formaÇÃo e gestÃo de alianÇas estratÉgicas: um …¡bio-da... · á compatibilidade cultural...

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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA INSTITUTO DE EDUCAÇÃO CONTINUADA E PESQUISA MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO FÁBIO DA SILVA VIANA FORMAÇÃO E GESTÃO DE ALIANÇAS ESTRATÉGICAS: um estudo multicasos no setor de construção civil Belo Horizonte 2013

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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO CONTINUADA E PESQUISA

MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO

FÁBIO DA SILVA VIANA

FORMAÇÃO E GESTÃO DE ALIANÇAS ESTRATÉGICAS: um

estudo multicasos no setor de construção civil

Belo Horizonte

2013

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FÁBIO DA SILVA VIANA

FORMAÇÃO E GESTÃO DE ALIANÇAS ESTRATÉGICAS: um

estudo multicasos no setor de construção civil

Dissertação apresentado ao Programa de

Mestrado Profissional em Administração do

Centro Universitário UNA, como requisito

parcial à obtenção do título de Mestre.

Área de concentração: Inovação e Dinâmica

Organizacional.

Linha de pesquisa: Inovação, Redes Emp. e

Competitividade.

Orientador: Prof. Dr. Gustavo Quiroga Souki.

Belo Horizonte

2013

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Ficha catalográfica desenvolvida pela Biblioteca UNA campus Guajajaras

V618f Viana, Fábio da Silva

Formação e gestão de alianças estratégicas: um estudo multicasos no

setor de construção civil. / Fábio da Silva Viana. – 2013.

161fl.

Orientador: Prof. Dr. Gustavo Quiroga Souki.

Dissertação (Mestrado) – Centro Universitário UNA, 2013. Programa

de Mestrado Profissional em Administração.

Bibliografia f. 140-148.

1. Alianças estratégicas – Negócios. 2. Construção civil. 3. Alianças

estratégicas – Negócios. I. Souki, Gustavo Quiroga. II. Centro

Universitário UNA. III. Título.

CDU: 658

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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO CONTINUADA E PESQUISA

MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO

Dissertação intitulada “FORMAÇÃO E GESTÃO DE ALIANÇAS

ESTRATÉGICAS: um estudo multicasos no setor de construção civil”, de autoria

do (a) mestrando (a) Fábio da Silva Viana, aprovado (a) pela banca examinadora,

constituída pelos seguintes professores:

___________________________________________________

Prof. Dr. Gustavo Quiroga Souki – Orientador – (UNA)

___________________________________________________

Prof. Dr(a). Georgina Alves Vieira da Silva – (AB Consultoria Associados)

___________________________________________________

Prof. Dr. Múcio Tosta Gonçalves – (UFSJ)

___________________________

Prof. Dr. Poueri do Carmo Mário

Coordenador do Mestrado em Administração

Centro Universitário UNA

Belo Horizonte, 03 de Dezembro de 2013.

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AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer primeiramente a Deus e depois a todos aqueles que me ajudaram a

chegar até aqui, meus familiares, professores, amigos e colegas. Querendo assim se possível

não esquecer ninguém.

Esta dissertação é a consumação de um sonho compartilhado com professores, amigos,

familiares e colegas de profissão e do curso de Mestrado Profissional em administração do

Centro universitário UNA, a todos um grandioso e sincero muito obrigado.

Relembro que este é apenas o segundo passo de uma longa caminhada que iniciei com minha

graduação. Nesta caminhada tenho certeza que posso contar novamente com todos vocês,

caminho com a certeza que carrego comigo a esperança e sonhos de cada um de nós e

prometo a todos vocês que iremos conseguir alcançar nossos objetivos.

Um muito obrigado em especial aos professores Drª. Georgina Alves Vieira da Silva e Dr.

Gustavo Quiroga Souki pela paciência e orientação e a todos os outros professores que me

guiaram e possibilitaram a conclusão desse trabalho e a chegada até aqui.

Aos meus amados, queridos e adorados Pais Maria Ângela e Célio Viana, obrigado não só por

ter me dado simplesmente a vida, ensinado a andar, a vestir, a portar, ou por ter me protegido

quando tive medo. Obrigado por ter me transformado no homem que sou pela paciência que

tiveram comigo, por me amar incondicionalmente, obrigado também pelo simples fatos de

vocês existirem e principalmente obrigado meu Deus, pelo senhor ter me dado a honra de ser

um dos filhos deste casal. Pai e Mãe, obrigado por tudo, pela nossa família, por todo amor e

carinho dedicado a mim. Amo vocês antes, agora e para todo sempre.

Muito obrigado também a todos os colaboradores das organizações envolvidas neste trabalho,

que generosamente abriram suas portas e espaço em suas agendas, possibilitado a realização

deste trabalho.

Muito obrigado e tenham a certeza que amo muito todos vocês!

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RESUMO

A presente pesquisa de mestrado, ao propor descrever o processo de formação e gestão de

alianças estratégicas horizontais, caracteriza-se como uma pesquisa descritiva, sendo que o

tipo de abordagem adotado foi o qualitativo. No que se refere à sua abordagem temporal,

enquadrou-se como um estudo transversal. Como estratégia de pesquisa, utilizou-se o

desenvolvimento de estudos de casos múltiplos, tendo como unidade de análise seis

organizações que atuam no ramo da construção civil do subsetor de edificações de Belo

Horizonte – Minas Gerais. Como instrumento de coleta de dados, recorreu-se a observação

direta e a entrevistas em profundidade com o auxílio de roteiros de entrevista

semiestruturados. Tais roteiros foram elaborados de acordo com as categorias de análise e

construídos a partir das bases teóricas que sustentam esta pesquisa. Ressalta-se que, conforme

solicitação das organizações participantes, seus nomes foram resguardados. Dentre os

principais resultados alcançados, identificou-se que; a) os principais fatores motivacionais

para a formação das alianças foram: o aumento da competitividade; o aproveitamento do

know-how e da estrutura física; a possibilidade de expansão geográfica; acesso a outros

segmentos de mercados; o conhecimento prévio da cultura local (Obtenção e

compartilhamento de conhecimento); a geração de economia de escala; o compartilhamento

dos riscos; a realização de propaganda/publicidade conjunta e; e o acesso a recursos escassos

e estratégicos. b) o processo de análise e seleção dos parceiros ocorreu principalmente por

meio das redes sociais dos principais executivos das organizações envolvidas e que como

principais atributos foram levados em consideração na escolha dos parceiros: a reputação;

oportunidade de geração de economia de escala; acesso a novos segmentos; tecnologia que o

parceiro detém; possibilidade de acesso a novos mercados; condição financeira; capacidade

em obter e compartilhar conhecimento; oportunidade de promover barreira à concorrência;

acesso a insumos de produção escassos e estratégicos; compatibilidade cultural e; a

combinação de recursos e competências diferenciadas. c) sobre a estruturação e design das

alianças foi possível averiguar que: existe um alto grau de formalização entre as alianças

estudadas, devido ao desejo ou à necessidade de controle das empresas envolvidas; o principal

tipo societário adotado pelas parcerias são as joint ventures; a escolha do tipo de parceria e do

contrato é influenciada principalmente por questões ligadas às atividades tributárias, fiscais e

legais da constituição da parceira e; os principais recursos compartilhados entre as parceiras

são: financeiros, humanos e técnicos. d) no processo de gestão foi possível constatar que: o

principal modelo de gestão adotado pelas organizações estudadas foi aquele a partir de uma

empresa líder; e ainda cada empresa parceira possui um papel definido e limitado em

contrato; cada empresa possui um departamento especifico para cuidar dos assuntos relativos

à parceira; o fluxo de informações entre as empresas são feitos de forma livre e direta; o

processo de decisão nas alianças estratégicas é do tipo colegiado; os principais indicadores

criados para acompanhamento das parceiras são os ligados ao financeiro e produção; o

principal dificultador identificado pelos entrevistados para o desenvolvimento da parceira foi

á compatibilidade cultural e; a alta administração e o gerente da aliança desempenham papéis

fundamentais no processo de gestão de conflito das alianças estudadas.

Palavras - chave: Aliança estratégica, Construção civil, Parcerias estratégicas e Subsetor de

Edificações.

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ABSTRACT

This master's research is characterized as a descriptive one. It proposes to describe the

process of forming and managing strategic alliances horizontal and the approach adopted was

qualitative. The temporal approach is framed as a cross sectional study. As research strategy,

multiple case studies were used, with analysis of six construction organizations of buildings

of Belo Horizonte - MG. As an instrument of data collection, appealed to direct observation

and interviews with semi-structured scripts. Such scripts were prepared in accordance with the

categories of analysis and theoretical foundations to underpin this research. It is important to

say that the organizations’ names were preserved. The results found: a) the main motivating

factors for alliances were: increased competitiveness, know-how and the physical structure,

geographic expansion, different markets access, prior local culture knowledge (Collection and

knowledge sharing), scale / scope economies; shared risks ; shared propaganda / advertising

and scarce and strategic resource access. b) the analysis and the partner selection process

occurred mainly through the social networks of the key executives involved and the main

attributes were: reputation, opportunity generation of scale / scope economies; new segments

access; own technology partner; new markets possibility access, financial condition, ability to

obtain and share knowledge; opportunity to promote barrier to entry, scarce and strategic

production inputs access; culture compatibility ; resources combination and; different skills.

c) on the structure and design of alliances was possible to verify that: there is a high degree of

formalization between the alliances studied, because the desire or need for control of the

companies involved, the type adopted by major corporate partnerships are joint ventures, the

choice of partnership and the contract is mainly influenced by issues relating to tax, tax and

legal activities of the partner and the constitution; major resource shared among the partners

are: financial, human and technical. d) the management process was established that: the main

management model adopted by the organizations studied was the management model from a

leading company, each partner company has a defined and limited role in the contract, each

company has a specific department for care matters relating to the partner, the flow of

information between the companies are made freely and directly; decision making in strategic

alliances is taken collectively; leading indicators designed to monitor the partners are linked

to the financial and production; main complicating identified by respondents to the

development of partner was the compatible and culture, senior management and alliance

manager play key roles in conflict management alliances studied process.

Key Words: Strategic Alliance, Civil Construction, Strategic Partnerships e Subsector of

Buildings.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: O ambiente organizacional ...................................................................................... 37

Figura 2: Relacionamento entre dimensões de ambientes organizacionais ............................ 39

Figura 3: Matriz comprar, produzir ou cooperar - CPC .......................................................... 50

Figura 4: Dimensões relevantes de operação e propriedades das estruturas em rede ............. 56

Figura 5: Roteiro para formular alianças estratégicas na construção civil .............................. 62

Figura 6: Tipos de alianças estratégicas .................................................................................. 69

Figura 7: Modelos de alianças estratégicas ............................................................................. 73

Figura 8: Tipologia da aliança ................................................................................................. 74

Figura 9: Gestão a partir da auto-organização ........................................................................ 76

Figura 10: Gestão a partir de uma empresa líder .................................................................... 77

Figura 11: Gestão a partir de uma entidade administrativa autônoma .................................... 78

Figura 12: Esquema conceitual para analise da formação e gestão das alianças estratégicas 81

Figura 13: Desenho da condução de pesquisa ......................................................................... 89

Figura 14: Componentes de análise de dados: modelo de fluxo ............................................. 93

Figura 15: Componentes da análise de dados - modelo Interativo ......................................... 95

Figura 16: Os propulsores de alianças a partir das características do subsetor de edificações

................................................................................................................................................ 110

LISTA DE GRAFICOS

Gráfico 1: Taxa de crescimento do PIB total, VAB construção civil -% ................................ 22

LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Definições de aliança estratégica ........................................................................... 25

Quadro 2: Principais perspectivas teóricas sobre alianças estratégicas .................................. 32

Quadro 3: Elementos estruturais das redes de empresas......................................................... 53

Quadro 4: Tipos de economias de escala e fatores determinantes .......................................... 57

Quadro 5: Síntese das diferentes perspectivas para o desenvolvimento de alianças .............. 60

Quadro 6: Vantagens e desvantagens das alianças estratégicas .............................................. 63

Quadro 7: Objetivos das alianças estratégicas ........................................................................ 65

Quadro 8: Tipos de alianças estratégicas do domínio comercial ............................................ 70

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Quadro 9: Tipos de alianças estratégicas do domínio financeiro............................................ 71

Quadro 10: Tipos de alianças estratégicas no domínio técnico/produção .............................. 72

Quadro 11: Situações relevantes para diferentes métodos de pesquisa .................................. 87

Quadro 12: Definição das dimensões e das variáveis de estudo ............................................. 91

Quadro 13: Roteiro de construção do instrumento de coleta de dados ................................... 92

Quadro 14: Modelo analítico da pesquisa ............................................................................... 96

Quadro 15: Alianças e organizações estudadas ...................................................................... 97

Quadro 16: Identificação da amostra estudada ....................................................................... 98

Quadro 17: Duração das entrevistas semiestruturadas ............................................................ 99

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Social

DIEESE – Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômico

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

ICC – Indústria da Construção Civil

ICCSE – Indústria da Construção Civil Subsetor de Edificações

MP – Medida Provisória

PAC – Programa de Aceleração do Crescimento

PIB – Produto Interno Bruto

PMCMV – Programa Minha Casa, Minha Vida

RDIE – Retorno do investimento estratégico

SCP – Sociedade de Contas de Participações

SPE – Sociedade de Participação Especifica

TIC – Tecnologia da Informação e Comunicação

VAB – Valor Adicionado Bruto

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 12

2. O PROBLEMA E SUA IMPORTÂNCIA............................................................................. 17

3. OBJETIVOS ............................................................................................................................ 20

3.1. Objetivo geral ........................................................................................................................... 20

3.2. Objetivos específicos ................................................................................................................ 20

4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ......................................................................................... 21

4.1. A indústria da construção civil subsetor de edificações ........................................................... 21

4.2. Conceitos e definições das alianças estratégicas ...................................................................... 24

4.3. Contextualizações teóricas das alianças estratégicas................................................................ 31

4.3.1. Teoria da dependência de recursos ........................................................................... 34

4.3.1.1. O ambiente organizacional como fonte de recursos ........................................ 36

4.3.1.2. Poder e interdependência ................................................................................ 40

4.3.1.3. Estratégias para reduzir a dependência de recursos ........................................ 43

4.3.2. Teorias das estratégicas coletivas ............................................................................. 46

4.3.3. Teoria da economia industrial ................................................................................... 51

4.3.3.1. Elementos estruturais das redes de empresas .................................................. 53

4.3.3.2. Dimensões relevantes de operação e propriedades internas das redes de

empresas .................................................................................................................... 55

4.4. Modelos de estruturação das alianças estratégicas ................................................................... 59

4.4.1. Definições estratégicas .............................................................................................. 62

4.4.2. O processo de seleção e escolha dos parceiros ......................................................... 66

4.4.3. Estruturação e design das alianças estratégicas ........................................................ 69

4.4.4. O processo de gestão das alianças estratégicas ......................................................... 75

4.4.4.1. Modelos de gestão de alianças estratégicas ..................................................... 76

4.4.4.2. A função do gerente na aliança estratégica ..................................................... 79

4.4.4.3. A função da alta administração na aliança estratégica .................................... 79

4.4.4.4. Planejamento e controle na aliança estratégica ............................................... 80

4.5. Esquema conceitual .................................................................................................................. 81

5. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ......................................................................... 85

5.1. Tipo de pesquisa ....................................................................................................................... 86

5.2. Tipo de abordagem ................................................................................................................... 86

5.3. Abordagem temporal da pesquisa ............................................................................................ 87

5.4. O método de investigação ........................................................................................................ 87

5.4.1. Validade e confiabilidade do projeto de pesquisa ..................................................... 89

5.5. Definição das dimensões e das variáveis de estudo ................................................................. 90

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5.6. A técnica de coleta dos dados ................................................................................................... 91

5.7. Análise e interpretação dos dados ............................................................................................ 93

5.7.1. Redução de dados ..................................................................................................... 93

5.7.2. Apresentação e organização dos dados ..................................................................... 94

5.7.3. Interpretação e a verificação das conclusões ............................................................ 94

5.8. A pesquisa de campo ................................................................................................................ 97

6. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS .............................................................. 100

6.1. Categoria de análise 1: propulsores da formação da aliança .................................................. 100

6.2. Categoria de análise 2: processo de seleção dos parceiros ..................................................... 111

6.3. Categoria de análise 3: estruturação e design das alianças ..................................................... 118

6.4. Categoria de análise 4: gestão das alianças estratégicas ......................................................... 125

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................... 134

7.1. Limitações dos procedimentos metodológicos ....................................................................... 137

7.2. Sugestões para estudos futuros ............................................................................................... 138

8. REFERÊNCIAS .................................................................................................................... 140

APÊNDICE A – Carta de solicitação para realização de pesquisa científica .............................. 149

APÊNDICE B – Carta de autorização para realização de pesquisa científica: Empresas

concedentes ........................................................................................................................................ 151

APÊNDICE C – Carta de apresentação para realização de pesquisa científica: Entrevistados 152

APÊNDICE D – Protocolo dos estudos de casos ............................................................................ 154

APÊNDICE E – Matriz de análise de uma das categorias de análise ........................................... 159

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1. INTRODUÇÃO

A incessante procura pela competitividade tem conduzindo as organizações a reavaliarem

suas estratégias tradicionais, obrigando-as a colocar em suas agendas maior aproximação em

relação à concorrência. Antigas relações que antes eram pautadas por rivalidade e desavenças,

fruto do acirramento da disputa por uma fatia de mercado, passaram a ser permeadas pelo

espírito da cooperação ou coopetição. Segundo Nalebuff e Brandenburger (1996), a

coopetição (a junção das palavras cooperar e competir) é a união de organizações

concorrentes diretas em prol de um objetivo comum, que resulte em benefícios para as partes

envolvidas.

Para Lewis (1992), estas mudanças de relacionamentos são as consequências do mundo dos

negócios ter se tornado uma arena global, sendo que nesta transição de local para global a

intensidade da concorrência cresceu de forma dramática e drástica, elevando os padrões para

o sucesso competitivo organizacional. Neste cenário, o mito da empresa concebida como “ilha

isolada no interior de um oceano de mercado” (RICHARDSON, 1972, p. 883) é totalmente

desfeito, evidenciando e dando base “para uma teoria da organização da atividade econômica

com ênfase nas relações de cooperação” (MAZZALI E COSTA, 1997, p. 130) entre as

organizações.

Segundo Beer (2003), as organizações em respostas a essas importantes mudanças ocorridas

no mundo dos negócios, desenvolvem diversas iniciativas para superar obstáculos e

incrementar o desempenho organizacional, as quais se caracterizam como: redução de custos,

modificações dos processos, mudanças culturais e mudanças estruturais.

A iniciativa de redução de custos, segundo Beer (2003), está centrada na eliminação de

atividades não essenciais para a organização, tendo como foco o enxugamento dos custos

operacionais, eliminando principalmente as operações e atividades que pouco agregam ao

produto/serviço final das organizações.

As modificações dos processos, para Beer (2003), têm por finalidade a alteração de como a

operação é realizada atualmente, abrangendo a reformulação de todos os processos

organizacionais. Desde a “aprovação de empréstimos e do tratamento dado pela empresa às

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reclamações dos clientes dentro do prazo de garantia até o modo como as decisões são

tomadas” (BEER, 2003, p. 17). Tais mudanças buscam tornar o desenvolvimento das

operações mais práticas, rápidas, eficazes e seguras e menos dispendiosas.

A mudança cultural, ainda na visão do autor, está focada no lado subjetivo e humano das

organizações. Sobre como as empresas conduzem seus negócios e como acontece o

relacionamento entre a gerência e seus funcionários e entre os próprios funcionários,

produzindo mudanças em paradigmas de gestão, como a transição de gestão centralizada para

uma gestão mais participativa e aberta.

De acordo com Beer (2003), as mudanças estruturais tratam as organizações como um

conjunto de peças funcionais, onde a alta gerência busca recombinar estas peças a fim de

atingir um melhor desempenho geral. Exemplificam este tipo de iniciativa as aquisições,

incorporações, as fusões e as alianças estratégicas, foco da presente dissertação.

Em consonância com os autores supracitados, Farias, Amorim e Ramos (2006), confirmam a

tendência de as organizações adotarem procedimentos próprios de gestão, que incluem a

redução de custos operacionais, a rentabilidade de seu negócio e a gerência de suas atividades

em função dos objetivos estratégicos.

Pode-se inferir que essa tendência é universal, assumindo características específicas em

função do ramo de negócio, de suas estratégias e das especificidades de seu mercado. É o que

também propõe Britto (2002), para quem as empresas, em busca de atingir esses objetivos,

utilizando-se de diversas estratégias, principalmente a de alianças estratégicas para agregarem

valor aos seus produtos e serviços e consequentemente para sobreviverem no mercado

globalizado e altamente competitivo.

A opção pela formação de alianças estratégicas entre organizações, concorrentes ou não, tem

sido crescente nos últimos anos (BRITTO, 2002 e TIGRE, 2006). Para Nalebuff e

Brandenburger (1996), as interações de cooperação e coopetição são capazes de alavancar a

rentabilidade de uma organização, e podem também diminuir custos ao longo da cadeia

produtiva, garantindo melhores níveis de serviços para os clientes.

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Em rede, as organizações passam a desenvolver capacidades e competências superiores

àquelas que se constituem quando optam por atuarem isoladamente em seus mercados.

Ao se admitir o princípio da sinergia de negócios entre concorrentes, o tema “aliança

estratégica” assume relevo no campo da administração, como um tema complexo, devido à

mudança de lógica organizacional, incluindo em seus dia-a-dia simultaneamente conceitos de

parceria/cooperação, concorrência e participação no mercado.

Alianças estratégicas horizontais passam a constituir importante base de conhecimento para o

fortalecimento das estratégias competitivas de um modelo sustentável de redes empresariais

entre concorrentes.

Para cumprir esse direcionamento, esta pesquisa propõe uma abordagem que irá utilizar três

diferentes perspectivas teóricas: a da dependência de recursos, a da teoria da economia

industrial e a das estratégicas colaborativas. Pressupondo-se que ao enfocarem distintos

aspectos organizacionais, essas teorias podem ser usadas de maneira complementar, visto que

“é quase impossível compreender a formação de alianças estratégicas empregando somente

uma abordagem teórica” (LOPES, 2004, p. 3), dado o caráter multifacetado do processo.

A utilização da teoria da dependência de recursos nesta pesquisa se justifica em função do que

propõe Lopes (2004, p. 2): “a decisão de entrar em uma aliança, a escolha de um parceiro

apropriado e a escolha da estrutura da aliança podem ser vistas como questões de poder, tanto

inter quanto intra–organizacionais”.

A escolha da teoria da economia industrial decorreu do fato de os aspectos econômicos serem

um importante elemento no estudo das alianças estratégicas “uma vez que tais alianças

representam uma típica decisão econômica e, sobretudo, porque a decisão de entrar numa

aliança normalmente envolve critérios de eficiência” (LOPES, 2004, p. 3). Sendo, “na

literatura de Economia Industrial, a identificação das redes de empresas como objeto

específico de investigação vem assumindo crescente importância” (BRITTO, 2002, p. 350) e

tais estudos, segundo Balestrin e Verschoore (2008, p. 82), destinam a identificar as “[...]

diferentes classes de ganhos econômicos (economia de escala, escopo e especialização) como

variáveis explicativas da eficiência das redes”.

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Por fim, as teorias das estratégicas colaborativas sobre cooperação se justificam por que “com

a globalização da economia e a abertura dos mercados, as exigências de qualidade dos

produtos e a valorização do cliente se fizeram acompanhar da necessidade de repensar as

formas de funcionamento das empresas” (DIAS, 2001, p. 113). E são “os inúmeros casos de

empresas que têm aumentado sua competitividade com formação de redes, alianças e

parcerias sugerem a necessidade de reavaliar as teorias clássicas sobre estratégias”

(BALESTRIN E VERSCHOORE, 2008, p. 52).

Para operacionalização desta pesquisa foi escolhida a indústria da construção civil, subsetor

de edificações (Doravante denominada ICCSE), devido a sua importância social e estratégica

para a economia brasileira. Com grandes investimentos previstos e em andamento

relacionados às áreas de energia, de infraestrutura, na construção de estádios e arenas

esportivas, transporte, portos e aeroportos, em mobilidade urbana, readequação viária e

saneamento. Dada a expansão econômica do país e sua preparação para abrigar importantes

eventos esportivos de caráter mundial que exigem investimentos em construção civil e no

segmento logístico, ao lado de outras exigências que não fazem parte do escopo deste

trabalho.

Tais iniciativas, segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos

Socioeconômico - DIEESE (2011), sinalizam grandes desafios a serem enfrentados pelo

governo e os empresários do setor da indústria da construção civil - ICC, sendo eles: a

precária capacidade de gestão dos investimentos, a gestão empresarial deficiente nos canteiros

de obras, a falta de qualificação profissional dos trabalhadores e a regulamentação ambiental.

Todas essas circunstâncias apontam para a adoção de estratégia de cooperação, uma vez que a

escassez de recursos e a magnitude potencial das obras exigem prontas decisões que levem ao

maior aproveitamento do patrimônio humano, material e financeiro das organizações.

Segundo Lewis (1992), avariar organização do mesmo segmento de mercado oferece um

grande potencial, pois as tecnologias e produtos de uma empresa, além dos recursos

mercadológicos e operacionais, são mais semelhantes àqueles dos seus concorrentes do que de

qualquer outra organização.

A presente pesquisa está estruturada em sete capítulos, inciando-se por esta introdução, com a

subsequente apresentação do problema de pesquisa e sua importância, após são apresentados

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os objetivos gerais e especificos desta pesquisa que serviram como norteadores para condução

da mesma.

Na quarta parte apresenta-se a fundamentação teórica que sustenta esta pesquisa, optou-se por

desenvolver uma contextualização do objeto de análise e uma síntese teórica das alianças

estratégicas nos seguintes aspectos: Principais conceitos e definições, as perspectivas teóricas

que envolvem o tema, a gênese de formação das alianças estratégicas, contemplando as etapas

das definições estratégicas, da escolha do parceiro e do processo de gestão.

Em seguida, na seção de procedimentos metodológicos, são apresentados o conjunto de

técnicas e processos científicos utilizados para sulucionar o problema de pesquisa proposto.

Posteriormente, são expostas a análise e dicussão dos resultados dos estudos de casos

realizados, tendo como orientadores as dimensões e categorias de análises adotadas para a

realização desta pesquisa.

Por fim, encerra-se com as considerações finais em que se resgatem as conclusões

fundamentais da pesquisa, fazendo um fechamento da questão apresentada no problema de

pesquisa deste trabalho, após são apresentadas as limitações dos procedimentos

metodológicos adotados e por último aborda se algumas sugestões para futuras pesquisas.

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17

2. O PROBLEMA E SUA IMPORTÂNCIA

Para Mello (1997), as intensas modificações ocorridas nos ambiente de negócios, nos

produtos, nos serviços e nas relações de concorrência, elevaram as organizações para um

patamar de mercado pouco conhecido, cuja atmosfera empresarial é marcada pela

complexidade e instabilidade. Este cenário proporciona uma baixa previsibilidade e inter-

relação entre as variáveis ambientais, tornando mais complexa para as organizações a

concepção dos planos estratégicos que nortearão seus negócios perante as condições

ambientais.

Com o aumento da competição nos mercados e novas tecnologias terem sido desenvolvidas e

incorporadas pelas organizações, torna-se evidente a necessidade de compartilhamento do

conhecimento e das informações (MAÑAS E PACANHAN, 2004), o que leva à formação de

alianças estratégicas.

Esta intensificação na competição, segundo Castells (1999), é proporcionada por uma nova

economia informacional e global que surgiu no último quartel do século XX. Ela é

principalmente sustentada pela nova tecnologia de processamento da informação e o impacto

dessa tecnologia na geração e na aplicação do conhecimento em todas as etapas do processo

de produção e distribuição de produtos/serviços. Para o referido autor esta nova economia é a

vinculação histórica entre a base de informação/conhecimento da economia, seu alcance

global e a revolução da tecnologia da informação que proporciona um novo sistema

econômico distinto dos sistemas econômicos anteriores o “Capitalismo Informacional”. Para

Castells (1999), neste novo sistema econômico o capital financeiro precisa abrir espaço para

outras fontes geradoras de vantagens competitivas, dentre elas, o capital intelectual nas

organizações.

Para Lastres e Ferraz (1999), esta nova economia informacional e global deságua em um novo

paradigma tecno - econômico das tecnologias da informação. A noção de paradigma

conforme Castells (2001) foi proposto por Thomas Kuhn para elucidar a transformação do

conhecimento pela revolução científica, ou seja, a ciência avança de acordo com a resolução e

a consolidação de seus paradigmas.

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Segundo Castells (2001), um paradigma é um padrão conceitual que estabelece padrões de

desempenho que integram descobertas num sistema coerente de relacionamentos

caracterizados por sua sinergia, ou seja, pelo valor adicionado do sistema em comparação com

seus componentes individuais.

Tal fator torna oportuna a associação entre sistemas de gestão, controle e monitoramento que

podem ser proporcionados pelas novas tecnologias de informação e o paradigma industrial e

mecânico, que se consolidam por meio da mão-de-obra intensiva. O encontro de dois

paradigmas permite a transmutação do conceito de “concorrência” e favorece o aparecimento

das redes interorganizacionais. Esses relacionamentos, segundo Lopes (2004, p. 2), “não têm

sido bem entendidos, principalmente, no que concerne à forma como são construídos,

desenvolvidos e dissolvidos”.

A posição de Lopes é fortalecida por Balestrin e Verschoore (2008, p. 173), para os quais “são

escassos os estudos que versam sobre o modo de gerenciá-las, sobretudo no que concerne aos

instrumentos de que podem se valer os gestores no momento de constituir e desenvolver uma

rede”. “Conceber a rede como uma organização complexa e entender seu gerenciamento é

crucial para a obtenção de ganhos competitivos” (BALESTRIN E VERSCHOORE, 2008, p.

163), o que reforça a importância do desenvolvimento da presente pesquisa, que se apóia em

diferentes proposições.

Assim, o presente estudo pode contribuir para o melhor entendimento dessas redes e alianças,

base da problemática proposta para a pesquisa:

“Como e por que ocorre a formação e a gestão das alianças estratégicas horizontais entre

organizações do ramo da construção civil do subsetor de edificações do município de Belo

Horizonte – Minas Gerais?”

Segundo Lastres e Ferraz (1999), o avanço e a difusão deste novo paradigma tecno -

econômico vem exigindo o desenvolvimento de novos formatos e estratégias empresariais e

de outras instituições que também demandam, crescentemente, uma carga cada vez maior de

informação e conhecimento para desempenharem suas funções.

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Para Castells (1999) e Lastres e Ferraz (1999), uma das características mais importantes dos

efeitos da difusão das Tecnologias da Informação e Comunicação - TIC’s e deste novo

paradigma por meio da economia informacional global são as transformações essenciais

ocorridas no formato da organização e da gestão empresarial. Provocam assim maior

flexibilidade e integração das diferentes funções organizacionais, bem como maior

interligação de empresas e destas com outras instituições, estabelecendo-se padrões

diferenciados de relacionamento entre parceiros de negócio.

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3. OBJETIVOS

Com vista a aprofundar na questão de pesquisa apresentada anteriormente, o estudo propõe os

seguintes objetivos:

3.1. OBJETIVO GERAL

Descrever o processo de formação e gestão de alianças estratégicas horizontais entre

organizações do ramo da construção civil do subsetor de edificações do município de Belo

Horizonte, Minas Gerais.

3.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

a) Verificar quais são os fatores motivadores da constituição de alianças estratégicas

horizontais no subsetor de edificações.

b) Descrever como ocorre a análise e a seleção dos parceiros para a formação de alianças

estratégicas horizontais no subsetor de edificações.

c) Identificar quais são os tipos de alianças estratégicas horizontais que vem sendo

constituídas pelas empresas do setor de edificações.

d) Descrever como ocorre o processo de gestão das alianças estratégicas horizontais

constituídas pelas empresas do setor de edificações.

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4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Esse capítulo é dedicado à sustentação teórica desta pesquisa, buscando uma base adequada à

problemática proposta neste trabalho. Optou-se por desenvolver uma contextualização do

objeto de análise e uma síntese teórica das alianças estratégicas nos seguintes aspectos:

Principais conceitos e definições, as perspectivas teóricas que envolvem o tema, a gênese de

formação das alianças estratégicas, contemplando as etapas das definições estratégicas, da

escolha do parceiro e do processo de gestão.

4.1. A INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL SUBSETOR DE EDIFICAÇÕES

Segundo Carvalho e Totti (2006, p. 253), o setor da ICC “apresenta-se dividido basicamente

em três subsetores: edificações, construção pesada e montagem industrial”, sendo que cerca

de 90% das organizações atuam no subsetor de edificações, que é responsável por quase 80%

dos empregos do setor.

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (2012), o Produto

Interno Bruto – PIB Brasil em 2012 obteve uma expansão de apenas 0,9% em comparação ao

ano de 2011, chegando a valores correntes de 4,403 trilhões de reais e o PIB per capita

alcançou R$ 22.402,00 mantendo-se estável (0,1%) em termos reais, em relação ao ano

anterior.

Segundo o Dieese (2013, pg. 5), alguns fatores podem explicar o mau desempenho alcançado

pela economia brasileira no ano 2012, como a “crise mundial, que foi dura em 2012,

especialmente na Europa...” a redução dos investimentos público/privado “principalmente na

indústria e uma parcela expressiva do consumo que foi suprida por importações...”.

Segundo o IBGE (2012) a ICC em 2012 acumulou crescimento de 1,4% em relação ao ano de

2011, representando 5,7% do PIB no ano de 2012. Para o Dieese (2011) até o ano de 2003, o

cenário da construção civil nacional presenciou um período de instabilidade, caracterizado

pela falta de incentivo, pela tímida disponibilidade de recursos e por uma inexpressiva

presença de financiamento imobiliário.

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Ainda segundo o departamento, a partir do ano de 2004, conforme se analisa no Gráfico 1, a

indústria da construção civil iniciou os primeiros sinais de crescimento, com a ampliação dos

investimentos em obras de infraestrutura e em unidades habitacionais.

Gráfico 1: Taxa de crescimento do PIB total, VAB construção civil -%

Fonte: DIEESE (2013, p. 7).

Conforme observado no Gráfico 1, o melhor desempenho alcançado da ICC foi registrado no

ano de 2010, quando a indústria atingiu um crescimento de 11.6%. Para o Dieese (2013), a

boa fase da ICC, em 2010, foi decorrência de um conjunto de variáveis: aumento do crédito,

incluindo o apoio dos bancos públicos ao setor produtivo no momento mais agudo da crise

financeira de 2009, queda nas taxas de juros, obras públicas (de infraestrutura dentro do

Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), habitação, com o Programa Minha Casa,

Minha Vida e a redução de impostos).

No ano de 2011, o setor apresentou um crescimento de apenas 3,6%, frente aos resultados

alcançados no ano anterior. Mesmo assim, a expansão da ICC foi superior ao PIB brasileiro

nacional que registrou um crescimento de 2,7%. Segundo a Dieese (2013, p. 7) tais resultados

podem ser explicados, “... em grande parte, pelos conjuntos de medidas macro prudenciais

adotadas pelo governo no final de 2010 e o desaquecimento da economia mundial, que

contribuíram para o menor crescimento da economia brasileira, repercutindo no setor da

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construção”. No ano de 2012, a ICC manteve, também, uma taxa de crescimento superior à do

país, de 1,4%, contra 0,9% de crescimento do PIB nacional.

Além da importância econômica para o País, o setor também desempenha um importante

papel social, segundo o Dieese (2013) a ICC, em 2011, gerou cerca de 7,8 milhões de

empregos direitos e indiretos, representado 8,4% de toda a população ocupada do País,

segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio – PNAD realizada pelo IBGE. De

acordo com dados da mesma pesquisa, constatou-se ainda que os trabalhadores da ICC no

Brasil obtiveram uma remuneração média por estado de R$ 1.395,00 (Hum mil e trezentos e

noventa e cinco reais).

Com grandes investimentos previstos para infraestrutura na área de energia, na construção de

estádios e arenas esportivas, transporte, portos e aeroportos, em mobilidade urbana,

readequação viária e saneamento, segundo o DIEESE (2011) governo e empresários do setor

da construção civil sinalizam os desafios a serem enfrentados: o enfrentamento da precária

capacidade de gestão dos investimentos, a gestão empresarial deficiente nos canteiros de

obras, a falta de qualificação profissional dos trabalhadores e a regulamentação ambiental.

Essas circunstâncias sinalizam para a adoção de estratégia de cooperação, uma vez que a

escassez de recursos e a magnitude potencial das obras exigem prontas decisões que levem ao

maior aproveitamento do patrimônio humano, material e financeiro das organizações.

Conforme Lewis (1992) trabalhar com uma organização do mesmo segmento de mercado

oferece um grande potencial, pois as tecnologias e produtos de uma empresa, além dos

recursos mercadológicos e operacionais, são mais semelhantes àqueles dos seus concorrentes

do que de qualquer outra organização.

Dentro deste ambiente, está inserida a ICCSE do município de Belo Horizonte – MG que, por

ser uma das sedes da Copa do Mundo da FIFA®, tem investimos previstos na magnitude de

R$ 2,6 bilhões de reais, justificando assim a escolha do município para o desenvolvimento

deste trabalho.

Segundo Carvalho e Totti (2006, p. 253), a ICCSE pode ter suas atividades divididas, de

forma simplificada, em quatro grupos:

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a construção de edifícios, que podem ser de caráter residencial, comercial,

industrial ou institucional;

a realização de partes da obras por especialização em uma fase do processo

construtivo, como, por exemplo, as fundações, a estrutura ou as instalações;

a execução de serviços complementares à edificação;

a realização de reformas.

A ICCSE, além das exigências governamentais e dos grupos de interesse para sediar grandes

eventos esportivos, depara-se também com o objetivo governamental de reduzir o déficit

habitacional para famílias de baixa renda. Segundo dados do DIEESE (2011), o “Programa

Minha Casa, Minha Vida” (PMCMV) criado em 2009 pela lei 11977 (alterada pela MP

510/2010) estabeleceu recursos privilegiando a construção de cerca de um milhão de

moradias entre os anos de 2009 e 2010 com investimentos na magnitude de R$ 34 bilhões.

Destes, R$ 25,5 bilhões procedentes da União, R$ 7,5 bilhões do FGTS, e R$ 1 bilhão do

Banco Nacional de Desenvolvimento Social - BNDES.

Para os próximos anos, segundo o DIEESE (2011), o Programa de Aceleração do

Crescimento 2 (PAC) lançado em março de 2010, prevê investimentos totais na ordem de R$

1,59 trilhão de reais, segundo cronograma divulgado no período de 2011 a 2014 estão

previstos investimentos de R$ 958,9 bilhões. Para o período pós-2014, a expectativa é de

investir mais R$ 631,6 bilhões em obras públicas.

Assim, compreender como as organizações da ICCSE de Belo Horizonte vêm formando e

gerindo suas alianças estratégicas horizontais para enfrentar estes desafios, torna-se um estudo

de ampla aplicação, dadas as características da cidade e o potencial do setor. Uma vez que a

oportunidade gerada pela Copa do Mundo da FIFA®, no aumento do turismo de negócios, e o

baixo investimento em anos anteriores, vem exigindo respostas mais ágeis às demandas

associadas ao segmento.

4.2. CONCEITOS E DEFINIÇÕES DAS ALIANÇAS ESTRATÉGICAS

A extensa literatura contemporânea relacionadas ao tema alianças estratégicas remete a um

universo de intermináveis definições sobre o que a institui. “Isso ocorre, em parte, em

consequência da insuficiência de estudos de natureza analítica internacionais, que faz com que

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diversos autores utilizem conceitos diferentes na elaboração de seus estudos sobre a formação

de parceria” (KLOTZLE, 2003, p. 34).

Conforme Klotzle (2003), a elucidação destas diversas definições torna-se essencial para o

pesquisador envolvido na análise de criação de valor e do desempenho financeiro das alianças

estratégicas, pois a adoção de uma definição concisa auxilia a evitar que os termos por eles

utilizados sofram interpretações adversas.

As principais definições acerca do tema alianças estratégicas são apresentadas a partir da

perspectiva de diferentes autores no Quadro 1, em seguida.

Quadro 1: Definições de aliança estratégica

Autores Definição de aliança estratégica

RICHARDSON (1972)

Cooperação são todos os arranjos organizacionais possíveis entre coordenação de

atividades internamente e relacionamento com outras empresas pelo mecanismo de

preços.

PERLMUTTER E

HEENAN (1986)

Duas ou mais empresas desenvolvem um relacionamento recíproco e uma

estratégia comum de longo prazo, em que os participantes mantêm suas

identidades enquanto competem no mercado fora da parceria.

CONTRACTOR &

LORANGE (1988)

Alianças estratégicas são realizações de acordos de cooperação entre duas ou mais

organizações como forma de negociação em que os parceiros compartilham

esforços em áreas como administração, transferência de tecnologia, fontes de

financiamento e mercado, de forma que ambas as partes sejam beneficiadas.

BADARACCO (1991)

As alianças são arranjos organizacionais e políticas operacionais por meio dos

quais as organizações separadas compartilham uma autoridade administrativa,

formam relações sociais e aceitam uma propriedade conjunta, e que os arranjos

contratuais específicos são substituídos por uma forma mais flexível de

administrar.

GARAI (1991)

Alianças estratégicas incluem acordos de esforços conjuntos na área de marketing,

atividades conjuntas de pesquisa e desenvolvimento (P&D), colaboração no

desenvolvimento de novos produtos, transferência de tecnologia e atividades de

terceirização. Fusões e aquisições não são consideradas alianças estratégicas.

HAMEL (1991) São oportunidades reais de internalização das habilidades dos parceiros para

aplicação em novos mercados ou desenvolvimento de novos produtos.

PARKHE (1991)

Alianças estratégicas globais (AEG) são definidas como acordos de cooperação de

longo prazo entre firmas independentes sediadas em dois ou mais países. Elas

envolvem fluxos de recursos e de capitais entre os diferentes países.

LEWIS (1992)

As alianças estratégicas são arranjos cooperativos nos quais as empresas cooperam

em nome de suas necessidades mútuas e compartilham os mesmos riscos para

alcançar um objetivo comum e, por esta razão, uma aliança dura tanto quanto a

necessidade mútua.

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Continua...

Autores Definição de aliança estratégica

TEECE (1992)

Acordos por meio dos quais dois ou mais parceiros dividem o compromisso de

alcançar um objetivo comum, unindo todas as suas capacidades e recursos e

coordenando suas atividades. Uma aliança estratégica implica algum grau de

coordenação estratégica e operacional das atividades e inclui, entre outras, as

seguintes operações: atividades conjuntas de pesquisa e desenvolvimento (P&D),

transferência mútua de tecnologia, concessão de direitos exclusivos de produção e

venda, e acordos de cooperação na área de marketing. Alianças estratégicas podem

ou não envolver participação acionária.

HAGEDOORN (1993)

Acordos de cooperação entre empresas, cuja intenção é afetar o posicionamento no

mercado do produto de pelo menos um parceiro. Alianças estratégicas têm de ser

diferenciadas das chamadas "Teias consumidoras - fornecedor", que são decisões

de semi-integração vertical baseadas na colaboração com fornecedores e que têm

como objetivo a economia de custos. Por outro lado, acordos de cooperação como,

por exemplo, o acordo entre a Sony e a Philips para desenvolver a tecnologia

DHD, têm claramente a intenção de aumentar o valor futuro de mercado das

diferentes empresas envolvidas. Em razão disso, possuem uma orientação mais

estratégica que os anteriormente citados acordos com fornecedores.

KANTER (1994)

As alianças estratégicas são relacionamentos que envolvem benefícios para todos

os parceiros e colaboração mútua, como forma de criar valor e infraestrutura, para

facilitar a aprendizagem.

LIPNACK E STAMPS

(1994)

As alianças estratégicas são caracterizadas como uma conformação organizacional

no quais empresas deliberadamente decidem empreender um projeto comum.

Sendo a união de empresas em prol de um objetivo comum, utilizando-se para isso

de suas competências individuais a fim de se fortalecerem mutuamente dentro do

mercado na qual estão inseridas, sendo elas concorrentes ou não.

LYNCH (1994) A aliança estratégica é a forma mais básica, simples e direta de empreendimentos

cooperativos.

MOHR E SPEKMAN

(1994)

As alianças estratégicas são relações vantajosas entre empresas independentes que

têm objetivos compatíveis, perseguem benefícios mútuos e apresentam elevado

nível de dependência.

BROWN E PATTINSON

(1995)

Contrato de troca, integração ou união de recursos específicos por diferentes

parceiros, visando à obtenção de ganhos mútuos. Entretanto, os parceiros

permanecem empresas independentes.

VARADARAJAN E

CUNNINGHAM (1995)

Estratégias de cooperação interorganizacionais, que implicam a união de recursos

e capacidades específicas das empresas que fazem parte da parceria, visando ao

alcance tanto de objetivos comuns como de objetivos específicos dos parceiros

individuais.

VYAS, SCHELBURN E

ROGERS (1995)

Acordo feito entre dois ou mais parceiros com o objetivo de compartilhar

conhecimentos ou recursos que possam trazer benefícios a todas as partes

envolvidas. Alianças estratégicas podem ser formadas simplesmente por duas

empresas que dividem seus recursos tecnológicos e/ou de marketing, ou assumir

formas mais complexas, envolvendo diversas companhias localizadas em

diferentes países.

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Continua...

Autores Definição de aliança estratégica

HAGEDOORN E

NARULA (1996)

Alianças estratégicas podem ser classificadas de duas maneiras. De um lado

existem tipos que envolvem participação acionária, como joint ventures e

companhias conjuntas de pesquisa. De outro lado, há formas sem participação

acionária, isto é, baseadas somente em contratos entre os parceiros. Nesse grupo

encontram-se, entre outros, acordos de desenvolvimento conjunto de produtos,

pactos de pesquisas conjuntas, acordos mútuos de licenciamento e contratos de

P&D (Pesquisa & Desenvolvimento).

LORANGE E ROOS

(1996)

Empreendimentos de risco ao longo de uma escala contínua entre, de um lado,

transações em um mercado livre ("mercado") e, de outro, a internalizarão total

("hierarquia"). Temos, assim, os seguintes tipos de alianças estratégicas em termos

do grau de integração vertical com a empresa - mãe: fusões e aquisições,

participação societária, joint ventures, empreendimentos cooperativos formais e

empreendimentos cooperativos informais.

YOSHINO E RANGAN

(1996)

Uma aliança estratégica vincula facetas específicas das atividades - fins de duas ou

mais empresas, No fundo, o elo é uma parceria comercial que aumenta a eficácia

das estratégias competitivas das organizações participantes, propiciando o

intercâmbio mútuo e benéfico de tecnologia, qualificações ou produtos baseados

nestas. Uma aliança pode assumir várias formas, que vão de simples contrato à

joint venture.

MAZZALI E COSTA

(1997)

As alianças estratégicas constituem-se em instrumentos privilegiado de edificação

de “zonas de estabilidade”, objetivando a redução do risco associado a um

universo turbulento, marcado pela globalização e pela emergência de novas

tecnologias.

DAS E TENG (1998)

Conceituam as alianças estratégicas como sendo acordos de cooperação entre

firmas por meio dos quais os parceiros visam atingir objetivos estratégicos

previamente definidos.

GLAISTER E BUCKLEY

(1998)

Existem dois tipos organizacionais básicos de alianças estratégicas: joint ventures

e alianças estratégicas sem participação de capital. Joint ventures implicam a

criação de uma nova empresa, da qual cada um dos parceiros detém uma parcela

do capital. Em contraste, alianças estratégicas sem participação de capital são

acordos de cooperação entre os parceiros, mas não envolvem a criação de uma

nova empresa.

GULATI (1998)

Alianças estratégicas são acordos voluntários entre empresas envolvendo troca,

divisão de recursos ou desenvolvimentos cooperativos de produtos, tecnologia ou

serviços.

OSBORN, et al. (1998)

Relação de troca reconhecida publicamente e/ou acordo de criação conjunta de

valor (no sentido de valor adicionado) entre duas ou mais empresas que têm suas

sedes em nações diferentes. A área de atuação da parceria é, no entanto,

especificada, e espera-se que o acordo seja de longo prazo.

CASTELLS (1999)

Alianças estratégicas ocorrem quando duas ou mais empresas empregam esforços

conjuntos para desenvolver um novo produto ou aperfeiçoar uma nova tecnologia,

em geral sob o patrocínio de governos ou órgãos públicos.

HARBISON E PEKAR

JR. (1999)

Alianças estratégicas podem descrever uma gama ampla dos relacionamentos que

se encontram dentro desses extremos, desde projetos de curto prazo, passando por

relacionamentos de longo prazo entre um fornecedor e um fabricante, até amplas

alianças estratégicas em que parceiros acessam as capacidades um do outro e

aprendem a partir dessa troca.

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Continua...

Autores Definição de aliança estratégica

LIMA E FILHO (2009) As alianças estratégicas são estruturas versáteis e evolutivas de cooperação entre

organizações.

TSANG (1999)

Acordo cooperativo de longo prazo entre duas ou mais empresas independentes de

países diferentes, com a finalidade de se obterem ganhos mútuos na consecução de

objetivos comuns. O temo "longo prazo" não se refere a nenhum período

determinado de tempo, mas ao caráter não transitório do acordo.

DOZ E HAMEL (2000)

As alianças estratégicas são uma resposta lógica e oportuna às rápidas e intensas

mudanças na atividade econômica, na tecnologia e na globalização, que lançaram

muitas corporações em duas corridas competitivas: uma pelo mundo e outra pelo

futuro.

DUSSAUGE,

GARRETTE E

MITCHELL (2000)

Um arranjo entre duas ou mais companhias independentes que optaram por

conduzir um projeto ou operar em área de negócios específica, conjuntamente

coordenando recursos e habilidades necessários em vez de operarem sozinhas ou

fundirem suas operações.

MINTZBERG et al.

(2000)

As alianças estratégicas são diferentes formas de arranjos cooperativos entre

fornecedores e clientes e até mesmo entre concorrentes com o objetivo de atender

um cliente em especial.

ROBINSON (2000)

Alianças estratégicas são relações vantajosas de longo prazo entre empresas

independentes que têm objetivos compatíveis, que compartilhem custos,

perseguem benefícios mútuos e apresentam elevado nível de dependência.

WHEELEN E HUNGER

(2000)

Uma aliança estratégica é uma parceria entre duas ou mais corporações ou

unidades de negócios que buscam alcançar objetivos estratégicos de benefício

mútuo.

AAKER (2001)

As alianças estratégicas são definidas como sendo a colaboração entre duas ou

mais organizações, no intuito de potencializar suas forças para que alcancem metas

estratégicas.

AUSTIN (2001)

As alianças estratégicas são instrumentos para a alavancagem das competências de

cada parceiro e para a criação de valor de mão dupla e podem envolver múltiplos

parceiros num esforço para reunir recursos mais abundantes e combinações de

competências mais vigorosas.

EIRIZ (2001) Uma aliança estratégica ocorre quando duas ou mais organizações decidem

conjugar esforço para perseguirem um objetivo estratégico comum.

GULATI E ZAJAC

(2001)

As alianças estratégicas são arranjos voluntários entre empresas envolvendo tanto

a acumulação como a transação de recursos, que podem ocorrer por uma série de

razões.

RIBEIRO E SILVA

JUNIOR (2001)

Aliança estratégica ocorre apenas a partir do momento em que as empresas tomam

a forma de um empreendimento completamente novo. As alianças devem mover

cada participante em direção a um objetivo estratégico de longo prazo, pressupõem

compartilhamento de objetivos, comprometimento de recursos de capital e

recursos administrativos dos envolvidos, e mantêm independentes as duas ou mais

organizações após a constituição da parceria.

STILES (2001)

As alianças estratégicas são coalizões entre duas ou mais empresas, tanto formal

ou informal, que compartilham objetivos comuns, reconhecem um nível de

interdependência mútua e são formadas por razões estratégicas.

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Continua...

Autores Definição de aliança estratégica

BARNEY (2002)

As alianças estratégicas existem onde quer que duas ou mais organizações

independentes cooperem no desenvolvimento, manufatura ou venda de produtos e

serviços.

BRITTO (2002)

Alianças envolvem acordos formais e informais entre empresas que permitem um

intercâmbio de informações e uma aglutinação de competências, associando-se à

estruturação de arranjos cooperativos – em geral de caráter pré-competitivo – que

permitem aos agentes explorar oportunidades tecnológicas e mercadológicas

promissoras.

ZAWISLAK (2002)

As alianças estratégicas são um acordo estabelecido entre diferentes empresas que

são obrigadas a dividir custos e benefícios de alguma atividade comum. Tal

divisão de custos e benefícios se concretiza na união de recursos e competências

para gerar um novo conjunto que atenda um objetivo comum. Este objetivo deve

ser robusto o suficiente para alterar o ambiente no qual as organizações estão

inseridas, ou seja, para conferir-lhes reais vantagens competitivas via agregação de

mais valor.

BAMFORD, GOMES-

CASSERES E

ROBINSON (2003)

As alianças estratégicas são estruturas organizacionais únicas que permite a

cooperação entre empresas.

INKPEN (2003) Arranjos organizacionais colaborativos que usam recursos e/ou estruturas de

governança de mais de um parceiro.

MARQUEZ (2003)

As alianças consistem numa relação em que duas ou mais organizações juntas

darão origem a uma ideia, a um produto, a outra empresa ou a pesquisa que

incorporem as melhores características de cada parceiro, a forma do acordo de

cooperação pode ser moldada conforme as estratégias e a performance econômica

dos parceiros.

TAVARES E MACEDO-

SOARES (2003)

Definem as alianças estratégicas como qualquer forma de parceria entre que

envolvam um compartilhamento de destinos comuns ou, ainda, como acordos

voluntários entre empresas envolvendo a troca, o compartilhamento ou a co-

desenvolvimento de produtos, tecnologias ou serviços, de forma a trazer benefícios

para todos os envolvidos.

THOMPSON JR. E

STRICKLAND III (2003)

As alianças estratégicas são acordos de cooperação entre empresas que vão além

dos negócios normais de empresa para empresa, mas que não chegam a ser fusões

nem parcerias. Uma aliança pode envolver esforços, conjunto de pesquisa,

compartilhamento de tecnologia, utilização conjunta de instalações produtivas,

comercialização mútua dos produtos ou concentração de esforços para a fabricação

de componentes ou montagem de produtos acabados.

TROCCOLI E SOARES

(2003)

A aliança estratégica pode ser definida como um relacionamento estabelecido entre

duas ou mais partes, que visa um compartilhamento do conhecimento e de outros

recursos, que possa ser benéfico para todos os envolvidos.

BESANKO et al. (2004)

Alianças estratégicas são alternativas à integração vertical das empresas, onde duas

ou mais empresas concordam em colaborar no desenvolvimento de projetos,

compartilhando informações ou recursos produtivos.

NOLETO (2004)

Alianças estratégicas envolvem a cooperação entre duas ou mais entidades.

Representam um meio de as instituições manterem suas estratégias individuais,

apesar dos recursos limitados em algumas áreas, e fortalecerem-se ao encontrar

outras organizações com as quais possam cooperar. Representam uma importante

forma de cumprir a missão e atingir objetivos de transformação social e

econômica.

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30

Conclusão...

Autores Definição de aliança estratégica

CHILD (2005) Relacionamento cooperativo de médio, a longo prazo entre organizações,

normalmente entre empresas.

HITT, IRELAND E

HOSKISSON (2008)

Alianças estratégicas são parcerias entre firmas, em que seus recursos, capacidades

e competências essenciais são combinadas para perseguirem interesses mútuos ao

projetar, manufaturar e distribuir bens e serviços.

JONES (2010)

Uma aliança estratégica é um acordo (formal ou informal) que compromete duas

ou mais empresas a compartilhar seus recursos (tangíveis ou intangíveis) para

desenvolver, em conjunto, novas oportunidades de negócios.

Fonte: Desenvolvido e ampliado pelo autor, a partir de Klotzle (2003).

Klotzle (2003), ressalta que dentre estas múltiplas definições apresentadas existe uma corrente

teórica de autores que utilizam uma visão mais ampla sobre este tema, considerando como

alianças estratégicas diferentes configurações de acordos de cooperação e parceria entre

organizações. Mas em contraposição existe outra vertente teórica que segue uma visão mais

restritiva de aliança estratégica, que não considera certas relações interempresariais como, por

exemplo, fusões e aquisições, como aliança estratégica.

Assim, é possível identificar nessas múltiplas definições, ainda que com diferentes pontos de

vista, que os teóricos das duas vertentes compartilham a ideia da cooperação existente entre as

organizações que constituem as alianças estratégicas, independentemente da configuração

organizacional adotada pelas organizações. Ou seja, as organizações procuram

cooperativamente atingir os objetivos que poderiam ser inaccessíveis se operassem

isoladamente umas das outras (KLOTZLE, 2003).

Portanto, averigua-se que há uma série de correntes de pensamento sobre o que venham a ser

as alianças estratégicas, na literatura contemporânea. No entanto todas corroboram com a

ideia sobre o tipo de relacionamento de cooperação ou coopetição entre os agentes

participantes da aliança estratégica. Para fins de definições operacionais desta pesquisa adota-

se o termo “alianças estratégicas” proposto por Jones (2010): um acordo (formal ou informal)

que compromete duas ou mais empresas a compartilhar seus recursos (tangíveis ou

intangíveis) para desenvolver, em conjunto, novas oportunidades de negócios.

Consoante com os objetivos da pesquisa, além da análise da existência de alianças

estratégicas horizontais (entre empresas do mesmo segmento de mercado) na indústria da

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31

construção civil do subsetor de edificações de BH – MG pretende-se verificar se tais

organizações mantêm os relacionamentos de cooperação ou coopetição entre si.

A partir da escolha dos principais conceitos e definições que acercam o tema esta pesquisa,

torna-se importante discorrer quais são as principais perspectivas teóricas que são possíveis de

se abordar o tema alianças estratégicas, assunto do próximo capitulo.

4.3. CONTEXTUALIZAÇÕES TEÓRICAS DAS ALIANÇAS ESTRATÉGICAS

Para Vale e Lopes (2010), o campo de estudos sobre alianças estratégicas é muito amplo em

termos de perspectivas teóricas, níveis de análises e métodos de investigação. Assim, torna-se

“necessário construir um arcabouço teórico coerente que reúna essas diversas abordagens”

(LOPES, 2004, p. 2).

O fenômeno da gênese de alianças estratégicas é objeto de análise de amplo interesse

acadêmico, gerando diferentes abordagens epistemológicas sobre suas origens, implicações e

fatores condicionantes (TIGRE, 2006; BALESTRIN e VERSCHOORE, 2008; VALE e

LOPES, 2010), permitindo formular uma valiosa base de interesses comuns e um diálogo

potencial entre os múltiplos ramos da ciência social (BALESTRIN e VERSCHOORE, 2008).

Dentre os esforços mais elucidativos de pesquisas sistêmicas empreendidas na área acadêmica

para demonstrar as diferentes abordagens epistemológicas sobre alianças estratégicas

destacam-se, sem dúvida, os trabalhos conduzindo por Vale e Lopes (2010) e Balestrin e

Verschoore (2008).

Em seus estudos os autores identificaram doze áreas teóricas, nomeadamente: Teoria

Contingencial, da Dependência de Recursos, da Ecologia Populacional, da Economia

Institucional, das Redes Sociais (Social networks), dos Custos de Transação, Teoria

Evolucionaria, Teorias Críticas, do Aprendizado, dos Jogos, Baseada em Recursos e Teorias

Estratégicas (VALE e LOPES, 2010; BALESTRIN e VERSCHOORE, 2008), conforme

demonstra o Quadro 2.

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32

Quadro 2: Principais perspectivas teóricas sobre alianças estratégicas

PERSPECTIVAS

TEÓRICAS

CONTRIBUIÇÕES PARA O ENTENDIMENTO DAS

ALIANÇAS ESTRATÉGICAS

AUTORES DESTAS

CORRENTES

TEÓRICAS

Teoria Contingencial

Identificou diferentes variáveis contingenciais, que seriam as

possíveis causas que induzem ou motivam as organizações a

estabelecerem relações de cooperação, isto é, elas explicam as

razões porque organizações escolhem relacionar-se com outras.

Oliver (1990); Morgan

(2000); Morin (2005)

Teoria da dependência de

recursos

Salientou, como um dos fortes condicionantes para a formação das

redes de cooperação, o compartilhamento de recursos tangíveis e

intangíveis.

Pfeffer e Salancik (1978,

2003); Penrose (1997);

Peteraf (1997); Prahalad

& Hamel (1997);

Wernerfelt (1997)

Teoria da ecologia

Populacional

Focalizou a diversidade e a adaptação organizacionais dentro de

uma população de organizações que competem por recursos

semelhantes ou clientes afins, ela identificou diferentes fatores

ambientais externos como: turbulência política, regulamentação

governamental, processos tecnológicos, entre outros, que podem

tanto influenciar no crescimento e sobrevivência das organizações

como levá-las ao declínio. Incentivando assim, a inovação e a

mudança numa população de organizações para novas formas e

tipos de organizações, a fim de atender as necessidades do

mercado por meio de iniciativas empreendedoras.

Freeman (1979); Cunha

(1999); Caldas & Cunha

(2005); Daft (2006);

Baum (1999)

Teoria da economia

industrial

Identificou diferentes classes de ganhos econômicos (economias

de escala, escopo e especialização) como variáveis da eficiência

das redes.

Eccles (1981); Teece

(1980); Turati, (1990)

Teoria da economia

institucional

Constatou que as organizações procuram obter legitimidade no

momento de integrar uma determinada rede.

DiMaggio e Powell

(1983)

Teoria das redes sociais

(Social networks)

Evidenciou até que ponto as relações sociais dos atores em uma

determinada rede influenciam a organização de seus membros e as

inter-relações dentro dessa rede.

Burt (1992); Granovetter

(2007); Powell (1996)

Teoria dos Custos de

transação

Sugeriu que, entre as formas clássicas de coordenação das

atividades econômicas (mercado e hierarquia), há uma série de

arranjos híbridos que buscam reduzir os custos de transação por

meio de relacionamentos colaborativos.

Coase (1937); Williamson

(1975, 1991, 1992 e

1995)

Teoria Evolucionária

Identificou a inovação como um fenômeno essencial e inerente à

economia, sendo a competitividade das organizações ou

economias nacionais refletidas pela sua capacidade em engajar-se

em atividades vinculadas a principal arma competitiva nesta nova

economia à inovação. Esta abordagem é compreendida como um

processo que envolve diversos atores e instituições, cujos

intercâmbios proporcionam relevantes informações sobre os

caminhos específicos de desenvolvimento ocorridos.

Nelson (1993); Dosi &

Nelson (1994); Castells

(1999)

Teorias críticas

Questionaram o argumento da eficiência na formação das redes e

destacaram que estas são constituídas por representar poderosos

instrumentos de formação de elites e classes dominantes, bem

como o exercício do poder e da dominação.

Whitt (1980); Perucci e

Potter (1989)

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33

Conclusão...

PERSPECTIVAS

TEÓRICAS

CONTRIBUIÇÕES PARA O ENTENDIMENTO DAS

ALIANÇAS ESTRATÉGICAS

AUTORES DESTAS

CORRENTES

TEÓRICAS

Teorias do aprendizado

Destacou o importante papel das relações e parcerias dos

diferentes atores/empresas, como fonte de geração de novos

conhecimentos, fundamental para a competitividade. Nesta

perspectiva a cooperação permite deflagrar um processo de troca,

adaptação e evolução das organizações no mundo caracterizado

por crescente complexidade e rápidas mudanças tecnológicas.

Polanyi (1958); Itami e

Roehl (1987); Kogut e

Zander (1992); Inkpen

(2006); Larsson,

Bentssson, Henriksson e

Sparks (1998); Kale,

Singh e Perlmutter (2000)

Teorias dos Jogos

Identificou que as estratégicas colaborativas envolvem um

processo dinâmico de interação de potenciais rivais, dotados de

racionalidade e com capacidade de aprender a colaborar visando a

um ganho total maior para ambos.

Neumann e Morgenstern

(1944);

Andrade & Dias (2002);

Dixit & Nalebuff (2008);

Axelrod (1984, 2001);

Brandenburguer &

Nalebuff (1996, 1997)

Teoria Baseada em

Recursos

Identificou que a cooperação que envolve diferentes organizações

- cada uma delas dotada de um conjunto específico de habilidades

e recursos – é capaz de distingui-las no mercado.

Wernerfelt (1997);

Haugstad (1999);

Prahalad e Hamel (1997);

Penrose,

1997; Peteraf, 1997

Teorias estratégicas

Destacou a configuração em redes de cooperação como fator

altamente estratégico para obtenção e manutenção de vantagens

competitivas.

Astley e Fombrun (1983);

Astley (1984); Dyer &

Singh, (1998); Gulati,

Nohria, & Zaheer (2000);

Gulati, Nohria, & Zaheer

(2000); Marcon & Moinet

(2000)

Fonte: Desenvolvido pelo autor, a partir de Balestrin e Verschoore (2008) e Vale e Lopes (2010).

Segundo Balestrin e Vargas (2002), a utilização de cada uma destas perspectivas teóricas

produz explicações muitas vezes complementares e outras vezes concorrentes umas com as

outras dentro do campo de estudos organizacionais sobre redes e alianças estratégicas. Vale e

Lopes (2010), analisando estas perspectivas, identificaram algumas correntes teóricas que

possuem maiores e menores aderências na conjugação entre elas.

Como exemplo Vale e Lopes (2010), citam que seria incompatível a utilização da Teoria do

Custo de Transação e das Redes Sociais no desenvolvimento de um mesmo trabalho. Pois o

pilar central da teoria do custo de transação pressupõe a noção de comportamento interesseiro

do indivíduo, já na teoria das redes sociais se advoga o principio da confiança recíproca como

o principal elo de muitas relações socais. Igualmente, os autores propõem certas

incompatibilidades entre a Teoria dos Jogos e a das Redes Sociais.

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34

Contudo, segundo Vale e Lopes (2010), existem aquelas perspectivas teóricas que apresentam

grande compatibilidade entre elas. Os autores utilizam como exemplo a teoria baseada em

recursos e a do aprendizado. Por fim os autores explicam que “diferentes enfoques teóricos

podem engendrar distintos tipos de abordagens empíricas” (VALE e LOPES, 2010, p. 733).

Em contra posição Cabral e Lazzarini (2010), discordam que seja incompatível a conjugação

de tais teorias (Economia do custo de transação e Redes sociais) em um mesmo trabalho. Pois

trabalhos recentes demonstram que os contratos não servem somente para combater ou

minimizar o comportamento oportunista dos agentes envolvidas em uma transação, mas para

instituir parâmetros iniciais de negociação que conduziram ao estabelecimento de relações

sociais duradoras.

Esta dissertação propõe uma abordagem que irá utilizar três diferentes perspectivas teóricas: a

da dependência de recursos, teoria da economia industrial e a teorias das estratégicas

colaborativas. Tais teorias ao enfocarem distintos aspectos organizacionais podem ser usadas

de maneira complementar, visto que “é quase impossível compreender a formação de alianças

estratégicas empregando somente uma abordagem teórica” (LOPES, 2004, p. 3), pois a

ocorrência deste fenômeno complexo é fundamentada em uma combinação multifacetada.

4.3.1. Teoria da dependência de recursos

Para Pfeffer e Salancik (1978), principais expoentes desta corrente, as firmas devem ser

compreendidas por meio de sua interdependência com o ambiente. Os autores defendem que

explicar a insatisfação dos funcionários em termos da precariedade das relações humanas e

dos salários é irrelevante. Se a firma pode valer-se facilmente de novos trabalhadores no

mercado de trabalho, desde que seus concorrentes possam fazer o mesmo, ela não deve

incorrer em custos para melhorar as relações humanas e aumentar os salários.

Carvalho (2010), argumenta que para as organizações serem eficazes os gestores precisam

compreender o ambiente em que suas organizações estão imersas, compreendendo as

interdependências, as demandas e os conflitos por qual elas passam. Segundo Pugh e Hickson

(2004, p. 69), “considerando que as organizações das quais uma organização depende podem

não ser confiáveis, a eficácia organizacional pode ser mais bem expressa pela forma como são

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35

equilibradas as dependência do que por medidas de eficiência interna, de natureza financeira

ou equivalente”.

A teoria da dependência de recursos, segundo Jones (2010), tem como principal premissa o

enfoque no ambiente externo das organizações argumentando que todas as organizações são

dependentes de algum elemento ou recurso que pertença a este ambiente para o

desenvolvimento de suas atividades. Conforme Lopes (2004, p. 12), “a perspectiva da

dependência de recursos, assim como outras perspectivas que pressupõem a organização

como um sistema aberto, indica que não existe uma melhor forma organizacional para

alcançar efetividade.” Segundo Balestrin e Verschoore (2008, p. 80 e 81) sob a ótica desta

teoria busca-se “[...] entender o processo pelo qual as organizações reduzem suas

dependências ambientais, utilizando várias estratégias para aumentar seu próprio poder no

sistema”.

Esta teoria se diferencia de outras abordagens teóricas por enfatizar “o papel ativo exercido

por uma organização em selecionar suas estruturas, em lugar de enfatizar o papel do ambiente

de selecionar organizações ou respostas organizacionais apropriadas” (LOPES, 2003, p. 118),

como fazem a teoria da ecologia populacional e a teoria da contingência.

Para Prado e Takaoka (2006), a teoria da dependência de recursos enfatiza a necessidade

organizacional de adaptação às necessidades ambientais, compreendendo que as organizações

deveriam ativamente gerenciar e controlar o fluxo de seus recursos para minimizar suas

dependências em relação ao ambiente. Segundo Cunha (1993, p.40), “na defesa do seu

próprio interesse, as organizações deverão controlar a posse dos recursos de que necessitam,

ou minimizar, tanto quanto possível, a sua dependência face aos detentores desses mesmos

recursos”.

Carvalho (2010), explica que a perspectiva teórica da dependência de recursos apresenta três

questões centrais: a primeira refere-se ao ambiente organizacional como fonte de recursos, a

segunda discute as questões de poder e interdependência e a terceira e última questão aborda

as estratégias organizacionais para reduzir a sua dependência de recurso.

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36

4.3.1.1. O ambiente organizacional como fonte de recursos

Para Jones (2010), antes de se discutir os modos específicos como as firmas administram seu

ambiente organizacional para se defender e ampliar seu domínio deve-se entender em detalhes

quais são as forças ambientais que afetam as organizações e os recursos de que elas

necessitam. Para o referido autor explorar as definições e conceitos dos ambientes específico

e geral das organizações forma uma importante base útil para análise da Teoria da

dependência de recursos.

Segundo Cunha (1993, p. 40), na perspectiva da teoria da dependência de recursos o ambiente

organizacional, “[...] seria algo como um enorme, mas limitado depósito de recursos

(materiais, humanos, financeiros, informações), cujo acesso se revela condicionado”.

Complementando esta visão, Jones (2010, p. 47) inclui que “o ambiente é o conjunto de

pressões e forças ao redor uma organização que tem o potencial para afetar a maneira como

ela opera e sua habilidade para adquirir recursos escassos”.

De acordo com Pfeffer e Salancik (1978), os ambientes gerais e específicos das organizações

afetam a competitividade das firmas ao passo que tornam os recursos disponíveis ou não.

Segundo os autores as firmas não são autodirigidas ou autônomas, elas carecem de diversos

tipos de recursos de seu meio para o desenvolvimento de suas operações, entre eles humanos,

informacionais, materiais e financeiros. Para adquiri-los as firmas necessariamente precisam

interagir com outras organizações que detêm este recurso, ainda segundo os autores estas

interações englobam as firmas num embate constante pela busca da autonomia.

Para Jones (2010), o ambiente específico das organizações consiste de forças de grupos

externos que interferem diretamente na capacidade de uma organização em garantir ou ter

acesso aos recursos necessários, conforme Figura 1, os grupos que fazem parte deste ambiente

são: clientes, distribuidores, sindicatos, concorrentes, fornecedores e governo.

Ainda segundo o autor, o ambiente geral das organizações é composto por forças que

modelam o ambiente específico e que alteram a habilidade de todas as organizações para

obter os recursos necessários para o desenvolvimento de suas atividades.

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37

Conforme Figura 1, as forças que compõem este ambiente são: Forças econômicas,

tecnológicas, políticas, éticas e ambientais, demográficas, culturais e sociais.

Figura 1: O ambiente organizacional

Fonte: Adaptado de Jones (2010, p. 48).

Para Frega (2007, p. 115), compreendendo que o ambiente é a fonte geradora de recursos

valiosos e escassos para a sobrevivência da firma:

“[...] pode-se notar que a vulnerabilidade das organizações para com o seu

ambiente é o resultado da necessidade de recursos como matéria prima, trabalho,

capital, equipamento, conhecimento e saídas (oportunidades de negócio) para

produtos e serviços, os quais são controlados pelo ambiente”.

Segundo Mendonça e Araújo (2011, p. 116), quando o ambiente se transforma “mudam os

requisitos exigidos para a organização garantir o acesso aos mesmos recursos, daí a

necessidade dela gerir esta relação com o ambiente para que possa diminuir os riscos gerados

pela mudança”.

Para Pugh e Hickson (2004, p. 68), “[...] geralmente, é aceito que os ambientes afetam as

organizações, mas como isso acontece não está muito claro”. Pfeffer e Salancik (1978)

explicam que esta influência ocorre por meio da substituição dos executivos. No intercâmbio

destes gestores, o ambiente intervém nos processos políticos dentro das organizações, a partir

dos quais as ações se desenvolvem.

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38

Segundo Pfeffer e Salancik (1978), este processo envolve três etapas. A primeira é que

mudanças nos setores ambientais mais incertos moldam o padrão de distribuição de poder

dentro de uma organização; à segunda refere-se à distribuição de poder resultante da primeira

que afeta diretamente na escolha das pessoas que irão compor a cúpula de administração; e a

terceira remete ao fato que os executivos e gestores designados podem influenciar as

principais decisões das firmas.

Para explicar a primeira etapa deste processo Pfeffer e Salancik (1978), utilizam como pilar

de apoio as principais ideias da Teoria da contingência estratégica do poder intra-

organizacional, desenvolvida por Hickson, Hining e outros autores.

Segundo Pugh e Hickson (2004, p. 29), tal teoria forneceu subsídio para esclarecer “o porquê

de alguns gerentes ou departamentos serem poderosos e outros fracos. A resposta deriva da

extensão em que eles: (a) estão sujeitos às incertezas; (b) estão situados em uma posição

central quanto ao fluxo de trabalho; (c) não são substituíveis”.

Para Pfeffer e Salancik (1978), os departamentos dentro de uma organização ganham poder na

medida em que nenhuma outra subunidade na firma pode fazer o que eles fazem e quando

muitas outras filiais são afetadas pelo que elas desenvolvem e, se interrompidas suas

operações, os principais resultados desta mesma organização são comprometido.

Na segunda etapa, segundo Pfeffer e Salancik (1978), acontece a escolha das pessoas que irão

compor a alta administração da organização, para a escolha é resultante da distribuição de

poder entre as subunidades. Os autores citam que quando uma organização passa por um

período de turbulência geralmente seus principais executivos são demitidos, e que a sucessão

destes ocorre por meio daquele que possui o poder, para enfrentar as situações de dependência

e incertezas vivenciadas pela organização.

Para esclarecer a terceira etapa Pfeffer e Salancik (1978), utilizam parte das ideias que Child

(1992, 1997), denominou como strategic choice (escolha estratégica), perspectiva

desenvolvida com o objetivo de refutar as ideias determinísticas e excessivas das abordagens

contingenciais de que somente o ambiente determina a arquitetura organizacional.

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Os autores explicam que o controle dos executivos sobre o ambiente organizacional seja

limitado, como advoga a teoria da contingência. Há um espaço de ação (de liberdade)

suficiente para os gestores exercerem um papel ativo de influenciador das estruturas de suas

organizações por meio de um processo fundamentalmente político.

De acordo com Pfeffer e Salancik (1978), os executivos dentro deste espaço de ação estão

basicamente envolvidos em três atividades: a) gerenciar demandas externas conflitantes; b)

analisar o ambiente para desvendar o que está acontecendo e o que pode acontecer e; c)

reduzir as dependências das organizações de forma que elas não se tornem tão dependentes

uma das outras.

Pfeffer e Salancik (1978), discutem também as três características estruturais do ambiente

organizacional e o relacionamento social com os atores, conforme Figura 2. Neste modelo os

autores, demonstram as dimensões do ambiente: a) concentração: refere-se ao grau de poder e

autoridade dispersa ou concentrada dentro do ambiente; b) munificência: representa o grau de

disponibilidade de um dado recurso e; c) interconectividade: o número e os padrões de

ligações ou conexões entre organizações.

Figura 2: Relacionamento entre dimensões de ambientes organizacionais

Fonte: Adaptado de Pfeffer e Salancik (1978).

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Segundo os autores as características estruturas do ambiente definem o relacionamento social

entre os atores, representado o grau de conflito e interdependência dentro do sistema social.

Este conflito refere-se ao “grau em que os parceiros têm interesses, preferência e práticas que

não podem ser conciliadas [...]” (DAS e TENG, 2003, p. 13) e a interdependência representa

“[...] o grau em que parceiros dependem um do outro [...]” (DAS e TENG, 2003, p. 14).

Pfeffer e Salancik (1978), explicam que este dois fatores determinam o grau de incerteza

experimentado pela organização.

4.3.1.2. Poder e interdependência

Segundo Carvalho (2010), a segunda questão abordada pela teoria da dependência de recursos

refere-se ao poder e interdependência. Esta perspectiva enfatiza a questão da interdependência

entre as organizações e “quanto maior a dependência de uma organização com relação à outra,

mais fraca ela se torna, e a empresa mais poderosa pode ameaçar ou extrair vantagem da que

depende dela, se assim quiser” (JONES, 2010, p. 56).

É importante relembrar que a interdependência, segundo Das e Teng (2003, p. 14), é “[...] o

grau em que parceiros dependem um do outro [...]” para obter acesso aos recursos necessários

para o desenvolvimento de suas operações. E que o poder pode ser definido segundo Scott

(1998, p. 304) “[...] como o potencial que uma parte tem para influenciar a outra parte, seja

manipulando recompensas ou por meio de punição que são importantes para esta última”.

Segundo Bacellar e Medeiros (2005, p. 4), “a capacidade de uma organização competidora em

impor seus interesses a fim de obter determinado recurso, ou seja, seu poder aumenta o grau

de dependência das demais organizações que precisam daquele recurso”.

Para Pfeffer e Salancik (1978), três fatores definem a condição de interdependência entre as

organizações, a primeira está ligada a importância do recurso para a organização uma

combinação entre sua magnitude (proporção de entradas e saídas que dependem dele), e a sua

relevância estratégica (expressa em termos das consequências da sua indisponibilidade); a

segunda refere-se a quanto de arbítrio os controladores dos recursos possuem sobre sua

alocação e uso; e a terceira condição refere-se a até que ponto quem controla o recurso tem o

monopólio sobre ele.

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Conforme Jones (2010), as organizações devem administrar simultaneamente dois aspectos da

sua dependência no que tange aos recursos: (1) tem que exercer influência sobre outras

organizações para poder obter recursos e; (2) deve responder às necessidades e exigências de

outras organizações em seu ambiente. Lembrando que “a importância de certos recursos para

uma organização, combinada com a escassez desses recursos no mercado, tende a gerar um

elevado grau de dependência da organização em relação aos controladores desses recursos”

(LOPES, 2004, p. 11).

Corroborando com os autores citados até o momento, Pugh e Hickson (2004, p. 68),

esclarecem que:

A interdependência em relação a outras organizações fica condiciona a

disponibilidade de recursos e à demanda por eles. Esta interdependência pode

ocorrer de várias formas, por exemplo, a dependência direta de uma organização

comercial em relação a seus clientes e a dependência indireta e mútua de duas

organizações comerciais que não mantém contato, mas competem por um mesmo

grupo de clientes potenciais.

Segundo Jones (2010), a condição de dependência de uma organização em relação à outra por

um recurso ou elemento em particular é função de dois fatores: (1) Quão vital o recurso é para

a sobrevivência da organização e (2) a dimensão em que outras organizações controlam estes

recursos.

Segundo Pfeffer e Salancik (1978), as interdependências de recursos podem ser divididas em

dois tipos, a interdependência de Behavior (comportamento) e a interdependência de

resultado, os autores esclarecem que este dois tipos de interdependência podem constranger as

organizações simultaneamente, não sendo excludentes tais situações.

Para Pfeffer e Salancik (1978), as interdependências tanto de Behavior (comportamento),

quanto à de resultado são forças assimétricas, visto que alguns grupos ou organizações podem

possuir mais forças ou poder do que outras no controle e gerenciamento de determinado

recursos. Segundo os mesmos autores as organizações são quase mercados em que a

influência e o controle são negociados e alocados de acordo com o nível de importância dos

membros em relação à sobrevivência continuada e ao sucesso da organização.

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A interdependência de Behavior argumenta que “no caso de comportamento interdependente,

as próprias atividades são dependentes das ações de outro ator social” (CARVALHO, 2010, p.

50), ou seja, um ator influência e gerência ativamente as ações de outros atores, intervindo

direto nas execuções de suas atividades. Como exemplo pode-se citar o caso de uma empresa

filial ou subsidiária que tem de obedecer às diretrizes da empresa matriz.

Segundo Jones (2010), no ambiente específico das organizações a interdependência de

resultado é dividida em dois tipos básicos de interdependência que causam incerteza:

simbiótica e competitiva.

As interdependências simbióticas ocorrem quando o que uma organização produz são

entradas e insumos para outra, assim este tipo de interdependência em geral existe entre uma

organização e seus fornecedores e distribuidores, já as interdependências competitivas

existem entre organizações que competem no mesmo segmento de mercado por suprimentos

escassos e produções.

Segundo Carvalho (2010, p. 50):

As interdependências criam problemas de incerteza e imprevisibilidade para a

organização, que tenta lidar com isto reestruturando seus relacionamentos de troca.

No entanto, soluções para lidar com a incerteza proveniente da interdependência

levam as novas interdependência e incertezas.

Pfeffer e Salancik (2003), esclarecem que em busca de reduzir as interdependências de

resultados geradoras de grandes incertezas ambientais, as firmas procuram aumentar sua

interdependência de Behavior (comportamento) sobre os demais atores, aumentando assim a

coordenação e o controle mútuo sobre as atividades uma das outras. Segundo Jones (2010, p.

57) “essa coordenação reduz a liberdade de cada organização de agir de modo independente e

talvez em vista a seus interesses próprios".

O autor esclarece que quanto mais formal for uma conexão entre os agentes maior é a

coordenação direta e as chances de que ela se respalde em um contrato explícito ou englobe

alguma posse comum entre as firmas. Sendo que quanto mais informal é está ligação, mais

indireta ou solta é a forma de coordenação baseando-se apenas em um acordo implícito.

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43

4.3.1.3. Estratégias para reduzir a dependência de recursos

A terceira e última questão abordada pela teoria da dependência de recurso refere-se às

estratégias organizacionais para reduzir a dependência. Nesta parte são esclarecidos como as

organizações podem desenvolver algumas estratégias para gerenciar suas dependências de

recursos e controlar seus acessos a recursos escassos (JONES, 2010).

Pfeffer e Salancik (1978), advogam que existem quatro estratégicas possíveis para uma

organização adotar para diminuir suas dependências em relação ao ambiente e aos outros

grupos:

1. Adaptar-se a ou alterar as restrições externas;

2. Alterar as relações de interdependência, através de fusões, diversificações ou

crescimento.

3. Negociar o ambiente, por meio do estabelecimento de conexões e acordos com

diretorias de outras organizações, estabelecimento de parcerias, joint ventures e

através da formação de associações empresarias.

4. Mudar o ambiente em termos de legalidade e legitimidade, por intermédio de

ações políticas.

Para Pugh e Hickson (2004, p. 69), “o primeiro tipo de estratégia - adaptar-se a ou alterar as

restrições externas – pode ser conduzida de várias formas”. Segundo os autores uma firma

pode buscar gerenciar suas demandas por uma ordem de prioridade atendendo primeiro as

mais críticas e posteriormente as outras na medida em que elas se tornem críticas,

administrando assim as pressões recebidas.

Outro exemplo de Pugh e Hickson (2004, p. 70), é que uma “[...] organização pode

argumentar que está impedida de tomar determinadas medidas, por exemplo, em função de

restrições legais; e tudo isto pode minimizar sua dependência em relação a materiais ou

dinheiro”.

Segundo Pfeffer e Salancik (1978), alterar as relações de interdependência, por meio de

fusões, diversificações ou crescimento é a segunda opção estratégica das organizações para

diminuir suas interdependências. Os autores explicam que as fusões podem modificar esta

dependência na medida em que trazem para dentro da própria firma o controle dos recursos

essenciais para a sua atividade, estabilizando assim as relações de troca das quais participa.

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Carvalho (2010, p. 55), explica que as fusões podem ocorrer de três maneiras:

[...] integração vertical: que pode ocorrer “para frente” ou “para trás” na cadeia

produtiva, estendendo o controle da organização sobre as trocas vitais para tratar

com a interdependência simbiótica;

[...] expansão horizontal, que é a compra de concorrentes para reduzir a

interdependência comensalista, aumentando o poder da organização nos

relacionamento de troca simbiótico;

[...] diversificação, quando uma organização adquire outra organização que não

está no mesmo negócio ou em um relacionamento de troca direto com ela,

diminuindo a dependência mediante a variedade de domínios diferentes.

Segundo Pugh e Hickson (2004, p. 70), “a diversificação altera as relações de

interdependência nas quais uma organização está envolvida, livrando-a de sua dependência

externa num campo específico”. Para Carvalho (2010), esta opção protege as firmas das

dominações que ocorrem das trocas assimétricas quando não é possível incorporar a outras

organizações.

Para Pfeffer e Salancik (1978), a opção pelo crescimento organizacional pode aumentar o

poder de uma organização em comparação às outras, fazendo com que mais firmas se

interessem pela sua sobrevivência. Segundo o autor o tamanho da organização é considerado

um importante fator de estabilidade e sobrevivências organizacional, para Carvalho (2010, p.

56), “o aumento do tamanho da organização melhora o controle sobre as atividades críticas,

reduz a dependência e, portanto aumenta sua probabilidade de sobrevivência”.

O terceiro tipo de estratégia adotado pelas organizações para diminuir suas dependências

apresentados por Pfeffer e Salancik (1978), é o de negociar o ambiente, por meio do

estabelecimento de conexões e acordos com diretorias de outras organizações (estabelecendo

parcerias, associações empresárias e joint ventures).

Segundo Pugh e Hickson (2004, p. 70), “a negociação do ambiente, terceiro tipo de estratégia,

é mais comum do que a total absorção pelo processo de fusão”. Os processos de fusões e

aquisições geralmente são muito burocráticos, onerosos e nem sempre são muito benéficos

para as firmas. Pois ao fundir duas empresas há aspectos subjetivos como a cultura e os

valores das mesmas que muitas vezes são negligenciados, levando ao fracasso da ação de

junção das organizações.

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Conforme Jones (2010), um dos principais motivos ligados a formação de parcerias

horizontais está a questão de que um alto grau de concorrência entre as firmas pode causar

perdas irreparáveis, ameaçando o fornecimento de recursos escassos e consequentemente

aumentado a incerteza dos ambientes específicos das organizações. Pois “uma concorrência

intensa pode ameaçar a sobrevivência de uma organização, à medida que os preços dos

produtos caem para atrair clientes e o ambiente se torna mais pobre” (JONES, 2010, p. 61).

Pfeffer e Nowak (1976), explicam que as alianças estratégicas são um meio de se estabilizar o

fluxo de recursos que uma companhia necessita e também uma maneira de reduzir a incerteza

que ela enfrenta no ambiente organizacional. Segundo Jones (2010, p. 63), “o uso de alianças

estratégicas para gerenciar interdependências competitivas é limitado somente pela

imaginação das empresas rivais”.

Para Lopes (2004), ainda que as alianças estratégicas conduzam a uma redução da autonomia

no processo decisório, elas também provocam maior autonomia sobre recursos, ao reduzirem

a dependência em relação a outras organizações, que podem ser distribuidores, fornecedores

ou mesmo competidores.

Em alianças estratégicas, as organizações participantes passam a desenvolver um intercâmbio

entre diretorias, assim segundo Pfeffer e Salancik (1978), as ações futuras de cada

organização se tornam mais conhecidas, o que aumenta a confiabilidade entre os participantes

dos acordos e associações.

Segundo Jones (2010), em alianças estratégicas as organizações participantes podem obter

acesso a recursos escassos e valiosos de que necessitam para o desenvolvimento de suas

atividades, além de obter, em conjunto, maior de poder de barganha para diminuir sua

interdependência simbiótica junto a seus fornecedores.

A última das estratégias é a de mudar o ambiente em termos de legalidade e legitimidade, por

intermédio de ações políticas. Segundo Carvalho (2010, p. 58), nesta estratégia as firmas

buscam agir “[...] de maneira arbitrária, influenciado leis, normas e valores da sociedade,

buscando defender seus interesses”. Para Pugh e Hickson (2004, p. 71), se no ambiente

organizacional “[...] existe um alto nível de regulação estatal, as decisões dos legisladores e

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agências governamentais podem ser mais importantes para uma organização do que as

decisões de seus clientes ou consumidores”.

4.3.2. Teorias das estratégicas coletivas

A perspectiva teórica sobre estratégias coletivas são empregadas nos estudos sobre redes de

empresas “[...] para entender como as relações interorganizacionais vão impactar nas

estratégias das empresas, bem como, compreender como os resultados das relações

interorganizacionais afetam a posição estratégica e vantagem competitiva da empresa”

(BALESTRIN E VERSCHOORE, 2008, p. 3)

Antes de entrar especificamente no ambiente das teorias estratégicas que acercam o tema

alianças estratégicas, faz-se necessário definir alguns conceitos básicos. Segundo Castro,

Gonçalves, Lara e Bernardes (2001, p. 274), “a palavra estratégia tem origem grega (strategia)

e desde a formulação de seus primeiros conceitos – cerca de 500 anos a.C. – esteve associada

à visão militar, servindo para designar as funções administrativas do generalato”. Segundo os

autores com o passar do tempo ela foi migrando para o ambiente empresarial. Para Oliveira

(1997), a utilização da terminologia “estratégia” no ambiente empresarial representa um

conjunto de decisões e ações que têm por finalidade nortear o posicionamento da organização

em seu mercado, de forma a permitir que ela consiga atingir suas metas e objetivos.

Segundo Winckler e Molinari (2011, p. 3):

Considerando os diversos agentes envolvidos em organizações, a estratégia de uma

empresa pode ser desenvolvida em nível organizacional ou interorganizacional.

Estratégias organizacionais dizem respeito somente aos aspectos, recursos e

resultados internos de uma organização, enquanto que as estratégias

interorganizacionais referem-se àquelas desenvolvidas entre duas ou mais

organizações. Ou seja, as estratégias organizacionais e interorganizacionais se

diferenciam pelo escopo de atuação e pelos objetivos e recursos.

Para Balestrin e Verschoore (2008), no tipo de estratégias organizacionais a visão das

organizações é baseada no princípio da exclusão competitiva de Gause1. Segundo Winckler e

Molinari (2011), neste paradigma as firmas buscam competir sozinhas, confrontando

1 Principio de Gause. “O princípio da exclusão competitiva defende que duas espécies que conseguem seu

sustento de maneira idêntica não podem coexistir; geralmente a espécie mais forte ou mais adaptada ao seu

contexto sobreviverá, excluindo as demais” (BALESTRIN e VERSCHOORE, 2008, p. 51).

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diretamente seus concorrentes, desempenhado relações de ganha-perde, ou seja, para uma

empresa ganhar a outra necessariamente precisa perder.

Para Dias (2001, p. 113), as organizações começaram a optar pelas estratégias

interorganizacionais:

Ao perceber que a estratégia antiga de calcular os custos de fabricação e

acrescentar a eles a margem de lucro desejada não era mais visível em um mundo

altamente competitivo. Os empresários viram-se forçados a estabelecer estratégias

de diminuição dos custos de forma a praticar preços compatíveis com o mercado,

sem perder qualidade dos produtos.

Segundo Vale e Lopes (2010, p. 726), a partir desta perspectiva “[...] o ambiente é

vislumbrado como um espaço povoado por ciladas e empecilhos a serem contornados ou

superados, por mediação de acordos e parcerias circunstanciais, até mesmo com rivais

potenciais ou reais”.

Para Balestrin e Verschoore (2008, p. 51):

Á diferença do paradigma da competição (jogo de soma nula), o paradigma da

cooperação (jogo de soma positiva) visa à adoção de estratégias coletivas por um

conjunto de atores (fornecedores, concorrentes, clientes, etc.) tendo em vista

atingir objetivos comuns, habilitando as empresas a competir em instâncias mais

elevadas.

Balestrin e Verschoore (2008), explicam que a implementação das estratégias coletivas, por

mais explícitos que possam parecer seus ganhos não é uma atividade simples, devido ao fato

de alguns postulados clássicos utilizados pela corrente dominante no campo da estratégia,

advogar a perspectiva da competição individual entre as organizações.

Perucia (2008, p. 23), esclarece que “a ideia de estratégias colaborativas, assim como a maior

parte dos estudos sobre cooperação interorganizacional na ciência administração, emergiu

com maior vigor a partir da década de 80”.

Segundo Balestrin e Verschoore (2008) e Perucia (2008), duas relevantes contribuições de

conhecimento para consolidação do conceito de estratégias colaborativas foram os estudos

desenvolvidos por Astley em 1984 e por Astley e Fombrun em 1983. Nesta pesquisa os

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autores demonstraram que as estratégias interorganizacionais não precisavam limitar-se

somente aos relacionamentos concorrenciais.

Balestrin e Verschoore (2008, p. 57), destacam que na visão de Astley (1984), as estratégias

colaborativas são definidas “[...] como a formulação conjunta de políticas e implementação de

ações pelos membros de coletividades interorganizacionais”. Para Barney (2002), as

estratégias colaborativas existem quando duas ou mais organizações independentes

desenvolvem alguma atividade conjunta de manufatura ou venda de produtos e serviços.

Favoretto (2007, p. 49), complementando esta visão, enfatiza que:

Com o intuito de administrar sua interdependência e a crescente dinâmica do

ambiente empresarial, as organizações fazem uso de estratégias coletivas para

reagir aos movimentos deste ambiente absorvendo seus impactos ou, de forma pro-

ativa, antecipando suas mudanças através de decisões consistentes.

Corroborando com o autor supracitado, Balestrin e Verschoore (2008, p. 57), defendem a

ideia que “as estratégias coletivas refletem a necessidade de as organizações promoverem

ações de cooperação para lidar com suas interdependências dinâmicas, da mesma forma que,

na natureza, muitos animais aglutinam- se em grupos para se proteger e sobreviver”.

Conforme Winckler e Molinari (2011), no tipo de estratégia de cooperação duas organizações

trabalham em conjunto gerando benefícios recíprocos para ambas as empresas. Segundo

Gulati (1998), a cooperação informal ou formal é a consequência de um extenso alcance de

motivos e metas, em uma multiplicidade de formas, de modo que ocorre além de fronteiras

verticais ou horizontais, como no caso das alianças estratégicas.

Ebers e Jarillo (1998), destacam que por meio da adoção de estratégias colaborativas as

organizações conseguem alcançar e sustentar diferenciais competitivos a partir de: a)

Aprendizado mútuo: que conduzirá as organizações a lidar melhor com processo de criação e

desenvolvimento de novos produtos; b) co-especialidade: as firmas envolvidas alcançam a

lucratividade em novos nichos de produtos e mercados; c) melhor fluxo de informação:

facilita a gestão do fluxo de recurso entres as empresas e reduzindo as incertezas nas relações;

e d) economias de escala: junção de esforços e investimentos das parcerias na criação de

novos projetos para desenvolvimento de produtos ou serviços.

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49

Segundo Balestrin e Verschoore (2008), no decorrer da década de 1990, o conceito de

estratégia coletiva adicionou a ideia de coopetição, neste tipo de estratégia conforme Winckler

e Molinari (2011) duas ou mais organizações cooperam para alcançar determinado objetivo e

concorrem na hora de repartir os ganhos.

Nalebuff e Brandenburger (1996), a partir da teoria dos jogos, trouxeram à tona a ideia de que

as organizações deveriam repensar as implicações de suas estratégicas organizacionais e

interorganizacionais. De acordo com os autores, mesmo depois das firmas desenvolverem

vínculos cooperativos umas com as outras elas poderiam continuar a competir entre si,

estabelecendo um conceito revolucionário que combina competição com cooperação

conhecido como co-opetição.

Segundo Balestrin e Verschoore (2008, p. 58), “as estratégias coletivas podem também se

originar das decisões gerenciais ante as competências internas e as condicionantes enfrentadas

em seu ambiente”.

De acordo com Perucia (2008), a Matriz CPC (Comprar, Produzir ou Cooperar) foi um

modelo conceitual proposto por Child, Faulkner e Tallnan em 2005 no livro intitulado

“Cooperative Strategy: Managing Alliances, Netwoks and Joint Ventures”, para facilitar o

processo de tomada de decisões estratégicas, auxiliando os gestores a definir a maneira mais

adequada de gerenciar suas atividades produtivas, conforme Figura 3.

Segundo Balestrin e Verschoore (2008, p. 58), “[...] ela combina nos seus dois eixos a

importância estratégica de uma determinada atividade, e a competência da empresa em

relação aos demais produtores interessados em realizar tal atividade”.

Para Perucia (2008, p. 64), “a lógica da Matriz CPC centra-se no fato de que mesmo as

maiores empresas não podem mais executar todas as atividades produtivas internamente,

necessitando optar por quais atividades devem realizar”.

Para Balestrin e Verschoore (2008), esta Matriz possui três distintas possibilidades de tomada

de decisões estratégicas que uma organização pode adotar em relação a uma determinada

atividade produtiva, sendo elas: a de adquirir do mercado ou, a de produzir internamente, ou a

de se aliar com outras empresas para executá-la cooperativamente. Os autores indicam que as

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duas primeiras escolhas estratégicas referem-se a estratégias individuais, e a última representa

a opção da estratégia coletiva.

De acordo com Perucia (2008, p. 64), “as dimensões que afetam sua decisão são: a

importância estratégica da atividade e sua competência em realizá-la, quando comparada às

empresas produtoras”.

Figura 3: Matriz comprar, produzir ou cooperar - CPC

Fonte: Adaptado de Balestrin e Verschoore (2008, p. 59).

Segundo Balestrin e Verschoore (2008, p. 58):

Seguindo a lógica da Matriz CPC, se determinada atividade é de pouca

importância estratégica para os negócios de uma organização, a opção mais

adequada, independentemente da competência da empresa em realizá-la, é adquirir

esse serviço junto ao melhor fornecedor possível.

Conforme Perucia (2008, p. 64), “caso a empresa tenha uma competência entre média e alta

na execução da atividade, a melhor opção será realizá-la, utilizando-se das competências

internas e transformando-as em um dos seus diferenciais competitivos.”

Para Perucia (2008, p. 64):

Na medida em que o ambiente torna-se cada vez mais dinâmico, há uma crescente

tendência de as empresas terem ainda maiores dificuldades em realizar

individualmente as atividades de maior importância estratégica, buscando alcançar

tais soluções por meio de estratégias colaborativas.

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Corroborando com o autor acima Balestrin e Verschoore (2008, p. 59) versam que:

De um modo geral, contudo, observa-se que as organizações não possuem todas as

competências necessárias para a execução de grande parte das atividades média e

alta importância estratégica. Nesses casos, a melhor opção é recorrer à colaboração

de parceiros que possam, com os conhecimentos que possuem, ajudá-las a

complementar suas competências.

4.3.3. Teoria da economia industrial

A perspectiva da teoria da economia industrial “é utilizada nas pesquisas sobre redes para

esclarecer de que modo os diferentes ganhos econômicos de produção – economias de escala,

escopo e especialização – explicam a eficiência dessas estruturas” (BALESTRIN e

VERSCHOORE, 2008, p. 80).

Para Britto (2002), este ramo da economia versa sobre a ocorrência de múltiplas formas de

cooperação produtiva e tecnológica entre organizações. Apontando para a necessidade de

pesquisa sobre os fatores subjacentes ao desempenho superior competitivo desta nova forma

de organização, que abranjam não unicamente a organização individual, mas também as

relações entre esta e as demais.

Segundo Balestrin e Verschoore (2008), a teoria da economia industrial apresenta as redes e

as alianças estratégicas como uma forma superior e eficiente de gestão frente ao modelo

tradicional de grande corporação verticalizada.

Essa forma de organização, de um lado, permite que seus participantes se

beneficiem de economias de escala, através do desenvolvimento, em conjunto, de

atividades ligadas à pesquisa e ao desenvolvimento, à produção e a distribuição.

De outro, asseguras, além do acesso a fontes de conhecimento localizadas fora das

suas fronteiras, o compartilhamento de riscos atrelados a investimentos que

superam a capacidade de uma única empresa. (MAZZALI e COSTA, 1997, p.

125).

Segundo Britto (2002, p. 348), no emprego do conceito genérico de rede pela teoria da

economia, podem se diferenciar duas distintas abordagens. “A primeira dela ressalta o caráter

instrumental do conceito de rede para a compreensão da dinâmica de comportamento dos

diferentes mercados”.

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52

Segundo o autor, nesta abordagem é privilegiado um recorte nitidamente microeconômico,

procurando entender como determinadas relações em rede afetam as decisões tomadas pelos

agentes econômicos (produtores e consumidores) em mercados particulares.

De acordo com Britto (2002, p. 348 e 349), nesta perspectiva a ênfase das análises empíricas

recai sobre as externalidades em rede:

1- Externalidades técnicas relacionadas à situação nas quais a interdependência

entre os agentes do ponto de vista técnico resulta em modificações nas

características das respectivas funções de produção.

2- Externalidades pecuniárias que se traduzem em uma mudança nos preços

relativos dos fatores e em modificações das estruturas de custos das empresas.

3- Externalidades tecnológicas associadas a efeitos do tipo spill-over que

resultam em mudança no ritmo de adoção e difusão e inovações em

determinados mercado.

4- Externalidades de demanda presentes em situações nas quais a demanda de

bens oferecidos por cada unidade é afetada por modificações na demanda de

outras unidades ou nas quais a demanda de um consumidor individual é

influenciada pela demanda agregada do mesmo bem.

Segundo o autor as análises destas externalidades buscam debater o fenômeno relativo ao

aparecimento de rendimentos crescentes no interior de determinados mercados, que

apresentem algumas das características descritas anteriormente.

Segundo Mazzali e Costa (1997), os estudos que utilizam esta perspectiva procuram

compreender e caracterizar como tais externalidades podem impactar na interdependência

entre os agentes econômicos inseridos nesta rede.

A segunda abordagem segundo Britto (2002, p. 350), “[...] discute o conceito de rede menos a

partir dos possíveis efeitos gerados sobre o comportamento de consumidores e produtores, e

mais do ponto de vista da constituição de um tipo particular de instituição, com a capacidade

de coordenar a realização de atividade econômica”.

Para o autor nesta perspectiva o foco destina-se aos elementos estruturais das redes de

empresas e o mecanismo de operação particular, responsáveis pela geração de estímulos

endógenos indutores de processos adaptativos face à evolução do ambiente (BRITTO, 2002).

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53

Segundo Britto (2002, p. 350):

Comparando-se este enfoque com a perspectiva anteriormente mencionada, que

privilegia a discussão dos efeitos de externalidades em rede sobre os mecanismos

de ajustamento dos diferentes mercados, duas diferentes básicas podem ser

destacadas. Por um lado, a ênfase da análise recai nos processos de estruturação e

transformação destas redes a partir de estímulos internos e externos, e não apenas

no impacto que a formação destas estruturas acarreta sobre a dinâmica alocativa

dos diferentes mercados. Por outro lado, considerando estas redes como objeto

específico de investigação, os processos alocativos que ocorrem em seu interior

passam a ser concebidos com uma faceta particular dos mecanismos de operação

destas estruturas, tornando-se necessária a discussão de outras dimensões

associadas a estes mecanismos.

4.3.3.1. Elementos estruturais das redes de empresas

Para Estrada (2006, p. 40), “os elementos estruturais básicos das redes empresariais são

utilizados na compreensão, possibilitando a análise de vários fenômenos a ele

correlacionados, sendo quatro elementos básicos: Nós, posições, ligações e fluxos”. Segundo

Britto (2002, p. 351) “no caso especifico das redes de empresas este elementos básicos

assumem características particulares”.

Conforme Britto (2002, p. 351 e 352), o Quadro 3, “procura sintetizar estas características,

associando a cada um dos elementos morfológicos genéricos constituintes das estruturas em

rede a expressão dos mesmos no âmbito específico das redes de empresas”.

Quadro 3: Elementos estruturais das redes de empresas

Elementos Morfológicos

Gerais das Redes

Elementos Constitutivos das

Redes de Empresas

Nós Empresa ou atividade

Posições Estrutura de divisão de trabalho

Ligações Relacionamento entre empresas (aspectos qualitativos)

Fluxos Fluxos de Bens (tangíveis) e de informações (intangíveis)

Fonte: Adaptado de Britto (2002 p. 352).

Segundo Nicoluci et al. (2006, p. 40), ao se analisar uma rede “deve-se identificar as

empresas inseridas como unidade de investigação, tomando-se esta concepção de rede como

uma forma de estratégia dos agentes que leva a sistemáticos relacionamentos entre eles”.

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54

De acordo com Britto (2002, p. 352), partindo da caracterização dos nós que representam as

firmas que constituem a rede de empresas “duas perspectivas distintas de análise podem ser

ressaltadas. A primeira identifica as empresas inseridas nestes arranjos como unidade básica a

serem investigadas. [...] outro tipo de enfoque que caracteriza determinadas atividades como

pontos focais daqueles arranjos”, ou seja, a unidade de análise passa ser a atividade

desenvolvida e não a organização.

Segundo Pousa et al. (2006, p. 6), “as posições são definidas como os diferentes pontos de

localização no interior da estrutura, e estão associadas a uma determinada divisão de trabalho

que conecta os diferentes agentes visando atingir determinados objetivos”.

Para Britto (2002, p. 354):

Estas posições estão associadas a uma determinada divisão de trabalho que conecta

os diferentes agentes visando atingir determinados objetivos. A consolidação desta

divisão de trabalho é uma consequência natural da diversidade de atividades

necessárias à produção de determinado bem, envolvendo a integração de

capacidades operacionais e competências organizacionais dos agentes, bem como

a compatibilização-integração das tecnologias incorporadas nos diferentes estágios

das cadeias produtivas.

Para Pousa et al. (2006), o terceiro elemento morfológico determina a densidade das relações

existente dentro da rede. Segundo Britto (2002), a partir da analise deste elemento é possível

constatar até que ponto uma determinada estrutura de uma rede é dispersa, sendo os números

de ligações bastante restritos, ou saturada tendo muitos pontos ligados entre si.

De acordo com Pousa et al. (2006, p. 6),

O quarto elemento morfológico deve identificar a natureza específica dos fluxos

que circulam pelos canais de ligação entre os nós. É possível identificar diferentes

fluxos internos que estão presentes nas redes de empresas: fluxos tangíveis, que

são as operações de compra e venda realizadas entre os agentes integrados a rede;

e os fluxos intangíveis, que são os fluxos informacionais que conectam os diversos

agentes integrados às redes.

Segundo Nicoluci et al. (2006, p. 40), “estes elementos estruturais, característicos presentes

nas redes de empresas, são largamente utilizados como foco de pesquisa de evolução e

desenvolvimento empresarial ao nível de rede”.

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55

Segundo Britto (2002), é importante desenvolver uma pesquisa que parta das descrições

destes elementos básicos apresentados anteriormente, mas o autor ressalta que é mais

importante criar um caminho analítico em sentido inverso, constatando como a necessidade de

coordenar e agilizar os fluxos intra-rede afeta as ligações e o posicionamento dos pontos

focais da estrutura.

4.3.3.2. Dimensões relevantes de operação e propriedades internas das redes de empresas

Para Nicoluci et al. (2006, p. 44), analisar os “[...] elementos estruturais, como eles se

combinam, como se dá a coordenação no interior da rede, até que ponto os estímulos de

fluxos e refluxos do setor se processa de forma espontânea e até que ponto não existe uma

coordenação em bases formais contratuais”, é de suma importância para a compreensão da

rede que se está estudando.

Para Britto (2002), esta combinação resulta em três impactos distintos ligados à consolidação

destes arranjos dentro do ambiente intra-rede; (1) a esfera técnico-produtiva no aumento da

eficiência operacional; (2) na coordenação das decisões produtivas e tecnológicas reduzindo a

incertezas ambientais, devido o aumento da cooperação interorganizacional e; (3) na

cooperação tecnológica proporcionando uma maior possibilidade de aprendizado e por vez

um aumento na capacidade inovativa das organizações, conforme demonstrado na Figura 4.

Segundo Estrada (2006, p. 42), tais impactos podem ser associadas às dimensões:

[...] da cooperação técnico-produtiva está associa à divisão do trabalho e ao padrão

da especialização das funções produtivas;

[...] da cooperação interorganizacional pode ser compreendida basicamente

relacionada ao tamanho dos seus agentes participantes e o grau de centralização

das suas relações internas [...]

[...] da cooperação tecnológica, está vinculada à capacidade de inovação dos seus

membros, à sua criação e à troca de informações e conhecimento em prol de um

processo de aprendizagem coletiva.

A dimensão técnico – produtiva das organizações em rede está associada à:

[...] sistemática de divisão do trabalho e ao padrão de especialização de funções

produtivas entre os diversos agentes inseridos na rede, a partir das quais

conformam-se sistemas técnico-produtivos com características específicas, que

proporcionam ganhos de eficiência para os participantes da rede. A consolidação

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56

de sistemas técnico-produtivos estruturados na forma de redes implica a

necessidade de aperfeiçoamento da logística de coordenação dos fluxos produtivos

no interior destes arranjos. Quanto mais complexa for esta logística, maior será a

necessidade de uma coordenação coletiva eficaz das ações dos agentes, tanto do

ponto de vista quantitativo como qualitativo. (BRITTO, 2002, p. 358)

Segundo Balestrin, Verschoore e Junior (2010), os ganhos de eficiência para os participantes

da rede perpassam na dimensão técnica – produtiva pelas economias de escala, de escopo e de

especialização.

Figura 4: Dimensões relevantes de operação e propriedades das estruturas em rede

Fonte: Desenvolvido e adaptado pelo autor da pesquisa a partir de Britto (2002, p. 359).

Para Szwarcfiter e Dalcol (1997), as economias de escala podem ser divididas em duas

categorias básicas, sendo elas: economias externas e economias internas conforme Quadro 4.

Segundo os autores as economias internas estão relacionadas à firma individualmente,

independentemente da ação de outras organizações, que podem ser alçadas com o aumento na

escala de produção sem o aumento do custo total médio no longo prazo. As economias

externas são desfrutadas pelas firmas coletivamente e ocorrem quando a produção de uma

indústria ou de uma rede de empresas aumenta em proporção maior do que o custo total no

longo prazo.

As economias de escopo decorrem da flexibilidade produtiva da organização, visto que

"economias de escopo estão presentes quando a produção conjunta de uma única firma é

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57

maior do que a produção que poderia ser obtida por duas firmas diferentes cada uma

produzindo um único produto" (PINDYCK e RUBINFELD, 1992, p. 222).

As economias de especialização podem ser definidas como aquelas que são proporcionadas

pelas inúmeras execuções e repetições de determinadas atividades, no âmbito das redes

segundo Britto (2002), esta economia pode ser alcançada por meio da divisão do trabalho

entre os agentes integrantes destas redes.

Quadro 4: Tipos de economias de escala e fatores determinantes

Tipo de economia de escala Fatores determinantes

Economias externas Economias de concentração

Economias de informação

Economias de desintegração

Economias internas Indivisibilidades

Especialização

Economias de grandes dimensões

Economias de recursos em grandes quantidades

Economias financeiras

Economias de processos interligados

Economias de menor exposição aos riscos

Fonte: Adaptado de Szwarcfiter e Dalcol (1997) p. 120.

Conforme Britto (2002, p. 360), os ganhos associados às práticas produtivas adotadas ao nível

de rede, podem ser divididas em dois grupos: “o aumento da eficiência operacional e o

incremento da flexibilidade produtiva”. Segundo Nicoluci et al. (2006, p. 45) estes ganhos

são caracterizado como:

[...] ampliação da eficiência operacional com forte desenvolvimento de

flexibilidade produtiva e busca constantes de melhoramentos tecnológicos, fruto

do aprendizado da maturidade da atuação da rede com constante aperfeiçoamento

competitivo.

[...] ganhos de eficiência operacional por meio de avanços econômicos de escala e

escopo. Junto a esse quesito está a ampliação da qualidade e produtividade, colada

a novos saltos de melhoria de inovação e tecnologia entre os agentes que

permeiam o interior da rede, pela compatibilização dos níveis de eficiência. Logo,

estes ganhos promovem a especialização flexível ao longo de toda a rede exigindo

maior aprimoramento competitivo de seus mercados.

A dimensão da Coordenação de cooperação interorganizacional “... diz respeito à estrutura de

poder e à conformação hierárquico-funcional da rede, ressaltando os mecanismos internos de

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resolução de conflitos e a especificidade da concorrência existente entre os membros da rede”

(BRITTO, 2002, p. 361).

De acordo com Britto (2002), os ganhos com a formação de redes de empresas podem

também aumentar a capacidade das firmas envolvidas nestes arranjos de enfrentar as

instabilidades ambientais de forma coordenada e estruturada.

Segundo Britto (2002, p. 361), os ganhos associados às práticas cooperativas, podem ser

divididos em dois grupos, sendo eles: “o fortalecimento da eficácia do processo de

coordenação interorganizacional e a realização de ajustes na estrutura morfológica da rede em

função de estímulos ambientais”.

Segundo o autor os ganhos associados à eficácia do processo de coordenação

interorganizacional são afetados pelo grau de centralização dos fluxos de autoridade internos

à rede. Englobando a existência ou não de firmas ou outras instituições com o papel de

gerenciar ou equalizar as decisões operacionais e estratégias adotadas pelos membros das

redes.

Os ganhos relacionados à capacidade da rede ajustar sua conformação morfológica em função

de estímulos ambientais compreendem a capacidade de seus agentes se reposicionarem dentro

da rede, assumindo novas posições e exercendo novos papeis de acordo com as necessidades

(BRITTO, 2002).

A dimensão da cooperação tecnológica em rede de empresas “... refere-se à criação e

circulação de conhecimento e informações, envolvendo a consolidação de um processo de

aprendizado coletivo que amplia o potencial inovativo da rede” (BRITTO, 2002, p. 363).

Para Britto (2002, p. 364), as propriedades genéricas do processo de cooperação tecnológica

entre organizações, podem ser divididas em dois grupos, sendo elas: “a capacidade de seus

membros identificarem e processarem informações relevantes e o fortalecimento de

capacitações inovativas, por meio da aglutinação de competências e qualificações

complementares”.

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59

Ressalta-se que a teoria da economia industrial versa sobre como se associa à sistemática de

divisão do trabalho e ao padrão de especialização de funções produtivas entre os diversos

agentes inseridos na rede. Abordando sua estrutura de poder e à conformação hierárquico-

funcional, ressaltando os mecanismos internos de resolução de conflitos e a especificidade da

concorrência existente entre seus membros.

Levantadas as principais perspectivas e abordagens teóricas no campo das alianças

estratégicas, descortina-se no horizonte de pesquisa a próxima questão: como ocorre à

dinâmica das gêneses das alianças estratégicas, tema do próximo capítulo.

4.4. MODELOS DE ESTRUTURAÇÃO DAS ALIANÇAS ESTRATÉGICAS

A formação de alianças estratégicas tem sido uma convergência mundial perante a maior

complexidade dos mercados, das tendências tecnológicas e dos altos custos das atividades de

pesquisas e produção. Assim as “relações com fornecedores que no passado não eram de

muita importância passam a serem essenciais como parcerias e contratos de longo prazo”

(MARQUEZ, 2003, p. 22).

Portanto, compreender a fase de estruturação de uma aliança estratégica torna-se um

importante procedimento, entendendo que “a criação de uma aliança estratégica bem-sucedida

é definida durante seu processo inicial de formação” (LORANGE e ROOS, 1996, p. 38). Pois

é nesta etapa que as principais diretrizes analíticas e políticas que orientarão a gestão desta

aliança serão estabelecidas e definidas.

Relembrando que “os relacionamentos de redes interorganizacionais não têm sido bem

entendidos, principalmente, no que concerne à forma como são construídos, desenvolvidos e

dissolvidos.” (LOPES, 2004, p. 2), pois “o processo de formar alianças não é tarefa fácil para

as empresas, e muitas vezes até demorado e oneroso..., pois em alguns casos requer mudança

em todo sistema organizacional.” (MARQUEZ, 2003, p.71 e 72).

Partido deste ponto de vista, Mendel (2006) buscou desenvolver uma síntese das diferentes

perspectivas para a formação e desenvolvimento de alianças estratégias (Quadro 5);

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60

Quadro 5: Síntese das diferentes perspectivas para o desenvolvimento de alianças

Autores Etapas Descrição de cada etapa

Faulkner (1995)

Formação Consiste na definição de fatores como: motivações e seleção do tipo de

aliança e a seleção dos parceiros relacionados ao acordo colaborativo.

Gerenciamento

São examinados aspectos referentes ao controle da aliança, a resolução

de disputas, as relações de autoridade, a disseminação da informação,

alinhamento de objetivos, atitude dos parceiros.

Evolução Importância relativa das variáveis tais como flexibilidade no ajuste das

interfaces, união dos parceiros e aprendizado contínuo.

Lorange e Roos

(1996)

Combinação Estratégica Preocupa-se em avaliar a combinação dos potenciais estratégicos de

input/output de recursos e posição estratégica entre os futuros sócios.

Aprovação dos acionistas Atividade política que se preocupa em assegurar que os acionistas

apoiem os benefícios advindos da futura aliança.

Plano Estratégico

Busca delinear a viabilidade da concepção da aliança quando colocada

no plano de negócios. Culmina com desenvolvimento de um plano

estratégico para a aliança.

Apoio Interno Procura assegurar que a maioria das pessoas dentro da organização fique

comprometida e entusiasmada com o novo negócio.

Contrato É a formalização do acordo e especificação das responsabilidades dos

parceiros dentro da nova relação.

Bruno e Vasconcelos

(1996)

Definição Estratégica

Consiste na compatibilização dos objetivos da cooperação com a

estratégia empresarial individuais, na clareza e convencimento sobre a

necessidade e importância da cooperação para a estratégia empresarial e

o envolvimento da alta administração.

Escolha do Parceiro

Busca analisar a qualidade das relações (institucionais e pessoais), a

convergência de interesse sobre tema-objeto da cooperação, a qualidade

das competências (técnicas e gerências) de cada parceiro, a

disponibilidade dos recursos para mobilização e a posição consolidada

de mercado.

Negociação / Definição

do Projeto

Nesta etapa é evidenciado o envolvimento da alta administração, a

definição clara dos objetivos da cooperação, a qualidade dos contratos

estabelecidos, a conformidade com mecanismos de regulamentação do

mercado e a definição da forma institucional.

Implementação /

Execução

Evidencia-se a confiança entre os indivíduos, o comprometimento das

equipes técnicas como objetivas da cooperação, a capacidade de

aprendizagem organizacional, o envolvimento da alta administração, a

competência no gerenciamento das alianças e a qualidade da

comunicação e da memória técnica.

Encerramento

Sem uma variável específica a ser considerada, a boa saída - o bom

encerramento - da aliança é construída em continuum ao longo do

processo, desde a sua concepção.

Yoshino e Rangan

(1996)

Repensar o negócio Análise de como o negócio pode ser reorganizado, no que tange ao seu

modo de concorrer e ramo de atividades.

Modelar uma aliança

estratégica

É composta pela análise do novo modelo de negócios baseada em

aspectos a criação de valor, recursos e estratégia para o futuro

Estruturar uma aliança Definição de premissas relacionadas à estruturação da aliança

Avaliar as alianças Avaliar o atendimento das expectativas da aliança e repensar as

estratégias baseadas neste modelo de negócios.

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61

Conclusão...

Autores Etapas Descrição de cada etapa

Harbison e Pekar Jr.

(1999)

Definir estratégias e

objetivos

A empresa deve identificar as razões que as impedem de ter sucesso,

bem como clarear os motivos pelos quais deve suprir as suas fraquezas

com uma Aliança. Identificar elementos propulsores e o papel que uma

aliança pode representar na estratégia da empresa.

Selecionar parceiros Grande obstáculo no processo de construção das alianças que consiste

na seleção, identificação e aproximação de parceiros.

Avaliar fatores

negociáveis e

alavancagem

Os parceiros determinam o que têm a oferecer e o que desejam receber,

com base na avaliação de capacidades. Reconhecer as desvantagens que

podem advir da aliança.

Definir a oportunidade Avaliação e quantificação da dimensão das oportunidades da aliança.

Avaliar o impacto sobre

os acionistas

Avaliação de forma ampla e abrangente dos interesses dos acionistas,

bem como dos stakeholders.

Avaliar o poder de

barganha

Avaliação do poder de barganha da empresa na relação por meio da

definição da contribuição das capacidades e processos essenciais.

Planejar a integração

Envolve fazer o planejamento para que a aliança funcione rapidamente,

designar gerentes, ligar objetivos estratégicos a orçamentos e recursos,

definir procedimentos de dissolução, penalidades e obrigações.

Implementação Significa colocar em prática a parceria dentro das premissas negociadas.

Das e Teng (2002)

Formação

Busca estabelecer um alto nível de apoio coletivo para o

empreendimento, baixo nível de conflito entre os parceiros e alto nível

de interdependência.

Operação

Caracterizada por um alto nível de apoio ao empreendimento, maior

envolvimento coletivo e um baixo nível de conflito entre os parceiros e

grande interdependência; Possibilidade de comportamentos oportunistas

e conflito, e redução da interdependência.

Avaliação Fase em que são avaliadas quatro possibilidades: estabilização,

reformulação, declínio ou término do relacionamento.

Iyer (2002)

Seleção do parceiro Fase inicial em que há o reconhecimento que a parceria é essencial para

a obtenção de vantagem competitiva.

Exploração

Os parceiros começam a interagir na tentativa de preparar uma aliança

de longo prazo, por meio do ajuste de regras. Envolve um período de

investigação e tratativas, no qual o propósito da parceria se estabiliza.

Expansão Estágio onde há o incremento de interdependência mútua e crescimento

dos benefícios acumulados pelos parceiros.

Comprometimento com

o relacionamento

Envolve o compromisso de mútua interdependência e de manutenção do

relacionamento.

Fonte: Adaptado a partir de Mendel (2006) p. 36.

Conforme se observa no Quadro 5, cada autor definiu diferentes etapas para o processo de

formação de alianças estratégias, compreendendo que todas fornecem uma valiosa base para

compreensão deste processo, definiu-se para esta dissertação que será formulado um modelo

próprio que contemplará um mix contendo algumas fases desses modelos, conforme Figura 5.

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Optou-se pelo desenvolvimento deste modelo por compreender que este atenderá mais

amplamente os objetivos propostos nesta pesquisa que é de compreender o processo de

formação e gestão das alianças estratégias na indústria da construção civil no subsetor de

edificações de BH – MG.

Figura 5: Roteiro para formular alianças estratégicas na construção civil

Fonte: Desenvolvido pelo autor da pesquisa

4.4.1. Definições estratégicas

Segundo Lewis (1992, p. 224), a busca e reconhecimento de oportunidades são diferentes da

pesquisa de mercado tradicional, “ela começa com uma descrição das forças da empresa e dos

seus objetivos. A finalidade é aprender a respeito dos produtos, recursos mercadológicos,

tecnologias e competências, operacionais e organizacionais, dos outros, que possam melhorar

o desempenho da sua empresa”.

Para Yoshino e Rangan (1996), ao repensar o negócio os gestores devem reavaliar suas

estratégicas organizacionais buscando uma nova perspectiva de como reorganizar o negócio.

Aproveitando-se de possíveis ameaças transformando-se em oportunidade para melhorar a

maneira de como conduzem seus negócios, das prioridades de investimentos, das

competências vitais e da reconfiguração de sua rede de distribuição entre outros.

De acordo com Ferreira e Barcelos (2006), os principais objetivos das alianças estratégicas

são a agregação de valor ao produto, melhoria de acesso ao mercado, fortalecimento de

operações, melhoria da capacidade tecnológica e aumento da rentabilidade. Os autores ainda

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63

apresentam também algumas das vantagens e desvantagens das alianças estratégicas,

conforme Quadro 6:

Quadro 6: Vantagens e desvantagens das alianças estratégicas

VANTAGENS DESVANTAGENS

Compartilhamento de recursos, capacidade e competências Alocação de recursos específicos

Agregação de valor ao produto Necessidade de investimento

Melhoria de acesso ao mercado Redução de flexibilidade

Conhecimento da demanda Necessidade de exclusividade

Fortalecimento das operações da cadeia Rigidez nas estruturas organizacionais

Gestão e controle das atividades da cadeia Redução de controle gerencial

Melhoria da capacidade tecnológica Impossibilidades de barganha

Desenvolvimento de habilidades organizacionais

Incremento de rentabilidade

Fonte: Adaptado de Ferreira e Barcelos (2006, p. 122).

Casseres (1999), apresenta três objetivos para as alianças estratégicas

Fornecimento – aproveitar a economia de escala e a especialização, fazendo

com que um dos parceiros forneça aos outros produtos e serviços;

Posicionamento – ajudam as partes a entrar em novos mercados ou expandir os

já existentes;

Aprendizado – serve para desenvolver novas tecnologias por meio de pesquisa

colaborativa ou de transferência de capacidades entre os parceiros.

Lorange e Roos (1996), ressaltam a importância das alianças estratégicas, indicando que elas

permitem que as organizações participantes obtenham um meio de distribuição e de

prevenção contra correntes (novos entrantes ou não). Possibilitando acesso a novas

tecnologias e abre novos horizontes para novos negócios, gera economia de escala e viabiliza

a integração vertical e pode superar as barreias alfandegárias em caso de alianças

internacionais.

Para Marquez (2003, p. 37), “risco, tempo e investimento são os principais fatores que levam

as empresas a cooperarem”. Nas alianças estratégicas os riscos e investimentos podem ser

compartilhados igualitariamente os parceiros.

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Segundo Lewis (1992, p. 1), em alianças estratégicas as organizações,

Podem expandir grandemente a capacidade de uma empresa para criar produtos,

reduzir custos, incorporar novas tecnologias, antecipar-se aos concorrentes, atingir

a escala necessária à sua sobrevivência nos mercados mundiais e gerar mais

recursos para investir em suas competências básicas.

Para Doz e Hamel (2000, p. 2), as alianças estratégicas “... bem selecionadas tornam possível

evitar esforços lentos e dispendiosos para a formação das capacidades e o acesso a novas

oportunidades”.

De acordo com Harbison e Pekar Jr. (1999, p. 40), “por meio de uma aliança estratégica, as

empresas podem selecionar, desenvolver e empregar capacidades essenciais que permitirão a

cada uma obter vantagem competitiva, aumentar o valor ao cliente e direcionar mercados”.

Segundo Marquez (2003, p. 72), “o acesso à tecnologia do parceiro não apenas poupa tempo e

recursos, mas também pode ajudar as empresas a ficar em pé de igualdade com líderes em

tecnologia.”.

Para Lopes (2004, p. 15), “a aquisição de conhecimento representa outro motivo para a

formação de alianças”, segundo Marquez (2003), as alianças estratégicas podem ser

empregadas como um atalho para a competitividade e para o acesso a novos mercados,

também.

De acordo com Yoshino e Rangan (1996), após concluírem que a aliança é desejável os

gestores passam para a fase de estabelecer um papel para a aliança dentro do planejamento

estratégico da organização, esta definição irá determinar a escolha dos tipos de aliança que

será constituída.

Segundo Harbison e Pekar Jr. (1999), as alianças estratégicas possuem diferentes objetivos,

que representam o papel que tal aliança irá desenvolver dentro das organizações, sendo eles:

compartilhamento de riscos, economias de escalas, acesso a segmentos de mercados, acesso à

tecnologia, resolver limitações financeira, possibilitar a alavancagem de habilidades e

proporcionar barreiras às concorrências, conforme Quadro 7.

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Quadro 7: Objetivos das alianças estratégicas

Papel Descrição

Compartilhar riscos

Quando os dirigentes não podem mais assumir riscos que

impliquem apostar toda a empresa em oportunidades de

investimento.

Economias de Escala Quando uma empresa tem altos custos fixos e precisa de uma

escala maior para poder competir globalmente.

Acesso a segmento de mercado

Quando faltam conhecimentos básicos sobre o tipo de cliente e a

aplicação do produto, assim como relacionamento e

infraestrutura para distribuí-lo aos clientes.

Acesso à tecnologia

Quando uma empresa enfrenta sérias defasagens tecnológicas e

não dispõe do tempo e recursos para desenvolver a tecnologia

isoladamente.

Acesso geográfico

Quando uma empresa está frustrada com a dificuldade de

penetrar em um mercado estrangeiro em que a oportunidade é

atraente e para o qual tem um produto viável.

Resolver limitações financeiras Quando uma empresa tem custos de desenvolvimento cada vez

maiores.

Alavancagem de habilidades

Quando uma empresa precisa ter acesso a habilidades ou

capacidades muito mais rápidas e a custo menor que é possível

com o desenvolvimento interno.

Barreiras à concorrência oriundas do valor

agregado

Quando uma empresa quer aumentar a capacidade e elevar

o nível de competitividade de seu setor

Fonte: Desenvolvido a partir de Harbison e Pekar JR. (1999) p. 47 a 51.

Para Winckler e Molinari (2011, p. 3 e 4):

Os objetivos para o ingresso em uma aliança são variados entre os parceiros. Pode-

se estar buscando acesso ao mercado ou ocupar a capacidade ociosa de produção,

por exemplo. Assim, conforme o objetivo da aliança e as suas configurações, a

estratégia interorganizacional pode ser competitiva, colaborativa, cooperativa ou

coopetitiva.

Para Lorange e Roos (1996, p. 47), em aliança as organizações participantes podem criar

vantagens competitivas da seguinte forma:

Combinar esforços em relação aos fornecedores para criar maior poder de

barganha nessa área em termos de poder de compra e/ou desenvolver

contratos favoráveis a longo prazo.

Combinar esforços vis-à-vis aos consumidores, oferecer um conjunto mais

amplo de produtos e manter uma força de vendas mais forte para ficar em

melhor posição de satisfazer às necessidades dos consumidores.

Combinar esforços para desenvolver e explorar nova tecnologia por esforços

conjuntos e/ou combinado tecnologias complementares. Isso pode levar a um

possível “salto”, sobre os concorrentes.

Combinar esforços para atingir um tamanho que evite novos entrantes. Isto é,

criar barreiras à entrada mais eficazes e/ou combinar esforços para diminuir o

número de participantes independentes do negócio específico e manter

capacidade de produção excessiva, isto é, reduzir as barreiras à saída.

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66

Segundo Lorange e Roos (1996, p. 43 e 44), em alianças as organizações podem alcançar a

vantagem competitiva ao “... combinar seus esforços ao longo do fluxo da cadeia de valor, por

exemplo, através do trabalho conjunto de pesquisa e desenvolvimento e/ou produção

coordenada”.

Nesta combinação “o principal propósito deste tipo de cooperação é a obtenção de vantagem

de ganho em escala, por exemplo, atingindo-se uma maior capacidade conjunta. O custo

baseado em volume e os ganhos de capital podem ser obtidos através de investimentos

compartilhados.” (LORANGE E ROOS, 1996, p. 44).

Outro tipo de combinação pode ocorrer “... coordenando-se os sistemas de distribuição,

desenvolvendo-se atividades conjuntas de vendas e/ou combinando-se as linhas de produtos

de ambas as empresas. Em outras palavras desenvolver vantagens de escopo no mercado”

(LORANGE E ROOS, 1996, p. 45).

Demonstradas as principais definições estratégicas que acercam o tema alianças estratégicas,

aborda-se a seguir o processo de escolha e seleção dos parceiros.

4.4.2. O processo de seleção e escolha dos parceiros

Segundo Noleto (2004), as organizações que vislumbram crescer tanto em frentes de atuação

nacionais quanto em frentes globais (em recursos, tamanho, geograficamente ou no aumento

de serviços oferecidos), possuem um importante desafio de como selecionar e escolher os

parceiros que iram compor as alianças estratégicas.

Marquez (2003), alerta que o processo de seleção do parceiro é um processo fundamental para

sucesso das alianças estratégicas. De acordo com Doz e Hamel (2000, p. 89), “todo parceiro

de alianças realiza compromissos de interesses próprios na busca de seus próprios objetivos”.

Assim, infere-se que a análise dos interesses particulares que cada associado tem na parceria é

um ponto fundamental para discernir os diferentes e por vezes contraditórios interesses que

passam a co-existir em um empreendimento.

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67

Lorange e Roos (1996), propõem que para a seleção e escolha dos parceiros, as organizações

devem analisar quais são os negócios que cada parte traz para as alianças em termos de força

relativa a concorrências.

Ross & Bronn (1992) (apud Marquez, 2003), ressaltam também a importância da definição e

escolha do parceiro para o sucesso das alianças estratégicas. Os autores recomendam que o

processo de seleção e escolha de um parceiro deve levar em consideração duas categorias: os

relacionados às tarefas e os relacionados aos parceiros.

Segundo Marquez (2003, p. 45 e 46), os critérios,

[...] relacionados às tarefas: as tarefas dizem respeito às habilidades operacionais e

à entrada e saída de recursos de que a aliança necessita para obter sucesso

competitivo. Essas variáveis estão intimamente relacionadas com a viabilidade e

com o propósito da aliança. Como exemplo delas, pode-se citar as patentes, o

Know - how técnico, os recursos financeiros, a experiência gerencial e também o

acesso que o parceiro possui a sistemas de distribuição e novos mercados.

[...] relacionados aos parceiros: neste segundo tipo, os critérios de seleção são

relacionados à estratégia escolhida, ou seja, se a estratégia envolve a presença de

múltiplos parceiros. Nesta estratégia temos os mesmos critérios da primeira

categoria com diferenças como: parceiros nacionais, cultural organizacional

semelhante, uma associação passada que obteve êxito, compatibilidade e confiança

mútua.

Segundo Lopes (2004), a confiança entre as organizações refere-se à crença de que um

parceiro não explorará as vulnerabilidades do outro.

Para Doz e Hamel (2000), o critério de avaliação deve estar relacionado ao potencial de

criação de valor de cada parceiro, além da compatibilidade estratégica entre os interesses das

organizações e a análise das diferenças organizacionais e culturais entre eles.

Segundo Yoshino e Rangan (1996), as organizações que buscam desenvolver alianças

estratégicas têm que levar em consideração na escolha de seus parceiros a compatibilidade das

culturas organizacionais, visto que a gestão das relações é mais fácil quando as empresas

compartilham horizontes de tempo, processos decisórios similares. Lopes (2004, p. 2)

colabora informando que “o contexto social é uma importante fonte de informação sobre

parceiros potenciais e sobre parceiros correntes”.

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De acordo com Lynch (1994, p. 180 e 181), “durante as negociações, é vital compreender o

sistema de valores de seu parceiro. Os valores formam a base da confiança. Empresas que não

prezam o valor de sua reputação geralmente não se constituem em bons parceiros”.

Segundo Lopes (2004, p. 16), “as redes sociais e os fluxos de informações, decorrentes de

relações prévias entre empresas, são fundamentais para a escolha de parceiros... essas redes

sociais, estabelecidas entre empresas que mantêm relações próximas, são importantes fontes

de informação sobre a reputação de outras empresas.” Harbison e Pekar Jr. (1999, p. 124),

alertam que “estimar corretamente o compromisso é de extrema importância quando os

parceiros potenciais são concorrentes, por que as alianças podem vir a competir

especificamente com as operações de um dos parceiros”.

Segundo os autores supracitados é de suma importância compreender os principais objetivos

das alianças a partir da perspectiva de cada um dos parceiros envolvidos, pois compreender as

necessidades de cada parceiro ajudar a concretizar um relacionamento de confiança e a iniciar

a negociação em base sólida. Os autores complementam que conhecer as reações de cada

parceiro e ser capaz de ver as coisas do ponto de vista do parceiro pode ajudar a manter as

linhas de comunicação abertas quando surgirem dificuldades.

Segundo Lopes (2004, p. 15), “a teoria da dependência de recursos tem como argumento que

a escolha de um parceiro é condicionada pela existência de interdependências estratégicas de

uma organização com outras organizações de seu ambiente”. Ainda segundo o autor “as

empresas buscam parceiros que possam reduzir tal interdependência, ou seja, organizações

que possuam recursos complementares às suas atividades” (LOPES, 2004, p. 16).

Para Kanter (1994), a escolha do parceiro está pautada por três pilares fundamentais: 1– Auto

– análise: a capacidade e experiência dos executivos em avaliar as potencialidades do

parceiro; 2– Química: a afinidade emocional entre os executivos e profissionais envolvidos na

parceria; 3– Compatibilidade: avaliação da compatibilidade ética, filosófica e cultural entre as

organizações participantes.

Ressalta-se também que a luz da teoria da economia da industrial a escolha do parceiro pode

ser relacionada com a complementaridade de recursos, que geraram as economias de escala,

escopo e especialização para os parceiros envolvidos nas alianças estratégicas.

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69

Após a escolha e definição dos parceiros que comporão a aliança estratégica se fazem

“necessários definir um contrato, ou tipo de acordo coerente com a necessidade e desejos dos

parceiros” (MARQUEZ, 2003, p. 51), assim este o objeto do capitulo a seguir.

4.4.3. Estruturação e design das alianças estratégicas

Segundo Eiriz (2001), a literatura é consensual em reconhecer que uma aliança estratégica

ocorre quando duas ou mais organizações decidem conjugar esforço para perseguirem um

objetivo estratégico comum, segundo o autor “são imensos os tipos de alianças estratégicas

apresentadas na literatura” (EIRIZ, 2001, p. 68).

Lorange e Roos (1996), alerta que não existe o melhor modelo ou tipo específico de aliança

estratégica, o importante é escolher a forma mais apropriada para cada organização, sempre

de acordo com suas condições e interesses.

De acordo com Klotzle (2002), as alianças estratégicas podem assumir 4 (quatro)

configurações distintas sendo elas: Contratos unilaterais, participação acionária minoritária,

Joint venture e contratos bilatérias, conforme Figura 6:

Figura 6: Tipos de alianças estratégicas

Fonte: Klotzle (2002) p. 90.

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70

Barney e Hesterly (1996), argumentam que existem dois tipos de alianças estratégicas: as

alianças contratuais e as joint ventures2. As alianças contratuais referem-se a qualquer forma

de vinculo cooperativo entre duas ou mais organizações, tendo o propósito de desenvolver,

projetar, manufaturar, comercializar ou distribuir produtos. Por sua vez, as joint ventures –

embora guardem similaridades com a definição anterior, caracteriza-se pela criação de uma

nova empresa separada e desvinculada dos parceiros, mas que deve agregar valor para cada

um de seus integrantes.

Eiriz (2001, p. 68), decidiu “criar uma tipologia que, sem descurar os aspectos teóricos,

privilegiasse características práticas e tangíveis para as empresa” como resultante deste estudo

o autor desenvolveu uma proposta de tipologia contemplando quatro domínios: as de domínio

comercial, as de domínio financeiro e as de domínio técnico/produção, sendo que cada um

desses domínios corresponde a diferentes tipos de alianças estratégicas.

Segundo Eiriz (2001), no domínio comercial (Quadro 8), enquadram-se as alianças

desenvolvidas predominantemente para integrar uma ou mais atividades ligadas aos setores

de: compras, marketing e vendas, distribuição de produtos acabados e serviços pós-vendas.

Quadro 8: Tipos de alianças estratégicas do domínio comercial

Tipo Descrição

Grupo de exportadores

Conjunto de empresas do mesmo setor que cooperam entre si para

desenvolvimento dos mercados externos. A cooperação dá-se em diferentes

atividades: realização de estudos nos mercados externos, participação conjunta

em feiras, publicidade, entre outras. Além das economias de escala

desenvolvidas, uma das suas principais vantagens é a possibilidade do grupo

poder oferecer uma gama de produtos mais larga.

Acordo de distribuição

Estabelece-se geralmente entre uma empresa produtora de bens finais e outra

empresa que possui domínio ou presença nas redes de distribuição do produto ao

consumidor final. Neste caso, o distribuidor acede ao produto do produtor e este

acede a um ou vários canais de distribuição.

Acordo de representação

Verificam-se quando uma empresa se torna a representante dos produtos e

marcas da outra empresa para determinado mercado. O acordo de representação

distingue-se da franquia porque envolve um menor nível de integração entre os

aliados. Ou seja, ao contrário da franquia, o acordo de representação nem

sempre obriga à exclusividade da marca e, por outro lado, pode incluir ou não a

distribuição do produto.

2 Joint Venture: “Uma aliança estratégica entre duas ou mais organizações que concordam em estabelecer e

compartilhar a participação conjunta em um novo negócio” (JONES, 2010, p. 60)

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71

Conclusão...

Tipo Descrição

Central de compras

A aliança estratégica estabelece-se por forma a facilitar o acesso das empresas

participantes aos seus inputs fundamentais. Por norma, as empresas são do

mesmo setor e possuem as mesmas necessidades de matérias primas ou outras.

Através da cooperação na compra, elas podem desenvolver economias de escala

e adquirir maior poder negociação junto dos fornecedores com repercussões não

só em termos de preços, mas também qualidade, condições de pagamento e

condições de entrega.

Franquia

Ocorre quando uma empresa (franqueador) concede a outra (franqueada) o

direito de explorar uma marca, produto ou técnica de sua propriedade num

determinado mercado mediante determinadas condições contratuais. Estas

condições envolvem contrapartidas financeiras e o cumprimento de

procedimentos de gestão e políticas de marketing.

Assistência comercial

Ocorre quando uma empresa estabelece um acordo no sentido de poder

externalizar a definição e, sobretudo, a implementação das suas políticas de

marketing. Deste modo, a empresa concentra as suas competências noutras

atividades, como, por exemplo, a inovação tecnológica dos processos de

produção e desenvolvimento de novos produtos, deixando ao parceiro a tomada

de algumas decisões comerciais.

Fonte: Eiriz (2001, p. 72).

No domínio financeiro (Quadro 9), Eiriz (2001), explica que estão agrupadas as alianças

estratégicas que tem como principal objetivo a integração de capital, as fusões e aquisições de

organizações, e a formação de joint ventures. Estas atividades estão ligadas em função do

capital envolvido e grau de integração dos parceiros

Quadro 9: Tipos de alianças estratégicas do domínio financeiro

Tipo Descrição

Aquisição de empresa Ocorre quando uma empresa adquire uma posição majoritária no capital de outra

empresa.

Participação minoritária

em empresa

Verificam-se quando uma empresa adquire uma posição inferior a 50% do

capital de outra empresa.

Joint ventures

Verificam-se quando duas ou mais empresas constituem uma nova entidade. As

joint ventures são alianças estratégicas do domínio financeiro porque, tratando-se

da constituição de uma nova entidade, envolvem, entre outros recursos, a

afetação de capital para a sua estrutura acionista. Contudo, o desenvolvimento

deste tipo de aliança é bastante comum para prosseguir objetivos comerciais ou

de produção/técnicos.

Fusão Representa o grau máximo de integração de duas ou mais empresas que decidem

fundir as suas estruturas de capitais numa única entidade.

Fonte: Eiriz (2001, p. 74).

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Para Eiriz (2001), as alianças estratégicas que se enquadram no domínio técnico/produção

(Quadro 10), são aquelas que são formadas com o intuito de integrar fundamentalmente as

atividades de produção, gestão de recursos humanos, investigação e desenvolvimento

tecnológico das organizações.

Quadro 10: Tipos de alianças estratégicas no domínio técnico/produção

Tipo Descrição

Consórcio

Esta modalidade estabelece-se entre duas ou mais empresas que possuem

capacidades e competências susceptíveis de poderem ser complementadas no

desenvolvimento de um projeto técnico de grande envergadura e duração no

tempo (por exemplo, construção de uma auto-estrada ou ponte). O consórcio

pode ou não manter-se para além da realização de um projeto. Muitas vezes, o

sucesso de um projeto motiva os parceiros para novos projetos e aprofundamento

da relação.

Subcontratação

É um tipo de aliança estratégica através do qual uma empresa (contratante)

subcontrata a outra (subcontratada) uma parte do seu processo de produção.

Deste modo, as operações desenvolvidas por cada um dos parceiros são

diferentes.

Formação e/ou assistência

técnica

Ocorrem com maior frequência em setores em que a base tecnológica é

importante. Neste caso, estabelece-se um acordo entre duas ou mais empresas

através do qual poderão ser ultrapassadas determinadas lacunas tecnológicas.

Essas lacunas podem resultar da formação da mão-de-obra que não apresenta as

qualificações e competências desejáveis ou de dificuldades de desempenho no

equipamento de produção ou nos produtos.

Subcontratação

É um tipo de aliança estratégica através do qual uma empresa (contratante)

subcontrata a outra (subcontratada) uma parte do seu processo de produção.

Deste modo, as operações desenvolvidas por cada um dos parceiros são

diferentes.

Acordo de produção

conjunta

Verificam-se quando duas ou mais empresas produzem conjuntamente os

mesmos produtos para satisfazer necessidades de mercado às quais não

conseguiriam responder individualmente por falta de capacidade. Este tipo de

aliança estratégica distingue-se da subcontratação pelo fato das empresas

desenvolverem as mesmas atividades e, por isso, estarem presente na mesma fase

do sistema de negócios. Ou seja, as operações desenvolvidas pelos parceiros são

iguais.

Acordo de investigação e

desenvolvimento

Verifica-se particularmente em setores onde a atividade de investigação e

desenvolvimento de novos produtos e processos assume um peso muito

importante. Essa importância é visível na elevada percentagem de custos totais

que são afetos à atividade de investigação e desenvolvimento. Esses custos são

sobretudo custos fixos e, por isso, as empresas desenvolvem este tipo de alianças

para poderem repartir os custos fixos. Por outro lado, podem desenvolver

competências técnicas mais facilmente e responder ao mercado mais adequada

ou rapidamente com novos produtos.

Licenciamento de patentes

Aliança estratégica através da qual uma empresa (concessionária) concede a

outra (licenciada) os direitos de exploração de uma patente, produto ou processo

de fabrico mediante uma compensação geralmente de caráter financeiro.

Fonte: Eiriz (2001, p. 73).

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Para Lorange e Roos (1996), os tipos de alianças estratégicas podem ser definidos a partir de

duas dimensões estratégicas, aquelas relacionadas à recuperação ou retenção de recursos

empregados, e a alocação de recursos. Segundo os autores dentro dessas duas dimensões

resulta-se em quatro modelos de alianças estratégicas, sendo elas: Acordo provisório,

Consórcio, Joint venture baseada em projetos e Joint venture plena, conforme Figura 7.

Figura 7: Modelos de alianças estratégicas

Fonte: Adaptado de Lorange e Roos (1996, p. 22).

Estes modelos de alianças estratégicas podem ser sintetizadas, segundo Lorange e Roos

(1996, p. 21 e 22), da seguinte forma:

[...] Acordo provisório: ... as empresas sócias disponibilizam um conjunto mínimo

de recursos, frequentemente em base temporária, complementado uma a outra.

[...] Consórcios: ... este modelo de aliança faz sentido se as partes estiverem

dispostas a colocar mais recursos do que anteriormente combinado e se os valores

gerados dentro da aliança são distribuídos entre as sócias, é utilizado, por exemplo,

para pesquisa e desenvolvimento de novos produtos.

[...] Joint venture baseada em projeto: ... nesta situação, as empresas colocam um

mínimo de recursos estratégicos, entrando em acordo para criá-los em conjunto

através de uma organização em comum. Os recursos gerados não são distribuídos

entre as partes, exceto os resultados financeiros;

[...] Joint venture plena: ... as empresas envolvidas colocam recursos em

abundância, permitido que os recursos gerados sejam mantidos na aliança, exceto

os dividendos.... Este tipo de aliança pode ser caracterizado pela criação de uma

entidade organizacional mais ou menos autônoma.

Para Yoshino e Rangan (1996), os tipos de alianças estratégicas perpassam por dois eixos

principais sendo eles: conflito potencial e extensão da interação organizacional. Segundo os

autores dentro destas dimensões resulta-se em quatro modelos de alianças estratégicas, sendo

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elas: Alianças pré-competitivas, competitivas, pró-competitivas e não competitivas, conforme

Figura 8.

Figura 8: Tipologia da aliança

Fonte: Adaptado de Yoshino e Rangan (1996) p. 19.

Estes modelos de alianças estratégicas podem ser sintetizadas, segundo Yoshino e Rangan

(1996, p. 20 e 21), da seguinte forma:

As alianças pré competitivas: reúnem tipicamente empresas de ramos de negócios

diferentes, geralmente não relacionados, para trabalhar em atividades bem-

definidas, como o desenvolvimento de uma nova tecnologia.

As alianças não-competitivas: tendem a ser uniões entre ramos de negócios,

formadas entre empresas não concorrentes.

As alianças competitivas: são semelhantes às não-competitivas em termos de

atividade conjunta (por isso, também no nível de interação organizacional), mas

diferentes porque os parceiros tendem a ser concorrentes diretos no mercado do

produto final.

As alianças pró-competitivas são geralmente relações entre ramos de negócios, em

cadeia vertical de valor, bem como entre fabricantes e seus fornecedores e

distribuidores.

Compreendidas as tipologias das alianças estratégicas, discute-se a seguir o processo de

gestão das alianças estratégicas, segundo Balestrin e Verschoore (2008, p. 163), “as redes

constituem organizações complexas, que exigem um maior aprofundamento sobre sua gestão

a fim de que seus objetivos sejam alçados”.

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4.4.4. O processo de gestão das alianças estratégicas

Conforme Lynch (1994, p. 8), “as alianças utilizam métodos próprios de gerenciamento, os

quais, com muita frequência, são mal conceituados, raramente compartilhados e quase nunca

ensinados; os gerentes costumam aprender por tentativa e erro”.

Para Balestrin e Verschoore (2008, p. 163), “[...] as redes constituídas sem uma gestão

adequada dificilmente atingem os objetivos pretendidos [...] a simples formação de uma rede

não garante que ganhos competitivos serão gerados”.

Segundo Marquez (2003, p. 72 e 73), “independentemente de qual seja a motivação para a

formação da aliança, os parceiros devem ter uma visão clara de seu potencial de combinação

estratégica em termos de como o valor mútuo será criado e mantido”.

Segundo Lynch (1994, p. XXII), “uma aliança bem-sucedida não é uma ocorrência ao acaso,

relacionada à sorte da jogada. Ela dá certo porque segue um projeto, um processo que embasa

desde a concepção até a operação e mantém continuamente o equilíbrio delicado de um

ganhar/ganhar – o duplo ganho – para ambos os patrocinadores”.

Balestrin e Verschoore (2008, p. 169), alertam que:

Enquanto na empresa individual o principal objetivo é o lucro dos proprietários e a

interação é marcada pela imposição hierárquica, nas redes de cooperação ele está

centrado nos ganhos competitivos que proporcionam lucratividade às empresas

associadas, sendo buscados com a interação colaborativa e em rede.

Segundo Mazzali e Costa (1997, p. 123), “na montagem do sistema técnico-produtivo que

integra as capacidades operacionais e as competências técnicas dos agentes econômicos, no

interior da rede, sobressaem determinadas especificidades de formato organizacional,

associadas à natureza da motivação subjacente às articulações e ao tipo de parceiro

envolvido”.

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76

4.4.4.1. Modelos de gestão de alianças estratégicas

As relações de cooperações entre organizações são complexas e muitas vezes conturbadas e

como tais precisam estar fundamentados num modelo de gestão que auxilie na sua

sobrevivência e crescimento.

Segundo Balestrin e Verschoore (2008, p. 164), as redes de empresas possuem características

ímpares em sua gestão, e algumas delas “como a flexibilidade e a rápida adaptação estrutural

às mudanças ambientais, exigem gestores capacitados e instrumentos específicos de gestão”.

Para Lynch (1994), Balestrin e Verschoore (2008), Mazzali e Costa (1997) e Marquez (2003)

não há como definir um modelo universal de gestão que seja aplicável a todas as alianças,

porque esta escolha deve estar alicerçada nos objetivos organizacionais que as empresas

pretendem atingir e no nível de interação e confiança que existe entre elas.

De acordo com Balestrin e Verschoore (2008), quando as alianças são formadas por um

pequeno grupo de empresas, conforme Figura 9 e os motivos que originaram sua formação

são menos complexos e ainda se verificam laços fortes e uma interação densa entre as

organizações envolvidas, o modelo mais aconselhável é o de autogestão.

Figura 9: Gestão a partir da auto-organização

Fonte: Adaptado de Balestrin e Verschoore (2008) p. 164.

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Balestrin e Verschoore (2008) argumentam que de acordo que as relações de cooperação entre

as empresas vão se expandido e os objetivos comuns e a interação entre elas vão se tornando

mais complexas, o modelo de gestão a partir da auto-organização perde sua finalidade. Sendo

então necessário utilizar outros modelos que sejam capazes de atender estas demandas.

Outra opção de modelo de gestão, segundo Balestrin e Verschoore (2008) é o da gestão a

partir de uma empresa líder (Figura 10). Neste modelo uma das organizações envolvidas na

aliança toma para si todas as funções, custos, formação e gestão da aliança, gerindo as

operações complementares das empresas parceiras para que as metas definidas sejam

atingidas. Para os autores neste modelo existem benefícios mútuos para as empresas

associadas.

Figura 10: Gestão a partir de uma empresa líder

Fonte: Adaptado de Balestrin e Verschoore (2008) p. 165.

Balestrin e Verschoore (2008) explicam que no modelo de gestão a partir de uma empresa

líder, as organizações conseguem obter grandes diferenciais em relação ao ganho de

escala/escopo, integração entre as empresas, flexibilidade nos processos, complementaridade

de competências, reduções de custos e riscos junto aos parceiros envolvidos nas alianças.

Mas, os autores alertam que como efeito colateral tais alianças podem concentram-se somente

nas estratégias da empresa líder. Pode então ocasionar dependência dos demais parceiros à

empresa líder, sendo que este tipo de arranjo não gere laços fortes de interação e identidade

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entre o conjunto de empresas, podendo levar facilmente as empresas envolvidas a perderem

os interesses nas metas e objetivos comuns das alianças.

Outra possibilidade de modelo de gestão para as alianças estratégicas seria a gestão a partir de

uma entidade administrativa autônoma, esta entidade é criada com o objetivo único de

gerenciar as alianças estratégicas (Figura 11) das organizações parceiras envolvidas.

Figura 11: Gestão a partir de uma entidade administrativa autônoma

Fonte: Adaptado de Balestrin e Verschoore (2008) p. 167.

Neste modelo as responsabilidades associadas à formação e gestão das alianças ficam a cargo

dos colaboradores admitidos por essa entidade, e os custos de todos os processos são

divididos por todos os parceiros envolvidos que assumem os ônus e dividem os bônus da nova

organização.

Segundo Balestrin e Verschoore (2008) a eficiência deste modelo está na possibilidade do seu

corpo funcional permanente ser dirigido de forma mais profissional, permitindo que as

decisões estratégicas tomadas pelas empresas parceiras sejam adotadas de forma mais ágeis e

eficazes. Porém, os autores alertam que sua formação é mais complexa, já que as visões e os

interesses das empresas parceiras precisam ser alinhados antes mesmo de a aliança vir a gerar

os primeiros resultados.

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79

4.4.4.2. A função do gerente na aliança estratégica

Balestrin e Verschoore (2008) ressaltam que para uma boa gestão das alianças estratégicas as

pessoas envolvidas neste processo devem ter uma elevada capacidade de alinhar os interesses

estratégicos das alianças aos interesses estratégicos das empresas associadas individualmente,

para que não ocorra o conflito de interesse entre as organizações parceiras.

Segundo Yoshino e Rangan (1996) para a formação bem sucedida de uma aliança o gerente

destas parceiras deve desempenhar certas tarefas críticas, dentre elas estão: Fixar o tom

correto para a parceria, monitorar as contribuições dos parceiros envolvidos na aliança,

identificar e disponibilizar as informações referentes às parcerias, reavaliar constantemente a

viabilidade estratégica da aliança e por fim gerenciar o reconhecimento da importância das

contribuições dos diversos grupos internos.

Conforme Balestrin e Verschoore (2008) nas alianças, os gerentes trabalham por meio das

fronteiras organizacionais, administrando os recursos aportados pelos parceiros nas alianças.

Por mediação deles, as alianças derrubam os padrões normais de autoridade e comando

hierárquico, estabelecendo em seu lugar, modelos sustentados por decisões consensuais.

Para Lewis (1992) os gerentes das alianças estratégicas devem possuir certas aptidões técnicas

e comportamentais para que consigam desempenhar com excelência suas funções, são elas:

Habilidade de negociação, flexibilidade, humildade, aceitação de riscos, perícia para reparos,

integridade, sensibilidade, paciência e curiosidade.

4.4.4.3. A função da alta administração na aliança estratégica

Conforme abordado no tópico anterior, o gestor responsável pela condução e operação da

aliança desempenha um papel fundamental no bom andamento da parceria, e por sua vez é de

competência e responsabilidade da alta administração selecionar corretamente uma pessoa

habilitada para desempenhar tal função.

Além desta responsabilidade, para Yoshino e Rangan (1996) a alta administração responde

também pelo patrocínio da parceria/aliança de uma forma geral, fornecendo todos os suportes

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desde recursos financeiros, materiais, administrativos e humanos até apoio e participação

ativa ao gestor da parceira para que ele possa desempenhar da melhor forma suas funções.

4.4.4.4. Planejamento e controle na aliança estratégica

Segundo Yoshino e Rangan (1996, pg. 111) “o processo de formar uma aliança não termina

com a escolha da estrutura, que deve ser vista como um fluido, sujeito a alterações ditadas

pela contínua reavaliação”. Ela se estende até o processo de avaliação e controle da aliança,

onde ocorre a gestão contínua e intervenções oportunas que desempenham um papel

fundamental no sentido de assegurar que a parceria atenda às expectativas das empresas

envolvidas.

Lorange e Roos (1996, pg. 107) alertam que “dado o fato de várias organizações estarem

participando de uma aliança estratégica, o planejamento e o controle estratégico... não são

tarefas fáceis” de serem desempenhadas, uma vez, que necessita conciliar o interesse de

ambas as empresas parceiras.

Lynch (1994) argumenta que na ausência de um modelo de avaliação adequado para avaliar o

desempenho estratégico das alianças, as organizações de modo geral têm tentado utilizar

incorretamente sistemas de medição e controle utilizados em empresas tradicionais.

O autor sugere que um novo modelo de avaliação seja criado e que para ser efetivo ele deve

respeitar alguns requisitos, a exemplo: Conter uma linguagem simples e direta que possa ser

compreendida por todos os envolvidos no processo; Desafiar as pressuposições subjacentes

sobre uma aliança; ligar questões estratégicas e indicadores importantes a retornos financeiros

e outros.

Para Lorange e Roos (1996) o processo de planejamento e controle estratégico perpassa por

quatro aspectos importantes: fixação de objetivos para a aliança estratégica como um todo;

desenvolvimento de programas estratégicos para implementação de objetivos específicos;

delineamento de táticas para orçamentos relevantes e; monitoramento contínuo dos resultados,

desenvolvimento estratégico e prazos mais longos e proteção das competências principais da

empresa.

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Lynch (1994) sugere que as organizações utilizem o modelo de avaliação para alianças

estratégicas, denominado Retorno do Investimento Estratégico (RDIE), que sugere a

avaliação de cinco dimensões: Força de mercado; capacidade organizacional; capacidade

inovadora; vantagem competitiva e; ganhos financeiros.

4.5. ESQUEMA CONCEITUAL

Conforme demonstrado anteriormente esta dissertação propõe uma abordagem que se apoiará

em três perspectivas teóricas: Dependência de Recursos, Estratégias Colaborativas e

Economia Industrial. Por meio destes pressupostos foi construído o esquema conceitual para

analise da formação e gestão das alianças estratégicas, conforme Figura 12.

Figura 12: Esquema conceitual para analise da formação e gestão das alianças estratégicas

Fonte: elaborado pelo autor, com base no referencial teórico.

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Na perspectiva da Teoria da Dependência de Recursos as organizações são grandes sistemas

abertos, constantemente influenciados pelo meio onde elas se encontram, e que, devido a sua

capacidade limitada não conseguem desenvolver ou produzir todos os recursos que

necessitam. Devido a este fato Pfeffer e Salancik (1978; 2003), defendem a ideia de que as

firmas são constrangidas pela sua dependência de algum recurso critico originário do seu

ambiente organizacional, eles classificam tais dependências como interdependências de

Behavior (comportamento) e a interdependência de resultado, esta última se divide em

simbiótica e competitiva, conforme demonstrado anteriormente.

Os autores demonstraram que a interdependência de uma organização pode ser compreendida

a partir das características estruturais do ambiente em que ela está inserida: a) número de

organizações que fazem parte desta indústria e o grau de concentração do poder que elas

possuem; b) munificência refere-se à disponibilidade ou escassez do recurso critico e; c) pelo

número de conexões existente entre as firmas neste ambiente.

De acordo com Pfeffer e Salancik (1978; 2003), o que distingue a Teoria da Dependência de

Recursos da Teoria da Contingência é o espaço aberto para a opção da escolha estratégica, tal

escolha segundo os autores é de responsabilidade da cúpula administrativa das firmas.

È neste ponto que a Teoria da Dependência de Recursos se diferencia, da Teoria da

Contingência. Enquanto está advoga que a organização somente responde a estímulos

ambientais, a Teoria da Dependência de Recursos postula que as organizações além de serem

influenciadas pelo seu meio, podem também influenciar constantemente o meio onde estão

inseridas. Pfeffer e Salancik (1978; 2003), esclarecem que estas influências podem ocorrer

por meio de quatro estratégias diferentes.

Desenvolvendo uma analogia com a perspectiva da Teoria das Estratégias Colaborativas

pode-se dizer que tais estratégias se dividem em estratégias organizacionais e

interorganizacionais. As estratégias organizacionais segundo Winckler e Molinari (2011), são

aquelas em que a organização opta por atuar de forma solitária em seu ambiente de negocio, e

as estratégias interorganizacionais é o oposto desta opção, onde a organização busca de forma

conjunta e cooperativa desenvolver suas atividades.

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Tal enquadramento da Teoria da Dependência de Recursos com a Teoria das Estratégias

Coletivas se encaixa da seguinte forma: As estratégias organizacionais seriam aquelas que

Pfeffer e Salancik (1978; 2003), identificaram como: Adaptar-se a ou alterar as restrições

externas; alterar as relações de interdependência, através de fusões, diversificações ou

crescimento e; Mudar o ambiente em termos de legalidade e legitimidade, por intermédio de

ações políticas. Já as estratégias interorganizacional incluem: Negociar o ambiente, por meio

do estabelecimento de conexões e acordos com diretorias de outras organizações,

estabelecimento de parceiras, Joint Ventures e através da formação de associações

empresarias.

Balestrin e Verschoore (2008), ressaltam que a opção pelas estratégias interorganizacionais é

uma quebra de paradigma sobre a corrente dominante, pois há muito já se aculturou que as

organizações seriam grandes embarcações solitárias que navegam pelo alto mar se

defendendo de todas as armadilhas e empecilhos.

Esta visão como demonstrado por Jones (2010), é altamente prejudicial para as organizações,

pois as imergem em um ambiente altamente competitivo, levando-as algumas vezes a entrar

em uma guerra de preço com seus concorrentes, diminuindo muito suas margens ao ponto de

nem cobrir seus gastos.

Partido do princípio que a escolha estratégia dos dirigentes foi pela estratégia

interorganizacional, as firmas passam então a mergulhar no processo de construção e

formação destas parcerias. Ressalta-se, porém, que caso ocorra algum contratempo no

desenvolvimento deste processo os dirigentes voltam novamente atuar usufruindo da escolha

estratégica iniciando novamente o processo.

Segundo Yoshino e Rangan (1996), nesta construção é essencial inicialmente definir qual o

papel tal aliança exercerá dentro do planejamento estratégico da organização, pois essa

definição irá determinar a escolha do tipo de aliança que será constituída.

O segundo passo segundo Harbison e Pekar Jr. (1999), refere-se à escolha do parceiro, este

processo é fundamentado pelas três teorias utilizadas neste trabalho. Em busca de reduzir suas

interdependências as organizações podem procuraram parceiros que complementem seus

recursos e capacidade, ou em busca de ganhos de escala/escopo podem escolher o parceiro

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84

com maior similaridade as suas atividades e por fim as firmas podem também buscar

parceiros que possuam maiores compatibilidades estratégicas as suas.

A terceira etapa conforme Yoshino e Rangan (1996), destina-se a escolha do tipo de aliança

que será desenvolvida. Segundo Jones (2010), quanto mais formal for a forma de coordenação

escolhida, maior o grau de controle que os envolvidos desejam ter sobre este arranjo ou maior

é o nível de desconfiança entre as partes. Quanto menos formal for a forma de coordenação

menos importância tem o arranjo ou maior é o nível de confiança entre as partes.

No aspecto referente ao processo de gestão das alianças estratégias, a teoria da economia

industrial pode auxiliar na compreensão da análise de como estes complexos arranjos

funcionam e são conduzidos. Como se associa à sistemática de divisão do trabalho e ao

padrão de especialização de funções produtivas entre os diversos agentes inseridos na rede.

De como é a estrutura de poder e à conformação hierárquico-funcional da rede, ressaltando os

mecanismos internos de resolução de conflitos e a especificidade da concorrência existente

entre seus membros.

As diferentes definições e objetivos das alianças estratégicas conforme apresentados servirão

de base para a definição de uma moldura conceitual a partir da qual foram estudadas algumas

alianças no subsetor de edificações do ramo da construção civil em Belo Horizonte. O estudo

supõe uma abordagem metodológica, consoante o exposto no capítulo a seguir.

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85

5. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A presente dissertação, propõe descrever o processo de formação e gestão de alianças

estratégicas horizontais, caracterizando-se como uma pesquisa descritiva, do tipo de

qualitativo. No que se refere à sua abordagem temporal, enquadra-se como um estudo

transversal. Como estratégia de pesquisa, utilizou-se o desenvolvimento de estudos de casos

múltiplos, tendo como unidade de análise as organizações que atuam no ramo da construção

civil do subsetor de edificações de Belo Horizonte – Minas Gerais. Como instrumento de

coleta de dados, recorreu-se a entrevistas em profundidade com o auxílio de roteiros de

entrevista semiestruturados. Tais roteiros foram elaborados de acordo com as categorias de

análise e construídos a partir das bases teóricas que sustentam esta pesquisa. Ressalta-se que,

conforme solicitação das organizações participantes, seus nomes foram resguardados.

Segundo Alvarenga Neto, Barbosa e Cendón (2006, p. 63), “um trabalho de pesquisa inicia-se

com a percepção de certo desconforto por parte do pesquisador. É esse estranhamento fator

gerador da inquietude, angústia e ansiedade frente ao objeto não iluminado ou não

ultrapassado”.

Este estranho fator gerador que retira os pesquisadores mais assíduos da inércia torna-se

posteriormente suas questões de pesquisa. Yin (2010, p. 31), esclarece que “a definição das

questões de pesquisa é provavelmente o passo mais importante a ser dado no processo de

pesquisa [...]”.

Relembra-se, portanto, que a questão de pesquisa que inspirou o desenvolvimento deste

projeto é o de “Como e porque ocorre a formação e a gestão de alianças estratégicas

horizontais entre organizações do ramo da construção civil do subsetor de edificações do

município de Belo Horizonte – Minas Gerais?”.

A seguir são descritos os procedimentos metodológicos, etapas e métodos.

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86

5.1. TIPO DE PESQUISA

A presente dissertação caracteriza-se como uma pesquisa descritiva, pois observa, registra,

correlaciona e descreve fatos ou fenômenos de uma determinada realidade, sem manipulá-los.

Segundo Gil (1996, p. 45), a pesquisa descritiva “tem como objetivo primordial a descrição

das características de determinada população ou fenômeno”. Gressler (2004, p. 54),

complementa que “a pesquisa descritiva é usada para descrever fenômenos existentes,

situações presentes e eventos, identificar problemas e justificar condições, comparar e avaliar

o que os outros estão desenvolvendo em situações e problemas similares, visando aclarar

situações para futuros planos e decisões”.

5.2. TIPO DE ABORDAGEM

Do ponto de vista da forma de abordagem do problema, a linha de pesquisa escolhida foi a

pesquisa qualitativa, segundo Neves (1996, p. 1), a pesquisa qualitativa “compreende um

conjunto de diferentes técnicas interpretativas que visam a descrever e a decodificar os

componentes de um sistema complexo de significado. Tem por objetivo traduzir e expressar o

sentido dos fenômenos do mundo social”.

A adoção de tal paradigma fundamenta-se no fato de que segundo Vergara e Calda (2007, p.

224), para esta corrente de pensamento “as organizações são processos que surgem das ações

intencionais das pessoas, individualmente ou em harmonia com outras. Elas interagem entre si

na tentativa de interpretar e dar sentido ao seu mundo. A realidade social é, então, uma rede

de representação complexa e subjetiva”.

O presente estudo, ao propor a identificação das motivações, forma de acordo e gestão de uma

aliança entre concorrentes, pode ser considerado um fenômeno social complexo, pois se trata

de estudar as razões explícitas e as não explicitadas que envolvem diferentes atores. Os atos

formais de um acordo nem sempre são suficientes para caracterizar todas as expectativas

envolvidas em estratégias de cooperação ou coopetição. O fato concreto é que cada empresa

precisa dar uma resposta aos seus acionistas e diferentes lógicas podem estar presentes em

cada associação.

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87

5.3. ABORDAGEM TEMPORAL DA PESQUISA

Sob a ótica da abordagem temporal da pesquisa científica este estudo se enquadra como sendo

um estudo transversal. Segundo Jung (2003), nos estudos transversais científicos os

pesquisadores coletam os dados dos experimentos em um único momento no tempo obtendo

um recorte momentâneo dos fenômenos investigados. Assim, a perspectiva deste estudo é

retratar as organizações participantes num dado momento do tempo executando assim um

corte transversal.

5.4. O MÉTODO DE INVESTIGAÇÃO

De acordo com Yin (2010, p. 31), “[...] a forma da questão pode proporcionar uma indicação

importante relacionada com o método apropriado de pesquisa a ser usado” para o

desenvolvimento da pesquisa. Segundo Godoy (1995), partindo de uma questão ampla que vai

se esclarecendo no desenvolvimento da pesquisa, o estudo qualitativo pode ser conduzindo

por meio de diferentes caminhos.

Para Yin (2010), três condições determinam a forma de quando utilizar cada método: a) o tipo

de questão de pesquisa proposto; b) a extensão do controle que um investigador tem sobre os

eventos comportamentais reais; c) o grau de enfoque sobre eventos contemporâneos em

oposição aos eventos históricos. Tal esquema é apresentado no Quadro 11.

Quadro 11: Situações relevantes para diferentes métodos de pesquisa

Método 1) Forma de questão de

pesquisa

2) Exige controle dos

eventos comportamentais?

3) Enfoca eventos

contemporâneos?

Experimento Como, por quê? Sim Sim

Levantamento (survey) Quem, o quê, onde, quantos,

quanto? Não Sim

Análise de arquivos Quem, o quê, onde, quantos,

quanto? Não Sim/Não

Pesquisa Histórica Como, por quê? Não Não

Estudo de caso Como, por quê? Não Sim

Fonte: Adaptado de Yin (2010, p. 29.)

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Para concepção deste trabalho utilizou-se como método de investigação o estudo de casos

múltiplos, definido por Yin (2010), como sendo uma pesquisa empírica que analisa

acontecimento contemporâneo em profundidade dentro de um contexto real da vida; quando

os limites entre o fenômeno e a situação não são nitidamente evidentes; onde múltiplas fontes

de recursos são usadas.

Gil (1999, p. 73), complementa que “[...] o estudo de caso é caracterizado pelo estudo

profundo e exaustivo de um ou de poucos objetivos, de maneira a permitir conhecimentos

amplos e detalhados do mesmo, tarefa praticamente impossível mediante os outros tipos de

delineamentos considerados”.

Para Martins (2006, p. 11), o método do estudo de caso:

[..] pode nortear na busca de explicações e interpretações convincentes para

situações que envolvam fenômenos sociais complexos, e a construção de uma

teoria explicativa do caso que possibilite condições para se fazerem inferências

analíticas sobre proposições constatadas no estudo e outros conhecimentos

encontrados.

Nesta mesma linha Yin (2010, p. 24), esclarece que:

O método do estudo de caso permite que os investigadores retenham as

características holísticas e significativas dos eventos da vida real – com os ciclos

individuais da vida, o comportamento dos pequenos, os processos organizacionais

e administrativos, a mudança de vizinhança, o desempenho escolar, as relações

internacionais e a maturação das indústrias.

Para condução da presente pesquisa será adotado o modelo proposto por Yin (2010), (Figura

13), que demonstra os procedimentos necessários que devem ser executados desde as

primeiras definições acerca do planejamento de um projeto de pesquisa até a análise e

interpretação dos resultados decorrentes dos estudos de casos pesquisados.

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89

Figura 13: Desenho da condução de pesquisa

Fonte: Adaptado de Yin (2010, p. 82).

5.4.1. Validade e confiabilidade do projeto de pesquisa

Segundo Yin (2010), os projetos de pesquisa conduzidos pelo método do estudo de caso têm

sido considerados cada vez menos desejáveis como forma de investigação no campo

científico, devido ao seu contexto qualitativo e a subjetividade de seus dados. Com a

finalidade de sanar tais problemas, na condução desde projeto foram adotados alguns

cuidados e procedimentos que visaram o aumento da qualidade do projeto.

Segundo Yin (2010, p. 106), “o protocolo é uma maneira importante de aumentar a

confiabilidade da pesquisa de estudo de caso e se destina a orientar o investigador na

realização da coleta de dados de um caso [...]”.

Ainda segundo Yin (2010, p. 106 e 107), o protocolo de estudo de caso deve conter em seu

escopo as seguintes seções:

uma visão geral do projeto do estudo de caso (objetivos e patrocínios do projeto,

assuntos do estudo de caso e leituras relevantes sobre o tópico sendo

investigado).

procedimentos de campo (apresentação de credenciais, acesso aos “locais” do

estudo de caso, linguagem pertencente à proteção dos participantes, fontes de

dados e advertências de procedimentos).

questões de estudo de caso (questões específicas de estudo de caso que o

investigador deve ter em mente na coleta de dados, estrutura das tabelas para

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90

séries específicas de dados e potenciais fontes de informação para responder à

cada questão).

um guia para o relatório do estudo de caso (esboço, formato para os dados, uso e

apresentação de outra documentação e informações bibliográfica).

Ressalta-se que para o desenvolvimento e condução desta pesquisa foi construindo um

protocolo que respeitou todos os passos indicados pelo autor (Apêndice D).

5.5. DEFINIÇÃO DAS DIMENSÕES E DAS VARIÁVEIS DE ESTUDO

Segundo Alvarenga Neto, Barbosa e Cendón (2006, p. 71), “a intenção ao se estabelecer

categorias é a de agrupar elementos, ideias e expressões em torno de conceitos capazes de

sintetizar a análise meticulosa dos estudos de caso selecionados”. Conforme esclarecem os

autores a palavra categoria refere-se a um conceito que compreende elementos com

características comuns ou que se relacionam entre si e são utilizadas para estabelecer

classificações e agrupamentos.

A partir destas definições e do levantamento e revisão da literatura apresentada a respeito do

tema, foi criado um conjunto de dimensões e suas respectivas categorias de análise e variáveis

de estudo, conforme Quadro 12. Ressalta-se que se optou pela criação de quatro categorias de

análise para que não se perdessem de vista os objetivos propostos, sendo elas:

1. Categoria de análise 1 - Propulsores da formação da aliança:

Fatores motivadores e influenciadores na constituição de alianças estratégicas

horizontais.

2. Categoria de análise 2 - Processo de Seleção dos parceiros:

Fatores motivadores e influenciadores na análise e seleção dos parceiros para a

formação de alianças estratégicas horizontais.

3. Categoria de análise 3 - Estruturação e design das alianças:

Os tipos de alianças estratégicas horizontais constituídas.

4. Categoria de análise 4 - Gestão das alianças estratégicas:

Processo de gestão das alianças estratégicas horizontais.

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91

Quadro 12: Definição das dimensões e das variáveis de estudo

Dimensão Base Teórica Categorias de

Análise Variáveis e definições

Processo de

Formação

Subcapítulos:

4.2.1

4.2.2

4.3.1

Propulsores da

formação da

aliança

Fatores externos: Forças culturais e demográficas; Forças internacionais; Forças

políticas; Forças ambientais; Forças econômicas e; Forças

tecnológicas.

Fatores internos: Economia de escala, escopo e especialização; Compartilhamento de

recursos, capacidade e competências; Agregação de valor ao produto;

Melhoria de acesso ao mercado e tecnologia e; Melhoria da

capacidade de aprendizagem e crescimentos.

Subcapítulos:

4.2.1

4.2.2

4.3.2

Processo de

Seleção dos

parceiros

Fatores que influenciam a escolha do parceiro: Complementaridade de recursos, capacidade e competências;

Compatibilidade Cultura; tamanho; Confiança; Rede social; Posição

de mercado e; Posição financeira.

Subcapítulo:

4.3.3

Estruturação e

design das

alianças

Estruturação e design: Grau de formalização; Condições contratuais; Níveis de interação e

interdependências e; Características gerais e especificas.

Processo de

Gestão

Subcapítulos:

4.2.3

4.3.4

Gestão das

alianças

estratégicas

Processo de gestão: Divisão do trabalho; Instrumentos contratuais e estratégicos; Equipe

especifica para gestão; Mecanismo de comunicação e informação

entre os parceiros; Posição das empresas e gestão de conflitos.

Fonte: Elaborado pelo autor, com base no referencial teórico.

5.6. A TÉCNICA DE COLETA DOS DADOS

Optou-se como técnica de coleta de dados a entrevista em profundidade, pelo fato da mesma

ser uma interatividade social, além de poder ser utilizado em qualquer segmento da sociedade,

proporcionando um contato direto entre o pesquisador e o respondente. Conforme Gressler

(2004), a entrevista é um procedimento que visa extrair informações relevantes a um tema

investigado. Na entrevista, o pesquisador utiliza um roteiro de questões baseadas em seu

referencial teórico, orientadas segundo os objetivos traçados, e utilizadas na interação do

pesquisador com o entrevistado, dentro de uma situação real.

Segundo Martins (2006), um questionário de entrevistas semiestruturado é composto por

perguntas abertas e fechadas, em que o entrevistado tem a possibilidade de discorrer sobre o

tema proposto, sem a necessidade de limitar-se somente a determinadas respostas ou

condições apresentadas. Para Triviños (1990), a técnica de entrevista semiestruturada, em

geral, inicia-se pelas questões básicas ligadas e sustentadas por teorias norteadoras da

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92

pesquisa e, no decorrer de sua aplicação, podem aparecer outros questionamentos, em função

das respostas dos entrevistados. Esses complementos poderão servir para abrir novos campos

de investigação ou mesmo para propor a revisão da teoria estudada.

Com vista a alcançar os objetivos propostos o roteiro de entrevistas semiestruturado

(Apêndice A) foi construído tendo como base o referencial teórico, as dimensões e suas

respectivas categorias de análise e variáveis de estudo, conforme Quadro 13. Em

complemento ao instrumento de fonte de evidência apresentado acima, utilizou-se também a

observação direta, que segundo Yin (2010), é útil para fornecer conhecimentos adicionais e

complementares sobre o tema analisado. De acordo com Alvarenga Neto (2005, p. 209),

“visitas de campos geram ricas oportunidades para observações diretas sobre comportamentos

ou condições ambientais relevantes. Incluem-se aqui observações de reunião, dos locais de

trabalho, dos locais de encontro, fotografias do local de estudo e outras atividades

semelhantes”.

Quadro 13: Roteiro de construção do instrumento de coleta de dados

Dimensão Base

Teórica

Categorias

de Análise Variáveis e definições

Parte do

Roteiro

Questões do

Roteiro

Processo de

Formação

Subcapítulos:

4.2.1

4.2.2

4.3.1

Propulsores

da formação

da aliança

Fatores externos: Forças culturais e demográficas; Forças

internacionais; Forças políticas; Forças

ambientais; Forças econômicas e; Forças

tecnológicas.

Fatores internos: Economia de escala, escopo e

especialização; Compartilhamento de

recursos, capacidade e competências;

Agregação de valor ao produto; Melhoria de

acesso ao mercado e tecnologia e; Melhoria

da capacidade de aprendizagem e

crescimentos.

Bloco I e II 01 a 03

Subcapítulos:

4.2.1

4.2.2

4.3.2

Processo de

Seleção dos

parceiros

Fatores que influenciam a escolha do

parceiro: Complementaridade de recursos, capacidade

e competências; Compatibilidade Cultura;

tamanho; Confiança; Rede social; Posição de

mercado e; Posição financeira.

Bloco III 04 a 06

Subcapítulo:

4.3.3

Estruturação

e design das

alianças

Estruturação e design: Grau de formalização; Condições

contratuais; Níveis de interação e

interdependências e; Características gerais e

especificas.

Bloco IV 07 a 11

Processo de

Gestão

Subcapítulos:

4.2.3

4.3.4

Gestão das

alianças

estratégicas

Processo de gestão: Divisão do trabalho; Instrumentos

contratuais e estratégicos; Equipe especifica

para gestão; Mecanismo de comunicação e

informação entre os parceiros; Posição das

empresas e gestão de conflitos.

Bloco V 12 a 22

Fonte: Elaborado pelo autor, com base no referencial teórico.

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93

5.7. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS

Para análise e interpretação dos dados desta pesquisa, optou-se por utilizar como técnica o

Modelo Interativo de análise de dados de Miles e Huberman (1994). Tal modelo sugere que as

análises qualitativas consistem de três fluxos simultâneos de atividades (Figura 14): redução

de dados, apresentação (organização dos dados) e interpretação/verificação.

Figura 14: Componentes de análise de dados: modelo de fluxo

Fonte: Miles e Huberman (1994, p. 10)

5.7.1. Redução de dados

Segundo Miles e Huberman (1994, p. 10), o processo de redução dos dados na investigação

qualitativa é referido como o “processo de seleção, concentração, simplificação, abstração e

transformação dos dados brutos que aparecem nas anotações manuscritas da pesquisa de

campo”.

De acordo com Lessard-Hébert (2005, p. 112), a redução dos dados pode ser realizada em três

momentos distintos:

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94

(i) Antes da recolha dos dados: trata-se de uma redução antecipada, que se

encontra presente na formulação da problemática e no delinear do projeto de

investigação;

(ii) Durante o recolhimento dos dados: é uma redução concomitante, permite a

partir do conjunto dos dados já obtidos, elaborar estratégias quanto ao modo de

recolher mais informação.

(iii) Após a recolha dos dados: a redução a posteriori está então diretamente

ligada aos procedimentos utilizados para tratar, apresentar e interpretar/verificar os

dados.

5.7.2. Apresentação e organização dos dados

Miles e Huberman (1994, p. 11), esclarecem que a segunda etapa do fluxo de atividade é a

apresentação e organização dos dados, esta etapa se caracteriza como sendo “a estruturação de

um conjunto de informações que vai permitir tirar conclusões e tomar decisões”.

Segundo Miles e Huberman (1994), esta etapa permite ao pesquisador uma apresentação dos

dados num espaço visual reduzido. Auxiliando no planejamento de outras análises, na

comparação entre diferentes conjuntos de dados (permitem o confronto das informações, a

percepção de regularidades, padrões e relações pertinentes) e garante a utilização dos dados

na construção do relatório final.

5.7.3. Interpretação e a verificação das conclusões

O terceiro e último fluxo de atividade de análise segundo Miles e Huberman (1994, p. 11), é a

interpretação e a verificação das conclusões, nesta etapa o pesquisador extrai “significados a

partir de uma apresentação-síntese dos dados – pondo em evidência ocorrências regulares,

esquemas, explicações, configurações possíveis, tendências causais e proposições”.

Miles e Huberman (1994, p. 11), explicam que “os significados que emergem a partir dos

dados têm de ser testados quanto à sua plausibilidade, resistência, e "confiabilidade" - isto é, a

sua validade. Caso contrário, ficamos apenas com histórias interessantes sobre o que

aconteceu, a verdadeira historia fica desconhecida”.

Os autores esclarecem que estas três etapas de atividades: redução de dados, apresentação

(organização dos dados) e interpretação/verificação ocorrem de maneiras interligadas antes,

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95

durante e após a coleta de dados. Nesta visão os três tipos de atividade de análise e da

atividade de coleta de dados em si formar um processo interativo e cíclico (Figura 15).

Figura 15: Componentes da análise de dados - modelo Interativo

Fonte: Miles e Huberman (1994, p. 12)

Em paralelo a utilização do modelo interativo de Miles e Huberman (1994), os conteúdos

colhidos nas entrevistas serão analisados também, de acordo com a técnica da analise de

conteúdo, descrita por Bardin (2004, p. 31):

A análise de conteúdo é um conjunto de técnicas de análise das comunicações

visando obter, por meio de procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do

conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam inferir

conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas)

dessas mensagens.

Moraes (1999), complementa que a análise de conteúdo é um procedimento para ler e

interpretar o teor de toda classe de documentos, que quando analisados corretamente

possibilita acesso ao conhecimento de aspectos e fenômenos da vida social que de forma geral

estavam inacessíveis. Com o objetivo de auxiliar no processo de análise e interpretação dos

dados foi construído o modelo analítico da pesquisa (Quadro 14), que consiste na associação

dos objetivos da pesquisa, as dimensões e respectivas categorias de analises e suas variáveis

ligadas ao roteiro das entrevistas semiestruturadas.

Coleta de dados

Redução dos dados

Apresentação

(organização dos dados)

Interpretação/Verificação

(com base em inferência a

partir de evidências ou

premissas)

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96

Quadro 14: Modelo analítico da pesquisa

Especificação

dos objetivos Descrição

Geral Descrever a formação e a gestão de alianças estratégicas horizontais entre organizações do ramo da construção civil do subsetor de edificações do município de

Belo Horizonte – Minas Gerais.

Base Teórica Dimensão

Categorias de

Análise Variáveis e definições

Parte do

Roteiro

Questões

do Roteiro

Específicos

a) Verificar quais são os

fatores motivadores da

constituição de alianças

estratégicas horizontais no

subsetor de edificações.

Subcapítulos:

4.2.1

4.2.2

4.3.1

Processo de

Formação

Propulsores da

formação da

aliança

Fatores externos: Forças culturais e demográficas; Forças

internacionais; Forças políticas; Forças ambientais;

Forças econômicas e; Forças tecnológicas.

Fatores internos: Economia de escala, escopo e especialização;

Compartilhamento de recursos, capacidade e

competências; Agregação de valor ao produto;

Melhoria de acesso ao mercado e tecnologia e;

Melhoria da capacidade de aprendizagem e

crescimentos.

Bloco I e II 01 a 03

b) Descrever como ocorre a

análise e a seleção dos

parceiros para a formação de

alianças estratégicas

horizontais no subsetor de

edificações.

Subcapítulos:

4.2.1

4.2.2

4.3.2

Processo de

Seleção dos

parceiros

Fatores que influenciam a escolha do parceiro: Complementaridade de recursos, capacidade e

competências; Compatibilidade Cultura; tamanho;

Confiança; Rede social; Posição de mercado e;

Posição financeira.

Bloco III 04 a 06

c) Identificar quais são os tipos

de alianças estratégicas

horizontais que vem sendo

constituídas pelas empresas do

setor de edificações.

Subcapítulo:

4.3.3

Estruturação e

design das

alianças

Estruturação e design: Grau de formalização; Condições contratuais;

Níveis de interação e interdependências e;

Características gerais e especificas.

Bloco IV 07 a 11

d) Descrever como ocorre o

processo de gestão das alianças

estratégicas horizontais

constituídas pelas empresas do

setor de edificações.

Subcapítulos:

4.2.3

4.3.4

Processo de

Gestão

Gestão das

alianças

estratégicas

Processo de gestão: Divisão do trabalho; Instrumentos contratuais e

estratégicos; Equipe especifica para gestão;

Mecanismo de comunicação e informação entre os

parceiros; Posição das empresas e gestão de

conflitos.

Bloco V 12 a 22

Fonte: Elaborado pelo autor, com base no referencial teórico.

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97

5.8. A PESQUISA DE CAMPO

Para viabilizar a proposta do presente trabalho conforme descrito anteriormente utilizou-se o

desenvolvimento de estudos de casos múltiplos, tendo como unidade de análise seis grandes

construtoras (Quadro 15) que atuam no ramo da construção civil do subsetor de edificações de

Belo Horizonte – Minas Gerais. Tais organizações foram escolhidas de forma intencional e

por conveniência do pesquisador, o que caracteriza segundo Malhotra et al. (2005), uma

amostra não probabilista por critério de acesso e conveniência.

Quadro 15: Alianças e organizações estudadas

ALIANÇA EMPRESA IDENTIFICAÇÃO DAS EMPRESAS

Alfa Empresa 1 AAE1

Empresa 2 AAE2

Beta Empresa 1 ABE1

Empresa 2 ABE2

Gama Empresa 1 AGE1

Empresa 2 AGE2

Fonte: Elaborado pelo autor, com base na pesquisa de campo.

Ressalta-se que, conforme solicitação das organizações participantes, seus nomes foram

resguardados. Assim todas as alianças aqui estudadas receberam de forma aleatória, as

seguintes identificações: Aliança Alfa, Beta e Gama e cada par de empresas dentro de cada

aliança recebeu uma identificação como empresa 1 e 2.

Observa-se que, embora as organizações não tenham permitido a vinculação de seus nomes à

presente pesquisa, há que se destacar a importância com que os diretores e gestores das

mesmas deram ao desenvolvimento deste trabalho disponibilizando tempo, pessoal e a própria

estrutura da organização. Ao todo, foram conduzidas onze entrevistas semiestruturadas, que

ocorreram de forma presencial na sede das seis organizações concedentes, estas foram

realizadas com os principais diretores (Quadro 16) que estão ligados diretamente ao processo

de formação, desenvolvimento e gestão de alianças estratégicas praticadas por suas empresas.

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98

Quadro 16: Identificação da amostra estudada

Aliança Empresa Nível hierárquico Código dos arquivos Identificação dos

entrevistados

Alfa

E1

Diretor

AAE1D1 E1D1

AAE1D2 E1D2

E2 AAE2D1 E2D1

AAE2D2 E2D2

Beta

E1

Diretor

ABE1D1 E1D1

ABE1D2 E1D2

E2 ABE2D1 E2D1

ABE2D2 E2D2

Gama E1

Diretor

AGE1D1 E1D1

AGE1D2 E1D2

E2 AGE2D1 E2D1

Totais 11

Fonte: Elaborado pelo autor, com base na pesquisa de campo.

Complementa-se que todas as entrevistas aqui apresentadas, foram: a) conduzidas de acordo

com o protocolo de estudo de caso construído; b) digitalmente gravadas, com a concordância

dos entrevistados e; c) transcritas com todo rigor técnico cientifico, respeitando as normas e

procedimentos de transcrição de entrevistas.

Ressalta-se, que o protocolo de estudo de caso (Apêndice D) utilizando como instrumento de

coleta de dados para esta dissertação foi construído contendo vinte e duas questões abertas

distribuídas em quatro categorias de análise que correspondem diretamente os interesses dos

objetivos específicos desta pesquisa.

Para validação da confiabilidade do protocolo de estudo de caso, foram realizados os

seguintes procedimentos: a) O roteiro de entrevista foi avaliado pelos membros da banca de

qualificação desta dissertação, que proporcionaram significativas contribuições que foram

incorporadas tanto ao roteiro de entrevista quanto ao próprio referencial teórico desta pesquisa

e; b) Foram realizados três pré-testes com três especialistas que atuam na área de formação e

gestão de parceiras estratégicas na indústria da construção civil, sendo que ao final as

sugestões foram analisadas e incorporadas ao roteiro.

Ao final da pesquisa de campo, foram registradas 04 horas, 34 minutos e 20 segundos de

gravações, gerando um total de 116 páginas transcritas (Quadro 17). Após as transcrições, o

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99

material gerado foi agrupado aos registros feitos em um caderno de anotações de campo

oriundo das observações diretas. Em seguida, neste material consolidado foi empregado o

modelo proposto por Miles e Huberman (1984), sendo necessários dois ciclos de redução de

dados que serviram como base para a construção das análises e discussão dos resultados.

Quadro 17: Duração das entrevistas semiestruturadas

Aliança Empresa Nível

hierárquico

Código dos

arquivos

Identificação

dos

entrevistados

Duração

das

Entrevistas

Quantidade de

Paginas transcrita

Alfa

E1

Diretor

AAE1D1 E1D1 00:24:03 11

AAE1D2 E1D2 00:29:44 13

E2 AAE2D1 E2D1 00:19:03 9

AAE2D2 E2D2 00:31:22 11

Beta

E1

Diretor

ABE1D1 E1D1 00:35:25 13

ABE1D2 E1D2 00:26:40 11

E2 ABE2D1 E2D1 00:14:33 9

ABE2D2 E2D2 00:17:05 8

Gama E1

Diretor

AGE1D1 E1D1 00:25:38 10

AGE1D2 E1D2 00:25:42 11

E2 AGE2D1 E2D1 00:25:05 10

Totais 11 04:34:20 116

Fonte: Elaborado pelo autor, com base na pesquisa de campo.

Por vez, o capítulo que apresenta as análises e discussão dos resultados encontrados em

campo foi subdividido em blocos que representam as categorias de análise deste estudo.

Assim, a apresentação das descobertas de campo aproxima-se da problemática de pesquisa ao

passo que as categorias de análise são exploradas e apresentadas.

Espera-se que a partir dessa lógica de construção ao qual o texto se propõe, o leitor seja

conduzido para a essência dessa pesquisa, que é de investigar e analisar o processo de

formação e gestão de alianças estratégicas horizontais entre organizações do ramo da

construção civil do subsetor de edificações.

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100

6. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Neste capítulo serão demonstrados os resultados e análises dos estudos de casos realizados,

tendo como orientadores as dimensões e categorias de análises adotadas para a realização

desta pesquisa.

O presente trabalho se desenvolveu segundo metodologia descrita na seção 5 (cinco) desta

dissertação, mediante coleta de dados em seis organizações do setor privado do ramo da

construção civil, com vista a subsidiar a análise da formação e gestão das alianças nas

dimensões abordadas anteriormente.

6.1. CATEGORIA DE ANÁLISE 1: PROPULSORES DA FORMAÇÃO DA ALIANÇA

A primeira categoria de análise desta pesquisa destinou-se a verificar quais são os principais

fatores motivadores da constituição das alianças estratégicas horizontais no subsetor de

edificações, utilizando como pano de fundo o modelo analítico de pesquisa construído para

este trabalho.

Inicialmente mostrou-se relevante à pesquisa o resgate do conceito proposto por Jones (2010)

antes de discutir a forma específica como as firmas gerenciam o seu ambiente para se

defender e ampliar seu domínio deve-se entender em detalhes quais são as forças ambientais

que afetam os recursos de que elas necessitam.

Nesta mesma linha, Harbison e Pekar (1999) explicam que os propulsores da formação das

alianças estratégicas emanam principalmente das características do setor onde elas estão

inseridas e que estes motivos evoluem e se modificam com o passar dos anos e das

características do mercado ao qual elas atuam.

Quando investigadas as principais características do setor da construção civil referente à sua

importância estratégica, segundo modelo proposto por Harbison e Pekar (1999) na visão dos

entrevistados, verificou-se que tal setor é altamente estratégico para a economia nacional

corroborando com a argumentação da Dieese (2013).

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101

"... Com os programas de desenvolvimento apoiados pelo governo....

associados a demanda que a gente tem ai por construção de casas próprias,

principalmente nos caso da construtora de imóveis residenciais... é um forte

vetor da economia hoje." (Informação verbal, AAE1D1).

“... O setor de edificações é um setor que está crescendo no Brasil, que tem uma

grande perspectiva, hoje temos vários investimentos você pode olhar ai no

mercado e... aqui em Belo Horizonte... então houve uma queda, mais esta queda

não está sendo muito significativa, acredito que o mercado vai voltar a aquecer

focando principalmente aí no “Minha casa minha vida”, que teve até um

reajuste recentemente por parte do governo. Então é uma boa oportunidade

para investimento e para quem procura uma moradia, ou até mesmo um

segundo apartamento é uma boa área”. (Informação verbal, AAE1D2).

“... Hoje por tudo que vemos ai divulgado pela mídia, o setor de construções

principalmente o nosso setor de construção civil é um setor que está muito

forte, que está vindo de um crescimento, principalmente ocorrido em 2008 para

cá. Um setor que teve plena expansão, então não só observado por um, mais

por todos que é um setor que está tendo um crescimento um desenvolvimento

exponencial. Porém hoje acredito que estamos numa fase bem madura, por isso

não acredito que iremos continuar com este crescimento daqui para frente, acredito

que este crescimento vai acontecer de forma mais linear. O Brasil tem muito a

crescer ainda na área de construção civil, existe um déficit habitacional muito

grande de moradias, então para quem não conhece o setor hoje passa por um

bom momento.” (Informação verbal, AAE2D2).

“... Inicialmente demonstraria a importância tanto econômica, quanto

estratégica deste setor, falaria que ele é um importante braço da nossa

economia gerando milhões de empregos na sua cadeia produtiva, hoje temos

uma participação de cinco por cento em cima do PIB. Falaria sobre as empresas

em geral, que o nosso subsetor é composto por inúmeras organizações, mas

que estas inúmeras organizações são micro e pequenas empresas. Falaria

também um pouco sobre a própria atividade em si, sobre a construção de

edifícios... a transformação social que as nossas construtoras possibilitam,

falaria sobre o déficit habitacional, ajudando o próprio governo a suprir este

déficit habitacional.” (Informação verbal, ABE1D12).

Quando os entrevistados foram questionados sobre a utilização de capital próprio e terceiro

para realização das operações de suas organizações e do subsetor como um todo, verificou-se

que este subsetor é altamente dependente de capital de terceiros, característica esta que

segundo Harbison e Pekar (1999) favorecem a formação de alianças estratégicas.

“... É um setor que consome muito dinheiro, porque ele tem um ciclo

operacional muito longo... dado a extensão do ciclo operacional ele consome

muito recurso... uma iniciativa privada somente é muito complicada de

conseguir todos estes aportes, tal vez ela deva realmente partir para o

mercado para fazer a captação de recursos... porque nem sempre o acionista

tem muita... paciência para esperar este retorno, mas o retorno é em longo prazo e

isto está claro para nós.” (Informação verbal, AAE1D1).

“... O capital é mais de terceiro do que investimentos próprios, tanto na área de

edificações quanto na área de construção mais pesada, então hoje se busca muito

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102

mais... com parceiros... este capital para investimento nas obras.” (Informação

verbal, AAE1D2).

“Hoje temos... incentivos do governo para a utilização de créditos... temos a

Caixa Econômica como uma grande parceira, ela atua com quase todas as

construtoras buscando auxiliar e ajudar a financiar a construção dos

empreendimentos. Eu acredito que aquela empresa que tem condição de

construir com recursos próprios... não consiga se sustentar por muito tempo

no mercado, ou se elas vão conseguir disponibilizar muitos produtos no

mercado. Ao contrário das construtoras que utilizam estes mecanismos e...

tem a possibilidade de conseguir um crédito ou um financiamento bancário,

tendo mais condições de colocarem mais produtos dentro do mercado

atendendo o maior número de clientes...”. (Informação verbal, AAE2D2).

“O subsetor de edificações depende principalmente de capital de terceiro, é

um setor que utiliza muito capital de terceiro, pouco... próprio, até mesmo

porque o capital de terceiro é mais barato do que o... próprio. Porque quando

você tem sócio, eles vão querer seu lucro, uma vez que você pega um empréstimo

no banco você tem que pagar o empréstimo.” (Informação verbal, ABE1D1).

Ao verificar a necessidade de mão de obra qualificada, constatou-se que assim como todas as

áreas do Brasil ainda há uma carência muito grande de mão de obra qualificada neste subsetor

(AVELAR e MONTEIRO, 2010). Isso tanto no aspecto administrativo-financeiro quanto

operacional, já que neste subsetor há uma demanda muito alta de mão de obra manual que não

consegue ser automatizada.

“Pelo o que nós temos visto, nós temos dois problemas com a mão-de-obra,

tanto pela quantidade, pelo volume de obras que vem crescendo e pela demanda

existente, nós ainda temos muitas famílias, principalmente no setor em que nós

atuamos, onde ainda a necessidade de habitação é muito grande, nós sentimentos

que a mão-de-obra, pelo menos na empresa em que trabalho, ainda às vezes

em algumas cidades ela é pequena, então, nós temos a dificuldade de

encontrar a mão-de-obra e às vezes com qualidade, então nossa empresa vem

buscando qualificar estas pessoas, para termos um melhor resultado.” (Informação

verbal, ABE1D2).

“Já foi mais difícil, mas ainda necessita de mão-de-obra qualificada sim. Mas o

mercado esta migrando... a cada dia que passa para uma maneira pouco mais

industrializada e mecanizada e isto está fazendo com que a mão-de-obra, seja um

pouco mais ou que não necessite ser tão capacitada para fazer. Mas ainda existe

uma demanda grande para se chegar nas metas que o mercado pretende

seguir e ainda existe uma demanda grande neste segmento de profissionais.”

(Informação verbal, ABE2D2).

“Esse é um grande problema da edificação, principalmente neste momento que

o mercado está aquecido, antes quando estava desaquecido o mercado faltava

mão-de-obra, porque houve uma corrida geral para outros setores. A partir do

momento que a coisa aqueceu novamente ai nos esbarramos em problemas de

qualificação e de quantidade de pessoal disponível, também. Então, hoje isto

nos obriga a participar de treinamentos, promoverem treinamentos com o pessoal e

tudo, para tentar formar equipes. Obras como a da nossa empresa são obras

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103

grandes, a escala é muito grande, então te obriga a ter uma mão-de-obra, muito

pessoal, muito operacional dentro dos canteiros, mas sendo que para isso temos

uma grande dificuldade. Isso é uma grande dificuldade atual, para se manter isso.”

(Informação verbal, AGE1D1).

“... Um dos maiores problemas que nós enfrentamos hoje é a falta de mão-de-

obra, devido este grande aumento que eu acho que tivemos de obras nestes

últimos anos e de lançamentos, nós ficamos sem esta mão-de-obra qualificada.

Acho que hoje, uma das maiores necessidades nossa para atender a produção que

nós precisamos, para acompanhar as vendas e produzir e consequentemente

produzir é necessário termos um aumento desta mão-de-obra qualificada.”

(Informação verbal, AGE2D1).

Ao apurar sobre o perfil dos clientes, identificou-se que não houve um consenso ou uma

unanimidade entre os entrevistados, apesar das organizações estarem atuando no mesmo ramo

e segmento de mercado e desenvolverem parcerias entre si, os entrevistados demonstraram

que suas empresas procuram atingir perfis de clientes diferentes.

“... Acho que em todos os setores, os clientes hoje são muitos exigentes com

relação à qualidade... haja vista as oportunidades que ele tem hoje de

comparar... não estamos mais em uma economia fechada como antes... hoje eu

tenho o privilegio de ter ofertas diferenciadas. Isso me faz, mas seletivo na

hora de comprar.” (Informação verbal, AAE1D1).

“... Isto é bem variável. Em todos os setores independentes do nível de

construção de edificações, ou se é um nível, vamos dizer, mais popular ou um

nível mais de luxo, existem clientes exigentes, clientes nada exigentes e clientes

muito exigentes. Então, isso é bem variável independentemente da categoria do

imóvel.” (Informação verbal, AGE1D1).

“... Os nossos clientes são pessoas das classes C e D e que possuem baixo poder

aquisitivo e que estão buscando obviamente a aquisição do seu primeiro

imóvel...”. (Informação verbal, AAE2D1).

“Na nossa companhia, o perfil dos clientes é um perfil de... classe “C”, que...

inclusive no Brasil é aonde temos o maior déficit habitacional com pessoas e

moradias. Então, estamos atendendo a classe que mais demanda.” (Informação

verbal, AAE2D2).

No aspecto referente à complexidade da tecnologia utilizada neste setor averiguou-se que ela

é baixa e que depende muito de mão-de-obra braçal. Na visão dos entrevistados a tendência é

futuramente achar soluções que envolvam mais tecnologias e mais maquinários, para suprir

esta falta de mão-de-obra e diminuir o número de pessoas nas obras.

“A tecnologia utilizada neste setor vai depender muito sobre qual processo

estamos falando. Se estivermos falando sobre o processo produtivo, a tecnologia

utilizada não é muito avançada, a complexidade desta tecnologia não é muito

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104

grande. Mas se voltarmos hoje nossos olhos para os departamentos meios destas

organizações, podemos falar que sim... é um departamento que utiliza

grandes tecnologias complexas, até pelo porte da nossa organização. Tivemos

que instalar um sistema, onde tivéssemos a integralização de todos os

departamentos da nossa empresa, e este sistema foi o SAP...” (Informação verbal,

ABE1D1).

“... A tecnologia... podemos dizer que é mais da forma de se fazer o serviço...

como as obras são mais padronizadas, então o serviço se torna padronizado

porque o que se perde é a qualidade. Os funcionários hoje não têm muito esmero

para a qualidade.” (Informação verbal, AAE1D2).

“Na verdade, quando nós falamos de uso de tecnologia nas obras mesmo, nós

utilizamos muito mão-de-obra humana ainda, mas nós vemos, até mesmo pela

expansão do mercado, conforme falado anteriormente, a necessidade da utilização

de equipamentos. Vemos ai hoje em dia a ação muito grande de gruas para

facilitar o transporte e o manuseio de equipamentos e matérias dentro da

obra, inclusive eu me recordo que há dois anos não tínhamos estas gruas para

poderem ser alugadas em Belo Horizonte, todas as gruas estavam alugadas por um

ano, se você procurasse uma grua para alugar naquela época, você não iria

conseguir. Nós vimos diversas empresas fazendo a compra deste equipamento,

inclusive importando da China onde se encontram bons preços para este

equipamento, para poder facilitar o trabalho.” (Informação verbal, AAE2D2).

Quando investigado sobre o nível de maturidade do setor, identificou-se que apesar de ser um

setor maduro ele está em crescimento e expansão. Conforme indicado pelo Dieese (2013) a

partir de 2004, este subsetor iniciou os primeiros sinais de crescimento, com a ampliação dos

investimentos em obras de infraestrutura e unidades habitacionais.

“... Referente à maturidade do setor... é... um setor em crescimento, em

expansão... desde 2010... mas pelas últimas análises... do mercado... estamos

chegando a um nível de estabilidade, mas uma estabilidade que se espera um

crescimento ainda.” (Informação verbal, ABE1D1).

“... Têm novos entrantes, mas... não vejo como sendo um mercado maturo... o

nível de barreira para novos entrantes é muito alto, é como construir uma

hidrelétrica. Então isso acaba deixando o mercado mais enxuto... não tem um

volume de oferta com qualidade... suficiente para atender a toda a demanda

da necessidade da sociedade... percebe-se que as empresas não estão maduras

e que por outro lado qualquer novo entrante teria barreiras muito altas para

entrar neste mercado. Sabemos que tem mercado para todas elas... mas como a

barreira é alta para entrar... às empresas que já estão podem a ter se considerar

maduras, mas para a resposta que elas dão para sociedade ainda não é o que a

sociedade espera.” (Informação verbal, AAE1D1).

“... É um setor em crescimento, há uma devassassem gigantesca de moradia no

Brasil hoje, então acredito que é um setor... que está tendendo para uma

maturidade, mas ainda há muito que caminhar.” (Informação verbal,

AAE1D2).

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105

“... É um setor que está em expansão, ou seja, ainda está em processo de

consolidação, a gente não pode considerar como um setor maduro”.

(Informação verbal, AAE2D1).

Perguntados sobre o nível de concorrência dentro do subsetor, os entrevistados responderam

que identificam como sendo um setor muito concorrido, devido o grande número de

organizações que fazem parte deste subsetor (CARVALHO e TOTTI 2006). Mas esta

concorrência é saudável e tem levado todas as organizações a oferecerem bons produtos com

preços mais acessíveis.

“... O mercado está dividido entre grandes empresas que brigam... no mesmo

nível e no mesmo segmento, mas têm muitas... pequenas que têm atendido

estes nichos de mercados, porque essas grandes... às vezes ainda deixam a

desejar exatamente por saberem que elas têm uma fatia de mercado... ganha e

preservada. então... uma grande parcela está destinada as essas grandes

empresas, mas tem outra grande parcela que não esta sendo atendida que ai

está pulverizado por milhares de pequenas empresas, isso a gente vê nas

capitais e principalmente no interior... a presença de outras empresas de menor

porte.” (Informação verbal, AAE1D1).

“Hoje há vários no mercado, mas muitas empresas buscam serem parceiras

entre si. Então a concorrência é acirrada é apertada, só que as próprias

empresas acabam virando parceiras para investir mais pesado no mercado.”

(Informação verbal, AAE1D2).

“... É bem concorrido. Vemos empresas bem tradicionais ai no mercado, com

vinte e trinta anos nesta área da construção e muitas empresas recentes ai no

mercado aproveitando a demanda que existe hoje.” (Informação verbal,

AAE2D2).

“A concorrência é grande, existe a concorrência, agora o que se destaca nisto ai

é a tradição da empresa, a capacidade, a qualificação a seriedade e o produto

que já foi fabricado. Vamos dizer assim, que já foi entregue e a satisfação dos

clientes.” (Informação verbal, AGE1D1).

Referente ao nível de intervenção governamental examinou-se que houve uma convergência

nos depoimentos dos entrevistados, reconhecendo a fundamental importância das

intervenções para o crescimento e desenvolvimento do subsetor, assim como já demonstrado

anteriormente pelo trabalho realizado por Avelar e Monteiro (2010):

“... O governo hoje é a mola propulsora deste processo, e ele é extremamente

necessário porque essas intervenções governamentais facilitaram o crédito, o

que deu e dá mais acesso à sociedade de uma forma geral a tentar atender

esta demanda que ficou reprimida por muito tempo. Por outro lado tem a

consequência inevitável que é aquecer esta demanda, ai a gente convive com

uma inflação, uma bolha inflacionaria neste mercado imobiliário, então assim

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106

é consequência disso, mas é extremamente necessária.” (Informação verbal,

AAE1D1).

“... A intervenção governamental é o... carro chefe. Como falado anteriormente,

nós temos um déficit habitacional gigantesco e se não fosse algumas

intervenções governamentais, como criação de programas, incentivos na

economia, podemos dizer que sem isso a construção civil não iria apresentar

os números que ela vem apresentando desde 2010. Para você ter uma ideia

desde 2010, a última pesquisa que tive acesso, a construção cresceu quinze por

cento em comparação ao PIB, ou seja, nos estamos falando ai de trilhões de reais

em três ou quatro anos.” (Informação verbal, ABE1D1).

“O governo está entrando com tudo. Com diversos programas “Minha casa,

Minha vida” eles estão fazendo de tudo para que as pessoas comprem. Há um

tempo deu um estouro e agora está dando uma estabilizada, mas ele continua em

cima ai. Acho que até vão começar um novo programa “Minha casa melhor”.

Então eles estão fazendo de tudo para dar esta aquecida no mercado cada vez

mais, eu particularmente há pouco tempo estava procurando um imóvel eu vi

milhões e milhões de imóveis para vender, o que são usados e mesmo os semi

novos não tem tanto interesse mais, porque tem tanto imóvel novo que ninguém

quer pagar quase o mesmo preço para comparar um imóvel que alguém já morou e

que é usado”. (Informação verbal, AGE1D2).

“A intervenção governamental hoje muito favorável por causa do “Minha

casa e Minha vida” que alavancou o nosso nicho de parceria, então acho que

no momento eu acho que está extremamente favorável para o nosso subsetor.”

(Informação verbal, AGE2D1).

Ao analisar o tamanho das organizações que fazem parte deste subsetor, identificou-se que

tais evidências reafirmam os trabalhos conduzidos por Carvalho e Totti (2006). Cuja pesquisa

identificou a existência de grandes construtoras neste mercado que atendem uma grande

parcela da demanda existente, sendo que a fatia que resta é atendida por diversas pequenas

construtoras regionais.

“... O mercado está dividido entre grandes empresas que brigam... no mesmo

nível e no mesmo segmento, mas têm muitas... pequenas que têm atendido

estes nichos de mercados, porque essas grandes... às vezes ainda deixam a

desejar exatamente por saberem que elas têm uma fatia de mercado... ganha e

preservada. então... uma grande parcela está destinada as essas grandes

empresas, mas tem outra grande parcela que não esta sendo atendida que ai

está pulverizado por milhares de pequenas empresas, isso a gente vê nas

capitais e principalmente no interior... a presença de outras empresas de menor

porte.” (Informação verbal, AAE1D1).

“Se falar da maior parte não, mas a participação das grandes, elas são muito

relevantes no mercado. Então, hoje podemos dizer que existem alguns grandes

players ai no mercado que tem a maior fatia neste mercado. Então é composto

sim pelas grandes empresas, mas existem muitas pequenas empresas que

atendem a fatia de mercado que permanece.” (Informação verbal, ABE2D2).

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107

Questionados sobre a caracterização do subsetor de edificações os entrevistados identificaram

os principais motivos que levam as organizações do subsetor de edificações a constituírem

alianças estratégicas horizontais. Enfatiza-se que tais questionamentos foram direcionados a

partir dos principais tópicos encontrados na fundamentação teórica que compõem esta

dissertação. Observa-se que quando os entrevistados não abordaram algum tema específico de

relevância para o desenvolvimento desta pesquisa recorreu-se ao uso dos Follow up e dos

quadros auxiliares.

Nesta parte da entrevista, os entrevistados foram convidados a dissertar livremente sobre

quais eram os motivos que levam as organizações do setor de edificações a constituírem

alianças estratégicas horizontais, e especificamente no caso da organização onde eles

trabalhavam e sobre como se percebeu a necessidade de formar alianças estratégicas

horizontais. Assim eles responderem inicialmente que:

“... Principalmente para serem competitivas, essas alianças... surgem de algumas

situações específicas, mas principalmente para dar competitividade ao setor, os

bancos, por exemplo, para serem competitivos eles compram outros bancos e

enxuga o quadro de funcionários, esta é a maneira mais fácil que eles têm de

crescerem. Mas nas construtoras nem sempre isso é possível, então é aproveitar o

know-how de outro parceiro local. Dá maior competitividade mesmo, é uma

resposta mais rápida aproveitando a estrutura que já existe sem ter que

simplesmente ficar ampliando, inchando demais a estrutura para

atendimento de algumas situações pontuais.” (Informação verbal, AAE1D1).

“Essas alianças estratégicas, essas parcerias comerciais... tendem a aumentar a

eficácia das estratégias competitivas, porque ela possibilitou um intercâmbio de

tecnologia, a gente troca tecnologia, de qualificação de pessoal, de

compartilhamento dos riscos dos negócios e também aumenta e possibilita uma

maior abrangência no mercado. Ela permitiu também uma economia de escala,

a possibilidade de expansão geográfica e busca de investimento. Buscamos que

os parceiros também invistam nestes empreendimentos.” (Informação verbal,

AAE2D1).

“Essas alianças... são extremamente estratégicas e isto vai depender muito do

que a empresa quer... de uma forma mais macro... acho que as organizações

buscam nestas alianças o compartilhamento do risco. A construção dos

empreendimentos, a construção dos apartamentos é um produto muito caro, que

requer muito investimento e isso querendo ou não você acaba arriscando

capital. Eu vejo que é uma oportunidade de gerar economia de escala, porque

você vai buscar ali alguns parceiros que tem a mesma estrutura, ou seja, você não

vai precisar replicar a estrutura organizacional da empresa. Nos não precisamos

replicar uma nova estrutura para constituir a aliança, nos aproveitamos os

recursos que nos já tínhamos. Eu percebo também que as alianças elas são no

geral, pode ser que elas te proporcionem acesso a novos mercados, vamos dizer

assim. Você pode estar atrás de um parceiro que atue em um mercado ao qual a

sua empresa ainda não atingiu que vai poder te dar acesso a este novo mercado.”

(Informação verbal, ABE1D1).

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Nestes trechos apresentados acima, foi possível confirmar o que já havia sido apontado por

Lorange e Roos (1996), que uma das principais motivações que levam as organizações a

formarem alianças estratégicas é o fato de elas ganharem uma posição competitiva melhor

perante os concorrentes existentes em seu nicho de mercado.

Estas evidências reforçam também, os achados do trabalho de Aaker (2001), segundo o qual

as alianças estratégicas são um importante instrumento para o aumento da competitividade

organizacional.

Com o intuito de analisar a importância de outros propulsores para a formação de tais

alianças, os entrevistados foram questionados sobre quais outros motivos teriam interferido no

processo de escolha da formação da parceria, neste ponto eles responderem que:

“... A necessidade foi por expansão geográfica no caso, se expandir para outros

estados, para onde não tínhamos conhecimento da cultura, não tínhamos

conhecimento da população... buscamos parceiros que já conhecíamos.

Parceiros sólidos e grandes de mercados que... poderíamos investir com eles,

crescer com eles e dominar aquele mercado. Criar um novo mercado, nossos

parceiros... não investem no mesmo mercado que a gente, eles eram construtores

de outras classes, então nos investimos juntos... numa classe a qual eles não

conheciam, mas dentro de um mercado que eles conheciam. Então nos trocamos

informações.” (Informação verbal, AAE1D2).

“Hoje a minha empresa, se eu não estiver enganada ela está presente em mais

de cento e onze cidades de todo o Brasil. Isso não foi fácil, de se instalar nestas

cento e onze cidades, então fazer estas alianças foi extremamente importante

para este crescimento para esta expansão. Eu vejo estas alianças como uma

necessidade inclusive para nossa expansão geográfica, não temos escritórios

em todas as regionais onde atuamos, não temos escritórios em todas estas

cento e onze cidades onde atuamos. A utilização de parceiras, de alianças foi

estratégica para a companhia poder para ter este alcance nacional.”

(Informação verbal, AAE2D2).

“... Buscamos alianças estratégicas principalmente pela estratégia de expansão

geográfica, para conseguirmos difundir nossa marca em locais que

inicialmente nos não éramos conhecidos, onde as pessoas não conheciam

nosso trabalho ou não tinham opinião formada sobre nossa empresa.”

(Informação verbal, AAE2D2).

“... Com certeza um motivo que leva as organizações do subsetor de edificações a

procurarem alianças é a possibilidade de expansão geográfica... a possibilidade de

acesso a novos mercados, a estar atingindo um cliente, que até então você não

tinha...” (Informação verbal, ABE1D1).

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109

“... Temos empreendimentos sendo construídos em trezentas e cinquenta cidades

brasileiras... nós não tínhamos know-how suficiente para estar chegando nestas

cidades, nesses municípios e estar construindo. Até... chegarmos nesta cidade e

começássemos a construir sem as pessoas conhecerem a nossa marca a nossa

empresa, consequentemente isto seria uma barreira para elas comprarem.

Aproveitamos este know-how que ele já tinha, proporcionando acesso a um

mercado, a uma expansão geográfica, para estarem atingindo a estes outros

clientes.” (Informação verbal, ABE1D1).

“... Isto possibilitou uma expansão geográfica, acessos a novos mercados... gerar

economias de escala e escopo... compartilhamento de conhecimento... realizar

propagandas em comum, compartilhar os custos destas propagandas...

possibilitou também atender melhor o cliente...” (Informação verbal, ABE1D1).

“Compartilhar o risco do negócio... geração de economia de escala/escopo...

acesso a novas tecnologias... expansão geográfica... restrições financeiras...

obter e compartilhar conhecimentos... melhorar o atendimento ao

consumidor... realizar propaganda/publicidade conjunta” (Informação verbal,

ABE2D1).

“Compartilhar o risco do negócio... acho que a expansão geográfica não, mas a

expansão da empresa em si, para dar uma alavancada mesmo, para dar uma

expandida na empresa, mas não necessariamente para outros estados. No nosso

caso a parceria é em outro estado, mas poderia ser aqui, entendeu e irá alavancar

da mesma forma.” (Informação verbal, AGE1D2).

Nestes depoimentos foi possível verificar que: o aproveitamento do know-how e da estrutura

física; a possibilidade de expansão geográfica; o acesso a outros segmentos de mercados; o

conhecimento prévio da cultura local (Obtenção e compartilhamento de conhecimento); a

geração de economia de escala; o compartilhamento dos riscos; a realização de

propaganda/publicidade conjunta e; o acesso a recursos escassos e estratégicos são os

antecessores do processo de formação de alianças estratégicas (LEWIS, 1992; YOSHINO e

RANGAN, 1996; FERREIRA e BARCELOS, 2006; CASSERES, 1999; MARQUEZ, 2003;

DOZ e HAMEL, 2000; HARBISON e PEKAR JR., 1999; LOPES, 2004; WINCKLER e

MOLINARI, 2011; LORANGE e ROOS, 1996).

Outros motivos periféricos foram levantados, porém não tiveram confirmação ao longo das

outras entrevistas, são eles: agregação de valor, restrições financeiras, crescimento

organizacional, distribuição futura de resultados e compra conjunta (WINCKLER e

MOLINARI, 2011; LORANGE e ROOS, 1996; LOPES, 2004; HARBISON e PEKAR JR.,

1999; DOZ e HAMEL, 2000; AVELAR e MONTEIRO, 2010).

“... