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Boletim Técnico da Escola Politécnica da USP Departamento de Engenharia de Construção Civil ISSN 0103-9830 BT/PCC/456 Frederico Santos Belchior Dos Reis Ubiraci Espinelli Lemes de Souza São Paulo – 2007 Coberturas com telhado: definições, características gerais e visão analítica

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Boletim Técnico da Escola Politécnica da USP

Departamento de Engenharia de Construção Civil

ISSN 0103-9830

BT/PCC/456

Frederico Santos Belchior Dos Reis Ubiraci Espinelli Lemes de Souza

São Paulo – 2007

Coberturas com telhado: definições, características gerais e visão analítica

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Escola Politécnica da Universidade de São Paulo Departamento de Engenharia de Construção Civil Boletim Técnico – Série BT/PCC Diretor: Prof. Dr. Vahan Agopyan Vice-Diretor: Prof. Dr. Ivan Gilberto Sandoval Falleiros Chefe do Departamento: Prof. Dr. Alex Kenya Abiko Suplente do Chefe do Departamento: Prof. Dr. Orestes Marraccini Gonçalves Conselho Editorial Prof. Dr. Alex Abiko Prof. Dr. Francisco Ferreira Cardoso Prof. Dr. João da Rocha Lima Jr. Prof. Dr. Orestes Marraccini Gonçalves Prof. Dr. Paulo Helene Prof. Dr. Cheng Liang Yee Coordenador Técnico Prof. Dr. João Petreche O Boletim Técnico é uma publicação da Escola Politécnica da USP/ Departamento de Engenharia de Construção Civil, fruto de pesquisas realizadas por docentes e pesquisadores desta Universidade. O presente trabalho é parte da tese de doutorado apresentada por Frederico Santos Belchior dos Reis, sob orientação do Prof. Dr. Ubiraci Espinelli Lemes de Souza: “Produtividade da Mão-de-Obra e Consumo Unitário de Materiais no Serviço de Coberturas com Telhado”, defendida em 29/06/2005.

A íntegra da tese encontra-se à disposição com o autor e na biblioteca de Engenharia Civil da Escola Politécnica/USP.

FICHA CATALOGRÁFICA

Reis, Frederico Santos Belchior dos

Coberturas com telhado: definições, características gerais e visão analítica / Frederico Santos Belchior dos Reis, Ubiraci Espinelli Le-mes de Souza. -- São Paulo : EPUSP, 2007.

14 p. – (Boletim Técnico da Escola Politécnica da USP, Departa- mento de Engenharia de Construção Civil ; BT/PCC/456)

1. Produtividade no trabalho 2. Mão-de-obra 3. Coberturas I. Sou- za, Ubiraci Espinelli Lemes de II. Universidade de São Paulo. Escola Politécnica. Departamento de Engenharia de Construção Civil III. Tí-tulo IV. Série ISSN 0103-9830

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Boletim Técnico – Coberturas com telhado_______________________________ 1

COBERTURAS COM TELHADO: DEFINIÇÕES, CARACTERÍSTICAS

GERAIS E VISÃO ANALÍTICA

Frederico Santos Belchior dos Reis1; Ubiraci Espinelli Lemes de Souza2

1MSc., Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, [email protected] 2Prof. Dr., Escola Politécnica da Universidade de São Paulo

RESUMO

Este trabalho pretende gerar subsídios para a melhoria do processo de concepção e

produção de coberturas com telhado visando à melhoria da produtividade e a

minimização da perda de materiais.

Para tanto, realiza-se com base em levantamento prévio de informações, constituindo

em um capítulo conceitual discutindo as coberturas com telhado.

A variabilidade encontrada permite concluir-se que o entendimento da execução

pode representar uma ferramenta importante para a gestão da concepção e execução

das coberturas com telhado.

Palavras Chave: coberturas com telhado, produção, consumo de materiais.

ABSTRACT

This research intends to provide information to support roof design and production in

terms of labor productivity and material consumption.

Based on a previous information review, one chapters is presented, discussing roof

alternatives.

The wide range of performance detected allows the author to conclude that

understanding why this variation occurs represent a strong support to the roof system

conception and production.

Key Words: roff alternatives, production, material consumption.

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1. INTRODUÇÃO

A Construção Civil tem passado por inúmeras transformações, motivadas por uma

gama de fatores relacionados com legislações, exigências mais rigorosas de parte dos

agentes contratantes, mudança de postura do consumidor, mercado cada vez mais

competitivo, escassez de capital para investimento (as empresas não mais repassam o

custo de seus erros ao cliente, passando a buscar alternativas para racionalizar a

produção), entre outros motivos de maior ou menor influência.

A busca de novos caminhos para se adaptar ao novo contexto, tanto pelo lado das

empresas, fabricantes, como também das universidades e órgãos institucionais,

resultou no surgimento de várias pesquisas sobre novos materiais, processos

construtivos e inúmeros outros temas, além da importância de se obter um melhor

desempenho no aproveitamento dos recursos físicos e humanos (mão-de-obra).

Entre as diversas pesquisas realizadas, o estudo da produtividade se mostrou

essencial, pois promovia discussões, apontava novos caminhos, ou seja, questionava

a forma como o processo de produção nos canteiros de obras era falho e necessitava

ser revisto, tornando-se uma ferramenta extremamente útil, em que a sobrevivência

das empresas estará cada vez mais condicionada aos fatores relacionados à etapa de

planejamento da obra, e não somente as decisões tomadas no momento da execução,

situação corriqueira ainda encontrada neste setor.

A melhoria da produtividade pode acontecer no momento em que se entende o

serviço a ser analisado; neste caso, as coberturas com telhados. E o fato de não se

perceber o devido interesse no assunto é uma das motivações do estudo, mesmo

sabendo que a cobertura, é importante em relação aos custos de um empreendimento.

A formulação das metas e objetivos para o sistema produtivo, planejamento,

utilização dos recursos humanos existentes, integrados aos recursos físicos, e

acompanhamento destas ações para que possíveis falhas sejam percebidas e

imediatamente corrigidas é base fundamental para o sucesso de qualquer

empreendimento, independente do setor de atuação.

