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E nquanto o barco ia se afastando da comunidade de Caviana, as crian- ças cantavam a canção “Jamais dei- xarei você, da cantora gospel Bruna Karla. Aos poucos a margem ficava mais distante, mas as vozes pareciam mais altas. Às lágri- mas, os voluntários acenavam e gritavam para os ribeirinhos com a sensação de de- ver cumprido e um sentimento de que te- riam de voltar àquele lugar outra vez. Não é fácil chegar até ali. Vamos rebo- binar um pouco. Ainda em São Paulo, a equipe do projeto Amazon Vida, coorde- nada pela Gerência de Responsabilidade Social e Filantropia do Instituto Presbite- riano Mackenzie (IPM) e pela Coordenação de Projetos de Extensão, da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), madrugou na Base Aérea da Aeronáutica, no Aero- porto de Guarulhos, para embarcar em uma viagem de cerca de 6 horas em di- reção a Manaus. O traslado é oferecido pela Força Aérea Brasileira em uma parce- ria que possibilita aos participantes viajar até lá sem custos. Já na capital do Amazonas, os macken- zistas embarcaram no J.J. Mesquita, barco Mackenzie Voluntário Saúde e Educação no Amazonas OS REPÓRTERES TALITA SILVEIRA E JOÃO PEDRO PIRAGIBE EMBARCARAM NO PROJETO QUE REALIZA TRABALHO SOCIAL ENTRE AS COMUNIDADES RIBEIRINHAS DO AMAZONAS. AQUI A PERCEPÇÃO DELES POR TUDO O QUE VIVERAM. “Eu prometo, vou te retribuir Tudo aquilo que tens feito por mim Ah, eu prometo te fazer mais feliz E ser tudo que você sempre quis” Bruna KARLA. Jamais deixarei você. Amazon é Vida… hospitalar que oferece atendimento clíni- co geral e odontológico, que funciona em parceria com a ONG Visão Mundial. Aco- modados em cabines, os voluntários, alu- nos dos cursos de Filosofia, Fisioterapia, Psicologia e Tecnologia em Gastronomia, além do programa de pós-graduação em Distúrbios do Desenvolvimento, passaram a semana viajando pelo Rio Solimões em atividades com foco em educação. para receber o atendimento tão raro na re- gião. Raro também é o acesso à educação. Algumas comunidades ficam bem distan- tes da capital e a viagem de barco até Ma- naus pode levar dias. Pensando nisso, men- salmente o projeto Amazon Vida segue com equipes de saúde e assistentes sociais pelos rios amazônicos. O mês de julho, po- rém, é ainda mais especial para aquela po- pulação. Desde 2009, os mackenzistas par- ticipam de uma expedição própria com projetos que possuem viés educacional. Enquanto as mães ficavam nas filas de atendimento médico e odontológico, as crianças participavam de trabalhos com a equipes da área de Psicologia. Em gru- pos, alunos da graduação e do programa de pós-graduação em Distúrbios do De- senvolvimento trabalharam questões psi- comotoras com os pequenos, além de le- vantar a relação delas com suas emoções. Na comunidade Cristo Ressuscitado, no segundo dia, o transporte entre uma casa e outra era realizado de barco. Lá, o trabalho da equipe de Gastronomia acon- teceu com um treinamento para as meren- deiras da escola. Nesse dia, uma equipe focada na for- mação dos professores deslocou-se para a Vila do Jacaré, próximo dali, para traba- lhar em uma escola com um curso de ca- pacitação sobre dificuldades na aprendiza- gem. Além da palestra, foi um momento em que os professores expuseram as difi- culdades que encontram no trabalho no dia a dia das escolas da região. TRABALHOS COM AS COMUNIDADES A viagem de Manaus até a primeira comu- nidade, a Fé em Deus, aconteceu durante toda a noite. Logo na chegada o grupo de alunos e professores encontrou pessoas receptivas e ansiosas por aprender. Na co- zinha de uma das casas a equipe de Gas- tronomia teria seu primeiro contato com ingredientes locais. A proposta do profes- sor Rodrigo Libbos era aproveitar os insu- mos disponíveis para produzir compotas e conservas, ensinando técnicas de conser- vação dos alimentos, além de apresentar outras possibilidades de receitas. A cada comunidade em que o barco parava, a população se organizava em filas Foto: João Pedro Piragibe 16

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Page 1: Foto: João Pedro Piragibe Amazon é Vida… · xarei você”, da cantora gospel Bruna Karla. Aos poucos a margem ficava mais distante, mas as vozes pareciam mais altas. Às lágri

Enquanto o barco ia se afastando da comunidade de Ca via na, as crian­ças cantavam a canção “Jamais dei-

xarei você”, da cantora gospel Bruna Karla. Aos poucos a margem ficava mais distante, mas as vozes pa re ciam mais altas. Às lágri­mas, os vo lun tá rios acenavam e gritavam para os ribeirinhos com a sensação de de­ver cumprido e um sentimento de que te­riam de voltar àquele lugar outra vez.

