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FPD0001 METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA

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METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA

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Expediente

© 2011 Todos os direitos reservados a FACULDADE INTERNACIONAL SIGNORELLI

Rua Araguaia, 3 - Freguesia - Jacarepaguá - CEP 22745-270 - Rio de Janeiro - RJ - Brasil

GRUPO EDUCACIONAL SIGNORELLIFaculdade Internacional Signorelli

PresidênciaHércules Pereira

Vice-PresidênciaMônica Pereira

Direção AcadêmicaLuiz Annunziata

Coordenação do CEADCeri Amaral

AutoriaLucia Helena Luiza Vieira Amim

PRODUÇÃO EDITORIAL

NUPEDENúcleo de Pesquisa e Desenvolvimento Educacional

CoordenaçãoRosane Furtado

Projeto GráficoCarla Salgado Alex Saraiva

EditoraçãoEquipe NUPEDE

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Sumário

1 U N I D A D E

2 U N I D A D E

3 U N I D A D E

4 U N I D A D E

5 U N I D A D E

Ciência e Conhecimento ..................................................................... 8

A Leitura e a Documentação ............................................................... 19

Elaboração de Trabalhos Científicos ....................................................28

Projeto de Pesquisa ..........................................................................38

Elementos Essenciais na Elaboração da Monografia ................................48

Referências ..................................................................................53

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Metodolog ia da Pesqu isa C i ent í f i ca

APRESENTAÇÃO

Prezado Cursista,guia de estudo que você recebeu foi formulado a partir de uma bibliografia especializada sobre o tema, com o objetivo de orientar suas pesquisas, análises e reflexões, bem como facilitar a fixação dos conteúdos propostos. Desse modo, a metodologia empregada priorizou o estudo de casos como forma de aprendi-zagem, na qual são apresentadas ao aluno algumas situações problematizando diversos assuntos abordados, ao final de cada unidade, objetivando sua com-preensão, análise e solução. Tal abordagem faz com que o estudante avalie cri-ticamente os conteúdos enfocados, desenvolvendo habilidades necessárias ao bom desempenho do profissional no mundo atual. Além disso, para contribuir ainda mais com seu auto-estudo, são indicados sites para pesquisa e leituras complementares, não sendo necessária a correção do professor.

A disciplina é oferecida sob a forma de educação a distância, privilegiando o auto-estudo e sendo mediado por material didático e apoio da Orientação Aca-dêmica a distância.

A metodologia do trabalho combina atividades teóricas e práticas com o ob-jetivo de possibilitar aos participantes articularem momentos de reflexão com momentos de aplicação dos conhecimentos adquiridos à realidade. As técnicas adotadas obedecem a uma seqüência de atividades na qual as análises sobre fatores, que contribuem ou dificultem a integração dos programas de EAD, resultem na discussão e participação de todos.

A organização dos módulos define um núcleo temático consistente e atual, diversificando as perspectivas de pesquisa e de análise históricas, sociológi-cas, filosóficas, pedagógicas e éticas, tendo em vistas questões que a LDB, Lei 9394/96, propõe, principalmente no seu Art. 64 sobre a formação de profissio-nais de educação.

Ao final do curso, você estará apto a realizar uma avaliação presencial como parte do processo de avaliação global da disciplina.

Lembre-se que o serviço de Orientação Acadêmica está disponível para solu-cionar possíveis dúvidas no decorrer de seus estudos.

Bom Estudo!

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Metodolog ia da Pesqu isa C i ent í f i ca

Você algum dia já teve acesso a várias notícias sobre ciências e deve ter percebido que muitas vezes são contraditórias, por exemplo, anunciam que ovos devem ser cortados da dieta alimentar por causa do colesterol podendo causar doenças graves, ora dizem que não há problemas e eles poderão ser consumidos de um a dois por dia.

Essas aparentes contradições fazem parte do processo científico, que cha-mamos de efêmeros, porque mudam constantemente, novas descobertas vão sendo realizadas e estabelecidas novas hipóteses e teorias. Algumas são com-provadas em vários estudos por longos tempos, até a próxima geração, com utilização de novos recursos, tecnológicos ou novas metodologias. A ciência é fruto do acúmulo de conhecimentos de épocas remotas, que vão sendo amplia-das e aperfeiçoadas com o passar dos tempos. Ela é portanto fruto da chamada revolução científica.

A revolução científica foi uma mudança radical, ocorrida entre os séculos XV e XVII no modo de produzir conhecimento. Essa revolução coincidiu com a época do Renascimento europeu onde o modelo econômico feudal começou a ser trocado pelo modelo econômico mercantil, o que gerou um intenso fluxo de transações comerciais e de riquezas, dando origem a uma nova geração de intelectuais, que não aceitavam as explicações místicas dadas pelas igrejas para a vida e para o Universo. Esses intelectuais tinham o objetivo de tornar o conhecimento científico imparcial e objetivo, para isso, as conclusões deveriam ser comprovadas com base em dados concretos.

Nomes como Copérnico, Galileu, Bacon e Descartes fizeram parte dessa revolução científica, eles criaram o método experimental, o que tornou a ciência mais metódica e racional. O método experimental, corresponde a um conjunto de procedimentos que utiliza experimentos, que buscam evidências para testar sua hipótese que pode ser verdadeira ou não.

INTRODUÇÃO

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A criação do método experimental foi de grande importância principalmen-te para a química e biologia. No século XVIII, o homem já tinha conhecimento sobre o funcionamento e a estrutura dos organismos vivos e nesse mesmo século a matemática ganhou importância, porque permitiu que as verdades pudessem ser testadas mais clara e objetivamente.

A partir da segunda metade do século XVIII, o desenvolvimento científico acelerou e com ele surgiu a Revolução Industrial, que começou na Inglaterra e rapidamente se espalhou para outros países mudando as técnicas de produção.

Assista ao filme Tempos Modernos do cineasta britânico Charles Chaplin.

A Revolução Industrial abriu caminho para a produção em massa, onde foram desenvolvidos métodos de produção mais eficientes, como a divisão de tarefas entre os trabalhadores e a criação de máquinas movidas a vapor, carvão e petróleo, que reduziram a necessidade de força humana.

No século XIX, surge Charles Darwin, importante cientista da época, que teve seus trabalhos publicados sobre evolução das espécies e seleção natural. Segundo Darwin, todas as formas de vida do planeta teriam um ancestral comum. As diferentes espécies surgiram com o passar do tempo em razão de modificações que ocorreram entre as gerações. Para Darwin, a evolução das es-pécies foi marcada pela seleção natural, onde os seres vivos que se adaptavam melhor ao ambiente externo teriam mais condições de sobreviver, o que poderia garantir a evolução das espécies.

Michael Faraday no campo da física, inventou o motor elétrico e o primeiro a produzir corrente elétrica a partir de um campo magnético. No século XIX tam-bém surgiram as ciências sociais como a sociologia, a psicologia, a antropologia e a linguística. Muitas outras pesquisas foram surgindo assim como inúmeras criações. Mais recentemente, no século XX, pesquisas mais avançadas e precisas surgiram, como navegações espaciais, transplantes, engenharia genética. A in-

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ternet tornou possível a comunicação instantânea entre vários países e o acesso ao conhecimento. (MASCARENHAS,2012)

Apresentar os principais nomes no progresso das ciências, destacar os trabalhos e livros mais importantes, estudar o progresso das teorias científicas, apontar as principais invenções técnicas e acompanhar o desenvolvimento dos instrumentos utilizados nas ciências, listar as descobertas científicas importantes, abordar a história dos métodos científicos são algumas das diversas opções a serem consideradas, mas não é nosso objetivo aprofundar esse estudo.

A ciência baseia-se no pressuposto de que o conhecimento, para ser cientí-fico, deva ser passível de comunicação entre os sujeitos, e que possa ser testado, avaliado e/ou reproduzido pela comunidade científica. (MATTAR, 2010).

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CIÊNCIA E CONHECIMENTO

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N“O conheci-mento não é um espelho

das coisas ou do mundo externo.“

o seu sentido mais amplo, a ciência refere-se a qualquer conheci-mento ou prática sistemática. Num sentido mais restrito, a ciência refere-se a um sistema de adquirir conhecimento baseado no mé-todo científico, assim como ao corpo organizado de conhecimento conseguido através de tal pesquisa.