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Os materiais empregados no processo de produção e a mão-de-obra que manuseia

estes recursos podem ser considerados de imensa participação no sucesso (ou

fracasso) de um empreendimento, dependendo da qualidade em sua gestão, fazendo

com que a compreensão destes dois temas se torne praticamente estratégica do ponto

de vista organizacional.

Os estudos da produtividade da mão-de-obra e do consumo unitário de materiais se

destacam entre os temas que podem proporcionar pesquisas que agreguem valor à

execução de um serviço específico, ou de uma obra, fato este já percebido pelos

centros de pesquisas, nacionais e internacionais, que cada vez mais exploram o

assunto.

Restringindo a análise para as coberturas com telhado, observa-se uma estrutura que

não conseguiu aliar sua importância em termos de custo e desempenho em uma obra

com a quantidade de pesquisas realizadas, principalmente estudos sobre

produtividade da mão-de-obra e consumo unitário de materiais.

A possibilidade de realização de uma pesquisa sobre produtividade da mão-de-obra e

consumo unitário de materiais em coberturas com telhado abre possibilidades para

descobertas, positivas e negativas, que possam estar ocultas aos olhos de

engenheiros, gestores, fabricantes, operários e todos os agentes envolvidos na

execução e gestão deste serviço.

Essas considerações evidenciam a necessidade de um estudo mais avançado deste

tema pelos centros de pesquisas brasileiros, percebendo a existência de uma lacuna,

já que esses estudos não abordavam, de maneira detalhada, a produtividade da mão-

de-obra e consumo unitário de materiais na execução de coberturas com telhado.

Posteriormente, se realiza uma descrição das coberturas com telhado, através de

definições, características gerais e a visão analítica dos elementos constituintes desta

estrutura.

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2. COBERTURAS COM TELHADO

2.1 Definições e características gerais

Meneguetti (2001) afirma que nos diversos autores de livros de projeto e tecnologia

de processos construtivos, como Schmitt (1970) e Ataev (1985), a descrição da

função básica da cobertura seria a de proteger as atividades humanas e o conteúdo

das edificações contra a chuva, vento, calor, frio, poeiras e gases do meio ambiente,

enquanto que Martino (1979) e Finzi; Nova (1981) a descrevem como um abrigo

contra os agentes do meio ambiente, realizando trocas de calor, iluminação e gases.

Definições demonstram que a função da cobertura, de proteção do espaço criado para

desenvolvimento de atividades humanas contra agentes agressivos do meio ambiente,

não varia com relação ao tempo, mas nas formas de atender às exigências utilitárias.

A cobertura, o telhado e a telha são termos com origens e uso milenares, sendo que

os termos cobertura e telhado são empregados simultaneamente, de forma até

redundante, tanto na linguagem de leigos quanto na literatura técnica brasileira,

deixando claro a existência dos vários significados que podem assumir ou como

forma de limitar uma tipologia ou técnica construtiva (MENEGUETTI, 2001).

A falta de uma coerência técnica que seja comum em todas literaturas sobre

coberturas, acabou por dar liberdade para cada autor utilizar definições de acordo

com o significado que procura enfocar, seja ele simbólico (cultural), geométrico

(forma), funcional (utilização), técnico (como se faz) ou tributário (impostos sobre

produção, comercialização e serviços).

A falta de igualdade nos significados de termos técnicos e a busca por significados

dos termos correntes e coloquiais ajudam a compreender algumas razões para as

definições presentes nos trabalhos citados anteriormente, ficando clara a grande

relação entre os significados de cobertura e telhado. Isso possibilita a conclusão de

que telhado é uma parte da cobertura e nem todas as coberturas são formadas por

telhados ou possuem telhas.

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Meneguetti (2001) afirma que as normas italianas, em especial a UNI 8089 (1980),

apresentam melhor sistematização do assunto e paridade com a forma construtiva

brasileira. PICCHI (1984) realiza um comparativo, apresentado na Tabela 2.1, entre

as duas tipologias de cobertura (as coberturas com telhados possuem as seguintes

características quando comparadas às lajes de concreto impermeabilizadas: menor

peso; melhor estanqueidade; maior durabilidade; menor participação estrutural;

menos suscetibilidade às movimentações do edifício; necessidade de forro).

TABELA 2.1 – Quadro comparativo entre coberturas em telhados e lajes de

concreto impermeabilizadas. Fonte: adaptado de PICCHI (1984)

Características

Fundamentais

Coberturas

em telhados

Lajes de concreto

Impermeabilizadas

Peso

Materiais de revestimento leves

(telhas), vãos vencidos geralmente por

treliças, resultando estruturas leves.

Vãos vencidos pelo próprio concreto

armado ou protendido, (pode resultar

em coberturas mais pesadas).

Estanqueidade

Garantida pela justaposição das telhas

(encaixe, comprimento sobreposição,

etc.) e inclinação (esta é fundamental,

garantindo velocidade de escoamento

das águas, evitando penetração pelas

juntas, pelo efeito do vento; pelas

próprias peças, quando o material não

é suficientemente impermeável).

A continuidade é garantida pela

continuidade da superfície vedante; o

concreto, pela sua fissuração (devido à

retração, movimentação térmica e

carregamento), não garante por si só

esta continuidade, sendo exigidas as

impermeabilizações.

Participação

estrutural e

comportamento

frente a

movimentações do

edifício

Coberturas em telhados se apóiam

sobre o suporte, não participando

significativamente da estrutura da

edificação. E a movimentação por

outros motivos (até certo limite) não

compromete sua estanqueidade, pelas

telhas estarem soltas e sobrepostas.

Coberturas de concreto integram a

estrutura do edifício. Movimentações

estruturais (variações dimensionais,

recalques diferenciais) introduzem

tensões na cobertura, o que pode

comprometer sua estanqueidade

devido à fissuração ou ao trincamento.

Necessidade de

forro

Geralmente se utiliza, com dupla

função: suportar instalações, nivelar o

teto e correção térmica. O ar

confinado entre cobertura e forro, e o

próprio participam desta correção.

Em geral, dispensam a utilização de

forros. Por exemplo, nas coberturas

em lajes horizontais, o nivelamento do

teto e suporte para as instalações já é

obtido pela própria laje.

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O Quadro 2.1 apresenta, segundo Pires (1998), as exigências funcionais para

coberturas de edifícios.

