foto: karen rukat - mpdft · conquistaram muito mais medalhas que os nossos atletas brasileiros...

60

Upload: others

Post on 10-Aug-2020

3 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Foto: Karen Rukat - MPDFT · conquistaram muito mais medalhas que os nossos atletas brasileiros ditos "normais"... Essas pessoas ... Dessa forma, nunca haverá tribunais suficientes
Page 2: Foto: Karen Rukat - MPDFT · conquistaram muito mais medalhas que os nossos atletas brasileiros ditos "normais"... Essas pessoas ... Dessa forma, nunca haverá tribunais suficientes

Foto

: Ka

ren

Ruka

t

Page 3: Foto: Karen Rukat - MPDFT · conquistaram muito mais medalhas que os nossos atletas brasileiros ditos "normais"... Essas pessoas ... Dessa forma, nunca haverá tribunais suficientes

Estamos vivendo um momento histórico marca-do por crises e turbulências, mas também pelosurgimento de oportunidades. Basta olhar ànossa volta para ver as várias mudanças que já ocorreram:

• A população está envelhecendo, e já podemosver no nosso dia-a-dia que o número de idososaumentou bastante.

• Também há mais pessoas com deficiência nasruas e em locais públicos.

Elas aparecem com mais freqüência no noticiário,inclusive no esportivo: nas últimas Paraolimpíadas,conquistaram muito mais medalhas que os nossosatletas brasileiros ditos "normais"... Essas pessoastêm se destacado na música, nas artes plásticas,na literatura e na dança.

Isso indica que há um processo social em curso,denominado "inclusão": de um lado, a sociedadeestá percebendo a existência de pessoas idosas ede pessoas com deficiência e começando a se orga-nizar para acolhê-las e, de outro, as próprias pes-soas com deficiência, assim como os idosos,começam a se mostrar, a reivindicar seus espaços ea exercer seu papel de cidadãos.

Como todo processo social, este também é com-plexo e acontece de forma gradual. Afinal, paraque a inclusão aconteça, é preciso modificar sécu-los de história e preconceitos, e isso não acontecede um dia para o outro.

A vida de um homem é resultado do meio em queele existe, das leis, dos costumes e das instituiçõesadotadas pela comunidade à qual ele pertence.Então, não adianta que nós reivindiquemos direitosao Estado, se não convivemos numa comunidadeonde todos não se tratam com justiça.

Dessa forma, nunca haverá tribunais suficientespara resolver nossas causas, porque cada um de

nós trapaceia o outro assim que puder. Isso não éuma convivência justa. E assim, como escreveuKant, "se a justiça desaparece, é coisa sem valor ofato de os homens viverem na Terra".

Ser injusto por amor é ser injusto – e o amor nãoé mais que favoritismo ou parcialidade. Ser injus-to para sua própria felicidade ou para a felici-dade da humanidade é ser injusto – e a felici-dade nada mais é que egoísmo ou conforto. Ajustiça é aquilo sem o que os valores deixariamde ser valores (não seriam mais que interesses),ou não valeriam nada.

E o que é a moral? Para que uma pessoa sejamoral é preciso que ela legitime intimamente aregra. Se a pessoa não mata apenas porque podeser presa, ela não tem um comportamento moral.Entretanto, se ela não mata porque está intima-mente convencida de que é errado matar, então amoral venceu.

O essencial? Ah! O essencial éa liberdade de todos, adignidade de cada um e os direitos, primeira-mente, do outro. Ajustiça é a igualdade,mas a igualdade dosdireitos, sejam elesjuridicamenteestabelecidos ou moralmenteexigidos.

Editorial

""FFeelliizzeess ooss ffaammiinnttooss ddee JJuussttiiççaa,, qquuee nnuunnccaa sseerrããoo ssaacciiaaddooss!!"" ((AAnnddrréé CCoommttee--SSppoonnvviillllee))

Para o filósofo francês Paul Ricoeur, a felicidade só existe ccoomm oo oouuttrroo, o que significa cooperação;ppaarraa oo oouuttrroo, o que significa generosidade, e em iinnssttiittuuiiççõõeess jjuussttaass, que implica recuperar adimensão política (um mundo justo). Dificilmente poderemos ser de fato felizes – com uma

certa dignidade –, se estivermos em um mundo injusto.

Sandra deOliveira JuliãoPPrroommoottoorraa ddee JJuussttiiççaa ddoo MMPPDDFFTT

Foto

: Jo

sé E

vald

o V

ilela

Page 4: Foto: Karen Rukat - MPDFT · conquistaram muito mais medalhas que os nossos atletas brasileiros ditos "normais"... Essas pessoas ... Dessa forma, nunca haverá tribunais suficientes

O mal do séculoAA vviioollêênncciiaa ffaammiilliiaarr ccoonnttrraa iiddoossooss éé uumm pprroobblleemmaa nnaacciioonnaall eeiinntteerrnnaacciioonnaall.. PPeessqquuiissaass eemm vváárriioossppaaíísseess iinnddiiccaamm qquuee aa mmaaiioorriiaa ddoossaaggrreessssoorreess ssããoo ffiillhhooss oouu ccôônnjjuuggeess

Saúde do idosoCCeerrccaa ddee 3300%% ddaa aattiivviiddaaddee ddee uumm ggeerriiaattrraa éé ccuuiiddaarr ddee ddeepprreessssããoo.. MMaass aaddooeennççaa ddee mmaaiioorr pprreevvaallêênncciiaa aaiinnddaa éé aa hhiippeerrtteennssããoo aarrtteerriiaall

Rede de proteçãoTTooddaass aass iinnffoorrmmaaççõõeess ssoobbrree ooss sseerrvviiççooss ddee aatteennddiimmeennttoo aaoo iiddoossoo eessttaarrããoocceennttrraalliizzaaddaass nnaa RReeddee NNaacciioonnaall ddee PPrrootteeççããoo ee DDeeffeessaa ddaa PPeessssooaa IIddoossaa

Rompendo a barreira do somPPaaddrree JJoosséé:: aavvôô,, ppaaii ee ttiioo ddeecceenntteennaass ddee ccrriiaannççaass aatteennddiiddaass nnooCCeennttrroo EEdduuccaacciioonnaall ddaa AAuuddiiççããoo eeLLiinngguuaaggeemm ((CCEEAALL))

Envelhecer? Sorrir e chorarOO eessccrriittoorr ee ppooeettaa mmiinneeiirroo AAllllaann VViiggggiiaannoo nnooss eennssiinnaa,, eemm ssaabboorroossaaccrrôônniiccaa,, ccoommoo eennvveellhheecceerr bbeemm

Institucionalização do idoso e moradia dignaMMuuiittooss iiddoossooss ppooddeerriiaamm eessttaarr mmoorraannddoo ccoomm aa ffaammíílliiaa.. EEnnttrreettaannttoo,, ssããooiinntteerrnnaaddooss ppeellooss pprróópprriiooss ppaarreenntteess eemm aabbrriiggooss,, lloonnggee ddoo ccoonnvvíívviioo ffaammiilliiaarr

A igualdade é a regra de ouroAA lleeggiissllaaççããoo bbrraassiilleeiirraa rreeffeerreennttee àà aacceessssiibbiilliiddaaddee ppaarraa ppeessssooaass iiddoossaass ee ccoommddeeffiicciiêênncciiaa éé bbeemm aabbrraannggeennttee.. MMaass nnããoo tteemm ssiiddoo aapplliiccaaddaa ccoommoo ddeevvee

Foto: José Evaldo Vilela

Foto

: Jo

sé E

vald

o V

ilela

Page 5: Foto: Karen Rukat - MPDFT · conquistaram muito mais medalhas que os nossos atletas brasileiros ditos "normais"... Essas pessoas ... Dessa forma, nunca haverá tribunais suficientes

Sumário

Aquisição de veículoscom isenção detributosNNuumm ppaaííss oonnddee oo ssiisstteemmaa ddeettrraannssppoorrttee éé pprreeccáárriioo,, aa ccoommpprraa ddeeuumm vveeííccuulloo eessppeecciiaall éé uummaaiimmppoorrttaannttee ccoonnqquuiissttaa ppaarraa ppeessssooaassccoomm ddeeffiicciiêênncciiaa

Assistência social em transiçãoOO SSiisstteemmaa ÚÚnniiccoo ddee AAssssiissttêênncciiaa SSoocciiaall ((SSUUAASS)) rreeúúnnee sseerrvviiççooss,, pprrooggrraammaass eebbeenneeffíícciiooss ppaarraa cceerrccaa ddee 5500 mmiillhhõõeess ddee bbrraassiilleeiirrooss

Viver seu tempoAAss aattiivviiddaaddeess ddeesseennvvoollvviiddaass ccoomm ggrruuppooss ddee iiddoossooss nnoo SSEESSCC--DDFF ppeerrmmiitteemmrreeccoonnhheecciimmeennttoo ssoocciiaall,, ssaattiissffaaççããoo ee mmeellhhoorr qquuaalliiddaaddee ddee vviiddaa ppaarraa aass ppeessssooaass

Violência domésticaOO uussoo aabbuussiivvoo ddee ssuubbssttâânncciiaassppssiiccooaattiivvaass ppoorr iiddoossooss éé uummddeessaaffiioo ppaarraa aa ssaaúúddee ppúúbblliiccaa

Ministério Público sem mistérioIInnssttiittuuiiççããoo ppeerrmmaanneennttee,, eesssseenncciiaall àà ffuunnççããoo jjuurriissddiicciioonnaall ddoo EEssttaaddoo,, oo MMPP tteemmccoommoo iinnccuummbbêênncciiaa aa ddeeffeessaa ddaa oorrddeemm jjuurrííddiiccaa,, ddoo rreeggiimmee ddeemmooccrrááttiiccoo ee ddoossiinntteerreesssseess ssoocciiaaiiss

Inclusão digitalOO TTeelleecceennttrroo AAcceessssíívveell TTaagguuaattiinnggaa pprroommoovvee aa iinncclluussããoo ddiiggiittaall ddee ppeessssooaass ccoomm ddeeffiicciiêênncciiaa vviissuuaall,, aauuddiittiivvaa,, mmeennttaall ee ffííssiiccaa

Foto

: Jo

sé E

vald

o V

ilela

Foto

: Pho

toD

isc (a

rqui

vo V

ia B

rasíl

ia)

Page 6: Foto: Karen Rukat - MPDFT · conquistaram muito mais medalhas que os nossos atletas brasileiros ditos "normais"... Essas pessoas ... Dessa forma, nunca haverá tribunais suficientes

6Reviva Ano 3 - 2006 - PRODIDE

Page 7: Foto: Karen Rukat - MPDFT · conquistaram muito mais medalhas que os nossos atletas brasileiros ditos "normais"... Essas pessoas ... Dessa forma, nunca haverá tribunais suficientes

Reviva Ano 3 - 2006 - PRODIDE7

Foto

: Ka

ren

Ruka

t

Page 8: Foto: Karen Rukat - MPDFT · conquistaram muito mais medalhas que os nossos atletas brasileiros ditos "normais"... Essas pessoas ... Dessa forma, nunca haverá tribunais suficientes

8Reviva Ano 3 - 2006 - PRODIDE

violência contra idosos é um fenômeno denotificação recente no mundo e no Brasil.Pela primeira vez, em 1975, os abusos de

idosos foram descritos em revistas científicas britâni-cas como espancamento de avós (Baker, 1975). NoBrasil, a questão começou a ganhar visibilidade a par-tir de 1990, bem depois que a preocupação com aqualidade de vida dos idosos entrou na agenda dasaúde pública brasileira. Por isso, ainda que as infor-mações quantitativas e circunstanciadas avolumem-se a partir de agora, por causa da obrigatoriedade danotificação de maus-tratos prevista a partir doEstatuto do Idoso, o que se pode comprovar é que amagnitude deste triste fato é muito mais extensa doque se poderia prever.

O custo médio pago pelo SUS pelas internaçõeshospitalares de idosos por causas relacionadas a aci-dentes e violências, em 2004, foi de R$ 1.069,80 porpessoa, com tempo médio de internação de seis asete dias. As cifras e a média de dias de hospitaliza-ção estão muito acima do que o SUS gasta com ostratamentos de seqüelas de acidentes e violências dapopulação em geral: R$ 714,71 e cinco dias de inter-nação. A mortalidade dos idosos que se internam emconseqüência de acidentes e violências também émuito mais elevada (5,42%/100.000) do que napopulação em geral (2,6 %/100.000).

Por mais que impressione a magnitude dosnúmeros relativos aos 14.973 idosos mortos por vio-lências e acidentes (cerca de 41 pessoas por dia) em2002, e os 108.160 (cerca de 296 por dia) que foraminternados por lesões e violências no mesmo período,os maus-tratos contra os idosos são em númeromuito mais elevados. Portanto, os dados estatísticossão apenas a ponta do iceberg de uma cultura rela-cional agressiva, de conflitos intergeracionais, denegligências familiares e institucionais.

Dentre as várias formas de violência confirmadaspor várias instituições, mas cujos registros são aindamuito fragmentados, destacam-se:

• Abusos financeiros e econômicos, que constituema queixa mais comum nas delegacias, SOS idosose em promotorias especializadas do MinistérioPúblico. Referem-se, sobretudo, a disputas pelaposse de bens dos idosos ou a dificuldades finan-ceiras das famílias em arcar com a sua ma-nutenção. Geralmente, são cometidos por fami-liares, em tentativas de forçar procurações quelhes dêem acesso a bens patrimoniais dos velhos;na realização de vendas de bens e imóveis sem oseu consentimento.

• Abusos financeiros por parte do próprio Estadoquando frustra expectativa de direitos ou se omitena garantia desses direitos, como as dificuldadesrelacionadas a aposentadorias, pensões e con-cessões devidas. Isso ocorre também com empre-sas de comércio e prestadoras de serviços, sobre-tudo bancos e lojas. Os campeões das queixas dosidosos são os planos de saúde por aumentos abu-sivos e por negativas de cobertura de determina-dos serviços essenciais; estelionatários e outrosabusadores que tripudiam sobre sua vulnerabili-dade física e econômica em agências bancárias,caixas eletrônicos, nas lojas, na rua, nas travessiasou nos transportes.

• A violência estrutural que vitima os idosos é resul-tante da desigualdade social, da penúria provo-cada pela pobreza e pela miséria e da discrimi-nação que se expressa de múltiplas formas. NoBrasil, apenas 25% dos idosos aposentados vivemcom três salários mínimos ou mais. Portanto, amaioria deles é pobre e muitos são miseráveis.Embora a questão social seja um problema muitomais amplo do que o que aflige os mais velhos,eles são o grupo mais vulnerável (junto com ascrianças) pelas limitações da idade, pelasinjunções das histórias de perdas e por problemasde saúde e de dependência.

• A violência institucional no Brasil ocupa um capí-tulo muito especial, sobretudo nas instituiçõespúblicas de prestação de serviços e nas entidadespúblicas e privadas de longa permanência deidosos. No nível das instituições de prestação deserviços, as de saúde, assistência e previdênciasocial (as que pela Constituição configuram os

A

A prevalência de demências

duplica a cada dez anos de

idade, ou seja, entre 80 e 90

anos é duas vezes maior do

que entre 70 e 80

Page 9: Foto: Karen Rukat - MPDFT · conquistaram muito mais medalhas que os nossos atletas brasileiros ditos "normais"... Essas pessoas ... Dessa forma, nunca haverá tribunais suficientes

Violência contra idosos

instrumentos da seguridade social) são campeãsde queixas e reclamações nas delegacias e pro-motorias de proteção aos idosos. Além de, fre-qüentemente, a assistência ser exercida por umaburocracia impessoal que reproduz a cultura dediscriminação por classe, por gênero e por idade,a maioria dos serviços públicos não estão equipa-dos nem possuem pessoas preparadas e emnúmero suficiente para o atendimento aos idosos.

• Muitas instituições de longa permanência repro-duzem abusos, maus-tratos e negligências quechegam a produzir mortes, incapacitações e aacirrar processos mentais de depressão e demên-cia. Em muitos asilos e clínicas, mesmo em esta-belecimentos públicos ou conveniados com oEstado, freqüentemente, as pessoas são mal-tratadas, despersonalizadas, destituídas de qual-quer poder e vontade, faltando-lhes alimentação,higiene e cuidados médicos adequados. Noentanto, quase inexiste a necessária vigilância e

fiscalização desses estabelecimentos, a não serquando ocorre um escândalo ou alguma denún-cia intensamente alardeada pela imprensa.

• A violência familiar contra idosos é um problemanacional e internacional. Pesquisas feitas em váriaspartes do mundo revelam que cerca de 2/3 dosagressores são filhos e cônjuges. Existem duas for-mas de abuso mais freqüentes nas famílias: as negligências em relação a suas necessidades especí-ficas quanto ao ambiente e as relacionais. Noprimeiro caso, apesar de 26% dos lares brasileiroshoje contarem com pelo menos um idoso, poucascasas estão materialmente adaptadas a ele. O resul-tado disso é que a maioria das quedas que levam à

Foto

: Jo

sé E

vald

o V

ilela

Page 10: Foto: Karen Rukat - MPDFT · conquistaram muito mais medalhas que os nossos atletas brasileiros ditos "normais"... Essas pessoas ... Dessa forma, nunca haverá tribunais suficientes

morte ou internações (fato constatado nos dadoscitados anteriormente) ocorre nos lares. Hoje, já setem um perfil do abusador de idosos. Por ordemde freqüência, estão em primeiro lugar os filhoshomens; em segundo lugar, as noras e os genros e,em terceiro, o cônjuge. A caracterização do agressorrevela alguns perfis e circunstâncias: ele vive namesma casa que a vítima; é um filho(a) dependentefinanceiramente de seus pais de idade avançada; éum familiar que responde pela manutenção do idososem renda própria e suficiente; é um abusador deálcool e drogas ou alguém que pune o idoso usuáriodessas substâncias; é alguém que se vinga do idosoque com ele mantinha vínculos afetivos frouxos, queabandonou a família ou foi muito agressivo e violen-to no passado; é um cuidador com problema de iso-lamento social ou de transtornos mentais.

UUmm ppllaannoo nnaacciioonnaall

Concebido como instrumento que reforça os obje-tivos de implementação da Política de Promoção eDefesa dos Direitos da População Idosa do Brasil, comfoco no respeito, tolerância e convivência intergera-cional, o Plano de Ação para o Enfrentamento daViolência Contra a Pessoa Idosa foi lançado noprimeiro semestre de 2005. A coordenação e imple-mentação do Plano está a cargo da Subsecretaria dePromoção e Defesa dos Direitos Humanos daSecretaria Especial de Direitos Humanos (SEDH), daPresidência da República. A monitoração e fiscaliza-ção é de responsabilidade do Conselho Nacional daPessoa Idosa (CNDI), que reúne 28 membros e temem sua composição, além de representantes ministe-riais, representantes da sociedade civil e de organis-mos atuantes na defesa dos direitos dos idosos.

O Plano foi elaborado pela Subsecretaria dePromoção e Defesa dos Direitos Humanos, quereuniu num Grupo de Trabalho Coordenador seterenomados especialistas de diferentes áreas, consul-tores e colaboradores: Cecília Minayo, Eugênia M.Silveira Rodrigues, João Carlos Martins, Jurilza Mariade B. Mendonça, Marcelo Antonio Salgado, PauloRoberto Barbosa Ramos e Roberto Costa Araújo.

OObbjjeettiivvoo ddoo ppllaannoo

Promover ações que levem ao cumprimento doEstatuto do Idoso (Lei 10.741, de 01/10/2003), quetratem do enfrentamento da exclusão social e detodas as formas de violência contra esse grupo social.

PPeerrííooddoo

O Plano está concebido para ser executado emdois anos, durante os quais seu monitoramento de-verá permitir correção de rumos e sua ampliação porum período subseqüente.

AAççõõeess

Dentre as propostas para 2006/2008 estão:implementação da Rede Nacional de Proteção eDefesa dos Direitos da Pessoa Idosa; conclusão dolevantamento das instituições de longa permanência,feito pela SEDH em convênio com o IPEA (Instituto dePesquisa Econômica Aplicada) e parceria com oMinistério do Desenvolvimento Social e Combate àFome; proposta de políticas que visem a uma maiorparticipação do idoso no desenvolvimento do Brasil;implantação do Plano Nacional de Combate àViolência Contra o Idoso; propostas citadas na I Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa ena II Assembléia Mundial do Envelhecimento.

