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José Piragibe: educador atuante no Movimento em Defesa da Escola Pública no Distrito Federal (1877 1940) 1 Mariza da Gama Leite de Oliveira 2 Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ Programa de Pós-Graduação em Educação Eixo 6: Pesquisa, Educação, Movimentos Sociais e Novos Protagonistas. Categoria: Pôster Introdução Histórias de vida de profissionais da educação, elaboradas por eles mesmos ou por pesquisadores, podem levantar informações e problemas importantes para o conhecimento da própria instituição e dos campos disciplinares nos quais atuam (ou atuaram), constituindo uma espécie de etnografia dos saberes escolaresna visão de Nunes (2003/2004), para quem o uso pedagógico das trajetórias escolares e das memórias docentes permitem também a passagem de uma memória pessoal à história da sociedade e da educação. Desta forma, a biografia seria um jogo em escala menor, 3 em que aparecem questões que numa escala maior não apareceriam. O nível de análise micro social, que para Rosental (1998) foi relativamente desprezado pela história social contemporânea, consiste numa mudança de ângulo, que pode produzir conhecimentos novos. Essa escolha metodológica surge em algumas pesquisas no decorrer da análise do corpus documental disponível no acervo objeto de análise. Assim ocorreu a descoberta do educador José Piragibe pela autora, que no início de seu doutorado pretendia desvelar as práticas cotidianas que permitissem compreender a cultura escolar do seu objeto de pesquisa, o Instituto Ferreira Vianna, em meio a uma documentação mal conservada e não catalogada. Na fase de organização desse material, foi localizado um relatório do diretor José Piragibe à Diretoria de Instrução Pública, datado de 21 de julho de 1931, informando os dados quantitativos solicitados, como também uma detalhada descrição das condições da escola, seguida de reivindicações para aquele asilo de meninos órfãos e pobres, que necessitava de “obras urgentes”. Os projetos desenvolvidos pela escola constavam no relatório, mesmo sem serem solicitados, especialmente o projeto Escola Cidade; e diversos outros problemas foram apresentados, em busca de solução. Esta foi a brecha que o diretor encontrou para externar suas angústias, frustrações; enfim, para ser ouvido. E este sentimento é tão latente em sua escrita, que não passa despercebido ao leitor. 1 Artigo apresentado no 11º ANPEd - Encontro de Pesquisa em Educação da Região Sudeste 2014: “Culturas, Políticas e Práticas Educacionais e suas Relações com a Pesquisa” (São João Del Rei, MG, out/2014). 2 Doutoranda em Educação pela UFRJ (2011-2014); docente de História da Educação na UERJ; integrante do grupo de pesquisa “Arquivo Asylo de Meninos Desvalidos e Casa de São José: documentação, ensino e infância trabalhadora (1874–1942)” sob a coordenação da prof. Dra. Irma Rizzini (PROEDES/PPGE/UFRJ). 3 Cf. Revel (1998).

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José Piragibe: educador atuante no Movimento em Defesa da Escola Pública

no Distrito Federal (1877 – 1940)1

Mariza da Gama Leite de Oliveira2 Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ

Programa de Pós-Graduação em Educação Eixo 6: Pesquisa, Educação, Movimentos Sociais e Novos Protagonistas.

Categoria: Pôster

Introdução

Histórias de vida de profissionais da educação, elaboradas por eles mesmos ou por

pesquisadores, podem levantar informações e problemas importantes para o conhecimento

da própria instituição e dos campos disciplinares nos quais atuam (ou atuaram), constituindo

uma espécie de “etnografia dos saberes escolares” na visão de Nunes (2003/2004), para

quem o uso pedagógico das trajetórias escolares e das memórias docentes permitem

também a passagem de uma memória pessoal à história da sociedade e da educação.

Desta forma, a biografia seria um jogo em escala menor,3 em que aparecem questões que

numa escala maior não apareceriam. O nível de análise micro social, que para Rosental

(1998) foi relativamente desprezado pela história social contemporânea, consiste numa

mudança de ângulo, que pode produzir conhecimentos novos.

Essa escolha metodológica surge em algumas pesquisas no decorrer da análise do

corpus documental disponível no acervo objeto de análise. Assim ocorreu a descoberta do

educador José Piragibe pela autora, que no início de seu doutorado pretendia desvelar as

práticas cotidianas que permitissem compreender a cultura escolar do seu objeto de

pesquisa, o Instituto Ferreira Vianna, em meio a uma documentação mal conservada e não

catalogada. Na fase de organização desse material, foi localizado um relatório do diretor

José Piragibe à Diretoria de Instrução Pública, datado de 21 de julho de 1931, informando

os dados quantitativos solicitados, como também uma detalhada descrição das condições

da escola, seguida de reivindicações para aquele asilo de meninos órfãos e pobres, que

necessitava de “obras urgentes”. Os projetos desenvolvidos pela escola constavam no

relatório, mesmo sem serem solicitados, especialmente o projeto Escola Cidade; e diversos

outros problemas foram apresentados, em busca de solução. Esta foi a brecha que o diretor

encontrou para externar suas angústias, frustrações; enfim, para ser ouvido. E este

sentimento é tão latente em sua escrita, que não passa despercebido ao leitor.

