fraga neto, othilio. o movimento de 31 de março de 1964: 50

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OTHILIO FRAGA NETO O MOVIMENTO DE 31 DE MARÇO DE 1964: 50 anos depois Trabalho de Conclusão de Curso - Monogra- fia apresentada ao Departamento de Estudos da Escola Superior de Guerra como requisito à obtenção do diploma do Curso de Altos Es- tudos de Política e Estratégia. Orientador: Ricardo Rodrigues Freire Rio de Janeiro 2014

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Page 1: FRAGA NETO, Othilio. O movimento de 31 de março de 1964: 50

OTHILIO FRAGA NETO

O MOVIMENTO DE 31 DE MARÇO DE 1964:

50 anos depois

Trabalho de Conclusão de Curso - Monogra-fia apresentada ao Departamento de Estudos da Escola Superior de Guerra como requisito à obtenção do diploma do Curso de Altos Es-tudos de Política e Estratégia.

Orientador: Ricardo Rodrigues Freire

Rio de Janeiro 2014

Page 2: FRAGA NETO, Othilio. O movimento de 31 de março de 1964: 50

C2014 ESG

Este trabalho, nos termos de legislação que resguarda os direitos autorais, é con-siderado propriedade da ESCOLA SUPE-RIOR DE GUERRA (ESG). É permitida a transcrição parcial de textos do trabalho, ou mencioná-los, para comentários e cita-ções, desde que sem propósitos comerci-ais e que seja feita a referência bibliográ-fica completa. Os conceitos expressos neste trabalho são de responsabilidade do autor e não expressam qualquer orientação institucio-nal da ESG _________________________________

Assinatura do autor

Biblioteca General Cordeiro de Farias

Fraga Neto, Othilio. O Movimento de 31 de março de 1964: 50 anos depois/Othilio

Fraga Neto. Rio de Janeiro: ESG, 2014 49 f.

Orientador: Ricardo Rodrigues Freire Trabalho de Conclusão de Curso – Monografia apresentada ao

Departamento de Estudos da Escola Superior de Guerra como requi-sito à obtenção do diploma do Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia (CAEPE), 2014.

1. Antecedentes. 2. Governos militares. 3. Realizações. I.Título.

Page 3: FRAGA NETO, Othilio. O movimento de 31 de março de 1964: 50

À minha amada esposa Eliane, pela inspira-

ção, pelo incentivo, pelo “brilho nos olhos”.

Aos meus filhos Gabriel e Andre Luis, por

me ensinarem o verdadeiro sentido da pala-

vra amar.

Page 4: FRAGA NETO, Othilio. O movimento de 31 de março de 1964: 50

A verdade é que nunca faltaram os que insistem em preferir sacrificar a segurança do futuro em troca de efêmeras vantagens do presente, pondo suas ambições pessoais acima dos interesses da Pátria.

Castello Branco

Page 5: FRAGA NETO, Othilio. O movimento de 31 de março de 1964: 50

RESUMO

O Estudo tem o escopo de analisar o Movimento de 31 de março de 1964 no ano em

que completa 50 anos de sua ocorrência. Busca-se analisar, com isenção, critério e

lucidez, os principais antecedentes históricos que tenham influenciado, de alguma

forma, na situação política do Brasil à época da eclosão do Movimento, permitindo o

correto entendimento sobre tão marcante fato da história da Pátria. Por meio de

pesquisa bibliográfica e documental, serão identificadas as principais realizações

dos Governos Militares no período compreendido entre 1964 e 1985, particularmente

aquelas que tenham colaborado no processo de desenvolvimento do país.

Palavras chave: Antecedentes. Governos militares. Realizações.

.

Page 6: FRAGA NETO, Othilio. O movimento de 31 de março de 1964: 50

ABSTRACT

The study has the scope to analyze the Movement of March, 31, 1964, in the year

that marks the 50th anniversary of its occurrence. It aims to analyze, with exemption

criteria and lucidity, the main historical antecedents that have influenced in some

way, the political situation in Brazil at the time of the outbreak of the Movement, al-

lowing the correct understanding of such remarkable fact in the history of the Father-

land. Through bibliographic and documentary research, will identify the major

achievements of the Military Governments in the period between 1964 and 1985, par-

ticularly those who have collaborated in the development process of the country.

Keywords: Historical background. Military governments. Achievements.

Page 7: FRAGA NETO, Othilio. O movimento de 31 de março de 1964: 50

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AI Ato Institucional

ALBRÁS Companhia do Alumínio

ANL Aliança Nacional Libertadora

BNH Banco Nacional de Habitação

CEP Código de Endereçamento Postal

CGC Cadastro Geral de Contribuintes

CLPS Consolidação das Leis da Previdência Social

CPF Cadastro de Pessoas Físicas

CPRM Companhia de Pesquisas e Recursos Minerais

CST Usina Siderúrgica de Tubarão

ECT Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos

EJA Educação de Jovens e Adultos

EMBRAER Empresa Brasileira de Aeronáutica

EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agrária

EMBRATEL Empresa Brasileira de Telecomunicações

FGTS Fundo de Garantia por Tempo de Serviço

FINAM Fundo de Investimento da Amazônia

FMI Fundo Monetário Internacional

FUNAI Fundação Nacional de Assistência ao Índio

FUNARTE Fundação Nacional de Artes

IAPB Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Bancários

IAPC Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Comerciários

IAPETEC Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Empregados em Transportes e Cargas

IAPFESP Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Ferroviários e Empre-gados do Serviço Público

IAPI Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Industriários

IAPM Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Marítimos

IAPOE Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Operários Estivadores

IBRA Instituto Brasileiro de Reforma Agrária

IC Internacional Comunista

INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária

INDA Instituto Nacional de Desenvolvimento Agrário

Page 8: FRAGA NETO, Othilio. O movimento de 31 de março de 1964: 50

INPS Instituto Nacional da Previdência Social

IPASE Instituto de Pensões e Aposentadorias dos Servidores do Estado

MOBRAL Movimento Brasileiro de Alfabetização

NUCLEBRAS Empresas Nucleares Brasileiras S/A

PAEG Plano de Ação Econômica do Governo

PASEP Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público

PC-SBIC Partido Comunista – Seção Brasileira da Internacional Comunista

PCB Partido Comunista Brasileiro

PIB Produto Interno Bruto

PIS Programa de Integração Social

PNV Plano Nacional de Viação

PRÓ-ÁLCOOL Programa Nacional do Álcool

PRÓ-RURAL Programa de Assistência ao Trabalhador Rural

SFH Sistema Financeiro de Habitação

SPVEA Superintendência do Plano de Valorização Econômica da Amazô-nia

SUDAM Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia

TCA Tratado de Cooperação Amazônica

TELEBRÁS Telecomunicações Brasileiras S/A

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 10

1.1 TEMA ............................................................................................................ 11

1.2 JUSTIFICATIVA ............................................................................................ 11

1.3 QUESTÕES NORTEADORAS ..................................................................... 11

1.4 OBJETIVOS.................................................................................................. 12

1.5 CONTRIBUIÇÃO / RELEVÂNCIA DO ESTUDO .......................................... 12

2 REFERENCIAL METODOLÓGICO ............................................................. 13

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................... 14

4 ANTECEDENTES ........................................................................................ 16

4.1 III INTERNACIONAL COMUNISTA ............................................................. 16

4.2 TENENTISMO (1920) ................................................................................... 16

4.3 SEMANA DE ARTE MODERNA ................................................................... 17

4.4 COLUNA PRESTES (1925/1927) ................................................................. 17

4.5 REVOLUÇÃO DE 1930 ................................................................................ 18

4.6 INTENTONA COMUNISTA DE 1935 ............................................................ 18

4.7 2ª GUERRA MUNDIAL ................................................................................. 19

5 OS GOVERNOS MILITARES ....................................................................... 20

5.1 CASTELLO BRANCO ................................................................................... 20

5.1.1 Criação do Instituto Brasileiro de Reforma Agrária ................................ 20

5.1.2 Criação da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia .......... 21

5.1.3 Criação do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço ............................ 22

5.1.4 Criação do Banco Nacional de Habitação ................................................ 22

5.1.5 Realização da Reforma Tributária ............................................................. 23

5.1.6 Unificação da Previdência Social .............................................................. 24

5.1.7 Criação da Empresa Brasileira de Telecomunicações ............................ 24

5.1.8 Criação do Projeto Rondon ....................................................................... 25

5.2 COSTA E SILVA ........................................................................................... 25

5.2.1 Criação da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos ....................... 26

5.2.2 Criação da Fundação Nacional de Assistência ao Índio ......................... 26

5.2.3 Criação da Companhia de Pesquisas e Recursos Minerais ................... 26

5.2.4 Criação da Empresa Brasileira de Aeronáutica ....................................... 27

5.2.5 Criação do Movimento Brasileiro de Alfabetização ................................. 27

5.2.6 Criação do Sistema Nacional de Telecomunicações .............................. 28

Page 10: FRAGA NETO, Othilio. O movimento de 31 de março de 1964: 50

5.2.7 Criação do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ......... 29

5.2.8 Assinatura do Tratado da Bacia do Prata ................................................. 29

5.2.9 Ampliação do Sistema Previdenciário ...................................................... 30

5.3 MÉDICI ......................................................................................................... 30

5.3.1 Ampliação do Mar Territorial para 200 milhas ......................................... 31

5.3.2 Criação do Sistema de Micro-Ondas ........................................................ 31

5.3.3 Criação da Telecomunicações Brasileiras S/A ........................................ 32

5.3.4 Construção da Ponte Presidente Costa e Silva (Rio-Niterói) .................. 32

5.3.5 Criação do Plano Nacional de Viação ....................................................... 32

5.3.6 Criação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agrária ............................... 33

5.3.7 Ampliação da Política Social ..................................................................... 34

5.4 GEISEL ......................................................................................................... 34

5.4.1 Início do Projeto Nuclear Brasileiro .......................................................... 34

5.4.2 Criação da Empresas Nucleares Brasileiras S/A ..................................... 35

5.4.3 Criação do Programa Nacional do Álcool (Pró-Álcool) ........................... 36

5.4.4 Descoberta de petróleo na Bacia de Campos (RJ) .................................. 36

5.4.5 Criação da Fundação Nacional de Artes .................................................. 37

5.4.6 Assinatura do Tratado de Cooperação Amazônica ................................. 37

5.4.7 Implantação do amparo previdenciário para maiores de 70 anos ......... 37

5.4.8 Aprovação da “Lei do Divórcio” ................................................................ 38

5.5 FIGUEIREDO ............................................................................................... 38

5.5.1 Construção da Usina Siderúrgica de Tubarão ......................................... 39

5.5.2 Construção da Companhia do Alumínio................................................... 40

5.5.3 Criação do Projeto Grande Carajás .......................................................... 40

5.5.4 Inauguração da Usina Itaipu Binacional ................................................... 40

5.5.5 Aprovação da “Lei da Anistia” .................................................................. 41

6 CONCLUSÃO ............................................................................................... 42

REFERÊNCIAS ............................................................................................ 44

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10

1 INTRODUÇÃO

No dia 31 de março de 2014, alinhado à diretriz presidencial que proibiu co-

memorações nos quartéis das Forças Armadas, o Ministro da Justiça, José Eduardo

Cardoso pediu desculpas ao povo brasileiro pela violência e crimes cometidos pelo

Estado Brasileiro durante a ditadura militar.

