formação de professores de geografia: um desafio no fazer ... · pdf...

Download Formação de professores de geografia: um desafio no fazer ... · PDF fileFormação de professores de geografia: um desafio no fazer da prática ... com vistas a formar o profissional

If you can't read please download the document

Upload: nguyenngoc

Post on 07-Feb-2018

216 views

Category:

Documents


1 download

TRANSCRIPT

  • Formao de professores de geografia: um desafio no fazer da prtica pedaggica

    PIRes, lucineide M.

    RESUMO: Esta pesquisa teve como objetivo analisar os elementos presentes no processo de formao dos professores de Geografia, destacando o fazer da prtica pedaggica. Visando atender os objetivos, foi rea-lizada uma pesquisa bibliogrfica pertinente ao tema. A melhoria da qualidade do ensino de Geografia est intrinsecamente ligada discusso da formao de professores em favor de um ensino, que efetivamente permita o desenvolvimento de habilidades e competncias necessrias para o desenvolvimento da cidadania. Professor reflexivo, professor refletindo sobre sua prtica. Esta tem sido a tnica no contexto da formao de professores. Mas, o que se v que grande parte dos cursos de Licenciatura em Geografia peca pela aborda-gem excessivamente instrumental do ensino que reducionista, ineficaz e superficial. Esta pesquisa no tem a presuno de apresentar somente crticas e responsabilizar partes fragmentadas pelos descaminhos pelo qual passa a formao de professores de Geografia, mas, espera-se que ela possa contribuir significativamente no processo de discusso e redefinio, com vistas ao melhoramento dos Cursos de Licenciatura de Geografia, que deve ser voltada para o comprometimento com as transformaes ocorridas na sociedade contempornea, bem como fomentar discusses sobre os problemas presentes no ensino de Geografia. Espera-se ainda, que esta seja o ponto de chegada de um caminho percorrido e o incio para a realizao de outras pesquisas.

    PALAVRAS-CHAVE: Formao de professores. Ensino de Geografia. Prtica pedaggica.

    As Universidades tm recebido um grande nmero de alunos nos cursos de Licenciatura em Geografia, com deficincias de aprendizado dos anos anteriores, exigindo do professor uma mudana na postura em sala de aula para corrigir falhas e envolv-los no estudo. Nessa perspectiva ressalta-se que ao final do curso, muitos desses alunos so lanados no mercado de trabalho sem a mnima condio para assumir uma sala de aula.

    Destarte, o problema na realidade do ensino de Geografia gravita em torno da formao que os profes-sores recebem, a qual se d atravs de prticas pedaggicas tradicionais e pouco eficazes. Permite-nos inferir, que esses profissionais no conseguem ao final da graduao e, ao passo que assumem uma sala de aula, ela-borar prticas pedaggicas inovadoras que transcenda os aspectos voltados para o fazer da prtica pedaggica. Se no tem uma boa formao, conseqentemente no sero bons profissionais e isso ir refletir no ensino da geografia escolar. Isso tem gerado um crculo vicioso.

    Em se tratando da formao profissional do professor, Callai (1999, p. 36) diz que:

    A renovao no ensino na sala de aula tem que acontecer e, para isso, necessrio pensarmos junto com os professores (para sairmos da tentao do receiturio pronto), pois na maioria das vezes gastamos em discusses tericas e, no dia-a-dia da sala de aula, a prtica a mais tradicional e conservadora possvel, tanto nossa, na universidade, quanto nas escolas. Esse fenmeno acontece nos trs graus de ensino, mas se desnuda de forma mais consistente no primeiro e segundo grau. No terceiro grau, ele mais velado e s assume contornos de prob-lema quando o profissional passa a exercer a sua profisso.

    Cavalcanti (2002) ressalta que se faz necessrio investir na formao dos profissionais, considerando as exigncias do ensino na atualidade.

  • No se trata de organizar cursos de formao profissional atrelados ao mercado de trabalho. Mas no se pode trabalhar nos cursos sem ter em mente as necessidades, as demandas da prtica profissional. A formao acadmica no pode estar desarticulada da realidade prtica. No caso do profissional do magistrio, comum a pouca integrao entre os sistemas que formam os docentes, as universidades, e os que os absorvem: as redes de ensino fundamental e mdio. Recomenda-se que a formao profissional, seguindo esse princpio, seja pensada e exe-cutada com base numa concepo de objetivos educacionais que visam preparao para o exerccio do trabalho, para a prtica da cidadania e para a vida cultural (CAVALCANTI, 2002, p.117).

    Essa antiga polmica com relao formao do professor, alguns fazendo significativas crticas e outros defendendo, certamente no resolver suas eventuais falhas e muito menos possibilitar a sugesto de novas propostas se no houver uma vontade individual por parte do professor, no intuito de colaborar para superar a idia de simplificao da educao, gerada pelo reducionismo economicista.

    Partindo dessas premissas que se busca desenvolver essa pesquisa, utilizando como suporte contri-buies de alguns especialistas nessa temtica, como Carvalho (2000), Callai (1999, 2005), Cavalcanti (1998, 2002, 2003 e 2005), Pimenta (1997) entre outros.

