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FORUM DE ÁGUAS DAS AMÉRICAS INFORME DA SUBREGIÃO AMÉRICA DO NORTE Preparado para o BANCO INTERAMERICANO DE DESENVOLVIMENTO Por César Herrera Toledo Consultor ARC para América do Norte NOVEMBRO 2008

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FORUM DE ÁGUAS DAS AMÉRICAS

INFORME DA SUBREGIÃO AMÉRICA DO NORTE

Preparado para o

BANCO INTERAMERICANO DE DESENVOLVIMENTO

Por

César Herrera Toledo

Consultor ARC para América do Norte

NOVEMBRO 2008

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ÍNDICE I. DOCUMENTO BASE

I.1 Características da sub-região

� Aspectos geográficos e socioeconômicos � Recursos Hídricos � Usos da Água � Trocas de Água na Sub-região � Fornecimento de água e serviços de saneamento � Características por país

MÉXICO ESTADOS UNIDOS CANADÁ

I. 2 Principais partes interessadas nas políticas e na gestão dos recursos hídricos

• Partes interessadas internacionais e sub-regionais • Partes interessadas locais

MÉXICO ESTADOS UNIDOS CANADÁ

II. DOCUMENTO DE ESTABELECIMENTO DE POLÍTICAS

II.1 Desafios da água da sub-região

• Aspectos da Água • A economia da sub-região frente à globalização • Fatores demográficos e urbanos

II.2 Os progressos alcançados na sub-região

• Gestão integrada dos recursos hídricos • Disponibilidade de água e as secas • Os impactos dos ciclones tropicais • Água e saneamento • Estudo de caso das bacias hidrográficas transfronteiriças

II.3 Medidas políticas e institucionais e opções para enfrentar os desafios da água na sub-

região

• Mudanças globais e controle de risco

• Em direção ao desenvolvimento humano e os ODM

• Gerenciando e protegendo os recursos hídricos e os sistemas de fornecimento para atender às necessidades humanas e ambientais.

• Governança e gestão

• Finanças

• Educação, conhecimento e desenvolvimento de habilidades

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I. DOCUMENTO BASE I.1 Características da sub-região Aspectos geográficos e socioeconômicos A sub-região da América do Norte compreende o Canadá, os Estados Unidos e o México. Está localizada ao norte do paralelo 14, que abrange regiões de clima tropical, temperado e áreas polares, se espalha sobre uma superfície de 21,6 milhões de km2 (8,3 milhões de mi2), que representam 53% da região das Américas e aproximadamente 15% da superfície do planeta. Os 349 milhões de habitantes perfazem 49% do total da população da região e geram 86% do PIB da região. A população da sub-região representa 5% da população mundial. A Tabela abaixo apresenta os principais dados geográficos e socioeconômicos da sub-região: Tabela 1.1 .- Principais dados geográficos e socioeconômicos

País

População total 2005 (000’s habitantes)

População rural 2005 (000’s)

População urbana 2005 (000’s)

Área total (000’s km2)

PIB - Produto Interno Bruto 2007 (000’s K USD)

PIB per capita (USD) 2007

Índice de desenvolvimento humano 2005 (Índice habitacional)

Canadá 32 271 6 415 25 856 9 985 1 432 38 382 0,961

EUA 299 847 57 611 242 236 9 632 13 844 45 490 0,951

México 105 790 24 502 81 288 1 964 893 8 442 0,829

Total da sub-região 437 908 88 528 349 380 21 581 16 169 36 923

Fonte: FAO Aquastat, PNUD, UNSD & FMI. O clima é tropical úmido na parte sul do México; seco e semi-árido principalmente na parte ocidental das Montanhas Rochosas nos Estados Unidos, nas partes norte e nordeste do México e uma pequena parte ao sul do Canadá e, por fim, subártico e de tundra na maior parte do território canadense. Oitenta por cento da população da sub-região é urbana. Aproximadamente 84 milhões de pessoas, representando um quinto da população urbana da sub-região vivem nas regiões metropolitanas (áreas conurbadas) de Nova Iorque, Cidade do México, Los Angeles, Chicago e Toronto. A taxa de crescimento da população foi inferior a 1% nos últimos 30 anos nos Estados Unidos e Canadá. No México, diminuiu drasticamente de 3,4% na década de 60 para 1,02% entre 2000 e 2005. A sub-região inclui três das maiores economias mundiais. Com base no PIB, os Estados Unidos estão posicionados em primeiro lugar, o Canadá em décimo e o México em décimo quinto. Eles têm os primeiro, segundo e quarto lugares respectivamente (o Brasil está na terceira posição) na região. Os três países da sub-região apresentam um elevado índice de desenvolvimento humano e estão entre os 10 mais altos da região. Mesmo assim, há diferenças econômicas notórias entre os dois países industrializados do norte e o México, considerado um país em desenvolvimento. No México, existe um elevado contraste socioeconômico entre as regiões central, norte e nordeste e região meridional do país, bem como uma grande concentração de atividade econômica em torno da área da Cidade do México. A concentração do PIB nacional na Cidade do México (Distrito Federal) é de 21,8%; portanto, o PIB per capita nessa área é de 22.366 USD, quase três vezes a média nacional.

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Recursos Hídricos Apesar de 86% do PIB das Américas serem gerados na sub-região, esta só responde por 26% dos seus recursos hídricos renováveis. A média anual de precipitação na sub-região é 637 milímetros (25,0787 polegadas) por ano e esses números escondem a existência de elevadas variações nas diferentes latitudes e longitudes, compreendendo as regiões áridas e semi-áridas no oeste dos Estados Unidos e no norte do México, com uma média de precipitação inferior a 300 milímetros (11,8110 polegadas) por ano; as florestas tropicais na área meridional, na região sudeste do México, onde a precipitação atinge mais de 2000 milímetros (78,7402 polegadas) por ano. O escoamento superficial e a recarga de aqüíferos na sub-região derivados de precipitações produzem 6.411 km

3/ano de disponibilidade de água renovável, que dividida entre os habitantes é equivalente a

um valor anual de 14.640 m3 (517006,72 ft³) per capita, quase o dobro da disponibilidade média

mundial. Em contraste, a disponibilidade hídrica renovável per capita no Canadá é quase nove vezes superior ao valor dos Estados Unidos e vinte vezes inferior ao do México. É importante deixar claro que a disponibilidade total de água renovável representada, em milímetros é muito semelhante nos três países; porém, devido às grandes diferenças de densidade populacional, começando com 3 habitantes no Canadá e chegando a até 54 habitantes por quilômetro quadrado no México, a disponibilidade per capita varia muito. Esses fatores são mostrados na tabela abaixo: Tabela 1.2 .- Recursos Hídricos

País Média de precipitação (mm/ano)

Disponibilidade total (km

3/ano)

Disponibilidade per capita (m

3/hab./ano)

Disponibilidade total expressa em mm

Densidade populacional (hab./km

2)

Canadá 537 2902 89 926 291 3

EUA 715 3051 10 175 317 31

México 760 458 4 312 233 54

Sub-região Total 637 6 411 14 640 297 20

Fonte: Environment Canada 2005, USGS 2000 & CONAGUA 2007 Os valores médios nos níveis da sub-região e do país ocultam as grandes diferenças internas em cada país. Nos Estados Unidos, existe um contraste particular na parte oriental do rio Mississipi com sua umidade, e suas extensas áreas áridas e semi-áridas na parte ocidental. No México, o contraste reside no norte e no nordeste, com predomínio árido e semi-árido e no sudeste tropical. No Canadá, 85% da população estão concentradas ao Sul, a menos de 300 km (186,41 mi) da fronteira com os Estados Unidos, enquanto 60% da água doce renovável escoa para o norte. Devido ao fato de que o México está localizado principalmente no trópico, sofre alta variabilidade climática entre a estação chuvosa no verão e a estação seca, donde 67% das precipitações ocorrem entre julho e setembro. Além dos recursos hídricos renováveis, em especial no Canadá e nos Estados Unidos, existem importantes reservatórios de água armazenada principalmente na região dos Grandes Lagos, os maiores do mundo, nos quais estão 22 500 km

3 de água, aproximadamente 20% da água doce do mundo. A

velocidade de renovação da água é tão lenta que a água no Lago Superior leva 191 anos para se renovar. A proteção da qualidade da água destes frágeis recursos hídricos é de grande importância para a sub-região, uma vez que será necessário muito tempo para reverter qualquer eventual poluição. A bacia dos Grandes Lagos é de grande relevância porque 30,7 milhões de americanos e 8,5 milhões de canadenses

