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Curitiba, Vol. 5, nº 8, jan.-jun. 2017 ISSN: 2318-1028 REVISTA VERSALETE COUTO, D. M. B. Fragmentos desdobrados: os rastros... 165 FRAGMENTOS DESDOBRADOS: OS RASTROS DE GRANDE SERTÃO: VEREDAS NOS LIMIARES DE “SERTÃO GRANDE” UNFOLDED FRAGMENTS: THE TRACES OF GRANDE SERTÃO: VEREDAS IN THE THRESHOLDS OF “SERTÃO GRANDE” Daniela Martins Barbosa Couto 1 RESUMO: As referências e citações à obra Grande Sertão: veredas, de João Guimarães Rosa, conduzem e compõem os textos jornalísticos da série “Sertão Grande”, publicada pelo jornal Estado de Minas em 2012. Os trechos do romance, neste trabalho, são lidos considerando-se a perspectiva de Walter Benjamin (1986, 2007) sobre os fragmentos para, assim, perceber-se como o sertão literário do romance se torna rastros que, desdobrados nas páginas do jornal impresso, possibilitam a construção das histórias jornalísticas narradas. Palavras-chave: fragmento; limiares; narrativas. ABSTRACT: The references and citations of Grande Sertão: veredas, by João Guimarães Rosa, lead and make up the journalistic texts of the series “Sertão Grande”, published in 2012 by the newspaper Estado de Minas. The passages of the novel are read considering the concept of fragments, according to Walter Benjamin (1986), in order to identify how the literary “sertão” of the novel becomes tracks that unfolded in the pages of the printed newspaper, enable the construction of the news narrated. Keywords: fragment; thresholds; narratives. 1. FRAGMENTOS DE SERTÃO Um sertão de várias vozes e sotaques, paisagens e rumos ganha traços e contornos por meio da palavra escrita e, nas páginas do papel jornal, tem o reconto de sua história multiplicado em milhares e milhares de exemplares. Uma parte dele é 1 Mestre em Letras, UFSJ.

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COUTO,D.M.B.Fragmentosdesdobrados:osrastros... 165

FRAGMENTOSDESDOBRADOS:OSRASTROSDEGRANDESERTÃO:

VEREDASNOSLIMIARESDE“SERTÃOGRANDE”

UNFOLDEDFRAGMENTS:THETRACESOFGRANDESERTÃO:VEREDASIN

THETHRESHOLDSOF“SERTÃOGRANDE”

DanielaMartinsBarbosaCouto1

RESUMO: As referências e citações à obra Grande Sertão: veredas, de João Guimarães Rosa,conduzemecompõemostextosjornalísticosdasérie“SertãoGrande”,publicadapelojornalEstadodeMinasem2012.Ostrechosdoromance,nestetrabalho,sãolidosconsiderando-seaperspectivadeWalterBenjamin(1986,2007)sobreosfragmentospara,assim,perceber-secomoosertãoliteráriodo romance se torna rastros que, desdobrados nas páginas do jornal impresso, possibilitam aconstruçãodashistóriasjornalísticasnarradas.Palavras-chave:fragmento;limiares;narrativas.ABSTRACT: The references and citations ofGrande Sertão: veredas, by JoãoGuimarãesRosa, leadandmakeupthejournalistictextsoftheseries“SertãoGrande”,publishedin2012bythenewspaperEstadodeMinas.Thepassagesofthenovelarereadconsideringtheconceptoffragments,accordingtoWalterBenjamin(1986),inordertoidentifyhowtheliterary“sertão”ofthenovelbecomestracksthatunfoldedinthepagesoftheprintednewspaper,enabletheconstructionofthenewsnarrated.Keywords:fragment;thresholds;narratives.

1.FRAGMENTOSDESERTÃO

Um sertão de várias vozes e sotaques, paisagens e rumos ganha traços e

contornospormeiodapalavraescritae,naspáginasdopapeljornal,temorecontode

sua história multiplicado emmilhares e milhares de exemplares. Uma parte dele é1MestreemLetras,UFSJ.

