freud, sigmund. a sexualidade feminina

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Freud e a sexualidade feminina Luzia Travassos Duarte Introdução Freud inicia seus estudos psicanalíticos com a escuta que faz das histéricas. São as mulheres que lhe abrem as portas para a decifração da mente humana e são elas mesmas que o levaram quando tentava desvelar o enigma do feminino, a um impasse: O que quer a mulher? Se, por um lado, ela lhe traz a luz de um caminho, por outro, apresenta- se como o “Continente Negro” obscuro e indecifrável. No entanto, tem um lugar de destaque em sua obra. Freud, em 1905, ao escrever os Três Ensaios Sobre a Teoria da Sexualidade, diz que “a sexualidade das mocinhas é de caráter inteiramente masculino”. Essa afirmação servirá como ponto de partida para o desenvolvimento do nosso trabalho. O objetivo do mesmo é compreender, através das reflexões de Freud, o árduo caminho que percorre a menina até tornar-se mulher, tomando como referência o estudo do complexo de Édipo, e sua reformulação através do complexo de castração. O trabalho que Freud faz sobre esse assunto, pode ser idido em duas fases. Na primeira delas, Freud apresenta a sua teoria da sexualidade infantil. Seus estudos se iniciam nos anos 90 do século passado, prolongando-se até meados dos anos 20 e gira em torno de referências ao complexo de Édipo.

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    Freud e a sexualidade feminina

    Luzia Travassos Duarte

    Introduo

    Freud inicia seus estudos psicanalticos com a escuta que faz das histricas. So as mulheres que lhe abrem as portas para a decifrao da mente humana e so elas mesmas que o levaram quando tentava desvelar o enigma do feminino, a um impasse: O que quer a mulher?

    Se, por um lado, ela lhe traz a luz de um caminho, por outro, apresenta-se como o Continente Negro obscuro e indecifrvel. No entanto, tem um lugar de destaque em sua obra.

    Freud, em 1905, ao escrever os Trs Ensaios Sobre a Teoria da Sexualidade, diz que a sexualidade das mocinhas de carter inteiramente masculino. Essa afirmao servir como ponto de partida para o desenvolvimento do nosso trabalho.

    O objetivo do mesmo compreender, atravs das reflexes de Freud, o rduo caminho que percorre a menina at tornar-se mulher, tomando como referncia o estudo do complexo de dipo, e sua reformulao atravs do complexo de castrao.

    O trabalho que Freud faz sobre esse assunto, pode ser idido em duas fases. Na primeira delas, Freud apresenta a sua teoria da sexualidade infantil. Seus estudos se iniciam nos anos 90 do sculo passado, prolongando-se at meados dos anos 20 e gira em torno de referncias ao complexo de dipo.

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    Tomando como base a prpria evoluo das teorias acerca da sexualidade feminina, idi este trabalho em duas partes, cujos ttulos retratam o desenvolvimento que teve o complexo de dipo na teoria freudiana.

    Na primeira, ao qual dei o ttulo O Complexo de dipo: uma relao simtrica?, realizei um rastreamento sobre a simetria do dipo, onde procuro responder essa primeira questo.

    Este item, que se intitula O dipo Simtrico, contm essa fase inicial das primeiras teorizaes, onde Freud assume uma posio contraditria, fazendo-se necessrio um estudo mais prolongado e distinto sobre a bissexualidade e a teoria do monismo flico, com a finalidade de esclarecer as suas relaes com a contradio colocada.

    A segunda parte surge como conseqncia evolutiva da primeira, e nele abordaremos as concepes de Freud sobre a dissimetria, centralizando-nos nas idias do autor sobre a distino anatmica e seus resultados para o psiquismo.

    Aqui nos baseamos no estudo dos artigos As Conseqncias Psquicas da Distino Anatmica entre os Sexos, 1925, A Sexualidade Feminina 1931 e A Feminilidade 1932. A escolha desses textos deve-se ao fato de Freud a tratar da especificidade da sexualidade feminina, teorizando sobre a dissimetria.

    I - O Complexo de dipo: uma relao simtrica?

    O dipo Simtrico

    Uma questo inicial na teoria Freudiana que nos leva ao estudo da sexualidade feminina o complexo de dipo.

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    Freud revolucionou o mundo quando disse que em toda criana existe o desejo sexual pela figura parental do sexo oposto e o desejo de morte do rival que o personagem do mesmo sexo.

    O Complexo de dipo surge na obra a partir da auto-anlise de Freud e da anlise de suas pacientes.

    Ele refere-se ao dipo pela primeira vez em uma carta escrita a Fliess, datada de 15/10/1897, onde diz;

    Cada pessoa da platia foi um dia, um dipo em potencial na fantasia, e cada uma recua horrorizada diante da realizao de sonho ali transplantada para a realidade, com toda a carga de recalcamento que separa seu estado infantil do estado atual[1]

    Nessa carta e no livro A Interpretao dos Sonhos, (1900) na seo sobre Morte dos Seres Queridos, Freud refere-se ao mito de dipo na verso de Sfocles e estabelece uma analogia com a fase em que a criana ama um dos pais e odeia o outro, a qual passou a chamar de edipiana. Ele diz:

    O edipus Rex o que se conhece como uma tragdia do destino. Diz-se que seu efeito trgico reside no contraste entre a suprema vontade dos deuses e as vs tentativas da humanidade de escapar ao mal que a ameaa.[2]

    Em 1905, Freud ao escrever Fragmentos da Anlise de um Caso de Histeria afirma:

    Traos distintos podem provavelmente ser encontrados na maioria das pessoas com uma inclinao precoce desta espcie, a filha em relao ao pai, ou o filho em relao me.[3]

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    Sendo, portanto, toda a interpretao da histeria de Dora, situada ao nvel de seu amor edipiano infantil por seu pai e seu substituto, atual, o Sr. Herr K.

    Freud pensava que se Dora no fosse histrica, da mesma forma que se sentiu atrada por seu pai enquanto criana, tambm t-lo-ia sido por, Herr K ou seja: ela teria um complexo de dipo feminino natural.