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vivem lá, além de ser um centro comercial, industrial e de geração de energia hidrelétrica muito importante. As notáveis regiões litorâneas da sub-região têm 233.000 quilômetros (144.779 milhas). A proteção destes frágeis recursos costeiros é de grande relevância, pois estas áreas vão apresentar alta taxa de desenvolvimento populacional, principalmente nos Estados Unidos e no Caribe (Cancun e Quintana Roo). Existem várias bacias hidrográficas transfronteiriças na sub-região. O Canadá e os Estados Unidos partilham os Grandes Lagos. Ambos os países assinaram acordos para a preservação da qualidade da água. Os Estados Unidos e o México partilham as bacias hidrográficas Bravo e Colorado, bem como a do pequeno Rio Tijuana. Existe um acordo entre ambos os países para a distribuição de água destas bacias hidrográficas. Usos da água A retirada de água doce anual para uso em outros locais na sub-região é de 606 km3, o que representa apenas 9% de sua disponibilidade total. A retirada da água para uso em outros locais na região é de 76% do volume total de água retirada em toda a região das Américas. O principal uso de água em outros locais na região é para a agricultura (43%), seguido pelas termoelétricas (37%), em grande parte refere-se à utilização da água para resfriamento nas usinas centrais núcleo-elétricas, abastecimento público (13%) e, finalmente, para uso industrial (6%). É importante frisar que 84% da área irrigada nas Américas estão localizadas na sub-região, uma vez que os Estados Unidos têm a terceira maior quantidade de áreas irrigadas do mundo e o México tem a sexta. A área irrigada de ambos os países é de 27 milhões de hectares. (66.718.453 acres) Quadro 1.3 Água para uso em outros locais

País Retirada da água para uso agrícola (km3/ano)

Retirada de água para abastecimento público (km3/ano)

Retirada de água para uso industrial (km3/ano)

Retirada de água para uso termoelétrico (km3/ano)

Retirada total de água (km3/ano)

Canadá 4,8 5,7 7,8 32,1 50,3

Estados Unidos 19,7 64,8 28,3 187,0 476,8

México 6,6 11,2 3,1 4,1 79,0

Sub-região Total 26,1 81,6 39,2 223,2 606,1

Fonte: Environment Canada 2005, USGS 2000 & CONAGUA 2007 A informação anterior, em nível de sub-região, contrasta com o que ocorre no sudeste dos Estados Unidos e nordeste do México (áreas áridas e semi-áridas). Nesta área, a precipitação é inferior a 500 mm (19,68 polegadas) por ano e o setor agrícola usa mais de 80% das águas retiradas para uso em outros locais. A retirada de água para outros locais nesta área supera 50% da disponibilidade hídrica e, portanto, se considera que os recursos hídricos nesta região estão em situação crítica. A retirada maior do que a reposição nos aqüíferos é um grande problema na área. Os casos mais graves são no aqüífero Ogallala nos Estados Unidos, bem como em vários aqüíferos no norte do México. A retirada da água para uso em centrais hidrelétricas é de grande relevância para a sub-região, particularmente no Canadá, onde quase 60% da energia elétrica vêm dessa fonte. Nos Estados Unidos essa proporção é menor, contudo, a produção total de energia hidrelétrica se iguala à produção do Canadá, como mostra a tabela a seguir:

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Tabela 1.4 Produção de Energia Elétrica

País

Produção total de Energia elétrica (TWh / ano)

Hidroeletricidade (TWh / ano)

Porcentagem hidroelétrica do total de energia no país

Canadá 590 350 59%

Estados Unidos 4 065 289 7%

México 221 29 13%

Total 4 876 668 14%

Fonte: Environment Canada, o DOE, CFE. Os Estados Unidos, o Canadá e o México estão entre os 9 países que possuem a maior capacidade de armazenamento em represas do mundo, com 1 560 km3. Eles estão entre os países com maior número de grandes barragens grandes: 8. 000. Fornecimento de água e serviços de saneamento No Canadá e nos Estados Unidos o abastecimento de água e os serviços de saneamento básico são praticamente universais; no entanto, no México 87,1% dos habitantes têm acesso a abastecimento de água e 67,6% tem acesso à rede de esgotos. A situação da área rural mexicana é ainda pior, uma vez que apenas 66,6% da população têm acesso ao serviço de abastecimento de água e 19,4% à rede de esgotos. A proporção per capita ligada a uma rede de tratamento de águas residuais no Canadá e nos Estados Unidos é superior a 75%, enquanto no México não chega a 36%. Trocas de Água na Sub-região Os Estados Unidos troca água com o Canadá e o México. No caso do México, cerca de 2 km

3 por ano;

com o Canadá é de aproximadamente 0,5 km3 por ano em fluxos físicos de águas que ocorrem nas

bacias hidrográficas transfronteiriças. Por outro lado, a exportação anual de água nos Estados Unidos é de aproximadamente 229 km3 de água virtual contidos nos produtos agrícolas e industriais exportados, enquanto a quantidade importada é de 176 km3. O Canadá exporta 95 km3 as e importa 50 km3 de água virtual. O México exporta 21 km3 e importa 50 km3 anualmente. O comércio virtual de água ocorre do Canadá aos Estados Unidos, Japão e China e dos Estados Unidos para o Japão, México e China. Os Estados Unidos são o maior exportador de água virtual do mundo, seguidos pelo Canadá. Características por país MÉXICO Dois terços do país são áreas áridas e semi-áridas, localizadas em duas regiões principais: a central e o norte e nordeste, onde 87% do PIB e 31% da disponibilidade hídrica renovável são concentradas, e da região sudeste, onde 13% do PIB e 69% de escoamento estão concentrados. Além disso, devido ao fato de estar localizada perto do trópico, a maior parte das precipitações é concentrada no verão, entre julho e setembro, mas o tipo torrencial a torna de difícil aproveitamento. No México, 77% da água são utilizadas para agricultura, principalmente para quase 6 milhões de hectares, colocando o país em sexto lugar no mundo com a sua infra-estrutura de irrigação superficial.

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Aproximadamente 37% da água utilizada no país são provenientes de aqüíferos subterrâneos. Atualmente, 104 das 653 unidades hidrogeológicas espalhadas pelo país são super exploradas. Apenas 87,1% da população do país têm acesso ao serviço de abastecimento de água e 67,6% ao serviço de esgotos. No sudeste, a percentagem de habitantes com fornecimento de água é de 40,8%, enquanto apenas 38,7% têm acesso a saneamento básico. Tem havido um crescimento significativo da população durante as últimas décadas, no norte do país, especialmente perto da fronteira com os Estados Unidos, causando um aumento de pressão sobre os recursos desta região. Além disso, uma maior competição entre uso agrícola e abastecimento público tem sido causada devido ao crescimento das áreas urbanas. Assim, as principais cidades do país necessitarão da construção de aquedutos para levar água a partir de uma distância maior, aumentando significativamente os custos. Existe uma utilização diária de 289 litros (76,33 galões) per capita do serviço de abastecimento de água, uma quantidade menor comparada à quantidade utilizada no Canadá e nos Estados Unidos. Mesmo assim, uma grande parte dessa água (40%) é perdida em vazamentos nas redes de água. Apenas 36% das águas residuais municipais recolhidas recebem algum tipo de tratamento, portanto, um grande número de corpos de água está contaminado. Pelo menos um grande furacão (3-5 na escala Saffir-Simpson), alcança a região costeira a cada dois anos, afetando principalmente o sudeste. ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA Existem duas grandes áreas nos Estados Unidos, uma úmida, localizada a leste do rio Mississipi, com 1.120 milímetros (44,0945 polegadas) de precipitação anual, e outra, uma grande área árida e semi-árida a oeste. Nos estados da Califórnia, Arizona, Nevada, Utah, Colorado e Novo México, que estão a oeste das Montanhas Rochosas, a precipitação é de apenas 460 milímetros por ano. Quarenta e um por cento da água utilizada no país são para agricultura, 39% para resfriamento de usinas termoelétricas, 14% para o abastecimento público e os 6% restantes para fins industriais. Embora a taxa de crescimento populacional tenha aumentado em 13% de 1990 a 2000, a quantidade total de água doce utilizada no país para uso em outros locais se manteve inalterada, o que reflete uma utilização mais racional da água. Com referência à irrigação, em 1990, foi aplicada uma média de 0,81 m (2,66 ft) de lâmina de irrigação, enquanto que em 2000 foi de 0,76 m (2,49 ft). Há uma utilização média diária de 556 litros (146,85 galões) per capita de água nas cidades, um dos volumes mais elevados do mundo, o que significa que existe uma grande oportunidade para reduzir a demanda de água nas cidades. Nos Estados do Oeste, a proporção de água utilizada na agricultura chega a 83%. Há uma grande competência no uso da água para agricultura e no fornecimento urbano nesta região. Os problemas de poluição das águas, principalmente devido aos produtos químicos tóxicos, persistem em grande parte do país, impedindo o seu uso para banho e pesca. A qualidade da água ao longo do litoral, especialmente no Golfo do México e no nordeste está abaixo dos limites de qualidade estabelecidos pelas normas regulamentares. CANADÁ O Canadá tem uma elevada disponibilidade de água doce renovável per capita, especialmente porque é um país com uma grande extensão territorial e baixo nível populacional. O Canadá ocupa 7% da superfície mundial, que é habitada por somente 0,45% da população mundial. Neste país estão 7% da

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água doce mundial renovável (escoamento superficial e recarga da precipitação), colocando-o em quarto lugar atrás do Brasil, Rússia e os Estados Unidos. Vinte por cento do total dos recursos mundiais de água doce (não renovável por precipitação) estão localizados no Canadá, incluindo os Grandes Lagos, as geleiras e os pólos. O Canadá é o segundo maior produtor hidrelétrico do mundo (cerca de 350 TWh / ano), depois da China. Cerca de 60% da energia elétrica provém de centrais hidrelétricas. Também é o país com mais transferências entre bacias do mundo, como os 8 km3/ano de transferência de água entre as bacias do Lago Erie para o Lago Ontário, bem como as utilizadas no Lago Superior para compensar o nível, devido às retiradas para o abastecimento de água em Chicago . O país tem represas com a maior capacidade de armazenamento do mundo (cerca de 857 km

