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José Piragibe: educador atuante no Movimento em Defesa da Escola Pública
no Distrito Federal (1877 – 1940)1
Mariza da Gama Leite de Oliveira2 Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ
Programa de Pós-Graduação em Educação Eixo 6: Pesquisa, Educação, Movimentos Sociais e Novos Protagonistas.
Categoria: Pôster
Introdução
Histórias de vida de profissionais da educação, elaboradas por eles mesmos ou por
pesquisadores, podem levantar informações e problemas importantes para o conhecimento
da própria instituição e dos campos disciplinares nos quais atuam (ou atuaram), constituindo
uma espécie de “etnografia dos saberes escolares” na visão de Nunes (2003/2004), para
quem o uso pedagógico das trajetórias escolares e das memórias docentes permitem
também a passagem de uma memória pessoal à história da sociedade e da educação.
Desta forma, a biografia seria um jogo em escala menor,3 em que aparecem questões que
numa escala maior não apareceriam. O nível de análise micro social, que para Rosental
(1998) foi relativamente desprezado pela história social contemporânea, consiste numa
mudança de ângulo, que pode produzir conhecimentos novos.
Essa escolha metodológica surge em algumas pesquisas no decorrer da análise do
corpus documental disponível no acervo objeto de análise. Assim ocorreu a descoberta do
educador José Piragibe pela autora, que no início de seu doutorado pretendia desvelar as
práticas cotidianas que permitissem compreender a cultura escolar do seu objeto de
pesquisa, o Instituto Ferreira Vianna, em meio a uma documentação mal conservada e não
catalogada. Na fase de organização desse material, foi localizado um relatório do diretor
José Piragibe à Diretoria de Instrução Pública, datado de 21 de julho de 1931, informando
os dados quantitativos solicitados, como também uma detalhada descrição das condições
da escola, seguida de reivindicações para aquele asilo de meninos órfãos e pobres, que
necessitava de “obras urgentes”. Os projetos desenvolvidos pela escola constavam no
relatório, mesmo sem serem solicitados, especialmente o projeto Escola Cidade; e diversos
outros problemas foram apresentados, em busca de solução. Esta foi a brecha que o diretor
encontrou para externar suas angústias, frustrações; enfim, para ser ouvido. E este
sentimento é tão latente em sua escrita, que não passa despercebido ao leitor.
1 Artigo apresentado no 11º ANPEd - Encontro de Pesquisa em Educação da Região Sudeste 2014: “Culturas,
Políticas e Práticas Educacionais e suas Relações com a Pesquisa” (São João Del Rei, MG, out/2014). 2 Doutoranda em Educação pela UFRJ (2011-2014); docente de História da Educação na UERJ; integrante do
grupo de pesquisa “Arquivo Asylo de Meninos Desvalidos e Casa de São José: documentação, ensino e infância trabalhadora (1874–1942)” sob a coordenação da prof. Dra. Irma Rizzini (PROEDES/PPGE/UFRJ). 3 Cf. Revel (1998).
2
A partir desta descoberta, a gestão de José Piragibe tornou-se central nas
investigações, pois seria um fio condutor, que permitiria o levantamento de diversas
hipóteses e contra argumentações a respeito dos relatórios oficiais sobre a instrução pública
primária na capital federal na década de 1930. Pretende-se assim, neste artigo, não só
abordar a atuação do referido diretor no Instituto Ferreira Vianna, como também realizar um
breve levantamento biográfico, identificando sua origem familiar, sua formação, sua
trajetória profissional, sua rede de relacionamentos sociais, e o legado que deixa para a
educação. As fontes de pesquisa em grande parte foram cedidas por uma neta e um bisneto
de Piragibe, que também contribuem com depoimentos orais, algumas foram localizadas no
arquivo escolar citado e no Colégio Pedro II, e outras em periódicos digitalizados ou
impressos da Biblioteca Nacional.
Por força das circunstâncias e por motivos diversos, que dentre eles a família atribui
à sua personalidade recatada, Piragibe não é encontrado com frequência na historiografia
da educação ao lado dos intelectuais da educação com visibilidade social nas primeiras
décadas do século XX. No entanto, os indícios documentais nos permitem levantar a
hipótese de que através do exercício do magistério por mais de 40 anos e da gestão de
instituições educacionais, influenciou alunos e intelectuais, professores primários e
secundários, num momento da história da educação nacional em que novos paradigmas
exigiam um novo agir docente. Ao pesquisar sua trajetória como educador, gestor e escritor,
pretende-se recolocar este ator social no coração dos processos sociais, e assim tentar
compreender a maneira pela qual ele interferiu na produção desses processos (REVEL,
1998).
Família Influente – “Os Piragibe”
Através de investigações, a autora chegou até Renato Piragibe, bisneto do educador,
o qual a apresentou a Maria Midori Piragibe, neta de José Piragibe. Ele é membro da
diretoria da Faculdade Mackenzie do Rio de Janeiro e funcionário aposentado do Banco do
Brasil; ela, também aposentada do Banco do Brasil, como médica, é atualmente professora
da UERJ e médica do INCA – Instituto Nacional de Câncer, no Rio de Janeiro. Ambos têm
trocado e-mails e participado de encontros com a pesquisadora, fornecendo documentos e
informações relevantes para a reconstituição da trajetória de vida desse educador, tarefa
que seria inviável sem o recurso da história oral.
Segundo informações dos familiares, a família Piragibe é única. Qualquer sobrenome
Piragibe que se encontre no meio jurídico, médico, artístico ou educacional, faz parte desta
família. O patriarca é Alfredo Piragibe, pai de José Piragibe, que foi Conselheiro do
Imperador D. Pedro II. Conta a família que “Alfredão”, carinhosamente chamado devido a
tantos “alfredos” na descendência, era filho de Francisca com o Barão do Engenho Novo; e
3
que o sobrenome Piragibe é originário de uma tribo indígena aliada à Coroa, com raízes no
nordeste brasileiro.4
José Joaquim Ferreira da Costa Piragibe (25/12/1877–21/01/1940), nosso
personagem, era o filho mais velho de Alfredo Piragibe e Cândida Ferreira Piragibe, dentre 5
homens e 3 mulheres. Um dos irmãos, Vicente Ferreira da Costa Piragibe (1879 – 1959), foi
jornalista e jurista, redator do jornal “O Correio da Manhã”, diretor do jornal “A Época” e
desembargador na corte de apelação do Distrito Federal; em 1931 elaborou o Dicionário de
jurisprudência penal do Brasil. Outro irmão, Mário Piragibe, tornou-se médico, seguindo a
carreira do pai. Os outros irmãos são: Alfredo, Antônio (médico, cujo neto de mesmo nome é
atualmente reconhecido médico ginecologista), Francisca, Nininha e Judith.
Prova da visibilidade social da família de José Piragibe observa-se na matéria de
jornal noticiando o casamento de seu filho, Dr. Emmanoel Braga Piragibe, com Helena
Vianna Machado, filha do Dr. Raul Machado, representante do Maranhão na Câmara
Federal: “Descendentes de famílias da nossa elite social, os noivos desfrutam de largo
círculo de relações entre nós, além dos méritos pessoaes, que se lhes reconhece”.5 Os atos
civil e religioso ocorreram na casa da noiva, no bairro da Tijuca, tendo o senador Cunha
Machado como uma das testemunhas. Conta a neta Maria Midori, que o Dr. Emmanoel foi o
médico radiologista de Getúlio Vargas. Mais outros três filhos teve José Piragibe: Carmelita,
que faleceu com cerca de treze anos, Maria de Lourdes Piragibe e Alfredo Braga Piragibe,
este engenheiro civil, e pai da Maria Midori, que traz em suas recordações o imenso carinho
e emoção com que ele se referia ao seu avô José.
Como se pode observar, a tradição médica e jurídica, de maior reconhecimento
social, perpetuou-se na família, que se divide entre os adeptos da Monarquia, devido à
ligação do patriarca com o Imperador, e os que aderiram ao Regime Republicano,
consistindo-se numa saudável rivalidade familiar.
O recente reconhecimento do depoimento oral como documento histórico, veio em
muito auxiliar aos historiadores na composição de eventos em que a documentação é
escassa. As fontes escritas e orais não são mutuamente excludentes; elas possuem
características autônomas e funções específicas que somente uma ou outra pode
preencher. Por ser diferente intrinsecamente, a história oral torna-se útil especificamente.
Assim crendo, Portelli (1997) detalha em seu texto as especificidades da história oral e
afirma que as fontes orais são aceitáveis, mas com uma credibilidade diferente. A
importância do testemunho oral se situaria não em sua aderência ao fato, mas de
preferência em seu afastamento dele, como imaginação, simbolismo e desejo de emergir.