10Reviva Ano 3 - 2006 - PRODIDE

RReepprreesseennttaanntteess ddaa ssoocciieeddaaddee cciivviill nnoo CCNNDDII ppaarraa aa ggeessttããoo ddee 22000066 aa 22000088

OOrrggaanniizzaaççõõeess ddee TTrraabbaallhhaaddoorreessConfederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura – CONTAG

OOrrggaanniizzaaççõõeess ddee EEmmpprreeggaaddoorreessConfederação Nacional do Comércio – CNC

OOrrggaanniizzaaççããoo ddee AAppoosseennttaaddoossConfederação Brasileira de Aposentados e Pensionistas – COBAP

CCoonnsseellhhooss PPrrooffiissssiioonnaaiissConselho Federal de Serviço Social – CFESS

OOrrggaanniizzaaççõõeess ddaa CCoommuunniiddaaddee CCiieennttííffiiccaaSociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia – SBGG

Associação Nacional de Gerontologia – ANG

OOrrggaanniizzaaççõõeess ddee EEdduuccaaççããoo,, LLaazzeerr,, CCuullttuurraa,, EEssppoorrttee ee TTuurriissmmooServiço Social do Comércio – SESC

Associação Brasileira de Clubes da Melhor Idade – ABCMI

OOrrggaanniizzaaççõõeess ddee DDeeffeessaa ddee DDiirreeiittoossOrdem dos Advogados do Brasil – OAB

Associação Nacional dos Defensores Públicos – ANADEPAssociação Nacional dos Membros do Ministério Público de Defesa

dos Direitos dos Idosos e Pessoas com Deficiência – AMPID

OOrrggaanniizzaaççõõeess ddee AAssssiissttêênncciiaa SSoocciiaallCentro Interdisciplinar de Assistência e Pesquisa em

Envelhecimento – CIAPEPastoral do Idoso

Federação Nacional das APAEs

Violência contra idosos

Page 11: Foto: Karen Rukat - MPDFT · conquistaram muito mais medalhas que os nossos atletas brasileiros ditos "normais"... Essas pessoas ... Dessa forma, nunca haverá tribunais suficientes

BPC

Reviva Ano 3 - 2006 - PRODIDE11

Uma conquista de proteção social

Informações detalhadas sobre o BPCSSeeccrreettaarriiaa NNaacciioonnaall ddee AAssssiissttêênncciiaa SSoocciiaall// MMDDSS

FFoonneess:: ((00****6611)) 33331133--11117788 // 33331133--11442200 FFaaxx:: ((00****6611)) 33222255--33333300

AAoo ccoommpplleettaarr uummaaddééccaaddaa ddee aattuuaaççããoo,, oo

BBeenneeffíícciioo ddee PPrreessttaaççããooCCoonnttiinnuuaaddaa ((BBPPCC))

ggaarraannttee uumm ssaalláárriioommíínniimmoo mmeennssaall ppaarraa

mmaaiiss ddee 22,,55 mmiillhhõõeess ddeebbrraassiilleeiirrooss

ste benefício tem endereçocerto: são portadores dedeficiência ou idosos acima

de 65 anos, que comprovada-mente não têm condições demanter a si próprio nem de sermantidos por suas famílias. Emambos os casos, a renda per capi-ta familiar deve ser inferior a ¼do salário mínimo.

E quem são esses beneficiá-rios? Como demonstrado no grá-fico ao lado, numa amostra de 60mil beneficiários idosos, realizadaem março de 2006, mais dametade concentra-se na faixa dos70 aos 79 anos de idade (56%).

No caso dos deficientes, tam-bém com base numa mostra de 60mil atendidos, são maioria os queestão na faixa de 25 a 45 anos,embora seja alta a concentraçãode quem tem 46 a 64 anos deidade. A deficiência mental é a demaior incidência (31%), mas háum dado importante: 86% dosportadores de deficiência assistidospelo BPC vivem com a família eapenas 10% moram sozinhos. Esteé apenas um pequeno quadro deum cenário muito maior, diversifi-cado e ainda não totalmente co-nhecido da maioria dos brasileiros.

E

Page 12: Foto: Karen Rukat - MPDFT · conquistaram muito mais medalhas que os nossos atletas brasileiros ditos "normais"... Essas pessoas ... Dessa forma, nunca haverá tribunais suficientes

O contingente de idosos brasileiros

começa a ultrapassar a marca dos

dez por cento da população.

No Distrito Federal, o índice

chega a 5%. Fenômeno recente,

o envelhecimento populacional

implica em mudanças de

comportamento e de hábitos

muito arraigados

na convivência

com o idoso

12Reviva Ano 3 - 2006 - PRODIDE

Foto

: Jo

sé E

vald

o V

ilela

Page 13: Foto: Karen Rukat - MPDFT · conquistaram muito mais medalhas que os nossos atletas brasileiros ditos "normais"... Essas pessoas ... Dessa forma, nunca haverá tribunais suficientes

geriatra Sabri Lakhdari, 36 anos, chefe doAmbulatório de Geriatria e Gerontologia doHospital Regional da Asa Norte (HRAN), em

Brasília, é professor do Hospital Universitário deBrasília (HUB), coordena o Programa de AssistênciaIntegral à Saúde do Idoso (Regional Norte) e é pre-sidente da Sociedade Brasileira de Geriatria eGerontologia/SBGG-Seção DF. Lakhdari sabia dasdificuldades de atuar nesta área no Brasil, masmesmo antes de obter o diploma de Medicina naUniversidade de Brasília (UnB) decidiu se especializarem Geriatria. Para isso teria ainda pela frente doisanos de Residência em Clínica Médica. Ele consta-tou, como todo recém-formado, que havia poucasvagas em Geriatria nos melhores hospitais. Por issooptou pela Universidade de Paris, onde se especiali-zou. Voltou em 2001 e em 2002 participou doprimeiro concurso da Secretaria de Saúde do DistritoFederal para esta especialidade. Em 2003, ingressoucomo geriatra.

Há três anos, ao chegar ao HRAN, o atendimentoaos idosos era restrito a uma única sala. Aos poucosele conseguiu reunir uma equipe de nutricionista,enfermeira, psicólogo e fonoaudióloga e montou oAmbulatório de Geriatria e Gerontologia, numespaço adequado com três salas de consulta, umasecretaria e uma sala para reuniões com pacientes efamiliares. Lakhdari e sua equipe enfrentam, noentanto, muitos desafios: o maior deles é o excessode demanda por consultas. Para que o ambulatórionão seja sobrecarregado com atendimentos de clíni-ca médica ou consultas de prevenção – que devemser realizados no nível de atendimento primário, ouseja, nos postos e centros de saúde –, ele e suaequipe preparam um novo sistema de triagem.

Segundo Lakhdari, a maior recompensa no atendi-mento a idosos é ver os pacientes e suas famílias maistranqüilos, lidando melhor com a situação, com me-lhor qualidade de vida para todos. Para ele, a grandealegria de um médico é quando resolve a situação dopaciente. As agruras e as alegrias de sua rotinaprofissional estão nesta entrevista. Ele analisaquestões que reclamam soluções não só no âmbitoda própria medicina, mas especialmente no atendi-mento à saúde do idoso no Distrito Federal.

ODos cerca de 180 mil

médicos no país, pouco mais

de 580 são geriatras e 40%

destes estão concentrados

em São Paulo

Entrevista

Reviva Ano 3 - 2006 - PRODIDE13

RReeVViivvaa -- AA rreeddee iinnssttiittuucciioonnaall ddee aatteennddiimmeenn--ttoo mmééddiiccoo eessppeecciiaalliizzaaddoo aaooss iiddoossooss tteemmccoonnsseegguuiiddoo ffuunncciioonnaarr ssaattiissffaattoorriiaammeennttee??

LLaakkhhddaarrii - Lamento dizer que o Distrito Federalconta com apenas quatro geriatras concursados naSecretaria de Saúde, sendo que desses quatro, umestá atuando na área administrativa. O primeiroconcurso para geriatra na Secretaria de Saúde doDistrito Federal aconteceu apenas no ano de 2001.Até então, um médico concursado como Clínicoera responsável pela área. O que provocou a açãoda Secretaria quanto ao atendimento especializadoao idoso? Um paciente questionou na Justiça ofato de ter de se deslocar de Brasília a Goiâniaquando precisou de atendimento geriátrico per-manente na rede pública. O resultado da deman-da: a Secretaria de Saúde foi obrigada a incluir aespecialidade de Geriatria em seus concursospúblicos. O segundo concurso aconteceu em2005, mas ofereceu apenas uma vaga.

RReeVViivvaa -- PPoorr qquuee aa ddiisscciipplliinnaa ddee GGeerriiaattrriiaannããoo tteemm ssiiddoo ooffeerreecciiddaa nnooss ccuurrrrííccuullooss ddaassffaaccuullddaaddeess ddee MMeeddiicciinnaa??

LLaakkhhddaarrii - É uma especialidade nova, mas todasas instituições que atuam no âmbito da geria-tria e da gerontologia fazem pressão para queisso aconteça, porque atualmente médicos tor-nam-se geriatras da noite para o dia. É precisoalertar os idosos para o fato de que, no Distrito

Page 14: Foto: Karen Rukat - MPDFT · conquistaram muito mais medalhas que os nossos atletas brasileiros ditos "normais"... Essas pessoas ... Dessa forma, nunca haverá tribunais suficientes

Federal, estão inscritos no Conselho Federal deMedicina (CFM) catorze geriatras. Significa queapenas estes são, por enquanto, os que podemse intitular geriatras, pois cumpriram as exigên-cias e os critérios do CFM. Os familiares doidoso devem buscar informações no próprio sitedo CFM (http://www.portalmedico.org.br/index.asp?opcao=pesqmedcrm&portal) antes de con-sultar algum geriatra. É uma situação com aqual a população tem de tomar cuidado. NoDistrito Federal, atuam cerca de cinqüenta geri-atras, dos quais apenas 1/3 são realmentecapacitados. A maioria não possui formaçãoespecífica na área, o que pode expor os idososa riscos. A diferença entre a clínica médica e ageriatria é que na clínica médica o pacienteadulto busca consulta por causa de um proble-ma principal. Na geriatria o idoso é portador devárias doenças. O ideal é o atendimento feitopor uma equipe multi e interprofissional de geri-atria e gerontologia. A gerontologia englobatodas as áreas que estudam o envelhecimento.Enfermeiros, assistentes sociais, psicólogos, fisio-terapeutas, nutricionistas, arquitetos, podem espe-cializar-se em gerontologia.

RReeVViivvaa -- CCoommoo tteemm ssiiddoo oo aacceessssoo aaoossmmeeddiiccaammeennttooss nnaa rreeddee ppúúbblliiccaa??

LLaakkhhddaarrii - Os medicamentos utilizados paratratamento de algumas doenças como o Mal deAlzheimer estão disponíveis na Farmácia de Alto-Custo, o que é uma medida muito importante

porque eles são caros, chegam a custar cerca detrezentos reais. E a maioria dos nossos pacientesnão teria como arcar com este custo. Por outrolado, ainda estamos lutando contra algumas difi-culdades burocráticas e administrativas. Uma dasfalhas é a falta de informação do pessoal queatende na farmácia de Alto-Custo, no HDB. Essesprofissionais não têm tido um bom treinamentopara atender idosos, o que dificulta a vida dosfamiliares. Há ainda uma grande falha de comuni-cação entre as diversas unidades da rede pública

A prevalência de

demências duplica a cada

dez anos de idade, ou seja,

entre 80 e 90 anos é duas

vezes maior do que

entre 70 e 80

14Reviva Ano 3 - 2006 - PRODIDE

Foto

s: J

osé

Eval

do V

ilela

Page 15: Foto: Karen Rukat - MPDFT · conquistaram muito mais medalhas que os nossos atletas brasileiros ditos "normais"... Essas pessoas ... Dessa forma, nunca haverá tribunais suficientes

Entrevista

Reviva Ano 3 - 2006 - PRODIDE15

de saúde e isso acaba expondo os pacientesidosos e seus familiares a muitas idas e vindasdesnecessárias.

RReeVViivvaa -- IIssssoo aaccoonntteeccee ttaammbbéémm ccoomm ooss eexxaa--mmeess aa sseerreemm rreeaalliizzaaddooss??

LLaakkhhddaarrii - Nossos idosos têm enfrentado muitasdificuldades também no acesso a exames. Para quese possa fazer um bom diagnóstico precisamos deexames. Mas aqui no HRAN, por exemplo, o tomó-grafo está constantemente em manutenção.Outros exames, que são inclusive exigidos até paraliberação dos medicamentos mais caros, nãotêm sido acessíveis na rede pública. Umdeles é o TSH, extremamente necessáriopara os exames de hipotireoidismo. Trata-se de um exame simples mas bas-tante solicitado e que hoje nem oHospital de Base está realizando.Então, se o paciente tiver con-dições de fazer o exame fora darede pública, ótimo. Se não, poderáficar sem tratamento. Neste sentido,quase tudo ainda está por ser feito etemos alertado as autoridades daSecretaria de Saúde sobre isso.

RReeVViivvaa -- QQuuee ttiippooss ddee ddooeennççaass ssããoo mmaaiiss ffrreeqqüüeenntteess nnoo iiddoossoo??

LLaakkhhddaarrii -- Cerca de 30% da atividadede um geriatra é tratar de depressão,demência e outras doenças neuropsiquiátricas, comoo mal de Parkinson e o Mal de Alzheimer. Mas adoença de maior prevalência em idosos ainda é ahipertensão arterial, que pode ser uma das causas dadiabetes. Pelo menos 10% dos pacientes idososdevem ser diabéticos. O paciente idoso chega aomédico com várias doenças concomitantes. Éhipertenso, diabético, tem artrose, ou um problemaurinário ou catarata, dificuldade de audição, enfim,todas elas ao mesmo tempo. Mas podem sertratadas e acompanhadas por um clínico, sãodoenças que podem ser tratadas no nível primário,inclusive existem programas de diabetes e dehipertensão na rede pública. Às vezes, por equívoco,um médico de um Centro de Saúde envia pacientesportadores de diabetes ou hipertensão para acom-panhamento aqui no ambulatório. Isso nos sobrecar-

rega sem necessidade. Não é o caso de portadores deAlzheimer, que requerem obrigatoriamente um geriatra. O que faz um geriatra? Analisa pacientesportadores de múltiplas doenças ao mesmo tempo,o que obriga a um cuidado muito grande em nãoagravar o quadro das outras doenças ao tratar deuma delas. No cotidiano do atendimento geriátrico,há também toda a parte de neuropsiquiatria. Aprevalência de demências duplica a cada dez anos deidade do paciente, ou seja, entre 80 e 90 anos aprevalência é duas vezes maior do que entre 70 e 80anos e assim por diante. Por isso a idade ainda é omaior fator de risco para o desenvolvimento de uma

síndrome demencial. Estudos mostram que até40% dos maiores de 90 anos possuem

uma síndrome demencial. O quetambém significa que 2/3 sãosaudáveis. Mas há o risco do quechamamos de subdiagnóstico:sob os rótulos pejorativos de

"esclerosado", "caduco" ou "esqueci-do" pode estar uma demência e o

idoso deve ser encaminhado a umespecialista para tratamento. Osmedicamentos podem diminuir aincidência desses comportamentos e

reduzir a velocidade da pro-gressão da doença, embora nãocurem, mas oferecem ao idosomelhor qualidade de vida. Outra

coisa muito subdiagnosticada é adepressão, e isso por causa do pre-

conceito. As pessoas acham “normal”que o idoso não saia mais de casa, não

tenha mais interesse em nada, prefira ficar quie-to num canto, apático. Isso é depressão, precisa sertratada e os medicamentos nestes casos têm sidobastante eficazes. A demência de Corpus de Lewy éa causa mais freqüente de internação por demênciadepois do Alzheimer. Os pacientes sofrem perda dememória, desorientação e dificuldades de comuni-cação associadas com a doença de Alzheimer.Também podem desenvolver sintomas do Mal deParkinson, incluindo lentidão, rigidez corporal,tremores, perda de expressão facial e mudanças naforça e tonalidade da voz.

RReeVViivvaa -- OO qquuee éé aa ssíínnddrroommee ddeemmeenncciiaall??

LLaakkhhddaarrii - Existe uma grande falta de conhecimentosobre as doenças demenciais. As pessoas achamnormal que um idoso “esqueça” coisas, fale sozinho

Page 16: Foto: Karen Rukat - MPDFT · conquistaram muito mais medalhas que os nossos atletas brasileiros ditos "normais"... Essas pessoas ... Dessa forma, nunca haverá tribunais suficientes

ou fale muito. É alto o grau de desconhecimento porparte da maioria dos profissionais de saúde, inclusiveneurologistas e psiquiatras, na área de distúrbioscognitivos como Alzheimer e demência. A síndromedemencial é um conjunto de sinais e sintomas quepode ter várias etiologias, várias origens diferentes. Épor isso que se exige uma avaliação especializadapara averiguar se é a doença de Alzheimer ou outrademência muitas vezes não reconhecida. O Corpusde Lewy, por exemplo, é a segunda maior causa dedemência degenerativa depois da doença deAlzheimer. Uma outra causa de demência são osproblemas vasculares. Muitas das queixas de falta dememória não correspondem a uma síndromedemencial e sim a uma depressão ou a hipertiroidis-mo e outras doenças que precisam ser corretamentereconhecidas. Por tudo isso estamos tentando me-lhorar muito os critérios de encaminhamento doidoso ao nosso Ambulatório aqui no HRAN. Temosexcesso de demanda e atualmente nossa preocu-pação é conseguir aperfeiçoar os critérios de enca-minhamento do idoso.

RReeVViivvaa -- QQuuaannddoo oo iiddoossoo aapprreesseennttaa mmaaiiss ddeeuummaa ddooeennççaa ffiiccaa mmaaiiss ddiiffíícciill iinnddiiccaarr oossmmeeddiiccaammeennttooss??

LLaakkhhddaarrii - Nesse caso o paciente deve ser encami-nhado apenas a um geriatra, um clínico não temespecialização para isso. Temos de tentar mini-mizar a iatrogenia – iatro significa 'médico', emgrego, e genia significa 'o que gera' – ou seja,todos os problemas decorrentes da prescriçãomédica. A iatrogenia pode ser absolutamente aci-dental (como um tipo de alergia que ninguémpode prever), mas na maioria dos casos pode serprevenida por uma boa análise dos medicamentosque o paciente toma e o reconhecimento de inte-rações medicamentosas e da incompatibilidade demedicamentos. Não é raro chegar ao ambulatórioum paciente usando dois medicamentos, sendoque um provoca efeito exatamente contrário,oposto ao outro. Um anula o efeito do primeiro.Por exemplo, o medicamento para o Alzheimervisa a aumentar a quantidade de uma substânciano cérebro, denominada Acetilcolina. Simplifi-cando: é uma molécula que está para a memóriaassim como a serotonina está para o humor. E hácasos em que o paciente usa este medicamentoem conjunto com um antidepressivo prescrito deforma totalmente equivocada.

RReeVViivvaa -- AAss ffaammíílliiaass ddee iiddoossooss rraarraammeenntteettêêmm iinnffoorrmmaaççõõeess ssuuffiicciieenntteess ssoobbrree aassddooeennççaass ee oo mmooddoo ddee ttrraattaarr oo iiddoossoo.. CCoommoossuuppeerraarr eessttaa ddeessiinnffoorrmmaaççããoo??

LLaakkhhddaarrii - Um paciente com uma síndrome demen-cial pode ter distúrbios de comportamento, alémdos problemas de memória. Se a família nãoentende que isso é uma doença acaba brigandocom o idoso, maltratando-o, o que não se podepermitir. Toda esta questão de como cuidar doidoso doente se insere na questão da violência con-tra os idosos. Por exemplo, a iatrogenia passiva éuma forma de violência contra o idoso. Sãonumerosos os casos em que as famílias argumen-tam: “Operar? Para quê? Se ele já está muito velho,não vamos operar, não vale à pena”. Claro que aiatrogenia não deve ser confundida com risco cirúr-gico, aí sim, será uma decisão a ser discutida como paciente e seus familiares em função do estadoclínico do paciente. Mas não é a idade que devedefinir se um idoso precisa ou não ser operado.Mesmo que não seja totalmente curativa, umacirurgia pode aumentar a qualidade e estender otempo de vida do paciente. Médicos, familiares eprofissionais que atuam na área de saúde muitasvezes caem na iatrogenia passiva, inadvertida-mente. Temos procurado esclarecer e informar aomáximo sobre questões como estas, ligadas direta-mente a uma forma invisível de violência contra osidosos. Por outro lado, em relação à família e àprópria sociedade, é necessária uma mudança decomportamento, de cultura, em relação ao idoso.Para melhorar um pouco mais o grau de saúde dapopulação idosa temos promovido reuniões com acomunidade, informando quais são os diferentes

16Reviva Ano 3 - 2006 - PRODIDE

Muitas das queixas de

falta de memória não

correspondem a uma

síndrome demencial e sim

a uma depressão ou a

hipertireoidismo

Page 17: Foto: Karen Rukat - MPDFT · conquistaram muito mais medalhas que os nossos atletas brasileiros ditos "normais"... Essas pessoas ... Dessa forma, nunca haverá tribunais suficientes

tipos de demências como o Mal de Alzheimer, ecomo lidar com elas. Mas temos muito ainda afazer. Aqui no ambulatório poderíamos atuar me-lhor nesse sentido, se conseguíssemos contar naequipe com mais profissionais de outras áreascomo assistente social, fisioterapeuta e terapeutaeducacional.

RReeVViivvaa -- HHáá oouuttrrooss ttiippooss ddee vviioollêênncciiaa nneessttaaáárreeaa ddaa ssaaúúddee??