    Nesta viso simtrica do dipo, regra geral o paralelismo entre os papis edipianos de meninos e meninas. Tal como foi colocado no texto sobre Dora, pode-se inferir que a atrao heterossexual seria da ordem do natural. Ela predeterminada.

    Tomando-se como referncia somente o caso Dora, pode-se concluir que o complexo de dipo, neste primeiro momento da teoria, considerado simtrico. No passa de um conjunto simples de relaes em que os meninos amam suas mes e, conseqentemente desejam livrar-se de seus rivais, os pais. As meninas desejam seus pais e dirige o seu cime a sua me. Dentro de uma viso simtrica, a anatomia determinaria a identidade e a escolha sexual.

    Nos Trs Ensaios, estudo que foi publicado na mesma poca que o texto referido acima, e que bsico para compreenso das reflexes de Freud sobre a sexualidade, encontramos no primeiro captulo uma tentativa de desmanchar a compreenso normativa e teleolgica vigente na poca.

    De maneira que embora ele aponte para uma viso simtrica do dipo, ao descrever o caso Dora, todo o conjunto do seu pensamento nos mostra o contrrio. O estudo das perverses demonstra que para o impulso sexual no existe um objeto sexual natural, assim como o objetivo no est pr-fixado.

    Como demonstrao do que dito pelo autor nos ensaios, acrescentaremos uma breve citao do mesmo:

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    A observao cuidadosa mostra, porm, que ocorrem desvios numerosos, tanto em relao ao objeto, como ao objetivo sexual.[4]

    Portanto se nem o objeto nem o objetivo so predeterminados a crena na existncia de um instinto sexual inato no sustentvel.

    O que se apresenta confuso para Freud, nesse momento, a concepo do desenvolvimento da primeira fase do dipo na menina.

    Uma outra colocao de Freud sobre o assunto pode ser lida no texto Delrios e sonhos na Graa de Jensen, de 1907, quando ele escreve:

    Mas seu pai totalmente absorvido em seus interesses cientficos, no lhe dava a mnima ateno. Assim ela foi obrigada a se dirigir para outra pessoa... Quando ele tambm deixou de fazer caso dela, seu amor no sofreu nenhuma diminuio: ao contrrio, intensificou-se, pois ele se tornara semelhante ao pai. [5]

    Em 1909, Freud retoma a discusso sobre o dipo, diferenciando a vertente masculina e feminina de forma simtrica. Sabe-se que ele expe suas idias, quando vai aos Estados Unidos, a convite do eminente psiclogo Stanley Hall e profere palestras na Clark University em Worcester, por ocasio do vigsimo aniversrio dessa instituio.

    Apresenta a sua teoria de forma sistemtica em As Cinco Lies de Psicanlise. E ao tratar da existncia da sexualidade infantil ele afirma:

    A criana toma ambos os genitores, e particularmente um deles, como objeto de seus desejos erticos... O complexo assim formado destinado a pronta represso, porm continua agir no inconsciente com intensidade e persistncia. Devemos declarar que suspeitamos represente ele, com seus derivados, o complexo nuclear de cada neurose, e nos predispusemos a encontr-lo no menos ativo em outros campos da vida

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    mental. [6]

    Vale lembrar que quando o autor assim escreve, ele ressalta que a regra da preferncia do pai pela filha, ou da me pelo filho no geral, portanto h casos que escapam a essa regra.

    Neste momento, Freud j postulava que o complexo nuclear, posteriormente complexo de dipo seria o responsvel pelas neuroses.

    Ainda em 1909, quando trata da discusso no caso do pequeno Hans, Anlise de uma fobia em um Menino de Cinco Anos, Freud referindo-se s relaes de uma criana com seus pais, escreve:

    Hans era realmente um pequeno dipo que queria ter seu pai fora do caminho, queria livrar-se dele, para que pudesse ficar sozinho com sua linda me e dormir com ela. [7]

    Embora Freud tenha avanado muito nas teorizaes, s em 1910, que ele utiliza o termo complexo de dipo no artigo Um tipo especial de escolha de objeto feita pelo homem, vejamos:

    Ele comea a desejar a me para si mesmo no sentido com o qual, acabou de se inteirar, e a odiar, de nova forma, o pai como o rival que impede esse desejo, passa como dizemos ao controle do complexo de dipo. [8]

    Trazendo agora um exemplo do cotidiano, o autor j aponta para a existncia de um dipo estruturante e universal.

    Nessa primeira viso que Freud tem do dipo, h uma centralizao no que acontece ao menino.

    J existe aqui, a caracterstica do dipo como estruturante do sujeito, no

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    sentido em que sua existncia conseqncia do desenvolvimento da sexualidade da criana na sua inter-relao com os pais e como resultado dos desejos incestuosos e hostis que se contradizem com as normas culturais, gerando repugnncia ao sujeito, estabelecendo para Freud a concepo de represso, da censura, como mecanismo que trata de jogar fora da conscincia, tudo o que no aceito pelo sujeito.

    H um aprofundamento na viso que Freud tem do dipo, que desenvolvido no artigo A Psicologia dos Grupos e a Anlise do Ego, escrito em 1921, nesse texto o autor explica o que acontece no perodo edpico ressaltando a ambivalncia da criana em relao aos pais, trazendo algo novo que a proposio da sada do dipo atravs das identificaes.

    Com relao identificao, no capitulo VII do referido artigo, ele afirma:

    Ao mesmo tempo em que essa identificao com o pai ou pouco depois, o menino comea desenvolver uma catexia de objeto verdadeira em relao me, de acordo com o tipo anacltico de ligao. Apresenta ento, portanto, dois laos psicologicamente distintos; uma catexia de objeto sexual e, direta para com a me e uma identificao com o pai que o toma como modelo. [9]

    As reflexes sobre as identificaes permitem avanar na compreenso de que a identidade sexual no inata. A identidade sexual se constri a partir das identificaes, isto , a identificao com o pai determinar o que o menino gostaria de ser. J a escolha de objeto, por sua vez, d-se em relao ao que ele gostaria de ter.

    O superego forma-se em conseqncia destas identificaes sendo ento herdeiro do complexo de dipo, no sentido de que ele o substituto dos investimentos do objeto via identificaes.

