fosforilaÇÃo da enzima serina racemase por …livros01.livrosgratis.com.br/cp090442.pdf · prof....

102
FOSFORILAÇÃO DA ENZIMA SERINA RACEMASE POR PROTEÍNA CINASE C REGULA OS NÍVEIS DO NEUROMODULADOR D-SERINA Charles Vargas Lopes Tese de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Ciências Morfológicas, Instituto de Ciências Biomédicas, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Ciências Morfológicas. Orientador: Rogério Arena Panizzutti Rio de Janeiro Março de 2008

Upload: truongnhi

Post on 21-Jan-2019

214 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: FOSFORILAÇÃO DA ENZIMA SERINA RACEMASE POR …livros01.livrosgratis.com.br/cp090442.pdf · Prof. João Ricardo Lacerda de Menezes (PCM - UFRJ) _____ Prof. Ricardo Augusto de Melo

FOSFORILAÇÃO DA ENZIMA SERINA RACEMASE POR

PROTEÍNA CINASE C REGULA OS NÍVEIS DO

NEUROMODULADOR D-SERINA

Charles Vargas Lopes

Tese de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Ciências Morfológicas, Instituto de Ciências Biomédicas, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Ciências Morfológicas.

Orientador: Rogério Arena Panizzutti

Rio de Janeiro Março de 2008

Page 2: FOSFORILAÇÃO DA ENZIMA SERINA RACEMASE POR …livros01.livrosgratis.com.br/cp090442.pdf · Prof. João Ricardo Lacerda de Menezes (PCM - UFRJ) _____ Prof. Ricardo Augusto de Melo

Livros Grátis

http://www.livrosgratis.com.br

Milhares de livros grátis para download.

Page 3: FOSFORILAÇÃO DA ENZIMA SERINA RACEMASE POR …livros01.livrosgratis.com.br/cp090442.pdf · Prof. João Ricardo Lacerda de Menezes (PCM - UFRJ) _____ Prof. Ricardo Augusto de Melo

FOSFORILAÇÃO DA ENZIMA SERINA RACEMASE POR PROTEÍNA

CINASE C REGULA OS NÍVEIS DO NEUROMODULADOR D-SERINA

Charles Vargas Lopes

Orientador: Rogério Arena Panizzutti

Tese de Mestrado submetida ao Programa de Pós-graduação em Ciências Morfológicas,

Instituto de Ciências Biomédicas, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos

requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Ciências Morfológicas.

_______________________________

Prof. João Ricardo Lacerda de Menezes (PCM - UFRJ)

_______________________________

Prof. Ricardo Augusto de Melo Reis (IBCCF - UFRJ)

_______________________________

Prof. Mário Alberto Cardoso da Silva Neto (IBqM - UFRJ)

_______________________________

Profa. Flávia Carvalho Alcantara Gomes (Revisora e suplente interna; PCM - UFRJ)

_______________________________

Profa. Maria Augusta Arruda (Suplente externa; IBRAG - UERJ)

ii

Page 4: FOSFORILAÇÃO DA ENZIMA SERINA RACEMASE POR …livros01.livrosgratis.com.br/cp090442.pdf · Prof. João Ricardo Lacerda de Menezes (PCM - UFRJ) _____ Prof. Ricardo Augusto de Melo

FICHA CATALOGRÁFICA

Lopes, Charles Vargas Fosforilação da enzima serina racemase por proteína cinase C regula os níveis do neuromodulador D-serina - Lopes, Charles Vargas - Rio de Janeiro: UFRJ/ ICB, 2008. xii, 86f.: il.; 2 cm.

Orientador: Rogério Arena Panizzutti Tese (mestrado) – UFRJ/ Instituto de Ciências Biomédicas/

Programa de Pós-graduação em Ciências Morfológicas, 2008. Referências Bibliográficas: f. 67-86 1. serina racemase. 2. proteína cinase C. 3. fosforilação. 4. d-serina.

5. comunicação neuro-glial. I. Panizzutti, Rogério Arena. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto de Ciências Biomédicas, Programa de Ciências Morfológicas. III. Título.

iii

Page 5: FOSFORILAÇÃO DA ENZIMA SERINA RACEMASE POR …livros01.livrosgratis.com.br/cp090442.pdf · Prof. João Ricardo Lacerda de Menezes (PCM - UFRJ) _____ Prof. Ricardo Augusto de Melo

Esta Tese foi realizada no Laboratório de Fronteiras em Neurociências, do Instituto de

Ciências Biomédicas, UFRJ, sob a orientação do Professor Rogério Arena Panizzutti, com

auxílios financeiros da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do

Rio de Janeiro (FAPERJ), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e

Tecnológico (CNPq), Fundação Universitária José Bonifácio (FUJB) e do Committee for

Aid and Education in Neurochemistry (CAEN) of the International Society for

Neurochemistry.

iv

Page 6: FOSFORILAÇÃO DA ENZIMA SERINA RACEMASE POR …livros01.livrosgratis.com.br/cp090442.pdf · Prof. João Ricardo Lacerda de Menezes (PCM - UFRJ) _____ Prof. Ricardo Augusto de Melo

“A dúvida é o princípio da sabedoria”.

(Aristóteles)

v

Page 7: FOSFORILAÇÃO DA ENZIMA SERINA RACEMASE POR …livros01.livrosgratis.com.br/cp090442.pdf · Prof. João Ricardo Lacerda de Menezes (PCM - UFRJ) _____ Prof. Ricardo Augusto de Melo

Agradecimentos

A Deus e minha amada família.

Ao meu pai, Edson Taveira Lopes, por seus sucintos, porém sábios conselhos de

vida.

À minha mãe, Maria Isabel Vargas Silva Lopes, pela insistência em me estruturar

como ser humano.

Ao meu segundo pai, Mauro Pestana Chidid, por cuidar de mim como um filho.

Às minhas irmãs Sue Ellen e Cristina pelo exemplo de fibra e superação.

Ao meu orientador, o professor Rogério Arena Panizzutti, pela oportunidade,

ensinamentos e confiança.

À professora Marta Sampaio de Freitas pela indicação para trabalhar com o

professor Rogério.

Ao professor Sérgio Teixeira Ferreira por permitir a utilização da estrutura de seu

laboratório no desenvolvimento deste trabalho.

Às minhas companheiras do dia-a-dia, Caroline e Ingrid, pelo trabalho cuidadoso e

momentos de descontração.

Aos companheiros, companheiras e afins do LDN, Jordano, Adriano, Marcelinho,

Rodrigo, Leozinho, Fábio, Léo, Omar, Paulinho, Bernardo, professor Paulo Alves,

Andrea, Samantha, Ana Paula, Mariangela, Dona Joana, Theresa, Helena, Sofia,

professoras Fernanda e Margareth, pelo excelente ambiente de trabalho e momentos

de lazer.

À doutoranda Suzana Assad Kahn pela interação profissional e amizade.

À professora Flávia Carvalho Alcantara Gomes pelos momentos de discussão junto

ao trabalho, pela revisão da tese e compreensão.

À mestranda Juliana Carvalho pelo apoio de sempre.

À professora Georgia Correa Atella pela ajuda material em experimentos e

discussão deste trabalho durante a defesa do projeto.

Ao professor Jean Christophe Houzel pelo apoio e atenção na manipulação in vivo

deste estudo e pela simpatia.

vi

Page 8: FOSFORILAÇÃO DA ENZIMA SERINA RACEMASE POR …livros01.livrosgratis.com.br/cp090442.pdf · Prof. João Ricardo Lacerda de Menezes (PCM - UFRJ) _____ Prof. Ricardo Augusto de Melo

À professora Maria Augusta Arruda por todo carinho, cuidado e proteção desde o

começo desta carreira.

Aos membros da Banca examinadora, Profs (as). João Menezes, Ricardo Reis,

Mário Neto, Flávia Gomes e Maria Augusta Arruda, por terem aceitado o convite.

Aos diferentes laboratórios do CCS que possibilitaram a continuidade desta tese.

Aos meus amigos do peito Pedro Barcellos e Marcelo Mantuano pela amizade

verdadeira e momentos de felicidade.

À minha namorada Patrícia pela cumplicidade e equilíbrio.

Ao PCM pela chance de desenvolver o mestrado.

À CAPES pelo financiamento da bolsa ao longo do mestrado.

vii

Page 9: FOSFORILAÇÃO DA ENZIMA SERINA RACEMASE POR …livros01.livrosgratis.com.br/cp090442.pdf · Prof. João Ricardo Lacerda de Menezes (PCM - UFRJ) _____ Prof. Ricardo Augusto de Melo

Lista de Abreviaturas

AMPA: ácido α-amino-3-hidroxi-5-metil-4-isoxazolepropiônico

ASC-1: transportador de Alanina-Serina-Cisteína tipo 1

ASCT: transportador tipo alanina-serina-cisteína

ATP: adenosina trifosfato

BIM: bis-indolil-maleimida

DAG: diacilglicerol

DAO: D-aminoácido oxidase

DMEM: Dulbecco's Modified Eagle’s Medium

DPNH: dinitrofenil-hidrazina

GRIP: proteína que interage com receptor de glutamato / glutamate receptor interacting

protein

GST: glutationa S-transferase

[3H]D-serina: d-serina tritiada

HEK 293: linhagem celular de rim embrionário humano / human embrionary kidney

HPLC: cromatografia líquida de alta resolução / High Performance Liquid

Chromatography

LTP: potenciação de longa duração / long-term potentiation

NMDA: N-metil-D-aspartato

NO: óxido nítrico / nitric oxide

PICK1: proteína que interage com cinase C 1 / protein interacting with C-kinase

PKC: proteína cinase C / protein kinase C

PLP: piridoxal fosfato

PMA: forbol 12-miristato 13-acetato

PS: fosfatidilserina

SR: serina racemase

TCA: ácido tricloroacético

TNF-α: fator de necrose tumoral alfa

viii

Page 10: FOSFORILAÇÃO DA ENZIMA SERINA RACEMASE POR …livros01.livrosgratis.com.br/cp090442.pdf · Prof. João Ricardo Lacerda de Menezes (PCM - UFRJ) _____ Prof. Ricardo Augusto de Melo

Lista de Figuras

Figura 1. Racemização de L-serina em D-serina pela serina racemase. 5

Figura 2. Imunohistoquímica mostrando a distribuição de D-serina, NR2A/B e glicina em diferentes regiões do cérebro.

8

Figura 3. Modelo bidirecional da sinalização de D-serina no cérebro. 12

Figura 4. Diferentes funções da serina racemase (SR) no metabolismo celular da D-serina e possíveis destinos deste aminoácido.

16

Figura 5. Seqüências da serina racemase de diferentes espécies (camundongo, humano e rato) mostrando seis possíveis sítios para fosforilação por PKC.

36

Figura 6. PKC inibe a atividade da serina racemase por fosforilação. 37

Figura 7. PKC proveniente de astrócitos reduz a atividade da serina racemase através de fosforilação.

39

Figura 8. Interação da serina racemase, PKC e PICK1 em astrócitos. 41

Figura 9. Fosforilação da serina racemase por PKC astrocitária diminui a produção de D-serina.

44

Figura 10. Serina racemase, PKC e PICK1 colocalizam em neurônios. 47

Figura 11. Fosforilação da serina racemase por PKC neuronal diminui a produção de D-serina.

50

Figura 12. Interação da serina racemase, PKC e PICK1 in vivo. 53

Figura 13. Regulação da disponibilidade de D-serina por PKC in vivo. 55

Figura 14. PKC regula a atividade da serina racemase. 65

ix

Page 11: FOSFORILAÇÃO DA ENZIMA SERINA RACEMASE POR …livros01.livrosgratis.com.br/cp090442.pdf · Prof. João Ricardo Lacerda de Menezes (PCM - UFRJ) _____ Prof. Ricardo Augusto de Melo

RESUMO

Serina racemase é uma enzima cerebral, que catalisa a conversão de L-serina em

piruvato e D-serina, um co-agonista endógeno de receptores NMDA. Seqüenciamento da

serina racemase mostrou sítios de consenso para fosforilação por proteína cinase C (PKC),

uma serina-treonina cinase que participa de diferentes funções no cérebro, incluindo os

processos de aprendizado, memória e plasticidade sináptica. O presente estudo analisou o

efeito da PKC na regulação da atividade da serina racemase in vitro e in vivo. Utilizando

serina racemase e PKC purificadas, nós observamos diminuição da formação de piruvato e

D-serina pela racemase, e um aumento na fosforilação da serina racemase in vitro. Este

efeito foi confirmado utilizando PKC imunoprecipitada de astrócitos de rato. O tratamento

das culturas de astrócitos e neurônios com PMA, um ativador da PKC, aumentou o grau de

fosforilação da serina racemase e reduziu a concentração de D-serina, enquanto a incubação

com BIM, um inibidor da PKC, induziu efeitos opostos. Para avaliar se estas enzimas

interagem in vitro e in vivo, foi realizada coimunoprecipitação a partir de astrócitos,

neurônios e cérebro de rato. Em todos os casos, nós observamos que a serina racemase e a

PKC coimunoprecipitam com a proteína PICK1, a qual interage com cinase C e direcina as

funções da PKC na célula. Análises por imunocitoquímica mostraram colocalização da

serina racemase, PKC e PICK1 em astrócitos e neurônios. Através de injeções de PMA e

BIM diretamente no córtex frontal de ratos, nós mostramos, in vivo, que PKC regula a

disponibilidade de D-serina e controla o estado de fosforilação da serina racemase. Em

conjunto, os resultados sugerem que a serina racemase é uma molécula alvo para PKC,

regulando ambas atividades, racemase e eliminase. Esta interação pode ser relevante para a

modulação da atividade de receptores NMDA e comunicação neuro-glial.

x

Page 12: FOSFORILAÇÃO DA ENZIMA SERINA RACEMASE POR …livros01.livrosgratis.com.br/cp090442.pdf · Prof. João Ricardo Lacerda de Menezes (PCM - UFRJ) _____ Prof. Ricardo Augusto de Melo

ABSTRACT

Serine racemase is a brain enzyme that catalyzes the conversion of L-serine to

pyruvate and D-serine, an endogenous co-agonist of NMDA receptors. Sequencing of the

serine racemase showed consensus sites for protein kinase C (PKC) phosphorylation, a

serine-threonine kinase that participates in different brain functions, including learning,

memoy and synaptic plasticity process. The present study analyzed the effect of PKC in

regulating serine racemase activity in vitro e in vivo. Utilizing serine racemase and PKC

purified we observed decrease in the formation of pyruvate and D-serine by racemase, and

an increase in the phosphorylation of the serine racemase in vitro. This effect was

confirmed utilizing immunoprecipitated PKC of rat astrocytes. The treatment of astrocyte

and neuronal cultures with PMA, a PKC activator, increased the degree of phosphorylation

of the serine racemase and reduced the D-serine concentration, whereas that incubation

with BIM, a PKC inhibitor, induced opposite effects. To evaluate if these enzymes interact

in vitro and in vivo, was realized coimmunoprecipitation from the astrocytes, neurons and

rat brain. In all cases, we observed that serine racemase and PKC coimmunoprecitates with

PICK1, wich interacts with kinase C and directs the functios of PKC in the cell. Analysis

by immunocytochemistry shown colocalization of the serine racemase, PKC and PICK1 in

astrocytes and neurons. Throught of PMA and BIM injections directly in the frontal cortex

from rats, we showed, in vivo, that PKC regulates the availability of D-serine, and controls

the phosphorylation state of serine racemase. Together, the results suggest that serine

racemase is a target molecule for PKC, controlling both, racemase and eliminase activities.

This interaction can be relevant for the modulation of NMDA receptors activity and neuro-

glial communication.

xi

Page 13: FOSFORILAÇÃO DA ENZIMA SERINA RACEMASE POR …livros01.livrosgratis.com.br/cp090442.pdf · Prof. João Ricardo Lacerda de Menezes (PCM - UFRJ) _____ Prof. Ricardo Augusto de Melo

Sumário

Lista de Abreviaturas viiiLista de Figuras ix Resumo x Abstract xi 1. Introdução 01

1.1- Sinapse tripartida 01 1.2- D-serina 03 1.2.1- D-serina e receptores NMDA 04 1.2.2- D-serina glial 09 1.2.3- D-serina neuronal 10 1.2.4- D-serina e desenvolvimento 11 1.2.5- Transporte de D-serina 13 1.3- Serina racemase 14 1.3.1- Função 14 1.3.2- Distribuição 17 1.3.3- Regulação da atividade 17 1.4- Proteína Cinase C (PKC) 19

1.5- Proteína que Interage com Cinase C 1 (PICK1) 21 2. Objetivo 24 3. Material e Métodos 25

3.1.- Purificação da SR recombinante 25 3.2.- Atividade bifuncional da serina racemase in vitro 26 3.3.- Cultura de astrócitos corticais 27 3.4.- Cultura primária de neurônios corticais 28 3.5.- Síntese de D-serina em cultura de células 28 3.6.- Autoradiografia 29 3.7.- Imunoprecipitação e imunodetecção 29 3.8.- Imunocitoquímica 31 3.9.- Coimunoprecipitação 31 3.10.- Injeção aguda de PMA e BIM no córtex frontal de ratos 32 3.11.- Estatística 34 3.12.- Processamento de imagens 34

4. Resultados 35 4.1.- PKC purificada diminui a atividade da serina racemase in vitro 35 4.2- PKC imunoprecipitada de astrócitos diminui a atividade da serina racemase in vitro 38 4.3.- Serina racemase, PKC e PICK1 interagem em astrócitos 40 4.4.- Fosforilação por PKC regula a atividade da serina racemase astrocítica 43 4.5.- Interação da serina racemase, PKC e PICK1 em neurônios 46 4.6.- PKC modula a atividade da serina racemase neuronal via fosforilação 49 4.7.- Interação da serina racemase, PKC e PICK1 in vivo 52 4.8.- PKC regula a disponibilidade de D-serina in vivo 54

5. Discussão 57 6. Conclusão 66 7. Referências Bibliográficas 67

xii

Page 14: FOSFORILAÇÃO DA ENZIMA SERINA RACEMASE POR …livros01.livrosgratis.com.br/cp090442.pdf · Prof. João Ricardo Lacerda de Menezes (PCM - UFRJ) _____ Prof. Ricardo Augusto de Melo

1 - Introdução

1.1 - Sinapse tripartida

A transmissão de informações químicas entre as células do sistema nervoso nas

sinapses é uma etapa crucial para a neurofisiologia, além de ser o alvo de grande parte das

drogas disponíveis para o tratamento das patologias neuropsiquiátricas. O estudo da

transmissão sináptica enfoca primariamente os neurotransmissores, moléculas sintetizadas e

liberadas por neurônios que medeiam a neurotransmissão na fenda sináptica (Snyder e

Ferris, 2000; Boehning e Snyder, 2003). Entretanto, mais recentemente o estudo de

moléculas moduladoras da comunicação neuronal liberadas pelas células da glia tem

ampliado a compreensão sobre o funcionamento do sistema nervoso, tanto em condições

fisiológicas quanto patológicas. A partir destas descobertas, o conceito clássico de sinapse

que inclui um neurônio pré-sináptico e um neurônio pós-sináptico tem sofrido alterações

com a inclusão de um terceiro elemento: a célula glial (Halassa e cols, 2007).

No sitema nervoso central, a glia está dividida em microglia e macroglia. A microglia

é constituída basicamente por células com elevado poder fagocítico, enquanto a macroglia é

representada, dentre outras células, pelos oligodendrócitos, essenciais para a mielinização

dos axônios, e astrócitos. As células gliais foram originalmente descritas como células não

neuronais que constituem um suporte aderente para os neurônios (Virchow, 1846). No

entanto, desde o fim da década de 80 que o desenvolvimento e a aplicação de novas

técnicas como eletrofisiologia, biologia molecular e microscopia confocal têm mudado a

idéia clássica de que as células gliais, como os astrócitos, fornecem simplesmente suportes

estrutural e metabólico para os neurônios (Perea e Araque, 2002). Em virtude deste avanço,

vários trabalhos têm envolvido os astrócitos em funções cruciais no desenvolvimento e na

1

Page 15: FOSFORILAÇÃO DA ENZIMA SERINA RACEMASE POR …livros01.livrosgratis.com.br/cp090442.pdf · Prof. João Ricardo Lacerda de Menezes (PCM - UFRJ) _____ Prof. Ricardo Augusto de Melo

fisiologia do sistema nervoso central. Os astrócitos desempenham importante papel em

aspectos chave da função neuronal como o suporte trófico (Tsacopoulos e Magistretti,

1996), sobrevivência neuronal (Raff e cols, 1993), diferenciação neuronal (Takeshima e

cols, 1994), migração neuronal (Rakic, 1990), crescimento neurítico (LeRoux e Reh, 1994)

e eficácia sináptica (Stevens e cols, 2007). Os astrócitos contribuem ainda para a

homeostase cerebral por regular a concentração local de íons e de substâncias neuroativas

(Largo e cols, 1996; Bergles e Jahr, 1997).

Vem sendo descrito que os astrócitos participem da formação, manutenção e

reconstituição das sinapses (Allen e Barres, 2005). Dentre os fatores derivados de astrócitos

que estão envolvidos com a sinaptogênese têm-se o colesterol (lipídeo de membrana), as

trombospondinas (proteínas secretadas da matrix extracelular de astrócitos) e o hormônio

estrogênio (Barres e Smith, 2001; Christopherson e cols, 2005; Hu e cols, 2007). E ainda,

recentemente foi demonstrado que o astrócito pode estimular o neurônio a expressar C1q,

uma proteína constituinte do início da cascata do complemento (sistema imune inato), a

qual interfere na função sináptica (Stevens e cols, 2007).

Em roedores, estima-se que os processos de um astrócito façam contato com mais de

100 mil sinapses (Bushong e cols, 2002). Os astrócitos parecem ser importantes na

regulação da transmissão sináptica, onde podem detectar a atividade neuronal e liberar

transmissores químicos que ajudam a controlar a atividade sináptica (Fellin e cols, 2006).