LLaakkhhddaarrii - A violência contra o idoso é uma situa-ção extremamente complexa, difícil de reconhecere difícil de solucionar porque raramente pode serdocumentada. Casos de violência física contraidoso são minoria, nem chegam aos 10%. Masdeixar de levar o idoso ao médico é uma forma deviolência. E quem é que vai reconhecer isso? Éinvisível. O paciente tem uma doença, precisa seravaliado e reavaliado pelo médico durante algumtempo, mas a família dá mais importância a seuscompromissos e deixa de levar o idoso a um exameou a uma consulta. Ou há casos em que os fami-liares deixam de comprar os medicamentos porquesão muito caros. E inclusive já partem do princípiode que o medicamento não vai adiantar. Há casostambém em que o paciente possui um imóvel emora com um dos filhos. O idoso poderia venderseu imóvel e com o dinheiro custear sua própriasobrevivência, comprando seus medicamentos.Acontece que os filhos não deixam vender. Isso éuma forma de violência freqüente e em todas asclasses sociais. A família não quer se desfazer dopatrimônio e deixa o idoso sem recursos para seusmedicamentos e exames. Nas reuniões que pro-movemos semanalmente com os familiares dospacientes tentamos passar uma outra visão deenfrentamento do problema do idoso. Alertar parao reconhecimento da doença. Mostrar que idososdevem ir sempre acompanhados à consulta,porque eles terão de anotar remédios, horários,exames e datas.

Entrevista

Reviva Ano 3 - 2006 - PRODIDE17

Geriatria do HRAN

Para marcar consulta no ambulatório deGeriatria do HRAN, o paciente deve:

• Ter mais de 60 anos.

• Solicitar uma consulta com o médico clínicodo Centro de Saúde mais próximo a suaresidência.

• Se o clínico considerar necessário, solicitarconsulta por meio de uma Ficha deAtendimento do Idoso, que é encaminhada aoHRAN via malote.

• Preencher os critérios de encaminhamento,para que sejam agendados no ambulatóriouma consulta e seu retorno.

• Apresentar distúrbios neuropsiquiátricos(como demência ou suspeita de declínio cognitivo, depressão e casos afins).

• Ou ser portador de múltiplas patologias comnecessidade de avaliação de equipe multidisci-plinar, composta por geriatra, enfermeira,psicólogo, nutricionista e fonoaudióloga.

Está na lei: ooss óórrggããooss ddaa aaddmmiinniissttrraaççããoo ppúúbblliiccaa ddiirreettaa,, iinnddiirreettaa ee ffuunnddaacciioonnaall,, aass eemmpprreessaasspprreessttaaddoorraass ddee sseerrvviiççooss ppúúbblliiccooss ee aass iinnssttiittuuiiççõõeess ffiinnaanncceeiirraass ddeevveemm ddaarr atendimento prioritário

aaooss iiddoossooss ee ààss ppeessssooaass ccoomm ddeeffiicciiêênncciiaa oouu ccoomm mmoobbiilliiddaaddee rreedduuzziiddaa.. IIssssoo qquueerr ddiizzeerr qquuee eessssaassppeessssooaass ttêêmm qquuee sseerr aatteennddiiddaass aassssiimm qquuee aaccaabbaarr qquuaallqquueerr aatteennddiimmeennttoo aanntteerriioorr..

Foto

: Jo

sé E

vald

o V

ilela

Page 18: Foto: Karen Rukat - MPDFT · conquistaram muito mais medalhas que os nossos atletas brasileiros ditos "normais"... Essas pessoas ... Dessa forma, nunca haverá tribunais suficientes

18Reviva Ano 3 - 2006 - PRODIDE

Rede de atençãoUUmmaa ddaass rreeccoommeennddaaççõõeess ddaa OONNUU,, oo eennvveellhheecciimmeennttoo aattiivvoo,,

ddeeppeennddee ddaa aaççããoo ddiirreettaa ddoo EEssttaaddoo aa qquueemm ccaabbee ggaarraannttiirr ddiirreeiittooss eeqquuaalliiddaaddee ddee vviiddaa aaooss iiddoossooss

Foto

: A

rqui

vo p

esso

al S

andr

a Ju

lião

Page 19: Foto: Karen Rukat - MPDFT · conquistaram muito mais medalhas que os nossos atletas brasileiros ditos "normais"... Essas pessoas ... Dessa forma, nunca haverá tribunais suficientes

ois eventos importantes para os idososbrasileiros marcaram 2006: a I ConferênciaNacional dos Direitos da Pessoa Idosa (23 a 26

de maio) e o IV Encontro Nacional de Conselhos deIdosos (11 e 12 de setembro), ambos realizados emBrasília. A Conferência elegeu como tema a cons-trução da Rede Nacional de Proteção e Defesa daPessoa Idosa (Renadi).

Para estruturar a rede, a conferência discutiu oitotemas: Ações para Efetivação dos Direitos da PessoaIdosa quanto à Promoção, Proteção e Defesa;Enfrentamento à Violência contra a Pessoa Idosa;Atenção à Saúde da Pessoa Idosa; Previdência Social;Assistência Social; Financiamento e OrçamentoPúblico para as Ações Necessárias à Efetivação dasPessoas Idosas; Educação, Cultura, Esporte e Lazer;Controle Social – O Papel dos Conselhos.

Cada tema gerou deliberações e a partir delasos municípios e estados vão começar a implemen-tar a infra-estrutura material e humana para darinício ao processo de implantação da Renadi. Estarede vai centralizar todo tipo de informações sobretodas as necessidades e demandas do idoso. ARenadi será o acesso rápido à informação para oidoso, seus familiares e para os profissionais daárea. A meta é responder corretamente e comagilidade as perguntas sobre todos os serviçosvoltados para idosos, incluindo atividades esporti-vas, culturais, recreativas, promocionais.

"É possível construir a Rede, mas precisamos paraisso traçar estratégias claramente fixadas, porqueesta implantação não se dará da noite para o dia,trata-se de um processo permanente", esclareceJurilza de Mendonça, Secretária Executiva doConselho Nacional dos Direitos do Idoso, daSecretaria Especial de Direitos Humanos, daPresidência da República.

Uma das mais insistentes recomendações daOrganização das Nações Unidas – ONU, o envelhe-cimento ativo, depende da ação direta do Estado aquem cabe garantir direitos e qualidade de vida aosidosos. Por outro lado, se a sociedade em geral seconscientizar de que velhice não é sinônimo de inca-pacidade e o próprio idoso puder conhecer edefender seus direitos, a união entre governo esociedade permitirá o aperfeiçoamento cada vezmaior das políticas públicas específicas para estacamada da população.

CNDI

Reviva Ano 3 - 2006 - PRODIDE19

Assembléia Nacionalde Envelhecimento

AA hhiissttóórriiaa ddaass ppoollííttiiccaass ppúúbblliiccaass

ddiirriiggiiddaass aaoo iiddoossoo ccoommeeççoouu eemm 11998822,,

qquuaannddoo aa OONNUU pprroommoovveeuu aa

II AAsssseemmbbllééiiaa MMuunnddiiaall ddoo EEnnvveellhheecciimmeennttoo..

MMaass ppaarraa 22000077,, ddee 2288 aa 3300 ddee

nnoovveemmbbrroo,, jjáá eessttããoo pprrooggrraammaaddaass vváárriiaass

ccoonnffeerrêênncciiaass rreeggiioonnaaiiss qquuee aaccoonntteecceerrããoo

nnaa EEuurrooppaa ee ÁÁssiiaa,, ee uummaa ppaarraa AAmméérriiccaa

LLaattiinnaa ee CCaarriibbee,, qquuee tteerráá ccoommoo sseeddee oo BBrraassiill..

OO oobbjjeettiivvoo éé aavvaalliiaarr qquuaannttoo ccaaddaa ppaaííss

ssiiggnnaattáárriioo aavvaannççoouu aa ppaarrttiirr ddoo

PPllaannoo ddee AAççããoo IInntteerrnnaacciioonnaall ppaarraa

oo EEnnvveellhheecciimmeennttoo,, rreessuullttaaddoo ddaa

IIII AAsssseemmbbllééiiaa MMuunnddiiaall,, eemm 22000022..

D

Foto

: A

rqui

vo S

ESC

-DF

Page 20: Foto: Karen Rukat - MPDFT · conquistaram muito mais medalhas que os nossos atletas brasileiros ditos "normais"... Essas pessoas ... Dessa forma, nunca haverá tribunais suficientes

ir para o Brasil e desenvolver atividadessócioeducativas com surdos: isto significava,em 1980, praticamente um 'exílio' para a

maioria dos jovens padres Pavonianos, Filhos deMaria Imaculada, congregação fundada no finaldo século XVIII, na Itália, para atender menorescarentes e de rua.

Mas esta foi a grande virada na vida do jovemirmão Giuseppe Rinaldi. Decidido a aceitar o desafio,ele embarcou para o Brasil com três metas – dar con-tinuidade à sua formação e experiência no ensinopara deficientes auditivos, ajudar seus dois compa-nheiros de congregação que estavam precisando doapoio de um especialista no Ceal e escapar de tare-fas puramente burocráticas que corria o risco de terde cumprir se permanecesse em Milão.

Hoje ele é o diretor do Ceal, mas ao chegar aBrasília, em setembro de 1980, Giuseppe viroupadre José – um dos maiores especialistas em ensi-no de surdos no Brasil, o Oralismo. E se definecomo “um brasileiro nato” que aderiu de bomgrado ao bobó de camarão e não dispensa farofaem qualquer refeição. Como lazer, nas poucashoras vagas, escolhe a música erudita, especial-mente Villa Lobos e composições para órgão. Aindagosta de escutar ópera, mas, ensina ele, “ópera éfeita para ser vista, não só ouvida”.

Ele era Giusepe na Itália.

Aqui virou padre José, avô, pai

e tio de centenas de crianças

atendidas no Centro

Educacional da Audição e

Linguagem (Ceal), instituição

de referência no cuidado com

deficientes auditivos

provenientes de famílias

socialmente marginalizadas

V

20Reviva Ano 3 - 2006 - PRODIDE

Foto

s: J

osé

Eval

do V

ilela

Page 21: Foto: Karen Rukat - MPDFT · conquistaram muito mais medalhas que os nossos atletas brasileiros ditos "normais"... Essas pessoas ... Dessa forma, nunca haverá tribunais suficientes

Agora, completando 61 anos de idade, 26 delesem Brasília, padre José, que nunca pensou em voltarpara a Itália a não ser em férias, pode comemorar aescolha que o trouxe para o Ceal, instituição de refe-rência, que atende gratuitamente 350 deficientesauditivos de zero a 40 anos, vindos de todas asregiões do Distrito Federal e até de outros estados.

O objetivo no Ceal, como explica seu diretor, édespertar nos deficientes auditivos a cidadania plena,o que significa acompanhamento permanente até setornarem independentes e conscientes de seu papelna sociedade. Tudo ali é gratuito, mas a instituiçãopoderia atuar de forma muito mais ampla se con-tasse com o apoio da Secretaria de Saúde do DF parao projeto de Saúde Auditiva, que há seis anos aequipe do Ceal tenta firmar para atendimento viaSUS dos exames audiológicos. Este seria um passoimportante para complementar o atual atendimentonas áreas de fonoaudiologia, audiologia, odontolo-gia, psicologia e assistência social.

Padre José lamenta tantas dificuldades impostaspara fechar um convênio que tornaria possível oatendimento a todo o DF, com a contratação de maisprofissionais especializados e aquisição de equipamen-tos mais modernos. Ele não esconde que gostaria dever o Ceal reconhecido não apenas pela população,como inegavelmente tem sido, mas também pelosórgãos do governo do DF, depois de três décadas detrabalho ininterrupto com crianças e adultos surdos.

No Ceal os atendidos são sempre alertados para ofato de que eles têm muito mais chances do quemuitos ouvintes e portanto devem ter responsabili-dade de aproveitar bem o tempo que passam apren-dendo. Em todas as atividades, há um tema por trás:cidadania. Padre José já ensinou cidadania a centenasde jovens e talvez milhares de mães e pais. Ensinaque os deficientes devem ter direitos, mas precisamconhecer também seus deveres, como qualquercidadão. E está sempre lembrando a eles que osouvintes terminam um curso na Faculdade, porexemplo, e demoram a arranjar emprego, enquanto

os deficientes auditivos têm emprego quasegarantido. Têm reserva de

mercado, umaconquista muito

importante

Deficiente auditivo

Reviva Ano 3 - 2006 - PRODIDE21

Page 22: Foto: Karen Rukat - MPDFT · conquistaram muito mais medalhas que os nossos atletas brasileiros ditos "normais"... Essas pessoas ... Dessa forma, nunca haverá tribunais suficientes

por lei, em que 20% dos postos de trabalho nasempresas públicas e privadas devem ser preenchidospor pessoas portadoras de algum tipo de deficiência.

SSuurrddeezz nnaa iinnffâânncciiaa

Giusepe nasceu em 1945, em Brescia, na época,um povoado minúsculo e isolado, embora estivesseapenas a 90 quilômetros de Milão, a capital daLombardia, no norte da Itália. De família delavradores muito simples e muito católicos, todoslidavam com a terra e viviam um tanto isolados dospróprios vizinhos. A surdez de dois primos, o frioexcessivo do inverno e a dificuldade de comunicaçãoentre as comunidades rurais são alguns temas quepovoaram sua infância.

Ele tinha cinco anos de idade quando prestouatenção ao casal de crianças surdas com as quaisconvivia. O menino não freqüentou escola, trabalhouna roça até os 23 anos, quando foi internado emuma instituição psiquiátrica de onde nunca mais saiu.A menina estudou, fez Faculdade, casou-se, teve fi-lhos, perfeitamente integrada. Falava até mesmo umdos dialetos da região. Aos poucos e muito jovemainda, Giusepe aprendeu o que repete até hoje: odeficiente que tem chance vira gente, quem não temvira bicho, como aconteceu com meu primo, no sen-tido de não ter como se comunicar e conhecer seusdireitos.

A vida era dura, mas em alguns momentos per-mitia tréguas como no inverno, sempre muito ri-goroso, quando, para vencer o frio e a neve, as mu-lheres reuniam-se por longas horas nos estábulos,juntos às vacas, cavalos e bois, para aproveitarem ocalor dos animais. As crianças brincavam em voltadas mulheres que bordavam, trocavam confidências,cantavam e rezavam. Cena que é mostrada numfilme muito premiado, "A árvore dos tamancos",(Itália/1978) do diretor Ermano Olmi, que tambémnasceu em Brescia. Falado num dos dialetos e roda-do com atores não profissionais em sua cidade natal,o filme é uma comovente crônica sobre as dificul-dades da vida de cinco famílias de arrendatários emuma fazenda. E é um dos preferidos de padre José.

A comunicação enfrentava o obstáculo dos dife-rentes dialetos naqueles pequenos núcleos ruraisesquecidos pelo tempo. Se atravessasse o rio Oglioque separava a propriedade vizinha, o meninoGiusepe teria de falar outro dialeto. O contato era

Ninho acolhedor

Instalado no amplo e bem cuidado prédio na AsaNorte, em Brasília, o Centro Educacional da Audição eLinguagem 'Ludovico Pavoni' (Ceal) foi criado em 1974por um grupo pioneiro de padres pavonianos, seteitalianos e dois brasileiros. É mantido pela Associaçãodas Obras Pavonianas de Assistência e por verbas econvênios com as Secretarias de Educação e de AçãoSocial do GDF. Outros recursos, como os repassadospela CORDE, MEC-Fundo Nacional para o Desenvol-vimento da Educação e Ministério da Saúde, permitemo desenvolvimento de projetos temporários.

A estrutura física do centro conta com salas deaula, auditórios, salas para reabilitação individual,pátios para recreação e lazer, piscinas, playground,pequenos dormitórios para as crianças da Pré-escola,além de salas maiores para profissionalização.

O Ceal possui uma bem equipada ClínicaAudiológica, que atende gratuitamente aos alunos daSecretaria de Educação encaminhados pelos setoresde Triagem da Direção de Ensino Especial e também ascrianças e adultos carentes do DF, encaminhados pelosPostos de Saúde e Centros de Desenvolvimento Social-CDS. A clínica mantém uma equipe de profissionaisaltamente capacitados e um conjunto de sofisticadosequipamentos capazes de permitir o diagnósticoneonatal – o 'Teste da Orelhinha'. A detecção do pro-blema, das causas e das soluções, a indicação deprótese auditiva e sua adequada adaptação são osprimeiros passos para reabilitação e promoçãohumana e social de uma criança surda.

As atividades do Ceal são muitas e intensas: ensinonos níveis de Educação Infantil – Estimulação Precocee Pré-Escola, Ensino Fundamental e Médio, Terapia daFala, Reforço Escolar e Cursos Profissionalizantes.

Os deficientes auditivos que freqüentam os níveisde ensino de Educação Infantil, Pré-Escola, Alfabetiza-ção e Ensino Fundamental permanecem no Centro emtempo integral, para atividades típicas de aprendiza-gem, específicas e/ou complementares que possamproporcionar o crescimento humano e social adequa-do e favorecer o desenvolvimento e o exercício dacidadania. Além disso, participam de atividades típicasde assistência social como recreação, cuidados comhábitos alimentares e de higiene, lazer, passeios, colô-nia de férias.

22Reviva Ano 3 - 2006 - PRODIDE

Page 23: Foto: Karen Rukat - MPDFT · conquistaram muito mais medalhas que os nossos atletas brasileiros ditos "normais"... Essas pessoas ... Dessa forma, nunca haverá tribunais suficientes

raro entre as pequenas comunidades rurais, o rioimpedia essa possibilidade, mesmo porque pontetambém não havia. Só na escola, poucas horas pordia, as crianças falavam a mesma língua, o italiano.Os dialetos clássicos como o napolitano, o milanês eo romanesco foram totalmente abandonados a par-tir da década de 60. Mas para alegria de padre José,na Itália já estão cuidando de resgatar essa cultura,pois, como ele ensina, não apenas a fala, mas aforma de expressão revelam muito de uma cultura. Ecomemora o fato de que em Brescia, hoje em dia, jásão apresentados filmes e peças teatrais falados noantigo dialeto local.

VVooccaaççããoo ppaarraa oo ssoocciiaall

A vocação sacerdotal veio lentamente. Quasenaturalmente. Aos 12 anos precisava fazer o segun-do grau e foi para o seminário. Descobriu, surpreso,que também ali imperava o sentido de "pertença" –muito arraigado na Itália e que quer dizer, um senti-mento "de família", uma herança forte nos pavonia-nos. A vivência comunitária amigável, com rotina,disciplina e sem autoritarismo, combinada à práticada auto-gestão, fazia com que padres e seminaris-tas assumissem seus deveres e suas tarefas ecomo todos colaboravam de boa vontade,

tudo funcionava.Mas o que

atra iu

mesmo o jovem seminarista foi o lado social do tra-balho da congregação, voltado para jovens carentesou em situações de risco. Foi o que conquistou defi-nitivamente o jovem Giuseppe. Sua vocação revelava-se e amadurecia com naturalidade, embora o pai nãose mostrasse muito contente com a escolha feita peloseu único filho homem.

O primeiro ano do padre Giusepe Rinaldi emMilão, recém-ordenado, (1972/73) foi totalmentevoltado para renovar seus títulos acadêmicos con-seguidos nos anos de estudo no seminário. As leisitalianas não reconheciam estudos em seminários eem escolas particulares. Para obter definitivamente ostítulos, era preciso passar por uma bateria de provas.Vencida esta etapa, ele partiu para a especializaçãoem Magistério para Crianças Surdas, no tradicionalís-simo Instituto Nacional para Surdos 'GerolamoCardano', em Milão. Um ano depois ele volta às ori-gens ao assumir a direção de um pequeno colégioem Brescia, o Instituto Pavoni.

O vendaval social que varreu a Europa e entroupara a história como o 'maio de 68', na França,

pegou padre Giusepe de surpresa. Oclima social em ebulição espalhou-se

como um rastilho de pólvora echegou à Itália, provocando mudan-ças profundas na área da educaçãoespecial. No início da década de 70,as escolas especiais de atendimentoaos surdos foram fechadas. Mas não

houve tempo de preparar as

Deficiente auditivo

Reviva Ano 3 - 2006 - PRODIDE23

Foto

: Jo

sé E

vald

o V

ilela

Page 24: Foto: Karen Rukat - MPDFT · conquistaram muito mais medalhas que os nossos atletas brasileiros ditos "normais"... Essas pessoas ... Dessa forma, nunca haverá tribunais suficientes

escolas, os professores, sobretudo, as crianças, queforam integradas à rede oficial de ensino. Cadamunicípio passou a se responsabilizar pelo acompa-nhamento aos deficientes de sua região, e poucosanos depois foram criados os consórcios que ge-raram uma ampla rede de atendimento personaliza-do àquelas crianças. Recentemente, em uma de suasidas à Itália, padre José reencontrou um de seus ex-alunos que passaram por aquele momento demudança. Um homem casado, bem sucedido profis-sionalmente, que garantiu ao ex-professor: "Foi duro,mas valeu. Conseguimos sensibilizar professores ealunos, a sociedade em geral e principalmente osmunicípios, que tiveram de criar os equipamentos eos serviços para acompanhar o salto para o futuro".