Por isso para o mesmo autor não haveria “falsas” fontes orais; até porque “constantemente,
documentos escritos são somente a transmissão sem controle de fontes orais não
4 A árvore genealógica da família pode ser acessada na internet, no endereço piragibe.com.br/arvore/.
5 Jornal “O Paiz”, 29 e 30 de setembro de 1930, p. 5. Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional.
4
identificadas”, não garantindo a credibilidade científica na sua passagem para o documento
escrito, além de estarem “frequentemente carregados de tendências de classe”.6
É importante salientar que a memória não é apenas um depositário passivo de fatos,
mas também um processo ativo de criação de significações. Assim, compreende-se com
Portelli (1997, p. 33), que a utilidade específica das fontes orais para o historiador repousaria
não tanto em suas habilidades de preservar o passado, mas nas muitas mudanças forjadas
pela memória. Estas modificações revelariam o esforço dos narradores em buscar sentido
no passado e dar forma às suas vidas, e colocar a entrevista e a narração em seu contexto
histórico.
A formação no Colégio Pedro II
Figura 1: José Piragibe em meio à sua paixão - os livros. Fonte: Arquivo pessoal da família. Sem data.
O “horizonte social” de José Piragibe7 refere-se a um momento especial da
sociedade brasileira - a Primeira República, e ao grupo de intelectuais que vivenciaram o
ideário educacional do período. Foi este um momento particularmente marcado por disputas
políticas no interior do bloco do poder, em que as oligarquias latifundiárias disputam entre si
tanto o poder como a permanência no comando da nação. Também marca o período
profunda crise econômica provocada por uma economia agroexportadora dependente do
capital externo, e uma crise de identidade cultural que se expressa na Semana de Arte
Moderna de 1922 e pelo agravamento das tensões sociais. Em 1889, na mudança de
regime, os irmãos Vicente e José Piragibe ingressam no Internato do Imperial Colégio de
6 Ibid., p. 32.
7 Toma-se de empréstimo a construção do “horizonte social” de Jônatas Serrano, elaborado por Schmidt (2004,
p. 194). Tal conceito, segundo a mesma, foi utilizado a partir de BAKHTIN, M. (VOLOCHINOV). Marxismo e filosofia da linguagem. 3ª..ed. Trad. Michel Laud e Yara Frateschi Vieira. São Paulo: Hucitec, 1986.
5
Pedro II e Gymnasio Nacional,8 onde permanecem até 18969. Na instituição, o pai Alfredo
fora diretor entre 1891 e 1892, indicação esta relevante para um médico.
Segundo Escragnolle Doria10, José e Vicente tornaram-se bacharéis em Letras pelo
Internato em 1896, como ocorrera com seu pai (pelo Externato), em 1864. Dos 200 alunos
matriculados no primeiro ano, somente 11 sobreviveram às provas orais e escritas e
concluíram o curso na turma de José Piragibe, conforme ele mesmo declara como orador na
formatura, por ter sido o primeiro da turma.11 Contribuía para tal abandono a reforma de
1870, que instituiu o sistema de exames finais por disciplina no Pedro II, realizados ao
encerrar-se o estudo de cada matéria. Desta forma, os alunos aprovados nesses exames
poderiam matricular-se nos cursos superiores. A concentração de matrículas nas primeiras
séries do curso e o reduzido número de bacharéis evidenciavam os perniciosos efeitos do
sistema de exames parcelados para o Colégio Pedro II (HAIDAR, 2008, p. 136). Assim, a
intenção de torná-lo modelo para o ensino secundário, através da organização do currículo
fora da lógica das aulas isoladas e dos cursos preparatórios, curva-se ao que era a função
primeira do ensino secundário: a preparação aos cursos profissionais superiores (ZOTTI,
2005, p. 41).
O bacharel em Letras do Colégio Pedro II ingressava automaticamente na
universidade. Desta forma, José Piragibe prestou exames de Botânica e Zoologia na
Faculdade de Medicina e Farmácia do Rio de Janeiro, juntamente com os alunos da
primeira série médica12, dentre vários outros exames, e formou-se em História Natural, que
juntamente com a sua sólida formação humanística do ensino secundário lhe permitiram
lecionar diversas disciplinas.