QUADRO 2.1 – Exigências funcionais para coberturas de edifícios. Fonte:

PIRES (1998)

EXIGÊNCIAS FUNCIONAIS

Segurança

- segurança estrutural;

- segurança ao fogo;

- segurança durante a utilização.

Habitabilidade

- estanqueidade (água, ar, neve e poeiras);

- conforto hidrotérmico (inverno e verão);

- conforto acústico (sons aéreos e de percussão);

- conforto visual;

- conforto tátil;

- higiene (limitação de ocorrência e

desenvolvimento de substâncias nocivas ou

insalubres);

- adaptação do acabamento à utilização.

Durabilidade

- conservação das qualidades (resistência aos

agentes climáticos, às ações decorrentes do uso

normal, à erosão provocada pelas partículas

suspensas no ar, aos produtos químicos, etc.);

- limpeza, reparação e manutenção.

Economia - limitação do custo global;

- economia de energia.

Como representa um conjunto de intenções e funções, apresentamos a terminologia

adotada por Meneguetti (2001), baseada em normas nacionais e internacionais, e

publicações, para definir os elementos geométricos presentes na cobertura, podendo

ser assimilados na Figura 2.1, assim como uma foto de uma mansarda em uma obra

de cobertura, mostrada na Figura 2.2.

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FIGURA 2.1 – Terminologia geométrica de coberturas. Fonte: MENEGUETTI

(2001)

Superfície de cobertura: superfície geometricamente plana ou mais complexa

(cilíndrica, cúbica ou geometricamente não definível) que resulta exposta aos agentes

atmosféricos;

Água: superfície de cobertura plana inclinada, mas normas de telhas de fibrocimento

adotam o termo rampa;

Beiral: parte do telhado fora do alinhamento da parede;

Vértice: ponto de encontro da linha de cumeeira com uma linha de espigão;

Cumeeira: aresta horizontal delimitada pelo encontro entre duas águas, geralmente

localizada na parte mais alta do telhado; linha de intersecção de duas superfícies de

cobertura com inclinação de sentido oposto e divergente;

Espigão: aresta inclinada delimitada pelo encontro entre duas águas, que formam

ângulo saliente, sendo um divisor de águas; aresta inclinada da intersecção de duas

águas adjacentes;

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Rincão: aresta inclinada delimitada pelo encontro entre duas águas, que forma um

diedro côncavo, sendo um captador de água também denominado por água furtada

(IPT, 1988);

Rufo: linha de intersecção da superfície de cobertura com outra superfície vertical;

Inclinação: expressa em percentuais e equivale à tangente trigonométrica do ângulo

de inclinação entre o desnível compreendido entre a cumeeira (ou rufo) e a linha do

beiral e a distância em projeção horizontal entre estas duas linhas;

Peças complementares: conjunto de peças que permite a solução de detalhes do

telhado (cumeeiras, rufos e beirais);

Elementos de cobertura: elementos (conjunto de peças) que promovam fixação,

ligação ou continuidade entre partes, ventilação, exaustão, drenagem, iluminação,

impermeabilização, condensação, acústica ou decoração;

Mansardas: telhado que sobressai em relação à cobertura inicial, normalmente

executado em edificações de alto padrão, com os mesmos elementos e funções da

cobertura;

FIGURA 2.2 – Mansarda em cobertura. Fonte: fo

MANSARDA

tos do autor (2003)

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Importante ressaltar que, mesmo que os diversos autores que estudam as coberturas

tenham suas próprias definições, com o uso de termos e linguagens características

para os elementos apresentados anteriormente, os conceitos possuem os mesmos

princípios.

As partes constituintes da cobertura com telhados e suas funções principais são:

Estrutura de apoio: geralmente constituída de tesouras, oitões, pontaletes ou vigas,

tendo a função de receber e distribuir adequadamente as cargas verticais ao restante

da edificação;

Trama: constituída geralmente por terças, caibros e ripas, tendo como função a

sustentação das telhas;

Telhado: constituído por telhas de diversos materiais (cerâmica, fibrocimento,

concreto, aço, metálica, cobre, entre outros) e dimensões, tendo a função de vedação.

Sistemas de captação: constituídos geralmente por rufos, calhas, condutores

verticais e acessórios, com a função de drenagem das águas pluviais.

Nos próximos itens, será feita uma descrição de forma mais detalhada de cada parte

da cobertura, compreendida pela estrutura, trama e o telhado, analisando materiais

utilizados, tipologias, componentes, alternativas construtivas, assim como as etapas

do processo de produção deste serviço, com posterior relato da normalização

relacionada às coberturas.

2.2 Estrutura: visão analítica

Este elemento de sustentação, que suporta carregamentos permanentes e sobrecargas

das coberturas, pode ser contínuo (plano e não plano), ou descontínuo. Como

exemplos do primeiro caso, pode ser constituído de lajes de concreto moldadas in

loco, lajes mistas de concreto e blocos cerâmicos ou de poliestireno, painéis de

concreto, decks de madeira, abóbadas de alvenaria ou concreto e cascas de aço. No

segundo caso, as estruturas são formadas por elementos de aço ou ligas metálicas, de

madeira ou de concreto. Considerando as coberturas descontínuas (telhados),

utilizam-se usualmente superfícies descontínuas de elementos principais (tesouras)

ou lajes inclinadas (MENEGUETTI, 2001).

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Os principais pontos a serem considerados no processo de definição da estrutura,

segundo Meneguetti (1994), seriam:

- detalhes arquitetônicos;

- sistemas térmicos e de ventilação (lanternins, exaustor e forros);

- sistemas mecânicos e equipamentos industriais ou cargas tecnológicas;

- sistemas elétricos e de comunicação (dutos e antenas, por exemplo);

- sistemas hidráulicos e de gases;

- fundações;

- fabricação e transporte da estrutura e a montagem;

- próprios sistemas estruturais (reticulados ou superfícies resistentes);

A estrutura de apoio, cuja função principal é transmitir os esforços solicitantes para

os elementos estruturais da edificação, pode ser composta por: tesouras, pilaretes,

oitões e pontaletes (Figura 2.3), sendo que cada um deles será detalhado a seguir.

