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FÓRUM DE ÁGUAS DAS AMÉRICAS RELATÓRIO DA SUB-REGIÃO DA AMÉRICA CENTRAL Preparado para o BANCO INTERAMERICANO DE DESENVOLVIMENTO Por Alexander López Consultor ARC para América Central NOVEMBRO 2008

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FÓRUM DE ÁGUAS DAS AMÉRICAS

RELATÓRIO DA SUB-REGIÃO DA AMÉRICA CENTRAL

Preparado para o

BANCO INTERAMERICANO DE DESENVOLVIMENTO

Por

Alexander López Consultor ARC para América Central

NOVEMBRO 2008

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Sumário

1. CARACTERÍSTICAS DA SUB-REGIÃO 1.1 Localização, disponibilidade e extração hídrica 1.2 Indicadores socioeconômicos 1.3 Agentes de caráter regional a. Comisión Centroamericana de Ambiente y Desarollo (Comissão Centroamericana de Meio Ambiente e Desenvolvimento) (CCAD) b. Comité Regional de Recursos Hidráulicos (Comitê Regional de Recursos Hídricos) (CRRH) c. Global Water Partnership (GWP) d. Unión Internacional para La Conservación de la Naturaleza (União Internacional para a Conservação da Natureza) (UICN) c. Centro del Água del Trópico Húmedo para América Latina y el Caribe (Centro de Água do Trópico Úmido para a América Latina e Caribe) (CATHALAC) f. Red Centroamericana de Acción del Agua (Rede Centro-americana de Ação da Água) (FAN-CA) g. Red Regional de Agua y Saneamiento de Centroamérica (Rede Regional de Água e Saneamento da América Central) (RRASCA) h. Foro Centro-Americano y República Dominicana de Agua Potable y Saneamiento (Foro Centro-americano e República Dominicana de Água Potável e Saneamento) (FOCARD-APS). i. Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) j. Banco Mundial (BM) k. Banco Centro-americano de Integración Económica (Banco Centro-americano de Integração Econômica) (BCIE) l. União Européia (UE) II. DOCUMENTO DE POLÍTICA 2.1 Evolução da gestão hídrica na América Central 2.2 Os desafios regionais 2.3 Gestão hídrica da região e seu vínculo com as dinâmicas globais Água e Saúde 2.3.1 Água e globalização 2.3.2 Evolução da população Dinâmica da População 2.3.3 Uso do solo. 2.3.4 Água e Migrações 2.3.5 Água e Mudança Climática 2.4 Rumo a uma agenda da água na América Central 2.5 Medidas e opções de política e institucionais: Quais são os principais temas da agenda, em termos de formulação de política pública regional? Relação de gráficos e tabelas Referências bibliográficas Anexo 1

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1.1 Características da sub-região

1.1 Localização, disponibilidade e extração hídrica

A consolidação do Istmo da América Central começou, aproximadamente, há 150

milhões de anos, com a formação do que hoje ocupa parte do território

costarriquenho. Esta ponte natural permitiu o contato da América do Norte e

América do Sul, além de ter convertido a região central, ou seja, o quê hoje é

ocupado pelos países da América Central, numa área de contato natural e de

abundante biodiversidade.

Esta unidade que lhe confere a gênese geológica e geográfica ao Istmo é marcada

com a separação política, cultural e econômica. Atualmente, a divisão política do

espaço foi concluída e este Istmo abriga sete Estados, que são: Belize, Guatemala,

Honduras, El Salvador, Nicarágua, Costa Rica e Panamá, o que constitui uma das

regiões de maior fragmentação territorial do planeta. É considerada a extensão

terrestre em o limite político da Guatemala e México até o limite do Panamá com a

Colômbia. A América Central possui uma dimensão total de 523.780 quilômetros

quadrados e uma população de 41.283.659 milhões (CIA, 2008), o quê representa

a escala global de 0,35% do território emergido e 0,62% dos habitantes (gráfico 1 e

2). Ademais, esta região possui uma densidade populacional de 78,8 habitantes

por quilômetro quadrado.

Gráfico 1. Extensão dos países da América Central

Fonte de dados: CIA. 2008. Porcentagem que representa

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Gráfico 2. População na América Central, em porcentagens, por País

A condição ístmica, sua localização latitudinal e as variações topográficas de seu

território, fazem com que a América Central tenha uma condição privilegiada

quanto à produção hídrica. A região possui uma disponibilidade hídrica per capita

de 31.064 m3 (gráfico 3); não obstante, é importante destacar que embora a

América Central tenha abundância hídrica, esta não está distribuída de forma

equitativa; ademais, existe um baixo aproveitamento e uma insuficiente cobertura

da demanda de água potável. Quase a metade dos centro-americanos carece

deste serviço (Córdoba, 1999). Entre as causas da baixa qualidade da água pode-

se mencionar o desmatamento, a urbanização, a indústria e o uso de

agroquímicos; todas causam graves danos às bacias hidrográficas e a mitigação

dos danos ambientais é difícil, no interior dos Estados e se complica ainda mais,

quando se trata de cenários naturalmente compartidos com outros estados, como é

o caso das bacias internacionais.

Fuente de datos: CIA. 2008.Fonte dos dados :CIA 2008

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Gráfico 3. Capital hídrico per capita, na América Central

Fonte: Elaborado a partir de CCAD. 1998, citado em SG-SICA. 2000; Campos e Lücke. 2003.

O regime pluvial centro-americano varia consideravelmente com a altitude e a

encosta. Assim, a Encosta do Caribe recebe precipitações abundantes durante

todo o ano, enquanto que o Pacífico sofre períodos secos que se prolongam, cinco

ou mais meses por ano.

Conforme Rodríguez (2006), na região, a extração per capita de água foi estimada

em 656 m3 por ano. El Salvador é o país com menos disponibilidade de água e

possui uma das taxas mais altas de extração (4,1%), refletindo os sérios problemas

de escassez e estresse hídrico, que já apresenta este país. A Costa Rica é também

o país com a maior taxa de extração (5,1%), mas com uma alta disponibilidade de

água. A Guatemala por sua parte mostrou uma taxa de extração de 3% e conta

com a segunda menor taxa de disponibilidade de água, depois de El Salvador.

Em geral, os países do Istmo estão classificados pela Organização Meteorológica

Mundial como países com poucos problemas de escassez; isto é, aqueles que

utilizam menos de 10% dos seus recursos hídricos disponíveis (OMM-BID, 1996;

SG-SICA, 2001). Assim, projeções feitas para o ano de 2010, 2030 e 2050, indicam

que, na região, El Salvador, para o ano de 2030, mostrará baixo nível de estresse

(13,2%) e para o ano de 2050 (22,98%), alto nível de estresse. Isto é evidente se

considerarmos que El Salvador é um dos países com menor capital hídrico total

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disponível (18.615,5 milhões de m³ por ano) da América Central e apresenta altos

índices de crescimento da população e crescimento econômico. Da mesma forma,

países como Guatemala e Costa Rica, para o ano de 2050, poderiam apresentar

problemas de escassez, embora com menor proporção que El Salvador.

A América Central conta com uma precipitação média anual que varia entre a

mínima de 1.143 mm e a máxima de 5.007 mm. Embora as precipitações pareçam

ser abundantes, segundo os dados, é importante destacar que sua distribuição é

desigual na região, é variável durante o ano, e é variável através do tempo e nas

mesmas vertentes. Os países com uma precipitação média anual máxima mais

elevada são Costa Rica, seguido por Nicarágua e Guatemala. Estes dois últimos

são, por sua vez, os que apresentam as menores médias de precipitação da região

(gráfico 4).

Finalmente, quanto ao uso da água, na região, esta mostra a tendência mundial, na

qual a agricultura é o maior usuário. Não obstante, importantes exceções são os

casos do Panamá e Belize. Finalmente, segundo dados da FAO e mencionados

num relatório de GWP (2006), para 1998-2002, o uso agrícola supera 80%, em

participação relativa na Guatemala, Honduras e em El Salvador; enquanto que na

Costa Rica, alcança 53%. No Panamá e Belize, o uso agrícola representa 28% e

20%, respectivamente.

Gráfico 4. Precipitação média anual, na América Central, em milímetros.

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Fonte: Elaborado a partir de CCAD. 1998, citado em SG-SICA. 2000; Campos e Lücke. 2003.

1.2 Indicadores socioeconômicos

O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) dos países da América Central indicou

que estes países se localizaram num nível médio, exceto no caso de Costa Rica,

que se situa entre os países, que mostraram um desenvolvimento humano elevado.

Dentre os países da América Latina, os países centro-americanos mostraram duas

tendências, uns com desenvolvimento humano elevado (Costa Rica, Panamá e

Belize) e outros com IDH médio (Honduras, Nicarágua e Guatemala) (gráfico 5).

Conforme o Segundo Relatório de Desenvolvimento Humano (2003) 86,4% da

população da região tem uma condição de IDH média, 11,3 possui um IDH alto e

somente 2,3% habita em regiões de IDH baixo. Como pode ser observado, todos

os países registraram um IDH ligeiramente maior em 2002, com exceção do caso

de Belize que mostrou um IDH maior, no ano de 2000.

Gráfico 5. Índice de Desenvolvimento Humano, na América Central para 2000 e

2001

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Fonte: Relatório Mundial sobre Desenvolvimento Humano do ano 2002, citado no Projeto Estado da Nação. 2003

A situação de pobreza na região pode ser observada através do cálculo do índice

de pobreza humana para países em vias de desenvolvimento, o qual considera

como variáveis fundamentais a) a média de porcentagem de pessoas sem acesso

à água potável e de crianças menores de cinco anos abaixo do peso, b) as

porcentagens das pessoas que não sobreviveram até os 40 anos e porcentagem

de adultos analfabetos. No caso da América Central, este índice, para 2004,

indicava que a Costa Rica estava entre os quatro países da América Latina com

índice mais baixo, enquanto que os mais altos correspondiam a El Salvador,

Honduras, Nicarágua e Guatemala, nesta ordem (CEPAL, 2007) (gráfico 6). Além

disso, estes quatro países são os que, na região, possuíam a porcentagem mais

elevada de pessoas que vivem com menos de um dólar diário (CEPAL, 2007),

ocupando o último lugar a Nicarágua (gráfico 7). No caso de Belize, a fonte não

inclui os dados para este país.

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Gráfico 6. Índice de pobreza humana, na América Central, em 2004.

Fonte: CEPAL. 2007.

Gráfico 7. Porcentagem da população que vive com menos de um dólar diário, na

América Central, em 2004.

Fonte: CEPAL, 2007. No caso do Produto Interno Bruto (PIB) per capita, em dólares, para a América

Central reflete que os maiores valores correspondem a Panamá, Costa Rica e

Belize, para 2007 e 2008. Entretanto, durante 2008, somente a Costa Rica e o

Panamá registram um aumento considerável do PIB per capita, enquanto que no

caso de Belize e Nicarágua diminui. Os países que tinham registrado, em começos

da década, um menor índice de desenvolvimento humano são os quê possuem

também, na atualidade, o menor PIB da região (gráfico 8).

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Gráfico 8. PIB per capita dos países da América Central, em dólares, de 2007- 2008

Fonte: Index Mundi, 2008.

1.3 Agentes de caráter regional

Além dos agentes estatais que regem ou têm um vinculo setorial com o recurso

hídrico há uma série de instâncias, em nível regional, que são agentes-chave, no

processo de gestão dos recursos hídricos. A seguinte menção se baseia no

trabalho desenvolvido pela CCAD denominado "Agentes, Agendas e Processos na

Gestão dos Recursos Hídricos da América Central".

Comissão Centroamericana de Meio Ambiente e Desenvolvimento (CCAD)

A Comissão Centroamericana de Meio Ambiente e Desenvolvimento (CCAD) é o

órgão do Sistema da Integração Centroamericana (SICA), responsável pela

agenda ambiental regional. Seu objetivo principal consiste em “contribuir para o

desenvolvimento sustentável da região centro-americana, fortalecendo o regime de

cooperação e integração para a gestão ambiental”. Muito importante dentro da

missão da CCAD é o Plano Ambiental da Região Centroamericana (PARCA), uma

estratégia de médio e longo prazos (2005-2010) que aborda diretamente os riscos

ambientais da região. O PARCA apresenta como Objetivo Superior: “Contribuir

para o Desenvolvimento Sustentável da Região Centroamericana, fortalecendo o

regime de cooperação e integração para a gestão ambiental.” O cumprimento

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desse Objetivo se desenvolve através de três áreas estratégicas de ação, as quais

indiscutivelmente têm um impacto direto sobre os recursos hídricos da região.

