, o sabonete, a ca-

    feteira ou a garrafa trmica, o carro, as roupas, o computador,

    enfim.... tudo que, de certa forma, faz parte do nosso cotidiano,

    objetos com os quais j nos acostumamos e sem os quais no

    conseguimos viver. Eles so o que, comumente, chamamos de

    tecnologias. Mas... ser mesmo que o termo tecnologia pode ser

    definido somente a partir desses objetos? Vejamos:

    1.1 Tecnologia conceitos e fundamentos

  • Rede e-Tec BrasilUnidade 1 - Tecnologia: Conceitos fundamentais e teorias 17

    E foi atravs da produo dessas ferramentas que o homem se afirmou como dominante na superfcie da Terra. Esse processo tambm foi len-to. possvel que esse desenvolvimento tenha se dado em trs estgios.

    O primeiro estgio desse processo foi quando o homem comeou a se-lecionar paus e pedras que, de certa forma, servissem para serem usados nas tarefas de caa e defesa. Em seguida, algumas dessas peas que o homem descobriu prestarem-se ao uso especfico foram sendo recolhi-das e guardadas para serem utilizadas posteriormente. Por fim, chegou--se prpria fabricao dos instrumentos, a princpio como meras cpias dos instrumentos originais e, mais tarde, segundo modelos padroniza-dos, o que permitiu uma gradual diferenciao das ferramentas.

    A partir dessa ltima fase, comea um processo de aperfeioamento dos instrumentos que garantem ao homem ir se tornando cada vez mais independente da natureza. E, quanto mais ele aperfeioa suas ferramentas, mais se distancia do seu estado natural e se humaniza.

    Aqui comeou tambm um processo diferenciado de relao do ho-mem com o seu meio, pois ele passou a elaborar e a planejar a fabrica-o das ferramentas, o que implicou, consequentemente, o desenvol-vimento de certa racionalidade que, a cada dia, ia sendo reelaborada, medida que o homem descobria e aperfeioava novos instrumentos. Essa capacidade de aplicar um conhecimento para criar ou redefinir um artefato ou modo de se relacionar com o meio constitui as primei-ras formas de expresso da tecnologia.

    O FOGO

    Um dos eventos mais importantes para a evoluo do homem foi o fogo. A partir de sua descoberta, o homem mudou, funda-mentalmente, sua forma de se relacionar com o meio, pois o fogo garantiu maior segurana contra feras, aquecimento em tempos de baixas temperaturas, iluminao de lugares muito escuros e, mais tarde, cozimento de alimentos... Entretanto, o homem s o controla quando descobre a tcnica de produzi--lo. A partir da, desenvolve e aperfeioa uma srie de tcni-cas elaboradas previamente e combinadas, que resultam na consolidao da tecnologia de produo do fogo.

  • Fundamentos e Prticas na EaDRede e-Tec Brasil 18

    Com o passar do tempo, a capacidade do homem de criao e recria-o dos instrumentos se tornou to sofisticada que ele passou a atuar sobre a natureza, adaptando-a a suas necessidades, transformando-a artificialmente, criando novas paisagens com a construo de casas, edifcios, estradas, represas, moinhos..Com a revoluo industrial, vie-ram as mquinas, os novos meios de transportes, como os autom-veis, novas formas de produo de energia, como a eltrica, trmica, atmica, e artefatos variados que no s serviram para o desenvolvi-mento do progresso, mas foram usados para a sua prpria destruio, at chegar aos dias atuais, em que, cada dia mais, a tecnologia deter-mina a forma de viver do homem contemporneo.

    Ao fazer essa atividade, prossiga na aula. Caso encontre algu-mas dificuldades, retome a leitura a que ela faz referncia.

    Agora, reflita sobre esse processo inicial de surgimento fazendo a se-guinte atividade:

    Releia, no texto acima, o trecho referente s trs etapas de surgimento das primeiras ferramentas. Escolha a que voc acredita ser a primeira forma de desenvolvimento da tecnologia e explique por que voc es-colheu essa etapa.

    1.2 Construindo um conceito de tecnologiaJ falamos bastante sobre tecnologia, mas, at agora, voc deve estar se perguntando o que significa a palavra, certo? Pois bem: voc deve ter um significado prprio para o termo, no mesmo? Ento comece por escrever sua definio do que vem a ser tecnologia. Em seguida, procure, no dicionrio, o verbete tecnologia. Depois compare as duas definies e repare quais elementos novos o dicionrio acrescen-ta ao seu conceito ou que definio dada pelo autor complementa ou contradiz a sua. Observou que a palavra tecnologia polissmica? Que tem vrios significados?

    Ento vejamos, na lateral, como aparece o significado de tecnologia ...

    Como o significado do dicionrio serve como ponto de partida para aprofundarmos um pouco mais as reflexes sobre o conceito de tec-

    1. Teoria geral e/ou estudo sistemtico sobre tcnicas,

    processos, mtodos, meios e instrumentos de um ou mais

    ofcios ou domnio da atividade humana (por ex., indstria, cincia

    etc.) 2. Tcnica ou conjunto de tcnicas de um domnio particular.

    3. Qualquer tcnica moderna e complexa. (HOUAISS, 2001, p.

    2683)

  • Rede e-Tec BrasilUnidade 1 - Tecnologia: Conceitos fundamentais e teorias 19

    nologia, visto que ele passou por um processo de evoluo. Vejamos como se deu esse processo.

    1.2.1 A Evoluo de um conceito Na Idade Mdia, usava-se o termo ars (arte). Aos poucos, o termo ars mechanica foi dando lugar ao que depois ser a tcnica propria-mente dita.

    Na Idade Moderna, a viso que se construiu sobre a tecnologia era mais ou menos parecida com a que usada na atualidade, ou seja, a de conhecimento aplicado no sentido de contribuir concretamen-te com o bem-estar da humanidade. Francis Bacon (1561-1626) foi o principal porta-voz dessa ideia. Ainda durante a Idade Moderna, os en-ciclopedistas incorporaram, pela primeira vez, a viso que unia saber e cincia, de modo que a tecnologia passasse a se configurar como um corpo de conhecimentos que, alm de usar o mtodo cientfico, cria e/ou transforma processos materiais (SANCHO, 1998, p. 29).

    Nos primrdios do sculo XX, o termo tecnologia designava um cres-cente conjunto de meios, processos e ideias, alm de ferramentas e mquinas e, em meados do sculo, passou-se comumente a definir tecnologia como os meios ou atividades por meio do qual os seres humanos tentam mudar ou manipular o seu ambiente ou ainda ci-ncia ou conhecimento aplicado. Porm, nas sociedades industriais e, em particular, nas ps-industriais, que a tecnologia ganha corpo como um fenmeno gerador. medida que o homem interage com a tecnologia no sentido transform-la ou recri-la, tambm mudado por ela, uma vez que esta passa a ser vista como um prolongamen-to dos sentidos e das habilidades naturais do ser humano, pelo de-senvolvimento de tcnicas e meios de comunicao (SHALLIS, 1984 apud SANCHO, 1998, p. 30).

    Na dcada de 1960, Marshall McLuhan afirma que as ferramentas so extenso do prprio homem. Por exemplo: a caneta seria uma exten-so da mo, a cmera fotogrfica uma extenso do prprio olho, a roupa uma extenso da pele, e assim por diante. Para ele, a tecnolo-gia, na medida em que construda, constri o homem. Foi ele quem cunhou a frase: O homem constri as ferramentas; as ferramentas constroem o homem.

    Francis BaconFonte: Wikimedia Commons

    Terico da comunicao e educador canadense (21/7/1911-31/12/1980). Criador da frase o meio a mensagem, para definir a influncia da televiso, entre outros meios eletrnicos de informao, no modo de pensar da sociedade ocidental contempornea. Entre suas obras mais importantes esto O meio a mensagem: Um inventrio dos efeitos, escrita com Quentin Fiore, em 1967, e A galxia de Gutenberg, na qual apresenta o conceito de aldeia global para definir a sociedade eletrnica emergente de seu tempo.Fonte: http://www.algosobre.com.br/biografias/marshall-mcluhan.html.

    Marshall McLuhanFonte: CBC.CA

  • Fundamentos e Prticas na EaDRede e-Tec Brasil 20

    Chegamos a um ponto bastante avanado de nossa investigao. J sabemos que definir tecnologia no to simples quanto poderia parecer. Sabemos tambm que o conceito de tecnologia evoluiu e mudou conforme o referencial de cada sociedade, em cada poca de-terminada. Vamos agora conhecer como A. E. Rosenblueth concebe e classifica as tecnologias.

    Rosenblueth (1980 apud SANCHO, 1998, p. 31), estabeleceu a se-guinte classificao das tecnologias atuais:

    a) Materiais fsicas: engenharia civil, eltrica, eletrnica, nuclear e espacial; qumicas: inorgnica e orgnica; bioqumica: farmacolo-gia, bromatologia; biolgicas: agronomia, medicina, bioengenharia;

    b) Sociais psicolgicas: psiquiatria e pedagogia, psicossociolgicas, psicologia industrial, comercial e blica; sociolgicas: sociologia e cincia poltica aplicadas, urbanismo e jurisprudncia; econmicas: cincias da administrao, pesquisas operacionais e blicas;

    c) Conceituais informtica;

    d) Teorias de sistemas teoria de autmatos, teoria da informao, teoria dos sistemas lineares, teorias do controle, teorias da otimi-zao etc.