Desde então o padre Giusepe, que se tornara umespecialista, foi trabalhar em escolas, no acompa-nhamento da inclusão de deficientes auditivos nas tur-mas regulares. As turmas eram pequenas com ensinopersonalizado, como são até hoje. Na Itália, da oitavasérie à faculdade, não há mais nenhum obstáculo parainclusão dos surdos: eles contam com a adaptaçãocurricular e com toda a preparação metodológica,ainda inexistente no Brasil. As estatísticas mostravam,na década de 70, que a Itália registrava 0,8% de defi-cientes auditivos para cada grupo de mil habitantes.No Brasil, na década de 80, a média era 1,5% de sur-dos em cada grupo de cem habitantes.

Há algumas décadas, eram raras e pouco precisasas estatísticas referentes ao segmento da populaçãocom deficiência auditiva. O segmento era totalmente'invisível'. As famílias escondiam, os governos igno-ravam e as escolas desconheciam. Padre José avalia,animado: "O cenário atual é bem mais positivo, aspróprias famílias começam a buscar fontes de infor-mação e atendimento e a sociedade dá mostras deaceitar melhor a integração do deficiente. Nas escolas,em todos os níveis, até a faculdade, a discriminaçãofoi bastante reduzida e na sociedade de modo geraltambém. No mercado de trabalho, muitas experiên-cias permitiram descobrir que surdo é capaz comotodo ouvinte, se lhe forem oferecidas oportunidadesde acordo com suas potencialidades".

Um dos primeiros alunos do Ceal, ManuelPalhares Torres, é hoje professor de matemáticaconcursado da Secretaria de Educação do GDF.Foi o primeiro deficiente auditivo a ser aprova-do num concurso da Fundação Educacional doDistrito Federal. Entrou no Ceal com seis anospara reforço escolar. Fez o primeiro vestibularna Universidade de Brasília (UnB), mas foireprovado na redação. Na segunda tentativano Centro de Ensino Universitário de Brasília(CEUB), ele pediu para ser acompanhado pelopadre José, que se encarregou de explicar quea correção da redação deveria ser diferenciada.Foi aprovado e com resultados acima da médiaem ciências e matemática. Logo que se formoufoi contratado pelo Ceal. Tempos depois fez oconcurso da Fundação Educacional, foi aprova-do e continuou no Ceal como requisitado. Écasado e tem filhos.

Deficiente auditivo

24Reviva Ano 3 - 2006 - PRODIDE

CEALSGAN 909, Bloco B, Brasília, DF

Fone (61) 3349-99-44 / Fax: 3347-1307Email: [email protected]

Foto

: Pho

toD

isc (a

rqui

vo V

ia B

rasíl

ia)

Deficiência auditiva é aquela em que há perda bilateral, parcial outotal de 41 decibéis ou mais, aferida por audiograma

Page 25: Foto: Karen Rukat - MPDFT · conquistaram muito mais medalhas que os nossos atletas brasileiros ditos "normais"... Essas pessoas ... Dessa forma, nunca haverá tribunais suficientes

Serviços

Reviva Ano 3 - 2006 - PRODIDE25

Veja os serviços que estão à sua disposição

AAssssoocciiaaççããoo ddooss PPaaiiss ee AAmmiiggooss ddooss DDeeffiicciieenntteess AAuuddiittiivvooss -- AAPPAADDAAFFoonnee//FFaaxx:: (61) 3443-4065/3443-4065

CCeennttrroo EEdduuccaacciioonnaall ddaa AAuuddiiççããoo ee LLiinngguuaaggeemmLLuuddoovviiccoo PPaavvoonnii -- CCEEAALLFFoonnee//FFaaxx:: (61) 3349-9944/3347-1307

AAssssoocciiaaççããoo ddooss PPoorrttaaddoorreess ddee NNeecceessssiiddaaddeessEEssppeecciiaaiiss -- AADDAAPPTTEEFFoonnee//FFaaxx:: 385-7945/385-7945

CCoommiissssããoo JJoovveemm GGeennttee CCoommoo aa GGeenntteeFFoonnee//FFaaxx:: (61) 3389-5551

IInnssttiittuuttoo CCuullttuurraall ee PPrrooffiissssiioonnaall ddaa PPeessssooaa PPoorrttaaddoorraa ddee DDeeffiicciiêênncciiaa ddoo DDFF -- IICCPPPPPPDDFFoonnee//FFaaxx:: (61) 334-0016

AAssssoocciiaaççããoo ddee PPaaiiss ee AAmmiiggooss EExxcceeppcciioonnaaiiss -- AAPPAAEEFFoonnee//FFaaxx:: (61) 3470460/3490976

AAssssoocciiaaççããoo NNaacciioonnaall ddee EEqquuootteerraappiiaa -- AANNDDEEFFoonnee//FFaaxx:: (61) 368-7406/3468-7092

CCeennttrroo ddee EEnnssiinnoo EEssppeecciiaall ddee DDeeffiicciieenntteess VViissuuaaiiss -- CCEEEEDDVVFFoonnee:: (61) 3901-7607

BBiibblliiootteeccaa BBrraaiillllee DDoorriinnaa NNoowwiillFFoonnee:: (61) 3901-3549

DDiirreettoorriiaa ddee PPrroocceeddiimmeennttoo ddee AAllttaa CCoommpplleexxiiddaaddee -- DDIIPPAACCFFoonnee:: (61) 3322-6610

CCeennttrroo ddee MMeeddiicciinnaa ddoo IIddoossoo -- RReeffeerrêênncciiaa ppaarraa AAllzzhheeiimmeerrFFoonneess:: (61) 3307-1588/3307-1913/3307- 3223/ 3448-5371

CCoommpplleexxoo PPrreessbbiitteerriiaannoo ddee CCuullttuurraa ee LLaazzeerrFFoonnee:: (61) 3443-4192ee--mmaaiill:: [email protected]

PPrrooggrraammaa OOrriieennttaaddoo ddee AAttiivviiddaaddee FFííssiiccaa ppaarraa oo IIddoossoo -- UUnnBBFFoonnee:: (61) 3307-2250

TTrraabbaallhhooss MMaannuuaaiiss VVoolluunnttáárriioossFFoonnee:: (61) 3500-2552 (Gladys)

GGiinnáássttiiccaa ppaarraa aa TTeerrcceeiirraa IIddaaddeeFFoonnee:: (61) 3327-0454

AASSBBAACCFFoonneess:: (61) 3325-1148/3325-1157

BBiibblliiootteeccaa DDeemmoonnssttrraattiivvaa ddee BBrraassíílliiaaFFoonnee:: (61) 3443-5669/3443-0852

EEssccoollaa ddee IInnffoorrmmááttiiccaa ppaarraa aa TTeerrcceeiirraa IIddaaddee -- UUnnBBFFoonneess:: (61) 3340-6992/3340-2268

AAssssoocciiaaççããoo BBrraassiilleeiirraa ddee CClluubbeess ddaa MMeellhhoorr IIddaaddee -- AABBCCMMIIFFoonneess:: (61) 3224-4321/3224-6515/3225-5747

SSEESSCC -- SSeerrvviiççoo SSoocciiaall ddoo CCoomméérrcciiooFFoonneess:: (61) 0800-617617/3346-3034

NNEEPPTTII-- NNúúcclleeoo ddee EEssttuuddooss ee PPeessqquuiissaass ddaa TTeerrcceeiirraa IIddaaddee //CCEEAAMM//UUnnBBFFoonnee:: (61) 3307-2581ee--mmaaiill:: [email protected]

PPrroojjeettoo ""CCoorraall ddooss CCiinnqqüüeennttõõeess""Ensaios no Auditório Dois Candangos

Foto

: Pho

toD

isc (a

rqui

vo V

ia B

rasíl

ia)

Foto

: Tha

ys

Page 26: Foto: Karen Rukat - MPDFT · conquistaram muito mais medalhas que os nossos atletas brasileiros ditos "normais"... Essas pessoas ... Dessa forma, nunca haverá tribunais suficientes

e vez em quando alguém me pergunta: depois dos setenta,como é que vosmecê mantém essa – vamos dizer – joviali-dade, a ponto de andar ereto e trabalhar dez horas por dia?

Além de tudo, não aparenta os 74 que possui; aparenta uns 73mais 11 meses.

Tenho dado tratos à bola, para ver se consigo explicar talfenômeno. Às vezes penso que é um problema ou uma

solução genética. Todos os órgãos em funcionamento,embora bem devagar; em segundo lugar, não deixar

nada prá depois; às vezes, quando tenho que cumprirum dever, me ataca uma preguiça macunaímica e

eu me entrego a ela. Isso também é um fatopositivo. Mas há que resistir e fazer o que

tem de ser feito.

Penso que a origem do bemviver está no cérebro, no pensa-

mento. Pensar, no máximo, emduas coisas ao mesmo tempo. Nunca

em três coisas. Pensar em coisas boas.

D

OO mmiinneeiirroo AAllllaann VViiggggiiaannoo eessttrreeoouu ccoommoo eessccrriittoorr aaoossoonnzzee aannooss ddee iiddaaddee,, qquuaannddoo llaannççoouu uumm lliivvrroo ddee ppooeessiiaass..

DDaallii eemm ddiiaannttee ppuubblliiccoouu mmaaiiss ddee qquuiinnzzee oobbrraass((rroommaanncceess,, bbiiooggrraaffiiaass,, eennssaaiiooss,, rreeppoorrttaaggeennss ee ppooeemmaass))..

PPoouuccoo aanntteess ddee ccoommpplleettaarr 7755 aannooss,, llaannççaa sseeuu mmaaiissrreecceennttee lliivvrroo,, ''MMeenniinnooss,, EEuu LLii!! –– DDiicciioonnáárriioo ddee GGeenntteess'',,

oonnddee rreeuunniiuu eessttóórriiaass ee ffeeiittooss ddee 5577 ppeerrssoonnaalliiddaaddeessmmaarrccaanntteess eemm ssuuaa vviiddaa,, eennttrree eellaass,, ZZiirraallddoo,, UUllyysssseess

GGuuiimmaarrããeess ee JJoosséé AAppaarreecciiddoo ddee OOlliivveeiirraa

Alan Viggiano

26Reviva Ano 3 - 2006 - PRODIDE

Foto

s: J

osé

Eval

do V

ilela

Page 27: Foto: Karen Rukat - MPDFT · conquistaram muito mais medalhas que os nossos atletas brasileiros ditos "normais"... Essas pessoas ... Dessa forma, nunca haverá tribunais suficientes

Atividade física e intelectual constantes.(Pratiquei esportes durante 50 anos, ininterrupta-mente).

Não permitir a chamada idéia fixa.

A idade em torno dos setenta é muito perigosa.Porque o indivíduo costuma ser convencido de quejá fez tudo o que tinha de fazer e é propenso aencerrar o expediente.

Nada disso.

A vida só se encerra aos 90: três ciclos de 30anos cada.

Eu tenho muito ainda a fazer.

É voz corrente que o indivíduo precisa, oudeve, neste mundo, (para viver completa-mente), gerar um filho, escrever um livro eplantar uma árvore. Eu já tive três filhos (coma colaboração da minha mulher, é claro!)publiquei mais de quinze livros e plantei cente-nas de árvores.

Mas nem por isso me dou por satisfeito.Ainda tenho livros para escrever, árvores paraplantar, filhos para criar. Se não puder gerar,invento. Que para isso o mundo está cheio decrianças abandonadas.

Você, que chegou aos setenta, não pare nabeira da estrada. O mundo está cheio de genteque fez coisas sensacionais depois de oitenta.E só investigar. E imitar.

Viajei pelo mundo afora e um dia, achei que nãotinha mais nada a fazer. Ledo engano. Estou plane-jando uma grande viagem: vou visitar as geleiraseternas do sul do Chile, antes que acabem, pois,segundo ouvi falar, o mundo está derretendo.

Pretendia ainda ver as cidades do México e NovaOrleans. Mas os sucessivos terremotos e maremo-tos estão destruindo essas cidades e quase nemvale a pena.

Recentemente, candidatei-me a um cargo eleti-vo. Aquela história: já fiz tudo, etc. Quando odeclarei, vi perplexidade nas caras dos amigos, dosparentes, dos donos do partido. Pareciam dizer: oque esse velho está querendo aqui?

Não o declararam explicitamente. Porque, se odeclarassem, ouviriam: "Velho é a mãe. Espera aí oque esse velho vai mostrar a vocês, jovens preten-siosos!"

O resultado da eleição, enquanto escrevo estasmal-traçadas linhas, ainda não saiu. Importa, mas ésecundário. O principal é que o fiz. Cumpri o meudever, diante dos sanguessugas e dos mensalões.Cumpri o meu dever.

No livro Grande Sertão: Veredas, de GuimarãesRosa, pág. 52, há uma frase dita por RiobaldoTatarana, seu famoso personagem: "Digo: o realnão está na saída nem na chegada: ele se dispõepara a gente é na travessia."

Esse conceito universal tem sido usado por ou-tros escritores, e vale para todos nós.

Crônica

Reviva Ano 3 - 2006 - PRODIDE27

Page 28: Foto: Karen Rukat - MPDFT · conquistaram muito mais medalhas que os nossos atletas brasileiros ditos "normais"... Essas pessoas ... Dessa forma, nunca haverá tribunais suficientes

Moradia

28Reviva Ano 3 - 2006 - PRODIDE

Institucionalização

do idoso emoradia digna

Estatuto do Idoso garante à pessoa idosa odireito de moradia digna, não importandose o idoso reside só, em companhia da

família ou em abrigos. Moradia digna significahabitar em local que disponha de instalações sani-tárias adequadas, condições de habitabilidade eacesso aos equipamentos sociais básicos. Mais queisso, a moradia deve preservar as pessoas de qual-quer tipo de violência e oferecer-lhes oportunidadepara o convívio social.

No Distrito Federal, o único caminho é seu aco-lhimento em instituição de longa permanência,abreviadamente conhecida por ILPI, onde a pessoainterna deve receber assistência integral.

A ILPI foi instituída no Estatuto do Idoso parasubstituir a entidade asilar, tradicionalmente co-nhecida como mero "depósito de velhos", descarta-dos econômica e socialmente. Para assegurar

moradia digna para o idoso institucionalizado, oEstatuto do Idoso regulamentou em detalhes ofuncionamento das instituições e estipulou sançõespelo descumprimento das respectivas regras.

Do puro assistencialismo inerente ao asilo, ainstitucionalização em ILPI passou a constituir umaforma de prestação de serviço ao idoso, com remu-neração ou não, mediante contrato com o interes-sado ou seus responsáveis legais, no qual sãodetalhadas as obrigações das partes conveniadas,cabendo à entidade atender exigências mínimasprevistas no Estatuto do Idoso.

Do idoso que tenha renda poderá ser exigidacontribuição para a manutenção da entidade comparte de seus ganhos, mesmo que a instituição nãotenha finalidade lucrativa. Por sua vez, a ILPI é obri-gada a dar publicidade de todos os recursos rece-bidos, inclusive donativos privados.

HHáá mmuuiittooss iiddoossooss aabbrriiggaaddooss qquuee ppooddeerriiaamm eessttaarr

mmoorraannddoo ee ccoonnvviivveennddoo ccoomm aa ffaammíílliiaa,, eennttrreettaannttoo ssããoo

iinntteerrnnaaddooss ppeellooss pprróópprriiooss ppaarreenntteess

O

VVaannddiirr ddaa SSiillvvaa FFeerrrreeiirraa

Page 29: Foto: Karen Rukat - MPDFT · conquistaram muito mais medalhas que os nossos atletas brasileiros ditos "normais"... Essas pessoas ... Dessa forma, nunca haverá tribunais suficientes

Reviva Ano 3 - 2006 - PRODIDE29

Na fiscalização que vem sendo desenvolvida noDistrito Federal pelo Ministério Público em conjun-to com a Vigilância Sanitária, a Secretaria deFiscalização das Atividades Urbanas e o Conselhodo Idoso, constatou-se que a maioria das institui-ções existente para idosos guarda ainda a carac-terística de asilos e não atende as regras doEstatuto do Idoso. De vinte e uma entidades fisca-lizadas, tornou-se necessário interditar sete. Duasse adaptaram e tiveram a interdição levantada.Cinco fecharam definitivamente. As demaisassumiram o compromisso de se adaptar e estãosendo monitoradas.

A partir desse trabalho conjunto, emergiram, den-tre outras, as seguintes questões relevantes:

• Há muitos idosos abrigados que poderiam estarmorando e convivendo com a família, entretan-to são internados pelos próprios parentes.

• Muitos dirigentes atuam sem qualquer preparopara o acolhimento de idosos, movidos por

equivocado sentimento de caridade e, não raro,por interesses escusos.

• Não se presta conta de recursos recebidos nasinstituições, principalmente quando se trata dedonativos privados, embora os dirigentes recor-ram a procedimentos sofisticados para sua captação como é o caso da utilização, às vezescriminosa, do telemarketing.

• Administração indevida de bens do idoso inter-no, havendo casos de apropriação indébita e atémesmo retirada de empréstimos em nome doidoso para favorecimento do dirigente.

• Negligência com a saúde e alimentação doidoso. Mesmo nas hipóteses em que os idososestão sendo relativamente bem tratados, não háprogramas de promoção de atividades que osfaçam sentir integrados socialmente.

• Certa indiferença estrutural da sociedade quan-to à necessidade de mudar a situação dos asilos,

Foto

: Jo

sé E

vald

o V

ilela

Page 30: Foto: Karen Rukat - MPDFT · conquistaram muito mais medalhas que os nossos atletas brasileiros ditos "normais"... Essas pessoas ... Dessa forma, nunca haverá tribunais suficientes

ÉÉ ccrriimmee eexxppoorr aaoo ppeerriiggoo aa iinntteeggrriiddaaddee ee aa ssaaúúddee,, ffííssiiccaa oouu ppssííqquuiiccaa,, ddoo iiddoossoo,, ssuubbmmeetteennddoo--oo aaccoonnddiiççõõeess ddeessuummaannaass oouu ddeeggrraaddaanntteess oouu pprriivvaannddoo--oo ddee aalliimmeennttooss ee ccuuiiddaaddooss iinnddiissppeennssáávveeiiss,, oouu

ssuujjeeiittaannddoo--oo aa ttrraabbaallhhoo eexxcceessssiivvoo oouu iinnaaddeeqquuaaddoo.. AAss ppeennaass ssããoo ddeetteennççããoo ppoorr ddooiiss mmeesseess aa ddoozzee aannooss,, ssee aa aaggrreessssããoo ffííssiiccaa rreessuullttaarr eemm mmoorrttee

Moradia

30Reviva Ano 3 - 2006 - PRODIDE

o que justifica, em parte, a boa-vontade daspessoas em fazer donativos às entidades, espe-cialmente na modalidade telemarketing, sem sepreocupar com a destinação dos recursos ofer-tados ou com a qualidade do serviço oferecidoaos idosos internos.

• Passividade do Poder Executivo diante da situa-ção, pois não destina recursos para a criação ouo aprimoramento das entidades e quando o faz,mediante convênios mal remunerados, nãoexercem efetiva fiscalização quanto aos resulta-dos da internação.

Pelo rol de problemas apresentados, é fácilperceber que a mudança neste estado caótico nãodepende apenas do exercício permanente da fisca-lização e mesmo de interdições já realizadas.

De nada resolverá punir dirigentes e familiaresomissos ou interditar entidades, como vem sendoe continuará a ser feito, se não houver mudançados parâmetros sociais e das políticas públicas emrelação ao abrigamento da pessoa idosa. Paragarantir moradia digna aos idosos por meio insti-tucional, é urgente revermos a forma de encarar asinstituições de longa permanência:

• As ILPIs só devem existir excepcionalmente àfalta de outro mecanismo social que asseguremoradia digna ao idoso, com o apoio familiarou a proteção assistenciária direta que lhegaranta autonomia.

• Se tiverem de existir, devem funcionar a partirda premissa de que seu objetivo maior é o deoferecer moradia digna ao idoso em situação derisco e não o de meramente segregá-lo do con-vívio social sob o argumento de estar-se fazen-do caridade.

• Necessidade de incentivo para acolhimentode idosos menos dependentes em casas-lares,residências coletivas em que o idoso co-par-ticipa da gestão e pode viver em ambientemais sociável.

• Substituir parte do sistema de instituição per-manente para o sistema de centros-dia, onde asfamílias que não possam cuidar do idosodurante o dia possam deixá-lo, recolhendo-o aolar à noite e nos finais de semana.

• Destinação de maiores recursos públicos paracontemplar a garantia de moradia digna para oidoso, em qualquer situação, com ênfase na suapermanência com a família.

• Finalmente, rigoroso controle social dosrecursos públicos e privados destinados àmoradia de idosos em instituições de longapermanência.