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    Freud retomar esta discusso no texto O Ego e o ld, 1923. Colocando novamente a identificao no mago da situao edpica, ou seja, o sujeito se constitui na sua relao com o outro.

    Quanto sada do dipo no menino Freud afirma:

    (...) a dissoluo do complexo de dipo consolidaria a masculinidade no carter de um menino. [10]

    J com relao menina ele diz:

    De maneira precisamente anloga o desfecho da atitude edipiana numa menininha pode ser uma intensificao de sua identificao com a me. [11]

    O que se constata ao falar sobre o complexo de dipo, nessa fase, que Freud est tomando como ponto de referncia o menino. Portanto o que se pode concluir que nesses primeiros momentos, quando ele fez meno explcita vertente feminina do dipo, ele resvala na defesa de uma simetria, ou pressupe na menina, um processo anlogo ao do menino.

    Simultaneamente discusso do dipo, Freud introduz a problematizao do conceito da bissexualidade e um aprofundamento sobre o mesmo esclarecedor para a compreenso do dipo. De maneira que julgamos necessrio destacar um espao para aprofundar esta temtica.

    O dipo e o Conceito de Bissexualidade

    A crena de Freud no valor da bissexualidade vinha de tempos atrs. Nos Trs Ensaios (1905) ele escrevia:

    ... sem levar em conta a bissexualidade, creio que dificilmente seria

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    possvel chegar a uma compreenso das manifestaes sexuais que podem efetivamente ser observadas em homens e mulheres.[12]

    Antes mesmo, encontramos uma referncia a esse assunto em uma carta escrita a Fliess, datada de 1/8/1899, onde ele escreve:

    Mas a bissexualidade! claro que voc tem razo quanto a ela. Estou-me acostumando a encarar cata ato sexual como um processo em que h quatro indivduos envolvidos.[13]

    Embora os conceitos de masculino e feminino possam remeter a uma concepo biologstica, o desenvolvimento das reflexes de Freud caminham claramente na direo de considerar como sinnimos do binmio atividade/passividade.

    Freud, em 1905, serve-se do termo para defender a tese de que s h uma libido, a masculina, o que nos leva a crer que h uma monossexualidade inicial e a bissexualidade acha-se colocada nas mulheres, o que leva Freud a sustentar que a sexualidade da menina fundamentalmente masculina.

    interessante salientar que aqui o autor enfatiza a existncia de uma bissexualidade na mulher, quando na verdade, ela universal.

    Nesse contexto, a seguinte questo se impe:

    Como fazem as meninas, para se tornarem mulheres com uma libido masculina?

    Nos Trs Ensaios, Freud diz ser necessrio dar s concepes masculino e feminino noes mais precisas. E ele o faz em uma nota de rodap acrescentada em 1915. Dada a sua importncia, optamos por reproduzi-la na ntegra:

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    essencial compreender claramente que os conceitos de masculino e feminino, cujo significado parece to inequvoco s pessoas comuns, esto entre os mais confusos que ocorrem na cincia. possvel distinguir pelo menos trs usos. Masculino e feminino so usados por vezes no sentido de atividade e passividade, por vezes num sentido biolgico e por vezes, ainda, num sentido sociolgico. O primeiro destes trs significados o essencial e o mais til em psicanlise. Quando, por exemplo, a libido foi descrita no texto acima como masculina, a palavra estava sendo usada neste sentido, pois um instinto sempre ativo mesmo que tenha em mira um objetivo passivo. O segundo significado, ou biolgico, de masculino e feminino aquele cuja aplicabilidade pode ser mais facilmente determinada. Aqui masculino e feminino so caracterizados pela presena de espermatozides ou vulos, respectivamente, e por funes que deles procedem. A atividade e seus concomitantes (desenvolvimento muscular mais poderoso, agressividade, maior intensidade da libido) esto, via de regra, ligados masculinidade biolgica, mas eles no so necessariamente assim, pois h espcies animais em que essas qualidades so, ao contrrio, atribudas fmea. O terceiro significado, ou significado sociolgico, recebe sua conotao da observao de indivduos masculinos e femininos efetivamente existentes. Tal observao mostra que nos seres humanos a masculinidade pura ou a feminilidade no se pode encontrar nem num sentido psicolgico nem num biolgico. Todo indivduo, ao contrrio, revela uma mistura dos traos de carter pertencentes a seu prprio sexo e ao sexo oposto, e mostra uma combinao de atividade e passividade, concordem ou no estes ltimos traos de carter com seus traos biolgicos.[14]

    A oposio atividade/passividade expressa ai com a dualidade que o termo bissexualidade recobre. O texto freudiano nos leva a concluir que a utilizao destes conceitos no se dirige a uma iso dos sexos, isto , a uma oposio masculino/feminino. Ele pressupe a existncia de uma polaridade no psiquismo de ambos os sexos.

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    Podemos demonstrar que os primeiros trabalhos de Freud sobre o dipo fundamentavam-se no que diz respeito ao sexo feminino, numa viso simtrica. Contudo nesta mesma poca o prprio Freud nos mostra indcios de uma assimetria. Estamos nos referindo s teorizaes de Freud sobre o monismo flico. Impondo-se nesse momento a necessidade de uma melhor reflexo sobre essa temtica.

    Universalidade do Falo

    Em 1908, ao escrever As Teorias Sexuais Infantis, Freud postula a universalidade do pnis, que deduzida das teorias sexuais infantis elaboradas pelas crianas.

    O menino revela sua crena, de que todos os seres possuem pnis, inclusive as mulheres.

    Com a continuao de suas observaes, ele descobre ao olhar os rgos genitais da mulher, que o pnis no comum a todos. E diante dessa constatao ele no consegue ver a diferena, mas sim uma falta, vindo a neg-la. Inicialmente ele acha que pequeno e que mais tarde crescer, depois ele imagina que ela o tinha e perdeu.

    A menina ide a opinio com o menino, manifestando um grande interesse pelo pnis e, sentindo inveja deste, passa a uma posio de desvantagem.

    Freud descobre desde 1908, que essa distino anatmica no se inscreve como tal no psquico, ai, s se inscreve o que conseqncia dessa diferena. O menino no v a falta do membro na menina, ao contrrio, afirma que o pnis est l.