Não é fácil chegar até ali. Vamos rebo­binar um pouco. Ainda em São Paulo, a equipe do projeto Amazon Vida, coor de­na da pela Gerência de Responsabilidade So cial e Filantropia do Instituto Pres bi te­ria no Macken zie (IPM) e pela Coor de na ção de Projetos de Extensão, da Universidade Pres bi te ria na Macken zie (UPM), madrugou na Base Aérea da Ae ro náu ti ca, no Aero­porto de Gua ru lhos, para embarcar em uma via gem de cerca de 6 horas em di­reção a Manaus. O traslado é oferecido pela Força Aérea Brasileira em uma parce­ria que possibilita aos participantes via jar até lá sem custos.

Já na capital do Amazonas, os macken­zis tas embarcaram no J.J. Mesquita, barco

Mackenzie VoluntárioSaúde e Educação no Amazonas

OS REPÓRTERES TALITA SILVEIRA E JOÃO PEDRO PIRAGIBE EMBARCARAM NO PROJETO QUE REALIZA TRABALHO SOCIAL ENTRE AS COMUNIDADES RIBEIRINHAS DO AMAZONAS. AQUI A PERCEPÇÃO DELES POR TUDO O QUE VIVERAM.

“Eu prometo, vou te retribuir

Tudo aquilo que tens feito por mim

Ah, eu prometo te fazer mais feliz

E ser tudo que você sempre quis”

Bruna KARLA. Jamais deixarei você.

Amazon é Vida…hospitalar que oferece atendimento clíni­co geral e odontológico, que fun cio na em parceria com a ONG Visão Mun dial. Aco­modados em cabines, os vo lun tá rios, alu­nos dos cursos de Filosofia, Fi sio te ra pia, Psicologia e Tecnologia em Gastronomia, além do programa de pós­ gra dua ção em Dis túr bios do Desenvolvimento, passaram a semana via jan do pelo Rio Solimões em atividades com foco em educação.

para receber o atendimento tão raro na re­gião. Raro também é o acesso à educação. Algumas comunidades ficam bem distan­tes da capital e a via gem de barco até Ma­naus pode levar dias. Pensando nisso, men­salmente o projeto Amazon Vida segue com equipes de saú de e assistentes sociais pelos rios amazônicos. O mês de julho, po­rém, é ainda mais es pe cial para aquela po­pulação. Desde 2009, os macken zis tas par­ticipam de uma expedição própria com projetos que pos suem viés edu ca cio nal.

Enquanto as mães ficavam nas filas de atendimento médico e odontológico, as crian ças participavam de trabalhos com a equipes da área de Psicologia. Em gru­pos, alunos da gra dua ção e do programa de pós­ gra dua ção em Dis túr bios do De­senvolvimento trabalharam questões psi­comotoras com os pequenos, além de le­vantar a relação delas com suas emoções.

Na comunidade Cristo Ressuscitado, no segundo dia, o transporte entre uma casa e outra era rea li za do de barco. Lá, o trabalho da equipe de Gastronomia acon­teceu com um treinamento para as meren­deiras da escola.

Nesse dia, uma equipe focada na for­mação dos professores deslocou­ se para a Vila do Jacaré, próximo dali, para traba­lhar em uma escola com um curso de ca­pacitação sobre dificuldades na aprendiza­gem. Além da palestra, foi um momento em que os professores expuseram as difi­culdades que encontram no trabalho no dia a dia das escolas da re gião.

TRABALHOS COM AS COMUNIDADESA via gem de Manaus até a primeira comu­nidade, a Fé em Deus, aconteceu durante toda a noite. Logo na chegada o grupo de alunos e professores encontrou pes soas receptivas e an sio sas por aprender. Na co­zinha de uma das casas a equipe de Gas­tronomia teria seu primeiro contato com in gre dien tes locais. A proposta do profes­sor Rodrigo Libbos era aproveitar os insu­mos disponíveis para produzir compotas e conservas, ensinando técnicas de conser­vação dos alimentos, além de apresentar outras possibilidades de receitas.