O conhecimento não é um espelho das coisas ou do mundo externo. Todas as percepções são, ao mesmo tempo, traduções e reconstruções cerebrais com base em estímulos ou sinais captados e codificados pelos sentidos. Para a formação de uma opinião pon-derada sobre o valor teórico do conhecimento científico, destaca-se a importância da familiarização das teorias científicas mais importan-tes e a compreensão da natureza da ciência e o seu funcionamento.

Este Módulo de Estudo apresenta como objetivo a discussão da ciência experimental para diferenciá-la da ciência aplicada, a aplica-ção da pesquisa científica as necessidades humanas específicas, no esforço para a descoberta e o aumento do conhecimento humano e de como a realidade funciona.

O senso comum está baseado em crenças amplamente parti-lhadas pelos seres humanos, justificadas pela experiência cotidiana. Destaca a descontinuidade absoluta entre o senso comum e a ciência e o surgimento do conhecimento científico a partir da ampla infor-mação empírica que constitui parte importante do senso comum, e das diversas ciências que resultaram das necessidades práticas da vida humana.

Reflete sobre as linguagens comum e científica, leis da nature-za, esclarecendo o próprio conceito de lei da natureza num caráter uni-versal e suas aplicações aos objetos e categorias e limitações a fatores de diferentes lugares ou momentos. As leis mais simples.

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Formula explicações que obedecem ao modelo nomo-lógico, as suas características, estrutura básica das explicações científicas de acontecimentos e seus argumentos válidos para conclusão e premissas como ar-gumento válido e implícito nos diálogos. Explicita o modelo que consiste em contra-exemplos que satisfazem as exigências.

Estabelece críticas ao mode-lo nomológico e sua adequação às ciências da natureza, e sua não adequação para as ciências que se ocupam de ações humanas. Considera a explicação e redução aos fatos conhecidos e sua concepção antropomórfica de que todos os fenômenos naturais são explicáveis como as ações humanas, em termos de crenças, desejos, motivos ou finalidades do conhecimento, sob forma de palavra, ideia, e teoria, por meio da linguagem do pensamento e da interpretação. Finaliza com a reflexão da confirmação de hipóteses científicas, e seus argumentos indutivos,como meio de evitar os erros mais comuns no sentido de afastar conclusões que dependam de evidência in-suficiente ou de evidência tendenciosa.

O método científico é um conjunto de atividades sistemáticas e racionais que, com maior segurança e economia, permitem alcançar o objetivo, traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as decisões do cientista.

Todas as ciências se caracterizam pela utili-zação de métodos científicos, mas nem todos os ramos de estudo que empregam estes métodos são ciências. Dessas afirmações podemos con-cluir que a utilização de métodos científicos não

Figura 1

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é exclusividade da ciência, mas não existe ciência sem o emprego de métodos científicos. (MATTAR, 2010).

Segundo Bunge (1980) citado por Marconi 2010, o método científico é a teoria da investigação, que alcança seus objetivos de forma científica, quando cumpre algumas etapas:

a. Descobrimento do problema.

b. Colocação precisa do problema.

c. Procura de conhecimentos.

d. Tentativa de solução do problema.

e. Invenção de novas ideias.

f. Obtenção de uma solução.

g. Investigação das consequências da solução obtida.

h. Comprovação da solução.

i. Correção de hipóteses, teorias, procedimentos, ou dados empregados na obtenção da solução incorreta.

O Método O Método é o caminho a seguir, para chegar a verdade nas ciências. Sob o

ponto de vista da lógica, o Método representa o conjunto de processos que o es-pírito humano deve empregar para a investigação e a demonstração da verdade. O Método tem como fim disciplinar o espírito, excluir de suas investigações o capricho e o acaso, adaptar o esforço a empregar segundo as exigências do objeto e determinar o meio de investigação e a ordem da pesquisa.

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A escolha do Método à se-guir não pode ser arbitrária e deve atender a natureza do objeto que vai ser aplicado e ao fim que se tem mira. Existem três tipos principais de métodos:

▪ os inventivos;

▪ os sistemáticos;

▪ os didáticos;

Os dois primeiros pertencem a lógica e o terceiro a pedagogia:

Métodos Inventivos

Assim se chamam os destinados à investigação e descoberta das verdades; conforme os pontos de partida classificam-se em:

1. Método de autoridade - quando o investigador se baseia em afirmações alheias, originais de pessoas julgadas por ele e indiscutíveis valores intelectuais ou morais; embora tenha havido uma série de restrições a este método, seu uso é indispensável, pois não podemos dispensar os conhecimentos adquiridos pelos outros;

2. Método da razão - quando fundamentamos nossas pesquisas naquilo que a nossa inteligência, como seus próprios meios de recursos, considerou como verdade.

Conforme se oriente a pesquisa do sentido geral para o particular, ou vice-versa, os métodos empregados serão dedutivos, sintéticos, indutivos ou analíticos.

Figura 2

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Métodos Sistemáticos

Se aos métodos inventivos cabe a descoberta das verdades, sua comprovação e verificação cabem aos métodos sistemáticos a sistematização e consta de dois momentos, ou seja, a definição e a classificação.

Métodos Didáticos

Chama-se método didático àquele empregado com o fim de transmitir a outros as verdades e os conhecimentos adquiridos, ou seja, os métodos aplicados à metodologia das diversas ciências.

Conhecimento vulgar e conhecimento científico

A influência da ciência na nossa vida é tão vasta e profunda que se torna muito difícil imaginar como seria hoje o mundo, caso o conhecimento científico tivesse estagnado há alguns séculos. Não existiriam computadores, automóveis, pílulas contraceptivas, vacinas, antibióticos, automóveis, frigoríficos, lâmpadas ou televisões. Todas estas coisas, bem como muitas outras cujo impacto na nossa vida é tão ou mais forte, devem a sua existência a teorias científicas.

A ciência tem um inegável valor prático, mas as tecnologias que produziu ou pode vir a produzir num futuro próximo, deram origem a novos problemas. Algumas delas, como a clonagem ou a manipulação genética, levantam questões éticas importantes, e muitas outras têm um impacto ambiental preocupante.

O olhar para a ciência deve ser direcionado por uma perspectiva evolutiva. Um olhar que a caracterize enquanto forma de conhecimento, independentemente das suas aplicações.

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A ciência, embora tenha um alcance limitado, costuma ser vista como a forma mais bem-sucedida de conhecimento humano. Para muitas pessoas, as teorias científicas têm um enorme valor teórico: dão-nos um conhecimento sólido da natureza e dos seres humanos, revelam-nos a estrutura e o funcionamento da realidade com uma profundidade cada vez maior.

Graças à ciência, sabemos hoje qual é a constituição da matéria, como surgiu a imensa variedade de seres vivos, como os pais transmitem as suas características aos filhos, como funciona o cérebro humano ou como se formaram as montanhas, os continentes e as estrelas. É claro que ainda há muito para se descobrir sobre estes e muitos outros assuntos, mas a imagem do mundo que a ciência tem vindo a construir parece inexcedivelmente rica, surpreendente e bem fundamentada.

Note-se, no entanto, que há grandes divergências quanto ao valor teórico da ciência. Algumas pessoas, frequentemente acusadas de cientismo, encaram a ciência como a única forma de conhecimento genuíno. No extremo oposto, encontramos aqueles que defendem que as teorias científicas têm tanto valor teórico ou cognitivo como os mitos dos povos pré--científicos – a ciência, dizem, é apenas uma entre inúmeras maneiras igualmente «válidas» de falar e de contar histórias sobre o mundo.

Obviamente, estas duas posições extremas não são as únicas alternativas. Para formarmos uma opinião ponderada sobre o valor teórico do conhecimento científico, precisamos não só de estar familiarizados com algumas das teorias científicas mais importantes, mas também de compreender a própria natureza da ciência e o seu funcionamento.

Precisamos, enfim, de pensar sobre pro-blemas com questionamentos:

▪ O que é uma explicação científica?

▪ O que distingue as teorias científicas das que não são científicas?