    Posteriormente, em 1923, ao escrever A Organizao Genital Infantil, Freud retoma a temtica: o menino v a falta do pnis, mas entende essa falta como o resultado de uma castrao. Ele proclama que para o

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    menino s possvel ver o sexo feminino enquanto castrado a partir de uma anterior ameaa da castrao. Diante do rgo genital feminino, no o rgo sexual feminino que o menino v, mas a castrao.

    Freud acrescenta:

    A anttese aqui entre possuir um rgo genital masculino e ser castrado.[15]

    Para o autor, diante da diferena sexual, o menino recua assustado, uma vez que a falta do pnis percebida pela criana como a confirmao de uma castrao. A criana se v diante de uma difcil tarefa a empreender: isto , chegar a um acordo com a castrao em relao a si mesma.

    O que Freud vai chamar de falo, o pnis enquanto podendo faltar. Vejamos a seguinte citao:

    O que est presente, portanto, no a primazia dos rgos genitais, mas uma primazia do falo. [16]

    Constatamos, que o falo a crena infantil de que no existe diferena entre os sexos, a crena de que todo mundo tem um pnis.

    O falo situa-se fora da realidade anatmica, fora do rgo, ou seja, ao nvel do que essa falta do rgo capaz de representar subjetivamente.

    Obs: Sob a orientao da Prof. Glacy, que conferiu no texto original alemo, o termo phallus utilizado por Freud j no texto de 1917, O Tabu da Virgindade. No entanto s no texto de 1923, que discutimos acima que o primado do falo postulado explicitamente. Em 1924 Freud insere no resumo dos Trs Ensaios, (p.240 da E.S.B.) uma clasula (...), e, nas crianas, esta ltima fase desenvolvida at uma primazia do pnis. A Imago traduziu como pnis o que em alemo phallus retirando o significado simblico, remetendo ao sentido anatmico. O

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    que gera uma deturpao do texto freudiano.

    Hugo Bleichmar define a angstia de castrao como um segundo momento da fase flica onde o pnis presente no sentido de existente, mas que se pode perder: ele diz:

    O pnis , ento, uma presena que se define em relao a uma ausncia possvel e uma ausncia que se torna possvel em relao a uma presena suposta. [17]

    Ainda no texto de 1923, ao mesmo tempo em que Freud diz que a crena na existncia de apenas um rgo genital comum aos dois sexos, ele, quando se refere menina, diz no saber como tal processo desenvolve-se para ela. Vejamos o que ele diz:

    Infelizmente, podemos descrever esse estado de coisas apenas no ponto em que afeta a criana do sexo masculino, os processos correspondentes na menina no conhecemos. [18]

    Freud compreende que o menino no tem dvidas quanto distino entre homens e mulheres, s que inicialmente ele no vincula essa diferena a seus rgos genitais.

    O menino teme ento a perda do pnis, uma vez que imagina que a menina tinha e o perdeu. Quanto menina o que lhe acontece ao perceber a sua falta? A essa questo, Freud s responde dois anos depois, quando vai falar da distino anatmica. A discusso sobre as idias contidas nesse texto gostaria de deixar para o captulo posterior.

    Em 1924, Freud ao escrever A Dissoluo do Complexo de dipo prope uma vinculao entre a organizao flica, o complexo de dipo, a ameaa de castrao, a formao do superego e o perodo de latncia. Freud diz que essas vinculaes justificam a resoluo do complexo de dipo pela ameaa da castrao. Sendo esse processo exclusivo dos

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    meninos, a menina teria que lidar com a castrao como fato consumado e o menino com o medo da sua concretizao.

    Nesse mesmo artigo Freud acha que o complexo de dipo teria uma soluo mais fcil para a menina e justifica dizendo que ela teria apenas que assumir o lugar da me e adotar uma atitude feminina para com o pai. Ela aceitaria a renncia ao pnis e o trocaria pelo desejo de ter um filho, sendo os dois desejos irrealizveis, permanecem investidos no inconsciente e ajudam na sua preparao para o papel posterior de mulher e me.

    Nesse momento a vertente masculina continua a ser o objeto prioritrio no estudo da situao edpica, muito embora j se delineie a concepo do dipo como assimtrico, uma vez que a teoria do monismo flico considerada universal.

    II A Dissimetria nas Teorizaes Sobre a Sexualidade Feminina

    A Dissimetria do dipo

    Com o artigo Algumas Conseqncias Psquicas da Distino Anatmica entre os Sexos, publicado em 1925, Freud inaugura uma nova etapa em suas reflexes sobre a sexualidade feminina.

    Nesse artigo, como sugere o ttulo, h uma clivagem entre o psquico e o anatmico. Freud parte das diferenas anatmicas para explicar as suas conseqncias psquicas.

    Como vimos no captulo anterior, a diferena entre os sexos, no inscrito no psquico, como tal. Agora temos, que essa mesma distino anatmica fornece um resultado psquico diferente para os dois sexos.

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    Freud admite a assimetria do dipo, baseando-se na influncia que tem a castrao no complexo edpico.

    Ele diz que h um contraste fundamental entre os dois sexos, pois enquanto para os meninos o complexo de castrao a sada para o dipo, para as meninas faz-se a introduo.

    Freud est postulando aqui que a problemtica da castrao vlida para os dois sexos de forma diferenciada. Para o menino, ele duvida, nega, encobre, procura, perde-se em ruminaes e vai ser muito difcil compreender e confrontar-se com a falta quando percebe a mulher como castrada. Falta-lhe o rgo que ele tanto valoriza.

    A essa percepo juntam-se as lembranas das ameaas que sofreu quando brincava com ele, passa a acreditar nessas ameaas e v-se apoderado do temor castrao que segundo o autor ser a mais poderosa fora motriz do seu desenvolvimento posterior.

    O que vai fazer o menino sair do dipo a ameaa de castrao. Ele associa a possibilidade de castrao ao fato de desejar sua me, e passa a identificar-se com a figura do pai. Essa identificao propiciar a construo do ideal do ego masculino. Canalizando essa energia para outros objetivos, o menino vive a esperana de ser como o pai e ter uma mulher como a me.