    O interesse de centrar este estudo no tema formao dos professores de geografia e o fazer da prtica pedaggica surge da necessidade em oferecer momentos de reflexes e de informaes sobre a formao dos professores de Geografia.

    O objetivo geral norteador desta pesquisa consistiu em analisar os elementos presentes no processo de formao dos professores de Geografia, destacando o fazer da prtica pedaggica. Conseqentemente, se desdobram os objetivos especficos:

    Identificar as concepes didtico-pedaggicas que orientam a prtica dos formados no ensino de Geografia; Discutir o perfil do professor de Geografia que os cursos de Licenciatura esto formando bem como, a necessidade de estabelecer um novo perfil; Conhecer as condies bsicas de trabalho dos professores dos cursos de Licenciatura em Ge- ografia;Demonstrar a existncia de problemas comuns presentes na formao de professores de Geo- grafia, como a falta de articulao entre teoria e prtica.

    Para a realizao desta pesquisa, foi feito levantamento bibliogrfico utilizando contribuies de al-guns especialistas nessa temtica, como Carvalho (2000), Callai (2005), Cavalcanti (1998, 2002, 2003 e 2005), Pimenta (1997) entre outros.

    Bem sabemos que a aprendizagem envolve, em certo sentido, uma mudana de comportamento, por meio da experincia. Mas a experincia no a nica condio para que a aprendizagem se efetue. Eis a a questo: os cursos de Licenciatura em Geografia fornecem condies pr-existentes no aluno para que a apren-dizagem se inicie, isto , no decorrer do mesmo certo nvel de maturidade foi alcanado?

    Em relao formao de professores e a aquisio da experincia, Cavalcanti (2002, p. 22-23) argu-menta:

    A pesquisa no campo da formao de professores tem procurado encontrar essas respostas, ou seja, tem valorizado a prtica escolar e a experincia cotidiana do professor enquanto el-ementos para a compreenso do ensino e de seus componentes. Essa experincia do cotidiano da escola um dos instrumentos para a compreenso da formao do professor, j que sua identidade tambm construda e reconstruda nesse espao. A experincia de professores, suas representaes sobre a Geografia, sobre conhecimentos geogrficos, sobre sua prpria

  • profisso, so, assim, elementos importantes para compreender as necessidades e as possi-bilidades de alteraes de sua prtica profissional.

    Partindo do pressuposto de que a formao pedaggica do professor de Geografia depende do nvel e qualidade do ensino na graduao, faz a diferena se o mesmo teve acesso, ou no, formao pedaggica adequada para adquirir competncia profissional. Mas que qualidade essa que se busca na formao dos professores de Geografia?

    A Lei de Diretrizes e Bases de 1996 introduziu uma flexibilizao curricular a qual props uma forma-o mais ampla dos alunos, ao mesmo tempo em que, concedeu uma maior liberdade e autonomia didtica s Instituies de Educao Superior, dando espao criao de disciplinas com carter multidisciplinar. Toda essa flexibilizao, gerou um problema no ensino superior, pois as disciplinas de carter pedaggico foram diludas ao longo dos quatro anos da graduao, sem, contudo, ter havido uma preocupao em relao ao equilbrio quantitativo e qualitativo, nem um dilogo especfico entre as disciplinas especficas e pedaggicas, com vistas a formar o profissional de Geografia para a escola bsica de hoje.

    Com as novas perspectivas e diretrizes legais para a formao de professores, faz se necessrio uma reviso total em torno Curso de Licenciatura em Geografia, oferecido pela UEG: O ensino oferecido atende s necessidades e interesse dos alunos? Atinge os objetivos educacionais na formao de conhecimentos, com-petncias e atitudes? H uma integrao e sistematizao entre teoria e prtica? Leva o aluno h uma reflexo no fazer pedaggico? Oferece o desenvolvimento de hbitos de independncia e autonomia? Est cumprindo a sua funo? Est de acordo com os objetivos propostos e com o projeto poltico-pedaggico?

    O nvel da educao uma parte de todo o processo que est emperrado pelo desinteresse da prpria escola. A complexidade do sistema educacional faz acreditar que somente um diagnstico especfico, aprofun-dado, resultar em respostas convincentes.

    Ao analisar a formao do profissional de Geografia, percebe-se a educao passa por momentos dif-ceis. De acordo com Silva (1996) h um descaso dos professores na busca de aperfeioamento o que acarreta um grave problema devido s pssimas condies nas quais se encontram algumas instituies de ensino e primordialmente a falta de interesse dos educadores em participar de eventos que elevam e propiciam inova-es e aprimoramento.

    Mesmo com exigncias bsicas para o ensino de geografia, percebe-se que h um dficit muito grande na produo formao dos professores. A anlise consciente de toda essa problemtica nos remete a mais um questionamento: Qual o perfil do formado, ao sair do curso?

    Apesar de todos os questionamentos anteriormente apontados a propsito dos cursos de Licenciatura em Geografia, acredita-se que outros aspectos devam ser discutidos, principalmente em funo de problemas bastante especficos da formao d