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou não entender por que

as Forças Armadas não admitiam ter agido de forma incorreta, encerrando, assim, o

assunto.

A ex-primeira-dama Maria Thereza Goulart, viúva do presidente João Goulart,

em entrevista concedida à revista Istoé1, alegou que “o golpe de 1964 destruiu mi-

nha família”.

O deputado federal Renato Simões, eleito pelo Partido dos Trabalhadores

(SP), em pronunciamento no plenário da Câmara no dia 01 de abril de 2014, desta-

cou que havia apresentado projeto de lei com o objetivo de mudar a denominação

da Escola Preparatória de Cadetes do Exército para Escola Cônego Milton Santana,

um companheiro que, segundo o deputado, foi torturado nas dependências da Esco-

la.

A jornalista Miriam Leitão em artigo publicado no Jornal O Globo2, assevera

que os militares deixaram uma herança maldita na economia.

Muito foi visto, lido e escutado, no mês de março deste ano, sobre o “golpe”

de 1964. As manifestações, com raríssimas exceções, traziam enfoques sempre

com o objetivo de denegrir a imagem das Forças Armadas brasileiras. As aborda-

gens partem do momento em que o Marechal Castello Branco assume a Presidência

da República. Não há antecedentes. Não há qualquer crise, de qualquer espécie.

Alguém que tenha por verdades apenas o que se vê hoje na mídia poderá imaginar

que o Brasil era um país com economia em desenvolvimento, próspero e em paz,

quando os militares decidiram assumir o poder. Poderá imaginar, também, que nada

foi realizado pela “Ditadura Militar” em proveito do país. E poderá concluir, finalmen-

1 Edição n° 2314, de 02 de abril de 2014. 2 Edição n° 29.455, de 30 de março de 2014.

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11

te, que o legado dos militares foi, realmente, uma “herança maldita”, tal qual afirma-

do pela jornalista Miriam Leitão.

1.1 TEMA

O presente trabalho de pesquisa abordará o Movimento de 31 de Março de

1964, no momento em que se referenciam os 50 anos de sua ocorrência. Definindo

o seu escopo de forma mais objetiva, serão apresentadas algumas ações de desta-

que para a história do país, adotadas pelos Governos Militares.

1.2 JUSTIFICATIVA

Este marcante fato da história do Brasil é apresentado às novas gerações sob

o prisma, único, daqueles que buscavam implantar no país uma ditadura comunista,

incentivados pelas ideias e ideais vindos da Rússia, de Cuba ou da China.

A “verdade” apresentada e divulgada tem, sempre, por escopo, a tentativa de

denegrir a imagem das forças legais. A repressão àquela tentativa de tomada do

poder é apresentada como causa, nunca como consequência.

A pesquisa buscará, assim, identificar os antecedentes do Movimento, bem

como o legado dos governos militares.

Justifica-se, a pesquisa, pela coleta e análise, com isenção, critério e lucidez,

de informações que permitam o correto entendimento sobre tão importante momento

da história do Brasil.

1.3 QUESTÕES NORTEADORAS

Por meio de uma pesquisa bibliográfica e documental, este trabalho terá a

seguinte questão norteadora: quais as principais realizações do Movimento de

1964?

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12

Outra questão que também será abordada diz respeito à identificação dos

antecedentes do "31 de março de 1964".

1.4 OBJETIVOS

Esta pesquisa tem por objetivos, sempre sob o enfoque das expressões do po-

der:

- estudar os antecedentes do Movimento de 31 de Março de 1964, e

- apresentar as principais realizações dos Governos Militares.

1.5 CONTRIBUIÇÃO / RELEVÂNCIA DO ESTUDO PARA A CIÊNCIA

Esta pesquisa terá sua relevância demonstrada ao apontar, com isenção, os

antecedentes que levaram à eclosão do Movimento de 1964, bem como os princi-

pais feitos dos Governos Militares.

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13

2 REFERENCIAL METODOLÓGICO

O presente trabalho pretende desenvolver-se fundamentado em uma pesquisa

bibliográfica / documental, compreendendo as seguintes técnicas:

- levantamento da bibliografia de documentos pertinentes;

- seleção da bibliografia e dos documentos;

- leitura analítica da bibliografia e dos documentos selecionados;

- fichamento – ocasião em que serão elaboradas as fichas bibliográficas de ci-

tação, de resumo e analíticas; e

- análise crítica e consolidação das questões de estudo.

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14

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Joseph Goebbels, ministro da propaganda de Adolf Hitler na Alemanha Nazis-

ta, cunhou uma frase que o colocou na posteridade: uma mentira repetida mil vezes

torna-se verdade3.

Assim tem sido a história do Brasil no que diz respeito aos “anos de chumbo”.

Várias mentiras contadas milhões de vezes estão se tornando verdades absolutas.

Vários fatos são simplesmente esquecidos, transformando a sua negação, também,

em verdades absolutas.

A história das guerras no mundo é sempre contada pelos vencedores. Aos der-

rotados, o ônus, o peso, a dívida, a vergonha. O Brasil contraria essa máxima quan-

do o assunto envolve o Governo Militar. A história, ou melhor, a estória, não é conta-

da pelo poder legal. Os insucessos daqueles que tentavam implantar um regime co-

munista no país tornaram-se acusações, suas dívidas foram transformadas em valo-

res milionários à guisa de indenização, sua motivação foi modificada para iludir os

cidadãos desinformados. A estória, diante disso, com a verdade dos fatos ajustada,

ganha ares de romance: os “mocinhos” lutavam pelo bem comum, lutavam por ideais

democráticos, defendo a população oprimida por um regime ditatorial.

Marco Antonio Villa (2014), em sua obra “Ditadura à brasileira”, afirma que “em

1964 o Brasil era um país politicamente repartido; dividido e paralisado; crise eco-

nômica, movimentos grevistas, ameaça de golpe militar, marasmo administrativo”.

José Genoino, em entrevista publicada na coletânea “História Oral do Exército

– 31 de março”, afirma que “o Movimento Militar de março de 1964 interrompeu a

ordem constitucional, diante de uma situação democrática em que o Brasil vivia, de

amplas liberdades”.

Maria Celina D’Araújo, na obra “Visões do Golpe”, aponta que para os militares

não há dúvida de que havia uma guerra revolucionária, comunista, em marcha no

Brasil no início de 1964. Assim, 1964 seria um contragolpe ao golpe da esquerda.

Carlos Alberto Ustra, em seu livro “A verdade sufocada”, destaca que “com

mentiras e meias-verdades eles vêm, há anos, deturpando os fatos e falseando a

história, pois somente eles têm voz e vez”.

3 Disponível em http://pt.wikiquote.org/wiki/Joseph_Goebbels

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15

Como pode ser visto, são várias e divergentes as informações sobre o tema. O

objetivo deste trabalho não é apresentar um entendimento, uma verdade esgotando

o assunto. Serão apresentados os antecedentes do Movimento de 31 de Março de

1964, bem como as realizações do período compreendido entre os anos de 1964

(início do Governo Castello Branco) e 1985 (fim do Governo Figueiredo).

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16

4 ANTECEDENTES

O Movimento de 31 de março de 1964 não foi um fato isolado na história do

Brasil. Pelo oposto, foi a consequência de vários eventos que representavam uma

tentativa de mudança na ordem social e política vigente no país. Serão apresenta-

dos, a seguir, os mais relevantes desses eventos.

4.1 III INTERNACIONAL COMUNISTA (IC)

Conduzida por Lenin, em Moscou, na Rússia, no distante ano de 1919, a

III Internacional Comunista4 foi concebida com o objetivo de difundir e implantar o

comunismo em escala mundial.

Estabelecia 21 condições exigidas para a filiação. Visava, com essas condi-

ções, a impedir que a Internacional Comunista tivesse a participação de lideranças

oportunistas, ao mesmo tempo em que demonstrava a postura centralizadora esta-

belecida pela IC.

Os quatro congressos realizados pela IC tinham o escopo de difundir as ba-

ses de um programa revolucionário mundial.

Alinhado com as ideias difundidas e aprovando as 21 condições da IC, foi cri-

ado, em 25 de março de 1922, nas cidades do Rio de Janeiro e Niterói, o Partido

Comunista – Seção Brasileira da Internacional Comunista (PC-SBIC). O PC-SBIC

iniciou sua atuação política renegando as regras de convivência da sociedade brasi-

leira, propondo-se a realizar atividades legais e ilegais e subordinando-se às Repú-

blicas Socialistas Soviéticas.

4.2 TENENTISMO (1920)

Formado, basicamente, por tenentes do Exército, o Tenentismo5 defendia a

realização de reformas políticas e sociais. Descontentes com a realidade política do

Brasil, principalmente com os governos das oligarquias cafeeiras, queriam a dinami-

zação do processo eleitoral, o fim do voto de cabresto e a reforma do sistema edu-

4 Informações disponíveis em: <http://www.pstu.org.br/node/7672>, <http://www.pstu.org.br/node/78

23>, e <http://www.acessa.com/gramsci/?page=visualizar&id=109>. Acesso em: 02 ago.2014. 5 Informações disponíveis em: <http://www.suapesquisa.com/historiadobrasil/tenentismo.htm> e

<http://www.brasilescola.com/historiab/tenentismo.htm>. Acesso em: 02 ago.2014.

Page 18: FRAGA NETO, Othilio. O movimento de 31 de março de 1964: 50

17

cacional público do país. Também lutavam pela moralidade política e o combate à

corrupção.