    E assim Freud interpreta a sada do dipo do menino, atravs da ameaa de castrao.

    Quanto menina, a sua castrao evidente. Ela viu, ela conhece e quer ter um pnis tambm, percebe-se diante de uma grande inveja, que tem seu pice no desejo de tornar-se ela prpria um menino.

    O complexo de masculinidade da menina tem sua origem nessa rpida olhadela inicial e tem seu desenvolvimento em duas vertentes; a

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    esperana e a negao... Esperana por achar que um dia pode ter esse pnis como recompensa, o que a faria semelhante aos homens e a negao por insistir em no reconhecer a falta e persistir na idia de possui-lo at comportar-se como se fosse homem. Nela a compreenso dessa falta evidente, diferente da que o menino tem. Ela percebe e conclui imediatamente. De maneira que o tempo entre a percepo e a compreenso dessa falta diferente para os dois.

    Contudo o complexo de castrao para a menina, tambm tem sua origem na constatao da falta. Ela admite a importncia do rgo que no tem, sente-se injustiada e em conseqncia desse fato inicia-se a inveja do pnis que para Freud deixar profundas marcas que repercutiro em seu desenvolvimento e na formao do seu carter.

    No fcil para a menina aceitar a falta, ela vai reclamar, vai culpar a me, vai dizer que ela deu para o menino e no deu para ela.

    Quando se percebe castrada, vai desenvolver a inveja, que no sentido de procurar aquilo que lhe falta, o que Freud constata como marca indelvel pois s o reconhecimento no significa aceitao.

    Portanto na menina, o complexo de castrao a origem do dipo. A constatao da falta do pnis e a inveja deste, levam-na a afastar-se da me. A menina volta-se para o pai na esperana de que este lhe d, o que a me no lhe deu.

    Diante da castrao, meninos e meninas reagem diferentes. Este fato aponta para uma dissimetria: para um a percepo da castrao promove a entrada no dipo, para o outro, ela promove a sada dele.

    Ainda nesse texto, Freud aponta as conseqncias psquicas que traz a inveja do pnis menina. Ele apresenta quatro conseqncias: A primeira que surge o sentimento de inferioridade:

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    Uma mulher, aps ter-se dado conta da ferida ao seu narcisismo, desenvolve como cicatriz um sentimento de inferioridade. 1

    ao nvel do narcisismo, dos apoios identificatrios que surgem os primeiros efeitos da inveja do pnis. Aps o primeiro momento da descoberta, que de punio, a menina passa a partilhar do desprezo que o homem dedica ao sexo feminino e ao fazer isso, torna-se semelhante a ele adotando o mesmo julgamento de valor.

    A segunda conseqncia da inveja o trao caracterstico do cime feminino. Aqui, continuamos no registro do narcisismo, mas agora sob o ngulo da relao imagem do outro, Freud remete ao texto Uma criana Espancada (1919), ao primeiro momento dessa fantasia onde o pai bate em uma criana de quem tenho cimes. Nessa fantasia feminina, so sempre meninos que so espancados e ser espancado a equivale a ser amado. Isso nos leva a concluir que aqui a menina faz uma dupla identificao, de maneira que ela identifica-se com aquele que espancadopara assumir a posio daquele que amado, e identifica-se com aquele que espanca, para vingar-se de quem est enciumada.

    Continuando o texto de 1925, Freud diz que a criana espancada pode ser identificada ao clitris.

    A criana que est sendo espancada (ou acariciada) pode, em ltima anlise, ser nada mais nada menos que o prprio clitris,... 2

    Para ela ento o fato do clitris ser espancado e em conseqncia ser amado, representa que no preciso ser dotado de pnis para ser amado pelo pai, mas ter a caracterstica reduzida (clitris) suficiente. Ela passa a querer elevar o clitris ao nvel do pnis.

    Essa equivalncia to desejada base do cime caracterstico da mulher.

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    A terceira conseqncia o afrouxamento da relao afetuosa da menina com seu objeto materno, que implica na culpa que a menina infere me por sua incompletude, por sua falta de pnis.

    Sentindo-se sem o sinal que a identifique, como ser feminino, resta-lhe identificar-se me, s que essa me tambm privada de pnis, desvalorizada para a menina e tambm no possui o signo da identidade sexual.

    Freud aponta tambm a forte reao que a menina desenvolve contra a masturbao clitoridiana. Ela reage ao prazer sentido atravs desse sub-pnis que no vale muito. Freud conclui ento que a humilhao narcsica que a menina enfrenta provoca o abandono da masturbao dirigindo-se, assim, feminilidade.

    Surge aqui uma questo: se a inveja do pnis conduz a menina ao complexo de masculinidade, como que esse mesmo complexo vai conduz-la ao desenvolvimento da feminilidade?

    Freud continua dizendo que a partir da a menina toma uma nova posio, deslizando sua libido da idia de possuir um pnis para a idia de ter um filho e toma assim o seu pai como objeto de amor e a me como objeto do seu cime.

    Ele refora essa posio no artigo de 1931, A Sexualidade Feminina remetendo-se mais uma vez ao primeiro objeto de amor. Dessa feita, porm, voltado para a situao da menina. Ele vai questionar sobre o que a far abandonar a me e voltar-se para o pai, uma vez que seu primeiro objeto de amor tambm a me?

    Como e quando ela desliga-se da me? S ao levantar essas questes, que Freud reconhece o valor do perodo pr-edpico para a menina.

    Reconhece o quanto subestimara esse perodo e insere o fato de que a

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    dependncia em relao ao pai, implica numa dependncia anterior me e que a durao dessa fase seria mais longa do que presumira.

    Para ele, a mulher s conseguiria atingir a normal situao edipiana positiva, aps superar o perodo anterior que governado pelo complexo negativo, ou seja, a relao primeira com a me.

    Ainda no texto de 1925, Freud passa a fazer uma comparao entre as diferenas existentes entre homens e mulheres, com a finalidade de acrescentar novas descobertas ao material j conhecido.

    Como interesse nosso acompanhar os passos do autor, faremos junto com ele, algumas repeties de assuntos que j foram abordados anteriormente.