Comitê Regional de Recursos Hidráulicos (CRRH). Organismo técnico

intergovernamental do Sistema da Integração da América Central (SICA). O Comitê

Regional de Recursos Hidráulicos (CRRH) é o produto de um processo iniciado

pelo Subcomitê de Eletrificação e Recursos Hídricos pertencente ao Comitê de

Cooperação Econômica do Istmo Centro-Americano, parte da Comissão

Econômica para a América Latina (CEPAL) do Conselho Econômico e Social das

Nações Unidas.

O objetivo principal da CRRH é promover o desenvolvimento e conservação dos

recursos derivados do clima, principalmente os hídricos e sua utilização

sustentável, como meio para alcançar um desenvolvimento integral dos países do

Istmo Centro-Americano, que contribua para melhorar a qualidade de vida de seus

cidadãos.

O CRRH é constituído de um Conselho Diretor integrado por um membro

representante de cada um dos governos da Guatemala, Belize, El Salvador,

Honduras, Nicarágua, Costa Rica e Panamá. Estes membros são os Presidentes

dos Comitês Nacionais de meteorologia e Recursos Hídricos de cada país. Desta

forma, são membros do CRRH os organismos Partes dos Comitês nacionais em

cada país, Instituições de Meteorologia, hidrologia e Águas.

Global Water Partnerhip (GWP)

A Associação Mundial para a Água (sigla em inglês: GWP), é uma rede

internacional de organizações envolvidas no tratamento dos recursos hídricos, que

promove a GIRH por meio da criação de foros nos níveis global, regional e

nacionais voltados à facilitação do processo de diálogo entre atores, buscando

alcançar um melhor uso e conservação dos recursos hídricos, baseados no

conhecimento e no intercâmbio de experiências.

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Seu objetivo principal é assegurar que o tratamento integrado dos recursos hídricos

seja aplicado em cada vez mais países e regiões, como uma forma de promover o

uso sustentável da água.

A GWP está presente na América Central em o ano 2000 é composta por um

grupo de membros amplo integrado por instituições e organizações públicas, a

coletividade acadêmica e a sociedade civil que intervêm na gestão e uso da água

na região.

Entre as ações estratégicas desenvolvidas para o cumprimento de sua missão

estão:

• A sensibilização e o desenvolvimento da capacidade em torno da GIRH

• A promoção de diálogos nacionais e regionais com os atores que intervêm

na GIRH

• A divulgação dos princípios e conceitos da GIRH

• O tratamento do conhecimento por meio do desenvolvimento de documentos

e ferramentas teóricas e práticas

União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN)

Organização intergovernamental com mais de 80 membros na Mesoamérica que

inclui instituições governamentais, dos Estados e de organizações não-

governamentais. Está presente na região em 1988 e realiza atividades

relacionadas à gestão de recursos hídricos, tratamento integrado de bacias

hidrográficas, bem como ações associadas a áreas protegidas, biodiversidade,

restauração e conservação de florestas, transversalização do gênero, igualdade

social, política e gestão ambiental, tratamento de pantanais e zonas costeiras, bem

como direito ambiental, avaliações de impacto ambiental e projetos de

participação comunitária. Trabalha intensamente no tema de gestão integral de

bacias e recursos naturais com enfoque em ecossistemas em o ano 2001. Dentro

de suas atribuições, a UICN busca um equilíbrio entre a melhoria dos meios de

vida das pessoas e a manutenção dos bens e serviços dos ecossistemas, com a

participação social. Em temas relacionados a recursos hídricos, conta com

diversos projetos, tanto de gestão de ecossistemas e de bacias transfronteiriças,

como de tratamento de recursos naturais nos Rios Coatán e Suchialee, entre

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Guatemala e México; Rio Paz, entre Guatemala e El Salvador; Rio San Juan, entre

Nicarágua e Costa Rica e Rio Sixaola, entre Costa Rica e Panamá. Participa

igualmente de forma ativa como colaboradora técnica nos processos regionais de

geração de estratégias e planos sobre recursos hídricos em coordenação com

outras organizações de caráter regional.

CATHALAC: Centro de Água do Trópico Úmido para a América latina e Caribe.

Criado em 1992, o CATHALAC é um Organismo Internacional a serviço da região

dos trópicos úmidos da América Latina e Caribe.

Sua missão é promover a gestão integrada de bacias hídricas na América Latina e

Caribe, por meio da pesquisa aplicada, a educação e a transferência de tecnologia.

A CATHALAC tem como propósito promover o desenvolvimento sustentável por

meio de pesquisa aplicada e desenvolvimento, a educação e a transferência de

tecnologia sobre os recursos hídricos e o meio ambiente, facilitando os meios para

melhorar a qualidade de vida nos países de trópico úmido da América Latina e

Caribe.

A participação nos projetos, programas e atividades da CATHALAC está aberta a

todos os países do trópico úmido da América Latina e Caribe, assim como também

a todos os países externos à região, organismos intergovernamentais,

organizações não-governamentais, privadas e filantrópicas e pessoas interessadas

em apoiar a agenda científica, técnica e educativa ou as atividades programáticas

do Centro.

Rede Centro-americana de Ação da Água (FAN-CA). Rede regional de

organizações locais, sociais e não-governamentais vinculadas ao tema da gestão

dos recursos hídricos, que nasceu em fevereiro de 2003, em San José, Costa Rica.

A FAN-CA está orientada para a construção de espaços para reunião, articulação e

coordenação dos diversos esforços, que agentes locais e organizações nacionais

vêm realizando, sobre o tema “água”.

Rede Regional de Água e Saneamento da América Central (RRASCA). Rede

constituída com o propósito de fortalecer os programas de modernização e gestão

dos setores de Água Potável e Saneamento da região. Esta Organização se

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formou há uma década e seu fortalecimento como rede se baseia nos critérios para

estimular e coadjuvar a aplicação das normas de qualidade e padrões comuns na

prestação dos serviços.

Foro Centro-americano e República Dominicana de Água Potável e

Saneamento (FOCARD-APS). Constituído pelas instituições mais importantes do

Setor de Água Potável e Saneamento dos países Centro-Americanos e República

Dominicana: Instituto Nacional de Águas Potáveis e Esgoto (INAPA) da República

Dominicana; a Administração Nacional de Aquedutos e Esgoto (ANDA) de El

Salvador; Conselho Nacional de Água e Saneamento (CONASA) de Honduras;

Ministério da Saúde Pública e Assistência Social e o Instituto de Fomento Municipal

(INFOM) da Guatemala; a Comissão Nacional de Água Potável e Esgoto

(CONAPAS), de Nicarágua; Instituto Costarriquense de Aquedutos e Esgoto (A e

A) da Costa Rica; Direção do Sub-setor Água Potável e Esgoto Sanitário do

Ministério de Saúde (DISAPAIMINSA) do Panamá, assim como delegados da Rede

Regional de Água e Saneamento da América Central (RRAS-CA), Região II de

AIDS, a Agência Suíça para o Desenvolvimento e Cooperação (COSUDE) e

Assessores da Organização Pan-Americana da Saúde (OPSIOMS) constituem um

esforço por promover um espaço em nível centro-americano, incluindo a República

Dominicana para atender o desenvolvimento do setor de água potável e

saneamento e articular seu esforço com a institucionalidade de integração da

região.

Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID)__ Um dos principais atuantes

na região por meio de créditos e cooperações técnicas para todos os países do

Istmo, em temas associados à gestão dos recursos hídricos. Programas e projetos

de Bacias, Bacias Fronteiriças, Agricultura e irrigação, Água Potável e

Saneamento, Projetos Hidroelétricos, Produção mais Limpa, Descentralização de

serviços, Programas de descontaminação e administração de Dejetos sólidos,

Gestão de Risco estão presentes, na agenda dos escritórios do BID, nos países da

América Central.

Banco Mundial (BM). Está presente, na região, com diversas operações de

empréstimo e cooperação técnica, em áreas como: Bacias, Água Potável e

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Saneamento, Pagamento por Serviços Ambientais, Desenvolvimento Sustentável,

Proteção da Biodiversidade e Projetos Hidrelétricos e de energia renovável.

Banco Centro-americano de Integración Económica ((Banco Centro-

americano de Integração Econômica) (BCIE). Participa, na região, colocando

recursos por meio de crédito a governos, assim como elaborando pequenos

projetos para algumas organizações não-governamentais. Os empréstimos e

projetos vão em a Geração de Energia Elétrica, Infra-estrutura de Irrigação,

Administração Integrada de Bacias Hidrográficas Compartilhadas, Planos de

Administração de Bacias, Criação e capacitação de Unidades Ambientais, em

municipalidades, Criação e fortalecimento de Autoridades de Bacia, Aquedutos,

Sistemas de Potabilização de Água, Sistemas de Tratamento de esgotos, até o

estabelecimento de política ambiental. Para isto, foram constituídos alguns

programas especializados, tais como: FALIDES, Gestão Centro-Americana para a

Biodiversidade, Programa de Garantia para energia renovável e PROMUNI, entre

outros.

União Européia (UE). Desenvolve diversos programas de apoio aos países, na

região, com componentes relacionados aos recursos hídricos, em programas de

apoio a Bacias fronteiriças, qualidade de água, estudos técnicos de levantamento

de informação hídrica, projetos de desenvolvimento rural integrado, Capacitação,

Educação Ambiental, Infra-estrutura em Água e Saneamento, reconstrução de

infra-estrutura de desenvolvimento. Os programas da União Européia focalizaram,

fortemente, a Nicarágua, Honduras, El Salvador e Guatemala. Suas concorrentes

têm sido organizações não-governamentais internacionais e nacionais, assim como

o governo nacional e local. Atualmente, está executando o programa PREDVA,

com o concurso da CCAD, CRRH e CEPREDENAC.

II. Documento de Política

2.1 Evolução da gestão hídrica na América Central Salvo em poucos países, a água doce é um elemento abundante na zona, e recebe uma precipitação anual comparativamente alta, apesar de que a distribuição ao longo do ano está cada dia mais irregular devido à variabilidade da mudança

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climática e outros eventos atmosféricos a ela relacionados. Apesar do istmo ter água suficiente, o crescimento da população tem incrementado notadamente a demanda doméstica e agrícola deste recurso. É importante reconhecer que nem tudo o que chove sobre a América Central é aproveitável e nem todos os lugares da região recebem a mesma quantidade de água. A disponibilidade da água não constitui por si uma garantia de desenvolvimento, apesar de que sem ela o desenvolvimento sustentável e impensável. Atualmente, sua disponibilidade para diferentes usos está começando a ser uma das principais preocupações socioeconômicas. As limitações no acesso à água para atender às necessidades básicas como saúde, higiene, segurança alimentar atravancam o desenvolvimento humano e provocam enormes dificuldades à população afetada. Isto resulta evidente, por exemplo, pois uma boa parte da população dos países da região está exposta a fontes de água contaminadas que incrementam as incidências das enfermidades (coliformes fecais, sustâncias orgânicas industriais, substâncias acidificantes, metais pesados, fertilizantes, pesticidas, sedimentos e salinização). Em muitos casos, os sistemas de água potável e esgotos são totalmente obsoletos ou necessitam de reforma e ampliação. A isto se soma o fato de que em muitos dos países da região, entretanto, existem sérias deficiências na operação e manutenção das instalações e equipamentos. Isto ocasiona interrupções no serviço, perdas nos sistemas de distribuição, falhas na desinfecção e outros problemas, tudo comprometendo a eficiência dos serviços prestados aos consumidores. Assim mesmo, a falta de tratamento de águas residuais, apesar da disponibilidade da água superficial ser abundante a qualidade da mesma não permite seu aproveitamento efetivo. No que se refere ao marco institucional, a legislação que regula o acesso e uso do recurso mostra que três dos sete países da região (Belize, El Salvador, Guatemala) não contam com uma Lei de Águas, enquanto que o resto dos governos possui leis antigas que não estão em consonância com a realidade atual (Honduras, 1927; Costa Rica, 1942; e Panamá, 1966, respectivamente); assim, somente a Nicarágua conta atualmente com uma nova Lei de Águas. Em Honduras a administração de águas corresponde ao Ministério de Recursos Naturais e aos setores de saúde, energia e floresta; na Costa Rica, ao Ministério do Meio Ambiente e aos setores de saúde, energia e mineração e a aquedutos e manilhas. A Lei do Panamá estabelece o domínio público de todas as águas, entende o recurso como o elemento constitutivo do ciclo hidrológico e regula os usos proveitosos; cria a Comissão Nacional de Águas como dependência do Ministério da Agricultura, Comércio e Indústria, ao qual cabe planejar o desenvolvimento hídrico, demarcar zonas de regime especial, estabelecer medidas de proteção, coordenar as ações de setor público, outorgar direitos e cuidar de assuntos sobre infrações à lei; estabelece a figura de permissões de água e concessões transitórias por 3 a 5 anos e permanentes.As atribuições da aplicação da lei de águas, passaram em sua ordem da Comissão Nacional de Água, para o Ministério do Desenvolvimento Agropecuário (MIDA), dai para o Instituto Nacional