Recentes achados revelam que uma comunicação bidirecional ocorre entre os astrócitos e

os elementos neuronais da sinapse. A liberação de um neurotransmissor a partir do terminal

pré-sináptico que estimula o neurônio pós-sináptico, pode também ativar os astrócitos, que

por sua vez, podem liberar transmissores químicos que estimulam diretamente o neurônio

2

Page 16: FOSFORILAÇÃO DA ENZIMA SERINA RACEMASE POR …livros01.livrosgratis.com.br/cp090442.pdf · Prof. João Ricardo Lacerda de Menezes (PCM - UFRJ) _____ Prof. Ricardo Augusto de Melo

pós-sináptico. Portanto, podemos considerar a sinapse como tripartida (Araque e cols,

1999).

Com sua localização envolvendo as sinapses, os astrócitos têm sido descritos como

participantes da comunicação interneuronal através, principalmente, da liberação de

moduladores, que podem ser chamados gliomoduladores. Os astrócitos podem responder

aos transmissores químicos e à atividade sináptica através da mobilização de Ca2+

intracelular. Esta sinalização de Ca2+ pode induzir a liberação de gliomoduladores. Esta

gliotransmissão pode agir paracrinamente nos próprios astrócitos, através de sinalização por

ondas de Ca2+ inter-astrocítica, ou atuar na sinalização dos neurônios para regular a

excitabilidade neuronal e a transmissão sináptica (Guthrie e cols, 1999; Fellin e cols, 2004).

Os astrócitos podem liberar vários gliomoduladores incluindo o glutamato (Parpura e

cols, 1994), o ATP (Coco e cols, 2003), o ácido homocistéico (Benz e cols, 2004), o fator

natriurético (Krzan e cols, 2003), o TNF-α (Fator de Necrose Tumoral alfa) (Stellwagen e

Malenka, 2006), a taurina (Mongin e Kimelberg, 2005) e a D-serina (Mothet e cols, 2000).

A D-serina, um D-aminoácido neutro, apresenta-se primeiramente em astrócitos, por ser um

agonista endógeno dos receptores de glutamato do subtipo NMDA (N-Metil-D-Aspartato),

tem recebido grande destaque como um protótipo de gliomodulador (Mothet e cols, 2000).

1.2 - D-serina

Durante muito tempo, os D-aminoácidos estiveram esquecidos por não apresentar

uma conformação considerada biologicamente ativa, embora a existência destas moléculas

tenha se confirmado em bactérias e alguns invertebrados (Corrigan, 1969). Na maioria das

bactérias, os D-aminoácidos são componentes dos peptideoglicanos da parede celular,

conferindo a elas maior resistência contra antibióticos (Roper e cols, 2000). Em mamíferos,

3

Page 17: FOSFORILAÇÃO DA ENZIMA SERINA RACEMASE POR …livros01.livrosgratis.com.br/cp090442.pdf · Prof. João Ricardo Lacerda de Menezes (PCM - UFRJ) _____ Prof. Ricardo Augusto de Melo

o D-aspartato foi o primeiro D-aminoácido identificado na forma livre no cérebro e em

outros tecidos, sendo sugerido um papel regulatório deste aminoácido no processo de

desenvolvimento (Dunlop e cols, 1986). O segundo D-aminoácido descoberto em níveis

consideráveis em mamíferos é a D-serina, sendo que sua concentração chega a

corresponder um terço da serina total livre (Hashimoto e cols, 1992a).

A serina é um dos únicos aminoácidos que tem ambas configurações (L- e D-) em

quantidades significantes em mamíferos. Estes enantiômeros apresentam propriedades

biológicas distintas e esta estereoespecificidade pode ter um aspecto fundamental na

biologia, funcionando como um elemento de seletividade (Snyder e Kim, 2000). A forma

L-serina pode ser obtida da dieta, do 3-fosfoglicerato, da conversão da glicina pela serina

hidroxi-metil-transferase e da degradação de proteínas e fosfolipídeos (De Koning e cols,

2003). Já a D-serina, atuante no sistema nervoso central como co-agonista de receptores

ionotrópicos de glutamato do subtipo NMDA, provém da racemização direta de L-serina

em D-serina pela enzima serina racemase (Wolosker e cols, 1999b) (Figura 1). A outra

enzima que participa do metabolismo da D-serina é a D-aminoácido oxidase (DAO), a qual

degrada especificamente D-aminoácidos neutros (Krebs, 1935).

1.2.1 - D-serina e receptores NMDA

A D-serina atua como ligante exclusivo de receptores NMDA. Os receptores NMDA

são expressos largamente no sistema nervoso central, onde desempenham funções cruciais

na transmissão sináptica excitatória. Estes receptores são complexos transmembrana

heteroméricos (normalmente tetrâmeros com duas subunidades de cada tipo) que podem ser

constituídos por três subunidades: NR1 (constitutiva; com oito variantes alternativas de um

só gene), NR2 (A, B, C e D; codificadas por seis genes separados) e NR3 (A e B; expressas

4

Page 18: FOSFORILAÇÃO DA ENZIMA SERINA RACEMASE POR …livros01.livrosgratis.com.br/cp090442.pdf · Prof. João Ricardo Lacerda de Menezes (PCM - UFRJ) _____ Prof. Ricardo Augusto de Melo

L-serina D-serina

SSeerriinnaa RRaacceemmaassee

Figura 1: Racemização de L-serina em D-serina pela serina racemase.

5

Page 19: FOSFORILAÇÃO DA ENZIMA SERINA RACEMASE POR …livros01.livrosgratis.com.br/cp090442.pdf · Prof. João Ricardo Lacerda de Menezes (PCM - UFRJ) _____ Prof. Ricardo Augusto de Melo

por seis genes independentes). O receptor NMDA necessita da ligação simultânea do

r fisiologicamente os

ria atuar

glutamato (sítio na subunidade NR2) e de um co-agonista (sítio nas subunidades NR1 e

NR3) para sua ativação e subseqüente abertura do canal, permitindo o influxo de cátions,

principalmente cálcio (Dingledine e cols, 1999; Yao e Mayer, 2006).

A glicina foi primeiro descrita como o co-agonista capaz de ativa

receptores NMDA. A ligação da glicina nestes receptores é feita de maneira insensível à

estricnina, um alcalóide que inibe a sinalização nervosa por bloquear o influxo de ânions

cloreto, sendo então a região de ligação denominada “sítio de glicina insensível à

estricnina” (Johnson e Ascher, 1987). Em seguida observou-se que não só a glicina, mas

também a D-serina, é capaz de ativar o referido sítio (Kleckner e Dingledine, 1988).

Comparando seus efeitos, a D-serina mostra três vezes mais potência do que a glicina para

ativar o sítio co-agonista de receptores NMDA do córtex frontal (Matsui e cols, 1995). E

ainda, a D-serina é funcionalmente cem vezes mais efetiva do que a glicina em

potencializar correntes espontâneas mediadas por receptor NMDA em motoneurônios

hipoglossais (Berger e cols, 1998). Vários estudos mostraram que a D-serina e a glicina

apresentam ação semelhante. Por exemplo, concentrações similares de D-serina e glicina

foram capazes de potencializar respostas mediadas por agonistas do receptor NMDA e

aumentar respostas sinápticas mediadas por este receptor (Watanabe e cols, 1992).

Ainda na década de 90 surgiram evidências iniciais de que a D-serina deve

como ligante endógeno de receptores de NMDA. A concentração extracelular de D-serina

mensurada por microdiálise in vivo é similar ou maior que a de glicina em algumas regiões

do cérebro (Hashimoto e cols, 1995). Em mamíferos, enquanto a glicina apresenta

localização proeminente em áreas posteriores do sistema nervoso como o tronco encefálico

e a medula espinhal (Schell e cols, 1997), a D-serina ocorre predominantemente em regiões

6

Page 20: FOSFORILAÇÃO DA ENZIMA SERINA RACEMASE POR …livros01.livrosgratis.com.br/cp090442.pdf · Prof. João Ricardo Lacerda de Menezes (PCM - UFRJ) _____ Prof. Ricardo Augusto de Melo

anteriores do cérebro como o córtex, hipocampo e corpo estriado, em distribuição muito

similar a dos receptores de NMDA (Hashimoto e cols, 1993; Schell e cols, 1997) (Figura

2). A distribuição da D-serina é muito próxima a dos receptores NMDA também quando

vista por microscopia eletrônica na região CA1 do hipocampo (Schell e cols, 1997).

Nos útlimos anos, diversas evidências mostraram que a D-serina endógena é

necessária para a ativação dos receptores de NMDA em diversas regiões do sistema

nervoso. Em culturas de neurônios hipocampais a degradação enzimática específica de D-

serina com a D-aminoácido oxidase reduziu as correntes, espontânea e estimulada por

agonistas, mediadas pelo receptor NMDA (Mothet e cols, 2000). Da mesma forma, a

indução da potenciação de longa duração (LTP), um tipo de plasticidade sináptica

relacionada à formação de memória, promovida pelo receptor NMDA, foi diminuída após a

degradação da D-serina pela D-aminoácido oxidase (Yang e cols, 2003). Também foi

observado que a D-serina endógena, e não a glicina, medeia a morte neuronal causada pela

ativação exacerbada do receptor NMDA em fatias organotípicas de hipocampo (Shleper e

cols, 2005). De maneira análoga, um estudo realizado no núcleo supraóptico do hipotálamo

demonstrou que a degradação de D-serina pela D-aminoácido oxidase inibe a resposta

mediada pelo receptor NMDA, enquanto a remoção específica da glicina endógena não

afeta a transmissão destes receptores (Panatier e cols, 2006). Ainda neste trabalho, em ratas

lactantes com reduzida camada astrocítica envolvendo as sinapses, foi observada uma

menor quantidade de D-serina para coativar os receptores NMDA, que se reflete em uma

redução na capacidade do estímulo neuronal em induzir plasticidade sináptica, quando

comparado com as ratas virgens. Nas grávidas, a plasticidade pode ser recuperada com a

administração de D-serina exógena. Logo, o grau de coativação do receptor NMDA por

7

Page 21: FOSFORILAÇÃO DA ENZIMA SERINA RACEMASE POR …livros01.livrosgratis.com.br/cp090442.pdf · Prof. João Ricardo Lacerda de Menezes (PCM - UFRJ) _____ Prof. Ricardo Augusto de Melo

D-serina

Glicina

Ht Ht

HtHt

MB SB HpHp

MEME

CPE CPE

CNV CNV

Figura 2: Imunohistoquímica mostrando a distribuição de D-serina, NR2A/B e glicina em

diferentes regiões do cérebro: amígdala (Am), claustrum (Cl), córtex (Cx), camada

plexiforme externa (CPE), habênula (Hb), hipocampo (Hp), hipotálamo (Ht), ponte medular

(PM), substância nigra (Sn), medula espinhal (ME), substância branca (SB), camada do

nervo vomeronasal (CNV) (adaptado de Schell e cols, 1997).

8

Page 22: FOSFORILAÇÃO DA ENZIMA SERINA RACEMASE POR …livros01.livrosgratis.com.br/cp090442.pdf · Prof. João Ricardo Lacerda de Menezes (PCM - UFRJ) _____ Prof. Ricardo Augusto de Melo

D-serina fornecida pelos astrócitos parece contribuir para a metaplasticidade sináptica

.2.2 - D-serina glial

a primeiramente em astrócitos. O fato dos astrócitos envolverem a

(Panatier e cols, 2006).

1

A D-serina foi descrit

sinapse e a distribuição de D-serina ocorrer em paralela ontogenia com a do receptor

NMDA, sugerem que a D-serina pode ser liberada da glia para ativar receptores NMDA

neuronais. Esta informação propõe um modelo unidirecional, onde a D-serina tende a

seguir um fluxo dos astrócitos para os neurônios. A novidade deste modelo é incumbir a

glia da importante tarefa de regular a atividade neuronal através da liberação de um

transmissor químico, a D-serina (Schell e cols, 1995; Schell e cols, 1997; Wolosker e cols,

1999b). Esta D-serina produzida e liberada pelos astrócitos tem sido importante na ativação

de receptores NMDA presentes em diferentes regiões do cérebro. Através de marcações por

imunohistoquímica, foi observado que tanto a D-serina quanto os receptores NMDA

(NR2A/B) estão concentrados na substância cinzenta do telencéfalo. No córtex cerebral, a

marcação para D-serina está presente em todas as camadas corticais, sendo que mostra

considerável intensidade nos processos astrocíticos presentes ao redor dos vasos

sanguíneos. Esta presença da D-serina no córtex mostra compatibilidade com NR2A/B

principalmente nos lóbulos frontal e parietal. Esta similar localização de D-serina e

NR2A/B também se faz presente na região da amígdala, estando a D-serina nos astrócitos e

o NR2A/B em neurônios piramidais. Já no bulbo olfatório, a marcação para D-serina

apresenta padrão menos intenso, porém mantendo paralela ontogenia com o NR2A/B. E

ainda, por imunohistoquímica e microscopia eletrônica, observaram novamente uma

localização compatível entre a D-serina e o NR2A/B na região CA1 do hipocampo, sendo

9

Page 23: FOSFORILAÇÃO DA ENZIMA SERINA RACEMASE POR …livros01.livrosgratis.com.br/cp090442.pdf · Prof. João Ricardo Lacerda de Menezes (PCM - UFRJ) _____ Prof. Ricardo Augusto de Melo

que a D-serina está distribuída pelo corpo celular e processos dos astrócitos e o NR2A/B

ocorre ao redor da base dos dendritos de neurônios piramidais (Schell e cols, 1997).

Através de microscopia eletrônica, foi observado em astrócitos que a D-serina também está

localizada dentro de compartimentos tipo vesículas (Mothet e cols, 2005; Williams e cols,

2006). As células gliais de Müller da retina, assim como a glia de Bergmann, tipo glial

específico do cerebelo, produzem D-serina (Kim e cols, 2005; Stevens e cols, 2003). Nas

células da glia radial, tipo celular progenitor do sistema nervoso central, foi mostrado que a

D-serina está distribuída uniformemente pelo citoplasma, e ainda, observa-se que microglia

também contém D-serina (Williams e cols, 2006). Estudos com células de Schwann

incluem a D-serina como uma molécula importante na transmissão glutamatérgica no

sistema nervoso periférico (Wu e cols, 2004b; Wu e cols, 2005).

1.2.3 - D-serina neuronal

s imunocitoquímicos preliminares mostraram a presença de D-

de camundongos (Dun e cols, 2007).

Por outro lado, estudo

serina em algumas células neuronais, como neurônios piramidais situados no córtex

cerebral (Yasuda e cols, 2001). Recentemente, um estudo em cultura de neurônios mostrou

que a remoção específica da D-serina com uma deaminase causa uma diminuição

significante da morte celular promovida por NMDA, sugerindo que o neurônio também

seja uma importante fonte de D-serina, a qual pode estar envolvida na regulação autócrina

e/ou parácrina do receptor NMDA. No mesmo, é verificado por imunomarcação a presença

de serina racemase em culturas de neurônios e no córtex cerebral (Kartvelishvily e cols,

2006). A D-serina foi descrita também em neurônios do núcleo vestibular de ratos adultos

(Puyal e cols, 2006) e em neurônios da retina (em diferentes estágios de desenvolvimento)

10

Page 24: FOSFORILAÇÃO DA ENZIMA SERINA RACEMASE POR …livros01.livrosgratis.com.br/cp090442.pdf · Prof. João Ricardo Lacerda de Menezes (PCM - UFRJ) _____ Prof. Ricardo Augusto de Melo

A questão referente à importância da fisiologia da D-serina glial e da neuronal está

em aberto (Figura 3). Postulou-se que a D-serina neuronal e a glial possam apresentar

A relação entre a disponibilidade de D-serina e o desenvolvimento também tem sido

valiar o papel da D-serina no desenvolvimento do

glial nas três semanas após o nascimento,

papéis distintos em funções mediadas pelo receptor NMDA em diferentes áreas do cérebro

(Wolosker, 2006). Como visto no núcleo supraóptico do hipotálamo, o fornecimento de D-

serina pela camada astrocítica parece ser essencial para a atividade sináptica mediada por

receptor NMDA e a LTP (Panatier e cols, 2006). Por outro lado, foi observado no núcleo

vestibular de mamíferos que ambas D-serina glial e neuronal podem coexistir em

determinados momentos da vida, assim como terem função preponderante em uma

determinada etapa do desenvolvimento (Puyal e cols, 2006).

1.2.4 - D-serina e desenvolvimento

discutida. Usando o cerebelo para a

sistema nervoso central, foi mostrado que este aminoácido liberado pela glia de Bergmann

ativa o receptor NMDA da célula granular, favorecendo a migração desta célula da camada

granular externa para a camada granular interna, sendo este processo essencial no

desenvolvimento cerebelar (Kim e cols, 2005).

Em ratos, a análise em diferentes estágios de desenvolvimento pós-natal do núcleo

vestibular mostrou níveis elevados de D-serina

relacionados à alta expressão de serina racemase e baixa de D-aminoácido oxidase. Já no

núcleo vestibular maduro, devido ao aumento na expressão da D-aminoácido oxidase, a D-

serina está diminuída e localizada principalmente nos neurônios (corpos e dendritos),

sugerindo que este D-aminoássa ter papéis funcionais distintos dependendo do estágio de

desenvolvimento (Puyal e cols, 2006).

11

Page 25: FOSFORILAÇÃO DA ENZIMA SERINA RACEMASE POR …livros01.livrosgratis.com.br/cp090442.pdf · Prof. João Ricardo Lacerda de Menezes (PCM - UFRJ) _____ Prof. Ricardo Augusto de Melo

Figura 3: Modelo bidirecional da sinalização de D-serina no cérebro. Este esquema propõe

aações parácrina e autócrina da D-serina astrocitária e D-serina neuronal, respectivamente.

Tanto os astrócitos quanto os neurônios expressam serina racemase (SR) e podem converter

D-serina no cérebro. Este esquema propõe

ções parácrina e autócrina da D-serina astrocitária e D-serina neuronal, respectivamente.

Tanto os astrócitos quanto os neurônios expressam serina racemase (SR) e podem converter

L-serina (L-ser) em D-serina (D-ser). Nos astrócitos, a estimulação de receptores

AMPA/cainato promove a liberação de D-serina, a qual pode atuar como coagonista de

receptores NMDA pós-sinápticos. Nos neurônios, a ativação de receptores ionotrópicos de

glutamato e a despolarização da membrana por KCl induzem a liberação de D-serina. Não é

sabido se a D-serina neuronal atua no receptor NMDA sináptico, extrasináptico ou em

ambos. Enquanto nos astrócitos a captação de D-serina pode ser feita por receptores tipo

Asc, nos neurônios os receptores Asc-1 apresentam esta função (adaptado de Wolosker,

2006).

L-serina (L-ser) em D-serina (D-ser). Nos astrócitos, a estimulação de receptores

AMPA/cainato promove a liberação de D-serina, a qual pode atuar como coagonista de

receptores NMDA pós-sinápticos. Nos neurônios, a ativação de receptores ionotrópicos de

glutamato e a despolarização da membrana por KCl induzem a liberação de D-serina. Não é

sabido se a D-serina neuronal atua no receptor NMDA sináptico, extrasináptico ou em

ambos. Enquanto nos astrócitos a captação de D-serina pode ser feita por receptores tipo

Asc, nos neurônios os receptores Asc-1 apresentam esta função (adaptado de Wolosker,

2006).

Astrócito

Transportadortipo Asc

D-Ser

D-Ser

D-Ser

Receptor NMDA

Receptor AMPA/Cainato

Neurônio pré-sináptico

Neurônio pós-sináptico

12

Page 26: FOSFORILAÇÃO DA ENZIMA SERINA RACEMASE POR …livros01.livrosgratis.com.br/cp090442.pdf · Prof. João Ricardo Lacerda de Menezes (PCM - UFRJ) _____ Prof. Ricardo Augusto de Melo

Estudos independentes utilizando fluido cérebro-espinhal de humanos saudáveis

mbém foi demonstrado que no envelhecimento o conteúdo de D-serina diminui

.2.5 - Transporte de D-serina

is pelo transporte de D-serina permanecem parcialmente

(recém nascidos e crianças) e células ganglionares da retina (diferentes estágios de retinas

intactas) de camundongos fortaleceram a idéia de que a concentração de D-serina tende a

diminuir no decorrer do desenvolvimento de vertebrados. No caso dos humanos, os altos

níveis de D-serina presentes no fluido cérebro-espinhal logo após o nascimento estão bem

reduzidos na infância (Fuchs e cols, 2006). De maneira semelhante, nas células

ganglionares da retina foi mostrado, através de técnicas como hibridização in situ e

imunohistoquímica, que os altos níveis de serina racemase e D-serina encontrados em

retinas neonatas estão consideravelmente diminuídos em retinas maduras (Dun e cols,

2007).

Ta

significativamente no hipocampo (Mothet e cols, 2006; Junjaud e cols, 2006). A atividade

sináptica mediada por receptor NMDA e a LTP, antes prejudicada em ratos idosos, pode ser

recuperada administrando D-serina exógena, evidenciando a importância deste modulador

na alteração dos mecanismos sinápticos de aprendizado e memória que ocorrem com o

envelhecimento (Mothet e cols, 2006).

1

Os mecanismos responsáve

definidos. O transporte glial de D-serina pode ser mediado por transportadores de

aminoácidos neutros do tipo alanina-serina-cisteína (ASCT) dependentes de Na+. Estes

transportadores ASCT funcionam como trocadores, possibilitando a captação de D-serina

como conseqüência do efluxo de outros aminoácidos neutros, principalmente a L-serina

(Ribeiro e cols, 2002). Estudos em culturas de astrócitos carregados com D-serina marcada

13

Page 27: FOSFORILAÇÃO DA ENZIMA SERINA RACEMASE POR …livros01.livrosgratis.com.br/cp090442.pdf · Prof. João Ricardo Lacerda de Menezes (PCM - UFRJ) _____ Prof. Ricardo Augusto de Melo

mostraram que o tratamento destas culturas com agonistas de receptores ionotrópicos de

glutamato do tipo não-NMDA induz a liberação de D-serina também de maneira

dependente de Na+ (Schell e cols, 1995; Ribeiro e cols, 2002). Por outro lado, mesmo

concentrações fisiológicas de L-serina são capazes de promover intensa liberação de D-

serina (Ribeiro e cols, 2002). Embora na glia a D-serina majoritária seja encontrada livre no

citoplasma, há indícios de que a liberação deste aminoácido ocorra via vesículas

dependentes de cálcio (Mothet e cols, 2005).

