fotografia - pequeno manual prático

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  • 8/14/2019 Fotografia - Pequeno Manual Prtico

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    Fotografia: Pequeno ManualPrtico

    ExposioPrincpiosbsicosAbertura etempo deexposioProfundidade decampoSensibilidade dofilme

    Utilizar ofotmetroAmplitude tonal

    Equipamento

    MquinasfotogrficasObjectivasTripsFilmesFiltros

    Composio

    EnquadramentoIluminao

    Trabalhar umassunto

    No fcil aprender os segredos da fotografia. Ainformao , muitas vezes, difcil de encontrar e osmelhores livros e cursos so bastante caros. Resolvi,

    por isso, aproveitar o meu esforo pessoal deaprendizagem e colocar disposio de todos umaintroduo s principais tcnicas de fotografia.

    >

    Texto e fotografias 1997-2001 Rui Grilo

    http://www.manuelgrilo.com/rui/fotografia/a0.htmlhttp://www.manuelgrilo.com/rui/fotografia/a1.htmlhttp://www.manuelgrilo.com/rui/fotografia/a1.htmlhttp://www.manuelgrilo.com/rui/fotografia/a2.htmlhttp://www.manuelgrilo.com/rui/fotografia/a2.htmlhttp://www.manuelgrilo.com/rui/fotografia/a2.htmlhttp://www.manuelgrilo.com/rui/fotografia/a3.htmlhttp://www.manuelgrilo.com/rui/fotografia/a3.htmlhttp://www.manuelgrilo.com/rui/fotografia/a4.htmlhttp://www.manuelgrilo.com/rui/fotografia/a4.htmlhttp://www.manuelgrilo.com/rui/fotografia/a5.htmlhttp://www.manuelgrilo.com/rui/fotografia/a5.htmlhttp://www.manuelgrilo.com/rui/fotografia/a6.htmlhttp://www.manuelgrilo.com/rui/fotografia/b0.htmlhttp://www.manuelgrilo.com/rui/fotografia/b0.htmlhttp://www.manuelgrilo.com/rui/fotografia/b1.htmlhttp://www.manuelgrilo.com/rui/fotografia/b1.htmlhttp://www.manuelgrilo.com/rui/fotografia/b2.htmlhttp://www.manuelgrilo.com/rui/fotografia/b3.htmlhttp://www.manuelgrilo.com/rui/fotografia/b4.htmlhttp://www.manuelgrilo.com/rui/fotografia/b5.htmlhttp://www.manuelgrilo.com/rui/fotografia/c0.htmlhttp://www.manuelgrilo.com/rui/fotografia/c0.htmlhttp://www.manuelgrilo.com/rui/fotografia/c1.htmlhttp://www.manuelgrilo.com/rui/fotografia/c2.htmlhttp://www.manuelgrilo.com/rui/fotografia/c3.htmlhttp://www.manuelgrilo.com/rui/fotografia/c3.htmlhttp://www.manuelgrilo.com/rui/fotografia/a0.htmlhttp://www.manuelgrilo.com/rui/index.htmlhttp://www.manuelgrilo.com/rui/index.htmlhttp://www.manuelgrilo.com/rui/fotografia/a1.htmlhttp://www.manuelgrilo.com/rui/fotografia/a1.htmlhttp://www.manuelgrilo.com/rui/fotografia/a2.htmlhttp://www.manuelgrilo.com/rui/fotografia/a2.htmlhttp://www.manuelgrilo.com/rui/fotografia/a2.htmlhttp://www.manuelgrilo.com/rui/fotografia/a3.htmlhttp://www.manuelgrilo.com/rui/fotografia/a3.htmlhttp://www.manuelgrilo.com/rui/fotografia/a4.htmlhttp://www.manuelgrilo.com/rui/fotografia/a4.htmlhttp://www.manuelgrilo.com/rui/fotografia/a5.htmlhttp://www.manuelgrilo.com/rui/fotografia/a5.htmlhttp://www.manuelgrilo.com/rui/fotografia/a6.htmlhttp://www.manuelgrilo.com/rui/fotografia/b0.htmlhttp://www.manuelgrilo.com/rui/fotografia/b0.htmlhttp://www.manuelgrilo.com/rui/fotografia/b1.htmlhttp://www.manuelgrilo.com/rui/fotografia/b1.htmlhttp://www.manuelgrilo.com/rui/fotografia/b2.htmlhttp://www.manuelgrilo.com/rui/fotografia/b3.htmlhttp://www.manuelgrilo.com/rui/fotografia/b4.htmlhttp://www.manuelgrilo.com/rui/fotografia/b5.htmlhttp://www.manuelgrilo.com/rui/fotografia/c0.htmlhttp://www.manuelgrilo.com/rui/fotografia/c0.htmlhttp://www.manuelgrilo.com/rui/fotografia/c1.htmlhttp://www.manuelgrilo.com/rui/fotografia/c2.htmlhttp://www.manuelgrilo.com/rui/fotografia/c3.htmlhttp://www.manuelgrilo.com/rui/fotografia/c3.htmlhttp://www.manuelgrilo.com/rui/fotografia/a0.htmlhttp://www.manuelgrilo.com/rui/index.htmlhttp://www.manuelgrilo.com/rui/fotografia/a0.html
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    ExposioO mais importante para captar boas imagens numa pelcula fotogrfica no ter oequipamento mais caro e mais moderno. Aquilo que realmente importa saber usar amquina fotogrfica, seja ela qual for, com uma esttica apurada e dominando as

    tcnicas necessrias para que o filme receba a luz necessria para obter o resultadopretendido.

    Castelo de Arraiolos (Nikon F50, Nikkor 35-80mm f/4.5-5.6, Fuji G-100) Para obter este resultadoabstracto,

    controlei a exposio de forma a que a muralha aparecesse com esta tonalidade muito escura.