1 Artigo apresentado no 11º ANPEd - Encontro de Pesquisa em Educação da Região Sudeste 2014: “Culturas,

Políticas e Práticas Educacionais e suas Relações com a Pesquisa” (São João Del Rei, MG, out/2014). 2 Doutoranda em Educação pela UFRJ (2011-2014); docente de História da Educação na UERJ; integrante do

grupo de pesquisa “Arquivo Asylo de Meninos Desvalidos e Casa de São José: documentação, ensino e infância trabalhadora (1874–1942)” sob a coordenação da prof. Dra. Irma Rizzini (PROEDES/PPGE/UFRJ). 3 Cf. Revel (1998).

2

A partir desta descoberta, a gestão de José Piragibe tornou-se central nas

investigações, pois seria um fio condutor, que permitiria o levantamento de diversas

hipóteses e contra argumentações a respeito dos relatórios oficiais sobre a instrução pública

primária na capital federal na década de 1930. Pretende-se assim, neste artigo, não só

abordar a atuação do referido diretor no Instituto Ferreira Vianna, como também realizar um

breve levantamento biográfico, identificando sua origem familiar, sua formação, sua

trajetória profissional, sua rede de relacionamentos sociais, e o legado que deixa para a

educação. As fontes de pesquisa em grande parte foram cedidas por uma neta e um bisneto

de Piragibe, que também contribuem com depoimentos orais, algumas foram localizadas no

arquivo escolar citado e no Colégio Pedro II, e outras em periódicos digitalizados ou

impressos da Biblioteca Nacional.

Por força das circunstâncias e por motivos diversos, que dentre eles a família atribui

à sua personalidade recatada, Piragibe não é encontrado com frequência na historiografia

da educação ao lado dos intelectuais da educação com visibilidade social nas primeiras

décadas do século XX. No entanto, os indícios documentais nos permitem levantar a

hipótese de que através do exercício do magistério por mais de 40 anos e da gestão de

instituições educacionais, influenciou alunos e intelectuais, professores primários e

secundários, num momento da história da educação nacional em que novos paradigmas

exigiam um novo agir docente. Ao pesquisar sua trajetória como educador, gestor e escritor,

pretende-se recolocar este ator social no coração dos processos sociais, e assim tentar

compreender a maneira pela qual ele interferiu na produção desses processos (REVEL,

1998).

Família Influente – “Os Piragibe”

Através de investigações, a autora chegou até Renato Piragibe, bisneto do educador,

o qual a apresentou a Maria Midori Piragibe, neta de José Piragibe. Ele é membro da

diretoria da Faculdade Mackenzie do Rio de Janeiro e funcionário aposentado do Banco do

Brasil; ela, também aposentada do Banco do Brasil, como médica, é atualmente professora

da UERJ e médica do INCA – Instituto Nacional de Câncer, no Rio de Janeiro. Ambos têm

trocado e-mails e participado de encontros com a pesquisadora, fornecendo documentos e

informações relevantes para a reconstituição da trajetória de vida desse educador, tarefa

que seria inviável sem o recurso da história oral.

Segundo informações dos familiares, a família Piragibe é única. Qualquer sobrenome

Piragibe que se encontre no meio jurídico, médico, artístico ou educacional, faz parte desta

família. O patriarca é Alfredo Piragibe, pai de José Piragibe, que foi Conselheiro do

Imperador D. Pedro II. Conta a família que “Alfredão”, carinhosamente chamado devido a

tantos “alfredos” na descendência, era filho de Francisca com o Barão do Engenho Novo; e

3

que o sobrenome Piragibe é originário de uma tribo indígena aliada à Coroa, com raízes no

nordeste brasileiro.4

José Joaquim Ferreira da Costa Piragibe (25/12/1877–21/01/1940), nosso

personagem, era o filho mais velho de Alfredo Piragibe e Cândida Ferreira Piragibe, dentre 5

homens e 3 mulheres. Um dos irmãos, Vicente Ferreira da Costa Piragibe (1879 – 1959), foi

jornalista e jurista, redator do jornal “O Correio da Manhã”, diretor do jornal “A Época” e

desembargador na corte de apelação do Distrito Federal; em 1931 elaborou o Dicionário de

jurisprudência penal do Brasil. Outro irmão, Mário Piragibe, tornou-se médico, seguindo a

carreira do pai. Os outros irmãos são: Alfredo, Antônio (médico, cujo neto de mesmo nome é

atualmente reconhecido médico ginecologista), Francisca, Nininha e Judith.