Já em neurônios, foi mostrado que a liberação de D-serina ocorre pela despolarização

.3- Serina Racemase

.3.1- Função

ras evidências da existência de uma racemização de serina no cérebro de

mamíferos vieram com a observação de que a administração sistêmica de L-serina resulta

através de KCl e por estimulação dos receptores ionotrópicos de glutamato (NMDA,

AMPA e Cainato) de maneira dependente de Na+ e Ca2+ (Kartvelishvily e cols, 2006). Este

transporte neuronal de D-serina pode estar associado a um transportador independente de

íons sódio, o ASC-1 (transportador de Alanina-Serina-Cisteína tipo 1). Este transportador

tem alta afinidade para D-serina e foi localizado nos terminais pré-sinápticos, nos dendritos

e corpos neuronais, indicando que os neurônios contribuam para o transporte e controle da

concentração extracelular deste aminoácido (Helboe e cols, 2003; Matsuo e cols, 2004).

Fortalecendo esta idéia, um trabalho recente mostrou que camundongos que não expressam

o transportador ASC-1 apresentam reduzida capacidade de captar [3H]D-serina em regiões

anteriores do cérebro e sinaptossomas do cerebelo (Rutter e cols, 2007).

1

1

As primei

14

Page 28: FOSFORILAÇÃO DA ENZIMA SERINA RACEMASE POR …livros01.livrosgratis.com.br/cp090442.pdf · Prof. João Ricardo Lacerda de Menezes (PCM - UFRJ) _____ Prof. Ricardo Augusto de Melo

em um aumento no conteúdo de D-serina no cérebro, e que [3H] L-serina pode ser

convertida em [3H]D-serina (Dunlop e Neidle, 1997; Takahashi e cols, 1997). Estes

indícios da ocorrência de racemização direta de L- em D-serina no cérebro se confirmaram

com a descoberta da enzima serina racemase (Wolosker e cols, 1999a).

Em mamíferos, esta enzima apresenta na extremidade N-terminal um conservado sítio

de consenso para ligação do cofator piridoxal-5`-fosfato (Wolosker e cols, 1999b, De

a D-serina sendo um produto da reação

Miranda e cols, 2000). A serina racemase, que é encontrada no citoplasma, apresenta peso

molecular aproximado de 37 kDa e é capaz de converter diretamente L-serina em D-serina.

Esta enzima também pode transformar D-serina em L-serina, mas com baixa afinidade

(Wolosker e cols, 1999a,b). Também foi descrito que a serina racemase atua de maneira

bifuncional, ou seja, além da função racemase, pode funcionar como uma eliminase

produzindo piruvato a partir da L-serina (Figura 4). Utilizando uma ferramenta sintética, a

L-serina O-sulfato, foi mostrado que este composto não endógeno funciona melhor como

substrato para a serina racemase do que a L-serina. Partindo deste substrato, a enzima

catalisa intensamente a reação de eliminação, mostrando ser 500 vezes mais rápida que a

racemização fisiológica (Panizzutti e cols, 2001).

Atuando como eliminase, a serina racemase promove eliminação de água do substrato

L-serina para produzir piruvato e amônia. Mesmo

de racemização feita pela serina racemase, este aminoácido pode ainda sofrer eliminação

através da mesma enzima, gerando piruvato e amônia. A aparente contradição referente à

eliminação do D-aminoácido pode ser explicada pelo fato da D-serina produzida pelas

células se acumular no meio extracelular, como mostrado em culturas de células HEK 293

superexpressando serina racemase, de astrócitos primários e de fatias de tecido córtico-

estriatal (Foltyn e cols, 2005).

15

Page 29: FOSFORILAÇÃO DA ENZIMA SERINA RACEMASE POR …livros01.livrosgratis.com.br/cp090442.pdf · Prof. João Ricardo Lacerda de Menezes (PCM - UFRJ) _____ Prof. Ricardo Augusto de Melo

Intracelular Extracelular Receptor NMDA

Transporte para fora do cérebro

L - serina D - serina D-serina

Figura 4: Diferentes funções da serina racemase (SR) no metabolismo celular da D-serina

e possíveis destinos deste aminoácido.

CaptaçãoPiruvato

SR

16

Page 30: FOSFORILAÇÃO DA ENZIMA SERINA RACEMASE POR …livros01.livrosgratis.com.br/cp090442.pdf · Prof. João Ricardo Lacerda de Menezes (PCM - UFRJ) _____ Prof. Ricardo Augusto de Melo

1.3.2- Distribuição

Inicialmente descoberta em astrócitos centrais, a serina racemase apresenta padrão de

aos da D-serina e do receptor NMDA, com elevada expressão em

ade

Além do piridoxal-5`-fosfato, outros compostos celulares podem regular, de maneira

de da serina racemase. Neste sentido, foi mostrado que

distribuição similar

regiões anteriores do cérebro como o hipocampo e corpo caloso (Wolosker e cols, 1999b).

De maneira geral, no sistema nervoso central de vertebrados, além dos astrócitos, a serina

racemase está localizada em microglia (quiescente e ativada) (Wu e cols, 2004a; Wu e cols,

2007), glia de Bergmann (Kim e cols, 2005), células gliais de Müller da retina (Stevens e

cols, 2003), células suporte do epitélio sensorial vestibular (Dememes e cols, 2006) e

neurônios (Kartvelishvily e cols, 2006; Yoshikawa e cols, 2006; Yoshikawa e cols, 2007).

A expressão da serina racemase também foi descrita no sistema nervoso periférico,

mais precisamente em culturas de nervo ciático contendo fibroblastos e células de Schwann

(Wu e cols, 2004b). Há ainda evidências sobre a presença da serina racemase em tecidos

periféricos fora do sistema nervoso. A distribuição do RNA mensageiro desta enzima

revela a existência de transcritos com pelo menos três diferentes tamanhos em tecidos como

coração, músculo esquelético, rim e fígado (De Miranda e cols, 2000; Wolosker e cols,

1999b; Xia e cols, 2004).

1.3.3- Regulação da ativid

positiva ou negativa, a ativida

cátions (Ca2+ e Mg2+) e ATP são cofatores da serina racemase, levando a um aumento na

síntese da D-serina (Cook e cols, 2002; De Miranda e cols, 2002). E ainda, a observação de

que o Mg2+ potencializa a produção de D-serina estimulada por 1 mM de ATP, uma

concentração bem abaixo da encontrada endogenamente (~ 30-40 mM), sugere que o

17

Page 31: FOSFORILAÇÃO DA ENZIMA SERINA RACEMASE POR …livros01.livrosgratis.com.br/cp090442.pdf · Prof. João Ricardo Lacerda de Menezes (PCM - UFRJ) _____ Prof. Ricardo Augusto de Melo

complexo Mg2+-ATP regule fisiologicamente a serina racemase. Interessantemente, na

presença de Mg2+-ATP a serina racemase forma, a partir de L-serina, três moléculas de

piruvato para cada molécula de D-serina (De Miranda e cols, 2002).

Um trabalho recente demonstrou que o óxido nítrico (NO) diminui fisiologicamente a

atividade catalítica da serina racemase. Este efeito na atividade parece envolver o

erina racemase. Utilizando o sistema de duplo-híbrido em levedura, foi

conteúdo de D-serina

mecanismo de S-nitrosilação, o qual interfere na ligação do cofator ATP com a serina

racemase. Observou-se ainda, que a ativação fisiológica do receptor NMDA aumenta a S-

nitrosilação da serina racemase por ativar a enzima óxido nítrico sintase neuronal (nNOS).

Com isso, o óxido nítrico formado por estimulação pós-sináptica pode se difundir para

dentro de astrócitos e neurônios da vizinhança para S-nitrosilar a serina racemase (Mustafa

e cols, 2007).

A interação entre proteínas vem sendo estudada como um fator na regulação da

atividade da s

relatado que a serina racemase se liga à proteína que interage com receptor de glutamato

(GRIP), a qual interage com receptores AMPA de forma a controlar o agrupamento dos

mesmos nas sinapses (Kim e cols, 2005). A interação envolvendo estas proteínas ocorre

entre a parte extrema da porção C-terminal da racemase e o domínio PDZ-6 da GRIP. O

mesmo estudo mostra que a ativação de receptores AMPA (que fosforilados liberam a

GRIP para interagir com a serina racemase) pode levar a um grande aumento da atividade

da serina racemase e da formação de D-serina (Kim e cols, 2005).

Foi mostrado também que uma proteína associada ao complexo de Golgi, a Golga-3,

pode interagir com a serina racemase e regular sua expressão e

(Dumin e cols, 2006). Através de ensaios in vitro e in vivo, foi evidenciado que a

ubiquitilação da serina racemase direciona a mesma para a degradação pelo sistema

18

Page 32: FOSFORILAÇÃO DA ENZIMA SERINA RACEMASE POR …livros01.livrosgratis.com.br/cp090442.pdf · Prof. João Ricardo Lacerda de Menezes (PCM - UFRJ) _____ Prof. Ricardo Augusto de Melo

proteassoma dependente de ubiquitina, sendo este mecanismo modulado pela Golga-3 de

maneira a aumentar significativamente o nível basal e a meia-vida da racemase (Dumin e

cols, 2006).

Além da GRIP, a serina racemase mostrou-se capaz de interagir com o domínio PDZ

de outra proteína, a proteína que interage com cinase C 1 (PICK1) (Fujii e cols, 2006).

A identificação do fenômeno da fosforilação de proteínas, primeiramente descrito no

ntre os principais avanços para entender a regulação de

γ); as

novas - nPKCs (δ, ε, η e θ); e as atípicas - aPKCs (λ e ζ). Estas PKCs apresentam uma

Trabalho recente demonstrou que camundongos com sete dias de vida que não expressam

PICK1 apresentam menos D-serina que os camundongos selvagens. Observou-se ainda,

uma maior produção de D-serina em culturas de células superexpressando PICK1 junto

com a serina racemase (Hikida e cols, 2008).

1.4- Proteína Cinase C (PKC)

início da década de 30, está e

processos celulares. A fosforilação de inúmeras proteínas celulares ocorre pela ação das

proteínas cinases, as quais catalisam a transferência de um grupo fosfato (geralmente do

ATP) para determinados resíduos de aminoácidos presentes na seqüência da molécula alvo.

Esta fosforilação pode ser crucial na alteração da conformação e da função das proteínas

envolvidas. No final da década de 70, pesquisadores japoneses encontraram um novo tipo

de cinase no fígado (Takai e cols, 1977a) e citoplasma cerebral (Inoue e cols, 1977) de ratos

e cerebelo bovino (Takai e cols, 1977b), sendo esta enzima dependente de Ca2+, e por isso

denominada proteína cinase C (PKC) (revisado em Van Der Zee e Douma, 1997).

Em mamíferos, são descritas até o momento 12 isoformas de PKC, das quais 10

divididem-se em três subfamílias: as clássicas ou convencionais - cPKCs (α, βI, βII e

19

Page 33: FOSFORILAÇÃO DA ENZIMA SERINA RACEMASE POR …livros01.livrosgratis.com.br/cp090442.pdf · Prof. João Ricardo Lacerda de Menezes (PCM - UFRJ) _____ Prof. Ricardo Augusto de Melo

região catalítica conservada, que em condição basal parece estar autoinibida por um

domínio pseudosubstrato, além de uma região regulatória com diferentes domínios

modulatórios peculiares a cada subfamília, o que as classificam. As PKCs μ e ν completam

os 12 membros, sendo que ainda não estão inseridas em um grupo específico pelo fato dos

mecanismos regulatórios não estarem completamente estabelecidos (Parker e Murray-Rust,

2004).

A proteína cinase C é composta por uma família de serina/treonina cinases que

apresentam ampla expressão em diferentes tecidos, envolvidas com vários eventos

biológicos como proliferação, diferenciação, sobrevivência, apoptose, angiogênese,

sitídeo (PDK-1). Esta fosforilação inicial da PKC por PDK-1 parece ser seguida de

inflamação e expressão gênica (Mackay e Twelves, 2007). No cérebro, tem sido detectado

alto nível de atividade da PKC e expressão da maioria de suas isoformas (Tanaka e

Nishizuka, 1994). Em células do sistema nervoso central, como neurônios e astrócitos, a

ativação da PKC está associada com o controle de várias funções na comunicação neural

como neurotransmissão, plasticidade sináptica, aprendizado e memória (Alkon e cols,

2005; Kleschevnikov e Routtenberg, 2001; Lan e cols, 2001). Há também dados mostrando

o envolvimento de certas isoformas de PKC com a proliferação e sobrevivência de células

nervosas (Hansel e cols, 2001; Weinreb e cols, 2005). Em contrapartida, alguns estudos

sugerem o papel de determinadas isoformas de PKC na via apoptótica neuronal, tendo este

efeito de particular relevância para doenças neurodegenerativas, onde a morte celular pode

envolver os fenômenos de excitotoxicidade e apoptose (Dempsey e cols, 2000; Maher,

2001).

Logo que sintetizada, a PKC é fosforilada na região catalítica como uma enzima

associada à membrana, fosforilação esta promovida pela cinase-1 dependente de 3-

fosfoino

20

Page 34: FOSFORILAÇÃO DA ENZIMA SERINA RACEMASE POR …livros01.livrosgratis.com.br/cp090442.pdf · Prof. João Ricardo Lacerda de Menezes (PCM - UFRJ) _____ Prof. Ricardo Augusto de Melo

sua autofosforilação e liberação da mesma para o citoplasma da célula. Esta PKC citosólica

mostra-se inativa, mas agora competente cataliticamente para responder aos ativadores

endógenos (Nishizuka, 2001; Parekh e cols, 2000).

Fisiologicamente, as PKCs são influenciadas por diferentes cofatores, sendo que: as

cPKCs são ativadas por Ca2+, fosfatidilserina (PS) e diacilglicerol (DAG); as nPKCs são

moduladas por PS e DAG; as aPKCs são reguladas por PS e fofatidilinositol-3,4,5-

inativa e

oteína periférica de membrana

ue interage com PKC (Staudinger e cols, 1995). Esta proteína encontra-se conservada em

trifosfato; e as PKCs μ e ν podem ser induzidas por DAG e fosfatidilinositol-4,5-difosfato

(Takai e cols, 1979; Battaini, 2001). Esta interação da PKC com seus cofatores permite a

ativação da enzima através da abertura de sua estrutura enovelada, indicando que ocorre

uma diminuição da afinidade do domínio pseudosubstrato pelo sítio catalítico, o qual

exerce sua atividade de fosforilação. Este mecanismo de ativação está relacionado com a

translocação de PKCs para distintas áreas intracelulares e subseqüente fosforilação de

substratos específicos da enzima (Kraft e Anderson, 1983; Amadio e cols, 2006).

O mecanismo de ativação e translocação de cada PKC de um compartimento celular

para outro está correlacionado primeiramente com a interação entre PKC e lipídeos da

membrana plasmática. No entanto, várias proteínas podem interagir com PKCs

ativa, ditando a localização da enzima em diferentes condições funcionais da célula

(Mochly-Rosen e cols, 1995; Jaken, 1996). Dentre estas proteínas envolvidas com a

interação e o direcionamento da PKC para alvos celulares pertinentes tem-se a PICK1

(Jaken e Parker, 2000; Schechtman e Mochly-Rosen, 2001).

1.5- Proteína que Interage com Cinase C 1 (PICK1)

A PICK1 foi descrita inicialmente como sendo uma pr

q

21

Page 35: FOSFORILAÇÃO DA ENZIMA SERINA RACEMASE POR …livros01.livrosgratis.com.br/cp090442.pdf · Prof. João Ricardo Lacerda de Menezes (PCM - UFRJ) _____ Prof. Ricardo Augusto de Melo

várias espécies, incluindo os humanos, onde a PICK1 contém 415 resíduos de aminoácidos.

ão difusa,

, 2004). É

A mesma, apresenta dois domínios estruturais: o domínio PDZ (P95/Dlg/ZO-1), que

participa do controle da interação entre proteínas; e o domínio BAR (Bin/Anfifisina/Rvs),

que regula principalmente o processo de endocitose. Além destes domínios, a PICK1 é

composta de mais três regiões: uma pequena região N-terminal rica em resíduos acídicos e

anterior ao domínio PDZ; uma região de ligação entre os domínios; e uma região C-

terminal caracterizada por um fragmento de resíduos acídicos (Xu e Xia, 2006).

Tem sido mostrada a expressão de PICK1 em diferentes tecidos, principalmente no

cérebro, onde esta proteína pode ser detectada com peso molecular de aproximadamente 55

kDa (Xia e cols, 1999). Na maioria das células, a PICK1 apresenta distribuiç

tendo uma certa predominância ao redor da região perinuclear (Staudinger e cols, 1995; Xia

e cols, 1999; Torres e cols, 2001). Particularmente nos neurônios, a PICK1 está localizada

preferencialmente na região das sinapses (Perez e cols, 2001; Xia e cols, 1999).

A PICK1 tem sido relacionada com as propriedades funcionais de várias proteínas

importantes do sistema nervoso. Pelo fato da PICK1 interagir com a PKC, a mesma pode

regular a fosforilação de padrões moleculares de ligação desta cinase (Dev

descrito que o domínio PDZ da PICK1 interage com regiões específicas na extremidade C-

terminal dos receptores de glutamato dos tipos AMPA, Cainato e metabotrópicos, podendo

regular a fosforilação destes receptores via PKC, de maneira a controlar o agrupamento e a

expressão dos receptores nas sinapses (Hanley e Henley, 2006; Kim e Sheng, 2004; Xia e

cols, 1999).

22

Page 36: FOSFORILAÇÃO DA ENZIMA SERINA RACEMASE POR …livros01.livrosgratis.com.br/cp090442.pdf · Prof. João Ricardo Lacerda de Menezes (PCM - UFRJ) _____ Prof. Ricardo Augusto de Melo

Pouco se sabe sobre os mecanismos moleculares capazes de regular a atividade da

rina racemase. O controle da função de receptores NMDA é fundamental para vários

rocessos fisiológicos e patológicos no sitema nervoso. Neste sentido, a modulação da

se

p

atividade destes receptores pela D-serina tem recebido grande destaque ultimamente. Além

de apresentar possíveis sítios para fosforilação por PKC, a serina racemase tem sua

atividade regulada devido a interação com PICK1, uma proteína que participa da função da

PKC em determinados compartimentos da célula. Tendo em vista a importância do

contexto a cerca destas moléculas, o desenvolvimento deste trabalho buscou investigar se a

PKC é capaz de modular a atividade da serina racemase, assim como mostrar a participação

da PICK1 no complexo molecular. Este evento biológico, uma vez estando envolvido com

o controle da disponibilidade de D-serina, pode ser relevante para a modulação da atividade

de receptores NMDA e comunicação neuro-glial.

23

Page 37: FOSFORILAÇÃO DA ENZIMA SERINA RACEMASE POR …livros01.livrosgratis.com.br/cp090442.pdf · Prof. João Ricardo Lacerda de Menezes (PCM - UFRJ) _____ Prof. Ricardo Augusto de Melo

2 - Objetivo

Este trabalho teve como objetivo geral avaliar o envolvimento da PKC sobre a

serina racemase, assim como a participação da proteína que interage com

inase C (PICK1) nesta interação.

e fosforilar a serina racemase in vitro e se esta fosforilação

funcional da racemase;

Avaliar, em culturas de astrócitos e de neurônios, se o controle sobre a fosforilação da

entre serina racemase e PKC in vitro e

e da atividade da serina racemase

atividade da

c

2.1 - Objetivos específicos

- Investigar se a PKC é capaz d

interfere sobre a atividade bi

-

serina racemase por PKC regula a produção de D-serina;

- Investigar o envolvimento de PICK1 na interação

in vivo;

- Estudar a regulação por PKC do estado de fosforilação

in vivo.

24

Page 38: FOSFORILAÇÃO DA ENZIMA SERINA RACEMASE POR …livros01.livrosgratis.com.br/cp090442.pdf · Prof. João Ricardo Lacerda de Menezes (PCM - UFRJ) _____ Prof. Ricardo Augusto de Melo

3 - Material e Métodos

.1 - Purificação da serina racemase recombinante

eta da serina racemase de camundongo foi clonada em um vetor

CMV-GST) contendo um promotor do citomegalovírus (CMV) e um gene para a

icum. Células HEK (embrionária de

tampão com excesso de glutationa reduzida (50 mM de Tris-HCl (pH 8), 10 mM de

3

A seqüência compl

(p

glutationa S-transferase (GST) de Schistosoma Japon

rim humano) 293 foram transfectadas com esta construção e puderam expressar

estavelmente serina racemase fusionada a uma cauda de GST. Estas células foram

expandidas em cultura na presença de DMEM suplementado com 10% de soro fetal bovino

e geneticina (200 µg/ml). Após atingirem alta confluência, as células foram lisadas em

meio contendo 20 mM de Tris-HCl (pH 7,4), 300 de mM cloreto de sódio (NaCl), 1% de

Triton X-100, 0,2 mM fluoreto de fenil-metil-sulfonil (PMSF), 2 mM de ácido etileno-

diamino-tetracético (EDTA) e 30 µM de piridoxal fosfato (PLP). O lisado foi centrifugado

a 26.000 x g por 10 minutos à 4 °C para remover o material insolúvel. O sobrenadante foi

incubado de um dia para o outro sob leve agitação à 4 °C com resina glutationa-agarose

(Sigma, St. Louis, EUA) para ligar na cauda GST da proteína fusionada serina racemase-

GST. Após incubação, a resina foi lavada seis vezes com tampão salina fosfato (PBS)

acrescido com 1% de Triton X-100, 300 mM de NaCl e 30 µM de PLP. Na seqüência, a

resina foi lavada quatro vezes com PBS contendo 30 µM de PLP para remoção do excesso

de sal e detergente. Normalmente, sessenta placas de cultura de 10 cm de diâmetro

confluentes com HEK 293 forneciam um rendimento entre 0,8-1 mg de serina racemase-

GST.