    Princpios bsicos

    Apesar de hoje em dia quase todas as mquinas possurem um modo automtico, fundamental que qualquer fotgrafo perceba aquilo que a mquina est a fazer para quea possa corrigir sempre que necessrio. Mesmo as mquinas mais sofisticadas seenganam em certas condies de iluminao e s dominando a exposio do filme luzse pode determinar o aspecto de cada fotografia.

    Mas dominar a exposio no significa conseguir a exposio objectivamente correcta.

    Isso no existe. Expor correctamente apenas obter o resultado que o fotgrafopretendia, seja ele qual for. Ao determinar as variveis da exposio podemos fazerescolhas conscientes que alteram completamente o aspecto final da fotografia. Porexemplo, fotografamos uma plancie alentejana sob um cu limpo com um tom mdiode azul e queremos que o cu fique exactamente com essa cor. Se o filme for menos

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    exposto do que o necessrio (subexposio), o cu vai ficar mais escuro do que vimosna realidade; se o filme receber mais luz do que a necessria (sobrexposio), o cu vaificar mais claro.

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    Abertura e tempo de exposio

    Para se tirar uma fotografia preciso definir a quantidade de luz que se deixa passarpara o filme e o tempo durante o qual essa luz passa. Estas so as duas variveis quedeterminam a exposio e designam-se abertura do diafragma e tempo de exposio. A

    abertura refere-se quantidade de luz que passa num dado instante para o filme, otempo de exposio expressa o tempo durante o qual o filme recebe essa quantidade deluz. Podemos obter a mesma exposio com diferentes combinaes de abertura etempo de exposio: se se aumentar a abertura pode-se expor durante menos tempo evice-versa.

    Quer a abertura quer o tempo de exposio so expressas em escalas logartmicas, nasquais cada ponto da escala deixa passar metade da luz do que o seguinte. O tempo deexposio expressa em segundos e fraces de segundo que correspondem ao tempodurante o qual o obturador abre para deixar passar a luz para o filme. A maior parte dasmquinas fotogrficas permite utilizar os seguintes tempos de exposio: 1 segundo,

    1/2, 1/4, 1/8, 1/16, 1/30, 1/60, 1/125, 1/250, 1/500 e 1/1000 de segundo. Estes temposde exposio so usualmente apresentadas de forma abreviada, mostrando apenas odenominador da fraco (1, 2, 4, 8, 16, 30, 60, 125, 250, 500 e 1000).

    Nikon FE2 selector do tempo de exposio.

    A abertura expressa pela relao entre a distncia focal da objectiva e o dimetro daabertura do diafragma que deixa entrar a luz. Assim, uma objectiva de 50mm que deixepassar a luz por uma abertura de 25mm de dimetro tem um abertura igual distnciafocal (f) a dividir por 2, ou seja f/2. Frequentemente, representa-se a abertura apenaspelo denominador desta fraco, apresentando-se neste caso o nmero 2 para se referiresta abertura. Compreende-se assim facilmente que, quanto menor for o nmero daabertura, mais luz passa atravs da objectiva. comum encontrar escalas de aberturacom os seguintes valores: 2, 2.8, 4, 5.6, 8, 11, 16 e 22. Tambm nesta escala cada valordeixa passar metade da luz do que o precedente, pelo que se pode fazer uma tabela deconjugaes de abertura e tempo de exposiopara se obter exactamente a mesmaexposio:

    Tempodeexposio

    1/2 1/4 1/8 1/16 1/30 1/60 1/125 1/250 1/5001/100

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    Abertura 32 22 16 11 8 5.6 4 2.8 2 1.4

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    Profundidade de campo

    Mas no indiferente escolher qualquer uma destas combinaes. Por um lado, preciso escolher cuidadosamente o tempo de exposio, de forma a congelar omovimento daquilo que se est a fotografar ou, pelo contrrio, deixar que esse

    movimento se veja na fotografia. Por outro, a abertura que se escolher determina aprofundidade de campo, a distncia frente e atrs do plano de focagem em que osobjectos ficam razoavelmente focados.

    Sagrada Famlia, Barcelona (Nikon FE2, Nikkor 55mm f/2.8 Micro, Kodak Portra 160VC) Umapequena profundidade de campo permite distinguir claramente o primeiro plano do fundo.

    A profundidade de campo inversamente proporcional em relao abertura. Quantomaior for a abertura, menor ser a profundidade de campo e vice-versa. Muitosfotgrafos amadores deixam-se confundir porque uma abertura maior significa ter um

    nmero de abertura menor. Por exemplo, com uma abertura de 1.4 a profundidade decampo muito menor do que aquela que se obtm com uma abertura de 11.

    A escolha da profundidade uma das opes mais importantes quando se define aabertura e o tempo durante o qual que se expe um fotograma. Por exemplo, quando sefotografa uma pessoa podemos querer isol-la do fundo, usando a menor profundidadede campo possvel. Pelo contrrio, ao fotografar uma paisagem grandiosa podemosquerer que tudo o que vemos fique focado, desde os objectos mais prximos at aoinfinito, para o que devemos usar a maior profundidade de campo possvel. Masateno, porque quanto menor for a abertura, mais tempo se ter que expor a pelcula emaior ser o risco de tremer a fotografia. Para que isso no acontea, podemos usar um

    bom trip ou seguir a regra simples segundo a qual possvel obter fotografias ntidassegurando a mquina com as mos desde que se use um tempo de exposio igual ouinferior ao inverso da distncia focal da objectiva (em milmetros). Assim, poderemossegurar mo tranquilamente uma mquina com uma objectiva de 50mm desde que o

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    tempo de exposio seja no mximo de 1/50 de segundo ou, usando o ponto da escalamais prximo, 1/60.