Trajetória Docente – entre o privado e o público
Ainda como estudante de História Natural, em 1899, José Piragibe lecionou no
Collégio Paula Freitas, onde pelo menos durante 20 anos (1905 – 1924) foi colega de
trabalho e amigo pessoal de Jônatas Serrano13, então professor de História. A formação em
História Natural permitia-lhe lecionar Biologia, Física e Química.14 Posteriormente foi
também professor de Geografia e Português em vários outros colégios particulares
8 Este momento é descrito por Piragibe no texto “O Grande Desfile” (Livro de Memórias do Colégio Pedro II,
1896, p. 249 – 251). 9 Livro de Matrícula do Internato do Colégio Pedro II, 1892, Biblioteca do Colégio Pedro II, Centro Rio de Janeiro.
10 ESCRAGNOLLE DORIA, Luís Gastão. Memória histórica comemorativa do 1º centenário do Colégio de Pedro
Segundo (1837 – 1937), Rio de Janeiro: Ministério da Educação e Saúde, 1937. Biblioteca do Colégio Pedro II. 11
José Piragibe. O grande desfile. Jornal do Brasil, 10 de dezembro de 1896. 12
Diário Oficial de 28 de dezembro de 1897; Seção de Editais e Avisos. 13
SERRANO, Jonathas. O professor Piragibe. Recorte de jornal sem identificação, s/d. Arquivo pessoal da família. 14
A autora julgava que a formação superior de José Piragibe fosse Medicina, devido ter estudado na Faculdade de Medicina e Pharmacia do Rio de Janeiro, porém, em pesquisas em fontes do Colégio Pedro II, constatou que sua formação foi em História Natural, que lhe permitiria lecionar Química, Física e Biologia.
6
confessionais: Colégio São Bento, Santa Thereza, Santo Inácio e Santo Agostinho. Em 15
de junho de 1925 foi nomeado para reger interinamente a cadeira de Physica do Internato
do Colégio Pedro II,15 e no ano seguinte foi a vez do amigo Jônatas Serrano ser nomeado
professor catedrático de História Geral.16
As condições do ensino particular eram precárias para os professores, nas primeiras
décadas do século XX. Denunciava a revista “A Escola Primária”, que os professores
permaneciam nele enquanto não obtinham “qualquer coisa“ que compensasse; era inseguro
e árduo, pelas condições de exploração do professorado. Muitos estabelecimentos nem
possuíam registro. Para os inspetores escolares que denunciavam tais irregularidades, não
era suficiente a aplicação de multas. Era preciso que passassem a ser supervisionados pela
inspeção escolar, sendo obrigados a respeitarem os feriados nacionais, que em sua visão
“não foram instituídos para ócio e sim como meio de cultura cívica”; que o ensino de todas
as disciplinas, com exceção do de línguas estrangeiras, fosse ministrado em português; que
o edifício e os horários satisfizessem as condições higiênicas e pedagógicas; e que o ensino
da língua vernácula, da Geografia e da História do Brasil fossem confiados a professores
nacionais. A revista comemorava em março de 1929 o cumprimento do decreto nº 3281, de
23 de janeiro de 1928, pelo qual a fiscalização sobre o ensino particular passaria a ser feita
pelos inspetores do ensino público municipal. Nessa matéria da revista, são citados os
professores Serrano e Piragibe, como testemunhas de tais condições.17
Piragibe era professor “de várias matérias”, como afirma Everardo Backheuser,18
porque até as primeiras décadas do século XX os professores do ensino secundário no
Brasil eram autodidatas como profissionais da educação. A formação em curso superior e a
especialização para lecionar uma única disciplina foi um processo longo, que ganhou força
com a reforma educacional Francisco Campos, em 1931, quando passou a ser necessária a
formação docente para este nível de ensino e o registro dos professores secundários no
Departamento Nacional do Ensino, de acordo com Santos (2013). Até então, os
profissionais liberais, principalmente médicos, engenheiros e advogados, é que ocupavam
tais espaços; e permaneceram ainda por um longo tempo, seja por questões de demanda
ou por impossibilidade de drásticas rupturas. Mesmo com a exigência do diploma da
Faculdade de Educação, Ciências e Letras, era aberta exceção para os professores e
15
Livro de Nomeações de Funções Docentes e Administrativas do Internato do Colégio Pedro II – 1921 – 1938, pp. 35 e 36. 16
Jonathas Serrano (1855-1944) foi membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), professor de História do Colégio Pedro II e da Escola Normal do Rio de Janeiro, onde também foi diretor. Escreveu o livro Como se ensina a História, que fez parte da “Biblioteca de Educação”, coleção organizada por Lourenço Filho em 1927 (Companhia Melhoramentos de São Paulo). A coleção é considerada um dos mais importantes acontecimentos indiciários da difusão e expansão dos ideários da Escola Nova no Brasil. A obra de Serrano propõe um ensino de história sempre articulado ao presente e aos interesses dos alunos (SCHMIDT, 2004). 17
Revista “A Escola Primária”, Ano XIII, nr. 1, pag. 1, março de 1929. Biblioteca Nacional. 18
Recorte do Jornal do Brasil, seção Comentário. Acervo pessoal da família. Sem data.