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constituídapelaapuraçãojornalísticadocontextosocioeconômicodointeriormineiro

durante os primeirosmeses de 2012, período em que foi produzida a série “Sertão

Grande”,compostapornovereportagens,emcomemoraçãoaos60anosdaviagemde

João Guimarães Rosa junto a Manuelzão pelo sertão mineiro. A outra é tecida por

trechosretiradosdoromanceGrandeSertão:veredas,publicadopelaprimeiravezem

1956econsideradopelareportagemcomoumarepresentaçãodocontextosertanejo

da época da viagemdeRosa entreBarreiroGrande eAraçaí. Assim, para traçar um

paraleloentreaeconomiade2012eaeconomiadosanosde1950,encontram-se,na

mesmapágina,anarrativaquenãoseentregaeevitaexplicações—aquientendida

como as passagens do romance inseridas na série jornalística e que, em forma de

citaçãodiretaouindireta,abrem-separaleiturasdiferentes,conformeserádiscutido

adiante—eainformaçãoque“aspiraumaverificaçãoimediata”(BENJAMIN,1987c,p.

203)edevesercompreensíveleclara—representada,nessecontexto,pelotextodas

reportagens.

Asérie“SertãoGrande”seconstitui,assim,pormeiodeumaconstanteinteração

entreliteraturaejornalismo,aindaqueadiferençaentreambossejademarcada,pois

“na primeira predomina o imaginário; no segundo, deve-se impor a realidade

(histórica,atual)dosfatosnarrados”(SODRÉ;FERRARI,1986,p.23).Quantoaofato

— histórico, diga-se de passagem —, pode-se observar que ele, segundo Le Goff

(2003),nãoéumobjetoacabadoeobjetivo,masalgoemconstrução,cujaleiturapode

semodificarconformeoolharlançado.OsdocumentosqueconstituemaHistória—e

quesãoconsideradosfatos—sãoconstruídosconformeasseleçõestantodasfontes

quantodostrechosregistradose,nocontextodasérie,aobradeRosafoiconsiderada

comoessedocumento,tantoqueintegraatessituradanarrativajornalística.

A linguagem torna-se, então,mediadoraparaa construçãodashistóriase,por

issomesmo,fundamentatantoanarrativaficcionalquantoajornalísticaque,embora

separadas pela oposição entre realidade e imaginação, se reúnem em um mesmo

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espaçotextual.Trechosdolivrosãoinseridosnasreportagenseindicamaquestãoa

serdiscutidanotextojornalístico,conformepodeserpercebidonapassagemaseguir,

retiradadaprimeiramatériadasérie:

Guimarães Rosa e Manuelzão percorreram regiões que não existem mais emMinas:povoadosderamlugaracidades,veredasforamengolidaspordiferentesplantações,oprogresso interferiunocostumedosertanejo.Oautorsabiaquearegiãoestavaprestesamudar.EmGrandeSertão:veredasprofetizou:‘Ah,tempodejagunçotinhamesmodeacabar,cidadeacabacomosertão.Acaba?’(LOBATO;RIBEIRO,25demarçode2012b,p.16).

Neste trecho, o texto jornalístico se constrói não apenas pelo contraponto do

ontemedohoje—contrapontoessequeseencontranolimiarentreofatoeaficção,

poisconcedelimitesacadaumdostextose,aomesmotempo,épassagementreume

outro—,mastambémpelasinferênciasquesãofeitasepreenchemaslacunas.Oautor

sabia que o sertão mudaria e profetizou isso no romance. Nesse momento, autor e

personagemsãoumsó:orealeoimaginativoseencontramedãootomdanarrativa.

Tal trabalho,mediado pela linguagem, traz consigo a possibilidade demescla entre

fatose ficções,poisamatéria-primaquecompõeashistórias—sejamasdos livros,

sejamasdosjornais—sãoaspalavraseasmemóriasque,porsuavez,sãomaleáveis.

Dessamaneira,surgemfragmentosdeumsertãoquese tornamúltiplodentro

dos limites que lhe são impostos pelo fazer jornalístico. É delimitado devido aos

recortesfeitospelareportagem,tantonaobraquantonaseleçãodepersonagenspara

asmatériasedefiniçãodoslugaresqueseriamvisitadosparaaproduçãodasérie—

lugares esses que existem tanto no romance quanto na geografia percorrida pelos

repórteres.Émúltiploporqueofragmentonãoé,comoargumentaBenjamin(1986a,

2007),orestoouaquiloquesobra,masalgoautônomoequepossuiaforçamotrizque

possibilitaaprópriaobra,sendotambém,porsisó,sobrevivências—“[...]sãoapenas

lampejos [...] [e]nosensinamqueadestruiçãonuncaéabsoluta” (DIDI-HUBERMAN,

2011, p. 84)—, “Lampejo[s] para fazer livremente aparecerem palavras quando as

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palavrasparecemprisioneirasdeumasituaçãosemsaída”(DIDI-HUBERMAN,2011,p.

130, grifo do autor). O sertão é, pois, o presente que surge domovimento contínuo

entreotodoeaspartes,entreleituraeescrita,lembrançaeesquecimento—“Contoo

que fuievino levantardodia.Auroras” (ROSA,2006,p.607).É,portanto,o sujeito

exercendoaaçãosobreovivido,é “oque foi”sendoatualizadonocontarquese faz

agora.

Para essa atualização, os lugares pelos quais andaram Guimarães Rosa e

tambémospersonagensporeleelaboradossetornaramosrastrosqueconduzirama

produção jornalística. Em entrevista concedida à autora deste trabalho, Paulo

HenriqueLobato(2014), jornalistaqueproduziueescreveuasérie“SertãoGrande”,

contou que durante a leitura de Grande Sertão: veredas marcou as localidades que

eramcitadasnoromancee,apartirdessemapaconstruídocommarcasdegrafiteàs

margensdaspáginasdolivro,definiuopercursoaserseguidoparaaelaboraçãodas

reportagens.Segundoele,aescolhadostrechosdoromanceparasereminseridosnas

matériasconsiderou,porsuavez,ocontextoemqueaslocalidadesapareciam.Nesse

irevirentreoromanceeasreportagens,construiu-seahistóriareferenteàeconomia

dosertão,umavezque,emtermosdelinguagemepercepção,háosrecontosdofatoe

nãoofatoemsi.

Comojáeradeseesperar,aspaisagensdoslugaresjánãosãomaisasmesmas

— “Guimarães Rosa se surpreenderia com o novo sertão: o povoado de Barreiro

Grandecresceuese transformouemTrêsMarias,odeAraçaí seemancipoudeSete

Lagoas” (LOBATO; RIBEIRO, 25 de março de 2012b, p. 16)—, mas a situação das

pessoasnãomudoutantoassim—“[...]adesigualdadesocialaindaenchedepoeiraas

engrenagensdotecidosocial”(LOBATO;RIBEIRO,25demarçode2012b,p.16).Nas

linhasquetecemostextos,amemóriasefazpresentetodootempo.“Faloporpalavras

tortas.Contominhavida,nãoentendi.Osenhoréhomemmuito ladino,de instruída

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sensatez.Masnãoseavexe,nãoqueirachuvaemmêsdeagosto.Jáconto,jávenho—

falarnoassuntoqueosenhorestádemimesperando.Eescute”(ROSA,2006,p.490).

Os sentidos são, também, aspalavras tortasque, emziguezagues, costuramas

memórias de Riobaldo, personagem-narrador de Grande Sertão: veredas, e levam o

leitor num ir e vir pelos vários tempos e lugares grafados por Guimarães Rosa no

romance. O personagem conta sua vida, mas não a entendeu: a palavra tenta, mas

aindaassimnãoalcançaoqueestádentrodele.Chuvaemmêsdeagosto?Oquesetem

nessetemposãoventoseissoosertanejosabebem.E,muitasvezes,oventoantecede

aschuvas:cadacoisaaseutempo,seja,talvez,oqueRiobaldotenhaadizer.Eporque

“escute” e não “ouça”? Talvez, porque escutar esteja mais próximo de auscultar,

procedimento que em medicina — e Guimarães Rosa era médico — aplica o

estetoscópio, ou mesmo o ouvido, sobre determinada área para perceber os sons

internose,também,interiores.

Ossentidostornam-se,assim,fluidose,aindaqueabuscapelarepresentaçãoda

falaapareçanagrafia—“Abom,eunãoteensinei;masbemteaprendiasabercertoa

vida...” (ROSA, 2006, p. 606) —, o que se tem é a própria textualidade tecida por

diferençasdediferenças.No romance, o relatodeRiobaldo abarca tal jogo— fala e

grafiaseaproximam—,mas,aindaassim,sãodiferençasqueseestabelecem.Aescrita

évivanãoporquea falasemanifestanela,masporqueelasetornavivana leiturae

produznovostextos.Voltaraosertãorosianopormeiodotexto jornalísticodasérie

“SertãoGrande”éagircomoquemescavaaterraeprocuravestígiose,porisso,quem

seaventuranessescaminhos“nãodevetemervoltarsempreaomesmofato,espalhá-

locomoseespalhaaterra,revolvê-locomoserevolveosolo.Pois‘fatos’nadasãoalém

decamadasqueapenasàexploraçãomaiscuidadosaentregamaquiloquerecompensa

àescavação”(BENJAMIN,1987b,p.239).

Nesse contexto, a travessia de Grande Sertão: veredas por meio de “Sertão

Grande” é o passado escavado, revolvido, recortado e recontado que permite

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encontrar, sob os traços da ficção, os elementos relacionados às questões

socioeconômicas de tempos outros, tidos como paralelo para a construção das

reportagens. Após revolvidos, os elementos são retirados da obra e ganham novo

contexto:pormeiodecitações,oromanceéinseridonotextojornalísticoetrazparao

contextodeleituraumdiálogoquepermiteentreveraconstruçãodeumaimagemde

sertãoquepodeserinterpretadapormeiodosrastrosdeixadospelaspalavras.Esão

essesrastrosofocodotópicoseguinte.

2.OSRASTROS

As passagens retiradas de Grande Sertão: veredas podem ser lidas como o

escondereorevelardetrechosdosertãomineiro,pois,conformeBenjamin(1986b,

188), “esconder significa deixar rastros. Mas invisíveis”, ou, também, deixá-los

livremente expostos para que sejam descobertos. Esses indícios, enquanto citação

direta, são inseridos logo abaixo da vinheta da série, no alto da página, e

contextualizam as reportagens (figura 1) que também trazem, no corpo de texto,

citaçõesdiretaseindiretas.

FIGURA1—REPORTAGEM“VEREDASDONOVOSERTÃO”

FONTE:LOBATO;RIBEIRO(25mar.2012b).

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Aprimeiracitação,queabreasérie jornalísticaeestá logoacimadotítulo,éa

mesmafraseque,nolivro,encerraoromance—“Odiabonãohá!Éoquedigosefor...

Existe é homem humano. Travessia” (ROSA, 2006, p. 608). A primeira reportagem,

publicada no dia 25 de março de 2012, traz, além do enredo do livro, à margem

esquerda da página — o que contribui para contextualizar o leitor e delimitar os

espaçosentrea realidadedo romanceea realidadeapuradapela reportagem—,os

elementos comuns entre a série e a viagem de Rosa: as localidades visitadas e a

quantidadedediasqueaviagemabrangeu.

Aquiloquefinalizaoromanceeéseguidopelosímbolodoinfinito—portanto,a

aberturaparaasignificaçãoou,também,paraapossibilidadedeumanarrativaquese

forma na experiência— é, na reportagem, o que a abre e é seguido do título que

orienta a leitura para uma percepção mais direcionada sobre o sertão de hoje.

Enquanto rastro, que contém o sertão de Riobaldo e Diadorim, sem, no entanto,

revelá-lo, a citaçãonarrapela impossibilidadedenarrare, aomesmo tempo, ecoao

romancee secala, eadquirenovos rumosna justaposiçãocomoutroselementosna

página do jornal: as veredas do novo sertão sendo abertas pelas máquinas, cuja

imagem sobreposta aos buritis no layout da página impressa destitui o verde da

paisagemsertaneja.

Ainformaçãoseexplicae,numprimeiroolhar,antesmesmodecaminharpelo

texto jornalístico, já se mostra por meio da justaposição entre título, subtítulo e

fotografias.Nãoháapenasumamudançadecontextodotrechodoromance,masde

significação: a presença do homem— e de sua travessia constante— é lembrada

enquanto aquilo que altera as veredas que, no novo sertão, abrangem tanto a

resistência dos buritis, quanto o movimento dos tratores revolvendo a terra para

trazer o progresso que, muitas vezes, se torna retrocesso, pois nas relações de

produçãoaexploraçãodeclasseaindapermaneceinalterada.

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Ao discutir a formação de um centro urbano, articulando espaço e tempo,

SandraJatahyPesavento(2008)observaqueoscomponentesqueopresidemsãoos

elementos estruturais que traçam e organizam o espaço físico, a apropriação do

espaçonotempoquetransformaoespaçoemterritórioondeaconteceasociabilidade

e “adotaçãode carga imagináriade significados a este ‘espaço-território’ no tempo,

transformando-oemlugarportadordosimbólicoedassensibilidades”(PESAVENTO,

2008,p.05).

Osertãoquesurgedessescaminhosqueentrampelaspalavrasda literaturae

dojornalismoeagregamfragmentosdaobradeRosaconduzoleitoraumespaçoem

queosdizeresreúnemficçãoefactual,sociabilidadesimagináriasefísicas,easpectos

simbólicosquetantosereferemàconstituiçãodeumcentrourbano—osertãojánão

édetantosvazioseaemancipaçãojáacontecenaslocalidades—quantoàdinâmica

emquepassadoepresenteseencontramparatratardefuturos.

Conforme figura 2, na reportagem “Pó que não vemmais do chão”, publicada

tambémnodia25demarço, a citaçãoqueprecedeo título— “[ZéBebelo]dizendo

que,depois,estávelqueabolisseojaguncismo,edeputadofosse,entãoreluziaperfeito

oNorte,botandopontes,baseandofábricas[...]”(ROSAapudLOBATO,25demarçode

2012d,p.17)—apontaumasituaçãonuncacumpridanoromance,masquedeixaum

rastroparaquesecontextualizenotextojornalístico.

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FIGURA2—REPORTAGEM“PÓQUENÃOVEMMAISDOCHÃO”

FONTE:LOBATO(25mar.2012d).

Esserastroéoparquefabrilqueseinstalouemdistritosindustriaisdecidades

comoMontesClaros,TrêsMariasePirapora.Há,contudo,umdetalheaserobservado:

aoolharparaacitação,afotoeotítulo,nessaordem,oquesedesdobraéaleiturade

que,senostemposdoromanceopóvinhadapoeiradosertão,hojeeleéafumaçaque

vemdas fábricas e semistura às nuvens. Título e imagem se reforçam: os resíduos

poluentes ganham os ares; já a citação segue por outro caminho: aponta para o

desenvolvimento.Novamente,se fazempresentesasmetáforasmíticasdoprogresso

— erguer pontes, levantar fábricas, reluzir o Norte — e, para desmascará-las,

Benjamin (apud BUCK-MORSS, 2002), observa que é preciso olhar os objetos

pequenosedescartados.Nessecaso,pode-seperceberqueosresíduos,sejaapoeira

dopassado,vindadochão,sejaafumaçadopresente,vindadaschaminés,continuam

aimpregnarapaisagemdosertão.

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Jánareportagem“Riquezaescondidanobrotodaterra”,veiculadanodia26de

março de 2012, a citação se desdobra no texto jornalístico como uma abertura de

possibilidadesparao contextoeconômicoda região: “Masos caminhosnãoacabam.

Tal por essas demarcas deGrãoMogol, Brejo dasAlmas eBrasília [...]” (ROSAapud

LOBATO;RIBEIRO,25demarçode2012a,p.18).Noromance,otrechorefere-seaoir

e vir deRiobaldo e seu grupo, e envolve a amplitude que o sertão tem e os poucos

recursosqueoferece.Inseridanapáginadojornal,acitaçãodialogacomainformação

de que a descoberta de minério de ferro tem trazido investimentos ao sertão.

Justaposto no espaço da informação, o fragmento da narrativa é o elemento que

remeteàobradeGuimarãesRosa,masdela tambémsedistancianamedidaemque

mudaorumodoseusentido,dadaasrelaçõesdiscursivascomosdemaiselementos

dotextojornalístico.

A citação “E Zé Bebelo corrigiu, para eu ouvir, os projetos que tinha [...] Não

queria saberdo sertão, agora iaparaa capital, grande cidade.Mover comcomércio,

estudarparaadvogado”(ROSAapudLOBATO,26demarçode2012b,p.10)surgena

reportagem“Comércioagoramantémosertanejoemcasa”,dodia26demarço,como

umareferênciaàmigraçãobrasileiraqueaconteceunoséculoXXe,aomesmotempo,

possibilitaoparaleloentreopassadoeopresente: “Hoje, seopersonagem fossede

carneeosso,teriagrandeoportunidadedeseempregarnovarejoousebacharelarem

direitonoprópriosertão”(LOBATO,26demarçode2012b,p.10).

Asoutrascitaçõesqueaparecemnasérie“SertãoGrande”tambématuamcomo

narrativasqueoraseabremàinterpretação,oraseexauremnainformação.Acitação

“Pois fomos, ligeiro, ver o que, subindo pelo resfriado. Passava era uma tropa, os

diversos lotesdeburros,quevinhamdeSãoRomão, levavamsalparaGoiás” (ROSA

apudLOBATO,27demarçode2012a,p.14),queintegraareportagem“Cavalosagora

vão no motor”, faz o contraponto entre os tropeiros que povoam Grande Sertão:

veredaseosque,naépocadasmatérias,transitavampelosertãomineiro.

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Aindaque invisívelnacitação,apoeiradosertãocontinuaase fazerpresente.

“Afinal,estruturaepormenorsempretêmumacargahistórica”(BENJAMIN,1986a,p.

35). Essa estrutura que conserva em si a história também pode ser percebida nos

rastrosdeixadospelacitação—“Ah.Diz-sequeoGovernoestámandandoabrirboa

estradarodageira,dePiraporaaParacatu,poraí...”(ROSAapudLOBATO,28demarço

de2012c,p.14)—queprecedeareportagem“Estradastrazemdinheiroetragédia”.

Paracatu,PiraporaeSãoFranciscosãooslugaresvisitadoseaBR040éumdosfocos.

Noromance,otrechocitadoestánumcontextoquepodeserinterpretadocomo

a esperança de que os caminhosmelhorassem o ir e vir pelo sertão; no factual da

matériajornalística,eleéoparaleloparadesvelarqueaestrada,inauguradanosanos

de 1960, contribuiu para a ida de fábricas para a região e para o escoamento de

produção,masque,noentanto,tementradoemfrancadecadência,comgrandeparte

desuaextensãoultrapassada.

Jánareportagem“Tremlevouaspessoasedeve trazerominério”—quetem

como citação “SeoAssisWababa oxente se prazia, aquela noite, como queo Vupes

noticiava: que embreves temposos trilhosdo trem-de-ferro se armavamde chegar

atélá,oCurralinhoentãosedestinavaserlugarcomercialdetodovalor”(ROSAapud

LOBATO,29demarçode2012f,p.22)—,osrastrosdoromancenoslugaresvisitados

pelasériedereportagemcontêmofuturoguardadoempassados.Aestradadeferro,

imagemdomovimentoespacialdoprogressosegundoBuck-Morss(2002),étambém,

nareportagem,aimagemdofluxomigratório.

Corinto e Lassance—OalemãoVulpes, personagemdeGrande Sertão: veredasque vendia de tudo a fazendeiros, acertou em cheio quando disse ao também‘estranja’AssisWababa,umcomercianteturco,queCurralinholucrariabastantecomachegadadotrem[...]AchegadadaestaçãoferroviáriaimpulsionoutantoaeconomiadopovoadoqueolugarejoseemancipoudeCurvelo.CurralinhoagoraéCorinto(LOBATO,29demarçode2012f,p.22).

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Janaúba e Jequitaí são outras localidades que a reportagem visitou. Com a

citação“Sabíamos:umpessoalnossoperpassavapor lá,na Jaíba,atéàSerraBranca,

brabasterrasvaziasdoRioVerdeGrande”(ROSAapudRIBEIRO,30demarçode2012,

p. 15) precedendo o título “Frutas e pedras dão nova cor à paisagem”, os rastros

apontamparaumsertão cheiode vazios e jagunços—no casodaobra literária—,

mas que, agora, possui novos tons e está preenchido pela fruticultura e por

trabalhadores,conformeaapuraçãofeitapelareportagem.Assim,opessoalqueporlá

perpassa atualmente cultiva a terra e altera a paisagem que, em 2012, tornou-se

preenchidaporfrutas.

Mas,seamaioriadosrastrosdoromance,atéentão,desdobrou-senoslugares

percorridos pela reportagem apontando possibilidades para o sertão construído

através da linguagem jornalística, na últimamatéria da série os rastros mudam de

direçãoesevoltamparaumsertãoondesãopoucososquetêmacessoaosrecursos.

JaponvareBuritizeirosãoaslocalidadesvisitadaseotítulodareportagemé“Pobreza

parecemaisperenequeosrios”.