Prova da visibilidade social da família de José Piragibe observa-se na matéria de

jornal noticiando o casamento de seu filho, Dr. Emmanoel Braga Piragibe, com Helena

Vianna Machado, filha do Dr. Raul Machado, representante do Maranhão na Câmara

Federal: “Descendentes de famílias da nossa elite social, os noivos desfrutam de largo

círculo de relações entre nós, além dos méritos pessoaes, que se lhes reconhece”.5 Os atos

civil e religioso ocorreram na casa da noiva, no bairro da Tijuca, tendo o senador Cunha

Machado como uma das testemunhas. Conta a neta Maria Midori, que o Dr. Emmanoel foi o

médico radiologista de Getúlio Vargas. Mais outros três filhos teve José Piragibe: Carmelita,

que faleceu com cerca de treze anos, Maria de Lourdes Piragibe e Alfredo Braga Piragibe,

este engenheiro civil, e pai da Maria Midori, que traz em suas recordações o imenso carinho

e emoção com que ele se referia ao seu avô José.

Como se pode observar, a tradição médica e jurídica, de maior reconhecimento

social, perpetuou-se na família, que se divide entre os adeptos da Monarquia, devido à

ligação do patriarca com o Imperador, e os que aderiram ao Regime Republicano,

consistindo-se numa saudável rivalidade familiar.

O recente reconhecimento do depoimento oral como documento histórico, veio em

muito auxiliar aos historiadores na composição de eventos em que a documentação é

escassa. As fontes escritas e orais não são mutuamente excludentes; elas possuem

características autônomas e funções específicas que somente uma ou outra pode

preencher. Por ser diferente intrinsecamente, a história oral torna-se útil especificamente.

Assim crendo, Portelli (1997) detalha em seu texto as especificidades da história oral e

afirma que as fontes orais são aceitáveis, mas com uma credibilidade diferente. A

importância do testemunho oral se situaria não em sua aderência ao fato, mas de

preferência em seu afastamento dele, como imaginação, simbolismo e desejo de emergir.

Por isso para o mesmo autor não haveria “falsas” fontes orais; até porque “constantemente,

documentos escritos são somente a transmissão sem controle de fontes orais não

4 A árvore genealógica da família pode ser acessada na internet, no endereço piragibe.com.br/arvore/.

5 Jornal “O Paiz”, 29 e 30 de setembro de 1930, p. 5. Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional.

4

identificadas”, não garantindo a credibilidade científica na sua passagem para o documento

escrito, além de estarem “frequentemente carregados de tendências de classe”.6

É importante salientar que a memória não é apenas um depositário passivo de fatos,

mas também um processo ativo de criação de significações. Assim, compreende-se com

Portelli (1997, p. 33), que a utilidade específica das fontes orais para o historiador repousaria

não tanto em suas habilidades de preservar o passado, mas nas muitas mudanças forjadas

pela memória. Estas modificações revelariam o esforço dos narradores em buscar sentido

no passado e dar forma às suas vidas, e colocar a entrevista e a narração em seu contexto

histórico.

A formação no Colégio Pedro II

Figura 1: José Piragibe em meio à sua paixão - os livros. Fonte: Arquivo pessoal da família. Sem data.

O “horizonte social” de José Piragibe7 refere-se a um momento especial da

sociedade brasileira - a Primeira República, e ao grupo de intelectuais que vivenciaram o

ideário educacional do período. Foi este um momento particularmente marcado por disputas

políticas no interior do bloco do poder, em que as oligarquias latifundiárias disputam entre si

tanto o poder como a permanência no comando da nação. Também marca o período

profunda crise econômica provocada por uma economia agroexportadora dependente do

capital externo, e uma crise de identidade cultural que se expressa na Semana de Arte

Moderna de 1922 e pelo agravamento das tensões sociais. Em 1889, na mudança de

regime, os irmãos Vicente e José Piragibe ingressam no Internato do Imperial Colégio de

6 Ibid., p. 32.

7 Toma-se de empréstimo a construção do “horizonte social” de Jônatas Serrano, elaborado por Schmidt (2004,

p. 194). Tal conceito, segundo a mesma, foi utilizado a partir de BAKHTIN, M. (VOLOCHINOV). Marxismo e filosofia da linguagem. 3ª..ed. Trad. Michel Laud e Yara Frateschi Vieira. São Paulo: Hucitec, 1986.

5

Pedro II e Gymnasio Nacional,8 onde permanecem até 18969. Na instituição, o pai Alfredo

fora diretor entre 1891 e 1892, indicação esta relevante para um médico.