3). Um

exemplo é a represa é Daniel Johnson (capacidade de 142 km3), em Quebec, cuja capacidade é igual à de

todas as barragens no México. A média de consumo per capita é 763 litros (201,52 galões) de água, um dos mais altos do mundo, e por tanto, da mesma forma que os Estados Unidos, existe uma grande oportunidade para que se faça um uso doméstico racional. Apesar da qualidade da água no Canadá ser em geral muito boa, existem alguns problemas derivados da pressão de atividades humanas, principalmente na parte meridional do país, particularmente na região dos Grandes Lagos, onde, juntamente com os Estados Unidos, tem sido viável reduzir significativamente a poluição nesses corpos de água. I.2 Política principal e as partes interessadas na gestão dos recursos hídricos Partes interessadas sub-regionais e internacionais Os três países da sub-região são federações estaduais ou provinciais, onde as responsabilidades relacionadas à água são distribuídas entre as instituições federais e os estados ou províncias, incluindo os municípios, condados ou cidades. O fornecimento de água potável, de serviços de esgotos e de saneamento é responsabilidade das autoridades locais nos três países. Os estados ou províncias desempenham um papel importante na regulamentação da prestação desses serviços. Nos Estados Unidos e no Canadá, a gestão nos aqüíferos e bacias hidrográficas é um assunto do estado ou da província. A legislação de cada país é diferente e variada. No caso do México, a autoridade responsável pela gestão da água é o Governo Federal. O nível federal é responsável pela concessão de autorizações para a utilização da água e de licenças para descargas. Em um nível sub-regional e derivado do Tratado Norte-Americano de Livre Comércio (NAFTA), os três países fundaram em 1994 a Comissão para a Cooperação Ambiental (CEC), em conformidade com o Acordo Norte-Americano sobre Cooperação Ambiental (NAAEC). A finalidade desta organização internacional é tratar questões ambientais de interesse mútuo, para contribuir na prevenção de possíveis conflitos ambientais derivados da relação comercial e promover a execução efetiva da legislação ambiental. O acordo complementa as disposições ambientais do NAAEC. A gestão compartilhada dos recursos hídricos ao longo das fronteiras dos Estados Unidos e do Canadá ocorre no âmbito do Tratado das Águas Fronteiriças de 1909. Alguns outros tratados, convenções e acordos relacionados com regiões específicas, foram aprovados, como o Tratado do Rio Columbia (1961) e o segundo Acordo de Qualidade da Água dos Grandes Lagos (1978). A Comissão Mista Internacional (International Joint Commission - IJC) foi instituída no âmbito do Tratado das Águas Fronteiriças de 1909 para abordar questões ligadas às águas compartilhadas dos

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EUA-Canadá. Inicialmente, o IJC foi responsável pela aprovação dos usos, obstáculos e desvios das águas transfronteiriças e fronteiriças entre os dois países, bem como a pesquisa e a elaboração de recomendações sobre questões emergentes ao longo da fronteira, que pode dar início a disputas bilaterais. Desde o início em 1992, a jurisdição e a função do IJC vêm sendo fortalecidas através de tratados, acordos e protocolos. Com a criação de vários conselhos internacionais para os acordos sobre poluição nos anos 1960 e do Acordo de Qualidade da Água dos Grandes Lagos de 1972,os níveis de fluxo e a regulamentação da qualidade da água passou a ser um assunto de preocupação comum. Nos casos do México e dos Estados Unidos, o núcleo central da estrutura jurídica para a gestão transfronteiriça da água é estabelecido pelo Tratado Internacional de Água de 1944. Este tratado levou à criação da Comissão Internacional sobre Limites e Água (IBWC), que mantém trabalhos em conjunto e apóia a resolução de questões binacionais para a distribuição de águas entre os dois países, dos Rios Bravo/Grande e do Rio Colorado. A Comissão para Cooperação Ambiental (BECC) e o Banco Norte-Americano de Desenvolvimento (NADB) foram fundados em 1993 com a finalidade de abordar as questões ambientais na região fronteiriça, derivadas do esperado dinamismo do Acordo de Livre Comércio entre México e Estados Unidos. O âmbito da autoridade destas organizações é de 100 km ao norte da fronteira até 300 km ao sul. Além dos acordos entre os governos, diversas associações profissionais dos três países assinaram acordos de trabalho em conjunto para questões ligadas à água. Por exemplo, em 1999, a Associação Americana das Empresas de Água (AWWA) e a Associação Canadense das Empresas de Água (CWWA) assinaram um acordo de trabalho conjunto. Em 2007 a Associação Nacional de Empresas de Água e Saneamento (ANEAS - National Association of Water and Sanitation Utilities) assinou um acordo de cooperação com AWWA para partilhar idéias e informações para promover água potável segura. A Federação Ambiental da Água (WEF - Water Environmental Federation) com base nos Estados Unidos reúne várias associações do México, Canadá e dos Estados Unidos. Partes interessadas nos locais MÉXICO No México, a responsabilidade dos serviços hídricos foi transferida do governo federal para os municípios desde o início da década de 1980. Em 1999 foi acrescida a responsabilidade pelo sistema de serviços de esgotos e tratamento de águas residuais. Uma série de limitações técnicas, administrativas e financeiras impediu os municípios de cumprirem satisfatoriamente seus trabalhos. Foram criadas Comissões Estaduais para apoiar os trabalhos dos municípios. Leis estaduais reforçam a Comissão Estadual de Água e Saneamento para coordenar e regular a oferta de água potável no interior de cada Estado, oferecer apoio técnico e financeiro para os fornecedores de serviços de água municipais e intermunicipais, bem como para assumir a prestação do serviço mediante solicitação do município nas localidades onde este não pode fazê-lo. Organizações estatais relacionadas à água são agencias administrativas descentralizadas. Todos os recursos hídricos no México estão sob jurisdição nacional e são administrados pelo Governo Federal. Desde 1989, a Comissão Nacional da Água (CONAGUA - National Water Commission), uma agência administrativa descentralizada, reúne todas as autoridades nacionais relacionadas à água, consolidada pela Lei de Águas Nacionais, promulgada em 1992. A CONAGUA também apóia a infra-estrutura hidráulica no país, principalmente com os programas de infra-estrutura para água potável, saneamento, irrigação e controle de enchentes.

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Com o objetivo de alcançar um sistema integrado de gestão descentralizada da água as agências das bacias hidrográficas foram criadas em cada uma das administrações hidrológicas no país. Essas agências são responsáveis pela execução das questões relacionadas à água em sua região. Com a fundação da CONAGUA em 1989, iniciou-se um processo de transferência, dos distritos de Irrigação, administrados pelo Governo Federal, para a Associação de Usuários de Irrigação. Quase todos os distritos de irrigação foram transferidos para os usuários. A Associação Nacional de Usuários de Irrigação foi fundada em 1994 para representar os melhores interesses das associações de usuários nas negociações com o Governo Federal. Em 1986 foi criado o Instituto Mexicano de Tecnologia da Água (IMTA - Mexican Institute of Water

Technology), uma organização pública autônoma e coordenada pelo Ministério do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (SEMARNAT - Ministry of Environment and Natural Resources), com o objetivo principal de pesquisa, desenvolvimento, adaptação e transferência de tecnologia. A CONAGUA trabalha em conjunto com a Comissão Federal para Proteção contra Riscos Sanitários (COFEPRIS - Federal Commission for the Protection Against Sanitation Risks), e com o Departamento de Saúde para proteger a população contra os riscos de beber e usar água contaminada. A Agência Federal de Proteção Ambiental (PROFEPA - Federal Agency of Environmental Protection) foi fundada em 1992. É responsável pela vigilância e avaliação do cumprimento das leis federais mexicanas aplicáveis para prevenir e controlar a poluição ambiental, a restauração dos recursos naturais, bem como a preservação e proteção dos recursos florestais, da vida selvagem, das colônias marinhas, dos mamíferos e das espécies aquáticas em risco, entre outras responsabilidades. Os Conselhos de Bacias Hidrográficas (CC - Basin Councils) foram criados através da Lei Nacional das Águas, nos quais participam representantes dos usuários, governos estaduais e municipais e o Governo Federal. Esses conselhos são instituições de coordenação e acordos, apoio e assessoria ao CONAGUA e às organizações das bacias hidrográficas. Existem também as agências de apoio, como as Comissões de Bacias Hidrográficas e Comitês de Bacias Hidrográficas, bem como os Comitês Técnicos de Águas Subterrâneas (COTAS - Technical Groundwater Commitees). O Conselho Consultivo de Água (CCA - The Water Advisory Council) foi fundado em 2000, é um órgão consultivo independente integrado por representantes do setor privado e da comunidade, acadêmicos e especialistas no assunto. Foi incluído em 2004 na reforma da Lei Nacional de Águas como consultor do governo federal. A Associação Nacional de Empresas de Água e Saneamento (ANEAS) foi fundada em 1992, para reunir os serviços e tratamento de águas e para apoiar a eficiência e o desempenho na prestação desses serviços. Os Estados Unidos da América A principal responsabilidade em nível municipal é o abastecimento de água potável, e o fornecimento de serviços de esgotos e tratamento de águas residuais. A legislação sobre água é diferente em cada estado. Há diferenças particularmente grandes entre os estados do leste e oeste. Cada estado tem sua própria estrutura organizacional para tratar problemas relacionados à água. Em muitos estados uma agência ambiental ou de recursos naturais é responsável pelo abastecimento de água e pela regulamentação da qualidade, outra é responsável pela parte recreativa, uma agência de vida selvagem responde pela vida aquática e uma agência de desenvolvimento econômico é responsável pela regulamentação da construção de barragens. As agências federais têm uma jurisdição diferente em cada estado. Por exemplo, em apenas 12 estados a Agência de Proteção Ambiental (EPA - Environmental Protection Agency) administra as licenças para as descargas para a rede nacional, em 18 Estados, o Corpo de Engenheiros do Exército dos Estados Unidos