O Movimento Tenentista promoveu algumas revoltas pelo Brasil, entre as

quais podem ser citadas: os 18 do Forte de Copacabana (1922), a Revolta Paulista

(1924), a Comuna de Manaus (1924) e a Coluna Prestes (1925 a 1927). O Movimen-

to perdeu a sua força com a chegada ao poder de Getúlio Vargas, após a Revolução

de 1930.

Embora a motivação inicial do Movimento buscasse uma política liberal e de-

senvolvimentista, a falta de apelo entre os setores mais populares e as intensas per-

seguições e cercos promovidos pelo governo acabaram provocando o seu fim. É

importante destacar que Luís Carlos Prestes, líder da Coluna, acabou se aproximan-

do das concepções políticas do Partido Comunista Brasileiro, tendo, inclusive, mora-

do na União Soviética.

4.3 SEMANA DE ARTE MODERNA

Importante marco da história do Brasil, a Semana de Arte Moderna6 ocorreu

no período de 11 a 17 de fevereiro de 1922, marcando o início do Modernismo no

país. Embora tenha sido uma manifestação intelectual, marcada pelo rompimento

com os valores estéticos antigos e pela busca de um estilo novo e diferente, trazia

consigo as ideologias totalitárias do fascismo e do comunismo.

A Semana de Arte Moderna deixou como principal legado o início da constru-

ção de uma cultura essencialmente nacional, libertando o Brasil da condição de re-

produtor dos padrões estéticos e culturais europeus.

4.4 COLUNA PRESTES (1925/1927)

Ligada ao Movimento Tenentista, a Coluna Prestes7, sob a liderança de Luís

Carlos Prestes (que ficou conhecido como o “Cavaleiro da Esperança”), percorreu,

6 Informações disponíveis em: <http://semaanadaartemoderna.blogspot.com.br/2013/04/semana-da-

arte-moderna-resumo.html>, <http://www.infoescola.com/artes/semana-de-arte-moderna/> e <http: //www.pitoresco.com/art_data/semana/index.htm>. Acesso em: 02 ago. 2014. 7 Informações disponíveis em: <http://www.historiabrasileira.com/brasil-republica/coluna-prestes/>,

<http://www.estudopratico.com.br/coluna-prestes-veja-as-causas-e-historia-desta-re volta/> e <http: //www.historianet.com.br/conteudo/default.aspx?codigo=296>. Acesso em: 02 ago. 2014.

Page 19: FRAGA NETO, Othilio. O movimento de 31 de março de 1964: 50

18

entre 1925 e 1927, cerca de 25.000 km pelo Brasil, pregando reformas políticas e

sociais, combatendo os Presidentes Artur Bernardes e Washington Luis.

Sua marcha, por 11 estados brasileiros, tinha o objetivo de despertar a popu-

lação, a partir do interior, para rebelar-se contra o governo. Agia contra a oligarquia

dominante e contra a ordem política e econômica, defendendo reformas sociais. Não

conseguiu, entretanto, atingir essa ousada meta.

Com a Coluna dissolvida, Prestes mergulhou no comunismo, com importante

atuação na “Intentona Comunista”, de 1935.

A atuação da Coluna Prestes, uma das mais bem organizadas ações contra o

governo, enfraqueceu a República Velha, ajudando a preparar a Revolução de 1930.

4.5 REVOLUÇÃO DE 1930

A Revolução de 19308 foi uma consequência direta do Tenentismo de 1920 e

da Coluna Prestes de 1925/1927. A crise econômica de 1929, ao gerar desemprego

e crise financeira, aumentou a insatisfação com a política das oligarquias de Minas

Gerais e de São Paulo (a chamada política do café com leite). O resultado das elei-

ções de 1930, com claros indícios de fraude eleitoral, aliado ao assassinato de João

Pessoa, candidato a vice-presidente na chapa de Getúlio Vargas, serviram de esto-

pim para o movimento que depôs o presidente Washington Luiz.

Uma Junta Militar Provisória comandou o país até transferir o poder para Ge-

túlio Vargas. O movimento representava, assim, a chegada dos “Tenentes” ao poder,

porém não mais movidos por uma unidade de princípios e ideais.

4.6 INTENTONA COMUNISTA 1935

O Governo Vargas enfrentava a forte oposição da Aliança Nacional Libertado-

ra (ANL), grupo resultante da união dos comunistas do Partido Comunista Brasileiro

(PCB) com outros simpatizantes da “esquerda” e que tinha em Luís Carlos Prestes o

seu organizador e líder.

8 Informações disponíveis em: <http://www.historiadobrasil.net/brasil_republicano/revolucao_1930.ht

m> e <http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/FatosImagens/Revolucao1930>. Acesso em: 02 ago. 2014.

Page 20: FRAGA NETO, Othilio. O movimento de 31 de março de 1964: 50

19

Assim, a Intentona Comunista9 foi uma revolta, ocorrida em novembro de

1935, que tinha por objetivo derrubar o governo de Getúlio Vargas. Não teve, entre-

tanto, o sucesso esperado.

4.7 2ª GUERRA MUNDIAL

A Segunda Grande Guerra10 ocorreu no período compreendido entre 1939 e

1945. Os aliados e os países do eixo travaram batalhas longas e sangrentas. A

bomba atômica lançada pelos Estados Unidos em Hiroshima, no Japão, não deter-

minou, apenas, o fim dos conflitos.

O ano de 1945 ficou marcado pelo início da divisão do mundo entre os comu-

nistas e os capitalistas. Estava implantada a “Guerra Fria”, cabendo aos Estados

Unidos e à União Soviética o papel de principais líderes. O bloco dos comunistas

desejava expandir sua influência a outros países / continentes, enquanto o bloco

capitalista buscava a manutenção do status quo do planeta, combatendo o avanço

dos ideais comunistas / socialistas.

A estratégia russa queria cooptar países localizados além da Europa. Para tal,

formou e treinou líderes, inclusive brasileiros, fomentando uma luta de classes e di-

vulgando as ideias de Karl Marx.

9 Informações disponíveis em: <http://www.averdadesufocada.com/index.php/projeto-orvil-especial-7

8/2559-2411- histórico da intentona-comunista-ii> e <http://www.historiadobrasil.net/brasil_republican o/intentona_comunista.htm>. Acesso em: 02 ago. 2014. 10

Informações disponíveis em: <http://noticias.terra.com.br/educacao/segunda-guerra/>, <http://www. infoescola.com/historia/segunda-guerra-mundial/> e <http://www.brasilescola.com/historiag/segunda-guerra-mundial.htm>. Acesso em: 02 ago. 2014.

Page 21: FRAGA NETO, Othilio. O movimento de 31 de março de 1964: 50

20

5 OS GOVERNOS MILITARES

O Governo do Brasil esteve sob o controle dos militares no período compre-

endido entre o dia 15 de abril de 1964 (posse do Marechal Humberto de Alencar

Castello Branco) e o dia 15 de março de 1985 (posse de José Sarney).

Os 21 anos de governo militar podem ser caracterizados, de forma simples e

direta, por uma atuação que tinha o desenvolvimento do país como foco. O planeja-

mento estratégico aplicado – marcado por uma visão de longo prazo – transformou a

economia nacional, fazendo com que o Brasil deixasse de ocupar, segundo dados

do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística11, a 42ª posição no mundo, em ter-

mo de Produto Interno Bruto (PIB), saltando para a 8ª posição ao fim de 1984.

Serão apresentados, assim, os principais feitos de cada um dos presidentes

militares.

5.1 CASTELLO BRANCO

O Marechal Humberto de Alencar Castello Branco exerceu a função de Presi-

dente do Brasil entre os dias 15 de abril de 1964 e 15 de março de 1967. Seu princi-

pal objetivo envolvia o combate a uma inflação com taxas acima de 70% a.a.. Ao

mesmo tempo em que buscava reduzir a inflação, em curto prazo, Castello Branco

planejava, em longo prazo, retomar o crescimento econômico do país. Para isto,

adotou as ações listadas a seguir.

5.1.1 Criação do Instituto Brasileiro de Reforma Agrária (IBRA)

A Lei nº 4.504, de 30 de novembro de 1964, regulava os direitos e obrigações

concernentes aos bens imóveis rurais, para os fins de execução da Reforma Agrá-

ria12 e promoção da Política Agrícola. Trazia em seu bojo os conceitos de reforma

agrária e política agrícola:

11

Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/29092003estatisticasecxxhtml. shtm>. Acesso em: 02 ago. 2014. 12

Disponível em: <http://www.infoescola.com/geografia/reforma-agraria-brasileira/>. Acesso em: 02

ago. 2014.

Page 22: FRAGA NETO, Othilio. O movimento de 31 de março de 1964: 50

21

§ 1° Considera-se Reforma Agrária o conjunto de medidas que visem a promover melhor distribuição da terra, mediante modificações no regime de sua posse e uso, a fim de atender aos princípios de justiça social e ao aumento de produtividade. § 2º Entende-se por Política Agrícola o conjunto de providências de amparo à propriedade da terra, que se destinem a orientar, no inte-resse da economia rural, as atividades agropecuárias, seja no senti-do de garantir-lhes o pleno emprego, seja no de harmonizá-las com o processo de industrialização do país (BRASIL, 1964).

Cabe destacar o parágrafo único do art. 16 da mesma Lei:

Parágrafo único. O Instituto Brasileiro de Reforma Agrária será o ór-gão competente para promover e coordenar a execução dessa re-forma, observadas as normas gerais da presente Lei e do seu regu-lamento (BRASIL, 1964).

Em consonância com a Lei nº 4.504/64, a Lei nº 4.947, de 06 de abril de

1966, fixou as normas de Direito Agrário, dispondo sobre o sistema de organização e

funcionamento do Instituto Brasileiro de Reforma Agrária.

O Estatuto da Terra (Lei nº 4.504/64) configurou-se, assim, como o primeiro

documento oficial sobre a reforma agrária no Brasil13. O IBRA e o INDA (Instituto

Nacional de Desenvolvimento Agrário) foram criados com o intuito de realizar a re-

forma agrária, além de realizar o cadastro nacional dos imóveis rurais, administran-

do, ainda, as terras públicas da União.

A política de preços mínimos posta em prática pelo governo, dentro das ações

estabelecidas pela Lei nº 4.504/64, proporcionou expressivo aumento na colheita de

grãos com a retomada da atividade agrícola. Estava dado o primeiro passo na busca

da autossuficiência na produção de alimentos no país14.