Segundo Escragnolle Doria10, José e Vicente tornaram-se bacharéis em Letras pelo

Internato em 1896, como ocorrera com seu pai (pelo Externato), em 1864. Dos 200 alunos

matriculados no primeiro ano, somente 11 sobreviveram às provas orais e escritas e

concluíram o curso na turma de José Piragibe, conforme ele mesmo declara como orador na

formatura, por ter sido o primeiro da turma.11 Contribuía para tal abandono a reforma de

1870, que instituiu o sistema de exames finais por disciplina no Pedro II, realizados ao

encerrar-se o estudo de cada matéria. Desta forma, os alunos aprovados nesses exames

poderiam matricular-se nos cursos superiores. A concentração de matrículas nas primeiras

séries do curso e o reduzido número de bacharéis evidenciavam os perniciosos efeitos do

sistema de exames parcelados para o Colégio Pedro II (HAIDAR, 2008, p. 136). Assim, a

intenção de torná-lo modelo para o ensino secundário, através da organização do currículo

fora da lógica das aulas isoladas e dos cursos preparatórios, curva-se ao que era a função

primeira do ensino secundário: a preparação aos cursos profissionais superiores (ZOTTI,

2005, p. 41).

O bacharel em Letras do Colégio Pedro II ingressava automaticamente na

universidade. Desta forma, José Piragibe prestou exames de Botânica e Zoologia na

Faculdade de Medicina e Farmácia do Rio de Janeiro, juntamente com os alunos da

primeira série médica12, dentre vários outros exames, e formou-se em História Natural, que

juntamente com a sua sólida formação humanística do ensino secundário lhe permitiram

lecionar diversas disciplinas.

Trajetória Docente – entre o privado e o público

Ainda como estudante de História Natural, em 1899, José Piragibe lecionou no

Collégio Paula Freitas, onde pelo menos durante 20 anos (1905 – 1924) foi colega de

trabalho e amigo pessoal de Jônatas Serrano13, então professor de História. A formação em

História Natural permitia-lhe lecionar Biologia, Física e Química.14 Posteriormente foi

também professor de Geografia e Português em vários outros colégios particulares

8 Este momento é descrito por Piragibe no texto “O Grande Desfile” (Livro de Memórias do Colégio Pedro II,

1896, p. 249 – 251). 9 Livro de Matrícula do Internato do Colégio Pedro II, 1892, Biblioteca do Colégio Pedro II, Centro Rio de Janeiro.

10 ESCRAGNOLLE DORIA, Luís Gastão. Memória histórica comemorativa do 1º centenário do Colégio de Pedro

Segundo (1837 – 1937), Rio de Janeiro: Ministério da Educação e Saúde, 1937. Biblioteca do Colégio Pedro II. 11

José Piragibe. O grande desfile. Jornal do Brasil, 10 de dezembro de 1896. 12

Diário Oficial de 28 de dezembro de 1897; Seção de Editais e Avisos. 13

SERRANO, Jonathas. O professor Piragibe. Recorte de jornal sem identificação, s/d. Arquivo pessoal da família. 14

A autora julgava que a formação superior de José Piragibe fosse Medicina, devido ter estudado na Faculdade de Medicina e Pharmacia do Rio de Janeiro, porém, em pesquisas em fontes do Colégio Pedro II, constatou que sua formação foi em História Natural, que lhe permitiria lecionar Química, Física e Biologia.

6

confessionais: Colégio São Bento, Santa Thereza, Santo Inácio e Santo Agostinho. Em 15

de junho de 1925 foi nomeado para reger interinamente a cadeira de Physica do Internato

do Colégio Pedro II,15 e no ano seguinte foi a vez do amigo Jônatas Serrano ser nomeado

professor catedrático de História Geral.16

As condições do ensino particular eram precárias para os professores, nas primeiras

décadas do século XX. Denunciava a revista “A Escola Primária”, que os professores

permaneciam nele enquanto não obtinham “qualquer coisa“ que compensasse; era inseguro

e árduo, pelas condições de exploração do professorado. Muitos estabelecimentos nem

possuíam registro. Para os inspetores escolares que denunciavam tais irregularidades, não

era suficiente a aplicação de multas. Era preciso que passassem a ser supervisionados pela

inspeção escolar, sendo obrigados a respeitarem os feriados nacionais, que em sua visão

“não foram instituídos para ócio e sim como meio de cultura cívica”; que o ensino de todas

as disciplinas, com exceção do de línguas estrangeiras, fosse ministrado em português; que

o edifício e os horários satisfizessem as condições higiênicas e pedagógicas; e que o ensino

da língua vernácula, da Geografia e da História do Brasil fossem confiados a professores

nacionais. A revista comemorava em março de 1929 o cumprimento do decreto nº 3281, de

23 de janeiro de 1928, pelo qual a fiscalização sobre o ensino particular passaria a ser feita

pelos inspetores do ensino público municipal. Nessa matéria da revista, são citados os

professores Serrano e Piragibe, como testemunhas de tais condições.17

Piragibe era professor “de várias matérias”, como afirma Everardo Backheuser,18

porque até as primeiras décadas do século XX os professores do ensino secundário no