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▪ O que caracteriza o método da ciência?

▪ Como evolui o conhecimento científico?

▪ As teorias científicas permitem-nos conhecer objetivamente a realidade?

Os questionamentos são peças fundamentais e suas perspectivas contribuem para a constituição da importância da filosofia da ciência. Como é usual nesta disciplina filosófica, não apenas as ciências empíricas como a física, a economia, a sociologia, a química, a biologia e a psicologia, mas também a matemática, em-bora seja frequentemente utilizada ou aplicada nas diversas ciências empíricas, é uma ciência a priori.

Ciência e senso comum

Grande parte do nosso conhecimento da natureza e dos seres humanos não são científicos e, na verdade, surgiu muito antes da ciência ou mesmo da própria civilização. Sabemos que certas plantas nos alimentam ou curam e que outras são venenosas, que é mais seguro beber água fervida, que os filhos tendem a parecer-se com os pais, que algumas doenças são contagiosas, que com o leite po-demos fazer queijo, que por vezes a terra treme e o Sol desaparece e que podemos moldar alguns metais quando os aquecemos. O conhecimento vulgar ou senso comum corresponde a crenças como estas. Podemos caracterizá-lo desta forma:

O senso comum consiste em crenças amplamente partilhadas pelos seres humanos, justificadas pela experiência cotidiana e transmitidas de geração em geração de uma forma essencialmente acrítica. Além disso, o conhecimento de senso comum tende a refletir as necessidades humanas mais imediatas, ou seja, tem um caráter acentuada-mente prático.

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Do senso comum à ciência

Não há uma descontinuidade absoluta entre o senso comum e a ciência. O conhecimento científico surgiu a partir da ampla informação empírica que cons-titui uma parte importante do senso comum, e as diversas ciências resultaram em grande medida das necessidades práticas da vida humana. Por exemplo:

▪ A astronomia responde em parte à necessidade de ter calendários rigo-rosos, que por sua vez são necessários para a agricultura;

▪ A geometria responde à necessidade de medir terrenos e construir casas;

▪ A biologia responde à necessidade de preservar a saúde;

▪ A química responde à necessidade de produzir medicamentos.

De certo modo, a ciência é um desenvolvimento do senso comum. Mas o que define tal desenvolvimento? O que trouxe o conhecimento científico de radi-calmente novo? Uma resposta incompleta é a seguinte: a ciência é um corpo de conhecimento extremamente sistematizado, ao contrário do senso comum, que é um corpo de conhecimento vasto, mas pouco organizado. Por outras palavras, ao nível do senso comum encontramos uma coleção de fatos bastante dispersos, mas as teorias científicas «arrumam» os fatos de uma maneira sistemática.

No entanto, nem todo o conhecimento organizado ou sistematizado tem um caráter científico. É por isso que esta resposta é incompleta. Uma lista telefôni-ca, um diário de bordo ou uma grade da programação televisiva, por exemplo, podem conter muita informação precisa e sistemática, mas essa informação não constitui por si qualquer conhecimento científico.

Também os astrônomos babilônios acumula-ram muita informação precisa e sistemática, mas é defensável que não chegaram propriamente a constituir uma ciência.

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ConhecimentoExistem pelo menos quatro

níveis de conhecimento funda-mentais: empírico, científico, filo-sófico e teológico. Cabe lembrar que, na academia, você utilizará somente o conhecimento científi-co, porém é necessário conhecer todos, para melhor entendê-lo.

Segundo os autores Cervo e Bervian (2002, p. 8-12) sobre o assunto.

▪ Empírico: é o conhecimento popular (vulgar), guiado somente pelo que adquirimos na vida cotidiana ou ao acaso, servindo-nos da experiência do outro, às vezes ensinando, às vezes aprendendo, num processo intenso de interação humana e social. É assistemático, está relacionado com as crenças e os valores, faz parte de antigas tradições. Como exemplo de conhecimento empírico, você já deve ter ouvido o dito popular de que tomar chá de macela, mais conhecida como marcela, cura dor de estôma-go, mas ela precisa ser colhida na Sexta-feira Santa, antes do sol nascer.

▪ Científico: é o conhecimento real e sistemático, próximo ao exato, pro-curando conhecer além do fenômeno em si, as causas e leis. Por meio da classificação, comparação, aplicação dos métodos, análise e síntese, o pesquisador extrai do contexto social, ou do universo, princípios e leis que estruturam um conhecimento rigoro-samente válido e universal. Neste, são feitos questionamentos e procuradas explicações sobre os fatos, através de pro-cedimentos que possam levar ao resultado

Figura 3

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com comprovação. Não é considerado algo pronto, acabado e definitivo, busca constantemente explicações, soluções, revisões e reavaliações de seus resultados, pois, segundo Cervo e Bervian (2002), a ciência é um processo em construção. Analisar o mesmo exemplo anterior no contexto científico, poderia, mediante o estudo, verificar a relação de causa e efeito e o princípio ativo que determina o desaparecimento do sintoma “dor de estômago”, quando da ingestão do chá de macela.

▪ Filosófico: procura conhecer a realidade em seu contexto universal, sem soluções definitivas para a maioria das questões; busca constantemente o sentido da justificação e a possibilidade de interpretação a respeito do homem e de sua existência concreta. A tarefa principal da filosofia resume-se na reflexão. A filosofia procura compreender a realidade em seu contexto universal. Não produz soluções definitivas para grande número de questões, mas habilita o ser humano a fazer uso de suas faculdades para entender melhor o sentido da vida, concretamente.

▪ Teológico: é o estudo de questões referentes ao conhecimento da divin-dade, implicando sempre em uma atitude de fé diante de revelações de um mistério ou sobrenatural, interpretados como mensagem ou manifestação divina. Esse conhecimento está intimamente relacionado a um Deus, seja este Jesus Cristo, Buda, Maomé, um ser invisível, ou qualquer entidade entendida como ser supremo, dependendo da cultura de cada povo, com quem o ser humano se relaciona por intermédio da fé religiosa. Exemplo disso são os conhecimentos adquiridos e praticados pelos homens tendo como base os textos da Bíblia Sagrada ou quaisquer outros livros sagrados.

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A LEITURA E A DOCUMENTAÇÃO

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leitura constitui-se em fator decisivo de estudo, pois propicia a ampliação de conhecimentos, a obtenção de informações básicas ou específicas, a abertura de novos horizontes para a mente, a sis-tematização do pensamento, o enriquecimento de vocabulário e o melhor entendimento do conteúdo das obras.

É necessário ler muito, constantemente, pois a maior parte dos conhecimentos é obtida por intermédio da leitura: ler significa conhecer, interpretar, decifrar, distinguir os elementos mais im-portantes dos secundários e, optando pelos mais representativos e sugestivos, utilizá-los como fonte de novas ideias e do saber, através dos processos de busca, assimilação, retenção, crítica, comparação, verificação e integração do conhecimento: por esse motivo, havendo disponíveis muitas fontes para leitura e não sendo todas importantes, impõe-se uma seleção.

Os livros ou textos selecionados servem para leituras ou consul-tas; podem ajudar nos estudos em face dos conhecimentos técnicos e atualizados que contêm, ou oferecer subsídios para a elaboração de trabalhos científicos, incluindo seminários, trabalhos escolares e monografias. Por esse motivo, todo estudante, na medida do possível, deve preocupar-se com a formação de uma biblioteca de obras selecionadas, já que serão seu instrumento de trabalho. Inicia-se, geralmente, por obras clássicas, que permitem obter urna fundamentação em qualquer campo da ciência a que se pretende dedicar, passando depois para outras mais especializadas e atuais, relacionadas com sua área de interesse profissional.

Somente a seleção de obras não é suficiente. A leitura deve conduzir à obtenção de informa-ções tanto básicas quanto específicas, variando a maneira de ler, segundo os propósitos em vista, mas sem perder os seguintes aspectos: leitura com objetivo determinado, mantendo as

A“ler significa

conhecer, inter-pretar, decifrar,

distinguir os elementos

mais importan-tes dos secun-

dários “

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unidades de pensamento, ava-liando o que se lê; preocupação com o conhecimento de todas as palavras, utilizando para isso glossários, dicionários especia-lizados da disciplina ou mesmo dicionário geral; interrupção da leitura, quer periódica quer definitivamente, se perceber que as informações não são as que esperava ou não são mais importantes; discussão frequente do que foi lido com colegas, pro-fessores e outras pessoas.

Quem não possui o hábito da leitura, precisa desenvolvê-lo, pois é difícil uma formação de qualidade sem muita leitura. O que você necessita saber é que, quando encontrar o material que julgar certo, primeiro precisa fazer uma leitura de reconhecimento, olhar a capa e contracapa, o autor, o sumário (observe os títulos e subtítulos), as referências indicadas pelo autor (para ter uma noção mais precisa sobre as bases em que o autor se apoiou), a introdução e o prefácio dos livros, para depois ler.

A finalidade da leitura deve ser memorizar, apreender o conteúdo e formar um senso crítico sobre o assunto, de acordo com Bastos e Keller (2002, p. 19-32) e Galliano (1986, p. 70-71). É preciso, antes de se fazer qualquer fundamentação, deve-se levar em consideração três regras básicas para facilitar a aprendizagem:

1. atenção: capacidade de concentração em um só ob-jeto, sabendo que, a atenção não pode se manter fixa por longos períodos, sem perder sua eficácia, por isso um período de atenção requer outro de descanso. Para prender a atenção, o é ideal criar o máximo de interesse pelo assunto estudado;

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2. memória: memorizar é reter ou compreender o que é mais significativo de um conteúdo, ao inverso de ter decorado, o que só permite repetição. A memorização é possível a partir da observação dos seguintes pontos: repetição, atenção, emoção, interesse e relacionamento dos fatos com outros conteúdos, já retidos na memória;

3. associação de ideias: é uma capacidade que possibilita ao indivíduo relacionar e evocar fatos e ideias. É fácil observar quantos assuntos vêm à tona, por fatos e ideias relacionadas com experiências anteriores dos interlocutores, na troca de palavras em uma conversa. Para melhor aprendizagem, podemos usar dessa técnica, para associar o conteúdo.

Para adquirir o hábito da leitura, devemos reservar um tempo diário para ler, selecionar material e local apropriado.

Documentação Para que você obtenha resultados eficazes em seus estudos, além de muita

leitura, é necessário compreensão e assimilação dos conteúdos. Um recurso que poderá lhe auxiliar nesse sentido é adotar a prática da documentação. Documen-tação é a organização e o registro de informação; é uma prática que deverá ser desenvolvida, visando facilitar seus estudos.

Existem duas formas de documentação:

▪ Documentação geral: é a conservação do material em pastas ou caixa. Os materiais geralmente conservados são textos, apostilas, recortes de jornais e outros. Normalmente, são organizados por temas, o que torna a busca pela informação mais demorada.

▪ Documentação bibliográfica: o material lido deve ser armazenado; as formas de organização e ar-

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mazenamento podem variar, como, por exem-plo, a organização por intermédio de citações, resumos, comentários, entre outros, e por meio do fichamento, que, além de documentar o texto, registra também as informações da obra consultada, a essas in-formações da obra, cha-mamos de referência. Para elaborar referências de diversas fontes, tais como livros, revistas, sites de internet e outros, precisamos conhecer as Normas estabelecidas pela ABNT. O fichamento é um procedimento utilizado na organização de dados da pesquisa de documentos. Sua finalidade é a de arquivar as principais informações das leituras feitas e auxiliar, na identificação da obra.

Pode não parecer, mas pode ter certeza de que as fichas constituem um dos mais valiosos recursos de estudo de que se valem os pesquisadores, para a realização de uma pesquisa, por isso, ao elaborar o fichamento, é importante a utilização de critérios segundo as normas da ABNT, pois, assim, você terá as anotações necessárias, no momento em que precisar escrever sobre determinado assunto.

O fichamento pode ser armazenado no computador, facilitando o acesso às informações quando da elaboração dos trabalhos acadêmicos. A estrutura mínima sugerida para um fichamento é: iniciar com a elaboração do cabeçalho, que pode ser dividido em apenas dois campos: o primeiro deve ser o título geral e o segundo, o título específico.

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Exemplo:

Metodologia Científica (título geral)

Método Indutivo e Dedutivo (título específico)

Referência: deve contemplar a autoria, o título da obra, local de publicação, editora e ano de publicação.

Ex: LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia Científica. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2000. 279 p.

Corpo ou texto da ficha: onde o conteúdo é desenvolvido, por meio de resumo ou citação.

FASES DA PESQUISA BIBLIOGRÁFICA

A pesquisa bibliográfica compreende algumas fases:

A. ESCOLHA DO TEMA

A escolha do tema é um dos primeiros desafios com que o aluno se depara no desenvolvimento de seu trabalho. Afinal, de que devo falar? Será que tenho condições de abordar um tema tão complexo, onde irei encontrar informações sobre o assunto?

O tema é o assunto que se deseja provar ou desenvolver; “é uma dificuldade, ainda sem solução, que é mister deter-minar com precisão, para intentar, em seguida, seu exame, avaliação crítica e solução” (Asti Vera, 1976:97).

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Escolher um tema significa levar em consideração fatores internos e externos.

Os internos consistem em:

a. selecionar um assunto de acordo com as inclinações, as aptidões e as tendências de quem se propõe a elaborar um trabalho científico;

b. optar por um assunto compatível com as qualificações pessoais, em termos de background da formação universitária e pós-graduada;

c. encontrar um objeto que mereça ser investigado cientificamente e tenha condições de ser formulado e delimitado em função da pesquisa.

Os externos requerem:

a. a disponibilidade do tempo para realizar uma pesquisa completa e aprofundada;

b. a existência de obras pertinentes ao assunto em número suficiente para o estudo global do tema;

c. a possibilidade de consultar especialistas da área, para uma orientação tanto na escolha quanto na análise e interpretação da documentação específica.

Após a escolha do assunto, o passo seguinte é a sua delimitação. É neces-sário evitar a eleição de temas muito amplos que ou são inviáveis como objeto de pesquisa aprofundada ou conduzem a divagações, discussões intermináveis, repetições de lugares comuns ou “descobertas” já superadas. É preciso encontrar dentro desse tema genérico, ou relacionamento a ele, um assunto mais específico e pontual. E esse é, muitas vezes, um exercício que pede o auxílio do professor ou orientador, pois nossa percepção parece, quase sempre, indicar que a delimitação já tenha atingido o limite.

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B. ELABORAÇÃO DO PLANO DE TRABALHO

A elaboração do Plano de Trabalho pode preceder o fichamento, quando então é provisório, ou ocorrer depois de iniciada a coleta de dados bibliográficos, quando já se dispõe de mais subsídios para elaboração do plano definitivo, o que não quer dizer estático.

Isso porque o aprofundamento em determinadas etapas da investigação pode levar a alterações no todo do trabalho.

Na elaboração do plano deve-se observar a estrutura de todo o trabalho científico com a introdução, o desenvolvimento e a conclusão.

C. IDENTIFICAÇÃO

É a fase de reconhecimento do assunto pertinente ao tema em estudo. O primeiro passo seria a procura de catálogos onde se encontram as relações das obras. Podem ser publicados pelas editoras, com a indicação dos livros e revis-tas editados, ou pertencer a bibliotecas públicas, com a listagem por título dos trabalhos. Há ainda os catálogos específicos de alguns periódicos, com o rol dos artigos publicados anteriormente.

O segundo passo, tendo em mãos o livro ou periódico, seria o levantamento, pelo Sumário ou Índice, dos assuntos nele abordados. Outra fonte de informações refere-se aos abstracts contidos em algumas obras que, além de oferecerem ele-mentos para identificar o trabalho, apresentam um resumo analítico do mesmo.

O último passo teria em vista a verificação da bibliografia ao final do livro ou do artigo, se houver, constituída, em geral, pela indexação de artigos de livros, teses, folhetos, periódicos, relatórios, comunicações e outros documentos sobre o mesmo tema.

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D. REDAÇÃO

A redação da pesquisa bibliográfica varia de acordo com o tipo de trabalho científico que se deseja apresentar. Pode ser uma monografia, uma dissertação ou uma tese.