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(ESACE - United States Army Corps of Engineers) gerencia as licenças relacionadas às áreas úmidas, e em outros estados trabalha junto com os governos locais. No plano federal, existem diversas instituições com responsabilidades relacionadas à água. Em alguns casos, a distribuição de responsabilidades é baseada nos limites geográficos, em outros isso de dá por temas. Por exemplo, a Agência de Reclamações do Ministério do Interior dos Estados Unidos (US Bureau

of Reclamation of the Interior Department) é restrita à parte ocidental dos Estados Unidos. Os departamentos estaduais encarregados da gestão da água incluem os Ministério da Agricultura, do Comércio, da Defesa, da Energia, do Interior, de Estado, bem como outras agências federais, como a Agência de Proteção Ambiental e da Autoridade do Vale de Tennessee. As responsabilidades relacionadas com a água de diversas agências federais são mostradas na Tabela abaixo: Tabela 2.1. Responsabilidade das agências federais em relação à água

Responsabilidades Relacionadas à água

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Fornecimento de água □ □ □ ■ ■ ■ □ ■ ■

Gerenciamento de risco de inundação

□ □ ■ ■ □ □ ■ ■ ■ ■

Qualidade da água □ □ □ □ ■ □ □ □ □ □ □ ■ ■ ■ ■ ■

Controle de erosão e sedimentos ■ □ ■ □ □ □ □ □ □ □ □ ■ □

Diversidade e restauração ecológica

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Políticas de precipitação □ ■ ■ □ □ ■ □

Pesca ■ ■ ■ □ ■ □ ■ □ □ □ ■

Vida Selvagem ■ □ ■ □ ■ □ ■ □ □ □ □

Preservação ■ ■ ■ □

Recreação ■ □ □ □ ■ □ □

Navegação □ ■ ■ ■

Poder hídrico ■ ■ ■ ■ ■

Informação de pesquisa e análise □ □ □ □ □ ■ ■ □

Áreas úmidas □ □ ■ □ ■ ■ ■ ■ □ □ □ ■ □ □

Oceanos e estuários ■ ■ □ □ □

■ Mostra responsabilidade significativa

□ Mostra certo grau de responsabilidade compartilhado

FONTE: National Research Council .- Novas Estratégias para Bacias Hidrográficas da América O Corpo de Engenheiros do Exército dos Estados Unidos (ESACE) tem realizado desde 1779 um excelente trabalho de controle de prejuízos causados por inundações e em obras públicas. Atualmente, a ESACE concede autorizações para a construção de hidrovias, constrói barragens e obras de proteção

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contra inundações, desenvolve projetos de abastecimento de água potável, constrói áreas de recreação, e trabalha na melhoria da qualidade da água e proteção dos lagos e regiões costeiras. A Agência de Reclamações (USBR - The Bureau of Reclamation), criado em 1902, é responsável pelo desenvolvimento e pela gestão dos recursos hídricos e energéticos do oeste dos Estados Unidos. A USBR gera projetos de controle de inundação, regulação do fluxo do volume dos rios, áreas de recreação, peixes e fauna selvagem e a melhoria da qualidade da água. AUSBR constrói e opera as barragens e projetos hidrelétricos e gerencia recursos naturais e aquáticos envolvidos em tais projetos. Além disso, gerencia projetos de tratamento de esgotos e de irrigação. Também ajuda os governos estaduais e locais no desenvolvimento de projetos sobre conservação de água, energia, meio ambiente e qualidade da água. A Agência de Proteção Ambiental (EPA- Environmental Protection Agency) foi criada em 1970 a partir de uma reestruturação administrativa. Assim, os componentes da nova agência foram agrupados a partir de diversos programas de outros ministérios, como os ministérios do Interior, da Agricultura, da Saúde, da Educação, da Previdência Social e do Departamento de Energia Atômica. A EPA foi criada para fazer cumprir a Lei da Água Limpa e do ar puro, entre outros. Tem a principal responsabilidade pela definição e execução dos padrões nacionais sob uma variedade de leis ambientais e de concessão de subsídios. O Serviço de Análises Geológicas dos Estados Unidos (USGS - The United States Geological Survey), do Ministério do Interior, é a agência responsável pela integração de dados e realiza pesquisas utilizadas no gerenciamento da água e das questões ambientais. A Administração Nacional de Oceanos e da Atmosfera (NOAA - National Oceanic and Atmospheric Administration) responsável por descrever, monitorar e prognosticar as condições da atmosfera, dos oceanos, do sol e do espaço, entre outras tarefas. As informações provenientes destas instituições são de grande relevância para o México. Entre as organizações profissionais estão a Sociedade Americana de Engenheiros Civis (ASCE - American Society of Civil Engineers), fundada em 1852, a Associação Americana das Empresas de Água (AWWA - American Water Works Association), criada em 1881 para compartilhar informações sobre obras de gestão da água, a Federação Ambiental de Água (WEF - Water Environment Federation), fundada em 1928. Sua visão é de preservar e valorizar o ambiente hídrico mundial, afiliando um grande número de profissionais relacionados à qualidade da água. Estas associações, através de recursos e esforços conjuntos, perseguem da garantia de infra-estrutura hídrica, tratamento de águas residuais e de escoamento pluvial. A Associação de Recursos Hídricos dos Estados Unidos (AWRA - America Water Resources Association) recentemente desempenhou um papel fundamental na busca de melhor integração das políticas da água no país. CANADÁ Da mesma forma que no México e nos Estados Unidos, no Canadá os municípios, governados pela legislação das províncias, são responsáveis pelo serviço de provisão, esgotamento e tratamento da água. As províncias são responsáveis, dentro de suas fronteiras, pela concessão de autorizações para a utilização da água, pelo controle da poluição, pela regulação hidrológica, pelo desenvolvimento de energia elétrica, bem como pela provisão de serviços de água e saneamento. As águas dentro dos limites territoriais da província estão sob a sua jurisdição; os parques nacionais, reservatórios nacionais e as águas transfronteiriças estão sob jurisdição do governo federal. Para uma melhor compreensão do papel do governo federal na gestão da água no Canadá, é importante ter um entendimento prévio dos interesses e dos mandatos dos departamentos envolvidos nos estabelecimentos dos programas. O governo federal tem mais de 20 departamentos e agências com

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responsabilidades exclusivas pela água limpa. O principal desafio é assegurar que estas responsabilidades sejam desenvolvidas e utilizadas em colaboração. A Meio Ambiente Canadá (Environment Canada) trabalha em estreita colaboração com outros departamentos federais desenvolvendo uma estratégia para resolver questões nacionais importantes sobre questões referentes à água limpa. A legislação, administrada pela Meio Ambiente Canadá, inclui as seguintes atividades relacionadas à água:

• Lei Canadense de Água contendo as previsões para orientação formal e acordos com as províncias. • Lei Internacional dos Rios, que concede autorizações para atividades que poderiam alterar as entradas para os Estados Unidos. • Lei do Departamento de Meio Ambiente que designa a liderança da gestão da água ao Ministério do Meio Ambiente.

Também é relevante o trabalho da Associação Canadense de Água e Águas Residuais (CWWA- Canadian Water and Wastewater Association), criada em 1986, que reúne os fornecedores municipais antes das agencias interprovinciais e federais. Recentemente, o CWRA tem desempenhado um papel chave na busca de uma estratégia nacional de água no país.