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de Recursos Naturais Renováveis (INRENARE) e hoje se encontra na Autoridade Nacional do Meio Ambiente (ANAM). Desde março de 2007, uma política Nacional de Recursos Hídricos encontra-se na Assembléia Nacional de Deputados, após uma ampla discussão com muitos setores da sociedade foi apresentada para ser discutida a proposta de anteprojeto da nova lei de águas com um enfoque na Gestão Integrada de Recursos Hídricos. No caso da bacia hidrográfica do canal do Panamá, a administração e coordenação dos aspetos vinculados aos recursos hídricos é realizada pela Comissão Interinstitucional da Bacia Hidrográfica do Canal do Panamá. A República do El Salvador conta com a Lei de Regime de Irrigação e Drenagem (1970), própria do direito agrário, a qual normatiza os princípios de nacionalização das águas, aspetos gerais do uso e conservação, esgotamento de fontes, resolução de conflitos e outros. Em El Salvador a administração da água esta a cargo de varias instituições em sua perspectiva sub setorial, entre elas a de água potável e saneamento ANDA, a Comissão Executiva Hidrelétrica do Rio Lempa (CEL) e o Ministério da Agricultura , que outorga os direitos de uso para irrigação. A República da Guatemala realiza a gestão da água mediante uma escassa aplicação de um sem número de disposições legais dispersas em códigos e leis, umas gerais, outras especiais e a maioria setoriais, emitidas conforme os critérios jurídicos desiguais, aplicados por muitas instituições e que em definitiva não apóiam a gestão integrada da água, o qual fica demonstrado com a situação atual da administração da água. No caso da Guatemala, depois de vários anos de discussão de diferentes projetos de lei, o atual governo cria o Gabinete da Água, como uma instância de coordenação interministerial, fato sem precedentes na região e que coloca o tema água na mais alta agenda política. A legislação de Belize diferencia-se notadamente da do restante da região, pois sua fonte mediata e imediata é o direito inglês; não obstante a legislação vigente apresentar uma situação similar à dos outros países, pois está dispersa em várias leis setoriais, cujas autoridades de aplicação têm a seu cargo a administração hídrica, sem a necessária coordenação, evitando duplicidades e desperdício de recursos. Alem do que não conta com regulação integral para a outorga de direitos de águas, quando a WASA do Ministério de Recursos Naturais, tem competência para outorgar direitos para água potável, irrigação privada e controle de inundações, assim como para emitir regulamentos em matéria de prevenção, mau uso e contaminação da água. Finalmente, em 2004, assim como em outros países da região, iniciou um esforço de reformulação da política com um enfoque de gestão integrada da água, o planejamento dos recursos hídricos e eventualmente uma legislação dos mesmos. Os esforços gerados na região são apresentados a seguir de maneira sinóptica, sem que esta seja de caráter exaustivo:

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Belize. O consumo de água em Belize está se transformando e precisa de medidas de gestão hídrica que atendam ao mesmo. O consumo tem crescido em 115% nos últimos 10 anos. A taxa de aumento médio no consumo é de 8,9% (Hernández e Ríos, 2005). No passado, tentou-se formular uma política e legislação hídrica em Belize, mas a iniciativa não foi adiante, devido a não ter contado com a participação dos atores e agências do estado, o que resultou na oposição ao processo (Colom.2003). Atualmente, este país não conta com um marco legal que trate do tema da gestão integrada dos recursos hídricos e não se tem realizado muitas ações nesta linha (Colom.2003). Além disto, existe una pressão crescente em torno da utilização da água e não se produzem pressões dos usuários nem das organizações não-governamentais para que o governo coloque em lugar prioritário de sua agenda a gestão integrada dos recursos hídricos. Entretanto, é preciso assinalar que os recurso hídricos não sofrem grande pressão da população e existe uma oferta abundante (Ministry of Natural Resources, Environment and Industry. 2002).

Costa Rica A construção de um novo projeto de Lei sobre Recursos Hídricos, resultou em um em processo mais participativo na história da Costa Rica. Desde 2002 até hoje, surgiram vários processos, o primeiro promovido a partir do Congresso, junto com Organizações não-governamentais – ONG’s, a GWP-CA e representantes do governo de forma coordenada, na qual as Câmaras Privadas. O Projeto de Lei deste primeiro processo, N° 14585, tem sido ditado afirmativamente pela Comissão Especial de Meio Ambiente da Assembléia Legislativa em abril de 2005. O segundo processo foi iniciado com o chamado do Ministro do Meio Ambiente e Energia da administração de governo 2002-2006, no que participaram todas as Câmaras Privadas, as ONG’s, a Meio Acadêmico e o setor governamental com representantes de todas as instituições com competência no recurso de água. Este processo concluiu com um texto de projeto de lei, que incluía um artigo com 80% de consenso. Entretanto, o Ministro do Meio Ambiente e Energia da atual administração, decidiu enviar o texto para consulta internacional. A consulta do Ministro do Meio Ambiente e Energia, concluiu com um outro texto melhorado do Projeto N° 14585, que foi entregue às organizações e instituições envolvidas em sua respectiva revisão, e que se encontram em pleno processo de discussão conjunta para chegar a um consenso. Atualmente, existem três textos de projetos de lei.

Dentre os objetivos más importantes do projeto de lei estão: a regulação do uso da água, a sinalização das áreas de conservação e o estabelecimento de sanções. Entre seus conteúdos estão: o domínio público da água, uma estrutura organizadora, planejamento, instrumentos econômicos, aproveitamento dos recursos hídricos, proteção e conservação dos recursos hídricos, entre outros. Algumas das principais controvérsias com o projeto de lei têm sido: a aparente centralização em matéria institucional, ao colocar nas mãos do Ministério do Meio Ambiente e Energia (MINAE) grande parte da responsabilidade. Assim, o título II do Capítulo I do projeto de lei estabelece sua estrutura organizacional, o artigo 6 determina que o Ministério do Meio Ambiente e Energia é o responsável pelos recursos hídricos com poderes de direção, de conformidade com a Lei Geral da Administração Pública, N.º 6227 de 2 de maio de 1978. Seria criada também uma

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Direção Nacional de Recursos Hídricos “como um órgão técnico de gestão institucional do Ministério do Meio Ambiente e Energia, com grau máximo e com personalidade jurídica instrumental para adminsitrar o patrimonio a ele atribuído por esta lei”

Entretanto, a Costa Rica tem avançado com instrumentos que contribuem para a gestão integrada dos recursos hídricos, entre os quais o Cânone de Aproveitamento, o Cânone de Dejetos e o Programa Nacional de Gestão Integrada dos Recursos Hídricos. Um dos produtos da Estratégia para a Gestão Integrada de Recursos Hídricos na Costa Rica, é a Política Hídrica Nacional, a qual incorpora os princípios diretores da gestão dos recursos hídricos, onde se estabelece a água como um bem de domínio público, não embargável e não alienável, a função da água como fonte de vida e sobrevivência de todas as espécies e ecossistemas, o reconhecimento da água com valor econômico e social, a participação dos interessados na sua gestão em nível de bacia hidrográfica como unidade de planejamento e gestão, com critérios de integração e descentralização, entre outros. (EGIRH, 2005). Esta política hídrica nacional é considerada um grande feito para o país, no obstante não ter sido considerada de forma implícita no planejamento nacional, por todas as instituições de governo. O país, apesar de ter promulgado uma Política Nacional Hídrica, na prática ela não é obrigatória para a tomada de decisões pelas diferentes instituições do Estado. O governo não conseguiu constituir o recurso hídrico como um eixo orientador e de decisões em matéria de planejamento. Apesar de que se for dada prioridade ao aproveitamento dos recursos hídricos em água de consumo humano, no há clareza em matéria de investimento em água potável e saneamento1. Por outro lado, é necessária uma nova Lei do Recursos Hídricos que responda às necessidades atuais, na incorporação dos princípios de acesso à água como direito humano, participação cidadã, descentralização, enfoque ecossistêmico e novos instrumentos de planejamento em nível da bacia hidrológica, instrumentos econômicos e de punição. Com relação ao saneamento, a coleta e tratamento de águas negras por fossa séptica continua sendo o principal meio. Só 37% das águas residuais captadas por esgoto sanitário, recebem tratamento. 63% são descarregados como águas cruas nos rios ou riachos. El Salvador. A qualidade da água constitui um dos principais desafios sócio- ambientais em El Salvador. A contaminação da água piorou durante as últimas décadas e passou a se constituir num problema generalizado para a população e os ecossistemas. Simultaneamente, foi debilitada a capacidade institucional do Estado para conhecer e monitorar a qualidade dos recursos hídricos.

1 94,3% da população nacional recebe água intradomiciliar. Destes, 83,5% recebem água potável no país e 16,5% recebem água não potável. No obstante os níveis de desigualdade calculados com base nos parâmetros de cobertura de aceso a água por conexão intradomiciliar, cobertura de água de qualidade potável, cobertura de população que recebe água submetida ao controle de qualidade, cobertura de população que recebe água com tratamento e desinfecção e tarifas (T), são de 30 cantões com alta, muito alta e total desigualdade de um total de 81 cantões (Mora, D. 2008b).

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Prova disto é que em algumas zonas de El Salvador, a água é racionada. Algumas zonas de recarga são cafezais que estão sendo degradados, para o estabelecimento de notificações; é necessário regular a hora de estabelecer projetos de infra-estrutura e abordar o tema do setor café, como aéreas importantes de recarga hídrica. O crescimento populacional é um tema que representa um desafio para El Salvador, principalmente por ser um dos países menores da região. A Associação Nacional de Aquedutos e Esgotos (ANDA) aceita que há duas décadas se aguarda uma resposta definitiva à demanda de água do país; mas o que tem ocorrido é uma desordem do crescimento populacional ao que ANDA não conseguiu responder (Murcia & Henríquez, 2004). Apesar de contar com um marco relativamente amplo de instrumentos regulatórios para enfrentar a contaminação da água - a que é impactada por dejetos domésticos, industriais, agroindustriais e agrícolas El Salvador passou por uma tendência crescente de casos de enfermidades de origem hídrica, tais como diarréia e o parasitismo intestinal, afetando principalmente a população infantil. As escassas iniciativas e propostas existentes para enfrentar a contaminação da água, quase sempre são limitadas pela ausência de uma política e compromissos institucionais capazes de encaminhar mais eficazmente esses esforços por enfrentar a contaminação da água no país. O país conta com um conjunto não depreciável de iniciativas e propostas para avançar na gestão da água, assim como um marco e conjunto de instrumentos normativos que continua se expandindo. Por exemplo, pode-se citar a Iniciativa Agua 2015, formada por atores, públicos, privados, sociais e acadêmicos, que é coordenada e facilitada pelas seguintes instituições: a Associação Mundial de Água (GWP), o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), a Comissão Nacional de Desenvolvimento Comisión Nacional de Desarrollo (CND) e a Rede de Água de El Salvador (RASES). A finalidade da Iniciativa Água 2015, é facilitar as condições nacionais para o cumprimento dos objetivos e metas do milênio, referentes à gestão dos recursos hídricos e ao desenvolvimento e são planejadas ações que permitam a governabilidade efetiva da água; fortaleçam a rede nacional e sub setorial e o desenvolvimento de projetos pequenos que permitam o acesso e tratamento da água (Pacheco, 2007). Outrossim, deve-se destacar o esforço da agenda hídrica do Trifinio. OTrifinio facilitou a criação da comunidade tri nacional de prefeitos, que estão gerindo fundos para o tratamento de temas das municipalidades, como tratamento de dejetos, descontaminação da água. Da mesma forma, estipula-se “desenvolver uma Agenda Hídrica Trinacional para a Gestão Integrada da Água na bacia alta do rio Lempa, da Região Trifinio, mediante um processo de diálogo, consenso e definição de ações conjuntas entre diferentes atores locais em Guatemala, Honduras e El Salvador (Governos Municipais, Setor Público, Setor Privado, Organizações da Sociedade Civil, Universidades, dentre outros)” (Comissão Trinacional do Plano Trifinio, 2008).