A proteína fusionada serina racemase-GST foi eluída da resina por incubação em

25

Page 39: FOSFORILAÇÃO DA ENZIMA SERINA RACEMASE POR …livros01.livrosgratis.com.br/cp090442.pdf · Prof. João Ricardo Lacerda de Menezes (PCM - UFRJ) _____ Prof. Ricardo Augusto de Melo

glutationa reduzida e 30 µM de PLP). O material resultante da eluíção foi dialisado por

toda noite diante de PBS com 30 µM de PLP. A porção GST foi clivada incubando a

de L-serina, 1 mM de cloreto de magnésio (MgCl2), 50 µM de

denosina-trifosfato (ATP), 200 µM de fosfatidilserina e 1 mM de cloreto de cálcio

cemase purificada recombinante

proteína fusionada serina racemase-GST com trombina biotinilada por 16 horas à 4 °C em

PBS com 30 µM de PLP. A serina racemase purificada foi obtida após a cauda GST e a

trombina biotinilada serem removidas com as resinas glutationa-agarose e estreptavidina-

agarose, respectivamente. O elevado grau de pureza desta preparação já foi descrito

(Panizzutti e cols, 2001). Em alguns experimentos, a serina racemase-GST foi usada

mostrando resultados similares aos obtidos com a serina racemase purificada como descrito

(De Miranda e cols, 2002).

3.2 - Atividade bifuncional da serina racemase in vitro

Os ensaios cinéticos foram realizados em meio contendo 30 mM de Tris-HCl (pH

7,4), 30 µM de PLP, 10 mM

a

(CaCl2). A reação foi iniciada com a adição de serina ra

(concentração final de 50 μg/ml) na presença ou ausência de PKC purificada (0,3 U/ml)

(Sigma, St. Louis, EUA). Após 1 h à 37 °C a reação foi finalizada por incubação à 100°C

por 5 minutos. Os ensaios usando as preparações de serina racemase-GST e PKC

imunoprecipitada de astrócitos foram realizados nas mesmas condições. No final de todos

os experimento, uma fração do meio de reação foi desproteinizada com 5% ácido

tricloroacético (TCA). Após extrair o TCA por três vezes com uma solução saturada de

éter, as amostras foram derivatizadas com Orto-ftaldialdeído (OPA) e N-tert-

butiloxicarbonil-L-cisteína (Boc-L-Cys) e analisadas por cromatografia líquida de alta

resolução (HPLC) (Shimadzu, Kyoto, Japão) utilizando uma coluna de fase reversa C18

26

Page 40: FOSFORILAÇÃO DA ENZIMA SERINA RACEMASE POR …livros01.livrosgratis.com.br/cp090442.pdf · Prof. João Ricardo Lacerda de Menezes (PCM - UFRJ) _____ Prof. Ricardo Augusto de Melo

(Perkin Elmer, New Orleans, USA) associada a um gradiente crescente de hidrofobicidade.

Este gradiente durava 37 minutos e se baseia no aumento gradativo das concentrações de

um tampão B (concentração elevada de acetonitrila) em relação a um tampão A (baixa

concentração de acetonitrila). A detecção dos aminoácidos derivatizados foi feita por um

detector de fluorescência com excitação em 344 nm e emissão em 443 nm. Esta técnica tem

alta sensibilidade, podendo detectar e dosar aminoácidos em quantidades picomolares,

inclusive separando os isômeros ópticos (Hashimoto e cols, 1992b). Outra parte do meio de

reação foi usada para quantificar a formação de piruvato via ensaio colorimétrico utilizando

2,4 dinitrofenil-hidrazina (DPNH) como descrito (Katsuki e cols, 1971). As proteínas serina

racemase e/ou PKC inativadas por calor serviram como branco.

3.3 - Cultura de astrócitos corticais

Todos os experimentos com animais foram aprovados pelo comitê de ética desta

instituição e foram feitos de acordo com o Instituto Nacional de Saúde dos EUA para

uidado e manipulação com animais de laboratório. As culturas primárias de astrócitos

de ratos neonatos. Os hemisférios cerebrais foram

c

foram preparadas a partir do encéfalo

dissecados e a meninge cuidadosamente removida. Durante a dissecção, as estruturas foram

mantidas em PBS com 0,6% de glicose. Em seguida, as células foram dissociadas com

pipeta Pasteur. Após decantação dos fragmentos não dissociados, o sobrenadante foi

submetido à centrifugação, em centrífuga clínica, a 2000 x g por 5 minutos. O sobrenadante

foi desprezado e o material depositado ressuspendido e plaqueado em garrafas de cultura

contendo DMEM-F12 com 10% de soro fetal bovino. As garrafas foram mantidas em

estufa à 37 °C e 5% de CO2 e o meio de cultura trocado em dias alternados. Quando as

culturas astrocitárias atingiram semi-confluência, as mesmas foram lavadas com PBS e

27

Page 41: FOSFORILAÇÃO DA ENZIMA SERINA RACEMASE POR …livros01.livrosgratis.com.br/cp090442.pdf · Prof. João Ricardo Lacerda de Menezes (PCM - UFRJ) _____ Prof. Ricardo Augusto de Melo

removidas das garrafas de cultura utilizando-se uma solução de 0,25% de tripsina/EDTA,

centrifugadas, ressuspendidas em meio sem soro e plaqueadas em meio DMEM-F12 com

10% de soro fetal bovino em densidades relativas aos diferente ensaios.

3.4 - Cultura primária de neurônios corticais

Embriões Wistar de 14 dias (E14) foram usados para as culturas. O córtex cerebral foi

dissecada e, após retirada das meninges, os neurônios foram cuidadosamente dissociados

m PBS-glicose, centrifugados e ressuspendidos em meio Neurobasal suplementado com

. Neurônios corticais dissociados foram

)), 100 nM de forbol 12-miristato 13-acetato (PMA) ou 1 μM de bis-

dolil-maleimida (BIM) sempre na presença de 10 mM de L-serina para maximizar a

eparados em DMSO e L-serina em água.

e

B27 como descrito (De Felice e cols, 2004)

plaqueados em placas de 24 poços tratadas com polilisina e incubados à 37 °C em uma

atmosfera umidificada com 5% de CO2. Todos os experimentos foram realizados após 18

dias em cultura.

3.5 - Síntese de D-serina em cultura de células

Astrócitos e neurônios foram tratados por 24 h com o veículo (0,01% de dimetil-

sulfóxido (DMSO

in

atividade de racemização. PMA e BIM foram pr

Todas as soluções utilizadas nos experimentos com as culturas eram estéreis. Após

incubação, o meio condicionado das células foi coletado e 5% de TCA foi adicionado. Para

analisar D-serina intracelular, após retirada do sobrenadante e lavagem das células por duas

vezes com PBS gelado, 5% de TCA foi colocado diretamente nas células. As amostras

foram então processadas e o conteúdo de D-serina foi monitorado por HPLC.

28

Page 42: FOSFORILAÇÃO DA ENZIMA SERINA RACEMASE POR …livros01.livrosgratis.com.br/cp090442.pdf · Prof. João Ricardo Lacerda de Menezes (PCM - UFRJ) _____ Prof. Ricardo Augusto de Melo

3.6 – Autoradiografia

As reações foram realizadas em meio contendo 30 mM de Tris-HCl (pH 7,4), 30 µM

e PLP, 10 mM de L-serina, 1 mM de MgCl2, 50 µM de ATP, 200 µM de PS, 1 mM de

aCl2 e 1 μCi de [γ-32P]ATP. A reação foi iniciada com a adição de serina racemase

final de 50 μg/ml) na presença ou ausência de PKC purificada (0,3

PBS

elado e lisadas em meio contendo 50 mM de Tris-Hcl (pH 7,4), 150 mM de NaCl, 1,5 mM

-100, 10% de glicerol, inibidores de proteases

d

C

purificada (concentração

U/ml). Após 1 h à 37 °C , o tampão de amostra (0,5 M de Tris-HCl (pH 7.4), 10% de

glicerol, 10% de sódio dodecil-sulfato (SDS), 5% de β-mercaptoetanol e 0,001% de azul de

bromofenol) foi imediatamente adicionado aos diferentes grupos, sendo as amostras

fervidas por 5 minutos. As amostras foram submetidas à eletroforese (100 Volts/2 h) em gel

desnaturante de poliacrilamida (SDS/PAGE 10%). Após separação eletroforética, as

proteínas presentes no gel foram coradas com Coomassie. A fosforilação da serina

racemase por PKC via incorporação de fosfato radioativo oriundo do [γ-32P]ATP foi

observada após a secagem do gel, tendo na seqüência a radioatividade revelada por

exposição em filmes de RX Kodak. PKC inativada por calor foi usada como branco.

3.7 - Imunoprecipitação e imunodetecção

Astrócitos e neurônios corticais foram tratados com veículo (0,01% de DMSO), 100

nM de PMA ou 1 μM de BIM. Após 24 h, as células foram lavadas duas vezes com

g

de MgCl2, 1,5 mM de EDTA, 1% de Triton X

(10 µg/ml de aprotinina, leupeptina e pepstatina), 1 mM de PMSF, 20 mM de NaF, 1mM

de orto-vanadato de sódio (Na3VO4) e 1 mM de ácido ocadáico. Após dosar proteína

29

Page 43: FOSFORILAÇÃO DA ENZIMA SERINA RACEMASE POR …livros01.livrosgratis.com.br/cp090442.pdf · Prof. João Ricardo Lacerda de Menezes (PCM - UFRJ) _____ Prof. Ricardo Augusto de Melo

(Bradford, 1976), os lisados (0,5-1 mg/ml) foram incubados durante a noite à 4 °C com

anticorpo anti-serina racemase policlonal de cabra (1:200, Santa Cruz Biotechnology). No

dia seguinte, o material foi incubado com proteína A/G-agarose (1:20, Santa Cruz

Biotechnology) por 2 h à 4 °C. Na seqüência, a resina foi lavada seis vezes com PBS

contendo 1% de Triton X-100 e 300 mM de NaCl. A resina foi subseqüentemente lavada

três vezes com PBS para remover o excesso de sal e detergente.

Os imunoprecipitados foram submetidos à eletroforese (100 Volts/2 h) em gel

SDS/PAGE (10%) e posteriormente as proteínas presentes no gel foram eletrotransferidas

(250 mA/2 h) para uma membrana de nitrocelulose (Amersham Biosciences). Após a

eletrotransferência, as membranas foram incubadas por no mínimo 1 h em solução de

bloqueio contendo 5% de leite molico e 0,1% de Tween-20 (T-PBS). Após o bloqueio das

membranas, estas foram incubadas durante a noite à 4 °C com anticorpo monoclonal anti-

fosfoserina de camundongo (1:5000, Sigma). Após incubação e posterior lavagem

extensiva com T-PBS, as membranas foram incubadas em temperatura ambiente por 1 hora

com o anticorpo anti-IgG de camundongo conjugado com peroxidase (1:10000, Amersham

Biosciences). Após nova lavagem extensiva com T-PBS, as bandas imunoreativas foram

visualizadas usando detecção por quimioluminescência (ECL Plus, Amersham

Biosciences). A mesma membrana de nitrocelulose foi incubada em solução ácida de 0,2 M

de glicina (pH 2,5) por 1h à temperatura ambiente para desfazer as ligações dos anticorpos

presentes nesta membrana. Feito isto, esta membrana foi incubada com anticorpo policlonal

anti-serina racemase de coelho (1:500, purificado por afinidade), servindo de controle para

o nível total de serina racemase. As avaliações densitométrica e quantitativa das bandas

presentes nos filmes de RX foram feitas usando o programa computacional HAWGC

(Holub e Ferreira, 2006). Em todos os experimentos, os resultados foram apresentados

30

Page 44: FOSFORILAÇÃO DA ENZIMA SERINA RACEMASE POR …livros01.livrosgratis.com.br/cp090442.pdf · Prof. João Ricardo Lacerda de Menezes (PCM - UFRJ) _____ Prof. Ricardo Augusto de Melo

como a razão entre a intensidade das bandas para anti-fosfoserina e a imunoreatividade para

serina racemase.

As mesmas etapas foram realizadas para imunoprecipitar PKC de cultura de

astrócitos, porém utilizando anticorpo monoclonal anti-PKC de camundongo (1:200,

Calbiochem).

3.8 - Imunocitoquímica

Astrócitos e neurônios plaqueados em lamínulas foram fixados com paraformaldeído

4% por 20 minutos e permeabilizados com 0,2% de Triton X-100 em PBS por 5 min à

mperatura ambiente. Posteriormente, as células foram bloqueadas com 5% de albumina

ós 30 minutos, as células foram incubadas com os seguintes

0 mM de NaCl, 1,5 mM

te

bovina sérica (BSA). Ap

anticorpos primários: anticorpo monoclonal anti-PKC de camundongo (1:300,

Calbiochem), anticorpo policlonal anti-PICK1 de cabra (1:300, Santa Cruz Biotechnology)

e anticorpo policlonal anti-serina racemase de coelho (1:300, purificado por afinidade) por

12 h à 4 °C. Então, as células foram lavadas com PBS e incubadas com os seguintes

anticorpos secundários específicos (1:1000, Molecular Probes): Alexa 488, Alexa 555 e

Alexa 647 por 1 h à temperatura ambiente. Em todas as imunomarcações, os controles

negativos foram feitos incubando as células somente com os anticorpos secundários. Não

foi observada imunoreatividade na ausência do anticorpo primário. As imagens foram

capturadas através do microscópio confocal Zeiss Meta 510 laser.

3.9 - Coimunoprecipitação

Astrócitos, neurônios ou cérebros de ratos (2-3 meses de vida) foram homogeneizados

em tampão de imunoprecipitação (50 mM de Tris-Hcl (pH 7,4), 15

31

Page 45: FOSFORILAÇÃO DA ENZIMA SERINA RACEMASE POR …livros01.livrosgratis.com.br/cp090442.pdf · Prof. João Ricardo Lacerda de Menezes (PCM - UFRJ) _____ Prof. Ricardo Augusto de Melo

de MgCl2, 1,5 mM de EDTA, 1% de Triton X-100, 10% de glicerol, inibidores de

rotinina, leupeptina e pepstatina) e 1 mM de PMSF. O

ar,

ARKER) e cloridrato de xilazina (5mg/kg, Rompum, BAYER), sendo adicionalmente

ificação da ausência de

proteases (10 µg/ml de ap

homogenato foi centrifugado a 26.000 x g por 10 minutos e o sobrenadante (1 mg/ml) foi

incubado de um dia para o outro à 4 °C com anticorpos contra serina racemase, PKC ou

PICK1. Após isto, proteína A/G-agarose foi adicionada ao material por 2 h à 4 °C.

Posteriormente, a resina foi lavada seis vezes com PBS contendo 1% de Triton X-100 e 300

mM de NaCl, e três vezes com PBS para remover o excesso de sal e detergente. Os

diferentes imunoprecipitados foram submetidos à eletroforese em gel SDS/PAGE (10%)

seguida de transferência para uma membrana de nitrocelulose (Amersham Biosciences).

Coimunoprecipitação das proteínas foi analisada por imunodetecção dos três

imunoprecipitados com os anticorpos contra serina racemase, PKC ou PICK1. Lisados

incubados com IGg irrelevante seguido de proteína A/G-agarose ou só a proteína A/G-

agarose, nas mesmas condições experimentais anteriores, serviram de controle negativo.

3.10 - Injeção aguda de PMA e BIM no córtex frontal de ratos

Ratos adultos (Wistar), com 300-400 g de peso, foram anestesiados com injeção

intramuscular de Valium (1,5 mg/kg, ROCHE), cloridrato de cetamina (100 mg/kg, Ketal

P

medicados com sulfato de atropina (0,2mg/kg, i.m.). Após ver

reflexos nociceptivos, o animal era colocado em um aparelho estereotáxico (INSIGHT),

cujas barras de ouvido eram untadas com anestésico local (pomada de xilocaina,

AstraZeneca). A temperatura corporal era mantida em 37 oC com uma superfície

termoregulável (INSIGHT) e as freqüências respiratória e cardíaca eram monitoradas

regularmente pelo experimentador, durante todo o procedimento cirúrgico, bem como o

32

Page 46: FOSFORILAÇÃO DA ENZIMA SERINA RACEMASE POR …livros01.livrosgratis.com.br/cp090442.pdf · Prof. João Ricardo Lacerda de Menezes (PCM - UFRJ) _____ Prof. Ricardo Augusto de Melo

nível dos reflexos palpebral (pingando uma gota de salina no olho do animal) e nociceptivo

(pinçando levemente a pata com uma pinça). Quando necessário, doses adicionais de

cloridrato de cetamina eram administradas por via intramuscular. Uma vez induzido um

nível profundo de anestesia, o couro cabeludo era raspado, desinfetado com aplicação de

peróxido de hidrogênio e uma incisão sagital era praticada com bisturi. Após reclinação da

pele, o periósteo era levemente raspado para expor as suturas ósseas que permitem, de

acordo com o atlas estereotáxico do rato (Zilles, 1944), a localização do córtex frontal.

Uma pequena craniotomia (1 mm de diâmetro) era praticada bilateralmente nas

coordenadas (anterior: 3 mm e lateral: 2 mm; em relação ao Bregma). As bordas das

craniotomias eram cuidadosamente limpas com uma cureta dental, e uma micro-incisão era

praticada na dura máter. Em dois hemisférios (igualmente operados), agulha de uma

microseringa Hamilton (Sigma-Aldrich) era inserida 1,5 mm abaixo da superfície cortical e

mantida por 10 minutos antes de injetar alguma solução. Feito isto, 1,5 µl de solução

contendo PMA (1 µM) ou BIM (1 µM) eram injetados em 15 minutos (fluxo: 0,1 µl/min).

A injeção do veículo (0,001% de DMSO) feita no hemisfério oposto do mesmo animal

tratado serviu como controle. Após completar a injeção, a seringa era deixada no lugar por

10 minutos adicionais, e a seguir retirada lentamente. Após 1 hora, o animal, ainda

anestesiado, era sacrificado por inalação de éter e decapitado. Imediatamente, o encéfalo

era retirado da caixa craniana com a ajuda de um saca-bocado e colocado numa matriz de

acrílico para cérebro de rato adulto. Uma fatia coronal de 4 mm de extensão ântero-

posterior, centrada nas coordenadas do sítio de injeção, era separada com uma lâmina. As

metades esquerda e direta eram separadas, as estruturas subcorticais eram rapidamente

removidas com uma espátula. O processo de retirada das amostras demorava

aproximadamente 30 segundos após a decapitação. As amostras de tecido cortical eram

33

Page 47: FOSFORILAÇÃO DA ENZIMA SERINA RACEMASE POR …livros01.livrosgratis.com.br/cp090442.pdf · Prof. João Ricardo Lacerda de Menezes (PCM - UFRJ) _____ Prof. Ricardo Augusto de Melo

colocadas em tampão para imunoprecipitação a 4 °C e o tecido era homogeneizado para

verificar os níveis de D-serina e o estado de fosforilação em resíduos de serina da serina

racemase imunoprecipitada, por procedimentos já mencionados.

3.11 - Estatística

Todos os valores nas figuras deste estudo indicaram médias ± erro padrão. A

determinação da significância estatística foi fornecida pela análise da variância (ANOVA),

guida pelo teste de comparação múltipla de Dunnet.

dobe Photoshop CS para melhor

isualização das bandas imunoreativas.

se

3.12 – Processamento de imagens

De uma maneira geral, os filmes contendo as imunodetecções de diferentes proteínas

foram trabalhados no programa computacional A

v

34

Page 48: FOSFORILAÇÃO DA ENZIMA SERINA RACEMASE POR …livros01.livrosgratis.com.br/cp090442.pdf · Prof. João Ricardo Lacerda de Menezes (PCM - UFRJ) _____ Prof. Ricardo Augusto de Melo

4. Resultados

.1 - PKC purificada diminui a atividade da serina racemase in vitro

A análise da seqüência da serina racemase indicou seis possíveis sítios de consenso

o por PKC (Figura 5), similares aos sítios de consenso presentes em outros

lvos moleculares desta cinase (Kishimoto e cols, 1985; Plewczynski e cols, 2005). Para

s cinéticos foram

4

para fosforilaçã

a

mostrar se a PKC poderia fosforilar a serina racemase in vitro, ensaio

realizados com ambas proteínas purificadas em meio de reação contendo ativadores

específicos das mesmas. Nós observamos que a PKC inibe significativamente a atividade

de racemização da serina racemase, resultando em uma menor produção de D-serina

(Figura 6A). A PKC também inibiu significativamente a atividade de eliminação da serina

racemase, resultando em uma menor formação de piruvato (Figura 6B). As reduções de D-

serina e piruvato foram associadas a um aumento na fosforilação da serina racemase por

PKC via incorporação de fosfato radioativo oriundo do [γ-32P]ATP, como mostrado por

autoradiografia (Figura 6C).