FIGURA 2.3 – Elementos da estrutura de apoio: tesoura (a); oitão (b); pontalete

(c); pilarete (d). Fonte: Notas de Aula PCC-2436 (2002)

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2.2.1 Estrutura Pontaletada

A trama é apoiada sobre pontaletes, devendo ser contraventados com mãos francesas

e/ou diagonais (Figura 2.4); o apoio das terças no pontalete deve ser feito por encaixe

(talas laterais de madeira, fitas ou chapas de aço), sendo que o apoio não deve ser

diretamente sobre a laje de forro, mas sobre placas de apoio indicado na Figura 2.5.

FIGURA 2.4 – Contraventamento das vigas principais e pontaletes com sarrafo

horizontal, e da terça de cumeeira com mãos francesas. Fonte: IPT (1988)

APOIO

FIGURA 2.5 – Apoio do pontalete na estrutura. Fonte: fotos do autor (2004)

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2.2.2 Oitões

Com processo de produção em blocos, servem de apoio para as terças, desde que

sejam adotados reforços na região de apoio, mostrados na Figura 2.6 a 2.7.

FIGURA 2.6 – Exemplo de oitão com os locais das terças e terça de cumeeira

pré-determinados. Fonte: Notas de aula PCC-2436 (2002)

FIGURA 2.7 – Oitão de alvenaria em cobertura com telhado de edifício. Fonte:

fotos do autor (2004)

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2.2.3 Pilaretes

Como os oitões, os pilaretes também utilizam blocos em seu processo de produção,

servindo de apoio para as terças, mostrado nas Figuras 2.8 a 2.9.

FIGURA 2.8 – Pilaretes na estrutura de apoio. Fonte: fotos do autor (2004)

FIGURA 2.9 – Apoio das terças sobre

APOIO

os pilaretes. Fonte: fotos do autor (2004)

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2.2.4 Tesouras

Viga em treliça plana vertical formada de barras dispostas, compondo uma rede de

triângulos, tornando a estrutural indeslocável, transferindo o carregamento do telhado

aos pilares ou paredes da edificação (MOLITERNO, 1981), sendo o apoio para as

terças (vigas principais), conforme as Figuras 2.10 e 2.11.

TESOURA

FIGURA 2.10 – Estrutura de apoio com tesouras. Fonte: Notas de aula PCC-

2436 (2002)

C

FIGURA 2.11 – Componentes da tesoura. Fonte: IP

A – asna, perna, empena ou banzo superior

B – linha, tirante, tensor ou banzo inferior

C – montante ou suspensório

D – montante principal ou pendural

E – diagonal ou escora

D

T (1988

B

A

E

)

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Usam-se ligações com entalhes (ensambladuras), entre os componentes da tesoura,

com a utilização de estribos, braçadeiras ou cobre-juntas em juntas extremas (ligação

da empena com linha) e nas juntas centrais (ligação das pernas com pendural) –

Figura 2.12.

FIGURA 2.12 – Ligações com ensambladuras. Fonte: MONTENEGRO (1984)

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As próximas figuras indicam a existência de diversos tipos de tesouras existentes e

sua vasta utilização em diferentes tipos de edificações – Figura 2.13.

FIGURA 2.13 – Diferentes tipos de tesouras. Fonte: catálogos diversos

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2.3 Trama: visão analítica

Este elemento complementar de apoio, com a função de apoiar um elemento

principal ou complementar, sempre esta presente, mesmo que integrado a outros

elementos (MENEGUETTI, 2001), servindo de apoio para as telhas e transmissão

dos carregamentos, que ocorrem nas superfícies dos telhados, direcionado-os para a

estrutura (elemento de sustentação).

A composição e o arranjo adotado para este elemento, depende da estrutura de

sustentação, da telha escolhida e do material empregado em sua execução, podendo

exercer diversas funções (Quadro 2.2).

QUADRO 2.2 – Caracterização da trama em coberturas descontínuas. Fonte:

MENEGUETTI (2001)

ELEMENTO

COMPLEMENTAR

DE APOIO

COBERTURA DESCONTÍNUA = COBERTURA COM TELHADOS

Posição na cobertura

- abaixo de elemento de estanqueidade;

- abaixo do elemento de isolamento térmico;

- abaixo do elemento complementar de barreira de vapor;

- abaixo do elemento complementar de ventilação.

Função ou funções

simultâneas

dependendo da

posição que ocupa

(1) ancoragem do elemento de estanqueidade (mediante elemento de

ligação); elemento de sustentação (e suas demais funções); elemento de

isolamento; elemento complementar de ventilação; decoração da parte

interna;

(2) ancoragem do elemento de isolamento térmico (mediante elemento de

ligação); elemento de sustentação (e suas demais funções);

(3) elemento de sustentação (e suas demais funções); elemento

complementar de ventilação;

(4) elemento de sustentação (e suas demais funções).

Produtos

- suportes desenvolvidos para fixação em linhas: filetes de argamassa de

cimento, ripas de madeira, perfis metálicos;

- suportes desenvolvidos para superfícies, tais como: deck contínuo de

madeira, lajes de concreto, painéis de gesso; produtos de materiais

sintéticos lisos ou não; painéis de materiais isolantes térmicos.

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Meneguetti (2001) afirma que as tramas seguem duas concepções distintas:

- tipo convencional, constituída por terças, caibros e ripas - Figura 2.14;

- tipo balloon frame (estruturas descontínuas que integram pisos, vedações

verticais e coberturas); as ripas são apoiadas diretamente na estrutura

(podendo ser formada por treliças ou perfis de alma cheia) – Figura 2.15.

FIGURA 2.14 – Trama convencional. Fonte: Notas de aula PCC – 2436 (2002)

FIGURA 2.15 - Tramas tipo balloon frame: ripas apoiadas na estrutura de

sustentação (vigas de alma cheia). Fonte: Notas de aula PCC-2436 (2002)

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O Quadro 2.3 apresenta os tipos de tramas mais encontrados no Brasil para telhados

por encaixe, os materiais utilizados e os critérios de otimização.

QUADRO 2.3 – Tramas mais utilizadas no Brasil em telhados por encaixe.