5.1.2 Criação da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM)

Como consequência dos estudos realizados pelo Grupo de Trabalho da Ama-

zônia, Castello Branco fez aprovar a Lei nº 5.173, em 27 de outubro de 1966, extin-

guindo a Superintendência do Plano de Valorização Econômica da Amazônia

13

Informações disponíveis em: <http://www.infoescola.com/geografia/reforma-agraria-brasileira/>. A-cesso em: 02 ago. 2014. 14

Informações disponíveis em: <http://www.pitoresco.com/historia/republ403x.htm>. Acesso em: 02

ago. 2014.

Page 23: FRAGA NETO, Othilio. O movimento de 31 de março de 1964: 50

22

(SPVEA) e criando a SUDAM15. Vinculada ao Ministério do Interior, tinha a finalidade

de planejar, coordenar, promover a execução e controlar a ação federal na Amazô-

nia Legal, tendo em vista o desenvolvimento regional.

A SUDAM teve destacada atuação na atração de investimentos para a Ama-

zônia, por meio do Fundo de Investimento da Amazônia (FINAM) e dos incentivos

fiscais proporcionados pelo Governo Federal, com o especial objetivo de viabilizar a

implantação da Zona Franca de Manaus.

5.1.3 Criação do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS)

O Fundo de Garantia por Tempo de Serviço16 foi criado no mês de setembro

de 1966 com o objetivo de regularizar a complexa relação firmada entre o emprega-

dor e o empregado, com vistas a minimizar os conflitos de interesses existentes

àquela época. Objetivava, também, propiciar ao trabalhador alguma segurança fi-

nanceira, quase um pecúlio, tanto diante de uma rescisao no contrato de trabalho,

quanto diante da tão almejada aposentadoria.

O FGTS, em verdade, buscou substituir a estabilidade no emprego, prerroga-

tiva a que fazia jus todo empregado que completasse dez anos de trabalho com um

mesmo empregador. Funcionaria, na prática, como um fundo de recursos mantido

pelo empregador durante o período de vigência do contrato de trabalho.

5.1.4 Criação do Banco Nacional de Habitação (BNH)

A população brasileira passava por grandes mudanças: elevadas taxas de

crescimento e o deslocamento constante das populações rurais para os centros ur-

banos aumentavam, significativamente, o número de habitantes das principais cida-

des do país. Se, por um lado, crescia a população, a escassez de recursos para

aplicaçao no segmento de habitaçao, a estagnaçao da construçao civil e a reduçao

na oferta de emprego, por outro lado, provocaram um estimado déficit, em 1964, de

15

Informações disponíveis em: <http://www.sudam.gov.br/acessoainformacao/institucional/histori

co>. Acesso em: 02 ago. 2014. 16

Informações disponíveis em: <http://www1.caixa.gov.br/canalfgts/pdf/HistoricoFGTS.pdf> e <http://

www.revistas.unifacs.br/index.php/rde/article/viewFile/1299/1240>. Acesso em: 02 ago. 2014.

Page 24: FRAGA NETO, Othilio. O movimento de 31 de março de 1964: 50

23

quase 7 milhões de habitações17. Tem-se, assim, o início do processo de favelização

das cidades.

A busca de uma solução para o problema habitacional dependia, exclusiva-

mente, da adoção de uma política especial por parte do Estado. O Governo agia por

intermédio da Caixa Econômica Federal, dos antigos Institutos Federais de Previ-

dência Social (IAPC, IAPI, IAPB e outros) e da Fundaçao da Casa Popular. Para dar

maior agilidade ao processo, foi criado, pela Lei n° 4.380, de 21 de agosto de 1964,

o Sistema Financeiro da Habitaçao (SFH) e o BNH.

Perdurava, entretanto, a necessidade de criação de novas fontes de recursos

que possibilitassem, ao SFH, cumprir o seu programa social. Com a criação do

FGTS, em 1966, milhões de famílias passaram a ter acesso ao benefício da casa

própria, proporcionado pelos programas habitacionais do SFH.

5.1.5 Realização da reforma tributária

O Presidente Castello Branco foi o responsável pelas reformas que recoloca-

ram o Brasil no caminho do desenvolvimento18. O país encontrado em 1964 enfren-

tava dívida externa e inflação sem controle, crise de legitimidade do Governo Fede-

ral e falta de credibilidade no exterior, apenas para citar alguns dos vários problemas

existentes.

A reforma realizada substituiu os impostos vigentes por um moderno e eficien-

te sistema de arrecadação, além de criar o Cadastro Geral de Contribuintes (CGC) e

o Cadastro de Pessoas Físicas (CPF), facilitando a identificação e o controle dos

diversos contribuintes.

As medidas necessárias ao ajuste da economia provocaram, obviamente, um

sério processo recessivo, com reflexos no aumento das taxas de desemprego e

queda nas atividades produtivas. Essas medidas, bem representadas pelo Plano de

Ação Econômica do Governo (PAEG), estabeleceram uma nova ordem econômica

no Brasil. O PAEG apontava as principais ações da nova estratégia política e eco-

nômica e identificava os instrumentos de combate à inflação e de estímulo à pou-

pança no mercado de capitais. As medidas adotadas desencadearam a imediata

17

Informações disponíveis em: <http://www1.caixa.gov.br/canalfgts/pdf/HistoricoFGTS.pdf>. Acesso em: 02 ago. 2014. 18

Informações disponíveis em: <http://www.nudes.ufu.br/disciplinas/arquivos/PAEG-Brasileira1.pdf>. Acesso em: 02 ago. 2014.

Page 25: FRAGA NETO, Othilio. O movimento de 31 de março de 1964: 50

24

“boa vontade” por parte do Fundo Monetário Internacional (FMI), o que significava,

aos investidores internacionais, que o Brasil deixava de ser um risco iminente ao

capital estrangeiro. Por outro lado, geraram protestos dos empresários, políticos,

sindicatos e intelectuais brasileiros.

O consequente aumento da arrecadação permitiu ao governo investir em

obras públicas e gerenciar a circulação de moeda, levando, finalmente, a inflação a

patamares aceitáveis.

5.1.6 Unificação da Previdência Social

O Sistema Previdenciário no Brasil19 estava organizado por categoria profissi-

onal. Essa característica transformava o sistema em uma séria e complexa lista de

abreviaturas. Os Institutos de Aposentadorias e Pensões (IAP) abrangiam os maríti-

mos (IAPM), os comerciários (IAPC), os bancários (IAPB), os industriários (IAPI), os

servidores do estado (IPASE), os empregados em transportes e cargas (IAPETEC),

os operários estivadores (IAPOE) e os ferroviários e empregados do serviço público

(IAPFESP).

Por fim, em 1964 foi criada uma comissão interministerial com representação

classista para propor a reformulação do sistema geral previdenciário. Os trabalhos

dessa comissão terminaram por fundir, por meio do Decreto-Lei n° 72, de 21 de no-

vembro de 1966, todos os IAP, criando o Instituto Nacional da Previdência Social

(INPS). Era apenas o início do processo.

5.1.7 Criação da Empresa Brasileira de Telecomunicações (EMBRATEL)

O Programa de Integração Nacional e Social posto em prática pelo Governo

Castello Branco tinha o objetivo de proporcionar a retomada do crescimento, alavan-

cando o progresso econômico e social do país.

A Empresa Brasileira de Telecomunicações20, criada em 16 de setembro de

1965, visava a dotar o país de uma infraestrutura de telecomunicação, cabendo-lhe

19

Informações disponíveis em: <http://www.previdencia.gov.br/a-previdencia/historico/1960-1973/>.

Acesso em: 02 ago. 2014. 20

Informações disponíveis em: <http://www.maxwell.lambda.ele.puc-rio.br/4680/4680_5.PDF> e

<http://www.telebras.com.br/inst/?page_id=41>. Acesso em: 02 ago. 2014.

Page 26: FRAGA NETO, Othilio. O movimento de 31 de março de 1964: 50

25

o total gerenciamento – concepção, planejamento, implantação, operação e coorde-

nação – das telecomunicações nacionais.

Nesse intento, a EMBRATEL implantou a Rede Nacional de Televisao e o Sis-

tema de Discagem Direta à Distância. Além disso, ampliou e desenvolveu os servi-

ços de telefonia, telex e telegrafia.

Para que esses objetivos pudessem ser atingidos, foi necessária uma política

de contratação de pessoal, bem como um aporte grande e contínuo de recursos fi-

nanceiros. Em poucos anos, a EMBRATEL já se firmava como a quinta maior em-

presa do país (em 1972), consolidando a atuação do sistema TELEBRÁS.

5.1.8 Criação do Projeto Rondon

Criado em 1967, o Projeto Rondon21 tem o objetivo de proporcionar a univer-

sitários a oportunidade de prestarem serviço solidário em áreas carentes das regiões

norte e nordeste do Brasil. Por meio desse serviço esperava-se complementar a

formação do estudante universitário como cidadão, integrado ao processo de desen-

volvimento nacional e consciente dos problemas do país.

Mais que um simples projeto educacional e social, o Projeto Rondon firmou-se

como uma poderosa ferramenta de transformação social ao proporcionar aos univer-

sitários um conhecimento de cunho predominantemente prático, complementado o

ensino das salas de aulas. Transformava, assim, a teoria ensinada pelas escolas na

prática necessária à construção de uma sociedade justa e desenvolvida.

5.2 COSTA E SILVA

O Governo do Marechal Artur da Costa e Silva é caracterizado por dois cruci-

ais e significativos eventos: a promulgação do Ato Institucional n° 5 (AI-5), ferramen-

ta aplicada ante o aumento significativo das ações subversivas no país, e o derrame

cerebral que o vitimou, obrigando-o a deixar o cargo de Presidente da República.

21

Informações disponíveis em: < http://projetorondon.pagina-oficial.com/portal/index/pagina/id/9718/ar ea/C/module/default>. Acesso em: 02 ago. 2014.

Page 27: FRAGA NETO, Othilio. O movimento de 31 de março de 1964: 50

26

Ainda assim, no período em que esteve à frente do Palácio do Planalto (de 15

de março de 1967 a 31 de agosto de 1969), Costa e Silva deu continuidade à políti-

ca desenvolvimentista do governo anterior, com feitos de destaque para o Brasil.

5.2.1 Criação da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT)

O Decreto-Lei nº 509, de 20 de março de 1969, criou a Empresa Brasileira de

Correios e Telégrafos22. Representava uma nova visão do Governo Federal para a

necessidade de comunicações como ferramenta de integração social, fundamental

para o desenvolvimento do país.