Brasil eram autodidatas como profissionais da educação. A formação em curso superior e a

especialização para lecionar uma única disciplina foi um processo longo, que ganhou força

com a reforma educacional Francisco Campos, em 1931, quando passou a ser necessária a

formação docente para este nível de ensino e o registro dos professores secundários no

Departamento Nacional do Ensino, de acordo com Santos (2013). Até então, os

profissionais liberais, principalmente médicos, engenheiros e advogados, é que ocupavam

tais espaços; e permaneceram ainda por um longo tempo, seja por questões de demanda

ou por impossibilidade de drásticas rupturas. Mesmo com a exigência do diploma da

Faculdade de Educação, Ciências e Letras, era aberta exceção para os professores e

15

Livro de Nomeações de Funções Docentes e Administrativas do Internato do Colégio Pedro II – 1921 – 1938, pp. 35 e 36. 16

Jonathas Serrano (1855-1944) foi membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), professor de História do Colégio Pedro II e da Escola Normal do Rio de Janeiro, onde também foi diretor. Escreveu o livro Como se ensina a História, que fez parte da “Biblioteca de Educação”, coleção organizada por Lourenço Filho em 1927 (Companhia Melhoramentos de São Paulo). A coleção é considerada um dos mais importantes acontecimentos indiciários da difusão e expansão dos ideários da Escola Nova no Brasil. A obra de Serrano propõe um ensino de história sempre articulado ao presente e aos interesses dos alunos (SCHMIDT, 2004). 17

Revista “A Escola Primária”, Ano XIII, nr. 1, pag. 1, março de 1929. Biblioteca Nacional. 18

Recorte do Jornal do Brasil, seção Comentário. Acervo pessoal da família. Sem data.

7

docentes livres, de institutos superiores de ensino e do Colégio Pedro II. Provavelmente o

currículo diferenciado dessas instituições justificava a excepcionalidade.

Em sua trajetória docente no ensino público, José Piragibe enfrentou condições não

melhores das que o ensino privado lhe fornecia. Como professor do Colégio Pedro II,

destinado a uma pequena e abastada parcela da população, possivelmente vivenciou dias

melhores; no entanto, como diretor de uma escola primária para meninos pobres, e outra

profissional para adolescentes nas mesmas condições sociais, entrou em contato com o

descaso da administração pública, mas não foi passivo diante dessa realidade.

Trajetória como Diretor dos Institutos Ferreira Vianna e João Alfredo

Não fossem alguns amigos que se impacientavam de ve-lo so a exgotar-se no magistério particular sem garantias, mal remunerado e sem fama, não fosse a intervenção de leais e tratos colegas que o desejavam ver em postos de maior influencia, onde patenteasse as suas excepcionais qualidades de educador, e talvez Piragibe nunca houvesse exercido cargos oficiais. Chamado na administração Antonio Prado, por Fernando de Azevedo, á direção da Escola Ferreira Viana, ai se revelou o diretor-pai, se assim e licito dizer. Cada um daqueles pobres órfãos tinha nele um verdadeiro protetor, com paternais cuidados, e a tal ponto que uma vez lhe dissemos em palestra: - Você agora tem trezentos filhos... (JONATHAS SERRANO, 1940).

19

Em 1928 Jonathas Serrano deixava o cargo de diretor da Escola Normal, para

ocupar o cargo de diretor técnico da Diretoria de Instrução Pública; assim exerceria a

“missão de orientador technico do ensino primário, normal e profissional”20 na gestão do

então Diretor Geral Fernando de Azevedo. Seria esta a oportunidade para viabilizar ao

amigo Piragibe a ocupação de “postos de maior influência”; ascensão merecida a um

educador sem pretensões políticas, que dedicara três décadas de sua vida ao magistério.

A gestão de José Piragibe no Instituto Ferreira Vianna (1929 – 1933) foi marcada

pela implantação de projetos voltados para a militarização da infância, como o Projeto

Escola Cidade, por influência do diretor de Instrução Pública Raul de Faria. O Projeto Escola

Cidade consistiu na criação de departamentos de serviços no Instituto, retratando uma

cidade, cujos habitantes e servidores eram os próprios alunos. Devido ao momento histórico

da divulgação dos ideais da escola nova, acredita-se que visava desenvolver a autonomia

nos alunos através de métodos ativos, o que não extingue o seu caráter disciplinar, visto

que o primeiro departamento criado foi o de Polícia.

19

Recorte de jornal sem identificação, s/d. Arquivo pessoal da família. (Ano identificável por referir-se à recente morte de José Piragibe). 20

Revista “A Escola Primária”, ano XII, nº 2, editorial de abril de 1928. Biblioteca Nacional.