Essas são algumas das metas para cuja imple-mentação o Ministério Público, por meio da PRO-DIDE, vem requisitando a ação integrada dosórgãos do Poder Executivo local de modo a asse-gurar moradia digna aos idosos que necessitam serinstitucionalizados.

De nada resolverá punir

dirigentes e familiares

omissos ou interditar

entidades se não houver

mudança dos parâmetros

sociais e das políticas

públicas

Page 31: Foto: Karen Rukat - MPDFT · conquistaram muito mais medalhas que os nossos atletas brasileiros ditos "normais"... Essas pessoas ... Dessa forma, nunca haverá tribunais suficientes

Acessibilidade

Reviva Ano 3 - 2006 - PRODIDE31

A igualdade é a

NNããoo éé rraarraa aa aavvaalliiaaççããoo ddee qquuee,, eemmtteerrmmooss ddee lleeggiissllaaççããoo,, oo BBrraassiill éé uumm

ppaaííss eexxeemmppllaarr.. EE eemm rreellaaççããoo ààaacceessssiibbiilliiddaaddee nnããoo éé ddiiffeerreennttee:: aalleeggiissllaaççããoo bbrraassiilleeiirraa,, rreeffeerreennttee àà

tteemmááttiiccaa ddaass ppeessssooaass ccoomm ddeeffiicciiêênncciiaasséé ccoonnssiiddeerraaddaa iinntteerrnnaacciioonnaallmmeennttee

uummaa ddaass mmaaiiss aabbrraannggeenntteess

Entretanto, sabemos que o número de leis nãogarante a justiça. Os direitos somente serão garanti-dos por meio de uma política de conscientização dapopulação e, sobretudo, por um conjunto de açõesarticuladas para a aplicação efetiva das legislaçõesfederais, estaduais ou distritais e municipais, referen-dadas pelas normas da Associação Brasileira deNormas Técnicas (ABNT).

A igualdade é a regra de ouro expressa no artigo5º da Constituição Federal, pois serve de diretrizimperativa a todas as demais normas. A noção doprincípio constitucional de igualdade encontra suarazão de ser na máxima de Aristóteles: "A igualdadeconsiste em aquinhoar os iguais igualmente e osdesiguais na medida de sua desigualdade".

A Constituição Federal de 1988 traz em seus arti-gos 227, § 2º e 244 a garantia à atenção às pessoascom deficiências, propiciando assim maior visibili-

SSaannddrraa ddee OOlliivveeiirraa JJuulliiããoo

Foto: Arquivo Prefeitura de São Paulo

Page 32: Foto: Karen Rukat - MPDFT · conquistaram muito mais medalhas que os nossos atletas brasileiros ditos "normais"... Essas pessoas ... Dessa forma, nunca haverá tribunais suficientes

dade das necessidades desta camada social, atéentão tão esquecida. A Lei Maior estabeleceu, ainda,em seu artigo 23, inciso II, a responsabilidade plenado Poder Público de "cuidar da saúde e assistênciapública, da proteção e garantia das pessoas portado-ras de deficiência".

Cabe aqui, então, definirmos o que é 'pessoa comdeficiência ou com mobilidade reduzida': aquela que,temporária ou permanentemente, tem sua capaci-dade limitada de relacionar-se com o meio e de uti-lizá-lo. Entende-se por pessoa com mobilidadereduzida a pessoa com deficiência, idosa, obesa, ges-tante, entre outros (Lei nº 10.098/2000 e ABNT NBR9050:2004).

A Lei 7.853/89 definiu algumas regras para que oPoder Público dispensasse um tratamento prioritárioe adequado aos direitos garantidos na Constituição,o que foi devidamente regulamentado pelo Decreto3.298/99, nos seguintes termos: "Cabe aos órgãos eàs entidades do Poder Público assegurar à pessoaportadora de deficiência o pleno exercício de seusdireitos básicos, inclusive dos ddiirreeiittooss àà eedduuccaaççããoo,, ààssaaúúddee,, aaoo ttrraabbaallhhoo,, aaoo ddeessppoorrttoo,, aaoo ttuurriissmmoo,, aaoo llaazzeerr,,àà pprreevviiddêênncciiaa ssoocciiaall,, àà aassssiissttêênncciiaa ssoocciiaall,, aaoo ttrraannss--ppoorrttee,, àà eeddiiffiiccaaççããoo ppúúbblliiccaa,, àà hhaabbiittaaççããoo,, àà ccuullttuurraa,, aaooaammppaarroo àà iinnffâânncciiaa ee àà mmaatteerrnniiddaaddee,, ee ddee oouuttrrooss qquuee,,ddeeccoorrrreenntteess ddaa CCoonnssttiittuuiiççããoo ee ddaass lleeiiss,, pprrooppiicciieemm sseeuubbeemm--eessttaarr ppeessssooaall,, ssoocciiaall ee eeccoonnôômmiiccoo"" (grifo nosso).

"Garantir o pleno exercício dos direitos básicos" àspessoas com deficiência não implica tão-somentedisponibilizar a elas os serviços de saúde, educação etransporte, ou mesmo oferecer reserva de vagas nomercado de trabalho. A questão é muito mais ampla,já que para a pessoa portadora de deficiência desfru-tar dos direitos que lhe são garantidos, é preciso,antes de tudo, que possa ter aacceessssoo a eles.

Estamos falando, então, de aacceessssiibbiilliiddaaddee, que é acondição para utilização, com segurança e autono-mia, total ou assistida, dos espaços, mobiliários eequipamentos urbanos, das edificações, dos serviçosde transporte e dos dispositivos, sistemas e meios decomunicação e informação, por pessoa portadora dedeficiência ou com mobilidade reduzida (Decreto nº 5.296/2004).

Vejamos, por exemplo, como fica a garantia aoensino: a Constituição Federal dispõe que é dever doEstado garantir a educação através de ensino funda-

32Reviva Ano 3 - 2006 - PRODIDE

Foto: Revista PRISMA

Page 33: Foto: Karen Rukat - MPDFT · conquistaram muito mais medalhas que os nossos atletas brasileiros ditos "normais"... Essas pessoas ... Dessa forma, nunca haverá tribunais suficientes

mental, obrigatório e gratuito (artigo 208, inciso I).Além disso, a Constituição também garantiu oatendimento educacional especializado aos porta-dores de deficiência, "preferencialmente na rede re-gular de ensino" (artigo 208, inciso II).

Entretanto, como fazer para que a criança quetenha alguma deficiência ou tenha sua mobilidadereduzida desfrute desse direito, se as escolas nãoforem acessíveis ou se não oferecerem condiçõespara que o aluno aprenda o conteúdo que lhe é ofe-recido? O mesmo ocorre com o direito à saúde, aotrabalho, ao desporto, ao turismo, ao lazer, à culturae ao transporte.

O Decreto nº 5.296, publicado em dezembro de2004, regulamentou a Lei Federal nº 10.98/2000,estabelecendo normas gerais e critérios básicos paraa garantia da acessibilidade plena das pessoas comdeficiências. Mas, infelizmente, não fixou sanções/punições para as entidades públicas ou privadas quenão estejam cumprindo os critérios estabelecidos.

O decreto, no entanto, deixa claro que os projetosarquitetônicos e urbanísticos, de comunicação; detransporte; a outorga de concessão; permissão;aprovação de financiamento de projetos com uso dedinheiro público; empréstimos e financiamentosinternacionais por entidades públicas ou privadasnão poderão ser aprovados/concedidos/autorizadoscaso não estejam atendidos aos princípios do dese-nho universal, da legislação específica, das normas deacessibilidade da ABNT e desse próprio decreto.

Entretanto, é importante ressaltar que apesardas regras previstas em Leis e Decretos Federais,nas normas da ABNT, em Leis e Decretos Locais –código de obras e nos Planos diretores, se não for

estabelecido um projeto coeso e determinado deações para acompanhar as modificações emalguns setores, não obteremos a efetiva imple-mentação da acessibilidade. E então, de nadavalerá tantas leis e decretos.

Devemos conhecer então, algumas das principaisdisposições do Decreto 5.296/2004 para podermoscobrar a efetiva implementação das regras referentesà acessibilidade, pré-requisito básico para o exercíciodos direitos fundamentais do cidadão:

PPaarraa aa iimmpplleemmeennttaaççããoo ddaa aacceessssiibbiilliiddaaddee aarrqquuiittee--ttôônniiccaa ee uurrbbaannííssttiiccaa ddeevveemm sseerr oobbsseerrvvaaddooss::

• Os Planos Diretores Municipais e Planos Diretoresde Transporte e Trânsito elaborados ou atualiza-dos a partir da publicação desse Decreto.

• O Código de Obras, Código de Postura, a Lei deUso e Ocupação do Solo e a Lei do Sistema Viário.

• Os estudos prévios de impacto de vizinhança.• As atividades de fiscalização e a imposição de

sanções, incluindo a vigilância sanitária e am-biental.

• A previsão orçamentária e os mecanismos tri-butários e financeiros utilizados em caráter com-pensatório ou de incentivo.

DDaa aacceessssiibbiilliiddaaddee nnoo TTrraannssppoorrttee CCoolleettiivvoo

• Os sistemas de transporte coletivo são considera-dos acessíveis quando todos os seus elementossão concebidos, organizados, implantados eadaptados segundo o conceito de desenho uni-versal, garantindo o uso pleno com segurança eautonomia por todas as pessoas. As instânciaspúblicas responsáveis pela concessão e permissãodos serviços de transporte coletivo são:

• GGoovveerrnnoo mmuunniicciippaall, responsável pelo trans-porte coletivo municipal.

• GGoovveerrnnoo eessttaadduuaall, responsável pelo transportecoletivo metropolitano e intermunicipal.

• GGoovveerrnnoo ddoo DDiissttrriittoo FFeeddeerraall, responsável pelotransporte coletivo do Distrito Federal.

• GGoovveerrnnoo ffeeddeerraall, responsável pelo transportecoletivo interestadual e internacional.

• Cabe às empresas concessionárias e permissionáriase às instâncias públicas responsáveis pela gestãodos serviços de transportes coletivos aasssseegguurraarr aaqquuaalliiffiiccaaççããoo ddooss pprrooffiissssiioonnaaiiss qquuee ttrraabbaallhhaamm nneesssseess

Acessibilidade

Reviva Ano 3 - 2006 - PRODIDE33

Projetos arquitetônicos

não podem ser aprovados

se não estiverem de acordo

com os princípios do

desenho universal

Page 34: Foto: Karen Rukat - MPDFT · conquistaram muito mais medalhas que os nossos atletas brasileiros ditos "normais"... Essas pessoas ... Dessa forma, nunca haverá tribunais suficientes

sseerrvviiççooss, para que prestem atendimento prioritárioàs pessoas portadoras de deficiência ou com mobi-lidade reduzida.

• A frota de veículos de transporte coletivorodoviário e a infra-estrutura dos serviços destetransporte deverão estar totalmente acessíveis,observando os seguintes prazos:

• FFaabbrriiccaaççããoo ddee vveeííccuullooss nnoovvooss - Serão fabrica-dos até 24 meses a contar da edição das nor-mas técnicas. Estas deveriam ter sido elabo-radas num prazo de 12 meses, a contar dadata da publicação do Decreto 5.296/2004,pelas instituições e entidades que compõem oSistema Nacional de Metrologia, Normali-zação e Qualidade Industrial, ou seja, em02/12/2005.

• RReennoovvaaççããoo ddaa ffrroottaa - A substitui-ção da frota operante atualpor veículos acessíveis, a serfeita pelas empresas con-cessionárias e permis-sionárias de trans-porte coletivorodoviário, dar-se-á de forma gra-dativa, conforme oopprraazzoo pprreevviissttoo nnooss ccoonn--ttrraattooss ddee ccoonncceessssããoo ee ppeerr--mmiissssããoo ddeessttee sseerrvviiççoo.

DDoo aacceessssoo àà iinnffoorrmmaaççããoo ee àà ccoommuunniiccaaççããoo

• Os portais e sítios eletrônicos da administraçãopública na internet devem ser acessíveis para ouso das pessoas portadoras de deficiência visual.

• As empresas prestadoras de serviços de telecomu-nicações deverão garantir pleno acesso às pessoasportadoras de deficiência auditiva.

• A Anatel é que regulamenta os procedimentospara garantir a instalação de telefones de usopúblico adaptados para uso por pessoas portado-ras de deficiência; a disponibilidade de instalaçãode telefones para uso por pessoas portadoras dedeficiência auditiva para acessos individuais; aexistência de centrais de intermediação de comu-nicação telefônica a serem utilizadas por pessoas

portadoras de deficiência auditiva, que funcionemem tempo integral e atendam a todo o territórionacional e, ainda, que os telefones de uso públicocontenham dispositivos sonoros para a identifi-cação das unidades existentes e consumidas doscartões telefônicos.

A Lei 7.853/89, em seu artigo 3º, estabelece queo Ministério Público, a União, os Estados, osMunicípios e o Distrito Federal; bem como as associa-ções, constituídas há mais de 1 (um) ano, nos termosda lei civil, as autarquias, empresa públicas, fun-dações ou sociedades de economia mista que incluam,entre suas finalidades institucionais, a proteção daspessoas portadoras de deficiência poderão propor

ações civis públicas para a proteção de interes-ses coletivos ou difusos das pessoas com

deficiências.

Isso quer dizer que a não observân-cia das regras de acessibilidade que

prejudique o direito de ir e vir, epor conseqüência, os demais

direitos fundamentais daspessoas com deficiência,

pode ensejar uma açãocivil pública que implica

em um pedido ao juiz quedetermine ao responsável

pela lesão do direito que façaou deixe de fazer alguma coisa.

Não se deve esquecer, contudo, queo Conade - Conselho Nacional dos Direitos

da Pessoa com Deficiência, e os demaisConselhos Estaduais têm como função acom-

panhar o planejamento e avaliar a execução daspolíticas públicas relativas à pessoa com deficiência.

Registre-se ainda que no mês de maio deste anode 2006 aconteceu aqui em Brasília a I ConferênciaNacional dos Direitos das Pessoas com Deficiência,que teve como tema central ""AAcceessssiibbiilliiddaaddee,, vvooccêêttaammbbéémm tteemm ccoommpprroommiissssoo"", que resultou em 253deliberações. Agora é o momento de buscar estraté-gias para colocá-las em prática.

Acreditamos, pois, que somente reunindoesforços conseguiremos alcançar o resultado pre-tendido, eliminando as barreiras físicas para per-mitir que as pessoas com deficiência tenhamacesso a uma vida digna.

34Reviva Ano 3 - 2006 - PRODIDE

Foto

: Arq

uivo

Prefe

itura

de S

ão Pa

ulo

Page 35: Foto: Karen Rukat - MPDFT · conquistaram muito mais medalhas que os nossos atletas brasileiros ditos "normais"... Essas pessoas ... Dessa forma, nunca haverá tribunais suficientes

A lei é clara: éé ccrriimmee ddiissccrriimmiinnaarr ppeessssooaa iiddoossaa,, iimmppeeddiirr oouu ddiiffiiccuullttaarr sseeuu aacceessssoo aa qquuaaiissqquueerrooppeerraaççõõeess ee aattiivviiddaaddeess qquuee ffaazzeemm ppaarrttee ddoo ddiiaa--aa--ddiiaa ddaass ppeessssooaass.. AA ppeennaa éé ddee rreecclluussããoo ddee sseeiiss

mmeesseess aa uumm aannoo,, aalléémm ddee mmuullttaa.. UUmm ccuuiiddaaddoorr qquuee ddeessddeennhhaarr,, hhuummiillhhaarr oouu mmeennoosspprreezzaarr uumm iiddoossootteerráá ppeennaa ddee sseeiiss mmeesseess aa uumm aannoo,, aaccrreesscciiddoo ddee 11//33..

Acessibilidade

Reviva Ano 3 - 2006 - PRODIDE35

Você já ouviu falar?Desenho universal - Aquele que visa atender à maior gama de variações possíveis das

características antropométricas e sensoriais da população (ABNT NBR 9050:2004);

Rota acessível - Trajeto contínuo, desobstruído e sinalizado, que conecta os ambientesexternos ou internos de espaços e edificações, e que possa ser utilizado de forma autônomae segura por todas as pessoas, inclusive aquelas com deficiência. A rota acessível externa podeincorporar estacionamentos, calçadas rebaixadas, faixas de travessia de pedestres, rampas,etc. A rota acessível interna pode incorporar corredores, pisos, rampas, escadas e elevadores(ABNT NBR 9050:2004).

Barreira arquitetônica, urbanística ou ambiental - Qualquer elemento natural,instalado ou edificado que impeça a aproximação, transferência ou circulação no espaço,mobiliário ou equipamento urbano (ABNT NBR 9050:2004).

• Nas Edificações• Nos Transportes• Nas Comunicações

Elemento de Urbanização - Qualquer componente das obras de urbanização, taiscomo os referentes à pavimentação, saneamento, distribuição de energia elétrica, iluminaçãopública, abastecimento e distribuição de água, paisagismo e os que materializam as indi-cações do planejamento urbanístico.

Mobiliário Urbano - O conjunto de objetos existentes nas vias e espaços públicos,superpostos ou adicionados aos elementos da urbanização ou da edificação, de forma quesua modificação ou traslado não provoque alterações substanciais nestes elementos, taiscomo semáforos, postes de sinalização e similares, telefones e cabines telefônicas, fontespúblicas, lixeiras, toldos, marquises, quiosques e quaisquer outros de natureza análoga.

Ajuda Técnica - Os produtos, instrumentos, equipamentos ou tecnologia adaptados ouespecialmente projetados para melhorar a funcionalidade da pessoa portadora de deficiênciaou com mobilidade reduzida, favorecendo a autonomia pessoal, total ou assistida.

Foto

: Re

vist

a PR

ISM

A

Page 36: Foto: Karen Rukat - MPDFT · conquistaram muito mais medalhas que os nossos atletas brasileiros ditos "normais"... Essas pessoas ... Dessa forma, nunca haverá tribunais suficientes

36Reviva Ano 3 - 2006 - PRODIDE

oommpprraarr uumm ccaarrrroo ssiiggnniiffiiccaa,, ppaarraa

qquuaallqquueerr ppeessssooaa,, aallccaannççaarr mmaaiioorr

lliibbeerrddaaddee,, iinnddeeppeennddêênncciiaa,, ccoonnffoorrttoo ee

sseegguurraannççaa.. PPaarraa aass ppeessssooaass ccoomm ddeeffii--

cciiêênncciiaa,, eessssaa aaqquuiissiiççããoo tteemm vvaalloorr iimmeenn--

ssuurráávveell,, nnaa mmeeddiiddaa eemm qquuee ppoossssiibbiilliittaa oo

pplleennoo eexxeerrccíícciioo ddoo ddiirreeiittoo ddee iirr ee vviirr,,

nnuumm ppaaííss oonnddee oo ssiisstteemmaa ddee ttrraannssppoorrttee

ppúúbblliiccoo ccoolleettiivvoo,, aalléémm ddee pprreeccáárriioo,, nnããoo

ooffeerreeccee vveeííccuullooss aaddaappttaaddooss aa eessssaa

ppaarrcceellaa ddaa ppooppuullaaççããoo.. EEnnttrreettaannttoo,, uumm

aauuttoommóóvveell,, mmeessmmoo ddee ccaatteeggoorriiaa ppooppuu--

llaarr,, nnããoo éé uumm bbeemm aacceessssíívveell,, ssoobbrreettuuddoo

ssee pprreecciissaarr ssooffrreerr aaddaappttaaççõõeess..

PPoorr eessssaa rraazzããoo,, aass ppeessssooaass ccoomm ddeeffii--

cciiêênncciiaa,, ddiiaannttee ddaa iinneexxiissttêênncciiaa ddee uumm

sseerrvviiççoo ddee ttrraannssppoorrttee ppúúbblliiccoo eeffiicciieennttee ee

ddaa ddiiffiiccuullddaaddee ffiinnaanncceeiirraa ppaarraa aaddqquuiirriirr uumm

vveeííccuulloo pprróópprriioo,, aaddaappttaaddoo ààss ssuuaass nneecceess--

ssiiddaaddeess,, rreeiivviinnddiiccaarraamm uummaa pprroovviiddêênncciiaa

ddoo EEssttaaddoo qquuee aaccaabboouu ppoorr ccoonncceeddeerr

iisseennççõõeess ddee ttrriibbuuttooss qquuee pprroommoovveesssseemm aa

rreedduuççããoo nnoo pprreeççoo ffiinnaall ddoo vveeííccuulloo..

HHoojjee,, aa ppeessssooaa ccoomm ddeeffiicciiêênncciiaa ppooddee

ccoommpprraarr uumm ccaarrrroo ccoomm iisseennççããoo ddee IIPPII,,

IIOOFF,, IICCMMSS ee IIPPVVAA,, mmaass aa bbuurrooccrraacciiaa

aaiinnddaa éé mmuuiittoo ggrraannddee,, ttaannttoo jjuunnttoo aaooss

óórrggããooss ddoo ggoovveerrnnoo,, qquuaannttoo ààss ccoonncceess--

ssiioonnáárriiaass ddee vveeííccuullooss..