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ELABORAÇÃO DE TRABALHOS CIENTÍFICOS

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Redação científicaConfirma a tese de Peter Drucker: o verdadeiro comunicador é o receptor.

Ao escrever é preciso perguntar-se: quem irá ler este texto? Em que condições? Um estudante universitário, em geral, precisa ler muito e se o texto for técnico, provavelmente o rendimento será menor.

A Leitura de boas obras e observação de como os outros escrevem, facilitam o aprendizado. Com o passar do tempo, se exercitamos a escrita, poderemos dar passos seguros e significativos. Todo pesquisador deve escrever de acordo com os padrões exigidos pela ciência, no entanto, muitos não dominam a linguagem científica. Alguns editores apontam a falta de estilo como principal defeito dos artigos enviados para publicação por cientistas dos países em desenvolvimento. Isto indica que há uma deficiência importante na formação destes investigadores. Portanto, os estudantes precisam adequar sua redação quando se iniciam na car-reira científica. É preciso ter humildade para reconhecer as próprias limitações e trabalhar continuamente para eliminá-las. Produzir um texto adequado é tarefa árdua e demorada mesmo para aqueles que dominam a linguagem científica.

Como Realizar Leituras Proveitosas

O aluno, no primeiro contato com a obra deverá identificá-la e fazer uma apreciação geral. Para isso sugerimos algumas questões que devem ser levanta-das e respondidas: Qual o assunto do livro? Quem é o autor? Que informações o autor fornece sobre o livro? Quais os temas abordados? Onde e quando o livro foi publicado pela primeira vez? Em que Editora?

Essas perguntas podem ser respondidas com uma sim-ples verificação do título e o subtítulo; da capa, contracapa e a quarta capa; do sumário, o prefácio, a introdução e as referências. A partir dessas respostas você poderá saber

“A Leitura de boas obras e

observação de como os outros escrevem, faci-litam o apren-

dizado. “

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se o assunto tratado na obra será relevante ao seu estudo/pesqui-sa. É um procedimento simples que traz a vantagem de evitar perda de tempo com leituras não pertinentes ao objetivo de sua pesquisa.

Se ficar constatado o inte-resse pelo material, após essa análise prévia, você poderá prosseguir na leitura da obra. A leitura técnica traz sempre consigo um objetivo a ser alcançado (investigação, crítica, comparação, ampliação, construção ou reconstrução de conhecimentos). Para atingir essa finalidade, é necessário identificarmos as ideias principais do autor.

Em primeiro lugar, devemos proceder a uma leitura integral do texto para que possamos definir a unidade de leitura que deverá ser analisada. O texto ficará dividido em partes que serão estudadas de forma sucessiva. É um estudo analítico, onde o estudante deve reconstruir o sentido total do livro, resumindo-o.

Mas o aluno deve encontrar dentro do texto a ideia principal. Mas como fazer? Dentro do parágrafo, normalmente este inicia com uma frase importante que traz a ideia principal que será acompanhada de frases que a explicam e de-talham. Enquanto a frase final do parágrafo resume a ideia. Mas atenção, pode acontecer também que a frase que expressa a ideia principal apareça somente no final do parágrafo.

Mas como identificar a ideia principal de uma obra? Já vimos que o primeiro contato com o texto tem por objetivo fazer seu reco-nhecimento. Com este exame inicial você pode perceber a ideia central da obra. O autor, ao apresentar seu trabalho, procura justificá-lo para o leitor, informando, analisando e demonstrando sua ideia. Ao desenvolver o seu raciocínio, utiliza o método dedutivo, pois está comunicando e não investigando.

Figura 6

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Para ajudá-lo nesta tarefa de localizar as ideias principais apresentamos algumas regras que podem facilitar no uso da técnica:

a. Normalmente, todo parágrafo possui uma frase que exprime uma ideia principal;

b. As frases que exprimem as ideias principais caracterizam-se por conter afirmações mais genéricas e amplas;

c. As frases que exprimem as ideias secundárias transmitem infor-mações mais detalhadas;

d. Se forem retiradas as frases que exprimem as ideias principais, o texto deixa de fazer sentido; ao contrário, se retirarmos as frases que exprimem as ideias secundárias, o sentido do texto não é alterado.

Como sublinhar

Sublinhar é sinônimo de pôr em relevo, destacar ou sa-lientar. É um procedimento muito utilizado, mas que exige cuidados caso seja realmente útil. A primeira recomendação a ser feita é não sublinhar durante a primeira leitura (o máximo que fará aqui são marcações à mar-gem dos parágrafos), somente na segunda leitura e que você deverá buscar a ideia principal, os detalhes importantes, conceitos relevantes e classificações per-tinentes para sublinhar. Algumas regras que podem facilitar no uso da técnica:

a. Sublinhe só as palavras ou ideias principais.

Figura 7

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b. Dê mais importância às definições, fórmulas, termos técnicos e ideias--chave;

c. Utilize diferentes tipos de sublinhados, para distinguir diferentes tipos de ideias. Por exemplo: um para enquadrar títulos, outro para marcar as ideias principais, outro para marcar ideias secundárias, que devem ser revistas mais tarde;

d. Utilize cores diferentes para cada um desses tipos de ideias.

Análise e interpretação de texto

Quando se fala em análise e interpretação de texto, é normal ouvir do aluno que “é muito difícil” e com isso criam um bloqueio ao ato. É verdade, o ato de interpretar pode se tornar difícil se você não possui o hábito da leitura – a leitura crítica é que dará base de argumentação para o estudante interpretar um texto.

A interpretação é um processo, que pode ser dividido em dois momentos:

a. o de parafrasear o texto, reproduzindo as ideias do mesmo e resumindo-o e;

b. discutir as ideias do autor, pois isso conduz o leitor a trocar conhecimen-to dando a possibilidade para que atue como crítico do texto submetido a análise e interpretação.

Apresentam-se a seguir, práticas sugeridas por Valenti, são de mero caráter típico-indicativo e admitem exceções, mas podem auxiliar na hora de escrever ou revisar um texto acadêmico.

1. Antes de iniciar, organize um roteiro com as ideias e a or-dem em que elas serão apresentadas. Estabeleça um plano lógico para o texto. Só escreve com clareza quem tem as ideias claras na mente.

2. Trabalhe com um dicionário e uma gramática ao seu lado e não hesite em consultá-los sempre que surgirem dúvidas.

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3. Escreva sempre na ordem direta: sujeito + verbo + complemento.

4. Escreva sempre frases curtas e simples. Abuse dos pontos.

5. Prefira colocar ponto e iniciar nova frase a usar vírgulas. Uma frase repleta de vírgulas está pedindo pontos. Na dúvida, use o ponto. Se a informação não merece nova frase não é importante e pode ser eliminada.

6. Evite orações intercaladas, parêntesis e travessões. Algumas revistas internacionais aceitam o uso de parêntesis.

7. Corte todas as palavras inúteis ou que acrescentam pouco ao conteúdo.

8. Evite as partículas de subordinação, tais como que, embora, onde, quan-do. Estas palavras alongam as frases de forma confusa e cansativa. Use uma por frase, no máximo.

9. Use apenas os adjetivos e advérbios extremamente necessários.

10. Só use palavras precisas e específicas. Dentre elas, prefira as mais sim-ples, usuais e curtas.

11. Evite repetições. Procure não usar verbos, substantivos aumentativos, diminutivos e superlativos mais de uma vez num mesmo parágrafo.

12. Evite ecos (e.g.”avaliação da produção”) e cacófatos (e.g.”...uma por cada tratamento ... uma por cada...)

13. Prefira frases afirmativas.

14. Frases escritas em voz passiva são muito utilizadas em relatórios e tra-balhos científicos, mas devem ser evitadas.

15. Evite: regionalismos, jargões, modismos, lugar comum, abreviaturas sem a devida explicação, palavras e frases longas.

16. Um parágrafo é uma unidade de pensamento. Sua primeira frase deve ser curta, enfática e, pre-ferencialmente, conter a informação principal. As

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demais devem corroborar o conteúdo apresentado na primeira. A última frase deve seguir de ligação com o parágrafo seguinte. Pode conter a ideia principal se esta for uma conclusão das informações apresentadas nos períodos anteriores para reduzir o período.