8

Figura 2 – Departamento do Trabalho do Projeto Escola Cidade. Ao centro, o chefe e o sub-chefe; ao seu lado, de gorro e avental, os escalados para o serviço de refeitório. Fonte: Centro de Memória Ferreira Vianna. Ano: 1931.

O Instituto Ferreira Vianna era a primeira instituição a testar o projeto no Brasil, o

qual já funcionava nos países ditos “mais cultos”. Sobre este projeto pioneiro o diretor

menciona as dificuldades de se adaptar ao nosso meio “o que sobre o assunto se faz no

estrangeiro”, problema este agravado pela “inexistência de outra instituição que tenha

adotado tal processo” no Brasil.21 Os objetivos maiores dos projetos que visavam difundir o

patriotismo, constituindo-se nos principais parâmetros da “grandeza da pátria”, eram a

“civilização” e o “progresso” do país. Tinham como alvo principal a infância brasileira,

alcançada pela literatura cívica, como evidencia Hansen (2007), tanto quanto pelas

comemorações cívicas, onde ganhava aspecto mais requintado e coletivo o “trabalho de

enquadramento da memória”.22

Os inúmeros ofícios do diretor reivindicando reformas prediais, melhores salários e

folgas para as enfermeiras, maior quantidade de inspetoras para que essas pudessem lidar

melhor com as questões disciplinares, assim como um currículo condizente com a finalidade

da instituição (de preparar os alunos que se destinam ao curso das escolas profissionais),

revelam sua preocupação com as minorias sociais. Este não hesitava em cobrar

incessantemente das autoridades competentes melhorias estruturais e de pessoal, para que

as crianças sob os seus cuidados contassem com os recursos necessários à formação

exigida para um futuro trabalhador: saúde, instrução elementar e destreza técnica. Desabafa

o diretor aos seus superiores que “é fácil observar que nas diversas reformas de ensino o

Instituto Ferreira Vianna costuma ficar quase completamente esquecido...”23 Destaca-se

nesse contexto o importante papel desempenhado pelo diretor José Piragibe, como agente

21 Ofício nº 146, de 21 de julho de 1931, do Diretor do Instituto Ferreira Vianna para o Dr. Diretor Geral de

Instrução Pública, em resposta ao ofício recebido, de nº 262, de 13.07.31. 22

Toma-se de empréstimo a expressão cunhada por Pollak (1989). 23

Ofício expedido nº 146, de 21 de julho de 1931, p. 5. Centro de Memória Ferreira Vianna.

9

mediador entre as políticas do Estado e a integridade física, educacional e moral desses

meninos de 7 a 13 anos.24

Figura 3: José Piragibe pousa para foto com os meninos do Instituto João Alfredo. Fonte: Arquivo pessoal da família. Sem data.

Em setembro de 1933 José Piragibe se desliga do Instituto Ferreira Vianna e assume

a direção do Instituto João Alfredo. Ao concluírem os 5 anos do curso primário, os meninos

do Ferreira Vianna eram transferidos para a Escola Visconde de Mauá25 ou para o Instituto

João Alfredo,26 com aproximadamente 13 anos de idade.

Não obstante a mudança de instituição, José Piragibe estava sempre atento às

necessidades dos seus primeiros “trezentos filhos”, pois bem conhecia o descaso com que

suas reivindicações eram tratadas pelo Estado. Os agradecimentos da diretora que o

substituíra, Floripes Anglada Lucas, confirmam tal hipótese:

Agradecimento. É com a maior satisfação que cumpro o dever de vir agradecer-vos os socorros prestados pelo pessoal e alumnos da Escola sob vossa digna direção a esta Escola. Certamente ainda estaria este estabelecimento com a sua lavanderia parada si não fosse a habilidade dos mestres e alumnos que enviastes aqui para concertar as nossas machinas. E não parou ahi a vossa gentileza, pois durante o tempo em que esteve parada a lavanderia, puzestes a nossa disposição as machinas de vossa Escola, onde se poude lavar a roupa dos nossos alumnos. Ainda gentilmente, consentistes que fossem confeccionados nas oficinas de vossa Escola novos chuveiros para substituir os que em lastimavel estado, estavam nos nossos banheiros... Saudações. A diretora.

27

24

José Piragibe teve o privilégio de vivenciar o marco histórico da “Crise de 1929” e da “Revolução de 30”, estando sob o comando de quatro diretores de Instrução Pública no período de seu mandato, que se iniciou em 14 de fevereiro de 1929 e findou em setembro de 1933. Ler mais sobre a atuação de José Piragibe no Instituto Ferreira Vianna em Oliveira (2012). 25

Esta escola nasce juntamente com a construção da Vila Operária Marechal Hermes (1910). 26

Mais informações sobre as práticas do Instituto João Alfredo encontram-se na tese de Maria Zélia Maia de Souza (UFMG, 2013). 27

Ofício nº 49, de 29/30 de abril de 1935; da diretora da Escola Pré-Vocacional Ferreira Vianna, para o diretor da Escola Secundária Técnica João Alfredo.