    Como voc pde observar, o conceito de tecnologia aqui se expandiu bastante, no verdade? Agora no podemos mais nos ater defini-o de tecnologia recorrendo apenas aos materiais. Perceba que ela abrange tambm teorias e processos. Analisando essa classificao, podemos concluir que existem dois campos bem definidos, que po-demos chamar de tecnologias dos materiais (duras) e tecnologias dos processos de gesto (flexveis). As primeiras referem-se aos pro-cessos tcnicos de produo dos instrumentos utilizados pelo homem, desde os artefatos mais simples at os mais sofisticados. As segundas designam os processos de gesto e controle das relaes que se esta-belecem na sociedade, desde as mais superficiais e circunstanciais at s mais complexas e sofisticadas.

    Elabore um quadro listando as classificaes propostas por Ro-senblueth (1980 apud SANCHO, 1998, p. 31) e, frente de cada uma, associe pelo menos um exemplo que voc conhece.

    Ex: Materiais Engenharia civil ponte, estrada.

  • Rede e-Tec BrasilUnidade 1 - Tecnologia: Conceitos fundamentais e teorias 21

    1.3 Teorias - diferentes modos de ver a tecnologia.Assim como o conceito de tecnologia evoluiu de acordo com a con-cepo de mundo de cada poca, no sculo XX surgiram vrias cor-rentes de estudo sobre o assunto que acabou por definir maneiras diferentes de conceber a tecnologia. Podemos relacionar quatro cor-rentes principais:

    1. A teoria instrumental. Corresponde viso do senso comum, se-gundo a qual as tecnologias so ferramentas que tm objetivo de servir aos fins dos que delas fazem uso. a viso da tecnologia como objeto;.

    2. A teoria substantiva. A tecnologia no um simples meio, mas se transformou em um ambiente e em uma forma de vida: este o seu impacto substantivo;.

    3. A teoria crtica. A tecnologia seria um campo de luta social ou talvez uma metfora, melhor seria um parlamento das coisas no qual formas alternativas so debatidas e discutidas. (CARVALHO, 2007);

    4. A teoria construtivista. Para essa corrente de pensamento, no h como separar tecnologia de sociedade, pois o processo de cria-o e produo , sobretudo, social. Os sujeitos sociais respons-veis por esse processo e pelo uso das tecnologias criadas a partir dele esto em permanente processo de negociao com elas e da resultam os modelos sociais especficos de cada sociedade.

    A partir da exposio acima, podemos perceber que discutir a tecno-logia uma questo bem mais complexa do que pensamos, e que impossvel enxerg-la apenas por um ngulo. Ainda podemos concluir que inconcebvel discutir tecnologia desvinculando-a da sociedade, pois ela no um ente exterior aos processos sociais ao contrrio, resultado e, ao mesmo tempo, resultante dos processos sociais.

    Para que voc aprofunde mais um pouco o que foi discutido nesta aula sobre tecnologia, sugerimos que assista ao filme A Guerra do Fogo, que tambm vai ajud-lo a entender melhor como ocorreu o processo inicial de desenvolvimento da tecnologia.

    A GUERRA DO FOGO. Diretor: Jean-Jaques Arnaud. 141 min. Produo: AMLF, ICC Belstar, Stephan Films, Frana/Canad:1981.

  • Fundamentos e Prticas na EaDRede e-Tec Brasil 22

    RESUMO

    Nesta unidade, estudamos como se deu o processo inicial de desen-

    volvimento da tecnologia e como ela foi determinante na diferen-

    ciao do homem em relao aos demais animais; como o conceito

    de tecnologia evoluiu ao longo do tempo e qual a importncia de

    compreendermos bem suas diversas correntes tericas. Ainda espe-

    ramos que voc tenha compreendido o quanto importante para um

    estudante do Profuncionrio conceber a tecnologia para muito mais

    alm da simples identificao de artefatos que so por ns produzi-

    dos e/ou utilizados, e que esses artefatos, na verdade, so resultado

    da combinao de conhecimentos socialmente construdos, a partir

    de sua aplicao tcnica em processos sociais complexos.

    Observe o cotidiano de sua cidade, identifique e liste um con-junto de tecnologias e, em seguida, classifique-as. Escolha uma delas e descreva de que maneira ela faz parte de sua vida, en-

    fatizando as facilidades que ela lhe trouxe.

  • Rede e-Tec BrasilUnidade 2 - As tecnologias da informao e da comunicao no nosso cotidiano 23

    Unidade 2

    As tecnologias da informao e da comunicao no nosso cotidiano

    Objetivos

    1. Reconhecer o processo de evoluo das Tecnologias da Informao e da Comunicao (TICs);

    2. Identificar as principais caractersticas das TICs;

    3. Perceber as principais implicaes das TICs no nosso cotidiano.

  • Fundamentos e Prticas na EaDRede e-Tec Brasil 24

    Caro estudante,

    Na nossa primeira aula, voc teve a oportunidade de aprender,

    entre outras coisas, que tecnologia bem mais que os artefatos

    e instrumentos materiais que manuseamos cotidianamente, e

    que, atravs do desenvolvimento tecnolgico, o homem conse-

    guiu se diferenciar dos demais animais e dominar mecanismos

    de transformar o meio, adaptando-o s suas necessidades.

    Agora, voc vai se deparar com um conjunto especfico de tecno-

    logias as TICs (Tecnologias da Informao e da Comunicao)

    e verificar como elas modificaram as relaes humanas, rede-

    finiram padres de comportamento e transformaram conceitos.

    Como na unidade anterior, oportunizaremos contatos com textos

    e atividades que lhe ajudaro a compreender, de maneira crtica,

    qual a importncia dessas tecnologias no seu dia a dia e por que

    importante que um aluno de um curso a distncia esteja cons-

    ciente do papel delas no seu cotidiano.

    2.1 Da argila ao computador Voc j prestou ateno que, atualmente, estamos cercados de apare-lhos que facilitam muito a nossa comunicao, no mesmo? Reflita e faa uma lista desses objetos que, diariamente, voc utiliza para se comunicar com pessoas ou instituies.

    Observe que todos eles no teriam sentido de existncia se no hou-vesse uma mensagem oral ou escrita sendo enviada por meio deles. Pois bem... a linguagem gestual ou falada foi a primeira forma de comunicao entre os homens. Ela se desenvolveu, evidentemente, da necessidade de comunicao entre eles, ao mesmo tempo em que desenvolviam meios que o ajudaram no processo de controle do am-biente em que viviam. A partir da, a comunicao entre grupos e in-divduos evoluiu at chegar na escrita. A escrita s foi possvel porque, antes, se criou o alfabeto.

  • Rede e-Tec BrasilUnidade 2 - As tecnologias da informao e da comunicao no nosso cotidiano 25

    Certamente voc deve estar se pergun-tando o que tem a ver a linguagem fala-da e a escrita com o tema desta unidade. Porm, essa breve reflexo tem exata-mente o objetivo de lhe mostrar que a fala articulada e a escrita foram funda-mentais para a evoluo da conscincia humana e para a organizao do pen-samento. Quando o homem definiu pa-dres de organizao da fala, criando os dialetos e mais tarde os idiomas, e criou o alfabeto, organizando da a escrita, ele estava exatamente desenvolvendo as pri-meiras tecnologias da comunicao.

    [...] a escrita permite uma situao prtica de comunicao radicalmen-

    te nova. Pela primeira vez os discursos podem ser separados das cir-

    cunstncias particulares em que foram produzidos [...] com a escrita,

    as representaes perduram em outros formatos que no o canto ou a

    narrativa, tendncia ainda maior quando se passa do manuscrito ao im-

    presso e medida em que o uso dos signos escriturrios torna-se mais

    intenso e difundido na sociedade (LVI, 1999, p. 89 e 92).

    Antes da escrita, o que existia era a oralidade, meio de comunicao por meio do qual os grupos e indivduos perpetuavam as tradies e transmitiam os conhecimentos de gerao para gerao. Depois da es-crita, o homem passou a registrar os conhecimentos de maneira siste-mtica e organizada, o que facilitou muito os processos comunicativos.

    O surgimento da escrita, alm de garantir o registro das aes e pensamentos huma-nos, possibilitou ao homem transmitir mensagens das mais variadas formas: desde as placas de argila da escrita cuneiforme, na Mesopotmia,

    passando pelos pergaminhos no Egito Antigo, o uso do papel na Chi-na, o livro impresso, at chegar ao computador.

    Voc sabia que os indianos faziam livros de folhas de palmeiras? Os maias e os astecas, em forma de sanfona, de um material existente entre a casca da rvore e sua madeira? Os chineses, por sua vez, utilizavam rolos de seda para fazer seus livros, e os romanos escreviam em tbuas de madeira cobertas de cera?

  • Fundamentos e Prticas na EaDRede e-Tec Brasil 26

    A descoberta desses suportes para registro da es-crita possibilitou a comunicao atravs de cartas e bilhetes. Depois, com a Revoluo Industrial, fo-ram descobertas novas formas de comunicao. A principal delas foi a inveno do telefone, pelo italiano Antnio Meucci.