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    Sensibilidade do filme

    Para alm das variveis de exposio que se controlam para cada fotografia (a aberturae o tempo de exposio) tambm temos que considerar a sensibilidade do filme queest na mquina. A emulso de um filme fotogrfico pode ser mais ou menos sensvel

    luz, necessitando por isso de uma maior ou menor exposio.

    Praa do Giraldo, vora (Nikon F50, Sigma 28-70mm f/2.8-4, AGFA APX400) Utilizando um filmerpido de 400 ISO consegui captar esta imagem nocturna sem precisar de trip.

    A sensibilidade das pelculas expressa numa escala ISO (anteriormente designadaASA). Tambm esta escala logartmica, pelo que um filme com uma sensibilidade de400 ISO precisa de metade da luz do que um rolo de 200 ISO para produzir a mesmaexposio. Usando filmes mais sensveis (mais rpidos) podemos usar menoresaberturas para obter maiores profundidades de campo. Mas na fotografia nada se obtm

    de graa. Quanto maior for a sensibilidade de um filme menor ser a sua definio emais gro ter a fotografia. A menor definio e o gro sero tanto mais visveis quantomais se ampliar a imagem.

    A gama de filmes disponveis em quase todas as lojas de fotografia abarca as seguintessensibilidades: 25, 50, 100, 200, 400 e 800 ISO. Tambm se encontram filmes comvalores intermdios de sensibilidade, por exemplo 160 ISO (2/3 de ponto mais rpido doque um filme de 100 ISO). Mas a sensibilidade de cada filme apenas um indicador daexposio para a qual um filme foi concebido. Pode-se escolher na mquina outro ndicede exposio que no a sensibilidade indicada para o filme. Se as condies deiluminao o exigirem, e no tivermos um filme mais rpido connosco, podemos puxar

    qualquer rolo em at 2 pontos, ou seja, por exemplo, podemos fotografar com um rolode 200 ISO como se ele fosse de 400 ou 800 ISO (regulando manualmente o ndice deexposio da mquina). Tambm esta facilidade tem o seu preo e obteremosfotografias com mais gro e maior contraste. Mas ateno, para que um rolo puxado

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    seja correctamente revelado temos que informar o laboratrio do ndice que utilizmospara o expor.

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    Utilizar o fotmetro

    Para podermos escolher o tempo de exposio e a abertura com que vamos tirar umafotografia temos que poder medir a luz existente. para isso que todas as mquinasque hoje se vendem esto equipadas com um fotmetro mais ou menos sofisticado, com

    base no qual sugerem (ou escolhem, em modo automtico) uma determinadaexposio.

    S se pode utilizar adequadamente um fotmetro se se perceber o que ele faz. E o quequalquer fotmetro faz simplesmente indicar a exposio correcta no caso deestarmos a fotografar um carto cinzento que reflecte 18% da luz que nele incide, o tommdio perfeito. Comprovar isto muito simples, basta seleccionar o modo de exposioautomtica, colocar frente mquina, cobrindo todo o enquadramento, uma folhacinzenta e fotografar. Em seguida fotografa-se uma folha branca e depois uma folhapreta. Depois de revelado o filme, pode-se constatar que a mquina fez com que as trsfolhas parecessem iguais: expondo correctamente a cinzenta, subexpondo a branca e

    sobrexpondo a preta.

    Como nem tudo o que podemos querer fotografar cinzento, nem reflecte 18% da luz,precisamos de saber interpretar a informao que nos fornecida para tomar decisescorrectas de exposio. Os fotmetros medem a luz que reflectida pelos objectos queesto dentro do enquadramento, dando frequentemente uma ponderao de 60% ou75% da leitura ao crculo central do visor. Como uma superfcie branca reflecte mais luzdo que uma rea escura, temos que tomar isso em considerao quando tomarmosdecises baseadas na leitura da luz reflectida. Por exemplo, se fotografarmos umapaisagem coberta de neve branca no podemos utilizar simplesmente a exposiosugerida, porque obteramos uma neve cinzenta na fotografia. Temos que compensaressa leitura aumentando um ponto a abertura ou o tempo de exposio. Da mesmaforma, se quisermos que uma fotografia tirada depois do pr do Sol capte a atmosferaescura que se v temos diminuir em cerca de um ponto a exposio sugerida.

    Uma forma simples de obter uma exposio correcta fazer a leitura de exposioapontando para algo que se queira que fique registado como tom mdio e que esteja areceber a mesma luz do que o assunto que vamos fotografar. Por exemplo, parafotografar uma paisagem com iluminao uniforme podemos fazer a leitura deexposio apontando para as erva verde do cho, um exemplo clssico de tom mdio,aps o que podemos enquadrar e fotografar. Como a palma da nossa mo cerca de um

    ponto mais clara do que o cinzento de 18%, quando no houver um tom mdio que sepossa utilizar podemos colocar a nossa mo frente da objectiva (desde que receba amesma luz do que o assunto a fotografar) bastando depois aumentar em um ponto aexposio sugerida, aumentando a abertura ou o tempo de exposio.

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    Tourega, Alentejo (Nikon FE2, Nikkor 55mm f/2.8 Micro, Fuji Provia 100F) Para obter uma exposioequilibrada apontei a objectiva para a erva do cho e regulei a exposio com base nessa leitura.

    H uma situao em que se pode dispensar o fotmetro. Quando fotografamos algo queesteja a receber a luz directa do Sol num dia sem nuvens, um tempo de exposio igualao inverso da sensibilidade da pelcula para uma abertura de f/16 resulta numaexposio que capta as tonalidades tal como se vem. Por exemplo, utilizando um filmecom uma sensibilidade de 100 ISO podemos utilizar uma exposio de 1/125 (o pontomais prximo de 1/100 na escala de tempos de exposio) para uma abertura de f/16 ouqualquer exposio equivalente: 1/250 para f/11, 1/500 para f/8 ou 1/60 para f/22.

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    Amplitude tonal

    Os nossos olhos conseguem distinguir muito mais diferenas de tonalidade do quequalquer filme. Conseguimos olhar para um pr do Sol sobre o horizonte distinguindodesde o Sol brilhante at aos detalhes do cho j na penumbra. Nenhum filme tem uma

    amplitude tonal que se compare dos nossos olhos, que se estima que seja entre 12 e13 pontos de exposio. Temos que saber que um filme negativo tem um amplitude de7 pontos de exposio e um filme de diapositivos de apenas 5 pontos.

    Este conceito de amplitude tonal til para percebermos que quando fotografamos umdiapositivo s se conseguiro distinguir as tonalidades at 2 pontos acima e abaixo daexposio escolhida. Tudo o que estiver acima desse intervalo ser retratado comobranco e o que estiver abaixo como preto. S tendo isto em conta podemos decidir quaisos tons que queremos que se possam distinguir e quais aqueles que so dispensveis.Por exemplo, cheguei um dia a Burano, uma pequena ilha junto a Veneza, j depois dopr do Sol. O cu encoberto estava muito mais luminoso do que as belas casas da ilha,

    mas como dificilmente l voltaria era uma oportunidade fotogrfica a no perder. Medi aluz e defini a exposio considerando apenas as casas, reenquadrei e fotografei,sabendo que conseguiria captar as cores vivas das casas mas que o cu surgiria comoum fundo branco, sem textura.

    Burano, Itlia (Nikon F50, Sigma 28-70mm f/2.8-4, Kodak Gold 400) Apesar de ter sido fotografadadepois

    do pr do Sol, esta imagem conseguiu reproduzir as cores vivas das casas, sacrificando os detalhes docu.

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    Uma forma de visualizar a gama tonal que um filme de diapositivo pode registar recorrer ao quadro seguinte:

    + 2 pontos: branco puro+ 2 pontos: muito claro+ 1 pontos: mais claro

    + 1 ponto: claro+ ponto: levemente claroValor da exposio: tom mdio- ponto: levemente escuro- 1 ponto: escuro- 1 pontos: mais escuro- 2 pontos: muito escuro- 2 pontos: negro puro

    Quem tiver uma mquina fotogrfica com medio pontual (spot) pode medir o ponto

    mais escuro daquilo que vai fotografar e o mais claro. Se a diferena de exposio entreos dois pontos for superior amplitude tonal do filme que estiver a utilizar vai ter queoptar entre perder detalhe nas sombras ou nas partes mais claras da imagem. Sabendoisto podemos determinar com grande exactido o aspecto final de cada fotografia quetiramos.

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    Equipamento

    Muitos fotgrafos tendem a ficar fanticos do equipamento. Que fotografias fantsticaseu faria com uma 600mm f/2.8 ou tenho que trocar as minhas objectivas todas porumas novas com estabilizao de imagem so delrios que se podem ouvir com

    frequncia junto de apaixonados pela fotografia. Mas sucumbir tentao de comprartodas as mquinas, objectivas e filtros disponveis algo que est acima de quase todasas bolsas e que, sejamos realistas, est longe de ser necessrio. Uma mquina razovel,um conjunto de objectivas que abarque as principais distncias focais, alguns filtros eum bom trip chegam (e muitas vezes sobram) para realizar o talento da maior partedos fotgrafos amadores.

    Ericeira (Nikon FE2, Nikkor 55mm f/2.8 Micro, Kodak BW+ 400) Para conseguir esta imagem bastouuma mquina manual com mais de 15 anos e uma objectiva normal com a mesma idade.

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    Mquinas fotogrficas

    Quase todas as mquinas reflex para filme de 35mm actualmente venda oferecemuma qualidade razovel. Desde as mais modernas cmaras com focagem automticaat slidos modelos mais antigos que se encontram no mercado de usados, com

    qualquer uma se podem tirar belas fotografias. Afinal, o corpo de uma mquina apenas uma caixa que no deixa entrar luz seno quando se quer e pelo tempo que seescolher.

    As mquinas reflex so largamente preferveis em relao s compactas, porquepermitem ver no visor exactamente aquilo que se vai fotografar, podem usar vriasobjectivas e admitem quase sempre a regulao manual dos parmetros de exposio.Isso no quer dizer que um pequena compacta no seja muito til para tirar fotografiasde aniversrios ou para alguma viagem em que o espao escasseie. Algumas dessasmquinas tm excelentes objectivas com boas aberturas mximas. Por exemplo, aOlympus mju-II tem uma objectiva de 35mm f/2.8 com uma excelente qualidade ptica e

    pesa pouco mais de 200 gramas...

    Uma escolha importante a fazer ao ponderar a compra de uma mquina a quantidadede ajudas electrnicas que se quer ter: focagem manual ou automtica, medio de luzponderada ao centro ou matricial. Uma mquina como a Nikon F5 simplifica muito otrabalho do fotgrafo porque tem uma focagem ultra-rpida e at distingue as cores doque se vai fotografar, acertando (dizem) em 99% das sugestes de exposio. Mas estascaractersticas pagam-se caro e se so muito importantes para um fotojornalista, quetem que aproveitar cada oportunidade de fotografia que surge num instante, j seromenos cruciais para um amador com tempo que queira compor calmamente a suafotografia.