Fonte: IPT (1998)

TRAMA RIPAS

longitudinais

CAIBROS

transversais

TERÇAS

longitudinais

ESTRUTURA DE

SUSTENTAÇÃO

Transversais

Convencional

Seções menores e

percursos maiores

madeira

cada 30 a 35 cm

madeira

50 a 80 cm

madeira

2 a 3 m

tesouras de madeira

6 a 12 m

Convencional

Seções menores e

percursos maiores

madeira

cada 30 a 35 cm

madeira

50 a 80 cm

aço

3 a 6 cm

tesoura de aço

Livre

Ballon frame

Percursos menores

e seções maiores

madeira

cada 30 a 35 cm - -

tesouras de madeira

6 a 12 m

Ballon frame

Percursos menores

e seções maiores

madeira

cada 30 a 35 cm - -

vigas de madeira

4 a 8 m

Convencional

Seções menores e

percursos maiores

aço

cada 30 a 35 cm

aço

80 a 120 cm

aço

3 a 6 m

tesouras de aço

Livre

Ballon frame

Percursos menores

e seções maiores

madeira

cada 30 a 35 cm - -

tesouras de aço

6 a 12 m

Ballon frame

Percursos menores

e seções maiores

madeira

cada 30 a 35 cm - -

vigas de aço

4 a 8 m

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Boletim Técnico – Coberturas com telhado_______________________________ 20

Nos telhados por fixação a trama se reduz à existência das terças, sendo que o

material empregado e a geometria da mesma irão variar de acordo com a telha e a

estrutura de sustentação – Figura 2.16.

Meneguetti (2001) afirma que, observando a produção, percebe-se que as

características estruturais e geométricas das telhas por fixação permitem um menor

comprimento dos apoios, a diminuição do comprimento das juntas entre as telhas

além do número menor de componentes para manusear. Os materiais mais

empregados na composição da trama são, por ordem de utilização, a madeira, o aço e

o concreto.

FIGURA 2.16 – Terça como único componente da trama em telhados por

fixação. Fonte: Notas de aula PCC-2436 (2002)

Cada componente da trama será descrito separadamente, mesmo sabendo da

interação que ocorre entre eles, para uma melhor compreensão das suas funções e

particularidades.

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Boletim Técnico – Coberturas com telhado_______________________________ 21

2.3.1 Terças

As terças, peças de madeiras horizontais apoiadas na estrutura, são os primeiros

componentes da trama a serem executados, e geralmente se apóiam sobre as

seguintes estruturas (detalhadas anteriormente no item 2.2): pontaletes; tesouras ou

treliças; oitões ou pares intermediárias; pilaretes.

As terças possuem nomes particulares caso estejam na parte mais alta da cobertura,

denominada terça de cumeeira, e quando estão apoiadas sobre as paredes laterais,

denominada frechais (Figura 2.17). Para Borges (1972), quando se usam caibros de

bitola (dimensão) 5x6 (largura x altura em centímetros), o espaçamento entre duas

terças será no máximo de 2,00m, enquanto que para caibros com dimensões de 5x7,

o espaçamento entre terças será no máximo de 2,50m.

O mesmo autor comenta que as dimensões das terças estão relacionadas com o vão

(espaçamento) entre as estruturas de sustentação. No caso das tesouras, quando o vão

entre as tesouras não exceder a 2,50m, serão usadas terças de 6x12, e para vãos entre

2,50 e 4,00m, usa-se terças de 6x16, atentando que para se usar terças de peroba em

bitola comercial (6x16), não se deve espaçar as tesouras mais do que 4,00m.

FIGURA 2.17 – Terça de cumeeira e frechal. F

(2002)

TERÇAS

onte: Notas de aula PCC-2436

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Boletim Técnico – Coberturas com telhado_______________________________ 22

2.3.2 Caibros

Os caibros são colocados em direção perpendicular as terças, portanto paralelos ao

elemento de sustentação, ficando inclinados, sendo que o declive é responsável pelo

caimento do telhado.

O caimento é representado em forma de rampa para que os carpinteiros tenham mais

facilidade durante a execução, e a bitola dos caibros depende do espaçamento das

terças, e caso a distância horizontal entre terças for até 2,00m, usam-se caibros de

bitola 5x6 (cm).

Quando a distância entre os eixos das terças for superior a este valor e não exceder a

2,50m, os caibros terão bitola de 5x7 (cm), e o espaçamento máximo entre os caibros

deve ser de 50cm, de eixo a eixo, para que as ripas comuns de peroba, de bitola 1x5

(cm), possam ser utilizadas (BORGES, 1972). A Figura 2.18 indica a localização dos

caibros na trama.

CAIBROS

FIGURA 2.18 – Caibros executados na trama. Fonte: fotos do autor (2003)

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2.3.3 Ripas

As ripas são os últimos componentes da trama a serem executados, pregadas

transversalmente aos caibros, paralela às terças. O espaçamento entre ripas depende

da telha a ser utilizada.

A distância entre dois caibros e entre duas ripas depende do tipo de telha (peso) e das

dimensões da sua seção e do tipo de madeira com que são fabricados, ou do aço e de

sua seção, caso a estrutura seja deste material. A Figura 2.19 apresenta, a ripas

executadas juntamente com o aspecto final da trama após sua execução, sendo que

neste caso especificamente a estrutura de sustentação é formada por tesouras.

FIGURA 2.19 –Elemento de sustentação (neste caso, tesoura) e da trama

(terças, caibros e ripas). Fonte: ASSED; ASSED (1988)

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2.4 Telhas: visão analítica

Para Meneguetti (2001), este elemento de estanqueidade se encontra presente em

todas as coberturas, e a partir do material, forma e posição de sua instalação pode

agregar outras funções, confundindo-se com os demais elementos.

O Quadro 2.4 apresenta essas funções e alguns produtos e materiais empregados nos

elementos de estanqueidade para coberturas descontínuas, atentando para a diversa

variedade de opções disponíveis para este elemento.

QUADRO 2.4 – Caracterização das telhas em coberturas descontínuas. Fonte:

(UNI 8178-1980; UNI 9460-1989; UNI 10372-1994) apud MENEGUETTI (2001)

ELEMENTO DE

ESTANQUEIDADE

COBERTURAS DESCONTÍNUAS = COBERTURAS COM

TELHADOS

Posição na

Cobertura

- parte externa da cobertura;

- abaixo do elemento complementar de proteção.