    No sculo XX, vrias invenes vieram facilitar a comunicao: o rdio, a TV, o computador e a internet. Hoje vivemos em um mundo em que as informaes e a comunicao se fazem de manei-ra to rpida que as noes de tempo e espao esto totalmente diferentes do que concebamos h 30 anos.

    Com base no que estudamos at aqui, reflita e responda:

    Qual a importncia da escrita para o estabelecimento da comu-nicao entre os povos? Registre em seu memorial.

    2.2 Um mundo em rede Voc pode achar que no um usurio do que h de mais sofisticado hoje em dia em matria de tecnologias da informao e da comu-nicao. Mas certamente deve usar, pelo menos, os aparelhos mais antigos, como telefone fixo, rdio, televiso e o servio de correio. Na verdade, essas tecnologias ainda so as que esto mais ao alcance da maior parte das pessoas. Alm delas e, em alguns casos, a partir delas , muitos outros suportes de comunicao foram inventados, e hoje, cada dia mais, se expandem e se sofisticam: o telefone celular, o fax, o computador e a internet, o sistema de teleconferncia via satlite, as videoconferncias... Enfim, uma infinidade de meios tec-nolgicos que se configuram como novas tecnologias e que comeam a fazer parte do cotidiano de muita gente, apesar de um nmero bem maior de pessoas ainda no ter acesso a esses meios.

    Pois bem... a evoluo dessas tecnologias, at chegar no nvel de sofisticao em que se encontram atualmente, provocou mudanas profundas na chamada sociedade ps-industrial, durante a segunda metade do sculo XX. A telecomunicao e a comunicao via tec-

  • Rede e-Tec BrasilUnidade 2 - As tecnologias da informao e da comunicao no nosso cotidiano 27

    nologias digitais encurtaram distncias e comprimiram o tempo. A nova noo de espao e tempo gerada pela velocidade das alteraes tecnolgicas aplicadas aos processos informativos e comunicativos uma realidade e uma das alteraes mais significativas. Por exemplo, hoje possvel presenciar eventos um telejornal, ou uma partida de futebol, ou um discurso de uma autoridade ao mesmo tempo em que eles acontecem, mesmo que eles estejam a milhares de quilme-tros distantes de quem assiste TV, sentado na poltrona de sua casa. J existem experincias at de cirurgias que so feitas com orientao a distncia, atravs da videoconferncia.

    Mas esses avanos no tm apenas implicaes nas dimenses tempo-rais e territoriais. Decorrentes das mudanas nessas dimenses, a socie-dade vem alterando profundamente as suas formas de interao, o que implica novos comportamentos e a modificao ou criao de novos valores, que se configuram pouco a pouco como padres prprios de um tipo de sociedade profundamente marcada pela cultura tecnolgica.

    Essa cultura, ou essas culturas, vm modificando tambm os sistemas de funcionamento da produo material e de conhe-cimento dessas sociedades, afetando diretamente os mecanis-mos de controle da produo, as polticas pblicas, o mercado de trabalho, a produo cientfica, entre outros. E esse um processo que avana no apenas nas sociedades desenvolvidas, mas tambm nas sociedades em desenvolvimento, nos lugares mais longnquos e imaginados.

    Mas como que voc percebe esse processo no seu dia a dia? Como voc tem sentido essas alteraes na sua comunidade?

    Prossiga na aula aps fazer esta atividade. Lembre-se de reto-mar a leitura caso encontre alguma dificuldade.

    Vimos que a descoberta da escrita foi um processo que revolucionou a comunicao entre os homens, porque permitiu uma situao prtica de comunicao radicalmente nova. E as tecnologias modernas da in-formao e da comunicao? Quais as transformaes que ocorreram com o surgimento, desenvolvimento e aperfeioamento delas? Anote suas concluses no memorial.

  • Fundamentos e Prticas na EaDRede e-Tec Brasil 28

    2.3 Apocalpticos ou integrados? Voc deve estar acostumado a um debate que se criou na sociedade sobre o uso de determinadas tecnologias. Provavelmente observou que existem, comumente, dois tipos predominantes: os que so des-lumbrados pelas novas tecnologias da informao e da comunicao e os que so cticos em relao a elas.

    Os primeiros, normalmente, gostam de enfatizar que essas tecnolo-gias seriam uma panaceia para todos os males da humanidade, ou seja, todos os problemas da humanidade seriam solucionados por meio das novas tecnologias. J os segundos acreditam que a maio-ria dos problemas da atualidade decorre do uso exacerbado dessas tecnologias. Talvez pudssemos parafrasear o escritor Umberto Eco e chamar os primeiros de integrados e os segundos de apocalpticos.

    Na verdade, se voc refletir bem, poder concluir que a forma mais in-teligente e recomendvel de estabelecermos uma relao com as no-vas tecnologias da informao e da comunicao no , de um lado, deslumbrando-nos de forma acrtica, enxergando-as como a panaceia para todos os males da humanidade. Por outro lado, no temos como neg-las, nem negar a enorme contribuio que essas tecnologias po-

    Cticos aqueles que duvidam de tudo; defensores

    do ceticismo, atitude ou doutrina segundo a qual o homem no pode chegar a

    um conhecimento indubitvel. Panaceia s. f. remdio

    pretensamente eficaz para todos os males fsicos e morais.

    Parafrasear v. t. traduzir uma ideia de outro com suas

    prprias palavras. Integrados conceito

    utilizado pelo escritor Umberto Eco para identificar os grupos

    de pessoas que esto em conformidade com o modo

    de vida contemporneo e so integrados cultura de massa.

    Apocalpticos Conceito utilizado pelo mesmo escritor

    em oposio ao conceito de integrado. Designaria aqueles

    que negam totalmente esse modo de vida.

    Acrtica desprovido de crtica; que no faz crtica

    nenhuma; que aceita tudo passivamente.

  • Rede e-Tec BrasilUnidade 2 - As tecnologias da informao e da comunicao no nosso cotidiano 29

    O texto de Robert Kurz bastante interessante para refletir sobre o que estudamos na aula de hoje. Leia:

    KURZ, Robert. A ignorncia da sociedade do conhecimento. Folha de So Paulo, 13 de janeiro de 2002 Caderno Mais, p. 14-15. Disponvel em:http://www.serprofessor universitario.pro.br/ler.php? modulo=10&texto=503

    dem nos dar no enfrentamento dos problemas cotidianos. Portanto, a maneira mais correta de estabelecermos essa relao seria, de forma crtica, us-las na medida de nossas necessidades. E isso no anula as iniciativas de estarmos o tempo todo buscando solues que as inclu-am como possibilidade de sada para nossos problemas cotidianos.

    Voc deve estar lembrado da nossa primeira unidade, no mesmo? Um dos pontos centrais das discusses feitas nela sobre o carter social da tecnologia, voc se lembra? Se for preciso, retorne unidade 1 e leia, principalmente, a teoria do construtivismo, pensando no que falamos acima.

    O texto do socilogo alemo Robert Kurz faz uma crtica ao discurso sobre a sociedade atual como sendo a sociedade do conhecimento. Para ele, faz mais sentido cham-la de sociedade da informao, em funo da influncia dos meios tecnolgicos da informao e da co-municao.

    Portanto, o fantstico mundo das novas tecnologias da informao e da comunicao uma realidade que no temos como negar, mas o nosso posicionamento em relao aos efeitos da aplicao dessas tecnologias no nosso cotidiano no pode ser nem de deslumbramento desmedido nem de ceticismo exagerado, mas sempre enxerg-las como parte dos avanos, das contribuies e das contradies inerentes humanidade no seu esforo pelo estabelecimento de uma comunicao eficaz.

    RESUMO

    Nesta unidade, voc aprendeu como se desenvolveram as primeiras

    tecnologias da informao e da comunicao, desde a criao do al-

    fabeto at o surgimento do computador. Aprendeu tambm como as

    novas tecnologias da informao e da comunicao transformaram

    e continuam a transformar o mundo, principalmente porque redefi-

    niram noes de tempo e espao e proporcionaram a redefinio e

    a criao de novos valores em funo do estabelecimento de novos

    padres comunicativos. Por fim, voc viu que precisamos estabelecer

    um relacionamento baseado na viso crtica em relao ao uso des-

    sas tecnologias.

  • Fundamentos e Prticas na EaDRede e-Tec Brasil 30

    Agora que voc j estudou sobre a importncia das tecnolo-gias da informao e da comunicao para as relaes entre os homens, escolha 5 meios diferentes de comunicao que voc

    conhece e construa um quadro descrevendo-os e justificando de que forma eles contriburam para facilitar o processo de comunicao entre os homens ao longo da histria. Siga o exemplo:

    Tecnologia Descrio Importncia

    Telefone Surgiu no sculo XIX. Por mui-

    to tempo se pensou que foi

    inventado por Graham Bell.

    Mais recentemente, foi aceita

    a tese de que teria sido in-

    ventado pelo italiano Antnio

    Meucci.

    O telefone foi a primeira for-

    ma de comunicao em tempo

    real e proporcionou um gran-

    de desenvolvimento na comu-

    nicao de longa distncia.