    Se j tiver uma mquina reflex use-a bem antes de pensar em comprar outra. Mas, sevai mesmo comprar uma mquina, saiba que opes o que no falta. As marcas commaior quota de mercado, a Nikon e a Canon, oferecem uma excelente qualidade e umaenorme variedade mas tambm se fazem pagar (e bem) pela imagem de marca. Outrosfabricantes, como a Minolta ou a Pentax, oferecem uma qualidade semelhante pormenos dinheiro. Mas se quiser comprar uma mquina usada com mais de dez anos melhor escolher entre os modelos da Nikon e da Canon: ter mais acessrios aindadisponveis e as probabilidades de conseguir resolver alguma avaria so maiores.Mesmo no mercado de usados, os corpos Nikon so bastante mais caros, mas uma F2,

    F3, FM2n ou FE2 em bom estado vale bem o dinheiro que custa. A Canon tem o atractivode ter tambm produzido boas mquinas fotogrficas nos anos 70 e 80, como aexcelente F1 ou as boas AE1 ou AT1, que se conseguem por um preo mais moderadouma vez que a marca mudou o sistema de montagem das objectivas quando investiu nafocagem automtica.

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    Nikon FE2 uma slida mquina clssica dos anos 80 que continuaactual, tal como a Nikon FM2n, que ainda se fabrica e vende.

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    H recursos que devemos exigir nossa mquina: fotmetro, possibilidade de escolhamanual da abertura e do tempo de exposio, compensao da exposio automtica,previso da profundidade de campo e uma boa gama de tempos de exposio, pelomenos entre os 4 segundos e 1/1000 de segundo. Para alm destas caractersticas, tambm til dispor de medio atravs das lentes (TTL) para o flash, de medio de luzpontual (spot) e da possibilidade de trocar os crans de focagem. A focagem automtica

    tornou-se muito comum, mas quem no quiser tirar fotografias de aco ou de animaisem movimento pode dispensar esse recurso.

    Objectivas

    Cada objectiva definida pela sua distncia focal e pela sua abertura mxima. Adistncia focal (expressa em milmetros) determina o ngulo que coberto pelaobjectiva, a ampliao. Uma distncia focal mais curta inclui um ngulo maior no

    enquadramento, uma distncia focal mais longa amplia o que se est a ver, reduzindo ongulo de cobertura. A abertura mxima corresponde quantidade mxima de luz podepassar atravs da objectiva. Assim, quanto maior for a abertura mxima, menor ser otempo durante o qual se dever expor a pelcula com a mesma luz . Considera-se queuma objectiva rpida se tiver uma abertura mxima maior ou igual a 2.8 e lenta seessa abertura for igual ou inferior a 5.6.

    Actualmente, o tipo mais comum de objectivas so as chamadas zoom, que cobrem umintervalo de distncias focais. A objectiva zoom mais vulgar deve ser a 35-80mm, quecobre todas as distncias focais entre os 35mm e os 80mm. At aos anos 90, este tipode objectivas oferecia uma qualidade ptica muito inferior que se obtinha comobjectivas de apenas uma distncia focal. Hoje j no assim e podem-se comprarexcelentes objectivas zoom. No entanto, proliferam no mercado produtos baratos quesacrificam a qualidade ptica e, sobretudo, a abertura mxima. A qualidade paga-se ebasta ver a diferena de preo entre um zoom 80-200mm f/2.8 e outro 80-200mm f/4-5.6...

    A escolha de uma objectiva no se resume a distncia focais e aberturas mximas.Antes de mais, temos que decidir se preferimos ter um sistema de focagem manual ouautomtica. Se optarmos pela focagem automtica, podemos ainda ponderar a hiptesede comprar uma das novas objectivas com estabilizao electrnica da imagem (IS

    Image Stabilisation da Canon ou VR Vibration Reduction da Nikon), sistema quepermite quebrar a regra j referida segundo a qual no se deve segurar mo amquina para tempos de exposio superiores ao inverso da distncia focal daobjectiva. Com uma objectiva de 300mm equipada com este sistema pode-se fotografarcom nitidez com exposies de at 1/30 de segundo. Sem a estabilizao, qualquerexposio mais longa que 1/300 resultaria numa reduo visvel da nitidez.

    Para uma distncia focal igual diagonal do filme, a perspectiva igual da nossaviso. Em filmes de 35mm (onde cada fotograma tem 24mm x 36mm), essa distncianormal de 43,27mm. Por conveno, chamam-se normais objectivas entre 50 e60mm. Abaixo desse intervalo temos as grandes angulares, que expandem a

    perspectiva, e acima as teleobjectivas, que comprimem a perspectiva. Antes da era doszooms, cada corpo de mquina costumava vir com um objectiva de 50mmrazoavelmente rpida (f/1.8 ou mesmo f/1.4), mas hoje em dia o mais comum recebermos com uma mquina nova uma objectiva zoom 35-80mm. Por se fabricaremem grandes quantidades h muito tempo, as objectivas normais de distncia focal fixa

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    costumam ter uma qualidade ptica extraordinria, pelo que de lamentar que sejammuitas vezes menosprezadas.

    Monsaraz, Alentejo (Nikon FE2, Nikkor 55mm f/2.8 Micro, Kodak T-Max 400CN) A qualidade pticadas objectivas normais permite captar imagens com uma definio extraordinria.

    Em espaos apertados ou para transmitir a vastido de uma paisagem necessria umagrande angular, seja uma objectiva de 20, 24, 28 ou 35mm ou um zoom que chegue aessas distncias focais. Mas esta atractiva gama de distncias focais coloca problemasde composio precisamente por incluir tanta coisa: s vezes as fotografias perdemvida por no se perceber o que o fotgrafo quer mostrar. So, por isso, necessrioscuidados redobrados com o enquadramento e a composio de cada imagem. Umacaracterstica importante das grandes angulares consiste na ampliao das distnciasaparentes entre os objectos prximos e afastados, alterando a perspectiva, o que podeser utilizado para composies fortemente tridimensionais.

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    Barragem da Tourega, Alentejo (Nikon FE2, Nikkor 24mm f/2.8, Fuji Provia 100F) Uma tcnica clssicade composio com objectivas de grande angular consiste em fotografar muito perto do primeiroplano, includo na profundidade de campo, para acentuar o carcter tridimensional da imagem.