35

Page 49: FOSFORILAÇÃO DA ENZIMA SERINA RACEMASE POR …livros01.livrosgratis.com.br/cp090442.pdf · Prof. João Ricardo Lacerda de Menezes (PCM - UFRJ) _____ Prof. Ricardo Augusto de Melo

M

TK

igura 5: Seqüências da serina racemase de diferentes espécies (camundongo, humano e

rato) mostrando seis possíveis sítios para fosforilação por PKC. Destes sítios, dois são para

sforilação em resíduos de treonina (verde) e quatro, bem conservados entre as espécies,

o para fosforilação em resíduos de serina (laranja).

rina racemase - Mus musculus (camundongo)CAQYCISFADVEKAHINIQDSIHLTPVLTSSILNQIAGRNLFFKCELFQKTGSFKIRGALNAIRGLIPDTPEEKPKAVVTHS

LTYAAKLEGIPAYIVVPQTAPNCKKLAIQAYGASIVYCDPSDESREKVTQRIMQETEGILVHPNQEPAVIAGQGIALEVLNQVPLVDALVVPVGGGGMVAGIAITIKALKPSVKVYAAEPSNADDCYQSKLKGELTPNLHPPETIADG SSIGLNTWPIIRDLVDDVFTVTEDEIKYATQLVWGRMKLLIEPTAGVALAAVLSQHFQTVSPEVKNVCIVLSGGNVDLTSNWVGQAERPAPYQTVSV

rina racemase - Homo sapiens (humano)CAQYCISFADVEKAHINIRDSIHLTPVLTSSILNQLTGRNLFFKCELFQKTGSFKIRGALNAVRSLVPDALERKPKAVVTHS

SGNHGQALTYAAKLEGIPAYIVVPQTAPDCKKLAIQAYGASIVYCEPSDESRENVAKRVTEETEGIMVHPNQEPAVIAGQGTALEVLNQVPLVDALVVPVGGGGMLAGIAITVKALKPSVKVYAAEPSNADDCYQSKLKGKLMPNLYPPETIADGVSSIGLNWPIIRDLVDDIFTVTEDEIKCATQLVWERMKLLIEPTAGVGVAAVLSQHFQTVSPEVKNICIVLSGGNVDLTSSITWVKQAE

RPASYQSVSV

Serina racemase - Rattus norvegicus (rato)CAQYCISFADVEKAHLNIQDSVHLTPVLTSSILNQIAGRNLFFSFKIRGALNAIRGLIPDTLEGKPKAVVTHSS

GQALTYAAKLEGIPAYIVVPQTAPNCKKLAIQAYGASIVYSEPSDESRENVAQRIIQETEGILVHPNQEPAVIAGQGTIALEVLNQVPLVDALVVPVGGGGMVAGIAITIKTLKPSVKVYAAEPSNADDCYQSKLKGELTPNLHPPETIADGVSSIGLNTW

IRDLVDDVFTVTEDEIKYATQLVWERMKLLIEPTAGVGLAAVLSQHFQTVSPEVKNICIVLSGGNVDLTSLSWVKQAERP

Se

SGNHGQA

L

SeM

IT

MGNH

PIAP

F

fo

36

Page 50: FOSFORILAÇÃO DA ENZIMA SERINA RACEMASE POR …livros01.livrosgratis.com.br/cp090442.pdf · Prof. João Ricardo Lacerda de Menezes (PCM - UFRJ) _____ Prof. Ricardo Augusto de Melo

igura 6: PKC inibe a atividade da serina racemase por fosforilação. Atividade

ifuncional da serina racemase (SR) recombinante purificada (50 μg/ml) foi avaliada na

presença ou ausência da PKC purificada (0,3 U/ml) à 37 oC por 1 h. Os resultados foram

representados como percentual em relação ao controle (serina racemase). PKC inativada

por calor foi usada como controle negativo. Serina racemase inativada por calor foi usada

F

b

como branco. (A) Produção de D-serina foi monitorada por HPLC. (B) Formação de

piruvato foi quantificada via ensaio colorimétrico usando 2,4 DPNH. As barras nos gráficos

representam a média ± erro padrão de três experimentos independentes, cada um realizado

em duplicata com três diferentes preparações da racemase. * Diferença estatística em

relação ao controle com P < 0,01. (C) Fosforilação da serina racemase por PKC (SR +

PKC) via incorporação de fosfato radioativo oriundo do [γ-32P]ATP, como mostrado por

autoradiografia. A autofosforilação da PKC (SR + PKC, PKC) também foi observada. Em

diferentes grupos, a PKC inativada por calor foi usada tanto como controle negativo (SR +

PKC inativa) quanto como branco (PKC). Experimento representativo.

Racemização

SR SR+PKC SR+PKC inativa0

50

100D

-ser

ina

(% d

o co

ntro

le)

*

AAEliminação

50

0SR SR+PKC SR+PKC inativa

100

Piru

vato

(%

do

cont

role

)

*

BB

CC

AutoradiografiaSR+

PKC

SR+

PKC inativa

SR

PKC

SR PKC

37,1 kDa

82,2 kDa

64,2 kDa

48,8 kDa

25,9 kDa

115,5 kDa

AutoradiografiaSR+

PKC

SR+

PKC inativa

181,1 kDa

SR

PKC

SR PKC

37,1 kDa

82,2 kDa

64,2 kDa

48,8 kDa

25,9 kDa

115,5 kDa

181,1 kDa

SR

PKC

SR

PKC

SR PKC

37,1 kDa

82,2 kDa

64,2 kDa

48,8 kDa

25,9 kDa

115,5 kDa

181,1 kDa

37,1 kDa

82,2 kDa

64,2 kDa

48,8 kDa

25,9 kDa

115,5 kDa

181,1 kDa

37

Page 51: FOSFORILAÇÃO DA ENZIMA SERINA RACEMASE POR …livros01.livrosgratis.com.br/cp090442.pdf · Prof. João Ricardo Lacerda de Menezes (PCM - UFRJ) _____ Prof. Ricardo Augusto de Melo

4.2 - PKC imunoprecipitada de astrócitos diminui a atividade da serina racemase in

vitro

Para confirmar os resultados obtidos usando a PKC purificada comercial, nós

nalisamos a atividade bifuncional da serina racemase na presença de PKC

atividades, racemase e eliminase, da serina racemase (Figuras 7A e 7B). Análises

a

imunoprecipitada de cultura de astrócitos. Nós mostramos que a PKC de astrócitos reduz

ambas

por imunodetecção mostraram que a PKC inibe a serina racemase concomitantemente a um

aumento no grau de fosforilação da racemase em resíduos de serina (Figura 7C).

38

Page 52: FOSFORILAÇÃO DA ENZIMA SERINA RACEMASE POR …livros01.livrosgratis.com.br/cp090442.pdf · Prof. João Ricardo Lacerda de Menezes (PCM - UFRJ) _____ Prof. Ricardo Augusto de Melo

reparações da serina racemase fusionada a uma cauda de GST (SR-GST, concentração

nal de 50 μg/ml) na presença ou ausência PKC imunoprecipitada (PKCip) de astrócitos à

7 oC por 1 h. Os resultados foram representados como percentual em relação ao controle

(serina racemase). PKCip inativada por calor foi usada como controle negativo. Serina

cemase inativada por calor foi usada como branco. (A) Formação de D-serina foi

WB : P-ser

Figura 7. PKC proveniente de astrócitos reduz a atividade da serina racemase através

de fosforilação. Atividade da enzima serina racemase (SR) foi determinada a partir de

p

fi

3

ra

monitorada por HPLC. (B) Produção de piruvato foi quantificada via ensaio colorimétrico

usando 2,4 DPNH. As barras nos gráficos representam a médias ± erro padrão de quatro

experimentos independentes, cada um realizado em duplicata com quatro diferentes

preparações da racemase. * Diferença estatística em relação ao controle com P < 0,01. (C)

Fosforilação da serina racemase (SR-GST + PKCip) em resíduos de serina como mostrado

por imunodetecção (WB) usando anticorpo anti-fosfoserina (P-ser). Em diferentes grupos, a

PKCip inativada por calor foi usada tanto como controle negativo (SR-GST + PKCip

inativa) quanto como branco (PKCip inativa). Experimento representativo.

64 kDa

SR-GST

PKCip

PKCip inativa

+ -

- -

- +

++

++

--

- -

+ +

+ +

--

++

--

CC

SR-GST

PKCip

PKCip inativa

+ -

- -

- +

++

++

--

++

++

--

- -

+ +

+ +

- -

+ +

+ +

--

++

--

--

++

--

CC

Racemização

SR SR+PKCip SR+PKCip inativa 0

50

100

se (%

do

con

*

AAEliminação

D-

rina

trole

)

50

100

Piru

vato

(%

do

cont

role

)

*

BB

0SR SR+PKCip SR+PKCip inativa

39

Page 53: FOSFORILAÇÃO DA ENZIMA SERINA RACEMASE POR …livros01.livrosgratis.com.br/cp090442.pdf · Prof. João Ricardo Lacerda de Menezes (PCM - UFRJ) _____ Prof. Ricardo Augusto de Melo

4.3 - Serina racemase, PKC e PICK1 interagem em astrócitos

A PICK1 apresenta elevada expressão no cérebro, onde modula várias funções da

PKC (Xia e cols, 1999), além de interagir diretamente com a serina racemase (Fujii e cols,

2006). Entretanto, a interação entre PKC e serina racemase, assim como a formação de um

complexo molecular envolvendo a serina racemase, PKC e PICK1, ainda não foi mostrado

em nenhum modelo experimental. Com isso, nós fomos avaliar se as proteínas serina

racemase, PKC e PICK1 teriam uma distribuição similar em culturas de astrócitos. Análises

imunocitoquímicas por microscopia confocal evidenciaram um padrão de marcação

semelhante destas proteínas, que culminou na colocalização das mesmas (Figura 8A). Para

confirmar e fortalecer esta interação que ocorre em astrócitos, nós fomos avaliar este evento

através do ensaio de coimunoprecipitação. Nós observamos que a imunoprecipitação da

serina racemase, PKC ou PICK1 acarreta a precipitação das outras duas proteínas,

mostrando que estas três proteínas podem interagir e formar um complexo molecular nestas

células.(Figura 8B).

40

Page 54: FOSFORILAÇÃO DA ENZIMA SERINA RACEMASE POR …livros01.livrosgratis.com.br/cp090442.pdf · Prof. João Ricardo Lacerda de Menezes (PCM - UFRJ) _____ Prof. Ricardo Augusto de Melo

A

DAPI SR PICK1aa cc

PKC Colocalização

dd

GFAP

ffee

bb

A

64,2 kDa

82,2 kDa

IP: SR IP: PKC IP: PICK1 IGg resina

WB: PKC

BB

aa ccbb eedd

11

Figura 8. Interação da serina racemase, PKC e PICK1 em astrócitos. (A) Análises de

unomarcação para serina racemase, PICK1 e PKC foram realizadas em culturas de

icroscopia confocal. (a) DAPI. (b) serina racemase. (c)

im

astrócitos e visualizadas por m

48,8 kDa

37,1 kDa

WB: PICK1

WB: SR

22

33

41

Page 55: FOSFORILAÇÃO DA ENZIMA SERINA RACEMASE POR …livros01.livrosgratis.com.br/cp090442.pdf · Prof. João Ricardo Lacerda de Menezes (PCM - UFRJ) _____ Prof. Ricardo Augusto de Melo

PICK1. (d) PKC. (e) Setas indicando algumas áreas nas quais a serina racemase, PKC e

ICK1 colocalizam em astrócitos. (f) Presença de células positivas para GFAP, um

arcador de astrócitos maduros. (B) As proteínas serina racemase (SR) (a), PKC (b) ou

ICK1 (c) foram imunoprecipitadas (IP) a partir de homogenato de cultura de astrócitos

sando anticorpos específicos. Imunodetecção (WB) da PCK (1), PICK1 (2) e serina

P

m

P

u

racemase (3) revelou que ocorre coimunoprecipitação destas proteínas. A

imunoprecipitação de cada proteína também foi demonstrada. Os controles negativos foram

feitos com uma IGg irrelevante (d) ou somente a resina (e).

42

Page 56: FOSFORILAÇÃO DA ENZIMA SERINA RACEMASE POR …livros01.livrosgratis.com.br/cp090442.pdf · Prof. João Ricardo Lacerda de Menezes (PCM - UFRJ) _____ Prof. Ricardo Augusto de Melo

4.4 - Fosforilação por PKC regula a atividade da serina racemase astrocitária

ara observar se a PKC regula os níveis de D-serina produzida pela serina racemase, nós

atamos culturas de astrócitos com 100 nM de PMA, um ativador de PKC, ou 1 μM de

IM, um inibidor de PKC, em meio sem soro. Análise do meio extracelular por HPLC

dicou que o PMA diminui a produção de D-serina pelas células, enquanto o BIM aumenta

produção de D-serina pelas células (Figura 9A). Já a D-serina intracelular aumentou

gnificativamente na presença do BIM, mas a aparente diminuição com o PMA não teve

o PMA

P

tr

B

in

a

si

significância estatística (Figura 9B). Análises por imunodetecção mostraram que

aumenta o nível basal de fosforilação em resíduos de serina da serina racemase

imunoprecipitada, enquanto o BIM promove efeito oposto (Figura 9C). Com estes

resultados nós sugerimos que a PKC regule fisiologicamente a atividade da serina racemase

astrocitária por controlar o estado de fosforilação desta racemase.

43

Page 57: FOSFORILAÇÃO DA ENZIMA SERINA RACEMASE POR …livros01.livrosgratis.com.br/cp090442.pdf · Prof. João Ricardo Lacerda de Menezes (PCM - UFRJ) _____ Prof. Ricardo Augusto de Melo

Figura 9. Fosforilação da serina racemase por PKC astrocitária diminui a produção

de D-serina. Culturas de astrócitos foram tratadas com veículo (0,01% de DMSO), PMA

(100 nM) ou BIM (1 μM) e L-serina (10 mM) por 24 h. Os resultados foram representados

omo percentual em relação ao controle (veículo). (A) D-serina extracelular monitorada por

PLC. As barras nos gráficos representam as médias ± erro padrão de cinco experimentos

independentes, cada um realizado em duplicata. * Diferença estatística em relação ao

(B) D-serina intracelular monitorada por HPLC. As barras nos

ráficos representam as médias ± erro padrão das médias de dois experimentos

dependentes, cada um realizado em duplicata. * Diferença estatística em relação ao

anti-fosfoserina para retirada deste anticorpo, o controle de carregamento foi feito com

c

H

controle com P < 0,01.

g

in

controle com P < 0,01. (C) Fosforilação da serina racemase imunoprecipitada (IP) em

resíduos de serina como mostrado por imunodetecção (WB) usando anticorpo anti-

fosfoserina (P-ser). Após tratamento com glicina ácida da mesma membrana marcada com

Veículo PMA BIM0

50

100

150

200Racemização

nac

(% d

o co

ntro

le)

*

*

AAD

-ser

i e

xtra

elul

ar

Veículo PMA BIM0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

SR fo

sfor

ilada

(P-s

er/S

R)

**

**

WB : SR

WB : P-ser

IP : SR Veículo PMA BIM

37 kDa

37 kDa

CC

Racemização

35030025020015010050

400

D-s

erin

a in

trac

elul

ar(%

do

cont

role

)

*BB

0Veículo PMA BIM

44

Page 58: FOSFORILAÇÃO DA ENZIMA SERINA RACEMASE POR …livros01.livrosgratis.com.br/cp090442.pdf · Prof. João Ricardo Lacerda de Menezes (PCM - UFRJ) _____ Prof. Ricardo Augusto de Melo

marcação com anticorpo anti-serina racemase (SR). Experimento representativo. As barras

nos gráficos abaixo representam as médias ± erro padrão da razão entre imunoreatividade

relativa para fosfoserina e intensidades das bandas para serina racemase de três

experimentos diferentes. * Diferença estatística em relação ao controle com P < 0,05.

45

Page 59: FOSFORILAÇÃO DA ENZIMA SERINA RACEMASE POR …livros01.livrosgratis.com.br/cp090442.pdf · Prof. João Ricardo Lacerda de Menezes (PCM - UFRJ) _____ Prof. Ricardo Augusto de Melo

4.5 - Interação da serina racemase, PKC e PICK1 em neurônios

Os neurônios expressam serina racemase (Kartvelishvily e cols, 2006). A expressão

e PKC e PICK1 também foi descrita em neurônios (Tanaka and Nishizuka, 1994; Xia et

l, 1999). No entanto, assim como nos astrócitos, não há relatos sobre a interação em

onjunto destas três proteínas. Então, novamente nós fizemos análises imunocitoquímicas

tilizando microscopia confocal e observamos que a serina racemase, PKC e PICK1

olocalizam em neurônios (Figura 10A). Nós confirmamos esta interação entre as

roteínas através de ensaios de coimunoprecipitação, onde mostramos que a

recipitação das outras

d

a

c

u

c

p

imunoprecipitação da serina racemase, PKC ou PICK1 acarreta a p

duas proteínas, mostrando que estas três proteínas podem interagir e formar um complexo

molecular também em neurônios (Figura 10B).

46

Page 60: FOSFORILAÇÃO DA ENZIMA SERINA RACEMASE POR …livros01.livrosgratis.com.br/cp090442.pdf · Prof. João Ricardo Lacerda de Menezes (PCM - UFRJ) _____ Prof. Ricardo Augusto de Melo

AA

DAPI SRPKC

PICK1 Colocalização β-tubulina III20 μm

dd

ccbb

ffee

aa

64,2 kDa

82,2 kDa

48,8 kDa

37,1 kDa

IP: SR IP: PKC IP: PICK1 IGg Resina

WB: PKC

WB: PICK1

WB: SR

BB

11

22

33

aa ccbb eedd

47

Page 61: FOSFORILAÇÃO DA ENZIMA SERINA RACEMASE POR …livros01.livrosgratis.com.br/cp090442.pdf · Prof. João Ricardo Lacerda de Menezes (PCM - UFRJ) _____ Prof. Ricardo Augusto de Melo

Figura 10. Serina racemase, PKC e PICK1 colocalizam em neurônios. (A) Análises de

unomarcação tripla foram realizadas em culturas de neurônios através de microscopia

confocal. Para tripla marcação, anticorpo policlonal anti-serina racemase de coelho foi

sado junto com anticorpo monoclonal anti-PKC de camundongo e anticorpo policlonal

nti-PICK1 de cabra. (a) DAPI. (b) PKC. (c) serina racemase. (d) PICK1. (e) Setas

dicando áreas nas quais a serina racemase, PKC e PICK1 colocalizam em neurônios. (f)

resença de células positivas para β-tubulina III, um marcador de neurônios. (B) As

roteínas serina racemase (SR) (a), PKC (b) ou PICK1 (c) foram imunoprecipitadas (IP) a

artir de homogenato de cultura de neurônios usando anticorpos específicos.

im

u

a

in

P

p

p

Imunodetecção (WB) da PCK (1), PICK1 (2) e serina racemase (3) revelou que ocorre

coimunoprecipitação destas proteínas. A imunoprecipitação de cada proteína também foi

demonstrada. Os controles negativos foram feitos com uma IGg irrelevante (d) ou somente

a resina (e).

48

Page 62: FOSFORILAÇÃO DA ENZIMA SERINA RACEMASE POR …livros01.livrosgratis.com.br/cp090442.pdf · Prof. João Ricardo Lacerda de Menezes (PCM - UFRJ) _____ Prof. Ricardo Augusto de Melo

4.6 - PKC modula a atividade da serina racemase neuronal via fosforilação

Sendo a serina racemase expressa pelos neurônios (Kartvelishvily e cols, 2006), nós

vestigamos a regulação da serina racemase neuronal por PKC. Para isso, nós tratamos

ulturas de neurônios com 100 nM de PMA, um ativador de PKC, ou 1 μM de BIM, um

ibidor de PKC, em meio sem soro. Análise do meio extracelular por HPLC indicou que o

MA diminui a produção de D-serina pelos neurônios, enquanto o BIM aumenta a

rodução de D-serina pelas células (Figura 11A). Já a D-serina intracelular aumentou

A não teve

in

c

in

P

p

significativamente na presença do BIM, mas a aparente diminuição com o PM

significância estatística (Figura 11B). Análises por imunodetecção mostraram que o PMA

aumentar o nível basal de fosforilação em resíduos de serina da serina racemase

imunoprecipitada, enquanto o BIM promove efeito oposto (Figura 11C). Os controles

foram tratados com a mesma concentração de DMSO (veículo de ambos PMA e BIM).

Com estes resultados nós sugerimos que a PKC também regule fisiologicamente a atividade

da serina racemase neuronal por controlar o estado de fosforilação desta racemase.

49

Page 63: FOSFORILAÇÃO DA ENZIMA SERINA RACEMASE POR …livros01.livrosgratis.com.br/cp090442.pdf · Prof. João Ricardo Lacerda de Menezes (PCM - UFRJ) _____ Prof. Ricardo Augusto de Melo

Figura 11. Fosforilação da serina racemase por PKC neuronal diminui a produção de D-

erina. Culturas de neurônios foram tratadas com veículo (0,01% de DMSO), PMA (100

M) ou BIM (1 μM) e L-serina (10 mM) por 24 h. Os resultados foram representados como

ercentual em relação ao controle (veículo). (A) D-serina extracelular monitorada por

HPLC. As barras nos gráficos representam as médias ± erro padrão de três experimentos

dependentes, cada um realizado em duplicata. * Diferença estatística em relação ao

ontrole com P < 0,01. (B) D-serina intracelular monitorada por HPLC. As barras nos

ráficos representam as médias ± erro padrão das médias de dois experimentos

tes, cada um realizado em duplicata. * Diferença estatística em relação ao

s

n

p

in

c

g

independen

Veículo PMA BIM0

50

100

Racemização

setr

ar(%

do

cont

role

)

*

*AA

D-

rina

exac

elul

Veículo PMA BIM0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

SR fo

sfor

ilada

(P-s

er/S

R)

**

**

IP : SR

WB : SR

WB : P-ser

Veículo PMA BIM

37 kDa

37 kDa

CC

Racemização

150

Veículo PMA BIM0

50

100

200

D-s

erin

a in

trac

(% d

o co

ntro

le)

BB

*

elul

ar

50

Page 64: FOSFORILAÇÃO DA ENZIMA SERINA RACEMASE POR …livros01.livrosgratis.com.br/cp090442.pdf · Prof. João Ricardo Lacerda de Menezes (PCM - UFRJ) _____ Prof. Ricardo Augusto de Melo

controle com P < 0,01. (C) Fosforilação da serina racemase imunoprecipitada (IP) em

resíduos de serina como mostrado por imunodetecção (WB) usando anticorpo anti-

fosfoserina (P-ser). Após tratamento com glicina ácida da mesma membrana marcada com

anti-fosfoserina para retirada deste anticorpo, o controle de carregamento foi feito com

marcação com anticorpo anti-serina racemase (SR). Experimento representativo. As barras

nos gráficos abaixo representam as médias ± erro padrão da razão entre imunoreatividade

relativa para fosfoserina e intensidades das bandas para serina racemase de três

experimentos diferentes. * Diferença estatística em relação ao controle com P < 0,05.

51

Page 65: FOSFORILAÇÃO DA ENZIMA SERINA RACEMASE POR …livros01.livrosgratis.com.br/cp090442.pdf · Prof. João Ricardo Lacerda de Menezes (PCM - UFRJ) _____ Prof. Ricardo Augusto de Melo

4.7 - Interação da serina racemase, PKC e PICK1 in vivo

Para estudar a interação envolvendo a serina racemase, PKC e PICK1 in vivo, nós

nalisamos por imunodetecção os imunoprecipitados de cada uma destas proteínas,

riundos de homogenatos de cérebro de rato. Através do ensaio de coimunoprecipitação,

ssim como em astrócitos e neurônios in vitro, nós observamos que a serina racemase, PKC

PICK1 também precipitam juntas in vivo, indicando que a interação destas três proteínas

ossa ter uma importância fisiológica (Figura 12).

a

o

a

e

p

52

Page 66: FOSFORILAÇÃO DA ENZIMA SERINA RACEMASE POR …livros01.livrosgratis.com.br/cp090442.pdf · Prof. João Ricardo Lacerda de Menezes (PCM - UFRJ) _____ Prof. Ricardo Augusto de Melo

IP: PKC IP: PICK1IP: SR

Rac 645 kDa _36 kDa _

55 kDa _

45 kDa _

97 kDa _

66 kDa _ WB: PKC

WB: PICK1

WB: SR

aa ccbb

11

22

33

Figura 12. Interação da serina racemase, PKC e PICK1 in vivo. Os diferentes imunoprecipitados

e cérebro de rato foram analisados por imunodetecção, mostrando a coimunoprecipitação. As

proteínas PKC (a), serina racemase (SR) (b) ou PICK1 (c) foram imunoprecipitadas (IP) a

usando anticorpos específicos. Imunodetecção

B) da PCK (1), PICK1 (2) e serina racemase (3) revelou que ocorre

oimunoprecipitação destas proteínas. A imunoprecipitação de cada proteína também foi

onstrada. A rac 6 (linhagem que superexpressa serina racemase) serviu como controle

munodetecção da serina racemase. Os controles negativos foram feitos com

ma IGg irrelevante (dado não mostrado).

d

partir de homogenato de cérebro de rato

(W

c

dem

positivo para a iu

53

Page 67: FOSFORILAÇÃO DA ENZIMA SERINA RACEMASE POR …livros01.livrosgratis.com.br/cp090442.pdf · Prof. João Ricardo Lacerda de Menezes (PCM - UFRJ) _____ Prof. Ricardo Augusto de Melo

4.8 - PKC regula a disponibilidade de D-serina in vivo

Para estudar a regulação da produção de D-serina por PKC in vivo, nós injetamos, em

um dos hemisférios cerebrais de ratos, PMA, um ativador de PKC, ou BIM, um inibidor de

KC, diretamente no córtex frontal. A injeção do veículo (DMSO) de ambos, PMA e BIM,

a mesma concentração foi usada como controle. Análises por HPLC mostraram que o

MA diminui a concentração de D-serina presente nos homogenatos desta região, enquanto

BIM aumenta o conteúdo de D-serina na mesma região do cérebro do animal (Figura

racemase imunoprecipitada do

P

n

P

o

13A). Avaliando o grau de fosforilação da serina

homogenato deste tecido, nós observamos que o PMA aumenta a fosforilação basal da

racemase em resíduos de serina, enquanto o BIM diminui esta fosforilação (Figura 13B).

Estes resultados sugerem que a PKC regule in vivo a atividade fisiológica da serina

racemase no córtex frontal por controlar o estado de fosforilação desta racemase.

54

Page 68: FOSFORILAÇÃO DA ENZIMA SERINA RACEMASE POR …livros01.livrosgratis.com.br/cp090442.pdf · Prof. João Ricardo Lacerda de Menezes (PCM - UFRJ) _____ Prof. Ricardo Augusto de Melo

Homogenato de córtexfrontal de rato

Veículo PMA Veículo BIM0

25

150

125

100

75

50

Animal 2Animal 1

D-s

erin

a(%

do

cont

role

)

Veículo PMA Veículo BIM0.0

0.5

1.0

1.5

Animal 1 Animal 2

SR fo

sfor

ilada

(P-s

er/S

R)

IP: SRWB: P-ser

WB: SR

BB

AA

37 kDa

37 kDa

55

Page 69: FOSFORILAÇÃO DA ENZIMA SERINA RACEMASE POR …livros01.livrosgratis.com.br/cp090442.pdf · Prof. João Ricardo Lacerda de Menezes (PCM - UFRJ) _____ Prof. Ricardo Augusto de Melo

Figura 13. Regulação da disponibilidade de D-serina por PKC in vivo. PMA (animal 1)

u BIM (animal 2), ambos 1 µM, foram injetados diretamente no córtex frontal de ratos.

pós 1 h, parte do tecido do córtex frontal foi dissecada e homogeneizada em tampão para

unoprecipitação. (A) Parte do homogenato foi tratada com 5% de TCA para posterior

nálise dos níveis de D-serina por HPLC. A injeção com o veículo (0,001 % de DMSO) no

órtex frontal do hemisfério oposto ao tratado com PMA ou BIM no mesmo animal serviu

omo controle. (B) Outra parte deste homogenato foi usada para imunoprecipitar (IP) a

rina racemase (SR) utilizando anticorpo específico. O estado de fosforilação desta serina

cemase imunoprecipitada foi avaliado por imunodetecção (WB) usando anticorpo anti-

o

A

im

a

c

c

se

ra

fosfoserina (P-ser). Após tratamento com glicina ácida da mesma membrana marcada com

anti-fosfoserina para retirada deste anticorpo, o controle de carregamento foi feito com

anticorpo anti-serina racemase. O gráfico representa a razão entre a imunoreatividade

relativa para fosfoserina e intensidades das bandas para serina racemase.

56

Page 70: FOSFORILAÇÃO DA ENZIMA SERINA RACEMASE POR …livros01.livrosgratis.com.br/cp090442.pdf · Prof. João Ricardo Lacerda de Menezes (PCM - UFRJ) _____ Prof. Ricardo Augusto de Melo

5. Discussão

No sistema nervoso, tem sido mostrado que a interação entre proteínas controla

iversos eventos biológicos (Kim e Sheng, 2004). Neste trabalho, nós demonstramos que a

rina racemase tem sua capacidade de formar D-serina reduzida como decorrência da

teração com a PKC.

Um dos mecanismos que regula a atividade de uma enzima é a fosforilação. Nós

ue a PKC regula negativamente a atividade da serina racemase e fosforila a

cemase. Observamos que a serina racemase possui seis sítios consenso para fosforilação

serina racemase após a fosforilação induzida por PKC.

trócitos e neurônios, nós mostramos que o PMA

(ativador de PKC) diminui o nível extracelular de D-serina e aumenta a fosforilação basal

d

se

in

observamos q

ra

por PKC, dentre eles quatro em resíduos de serina e dois em resíduos de treonina. Além da

imunodetecção com anticorpo contra resíduos de serina fosforilados, nós também

realizamos ensaios autoradiográficos que permitiram visualizar a incorporação de fosfato

radioativo na estrutura da

Considerando a autoradiografia, não podemos descartar que os resíduos de treonina

presentes na serina racemase também sejam fosforilados por PKC, podendo também

participar da regulação desta racemase.

Nosso estudo demonstra que a regulação da atividade da serina racemase através de

fosforilação mediada por PKC parece controlar a disponibilidade de D-serina. Utilizando a

serina racemase recombinante, nós mostramos que ambas PKCs, purificada e

imunoprecipitada de astrócitos, são capazes de inibir a atividade bifuncional da serina

racemase. Usando anticorpo anti-fosfoserina nós observamos que a fosforilação da serina

racemase em resíduos de serina ocorre de forma concomitante a uma queda na produção de

piruvato e D-serina. Em culturas de as

57

Page 71: FOSFORILAÇÃO DA ENZIMA SERINA RACEMASE POR …livros01.livrosgratis.com.br/cp090442.pdf · Prof. João Ricardo Lacerda de Menezes (PCM - UFRJ) _____ Prof. Ricardo Augusto de Melo

da serina racemase em resíduos de serina, enquanto o BIM (inibidor de PKC) apresenta

efeitos opostos. Evidenciamos também que a serina racemase e a PKC interagem nestas

culturas e em encéfalo de ratos adultos. Nosso resultado in vivo mostra que a regulação da

atividade da serina racemase por PKC parece controlar a disponibilidade de D-serina no

córtex frontal de ratos. Assim como nas culturas, ocorre uma diminuição e um aumento do

conteúdo de D-serina proporcionados pelo PMA e pelo BIM, respectivamente. Todas estas

evidências sugerem que o controle dos níveis de D-serina parece estar correlacionado com

a regulação da atividade da serina racemase via fosforilação por PKC. Analogamente, a

fosforilação em resíduos de serina de receptores cinase acoplados à proteína G também

promove uma diminuição da atividade enzimática destas proteínas (Horner e cols, 2005).

Observamos tanto em astrócitos como em neurônios que enquanto o inibidor da PKC

(BIM) aumenta os níveis de D-serina intra e extracelulares, o ativador da PKC (PMA)

diminui a concentração de D-serina extracelular, mas não a de D-serina intracelular. Uma

possibilidade é que o PMA esteja interferindo no transporte celular de D-serina.

Interessantemente, a ativação da PKC por PMA em linhagens celulares de mamíferos que

expressam diferentes transportadores de aminoácidos, foi capaz de inibir a função dos

sistemas sensível e insensível à leucina (Rotmann e cols, 2007). Além disso, a ativação da

PKC α (alfa) por PMA mostrou associação com a redistribuição de transportadores de

glutamato neuronais, como o transportador de aminoácidos excitatórios 1 (EAAC1),

podendo assim influenciar na atividade destes transportadores (González e cols, 2003).

Neste sentido, utilizando co-culturas de astrócitos e neurônios e células C6

superexpressando o transportador de glutamato subtipo 1 (GLT-1), foi mostrado que a

ativação da PKC com PMA causa redistribuição e redução da expressão destes receptores,

podendo isto interferir no transporte de glutamato (Kalandadze e cols, 2002). Considerando

58

Page 72: FOSFORILAÇÃO DA ENZIMA SERINA RACEMASE POR …livros01.livrosgratis.com.br/cp090442.pdf · Prof. João Ricardo Lacerda de Menezes (PCM - UFRJ) _____ Prof. Ricardo Augusto de Melo

as evidências, é possível que no nosso caso o PMA possa interferir também com o

transporte de D-serina através da membrana plasmática.

É importante ressaltar que o BIM inibe todas as isoformas de PKC por bloquear o

sítio para ligação de ATP destas cinases. Já o PMA, que atua mimetizando o efeito do

diacilglicerol na célula, não ativa todas as isoformas de PKC, e sim, as clássicas e novas.

De uma maneira geral, todas as isoformas de PKC são expressas no sistema nervoso central

e desempenham importante papel na regulação de funções neuronais (Tanaka e Nishizuka,

1994). Estas isoformas de PKC mostram propriedades enzimáticas distintas, expressão

diferencial nos tecidos e localização intracelular específica. Cada isoforma de PKC pode

mediar diferentes processos biológicos na célula. No córtex cerebral, região estudada em

nosso trabalho, predomina a presença das isoformas clássicas de PKC, seguida das novas e

atípicas, respectivamente (Nishizuka, 1992; Hasegawa e cols, 2006). Dentre as PKCs

clássicas, a PKC α tem chamado bastante atenção por participar de importantes funções na

sinalização neuro-glial relacionadas a interação entre proteínas (Lu e Ziff, 2005). O

anticorpo que nós utilizamos para os experimentos de imunoprecipitação, imunodetecção e

imunofluorescência apresenta especificidade para um epítopo conservado entre as PKCs

clássicas. Portanto, torna-se necessário que novas abordagens sejam realizadas para

investigar o envolvimento de isoformas específicas de PKC.

A hipofunção de receptores NMDA pode apresentar envolvimento em patologias

neuropsiquiátricas. Evidências sugerem que a esquizofrenia esteja relacionada com a

hipofunção do sistema neurotransmissor glutamatérgico em regiões anteriores do cérebro e

na área límbica (Goff e Coyle, 2001). Estudo com camundongos transgênicos com baixa

expressão de receptor NMDA mostra que estes animais exibem comportamento semelhante

à esquizofrenia, que é revertido por drogas anti-esquizofrenia (Mohn e cols, 1999). Foi

59

Page 73: FOSFORILAÇÃO DA ENZIMA SERINA RACEMASE POR …livros01.livrosgratis.com.br/cp090442.pdf · Prof. João Ricardo Lacerda de Menezes (PCM - UFRJ) _____ Prof. Ricardo Augusto de Melo

mostrado que pacientes esquizofrênicos apresentam níveis séricos de D-serina menores do

que pacientes saudáveis (Hashimoto e cols, 2003). Similarmente, a análise do fluido

mensageiro para PICK1 no córtex occipital (Dracheva e cols, 2005). Por

cerebroespinhal de pacientes esquizofrênicos evidenciou uma redução dos níveis de D-

serina quando comparada aos pacientes saudáveis (Hashimoto e cols, 2005; Bendikov e

cols, 2007). Na esquizofrenia, tem sido evidenciada uma hiperatividade da sinalização por

PKC tanto no sangue (plaquetas) quanto no SNC (cérebros de biópsia e pós-morto) (Wang

e Friedman, 1996; Coull e cols, 2000; Mcnamara e cols, 2006). Nós mostramos que a

ativação da PKC reduz os níveis de D-serina in vitro e in vivo. Nosso resultado mostra

ainda que esta regulação está associada a um aumento da fosforilação basal em resíduos de

serina da serina racemase. Desta maneira, a fosforilação da racemase mediada por PKC

pode também ter papel na hipofunção de receptores NMDA na esquizofrenia. Neste

sentido, estudos adicionais serão necessários para elucidar esta relação e potencial

envolvimento.

Além do envolvimento da PKC na esquizofrenia, tem sido estudada a participação da

PICK1 nesta doença (Staudinger e cols, 1995). O gene da PICK1 está localizado no

cromossomo 22q13.1, o qual é um locus genético que freqüentemente tem ligação com a

esquizofrenia. De fato, há indícios sobre a existência de três regiões polimórficas no gene

da PICK1 que estão fortemente associadas com a doença em questão (Moises e cols, 2002;

Hong e cols, 2004; Dracheva e cols, 2005). Um estudo comparando pacientes

esquizofrênicos idosos com pacientes considerados normais não mostra diferença nos

níveis de RNA

outro lado, recentemente foi mostrado que a presença da PICK1 aumenta os níveis de D-

serina (Hikida e cols, 2008). Nossos resultados mostram que a PICK1 interage com a serina

60

Page 74: FOSFORILAÇÃO DA ENZIMA SERINA RACEMASE POR …livros01.livrosgratis.com.br/cp090442.pdf · Prof. João Ricardo Lacerda de Menezes (PCM - UFRJ) _____ Prof. Ricardo Augusto de Melo

racemase e a PKC in vitro e in vivo, podendo estar envolvida com a fosforilação da serina

racemase por PKC.

A serina racemase pode se ligar à PICK1 (Fujii e cols, 2006). É sugerido que a PICK1

atue como uma chaperona que direciona a PKC para seus alvos na célula (Staudinger e

cols, 1995; Staudinger e cols, 1997). Este mecanismo é bem exemplificado em um trabalho

que mostra o papel chave da PICK1 em carregar a PKCα até os receptores AMPA, onde a

cinase é capaz de fosforilar a serina 880 destes receptores de maneira a controlar o tráfego

celular dos mesmos (Lu e Ziff, 2005). Nós mostramos, por microscopia confocal e

coimunoprecipitação, a interação da PICK1 com ambas proteínas, serina racemase e PKC.

vista que nós observamos uma regulação

Este complexo molecular pode ter importância na regulação da serina racemase, podendo

assim influenciar na alteração dos níveis do neuromodulador D-serina e conseqüentemente

na ativação de receptores NMDA.

Em contraste, foi mostrado que a PICK1 pode aumentar os níveis de D-serina por

interagir com a serina racemase (Hikida e cols, 2008). Este trabalho mostrou que

camundongos transgênicos que não expressam PICK1 com uma semana de vida

apresentam menos D-serina que os camundongos selvagens. Esta diferença nos níveis de

D-serina não ocorre entre os camundongos adultos. Observou-se ainda, uma maior

produção de D-serina em cultura de linhagem que superexpressa ambas PICK1 e serina

racemase (Hikida e cols, 2008). Tendo em

negativa da serina racemase por PKC, torna-se aparentemente contraditório pensar que a

PICK1 esteja trabalhando no sentido de direcionar a PKC para fosforilar a serina racemase.

No entanto, estas proteínas podem ter uma função diferenciada dentro de uma relação

espacial e/ou temporal. Há a possibilidade destas proteínas agirem em momentos distintos

em um mesmo complexo compartimentalizado. Por outro lado, a PICK1 além de direcionar

61

Page 75: FOSFORILAÇÃO DA ENZIMA SERINA RACEMASE POR …livros01.livrosgratis.com.br/cp090442.pdf · Prof. João Ricardo Lacerda de Menezes (PCM - UFRJ) _____ Prof. Ricardo Augusto de Melo

a PKC para os padrões moleculares desta cinase, também pode estar atuando como alvo da

PKC no complexo molecular, podendo esta fosforilação acarretar diferentes destinos da

PICK1, até mesmo a degradação na via do proteassoma. No entanto, outras abordagens

experimentais terão que ser realizadas para melhor entender a funcionalidade deste

complexo protéico formado pela SR/PKC/PICK1.

Há indícios de que a D-serina possa participar na neuroinflamação e na

excitotoxicidade, contribuindo para doenças neurodegenerativas como a doença de

Alzheimer e a esclerose lateral amiotrófica (Wu e cols, 2004a; Wu e cols, 2007; Sasabe e

cols, 2007). Foi mostrado um aumento da expressão da serina racemase no hipocampo de

pacientes com doença de Alzheimer (Wu e cols, 2004a). O mesmo grupo mostrou que tanto

o peptídeo beta amilóide (principal componente das placas neuríticas presentes na doença

de Alzheimer) quanto a proteína precursora amilóide secretada (sAPP) pode estimular, in

vitro, a síntese e a liberação pela microglia de níveis neurotóxicos de D-serina (Wu e cols,

2004a; Wu e cols, 2007). Estes resultados in vitro reforçam a observação de que ocorre um

aumento de D-serina no fluido cérebro-espinhal de pacientes com doença de Alzheimer

(Fisher e cols, 1998). A PKC por sua vez apresenta atividade diminuída em extratos de

hipocampo e córtex (temporal e frontal) de pacientes com Alzheimer (Wang e cols, 1994).

Tem-se ainda que no córtex temporal de cérebros com Alzheimer ocorre uma diminuição,

em ambas expressão e atividade, de determinadas isoformas de PKC (Matsushima e cols,

1996). Os referidos achados fortalecem a idéia de que o aumento da disponibilidade de D-

serina e a diminuição da sinalização mediada por PKC podem estar relacionados com o

processo de neurodegeneração envolvido com a doenca de Alzheimer. Nós demonstramos

que a diminuição da atividade da PKC leva a um aumento dos níveis de D-serina in vitro e

in vivo. Nosso resultado mostra ainda que esta regulação é acompanhada por uma redução

62

Page 76: FOSFORILAÇÃO DA ENZIMA SERINA RACEMASE POR …livros01.livrosgratis.com.br/cp090442.pdf · Prof. João Ricardo Lacerda de Menezes (PCM - UFRJ) _____ Prof. Ricardo Augusto de Melo

da fosforilação basal em resíduos de serina da racemase. Desta forma, este mecanismo de

fosforilação da serina racemase controlado pela PKC pode ter relevância na hiperfunção de

receptores NMDA relacionada à doença de Alzheimer.

Em um modelo de camundongos com esclerose lateral amiotrófica, foi mostrado que

os neurônios da medula espinhal destes camundongos apresentam maior vulnerabilidade

em relação à D-serina do que os neurônios de camundongos controle (Sasabe e cols, 2007).

Foi observado ainda, que na medula espinhal destes camundongos com a doença ocorre

uma elevação da expressão de serina racemase e um aumento de D-serina pela glia. Um

aumento de D-serina também foi evidenciado na medula espinhal de pacientes com caso

familiar de esclerose lateral amiotrófica esporádica. Esta elevação na concentração de D-

serina aumenta a toxicidade dos motoneurônios induzida por glutamato via receptores

NMDA (Sasabe e cols, 2007). Também utilizando pacientes com esclerose lateral

amiotrófica esporádica, a análise imunohistoquímica aponta para uma redução na

quantidade de PKC em neurônios motores espinhais (Nagao e cols, 1998). Como

mencionado, os efeitos que observamos com a inibição da PKC relacionam o aumento dos

níveis de D-serina com a redução da fosforilação basal da serina racemase. Portanto, tendo

em vista que a atividade da serina racemase parece controlar a disponibilidade de D-serina,

torna-se importante investir em estudos que busquem avaliar o estado de fosforilação da

serina racemase nas doenças neurodegenerativas.

Neste trabalho, nós propomos que a serina racemase seja um alvo molecular para a

PKC. Esta interação controla a disponibilidade do neuromodulador D-serina através,

aparentemente, da fosforilação da serina racemase pela PKC. Esta regulação dos níveis

endógenos de D-serina no cérebro pode ter importância na modulação da neurotransmissão

63

Page 77: FOSFORILAÇÃO DA ENZIMA SERINA RACEMASE POR …livros01.livrosgratis.com.br/cp090442.pdf · Prof. João Ricardo Lacerda de Menezes (PCM - UFRJ) _____ Prof. Ricardo Augusto de Melo

glutamatérgica via receptores NMDA e na sinalização molecular envolvida com diferentes

distúrbios neuropsiquiátricos (Figura 14).

64

Page 78: FOSFORILAÇÃO DA ENZIMA SERINA RACEMASE POR …livros01.livrosgratis.com.br/cp090442.pdf · Prof. João Ricardo Lacerda de Menezes (PCM - UFRJ) _____ Prof. Ricardo Augusto de Melo

Figura 14: PKC regula a atividade da serina racemase. Esquema do complexo molecular

SR/PKC/PICK1 propondo um possível mecanismo de regulação da atividade da serina

racemase (SR) via fosforilação mediada por PKC. (A) Suposta condição fisiológica, onde a

PKC controlaria o estado de fosforilação basal da serina racemase e a disponibilidade de D-

serina para ativar os receptores NMDA. (B) Aumento da atividade da PKC acarretaria em um

aumento na fosforilação da serina racemase e diminuição dos níveis de D-serina provocando

hipofunção de receptores NMDA. (C) Redução da atividade da PKC provocaria uma

diminuição na fosforilação da serina racemase e aumento dos níveis de D-serina que pode

culminar na hiperfunção de receptores NMDA.