No contexto do romance Grande Sertão: veredas, a citação “Aquela gente

depunha que tão aturada de todas as pobrezas e desgraças. Haviam de vir, junto, à

mansa força. Isso era perversidades? Mais longe de mim — que eu pretendia era

retirar aqueles, todos, destorcidos de suas misérias” (ROSA apud LOBATO, 31 de

marçode2012e,p.14)refere-seàpassagememqueRiobaldo,jáchefedosjagunços,

convence e arrebanhapobres coitadospara seubando.Oferece-lhes esperança,mas

não os tira de suas misérias: na obra literária, eles continuam em situação de

subserviência.Noromance,aexploraçãodamãodeobradaspessoasficaclarae,na

reportagem,oqueprevalece éo foconadesigualdade social da região.Tal contexto

lembradiscussãodeBuck-Morss(2002)referenteaoprogressoqueacontecenonível

daprodução,masquenãoserepetenasrelaçõesdeprodução,mantendoinalteradaa

exploraçãodeclasse.

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Diante da discussão aqui realizada, observa-se que o sertão do romance,

inserido por meio de fragmentos na série jornalística, foi desdobrado: ainda que o

rastrocontivesseosertãoliterário,nainteraçãocomostítulos,textose imagensdas

reportagens,elesemodificou.Asmarcasdosdesdobramentosrevelaramqueelenão

continuava sendo tão somente o sertão de Grande Sertão: veredas, pois os

deslocamentos de passagens da obra alteraram o sentido de alguns trechos, mas

tambémnãoseafastavacompletamentedosertãoliterário,umavezqueelefoiabase

paraocontrapontoentreduasrealidades:aeconomiadosanosde1950edoanode

2012. Os rastros do sertão rosiano conduziram a reportagem no preenchimento de

lacunaseessaslacunaslevaramàconstruçãodeoutrahistória:ajornalística.

3.CONSIDERAÇÕESFINAIS

Acimado títulode cada reportagemda série “SertãoGrande”, citaçõesdiretas

retiradas do romanceGrande Sertão: veredas funcionam como rastros para o leitor

seguir pelo interiormineiro. O que ele encontra é um sertão demuitas formas que

podesealterarconformeasrelaçõesqueestabelececomossaberesquecadaleitorjá

temecomoselementosdapáginaimpressanaqualéinserido.

Apalavraescritaconcedeaosertãocontornoseformasque,conformeoprisma,

orasãosemelhantes,orasãodistintos.OsfragmentosdaobradeRosapresentesnas

reportagens da série foram, assim, percebidos não apenas como a presença de uma

obradentrodeoutrotexto,mas,alémdisso,comolacunasque,preenchidasnoatoda

leitura, contribuírampara constituir umolhar sobreo sertãomineiro sessenta anos

após a viagem que Rosa fez no lombo de um cavalo, colhendo informações para a

escritadesuaobraficcional.

Noscontextosapuradospelareportagem,asituaçãosocioeconômicamelhorou

emalgunslugares,mas,emoutros,asdificuldadespermanecem—sãoperenescomo

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as águas dos rios. Assim como o sertão do romance, o sertão geográfico percorrido

pela série de reportagens também tem suas veredas e misérias. Os rastros, assim,

podemservistostambémcomooselementosqueserepetem,taiscomoademarcação

dos lugares e a presença dos personagens do romance no contexto jornalístico.

Percebe-se,ainda,orememorardeumpassado:oqueantesforaprogresso,talquala

estrada rodageira, tambémmostra a decadência, pois grande parte de sua extensão

ficouultrapassada.

Osfragmentosdosertãorosianodesdobradosdentrodapáginadojornalabrem

a interpretaçãoparaumsertãodeopostos—miséria e riqueza, atrasoeprogresso,

veredas e devastação—,mas que, juntos, remetem à construção de um sertão não

apenas mítico nem somente econômico, mas um sertão que se faz do cotidiano de

quemnelevive,dasesperançasdequemneleanda,dascertezasquesetornampoeira,

dapoeiraquesetornaalicerceefazatravessiaacontecerembuscadediasmelhores.

Nesse ponto, tanto o romance quanto a reportagem remetem ao labor da vida

sertaneja que flui entre as margens da ficção e do fato, entre o romance e a

reportagem.

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