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È importante mencionar a situação particular das bacias transfronteiriças para o caso de El Salvador e a dependência do país. A bacía do rio Lempa abrange três países: Guatemala, Honduras e El Salvador. As nascentes do rio encontram-se: na zona sudeste da Guatemala e sudoeste de Honduras. Para El Salvador, esta bacia significa a maior fonte de recursos naturais e serviços ambientais, vinculados a produtos como a água para consumo humano, geração de energia e irrigação. Igualmente, o rio Goascorán nasce em Honduras e percorre o estado salvadorenho de La Unión; atualmente está em risco frente ao incremento progressivo da contaminação de suas águas e ao desflorestamento nos arredores. De acordo com a imprensa salvadoreña, “A bacia está se esgotando, sobretudo nos trechos que atravessam El Sauce, Concepción del Oriente, Anamorós, Nueva Esparta e Pasaquina; isto ocorre face à existencia de um plano de tratamento do Goascorán, impulsionado pelo Programa Binacional de Desenvolvimento Fronteiriço Honduras-El Salvador” (La Primerísima, 2008).

No que diz respeito à “bacia do Rio Paz, existe o Plano de Tratamento Integrado, que faz “parte da estratégia de desenvolvimento regional das zonas fronteiriças na América Central, baseados no Plano de Ação para o Desenvolvimento e Integração Fronteiriça; O Plano faz parte de uma estratégia mais ampla de abordagem regional da problemática social e ambiental da América Central, a partir da qual as iniciativas multinacionais viram instrumentos para a proteção do meio ambienta e o combate à pobreza nos territórios envueltos entre os países Centro-Americanos”(Gómez, 2002.

Honduras. Apesar do considerável volume hídrico para Honduras, prevê-se um panorama difícil, especialmente na capital, já que em alguns setores de Tegucigalpa existem sérios problemas para receber água (gráfico 9). Isto se deve a uma crise de abastecimento que afeta quase um milhão de habitantes na capital de Honduras. Os habitantes das zonas mais pobres devem se abastecer com os vendedores de água em carros pipas que têm feito desta atividade um negócio lucrativo.

Gráfico 9. Comportamento Histórico do Indicador de Percentagem de

População com Acesso à Água Potável em Honduras

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Fonte: SIERP. 2006. A difícil situação do abastecimento de água em Tegucigalpa e outras cidades e povoados, especialmente no centro, sul e este de Honduras, aponta um panorama difícil, no que peritos asseguram que esta nação centro americana poderá enfrentar sérios problemas no futuro próximo (20 anos). A crise, que se estende também a outras cidades e povoados rurais, em diferente magnitude, é atribuída à celerada destruição das bacias hidrográficas devido ao corte e queima da floresta. Entre 1962 e 1995 a floresta em Honduras foi reduzido de 7,5 milhões de hectares para 4,5 milhões. Estima-se que anualmente mais de 100.000 hectares são destruídos no país pelo desflorestamento devido à roça e queima para cultivos e gado, corte legal e clandestino e incêndios. Se o ritmo atual de desflorestassem se mantém, em 10 anos vai reduzir significativamente a água nas cidades e povoados de Honduras. Por outro lado, a situação atual de Honduras encontra-se em primeiro lugar visualizada no alcance presente, entre os quais se pode citar a Lei Geral de Água em processo, a qual constitui um marco jurídico fundamental para planejar e ordenar a gestão e aproveitamento integrado do recurso hídrico nacional, além do que esta lei possa responder à valorização, gênero, igualdade, vulnerabilidade, sustentabilidade e conservação dos recursos hídricos para a população civil. Por conseguinte, deve-se fomentar políticas de descentralização, participação cidadã integração e eficiência da gestão dos recursos hídricos. (Kawas, Nabil. 2007). Outro dos feitos de Honduras é o êxito na formação e operação das Juntas de Água e grandes avanços na potabilização da água; para tanto, o governo de Honduras mostrou a importância do sector água potável e saneamento, ao colocá-lo entre suas prioridades e fazer parte da agenda em diversos compromissos internacionais assumidos, consciente que o maior acesso à água potável e saneamento assegura a diminuição da incidência de enfermidades graves relacionadas com sua origem hídrica. (CONASA, 2005). Para realizar um trabalho eficaz no recurso hídrico, Honduras realiza uma política hídrica no país; essa política hídrica não foi aprovada pelo Poder Executivo. Entretanto, com a Lei Geral de Águas, pretende-se estabelecer um marco de princípios e regras aplicáveis à gestão dos recursos hídricos nacionais, seus ecossistemas e outros recursos vinculados a estes, para sua proteção e aproveitamento, assim como o marco de domínio e titularidade dos direitos da água, e o marco de competências, funções e responsabilidades da administração pública na gestão dos recursos hídricos. (GWP, 2008). A política de APS, em andamento, define claramente as funções dos diferentes atores, entre os quais encontram-se os usuários, os normatizadores, os reguladores e os prestadores do serviço, assim como estabelecem os critérios para a avaliação dos serviços, os esquemas de tarifas e os mecanismos de compensação e solidariedade social que garantiram o acesso aos recursos pelos cidadões que se encontram em condições de vulnerabilidade social; isto por causa do problema que se dá em avaliação da água , a tarifa é muito baixa, pelo

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que se lhes da estrutura às comunidades, mas não adquirem uma boa capacidade de manutenção o que leva a que não haja manutenção e não seja sustentável. Por isso também se pode mencionar a lei Marco de Água Potável e Saneamento, onde se prevê promover a ampliação da cobertura, assegurar a qualidade da água, estabelecer o marco de gestão ambiental para a proteção e preservação das fontes de água, e o fortalecimento do ordenamento e a governabilidade na gestão dos serviços de água potável e por último, a formação de redes interinstitucionais em torno da água, incluindo às pessoas na aquisição da mesma. (Decreto No.118-2003). Em Honduras existem avanços no acesso a água. Tem-se observado, nas regiões mas longínquas do país, um grande sucesso no que diz respeito às Juntas de Água, mas não na qualidade, já que se tem descuidado esta área, como parte da política integral de conservação e proteção dos recursos naturais. Por outro lado, há modelos de gestão ou experiências da gestão e administração que determinam o acesso à água; são eles as Juntas de Água, Mixto (Caso Puerto Cortes) privado e municipal, empresas municipais, prestadores privados e setor público. Um dos elementos principais da governabilidade é a participação cidadã, a qual é considerada muito apropriada no planejamento e implementação dos projetos de APS, a participação, sua administração e manutenção, através de mais de 5.000 Juntas de Água Potável e saneamento, que existem em Honduras. A maioria dos Municípios administra seus sistemas de água potável, restando apenas 19 sistemas sob a administração do SANAA. Assim, a governabilidade não pode estar à margem da institucionalidade, já que além das juntas existem diversas instituições e atores no setor APS, como o Governo, os Municípios, a sociedade civil, as ONG’s. È o Governo, os Municípios, a sociedade civil, as ONG’s e as agências de cooperação que contam com um marco legal e institucional que define seus papeis e responsabilidades e o funcionamento dos entes que regem e regulam os serviços de APS. Assim, a participação de vários atores no setor requer um bom nível de coordenação, que influi na governabilidade da água. Em Honduras, a coordenação é melhor alcançada através do mecanismo de trabalho em rede praticado tanto em nível central e regional através da Rede de Água e Saneamento de Honduras (RAS-HON), em nível regional através de várias organizações como a AHJASA, COCEPRADII, COCEPRADIL entre outras, e em nível municipal através de suas Associações de Juntas de Água Municipal (AJAMs) e Comissões Municipais de Água e Saneamento (COMAS). Este trabalho em rede, não apenas fortalece a coordenação, como também ajuda no desenvolvimento das capacidades dos atores, através de mecanismos de gestão do conhecimento e a informação. Guatemala. Possui abundância de água; entretanto, não existe um bom tratamento dos recursos para desenvolver e manter as exigências de bastecimento de água. Os recursos de água vêm se esgotando devido ao aumento da demanda, a qual se desenvolveu até chegar a uma situação crítica. Este esgotamento é devido em parte a uma distribuição desigual da população; as áreas mais densamente povoadas são as regiões onde a disponibilidade de água é baixa devido à altura ou

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a um déficit de chuva. A cidade de Guatemala é um exemplo típico. O contrário ocorre onde os recursos de água são abundantes (Corpo de Engenheiros dos Estados Unidos da América, 2000).

Durante os últimos 10 anos (1998 – 2008) considera-se que o país sofreu um estancamento e um retrocesso quanto à administração pública dos usos e aproveitamento deste recurso, o que se reflete no seguinte: Em 1996, a nova Lei do Organismo Executivo modifica as funções do Ministério da Agricultura e não lhe outorga atribuição nenhuma a respeito do uso da água para fins de irrigação - num país onde a agricultura continua sendo uma das atividades principais -, unicamente lhe compete o setor hidrobiológico e a pesca. Nenhuma lei dá a ministério algum a faculdade de outorgar direitos, a Lei Geral de Eletricidade diz respeito ao uso energético e às leis de minérios e de hidrocarburetos, em relação com tais aproveitamentos, mas o uso agrícola e doméstico não são garantidos por autoridade alguma. Somente os ministérios são por lei responsáveis pelos setores, tal é o caso da água potável e saneamento, o Governo entre 1996-2000 muda do Ministério da Saúde - a um órgão descentralizado, cujo fim é dar assistência técnica e financeira ao município, as funções, programas e orçamentos da água potável e saneamento. No final do ano 2007, tanto o Ministério da Saúde como o outro órgão, carecem de orçamento e pessoal. Os recursos investidos pelos fundos sociais e os governos locais em matéria de APS correspondem a uma taxa menor ao crescimento vegetativo da população. No final da década de 1970, o país contava com uma rede hidro meteorológica com cerca de 700 estações; atualmente operam só 48 em todo o país. Sem dúvida, os avances institucionais se encontram no lado da legislação ambiental, matas e de áreas protegidas pois seus regimes legais (1986 em adiante) contemplam medidas de proteção e recuperação em qualidade, quantidade e comportamento das águas, a pesar de não se ter aprovado específicos, salvo o de matas de recarga hídrica do instituto de matas. Uma forma de progresso poderá ser a modernização da legislação de Pesca 2002 e a emissão do Regulamento de Águas Residuais e Lodos (2005) derivada da Lei de Proteção e Melhoramento do Meio Ambiente. Assim mesmo, têm disso desenvolvidos medidas e opções de política e institucionais para enfrentar os desafios hídricos no país. Por exemplo, o novo governo 2008 – 2013, a os 20 dias de assumir o poder, aprova no dia 4 de fevereiro de 2008 seis medidas estratégicas de gestão pública, decide criar o Gabinete Específico de Água e aprova o Plano Nacional de Água Potável e Saneamento, Educação Sanitária e Ambiental e rompe o silêncio de mais de 18 anos do Executivo em matéria de gestão pública da água e de gestão integrada dos recursos. O Gabinete Específico da Água está integrado por 10 ministérios, 5 secretarias de estado, é um organismo presidido pelo Vice-Presidente da República e tem por objetivo projetar e implementar políticas de gestão da água. As novas medidas se organizam em seis grandes temas: água e desenvolvimento humano, água e economia, água e ambiente, água e governabilidade, água e informação e água e futuro.