7
docentes livres, de institutos superiores de ensino e do Colégio Pedro II. Provavelmente o
currículo diferenciado dessas instituições justificava a excepcionalidade.
Em sua trajetória docente no ensino público, José Piragibe enfrentou condições não
melhores das que o ensino privado lhe fornecia. Como professor do Colégio Pedro II,
destinado a uma pequena e abastada parcela da população, possivelmente vivenciou dias
melhores; no entanto, como diretor de uma escola primária para meninos pobres, e outra
profissional para adolescentes nas mesmas condições sociais, entrou em contato com o
descaso da administração pública, mas não foi passivo diante dessa realidade.
Trajetória como Diretor dos Institutos Ferreira Vianna e João Alfredo
Não fossem alguns amigos que se impacientavam de ve-lo so a exgotar-se no magistério particular sem garantias, mal remunerado e sem fama, não fosse a intervenção de leais e tratos colegas que o desejavam ver em postos de maior influencia, onde patenteasse as suas excepcionais qualidades de educador, e talvez Piragibe nunca houvesse exercido cargos oficiais. Chamado na administração Antonio Prado, por Fernando de Azevedo, á direção da Escola Ferreira Viana, ai se revelou o diretor-pai, se assim e licito dizer. Cada um daqueles pobres órfãos tinha nele um verdadeiro protetor, com paternais cuidados, e a tal ponto que uma vez lhe dissemos em palestra: - Você agora tem trezentos filhos... (JONATHAS SERRANO, 1940).
19
Em 1928 Jonathas Serrano deixava o cargo de diretor da Escola Normal, para
ocupar o cargo de diretor técnico da Diretoria de Instrução Pública; assim exerceria a
“missão de orientador technico do ensino primário, normal e profissional”20 na gestão do
então Diretor Geral Fernando de Azevedo. Seria esta a oportunidade para viabilizar ao
amigo Piragibe a ocupação de “postos de maior influência”; ascensão merecida a um
educador sem pretensões políticas, que dedicara três décadas de sua vida ao magistério.
A gestão de José Piragibe no Instituto Ferreira Vianna (1929 – 1933) foi marcada
pela implantação de projetos voltados para a militarização da infância, como o Projeto
Escola Cidade, por influência do diretor de Instrução Pública Raul de Faria. O Projeto Escola
Cidade consistiu na criação de departamentos de serviços no Instituto, retratando uma
cidade, cujos habitantes e servidores eram os próprios alunos. Devido ao momento histórico
da divulgação dos ideais da escola nova, acredita-se que visava desenvolver a autonomia
nos alunos através de métodos ativos, o que não extingue o seu caráter disciplinar, visto
que o primeiro departamento criado foi o de Polícia.
19
Recorte de jornal sem identificação, s/d. Arquivo pessoal da família. (Ano identificável por referir-se à recente morte de José Piragibe). 20
Revista “A Escola Primária”, ano XII, nº 2, editorial de abril de 1928. Biblioteca Nacional.
8
Figura 2 – Departamento do Trabalho do Projeto Escola Cidade. Ao centro, o chefe e o sub-chefe; ao seu lado, de gorro e avental, os escalados para o serviço de refeitório. Fonte: Centro de Memória Ferreira Vianna. Ano: 1931.