Função ou funções

simultâneas

- elemento de isolamento térmico;

- isolamento acústico;

- autoproteção;

- elemento complementar translúcido;

- proteção ao fogo;

- resistência aos carregamentos decorrentes de manutenção;

- captação de energia solar;

- elemento estrutural;

- decoração.

Produtos

- cerâmica (telhas);

- concreto (telhas, chapas);

- fibrocimento (chapas lisas ou onduladas);

- betume (telhas e chapas);

- metálico (telhas);

- madeira (chapas);

- polímeros (chapas e telhas);

- vidro (chapas e telhas);

- mineral (chapa de ardósia);

- vegetal (fibras e palhas).

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Boletim Técnico – Coberturas com telhado_______________________________ 25

IPT (1988) cita que o telhado pode assumir várias formas, em função da planta da

edificação. O mais simples é constituído por uma única água, denominado telhado de

uma água ou alpendre (Desenho 3A), sem a presença da cumeeira, espigão e o

rincão. O telhado de duas águas apresenta dois planos inclinados que se encontram

para formar a cumeeira (Desenho 3B). O telhado de três águas, com dois planos

inclinados principais, apresenta outro plano em forma de triângulo denominado

tacaniça (Desenho 3C), contendo a cumeeira, além de dois espigões. No telhado com

quatro águas, teremos duas águas mestras e duas tacaniças (Desenho 3D), além de

telhados mais complexos, como por exemplo, os ilustrados nos Desenhos 3E e 3F –

Figura 2.20.

FIGURA 2.20 – Algumas formas de telhado. Fonte: IPT (1988)

De acordo com a maneira de instalar, Meneguetti (2001) agrupa os produtos para

coberturas descontínuas (telhados) em três categorias, detalhadas posteriormente:

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2.4.1 Telhas por encaixe

• 2.4.1.1 Telhas por encaixe – cerâmica

Os vários tipos de telhas por encaixe, de diversos tamanhos, dificultando a

especificação e a modulação, ocasionou a padronização de apenas alguns tipos de

produtos, com único comprimento de telha e galga, para o intercâmbio de telhas e

controle da oferta de produtos (MENEGUETTI, 2001), relacionadas a seguir:

- colonial: formada por duas peças côncavas ou convexas que se recobrem

longitudinalmente e transversalmente;

- francesa: possui encaixes laterais, um ressalto na face inferior e outro

(denominado orelha) de aramar que serve para eventual fixação;

- paulista ou plan: constituídas de peças côncavas (canais) e convexas (capas),

permite mudanças na moldagem desde que se mantenham os sistemas de

encaixe e as dimensões da galga para cada tipo;

- romana: possui uma capa e um canal interligados.

b)a)

d) c)

FIGURA 2.21 – Telhas de cerâmica por encaixe: a) colonial; b) francesa; c)

capa e canal; d) romana. Fonte: Notas de aula PCC-2436 (2002)

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A Tabela 2.3 apresenta a seguir as características, segundo IPT (1988) e Mitidieri

(1994), das principais telhas de cerâmica por encaixe.

TABELA 2.3 – Características morfológicas das telhas de cerâmica por encaixe.

Fontes: IPT (1988); MITIDIERI (1994)

TELHAS POR ENCAIXE – CERÂMICA CARACTERÍSTICAS

FRANCESA ROMANA COLONIAL PAULISTA PLAN

comprimento (mm) 400 415 460 460 460

largura (mm) 240 216 180/140

capa

160/120

canal

180/140

capa

160/120

canal

180/140

espessura (mm) 14 10 13 13 13

altura do canal

(mm) - - 75/55

capa 70/70

canal 70/55

capa 60/60

canal 5/45

massa seca média

(g) 2600 2600 2250

capa 2000

canal 2150

capa 2290

canal 2280

massa seca máxima

(g) 3000 3000 2700

capa 2650

canal 2650

capa 2750

canal 2780

galga (mm) 340 360 400 400 400

ângulos de inclinação 18°<i<22° 17°<i<25° 11°<i<24° 11°<i<24° 11°<i<17°

declividade 32%<d<45% 30%<d<45% 20%<d<25% 20%<d<25% 20%<d<30%

número de telhas / m² 15 16 24 26 26

peso seco telhado

(N/m²) 450 480 650 690 720

peso saturado telhado

(N/m²) 540 580 780 830 860

A colocação destas telhas deve ser feita em fiadas, iniciada pelo beiral, indo em

direção à cumeeira. As próximas fiadas, até a cumeeira, devem ser encaixadas de

forma perfeita na fiada anterior; as telhas dos beirais são as mais solicitadas às

interferências dos ventos, e caso os beirais não tenham proteção, as telhas devem ser

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Boletim Técnico – Coberturas com telhado_______________________________ 28

amarradas na estrutura de sustentação, sendo que no caso das telhas de capa e canal,

a primeira deve ser emboçada e a outra deve ser fixada (IPT, 1988).

As saliências e reentrâncias que definem o recobrimento lateral determinam a

seqüência de colocação das telhas; a colocação da telha do tipo capa e canal é feita

posicionando os canais com a parte mais larga voltada à cumeeira, espaçando-os o

máximo possível, para que as capas possam se apoiar nas abas laterais dos canais,

obtendo o maior canal possível (recobrimento mínimo de 60 mm na colocação dos

canais das fiadas superiores sobre as fiadas inferiores), e as capas são colocadas

sobre os canais com o lado mais largo voltado para baixo, também observando o

recobrimento de 60 mm (MENEGUETTI, 2001).

• 2.4.1.2 Telhas por encaixe – concreto

São telhas produzidas por extrusão de argamassa, cimento e areia, possuindo

diversos modelos e fabricantes, com formas das seções transversais que lembram as

telhas cerâmicas tradicionais, sendo dotadas de saliências e reentrâncias, nervuras e

apoios para obter uma melhor estanqueidade. Uma diferença das telhas cerâmicas

são os encaixes para sobreposição lateral (dois sulcos, em forma de pequenos canais

permitem o encaixe e a drenagem) e longitudinal (a face superior é lisa e na inferior

se formam as barreiras para a água), confirme Figura 2.22 (MENEGUETTI, 2001).