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Nicaragua. Único país da América Central com uma Lei de Águas moderna, logo após 31 anos em que não se aprovava na região uma legislação nesse âmbito. De acordo com a declaração oficial surge com o objetivo de estabelecer “o marco jurídico institucional para a administração, conservação, desenvolvimento, uso, aproveitamento sustentável, eqüitativo e de preservação em quantidade e qualidade de todos os recursos hídricos existentes no país, sejam eles superficiais, subterrâneos, residuais e de qualquer outra natureza, garantindo por sua vez a proteção dos demais recursos naturais, os ecossistemas e o meio ambiente”.

Igualmente, a lei estabelece os usos da água o consumo humano, água potável, agropecuário, conservação ecológica, geração de energia, cada uma com suas respectivas regras. Não obstante, a deterioração do serviço de água potável é um drama que se vive em muitos dos bairros de Manágua, mais alcança seu nível máximo em Granada, Carazo, Masaya, Boaco, Chontales, Nueva Segovia, Chinandega.

O acceso à agua em Nicaragua é um problema muito significativo, “varias zonas do país contam, entretanto, com conexão à rede de distribuição da Empresa Nicaragüense de Aquetudos e Esgotos Sanitários (ENACAL) e mais da metade dos nicaragüenses continuam recebendo um serviço péssimo, esperando tods as noites que o líquido vital flua, enchendo os barris que serão sua única oportunidade para o dia seguinte”.

Panamá. Durante 2002 foi aprovada a Lei de Administração de Bacias no Panamá com o objetivo de: “establecer no país um regime administrativo especial para a proteção e conervação das bacias hidrográficas, que permita o desenvolvimento sustentável fundamentado no plano de ordenamento ambiental territorial da bacia hidrográfica” “(Martínez, 2003: 23).

O Panamá possui um das percentagens de cobertura de conexões de água domiciliar mais altas da América Central. Neste país, a cobertura urbana de água potável cobre quase a totalidade da população (98,5%) e em as áreas rurais é de 77,5%. Assim, os dados não são tão alentadores para o caso do tratamento de águas residuais já que este é de 18%. Também possui uma rede de calhas que tem uma cobertura urbana de 70% (La Prensa.com, 2006). Por outro lado Panamá conta com o Decreto Lei 35 de 1966, de 22 de setembro de 1966. Para regulamentar o uso das águas é necessário fazer uma diferença entre água potável, a qual passa por um processo de potabilização e o conceito de água melhorada, a qual somente leva cloro. Este é o caso das comunidades rurais, atendidas pelo Ministério da Saúde (MINSA). Frente ao desafio da cobertura universal de água potável e saneamento o Ministério da Saúde do Panamá tem um Programa de Água e Saneamento no Panamá (PASAP) (Ministério da Saúde, 2008), os objetivos do mesmo são:

• Implementar serviços de água potável e saneamento (APS) sustentável, incluindo a proteção das fontes, com base na participação comunitária efetiva em todo o ciclo do projeto.

• Melhoria das praticas sanitárias.

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• Fortalecimento das políticas do setor e busca de um consenso entre os principais atores sobre estas políticas.

• Fortalecer a capacidade institucional do setor e particularmente a do Ministério da Saúde como responsável pelo setor de água potável e saneamento.

Prevê-se o fortalecimento das Juntas Integrais de Água e Saneamento, Associação de Juntas Integrais de Água e Saneamento, da Comissão Municipal de Água e Saneamento e do Institutode Aquedutos e Esgotos Nacionais. Um aspeto importante no Panamá é a capacidade do país gerar hidro eletricidade. Atualmente nove rios no Panamá têm o caudal necessário para desenvolver projetos hidrelétricos, em quanto que outros 401 também são aptos, em menor escala, para esta atividade (García, 2008). A Autoridade Nacional dos Serviços Públicos (ASEP) do Panamá confirmou que há no país uns trinta projetos de geração hidrelétrica “em estágios avançados”. Entretanto, a construção de usinas hidrelétricas é um desafio, pois as organizações sociais aprofundam suas críticas ao avanço da construção das mesmas. Lucía Lasso, da Aliança para a Conservação e o Desenvolvimento denunciou que “somente na pequena província de Chiriqui – com 6.500 quilômetros quadrados – existem uns quarenta projetos hidrelétricos, enquanto que em Bovas Del Toro estão sendo registrados remoções de comunidades indígenas e campesinas” (EcoPortal, 2008). Assegura que não há terras para o assentamento, mas de todas as formas já começaram a construir. A construção da hidrelétrica Changuinola I (Chan 75), que pertence à corporação de capitais norteamericana Allied Energy Systems (AES), precisamente em Bocas del Toro, criou muita polêmica, pois gerou conflito com as comunidades do povo indígena Ngöbe, que dizem se sentir ameaçadas por esta iniciativa.

Finalmente, é importante assinalar que a aprovação do anteprojeto de lei No. 278, que estabelece o Marco Regulatório para a Gestão Integrada dos Recursos Hídricos, é um tema crítico; devido a fato dos grupos ambientalistas se oporem a um artigo que estabelece concessões hídricas até por 30 anos. Os que argumentam que “as concessões para explorar fontes hídricas, embora sejam temporais, põem em risco a segurança aqüifera das comunidades, o que pode acelerar uma comoção social pela falta de agua como já se observa com os fechamentos de ruas” (Quintero, 2008).

2.2 Os desafíos regionais

A disponibilidade de água não constitui por si só uma garantia de desenvolvimento, apesar do que sem ela o desenvolvimento sustentável é impensável. No caso da América Central, as limitações no aceso à água, em grande parte se dão pela falta de capacidades de gestão e de governar o recurso o que leva certamente a limitações para atender às necessidades básicas como saúde, higiene e segurança alimentar provocando enormes dificuldades à população afetada.

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Apesar de viver em uma região dotada de altos níveis de água pluvial, a população centro americana começa a sofrer problemas de pressão sobre este recurso hídrico. Em muitos lugares da América Central, a vida dos rios tem se reduzido à temporada de chuvas, deixando amplos territórios rurais sem fontes de água durante cerca da metade do ano. A contaminación limita la disponibilidad de fuentes de abastecimiento de água limpa em zonas urbanas, aumentando os custos de abastecimento devido à necessidade de tratamento ou pelo transporte destas fontes mais distantes. em

A chamada crise da água é essencialmente uma crise de governabilidade, diretamente relacionada com os desafios ambientais, sociais, econômicos e políticos que planejam uma gestão mais eficiente deste recurso vital. A forma em que as sociedades organizam seus assuntos relativos à água tem uma importância crítica para a promoção de uma estratégia integral de desenvolvimento focada no combate à pobreza, promover a competitividade e assegurar a presença da água nos processos ecológicos.

Em nível regional centro-americano tem se concentrado em desenvolver uma estratégia regional de gestão integrada de recursos hídricos, denominada ECAGIRH 2.A formulação da Estratégia partiu da identificação das sinergias institucionais de diversas entidades envolvidas na gestão dos recursos hídricos regionais; estabelecer uma linha básica de agendas de trabalho em nível interministerial dos 7 países da região e finalmente, procura articular todas estas dinâmicas, que estão em andamento, com uma visão estratégica para o desenvolvimento do setor hídrico centro-americano e sua contribuição para o desenvolvimento regional para os próximos 10 anos. Fundamentalmente trata-se de uma gestão integrada de recursos, que recorre todo o ciclo hidrológico e as variáveis que o afetam sob um só marco institucional, em contraposição à administração segmentada determinados pelos distintos usos da água que tem caracterizado à Região.

Política Hídrica e Objetivos do Milênio. Ao iniciar o terceiro milênio, o desafio regional para alcançar as metas do desenvolvimento propostas está centralizado no entendimento e na atenção coletiva dos problemas de gestão do recurso hídrico. Nesse sentido é importante identificar áreas prioritárias de trabalho dentro de um marco de gestão integrada dos recursos hídricos (GIRH).

A água constitui uma preocupação para a ONU e assim fica inserida nos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio adotados pelos Chefes de Estado em 2000. Na lista de metas do sétimo objetivo figura o de conseguir que, no ano 2015, reduzir pela metade a população no mundo sem acesso a água. Nestes

2 A ECAGIRH é um trabalho conjunto, da Comissão Centro-americana de Meio Ambiente e Desenvolvimento (CCAD),Conselho Agropecuário Centro-Americano (CAC); e a Secretaria de Integração Social Centro-amerciana (SISCA); possui grande apoio e aporte do Grupo Intragencial formado pelo Comitê Regional de Recursos Hidráulicos (CRRH); Centro de Coordenação para a Prevenção de Desastres Naturais na América Central (CEPREDENAC); Organização do Setor Pesqueiro e Subaquático do Istmo Centro-Americano (OSPESCA); Associação Mundial da Água (GWP, em inglês); Centro Agronômico Tropical de Pesquisa e Ensino (CATIE); União Internacional da Natureza (UICN); Rede Centro-americana de Ação da Água (FANCA, em inglês) e a Rede Regional de Água e Saneamento (RRASCA) que elaboraram uma primeira proposta de Estratégia Centro-americana parala Gestão Integrada dos Recursos Hídricos (ECA-GIRH).

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momentos, as Nações Unidas calculam que e1.200 milhão de pessoas que se encontra nesta situação e 2.000 milhões se se levar em conta também aqueles que não desfrutam de serviços de saneamento básico. Com a finalidade de cumprir as metas do milênio, o Banco Interamericano de Desenvolvimento estimou o gasto necessário para atender à demanda de água potável e saneamento na América Central, em US$ 6.543.223. De acordo com o BID, estes dados não consideram as necessidades de investimento em outros setores como indústria, agricultura, produção de energia e turismo. Os casos mais críticos são Nicarágua e Honduras onde o investimento é de aproximadamente 1% do PIB. Igualmente, é interessante ver na Tabela 1. Como a Guatemala é o país que requer maiores investimentos no tema água, o que demonstra as dificuldades deste país.

2.3

Gestão hídrica da região e seu vínculo com as dinâmicas globais

2.3.1 Água e globalização

A água é um bem escasso, pois menos de 1% do total da água do planeta é doce.

“Esta situação é agravada por fenômenos como o aumento da população, que para

o ano de 2025 crescerá em 57% sobre o número atual de habitantes (6.100

milhões de pessoas). O problema é agravado pela exagerada exploração dos

aqüíferos, se considerarmos que o consumo mundial de água dobra, a cada vinte

anos; pela contaminação, devido ao fato de que nos países em vias de

desenvolvimento, 90% das águas residuais são depositados, sem tratamento, em

rios e riachos e, nos países industrializados, milhões de quilos de herbicidas e

inseticidas" (Colmenares, 2006:3).

Tabela 1. Necessidades de investimentos por país, América Central 2001-2015

PAÍS AGUA SANEAMIENTO TOTAL % do PIB

Honduras $ 815.169 $ 358.749 $ 1.173.918 0,97% Belize $ 28.970 $ 15.287 $ 44.257 0,27% Costa Rica $ 489.996 $ 185.931 $ 675.927 0,21% El Salvador $ 691.627 $ 275.234 $ 966.861 0,39% Guatemala $ 1.506.579 $ 823.094 $ 2.329.673 0,62% Nicarágua $ 655.767 $ 248.386 $ 904.153 1.91% Panamá $ 328.068 $ 120.366 $ 448.434 0.24% TOTAL $ 4.516.176 $ 2.027.047 $ 6.543.223

Fonte: BID

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A relação entre água e globalização inclui o impacto do ser humano, na

disponibilidade e qualidade deste recurso, a interdependência que ocasiona entre

regiões e nações, assim como os processos de apropriação do recurso.

Atualmente, há duas concepções sobre a água, a primeira definida no Foro Mundial

da Água de 2000, onde foi defendido “o princípio da água como necessidade

humana e afirmam, nela, a idéia de cobrar os custos do fornecimento da água, o

quê vincula à privatização e comercialização da mesma” (Colmenares, 2006). A

segunda concepção surgiu no Foro Alternativo Mundial da Água, que consiste em

“da água como direito humano, que se liga ao estatuto da água como bem comum

e ao financiamento coletivo do acesso à água para garantir seu uso por qualquer

pessoa, independentemente de sua capacidade econômica” (Colmenares, 2006).

Atualmente, a entrada em vigência do Tratado de Livre Comércio com os Estados

Unidos e a negociação do acordo de Associação com a União Européia, propõe

observar situações como o apoio à Ratificação do Convênio de Estocolmo sobre

Contaminantes Orgânicos e a elaboração de uma proposta centro-americana.