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II. DOCUMENTO DE ELABORAÇÃO DE POLÍTICAS II.1 Desafios da água na sub-região Aspectos da Água Devido à baixa densidade populacional na sub-região, a disponibilidade hídrica renovável per capita é de 14.640 m3 (517.006 ft ³) por ano, quase o dobro da média mundial, no entanto, existem grandes áreas áridas e semi-áridas localizadas ao norte de México e a oeste dos Estados Unidos, onde a disponibilidade anual está entre 2 000 m

3 (70629 ft ³) e 3 000 m

3 (105944 ft ³) por habitante, onde está aumentando a

concorrência entre o fornecimento público agrícola e urbano. Tem havido um aumento da retirada de água dos aqüíferos durante os últimos anos, levando a uma exploração excessiva em vastas áreas do México e a oeste dos Estados Unidos. Há previsão de que estes problemas aumentem nos próximos anos devido ao crescimento da população em áreas áridas. Apesar das ações conjuntas dos Estados Unidos e do Canadá, os problemas na qualidade da água persistem, especialmente na riqueza da água dos Grandes Lagos, já que grande parte da atividade econômica e industrial ocorre em sua bacia hidrográfica. O caso do México é ainda mais grave, uma vez que apenas 36% das águas residuais recebem algum tipo de tratamento. Há uma deterioração significativa em várias regiões do México, especialmente na bacia hidrográfica de Lerma-Chapala, bem como nas áreas costeiras, onde o governo tem estabelecido ações para melhorar a qualidade da água nas praias. Além disso, o elevado déficit de água potável e saneamento no sudeste e nas áreas rurais requer investimentos altos. A economia da sub-região frente à globalização A América do Norte é, juntamente com a União Européia, uma das regiões do mundo que, nos últimos 20 anos, passou por mudanças cruciais formais e estruturais na operação de suas economias. Estas mudanças refletem bem sua busca por uma nova forma de participação nos mercados globais, que se baseia na exploração de sinergias e vantagens competitivas sub-regionais derivadas de um comprometimento deliberado e verdadeiro em favor de sua integração comercial e financeira. O ápice desse compromisso foi a criação de acordos comerciais assinados pelos chefes de governo dos três países. Em 1989, os Estados Unidos e o Canadá assinaram um acordo para lançar o comércio binacional e, em 1994, os dois países assinaram o Tratado Norte-Americano de Livre Comércio (NAFTA) juntamente com o México. Estes acordos produziram, somente na sub-região, uma redução drástica significativa das tarifas e de outros tipos de barreiras ao comércio e outros fluxos de investimento de capital, já que com outros países havia ainda mais restrições. Um fator-chave neste esforço é a padronização de normas e regulamentos entre os três países em outras áreas além do comércio, tais como a cooperação ambiental, a resolução de controvérsias, a promoção do comércio de bens e serviços que são sujeitas a direitos de propriedade intelectual. Estes acordos comerciais ressaltaram a interdependência econômica e comercial tradicional entre os três países. Entre 1988 e 2000, as trocas comerciais entre Estados Unidos e Canadá cresceram de um valor inicial de 37% do produto interno bruto (PIB) canadense para 65% no final do período; essa proporção foi mantida até 2006. Da mesma forma, no caso do México, os ativos financeiros transfronteiriços de câmbio passaram de 53% do produto interno bruto (PIB) em 1988 para 90% em 2006. O comércio entre o México e os Estados Unidos começou com 10% do produto interno bruto (PIB) mexicano na década de 1970, passando para 23% em 1993 e aumentando para 40% em 2006. O crescimento das transações financeiras transfronteiriças entre os dois países teve um efeito duplo, com um saldo recente de 50% do PIB, em relação à proporção em 1990.

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Os parceiros do Nafta estão empenhados na proteção do ambiente e no processo de integração na região através de tecnologias em prol do meio ambiente, encontrando soluções de mercado para os problemas ambientais e a criação de riqueza nos países. Os parceiros do NAFTA têm promovido perante a Comissão para Cooperação Ambiental (CEC), a execução das políticas e ações geradoras de benefícios mútuos no cuidado ao meio ambiente, ao comércio e à economia. O Conselho da CEC recentemente recebeu deliberações entre os três governos para promover a competitividade e a sustentabilidade ambiental em longo prazo. Também apoiou uma melhor cooperação entre o CEC e a Comissão de Livre Comércio em questões relacionadas ao crescimento do comércio e à melhoria no desempenho ambiental. Também apoiou os esforços para a melhoria da cooperação entre e a Comissão de Livre Comércio sobre o crescimento de comércio e os tópicos de melhoria no desempenho ambiental. Concluiu-se, também, um programa piloto do CEC, para ajudar empresas de pequeno e médio porte a melhorar o seu desempenho em relação às questões ambientais para melhorar sua competitividade. É importante mencionar que a elevada concentração do comércio e dos fluxos de investimento na parte norte da sub-região tem contribuído para reforçar e conciliar as fases dos ciclos da atividade econômica do Canadá e do México com os Estados Unidos. Esta crescente convergência dos padrões de ciclos econômicos entre os três países vão intensificar a evolução do emprego coordenado e a pressão sobre os recursos naturais. Em outras palavras, os períodos de alta atividade produtiva nos Estados Unidos tendem a provocar um maior dinamismo do PIB e do emprego nas outras duas economias da sub-região. Essa coordenação na evolução das economias na sub-região às vezes é motivo de preocupação, como atualmente, quando a economia dos Estados Unidos está em processo de franco declínio, causando impactos desfavoráveis sobre o emprego e o crescimento econômico do México. De fato, segundo os dados da ECLAC (Comissão Econômica para América Latina e o Caribe) a economia latino-americana com menor crescimento em 2008 e, provavelmente, em 2009, será a do México. Um aspecto importante a considerar neste assunto, e que diferencia o NAFTA da experiência de integração da Comunidade Européia, é a falta da livre mobilidade da mão de obra na região, especialmente em direção aos Estados Unidos. Mesmo assim, e de acordo com números oficiais, existe uma migração líquida anual de cerca de 400 000 mexicanos para os Estados Unidos. Essa migração tem padrões regionais claramente identificados, especialmente nas comunidades baseadas na origem. Este processo de migração para o exterior distorce a composição geográfica da demanda de serviços de água no país. O impacto da subida dos preços sobre a energia e seu impacto sobre os custos de transporte podem tornar mais competitiva a produção na sub-região do NAFTA, em comparação com os produtos importados da Ásia (especialmente China). Da mesma maneira, a modificação de fontes de energia deve surtir algum efeito através da dotação de culturas agrícolas e áreas rurais com o aumento da produção com etanol. Por outro lado, o aumento da demanda e sensibilização do público para tecnologias mais limpas, disponibilidade segura e acesso a água potável e saneamento, vai desempenhar um papel importante nos anos seguintes. Um elemento a considerar neste cenário, pelo menos para o México, é a necessidade urgente de iniciar um programa para a modernização e expansão da infra-estrutura básica, se o México quiser uma inserção competitiva nos mercados globais que conduzirá ao crescimento sustentável econômico a taxas superiores a 6%, a fim de absorver a mão de obra disponível e reduzir a pobreza.

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Fatores demográficos e urbanísticos A sub-região Norte Americana ocupa aproximadamente 15% da superfície do mundo, na qual se localiza 7% da população mundial. A densidade populacional é de 20 habitantes por km

2, quase 5 vezes menor

do que na Europa ou na Ásia. Para 2030 estima-se que a população da sub-região aumentará em aproximadamente 20%. Uma grande parte do aumento será devido à imigração, principalmente no Canadá, onde o crescimento natural é quase nulo. No caso do México, o fluxo migratório, principalmente para os Estados Unidos, vai reduzir o seu crescimento total, conforme mostrado na Tabela abaixo: Tabela 2.1. Principais indicadores demográficos

País

População total 2005 (000 hab.)

População total 2030 (000 hab.)

Taxa de fecundidade

Crescimento natural anual 2005 (000 hab.)

Migração líquida anual 2005 (000 hab.)

Crescimento total anual 2005 (000 hab.)

Canadá 32 271 39 000 1.5 2 222 224

Estados Unidos 299 847 363 584 2.0 1 682 1 338 3 020

México 105 790 121 103 2.2 1 509 - 583 926

Total da sub-região 437 908 523 687 3 193 4 170

Fonte: US Bureau of the Census, Statistics Canada, CONAPO. No entanto, considerando que o balanço demográfico no México está diminuindo, ou seja, a proporção relativa de sua população em idade ativa começa a diminuir a migração de mexicanos para o exterior perderá um grande impulso. Por outro lado, a tendência que vai prevalecer é a da migração das áreas rurais para as áreas urbanas morando, inicialmente, na periferia - em favelas. Entre 2000 e 2030, alguns estados do México e dos Estados Unidos terão mais do dobro do que sua população atual, como em Quintana Roo, sul do México, e o triplo da população em Nevada e Arizona, no oeste dos Estados Unidos, e a Baixa Califórnia, nordeste do México. Há várias observações a fazer sobre a forma como as mudanças demográficas e as migrações vão modificar a população na sub-região. Por um lado, constata-se um crescimento significativo em direção às regiões áridas e semi-áridas e por outro lado, a fronteira entre os Estados Unidos e o México, em grande parte árida e semi-árida também, terá um crescimento populacional significativo e, finalmente, um grande influxo de pessoas para as áreas costeiras. Um valor estimado de 30% de todo o crescimento na sub-região ocorrerá nos estados ocidentais dos Estados Unidos, no norte e nordeste do México, onde há precisamente, menor disponibilidade de água. A população destes estados em conjunto terá um crescimento estimado de 40% no período de 2000-2030.