SRSRSRSRPKC

PICK1P

P

P P

L-serina

D-serina

Ativação de receptoresAtivação de receptoresNMDANMDA

Condição fisiológica

SRSRSRSRPKC

PICK1P

P

P P

L-serina

D-serina

HipofunçãoHipofunção de receptoresde receptoresNMDANMDA

P

P

P P

Sinalização por PKC

Sinalização por PKC

SRSRSRSRPKC

PICK1

PL-serina

Extracelular

Célula

Intracelular

AA

CC

BB

Fosforilação

Hiperfunção de receptoresHiperfunção de receptoresNMDANMDA

D-serina

65

Page 79: FOSFORILAÇÃO DA ENZIMA SERINA RACEMASE POR …livros01.livrosgratis.com.br/cp090442.pdf · Prof. João Ricardo Lacerda de Menezes (PCM - UFRJ) _____ Prof. Ricardo Augusto de Melo

6. Conclusões

o presente estudo, sugerimos que:

In vitro, a PKC modula negativamente a atividade bifuncional da SR recombinante;

A diminuição desta atividade ocorre concomitantemente a um aumento no grau de

a racemase em resíduos de serina;

A atividade das PKCs astrocitária e neuronal controla a disponibilidade de D-serina;

ICK1 interagem em ambas culturas de astrócitos e

neurônios;

N

fosforilação d

As proteínas SR, PKC e P

SR, PKC e PICK1 interagem in vivo;

A disponibilidade de D-serina parece ser regula por PKC in vivo.

66

Page 80: FOSFORILAÇÃO DA ENZIMA SERINA RACEMASE POR …livros01.livrosgratis.com.br/cp090442.pdf · Prof. João Ricardo Lacerda de Menezes (PCM - UFRJ) _____ Prof. Ricardo Augusto de Melo

7. Referências Bibliográficas

• Alkon DL, Epstein H, Kuzirian A, Bennett MC, Nelson TJ (2005). Protein synthesis

required for long-term memory is induced by PKC activation on days before

associative learning. Proc. Natl. Acad. Sci. 102; 16432-16437.

• Allen NJ, Barres BA (2005). Signaling between glia and neurons: focus on synaptic

plasticity. Curr. Opin. Neurobiol. 15; 542–548.

• Amadio M, Battaini F, Pascale A (2006). The different facets of protein kinases C:

• te synapses: glia, the

• holesterol-Making or breaking the

ease states. Pharmacol. Res. 44; 353-361.

e metabolic parameters in

• ). Glutamate-induced homocysteic acid release

old and new players in neuronal signal transduction pathways. Pharmacol. Res. 54;

317-325.

Araque A, Parpura V, Sanzgiri RP, Haydon PG (1999). Triparti

unacknowledged partner. Trends Neurosci. 22; 208-215.

Barres BA, Smith SJ (2001). Neurobiology. C

synapse. Science 294; 1296–1297.

Battaini F (2001). Protein kinase C isoforms as therapeutic targets in nervous

system dis

• Bendikov I, Nadri C, Amar S, Panizzutti R, De Miranda J, Wolosker H, Agam G

(2007). A CSF and postmortem brain study of D-serin

schizophrenia. Schizophr. Res. 90; 41-51.

Benz B, Grima G, Do KQ (2004

from astrocytes: possible implication in glia-neuron signaling. Neurosci. 124; 377-

386.

67

Page 81: FOSFORILAÇÃO DA ENZIMA SERINA RACEMASE POR …livros01.livrosgratis.com.br/cp090442.pdf · Prof. João Ricardo Lacerda de Menezes (PCM - UFRJ) _____ Prof. Ricardo Augusto de Melo

• Berger AJ, Dieudonne S, Ascher P (1998). Glycine uptake governs glycine site

occupancy at NMDA receptors of excitatory synapses. J. Neurophysiol. 80; 3336-

3340.

• Bergles DE, Jahr CE (1997). Synaptic activation of glutamate transporters in

hippocampal astrocytes. Neuron 19; 1297-1308.

Boehn• ing D, Snyder SH (2003). Novel neural modulators. Annu. Rev. Neurosci. 26;

ram quantities of protein utilizing the principle of protein-dye binding. Anal.

• sman MH (2002). Protoplasmic

22; 183-192.

n: a post-mortem study. Eur. Neuropsychopharmacol. 10; 283-288.

105-131.

Bradford MM (1976). A rapid and sensitive method for the quantitation of

microg

Biochem. 72; 248-254.

Bushong EA, Martone ME, Jones YZ, Elli

astrocytes in CA1 stratum radiatum occupy separate anatomical domains. J.

Neurosci.

• Coco S, Calegari F, Pravettoni E, Pozzi D, Taverna E, Rosa P, Matteoli M, Verderio

C (2003). Storage and release of ATP from astrocytes in culture. J. Biol. Chem. 278;

1354-1362.

• Cook SP, Galve-Roperh I, Martínez del Pozo A, Rodríguez-Crespo I (2002). Direct

calcium binding results in activation of brain serine racemase. J. Biol. Chem. 277;

27782-27792.

• Corrigan JJ (1969). D-amino acids in animals. Science 164; 142-149.

Coull MA, Lowther S, Katona CL, Horton RW (2000). Altered brain protein kinase

C in depressio

68

Page 82: FOSFORILAÇÃO DA ENZIMA SERINA RACEMASE POR …livros01.livrosgratis.com.br/cp090442.pdf · Prof. João Ricardo Lacerda de Menezes (PCM - UFRJ) _____ Prof. Ricardo Augusto de Melo

• Christopherson KS, Ullian EM, Stokes CC, Mullowney CE, Hell JW, Agah A,

Lawler J, Mosher DF, Bornstein P, Barres BA (2005). Thrombospondins are

astrocyte-secreted proteins that promote CNS synaptogenesis. Cell 120; 421-433.

breu J, Liu R,

.

• e

J. Physiol. Lung Cell Mol. Physiol. 279; L429-L438.

• De Felice FG, Vieira MN, Saraiva LM, Figueroa-Villar J D, Garcia-A

Chang L, Klein W L, Ferreira ST (2004). Targeting the neurotoxic species in

Alzheimer’s disease: inhibitors of Abeta oligomerization. FASEB J. 18, 1366-1372

• De Koning TJ, Snell K, Duran M, Berger R, Poll-The BT, Surtees R (2003). L-

serine in disease and development. Biochem. J. 371; 653-661.

De Miranda J, Panizzutti R, Foltyn VN, Wolosker H (2002). Cofactors of serin

racemase that physiologically stimulate the synthesis of the N-methyl-D-aspartate

(NMDA) receptor coagonist D-serine. Proc. Natl. Acad. Sci. 99; 14542-14547.

De Miranda J, Santoro A, Engelender S, Wolosker H (2000). Human serine

racemase: moleular cloning, genomic organization and functional analysis. Gene

256; 183-188.

• Dememes D, Mothet JP, Nicolas MT (2006). Cellular distribution of D-serine,

serine racemase and D-amino acid oxidase in the rat vestibular sensory epithelia.

Neurosci. 137; 991-997.

• Dempsey EC, Newton AC, Mochly-Rosen D, Fields AP, Reyland ME, Insel PA,

Messing RO (2000). Protein kinase C isozymes and the regulation of diverse cell

responses. Am.

• Dev KK (2004). Making protein interactions druggable: targeting PDZ domains.

Nat. Rev. Drug Discov. 3; 1047-1056.

69

Page 83: FOSFORILAÇÃO DA ENZIMA SERINA RACEMASE POR …livros01.livrosgratis.com.br/cp090442.pdf · Prof. João Ricardo Lacerda de Menezes (PCM - UFRJ) _____ Prof. Ricardo Augusto de Melo

• Dingledine R, Borges K, Bowie D, Traynelis SF (1999). The glutamate receptor ion

channels. Pharmacol. Rev. 51; 7-61.

Dracheva S, McGurk SR, Haroutunian V (2005). mRNA express• ion of AMPA

8-878.

of D-serine levels via ubiquitin-dependent

velopmentally regulated in neuronal

• . The presence of

glutamate through activation of

receptors and AMPA receptor binding proteins in the cerebral cortex of elderly

schizophrenics. J. Neurosci. Res. 79; 86

• Dumin E, Bendikov I, Foltyn VN, Misumi Y, Ikehara Y, Kartvelishvily E,

Wolosker H (2006). Modulation

proteasomal degradation of serine racemase. J. Biol. Chem 281; 20291-20302.

Dun Y, Duplantier J, Roon P, Martin PM, Ganapathy V, Smith SB (2007). Serine

racemase expression and d-serine content are de

ganglion cells of the retina. J. Neurochem. [Epub ahead of print].

Dunlop DS, Neidle A (1997). The origin and turnover of D-serine in brain.

Biochem. Biophys. Res. Commun. 235; 26-30.

• Dunlop DS, Neidle A (2005). Regulation of serine racemase activity by amino

acids. Brain Res. Mol. Brain Res. 133; 208-214.

Dunlop DS, Neidle A, Mchale D, Dunlop DM, Lajtha A (1986)

free D-aspartate acid in rodents and man. Biochem. Biophys. Res. Commun. 141;

27-32.

• Fellin T, Pascual O, Gobbo S, Pozzan T, Haydon PG, Carmignoto G (2004).

Neuronal synchrony mediated by astrocytic

extrasynaptic NMDA receptors. Neuron 43; 729-743. Erratum in: Neuron (2005)

45; 177.

70

Page 84: FOSFORILAÇÃO DA ENZIMA SERINA RACEMASE POR …livros01.livrosgratis.com.br/cp090442.pdf · Prof. João Ricardo Lacerda de Menezes (PCM - UFRJ) _____ Prof. Ricardo Augusto de Melo

• Fellin T, Pascual O, Haydon PG (2006). Astrocytes coordinate synaptic networks:

balanced excitation and inhibition. Physiology 21; 208-215.

Fisher G, Lorenzo N, Abe H, Fujita E, Frey WH, Emory C, Di Fiore MM, D'

Aniello A

(1998). Free D- and L-amino acids in ventricular cerebrospinal fluid from

• in E, Shleper M, Li P,

• a T, Mustafa AK, Balkissoon R, Xia J, Yamada T, Ozeki

f protein kinase Calpha and the neuronal glutamate

Alzheimer and normal subjects. Amino Acids 15; 263-269.

Foltyn VN, Bendikov I, De Miranda J, Panizzutti R, Dum

Toney MD, Kartvelishvily E, Wolosker H (2005). Serine racemase modulates

intracellular D-serine levels through an alpha,beta-elimination activity. J. Biol.

Chem. 280; 1754-1763.

• Fuchs SA, Dorland L, de Sain-van der Velden MG, Hendriks M, Klomp LW,

Berger R, de Koning TJ (2006). D-serine in the developing human central nervous

system. Ann. Neurol. 60; 476-480.

Fujii K, Maeda K, Hikid

Y, Kawahara R, Okawa M, Huganir RL, Ujike H, Snyder SH, Sawa A (2006).

Serine racemase binds to PICK1: potential relevance to schizophrenia. Mol.

Psychiatry 11; 150-157.

• Goff DC, Coyle JT (2001). The emerging role of glutamate in the pathophysiology

and treatment of schizophrenia. Am. J. Psychiatry. 158; 1367-1377.

González MI, Bannerman PG, Robinson MB (2003). Phorbol myristate acetate-

dependent interaction o

transporter EAAC1. J. Neurosci. 23; 5589-5593.

71

Page 85: FOSFORILAÇÃO DA ENZIMA SERINA RACEMASE POR …livros01.livrosgratis.com.br/cp090442.pdf · Prof. João Ricardo Lacerda de Menezes (PCM - UFRJ) _____ Prof. Ricardo Augusto de Melo

• Guthrie PB, Knappenberger J, Segal M, Bennett MV, Charles AC, Kater SB (1999).

ATP released from astrocytes mediates glial calcium waves. J. Neurosci. 19; 520-

528.

• Halassa MM, Fellin T, Haydon PG (2007). The tripartite synapse: roles for

gliotransmission in health and disease. Trends Mol. Med. 13; 54-63.

Hanle• y JG, Henley JM (2006). Picking out the details of cerebellar LTD. Neuron

• functions as a

• akekoshi S, Nagata H, Osamura RY, Suzuki T (2006). Sevoflurane

ultured Neuron. Acta Histochem.

• wa T, Oka T, Takahashi K, Hayashi T (1992b).

N-tert.-

49; 778-780.

Hansel DE, Eipper BA, Ronnett GV (2001). Neuropeptide Y

neuroproliferative factor. Nature 410; 940-944.

Hasegawa J, T

Stimulates MAP Kinase Signal transduction through the Activation of PKC alpha

and betaII in Fetal Rat Cerebral Cortex C

Cytochem. 39; 163-172.

Hashimoto A, Nishikawa T, Hayashi T, Fujii N, Harada K, Oka T, Takahashi K

(1992a). The presence of free D-serine in rat brain. FEBS Lett. 296; 33-36.

Hashimoto A, Nishika

Determination of free amino acid enantiomers in rat brain and serum by high-

performance liquid chromatography after derivatization with

butyloxycarbonyl-L-cysteine and o-phthaldialdehyde. J. Chromatogr. 582; 41-48.

Hashimoto A, Nishikawa T, Oka T, Takahashi K (1993). Endogenous D-serine in

rat brain: N-methyl-D-aspartate receptor-related distribution and aging. J.

Neurochem. 60; 783-786.

72

Page 86: FOSFORILAÇÃO DA ENZIMA SERINA RACEMASE POR …livros01.livrosgratis.com.br/cp090442.pdf · Prof. João Ricardo Lacerda de Menezes (PCM - UFRJ) _____ Prof. Ricardo Augusto de Melo

• Hashimoto A, Oka T, Nishikawa T (1995). Extracellular concentration of

endogenous free D-serine in the rat brain as revealed by in vivo microdialysis.

Neuroscience 66; 635-643.

g. Neuropsychopharmacol. Biol. Psychiatry 29; 767-

levels of D-serine in patients with schizophrenia: evidence in support of the

tors. Glia 53; 660-668.

iol. Psychiatry (Epub ahead of print).

• Holub O, Ferreira ST (2006). Quantitative analysis of microscopic images.

Computer Phys. Commun. 175; 620-623.

• Hashimoto K, Engberg G, Shimizu E, Nordin C, Lindström LH, Iyo M (2005).

Reduced D-serine to total serine ratio in the cerebrospinal fluid of drug naïve

schizophrenic patients. Pro

769.

Hashimoto K, Fukushima T, Shimizu E, Komatsu N, Watanabe H, Shinoda N,

Nakazato M, Kumakiri C, Okada S, Hasegawa H, Imai K, Iyo M (2003). Decreased

serum

N-methyl-D-aspartate receptor hypofunction hypothesis of schizophrenia. Arch.

Gen. Psychiatry 60; 572-576.

Hayashi Y, Ishibashi H, Hashimoto K, Nakanishi H (2006). Potentiation of the

NMDA receptor-mediated responses through the activation of the glycine site by

microglia secreting soluble fac

• Helboe L, Egebjerg J, Moller M, Thomsen C (2003). Distribution and

pharmacology of alanine-serine-cysteine transporter 1 (asc-1) in rodent rain. Eur. J.

Neurosci. 18; 2227-2238.

• Hikida T, Mustafa AK, Maeda K, Fujii K, Barrow RK, Saleh M, Huganir RL,

Snyder SH, Hashimoto K, Sawa A (2008). Modulation of d-Serine Levels in Brains

of Mice Lacking PICK1. B

73

Page 87: FOSFORILAÇÃO DA ENZIMA SERINA RACEMASE POR …livros01.livrosgratis.com.br/cp090442.pdf · Prof. João Ricardo Lacerda de Menezes (PCM - UFRJ) _____ Prof. Ricardo Augusto de Melo

• Hong CJ, Liao DL, Shih HL, Tsai SJ (2004). Association study of PICK1 rs3952

polymorphism and schizophrenia. Neuroreport 15; 1965-1967.

Horner TJ, Osawa S, Schaller MD, Weiss ER (2005). Phosphory• lation of GRK1

neonatal rat cortical

ase and its proenzyme in mammalian tissues. II.

• inase C binding partners. Bioessays 22; 245-

• urpin F, Mothet JP, Billard JM (2006). Age-related effects

1 hippocampal area of the rat. J. Neurochem. 98; 1159-1166.

of glutamate transporter. Requirement

of a carboxyl-terminal domain and partial dependence on serine 486. J. Biol. Chem.

277; 45741-45750.

and GRK7 by cAMP-dependent protein kinase attenuates their enzymatic activities.

J. Biol. Chem. 280; 28241–28250.

• Hu R, Cai WQ, Wu XG, Yang Z (2007). Astrocyte-derived estrogen enhances

synapse formation and synaptic transmission between cultured

neurons. Neurosci. 144; 1229-1240.

Inoue M, Kishimoto A, Takai Y, Nishizuka Y (1977). Studies on a cyclic

nucleotide-independent protein kin

Proenzyme and its activation by calcium-dependent protease from rat brain. J. Biol.

Chem. 252; 7610-7616.

Jaken S, Parker PJ (2000). Protein k

254.

Johnson JW, Ascher P (1987). Glycine potentiates the NMDA response in cultured

mouse brain neurons. Nature 325; 529-531.

Junjaud G, Rouaud E, T

of the neuromodulator D-serine on neurotransmission and synaptic potentiation in

the CA

• Kalandadze A, Wu Y, Robinson MB (2002). Protein kinase C activation decreases

cell surface expression of the GLT-1 subtype

74

Page 88: FOSFORILAÇÃO DA ENZIMA SERINA RACEMASE POR …livros01.livrosgratis.com.br/cp090442.pdf · Prof. João Ricardo Lacerda de Menezes (PCM - UFRJ) _____ Prof. Ricardo Augusto de Melo

• Kartvelishvily E, Shleper M, Balan L, Dumin E, Wolosker H (2006). Neuron-

derived D-serine release provides a novel means to active N-methyl-D-aspartate

receptors. J. Biol. Chem. 281; 14151-14162.

• Katsuki H, Yoshida T, Tanegashima C, Tanaka S (1971). Improved direct method

for determination of keto acids by 2,4-dinitrophenylhydrazine. Anal. Biochem. 43;

349-356.

Kim E, Sheng M (2• 004). PDZ domain proteins of synapses. Nat. Rev. Neurosci. 5;

cemase: activation

• A, Nishiyama K, Nakanishi H, Uratsuji Y, Nomura H, Takeyama Y,

nase C and adenosine 3':5'-monophosphate-dependent protein kinase. J.

• LTP from

771-781.

Kim PM, Aizawa H, Kim PS, Huang AS, Wickramasinghe SR, Kashani AH,

Barrow RK, Huganir RL, Ghosh A, Snyder SH (2005). Serine ra

by glutamate neurotransmission via glutamate receptor interacting protein and

mediation of neuronal migration. Proc. Natl. Acad. Sci. 102; 2105-2110.

Kishimoto

Nishizuka Y (1985). Studies on the phosphorylation of myelin basic protein by

protein ki

Biol. Chem. 260; 12492-12499.

Kleckner NW, Dingledine R (1988). Requirement for glycine in activation of

NMDA-receptors expressed in Xenopus oocytes. Science 241; 835-837.

Kleschevnikov AM, Routtenberg A (2001). PKC activation rescues

NMDA receptor blockade. Hippocampus 11; 168-175.

Kraft AS, Anderson WB (1983). Phorbol esters increase the amount of Ca2+,

phospholipid-dependent protein kinase associated with plasma membrane. Nature

301; 621-623.

75

Page 89: FOSFORILAÇÃO DA ENZIMA SERINA RACEMASE POR …livros01.livrosgratis.com.br/cp090442.pdf · Prof. João Ricardo Lacerda de Menezes (PCM - UFRJ) _____ Prof. Ricardo Augusto de Melo

• Krzan M, Stenovec M, Kreft M, Pangrsic T, Grilc S, Haydon PG, Zorec R (2003).

Calcium-dependent exocytosis of atrial natriuretic peptide from astrocytes. J.

• amination of amino-acids.

(2001). Protein kinase C modulates NMDA receptor trafficking and

in rat brain in situ on ion homeostasis, synaptic

• 4). Regional differences in glial-derived factors that

• acts with ABP/GRIP to regulate AMPA receptor

y acids: implications for the pathophysiology and treatment of recurrent

Neurosci. 23; 1580-1583.

Krebs HA (1935). Metabolism of amino-acids: De

Biochem. J. 29; 1620-1644.

Lan JY, Skeberdis VA, Jover T, Grooms SY, Lin Y, Araneda RC, Zheng X, Bennett

MV, Zukin RS

gating. Nat. Neurosci. 4; 382-390.

Largo C, Cuevas P, Somjen GG, Martín del Río R, Herreras O (1996). The effect of

depressing glial function

transmission, and neuron survival. J. Neurosci. 16; 1219-1229.

Le Roux PD, Reh TA (199

promote dendritic outgrowth from mouse cortical neurons in vitro. J. Neurosci. 14;

4639-4655.

Lu W, Ziff EB (2005). PICK1 inter

trafficking. Neuron 47; 407-421.

Mackay HJ, Twelves CJ (2007). Targeting the protein kinase C family: are we there

yet? Nat. Rev. Cancer 7; 554-562.

• McNamara RK, Ostrander M, Abplanalp W, Richtand NM, Benoit SC, Clegg DJ

(2006). Modulation of phosphoinositide-protein kinase C signal transduction by

omega-3 fatt

neuropsychiatric illness. Prostaglandins Leukot. Essent. Fatty Acids. 75; 237-257.

76

Page 90: FOSFORILAÇÃO DA ENZIMA SERINA RACEMASE POR …livros01.livrosgratis.com.br/cp090442.pdf · Prof. João Ricardo Lacerda de Menezes (PCM - UFRJ) _____ Prof. Ricardo Augusto de Melo

• Maher P (2001). How protein kinase C activation protects nerve cells from

oxidative stress-induced cell death. J. Neurosci. 21; 2929-2938.

• a

lization in the

s

s. 23; 596-600.

• ic

osmolyte release from cultured rat astrocytes via multiple Ca2+-sensitive

mechanisms. Am. J. Physiol. Cell Physiol. 288; 204-213.

• Matsui T, Sekiguchi M, Hashimoto A, Tomita U, Nishikawa T, Wada KJ (1995).

Functional comparison of D-serine and glycine in rodents: the effect on cloned

NMDA receptors and the extracellular concentration. J. Neurochem. 65; 454-458.

Matsuo H, Kanai Y, Tokunaga M, Nakata T, Chairoungdua A, Ishimine H, Tsukad

S, Ooigawa H, Nawashiro H, Kobayashi Y, Fukuda J, Endou H (2004). High

affinity D- and L-serine transporter Asc-1: cloning and dendritic loca

rat cerebral and cerebellar cortices. Neurosci. Lett. 358; 123-126.