A ECT, ao mesmo tempo em que prestava serviços postais e telegráficos,

atuava no pagamento de pensões e aposentadorias, na distribuição de livros escola-

res, no treinamento de jovens carentes e em inúmeras outras situações.

Com o passar dos anos, muitos outros serviços foram criados e implantados,

além da necessária evolução dos já existentes. Pode ser citado, como um marco da

política progressista da ECT, o lançamento, em 1971, do primeiro Guia Postal Brasi-

leiro23, contendo o Código de Endereçamento Postal (CEP).

5.2.2 Criação da Fundação Nacional de Assistência ao Índio (FUNAI)

A FUNAI24 foi criada por meio da Lei nº 5.371, de 5 de dezembro de 1967,

sob a influência de ideias evolucionistas da humanidade, com o objetivo de integrar,

gradual e harmoniosamente, as sociedades indígenas à sociedade brasileira.

A atuação da FUNAI foi orientada pela publicação, em 1973, da Lei nº 6.001,

de 19 de dezembro de 1973, aprovando o Estatuto do Índio.

5.2.3 Criação da Companhia de Pesquisas e Recursos Minerais (CPRM)

O Decreto-Lei nº 764, de 15 de agosto de 1969, autorizou a constituição da

Companhia de Pesquisas e Recursos Minerais25. Tinha por missão estratégica a

22

Informações disponíveis em: <http://www.correios.com.br/sobre-correios/aempresa/historia/historia-

postal/#Primeiras Cartas>. Acesso em: 02 ago. 2014. 23

Informações disponíveis em: <http://www.correios.com.br/para-voce/correios-de-a-a-z/cep-codigo-de-enderecamento-postal>. Acesso em: 02 ago. 2014. 24

Informações disponíveis em: <http://www.funai.gov.br/index.php/nossas-acoes/politica-indigenista? start=1>. Acesso em: 02 ago. 2014.

Page 28: FRAGA NETO, Othilio. O movimento de 31 de março de 1964: 50

27

organização e a sistematização do conhecimento geológico do território brasileiro.

Entendia o Governo Federal que esse conhecimento era indispensável para garantir

o crescimento econômico projetado para as décadas seguintes, com o suprimento

de insumos minerais nativos.

As pesquisas realizadas pela CPRM, desde a sua criação, têm proporcionado

a descoberta de inúmeras jazidas, muitas das quais, ainda hoje, abastecem a indús-

tria nacional. Merece destaque o Projeto Mapeamento Geológico Sistemático do

Brasil, realizado na década de 1970, bem como os levantamentos aerogeofísicos

realizados em convênio com a Alemanha. De capital importância, podem ser citados

o Programa Plurianual de Estudo do Carvão Brasileiro e a Operação e manutenção

da Rede Hidrometeorológica Nacional.

5.2.4 Criação da Empresa Brasileira de Aeronáutica (EMBRAER)

Criada em 19 de agosto de 1969, com incentivo do Governo Federal, a Em-

presa Brasileira de Aeronáutica26 foi a responsável pela criação de uma cultura cien-

tífica e tecnológica que projetou e vem projetando o Brasil, desde então, no seleto

grupo dos desenvolvedores da indústria aeronáutica mundial.

Trabalhando, inicialmente, com projetos de aeronaves para a Força Aérea

Brasileira, a EMBRAER atingiu elevado estágio tecnológico e industrial, dominando,

nos dias atuais, parcela significativa do mercado de jatos executivos, fornecendo

para todo o mundo.

5.2.5 Criação do Movimento Brasileiro de Alfabetização (MOBRAL)

O ensino da ditadura. Esta é a definição dada, nos dias atuais, àquele que foi

o maior projeto, de iniciativa governamental, na área da alfabetização de adultos.

O Movimento Brasileiro de Alfabetização27 foi criado pela Lei n° 5.379, de 15

de dezembro de 1967. Tinha a proposta de alfabetizar jovens e adultos que, por

qualquer razão, tenham abandonado a escola. Buscava proporcionar conhecimentos

25

Informações disponíveis em: <http://www.cprm.gov.br>. Acesso em: 02 ago. 2014. 26

Informações disponíveis em: < http://www.embraer.com/pt-BR/ConhecaEmbraer/TradicaoHistoria/ Paginas/Home.aspx>. Acesso em: 02 ago. 2014 27

Informações disponíveis em: <http://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/handle/10438/8912> e <http://ww w.saopaulominhacidade.com.br/historia/ver/9064/Mobral%252C%2Bo%2Bensino%2Bda%2Bditadura>. Acesso em: 02 ago. 2014.

Page 29: FRAGA NETO, Othilio. O movimento de 31 de março de 1964: 50

28

de leitura, escrita e cálculo, preparando grandes contingentes de mão de obra semi-

qualificada como meio de integrá-los à sua comunidade e ao mercado de trabalho

em expansão, permitindo melhores condições de vida em sociedade.

O MOBRAL pautava o seu método de ensino na utilização da experiência dos

alunos, aproveitando as situações mais corriqueiras e comuns para despertar a bus-

ca pelo conhecimento, incentivando-os a participarem das atividades da comunida-

de, com noções, inclusive, de higiene pessoal e conservação da saúde.

O MOBRAL teve suas atividades encerradas em 1985, quando foi substituído

pelo Projeto Fundação Educar. O Projeto denominado Educação de Jovens e Adul-

tos (EJA)28 realiza, hoje, as ações desenvolvidas pelo MOBRAL.

5.2.6 Criação do Sistema Nacional de Telecomunicações

Como prosseguimento da política de telecomunicações implantada no Gover-

no Castello Branco, o Governo Costa e Silva criou o Sistema Nacional de Telecomu-

nicações29. Tinha o objetivo de fomentar a modernização das diversas empresas de

telecomunicações, concessionárias de serviços públicos, existentes no Brasil.

O Governo Federal agia sempre tendo por farol a preocupação com a inte-

graçao nacional, considerando, também, que era fundamental dotar o país de uma

infraestrutura moderna de telecomunicações como alavanca para o tão desejado

desenvolvimento nacional.

Cabe apontar a realização, em 6 de março de 1969, da primeira transmissão

oficial via satélite em terras brasileiras: o lançamento da nave espacial Apolo IX.

28

Informações disponíveis em: < http://portal.mec.gov.br/index.php?Itemid=562&catid=259:proeja-&id =12288:programa-nacional-de-integracao-da-educacao-profissional-com-a-educacao-basica-na-moda lidade-de-educacao-de-jovens-e-adultos-proeja&option=com_content & view=article>. Acesso em: 02 ago. 2014. 29

Informações disponíveis em: <http://www.fdi.com.br/download/artigos/social14.pdf> e <http: //www.ufrgs.br/alcar/encontros-nacionais-1/9o-encontro-2013/artigos/gt-historia-da-publicidade-e-da-comunicacao-institucional/o-desenvolvimento-do-sistema-nacional-de-telecomunicacoes-1961-1967-a-producao-das-condicoes-tecnicas-necessarias-a-expansao-do-mercado-publicitario-no-brasil>. A-cesso em: 02 ago. 2014.

Page 30: FRAGA NETO, Othilio. O movimento de 31 de março de 1964: 50

29

5.2.7 Criação no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA)

Por meio do Decreto-Lei nº 1.110, de 09 de julho de 1970, o Governo Federal

criou o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária30. O INCRA foi criado

para absorver as atribuições do IBRA e do INDA (criados pelo Governo Castello

Branco), com a missão prioritária de realizar a reforma agrária, manter o cadastro

nacional de imóveis rurais e administrar as terras públicas da União, contribuindo

para um desenvolvimento rural sustentável.

Sua atuação ganhou relevância com o passar dos anos e hoje o INCRA está

presente em todo o território nacional, distribuído em 30 (trinta) Superintendências

Regionais.

5.2.8 Assinatura do Tratado da Bacia do Prata

O Tratado da Bacia do Prata31 foi assinado no dia 23 de abril de 1969 pelos

Governos das Repúblicas da Argentina, Bolívia, Brasil, Paraguai e Uruguai. Os sig-

natários buscavam institucionalizar a exploração integrada, racional e harmônica do

vasto sistema hidrográfico, equacionando os problemas de navegaçao e de aprovei-

tamento hidrelétrico, permitindo a interconexao dos diversos modais de transporte.

Cabe destacar o Artigo 1° do Tratado:

As Partes Contratantes convém em conjugar esforços com o objetivo de promover o desenvolvimento harmônico e a integração física da Bacia do Prata e de suas áreas de influência direta e ponderável. Parágrafo único - Para tal fim, promoverao, no âmbito da Bacia, a identificaçao de áreas de interesse comum e a realizaçao de estu-dos, programas e obras, bem como a formulaçao de entendimentos operativos ou instrumentos jurídicos que estimem necessários e que propendam: a) A facilitaçao e assistência em matéria de navegaçao. b) À utilizaçao racional do recurso água, especialmente através da regularizaçao dos cursos d'água e seu aproveitamento múltiplo e equitativo. c) À preservaçao e ao fomento da vida animal e vegetal. d) Ao aperfeiçoamento das interconexões rodoviárias, ferroviárias, fluviais, aéreas, elétricas e de telecomunicações. e) À complementaçao regional mediante a promoçao e estabeleci-mento de indústrias de interesse para o desenvolvimento da Bacia.

30

Informações disponíveis em: <http://www.incra.gov.br/node/14455>. Acesso em: 02 ago. 2014. 31

Informações disponíveis em: <https://www.dpc.mar.mil.br/sta/depto_traquav/ hidrovia/TratBcPrata.

pdf> e <http://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/186298/000406291.pdf?sequence=5>. A-cesso em: 02 ago. 2014.

Page 31: FRAGA NETO, Othilio. O movimento de 31 de março de 1964: 50

30

f) À complementaçao econômica de áreas limítrofes.

g) À cooperaçao mútua em matéria de educaçao, saúde e luta contra as enfermidades. h) À promoçao de outros projetos de interesse comum em especial daqueles que se relacionem com o inventário avaliaçao e o aprovei-tamento dos recursos naturais da área. i) Ao conhecimento integral da Bacia do Prata (BRASIL, 1969).

5.2.9 Ampliação do Sistema Previdenciário

O Governo Castello Branco criou o INPS dando início ao processo de unifica-

ção da Previdência Social no país. Cabia, assim, ao seu sucessor, prosseguir nesse

processo. Para isso, o Governo Costa e Silva aprovou os seguintes documentos:

- Lei n° 5.316, de 14 de setembro de 1967 – integrou o seguro de acidentes

do trabalho na Previdência Social.