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Tabela 2.2 Estados e províncias com maior crescimento entre 2000 e 2030

Os dez estados localizados na fronteira entre o México e os Estados Unidos terão um crescimento conjunto da população de quase 50% entre 2000 e 2030. Há uma migração da população de regiões metropolitanas frias e úmidas (o Cinturão de Neve) para locais quentes e secos (Cinturão do Sol), especialmente nos Estados Unidos, assim como em Quintana Roo, México, perto do centro de desenvolvimento de Cancun, na costa do Caribe. O crescimento conjunto da população nos estados costeiros da Califórnia, Flórida, Texas, Geórgia, Carolina do Norte, Carolina do Sul, Mississipi e Alabama, nos Estados Unidos, e, por outro lado, Baixa Califórnia, Baixa Califórnia do Sul e Quintana Roo, no litoral do México, serão quase 50% entre 2000 e 2030. A pressão das atividades humanas nos recursos costeiros será uma questão que vai exigir uma atenção especial dos países da sub-região. Existem 26 áreas metropolitanas na sub-região com mais de um milhão de habitantes, dos quais 11 estão no México, 9 nos Estados Unidos e 6 no Canadá. 14 dessas áreas mencionadas estão no centro e no norte do México, e na parte ocidental dos Estados Unidos, onde a disponibilidade hídrica é a mais baixa da sub-região. Mudanças Climáticas Em relação à sub-região, pode-se salientar que, apesar da quantidade de troca de carbono entre os ecossistemas dos três países e a atmosfera todos os anos através da fotossíntese e da respiração das plantas e outros organismos ser elevada, o saldo líquido de todos os ecossistemas combinados na sub-região é de 370-505 milhões de toneladas de carbono. O valor líquido representa apenas 20-30% do atual combustível fóssil na região, ou seja, a sub-região é um grande gerador de CO2. Alguns dos maiores impactos sociais e ecológicos de mudanças climáticas que estão previstas na região serão evidentes nas águas superficiais e subterrâneas. Como a taxa de aquecimento aumentará durante as próximas décadas, podem surgir mudanças nas condições meteorológicas, no volume, na qualidade e na distribuição espacial da disponibilidade hídrica para assentamentos humanos, uso industrial e agrícola na sub-região.

Estado, Província ou Território País População 2000 (000 hab.)

População 2030 (000 hab.)

Aumento (000 hab.)

Aumento

%

Quintana Roo Mexico 875 2 454 1 579 181%

Nevada Estados Unidos 1 998 4 282 2 284 114%

Arizona Estados Unidos

5 131 10 712 5 582 109%

Baixa California Mexico 2 487 5 082 2 595 104%

Baixa California do Sul Mexico 424 833 409 96%

Flórida Estados Unidos

15 982 28 686 12 703 79%

Queretaro Arteaga Mexico 1 404 2 307 903 64%

Texas Estados Unidos

20 852 33 318 12 466 60%

Utah Estados Unidos

2 233 3 485 1 252 56%

Aguascalientes Mexico 944 1 460 516 55%

Idaho Estados Unidos

1 294 1 970 676 52%

Carolina do Norte Estados Unidos

8 049 12 228 4 178 52%

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No México, além dos efeitos na disponibilidade de água, são previstos impactos significativos na sua qualidade. Em primeiro lugar, causado pelo escoamento reduzido, em segundo lugar, derivado do aumento da temperatura, o que reduz a capacidade dos corpos de água de reter oxigênio. Uma quantidade menor de oxigênio dissolvido nos corpos de água resulta em uma maior eutrofização. O aquecimento global e as mudanças na forma e quantidade de precipitação podem vir a causar um derretimento precoce e significativa redução de neve nas Montanhas do Ocidente até meados do século XXI. Estima-se um derretimento considerável nas bacias onde prevalece o derretimento nas montanhas, provocando um aumento nos fluxos durante o inverno e início da primavera, aumentando a probabilidade de enchentes e uma redução nos fluxos durante o verão. No Canadá, prevê-se um aumento da precipitação anual de mais de 20%, e de mais de 30% no inverno, em determinados cenários. Alguns estudos prevêem aumentos dispersos de precipitação e secas associadas com maior variabilidade sazonal na precipitação. Em geral, as alterações esperadas para precipitações extremas são maiores do que os valores médios. Na Colúmbia Britânica, impactos previstos incluem aumento na precipitação, inundações severas na primavera para áreas costeiras e interiores, e maior estiagem no verão para região costeira do sul e áreas interiores do sudeste; isso resultará na diminuição do escoamento nestas áreas que afetam tanto a sobrevivência dos peixes, quanto o fornecimento de água no verão, quando há uma demanda maior. Nos Grandes Lagos os impactos associados com baixos níveis sugerem alterações relativas na qualidade da água, na navegação, no lazer, na produção hidroelétrica, nas transferências de água e nas relações binacionais. A pluviosidade média anual está prevista para diminuir no sudeste dos Estados Unidos mais do que em qualquer outra área neste país e no Canadá. Existe uma grande possibilidade de que o clima no México se torne mais quente em 2020, 2050 e 2080, principalmente no norte do país. Prevê-se diminuição de precipitação e mudanças na sua distribuição sazonal. Diminuições de até 15% na área central, e menos que 5% na bacia do Golfo do México, principalmente durante janeiro e maio. O ciclo hídrico será intensificado, causando mais tempestades severas e de intensidade maior na época seca. O balanço hídrico sugere que o aumento da temperatura causará um aumento na evapo-

transpiração e diminuirá a umidade do solo. As avaliações feitas pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC - Intergovernmental Panel on Climate Change) mostram que o México pode vivenciar uma queda significativa no escoamento de 10 a 20% até 40% nas áreas úmidas costeiras do Golfo do México. No caso de fenômenos meteorológicos extremos, tais como frentes frias, é possível que sua ocorrência diminua. No entanto, é incerto até que ponto afetarão a precipitação, mas de acordo com alguns cenários, eles tenderão a diminuir, principalmente na bacia do Golfo do México. A temperatura da superfície do mar do Caribe, Golfo do México e Pacífico Mexicano pode subir entre 1° C (33,80 ° F) e 2° C (35,60 ° F). O aumento de temperatura na superfície do mar aumentará a eficiência dos ciclones tropicais, chegando assim a categorias mais elevadas. As bacias hidrográficas transfronteiriças no norte do México requerem atenção especial porque as águas dos Rios Bravo / Grande e Colorado são distribuídas segundo os acordos internacionais assinados entre os Estados Unidos e México. Mudanças na disponibilidade dessas bacias hidrográficas em território norte americano poderia comprometer o suprimento deste recurso ao México, já que está estipulado que, em caso de seca, a entrega será diminuída. Os pólos são as áreas do mundo com as maiores mais imediatas expectativas de mudanças induzidas pelo clima, principalmente devido a seus componentes criosféricos que dominam seus processos hidrológicos e recursos hídricos. A maior preocupação em relação ao impacto de mudanças climáticas sobre os recursos hídricos reside no Ártico, pois este tem uma grande diversidade de recursos hídricos, incluindo um grande número dos maiores rios do mundo, como o Rio McKensie e os Grandes Lagos.

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Com relação aos efeitos da utilização da água, especialmente para uso humano, o aumento na temperatura pode causar deterioração da qualidade da água, resultando em um aumento das doenças a ela relacionadas. Na agricultura, a capacidade dos produtores dos Estados Unidos para lidar com os efeitos das mudanças climáticas inclui tecnologia e segurança das culturas. No México, por outro lado, a falta de meios afetará áreas com precipitação e irrigação. Com relação à produção de energia hidroelétrica, um aumento de 2 a 3° C irá provocar uma maior produção de energia ao longo rio San Lorenzo e uma redução no rio Colorado nos Estados Unidos. Os sistemas localizados no sudeste dos Estados Unidos fortemente baseados em água subterrânea sofrerão pressão das mudanças climáticas, afetando a agricultura. Em grande parte, os aqüíferos no México poderiam ser afetados, dado que já são usados em demasia, pondo em risco as cidades abastecidas com águas subterrâneas. II.2 Os progressos alcançados na sub-região para enfrentar os desafios hídricos Gestão integrada dos recursos hídricos Poderíamos dizer que os três países da sub-região partilham desafios relacionados à água semelhantes, mas com intensidades muito diferentes e, portanto, com diferentes prioridades. Desafios relacionados à água nos Estados Unidos e Canadá, países industrializados, diferem daqueles no México. Existem grandes diferenças entre áreas úmidas e áreas semi-áridas e áridas. Apesar de os três países da sub-região serem Federações de Estados, Províncias e / ou territórios, há uma grande descentralização dos papéis estaduais e municipais nos Estados Unidos e no Canadá. A legislação relacionada à água é diferente em cada estado ou província. No México, há uma grande concentração de papéis em nível federal, embora se venha observando nos últimos anos uma descentralização gradual e um papel ativo dos governos estaduais (incluindo a Cidade do México). Praticamente, a totalidade das águas continentais do México é considerada como águas nacionais e é administrada pelo governo federal. O grupo responsável pelo gerenciamento de políticas e gestão da água é a Comissão Nacional de Águas (CONAGUA - National Water Commission), e levou à consolidação de uma política nacional integrada de água, derivada de uma nova Lei Nacional de Águas (LAN - Law of National Waters), criada em 1992 e reformulada em 2004 . Entre os instrumentos de política da água implementados desde meados dos anos 1990, no México, estão: o Registro Público dos Direitos da Água (Public Registry of Water Rights), onde todas as concessões para as águas nacionais concedidas são registradas, bem como o pagamento dos direitos da utilização das águas nacionais ou despejo de águas residuais e o estabelecimento de conselhos de bacia hidrográfica, com a finalidade de coordenar as ações a serem adotadas entre governos e usuários para resolver problemas relacionados à água. A maioria dos usuários de água no México foi registrada no Registro Público dos Direitos da Água, que permite efetuar a transferência dos títulos da água (bancos de água). Os governos e os usuários estão trabalhando em conjunto, através dos Conselhos de Bacias Hidrográficas (onde os Comitês Técnicos de Águas Subterrâneas (COTAS - Technical Groundwater Commitees) estão localizados) para resolver problemas urgentes de bacias hidrográficas e aqüíferos no país, principalmente no centro, no norte e nordeste do México. Distritos de irrigação operados pelo Governo Federal foram transferidos para as associações de usuários de irrigação para conseguir uma utilização mais eficiente dos recursos e a recuperação de custos operacionais.