CCarroadaptado

com isençãode tributos por

pessoas comdeficiência

Foto

: Jo

sé E

vald

o V

ilela

Page 37: Foto: Karen Rukat - MPDFT · conquistaram muito mais medalhas que os nossos atletas brasileiros ditos "normais"... Essas pessoas ... Dessa forma, nunca haverá tribunais suficientes

Carro adaptado

Reviva Ano 3 - 2006 - PRODIDE37

IIsseennççããoo ddee IIPPII

As pessoas com deficiência física, visual, mentalsevera ou profunda, ou autistas, ainda que menoresde dezoito anos, poderão adquirir, diretamente oupor intermédio de seu representante legal, comisenção do IPI, automóvel de passageiros ou veículode uso misto, de fabricação nacional, classificado naposição 8703 da Tabela de Incidência do Impostosobre Produtos Industrializados.

A condição de pessoa portadora de deficiênciamental severa ou profunda, ou a condição de autista,será atestada conforme critérios e requisitosdefinidos pela Portaria Interministerial SEDH/MS nº 2,de 21 de novembro de 2003:

• Deficiência Mental Severa/Grave F.72 (CID – 10) • Deficiência Mental Profunda F.73 (CID – 10)

O benefício poderá ser utilizado uma vez a cada02 (dois) anos, inclusive nas aquisições realizadasantes de 22 de novembro de 2005. A isenção do IPIpara deficientes não se aplica às operações de arren-damento mercantil (leasing).

O IPI incidirá normalmente sobre quaisqueracessórios opcionais que não constituam equipa-mentos originais do veículo adquirido.

Para efeito de benefício de isenção de IPI, a aliena-ção fiduciária em garantia de veículo adquirido pelobeneficiário não se considera alienação.

DDooccuummeennttaaççããoo nneecceessssáárriiaa

• Requerimento em três vias originais, dirigido aoDelegado da Delegacia da Receita Federal – DRFou ao Delegado da Delegacia da Receita Federalde Administração Tributária – Derat da jurisdiçãodo contribuinte.

• Declaração de Disponibilidade Financeira ouPatrimonial do portador de deficiência, apresenta-da diretamente ou por intermédio de represen-tante legal, compatível com o valor do veículo aser adquirido.

• Laudo de Avaliação, emitido por serviço médicooficial da União, Estados, Distrito Federal ouMunicípios ou por unidade de saúde cadastradapelo Sistema Único de Saúde – SUS (Veja box).

• Certificado de Regularidade Fiscal ou CertidãoNegativa de Débitos expedida pelo Instituto

Nacional de Seguridade Social – INSS ou aindadeclaração do próprio contribuinte de que é isen-to ou não é segurado obrigatório da PrevidênciaSocial.

• Cópia da Carteira de Identidade do requerentee/ou do representante legal.

• Cópia da Carteira Nacional de Habilitação doadquirente ou do condutor autorizado.

• Certidão Negativa da Procuradoria-Geral daFazenda Nacional – PGFN.

ÉÉ iimmppoorrttaannttee qquuee oo aaddqquuiirreenntteemmaanntteennhhaa ccoonnssiiggoo ccóóppiiaa aauutteennttiiccaaddaa

eemm ccaarrttóórriioo ddoo llaauuddoo eemmiittiiddoo ppoorrsseerrvviiççoo mmééddiiccoo ooffiicciiaall ddaa UUnniiããoo,,

EEssttaaddooss,, DDiissttrriittoo FFeeddeerraall oouuMMuunniiccííppiiooss,, ppoorr uunniiddaaddee ddee ssaaúúddeeccaaddaassttrraaddaa ppeelloo SSiisstteemmaa ÚÚnniiccoo ddeeSSaaúúddee ((SSUUSS)) ee pprriinncciippaallmmeennttee oollaauuddoo eemmiittiiddoo ppeelloo DDEETTRRAANN--DDFF..

PPaarraa ffiinnss ddee ccoommpprroovvaaççããoo ddaaddeeffiicciiêênncciiaa ppooddeerráá sseerr aacceeiittoo llaauuddoo

ddee aavvaalliiaaççããoo aatteessttaannddoo aa eexxiissttêênncciiaa eeoo ttiippoo ddee ddeeffiicciiêênncciiaa,, oobbttiiddoo jjuunnttoo aaooDDeeppaarrttaammeennttoo ddee TTrrâânnssiittoo ((DDeettrraann))..

NNaa hhiippóótteessee ddee eemmiissssããoo ddee llaauuddooddee aavvaalliiaaççããoo ppoorr ccllíínniiccaa ccrreeddeenncciiaaddaa

ppeelloo DDeettrraann oouu ppoorr uunniiddaaddee ddee ssaaúúddeeccaaddaassttrraaddaa ppeelloo SSUUSS,, ddeevveerráá sseerr

iinnddiiccaaddoo,, nnoo pprróópprriioo llaauuddoo,, oo aattoo ddeeccrreeddeenncciiaammeennttoo jjuunnttoo aaoo DDeettrraann oouu oo

nnúúmmeerroo ddoo ccaaddaassttrroo nnoo SSUUSS..

Laudo de Avaliação

Page 38: Foto: Karen Rukat - MPDFT · conquistaram muito mais medalhas que os nossos atletas brasileiros ditos "normais"... Essas pessoas ... Dessa forma, nunca haverá tribunais suficientes

38Reviva Ano 3 - 2006 - PRODIDE

PPrraazzoo ddee vvaalliiddaaddee

O prazo de validade da Carta de Compra expedi-da pela SRF é de 180 dias, isto é, o adquirente terá180 dias para comprar o veículo, caso contrário teráque iniciar o processo todo outra vez.

O reconhecimento da isenção é competência doDelegado da Delegacia da Receita Federal ou doDelegado da Delegacia da Receita Federal deAdministração Tributária da jurisdição do domicíliodo interessado, que poderão subdelegá-la a seussubordinados.

A alienação de veículo adquirido por deficientecom o benefício da isenção de IPI, se efetuada antesde transcorridos dois anos de sua aquisição, depen-derá de autorização da Secretaria da ReceitaFederal, que será concedida se compro-vado que a transferência de pro-priedade se dará a pessoa físicaque satisfaça os requisitos parao gozo da isenção, ou queefetivamente pague o tribu-to dispensado acrescido deencargos.

Considera-se data de aquisição a da emissão da

Nota Fiscal de vendaao beneficiário, pelo

distribuidor autorizado

IIsseennççããoo ddoo IIOOFF

São isentas do IOF as operações financeiras paraaquisição de automóveis de passageiros de fabri-cação nacional de até 127 HP de potência bruta paradeficientes físicos condutores. Atestadas peloDepartamento de Trânsito onde residirem em caráterpermanente, cujo laudo de perícia médica especi-fique o tipo de deficiência e a total incapacidade parao requerente dirigir veículos convencionais.

A Isenção do IOF poderá ser utilizadauma única vez e deve ser requerida

juntamente com isenção de IPI, isto é,na Secretaria da Receita Federal

IIsseennççããoo ddoo IICCMMSS

Há mais de um ano as pessoas com deficiência detodo o país (exceto os que residem em São Paulo)estão enfrentando problemas para adquirir veículocom isenção de ICMS. Em São Paulo a Secretaria deFazenda do Estado nega isenção a quem não resideno estado e que necessite de qualquer adaptação quenão seja feita pelo fabricante. Já a Secretaria deFazenda do Estado do Paraná nega a isenção à mu-lheres que tiveram câncer de mama, mesmo que oestado de origem tenha liberado. O estado de MinasGerais só libera a aquisição com isenção para quemnecessita de algum tipo de adaptação que venha defábrica (vidro elétrico e câmbio automático). No casode pessoas que moram no DF ou em outros estadosem que não têm fabricas de veículos, a isenção de

ICMS ainda está muito complicada e na maioriadas vezes é indeferida pela secretaria de

estado de onde o veiculo é fabricado.

CCoommoo ee oonnddee rreeqquueerreerriisseennççããoo ddee IICCMMSS

Primeiro é preciso enca-minhar às agências daSecretaria de Estado deFazenda do Distrito Federal,os seguintes documentos:

• Requerimento de isençãoem duas vias.

• Original do laudo médicoemitido pelo Detran-DF.

• Formulário conforme Convênio ICMSnº 77, de 24 de setembro de 2004 eConvênio ICMS nº 29, de 1 de abril de 2005.

• Carteira de habilitação autenticada pelo Detran,RG, CPF e comprovante de residência.

• Cópia da declaração de imposto de renda.

• Carta de não repasse de tributos, fornecidapela montadora (também chamada carta dovendedor).

• Comprovante de disponibilidade financeira, docu-mentos que mostrem que a pessoa tem condiçãopara comprar o carro. Exemplos: contracheques,extratos bancários, etc.

Page 39: Foto: Karen Rukat - MPDFT · conquistaram muito mais medalhas que os nossos atletas brasileiros ditos "normais"... Essas pessoas ... Dessa forma, nunca haverá tribunais suficientes

Carro adaptado

Reviva Ano 3 - 2006 - PRODIDE39

Laudo médicoEEmm 22000055 aa SSeeccrreettaarriiaa ddee FFaazzeennddaa ddoo EEssttaaddoo ddee SSããoo PPaauulloo ppuubblliiccoouu aa PPoorrttaarriiaa CCAATT nnºº 5511,, ddee

2288//0066//22000055,, aa qquuaall,, nnoo iinncciissoo II ddoo aarrttiiggoo 11ºº,, eexxiiggiiaa qquuee oo llaauuddoo MMééddiiccoo ddoo DDeettrraann ddaa uunniiddaaddee ffeeddeerraa--ddaa ddee ddoommiiccíílliioo ddoo ccoommpprraaddoorr ddoo vveeííccuulloo ffoossssee eexxppeeddiiddoo nnooss úúllttiimmooss 118800 ddiiaass,, ccoonnttaaddooss aa ppaarrttiirr ddaa ddaattaaddee pprroottooccoolloo ddee rreeqquueerriimmeennttoo ddaa iisseennççããoo ddee IICCMMSS.. TTaall eexxiiggêênncciiaa ddiiffiiccuullttoouu aa ccoommpprraa ddee vveeííccuulloo ppeellaassppeessssooaass ccoomm ddeeffiicciiêênncciiaa,, uummaa vveezz qquuee oo llaauuddoo mmééddiiccoo ddoo DDeettrraann tteemm vvaalliiddaaddee ddee 0055 ((cciinnccoo)) aannooss,, ccaassoosseemm qquuee aa ddeeffiicciiêênncciiaa éé ppeerrmmaanneennttee ee nnããoo aapprreesseennttaa aalltteerraaççõõeess..

EEmm jjuullhhoo ddee 22000066,, aa SSeeccrreettaarriiaa ddee FFaazzeennddaa ddoo EEssttaaddoo ddeeSSããoo PPaauulloo,, aalltteerroouu aa rreeffeerriiddaa PPoorrttaarriiaa aattrraavvééss ddaaPPoorrttaarriiaa CCAATT nnºº 5511,, ddee 2288//0077//0066,, eennttrreettaannttooccrriioouu uumm nnoovvoo eennttrraavvee,, ppooiiss aaggoorraa qquuaallqquueerrppeessssooaa qquuee nneecceessssiittee ddee aaddaappttaaççõõeesseessppeecciiaaiiss qquuee nnããoo sseejjaamm ddee ffáábbrriiccaa,, nnããooffaarráá jjuuss aa iisseennççããoo ddee IICCMMSS.. IIssttoo vveemmddiiffiiccuullttaannddoo aa aaqquuiissiiççããoo ddee vveeííccuulloossppoorr ppeessssooaass ccoomm ddeeffiicciiêênncciiaa..

Foto

s: J

osé

Eval

do V

ilela

Onde requerer isenção de IPI e IOF

DDeelleeggaacciiaa ddaa RReecceeiittaa FFeeddeerraall ddee BBrraassíílliiaa//11ªª RRFF PPrroottooccoollooFones: (61) 3412-4158 / 3412-4159 / 3412-4408

DDEETTRRAANN//DDFF –– SSeerrvviiççoo MMééddiiccooFone: (61) 3905-5984.

IIsseennççããoo ddoo IIPPVVAA

Pode ser requerida por pessoa deficiente física ounão (condutora ou conduzida); por pessoa com defi-ciência visual; por deficiente mental severa ou pro-funda, ou autista ou por seu representante legal(curador).

Admite-se como adaptação especial o câmbioautomático ou hidramático e a direção hidráulica. Opedido para isenção deste imposto só poderá serrequerido quando a documentação do veículo esti-ver regularizada.

Para solicitar a isenção do tributo são necessáriosos seguintes documentos, os quais devem ser apre-sentados nas agências da Secretaria de Estado deFazenda do DF, juntamente com o requerimento deisenção de ICMS:

• Requerimento de Isenção para o IPVA• Cópia autenticada do Laudo Médico fornecido

pelo DETRAN• Carteira de Habilitação autenticada pelo Detran-

DF, RG, CPF e comprovante de residência• Cópia da declaração de Imposto de Renda• Cópia da declaração de não repasse de tributos,

fornecida pela montadora (carta do vendedor)• Comprovante de disponibilidade financeira• Documento do veículo (CRLV)• Nota fiscal que comprove as adaptações (caso o

deficiente seja o condutor)

AA iisseennççããoo ddee IIPPVVAA ddeevveerráá sseerr rreeqquueerriiddaa aannuuaall--mmeennttee ppeelloo ccoonnttrriibbuuiinnttee ee sseerráá rreeccoonnhheecciiddaa ppoorr aattooddeeccllaarraattóórriioo eemmiittiiddoo ppeellaa SSeeccrreettaarriiaa ddee EEssttaaddoo ddeeFFaazzeennddaa ddoo DDFF.. AAppeessaarr ddee ttooddaa aa bbuurrooccrraacciiaa,, ddeeeexxiiggêênncciiaass ddeessmmeeddiiddaass,, aattuuaallmmeennttee ooss ddeeffiicciieenntteessttêêmm uummaa mmeellhhoorr ccoonnddiiççããoo ddee aaddqquuiirriirr uumm ccaarrrroo,, ppooiisshhoojjee ooss ppaaiiss ppooddeemm ccoommpprraarr uumm ccaarrrroo ppaarraa ttrraannss--ppoorrttaarr sseeuuss ffiillhhooss ccoomm mmaaiiss sseegguurraannççaa ee ccoonnffoorrttoo..

Informações no site do NURIN:www.mpdft.gov.br/sicorde

Page 40: Foto: Karen Rukat - MPDFT · conquistaram muito mais medalhas que os nossos atletas brasileiros ditos "normais"... Essas pessoas ... Dessa forma, nunca haverá tribunais suficientes

40Reviva Ano 3 - 2006 - PRODIDE

Foto

: Jo

sé E

vald

o V

ilela

Page 41: Foto: Karen Rukat - MPDFT · conquistaram muito mais medalhas que os nossos atletas brasileiros ditos "normais"... Essas pessoas ... Dessa forma, nunca haverá tribunais suficientes

SUAS

Reviva Ano 3 - 2006 - PRODIDE41

Page 42: Foto: Karen Rukat - MPDFT · conquistaram muito mais medalhas que os nossos atletas brasileiros ditos "normais"... Essas pessoas ... Dessa forma, nunca haverá tribunais suficientes

42Reviva Ano 3 - 2006 - PRODIDE

ruto de quase duas décadas de debates dosquais participaram as entidades governamentaise instituições da sociedade civil, o SUAS, implan-

tado pelo Ministério do Desenvolvimento Social eCombate à Fome (MDS), pretende colocar em práti-ca os preceitos da Constituição de 1988. As diversasações e iniciativas de atendimento à população ca-rente passam a operar sob a estrutura de uma políti-ca pública de Estado: o benefício da assistência socialé um direito do cidadão.

O SUAS integra a Política Nacional de AssistênciaSocial, aprovada em 2004, que prevê organizaçãoparticipativa e descentralizada da assistência social,com ações voltadas para o fortalecimento da família.O novo sistema altera, de forma significativa, ope-rações como o repasse de recursos federais para esta-dos, municípios e Distrito Federal, prestação de con-tas e a organização dos serviços e atendimento nosmunicípios. Uma das inovações é a classificação dosmunicípios em três níveis de gestão – Inicial, Básica ea Plena – de acordo com a capacidade que cadacidade tem de executar e co-financiar os serviços deação social. Por outro lado, estão sendo desenvolvi-das ferramentas tecnológicas para garantir eficiência,agilidade e transparência do SUAS. A Rede SUAS,por exemplo, estrutura o sistema nacional de infor-mação, favorecendo o processamento das tran-sações financeiras, auxiliando nos processos detomadas de decisão e fornecendo elementos impres-cindíveis de monitoramento e avaliação dos progra-mas, serviços, projetos e benefícios.

Vários outros sistemas compõem a primeiraetapa da chamada Rede SUAS. Dentre eles, desta-cam-se: o GEOSUAS, que proporciona aos gestoresdos municípios, Distrito Federal e estados a possibi-lidade de efetivar um dos princípios básicos do SUAS– a territorialização – integrando, processando etransformando o dado de cada território. Há ainda oInfoSUAS, que disponibiliza todos os dados geradospelo SUASWeb, incluindo quantidade de usuáriosem cada programa, valores transferidos, classifi-cação dos programas, tipos de intervenção organi-zadas por ano. Todos os dados são organizados e fil-trados por município, Distrito Federal, estado eregião e por ano de execução. Outro componenteda rede é o CadSUAS, um sistema de cadastroinformatizado da rede sócio-assistencial – governa-mental e não-governamental –, que visa identificaras entidades da rede pública e as co-financiadas darede privada, sem fins lucrativos.

F

Page 43: Foto: Karen Rukat - MPDFT · conquistaram muito mais medalhas que os nossos atletas brasileiros ditos "normais"... Essas pessoas ... Dessa forma, nunca haverá tribunais suficientes

SUAS

Reviva Ano 3 - 2006 - PRODIDE43

SSUUAASS nnoo DDFF,, àà eessppeerraa ddee ddeeccrreettooss ee oorrççaammeennttoo

Como dita a Política Nacional de Assistência Social,todo estado e município deve implantar o SUAS. Masa realidade do país ainda impõe sérios obstáculosquando se tratam de transformações como esta. Defato, o SUAS é uma ' reviravolta' no serviço públicovoltado para a ação social, que levou décadas para seadaptar aos novos rumos impostos pela moderniza-ção da gestão e pela defesa da cidadania.

Está em andamento no Distrito Federal, desde2005, o processo de elaboração de um novo mode-lo que atinge toda a estrutura da Secretaria de AçãoSocial, para adaptá-la aos novos rumos do SUAS.

Tudo está sendo repensado, desde os órgãos téc-nicos e administrativos até as novas funções, novasatribuições, extinção e criação de novos órgãos. Asmodificações alcançam todas as ações de assistênciasocial no DF, desde uma nova relação entre público eprivado, que obriga a uma revisão nas parcerias, atéa implantação de uma nova política de gestão e pes-soas. Sem contar a necessidade de ampliação e refor-mulação da própria base física da sede da Secretariade Ação Social.

Pioneiro na ação social desde 1999, no atendi-mento básico e especial, hoje o DF perdeu o lugar dedestaque e o motivo maior tem sido a crônica faltade recursos no orçamento do GDF.

A Subsecretária de Assistência Social do DistritoFederal, Marta de Oliveira Silva, não esconde as difi-

Pioneiro na ação social

desde 1999, no atendimento

básico e especial, hoje o DF

perdeu o lugar de destaque

e o motivo maior tem sido a

crônica falta de recursos

Foto

: Pho

toD

isc (a

rqui

vo V

ia B

rasíl

ia)

Page 44: Foto: Karen Rukat - MPDFT · conquistaram muito mais medalhas que os nossos atletas brasileiros ditos "normais"... Essas pessoas ... Dessa forma, nunca haverá tribunais suficientes

44Reviva Ano 3 - 2006 - PRODIDE

culdades de implantação do Sistema no DF:"Estamos implantando, mas ainda fora do figurino.Quando tivermos as condições, entraremos no figuri-no. Já temos o Centro de Referência de AssistênciaSocial (CRAS), porém ainda não estamos no modelocompleto, na formatação exigida. Apesar do quadropouco propício, não podemos esperar as condiçõesideais; o atendimento está sendo prestado".

São inúmeras as ações necessárias para criar ainfra-estrutura capaz de garantir a implementação deuma nova filosofia de atendimento social. A atualestrutura da Secretaria de Ação Social, com seus1800 servidores, dos quais cerca de 200 técnicos,ficou obsoleta e, para cuidar de modernizá-la, umacomissão elaborou um novo organograma que criaquatro diretorias – Proteção Básica, Proteção Especial,Diretoria de Gestão do SUAS e uma Diretoria deRelação Público-Privada. Estão previstos ainda concur-sos públicos para contratação de profissionais nasáreas de assistência social, psicologia, nutrição, pe-dagogia, sociologia, estatística e comunicação social.Para coroar todo o processo, será implantado o sis-tema informatizado de monitoramento de infor-mação, para acompanhamento e avaliação.