- Decreto-Lei n° 367, de 19 de dezembro de 1968 – dispôs sobre a contagem

de tempo de serviço dos funcionários públicos civis da União e das autarquias.

- Decreto-Lei n° 564, de 1° de maio de 1969 – estendeu a Previdência Social

ao trabalhador rural, especialmente aos empregados do setor agrário da agroindús-

tria canavieira.

- Decreto-Lei n° 704, de 24 de julho de 1969 – ampliou o plano básico de Pre-

vidência Social Rural.

5.3 MÉDICI

O General Emílio Garrastazu Médici exerceu a Presidência da República no

período compreendido entre os dias 30 de outubro de 1969 e 15 de março de 1974.

Embora seu período na Presidência tenha ficado conhecido como “os anos de

chumbo”, seu governo foi marcado por excepcional crescimento econômico, o cha-

mado “milagre brasileiro”32. As altas taxas de crescimento econômico e a inflação

baixa proporcionaram um aumento no consumo de bens duráveis, além de alavan-

carem a produção industrial e agrícola.

32

Informações disponíveis em: <http://www.infoescola.com/historia-do-brasil/governo-de-emilio-medi ci/>. Acesso em: 02 ago. 2014.

Page 32: FRAGA NETO, Othilio. O movimento de 31 de março de 1964: 50

31

5.3.1 Ampliação do mar territorial para 200 milhas

O Decreto-Lei nº 1.098, de 25 de março de 1970, ampliou o mar territorial

brasileiro de 12 para 200 milhas33. Visava a submeter essa área, diante da ausência

de um ordenamento internacional, às normas brasileiras. Assim, qualquer atividade,

econômica ou científica, somente poderia ser realizada nesse limite por navios brasi-

leiros. Era assegurada, entretanto, a “passagem inocente” aos navios estrangeiros:

era permitido o simples trânsito, sem o exercício de qualquer atividade estranha à

navegação.

A nova delimitação teve o imediato apoio da Petrobrás: já havia estudos sobre

o potencial de prospecção em águas localizadas fora do limite das 12 milhas. A Pe-

trobrás entendia que nações mais ricas poderiam se estabelecer, mais rapidamente,

explorando esse potencial e que o novo limite salvaguardava os interesses nacio-

nais.

Como resultado direto da medida adotada, destaca-se a possibilidade de ex-

ploraçao, na atualidade, do petróleo do chamado “pré-sal”.

5.3.2 Criação do Sistema de Micro-ondas

O Governo Castello Branco criou a EMBRATEL. O Governo Costa e Silva cri-

ou o Sistema Nacional de Telecomunicações. E coube ao Governo Médici revolucio-

nar as transmissões por meio do Sistema de Micro-ondas34.

Em sua definição técnica, são ondas muito pequenas, porém de frequência

muito alta, com capacidade para atingir longo alcance. Em função da qualidade do

sinal transmitido, o Sistema de Micro-ondas é utilizado para os enlaces de TV terres-

tres não somente no Brasil, mas em muitos outros países. O Sistema também é utili-

zado para as transmissões telefônicas, de rádio ou de dados, encurtando distâncias,

levando informações, interligando o país.

33

Informações disponíveis em: <http://www.jblog.com.br/hojenahistoria.php?itemid=20189>. Acesso em: 02 ago. 2014. 34

Informações disponíveis em: <http://www.willians.pro.br/frequencia/cap3_mo.htm>. Acesso em: 02

ago. 2014

Page 33: FRAGA NETO, Othilio. O movimento de 31 de março de 1964: 50

32

5.3.3 Criação da Telecomunicações Brasileiras S/A (TELEBRÁS)

Ainda no que diz respeito às transmissões no Brasil, o Governo Médici apro-

vou a Lei n° 5.792, de 11 de agosto de 1972, criando a Telecomunicações Brasilei-

ras S/A35.

A estrutura criada tinha o escopo de coordenar todo o desenvolvimento das

telecomunicações brasileiras, notadamente no que abrangia os serviços locais.

O Sistema TELEBRÁS, consolidação da política de telecomunicações do Go-

verno Federal, centralizou as operações, absorvendo as operadoras locais. O Siste-

ma envolvia, àquela época, 22 subsidiárias e 4 associadas.

5.3.4 Construção da Ponte Presidente Costa e Silva (Rio-Niterói)

Qual a razão de tanto destaque para uma ponte?

Longe de ser apenas a ligação entre as cidades do Rio de Janeiro e Niterói, a

Ponte Presidente Costa e Silva36 faz parte da Rodovia BR-101, ligando a cidade de

Touros no Rio Grande do Norte, à cidade de Rio Grande, no Rio Grande do Sul. A

ponte, com seus 13,29 km de extensão sobre a Baía da Guanabara, era a parte que

faltava para integrar os 4.577 km da BR-101, tornando-a uma rodovia única, sem

interrupção.

Uma das sete mais longas pontes do mundo, a Ponte Rio-Niterói foi construí-

da em 600 dias, um recorde para obras dessa envergadura.

5.3.5 Criação do Plano Nacional de Viação (PNV)

Por meio da Lei nº 5.917, 10 de setembro de 1973, foi concebido e aprovado

o Plano Nacional de Viação37. Tinha por objetivo, segundo o seu Art. 2º:

35

Informações disponíveis em: <http://www.mc.gov.br/acoes-e-programas/redes-digitais-da-cidada

nia/44-historia-das-comunicacoes/22463-historia-da-telefonia>. Acesso em: 02 ago. 2014. 36

Informações disponíveis em: <http://www2.transportes.gov.br/bit/02-rodo/9-pontes-viadutos/pontes

/RJ/rio_niteroi/ Gptrnite.htm>. Acesso em: 02 ago. 2014. 37

Informações disponíveis em: <http://www.transportes.gov.br/conteudo/60924>. Acesso em: 02 ago.

2014.

Page 34: FRAGA NETO, Othilio. O movimento de 31 de março de 1964: 50

33

Art. 2º O objetivo essencial do Plano Nacional de Viação é permitir o estabelecimento da infraestrutura de um sistema viário integrado, as-sim como as bases para planos globais de transporte que atendam, pelo menor custo, às necessidades do País, sob o múltiplo aspecto econômico-social-político-militar (BRASIL, 1973).

O PNV trazia os conceitos envolvendo os sistemas nacionais rodoviários, fer-

roviários, aquaviários, portuários e aeroviários. Além disso, atribuía responsabilida-

des, inclusive orçamentárias, pelo controle, execução e manutenção das diversas

ações.

O PNV foi o responsável pelo desenvolvimento dos diversos sistemas de

transportes no país.

5.3.6 Criação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agrária (EMBRAPA)

Desde a posse do Marechal Castello Branco a produção de alimentos tornou-

se prioridade para o Governo Brasileiro. O crescimento da população não era acom-

panhado pelo aumento da produção de alimentos. O objetivo, desde então, era tor-

nar o Brasil autossuficiente na produção agrícola.

A política desenvolvida pelo Governo Federal encontrava na falta de conhe-

cimento técnico, por parte dos agricultores, seu principal óbice. Assim, coube ao

Presidente Médici, por meio da Lei nº 5.851, de 7 de dezembro de 1972, autorizar a

criação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária38.

A EMBRAPA39, assim, foi criada para administrar todo o sistema de pesquisa

agropecuária no âmbito federal. Implantou centros nacionais de pesquisa nas proxi-

midades dos centros produtores, sempre com o objetivo de viabilizar soluções de

pesquisa, desenvolvimento e inovação, para a sustentabilidade da agricultura, em

benefício da sociedade brasileira.

A EMBRAPA, ao longo dos anos, tornou-se um órgão de destaque internacio-

nal pela geração de conhecimento, tecnologia e inovação para a produção sustentá-

vel de alimentos, fibras e agroenergia.

38

Informações disponíveis em: <http://hotsites.sct.embrapa.br/pme/historia-da-embrapa>. Acesso

em: 02 ago. 2014. 39

Informações disponíveis em: <https://www.embrapa.br/missao-visao-e-valores>. Acesso em: 02

ago. 2014.

Page 35: FRAGA NETO, Othilio. O movimento de 31 de março de 1964: 50

34

5.3.7 Ampliação da Política Social

Tal qual ocorreu no Governo Costa e Silva, era necessário prosseguir na im-

plantação de políticas de amparo aos trabalhadores. Nesse viés, o Governo Médici

aprovou as seguintes Leis:

- Lei Complementar nº 7, de 7 de setembro de 1970 – criou o Programa de

Integração Social (PIS).

- Lei Complementar nº 8, de 3 de dezembro de 1970 – instituiu o Programa de

Formação do Patrimônio do Servidor Público (PASEP).

- Lei Complementar n° 11, de 25 de maio de 1971 – institui o Programa de

Assistência ao Trabalhador Rural (PRÓ-RURAL), em substituição ao plano básico de

Previdência Social Rural.

- Lei n° 5.859, de 11 de dezembro de 1972 – incluiu os empregados domésti-

cos na Previdência Social.

5.4 GEISEL

O General Ernesto Beckmann Geisel foi o responsável pelo início da abertura

política no Brasil. No processo de redemocratização do país, coube ao Governo Gei-

sel acabar com a vigência do AI-540. Isto já bastaria para marcar o período de 15 de

março de 1974 a 15 de março de 1979 como um período profícuo para o Brasil. Mas

o Governo Geisel foi bem mais que isso.

5.4.1 Início do Projeto Nuclear Brasileiro (assinatura de acordo com a Alema-

nha)

O Brasil havia assinado, em 195541, um acordo de cooperação com os Esta-

dos Unidos da América (EUA) visando ao desenvolvimento de energia atômica com

finalidades pacíficas. Esse acordo previa que o Brasil compraria reatores americanos

alimentados pela utilização da tecnologia do urânio enriquecido.

40

Informações disponíveis em: <http://www.suapesquisa.com/ditadura/ai-5.htm>. Acesso em: 02 ago. 2014. 41

Informações disponíveis em: <http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/FatosImagens/AcordoNuclear>. Acesso em: 02 ago. 2014.

Page 36: FRAGA NETO, Othilio. O movimento de 31 de março de 1964: 50

35

A decisão dos EUA de suspender, em 1974, o fornecimento do urânio enri-

quecido para novas usinas levou o governo brasileiro a redefinir sua política nuclear,

investindo na busca por uma tecnologia própria. Além disso, a crise do petróleo de

1973 e a expansão do mercado internacional de reatores nucleares favoreciam a

instalação de usinas nucleares como fonte alternativa para a geração de energia.