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Conforme previamente explicado na seção 1.2, existem uma série de agências federais e estaduais envolvidas com as políticas e a gestão da água nos Estados Unidos. Durante a década de 1970, o enfoque da política da água neste país era sobre os aspectos da qualidade da água, levando à criação da Agência de Proteção Ambiental (EPA - Environmental Protection Agency) e à Lei da Água Limpa, com o objetivo de restabelecer a integridade química, física e biológica das águas no país. A EPA tem um importante papel de liderança e de coordenação para a proteção dos recursos hídricos. No entanto, a EPA não tem um papel direto na distribuição de água, nem tem um programa específico de proteção de águas subterrâneas. Os Estados Unidos tem feito investimentos importantes para combater fontes pontuais de contaminação da água através da instalação de tratamento de águas residuais; porém, não é o caso de fontes não pontuais de contaminação. Os dados sobre as águas superficiais nos Estados Unidos são inadequados para avaliar em nível nacional a qualidade da água; no entanto, em 2000, perto de 45% dos rios, lagos e estuários no país avaliados pelos estados, não cumpriam as normas de qualidade de água para nado e pesca. Foi detectada a presença de mercúrio na região dos Grandes Lagos. Em termos gerais, as águas costeiras do nordeste dos Estados Unidos estão em condições ruins de qualidade, no sudeste, Golfo do México e oeste, estão em condições aceitáveis. A contaminação derivada de atividades agrícolas na bacia do Mississipi gerou uma zona com esgotamento de oxigênio no Golfo do México causado pelo excesso de algas, que prejudica os ecossistemas marinhos e a pesca comercial. No Canadá, como nos Estados Unidos, as províncias são responsáveis por grande parte das tarefas relacionadas com a água. Na década de 1970, o governo federal recebeu um papel mais claro sobre a política e gestão da água, com a Lei Canadense da Água, e em 1987, com a Política Federal de Água. Porém os esforços para fortalecer o papel do Governo Federal sobre a água perderam impulso até 1999, quando o Governo do Canadá iniciou uma estratégia para proibir retiradas em massa das águas Canadenses, especialmente dos Grandes Lagos. Essa estratégia levantou discussões em todo o país, gerando uma maior conscientização pública sobre as questões relacionadas com a gestão da água. Demanda, disponibilidade de água e secas O crescimento da procura de água, especialmente nas áreas de menor disponibilidade hídrica na sub-região - oeste dos Estados Unidos e norte do México - criou uma grande competição pela água, especialmente entre o uso agrícola e o fornecimento de água para as cidades. Isto gerou, em alguns casos, uma utilização mais eficiente da água, e em outros casos, a super exploração dos aqüíferos. Os dados sobre o uso de água nos Estados Unidos revelam que entre 1990 e 2000, a população aumentou 13%, enquanto a quantidade total de água doce para uso em outros locais manteve-se inalterado, o que significa que existe um uso mais racional da água. Com relação à irrigação, em 1990, foi aplicada uma lâmina média de 0.81m, enquanto que em 2000, a lâmina foi de 0,76 m. No México, entre 2002 e 2007, as retiradas de água para uso em outros locais aumentou em 9%. No entanto, a retirada de águas subterrâneas aumentou quase 13%. No final de 2007, 101 aqüíferos (unidades hidrogeológicas) que fornecem 60% da quantidade total de água retirada no país foram super explorados. Nos Estados Unidos o aqüífero Ogallala, que se estende ao longo de 8 estados, a partir de Dakota do Sul até o Texas, pode ser destacado como o maior problema de super exploração. O México é o país da sub-região com maior dependência de água subterrânea, uma vez que estes aqüíferos suprem 37% da demanda total de água no país, em comparação com 24% nos Estados Unidos e apenas 4% no Canadá. As mudanças climáticas e o crescimento demográfico nas áreas áridas e semi-áridas vão ampliar ainda mais a dependência de águas subterrâneas já que, na maioria dos casos, são as únicas fontes confiáveis de água, especialmente para as comunidades rurais.

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A fim de tratar a questão da super exploração de aqüíferos no México, 78 Comitês Técnicos de Águas Subterrâneas (COTAS) foram criados, nos quais o governo e os usuários podem tomar ações conjuntas para reduzir a super exploração dos aqüíferos. De modo semelhante, nos Estados Unidos, foi criado o Comitê Consultivo para gestão do aqüífero Ogallala, com o objetivo de tratar questões relacionadas à super exploração deste aqüífero. Impactos de ciclones tropicais Os ciclones tropicais de intensidades diferentes chegam ao Golfo do México a cada ano, como também à costa do Pacífico, ao Caribe, ao México, e à região litorânea do Oceano Atlântico e Golfo do México, nos Estados Unidos. Os ciclones tropicais contribuem para gerar uma maior intensidade de precipitações, e grande quantidade de escoamento, gerando inundações principalmente no sudeste do México, onde não há infra-estrutura suficiente para controle de enchentes. Estima-se que a ocorrência de ciclones tropicais vai aumentar como um efeito da mudança climática, bem como sua intensidade. Assim, é esperada a ocorrência de danos maiores no futuro. O furacão Katrina chegou à costa da Louisiana em agosto de 2005 causando grandes prejuízos, principalmente em Nova Orleans. Mais de 1.800 pessoas morreram nas inundações causadas pelo furacão e os custos dos danos foram de 80 000 milhões de dólares. Em 2005, os furacões Stan e Wilma chegaram à costa sudeste do México e causaram impactos econômicos de 3.000 milhões de dólares. Água e Saneamento Apesar do acesso à água e ao saneamento ser praticamente universal nos Estados Unidos e no Canadá, no México tem havido esforços significativos durante os últimos anos para aumentar o acesso à água potável e algum tipo de saneamento. Entre 1990 e 2005, a cobertura de redes de água foi ampliada para incluir 26,4 milhões adicionais de habitantes e 27,3 milhões para a rede de esgotos sanitários. Com este objetivo foi alcançado um progresso adequado no sentido dos ODM sobre água e saneamento básico. O México tem feito investimentos importantes no tratamento de águas residuais: em 1996 o tratamento nacional de águas residuais de 33,7 m3 / s, enquanto que, no final de 2007 os números aumentaram para 79,3 m

3 / s, apesar de que esta última informação representar 38% das águas residuais recolhidas.

É importante mencionar que o fluxo tratado representa somente 75% do tratamento instalado; isso indica um problema, geralmente devido à falta de recursos econômicos para manter as usinas de tratamento em funcionamento. Isto contrasta com os 72% nos Estados Unidos e no Canadá, com pelo menos um terço correspondente às estações de tratamento terciário. O acesso à água potável e ao saneamento básico tem efeitos importantes sobre a mortalidade e morbidade das pessoas. A Organização Mundial de Saúde estima que para cada unidade monetária investida em água e saneamento em conformidade com os objetivos do milênio sobre a água e saneamento, são obtidos benefícios econômicos 7 vezes maiores em economias relacionadas com despesas hospitalares e centros de saúde, produtividade, assiduidade escolar, entre outros aspectos. Estudo de caso das bacias hidrográficas transfronteiriças As bacias hidrográficas partilhadas pelos países da sub-região têm especial relevância, uma vez que uma parte importante da atividade econômica encontra-se particularmente nas bacias hidrográficas situadas

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na fronteira entre o México e os Estados Unidos, onde se espera um crescimento populacional maior do que o do resto do país. Com a fiscalização do Nafta, foram criados em 1993 a Comissão para Cooperação Ambiental (BECC) e o Banco Norte-Americano de Desenvolvimento (NADB) para abordar os aspectos ambientais na fronteira dos Estados Unidos e do México, onde 86 milhões de pessoas moram. Graças a estas agências, 46 estações de tratamento de águas residuais e 54 redes de coleta de esgoto foram construídas na zona fronteiriça, aumentando o tratamento de águas residuais de 31% para 80%. Com relação às águas compartilhadas pelo México e os Estados Unidos nos termos do Tratado Internacional de Águas de 1944, o efeito combinado do crescimento da população em bacias hidrográficas transfronteiriças e a diminuição da precipitação em alguns anos tornou difícil o cumprimento do fornecimento da quantidade de água contratada, causando investimentos em distritos de irrigação supridos a partir das bacias hidrográficas transfronteiriças, a fim de aumentar a eficiência no uso da água. O Canadá e os Estados Unidos partilham as bacias hidrográficas dos Grandes Lagos, entre outros, onde 8,5 milhões de canadenses moram e 18% das reservas hídricas superficiais do mundo estão localizados. Durante séculos, a região dos Grandes Lagos e seus canais de interligação tem oferecido meios de transporte e comércio na América do Norte. Apesar dos esforços realizados em 1970 e 1980, a qualidade da água ainda é mutável. Em algumas áreas são burladas as normas estabelecidas, como no caso do fósforo. Abordagem Ecossistêmica O Canadá e os Estados Unidos trabalham com a utilização de uma abordagem ecossistêmica para resolver problemas relacionados à água. Esta abordagem decorre de um melhor conhecimento dos diversos fatores inter-relacionados e interdependentes e que determinam a saúde ecológica da água, como na região dos Grandes Lagos. A abordagem ecossistêmica leva em consideração todos os aspectos envolvidos em uma determinada unidade geográfica, incluindo os relacionados à gestão de terra, do ar e da água. Tem sido dada uma nova ênfase às contribuições dos contaminantes atmosféricos à água, bem como aos efeitos do uso da terra sobre a qualidade da água. II.3 Medidas políticas e institucionais e opções para enfrentar os desafios da água na sub-região Apesar das grandes diferenças entre os três países da região, os desafios relacionados à água são semelhantes. A diferença entre os países é o nível de seriedade do problema e da prioridade dada à sua resolução. Por exemplo, apesar dos problemas de qualidade da água existentes nos três países, a seriedade do caso do México é muito maior do que nos outros dois países, onde os problemas de transferências descontínuas e de poluentes típicos foram praticamente resolvidos. Algo semelhante acontece com o problema da gestão sustentável da água nos aqüíferos, que é um problema que afeta principalmente o norte do México e o oeste dos Estados Unidos e é quase inexistente no Canadá. No processo preparatório para o Quarto Fórum Mundial da Água, o Comitê das Américas identificou os seguintes desafios na gestão da água na região das Américas:

1. Gestão da zona costeira 2. Segurança das barragens 3. Descentralização, o papel dos municípios e da comunidade local 4. Opções energéticas: energia hídrica 5. Financiamento da infra-estrutura de água 6. Inundações, secas e gestão de risco 7. Governança, qualidade institucional e participação do público 8. Gestão das águas subterrâneas 9. Implicações do saneamento na saúde

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10. Estrutura legal e regulamentar para a gestão integrada dos recursos hídricos: avanços e reformas

11. Novas fronteiras na abordagem da irrigação 12. Pagamento por serviços ambientais 13. Privatização: opções de financiamento 14. Irrigação pública versus privada 15. Alcançando os ODMs 16. Organização de bacias hidrográficas e níveis apropriados das instituições 17. Saneamento rural 18. Bacias hidrográficas transfronteiriças 19. Gestão hídrica urbana 20. Água e Comércio 21. A água como um direito humano 22. A água como um fim versus a água como um meio 23. Gestão da água por populações indígenas 24. Gestão da qualidade da água, padrões adequados de qualidade da água

Por outro lado, em preparação para o quinto Fórum Mundial da Água, os 6 temas identificados são:

1. Mudança Global e Gestão do Risco 2. Promover o Desenvolvimento Humano e os ODM 3. Gerenciando e protegendo os recursos hídricos e os sistemas de fornecimento para

atender as necessidades humanas e ambientais. 4. Governança e Gestão 5. Finanças 6. Educação, Conhecimento e Desenvolvimento de capacidades

A proposta é descrever as medidas políticas e opções para a sub-região América do Norte de acordo com a estrutura dos seis temas propostos para o quinto Fórum Mundial da Água, com base nos desafios identificados pelo Comitê para as Américas no processo preparatório do Quarto Fórum: Mudanças globais e gestão de risco O México e os Estados Unidos devem desenvolver medidas para reduzir riscos de inundação em áreas vulneráveis. As ações a serem tomadas incluem o desenvolvimento de infra-estrutura de regulação fluvial, bem como a ordenação territorial que evita assentamentos em áreas vulneráveis. Para isso é essencial dispor de sistemas de previsão meteorológica na sub-região, bem como sistemas de alarme para a coordenação das agências governamentais na prevenção e na resolução dos riscos hidrometeorológicos. É necessário trabalhar principalmente para a prevenção de desastres. Em caso de ocorrência de uma catástrofe natural, é necessário estabelecer estratégias e medidas na sub-região para tratar efeitos de precipitação forte, trombas de água, derretimento de neve e ocorrências de secas. Bacias hidrográficas transfronteiriças entre o México e os Estados Unidos são de especial relevância. É necessário incorporar as medidas a serem tomadas em caso de ocorrência de secas e como medi-las, no Tratado de Águas Transfronteiriças (The Boundary Waters Treaty). Estes dois países terão de desenvolver medidas rigorosas para reduzir a demanda da água para enfrentar a escassez de água derivada do crescimento populacional e de mudanças climáticas. Cidades planejadas com critérios ecológicos serão capazes de resolver tais condições em situações futuras.

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Rumo ao desenvolvimento humano e os ODM É necessário que todos os habitantes da sub-região tenham acesso à água potável e a sistemas adequados para a remoção de águas residuais. No caso do México, é necessário fornecer os serviços de água potável e saneamento básico para os habitantes sem acesso a ele, especialmente no sudeste e nas comunidades rurais, onde os problemas são mais graves. No caso dos Estados Unidos e do Canadá, é preciso enfrentar as novas demandas de padrões de qualidade para água potável e a erradicação de algumas substâncias contaminantes, como a presença de chumbo em alguns lugares. Nestes países, também é necessário fazer investimentos para renovar a infra-estrutura de fornecimento de água potável e de saneamento básico, que estão perto do fim de sua vida útil. O México deve continuar construindo infra-estrutura para tratamento de descargas de transporte descontínuo, com estruturas que permitam uma exploração sustentável nas referidas usinas. No caso dos Estados Unidos e Canadá, a prioridade será para reduzir e prevenir fontes não pontuais de poluição e de contaminantes considerados não típicos, bem como uma abordagem ecossistêmica para tratar os problemas de qualidade da água. Gerenciando e protegendo os recursos hídricos e seus sistemas de fornecimento para atender as necessidades humanas e ambientais. A sub-região possui várias bacias hidrográficas transfronteiriças, em que é necessário consolidar regimes de cooperação que permitam alcançar uma gestão sustentável de água. Para o México e os Estados Unidos é de grande relevância a proteção das águas subterrâneas já que, devido ao crescimento demográfico e às mudanças climáticas, os aqüíferos serão a única fonte de abastecimento de água potável em muitas áreas, aumentando a pressão de exploração. O uso mais produtivo e eficiente de água, principalmente na agricultura e nas cidades, é um aspecto fundamental para enfrentar os desafios de água na sub-região. No Canadá e nos Estados Unidos dever ser promovida uma utilização mais racional da água, enquanto que no México a redução de vazamentos nas redes de fornecimento de água é essencial. Devem ser tomadas medidas na sub-região de forma a reduzir o efeito do crescimento das cidades, especialmente nas áreas urbanas e arredores. Devem ser tomadas medidas para reduzir o crescimento horizontal nos centros urbanos, sobretudo os localizados nas regiões oeste e sul dos Estados Unidos, bem como nas regiões central, norte e nordeste do México. A proteção da água costeira será um aspecto a merecer cuidados e esforços importantes, devido ao crescimento esperado nessas áreas, particularmente nos Estados Unidos e no México. É necessário levar em consideração as inter-relações entre água, solo e ar, com a finalidade de abordar os problemas de qualidade da água de uma forma mais integrada. Assim, é relevante incorporar o conceito ecossistêmico na gestão da qualidade da água. No Canadá, as estratégias devem ser concebidas para resolver os problemas do derretimento da neve polar, bem como o das camadas de terra congelada (the permafrost). Governança e gestão Os países da sub-região terão de melhorar a coordenação e a cooperação entre as autoridades federais, estaduais e municipais envolvidas na gestão da água, a fim de alcançar uma política integrada dos recursos hídricos. No caso das bacias hidrográficas transfronteiriças, a coordenação e cooperação devem ser estendidas em nível nacional dos países envolvidos. A busca para o desenvolvimento de uma estratégia nacional integrada para tratar problemas de água nos Estados Unidos e no Canadá, onde o papel principal de descentralização em direção aos governos

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locais está causando um problema de coordenação entre agências governamentais e não governamentais envolvidas na gestão de bacias hidrográficas. A sub-região requer mais e melhores mecanismos de participação para todos os usuários e partes interessadas. Finanças Deve ser desenvolvido, no México em particular, um sistema auto-suficiente para financiar os serviços públicos através da sua própria e maior eficiência física e comercial. No México e nos Estados Unidos os recursos financeiros devem ser direcionados para o desenvolvimento de uma infra-estrutura estratégica necessária para proteger a população contra as enchentes, bem como para o desenvolvimento de todos os estudos associados com uma melhor gestão de escoamento, combinada com o desenvolvimento de assentamentos humanos e produtivos. Educação, conhecimento e desenvolvimento de habilidades É necessária a implementação de sistemas de educação ambiental na sub-região, fazendo com que seus habitantes desenvolvam um uso mais racional da água e paguem custos mais elevados para os serviços de fornecimento de água, tratamento de esgotos, saneamento básico e tratamento de águas residuais. No caos deste último, devido ao fato de que será mais caro obter o recurso e devolvê-lo ao meio ambiente sem causar danos ambientais. Os países da sub-região terão de aumentar a medição dos componentes do ciclo da água de cada país e das bacias hidrográficas compartilhadas, para obter uma avaliação melhor de disponibilidade e qualidade da água e dos efeitos de mudanças climáticas em longo prazo. É essencial o desenvolvimento de tecnologias apropriadas que permitam o aumento da produtividade da água no campo e o uso mais eficiente da água nas cidades para necessitar da menor disponibilidade hídrica nas principais áreas urbanas da região. É necessário promover técnicas para o uso de culturas mais resistentes a secas extremas, aumentos na precipitação e na temperatura, bem como medidas de proteção das colheitas, em particular nas áreas áridas e semi- áridas no México e nos Estados Unidos.

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