A cada comunidade em que o barco parava, a população se organizava em filas

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Quem ministrou o treinamento foi Pa­tricia de Melo Batista, fun cio ná ria da Ge­rência de Responsabilidade So cial e aluna do mestrado em Dis túr bios do Desenvolvi­mento. “No ano passado conhecemos o lo­cal e nos programamos para, neste ano, falar sobre a dificuldade de aprendizagem. Tive­mos grandes rodas de conversa, nas quais foram expostas as dificuldades encontra­das dia ria men te. Além de ser algo do co ti­dia no deles, trouxemos ferramentas para afinar o olhar e tentar ajuda­ los”, contou.

O ma te rial a que Patrícia se refere é o Programa de Intervenção em Autorregu­lação e Funções Executivas (Pia fex), desen­volvido pela professora da UPM, Alessan­dra Gotuzo Sea bra, que propõe jogos para trabalhar com crian ças pré­ escolares e no início do Ensino Fundamental, visando es­timular o desenvolvimento de habilidades como organização, planejamento, inibição de impulsos, atenção, memória de traba­lho, metacognição e regulação emo cio­nal. Cada escola visitada recebeu um kit e treinamento para utilizá­ lo com os alunos.

O grupo que levou os kits, liderado pelo aluno Matheus Michelino, trabalhou com re crea ção aplicando esses jogos em cada comunidade. “Se desenvolvermos essas habilidades agora, no futuro será um fator preditivo, tanto para o sucesso acadêmico, ou seja, boas notas, melhora das habilidades de leitura, de Matemáti­ca, quanto para o sucesso pes soal, melho­res empregos, melhor remuneração, entre outras”, explicou Matheus lembrando que os kits foram uma doa ção da autora e da editora Memnon.

a sorte de ter participado da expedição e levado meu conhecimento e minha von­tade de ajudar o próximo para as comuni­dades ribeirinhas do rio Solimões”, afirmou o professor Rodrigo Libbos.

Excelente an fi trião, Sandro, que traba­lha há sete anos com o projeto, resumiu o sentimento. “Apesar de sermos uma comu­nidade pequena, nós temos uma demanda muito grande. Os cursos que o Macken zie traz são fundamentais. A capacitação dos professores, o aprendizado para as crian­ças. Espero que essa parceria continue, nós sempre estaremos de portas abertas para o Macken zie. Não existem palavras para agradecer”, afirmou.

A quarta comunidade a ser visitada foi Repartimento, lá o aluno de Fi sio te ra pia, Rodrigo Silva Araú jo, visitou o casal Au­re lia no, de 106 anos, e Lázara, de 98 anos. O projeto de Rodrigo consistia em rea li zar um levantamento sobre pes soas com de­fi ciên cia de locomoção em cada comuni­dade. Mais que isso, no entanto, a cada vi­sita ao lado da assistente so cial da Visão Mun dial, Rosa Maria da Silva Nunes, ele dis tri buía sorrisos e carinho.

Nesta comunidade a equipe de Dis­túr bios do Desenvolvimento, que traba­lhava em uma pesquisa sobre administra­ção financeira, abordou o tema de forma diferente. “As meninas perceberam nas ou­tras comunidades que havia dúvidas sobre Imposto de Renda, como montar uma mi­croem pre sa, e adaptaram suas oficinas a esse tema. No próximo ano estamos pen­sando em trazer uma economista para de­bater essas questões básicas. Isso seria mais interessante do que uma ava lia ção”, expli­cou Lucas Murrins Marques, líder de um dos projetos. O grupo realizou uma pes­quisa para ver como as pes soas lidam com distribuição monetária.

Na Vila do Cuia, durante o quinto e último dia, a oficina sobre cons ciên cia

No terceiro dia, em Ca via na, entre um workshop e outro, a equipe de Gastrono­mia aproveitava para conhecer a re gião. Isso foi possível graças à ajuda de Sandro Tavares Guimarães, um dos líderes do Mo­nitoramento Jovem de Políticas Públicas (MJPOP) e da comunidade. Sandro os levou à casa de farinhas e mostrou­ lhes a fabrica­ção artesanal do produto. “A Floresta Ama­

zônica é uma nova fronteira para nós no ramo da Gastronomia, o mundo fala da diver­sidade de in gre dien tes da re gião. Para nossa equipe a troca foi algo impossível de ser men­surado. Ensinamos e treinamos o máximo que pudemos mas aprendemos muito com as comunidades. Só tenho a agradecer Castanha do Brasil, colhida do pé.

Acima, oficina de gastronomia. Abaixo, visita ao casal Aureliano e Lázara; atividade recreativa.

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emo cio nal, outro projeto encabeçado por Lucas, trabalhou com as crian ças emoções pri má rias e se cun dá rias em uma oficina que debateu o que são as emoções para depois ava liar como e onde cada crian ça rea ge a elas. A intenção de Lucas é voltar no próximo ano com projetos que auxi­liem as crian ças a trabalhar internamente cada uma dessas emoções.

Ao longo de todas as comunidades, um grupo com três alunas do curso de Filosofia trabalhava abordando de forma discreta a questão da valorização da vida com as jovens, mostrando com viés filo­sófico a importância de valorizar seus cor­pos. A líder do grupo, Bea triz Fonseca, de 22 anos, voltava ao Amazon Vida pela se­gunda vez. Da primeira ela não sabia, mas deixaria um grande legado.

UM SONHO DE MENINA . . .“Eu tinha 16 anos e, fazendo um trabalho para o colégio, li uma matéria em que me­ninas da Amazônia eram pros ti tuí das, ven­dendo sua virgindade por 20 reais. É o tipo de informação que você não consegue es­quecer. Eu ficava imaginando como as pes­soas conseguiram chegar até lá, fazer uma matéria e nada foi feito a respeito? Isso me­xeu muito comigo”, contou Bea triz.

Im pres sio na da, a menina conversou com o professor e em seguida com o ca­pelão da escola, o reverendo Josué Alves Ferreira. Para trabalhar essa questão que chocou as meninas do colégio, o capelão organizou o projeto “Infância e adolescên­cia não têm preço, têm valor” com a ajuda de alunos como Bea triz, Vitória Machado de Barros Cruz e Sa muel Nobrega Cortinas.

O resultado do projeto foi uma vaga para via jar com a Expedição da Universida­de, o Amazon Vida. Ali nasceria o Amazon

Teen. Em julho de 2013, Bea triz, seu cole­ga de turma Sa muel e o reverendo Josué embarcaram para Manaus para vi ven ciar a ex pe riên cia de percorrer o rio Solimões com o grupo de vo lun tá rios da Universi­dade. “Nós fomos para pesquisar, enten­der a si tua ção, conhecer aquele povo. E vi­mos pes soas muito aplicadas, todo mundo dando o seu melhor”, contou o capelão.

Depois dessa via gem, o reverendo Jo­sué decidiu se dedicar a levar mais alunos para essa ex pe riên cia. “Que ría mos um pro­jeto para que pudéssemos fazer a diferen­ça. Os professores vie ram para colaborar e trabalhar com educação, que é o objetivo fim dos Co lé gios Macken zie. A educação com uma visão cristã de mundo, de como nós podemos amar ao próximo e nos de­dicar”, contou

Após rea li zar outras via gens com a ex­pedição da Universidade, o capelão deli­neou o projeto com a Gerência de Res­ponsabilidade So cial e Filantropia do IPM e, em 2016, foi rea li za da a primeira edição do Amazon Teen. Os gastos com o barco ficaram por conta das ca pe la nias e as pas­sagens, os transportes e a hospedagem em Manaus foram pagas pelos alunos.

Assim como o Amazon Vida, que con­ta com a participação de docentes e dis­centes da UPM, a versão Teen do proje­to leva alunos e professores dos Co lé gios Pres bi te ria nos Macken zie São Paulo, Tam­boré e Brasília pelas comunidades ribeiri­nhas, dessa vez percorrendo o rio Negro.

Essa expedição levou doa ções de ma­teriais, bí blias e alimentos. A cada uma das cinco comunidades visitadas, os alunos trabalharam com atividades de re crea ção e esporte com as crian ças; já os professores trabalharam na capacitação de professores e em palestras para jovens e adultos, a fim de incentivar o despertar cien tí fi co nesse público. Além disso, a expedição contou com o apoio do Centro de Pesquisa em Óptica e Fotônica de São Carlos, in te rior

de São Paulo, que doou kits educacionais que foram entregues às escolas visitadas.