    A primeira objectiva adicional que muitos fotgrafos amadores compram umateleobjectiva curta, geralmente um zoom 80-200mm ou 70-210mm. So objectivasrelativamente baratas e que permitem uma maior selectividade no enquadramento.Reduzem tambm as distncias aparentes entre os objectos, comprimindo aperspectiva, sendo adequadas para quase todos tipos de fotografia, incluindo a denatureza.

    As boas teleobjectivas acima dos 300mm custam caro mas so uma necessidade paraquem quiser fotografar pequenos mamferos, pssaros ou animais selvagens a umadistncia segura. Uma soluo de compromisso mais econmica costuma ser comprarum zoom que chegue aos 300mm. O problema que estas objectivas so geralmentelentas, com aberturas mximas iguais ou superiores a f/5.6, mas mesmo assimconseguem captar belas imagens.

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    Baleal (Nikon F50, Sigma 70-300mm f/4-5.6, Kodak Gold 200) Esta fotografia, tirada ao fim do dia comuma distncia focal de 300mm, conseguiu captar uma atmosfera quase monocromtica num filme a

    cores.

    Uma forma popular de aumentar a distncia focal das objectivas utilizar umteleconversor, um conjunto adicional de lentes que multiplicam por 1.4, por 2 ou mesmo

    por 3 a distncia focal das objectivas. O problema destes dispositivos que reduzem aqualidade ptica da imagem e multiplicam pela mesma razo a abertura mxima. Osteleconversores foram concebidos para aumentar de forma flexvel a distncia focal deteleobjectivas longas e rpidas. Por exemplo, uma objectiva de 300mm com a aberturamxima de f/2.8 torna-se, com um conversor de 2x, numa 600mm com uma aberturamxima de f/5.6. Usar um teleconversor num zoom lento pouco aconselhvel: umaobjectiva 70-300mm f/4-5.6 com um conversor de 2x tambm atinge os 600mm, mascom uma abertura mxima de f/11!

    Outra tendncia recente a construo de objectivas zoom que abarcam desde agrande angular at teleobjectiva. Encontram-se com agora facilidade objectivas 28-

    200mm ou mesmo 28-300mm. Uma gama to grande de distncias focais conseguida custa da abertura mxima e da qualidade ptica. Para alm disso, quem dependa deapenas uma objectiva est sujeito a que ela se avarie arruinando a meio uma sessofotogrfica...

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    Trips

    Para obtermos uma grande profundidade de campo ou fotografarmos com pouca luztemos que expor o filme durante mais tempo. Se quisermos segurar a mquina moseremos obrigados a utilizar um filme muito rpido, com menor nitidez e muito gro.

    Com um bom trip podemos quebrar este ciclo vicioso, pois permite-nos expor durantevrios segundos, se necessrio, e assim usar o melhor filme, com mais definio emenos gro. verdade que andar com um trip atrs no propriamente um ideal decomodidade, mas os resultados compensam, pois para alm de permitir exposies maislongas, uma trip obriga-nos a compor a imagem com mais cuidado e d-nos apossibilidade de ajustar pequenos detalhes minuciosamente.

    Barragem da Tourega, Alentejo (Nikon FE2, Nikkor 24mm f/2.8, Fuji Provia100F) Para que tudo ficasse focado, desde o primeiro plano at ao infinito, necessitei

    de uma enorme profundidade de campo. A exposio longa s possvel utilizando um trip.

    Nem todos os trips so, obviamente, iguais. Pouco se pode esperar de um frgil tripde plstico, barato mas incapaz de garantir uma sustentao solida mquina e poucoprtico de manusear. Um trip slido de alumnio (ou fibra de carbono) um excelenteinvestimento na qualidade das fotografias. Fabricantes como a Gitzo ou a Manfrotto

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    oferecem gamas completas, com preos relativamente razoveis (sobretudo no caso daManfrotto).

    Quando falamos de trip estamos apenas a referir-nos s trs pernas de sustentao,pois em produtos de qualidade podemos escolher a cabea onde se fixa a mquina emseparado. Basicamente, h dois tipos de cabea de bola ou com controlos separadospara cada um dos trs planos de movimento (inclinao horizontal, vertical e rotao).

    As cabeas de bola permitem movimentos muito rpidos em qualquer plano, pelo queso especialmente adequadas para fotografar alvos em movimento. As cabeas comtrs planos de movimento permitem composies mais minuciosas. A escolha entreestes dois tipos de cabea uma opo pessoal, em funo dos assuntos que sepretenda fotografar, mas em qualquer dos casos muito conveniente que tenha umsistema de libertao rpida, para fixar e libertar a cmara sem que seja necessrioestar sempre a aparafus-la.

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    Filmes

    Quem queira fotografar a cores pode escolher entre dois tipos de filme: negativos ediapositivos (slides). Os negativos tm uma maior amplitude tonal e permitem obterprovas impressas rapidamente e de forma econmica. Os diapositivos tm, contudo,

    uma enorme vantagem: apresentam exactamente o que o fotgrafo captou, semintermedirios, compensaes de cor ou erros de impresso. Olhando para um slidepodemos ver se a exposio foi a pretendida, se focagem foi adequada e se as corestm uma boa saturao, examinando um negativo pouco se consegue concluir.. Osfilmes diapositivos lentos (50 ISO) oferecem ainda uma definio extraordinria, o queos torna na escolha de muitos fotgrafos.

    Quanto menor for a sensibilidade de um filme, maior ser a definio que oferece, peloque convir utilizar o rolo mais lento utilizvel em cada situao. Mas tudo relativo e,por vezes, pode-se utilizar um filme com gro para alterar o aspecto da imagem, dandotextura, por exemplo, neve. Em diapositivos, o Fuji Velvia (de 50 ISO) parece liderar as

    escolhas profissionais, seguido pelo Fuji Provia 100F e pela gama Kodachrome. Emnegativos, os Kodak Portra 160VC e NC disputam com o Fuji Reala o mximo dedefinio, mas h vrios filmes at aos 400 ISO com uma definio razovel e coresrealistas.