  • Rede e-Tec BrasilUnidade 3 - O que Educao a Distncia 31

    Unidade 3

    O que Educao a Distncia

    Objetivos

    1. Reconhecer o conceito da EaD;

    2. Perceber o processo de evoluo da EaD no mundo e no Brasil;

    3. Identificar as principais caractersticas da Educao a Distncia.

  • Fundamentos e Prticas na EaDRede e-Tec Brasil 32

    Caro estudante,

    Como voc j teve a oportunidade de verificar a evoluo da

    tecnologia, j recebeu informaes sobre as TICs e pde obser-

    var como elas esto contribuindo para mudar a realidade. Vamos

    estudar, nesta unidade, uma modalidade de ensino que tem, a

    cada dia, ganhado mais espao nos sistemas de ensino do mundo

    todo: a Educao a Distncia - EaD, que tem essas tecnologias

    como aliadas muito importantes.

    Aprenderemos como se deu o processo de evoluo da EaD no

    mundo, quais so os fundamentos bsicos dessa modalidade de

    ensino e quais as diferenas entre ela e o ensino presencial no

    qual fomos todos formados. Agora, como estudante de um cur-

    so a distncia, fundamental que voc conhea como a EaD se

    estrutura e quais so os caminhos e os dilemas que essa mo-

    dalidade de ensino enfrenta atualmente. Seja bem-vindo a esta

    unidade, nela abordaremos exclusivamente essas questes.

    3.1 EaD? O que isso? Lembra de como terminamos a nossa ltima aula? Fala-mos das tecnologias da informao e da comunicao e de sua importncia para a transformao das relaes entre os homens. Pois bem... Agora vamos tratar da Educao a Distncia (EaD), modalidade de ensino que ganha cada vez mais espao nos sistemas de ensino do mundo. Alm deste curso, voc j participou de algum outro a distncia? Conhece ou j ouviu falar de algum que tenha feito algum?

    Enfim, voc est na terceira unidade de um curso de formao profissional a distncia e j est na hora de refletirmos sobre suas bases conceituais, de saber como essa modalidade evoluiu at hoje e quais as di-ferenas entre ela e o ensino presencial.

    Como todo conceito, o de Educao a Distncia passou por um pero-do de amadurecimento. Primeiro, conceituou-se, por ser mais simples e direto, o que no era educao a distncia. Porm, a partir das d-

  • Rede e-Tec BrasilUnidade 3 - O que Educao a Distncia 33

    cadas de 1970 e 1980, passou-se a concei-tuar a EaD pelo que ela , ou seja, a partir das caractersticas que determinam os seus elementos constitutivos. Nessa perspecti-va, o conceito mais objetivo de Educao a Distncia o de uma modalidade de ensino que funciona atravs de um proces-so educativo sistemtico e organizado que tem como caracterstica fundamental a se-parao fsico-espacial entre professores e alunos, que interagem de lugares distintos, atravs de meios tecnolgicos diversos, que possibilitam uma intera-o bidirecional, ou seja, uma interao de dupla via.

    O termo Educao a Distncia, segundo Nunes (1997), incluiria um conjunto de estratgias referenciadas que so conhecidas diferentemente em alguns pases: educao por correspondn-cia, no Reino Unido; estudo em casa (home study), nos EUA; estudos externos (external studies), na Austrlia; educacion a distncia, em espanhol; e tele-educao, em portugus.

    Independente da diversidade de nomes, conforme a cultura de cada regio, a educao a distncia se apresenta hoje como uma alternativa poderosssima no combate s distores provocadas pela incapacidade dos sistemas tradicionais de ensino presencial de atender s demandas cada vez mais crescentes pela formao continuada, e depende, cada vez mais, dos meios tecnolgicos da informao e da comunicao.

    Para Kramer (1999), existe uma relao que praticamente indissoci-vel entre a EaD e as tecnologias da comunicao, pois as ltimas so os meios indispensveis ao funcionamento do sistema, sem os quais a EaD no se realiza.

    3.2 EaD: modalidade, metodologia ou tecnologia?Desde as nossas primeiras referncias EaD, a tratamos como moda-lidade. Mas aqui caberia uma discusso que feita por Niskier (1999), em que ele defende que a Educao a Distncia uma modalidade que se afirma cada vez mais como uma tecnologia, a tecnologia da

  • Fundamentos e Prticas na EaDRede e-Tec Brasil 34

    esperana. O argumento central do professor o de que, com a ex-panso das tecnologias da informao e da comunicao, ampliou-se a noo de ensino, que hoje no se restringe apenas precria sala de aula presencial. Essa dinamizao tecnolgica forou tambm uma redefinio dos planejamentos com vistas a ampliar e a aperfeioar mtodos de gesto e de funcionamento dos sistemas de comunicao prprios do processo de ensino e aprendizagem.

    Estaria em curso uma transformao dos sistemas de ensino, cuja principal virtude a possibilidade de soluo, atravs da educao a distncia, da enorme defasagem da oferta de ensino no mundo todo, inclusive no Brasil.

    A partir dos conceitos que foram dados acima para definir educao a distncia, e com base na experincia que voc est vivendo, formule com suas prprias palavras um concei-

    to para EaD. Lembre-se de manter seu memorial atualizado com suas anotaes.

    3.2.1 Das cartas de So Paulo Rede e-Tec Brasil Com as informaes dadas at agora sobre o que Educao a Dis-tncia, voc se sente apto, ou seja, seguro para conversar sobre o assunto? Ento, podemos dar o passo seguinte para sabermos sobre a evoluo histrica dessa modalidade? H quanto tempo voc acha que existe a EaD?

    Costuma-se dizer que a primeira forma de educao a distncia foram as famosas cartas de So Paulo aos fiis cristos no sculo II a.D. Atra-vs dessas correspondncias, o apstolo Paulo teria educado cristos dispersos nas mais diversas cidades da Grcia e perpetuado os ensina-mentos que constituem a essncia do cristianismo.

    Mas, bem longe dessa remota origem, podemos localizar, no final do sculo XVIII, meados do sculo XIX e princpios do sculo XX, algumas experincias com estudos feitos por correspondncia. Entre o incio do sculo XX e a Segunda Grande Guerra Mundial, vrias experincias metodolgicas utilizando meios de comunicao de massa foram realizadas.

  • Rede e-Tec BrasilUnidade 3 - O que Educao a Distncia 35

    Nos EUA, em alguns pases da Europa e, mais tarde, na Austrlia, fo-ram adotados alguns cursos por correspondncia, em 1905, 1914 e 1941.

    Porm o verdadeiro salto s foi dado a partir de meados da dcada de 60, com a institucionalizao de vrias aes nos campos da educao secundria e superior, comeando pela Europa (Frana e Inglaterra) e se expandindo para os outros continentes. Atualmente, mais de 80 pases adotam a Educao a Distncia em todos os nveis de ensi-no: Reino Unido, Alemanha, ndia, Costa Rica, Venezuela, Espanha, Canad, China Popular, entre outros (Nunes, 1997). interessante destacar que em quase todos os pases da Amrica Latina funcionam programas de Educao a Distncia: Mxico, Costa Rica, Argentina, Colmbia, El Salvador, Chile e Brasil.

    3.2.2 A trajetria da EaD no Brasil Voc deve estar curioso para saber quais foram as experincias em EaD no Brasil, no mesmo? Saiba ento que, no Brasil, as primeiras experincias em EaD datam do final da dcada de 30, com a fundao do Instituto Rdio-Monitor, em 1939, e, em seguida, com o Instituto Universal Brasileiro, em 1941 este, como uma experincia na forma-o de profissionais para atuar no mercado de trabalho, nas reas de eletrnica, contabilidade, lngua inglesa, entre outros cursos.

    Na dcada de 1960, destacam-se as experincias do Movimento de Educao de Base (MEB), ligado Igreja Catlica, que atuava na alfabetizao de jo-vens e adultos e veiculava as aulas atravs do rdio, alfabetizando grande parte desses que residiam na zona rural e que estavam excludos do sistema pre-sencial de ensino. Tambm merece destaque o proje-to SACI/SITERN, no Rio Grande do Norte, na dcada de 70, que pretendia desenvolver o ensino a distncia por meio da insta-lao de um satlite para educao via TVs universitrias do Nordeste.

    Podemos ainda registrar vrias iniciativas, como o Centro Educativo do Maranho, o Instituto de Educao do Rio de Janeiro, a Fundao Padre Anchieta, o Instituto de Radiodifuso Educativa da Bahia, a Fun-dao Roberto Marinho e o Telecurso 2000, entre muitos.

  • Fundamentos e Prticas na EaDRede e-Tec Brasil 36

    Como voc pode perceber, as iniciativas no Brasil foram muitas, ape-sar de a maioria padecer da falta de continuidade dos projetos.

    Entretanto, na dcada de 90, muitas experincias governamentais, no governamentais e privadas foram sido implementadas com su-cesso, particularmente as experincias voltadas para a formao con-tinuada de professores, com o programa Um salto para o futuro, a criao da Secretaria Nacional de Educao a Distncia e o lanamen-to da TV Escola, alm de vrias experincias bem-sucedidas, como o LED, Laboratrio de Educao a Distncia da Universidade de Santa Catarina, e as iniciativas da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

    Com base no que estudamos at agora, justifique a afirmativa: a Educao a Distncia no uma novidade, nem pode ser entendida como um fenmeno passageiro. Registre em seu

    memorial a justificativa.

    3.3 EaD x ensino presencial Antes de comear a estudar esta seo, comece refletindo sobre as caractersticas do ensino presencial, uma vez que voc j o conhece bastante.