Nesse sentido, é importante observar que possivelmente estará se

experimentando a necessidade do estabelecimento de normas ambientais de

acordo com as condições de acesso aos mercados norte-americanos e europeus .

exigindo investimentos fortes na formulação, aplicação e harmonização da

normativa sobre desperdícios, dentre outros. Existem avanços particulares em

cada país, uma vantagem poderia ser que o Acordo de Cooperação Ambiental

(ACA) entre os países da América Central e Estados Unidos poderá

eventualmente se apoiar em recursos e assistência técnica direta nesse esforço.

Em geral, tal como destacado no estudo do GWP (2005), a relação que tenha o

recurso hídrico com o TLC depende do uso econômico e comercial que puder ser

dado ao recurso e a capacidade que têm os Estados de regular o acesso ao

mesmo, já que, por exemplo, de acordo com o estudo, existem atualmente

empresas que podem obter uma concessão para explorar um manancial,

engarrafando a água e comercializando-a, tanto em nível nacional como

internacional.

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Finalmente, em termos da relação dos processos de globalização econômica e o

Investimento Estrangeiro Direto, este implica, geralmente, ‘adotar, manter ou fazer

cumprir qualquer medida que considere apropriada, para garantir que as atividades

de investimento, em seu território, sejam feitas levando em conta as inquietações

em matéria ambiental’ (Valerio, 2005). No entanto, os Estados devem ter um marco

regulamentar e fazer uma constante revisão para mitigar o impacto de indústrias ou

atividades, no recurso hídrico.

Se os países não tiverem marcos legais e regulamentares efetivos, surgirão casos

onde as indústrias utilizarão os recursos hídricos de forma a repercutir,

negativamente na disponibilidade e qualidade dos mesmos (seja por contaminação

ou excessiva exploração) e isto, potencialmente, pode ser uma fonte de conflitos e,

em alguns casos já o é, como por exemplo, a indústria hoteleira em Guanacaste,

Costa Rica.

2.3.2 Evolução da população A população centro-americana está crescendo a uma taxa média de 2,4%, o que

produz um aumento sustentável na demanda de recursos hídricos e seus serviços

associados, por exemplo: hidrelétricas, água potável para serviço doméstico e

turismo, risco para a produção de alimentos, entre outros. A população na América

Central, em 2008, é de 41 milhões de habitantes e foi estimado que, no ano de

2015, alcançará os 49,4 milhões. Três quartas partes deste crescimento se

concentrará na Guatemala, Honduras e Nicarágua, países onde, atualmente,

residente dois terços do total e que contam com as taxas de crescimento da

população mais elevadas da área (quadro 2).

Quadro 2. População da América Central, segundo taxas de crescimento e de

migração líquida, em 2008

País População Estimada Taxa de crescimento estimada

Taxa de migração líquida

(migrantes/1.000) Belize 301. 270 2,207 S.d. Costa Rica 4.195. 914 1,388 -0,48

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El Salvador 7. 066. 403 1,679 -3,4 Guatemala 13. 002. 206 2,11 -2,26 Honduras 7. 639. 327 2,024 -1,33 Nicarágua 5. 785. 846 1,825 -1,13 Panamá 3. 292. 693 1,528 -0,34 S.d: sem dados - Fonte: CIA, 2008

Por outro lado, na maioria dos casos, este aumento da população obriga as

pessoas a se deslocarem até uma região urbana, o que é um dos fatores de

crescimento urbano dos países (gráfico 10). A América Central, em 2020, terá

quase cinco vezes mais população urbana que na década de 1970 (CELADE,

1999). Adicionalmente, o crescimento supôs um custo ambiental, especialmente

relacionado com a terra e a água. A agricultura utiliza mais água, a cada ano, para

satisfazer a demanda de alimentos de uma crescente população e outros usuários

também competem pelo mesmo recurso: mais população supõe maior necessidade

de energia, e isto, por sua vez, de eletricidade proveniente das hidrelétricas.

Gráfico 10. Crescimento da população urbana, na América Central, 1970-2020

Fonte: CELADE. 1999

Além disso, como assinalou Lungo (2001: 265) a respeito do crescimento urbano

que teve lugar na América Central, “que a maioria destas cidades se encontra na

orla vulcânica de alta probabilidade sísmica e em setores ecológicos de grande

valor. Daí o impacto negativo da expansão urbana ser muito elevado tanto em

termos de impacto, nos recursos e serviços ambientais, como na geração de

riscos”.

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2.3.3 Uso do solo No contexto atual, a situação de uso do território apresenta uma particularidade

especial, devido ao fato dos países necessitarem cultivar alimentos, para poder

sobreviver aos elevados preços destes bens básicos para a população e,

igualmente, outros lhe vislumbram para a utilização de tais produtos como matéria-

prima para a realização de bicombustíveis.

Nesse sentido, é importante analisar, em se tratando do uso do território que está

sendo feito, para minorar os efeitos, na volatilidade do petróleo. Os países parecem

começar a apostar no incentivo à produção de bicombustíveis. O biodiesel é um

combustível renovável derivado de recursos como óleos vegetais de soja,

colza/canola, girassol, palma e outros, assim também como de gorduras animais,

mas a produção do mesmo implicaria em novas mudanças dos usos da terra.

Em termos concretos e de acordo o resumo de projetos do Plano Puebla Panamá

sobressai a oferta de instalação de uma planta de biodiesel na Guatemala e

Honduras. Este último país que também importa petróleo como seus vizinhos,

incentiva um ambicioso projeto de produção de biodiesel com o qual busca reduzir

em quase 25% suas compras de cru, em 10 anos. Tal país planeja cultivar

200.000 hectares de palma africana, entre 2007 e 2010, para extrair óleo que lhe

permita produzir, anualmente, no mais tardar em uma década, 3.1 milhões de

barris do biodiesel, equivalentes a US$50 milhões da fatura petroleira (US$ 1.200

na época).

2.3.4 Água e Migrações

A carência de água é um provocador de migrações, devido ao fato de que é pouco

factível o translado transcontinental de grandes volumes de água; e sabe-se que é

muito provável que ocorram migrações rumo a lugares com suficiente

disponibilidade do recursos hídricos. Atualmente, cerca de 192 milhões de pessoas

vivem fora de seu lugar de nascimento, dos quais 25 milhões são refugiados

ambientais e espera-se que em 2050 esta cifra aumente para 150 milhões, como

resultado da mudança climática (Programa Mundial de Avaliação dos Recursos

Hídricos. 2006).

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O Relatório das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento dos Recursos Hídricos

no Mundo faz uma comparação entre a distribuição da população e água em nível

mundial (quadro 3). É importante assinalar os casos da Europa, África e Ásia cuja

população é maior que a porcentagem de disponibilidade de água. Especialmente

Ásia que possui mais da metade da população mundial e somente cerca da terceira

parte de água disponível.

Quadro 3. Disponibilidade de água por continente.

Continente % População

% Disponibilidade de Água

América do Norte e Central 8 15 América do Sul 6 26 Austrália e Oceania < 1 5 Europa 13 8 África 13 11 Ásia 60 36

Fonte: Programa Mundial de Avaliação dos Recursos Hídricos. 2006

No caso da América Central, a migração relacionada com a água é causada tanto

pela escassez ou abundância de água; assim, o fenômeno Mitch e ENOS e sua

influência sobre o denominado Corredor Centro-americano da seca, demonstram

as duas faces da moeda. Estes movimentos migratórios não podem ser atribuídos

unicamente à variável ambiental, neste caso água, uma vez que são produto de um

acúmulo de fatores.

2.3.5 Água e Mudança Climática Um dos relatório mais recentes e influentes é denominado Relatório Stern Review:

The Economics of Climate Change (A Economia da Mudança Climática) o qual

afirma que com o aumento da temperatura em um a dois graus centígrados, os

glaciais de pequenas montanhas vão desaparecer em nível mundial e existir[á uma

ameaça em potencial sobre as fontes de água em diversas áreas. Um aumento de

dois a quatro graus centígrados implicaria mudanças significativas na

disponibilidade de água. Finalmente, um aumento de quatro graus centígrados ou

mais provocaria um aumento do nível do mar, repercutindo-se nas maiores cidades

do mundo.

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No caso da região, devido ao fato da América Central ser uma faixa estreita entre o

hemisfério norte e sul, está vulnerável aos impactos da mudança climática, sendo

muito suscetível de ser afetada por secas em seu litoral do Pacífico e inundações

nas costas do Atlântico; os fenômenos naturais como chuvas tropicais, terremotos,

inundações, entre outros; significam um grande impacto nas economias dos países

afetados. devido às grandes perdas econômicas que causam. Por exemplo, em El

Salvador, a variabilidade do clima afeta os recursos hídricos, pois as tormentas

intensas em prazos curtos não permitem infiltração nos solos, o que causa

problemas na existência de volumes de água subterrânea.

A América Central é uma faixa estreita, entre o hemisfério norte e sul, o quê a faz

vulnerável aos impactos das mudanças climáticas, portanto esta região é muito

suscetível de ver-se afetada por secas, em seu litoral do Pacífico e inundações,

nas costas do Atlântico.

Entre as perspectivas futuras das mudanças climáticas, na América Central, podem

se encontrar mudanças no padrão da grande corrente marítima, mudanças nos

níveis e nos padrões da chuva, mudanças nos leitos dos rios e padrão das marés,

na região. Além disso, o nível do mar poderá aumentar no Caribe e Pacífico e

poderá haver um aumento de tempestades de maré mais fortes. Por conseguinte,

como ocorre, na região, as chuvas intensas geram excessiva umidade do solo,

aumento da erosão e perda de fertilidade do solo, aumento das inundações e

diminuição de produção agrícola, portanto prevê-se que continuem e aumentem. Igualmente, as temperaturas extremas geram maior freqüência do estresse

calórico, durante o crescimento de cultivares, perdas de fertilidade e morte do

gado, salinização por perda de água do solo, aumento de incêndios e pragas.

Em contrapartida, também estão previstas mudanças na distribuição do tempo das

chuvas, aumentos de temperatura, maior freqüência de inundações e secas,

avanço da água do mar, no litoral, redução de recarga, volume e qualidade da água

em aqüíferos, aumento em 10-23% das doenças de transmissão vetorial,

gastrintestinais e respiratórias, redução do leito dos rios, redução de água

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subterrânea, mudanças dos leitos dos rios, redução de água potável, redução de

água para vegetação e ecossistemas naturais, menor umidade do solo, menor

produtividade agrícola.

Os efeitos da mudança climática implicam, de acordó com o exposto no Terceiro

Relatório de Avaliação do Painel Intergovernamental de Peritos sobre Mudança

Climática (Campos, ne), que diante das mudanças na intensidade, volume, duração

e variabilidade da precipitação ocorram: efeitos sobre o regime de correnteza -

acentuam-se problemas pelas secas e inundações – impactos negativos na infra-

estrutura viária, hidrelétrica,de sistema de irrigação e de esgotos, erosão e arraste

de sedimentos – afetando a regularização e encarecendo as opções de

aproveitamento do recurso, e implicações para o abastecimento de agua potável.3.

Igualmente, a diminuição de caudais na estação seca, paralelamente a um

aumento a temperatura e maiores níveis de sedimentos, implica impactos nas

obras de infra-estrutura de geração e transmissão de energía hidrelétrica e

aumentos nos níveis de contaminação pela diminuição dos fluxos básicos. Por

outro lado, as mudanças na quantidade e qualidade da agua causam maior

incidencia de enfermedades de origen hídrica, confrontamentos sociais pela

escassez do recurso, níveis de umidade mais elevados – asociados a maiores

precipitações na estação chuvosa – aumento na freqüência e magnitude dos

deslizamentos e avalanches e usos restritivos de agua potável, menor produção

agropecuária, racionamento elétrico e de agua potável.

Quanto à região da América Central, um estudo realizado pelo Sistema de

Integração Centroamericana, pelo Comitê Regional de Recursos Hídricos, a

Universidade de Costa Rica e o Centro de Pesquisas Geofísicas (Estado da

Região, 2008), demonstra que a precipitação terá variações bastante irregulares.