Ou seja, um desafio e tanto para os próximosanos. Por exemplo, os atuais Centros de Desenvolvi-mento Social (CDS) passam a ser Centro de Referên-cia de Assistência Social (CRAS), mas para isso serápreciso a publicação, pelo GDF, de um decreto queextingue os CDS e outro decreto que cria os CRAS.Deverão ser criados, ainda, os Centros de Referên-cia Especializada em Assistência Social (CREAS). Hátambém um outro nível de atendimento, o daProteção Social Especial de Alta Complexidade,que entra em cena quando o atendido járompeu vínculos (abrigos, internações,casas de passagem). Atualmente o DFconta com quatro unidades especializadasde alta complexidade, duas em Taguatinga,e quatro unidades de internação de meni-nos, em São Sebastião, Recanto das Emas,Brasília e Planaltina.

OO qquuee éé oo CCRRAASS

Este é um centro territorializado, ou seja,deve atender famílias referenciadas de acordocom o porte da região administrativa, já que oobjetivo é levar o atendimento o mais próximopossível da comunidade. Algumas cidades do

DF terão, no futuro, vários CRAS. O CRAS é criadopara atender a todos os segmentos da população deuma comunidade, prestando serviços de ProteçãoSocial Básica – entendendo-se aí serviços e ações deatenção integral à família, serviços de convivência,sociabilidade geracional e intergeracional (para crian-ça, adolescente, idosos, pessoas com deficiência etc).E vai agir em articulação com os outros equipamen-tos e instituições que estão ali, como associações demoradores, entidades sociais que prestam serviço àpopulação carente, os conselhos de direitos etc. Éuma atuação mais ampla e commaiores e melhores resultados.Estas ações envolvem tam-bém, além de saúde,lazer, esporte, cultura,educação, interagin-do com diversaspolíticas que atuamde forma integrada.Há ainda o serviço

Foto

: Pho

toD

isc (a

rqui

vo V

ia B

rasíl

ia)

Page 45: Foto: Karen Rukat - MPDFT · conquistaram muito mais medalhas que os nossos atletas brasileiros ditos "normais"... Essas pessoas ... Dessa forma, nunca haverá tribunais suficientes

de capacitação e inserção produtiva, que trabalha naótica da questão da renda, preparando para o mer-cado de trabalho. E desenvolve ainda ações comple-mentares de promoção de inclusão produtiva parabeneficiários do Programa Bolsa Família, pois a idéiaé que a pessoa não deve ficar a vida toda depen-dendo de um programa de transferência de renda,mas devem lhe ser oferecidos meios de apoio parasuperar as dificuldades temporárias, preparando-separa o mercado de trabalho. Mas esta nova propos-ta vai exigir bases físicas para a territorialização ebases de recursos humanos. Se são cinco milfamílias a serem atendidas, uma equipe do CRASprecisa ter no mínimo dois assistentes sociais, doispsicólogos, um pedagogo, um professor de

Educação Física, um agente administrativo, quatroagentes sociais e dois educadores sociais.

OO qquuee éé oo CCRREEAASS

O Centro de Referência Especializado de Assistên-cia Social está voltado para ações em casos de situa-ções de violações de direitos de qualquer segmentoda população. Faz atendimento em questões comoviolência contra o idoso, exploração sexual de crian-ças, exploração de trabalho infantil, violência contraa mulher, pessoas desaparecidas. É um local de“plantão social” destinado também a dar orientaçãoe apoio sociofamiliar para diferentes situações docotidiano. Trata-se de um centro de atendimentoregionalizado, com atuação diferente do CRAS, e quepressupõe uma firme articulação com o sistema dedefesa de direitos humanos.

O CRAS e o CREAS são mais amplos em sua atua-ção do que o CDS, são atuações que se interligam,se complementam. O CDS tem um desenho maisantigo da política de assistência social. Ele tem aten-dido a maioria dos serviços, mas sob uma ótica dife-rente. Nesses novos tempos de uniformidade de pro-cedimentos e forma de atuação matricial, que ofe-rece atendimento à família como um todo, exigidopelo SUAS, algumas dessas diretrizes começam a serincorporadas hoje no DF. Mas há um prazo paraimplementação das medidas do novo sistema.

Agora o governo do DF deverá ter como foco prin-cipal o cumprimento dos prazos para efetivação dasnovas metas de atendimento. A Política Nacional deSaúde prevê um plano decenal para implantação doSUAS, em etapas, em todo o território nacional. Esteprazo inclui etapas medidas de curto, médio e longoprazos, ao final do qual todo o país deverá estar cober-to por esta rede de assistência social já consolidada.

SUAS

Reviva Ano 3 - 2006 - PRODIDE45

A pessoa não deve ficar a

vida toda dependendo

de um programa de

transferência de renda,

mas devem lhe ser

oferecidos meios de apoio

para superar as

dificuldades temporárias

Os órgãos da administração pública direta, indireta e fundacional, asempresas prestadoras de serviços públicos e as instituições financeiras deverãodispensar atendimento prioritário às pessoas portadoras de deficiência ou com

mobilidade reduzida.

Page 46: Foto: Karen Rukat - MPDFT · conquistaram muito mais medalhas que os nossos atletas brasileiros ditos "normais"... Essas pessoas ... Dessa forma, nunca haverá tribunais suficientes

46Reviva Ano 3 - 2006 - PRODIDE

AAss aattiivviiddaaddeess ddeesseennvvoollvviiddaass ccoomm ggrruuppooss ddee iiddoossooss ppeerrmmiitteemm uumm

rreeccoonnhheecciimmeennttoo ssoocciiaall qquuee,, ppoorr ssuuaa vveezz,, pprroodduuzz uummaa aauuttoo--iimmaaggeemm ppoossiittiivvaa,,

qquuee lleevvaa àà ssaattiissffaaççããoo ee àà mmeellhhoorr qquuaalliiddaaddee ddee vviiddaa..

Foto

: A

rqui

vo S

ESC

-DF

Page 47: Foto: Karen Rukat - MPDFT · conquistaram muito mais medalhas que os nossos atletas brasileiros ditos "normais"... Essas pessoas ... Dessa forma, nunca haverá tribunais suficientes

idoso é levado socialmente a encarar o enve-lhecimento como uma fase da vida marcadapor um doloroso processo de deterioração físi-

ca e mental rumo ao abatimento e, sobretudo, aodecréscimo do status social.

A cristalização de hábitos, normas e costumesque nos são impostas socialmente, criam amarrasincômodas e mutiladoras que marcam negativa-mente o envelhecer.

Faz-se necessário, então, redescobrir novos cami-nhos, através de ações educativas e propostas inova-doras cuja construção e execução não é uma tarefaindividual, mas social, implicando em mudanças dehábitos, aquisição de novas habilidades, atualizaçãode conhecimentos e convivência grupal.

Como aspectos primordiais da configuração doenvelhecimento saudável estão a satisfação de vida, aimagem de si mesmo e a manutenção dos papéissociais.

No Distrito Federal, o Serviço Social do Comércio(SESC) desenvolve ações com a população idosa hámais de 25 anos. O Trabalho Social com Grupos é ummodelo de atendimento que representa o esforço daentidade em entender o processo de envelhecimentocomo uma etapa natural da vida do ser humano. O indivíduo que mantém sua auto-estima, suaautonomia nas deliberações individuais, sociais epolíticas também pode ser produtivo e ter a oportu-nidade de usufruir com prazer o seu tempo com maisfelicidade, apesar das limitações impostas peloavançar da idade.

Busca-se essencialmente o desenvolvimento deum envelhecimento ativo, em que se valorize a dig-nidade do indivíduo, desmistificando alguns pressu-postos de que ser "velho" é estar ultrapassado.

Procura-se a sua contribuição para a redefiniçãode valores sociais, superando a visão capitalista-histórica e estigmatizante de que ser idoso é estar relegado à improdutividade e reduzindo a seu ambien-te de atuação.

As atividades desenvolvidas com os grupos deidosos no SESC-DF permitem um reconhecimentosocial que, por sua vez, produz uma auto-imagempositiva, que leva à satisfação de vida. Trata-se deencontrar estratégias de socialização que permitama valorização social e a renovação constante de obje-tivos de vida.

Um novo pensar sobre o envelhecimento é, pois,colocado na esfera institucional consolidado pelo desen-volvimento de estratégias de ação que privilegiam um"olhar interdisciplinar e global" sobre este processo, uti-lizando toda a estrutura institucional e áreas afins, bemcomo a articulação-rearticulação de recursos extra-insti-tucionais, sejam eles estatais ou privados.

O SESC tem como missão a promoção do bem-estar social e a melhoria da qualidade de vida dos tra-balhadores do setor do comércio e serviços e de seusdependentes, por meio de ações de Saúde, Alimen-tação, Ação Social, Cultura, Educação, Esporte eLazer, destacando-se o Trabalho Social com Idosos,trabalho este pioneiro no Brasil. O atendimento espe-cializado a este segmento procura "oferecer aosidosos oportunidades de convivência e formação degrupos, de informação e atualização, de lazer, ativi-dades físicas e de saúde".

SESC-DF

Reviva Ano 3 - 2006 - PRODIDE47

O SESC busca o

desenvolvimento de um

envelhecimento ativo, em

que se valorize a dignidade

do indivíduo

Endereços de atendimento ao grupo de Idosos

SSEESSCC 991133 SSuull – 3ª feiras: das 15h às 18 h

SSEESSCC 550044 SSuull – 4ª feiras: das 14h às 17 h

SSEESSCC GGuuaarráá – 5ª feiras: das 14 h às 17h

SSEESSCC GGaammaa – 2ª feira: das 14h às 17 h

SSEESSCC TTaagguuaattiinnggaa NNoorrttee ee TTaagguuaattiinnggaa SSuull –2ª feira: das 14h às 17h.

O

Page 48: Foto: Karen Rukat - MPDFT · conquistaram muito mais medalhas que os nossos atletas brasileiros ditos "normais"... Essas pessoas ... Dessa forma, nunca haverá tribunais suficientes

48Reviva Ano 2 - 2005 - PRODIDE

Foto

: Cl

ause

n Bo

nifá

cio

(arq

uivo

Via

Bra

sília

)

Page 49: Foto: Karen Rukat - MPDFT · conquistaram muito mais medalhas que os nossos atletas brasileiros ditos "normais"... Essas pessoas ... Dessa forma, nunca haverá tribunais suficientes

Violência

Reviva Ano 3 - 2006 - PRODIDE49

ma das conseqüências mais comuns do usode substâncias químicas, como o álcool eoutras drogas, tem sido a violência intrafa-

miliar, que atinge diversos segmentos da socie-dade, praticada dentro de casa, usualmente entreparentes: As crianças, mulheres e os idosos são osque mais sofrem esse tipo de violência que podeser explícita ou velada.

De acordo com a Constituição Federal, é dever doEstado assegurar a assistência à família na pessoa decada um dos que a integram, criando mecanismospara coibir a violência no âmbito de suas relações.Assim, a intervenção do estado, para responder àsdemandas apresentadas pela população vítima dessaviolência, não tem se limitado às políticas públicas.

Estas situações constituem um dos terrenos ondeatua a Promotoria de Justiça de Defesa do Idoso e doPortador de Deficiência – PRODIDE, com a finalidadede preservar os direitos da pessoa idosa e de garantiruma vivência saudável e harmoniosa em seu núcleofamiliar.

Os idosos são atingidos por esta realidade de duasmaneiras distintas: a primeira delas, e a mais recor-rente, se expressa nos casos em que pessoas idosas,

principalmente do sexo feminino, são vítimas deusuários dessas substâncias. Nesses casos, reali-dades individuais de maus-tratos, negligência ouapropriação indevida de renda encontram seusdeterminantes na problemática maior do abuso desubstâncias psicoativas.

Há também situações em que o próprio idoso fazuso de tais substâncias, o que lhe causa danos àsaúde, além de determinar um contexto conflituosoem suas relações interpessoais. Esta realidade podesubmetê-lo a condições de violência, abandono e pri-vações materiais.

Para conhecer de maneira aprofundada a reali-dade vivida pelo idoso em seu cotidiano e assim atuarde maneira eficaz, a PRODIDE lança mão do trabalhorealizado pelo Núcleo de Perícia Social (NUPES), quetem o objetivo de assessorar as diversas promotoriasrealizando estudo social dos casos que lhe sãoencaminhados. Após a realização deste estudo, oNUPES emite parecer técnico e, nos casos em que hánecessidade, faz a sugestão de encaminhamentosque possam auxiliar na resolução das situações derisco vividas pelo idoso em seu núcleo familiar.

Em vários casos é constatado que de fato a situa-ção de risco (violência, apropriação de renda, entreoutras) vivida pelo idoso é determinada pelo usoabusivo do álcool ou de outra substância psicoativa,por parte de um familiar ou da própria pessoa idosa.Essa relação foi observada em cerca de 70% doscasos analisados pelo NUPES.

O encaminhamento da pessoa usuária de subs-tâncias psicoativas à instituição que ofereça atendi-mento ao dependente químico pode auxiliar nasuperação da situação de risco vivida pela família.Quando necessário, o tratamento deve estar articu-lado com outras soluções possíveis, já que muitasvezes esta realidade está relacionada a outras situa-ções de fragilidade, determinando ou sendo deter-minada por ela. A decisão da Promotoria de enca-minhar a este tratamento encontra fundamento noArtigo 45, inciso IV, da Lei 10.741/2003 (Estatutodo Idoso) que prevê esta iniciativa como medida deproteção à pessoa idosa.

Ressalte-se que a Promotoria se posicionaneste sentido apenas quando é constatado o riscoreal de dano à integridade física ou psicológica doidoso e há resistência da pessoa que provoca esta

OO uussoo aabbuussiivvoo ddee ssuubbssttâânncciiaass

ppssiiccooaattiivvaass –– llíícciittaass oouu iillíícciittaass,, ddee

oorriiggeemm nnaattuurraall oouu ssiinnttééttiiccaa,, iinncclluuiinnddoo

áállccooooll,, qquuee ssee uuttiilliizzaaddaass mmooddiiffiiccaamm aass

ppeerrcceeppççõõeess sseennssoorriiaaiiss –– ccoonnssttiittuuii

aattuuaallmmeennttee uumm ddeessaaffiioo ppaarraa aa ssaaúúddee

ppúúbblliiccaa,, eexxiiggiinnddoo uummaa aattuuaaççããoo

ddeesstteemmiiddaa ddoo EEssttaaddoo aa ffiimm ddee

mmiinniimmiizzaarr sseeuuss eeffeeiittooss nnoocciivvooss nnoo

ccoottiiddiiaannoo ddooss cciiddaaddããooss

U

Page 50: Foto: Karen Rukat - MPDFT · conquistaram muito mais medalhas que os nossos atletas brasileiros ditos "normais"... Essas pessoas ... Dessa forma, nunca haverá tribunais suficientes

situação em se submeter a tratamento contra adependência química.

Existem atualmente diversas modalidades de inter-venção e serviços para a realização do tratamento aodependente químico e que são disponibilizados porórgãos governamentais, comunidades terapêuticasde caráter filantrópico ou com fins lucrativos, clínicasde recuperação e grupos de mútua ajuda, tais como:Alcóolicos Anônimos (AA), Grupo de Atendimentopara Familiares de Alcoolista (AL-ANON) e NarcóticosAnônimos (NA).

No entanto vale ressaltar que a iniciativa públicaestatal é a que encontra menor participaçãono oferecimento desses serviços.Assim não é possível garantir oacesso a todos os que necessi-tam e nem sempre osserviços oferecidos seguemos princípios e critériosda política nacional desaúde mental. Portan-to, mesmo a inter-venção da PRODIDEdeterminando as me-didas de proteçãoprevistas na lei nãoresolve o problema.

As ações governa-mentais de enfrenta-mento à dependência desubstâncias psicoativasfazem parte da política deálcool e drogas do GovernoFederal que, por sua vez, estáinserida na política mais ampla desaúde mental, mas apresenta particulari-dades determinadas pela especificidade destesegmento.

A política de saúde mental no Brasil é estruturadaa partir dos Centros de Atenção Psicossociais (CAPS),que oferecem tratamento para pessoas que sofremcom transtornos mentais, psicoses, neuroses graves edemais quadros que envolvem a saúde mental. Oobjetivo dos CAPS é atender a população, realizandoo acompanhamento clínico e a reinserção social dosusuários pelo acesso ao trabalho, lazer, exercício dosdireitos civis e fortalecimento dos laços familiares ecomunitários.

Para pacientes cujo principal problema é o usoabusivo de álcool e outras substâncias psicoativas, apartir de 2002 passaram a existir os Centros deAtenção Psicossocial – Álcool e Drogas (CAPSad).

Os CAPSads devem oferecer atendimentodiário, em regime ambulatorial, a pacientes quefazem uso abusivo de álcool e outras substânciaspsicoativas. Este atendimento compreende umplanejamento terapêutico individual contínuo epossibilita intervenções precoces, limitando oestigma associado ao tratamento. A rede utiliza-da na intervenção baseia-se em serviços comu-nitários, contando também com o suporte de

leitos psiquiátricos em hospital geral,quando necessário, e outras práti-

cas de atenção comunitária.

Considerando o protago-nismo do Estado na imple-

mentação da política desaúde, supõe-se queessa estrutura deatendimento deva serdisponibilizada uni-versalmente. Porém,no que diz respeitoaos serviços estrutu-rados pelo Governodo Distrito Federal, épossível afirmar que o

número de CAPS éinsuficiente para respon-

der à demanda atual.Existe apenas um CAPSad

na cidade satélite do Guará,responsável pelo atendimento de

todo o DF. Outro serviço disponível éo Programa de Alcoolismo do Hospital

Universitário de Brasília que, no entanto, encon-tra-se no âmbito do Governo Federal.

Portanto, no Distrito Federal, existem apenasdois serviços de referência no tratamento dadependência química, realidade que atesta a neces-sidade urgente da implementação da política desaúde mental nesta região. Enquanto isso não acon-tecer, o mandamento constitucional de criar meca-nismos para proteger a família não estará sendocumprido. Assim, como falar em dignidade da pes-soa como fundamento do Estado Democrático deDireito?

50Reviva Ano 3 - 2006 - PRODIDE

Foto

: Pho

toD

isc (a

rqui

vo V

ia B

rasíl

ia)

Page 51: Foto: Karen Rukat - MPDFT · conquistaram muito mais medalhas que os nossos atletas brasileiros ditos "normais"... Essas pessoas ... Dessa forma, nunca haverá tribunais suficientes

Intituição Informações relevantes Contato

Grupos Anônimos

Intituição Informações relevantes Contato

Violência

Reviva Ano 3 - 2006 - PRODIDE51

Instituições de tratamento de usuários de drogas

CCAAPPSS – AADD22 – Centro de AtençãoPsicossocial – Álcool e Drogas –Guará II

Destinado a adultos de ambos os sexosdependentes químicos (álcool e drogas). O tratamento é apenas ambulatorial.

(61) 3567.1967

AAAA – Alcoólicos Anônimos Reuniões em grupo para alcoolistas e ex-alcoolistas. Metodologia dos doze passos.

(61) 3226.0091(61) 3351.9644

AALL--AANNOONN Grupo de ajuda para familiares e amigos de alcoolistas. (61) 3273.0404

NNAATTAA – Núcleo de Apoio aToxicômanos e Alcoólatras – Asa Sul

O NATA realiza reuniões para dependentesquímicos e triagem para os que desejam serencaminhados para a Comunidade TerapêuticaFazenda do Senhor Jesus.

(61) 3328.4006

NNAAFFTTAA – Núcleo de Apoio a Familiaresde Toxicômanos e Alcoólatras

O NAFTA é núcleo de apoio ao familiar dodependente químico.

(61) 3242.4761

NNAA – Narcóticos Anônimos (várias cidades)

Reuniões em grupo para dependentesquímicos.Metodologia semelhante a dosAlcoólicos Anônimos.

(61) 92459422

HHUUBB – Programa de Atendimento ao Alcoolismo – PAA. L2 Norte – 604/605

Destina-se a adultos de ambos os sexos comproblemas com álcool e/ou drogas e familiares.O tratamento é ambulatorial.

(61) 3307.1588(61) 3307.3223(61) 3448.5430

HHRRGG – Hospital Regional do Gama – Apoio à recuperação de dependentesquímicos – Setor Central - Gama

Tem como objetivo a recuperação dedependentes químicos. São feitos atendimentosem grupo todas às quartas-feiras, das 14h às16h no Auditório do Hospital.

(61) 3385.9786(61) 3556.1333

PPRRAAIIAA – Programa de AtençãoIntegral ao Adolescente

GGMMFF – Grupo de pais com filhosadolescentes vivendo situaçãoespecial de uso de drogas

Fornece orientação aos pais de adolescentesusuários de drogas e aos adolescentes.

Para marcaçãode consulta é

necessário ligaraos centros de

saúde

Entidades Não-Governamentais

Órgãos Governamentais

Page 52: Foto: Karen Rukat - MPDFT · conquistaram muito mais medalhas que os nossos atletas brasileiros ditos "normais"... Essas pessoas ... Dessa forma, nunca haverá tribunais suficientes

Violência

52Reviva Ano 3 - 2006 - PRODIDE

Comunidades terapêuticas

Intituição Informações relevantes Contato

CCaassaa ddee RReeccuuppeerraaççããoo EEll SShhaaddaaii –Ceilândia Norte

Tratamento gratuito para homens adultos depen-dentes químicos. Internação máxima de nove meses.

(61) 3379.2641(61) 9991.3968

MMiinniissttéérriioo SSeerrvvoo – Serviço Evangélicode Reabilitação e vocação. Taguatinga

Atendimento gratuito a dependentes químicos dosexo masculino. Internação mínima de dois meses.

(61) 3353.3005

CCaassaa ddee RReeccuuppeerraaççããoo ddaass MMuullhheerreess ddee DDeeuuss – Ceilândia Sul

Destina-se a dependentes químicos do sexo femininoadultas. Gratuito. Internação máxima de nove meses.

(61) 3372.2271(61) 3371.4240

CCeennttrroo ddee RReeccuuppeerraaççããoo LLeeããoo ddee JJuuddáá –Planaltina/DF

Internação para dependentes químicos de ambos ossexos, em um período mínimo de três meses.

(61) 9202.6789(61) 9205.0934

GGrruuppoo FFoorrççaa PPaarraa VVeenncceerr – CeilândiaNorte

Internação para dependentes químicos numperíodo máximo de 180 dias.

(61) 3581.8089(61) 9615.4705

DDeessaaffiioo JJoovveemm ddee BBrraassíílliiaa – Asa Norte Internação de homens a partir dos 16 anos na comunidade terapêutica e tratamento ambulatorial.

(61) 3273.0455(61) 3273.3032

IIDDHHUUMM – Instituto deDesenvolvimento Humano. Paranoá

Internação de homens a partir dos 16 anos na comunidade terapêutica e tratamento ambulatorial.

(61) 3273.0455(61) 3273.3032

MMiissssããoo VViiddaa eemm AAbbuunnddâânncciiaa – Guará II

Tratamento para álcool e drogas somente paramulheres a partir de 16 anos.

(61)3381.7404(61) 3381.3820

MMiissssããoo VViiddaa – Sobradinho II Internação para dependentes químicos de 19 a 60anos.

(61) 3487.2194 (61) 8412.5022

FFaazzeennddaa ddoo SSeennhhoorr JJeessuuss – Asa Sul Trata homens e mulheres adultos dependentesquímicos. Forma de tratamento: internação.

(61) 3328.4006(61) 3242.4761

Grupos Anônimos

Intituição Informações relevantes Contato

CCllíínniiccaa ddoo RReennaasscceerr – Park Way Atendimento clínico/psicológico a dependentesquímicos. Pode ser ambulatorial ou internação.

(61) 3383.2000

SSEERR – Clínica de Saúde MentalLago Norte

Tratamento para alcoolistas e usuários de drogas. (61) 3468.5700

CCllíínniiccaa RReeccaannttoo ddee OOrriieennttaaççããooPPssiiccoossssoocciiaall – Taguatinga

Tratamento de dependência química e doençaspsiquiátricas.

(61) 3351.1261(61) 3540.1261

CCllíínniiccaa ddee TTrraattaammeennttoo aaoo AAllccoooolliissmmoo""AAbbíílliioo LLaappaa"" – Taguatinga

Tratamento para alcoolismo. (61) 3352.4658(61) 3352.0085

CCllíínniiccaa MMaannssããoo VViiddaa – Samambaia Atendimento a dependentes químicos. (61) 3559.2340

Entidades Privadas

RReessppoonnssáávveeiiss ppeelloo NNUUPPEESS::

Nadja Maria Oliveira da SilvaAssistente Social

Karolina V C VarjãoAssistente Social

Josiane Simões de LimaPsicóloga

EEssttaaggiiáárriiaass ddee SSeerrvviiççoo SSoocciiaall::

Karina Marina SilvaCristina Aguiar LaraCristiane Kelly CarvalhoVanessa de Sousa NascimentoAline Barbosa de MatosAngélica Mariz de AndradePollyana Moreira de Assis

Colaboraram:

Page 53: Foto: Karen Rukat - MPDFT · conquistaram muito mais medalhas que os nossos atletas brasileiros ditos "normais"... Essas pessoas ... Dessa forma, nunca haverá tribunais suficientes

Ministério Público

Reviva Ano 3 - 2006 - PRODIDE53

Embora o Ministério Público seja atualmentebastante conhecido, ainda é importante esclarecer sobre a sua atuação, pois acredita-

mos que pelo excesso de confiança nesta institui-ção, há uma tendência em querer ampliar as suasatribuições, objetivando substituir o Estado-Administração no que diz respeito à implemen-tação de políticas públicas.

O Ministério Público é instituição permanente,essencial à função jurisdicional do Estado, incum-bindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regimedemocrático e dos interesses sociais e individuaisindisponíveis.

Podemos dizer que o Ministério Público cuida daprópria saúde geral do Estado. Tem por obrigação

OO MMiinniissttéérriioo PPúúbblliiccoo éé iinnssttiittuuiiççããoo ppeerrmmaanneennttee,, eesssseenncciiaall ààffuunnççããoo jjuurriissddiicciioonnaall ddoo EEssttaaddoo,, iinnccuummbbiinnddoo--llhhee aa ddeeffeessaa ddaa

oorrddeemm jjuurrííddiiccaa,, ddoo rreeggiimmee ddeemmooccrrááttiiccoo ee ddooss iinntteerreesssseessssoocciiaaiiss ee iinnddiivviidduuaaiiss iinnddiissppoonníívveeiiss

E

Page 54: Foto: Karen Rukat - MPDFT · conquistaram muito mais medalhas que os nossos atletas brasileiros ditos "normais"... Essas pessoas ... Dessa forma, nunca haverá tribunais suficientes

54Reviva Ano 3 - 2006 - PRODIDE

constitucional promover as ações penais públicas con-tra as pessoas que cometem crimes, e as ações civispúblicas em defesa de direitos coletivos, difusos ouindividuais homogêneos, como aqueles em defesados idosos, portadores de deficiência, do meioambiente, da saúde e da educação.

O Ministério Público defende tais interesses deforma coletiva, ou seja, o resultado da sua atuaçãoalcançará todos aqueles que se encontram na mesmasituação. Os interesses individuais devem ser defendi-

dos pelos advogados privados ou pela DefensoriaPública. Entretanto, cabe ao Ministério Público a defe-sa dos direitos individuais indisponíveis, que são aque-les dos quais a pessoa não pode abrir mão, ou transi-gir a respeito, como o direito à vida.

Resumindo, o Ministério Público é uma instituiçãoiinnddeeppeennddeennttee ee aauuttôônnoommaa: não pertence nem aoPoder Executivo nem ao Poder Judiciário. ÉÉ oo ddeeffeennssoorrddaa ssoocciieeddaaddee ccoommoo uumm ttooddoo: atua quando, numadeterminada situação, existe um IINNTTEERREESSSSEE PPÚÚBBLLIICCOO.

Page 55: Foto: Karen Rukat - MPDFT · conquistaram muito mais medalhas que os nossos atletas brasileiros ditos "normais"... Essas pessoas ... Dessa forma, nunca haverá tribunais suficientes

Ministério Público

Reviva Ano 3 - 2006 - PRODIDE55

A Constituição de 1988 consagrou o MinistérioPúblico como defensor da sociedade contra possíveisabusos do Estado "ao mesmo tempo em que lhe con-fere poderes para defender o Estado Democrático deDireito contra eventuais ataques de particulares demá-fé." (portal PRDF).

O Ministério Público abrange o MMiinniissttéérriioo PPúúbblliiccooddaa UUnniiããoo e o MMiinniissttéérriioo PPúúbblliiccoo ddooss EEssttaaddooss.

Vamos ver como é isso na prática:

1) Ministério Público da União – é formado por:

• MMiinniissttéérriioo PPúúbblliiccoo FFeeddeerraall

Atua na defesa dos direitos sociais e individuaisindisponíveis dos cidadãos perante o SupremoTribunal Federal, o Superior Tribunal de Justiça,os tribunais regionais federais, os juízes federaise juízes eleitorais. O MPF atua nos casos fe-derais, regulamentados pela Constituição epelas leis federais, sempre que a questão

Page 56: Foto: Karen Rukat - MPDFT · conquistaram muito mais medalhas que os nossos atletas brasileiros ditos "normais"... Essas pessoas ... Dessa forma, nunca haverá tribunais suficientes

56Reviva Ano 3 - 2006 - PRODIDE

envolver interesse público, seja em virtude daspartes ou do assunto tratado. Também cabe aoMPF fiscalizar o cumprimento das leis editadasno país e daquelas decorrentes de tratadosinternacionais assinados pelo Brasil.

O PPrrooccuurraaddoorr ddaa RReeppúúbblliiccaa atua em 1ª instância,junto aos Juízes Federais. O PPrrooccuurraaddoorr RReeggiioonnaallddaa RReeppúúbblliiccaa atua em 2ª instância, junto aosTribunais Regionais Federais, e o SSuubbpprrooccuurraaddoorr--GGeerraall ddaa RReeppúúbblliiccaa atua perante o STJ E STF.

O PPrrooccuurraaddoorr--GGeerraall ddaa RReeppúúbblliiccaa é o chefe doMinistério Público da União, do Ministério PúblicoFederal e, conseqüentemente do Ministério Públi-co Eleitoral. Nomeado pelo Presidente da Repú-blica, após aprovação do Senado Federal, cabe aele, dentre outras atribuições, nomear o Pro-curador-Geral do Trabalho (chefe do MPT), oProcurador-Geral da Justiça Militar (chefe do MPM)e dar posse ao Procurador-Geral de Justiça doDistrito Federal e Territórios (chefe do MPDFT).

•• MMiinniissttéérriioo PPúúbblliiccoo ddoo TTrraabbaallhhoo

Atua na defesa dos direitos sociais e indivi-duais indisponíveis dos cidadãos perante oTribunal Superior do Trabalho e os TribunaisRegionais do Trabalho. O MPT atua sempreque a questão envolver interesse público emquestões trabalhistas.

•• MMiinniissttéérriioo PPúúbblliiccoo MMiilliittaarr

Ramo específico do MPU que atua junto aosórgãos da Justiça Militar.

•• MMiinniissttéérriioo PPúúbblliiccoo ddoo DDiissttrriittoo FFeeddeerraall ee TTeerrrriittóórriiooss

Tem a mesma estrutura e a mesma atuação que oMinistério Público dos Estados.

2) Ministério Público dos Estados

Cada estado da federação tem o seu MinistérioPúblico, que é um órgão independente dos poderesExecutivo, Legislativo e Judiciário. O Ministério Públicodos estados e do Distrito Federal trabalha em váriasáreas: na área criminal, na área do direito de família,na defesa da infância e juventude, da pessoa idosa,do patrimônio público, do meio ambiente, das pes-soas com deficiência, consumidor, entre outras. Suaatuação é sempre perante a justiça comum, ou seja,perante os Juízes e Tribunais de Justiça do Estado,podendo, entretanto apresentar recurso aos Tribunaissuperiores (STJ e STF).

A atuação do MP é importante e podeser muito eficaz para a efetiva implantação

dos direitos de cidadania. Entretanto, o MP não é "onipotente" e sua existência

não supre nem dispensa a atuação de cada um de nós como cidadãos, seja

individualmente, seja de forma organizada,em associações, sociedades civis etc.

O MPDFT trabalha nas áreas

criminal, direito de família,

defesa da infância e

juventude, pessoa idosa,

deficientes, patrimônio público,

meio ambiente, entre outras

É crime punível com reclusão de um a quatro anos e multa: recusar,suspender, procrastinar, cancelar ou fazer cessar, sem justa causa, a

inscrição de aluno em estabelecimento de ensino de qualquer curso ougrau, público ou privado, por ser portador de algum tipo de deficiência.

Ministério Público

Page 57: Foto: Karen Rukat - MPDFT · conquistaram muito mais medalhas que os nossos atletas brasileiros ditos "normais"... Essas pessoas ... Dessa forma, nunca haverá tribunais suficientes

Serviço

Reviva Ano 3 - 2006 - PRODIDE57

IInnaauugguurraaddoo nnoo ddiiaa 1100 ddee mmaaiioo ddeesstteeaannoo,, oo TTeelleecceennttrroo AAcceessssíívveell TTaagguuaattiinnggaa,,

pprroojjeettoo eexxeeccuuttaaddoo ppeellaa OONNGGAAcceessssiibbiilliiddaaddee BBrraassiill,, tteemm ccoommoo oobbjjeettiivvoo aaiinncclluussããoo ddiiggiittaall ddee ppeessssooaass ccoomm ddeeffiicciiêênn--cciiaa vviissuuaall,, aauuddiittiivvaa,, mmeennttaall ee ffííssiiccaa.. EE pprree--tteennddee eessttaabbeelleecceerr uummaa mmeettooddoollooggiiaa ddee

aaççããoo ccoonnjjuunnttaa ccoomm ooss pprrooggrraammaass ddeeIInncclluussããoo DDiiggiittaall ee ddeemmaaiiss aaççõõeess ddee

aassssiissttêênncciiaa ssoocciiaall àà ppeessssooaa ccoomm ddeeffiicciiêênn--cciiaa.. AA eessccoollhhaa ddee TTaagguuaattiinnggaa ccoommoo sseeddee

ddoo tteelleecceennttrroo bbaasseeoouu--ssee,, aalléémm ddaa llooccaalliizzaa--ççããoo ggeeooggrrááffiiccaa pprróóxxiimmaa aa vváárriiaass cciiddaaddeess

ddoo DDFF,, nnoo ffaattoo ddee aabbrriiggaarr uumm nnúúmmeerrooeexxpprreessssiivvoo ddee ppeessssooaass ccoomm ddeeffiicciiêênncciiaa

Telecentro conta com um Laboratório deTecnologias Assistivas, que permitirá testarsoluções metodológicas, digitais, arquitetôni-

cas, construtivas, eletromecânicas, programaçãovisual, de acabamentos, de segurança etc, de acordocom as normas da ABNT, possibilitando a for-matação de modelos para outros projetos públicosvisando à inclusão digital de pessoas com deficiência.

A meta do laboratório, que tem como principaisparceiros os ministérios do Trabalho e Emprego e daCiência e Tecnologia, é obter dados do atendimentode pessoas com deficiência no uso de um telecentro,para facilitar a inclusão digital desta parcela da po-pulação. Uma vez coletados, estes dados con-tribuirão para municiar o desenvolvimento de meto-dologias específicas para o atendimento em telecen-tros de pessoas com deficiência. O projeto propõe aelaboração de uma tecnologia pioneira, a ser dis-tribuída aos diversos telecentros do país.

Pretende-se implantar cerca de mil telecentrosnos próximos dois anos, o que resultará na inclusãodigital de cerca de 10 milhões de pessoas, das quais1,4 milhão são pessoas com deficiência, hoje semmétodos e tecnologia adequados de atendimento.

Atendimento gratuito: 7h às 17h. Podem inscrever-se usuários com

idade a partir de 12 anos.

C5 Lote 6 Loja 3 – Taguatinga Centro, próximo à Praça do Relógio.

Fones: 3201-0069 / 3201-0067

Idosos em 2025DDaaddooss ddaa OOrrggaanniizzaaççããoo MMuunnddiiaall ddee SSaaúúddee((OOMMSS)) mmoossttrraamm qquuee,, aattéé 22002255,, oo BBrraassiill sseerráá oosseexxttoo ppaaííss ddoo mmuunnddoo eemm nnúúmmeerroo ddee iiddoossooss..AA ppooppuullaaççããoo ccoomm mmaaiiss ddee 6600 aannooss nnoo ppaaííssrreepprreesseennttaa aattuuaallmmeennttee qquuaassee 1155 mmiillhhõõeess ddeeppeessssooaass,, oouu sseejjaa,, 88,,66%% ddee ttooddaa aa ppooppuullaaççããoobbrraassiilleeiirraa.. EE ddee aaccoorrddoo ccoomm ddaaddooss ddooIInnssttiittuuttoo BBrraassiilleeiirroo ddee GGeeooggrraaffiiaa ee EEssttaattííssttiiccaa ––IIBBGGEE,, eemm 22005500 sseerrããoo 3344,,33 mmiillhhõõeess oossbbrraassiilleeiirrooss ccoomm 7700 aannooss oouu mmaaiiss..

Foto

: Pho

toD

isc (a

rqui

vo V

ia B

rasíl

ia)

O

Page 58: Foto: Karen Rukat - MPDFT · conquistaram muito mais medalhas que os nossos atletas brasileiros ditos "normais"... Essas pessoas ... Dessa forma, nunca haverá tribunais suficientes

PRODIDE

58Reviva Ano 3 - 2006 - PRODIDE

PPuubblliiccaaççããoo aannuuaall eellaabboorraaddaa ppeellaa PPRROODDIIDDEE PPrroommoottoorriiaa ddee JJuussttiiççaa ddaa PPeessssooaa

IIddoossaa ee ddaa PPeessssooaa ccoomm DDeeffiicciiêênncciiaa

Ministério Público do Distrito Federal e Territórios – MPDFT

Praça do Buriti, Lote 2, Eixo Momumental70094-900 – Brasília, DF

Fone: 3343-9500www.mpdft.gov.br

CCoonnsseellhhoo EEddiittoorriiaallSandra de Oliveira JuliãoVandir da Silva Ferreira

CCoollaabboorraaddoorreessLilia Novais de Oliveira (MPDFT)

Patrícia Custódio Toledo (MPDFT)Regina Caetano (SESC)

RReevviissããooAdriana Custódio da Silveira

Fernanda Lambach

RReeaalliizzaaççããooPRODIDE

Assessoria de Comunicação Social do MPDFT

EEddiiççããoo ddee tteexxttooTânia Mendes (MT/3625/90)

DDiiaaggrraammaaççããoo ee ttrraattaammeennttoo ddee iimmaaggeennssFelipe Venâncio Alves (Via Brasília)

CCaappaaMontagem com fotos: Arquivo Via Brasil,

José Evaldo Vilela, Julesinky e Thays

PPrroojjeettoo ggrrááffiiccoo,, ddiiaaggrraammaaççããoo ee aarrttee ffiinnaallVia Brasília – Editora e Marketing Ltda.

AAggrraaddeecciimmeennttoossCEAL, Hospital Regional da Asa Norte

(HRAN), Secretaria de Ação Social (SEAS-DF),Ministério do Desenvolvimento Social e

Combate á Fome (MDS), SESC-DF, Secretariade Cultura/DF, Orquestra Sinfônica do Teatro

Nacional de Brasília, Coro Sinfônico daUniversidade de Brasília (UnB), CORDE

Nacional, Núcleo Regional de Informaçõessobre Deficiência (NURIN), Conselho

Nacional dos Direitos do Idoso (CNDI),Núcleo de Perícia Social (NUPES), Governodo Distrito Federal, Associação Brasileira deCimento Portland, Prefeitura de São Paulo.

TTiirraaggeemm 33..000000 eexxeemmppllaarreess

BBrraassíílliiaa// DDeezzeemmbbrroo// 22000066

PRODIDEPromotoria de Justiça da Pessoa Idosa e da

Pessoa com Deficiência

O Ministério Público é o defensor dos interesses sociais e individuaisindisponíveis, diz a Constituição Federal.

A PRODIDE é o órgão de atuação do Ministério Público do DistritoFederal na defesa dos direitos dos idosos e de portadores de deficiência.

É formada por duas Promotorias de Justiça, um Núcleo de PeríciasSociais (NUPES) e um Núcleo de Informações (NURIN), os quais dãoatendimento integral a qualquer cidadão que pretenda fazer recla-mações quanto à lesão ou ameaça a esses direitos.

Além de realizar atendimentos, dando o encaminhamento necessário àsreclamações, seja expedindo RECOMENDAÇÕES, seja ingressando comAÇÕES JUDICIAIS, ou ainda, realizando AUDIÊNCIAS PÚBLICAS e assi-nando TERMOS DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA, a PRODIDE atuatambém no sentido de estimular o espírito de cidadania, informando asociedade para que, devidamente esclarecida e motivada, saiba cobrar opróprio direito e respeitar o dos demais.

Ninguém comete erro maior do que não fazer nada porque só pode fazer um pouco.

EEddmmuunndd BBuurrkkee

CCDDDD 330055..226600998811

Mon

tage

m s

obre

fot

os d

e Jo

sé E

vald

o V

ilela

Page 59: Foto: Karen Rukat - MPDFT · conquistaram muito mais medalhas que os nossos atletas brasileiros ditos "normais"... Essas pessoas ... Dessa forma, nunca haverá tribunais suficientes

Ilust

raçã

o: A

lex

Am

orim

(V

ia B

rasí

lia)

Page 60: Foto: Karen Rukat - MPDFT · conquistaram muito mais medalhas que os nossos atletas brasileiros ditos "normais"... Essas pessoas ... Dessa forma, nunca haverá tribunais suficientes

Font

e: h

ttp:

//ww

w.b

eeth

oven

-hau

s-bo

nn.d

e