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    - 23 -Solar Monfalim, vora (Nikon F50, Sigma 28-70 f/2.8-4, Kodak Gold

    Zoom 800) S com um filme extremamente rpido foi possvel captar estafotografia apesar da pouca luz existente.

    A fotografia a preto-e-branco, com o seu aspecto intemporal, continua a atrair muitosinteressados que, por vezes, esbarram nas dificuldades da revelao em casa ou nocusto de a mandar fazer num bom laboratrio. Os filmes a preto-e-branco cromognios

    vieram amenizar esses inconvenientes, pois revelam-se atravs do mesmo processoque os filmes a cores. Quer o Ilford XP2 Super quer o Kodak T-Max 400CN oferecemexcelentes resultados, apesar de no terem a mesma longevidade que um filmemonocromtico convencional. frequente, contudo, que os laboratrios menoscuidadosos faam a impresso das provas em papel para fotografia a cores,apresentando resultados confrangedores. que as impresses devem ser feitas empapel monocromtico, o que permite obter excelente definio e contraste. Os filmespara preto-e-branco clssico continuam disponveis na maior parte das lojas defotografia, sendo de recomendar as linhas Delta da Ilford, T-Max da Kodak e APX daAGFA (o AGFA APX 25 ISO especialmente interessante, pois tem uma definioextraordinria e muito pouco gro).

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    Filtros

    Utilizam-se filtros para alterar a imagem que captada, tornando-a artificial ou, pelocontrrio, mais fiel ao que o fotgrafo viu com os seus prprios olhos. fcil cair emimagens artificias de gosto duvidoso com os chamados filtros de efeitos especiais,

    pelo que vale mais a pena que nos centremos nos filtros que alteram a imagem sem aadulterar.

    Provavelmente o filtro mais utilizado o polarizador, um filtro circular que se roda paraeliminar uma determinada polaridade de luz. Consegue-se assim atenuar (ou mesmoeliminar) reflexos em superfcies no metlicas e acentuar o azul do cu. Mas deve-seusar com cautela, pois muito fcil escurecer em excesso o azul do cu, tornando-oartificial. O polarizador tambm muito til para fotografar paisagens naturais, pois aoeliminar os reflexos luminosos das folhas das plantas faz com que a sua cor se veja commais intensidade. Encontram-se venda polarizadores lineares e circulares, mas emmquinas com focagem automtica s se devem usar estes ltimos.

    La Pedrera, Barcelona (Nikkon FE2, Nikkor 24mm f/2.8, Kodak Gold 100, Polarizador) Utilizei opolarizador para acentuar o contraste entre a escultura e o cu, mas o efeito foi claramente excessivo.

    Os nossos olhos ignoram com facilidade pequenas diferenas na cor da luz existente aque os filmes so muito sensveis. Por exemplo, um dia encoberto tem uma luz fria,azulada, e a iluminao artificial tende para o vermelho. Os filtros de correco de corpermitem corrigir estes efeitos facilmente, estando disponveis em diversasintensidades. Vale a pena ter, pelo menos, o filtro mbar de aquecimento mais suave (o81A) para os dias nublados. Caso fotografe frequentemente com luz artificial deincandescncia, um filtro 82A (ou B) ser tambm um acessrio indispensvel paratornar mais realistas as imagens.

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    Jardim em Lisboa (Nikon FE2, Nikkor 55mm f/2.8 Micro, Fuji Sensia-II, 81B) A luz difusa do cuencoberto dava uma dominante azulada que se compensou facilmente com um filtro de aquecimento.

    Na fotografia a preto-e-branco o filtro de longe mais til o vermelho. Em paisagensatenua a neblina e escurece o cu, salientando o recorte das nuvens; no retrato depessoas disfara pequenas imperfeies da pele, favorecendo os modelos. Os outrosfiltros para fotografia monocromtica (verdes, azuis, amarelos...) parecem-me teis

    menos frequentemente, mas o seu funcionamento muito simples: tornam mais clarasas coisas da sua cor e mais escuros os objectos de cores complementares.

    Outros filtros que vale a pena experimentar so os graduados de densidade neutra.Permitem, por exemplo, fotografar um cu brilhante sem perder os detalhes do cho,escurecendo o cu, reduzindo dessa forma a amplitude tonal da cena aos limites dofilme.

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    ComposioO domnio das tcnicas fotogrficas apenas uma ferramenta ao servio da esttica.Saber controlar a exposio, escolher a mquina, a objectiva e, eventualmente, o filtro apenas o incio de uma boa fotografia. O que distingue um grande fotgrafo de um mero

    curioso a capacidade para ver coisas que no so evidentes, para ordenar a realidadede forma a transmitir emoes.

    Terena, Alentejo (Nikon F50, Sigma 28-70mm f/2.8-4, Fuji Press 800) Aproveitando um cuespecialmente

    belo, tudo nesta fotografia foi ordenado de forma consciente: a abertura e o tempo de exposio, aposio da azinheira solitria e a linha do horizonte junto ao limite inferior da imagem.

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    Enquadramento

    Uma imagem com demasiados pontos de interesse acaba por no atrair a ateno paranenhum. Por isso uma composio simples muitas vezes mais eficaz para transmitiruma ideia ou sensao do que uma panormica confusa que mostra tudo sem realar

    nada. A seleco consciente daquilo que se vai incluir numa fotografia um passofundamental para obter um bom resultado. Um fotgrafo tem que ser capaz de articularaquilo que quer mostrar. Se no conseguir explicar porque quer tirar uma determinadafotografia mais vale pensar melhor e escolher outro enquadramento.