    Em seguida, analise o que voc vivenciou at agora neste curso a dis-tncia e compare com o ensino presencial. Liste algumas das diferen-as que voc identificou a partir da sua reflexo.

    Agora vejamos como essa questo tratada pelos tericos da EaD. Com certeza, a diferena mais visvel, e que est na base dessa refle-xo, a separao espacial de professores e alunos.

    Ao contrrio da educao presencial, a EaD

    um sistema tecnolgico de comunicao bidirecional que pode ser

    massivo e que substitui a interao pessoal na sala de aula entre pro-

    fessor e aluno como meio preferencial de ensino pela ao sistemtica

    e conjunta de diversos recursos didticos e o apoio de uma organizao

    e tutoria que propiciam uma aprendizagem independente e flexvel.

    (ARETIO, 1999 apud RODRIGUES, 2007, p. 01)

  • Rede e-Tec BrasilUnidade 3 - O que Educao a Distncia 37

    Observe que a caracterstica central desse conceito a separao en-tre professores e alunos, mas, ao mesmo tempo, o estabelecimento de uma comunicao bidirecional, por meio de recursos didticos e tecnolgicos que compensariam as provveis dificuldades causadas pela separao entre professores e alunos. E essa, talvez, seja a maior diferena entre a EaD e o ensino presencial, de onde decor-re uma srie de outras, tais como: o estabelecimento de uma comunicao predominantemente assncrona entre professores e alunos; a necessidade de um pla-nejamento didtico mais rigoroso; a necessidade de materiais didticos produzidos especialmente para esse tipo de ensino e aprendizagem, visando ao autoaprendizado do aluno; o estabelecimento de solues interativas que minimizem a perda da afetividade, que criada naturalmente no contato presencial, entre outros.

    Entretanto, a posio mais correta nessa discusso que estamos fazendo talvez seja a de Kramer (1999), ao afirmar que, quando se analisa a EaD, o mais razovel fugirmos da tendncia de compararmos situaes que ocorrem na EaD com as que ocor-rem na sala de aula presencial. Ou seja, por mais que existam possibilidades de estabelecermos semelhanas com os sistemas tradicionais, temos que encarar a EaD como um sistema que se organiza de maneira diferente e original para superar as dificuldades decorrentes do distanciamento entre professor e alunos (KRAMER, 1999, p. 36).

    Como voc pde perceber, o mais importante compreender a EaD como uma modalidade que tem caractersticas prprias, que muitas vezes no podem ser comparadas com o ensino presencial. Podemos ver tambm que no um sistema to novo, embora, no Brasil, s tenha se consolidado muito recentemente.

    O breve texto do professor Manuel Moran vai reforar os seus conhecimentos sobre o conceito de Educao a Distncia numa perspectiva mais abrangente. Leia-o, retome-o e o compare com a nossa aula.MORAN, Jos Manuel. O que EaD. Disponvel em:

    Comunicao assncrona aquela em que a interao no se d em tempo real, como, por exemplo, atravs de cartas, e-mails, chats, fax, mensagens no celular etc.

  • Fundamentos e Prticas na EaDRede e-Tec Brasil 38

    RESUMO

    Vocs tiveram a oportunidade de conhecer o conceito de EaD que,

    como outros, passou por um processo de amadurecimento at se

    consolidar tal qual mais aceito atualmente. Tambm demonstramos

    que essa modalidade pode ser considerada uma tecnologia, assim

    como a escola uma tecnologia da educao. Alm disso, estudamos

    e aprendemos sobre as origens e a evoluo da EaD no mundo e no

    Brasil e vimos as principais iniciativas nessa rea. Por fim, aprende-

    mos a diferenciar a educao presencial da EaD e constatamos como

    a Educao a Distncia tem especificidades que no so passveis de

    comparar com a educao presencial.

    Depois de estudar sobre EaD e ler o texto proposto no Saiba Mais, identifique os fundamentos, as caractersticas e os re-cursos didticos usados no curso a distncia que voc est fa-

    zendo, avaliando-os quanto eficcia de cada um. Relate tambm que diferenas voc est sentindo em comparao com sua experincia no ensino presencial.

  • Rede e-Tec BrasilUnidade 4 - Modelos e sistemas de educao a distncia 39

    Unidade 4

    Modelos e sistemas de Educao a Distncia

    Objetivos

    1. Identificar a diferena entre Educao a Distncia e Aprendizagem Aberta;

    2. Reconhecer os nveis, modelos, sistemas e subsistemas da Educao a Distncia.

  • Fundamentos e Prticas na EaDRede e-Tec Brasil 40

    Caro estudante,

    Anteriormente, voc conferiu e gerou condies de aprendizado

    sobre o que Educao a Distncia e quais as diferenas entre

    ela e o ensino presencial. Nesta unidade, voc vai verificar a di-

    ferena entre Educao a Distncia e Educao Aberta, alm de

    como se estruturam os cursos de Educao a Distncia, no que

    diz respeito aos diferentes nveis, sistemas e subsistemas de or-

    ganizao. Tambm vai estudar sobre alguns modelos de EaD.

    muito importante que entenda esses aspectos da EaD para com-

    preender melhor o funcionamento deste programa Profuncionrio

    e poder atuar conscientemente. O trabalho com essa temtica per-

    mite que voc faa uma avaliao parcial dos aspectos trabalha-

    dos em relao ao seu curso, alm de se autoavaliar, claro.

    O conceito de Educao a Distncia foi abordado na unidade ante-

    rior. Para a compreenso desta unidade, importante que retome

    aquela leitura observe que estamos ampliando esse conceito.

    Nessa ampliao ser possvel visualizar que h diferena entre

    EaD e Aprendizagem Aberta. Vamos constatar? Ento, boa aula!

    4.1 Educao a Distncia e Educao AbertaMesmo que j tenhamos apresentado para voc vrios conceitos de EaD que se complementam, nunca demais vermos mais um.

    Kearsley & Moore (1996) definem Educao a Distncia como um conjunto de mtodos instrucionais em que a ao dos professores so executadas parte das aes dos alunos, mesmo que haja aes conti-nuadas que se efetivem na presena do aluno. Porm, a comunicao

    entre professor e aluno deve ser facilitada por meios tecnolgicos, sejam eles impressos, mecnicos, eletrnicos ou digitais.

    Como voc pode perceber, no conceito dos autores acima, um aspecto central j bas-tante conhecido a separao espacial e/ou temporal entre quem ensina e quem apren-

    de, resolvida por meio do uso das tecnologias da comunicao.

  • Rede e-Tec BrasilUnidade 4 - Modelos e sistemas de educao a distncia 41

    Por Educao Aberta, en-tende-se ser aquela que se estrutura segundo o mode-lo de aprendizagem aber-ta, cuja nfase est numa aprendizagem mais autno-ma e flexvel, de maior aces-sibilidade aos estudantes, pois coloca sua disposio um currculo que pode ser

    estruturado a partir da escolha do estudante. Alm disso, ele pode tambm optar pela forma e pelo tempo (perodo) em que vai cursar cada disciplina.

    Um curso a distncia pode ser estruturado com base numa aprendizagem aberta, mas, necessariamente, a aprendizagem aberta no se d apenas pela Educao a Distncia. Pode ser realizada na forma semipresencial, ainda que os casos mais co-muns sejam de Educao Aberta a Distncia.

    Por exemplo: se voc for estudante de um curso a distncia e esse curso for estruturado segundo os princpios da Aprendizagem Aber-ta, voc poder escolher o melhor semestre para cursar uma deter-minada disciplina, segundo a sua disponibilidade, pois a estrutura curricular ser flexvel, tanto em relao aos critrios de ingresso e s metodologias de ensino como em relao estrutura do curso, que dar maior nfase s situaes de aprendizagem e s estrat-gias de atendimento ao estudante, baseadas no uso das diferentes tecnologias da comunicao (Belloni, 2002). A Educao Aberta ainda se caracteriza por oferecer oportunidades a diversas cliente-las, sem restries.

    Isso no ser possvel se o curso que voc escolheu no estiver fun-damentado segundo os princpios da Aprendizagem Aberta, porque a estrutura curricular rgida e no permite essa escolha, mesmo que ele seja a distncia.

    Com base no que voc estudou at agora, estabelea a diferen-a entre Educao a Distncia e Educao Aberta.

  • Fundamentos e Prticas na EaDRede e-Tec Brasil 42

    4.2 Nveis de Educao a DistnciaAgora vamos estudar como est dividida a Educao a Distncia, se-gundo os nveis de estruturao.

    Michael Mark, Kearsley & Moore (1996) apresentam 4 nveis nos quais a Educao a Distncia pode ser estruturada: programa de educao a distncia; unidade de educao a distncia; instituio de educao a distncia e consrcio de educao a distncia.

    Vamos ver como se configura cada um desses nveis? Vamos l.

    Programa de Educao a Distncia em geral, assim definido quan-do se adapta o ensino tradicional inserindo alunos a distncia no h organizao de um corpo de professores especializados nem servios especficos voltados exclusivamente para as atividades a distncia;

    Unidade de Educao a Distncia quando, dentro de uma insti-tuio, cria-se um corpo de profissionais exclusivos para o ensino a dis-tncia, atravs de uma diviso de extenso, ou seja, um departamento encarregado de implantar e gerir os programas ou cursos a distncia.