17. Os parágrafos devem interligar-se de forma lógica.

18. Um parágrafo só ficará bom após cinco leituras e correções:

1º) cheque se está tudo em forma direta e modifique se necessário;

2º) procure repetições, ecos, cacófatos, orações intercaladas e partículas de subordinação; elimine-os;

3º) corte todas as palavras desnecessárias; elimine todos os adjetivos e ad-vérbios que puder;

4º) procure erros de grafia, digitação e erros gramaticais, tais como de re-gência e concordância;

5º) cheque se as informações estão corretas e se realmente está escrito o que você pretendia escrever. Veja se você não está adivinhando, pelo contexto, o sentido de uma frase mal redigida. Após a correção de cada parágrafo, em separado, leia todo o texto três vezes e faça as correções necessárias.

Na primeira leitura, observe se o texto está organizado segundo um plano lógico de apresentação do conteúdo. Veja se a divisão em itens e subitens está bem estruturada; se os itens-títulos (título de cada tópico) são concisos e refletem o conteúdo das informações que os seguem. Se for necessário, faça nova divisão do texto ou troque parágrafos entre os itens. Analise se a mensagem principal que você desejava transmitir está de forma clara a ser entendida pelo leitor.

Na segunda, observe se os parágrafos se interligam entre si. Veja se não há repetições da mesma informação em pontos diferentes do texto, em períodos escritos de

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forma diversa, mas com significado semelhante. Elimine todos os parágrafos que contenham informações irrelevantes ou fora do assunto do texto.

Na terceira leitura, cheque todas as informações, sobretudo valores numé-ricos, datas, equações, símbolos, citações de tabelas e figuras, e as referências bibliográficas.

Lembre-se que textos longos e complexos, com frases retóricas e palavras incomuns não demonstram erudição. Ao contrário, indicam que o autor precisa melhorar seu modo de escrever.

Hoje em dia, já se encontram disponíveis na internet muitos sites contendo informações para redigir de acordo com o local onde se pretende publicar. Por exemplo: o Style and Form do Journal of Animal Science: http:// www.asas.uiuc.edu.

Tipos de trabalhos científicos

Utilizamos com frequência a expressão “trabalho científico” como se referisse a algo definido ou individual. Entretanto, existem diversos tipos de trabalhos científicos: trabalhos de síntese (como sinopses e resumos), resenhas, trabalhos de divulgação científica (notas ou comunicações apresentadas oralmente em simpósios, congressos ou outros eventos científicos; artigos em publicações em periódicos), relatórios e informes científicos, monografias, dissertação de mes-trado ou tese de doutorado, paper, etc.

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A pesquisa científica e suas fontes de informação

A pesquisa é, ao mesmo tempo, um processo de descoberta e de invenção. Há um elemento de criatividade, lúdico, envolvido na atividade de investigação científica. Serão abordados a seguir as formas mais comuns de pesquisa e suas fontes.

1. Pesquisa experimental

Na pesquisa experimental é importante primeiramente programar o que pretendemos colher, como a coleta deverá ser realizada, qual o critério para se-leção da amostra, o que pretendemos aferir, como pretendemos tratar os dados. As pesquisas experimentais realizadas em laboratórios envolvem ainda mais complicadores que precisam ser considerados, como instrumentos, materiais e técnicas utilizadas.

2. Pesquisa de campo

A pesquisa de campo não deixa de ser experimental, mas possui característi-cas próprias, que permitem distingui-la do universo da experiência. Ela também exige uma intensa preparação teórica e prática. O investigador na pesquisa de campo assume o papel de observador e explorador, coletando diretamente os dados no local em que se deram ou surgiram os fenômenos. O trabalho de campo se caracteriza pelo contato direto com o fenômeno de estudo.

3. Pesquisa documental

As bibliotecas são o lugar propício para encontrarmos documentos, mas elas não possuem um arquivo de todos os documentos tradicionais que podem ser úteis a nossa pesquisa, além de não arquivarem todo tipo de documento. Alguns tipos de documentos que podem exigir uma pesquisa de campo para serem identificados, que podem servir a determi-nadas pesquisas: IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), fontes cartográficas, associações, relatórios, etc.

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4. Pesquisa bibliográfica

A biblioteca é uma das fontes tradicionais para a pesquisa. Mesmo as pes-quisas de campo e de laboratório acabam por se utilizar da biblioteca, na procura de textos teóricos, artigos. Um setor importante, normalmente ignorado nas bibliotecas, é a seção de periódicos, em que se localizam os artigos, as revistas e os jornais acadêmicos, boletins, etc.

5. Pesquisa na internet

Podemos encontrar tudo o que quisermos na internet. É possível que no fu-turo a internet torne-se o maior banco de dados e fonte de informações científicas disponíveis. Mas hoje, há ainda pouquíssimos livros publicados por completo na internet, além disso, estar “publicado” na internet não é garantia da qualidade da fonte, ao contrário, como é muito mais fácil e barato publicar na Web do que em papel, há muito mais material de baixa qualidade na internet.

Diversos sites na internet disponibilizam gratuitamente arquivos com obras inteiras. Trata-se de textos de domínio público ou expressamente autorizados pelos autores. A internet permite também acesso a grupos de pesquisa, pesqui-sas em andamento, índices eletrônicos e bancos de dados, jornais acadêmicos e diários, revistas especializadas, etc.

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PROJETO DE PESQUISA

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m projeto de pesquisa é um documento que apresenta uma proposta da pesquisa a ser realizada. Visa responder a algumas questões que serão norteadoras para a investigação, tais como: qual o assunto cen-tral da pesquisa? Por que essa pesquisa é importante? Que material será lido? Quanto tempo levará? Haverá algum custo financeiro? Quais os métodos para coleta e análise dos dados? Outras questões poderão ser pensadas, conforme o objetivo da pesquisa que se pre-tende realizar.

O projeto tem duas funções. Uma delas é ser um documento para avaliação institucional – seja feita por um professor orientador, comitês ou colegiados acadêmicos, ou por órgãos de fomento à pes-quisa. Outra função é servir de apoio ao pesquisador durante a fase da execução. O projeto poderá ser ajustado sempre que necessário, de acordo com a operacionalização da pesquisa.

U“O projeto

poderá ser ajus-tado sempre

que necessário, de acordo com

a operacio-nalização da pesquisa. “

Figura 9

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ELEMENTOS DOS PROJETOS DE PESQUISAEXTERNOS CAPA

Pré-textuais

Folha de rostoLista de ilustrações (opcional)Lista de tabelas (opcional)Lista de abreviaturas e siglas (opcional)Lista de símbolos (opcional)Sumário

Textuais

TemaProblemaHipótese(s)Objetivo(s)Justificativa(s)Referencial teóricoMetodologiaRecursosCronograma

Pós-textuais

Referências BibliográficasGlossário (opcional)Apêndice(s) (opcional)Anexo(s) (opcional)Índice (opcional)

Escolha do Tema da PesquisaA pesquisa geralmente parte de um assunto de interesse para o pesquisador.

Este interesse normalmente está relacionado à sua vivência cotidiana, a conte-údos polêmicos, objeto de reflexão, leituras, conversas, debates e demais discussões. Desta forma, a escolha do tema refere-se a um ou mais aspectos que o pesquisador deseja provar ou desenvolver.

No entanto, existem fatores que interferem na escolha do tema, como, o tempo disponível para a realização da pesquisa, a significação do tema esco-lhido, sua novidade, sua oportunidade e seus valores

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acadêmicos e sociais, o limite de tempo institucional disponível para a conclusão do trabalho e escassez de material de consulta e dados necessários. Todos esses fatores devem ser levados em consideração quando da escolha do tema pelo pesquisador.

Devemos lembrar que o tema não precisa ser original, entretanto, deve se levar em consideração, na escolha do tema, a contribuição científica e a necessidade de se pesquisar o assunto (o porquê é importante estudar o tema, sua relevância). Em razão de ser o primeiro momento de um trabalho científico, a contextualização do tema no processo de uma pesquisa se torna muito importante. A escolha do tema pode girar em torno de qualquer assunto que precise (realmente) de melhor definição, precisão ou clareza do que já existe sobre o mesmo.