    Ele refere-se primeiramente a troca de zonas genitais afirmando que a bissexualidade, presente em todos os seres humanos, mais clara nas mulheres do que nos homens. Alega que o homem possui apenas uma zona sexual principal e que a mulher possuidora de duas zonas: o clitris e a vagina.

    Acrescenta ainda que a vida sexual das mulheres idida em duas fases. A primeira possui um carter masculino devido s primeiras ocorrncias genitais da infncia estarem relacionadas ao clitris. s na puberdade, quando ela produz sensaes que emergir a segunda fase denominada por Freud de especificamente feminina. Contudo ele salienta que o funcionamento do clitris ter continuidade na idade adulta feminina, este no ser abandonado. No homem, no entanto, no ocorre essa transio de fases.

    Quando Freud refere-se ao fato de que as mulheres possuem dois rgos genitais diferentes, permanece para ele um problema, uma vez que julga que um rgo deveria substituir o outro. Dizendo-se de outra forma, a vagina deveria tomar o lugar do clitris.

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    Diante dessa colocao, impe-se uma questo: Por que de certa forma, deve a mulher sacrificar o clitris vagina? Por que o autor s concebe o tornar-se mulher, a partir da eliminao do clitris que para ele corresponde sexualidade flica?

    Uma segunda diferena entre homens e mulheres apontada por Freud e diz respeito troca de objeto. Para a menina, alm da mudana sexual de zona, corresponde uma seguinte que a mudana no sexo do seu objeto. Ele reconhece as dificuldades apresentadas por essa troca e no sabe como pode ocorrer essa mudana.

    Uma terceira diferena aqui lembrada por Freud e situa-se no complexo de dipo, ele diz:

    apenas na criana do sexo masculino que encontramos a fatdica combinao de amor por um dos pais e, simultaneamente, dio pelo outro, como rival. 3

    Como j nos referimos anteriormente, a descoberta da possibilidade da castrao, aps ter percebido que a menina no possui pnis, leva o menino sada do dipo, com a criao do superego pela interdio do pai ao incesto, acarretando a mudana de direo quanto ao objeto amoroso, em prol da preservao do seu pnis.

    Freud aponta o desprezo que os homens freqentemente demonstram para com as mulheres, como sendo um complicador na relao homem/mulher.

    Esse desprezo ele considera como sendo um remanescente do complexo de dipo.

    J a menina, entretanto:

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    (...) reconhece a sua castrao e, com ela, tambm a superioridade do homem e sua prpria inferioridade, mas se rebela contra esse estado de coisas indesejvel. 4

    Para resolver esse impasse, Freud prope trs sadas para a situao edpica da menina: A primeira sada desenvolver uma repulsa geral sexualidade que compreende o abandono da sexualidade flica, ou melhor, dizendo, da masturbao clitoridiana, sendo o clitris desvalorizado diante do pnis. A menina refere tambm me e s outras mulheres essa hostilidade.

    Ao examinar o que foi dito anteriormente sobre a relao da menina com sua me, Freud conclui que sua atitude hostil com a me no apenas uma conseqncia da rivalidade existente no complexo de dipo, mas que se origina na fase precedente, tendo sido reforada e explorada na situao edipiana.

    Atravs do material que transmitido a Freud por suas pacientes ele se d conta de uma gama de motivos que levam a menina a afastar-se de sua me; queixa-se de no ter sido amamentada direito, de que a me falhou quando no lhe deu o pnis, que a levou a idir o seu amor com outros e ainda no lhe atendeu as expectativas. Acusa-a tambm de ter despertado a sua atividade sexual e depois t-la proibido.

    Partindo da, Freud passa a questionar: O que que a menina exige da me? Qual a natureza de seus objetivos sexuais durante a poca de ligao exclusiva a esta?

    Freud responde dizendo:

    Os objetivos sexuais da menina em relao me so tanto ativos quanto passivos e determinados pelas fases libidinais atravs das quais a criana passa. 5

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    Freud prope uma reconstruo da relao primria me-filha tendo por base a dialtica atividade/passividade.

    O autor postula o desejo que existe na criana de querer fazer a um outro o que lhe foi feito anteriormente. H a revolta contra a passividade, que significa, um desejo de separao.

    No contexto que Freud insere a dialtica atividade/passividade, implica um balano entre ser objeto da me e tomar a me como objeto. Podemos descrever essa situao como uma luta entre ser objeto e ter o objeto.

    A forma como ele apresenta essa luta, diz-nos que ela resulta em um outro impasse. Ao separar-se, ou melhor, ao sair da posio passiva onde era objeto do desejo da me passando para a posio na qual coloca a me como objeto, a menina afasta-se do seu destino de feminilidade.

    Uma vez mais a questo retorna: Como que para alcanar a feminilidade ela deve tornar-se masculina?

    Freud nos remete ainda s brincadeiras das meninas, e especialmente sua brincadeira com bonecas, onde ele aponta o carter de feminilidade esboado nesta. Segundo ele, quando ela brinca de bonecas e quando troca o deseja de ter um pnis, pelo desejo de ter um filho, ela expressa o seu lado maternal, ou o desejo pela maternidade.

    O autor atribui ao filho o papel de significante da identidade feminina, e agora mais uma vez encontramo-nos diante de um impasse: a identidade feminina baseia-se sobre o desejo de ser me ou sobre o desejo de ser homem?

    Esse brinquedo, no entanto, no parece significar sua feminilidade, mas sim, assume o papel de uma identificao me com a finalidade de substituir a posio passiva pela ativa.

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    Ao brincar de bonecas, ela assume o lugar da boneca como filha da me, posio passiva, e assume o lugar da me da boneca, que uma posio ativa.

    s pela via do desejo do pnis, que o filho boneca se torna um filho do pai.

    cada vez maior a constatao de Freud de que a problemtica feminina situa-se no retorno inelutvel de sua antiga relao materna. Tudo se passa na realidade como se para a menina, o pai nunca substitusse completamente a me.

    A questo de desejar um filho do pai surge como um deslocamento do pnis para o filho, mas a menina no renuncia a este. O filho vem como equivalente deste, at porque, ela deseja ter um filho do pai, para d-lo me.

    Surge, ento, que esta relao primria com a me no uma fuso, mais uma luta na qual o objetivo determinar quem vai devorar o outro, eu ou voc.