Anualmente, apresentaria tendências contraditórias nos extremos do istmo,

3 Entre as implicações sobre o abastecimento de água potável pode-se citar a aceleração do esgotamento de reservas de águas superficiais e subterrâneas e limitações maiores para suprir uma demanda crescente; o aumento do custo dos serviços e maiores restrições ao desenvolvimento e investimentos para a produção devido a limitações na disponibilidade e nos recursos hídricos; e o aumento na freqüência e duração dos racionamentos, especialmente nas áreas marginais, que tendem a ficar superpovoadas e localizadas em zonas geográficas mais em desvantagem.

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deixando a Costa Rica como a zona de transição. No norte, espera-se uma

redução gradativa das chuvas, enquanto que no sul estas aumentariam. As

projeções no norte supõem faixas de diminuição entre 1,1% e 11,5%, entre 2010 e

2100; no sul, os aumentos são menores de 1% e chegariam até 2,4%, entre 2050

e 2100.

O setor norte passaria por uma redução da precipitação durante a maior parte do

ano, exceto em abril e maio. Para 2100 as chuvas aumentariam até 10% entre

outubro e dezembro e apresentariam uma diminuição mensal entre 5,5% e 20%,

entre 2020 e 2100. Isto significa que haveria verões mais secos que o usual e

invernos igualmente mais secos, mas mais intensos.

No sul, a condição seria contrária e é mais provável que em sete dos doze meses

as condições sejam ais chuvosas. O aumento entre 2020 e 2100 seria de 10% a

40%. isto, sem dúvida, ocorreria na possibilidade de uma forte contradição das

chuvas nos meses secos, o que geraria secas e afetaria gravemente o setor

agrícola desse extremo da região. A redução das chuvas seria registrada em maio

e setembro, embora não de forma tão acentuada como no norte.

2.4 Rumo a uma agenda da água, na América Central

Existe uma série de considerações importantes, antes de se formular uma agenda,

entre elas estão: primeiro, deve-se assinalar que a carência da água, na América

Central, apesar de seu importante volume hídrico, deve-se, entre outras coisas a:

• Problema do desflorestamento e afetação dos locais de captação nas

bacias altas

• ineficiência de seu uso; • degradação por efeito da contaminação; • excessiva exploração de águas subterrâneas; • aumento na demanda para satisfazer necessidades humanas,

industriais e agrícolas.

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O impacto do desflorestamento sobre os fluxos hidrológicos é uma das maiores

preocupações na América Central. A sedimentação das represas, a escassez de

água durante a temporada de secas, as inundações e os danos graves causados

pelo Furacão Mitch em 1998 são atribuídos, pelo menos em parte, ao

desflorestamento. Como resultado, surgiu um forte interesse político em abordar

os problemas relacionados à perda da cobertura florestal. Talvez o esforço mais

prometedor para solucionar este problema seja o desenvolvimento de sistema de

pagamento por serviços ambientais, os quais consistem em compensar

diretamente os usuários da terra pelos serviços ambientais que geram. Desta

maneira, gera-se um incentivo direto para que os usuários da terra incluam estes

serviços em suas decisões sobre os usos do solo, dando como resultado usos

socialmente mais ótimos (Pagionia, n.d).

Esta desigualdade é manifestada também no acesso, no preço e na qualidade dos

serviços recebidos. Por exemplo, na América Latina em seu conjunto e de maneira

pouco surpreendente 5% mais pobre da população apenas chega a 40% na

cobertura do serviço de saneamento, enquanto que 5% mais rico chega

praticamente a 100%. Os pobres da Região recebem, em termos gerais, menos

água, da pior qualidade e pagam muito mais por ela. Nos bairros existentes em

muitas cidades, o consumo de água representa uma enorme proporção do gasto

familiar (20% em Porto Príncipe, Haiti, por exemplo) (Programa das Nações

Unidas para o Meio Ambiente, 2003).

em

Em terceiro lugar, o tema da governabilidade é essencial; neste sentido, é

importante apoiar a evolução, em uma melhor governabilidade da água, na região,

promovendo para que seja: participativa, eficiente, equitativa, eficaz, aberta,

transparente, responsável, integral e sustentável. É importante avançar, no esboço

institucional e o marco legal, que permita esta governabilidade, não somente em

nível nacional, mas também em nível sub-regional, quando se tratar de bacias

compartilhadas, entre dois ou mais países.

Neste sentido e como corolário, os arranjos institucionais de mais sucesso são

aqueles que combinam, de maneira efetiva, uma série de instrumentos como

regulamentações, quotas, direitos e incentivos. A efetividade desta combinação,

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em já, depende também da capacidade institucional que cada país tenha para fazer

cumprir seu marco legal e para assegurar os direitos de propriedade de tão

importante recurso.

2.5 Medidas e opções de política e institucionais: Quais são os

principais temas da agenda, em termos de formulação de política

pública regional?

Poderia ser mencionada uma série de elementos; aqui foram expostos os que, em

termos de política pública regional, parecem ser os mais importantes, como: gestão

de risco, gestão de águas compartilhadas, valor da água, governabilidade da água,

água e saneamento, água e desenvolvimento.

O primeiro deles está relacionado à gestão do risco. Os riscos relacionados com a

água tais como as inundações, secas, tempestades tropicais, erosão ou os

diversos tipos de poluente, devem ser abordados, através de um enfoque integrado

da gestão e da política dos recursos hídricos.

A Organização Meteorológica Mundial (OMM) mostrou que a administração do

risco geralmente implica três componentes, os quais, sem dúvida podem ser

aplicados ao cenário centro-americano. O primeiro é o conhecimento do risco, o

qual significa conhecer a probabilidade de que a ameaça seja realizada e

estabelecer uma espécie de índice de danos, que permita definir uma política

pública, que é fundamental para proteger, sobretudo, os grupos de alto risco.

O segundo é definir e implementar as medidas para reduzir os riscos. Tais ações

podem incluir medidas estruturais (isto é; represas ou açudes) e não estruturais

(adequado uso do solo). A terceira dimensão é o “compartilhar” o risco, isto quer

dizer que, quanto mais setores da população se sentirem ameaçados, maior será o

apoio para as políticas de risco.

Em geral os riscos associados à água ou à falta dela estão crescendo com os

conseqüentes impactos sobre vidas humanas e sobre a estrutura econômica de

estados e comunidades. A metodologia para trabalhar com risco tem avançado,

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nos últimos anos, e o problema deixou de ser visto como um assunto meramente

técnico, sendo entendido que, no fundo, o risco e as ameaças são problemas do

desenvolvimento não resolvido.

O segundo é o tema da gestão de águas compartilhadas. A América Central pode

ser definida como uma região de bacias transfronteiriças, isto é, em um espaço de

pouco mais de 523.780 quilômetros quadrados existem 23 bacias transfronteiriças.

O anterior propõe uma série de desafios, do ponto de vista da formulação de

políticas públicas regionais, sendo uma das principais como administrar um sistema

político, altamente fragmentado, dentro das particularidades de uma região

profunda e ambientalmente integrada. Estas bacias denominadas internacionais ou

transfronteiriças abrangem 41,94% do território da América Central, sendo as de

maior extensão as correspondentes aos rios Usumacinta, San Juan e Coco

(UIFC/Funpadem, 2000). Estas três bacias somadas compreendem uma extensão

de 30,7% do território da América Central, ou seja, abrangem 167;771;6

quilômetros quadrados (Hernández e Rios, 2005) (Tabela 4). (Homer-Dixon. 1999

citado em UIFC, 2000ª).

Neste sentido, a administração ambiental de recursos compartilhados propõe um

desafio severo, porque implica na criação de regras e instituições, que incorporam

noções de responsabilidades e deveres compartilhados. O anterior é um elemento

central e um dos mais difíceis de resolver devido, entre outras coisas, ao esquema

de soberania nacional e integridade territorial, que caracteriza a gestão destes

espaços, que embora compartilhados seguem tendo, sobretudo, uma agenda

nacional. A criação de esquemas de coordenação sobre fronteiras nacionais se faz

ainda mais difícil se levarmos em conta que há certos conflitos associados ao

manejo da interdependência, já que os custos e benefícios têm que ser

distribuídos, entre os Estados e isso abre margem a novas fontes de poder e

vantagens, porque expõe os Estados à vulnerabilidade.

O terceiro é o tema do valor da água. Este assunto de interesse geral está entre os

mais polêmicos de todos os desafios. Muitas sociedades consideram inaceitável o

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fato de pôr um preço a algo, tão intrinsecamente valioso como a água. Isto sem

considerar que, além disso, os serviços terão de ser pagos. Há também enorme

desacordo sobre como equilibrar os custos de fornecimento e de tratamento dos

esgotos, para alcançar a eqüidade e encontrar formas de resolver as necessidades

das populações pobres e vulneráveis. Devem ser desenvolvidas novas

associações criativas, entre os setores público e privado, junto aos sistemas de

contabilidade e de impostos, que levem totalmente em conta os fatores sociais e

meio-ambientais.

Tabela 4. América Central: bacias internacionais, por país e área

Bacias

Países que as compartilham Área (km2)

Usumacinta- Grijalva Guatemala – México - Belize 106.000 San Juan Nicarágua - Costa Rica 38.569,00 Coco ou Segóvia Nicarágua – Honduras 24.866,6 Lempa El Salvador - Honduras – Guatemala 18.234,7 Motagua Guatemala – Honduras 15.963,8 Belize Belize – Guatemala 12.153,9 Choluteca Honduras – Nicarágua 8.132,6 Hondo Guatemala - Belize – México 7.189,0 Chamelecón Honduras – Guatemala 5.154,9 Changuinola Panamá – Costa Rica 3.387,8 Sixaola Costa Rica – Panamá 2.839,6 Goascorán Honduras - El Salvador 2.745,3 Negro ou Guasaule Nicarágua – Honduras 2.371,2 Paz Guatemala - El Salvador 2..647,0 Sarstún Guatemala – Belize 2.009,5 Suchiate Guatemala –México 1.499,5 Coatán México – Guatemala, 1.283,9 Colorado – Corredores Costa Rica – Panamá 1.281,8 Moho Belize – Guatemala 911,9 Temash Belize – Guatemala 476,4 Jurado Panamá – Colômbia 234,3 El Naranjo Nicarágua - Costa Rica 50,7 Conventillos Nicarágua - Costa Rica 17,5

Total América Central 23 bacias 219 451,9 Fonte: Elaborado por Hernándeze Ríos, 2005, a partir dos dados de UIFC, 2000; Cabrera e Cuc. 2002; Consejo de la Cuenca de los ríos Grijalva y Usumacinta. (Conselho da Bacia dos rios Grijalva e Usumacinta) S.f;

i Procuenca. San Juan, 2004; Plano Mestre para o Desenvolvimento Integrado e

Sustentável da Bacia Binacional do rio Paz. Sf.

Na realidade, muitos poucos países da região têm incorporado, até agora,

instrumentos econômicos para a gestão dos recursos hídricos, além do uso

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tradicional de tarifas e subsídios. Por isso seria essencial estabelecer um modelo

de aproveitamento e de contaminação, os pagamentos por serviços ambientais e

as eco-taxas.

Embora a água seja um insumo para a economia, o custo de torná-la acessível,

assim como as diferenças sociais e ambientais, provocadas por seu

aproveitamento, não são ainda entendidas pelas sociedades da região. Em geral, a

percepção do valor econômico da água é entendido como o pagamento de tarifas

pela prestação de um serviço de abastecimento que inclui, exclusivamente, os

custos de operação e manutenção de obras, e não o dos serviços ambientais, nem

para regulamentar e manter o ciclo da água, nem para tratar, convenientemente, as

águas residuais.4

O quarto refere-se ao desafio da governabilidade. De modo geral, no final dos anos

noventa, a América Central iniciou uma nova etapa de modernização do Estado;

esta fase implica mudanças nos quadros normativos e institucionais importantes,

em setores-chave da economia e o desenvolvimento social. O setor dos recursos

hídricos não escapa desse processo de modernização do Estado. No entanto,

deve-se ressaltar que a construção de uma forte institucionalidade, de gestão

integrada de recursos hídricos, ainda é fraca, basta ver que apenas a Nicarágua

tem uma lei moderna de Águas Nacionais e que, em nível das 23 bacias

transfronteiriças, não existe praticamente nenhum mecanismo elaborado de

governabilidade transfronteiriça.