10

Este precioso registro de agradecimento ratifica as declarações de amigos,

admiradores e alunos de José Piragibe após seu falecimento, tornados públicos pela

imprensa: amigo sincero, generoso, homem simples, príncipe dos professores, “além de

saber muito, sabia ser bom”, professor-amigo. No primeiro aniversário de sua morte, os ex-

alunos, tanto das escolas particulares, como do Colégio Pedro II, se cotizaram para edificar

um mausoléu de granito para o seu túmulo, sobre o qual Jônatas Serrano gravou um

soneto, que reafirma tais qualidades e sua maior vocação: ensinar.

O Legado de José Piragibe

Os professores primários eram peças fundamentais para o Estado na construção da

nação brasileira, mas não obtinham deste o aparato necessário para desenvolverem um

trabalho satisfatório. A gestão de Carneiro Leão (1922 – 1926) foi duramente criticada pelo

segmento de educadores por não atender às necessidades da escola pública quanto às

instalações prediais, à contratação e capacitação de professores, e à organização

pedagógica. Os inspetores escolares procuravam orientar os docentes através da revista “A

Escola Primária”, na aplicação dos novos métodos de ensino, unificação de programas, e

dentre os colaboradores, havia muitos professores do Colégio Pedro II, da Escola Normal e

inspetores escolares, que publicavam suas aulas, o resultado de pesquisas e viagens a

outros países. José Piragibe contribuía na formação do professorado apresentando

publicações recentes, editando palestras proferidas em escolas, em círculo de pais e

mestres, e discutindo temas que afloravam entre os intelectuais da educação, como a

gratuidade, co-educação e laicidade da escola para o povo.

Como “católico fervoroso” (assim era chamado por alguns amigos), Piragibe se

situou no meio do debate entre liberais e católicos. Escreveu para os professores,

orientando sobre o que significava o ensino laico, o valor da família, da Pátria, da moral.

Suas reflexões demonstram preocupação com a hostilidade que possivelmente se instalou

no cotidiano da escola, entre católicos e “leigos”:

... a escola é leiga. Bem o sei. Sei também que a palavra leiga, significa „extranho á religião‟, indiferente á religião. É facílimo passar da indiferença á hostilidade. Tal hostilidade é um crime que assume gravidade excepcional, quando praticado em presença das crianças... a Escola é leiga no moderno sentido da palavra.

28

Como outros educadores católicos, Piragibe não desejava que a palavra “leigo” fosse

associada a aversão a qualquer sentimento religioso; o Estado leigo não teria religião oficial,

mas os sentimentos cristãos deveriam continuar sendo nutridos no ambiente escolar.

Com relação ao Ensino Secundário, em um inquérito promovido pela Associação

Brasileira de Educação (ABE), cujo tema foi “O problema brasileiro da escola secundária”,

28

PIRAGIBE, J. A Escola Nova e a educação moral. A Escola Primária, anno XIII, nr. 12, fev/1930. (p. 261)

11

foram levantadas questões para a criação de uma proposta de reformulação deste nível de

ensino. Seriam ouvidas as autoridades e profissionais da escola secundária “pela sua

posição social, pela sua cultura geral e pedagógica especializada e pelas duas qualidades

reunidas”.29 Santos (2013) aponta que entre os inquiridos estavam os próprios membros da

seção do ensino secundário do departamento carioca da ABE, que organizava o inquérito;

dentre eles, Carneiro Leão, Barbosa de Oliveira (presidente), Mello Leitão, Delgado de

Carvalho, Jonathas Serrano e José Piragibe, dentre outros. As questões levantadas neste

inquérito foram debatidas na Terceira Conferência Nacional de Educação, realizada em

1929 em São Paulo: a articulação do ensino secundário com o ensino primário e o

profissional e superior; a finalidade de “educar para a vida”; a legitimidade dos estudos

literários e científicos; a adoção de programas de outros países; a formação dos professores

para este nível de ensino.

José Piragibe era um homem de seu tempo, envolvido em pensar o destino da

educação do seu país. Como colaborador de jornais, escreveu para “O Jornal do Brasil” e “A

União”, com “pequenos, mas notáveis artigos”, segundo o professor Basílio de Magalhães;

os quais “estavam sempre cheios de preocupações cívicas”.30 Suas produções são objeto

de novo investimento desta pesquisadora, pois podem trazer revelações sobre sua inserção

na luta dos intelectuais preocupados com a educação do povo brasileiro, que segundo

Schmidt (2004, p. 191), baseava-se no tripé: difusão da escola, formação de professores e

renovação pedagógica, impulsionando a produção e difusão de uma literatura específica,

destinada a professores e alunos.31

Considerações Finais

Os registros sobre a vida de José Piragibe aqui expressa constituem um primeiro

ensaio das investigações que se aprofundam e detalham sobre este educador. Ainda há

lacunas a serem preenchidas nessa análise, tendo em vista a documentação por investigar.

No entanto, é possível arriscar alguns caminhos que respondam à indagação que instiga a

29

Carta datilografada a Manoel Said Ali, datada de 2 de maio de 1929. Acervo da Associação Brasileira de Educação (ABE). 30

Coluna “Comentário”, por Alfredo Baltasar da Silveira/Everardo Backheuser. Recorte do Jornal do Brasil. Acervo pessoal da família. Sem data. 31 Segue levantamento parcial de sua produção: Artigos para a Revista “A Escola Primária”: “Os 14 Princípios

de Fayol” (Ano VI, nr. 3, abr/1922, p. 67 – 69), “De Ensino e Educação” (Ano VII, nr. 2, mar/1923, p. 35 – 36), “A Escola Nova e a Educação Moral” (Ano XIII, nr. 12, fev/1930, p. 259 – 261), , “O Latim na Escola Normal” (Ano XIV, nr. 11, jan/1931, p. 210 – 211), “Programmas e Sabbatinas” (Ano XIV, nr. 12, fev/1931, p. 234 – 235), “A Composição Livre” (Ano XVI, nr. 1, abr/1932, p. 6 – 8), “Os Lusíadas” (Ano XX, nr. 5 e 6, ago-set/1936, p. 62), “Macahubas” (Ano XX, nr. 8 e 9, nov-dez/1936, p. 102 – 103), “O Brasil no Plano da

Educação” (Ano XX, nr. 11 e 12, fev-mar/1937, p. 142), “Autonomia Escolar” (Ano XXI, nr. 4, jul/1937, p. 62 – 63); em outros periódicos: “Humanidades Clássicas” (Boletim da A.P.C. do Distrito Federal, Ano III, nr. 2, p. 21 – 22), “O Grande Desfile” (Livro de Memórias do Colégio Pedro II, 1896, p. 249 – 251), “Cães, gatos, etc.” (publicado em homenagem póstuma, Jornal “A União”, 11 de fevereiro de 1940).

12

autora a continuar a vasculhar “o material antigo”: Por que José Piragibe permaneceu nos

bastidores da educação pública, e hoje não faz parte da memória coletiva?

Há explicações que se aproximam da lógica, como o fato de ter se dedicado ao

trabalho administrativo e à sala de aula, enfim, ao que se chama “chão de fábrica”, à

execução do trabalho docente junto ao aluno; atividades essas que não têm visibilidade, a

não ser que algo dê muito errado.32 Ou possivelmente, como explica a família, o fato de não

ter ambições maiores de poder e fama, da mesma forma que os amigos expressaram em

unanimidade nos recortes de jornais colecionados por seu filho Alfredo, após a sua morte.

Outra justificativa não tão aparente, e que se vincula à história política e social do

período, pode ser o fato de não ter dirigido instituições educacionais de maior prestígio

social como, por exemplo, a Escola Normal, cujos diretores tiveram destaque social, muitos

a partir dessa gestão. As instituições que dirigiu eram destinadas à classe pobre, excluída,

onde a maioria dos meninos era órfã; e a julgar pelos constantes apelos dirigidos à Diretoria

de Instrução Pública, suas necessidades básicas não eram atendidas.33

Nessa mesma linha de raciocínio, pode-se inferir o argumento das disputas no

campo político-educacional, que colocavam católicos e liberais em campos opostos.

Piragibe, como católico mais “fervoroso” do que “militante” politicamente, talvez não se

enquadrasse em nenhum dos lados.

Outra chave interpretativa que requer uma ampla discussão é a construção da

memória social, que indica um campo de lutas e de relações de poder, num constante

embate entre lembrança e esquecimento,34 i.e., o que importa ser lembrado. Enfim, a partir

desse exercício de reinterpretar a história de Piragibe, novos enunciados podem emergir.

Referências Bibliográficas

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32

Como coordenadora pedagógica há 18 anos costumo dizer aos meus alunos de Pedagogia que o trabalho do pedagogo só aparece quando algo não sai como o esperado. 33

Os mesmos apelos se repetiam nas gestões posteriores, das educadoras Floripes Anglada e Joaquina Daltro, no Instituto Ferreira Vianna. 34

Cf. Pinto & Farias (2012).

13

PINTO, Diana S.; FARIAS, Francisco R. de (orgs.). Novos apontamentos em memória social. Rio de Janeiro: 7Letras, 2012.

POLLAK, Michael. Memória, esquecimento, silêncio. Estudos Históricos. Rio de Janeiro, FGV, vol. 2, nr. 3, 1989, p. 3–15.

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