Dessa forma, a partir de 1978, o Brasil firma acordo com a Alemanha, pre-

vendo o fornecimento (construção) de oito grandes reatores nucleares para a gera-

ção de eletricidade. Apenas duas foram construídas.

5.4.2 Criação da Empresas Nucleares Brasileiras S/A (NUCLEBRAS)

A decisão dos Estados Unidos de suspender o fornecimento de urânio enri-

quecido ao Brasil gerou duas grandes decisões estratégicas: o acordo com a Ale-

manha e a busca pelo desenvolvimento de tecnologia nacional para a área nuclear.

O Decreto n° 76.805, de 16 de dezembro de 1975, ao criar a Empresas Nu-

cleares Brasileiras S/A42, visava a atender à necessidade de desenvolvimento da

cultura nuclear no país.

A NUCLEBRAS tinha por finalidade:

- realizar a pesquisa e a lavra de jazidas de minérios nucleares e associados;

- promover o desenvolvimento da tecnologia nuclear mediante a realização de

pesquisas, estudos e projetos;

- promover a gradual assimilação da tecnologia nuclear pela indústria privada

nacional;

- construir e operar instalações de tratamento de minérios nucleares e seus

associados e instalações destinadas ao enriquecimento de urânio, ao reprocessa-

mento de elementos combustíveis irradiados, bem como à produção de elementos

combustíveis e outros materiais de interesse da indústria nuclear;

- negociar, nos mercados interno e externo, equipamentos, materiais e servi-

ços de interesse da indústria nuclear.

42

Informações disponíveis em:<http://www.nuclep.gov.br/empresa>. Acesso em: 02 ago. 2014.

Page 37: FRAGA NETO, Othilio. O movimento de 31 de março de 1964: 50

36

5.4.3 Criação do Programa Nacional do Álcool (Pró-álcool)

Além da busca por uma fonte alternativa para a geração de energia elétrica, a

crise do petróleo ocorrida em 1973 exigiu do Governo Federal uma atuação ainda

mais significativa no tocante ao crescente consumo de combustível automotivo (es-

pecificamente, gasolina).

Para tentar reduzir os efeitos da alta no preço do barril de petróleo, o Governo

Geisel deu início ao Programa Nacional do Álcool43. A intenção era fomentar o au-

mento na produção de álcool combustível (etanol), substituindo a gasolina.

O Programa envolveu a oferta de incentivos fiscais e bancários (taxa de juros

abaixo do praticado no mercado) aos produtores de cana-de-açúcar e às indústrias

automobilísticas que se dispusessem a produzir carros que utilizassem o novo com-

bustível.

5.4.4 Descoberta de petróleo na Bacia de Campos (RJ)

Se por um lado a crise do petróleo de 1973 teve sérias implicações na balan-

ça comercial brasileira, com profundos impactos na economia nacional, por outro

lado, despertou a busca por fontes alternativas de energia. Já foram apresentadas

as diversas ações envolvendo a energia nuclear, bem como a busca por um com-

bustível alternativo à gasolina derivada do petróleo. Deve-se destacar, neste tópico,

que o General Ernesto Geisel dirigiu a Petrobrás entre os anos de 1969 e 197344.

Nada mais natural, portanto, que o Presidente da República tenha investido, tam-

bém, na busca pelo “ouro negro”.

Desse modo, em 1977 foi descoberta a Bacia de Campos45, no litoral norte do

Rio de Janeiro, com aproximadamente 100 mil quilômetros quadrados de extensão,

maior província petrolífera no país, respondendo por mais de 80% da produção na-

cional de petróleo.

43

Informações disponíveis em: <http://www.brasilescola.com/brasil/proalcool.htm>. Acesso em: 02

ago. 2014. 44

Informações disponíveis em: <http://blogdopetroleo.com.br/ernesto-geisel-comando-pais-e-da-petro bras/>. Acesso em: 02 ago. 2014. 45

Informações disponíveis em: <http://www.petrobras.com.br/pt/nossas-atividades/principais-operaco es/bacias/bacia-de-campos.htm>. Acesso em: 02 ago. 2014.

Page 38: FRAGA NETO, Othilio. O movimento de 31 de março de 1964: 50

37

5.4.5 Criação da Fundação Nacional de Artes (FUNARTE)

Em 1975, o Governo Federal criou a Fundação Nacional de Artes. A FUNAR-

TE46 foi concebida com a finalidade de desenvolver políticas públicas de incentivo às

artes visuais, à música, ao teatro, à dança e ao circo, incentivando a produção artís-

tica e a capacitação de profissionais. Além disso, também deveria zelar pela preser-

vação da memória das artes no Brasil, despertando o interesse da população.

A criação da FUNARTE representou a consciência do Governo Federal sobre

as suas atribuições no âmbito da cultura do país.

5.4.6 Assinatura do Tratado de Cooperação Amazônica (TCA)

A cobiça internacional despertada pela região amazônica sempre esteve pre-

sente nos noticiários e discussões. Para salvaguardar os interesses, os 08 países

amazônicos (Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezue-

la) assinaram, em 3 de julho de 1978, o Tratado de Cooperação Amazônica47.

O TCA tem o objetivo de promover o desenvolvimento integrado da bacia

amazônica, melhorando a qualidade de vida de seus habitantes por meio da conser-

vação e do uso racional dos recursos existentes.

O Tratado incentiva a colaboração entre os países signatários com vistas a

mitigar as dificuldades impostas pela natureza exuberante proporcionando, assim,

ações conjuntas na área de saúde, comércio, turismo, extrativismo, pesquisa, edu-

cação, enfim, ocupando, efetivamente, aquela área que representa mais de 40% da

superfície Sul-Americana.

5.4.7 Implantação do amparo previdenciário para maiores de 70 anos

Conforme já foi visto, as políticas sociais de proteção previdenciária pautaram

todos os governos militares. Com o Governo Geisel não foi diferente. Merece desta-

que a implantação do amparo previdenciário para maiores de 70 anos, aprovado

pelo Decreto n° 77.07748, de 24 de janeiro de 1976:

46

Informações disponíveis em: <http://www.funarte.gov.br/>. Acesso em: 02 ago. 2014 47

Informações disponíveis em: < http://www.oas.org/dsd/publications/Unit/oea08b/ch14.htm> e <htt p://otca.info/portal/tratado-coop-amazonica.php?p=otca>. Acesso em: 02 ago. 2014. 48

Informações disponíveis em: < http://www.jusbrasil.com.br/topicos/11972170/artigo-73-do-decreto-n-77077-de-24-de-janeiro-de-1976>. Acesso em: 02 ago. 2014.

Page 39: FRAGA NETO, Othilio. O movimento de 31 de março de 1964: 50

38

Art. 73 O maior de 70 (setenta) anos de idade ou inválido definitiva-mente incapacitado para o trabalho, que, num ou noutro caso, não exerça atividade remunerada, não aufira qualquer rendimento supe-rior ao valor da renda mensal fixada no artigo 74, não seja mantido por pessoa de quem dependa obrigatoriamente e não tenha outro meio de prover ao próprio sustento será amparado pela previdência social, desde que: I - tenha sido filiado ao seu regime, em qualquer época, no mínimo por 12 (doze) meses, consecutivos ou não; II - tenha exercido atividade remunerada atualmente abrangida pelo seu regime, embora sem filiação à previdência social, no mínimo por 5 (cinco) anos, consecutivos ou não; III - tenha ingressado no seu regime após completar 60 (sessenta) anos de idade, sem direito aos benefícios regulamentares (BRASIL, 1976).

5.4.8 Aprovação da “Lei do Divórcio”

A Lei n° 6.515, de 26 de dezembro de 1977, provocou euforia e protestos. A

chamada “Lei do Divórcio” atendeu à expectativa dos “progressistas” ao mesmo

tempo em que despertou a ira dos religiosos. A Lei incorporou à normatização pátria

o instituto do divórcio como uma das formas de dissolução da sociedade conjugal.

Art. 1º - A separação judicial, a dissolução do casamento, ou a ces-sação de seus efeitos civis, de que trata a Emenda Constitucional nº 9, de 28 de junho de 1977, ocorrerão nos casos e segundo a forma que esta Lei regula. CAPÍTULO I DA DISSOLUÇÃO DA SOCIEDADE CONJUGAL Art. 2º - A Sociedade Conjugal termina: I - pela morte de um dos cônjuges; Il - pela nulidade ou anulação do casamento; III - pela separação judicial; IV - pelo divórcio. Parágrafo único - O casamento válido somente se dissolve pela mor-te de um dos cônjuges ou pelo divórcio (BRASIL, 1977).

5.5 FIGUEIREDO

O General João Baptista de Oliveira Figueiredo foi o último presidente do Go-

verno Militar. Ocupante do Palácio do Planalto no período de 15 de março de 1979 a

15 de março de 1985, coube-lhe passar o comando da Nação a José Sarney, Vice-

Presidente (assumiu ante a morte de Tancredo Neves, presidente eleito).

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39

Figueiredo foi o presidente responsável pela redemocratização do país49. Tor-

nou-se célebre a sua frase na posse, afirmando que iria “fazer deste país uma de-

mocracia”50. Seu governo aprovou a “Lei da Anistia”51, permitindo o retorno dos di-

versos exilados, marco desse processo de redemocratização. Nada mais tivesse

realizado, Figueiredo já teria lugar na história do Brasil pela reabertura que proporci-

onou.

Diferentemente do que ocorreu nos governos que o antecederam, Figueiredo

enfrentou uma nova crise do petróleo, implicando em desequilíbrio da balança co-

mercial e elevadas taxas de inflação.

5.5.1 Construção da Usina Siderúrgica de Tubarão (CST)

A Usina Siderúrgica de Tubarão52 foi criada, oficialmente, no dia 13 de março

de 1974. Sua localização (a cidade de Vitória, no Espírito Santo) buscava aproveitar

as facilidades logísticas proporcionadas pela região:

- integração dos modais de transporte ferroviário, rodoviário e marítimo;

- proximidade das fontes de matéria-prima (Minas Gerais); e

- acesso ao mar (para receber carvão mineral e escoar a produção).

O dia 30 de novembro de 1983 viu o acendimento do alto-forno e a produção

da primeira placa de aço, oficializando, dessa forma, inauguração da Usina. Foram

investidos quase US$ 3 bilhões para construir uma das maiores e mais modernas

siderúrgicas das Américas, com capacidade para produzir 3 milhões de toneladas de

placas de aço por ano. A CST é reconhecida internacionalmente por produzir aço de

alta qualidade.