Este desafio se torna particularmente complexo e sensível. Muitos pensam que um

bom governo significa permitir que cada setor da sociedade participe, no processo

de tomada de decisão e que sejam considerados os interesses de todas as partes

implicadas. Embora, os mecanismos para levar a cabo tal tarefa nem sempre estão

disponível mesmo quando, em nível mundial, há uma tendência à descentralização

e ao aumento da participação da sociedade civil.

4 Nos últimos anos, várias instituições na Costa Rica incorporaram às tarifas de água o custo dos serviços ambientais, a partir de estudos concretos de avaliação econômica.

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Um estudo de GWP (2003) indica que o desafio da governança da água, na região,

se baseia no fato de que a água é um recurso fundamental para o desenvolvimento

e, a partir disto, introduzir, no processo político de tomada de decisões, o

componente hídrico como recurso-chave do desenvolvimento social, econômico e

ambiental. Portanto, na medida em que a água for considerada como um bem

estratégico para o desenvolvimento da região, nessa medida as políticas públicas

deverão responder pelos problemas e desafios, que enfrenta a gestão do recurso.

A GWP (2003) mostrou que a importância da governança da água fica cada vez

mais enfática, nos países da região, na década de 1990 e tem-se acelerado

durante os últimos anos, se associa com a introdução de textos jurídicos que sem

se tratar de normativa especial da água, isto é; de leis sobre águas, trabalham a

favor do manejo do recurso, como o são a criação de autoridades reguladoras de

serviços públicos na Costa Rica, Nicarágua e Panamá; a criação de autoridades de

bacia na Guatemala (lagos Amatitlán e Atitlán, 1996 e Rio Dulce-Lago de Izabal,

1998) e na Costa Rica (rio Reventazón 1997), a lei de Bacias de Panamá (2002); e

a recente aprovação da lei de Águas Nacionais de Nicarágua (2007).

É uma constante da região, que os ministérios do meio ambiente figurem como

autoridades reitoras da água; não obstante, o mandato legal destes não inclua a

gestão integrada do recurso e omita ações importantes, além do quê, em termos

práticos, é compartilhada sem delimitação clara com outras autoridades setoriais.

O quinto se refere ao tema de água e saneamento. As limitações no escasso

acesso à água para satisfazer as necessidades básicas como saúde, higiene e

segurança de alimentação minam o desenvolvimento e provocam enormes

dificuldades à população afetada. Isto torna evidente, por exemplo, que quase a

metade da população dos países da região está exposta a fontes de água

contaminada, que aumentam as incidências das doenças. Por exemplo, 80% das

doenças, que afetam os centro-americanos, estão diretamente vinculadas à má

qualidade e contaminação do recurso (Rede Centro-americana de Ação da Água,

1993).

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Finalmente, chegamos ao sexto ponto da agenda, que se refere ao tema da água e

ao desenvolvimento. A crise da água afeta, em primeiro lugar, os pobres, para

quem sua escassez está associada à fome, às doenças e à falta de serviços

públicos, o quê coloca em risco sua própria existência. Por isso, fornecer água a

estes segmentos da população deve ser o objetivo da mais elevada prioridade.

A água segundo a Comissão das Nações Unidas sobre direitos econômicos,

sociais e culturais é um direito indispensável para uma vida com dignidade, e, por

isso, Michel Camdessus ex-diretor geral do Fundo Monetário Internacional opina

que tal status deveria bastar para mobilizar a humanidade, na procura por

soluções. Também cabe destacar que segundo Camdessus, para a consecução da

segurança da água contribuiria, de forma fundamental, para solucionar o mais

importante dos compromissos do milênio, que é reduzir a pobreza absoluta à

metade, até 2015. Para conseguir isto, propõe que participe, junto com os

governos, uma diversidade de agentes, com base em dois eixos: incentivar um

bom governo e aperfeiçoar o uso de todos os recursos financeiros (gráfico 11).

Gráfico 11. Projeções da Demanda Agregada para a América Central, 1995 –

2050.

Fonte: Rojas, Manrique e Echeverria, Jaime. S.f.

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Concluindo, e a título de proposta, é importante em uma agenda regional avançar

no tema da governabilidade da água por meio das seguintes ações. Impulso às leis

nacionais de águas e à formulação de políticas nacionais de gestão integrada de

recursos hídricos, impulso a um processo de harmonização regional nesta matéria,

sobretudo em nível de políticas. Em terceiro lugar derivado do anterior, deve-se

avançar na definição de um ente responsável em matéria hídrica, mas que

transcenda a parte de prover o serviço e/ou a preservação do mesmo. Deve

executar-se uma verdadeira gestão integrada dos Recursos Hídricos a carga da

direção nacional do recurso, com um nível hierárquico elevado e independente dos

usuários.

Da mesma forma, desenvolver e aprofundar o tema da descentralização e

democratização, na gestão hídrica. Quer dizer; deve-se procurar para a tomada de

decisões e a gestão do recurso, o nível operacional o mais próximo possível, para

o qual tem-se discutido e aplicado, em outras partes do mundo, o estabelecimento

de órgãos de bacia, como mecanismo idôneo.

Em nível de bacias transfronteiriças, deve-se buscar o estabelecimento de

instituições binacionais ou trinacionais que transcendem a lógica da soberania

nacional. Por isso, seria importante primeiro um Acordo Marco Centro-americano,

que defina princípios básicos comuns, para trabalhar bacias compartilhadas e

aqüíferos transfronteiriços, segundo o estabelecimento de um mecanismo

executivo que apóie as entidades nacionais responsáveis por assumir o tema, em

nível de chancelarias, vice-presidências e/ou ministérios de linha e por último a

América Central deveria impulsionar um processo tendendo à assinatura e

ratificação por parte dos países centro-americanos da convenção das Nações

Unidas sobre os usos navegáveis de leitos de águas internacionais, aprovada em

1997. .

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cobre, aproximadamente, 36,9% do território da América Central, uma área maior

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Lista de gráficos, mapas e tabelas

Gráficos

Gráfico 1. Extensão dos países da América Central

Gráfico 2. População, na América Central, em porcentagens, por País

Gráfico 3. Capital hídrico, per capita, na América Central

Gráfico 4. Precipitação média, anual, na América Central, em milímetros.

Gráfico 5. Índice de Desenvolvimento Humano, na América Central, para 2000 e

2001

Gráfico 6. Índice de pobreza humana, na América Central, em 2004.

Gráfico 7. Porcentagem da população, que vive com menos de um dólar diário, na

América Central, 2004.

Gráfico 8. PIB, per capita, dos países da América Central, em dólares, em 2007- 2008 Gráfico 9. Comportamento Histórico do Indicador de Porcentagem de População com Acesso à Água Potável, em Honduras

Gráfico 10. Crescimento da população urbana, na América Central, 1970-2020

Gráfico 11. Projeções da Demanda Agregada, para a América Central, 1995 –

2050.

Tabelas

Tabela 1. Acesso a serviços hídricos, na Guatemala, segundo áreas urbanas e

rurais

Tabela 2. População da América Central, segundo taxas de crescimento e de

migração líquida, em 2008

Tabela 3. Disponibilidade de água, por continente.

Tabela 4. América Central: bacias internacionais, por país e área

Referências bibliográficas

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Secretaria dos Recursos Naturais e Meio Ambiente (SERNA) Unidad de Planeación

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Anexo 1 Pontos de Discussão: Prioridades Hídricas na América Central Os ambientes naturais de todos os países da América Central são relativamente pequenos, mas extremamente diversificados. Estes ambientes extremamente heterogêneos são resultado de uma grande variedade climática. A América Central apresenta desastres naturais em grande quantidade, com uma taxa de incidentes entre as mais elevadas no mundo. A região é caracterizada por uma topografia variada, onde o desmatamento causa erosão, e contribui para a perda de grandes quantidades de segmentos em reservas de água doce. Além disso, a maior parte das áreas rurais e urbanas sofre com a falta de instalações de tratamento de resíduos domésticos e causam sérios riscos à saúde de populações ribeirinhas que utilizam riachos e rios para lavagem, banho e consumo. Nas últimas décadas, a região da América Central obteve progressos em diversas áreas de gestão hídrica, incluindo acesso a recursos de água e cobertura de serviços correlatos. Entretanto ainda há muito a ser feito, pois é bastante provável que outras dificuldades causadas por mudanças nos aspectos metereológicos e hidrológicos que aumentarão a vulnerabilidade na região. Levando em consideração os tópicos do Fórum Mundial de Águas, gostaríamos de destacar cinco questões essenciais da região, em termos de políticas, são: Adaptações a mudanças climáticas, desastres, assegurar água e saneamento a todos, gestão de bacias e cooperação em águas trans-fronteiriças e procedimentos institucionais para gestão eficiente de recursos hídricos. Adaptação às mudanças climáticas e desastres. A América Central é uma das regiões mais vulneráveis do mundo. Desastres com águas como inundações, secas, furacões, etc. aumentaram nos últimos anos. As devastadoras conseqüências de fenômenos atmosféricos (tais como os furacões Mitch, El Niño e La Niña) trouxeram severa deterioração ambiental, evidenciada pela baixa capacidade da região em escoar grandes quantidades de água. A variabilidade e mudança climática já afeta os recursos hídricos e sua gestão. As adaptações aos efeitos da mudança climática e aumento da variabilidade devem, portanto receber a mais alta prioridade para que possam ser assegurados os limitados recursos hídricos e reduzidos os impactos causados por desastres. Prioridades Políticas: Há a necessidade de redução da vulnerabilidade de populações a desastres relacionados à água; portanto, é importante desenvolver políticas de adaptação e prevenção que possam agir como medidas de resposta complementares, que combinadas reduzirão riscos provocados pelas mudanças climáticas. Assegurar água e saneamento para todos. Acesso ao fornecimento de água potável na América Central melhorou nos últimos anos. Entretanto, desafios ainda existem, pois aproximadamente 35 milhões de pessoas vivem na região, das quais 42% na população rural e 87% na área urbana

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têm acesso à água. Estes números demonstram as disparidades entre as áreas rurais e urbanas. No caso de serviços de saneamento, a situação é ainda mais grave. Das 35 milhões de pessoas na região, quase que metade da população está exposta às águas poluídas, sem acesso a instalações de saneamento melhoradas, aumentando o número de pessoas com doenças relacionadas à água. Sendo assim, esta é uma questão de suma importância para que a região alcance as Metas de Desenvolvimento do Milênio. Afinal de contas, é notório que o fornecimento de água bem tratada melhora a saúde e a qualidade de vida. Prioridades Políticas: A prioridade deve ser dada a investimentos para fornecimento de água e saneamento, com estruturas melhores e em maior número. Gestão de Bacias e Cooperação de Águas Trans-fronteiriças Apesar de ter extensão territorial modesta, a América Central contém 23 bacias de rios internacionais. A área de superfície destas bacias hidrográficas internacionais cobre aproximadamente 36.9% do território da América Central, uma área ainda maior que qualquer país na região. Historicamente, os rios compartilhados eram governados através de tratados em nível internacional, ou através de pactos inter-agências em nível local ou estadual. Atualmente, as organizações de bacias hidrográficas constituem uma alternativa em expansão. Prioridades Políticas: É importante direcionar o foco para instituições que possam gerenciar as bacias hidrográficas trans-fronteiriças, pois estas instituições são praticamente inexistentes na região. Além disso, tais instituições também são importantes devido à influência positiva que exercem sobre a cooperação trans-fronteiriça e prevenção de conflitos. Acordos institucionais para gestão eficiente e efetiva de recursos hídricos Políticas e reformas são condições essenciais para mudanças sustentáveis e eficientes. Um regime regulatório eficiente deve ser implantado – e deverá definir os papéis, direitos e responsabilidades dos participantes em todos os países da América Central. O problema é que, com a exceção da Nicarágua, nenhum outro país na América Central possui lei que atenda aos requerimentos institucionais que a região deve apresentar. Portanto, a implantação de boa administração hídrica é de suma importância. A administração, que é intensamente política, demanda a implantação de alocações socialmente aceitas e regulamentos. O conceito de administração, obviamente passa por leis, regulamentos e instituições, mas também depende de políticas e ações por parte dos governos. Prioridades Políticas: Promover a administração mais eficiente, reformas que incluam medidas como contabilidade, capacitação nacional para recursos hídricos e mecanismos de fiscalização.