    Depois de definir com exactido o que se vai fotografar, preciso escolher a mquina, ofilme e a objectiva. Alguns assuntos ficam melhor a preto-e-branco, para outros a cor fundamental e preciso um filme que a reproduza fielmente. A escolha da objectivatambm importante, pois determina a perspectiva da fotografia: as objectivas degrande angular aumentam as distncias aparentes e as teleobjectivas reduzem-nas. Emseguida, h que escolher o local a partir do qual se fotografa. Qual ser o melhor ponto

    de vista, ao nvel dos olhos, da cintura ou junto ao cho? Nas pelculas de 35mmpodemos ainda escolher a orientao da imagem, na horizontal ou na vertical. Apesar deser mais fcil fotografar com a imagem horizontal, todos os comandos da mquinaforam feitos a pensar nessa posio, vale muitas vezes a pena experimentar a outraopo, pois o ambiente da fotografia resulta muito diferente.

    Perto de vora (Nikon FE2, Nikkor 55mm f/2.8, Ilford XP2 Super) A colocao do horizonte sobre a linhaque delimita o tero inferior da imagem, com a casa chegada direita, refora a expressividade da

    fotografia.

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    Por ltimo, preciso posicionar os objectos dentro do rectngulo. Muitas vezes, a primeira tendncia colocaraquilo que vai fotografar ao centro. onde as mquinas modernas tm o sensor de focagem automtica e acomposio mais simples, puramente descritiva. Mas uma fotografia viva no se limita a descrever, interpreta,

    pelo que devem ser exploradas outras hipteses de posicionamento. Uma pista geralmente til consiste emcolocar as linhas da imagem sobre linhas imaginrias que dividem a fotografia em trs partes horizontais everticais. A linha do horizonte, por exemplo, pode ser colocada sobre a linha que delimita o tero superior ou

    inferior do enquadramento, e no ao meio. Um posicionamento assimtrico do assunto obriga a olhar ao longoda fotografia e contribui para que quem v sinta aquilo que o fotgrafo quis mostrar.

    A regra dos teros Colocar as linhas da imagem ao longo das linhas imaginriasque dividem o enquadramento em trs partes horizontais e verticais pode ser

    um bom ponto de partida mas no deve limitar a imaginao do fotgrafo.

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    Iluminao

    Mesmo com as melhores tcnicas, qualquer fotografia limita-se a captar luz num filme. Aluz a matria prima essencial da fotografia e sem boa iluminao no h uma boaimagem. Um fotgrafo deve aprender a conhecer e interpretar a luz: a sua cor, a sua

    direccionalidade e o seu carcter. Fotografar pintar com luz numa tela qumica.A direco da luz resulta da sua posio em relao ao fotgrafo e ao assunto. Quando aorigem da luz se localiza por trs da objectiva, temos uma situao de iluminaofrontal, que reduz as sombras do que se est a fotografar e reduz a noo detridimensionalidade. Permite, contudo, uma excelente reproduo de cores vivas. Se aluz surge por trs do assunto da fotografia estamos numa situao de contra-luz. Ofotgrafo pode regular a exposio de forma a captar os detalhes que ficam na sombraou, pelo contrrio, reduzir o objecto a uma silhueta contra um fundo expressivo. Ailuminao pode ainda ser lateral, o que acentua a noo de volume e pode dar textura,atravs das sombras, a superfcies como a areia ou a neve.

    Independentemente do local de onde provenha, a luz pode atingir os objectos de formadura, desenhando sombras de contornos precisos, ou difusa, quase no se distinguindosombras. Este carcter da luz influencia tambm o ambiente retratado, tal como a corda prpria luz. Antes do nascer do Sol ou quando o cu est encoberto, a cor dominante azul. uma luz fria, muito eficaz para fotografias que queiram transmitir sensaes deisolamento e angstia. Logo aps o nascer do Sol e ao fim do dia a luz quente, dedominante prxima do vermelho. Muitas vezes a neblina torna especialmente visvel atonalidade da luz, criando ambientes envolventes e misteriosos.

    Veneza (Nikon F50, Sigma 28-70 f/2.8-4, Kodak Gold 400) A luz de Inverno, ao entardecer,criou uma atmosfera mgica que domina a fotografia, tornando-a quase monocromtica.

    A luz est sempre a mudar. A pacincia uma virtude frequentemente recompensadaquando as nuvens deixam passar um raio de Sol para iluminar precisamente a rvore

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    que queramos fotografar ou quando diferentes tipos de iluminao dentro doenquadramento produzem contrastes inesperados. A nica soluo estar atento epronto para captar qualquer a imagem nica num instante fugaz.

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    Trabalhar um assunto

    Quando um local ou objecto parece interessante, um erro comum fotograf-lorapidamente e passar ao prximo. As boas fotografias exigem tempo e esforo. H queexplorar diversos ngulos, diferentes iluminaes. Porque no experimentar vrias

    objectivas diferentes, reinterpretando o assunto. Muitas vezes preciso esperar pela luzcerta, a expresso facial irrepetvel ou o acontecimento inesperado para conseguir umafotografia excepcional.

    natural que, enquanto esses momentos nicos no chegam, muitos metros de filmesejam expostos. essa a sorte dos laboratrios de fotografia e temos que nos resignar aessa contingncia. Mas a composio cuidada, a utilizao de um trip slido, boastcnicas fotogrficas e um conhecimento profundo do assunto que se quer fotografarso requisitos que ajudam a aumentar o nmero de fotografias muito boas. Mesmoassim, quando a oportunidade surgir, no devemos poupar nos rolos de filme. Afinal somuito mais baratos do que todas as mquinas, objectivas, trips e filtros que j

    comprmos...

    Monsaraz, Alentejo (Nikon FE2, Nikkor 55mm f/2.8 Micro, Kodak T-Max 400CN) Um dos stios maisfotografados do Pas ainda oferece imagens inesperadas, desde que se escolham ngulos pouco usuais.