Um tripulante es pe cial estava no barco, o doutor Francismar Vidal de Arruda Jú­nior. Por meio de uma parceria com os hos­pitais Sírio Libanês e Albert Einstein, ele le­vou equipamentos de alta tecnologia que rea li za vam hemogramas por meio de um

Atividades com os jogos Piafex.

Equipe do Amazon Vida ao chegar com o avião da FAB em Manaus.

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aparelho simples, sem necessidade de furar os pa cien tes. Através de uma leitura com raio ul tra vio le ta é possível verificar o pH do sangue, por exemplo. “Trouxemos tecno­logia is rae len se de última geração. Que re­mos usar inovações tecnológicas que não só melhoram a ex pe riên cia para o pa cien­te, mas também fornecem, dois ou três mi­nutos depois do atendimento, pelo menos 14 exames, com dados em tempo real. Te­mos aparelhos de fácil manuseio que po­dem diag nos ti car e tratar doen ças de pele no mesmo dia”, contou o doutor.

Segundo ele, o que chama a atenção é que o povo ribeirinho do Amazonas é um povo rico. “Eles se cuidam, são unidos, não são carentes de todas as coisas, só daquilo que a gente pode ajudar, que é um pouco de estrutura. Estamos aqui para cuidar do outro, para ajudar a transformar o outro e quando compartilhamos coisas boas isso se torna um ciclo que impacta a vida das pes soas”, finalizou doutor Fran.

O reverendo Josué concorda com a afirmação do médico. “É maravilhoso ver a transformação na vida das crian ças, dos professores e, principalmente, o resultado disso. Espero que possamos fazer novas via gens e que sejam marcantes na vida de todos. Nós recebemos muito mais do que oferecemos”, analisou o pastor.

PARA FICAR NA MEMÓRIA . . .Raquel Spin, de 17 anos, foi uma das alu­nas do colégio que participou da expe­dição Amazon Teen. “Eu estava muito

se mais pes soas vies sem para sentir o que a gente viveu aqui”, descreveu.

Há doze anos trabalhando com o Amazon Vida, Maria Lucinete Trindade Bezerra, a Nete, atual coor de na do ra do projeto, contou que se sente aben çoa da. “Cada via gem tem as suas particularidades, cada comunidade, cada pessoa, é sempre um marco que fica. Meu sentimento é de gratidão a Deus por todo o aprendizado. Aprendi muito com professores e médi­cos, foi uma oportunidade ímpar na mi­nha vida”, contou ela, que chegou a assistir aulas com a equipe de Gastronomia. “Nós entendemos que a via gem mostra que as pes soas são mais importantes do que as coisas. E é esse amor que Deus tem colo­cado em nosso coração”, conclui.

Em sua segunda expedição, a integran­te da organização da via gem, Patrícia de Melo Batista, acrescenta: “Essa expedição é muito importante, e eu espero que possa­mos manter esse trabalho. Seria uma perda não só para as comunidades que a gente atende, mas para os alunos e o corpo do­cente, porque saí mos da nossa rea li da de e voltamos com muito mais conhecimen­to do que apenas com o que a universida­de oferece nas salas de aula”, afirmou, lem­brando que o único barco que passa nas comunidades atendidas é o do projeto.

Durante toda a via gem do barco J.J. Mesquita, na descida pelo rio Solimões e em seguida pelo rio Negro, os vo lun tá rios puderam vi ven ciar expressões de carinho e afeto. Além disso, a via gem ainda propiciou um pouco de farinha de man dio ca para o professor da Gastronomia, um elogio para a tia que pintava o rosto de uma meni­na, um olhar, uma prosa boa, a admiração.

Talvez, o que aquelas crian ças de Ca­via na não saibam, é que elas já re tri buí­ram e muito o que foi feito. No final ga­nham todos!Beatriz Fonseca, em sua segunda viagem ao Amazon.

Doutor Fran em atendimento médico às crianças.

Equipe do Amazon Teen no barco.

Crianças da comunidade de Caviana com o Victor Perez (palhaço Mamé).

an sio sa, mas esta via gem superou as mi­nhas expectativas. Foi muito bom passar uma semana servindo com meus colegas dos outros co lé gios. Pudemos trocar ex­pe riên cias, conversar. Eu ficaria muito feliz

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