O Instituto Ferreira Vianna era a primeira instituição a testar o projeto no Brasil, o
qual já funcionava nos países ditos “mais cultos”. Sobre este projeto pioneiro o diretor
menciona as dificuldades de se adaptar ao nosso meio “o que sobre o assunto se faz no
estrangeiro”, problema este agravado pela “inexistência de outra instituição que tenha
adotado tal processo” no Brasil.21 Os objetivos maiores dos projetos que visavam difundir o
patriotismo, constituindo-se nos principais parâmetros da “grandeza da pátria”, eram a
“civilização” e o “progresso” do país. Tinham como alvo principal a infância brasileira,
alcançada pela literatura cívica, como evidencia Hansen (2007), tanto quanto pelas
comemorações cívicas, onde ganhava aspecto mais requintado e coletivo o “trabalho de
enquadramento da memória”.22
Os inúmeros ofícios do diretor reivindicando reformas prediais, melhores salários e
folgas para as enfermeiras, maior quantidade de inspetoras para que essas pudessem lidar
melhor com as questões disciplinares, assim como um currículo condizente com a finalidade
da instituição (de preparar os alunos que se destinam ao curso das escolas profissionais),
revelam sua preocupação com as minorias sociais. Este não hesitava em cobrar
incessantemente das autoridades competentes melhorias estruturais e de pessoal, para que
as crianças sob os seus cuidados contassem com os recursos necessários à formação
exigida para um futuro trabalhador: saúde, instrução elementar e destreza técnica. Desabafa
o diretor aos seus superiores que “é fácil observar que nas diversas reformas de ensino o
Instituto Ferreira Vianna costuma ficar quase completamente esquecido...”23 Destaca-se
nesse contexto o importante papel desempenhado pelo diretor José Piragibe, como agente
21 Ofício nº 146, de 21 de julho de 1931, do Diretor do Instituto Ferreira Vianna para o Dr. Diretor Geral de
Instrução Pública, em resposta ao ofício recebido, de nº 262, de 13.07.31. 22
Toma-se de empréstimo a expressão cunhada por Pollak (1989). 23
Ofício expedido nº 146, de 21 de julho de 1931, p. 5. Centro de Memória Ferreira Vianna.
9
mediador entre as políticas do Estado e a integridade física, educacional e moral desses
meninos de 7 a 13 anos.24
Figura 3: José Piragibe pousa para foto com os meninos do Instituto João Alfredo. Fonte: Arquivo pessoal da família. Sem data.
Em setembro de 1933 José Piragibe se desliga do Instituto Ferreira Vianna e assume
a direção do Instituto João Alfredo. Ao concluírem os 5 anos do curso primário, os meninos
do Ferreira Vianna eram transferidos para a Escola Visconde de Mauá25 ou para o Instituto
João Alfredo,26 com aproximadamente 13 anos de idade.
Não obstante a mudança de instituição, José Piragibe estava sempre atento às
necessidades dos seus primeiros “trezentos filhos”, pois bem conhecia o descaso com que
suas reivindicações eram tratadas pelo Estado. Os agradecimentos da diretora que o
substituíra, Floripes Anglada Lucas, confirmam tal hipótese:
Agradecimento. É com a maior satisfação que cumpro o dever de vir agradecer-vos os socorros prestados pelo pessoal e alumnos da Escola sob vossa digna direção a esta Escola. Certamente ainda estaria este estabelecimento com a sua lavanderia parada si não fosse a habilidade dos mestres e alumnos que enviastes aqui para concertar as nossas machinas. E não parou ahi a vossa gentileza, pois durante o tempo em que esteve parada a lavanderia, puzestes a nossa disposição as machinas de vossa Escola, onde se poude lavar a roupa dos nossos alumnos. Ainda gentilmente, consentistes que fossem confeccionados nas oficinas de vossa Escola novos chuveiros para substituir os que em lastimavel estado, estavam nos nossos banheiros... Saudações. A diretora.
27
24
José Piragibe teve o privilégio de vivenciar o marco histórico da “Crise de 1929” e da “Revolução de 30”, estando sob o comando de quatro diretores de Instrução Pública no período de seu mandato, que se iniciou em 14 de fevereiro de 1929 e findou em setembro de 1933. Ler mais sobre a atuação de José Piragibe no Instituto Ferreira Vianna em Oliveira (2012). 25
Esta escola nasce juntamente com a construção da Vila Operária Marechal Hermes (1910). 26
Mais informações sobre as práticas do Instituto João Alfredo encontram-se na tese de Maria Zélia Maia de Souza (UFMG, 2013). 27
Ofício nº 49, de 29/30 de abril de 1935; da diretora da Escola Pré-Vocacional Ferreira Vianna, para o diretor da Escola Secundária Técnica João Alfredo.
10
Este precioso registro de agradecimento ratifica as declarações de amigos,
admiradores e alunos de José Piragibe após seu falecimento, tornados públicos pela
imprensa: amigo sincero, generoso, homem simples, príncipe dos professores, “além de
saber muito, sabia ser bom”, professor-amigo. No primeiro aniversário de sua morte, os ex-
alunos, tanto das escolas particulares, como do Colégio Pedro II, se cotizaram para edificar
um mausoléu de granito para o seu túmulo, sobre o qual Jônatas Serrano gravou um
soneto, que reafirma tais qualidades e sua maior vocação: ensinar.