    Instituio de Educao a Distncia nesse caso, quando a nica proposta da instituio a educao a distncia. Todas as atividades so dedicadas para a educao a distncia. A instituio tem um cor-po de professores e uma equipe administrativa totalmente diferente de outras instituies de ensino.

    Consrcio de Educao a Distncia quando duas ou mais insti-tuies se unem para implantarem cursos de EaD. Nesse caso, pode ser que haja instituies que invistam na implantao de cursos, sem serem, necessariamente, instituies de ensino. Pode ser uma empre-sa, por exemplo.

    Preencha as lacunas com o nome ou a caracterizao do nvel de EaD correspondente:

    Instituio

    Dentro de uma instituio, cria-se um corpo de profissionais exclusivos para o ensino a distncia.

  • Rede e-Tec BrasilUnidade 4 - Modelos e sistemas de educao a distncia 43

    Quando se adapta o ensino tradicional, inserindo alunos a distncia, e no h uma organizao de um corpo de professores especializados.

    Consrcio

    4.3 Programas e cursos fundamental tambm voc ficar sabendo que a Educao a Dis-tncia pode ser diferenciada, segundo o modelo de estruturao, em curso ou programa. Um programa pode definir tanto um momento dentro de um curso pea audiovisual, como programas de rdio, tv ou computador , quanto designar um rtulo genrico de um conjun-to de ofertas de cursos de uma determinada instituio.

    J cursos so produzidos em todos os nveis de EaD e definidos com base em cargas horrias pr-determinadas, estruturados com base em um desenho que envolve produo de contedos direcionados, objetivos definidos, meios tecnolgicos etc. (KEARSLEY & MOORE, 1996).

    4.3.1 Os sistemas e os subsistemas em EaDTodo curso ou programa de Educao a Distncia est estruturado ou, pelo menos, deveria estar como um sistema. Um sistema inclui todos os componentes que fazem parte da Educao a Distncia: a aprendizagem, o ensino, a comunicao, o design instrucional e o gerenciamento, e at mesmo a filosofia da instituio.

    Cada um desses itens um subsistema dentro do sistema e funciona de maneira inter-relacionada, de modo que um problema em um dos subsistemas pode afetar o sistema inteiro. Na prtica, o funcio-namento de cada componente de um sistema deve estar orientado para a integrao total, visando ao excelente funcionamento do sis-tema inteiro.

    Vejamos agora um detalhamento breve do que so os subsistemas:

    A aprendizagem o objetivo principal de todo o processo e condicionada, de um lado, pela eficcia dos mtodos e prticas definidas e, de outro, pela postura do estudante. Se o estudante

    Design instrucional relaciona-se ao conjunto de mtodos, tcnicas e recursos utilizados em processos de ensino-aprendizagem a distncia. O designer instrucional uma espcie de coordenador pedaggico de cursos EaD, atuando na integrao entre as reas administrativa, pedaggica e tecnolgica desses cursos.

  • Fundamentos e Prticas na EaDRede e-Tec Brasil 44

    comprometido, aplicado, faz as tarefas no tempo estabelecido, procura interagir com os tutores e colegas, pesquisa etc., conse-quentemente a aprendizagem se realiza de maneira satisfatria e contribui para o bom funcionamento do sistema.

    Ensino compe-se de toda a sistematizao e planejamento de contedos, dos mtodos e das prticas e estratgias didticas, vi-sando concretizao da aprendizagem. Depende tanto do em-penho e dedicao do estudante quanto da postura do professor.

    A comunicao sem uma boa comunicao, no h condies de interao. Logo, sem interao, no pode haver ensino, muito menos aprendizagem. Por isso, importante a comunicao cons-tante e bidirecional, assim como a utilizao de todos os meios tecnolgicos possveis no processo comunicativo em EaD.

    O design est na base de todo curso de EaD, pois o aspecto que define o fluxo de cada etapa e facilita o inter-relacionamento entre os elementos de um sistema, bem como a visualizao da totalidade do sistema.

    O gerenciamento - um dos elementos vitais na EaD. Assim como o corpo docente, o corpo gerencial monitora, constantemente, todo o funcionamento de um curso ou programa, para evitar o comprometimento do sistema.

    Filosofia institucional esse um componente importante na EaD, pois a partir dele que todos os outros componentes sero estruturados. Tudo funciona tendo como base o pensamento e as concepes de mundo que predominam na instituio. Cada curso ou programa tem como fundamento principal a filosofia da insti-tuio que o implanta.

    No grfico a seguir, Rodrigues (2000, p.164), baseado em Kearsley & Moore (1996), apresenta um modelo de sistema para Educao a Dis-tncia. Veja como ele se estrutura com seus componentes.

  • Rede e-Tec BrasilUnidade 4 - Modelos e sistemas de educao a distncia 45

    Grfico 1: modelo de sistema para Educao a Distncia.

    Observe que cada um dos componentes do sistema, por sua vez, composto por outros componentes que interagem entre si, de manei-ra que todos os elementos dependem uns dos outros, sendo que o sucesso ou a falha em um afeta, diretamente, todo o sistema.

    Com base no que foi apresentado, descreva brevemente sobre a importncia de pelo menos 3 subsistemas da EaD e demons-tre que voc compreendeu a discusso apontando de que ma-neira eles aparecem em seu curso.

    RESUMONesta unidade, vimos que a Educao Aberta um conceito diferente

    de Educao a Distncia e que a Educao a Distncia pode se orga-

    nizar em quatro nveis. Ainda nesta unidade, foi abordado que a EaD

    se estrutura em sistemas e subsistemas que so interdependentes e

    fundamentais para o sucesso de um curso ou programa. Por fim, voc

    viu um grfico que clarifica como essa estrutura.

    O texto que indicamos a seguir pode ajud-lo a aprofundar mais a discusso sobre modelos de Educao a Distncia. importante que voc o leia e procure relacion-lo com o exposto na nossa aula. Bons estudos!

    RODRIGUES, Rosngela S. Modelos de Educao a Distncia.(in) PRETI, Oreste. Educao a Distncia: construindo significados (org). Cuiab: NEAD/IE UFMT; Braslia: Plano, 2000.

  • Fundamentos e Prticas na EaDRede e-Tec Brasil 46

    Agora que voc j estudou sobre os elementos que estruturam a Educao a Distncia, vamos verificar o aprendizado identifi-cando-os no seu curso. Anote em seu memorial as constataes.

    Analise-o em relao ao tipo de aprendizagem.

    Identifique em qual nvel ele est situado.

    Classifique-o e justifique-o quanto modalidade: se um curso ou programa.

    Identifique e analise os subsistemas do curso.

  • Rede e-Tec BrasilUnidade 5 - Mdias e materiais didticos na EaD 47

    Unidade 5

    Mdias e materiais didticos na EaD

    Objetivos

    1. Verificar o papel da mdias e ferramentas utilizadas na EaD;

    2. Identificar e caracterizar as mdias de I, II, III e IV geraes;

    3. Reconhecer a importncia do material didtico na Educao a Distncia;

    4. Identificar os tipos de materiais didticos que podem ser utilizados em um curso a distncia.

  • Fundamentos e Prticas na EaDRede e-Tec Brasil 48

    Caro estudante,

    Agora estudaremos sobre as mdias e materiais didticos na EaD.

    Aqui iremos ver como o uso das mdias na EaD evoluiu e como,

    atualmente, elas integram os processos de ensino e aprendiza-

    gem a distncia. Voc vai estudar tambm um dos componentes

    dos sistema de Educao a Distncia que fundamental para o

    processo de interao entre professores e alunos: o material did-

    tico. Seja impresso, audiovisual ou multimdia, ele determinante

    para o processo de ensino e aprendizagem a distncia. Voc, como

    estudante de um curso a distncia, precisa ter conscincia da im-

    portncia que o material didtico exerce na sua aprendizagem.

    Ele a ferramenta principal entre quem ensina e quem aprende,

    exercendo o papel de substituto do professor presencial.

    Voc se lembra da unidade 2, quando tratamos das TICs no nosso

    cotidiano? Lembra que, ao discutirmos a evoluo das TICs, situa-

    mos suas origens no surgimento do alfabeto e depois na inveno

    da escrita?

    Pois bem... o que vamos estudar nesta unidade sobre materiais

    didticos , acima de tudo, um desdobramento dos fundamentos

    sobre o papel das tecnologias da comunicao nos processos de

    ensino e aprendizagem. Isso porque estudar a educao , antes

    de mais nada, estudar um processo comunicativo.

    Voc acha que seria possvel acontecer o ato educativo

    sem a comunicao?

    E voc j sabe que a comunicao, alm da palavra falada, se d

    por meio dos mais variados suportes tecnolgicos, no mesmo?

    Pois ento... Na educao, alm da palavra falada, a comunicao

    ocorre entre os sujeitos do processo, atravs das estratgias e

    dos materiais didticos. So eles os responsveis pela transmis-

    so do conhecimento de maneira facilitada.

    Eles so os meios que intermedeiam, de maneira fcil e atrativa,

    a relao entre professor e estudante, atravs de estratgias pr-

  • Rede e-Tec BrasilUnidade 5 - Mdias e materiais didticos na EaD 49

    prias ou criadas a partir deles pelo professor ou, ainda, como es-

    tratgias adotadas pelo professor para facilitar a aprendizagem.

    muito bom, quando temos em mo um material didtico bem ela-

    borado, atrativo, que orienta bem nossos estudos, no verdade?