    O que na verdade faz com que ela volte-se para o pai, no o seu amor por ele, mas o dio pela me. Essa luta permanece e vai ressurgir mais tarde, em seus relacionamentos com os homens. Freud vai dizer que a mulher passa metade de sua vida a brigar com a me e a outra metade em uma luta com o marido. O que equivale a dizer que ela briga a vida toda com a me.

    A segunda via possvel para a sada do dipo, apresentada por Freud como o complexo de masculinidade, que tem seu incio com a descoberta da castrao da me. A menina, ao contrrio do que acontece na vida anterior, exacerba a sua masturbao, identifica-se me flica ou ao pai, influenciando assim uma posterior escolha de objeto homossexual.

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    O mecanismo do complexo de masculinidade no deve ser procurado na inveja do pnis, pois o primeiro refere-se ao desejo de ser como o pai, isto ; desempenhar o papel masculino, o papel do pai, o segundo, tem por efeito, dirigir a menina ao amor do pai.

    Para Freud, um bom nmero de meninas nunca se tornar mulheres, elas simplesmente permanecem homens, isto , na posio masculina. Por isso postula a necessidade de um grande trabalho psquico, para que a menina venha a se tornar mulher. Trata-se, portanto de um vir-a-ser. Em seguida ele nos diz:

    (...) somos obrigados a reconhecer que a menina um homenzinho.6

    Nesse momento a menina no se reconhece como um outro sexo, independente do menino, ou de sua sexualidade.

    Freud reafirma a sua crena de que a vagina propriamente dita ainda no foi descoberta para ambos o sexo. O que ele quer dizer no que a vagina seja ignorada, mas sim que ela conhecida como um furo, como uma ausncia.

    Temos ento que se a menina um pequeno homem, a sua evoluo para tornar-se mulher bem mais complexa que o desenvolvimento do menino em homem. Para que isso acontea, ela tem que trocar de zona sexual, trocar de objeto de amor, sair de sua relao com a me e dirigir seu amor ao pai.

    Enfim, essa seria a nica via possvel para a feminilidade apresentada por Freud. Novamente, encontramo-nos diante de um paradoxo, no caminho que leva a menina a tornar-se mulher, pois que ao mesmo tempo em que deve abandonar a passividade para desligar-se da me, deve conservar parte dela, para ligar-se ao pai.

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    Freud acrescenta que, paralelamente ao afastamento da me, acontece uma diminuio dos impulsos sexuais ativos e uma ascenso dos passivos, cessando a masturbao clitoriana, permitindo assim a transio para o objeto paterno, abrindo-lhe a passagem feminilidade.

    Freud finaliza o artigo acrescentando:

    Sem dvida verdade que existe uma anttese entre a ligao ao pai e o complexo de masculinidade: trata-se da anttese geral que existe entre atividade e passividade, masculinidade e feminilidade.7

    Em 1933, ao proferir as Novas Conferncias Introdutrias Sobre Psicanlise, Freud apresenta A Feminilidade que constitui o ltimo artigo no qual ele acrescenta algumas reflexes sobre a sexualidade feminina.

    Em nota de rodap, temos que essas conferncias baseiam-se essencialmente em dois artigos precedentes que j comentamos neste trabalho, Algumas Conseqncias Psquicas da Distino Anatmica Entre os Sexos (1925) e A Sexualidade Feminina (1931).

    Freud trata nesse artigo da vida adulta da mulher retomando a questo da bissexualidade. Ele volta a reafirmar que o desenvolvimento da feminilidade permanece ligado ao perodo masculino inicial, que existem ainda fixaes fase pr-edipiana com perodos alternados de masculinidade e feminilidade. Ele supe que o que os homens chamam de engma feminino pode estar relacionado forma bissexual da vida da mulher.

    E ao iniciar o artigo A Feminilidade Freud acrescenta:

    Quando encontram um ser humano, a primeira distino que fazem homem ou mulher? E os senhores esto habituados a fazer essa distino com certeza total. 8

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    Quando Freud escreve assim, ele est dizendo que mesmo que exista uma diferena anatmica, no significa que a anatomia determine a virilidade ou a feminilidade.

    Freud nesse texto retoma mais uma vez a discusso sobre masculino e feminino a qual lhe parece ser muito cara. Com o objetivo de avanar um pouco mais na explicitao da oposio entre atividade/passividade.

    Como vimos na primeira parte deste trabalho, Freud estava muito preocupado em desmanchar a correlao igualitria entre a psicologia e a biologia. Para ele os termos masculinidade e feminilidade teriam que ser compreendidos como sinnimos de atividade e passividade, ele ainda diz mais, nenhum dos dois sexos, mantm predomnio sobre eles. Vejamos o texto freudiano:

    Uma me ativa para com seu filho, em todos os sentidos: a prpria amamentao tambm pode ser descrita como a me dando o seio ao beb, ou elasendo sugada por este. 9

    At ento, Freud colocara a equivalncia entre atividade e masculinidade por um lado e feminilidade e passividade, por outro, segundo o autor:

    ... no serve a nenhum propsito til e nada acrescenta aos nossos conhecimentos. 10

    No entanto, dir que a feminilidade pode, em ltimo caso ser caracterizada por uma preferncia por objetivos passivos. Mas, at mesmo essa preferncia a fins passivos ser questionada. Vejamos o que ele diz:

    Poder-se-ia considerar caracterstica psicolgica da feminilidade dar preferncia a fins passivos. Isto, naturalmente no o mesmo que passividade: para chegar a um fim passivo, pode ser necessria uma

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    grande quantidade de atividade. 11

    Conclumos, ento, que qualquer que seja o paradigma que tomemos para analisar a passagem da fase pr-edpica para a edpica, ou a passagem da menina para mulher, encontraremos sempre uma objeo, pois essas mudanas ocorrem mais como deslocamentos que como substituies.

    Concluso

    Como elucidamos neste trabalho, durante todo o desenvolvimento da teoria psicanaltica, isto , durante trs dcadas, Freud procurou respostas para o enigma do feminino.

    Isso se evidencia nos questionamentos contidos em diversos escritos, nos quais ele procura compreender a determinao da natureza feminina pelo vis da sua funo sexual.