FIGURA 2.22 – Telhas de concreto por encaixe. Fonte: catálogos diversos

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Boletim Técnico – Coberturas com telhado_______________________________ 29

Dependendo do fabricante, a geometria destas telhas pode variar e são

disponibilizadas telhas em policarbonato, para permitir a passagem da luz, com a

desvantagem do alto preço (MENEGUETTI, 2001). O Quadro 2.5 apresenta as

características morfológicas dos tipos de telhas de concreto.

QUADRO 2.5 – Morfologia das telhas de concreto por encaixe. Fontes:

BIONDO (1991); NBR 13858-2 (1997)

CARACTERÍSTICAS TELHA POR ENCAIXE – CONCRETO

comprimento útil (mm) 320

largura útil (mm) 300

espessura (mm) > 10

altura do canal (mm) 70

massa seca média (g) 4000 a 4700

galga (mm) 320

declividade 29 a 45 %

Numero de telhas / m2 9,5 a 10,5

peso unitário (kg) 4,3 a 5,0

peso seco telhado (N/m2) 450 a 500

peso saturado telhado (N/m2) 500 a 550

• 2.4.1.3 Telhas por encaixe – resinas poliméricas (propileno opaco)

Essas telhas possuem formas e utilização semelhante às telhas por encaixe de

cerâmica, e chegam a pesar até nove vezes menos do que as telhas cerâmicas

(Quadro 2.6), com resistência ao impacto maior, não possuindo boa condutividade

térmica. A Figura 2.23 apresenta a telha de polipropileno por encaixe.

QUADRO 2.6 – Telhas por encaixe de: cerâmica, concreto e polipropileno –

comparação de peso e consumo. Fonte: SAYEGH (2001)

TELHA POR ENCAIXE CERÂMICA

Tipo plan

CONCRETO

tradicional POLIPROPILENO

Peso seco (kg/m2) 72 49,35 6,44

Peso saturado (kg/m2) 86 54,30 6,44

Consumo (um./m2) 26 10,50 4

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FIGURA 2.23 – Telhas de polipropileno por encaixe. Fonte: catálogos diversos

2.4.2 Telhas por fixação - devido à capacidade de carga, são classificadas em:

- telhas de vedação: recebem e transferem as ações vindas do meio ambiente;

- telhas estruturais: além da mesma característica da telha de vedação, recebe

e transfere as ações do tráfego durante a execução e manutenção.

• 2.4.2.1 Telhas de fibrocimento Telha de uso em larga escala no Brasil, onde a seção ondulada é a mais utilizada;

dependendo da declividade, pode ter maior ou menor recobrimento lateral e

longitudinal – Figura 2.24.

FIGURA 2.24 – Telha de fibrocimento (recobrimento). Fonte: MENEGUETTI

(2001)

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Boletim Técnico – Coberturas com telhado_______________________________ 31

O sentido da montagem deve ser do beiral para a cumeeira, na direção contrária dos

ventos dominantes (Figura 2.25), com necessidade de corte nos cantos das telhas se

ocorrer o cruzamento do recobrimento lateral e longitudinal, decisões amparadas em

um plano de montagem prévio, conforme a Figura 2.26 (MENEGUETTI, 2001). A

Figura 2.27 mostra exemplos de aplicação da telha de fibrocimento.

FIGURA 2.25 – Seqüência de montagem das telhas. Fonte: NBR 7196 (1983)

FIGURA 2.26 – Esquema prévio de montagem e recorte das telhas. Fonte:

MENEGUETTI (2001)

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Boletim Técnico – Coberturas com telhado_______________________________ 32

FIGURA 2.27 – Utilização de telhas de fibrocimento. Fonte: Notas de aula PCC-

2436 (2002)

• 2.4.2.2 Telhas metálicas

Telhas compostas de ligas metálicas (aço, alumínio e o cobre), que contam com

normalização insuficiente. A superfície lisa e sua elevada mecânica permitem o uso

de pequenas declividades (considerando as sobrecargas de lâminas d’água,

instabilidade que os empoçamentos podem causar na telha e medidas construtivas

que garantam a estanqueidade), apresentada na Figura 2.28.

Meneguetti (2001) apresenta a seguinte seqüência de execução de telhas de aço:

- caso houver, colocar e instalar as calhas, para que as mesmas possam evitar

sobrecargas em caso de chuva;

- sentido de colocação das telhas do beiral para a cumeeira (direção contrária dos

ventos dominantes), respeitando, se existir, o lado preparado para a sobreposição

lateral da telha;

- utilização de fitas de vedação para pequenas declividades;

- instalação de cumeeiras e rufos;

- fixação de todos os elementos;

- por fim, as provas de estanqueidade para garantir a eficiência de todas as juntas.

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Boletim Técnico – Coberturas com telhado_______________________________ 33

FIGURA 2.28 – Telhas metálicas. Fonte: catálogos diversos

• 2.4.2.3 Telhas de plástico

Existência de produtos variados, com diferentes conformações (opacos ou

translúcidos), com as mais várias finalidades (iluminação, proteção), sendo

agrupados em quatro classes: P.V.C (policloreto de vinila) – Figura 2.29; P.M.M.A

(polimetil meta acrilato); P.R.F.V. (poliéster reforçado com fibras de vidro); P.C.

(policarbonato) (MENEGUETTI, 2001).

FIGURA 2.29 – Telhas de plástico: policloreto. Fonte: catálogos diversos

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Boletim Técnico – Coberturas com telhado_______________________________ 34

2.4.3 Coberturas descontínuas de placas

• 2.4.3.1 Placas por sobreposição: podem ser do tipo germânico (Figura

2.30), ou telhas Shingle (placas à base de mantas betuminosas) - Figura 2.31.

FIGURA 2.30 – Telhas do tipo germânico. Fonte: RUBENS (1994)

FIGURA 2.31 – Telhas tipo Shingle. Fonte: catálogos diversos

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Boletim Técnico – Coberturas com telhado_______________________________ 35

• 2.4.3.2 Placas com matajuntas: alguns exemplos de materiais que formam

superfícies com fixação por meio de perfis matajuntas, são o vidro, o

policarbonato alveolar e o acrílico.

2.5 Elementos adicionais da cobertura com telhado

Segundo Meneguetti (2001), partes constituintes das coberturas com telhado que

exercem importantes funções são os elementos: de isolamento térmico;

complementar de proteção; complementar de ligação; complementar de ventilação;

complementar de barreira ao vapor; difusor de vapor; complementar de coroamento;

complementar translúcido e/ou visitável; complementar de drenagem. A Figura 2.32

apresenta elementos complementares de drenagem.