Alguns cuidados devem ser tomados quando da escolha do tema:

a. Leve em conta na escolha do tema a ser pesquisado o material biblio-gráfico que se encontra disponível;

b. Evite temas que já estão exaustivamente estudados;

c. Fixe a extensão do trabalho, limitando o assunto a ser tratado;

d. Indique sobre que ponto de vista o assunto será tratado.

É neste momento que você deve apresentar uma explicação a respeito da pertinência e da relevância social e aca-dêmica do tema escolhido, em razão dos interesses presentes na pesquisa, quer sejam de ordem técnica, financeira, social ou institucional. Lembre-se que,

Figura 9

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independentemente de sua origem, a apresentação do tema é de fundamental importância no processo de desenvolvimento do projeto de pesquisa. É consi-derada como o ponto de partida do processo investigativo.

Título do Projeto

É o primeiro contato que o leitor tem com o seu objeto de estudo. Pode ser considerado como um “cartão de visita”, ou ainda, como um resumo do tema a ser pesquisado. Logo, deve expressar os aspectos essenciais da pesquisa, repre-sentados pelos objetivos, tendo como referencial a delimitação do tema.

Assim, o título precisa ser claro, curto e abrangente para permitir uma adequada compreensão do que se pretende pesquisar, desta forma, não deve ultrapassar o limite de duas linhas para o mesmo. Não se deve utilizar no título palavras supérfluas, como, abreviaturas, fórmulas, etc., assim como, não deve constar a abrangência temporal do que se pretende pesquisar.

O título poderá vir acompanhado de um sub-título. Isto ocorre quando se busca tornar o título mais específico. Em sendo assim, recomenda-se a utilização de dois pontos entre um e outro.

Formulação do problema

A formulação do problema também é conhecida como “questão de pesquisa”.O problema deverá ser uma questão que apresente uma difi-culdade, seja teórica ou prática, que a pesquisa pretende responder e em torno do qual, todo o processo de pesquisa conver-girá para encontrar uma solução. Toda pesquisa deve fornecer resposta para alguma pergunta ou problema específico.

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Este é um ponto fundamental em qualquer projeto. O problema é a mola pro-pulsora do trabalho de pesquisa. Sem um problema bem delineado, você não terá uma pesquisa de qualidade. Assim, deve ser formulado de uma maneira clara, exata e objetiva. O problema não vem pronto, o responsável por contextualizá-lo é o próprio pesquisador, com base nos questionamentos feitos a partir de um assunto a ser estudado ou de sua experiência. A revisão de literatura é muito importante na formulação de um problema, pois há a necessidade de conhecer para poder investigar.

Não há regras específicas para a elaboração de um problema. Mas sugere-se que ele seja elaborado em forma de pergunta. Para propor um problema e defini-lo deve-se conscientizar-se de um problema; torná-lo significativo e transformá-lo em uma pergunta. Sua formulação está relacionada com as seguintes perguntas: como são as coisas? Quais suas causas? Quais suas consequências?

O aluno deve ter cuidado com alguns aspectos como: restringir o campo de estudo para evitar abordar mais de um problema; evitar questões que envolvam juízos de valor e evitar simples suspeitas, vagas sensações, primeiras impressões.

Fases do projeto de pesquisa

1 - H ipótese (s )

A hipótese, ou pressupostos, tem um papel de grande relevância no projeto de pesquisa. É elaborada após o problema e tem como finalidade a busca de uma possível solução para o problema apresentado na pesquisa. O trabalho de pesquisa, então, irá confirmar ou negar a hipótese (ou suposição) levantada. Aqui também é necessário que o pesquisador elabore a hipótese de forma clara, objetiva e específica.

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Não é possível estabelecer regras para a construção da hipótese tendo em vista que o processo de sua elaboração é de natureza criativa. Mas é importante ficar atento pois é preferível ter uma hipótese simples a uma mais complexa. O importante é a articulação dessa resposta para o problema formulado por você.

Outro ponto que merece atenção na construção da hipótese está relacionado com palavras que envolvem julgamentos de valor (ex: bom, mau, deve, deveria) que não devem ser utilizadas, pois não podem ser adequadamente testadas. HI-PÓTESES não são perguntas, mas sim AFIRMAÇÕES, RESPOSTAS provisórias a perguntas realizadas.

Mesmo considerando a sua relevância ao enfocar os possíveis resultados que se espera encontrar, a hipótese não é obrigatória. Muitos orientadores refutam a ideia de que a mesma se faça presente. Outra questão significativa em relação à hipótese é que ela pode ser analisada entre suas variáveis. Para isso, é preciso que pelo menos uma delas já tenha sido fruto de conhecimento científico.

2 - Referenc ial teór ico

Neste ponto você deve se perguntar - o que já foi escrito sobre o assunto? O referencial teórico também é conhecido como revisão bibliográfica, marco refe-rencial, marco teórico referencial, revisão teórica, fundamentação bibliográfica, entre outras denominações. Ele é tido como fundamental na contextualização de uma pesquisa e tem como objetivo proporcionar uma fundamentação teóri-ca, histórica, do estado da arte ou metodológica sobre o objeto contextualizado, assim como, auxiliar o pesquisador a ver claramente as variáveis do estudo e fornecer um quadro geral para a posterior análise de dados.

Estado da arte - descreve o estado atual de uma área de pesquisa: o que já se sabe, quais as principais lacunas, onde se encontram os principais entraves te-óricos e/ou metodológicos Possui grande importância,

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pois favorece a definição de contornos mais precisos no conhecimento do objeto pesquisado, dando ao pesquisador um embasamento teórico e metodológico consistente para a discussão do objeto de estudo.

O referencial teórico do estudo é uma estrutura que sustenta e/ou apoia uma teoria de um trabalho de pesquisa. Apresenta a teoria que explica que o problema em estudo existe. Assim, o referencial teórico serve de base para a condução da investigação. Nessa fase, recomenda-se que o pesquisador responda algumas questões, como:

a. Quem já escreveu sobre o assunto?

b. O que já foi publicado sobre o assunto?

c. Que aspectos já foram abordados?

d. Quais as lacunas existentes na literatura?

Essas respostas ajudarão na elaboração do referencial teórico e no desen-volvimento da pesquisa. É certo que uma revisão da literatura mal elaborada, incompleta ou feita de qualquer forma, pode ocasionar um desperdício de tempo e consequentemente de recursos. Você poderá utilizar as técnicas como resumo, esquema, resenha (já vistas anteriormente) quando estiver nessa etapa com o objetivo de acumular e organizar as ideias relevantes sobre o tema já produzidas pelos autores.

3 - Metodolog ia

A metodologia é a explicação exata de toda ação a ser desenvol-vida no decorrer de sua pesquisa. Nesta etapa, é importante explicitar o tipo de pesquisa, os instrumentos a serem utilizados, etc., mas também justificar e argumentar com referenciais teóricos acerca do caminho metodo-lógico adotado pelo pesquisador, afinal, não se escolhe

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aleatoriamente a metodologia, ela é parte de uma seleção intencional do pesqui-sador, que pressupõe uma reflexão norteada pela sua subjetividade e coerência científica.

É na metodologia que será apresentado o esquema de execução da pesquisa e o desenho metodológico que se pretende adotar, isso será feito relacionando os procedimentos e pressupostos técnicos a serem utilizados. A metodologia deve apresentar, de forma detalhada e sequencial, as técnicas e métodos a serem utilizados ao longo da pesquisa.

Desta forma, o estudante deverá informar:

a. Método empregado (Dedutivo; Indutivo; Hipotético; Dedutivo; Dialé-tico; Fenomenológico)

b. Abordagem do problema (Qualitativa; Quantitativa)

c. Procedimentos técnicos (Bibliografia; Documental; Experimental; Le-vantamento; Estudo de Caso)

d. Natureza dos dados (Básica; Aplicada)

e. Objetivos (Expositiva; Descritiva; Experimental)

4 – Cronograma

O cronograma especifica todas as etapas da pesquisa, assim como, a duração de cada uma delas. Ao determinar a sequência da investigação, o cronograma pode conter várias etapas mas as apresentações das etapas no cronogra-ma devem ser feitas em ordem de execução. Não há problema em estabelecer etapas que ocorram simultaneamente Ao estabelecer o tempo gasto em cada fase da pesquisa você deve estar atento para que o prazo estipulado seja o mais real possível. No cronograma devem constar todas as etapas do projeto.