    Inicialmente, o estudo da sexualidade feminina realizado pelo prisma masculino. O homem foi por longo tempo tomado como paradigma.

    Freud continua seus trabalhos, desenvolvendo teorizaes sobre o complexo de dipo. Defendeu de incio uma viso simtrica e com esse pensamento discute o caso Dora, que analisado em termos do amor edipiano infantil.

    A partir de 1915 ao estudar o conceito de bissexualidade Freud esclarece esse conceito, indicando a polaridade existente no psiquismo de ambos os sexos. Paralelamente, ele desenvolve o estudo da sexualidade infantil postulando a primazia do falo como universal.

    Comea a surgir a viso assimtrica do dipo, abrindo espao ao estudo da sexualidade feminina, uma vez que Freud passa a considerar a

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    bissexualidade e o falo como universais.

    Floresce uma segunda fase de suas descobertas, com a reformulao do dipo. Freud preocupa-se em elaborar e defender suas postulaes a partir dos efeitos psquicos da distino anatmica entre os sexos. Ele d uma maior nfase castrao e toma a fase pr-edipiana como um marco para o estudo da feminilidade.

    Encontramos nesse ponto da teoria, alguns impasses no caminho que leva a menina a tornar-se mulher. O primeiro deles, surge quando Freud aponta a necessidade da troca de zonas sexuais. Ele julga que o clitris deveria substituir a vagina. Diante dessa colocao, surge ento uma questo: Por que para tornar-se mulher, a menina teria que eliminar o clitris que para o autor equivaleria masculinidade?

    Um segundo impasse que podemos constatar relaciona-se a sua reflexo sobre a percepo da castrao, quando Freud diz que a menina tomada por uma inveja do pnis, que a conduz ao complexo de masculinidade. Esse mesmo complexo, ele coloca como uma das possveis sadas para o complexo de dipo. Surgindo ento a questo: como que o complexo de masculinidade vai conduzir feminilidade?

    Para resolver esse impasse, Freud postula a troca do desejo de possuir um pnis, pelo desejo de possuir um filho. E outra vez encontramos um paradoxo, pois o autor atribui ao filho o papel de significante da identidade feminina. Sendo assim a feminilidade basear-se-ia no desejo de ser me ou no desejo de ser homem?

    Freud diz ainda, que para voltar-se para o pai, aps desligar-se da me a menina teria que abandonar a atividade. Novamente, estamos diante de um impasse no caminho da menina, pois ao mesmo tempo em que deve abandonar a passividade, assumindo uma posio ativa para desligar-se da me, deve conservar parte dessa passividade para ligar-se ao pai.

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    Conclumos que por esse prisma, qualquer caminho que tome a menina ser muito difcil tornar-se mulher. Para o autor necessrio menina um longo trabalho psquico para que alcance esse fim.

    Ao encerrar seus estudos sobre a feminilidade, Freud lembra-se que esteve descrevendo as mulheres at ento, na medida em que sua natureza determinada por sua funo sexual e, que o mesmo apresenta-se incompleto e fragmentrio.

    No sem propsito que Freud depois de escutar a fala das mulheres, remete-as condio de um enigma e encaminha a questo aos poetas. E ao perguntar: O que quer a mulher? Ele encerra suas investigaes, revelando o indizvel relacionado ao feminino

    Notas

    Parte I

    [1] Masson, J.M. A Correspondncia Completa de Sigmund Freud para Willhelm Fliess, 1887-1904, pg. 273.

    [2] Freud, S. A Interpretao dos Sonhos. E.S.B. Vol: IV pg. 257.

    [3] Freud, S. Fragmentos da Anlise de um Caso de Histeria. E.S.B. Vol: VII pg. 54.

    [4] Freud, S. Trs Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade. E.S.B. Vol: VII pg. 136.

    [5] Freud, S. Delrios e sonhos na Graa de Jensen. E.S.B. Vol: IX pg. 41.

    [6] Freud, S. As Cinco Lies de Psicanlise. E.S.B. Vol: XI pg. 43-44.

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    [7] Freud, S. Anlise de uma Fobia em um Menino de Cinco Anos. E.S.B. Vol: X pg.

    [8] Freud, S. Um Tipo Especial de Escolha de Objeto Feita pelo Homem. E.S.B. Vol: XI pg. 154.

    [9] Freud, S. A Psicologia dos Grupos e a Anlise de Ego. E.S.B. Vol: XVIII pg. 133.

    [10] Freud, S. O Ego e o Id. E.S.B. Vol: XIX pg. 47.

    [11] ibid pg. 47.

    [12] Freud, S. Trs Ensaios Sobre a Teoria da Sexualidade. E.S.B. Vol: VII pg. 226.

    [13] Masson, J.M. A Correspondncia Completa de Sigmund Freud Para Wilhelm Fliess, 1887-1904 pg. 365.

    [14] Freud, S. Trs Ensaios Sobre a Teoria da Sexualidade. E.S.B. Vol: VII pg. 226. (Grifo Nosso)

    [15] Freud, S. A Organizao Genital Infantil. E.S.B. Vol: XIX pg. 184.

    [16] ibid pg. 180.(Grifo Nosso)

    [17] ibid pg. 180

    [18] . Bleichmar, Hugo. Introduo ao Estudo das Perverses, cap: 4, pg. 35.

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    Parte II

    1 Freud, S. Algumas Conseqncias Psquicas da Distino Anatmica Entre os Sexos. E.S.B. Vol: XIX pg. 315.

    2 ibd Pg. 316.

    3 Freud, S. A Sexualidade Feminina. E.S.B. Vol: XXI pg. 263.

    4 ibid pg. 264.

    5 ibid pg. 271.

    6 Freud, S. A Feminilidade. Vol: XXII pg. 146.

    7 Freud, S. A Sexualidade Feminina. E.S.B. Vol: XXI pg. 279.

    8 Freud, S. A Feminilidade. Vol: XXII pg. 164.

    9 ibid pg. 142

    10 ibid pg. 143.

    11 ibid pg. 143.

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    Bleichmar, Hugo. Introduo ao Estudo das Perverses Teoria do

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