    5.1 O material didtico na Educao a DistnciaNa educao presencial, o material didtico exerce um papel de apoio ao professor e, apesar de muito importante, pode at ser suprimido, de acordo com a estratgia pedaggica adotada.Mas o que dizer de sua importncia na Educao a Distncia?

    O material didtico o componente mais importante na EaD. Racio-cine: se um processo educativo , antes de tudo, um processo comu-nicativo, no h condies de haver educao sem a comunicao; logo, se a educao se vale dos meios tecnolgicos para realizar-se enquanto processo comunicativo e, em particular, a EaD depende fun-damentalmente desses meios entre eles o material didtico , ento no h como haver ensino e aprendizagem a distncia se no exis-tirem os materiais didticos, no verdade?

    O material didtico tem uma funo determinante na constru-o do conhecimento, alm de, em alguns casos, ser o pri-meiro meio de contato do aluno com o curso (Velsquez, 2006).

    Na EaD, o material didtico o canal mais importante na comunicao com o aluno. Muitas vezes confunde-se at mesmo com o prprio curso (AVERBUG, 2003, p.26).

    5.1.1 Funes do material didtico na EaDNa Educao a Distncia, o material didtico substitui a aula tradi-cional. atravs dele que o estudante estabelece o contato com o conhecimento. como se ele fosse o substituto do professor. Por isso, a sua produo para EaD deve levar em conta aspectos de interativi-dade que, por no poder se realizar no mesmo modelo da educao presencial, precisam estar presentes no material didtico.

  • Fundamentos e Prticas na EaDRede e-Tec Brasil 50

    Santos (2006), citando Neder & Possari (2001), chama a ateno para as funes que um material didtico assume nos cursos de EaD. So elas:

    Promover o dilogo permanente, ou seja, o material didtico deve ser elaborado pensando em estabelecer um dilogo constan-te com o estudante;

    Orientar o estudante nas atividades de leituras, pesquisas e trabalhos que deman-dem interao com colegas professores e tutores;

    Motivar a aprendizagem e ampliar os conhecimentos do aluno sobre os temas trabalhados;

    Possibilitar a compreenso crtica dos contedos, de modo que o aluno reflita sobre o que est aprendendo;

    Possibilitar a avaliao da aprendizagem, atravs do acom-panhamento permanente do processo, por meio de atividades e exerccios de autoavaliao e, no caso do Profuncionrio, por meio dos Pratiques.

    Aretio (1994, p. 177) vai mais longe ao afirmar que, sobre o material didtico, se acumula a necessidade de reproduzir as condutas do pro-fessor na aula: devem motivar, informar, esclarecer e adaptar o ensino aos nveis de cada um, dialogar, relacionar as experincias do sujeito com o ensino, programar o trabalho individual e em equipe e instigar a intuio, a atividade, assim como a criatividade do aluno, aplicando os conhecimentos s situaes do contexto em que ele est inserido.

    Vamos exercitar? A partir do que voc j estudou sobre ma-teriais didticos na EaD preencha o quadro a seguir. Para isso, observe o exemplo.

  • Rede e-Tec BrasilUnidade 5 - Mdias e materiais didticos na EaD 51

    Funes dos materiais didticos

    No Ensino presencial

    exerce um papel de apoio ao professor

    Na EaD

    5.1.2 Tipos de Materiais didticos em EaD Vamos estudar agora trs tipos de materiais didticos comumente uti-lizados na educao a distncia: o impresso, o audiovisual e o material multimdia.

    Impresso apresenta-se de duas maneiras: produzi-do e direcionado para uma clientela especfica, como o caso desta unidade, por exemplo; e o material adaptado, como o caso dos textos escritos (artigos, captulos de livros, papers, resenhas, manuais etc.), escolhidos para aprofundamento dos temas estudados. No caso dos primeiros, necessrio estar rigorosamente dentro dos padres didticos estabelecidos para a produo de materiais impressos, para que venham a cumprir com as funes estabelecidas inicialmente nesta unidade. Os materiais impressos so os mais utilizados em programas ou cursos de EaD, por serem compatveis com as situaes coletivas, individuais ou grupais de aprendizagem. Alm do mais, ainda so os que podem ser produ-zidos ou reproduzidos a um custo relativamente baixo.

    Audiovisuais como os materiais impressos, tambm podem ser preparados exclusivamente com vistas a atender uma clientela espe-cfica ou serem adaptados para situaes em que o professor julgar oportunas. No caso dos primeiros, podemos listar as teleaulas, os vdeos instrucionais, os documentrios produzidos especificamente para uma situao de ensino. J os segundos podem ser filmes de fico, adaptados para uma realidade especfica, documentrios,

  • Fundamentos e Prticas na EaDRede e-Tec Brasil 52

    programas de TV, telejornais, peas publicitrias etc., que podem servir de apoio ao processo de ensino a distncia. No caso da utili-zao dos ltimos materiais, necessrio um material paralelo com orientaes e questionamentos que levem o estudante a fazer a explorao adequada dentro de um programa de aprendizagem.

    Multimdia diz-se que um material multimdia quando ele apresenta uma composio que engloba o texto escrito, o udio, o visual e o grfico. Normalmente, os materiais multimdias tm como suporte fsico o CD-ROM e, mais recentemente, podem tam-bm ser armazenados em pen-drives. A caracterstica principal desse tipo de material promover uma interao mais completa, porque so elaborados utilizando-se uma sofisticada tecnologia que permite a insero de animao, jogos interativos, avaliao interativa, vdeos, udios, fotografias etc.

    On-line o material on-line tem uma grande semelhana com o material multimdia. A diferena que, em geral, ele est dispon-vel na internet para acesso em ambientes virtuais de aprendizagem (portais, pginas, blogs etc.) e tem uma formatao especfica e organizada de acordo com a linguagem do meio. Como o material multimdia, pode conter animao, jogos interativos, exerccios in-terativos, vdeos, fotografias etc.

    Por fim, os materiais didticos tm caractersticas prprias que variam de acordo com o suporte tecnolgico em que ele for veiculado. Po-rm, qualquer que seja ele, independente da tecnologia, deve ter um carter autoinstrutivo ou autossuficiente, ou seja, deve conter orien-taes, incentivos motivacionais que no dependam da interveno do professor para que seja compreendido e se constitua no principal meio de interao e dilogo para o aluno (Aretio,1994). Deve ainda se apresentar sempre em linguagem bastante clara e guiadora do apren-dizado do estudante.

    Com base no que voc estudou sobre os vrios tipos de mate-riais didticos, no quadro abaixo caracterize de maneira sint-tica cada um deles. Siga o exemplo.

  • Rede e-Tec BrasilUnidade 5 - Mdias e materiais didticos na EaD 53

    Tipo de material Caracterstica

    Impresso os mais utilizados em programas ou curso de

    EaD

    Agora que voc estudou sobre materiais didticos na Educao a Dis-tncia e viu que eles podem ser impressos, audiovisuais, multimdia e on-line, vamos tratar das mdias e ferramentas de Educao a Distn-cia que, de certa forma, confundem-se com os materiais didticos. Vamos l, ento.

    5.2 As mdias e ferramentas ou o material didtico? Quando falamos acima que as mdias e ferramentas em EaD confun-dem-se, de certa forma, com os materiais didticos, estvamos que-rendo dizer que, sem os suportes fsicos ou digitais atravs dos quais se opera a comunicao entre professor e alunos a distncia, no ha-veria como pensar e desenvolver materiais didticos. Quando falamos em suportes fsicos ou digitais, estamos nos referindo s tecnologias por meio das quais os professores e instituies colocam disposio os contedos de um curso e as estratgias de estudos desses conte-dos. Por exemplo: o impresso , ao mesmo tempo, uma mdia, uma ferramenta e um material didtico. Ele um suporte fsico porque se materializa, feito de papel, ocupa um espao e pode ser conduzido e manuseado pelo estudante em diversos lugares. J um texto que se acessa pela internet no existe como suporte fsico. Embora possa ser impresso, ele fluxo, como disse Lvy (1996), lembra? Voc pode acess-lo, l-lo e, depois de desligado o computador, ele deixa de exis-tir, pelo menos deixa de ser visvel.

  • Fundamentos e Prticas na EaDRede e-Tec Brasil 54

    E por que importante entender essa discusso? Porque cada uma dessas mdias e ferramentas tem linguagem prpria e ma-neira especfica de apresentar o conhecimento, assim como de organiz-lo (BATES, 1995). E preciso que tanto professores como estudantes de EaD compreendam quais so as caractersticas dessas linguagens.

    Para clarear mais essa discusso, vamos ver como, ao longo da histria da EaD, essas mdias e ferramentas foram incorporadas.

    5.2.1 As quatro geraes Quando tratamos, na unidade 3, sobre a evoluo histrica da EaD, citamos as cartas do apstolo Paulo como a primeira forma de Edu-cao a Distncia, lembra? Pois muito bem. Naquela poca, sculo II da Era Crist, era improvvel que se pensasse nos termos mdias ou ferramentas, aplicando-os ao processo de comunicao entre Paulo e seus irmos espalhados pelo Imprio Romano. Mas as cartas j eram mdias e ferramentas utilizadas para operar a comunicao naquela circunstncia. Depois, vieram muitas outras e, hoje, a EaD se vale das mais variadas formas para melhorar a eficcia do processo de ensino e aprendizagem, que Scheer(1999) classifica como tecnologias. Tecno-logia do material impresso, tecnologias de udio, tecnologias compu-tacionais e tecnologias de vdeo ou audiovisuais.