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Para uma boa visualização do cronograma, recomenda-se o uso de tabelas. Esta tabela pode ser dividida em dias, semanas, meses, ou ainda por qualquer outra forma a critério do pesquisador.

5 – Referênc ias

É um item obrigatório no projeto. Deve relacionar todas as referências utilizadas na execução do projeto de acordo com as normas estabelecidas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), em especial as Normas Bra-sileiras (NBR) 6023:2005. Sua finalidade é de permitir ao leitor do projeto veri-ficar as fontes de informações usadas na sua elaboração, permitindo recuperar e confrontar dados.

Muito cuidado com as fontes eletrônicas. Em virtude das modificações que ocorrem com rapidez na internet, um artigo que esteja disponível em uma data pode sofrer alterações ou ser retirado do ar em outra ocasião, por isso, todas as fontes eletrônicas devem ser referenciadas com a data da consulta e impressas para documentação, pois são feitas muitas modificações nesse tipo de meio.

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ELEMENTOS ESSENCIAIS NA ELABORAÇÃO DA MONOGRAFIA

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Elementos do textoOs elementos textuais constituem a parte do trabalho onde é exposta a

matéria. Divide-se em três partes fundamentais:

1. Introdução;

2. Desenvolvimento;

3. Conclusão.

1 - Introdução

Esta primeira parte do texto deve apresentar uma visão geral do assunto, de tal forma que o leitor possa ter uma noção do conteúdo do trabalho. Além disso, a introdução deve:

a. apontar os motivos da realização do trabalho, sua importância, o pro-blema de pesquisa e sua contextualização e delimitações;

b. especificar os objetivos do trabalho, explicitando a metodologia adotada para desenvolvê-lo;

c. referir-se às principais partes do texto, indicando a ordem de exposição e outros elementos do trabalho para situar o tema do trabalho.

Objet i vos da pesqu isa

Os objetivos da pesquisa devem estar divididos em objetivos gerais e espe-cíficos. O objetivo geral deve conter a questão principal do estudo, descrita de forma clara e concisa, declarando do que trata o estudo e como se pretende chegar ao resultado esperado. Os objetivos específicos vão descrever as outras áreas de desenvolvimento que estão relacio-nadas com o projeto.

“Os objetivos da pesquisa

devem estar di-vididos em ob-jetivos gerais e específicos. “

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É nessa seção que se indica os métodos e as técnicas que foram adotadas na utilização da pesquisa, por exemplo: pesquisa experimental, bibliográfica, documental, entrevista questionário e/ou formulário, observação sistemática ou estudo de caso.

2 - Desenvolvimento ou Corpo do Trabalho

Constitui a parte central e mais extensa do trabalho, na qual desenvolve-se detalhadamente o objeto de estudo utilizando-se linguagem impessoal. Aten-ção especial deve ser dada à estruturação do corpo do trabalho, cuja divisão em capítulos requer sequência lógica e clareza, cada um dos quais começando por uma nova página e também pode ser divido em seções. A seção, quando for o caso, pode ser subdividida, apresentando seções secundárias.

3 - Considerações Finais

Parte final do trabalho na qual retomam-se os principais pontos levanta-dos ao longo do desenvolvimento do assunto, apresentando-se as conclusões correspondentes aos objetivos ou hipóteses. As Considerações são as respostas que oferecemos ao leitor após todo o processo de pesquisa. Somente pode-se considerar sobre aquilo que se abordou ou se discutiu no desenvolvimento do trabalho. Ou seja, não se pode escrever na conclusão nada que não tenha sido discutido antes e por outro lado, todos os elementos discutidos no decorrer do texto devem ser mencionados e a alguma conclusão deve chegar.

Não devem ser usadas citações nas Considerações, pois o seu conteúdo corresponde a sua análise do que foi pesquisado e as suas conclusões e reflexões, bem como a sua contribuição para o tema abordado e a literatura existente.

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Referências

As referências reúnem um conjunto de informações precisas e minuciosas que permitem a identificação do documento no todo ou em parte. Todas as obras citadas no texto devem, obrigatoriamente, figurar nas referências.

A ordenação das mesmas deve obedecer a ordem alfabética dos autores e deve constar apenas as referências de trabalhos consultados e efetivamente mencionados no texto. O espacejamento entre as linhas de uma referência deve ser simples e deve-se utilizar o duplo para separar uma referência da outra. Todas as referências devem ser normalizadas, conforme preconizam as normas brasileiras ABNT NBR 6023.

METODOLOGIA DE CASOS: APRENDENDO COM A REALIDADE

Partindo do pressuposto da definição de Linguística. Onde a Linguística é muitas vezes apresentada como o estudo científico da linguagem. Há necessi-dade de se definir melhor linguagem, como também o que se pretende dizer com “estudo científico da linguagem” e também a linguagem como componente da cultura de um determinado grupo social.

a. Como você justificaria o papel da Linguagem na comunicação através de código oral ou escrito, com propriedades peculiares da dualidade de estrutura, e produtividade.

b. Na mesma linha de raciocínio, o que se pretende dizer com o estudo científico da linguagem?

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“A partir do século XIX, o homem ingressou na era da representação. Tornou-se necessário naturalizar os fenômenos humanos e sociais para explicá-los, uma vez que as Ciências da Natureza passaram a ser a base sólida e insuspeita de conhecimentos objetivos. Na comunicação da linguagem científica meios deverão ser utilizados pela Ciência. Em geral e pela Análise do Comportamento e em especial, consiste na Observação e Registro dos dados coletados”.

Para que possa ser eficiente e cumprir o seu papel a linguagem científica deve respeitar certas regras, justifique a importância da objetividade e da clareza e precisão, como objetos da linguagem científica.

Para que possa obter orientações sobre o desenvolvimento da sua monografia, con-sulte o Manual para elaboração de trabalhos

científicos.

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ReferênciasANDRADE, Maria Margarida de. Introdução à metodologia do trabalho cientí-fico. 3.ed. São Paulo: Atlas, 1998.

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Figura 2

<http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/9/96/Rubik’s_cube_v2.svg/480px-Rubik’s_cube_v2.svg.png> Acesso em 18 de fev de 2014

Figura 3

<http://opiniaorh.files.wordpress.com/2013/07/gestao-conhecimento.jpg> Aces-so em 18 fev de 2014

Figura 4

<http://3.bp.blogspot.com/-pP2NDAxefxg/T8lbSkqRMmI/AAAAAAAABWc/lU-zXz4NP1Q/s1600/menina_lendo.jpg> Acesso em 18 fev de 2014

Figura 5

< h t t p : / / w w w . s 2 v i s t o s . c o m . b r / w p - c o n t e n t / u p l o a d s / 2 0 1 3 / 0 4 /Documenta%C3%A7%C3%A3o-Visto-Canadense-2.jpg> Acesso em 18 fev de 2014

Figura 6

<http://4.bp.blogspot.com/-EYuFkc8jqjg/USGSLqmiDII/AAAAAAAAAtM/Ox_ZmD66_lk/s340/coruja.jpg> Acesso em 18 fev 2014

Figura 7

< h t t p : / / 2 . b p . b l o g s p o t . c o m / - r z V j 3 u o c l Q I / T k U b x D W - 4 I I /AAAAAAAAAis/55M7njLJhyg/s1600/highlighter.jpg> Acesso em 19 fev 2014

Figura8

< h t t p : / / 1 . b p . b l o g s p o t . c o m / - B p M S 1 Ta Q D j 4 / T g P N g AYe i M I /AAAAAAAAAUA/156m1Entuxw/s1600/projeto3.jpg> Acesso em 19 fev 2014

Figura 9

<http://static.freepik.com/fotos-gratis/pesquisa-global-icone--psd-globo-e--lupa_30-1430.jpg> Acesso em 18 fev 2014

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