frei luís de sousa - importância d'os lusíadas na cena inicial

Upload: mianinhah

Post on 13-Oct-2015

6 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • 5/22/2018 Frei Lus de Sousa - Importncia d'Os Lusadas Na Cena Inicial

    1/2

    Publicado em http://portugues11ano.blogspot.compor Antnio Alves

    PORTUGUS, 11 ANOPROF. ANTNIO ALVES

    Frei Lus de Sousa- a importncia d' Os Lusadasno incio da pea

    Ato I - cena I

    Madalena s, sentada junto banca, os ps sobre uma grande almofada, um livro aberto no regao, e as mos

    cruzadas sobre ele, como quem descaiu na leitura e na meditao.

    Madalena(repetindo maquinalmente e devagar o que acaba de ler)

    Naquele ingano d'alma ledo e cego

    Que a fortuna no deixa durar muito...

    Com paz e alegria d'alma... um ingano, um ingano de poucos instantes que seja... deve de ser a felicidade

    suprema neste mundo. E que importa que o no deixe durar muito a fortuna? Viveu-se, pode-se morrer. Mas

    eu!... (pausa) Oh! que o no saiba ele ao menos, que no suspeite o estado em que vivo... este medo, estes

    contnuos terrores, que ainda me no deixaram gozar um s momento de toda a imensa felicidade que me

    dava o seu amor. Oh! que amor, que felicidade... que desgraa a minha!

    Almeida Garrett no poderia ter concebido melhor cena para iniciar o Frei Lus de Sousa. Sendo esta obra, pela sua

    forma, um drama, "ttulo modesto" com que o autor se contentou, como o deixou expresso na Memria ao

    Conservatrio Real, , efetivamente, pela sua essncia, uma tragdia. Assim, teve o autor o cuidado de abrir a

    cortina com uma cena em que Madalena, sozinha, como quem descaiu da leitura na meditao, repete,

    maquinalmente e devagar, dois versos do episdio de Ins de Castro, de Os Lusadas.1

    Naquele ingano d'alma ledo e cego / Que a fortuna no deixa durar muito... O solilquio de Madalena evoca

    aspetos particularmente pertinentes: o carter trgico do episdio determinado pelo destino (fortuna), boa

    maneira clssica, e a diferena que ela prpria sente em relao a Ins. Viveu-se, pode-se morrer., diz Madalena,

    s que o medo e os terrores que a perseguem (note-se a gradao crescente) no lhe permitiram ainda que vivesse,

    levando-a, no final da cena, a desabafar: ...que desgraa a minha!

    Temos, pois, o primeiro indcio de que ao se encaminhar inevitavelmente para acatstrofe.

    Por outro lado, o facto de Garrett ter colocado Madalena a ler Os Lusadaspropicia a segunda fala de Telmo (cena

    II), que considera este livro como no h outro, tirante o respeito devido ao da palavra de Deus, que no conhece

    por no saber latim como o seu senhor2.Tal dito, aparentemente um lapso do domnio do subconsciente, foi o

    suficiente para que Telmo, como que censurado pelo seu consciente, corrigisse: ... quero dizer, como o Sr. Manuel

    de Sousa Coutinho. Esta correo evidencia o conflito existente entre ambas as personagens, j que o que Telmo

    pretende justamente lembrar a Madalena que o seu senhor continua a ser D. Joo de Portugal, em cuja morte no

    acredita, como podemos verificar no decurso da mesma cena3.

    A utilizao de Os Lusadasem Frei Lus de Sousa pode ser tudo menos surpreendente. No nos esqueamos de

    que o Romantismo, em Portugal, por conveno, teve o seu incio em 22 de Fevereiro de 1825, data da publicao,

    em Paris, de Cames, poema em dez cantos, de Almeida Garrett. Era, sem dvida, Garrett um camonianista, por isso

    no estranha que soubesse que uma das formas que os que se opunham governao filipina encontraram para

    alimentar o sebastianismo foi precisamente o fomento da leitura da epopeia nacional. Nunca, at ento, Os Lusadas

    haviam tido to elevado nmero de tiragens.

    Assim, aparentemente, Madalena surge em cena duplamente marcada pelo destino: todo o simbolismo do

    episdio de Ins de Castro e o prenncio de um sebastianismo que s lhe poder ser adverso.

    Retirado dehttp://faroldasletras.no.sapo.pt/frls_primeira_cena.htm

    http://faroldasletras.no.sapo.pt/frls_primeira_cena.htm#cena_Ihttp://faroldasletras.no.sapo.pt/frls_primeira_cena.htm#cena_Ihttp://faroldasletras.no.sapo.pt/frls_primeira_cena.htm#cena_Ihttp://faroldasletras.no.sapo.pt/frls_elementos_da_tragedia.htmhttp://faroldasletras.no.sapo.pt/frls_personagens.htm#cren%E7a_de_telmohttp://faroldasletras.no.sapo.pt/frls_personagens.htm#cren%E7a_de_telmohttp://faroldasletras.no.sapo.pt/frls_personagens.htm#cren%E7a_de_telmohttp://faroldasletras.no.sapo.pt/frls_personagens.htm#cren%E7a_de_telmohttp://faroldasletras.no.sapo.pt/frls_personagens.htm#cren%E7a_de_telmohttp://faroldasletras.no.sapo.pt/frls_primeira_cena.htmhttp://faroldasletras.no.sapo.pt/frls_primeira_cena.htmhttp://faroldasletras.no.sapo.pt/frls_primeira_cena.htmhttp://faroldasletras.no.sapo.pt/frls_primeira_cena.htmhttp://faroldasletras.no.sapo.pt/frls_personagens.htm#cren%E7a_de_telmohttp://faroldasletras.no.sapo.pt/frls_personagens.htm#cren%E7a_de_telmohttp://faroldasletras.no.sapo.pt/frls_elementos_da_tragedia.htmhttp://faroldasletras.no.sapo.pt/frls_primeira_cena.htm#cena_I
  • 5/22/2018 Frei Lus de Sousa - Importncia d'Os Lusadas Na Cena Inicial

    2/2