CAPA DEBEIRAL

RUFO

CALHA

FIGURA 2.32 – Elementos complementares de drenagem. Fonte: IPT (1988)

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Boletim Técnico – Coberturas com telhado_______________________________ 36

2.6 Alternativas construtivas

Uma alternativa construtiva ao usual processo construtivo com a utilização de

madeira na estrutura são as estruturas metálicas ou de concreto. Isso ocorre devido à

escassez de material, o aumento do preço da madeira e a essencial necessidade de

preservação ambiental, além do aumento da produtividade e da qualidade na

construção de coberturas com telhado, devido ao maior grau de industrialização

através da utilização de peças pré-fabricadas.

A utilização de estrutura metálica em edificações industriais e galpões se tornou

usual, com a utilização de treliças planas (feitas em aço) ou treliças espaciais,

compostas de elementos tubulares, em aço ou alumínio, sendo que já são utilizadas

em construções residenciais, facilitando o processo de produção, reduzindo tempo de

execução, melhorando o aspecto do canteiro, evitando desperdícios, entre outras

contribuições – Figura 2.33.

FIGURA 2.33 – Utilização de estrutura metálica em construções residenciais.

Fonte: catálogos diversos

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Boletim Técnico – Coberturas com telhado_______________________________ 37

2.7 Processo de produção de coberturas com telhado

Para o serviço de execução de coberturas com telhado composto por estrutura de

apoio e trama em madeira, juntamente com as telhas (cerâmicas, de concreto, entre

outras), podem-se considerar quatro fases distintas durante o processo de produção:

Recebimento

- os materiais utilizados na execução (madeira, telhas e demais materiais)

são entregues no canteiro, podendo os mesmos serem adquiridos pela

empresa que executa a edificação ou pela responsável especificamente

pela cobertura com telhado (caso este serviço seja subempreitado).

Estocagem

- uma vez entregues os materiais, é necessária a existência de um local

predeterminado para alocação, que não atrapalhe a execução do serviço e

facilite o acesso pelos operários.

Processamento intermediário

- etapa de ajustes nas peças de madeira que serão utilizadas na execução do

serviço de coberturas com telhado, no caso em que a espessura e/ou o

comprimento das peças que chegaram no canteiro não sejam os

especificados em projeto (consideram-se também os recortes das telhas

para os espigões e cumeeira);

- é importante que a equipe possua as ferramentas corretas nesta etapa, para

que não ocorram atrasos e erros que ocasionem retrabalhos.

Processamento final

- etapa da execução da partes constituintes da cobertura com telhado

(estrutura de apoio, trama e telhamento), com as peças de madeira e

demais constituintes em sua espessura e comprimento corretos.

A Figura 2.34 apresenta essa visão de processo de produção para uma cobertura com

telhado.

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Boletim Técnico – Coberturas com telhado_______________________________ 38

A

B

C

D

FIGURA 2.34 – Etapas do processo de produção: a) recebimento; b) estocagem;

c) processamento intermediário; d) processamento final. Fonte: fotos do autor

Importante citar que em todas as etapas, o esforço de transporte pode não ser

desprezível, além de poder haver necessidade de ajuste das peças de madeira, sendo

essencial a programação do serviço para evitar a falta de material e atraso na

execução.

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Boletim Técnico – Coberturas com telhado_______________________________ 39

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A existência de desperdícios e a busca pelo seu controle é um passo importante que a

Indústria da Construção têm dado, visando à melhoria contínua dos processos

produtivos existentes e a gestão das atividades no canteiro de obras. Entretanto, para

a avaliação das melhorias advindas de inovações e novos processos construtivos, é

necessário que as Empresas saibam mensurar sua eficiência e tenham conhecimento

do seu desempenho quando da execução do serviço.

Apesar de várias pesquisas, nacionais e internacionais, terem abordado a

produtividade da mão-de-obra e o consumo unitário de materiais para os mais

diversas serviços, as coberturas com telhado ainda apresentam um banco de dados

restrito, fator que dificulta o entendimento do serviço. A existência das ineficiências,

tão comuns na Construção Civil, nas etapas de concepção e execução, abrem espaço

para melhorias, do produto e do processo, para a obtenção de melhores índices de

produtividade e redução das perdas de materiais.

As perdas ocorrem nas mais diversas etapas do processo produtivo, e sua constante

avaliação permite o controle do desempenho da obra em relação aos índices

constantes no orçamento. O entendimento dos fatores influenciadores da

produtividade da mão-de-obra e do consumo unitário de materiais torna-se

instrumento facilitador da gestão nas atividades de construção.

Um projeto simplificado e a boa gestão da produção são importantes para a melhoria

da eficiência. Restringindo a análise ao consumo e perda de materiais, observa-se

que as empresas não têm conhecimento de suas perdas, e o controle é uma atividade

não bem vista nos canteiros, pelo temor de que índices elevados (que representam

perda financeira) sirvam de justificativa para críticas aos funcionários.

Pode se constatar que um aprofundamento do estudo do serviço de coberturas com

telhado, do entendimento quanto aos fatores influenciadores da produtividade da

mão-de-obra e do consumo unitário de materiais em sua execução, se torne

extremamente relevante, justificando uma continuidade das pesquisas sobre o tema.

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Boletim Técnico – Coberturas com telhado_______________________________ 40

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASSED, J. A.; ASSED, P. C. Construção Civil: metodologia construtiva. Rio de

Janeiro: LTC – Livros Técnicos e Científicos. 1988. 220p.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Folha de telha

ondulada de fibrocimento - procedimento. NBR 7196. Rio de Janeiro, 1983.

______. Telhas de concreto – Parte 2: Requisitos e métodos de ensaio. NBR

13858-2. Rio de Janeiro, 1997.

ATAEV, S. S. Construction tecnology. Moscou: Mir, 1985.

BIONDO, G. Buon tetto. 2. ed. Milano: Be-ma Editrici, 1991.

BORGES, A. de C. Prática das pequenas construções. 6. ed. São Paulo: Edgard

Blucher. 1972. 297p.

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