    Essas tecnologias so as mdias e ferramentas sobre as quais estamos tratando nesta unidade e classificam-se segundo o que Rumble (2000) chama de sistemas de geraes: primeira, segunda, terceira e quarta geraes. Vamos ver cada uma delas.

    Sistemas de 1 Gerao baseadas no texto impresso ou escrito mo. Encaixa-se nesta classificao o ensino por correspondncia. utilizado desde a dcada de 20 do sculo passado e assncrona.

    Sistemas de 2 Gerao baseadas na televiso e no udio. Contavam com a televiso e o rdio para captar leituras ao vivo na sala de aula e transmiti-las a outros grupos de estudantes que algumas vezes usavam o telefone para se comunicar e tirar dvidas com professores. Alm do rdio e televiso, que comearam a ser usados na dcada de 50, temos outras tecnologias de comunica-o que foram sendo incorporadas ao processo de ensino e apren-

  • Rede e-Tec BrasilUnidade 5 - Mdias e materiais didticos na EaD 55

    dizagem, como as fitas cassete e, mais recentemente, os CDs e as conferncias de udio. Podem ser assncronas ou sncronas.

    Sistemas de 3 Gerao trouxeram os sistemas de primeira e se-gunda fase juntos, em uma abordagem multimdia, com base em textos, udio e televiso. Pode-se incluir nesse sistema as tecno-logias do vdeo, as teleconferncias e as videoconferncias, todas bastante utilizadas atualmente.

    O vdeo foi, por muito tempo, utilizado atravs das fitas de vide-ocassete que, mais recentemente, esto sendo substitudas pelos DVDs. Em geral so mdias de apoio ao material impresso.

    As teleconferncias via satlite so uma forma antiga de uso e ain-da so bastante utilizadas. Tm como caracterstica a comunicao assncrona, pois existe um ponto emissor e vrios pontos receptores espalhados por regies diferentes que no interagem em tempo real.

    J a videoconferncia se parece com a telecon-ferncia por utilizar o som e a imagem na comuni-cao, mas difere porque a comunicao se d em tempo real. Na videoconferncia, o professor intera-ge com seus estudantes como se estivesse numa sala de aula presencial, pois tanto ele como seus alunos se veem no momento em que esto se falando. Por esse aspecto que a videoconferncia, em alguns casos, considerada como um sistema semipresen-cial. Ela pode ser ainda biponto ou multiponto. Ou seja, pode ocorrer apenas entre dois pontos ou entre vrios pontos ao mesmo tempo.

    Sistemas de 4 Gerao desenvolvidas em torno de comunica-es mediadas por computador, tais como conferncia por compu-tador e correio eletrnico, associadas ao acesso a bancos de dados, bancos de informao e bibliotecas virtuais, com a utilizao da instruo orientada por computador, conferncias na internet e vi-deoconferncias por computador (desktop).

    A classificao das mdias por sistemas de gerao, conforme o ex-posto acima, pode variar de autor para autor. Por exemplo, h autores

  • Fundamentos e Prticas na EaDRede e-Tec Brasil 56

    que trabalham com uma abordagem que no inclui as mdias de quar-ta gerao, pois elas j esto inclusas na terceira gerao.

    Preencha as lacunas com as mdias ou geraes e correspon-dentes.

    Internet e videoconferncia desktop

    3 Gerao

    2 Gerao

    Material impresso

    5.3 A importncia das mdias e ferramentas na EaDDiscutir as mdias e ferramentas na EaD discutir a comunicao no processo de ensino e aprendizagem. E voc j sabe que a comunica-o a pedra angular nesse processo, no verdade?

    Porm, as tecnologias (mdias) s ganham significado nesse processo se houver, por um lado, o esforo de instituies e professores para dar significados a essas tecnologias e, por outro, dos estudantes em

    estabelecer uma comunicao permanente e com-promissada com esse esforo.

    Como sentenciam Kearsley e Moore (1996), em EaD, assim como em qualquer processo de ensino e aprendizagem, as tecnologias so suportes que no tm significao sem a atuao humana.

    A EaD, como j vimos, uma modalidade antiga que incorporou os mais variados meios na busca de estabelecer uma comunicao cada vez mais eficien-

  • Rede e-Tec BrasilUnidade 5 - Mdias e materiais didticos na EaD 57

    te e eficaz. Nas ltimas dcadas, com o avano das TICs, ampliaram-se bastante as formas de se operar essa comunicao. Porm, a diversi-dade e a sofisticao dos meios, por si ss, no garantem essa efic-cia, de modo que o enfoque principal ainda deve ser o humano, posto que essas tecnologias s tm significado mediante a interveno so-cial. Alm do mais, o surgimento de formas altamente sofisticadas de comunicao no implicam o abandono total de meios mais antigos e tradicionais. o caso, por exemplo, do material impresso, que con-tinua sendo o mais utilizado e o mais eficaz meio de apresentao do conhecimento, ainda que necessite ser complementado por mdias mais modernas e sofisticadas.

    RESUMONesta unidade, foi possvel verificar sobre a importncia do material

    didtico para os processos de ensino e aprendizagem e, em particu-

    lar, como eles so determinantes na EaD, chegando, muitas vezes a

    se confundir com o prprio curso. Alm disso, permitiu constatar as

    funes que os materiais didticos exercem na Educao a Distncia,

    quais os tipos de materiais e que, independentemente da tecnolo-

    gia, os materiais didticos devem ser o guia principal do estudante,

    orientando, motivando, avaliando enfim, educando. Teve a oportu-

    nidade de conhecer tambm as principais mdias atravs das quais

    a EaD se realiza. Ainda oportunizamos o estudo sobre os sistemas

    de geraes nos quais esto dispostas as vrias mdias utilizadas no

    processo de ensino e aprendizagem na Educao a Distncia, e como

    elas se integram a esse processo. Por fim, vimos que a tecnologia

    importante, porm mais importante do que o enfoque na tecnologia

    em si o enfoque nos sujeitos que fazem parte do processo de ensi-

    no e aprendizagem, que so o professor e o estudante.

  • Fundamentos e Prticas na EaDRede e-Tec Brasil 58

    1. Agora que voc j verificou quais as funes do material di-dtico na Educao a Distncia e o que um bom material deve conter, faa uma avaliao do material didtico que utilizado

    pelo seu curso, com relao aos critrios e s listas de funes de Neder & Possari (2001).

    2. Organize um quadro demonstrativo de todas as mdias que esto sendo utilizadas no seu curso, classificando-as quanto gerao a que pertencem e avaliando-as quanto frequncia de uso, disciplina e ati-vidade didtica em que foi utilizada. Descreva sucintamente em que medida o uso dessas mdias contribuiu para sua aprendizagem. Faa isso em seu memorial.

  • Rede e-Tec Brasil59

    Parabns por ter finalizado esta disciplina. O trajeto percorrido pode no ter sido fcil, no entanto voc caminhou mais um pouco em seu processo de aprendizagem.

    Esperamos que tenha ficado clara a importncia desta disciplina tanto em cursos como em programas envolvendo ensino a distncia.

    O objetivo era capacitar voc para entender o funcionamento bsico de um sistema de EaD, no apenas na utilizao das tecnologias de informao, das ferramentas disponveis atualmente e do objetivo dos materiais didticos, mas tambm em outros aspectos que envolvem essa modalidade de ensino.

    Numa das unidades, dissemos que a educao a distncia se apresen-ta hoje como uma alternativa poderosssima no combate s distores provocadas pela incapacidade dos sistemas tradicionais de ensino pre-sencial de atender s demandas cada vez mais crescentes pela forma-o continuada, e depende, cada vez mais, dos meios tecnolgicos da informao e da comunicao.

    Mas no depende somente desses fatores, depende tambm de com-preender a EaD como uma modalidade que tem caractersticas prprias, que muitas vezes no podem ser comparadas com o ensino presencial.

    muito importante entender os diferentes aspectos da EaD para com-preender melhor o funcionamento do programa Profuncionrio e, conse-quentemente, poder atuar conscientemente. Como j foi dito, o trabalho com essa temtica permite que voc faa uma avaliao parcial dos aspec-tos trabalhados em relao ao seu curso, alm de se autoavaliar, claro.

    Que a sua autoavaliao permita que voc queira continuar, buscan-do, pesquisando, refletindo e se capacitando para realizar da melhor forma possvel seu trabalho.

    Esperamos ter contribudo para isso.

    Palavras Finais

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  • Fundamentos e Prticas na EaDRede e-Tec Brasil 62

    Artemilson Alves de Lima

    Possui graduao em Histria (licenciatura) pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (1988) e mestrado em Engenharia de Produ-o pela Universidade Federal de Santa Catarina (2001). Tem experi-ncia na rea de Histria e Educao a Distncia e atua tambm como videomaker, tendo realizados diversos trabalhos em vdeo. Atualmen-te concentra sua atuao nos seguintes temas: Produo de material didtico, Educao a Distncia e Ensino de Histria no IFRN.

    Currculo do professor-autor