49

Informações disponíveis em: <http://www.infoescola.com/historia-do-brasil/governo-de-joao-figuei redo/>. Acesso em: 02 ago. 2014. 50

Disponível em < http://almanaque.folha.uol.com.br/brasil_16mar1979.htm>. Acesso em: 03 ago. 2014. 51

Lei n° 6.683, de 28 de agosto de 1979. 52

Informações disponíveis em: <http://www.cst.com.br/empresa/perfil/relatorio/relatorioanual_2004/

portugues/ perfil/perfil.htm> e <http://www.cst.com.br/quem-somos/arcelor-mittal-tubarao/nossa-histo ria/index.asp>. Acesso em: 01 ago. 2014.

Page 41: FRAGA NETO, Othilio. O movimento de 31 de março de 1964: 50

40

5.5.2 Construção da Companhia do Alumínio (ALBRÁS)

Instalada em 1985 na cidade de Barcarena, no estado do Pará, a Companhia

do Alumínio53 é a maior produtora e a maior exportadora de alumínio no Brasil, além

de ser a 8ª maior fábrica de alumínio do mundo.

A escolha do local de instalação da usina está intrinsecamente ligada à des-

coberta e à exploração da jazida de manganês no Amapá. A usina tinha a dupla fina-

lidade de integrar a Amazônia e explorar economicamente o seu subsolo.

ALBRÁS foi criada dentro de uma concepção estratégica envolvendo o Go-

verno Federal e parceiros japoneses. Por tratar-se de um alto consumidor de energia

para a produção do alumínio, o projeto envolveu a construção da usina hidrelétrica

de Tucuruí, também no Pará.

5.5.3 Criação do Projeto Grande Carajás

Criado pelo Decreto-Lei nº 1.813, de 24 de novembro de 1980, o Projeto

Grande Carajás54 destinava-se à exploração de minérios na mais rica área conheci-

da do mundo. Suas dimensões cobriam cerca de 900 mil km², espalhados pelos es-

tados do Pará, Tocantins e Maranhão. Coube à Companhia Vale do Rio Doce, uma

empresa estatal, a responsabilidade pela exploração das reservas de minério de alto

teor de ferro, estanho, manganês, ouro, níquel, cassiterita, bauxita e cobre existen-

tes na área do Projeto.

Para que a exploração mineral pudesse tornar-se viável era necessário o de-

senvolvimento de uma complexa infraestrutura. Assim, o Projeto Carajás englobou,

também, a Usina Hidrelétrica de Tucuruí, a Estrada de Ferro Carajás e o Porto de

Itaqui.

A Vale do Rio Doce foi privatizada em 1998, alcançando o patamar de maior

mineradora de ferro do mundo.

5.5.4 Inauguração da Usina Itaipu Binacional

A ideia de construção de uma usina hidrelétrica binacional teve seu início ain-

da na década de 1960, após intensas negociações entre o Brasil e o Paraguai. A

53

Informações disponíveis em: <http://www.acessa.com/gramsci/?page=visualizar&id=1185>. Acesso

em: 02 ago. 2014. 54

Informações disponíveis em: <http://historiacsd.blogspot.com.br/2011/06/projeto-carajas.html>.

Acesso em: 02 ago. 2014.

Page 42: FRAGA NETO, Othilio. O movimento de 31 de março de 1964: 50

41

formalização das negociações ocorreu em 26 de abril de 1973, data da assinatura

do Tratado de Itaipu55, instrumento legal para respaldar as ações. Esse Tratado es-

tabelecia os pontos para o financiamento da obra e operação da usina. Estabelecia

que cada um dos países teria direito a 50% da energia produzida e que o excedente

(não utilizado) seria vendido ao parceiro a preço de custo.

Em maio de 1974 foi criada a empresa Itaipu Binacional56. A construção da

Usina Itaipu Binacional teve efetivo início pouco depois com a chegada das primeiras

máquinas ao futuro canteiro de obras.

Inúmeros desafios foram enfrentados e superados no processo de construção

da usina. Os números envolvidos – dimensões, volume de água do reservatório, ca-

pacidade de geração de energia, quantidade de material e trabalhadores emprega-

dos na construção – demonstram a magnitude da usina.

Em maio de 1984 entrou em operação a maior usina geradora de energia do

planeta.

5.5.5 A Lei da Anistia

Junho de 1979. O Governo Figueiredo encaminha ao Congresso Nacional o

projeto de uma Lei que mudaria a história política e social do país. Promulgada em

28 de agosto de 1979, a Lei n° 6.683 ficou conhecida como a “Lei da Anistia”. Figuei-

redo estava cumprindo sua promessa de posse, dando início ao processo de trans-

formação do país em uma democracia.

A anistia “ampla, geral e irrestrita”, tornava-se realidade:

Art. 1º É concedida anistia a todos quantos, no período compreendi-do entre 2 de setembro de 1961 e 15 de agosto de 1979, cometeram crimes políticos ou conexo com estes, crimes eleitorais, aos que tive-ram seus direitos políticos suspensos e aos servidores da Adminis-tração Direta e Indireta, de fundações vinculadas ao poder público, aos Servidores dos Poderes Legislativo e Judiciário, aos Militares e aos dirigentes e representantes sindicais, punidos com fundamento em Atos Institucionais e Complementares (BRASIL, 1979).

55

Disponível em: <http://www.aneel.gov.br/arquivos/PDF/dlg1973023_IATIPU.pdf>. Acesso em 02 ago. 2014. 56

Informações disponíveis em: <http://www.itaipu.gov.br/sala-de-imprensa/perguntas-frequentes>.

Acesso em: 02 ago. 2014.

Page 43: FRAGA NETO, Othilio. O movimento de 31 de março de 1964: 50

42

6 CONCLUSÃO

Imagine-se uma cena comum: uma conhecida jornalista brasileira que pauta

suas declarações por um viés exclusivamente "de esquerda", fala ao telefone com o

assessor de um Ministro de Estado, pouco antes de embarcar em um voo para Bra-

sília. Combinam a entrevista que o Ministro lhe concederá, explorando assuntos con-

tundentes, em sua opinião: os anos de chumbo da Ditadura Militar. Pouco antes de

dirigir-se ao aeroporto, participara de programa transmitido por televisão, comentan-

do sobre o sucesso do agronegócio como resultado de pesquisas envolvendo o me-

lhoramento genético de sementes e animais. Apresentou, também, observações so-

bre uma possível crise energética, apontando a importância da usina de Itaipu para

o sistema elétrico nacional. Fez críticas ao demorado processo de construção da

Usina Nuclear Angra 3, fonte de energia alternativa à dependência da matriz hidrelé-

trica.

Obviamente, trata-se de uma situação totalmente fictícia. Mas qual é a men-

sagem que essa situação pode trazer?

A jornalista é conhecida por apontar a “herança maldita” deixada pelos gover-

nos militares. Assim, também fazendo uso de criativa imaginação, volte-se o tempo e

elimine-se o dia 31 de março de 1964. Sejam eliminados os Governos Militares da

história do Brasil. Imagine-se, assim, um Brasil diferente.

Retorne-se à cena criada.

O que restaria, diante dessa nova realidade?

- A jornalista. E só.

Não haveria sistema de telecomunicações. A evolução do sistema de telefo-

nia no Brasil ocorreu pela visão estratégica dos militares. Castello Branco criou a

EMBRATEL, Costa e Silva criou o Sistema Nacional de Telecomunicações e Médici

implantou as transmissões por microondas.

Não haveria o voo para Brasília em aeronave produzida no Brasil. O modelo

utilizado pela companhia aérea escolhida pela jornalista foi fabricado pela EMBRA-

ER, empresa criada no Governo Costa e Silva.

Não haveria o sucesso do agronegócio. As pesquisas que proporcionaram o

melhoramento genético de animais e plantas foram desenvolvidas pela EMBRAPA,

criada pelo Governo Médici.

Não haveria Itaipu. A usina foi construída durante os governos militares, e foi

inaugurada pelo Governo Figueiredo.

Page 44: FRAGA NETO, Othilio. O movimento de 31 de março de 1964: 50

43

Não haveria Usina Angra 3. Nem a Usina Angra 2 ou mesmo a Usina Angra 1.

O Projeto Nuclear Brasileiro teve origem no Governo Geisel.

Não haveria etanol ou gasolina da Bacia de Campos para abastecer o carro

que levou a jornalista ao aeroporto; não haveria financiamento imobiliário para per-

mitir que a jornalista adquirisse um imóvel para morar; a jornalista estaria preocupa-

da com a sua aposentadoria, pois também não haveria um sistema previdenciário

organizado e unificado.

Não se trata de negar exageros ou condutas indevidas. Não se trata de igno-

rar, simplesmente, todas as ações repressoras desencadeadas pelos governos mili-

tares. Mas, também, não se pode negar todas as realizações. Não se pode ignorar o

“milagre econômico” proporcionado pelos governos militares.

Não se pode, finalmente, desconhecer que os governos militares possuíam

uma visão estratégica para o país. As obras de infraestrutura, tão necessárias ao

desenvolvimento do país, ficaram no passado.

Castello Branco, em sua última reunião ministerial antes de passar a faixa

presidencial assim se manifestou:

Não quis nem usei o Poder como instrumento de prepotência. Não quis nem usei o Poder para a glória pessoal ou a vaidade dos fáceis aplausos. Dele nunca me servi. Usei-o, sim, para salvar as instituições, defen-der o princípio da autoridade, extinguir privilégios, corrigir as vacila-ções do passado e plantar com paciência as sementes que farão a grandeza do futuro (MATTOS, 2000).

Diante de uma história recente que traz o impeachment57 de um presidente, o

escândalo do “mensalao”58, os “dólares na cueca”59, a parceria de políticos com do-

leiro60, inúmeros e inúmeros casos de corrupção e desvios éticos, é inevitável o con-

fronto com as palavras de Castello Branco. Pode-se comparar, assim, a postura de

um estadista que serve à Pátria com políticos que se servem da Pátria.

A conclusão é simples, direta e óbvia: a jornalista está certa!

Esta é, sim, uma herança maldita...

57

Disponível em: <http://acervo.estadao.com.br/noticias/topicos,impeachment-de-collor,887,0.htm>. Acesso em: 05 ago. 2014. 58

Disponível em: <http://oglobo.globo.com/brasil/mensalao/>. Acesso em: 05 ago. 2014. 59

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