O Legado de José Piragibe
Os professores primários eram peças fundamentais para o Estado na construção da
nação brasileira, mas não obtinham deste o aparato necessário para desenvolverem um
trabalho satisfatório. A gestão de Carneiro Leão (1922 – 1926) foi duramente criticada pelo
segmento de educadores por não atender às necessidades da escola pública quanto às
instalações prediais, à contratação e capacitação de professores, e à organização
pedagógica. Os inspetores escolares procuravam orientar os docentes através da revista “A
Escola Primária”, na aplicação dos novos métodos de ensino, unificação de programas, e
dentre os colaboradores, havia muitos professores do Colégio Pedro II, da Escola Normal e
inspetores escolares, que publicavam suas aulas, o resultado de pesquisas e viagens a
outros países. José Piragibe contribuía na formação do professorado apresentando
publicações recentes, editando palestras proferidas em escolas, em círculo de pais e
mestres, e discutindo temas que afloravam entre os intelectuais da educação, como a
gratuidade, co-educação e laicidade da escola para o povo.
Como “católico fervoroso” (assim era chamado por alguns amigos), Piragibe se
situou no meio do debate entre liberais e católicos. Escreveu para os professores,
orientando sobre o que significava o ensino laico, o valor da família, da Pátria, da moral.
Suas reflexões demonstram preocupação com a hostilidade que possivelmente se instalou
no cotidiano da escola, entre católicos e “leigos”:
... a escola é leiga. Bem o sei. Sei também que a palavra leiga, significa „extranho á religião‟, indiferente á religião. É facílimo passar da indiferença á hostilidade. Tal hostilidade é um crime que assume gravidade excepcional, quando praticado em presença das crianças... a Escola é leiga no moderno sentido da palavra.
28
Como outros educadores católicos, Piragibe não desejava que a palavra “leigo” fosse
associada a aversão a qualquer sentimento religioso; o Estado leigo não teria religião oficial,
mas os sentimentos cristãos deveriam continuar sendo nutridos no ambiente escolar.
Com relação ao Ensino Secundário, em um inquérito promovido pela Associação
Brasileira de Educação (ABE), cujo tema foi “O problema brasileiro da escola secundária”,
28
PIRAGIBE, J. A Escola Nova e a educação moral. A Escola Primária, anno XIII, nr. 12, fev/1930. (p. 261)
11
foram levantadas questões para a criação de uma proposta de reformulação deste nível de
ensino. Seriam ouvidas as autoridades e profissionais da escola secundária “pela sua
posição social, pela sua cultura geral e pedagógica especializada e pelas duas qualidades
reunidas”.29 Santos (2013) aponta que entre os inquiridos estavam os próprios membros da
seção do ensino secundário do departamento carioca da ABE, que organizava o inquérito;
dentre eles, Carneiro Leão, Barbosa de Oliveira (presidente), Mello Leitão, Delgado de
Carvalho, Jonathas Serrano e José Piragibe, dentre outros. As questões levantadas neste
inquérito foram debatidas na Terceira Conferência Nacional de Educação, realizada em
1929 em São Paulo: a articulação do ensino secundário com o ensino primário e o
profissional e superior; a finalidade de “educar para a vida”; a legitimidade dos estudos
literários e científicos; a adoção de programas de outros países; a formação dos professores
para este nível de ensino.
José Piragibe era um homem de seu tempo, envolvido em pensar o destino da
educação do seu país. Como colaborador de jornais, escreveu para “O Jornal do Brasil” e “A
União”, com “pequenos, mas notáveis artigos”, segundo o professor Basílio de Magalhães;
os quais “estavam sempre cheios de preocupações cívicas”.30 Suas produções são objeto
de novo investimento desta pesquisadora, pois podem trazer revelações sobre sua inserção
na luta dos intelectuais preocupados com a educação do povo brasileiro, que segundo
Schmidt (2004, p. 191), baseava-se no tripé: difusão da escola, formação de professores e
renovação pedagógica, impulsionando a produção e difusão de uma literatura específica,
destinada a professores e alunos.31
Considerações Finais
Os registros sobre a vida de José Piragibe aqui expressa constituem um primeiro
ensaio das investigações que se aprofundam e detalham sobre este educador. Ainda há
lacunas a serem preenchidas nessa análise, tendo em vista a documentação por investigar.