Matsushima H, Shimohama S, Chachin M, Taniguchi T, Kimura J (1996). Ca2+-

dependent and Ca2+-independent protein kinase C changes in the brain of patient

with Alzheimer's disease. J. Neurochem. 67; 317-323.

Mochly-Rosen D, Smith BL, Chen CH, Disatnik MH, Ron D (1995). Interaction of

protein kinase C with RACK1, a receptor for activated C-kinase: a role in beta

protein kinase C mediated signal transduction. Biochem. Soc. Tran

• Mohn AR, Gainetdinov RR, Caron MG, Koller BH (1999). Mice with reduced

NMDA receptor expression display behaviors related to schizophrenia. Cell 98;

427-436.

• Moises HW, Zoega T, Gottesman II (2002). The glial growth factors deficiency and

synaptic destabilization hypothesis of schizophrenia. BMC Psychiatry 3; 2-8.

Mongin AA, Kimelberg HK (2005). ATP regulates anion channel-mediated organ

77

Page 91: FOSFORILAÇÃO DA ENZIMA SERINA RACEMASE POR …livros01.livrosgratis.com.br/cp090442.pdf · Prof. João Ricardo Lacerda de Menezes (PCM - UFRJ) _____ Prof. Ricardo Augusto de Melo

• Mothet JP, Parent AT, Wolosker H, Brady RO Jr, Linden DJ, Ferris CD, Rogawski

MA, Snyder SH (2000). D-serine is an endogenous ligand for the glycine site of the

N-methyl-D-aspartate receptor. Proc. Natl. Acad. Sci. 97; 4926-4931.

otein-

• A, Dutar P, Videau C,

nyder SH (2007). Nitric oxide S-nitrosylates serine racemase, mediating

• The protein kinase C family and lipid mediators for

• Mothet JP, Pollegioni L, Ouanounou G, Martineau M, Fossier P, Baux G (2005).

Glutamate receptor activation triggers a calcium-dependent and SNARE pr

dependent release of the gliotransmitter D-serine. Proc. Natl. Acad. Sci. 102; 5606-

5611.

Mothet JP, Rouaud E, Sinet PM, Potier B, Jouvenceau

Epelbaum J, Billard JM (2006). A critical role for the glial-derived neuromodulator

D-serine in the age-related deficits of cellular mechanisms of learning and memory.

Aging Cell 5; 267-274.

• Mustafa AK, Kim PM, Snyder SH (2004). D-Serine as a putative glial

neurotransmitter. Neuron Glia Biol. 1; 275-281.

Mustafa AK, Kumar M, Selvakumar B, Ho GP, Ehmsen JT, Barrow RK, Amzel

LM, S

feedback inhibition of D-serine formation. Proc. Natl. Acad. Sci. 104; 2950-2955.

Nagao M, Kato S, Oda M, Hirai S (1998). Decrease of protein kinase C in the spinal

motor neurons of amyotrophic lateral sclerosis. Acta Neuropathol. 96; 52-56.

Nishizuka Y (2001).

transmembrane signaling and cell regulation. Alcohol Clin. Exp. Res. 25; 3S-7S: (5

Suppl. ISBRA).

78

Page 92: FOSFORILAÇÃO DA ENZIMA SERINA RACEMASE POR …livros01.livrosgratis.com.br/cp090442.pdf · Prof. João Ricardo Lacerda de Menezes (PCM - UFRJ) _____ Prof. Ricardo Augusto de Melo

• Panatier A, Theodosis DT, Mothet JP, Touquet B, Pollegioni L, Poulain DA, Oliet

SH (2006). Glia-derived D-serine controls NMDA receptor activity and synaptic

memory. Cell 125; 775-784.

• Panizzutti R, De Miranda J, Ribeiro CS, Engelender S, Wolosker H (2001). A new

strategy to decrease N-methyl-D-aspartate (NMDA) receptor coactivation:

• ler W, Parker PJ (2000). Multiple pathways control protein kinase

• iu F, Jeftinija K, Jeftinija S, Haydon PG (1994).

• a S, Osten P, Ziff EB (2001). PICK1 targets

e levels of the AMPA-type glutamate

ase of local

inhibition of D-serine synthesis by converting serine racemase into an eliminase.

Proc. Natl. Acad. Sci. 98; 5294-5299.

Parekh DB, Zieg

C phosphorylation. EMBO J. 19; 496-503.

Parker PJ, Murray-Rust J (2004). PKC at a glance. J. Cell Sci. 117; 131-132.

Parpura V, Basarsky TA, L

Glutamate-mediated astrocyte-neuron signalling. Nature 369; 744-747.

Perea G, Araque A (2002). Communication between astrocytes and neurons: a

complex language. J. Physiol. Paris 96; 199-207.

Perez JL, Khatri L, Chang C, Srivastav

activated protein kinase Calpha to AMPA receptor clusters in spines of

hippocampal neurons and reduces surfac

receptor subunit 2. J. Neurosci. 21; 5417-5428.

• Plewczynski D, Jaroszewski L, Godzik A, Kloczkowski A, Rychlewski L (2005).

Molecular modeling of phosphorylation sites in proteins using a datab

structure segments. J. Mol. Model. 11; 431-438.

79

Page 93: FOSFORILAÇÃO DA ENZIMA SERINA RACEMASE POR …livros01.livrosgratis.com.br/cp090442.pdf · Prof. João Ricardo Lacerda de Menezes (PCM - UFRJ) _____ Prof. Ricardo Augusto de Melo

• Puyal J, Martineau M, Mothet JP, Nicolas MT, Raymond J (2006). Changes in D-

serine levels and localization during postnatal development of the rat vestibular

nuclei. J. Comp. Neurol. 497; 610-621.

Raff MC, Barres BA, Burne JF, Coles HS, • Ishizaki Y, Jacobson MD (1993).

• n. Experientia 46; 882-891.

• dson G (2000). The molecular basis of

• U, Habermeier A, Closs EI (2007). Activation of

.

• ce JM, Rosahl TW, Patel

Programmed cell death and the control of cell survival: lessons from the nervous

system. Science 262; 695-700.

Rakic P (1990). Principles of neural cell migratio

• Ribeiro CS, Reis M, Panizzutti R, de Miranda J, Wolosker H (2002). Glial transport

of the neuromodulator D-serine. Brain Res. 929; 202-209.

Roper DI, Huyton T, Vagin A, Do

vancomycin resistance in clinically relevant enterococci: crystal structure of D-

alanyl-Dserinelactate ligase (VanA). Proc. Natl. Acad. Sci. 97; 8921-8925.

Rotmann A, Simon A, Martiné

classical protein kinase C decreases transport via systems y+ and y+L. Am. J

Physiol. Cell Physiol. 292; 2259-2268.

Rutter AR, Fradley RL, Garrett EM, Chapman KL, Lawren

S (2007). Evidence from gene knockout studies implicates Asc-1 as the primary

transporter mediating d-serine reuptake in the mouse CNS. Eur. J. Neurosci. 25;

1757-1766.

• Sasabe J, Chiba T, Yamada M, Okamoto K, Nishimoto I, Matsuoka M, Aiso S

(2007). D-serine is a key determinant of glutamate toxicity in amyotrophic lateral

sclerosis. EMBO J. 26; 4149-4159.

80

Page 94: FOSFORILAÇÃO DA ENZIMA SERINA RACEMASE POR …livros01.livrosgratis.com.br/cp090442.pdf · Prof. João Ricardo Lacerda de Menezes (PCM - UFRJ) _____ Prof. Ricardo Augusto de Melo

• Schechtman D, Mochly-Rosen D (2001). Adaptor proteins in protein kinase C-

mediated signal transduction. Oncogene 20; 6339-6347.

Schell MJ, Brady Jr RO, Molliver ME, Snyder SH (1997). D-serine as a

neuromodula

tor: regional and developmental localizations in rat brain glia resemble

s and glutamate-stimulated release. Proc. Natl.

• -serine is the dominant

• nsmitters and their neuropsychiatric

25; 553-560.

rotein kinase C isolated by the yeast

• tic scaling mediated by glial TNF-alpha.

Nature 440; 1054-1059.

NMDA receptors. J. Neurosci. 17; 1604-1615.

Schell MJ, Molliver ME, Snyder SH (1995). D-serine an endogenous synaptic

modulator: localization to astrocyte

Acad. Sci. 92; 3948-3952.

Shleper M, Kartvelishvily E, Wolosker H (2005). D

endogenous coagonist for NMDA receptor neurotoxicity in organotypic

hippocampal slices. J. Neurosci. 25; 9413-9417.

Snyder SH, Ferris CD (2000). Novel neurotra

relevance. Am. J. Psychiatry 157; 1738-1751.

Snyder SH, Kim PM (2000). D-amino acids as putative neurotransmitters: Focus on

D-serine. Neurochem. Res.

• Staudinger J, Lu J, Olson EN (1997). Specific interaction of the PDZ domain

protein PICK1 with the COOH terminus of protein kinase C-α. J. Biol. Chem. 272;

32019-32024.

• Staudinger J, Zhou J, Burgess R, Elledge SJ, Olson EN (1995). PICK1: a

perinuclear binding protein and substrate for p

two-hybrid system. J. Cell Biol. 128; 263-271.

Stellwagen D, Malenka RC (2006). Synap

81

Page 95: FOSFORILAÇÃO DA ENZIMA SERINA RACEMASE POR …livros01.livrosgratis.com.br/cp090442.pdf · Prof. João Ricardo Lacerda de Menezes (PCM - UFRJ) _____ Prof. Ricardo Augusto de Melo

• Stevens B, Allen NJ, Vazquez LE, Howell GR, Christopherson KS, Nouri N,

Micheva KD, Mehalow AK, Huberman AD, Stafford B, Sher A, Litke AM,

Lambris JD, Smith SJ, John SW, Barres BA (2007). The classical complement

esent in the vertebrate retina and

.

malian tissues. I.

ossible messenger for the activation of calcium-activated,

cascade mediates CNS synapse elimination. Cell 131; 1164-1178.

Stevens ER, Esguerra M, Kim PM, Newman EA, Snyder SH, Zahs KR, Miller RF

(2003). D-serine and serine racemase are pr

contribute to the physiological activation of NMDA receptors. Proc. Natl. Acad

Sci. 100; 6789-6794.

• Takahashi K, Hayashi F, Nishikawa T (1997). In vivo evidence for the link between

L- and D-serine metabolism in rat cerebral cortex. J. Neurochem. 69; 1286-1290.

Takai Y, Kishimoto A, Inoue M, Nishizuka Y (1977b). Studies on a cyclic

nucleotide-independent protein kinase and its proenzyme in mam

Purification and characterization of an active enzyme from bovine cerebellum. J.

Biol. Chem. 252; 7603-7609.

Takai Y, Kishimoto A, Kikkawa U, Mori T, Nishizuka Y (1979). Unsaturated

diacylglycerol as a p

phospholipid-dependent protein kinase system. Biochem. Biophys. Res. Commun.

91; 1218-1224.

• Takai Y, Yamamoto M, Inoue M, Kishimoto A, Nishizuka Y (1977a). A proenzyme

of cyclic nucleotide-independent protein kinase and its activation by calcium-

dependent neutral protease from rat liver. Biochem. Biophys. Res. Commun. 77;

542-550.

82

Page 96: FOSFORILAÇÃO DA ENZIMA SERINA RACEMASE POR …livros01.livrosgratis.com.br/cp090442.pdf · Prof. João Ricardo Lacerda de Menezes (PCM - UFRJ) _____ Prof. Ricardo Augusto de Melo

• Takeshima T, Shimoda K, Sauve Y, Commissiong JW (1994). Astrocyte-dependent

and -independent phases of the development and survival of rat embryonic day 14

mesencephalic, dopaminergic neurons in culture. Neuroscience 60; 809-823.

Tanaka C, Nishi• zuka Y (1994). The protein kinase C family for neuronal signaling.

rs and the synaptic PDZ domain-containing protein PICK1. Neuron 30;

. Prog. Neuropsychopharmacol. Biol. Psychiatry

• , Friedman E (1996). Enhanced protein kinase C activity and translocation

• (1994). Attenuated protein kinase C activity and

n generation of long-term potentiation in rat hippocampal slices. Eur.

J. Pharmacol. 223; 179-184.

Annu Rev Neurosci. 17; 551-567.

Torres GE, Yao WD, Mohn AR, Quan H, Kim KM, Levey AI, Staudinger J, Caron

MG (2001). Functional interaction between monoamine plasma membrane

transporte

121-134.

Tsacopoulos M, Magistretti PJ (1996). Metabolic coupling between glia and

neurons. J. Neurosci. 16; 877-885.

• Van Der Zee EA, Douma BRK (1997). Historical review of research on protein

kinase C in learning and memory

21; 379-406.

Virchow R (1846). Über das granulierte ansehen der wandungen der

gehirnventrikel. Allg. Z. Psychiatrie Psychol. Med. 3; 242-250.

Wang HY

in bipolar affective disorder brains. Biol. Psychiatry 40; 568-575.

Wang HY, Pisano MR, Friedman E

translocation in Alzheimer's disease brain. Neurobiol. Aging 15; 293-298.

Watanabe Y, Saito H, Abe K (1992). Effects of glycine and structurally related

amino acids o

83

Page 97: FOSFORILAÇÃO DA ENZIMA SERINA RACEMASE POR …livros01.livrosgratis.com.br/cp090442.pdf · Prof. João Ricardo Lacerda de Menezes (PCM - UFRJ) _____ Prof. Ricardo Augusto de Melo

• Weinreb O, Bar-Am O, Amit T, Chillag-Talmor O, Youdim MB (2005).

Neuroprotection via pro-survival protein kinase C isoforms associated with Bcl-2

• w DV (2006).

53; 401-

• 99b). Serine racemase: a glial enzyme

D-serine as a new glial-derived transmitter. Neurochem. Int. 41; 327-332.

1999a). Purification of serine racemase: biosynthesis of the neuromodulator D-

• ine racemase by inflammatory stimuli is

family members. FASEB J. 18; 1471-1473.

Williams SM, Diaz CM, Macnab LT, Sullivan RK, Po

Immunocytochemical analysis of D-serine distribution in the mammalian brain

reveals novel anatomical compartmentalizations in glia and neurons. Glia

411.

Wolosker H (2006). D-serine regulation of NMDA receptor activity. Sci. STKE 356;

41.

• Wolosker H (2007). NMDA receptor regulation by D-serine: new findings and

perspectives. Mol. Neurobiol. 36; 152-164.

Wolosker H, Blackshaw S, Snyder SH (19

synthesizing D-serine to regulate glutamate-N-methyl-D-Aspartate

neurotransmission. Proc. Natl. Acad. Sci. 96; 13409-13414.

Wolosker H, Panizzutti R, De Miranda J (2002). Neurobiology through the looking-

glass:

• Wolosker H, Sheth KN, Takahashi M, Mothet JP, Brady RO Jr, Ferris CD, Snyder

SH (

serine. Proc. Natl. Acad. Sci. 96; 721-725.

Wu S, Barger SW (2004c). Induction of ser

dependent on AP-1. Ann. N. Y. Acad. Sci. 1035; 133-146.

Wu S, Barger SW, Sims TJ (2004b). Schwann cell and epineural fibroblast

expression of serine racemase. Brain Res. 1020; 161-166.

84

Page 98: FOSFORILAÇÃO DA ENZIMA SERINA RACEMASE POR …livros01.livrosgratis.com.br/cp090442.pdf · Prof. João Ricardo Lacerda de Menezes (PCM - UFRJ) _____ Prof. Ricardo Augusto de Melo

• Wu S, Basile AS, Barger SW (2007). Induction of serine racemase expression and

D-serine release from microglia by secreted amyloid precursor protein (sAPP).

microglia by

• ells exhibit excitotoxicity

• ring of AMPA receptors

tion and localization of a human serine racemase.

• u C, Poo M, Duan S (2003).

Curr. Alzheimer Res. 4; 243-251.

Wu SZ, Bodles AM, Porter MM, Griffin WS, Basile AS, Barger SW (2004a).

Induction of serine racemase expression and D-serine release from

amyloid beta-peptide. J. Neuroinflammation 1; 2.

Wu SZ, Jiang S, Sims TJ, Barger SW (2005). Schwann c

consistent with release of NMDA receptor agonists. J. Neurosci. Res. 79; 638-643.

Xia J, Zhang X, Staudinger J, Huganir RL (1999). Cluste

by the synaptic PDZ domain-containing protein PICK1. Neuron 22; 179-187.

Xia M, Liu Y, Figueroa DJ, Chiu CS, Wei N, Lawlor AM, Lu P, Sur C, Koblan KS,

Connolly TM (2004). Characteriza

Brain Res. Mol. Brain Res. 125; 96-104.

Xu J, Xia J (2006). Structure and function of PICK1. Neurosignals 15; 190-201.

Yang Y, Ge W, Chen Y, Zhang Z, Shen W, W

Contribution of astrocytes to hippocampal long-term potentiation through release of

D-serine. Proc. Natl. Acad. Sci. 100; 15194-15199.

• Yao Y, Mayer ML (2006). Characterization of a soluble ligand binding domain of

the NMDA receptor regulatory subunit NR3A. J. Neurosci. 26; 4559-4566.

• Yasuda E, Ma N, Semba R (2001). Immunohistochemical evidences for localization

and production of D-serine in some neurons in the rat brain. Neurosci. Lett. 299;

162-164.

85

Page 99: FOSFORILAÇÃO DA ENZIMA SERINA RACEMASE POR …livros01.livrosgratis.com.br/cp090442.pdf · Prof. João Ricardo Lacerda de Menezes (PCM - UFRJ) _____ Prof. Ricardo Augusto de Melo

• Yoshikawa M, Nakajima K, Takayasu N, Noda S, Sato Y, Kawaguchi M, Oka T,

Kobayashi H, Hashimoto A (2006). Expression of the mRNA and protein of serine

racemase in primary cultures of rat neurons. Eur. J. Pharmacol. 548; 74-76.

inantly

• Yoshikawa M, Takayasu N, Hashimoto A, Sato Y, Tamaki R, Tsukamoto H,

Kobayashi H, Noda S (2007). The serine racemase mRNA is predom

expressed in rat brain neurons. Arch. Histol. Cytol. 70; 127-134.

Zilles KJ (1944). The cortex of the rat. Springer-Verlag Berlin Heidelberg; 1-121.

86

Page 100: FOSFORILAÇÃO DA ENZIMA SERINA RACEMASE POR …livros01.livrosgratis.com.br/cp090442.pdf · Prof. João Ricardo Lacerda de Menezes (PCM - UFRJ) _____ Prof. Ricardo Augusto de Melo

Anexo

Aumento da atividade da D-aminoácido oxidase (DAAO) cerebral na esquizofrenia.

Uma das linhas de pesquisa do nosso grupo visa estudar parâmetros relacionados ao

metabolismo de D-serina. Neste sentido, temos desenvolvido trabalhos no intuito de

elucidar fatores e condições que possam interferir com a atividade tanto da enzima que

sintetiza D-serina, a serina racemase, quanto da enzima que degrada D-serina, a D-

aminoácido oxidase.

Durante o mestrado, além de estudar mecanismos moleculares envolvidos com a

regulação da atividade serina racemase, tive a oportunidade de ajudar o grupo em outras

frentes. Um dos projetos que participei era desenvolvido pela aluna Caroline Madeira e

tinha como objetivo avaliar se a atividade da D-aminoácido oxidade estaria alterada na

esquizofrenia.

Nós demonstramos um aumento na atividade de degradação de D-aminoácidos no

córtex cerebral de pacientes esquizofrênicos. O aumento da atividade pode ser responsável

pela diminuição de D-serina extracelular local, contribuindo para a hipofunção de

receptores NMDA que ocorre na esquizofrenia. Este é o primeiro estudo que avalia

diretamente a atividade da D-aminoácido oxidase no tecido de cérebro postmortem de

pacientes esquizofrênicos.

Este trabalho foi aceito recentemente para publicação na revista Schizophrenia Research.

Page 101: FOSFORILAÇÃO DA ENZIMA SERINA RACEMASE POR …livros01.livrosgratis.com.br/cp090442.pdf · Prof. João Ricardo Lacerda de Menezes (PCM - UFRJ) _____ Prof. Ricardo Augusto de Melo

Livros Grátis( http://www.livrosgratis.com.br )

Milhares de Livros para Download: Baixar livros de AdministraçãoBaixar livros de AgronomiaBaixar livros de ArquiteturaBaixar livros de ArtesBaixar livros de AstronomiaBaixar livros de Biologia GeralBaixar livros de Ciência da ComputaçãoBaixar livros de Ciência da InformaçãoBaixar livros de Ciência PolíticaBaixar livros de Ciências da SaúdeBaixar livros de ComunicaçãoBaixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNEBaixar livros de Defesa civilBaixar livros de DireitoBaixar livros de Direitos humanosBaixar livros de EconomiaBaixar livros de Economia DomésticaBaixar livros de EducaçãoBaixar livros de Educação - TrânsitoBaixar livros de Educação FísicaBaixar livros de Engenharia AeroespacialBaixar livros de FarmáciaBaixar livros de FilosofiaBaixar livros de FísicaBaixar livros de GeociênciasBaixar livros de GeografiaBaixar livros de HistóriaBaixar livros de Línguas

Page 102: FOSFORILAÇÃO DA ENZIMA SERINA RACEMASE POR …livros01.livrosgratis.com.br/cp090442.pdf · Prof. João Ricardo Lacerda de Menezes (PCM - UFRJ) _____ Prof. Ricardo Augusto de Melo

Baixar livros de LiteraturaBaixar livros de Literatura de CordelBaixar livros de Literatura InfantilBaixar livros de MatemáticaBaixar livros de MedicinaBaixar livros de Medicina VeterináriaBaixar livros de Meio AmbienteBaixar livros de MeteorologiaBaixar Monografias e TCCBaixar livros MultidisciplinarBaixar livros de MúsicaBaixar livros de PsicologiaBaixar livros de QuímicaBaixar livros de Saúde ColetivaBaixar livros de Serviço SocialBaixar livros de SociologiaBaixar livros de TeologiaBaixar livros de TrabalhoBaixar livros de Turismo