No entanto, é possível arriscar alguns caminhos que respondam à indagação que instiga a
29
Carta datilografada a Manoel Said Ali, datada de 2 de maio de 1929. Acervo da Associação Brasileira de Educação (ABE). 30
Coluna “Comentário”, por Alfredo Baltasar da Silveira/Everardo Backheuser. Recorte do Jornal do Brasil. Acervo pessoal da família. Sem data. 31 Segue levantamento parcial de sua produção: Artigos para a Revista “A Escola Primária”: “Os 14 Princípios
de Fayol” (Ano VI, nr. 3, abr/1922, p. 67 – 69), “De Ensino e Educação” (Ano VII, nr. 2, mar/1923, p. 35 – 36), “A Escola Nova e a Educação Moral” (Ano XIII, nr. 12, fev/1930, p. 259 – 261), , “O Latim na Escola Normal” (Ano XIV, nr. 11, jan/1931, p. 210 – 211), “Programmas e Sabbatinas” (Ano XIV, nr. 12, fev/1931, p. 234 – 235), “A Composição Livre” (Ano XVI, nr. 1, abr/1932, p. 6 – 8), “Os Lusíadas” (Ano XX, nr. 5 e 6, ago-set/1936, p. 62), “Macahubas” (Ano XX, nr. 8 e 9, nov-dez/1936, p. 102 – 103), “O Brasil no Plano da
Educação” (Ano XX, nr. 11 e 12, fev-mar/1937, p. 142), “Autonomia Escolar” (Ano XXI, nr. 4, jul/1937, p. 62 – 63); em outros periódicos: “Humanidades Clássicas” (Boletim da A.P.C. do Distrito Federal, Ano III, nr. 2, p. 21 – 22), “O Grande Desfile” (Livro de Memórias do Colégio Pedro II, 1896, p. 249 – 251), “Cães, gatos, etc.” (publicado em homenagem póstuma, Jornal “A União”, 11 de fevereiro de 1940).
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autora a continuar a vasculhar “o material antigo”: Por que José Piragibe permaneceu nos
bastidores da educação pública, e hoje não faz parte da memória coletiva?
Há explicações que se aproximam da lógica, como o fato de ter se dedicado ao
trabalho administrativo e à sala de aula, enfim, ao que se chama “chão de fábrica”, à
execução do trabalho docente junto ao aluno; atividades essas que não têm visibilidade, a
não ser que algo dê muito errado.32 Ou possivelmente, como explica a família, o fato de não
ter ambições maiores de poder e fama, da mesma forma que os amigos expressaram em
unanimidade nos recortes de jornais colecionados por seu filho Alfredo, após a sua morte.
Outra justificativa não tão aparente, e que se vincula à história política e social do
período, pode ser o fato de não ter dirigido instituições educacionais de maior prestígio
social como, por exemplo, a Escola Normal, cujos diretores tiveram destaque social, muitos
a partir dessa gestão. As instituições que dirigiu eram destinadas à classe pobre, excluída,
onde a maioria dos meninos era órfã; e a julgar pelos constantes apelos dirigidos à Diretoria
de Instrução Pública, suas necessidades básicas não eram atendidas.33
Nessa mesma linha de raciocínio, pode-se inferir o argumento das disputas no
campo político-educacional, que colocavam católicos e liberais em campos opostos.
Piragibe, como católico mais “fervoroso” do que “militante” politicamente, talvez não se
enquadrasse em nenhum dos lados.
Outra chave interpretativa que requer uma ampla discussão é a construção da
memória social, que indica um campo de lutas e de relações de poder, num constante
embate entre lembrança e esquecimento,34 i.e., o que importa ser lembrado. Enfim, a partir
desse exercício de reinterpretar a história de Piragibe, novos enunciados podem emergir.
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32
Como coordenadora pedagógica há 18 anos costumo dizer aos meus alunos de Pedagogia que o trabalho do pedagogo só aparece quando algo não sai como o esperado. 33
Os mesmos apelos se repetiam nas gestões posteriores, das educadoras Floripes Anglada e Joaquina Daltro, no Instituto Ferreira Vianna. 34
Cf. Pinto & Farias (2012).
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PINTO, Diana S.; FARIAS, Francisco R. de (orgs.). Novos apontamentos em memória social. Rio de Janeiro: 7Letras, 2012.
POLLAK, Michael. Memória, esquecimento, silêncio. Estudos Históricos. Rio de Janeiro, FGV, vol. 2, nr. 3, 1989, p. 3–15.
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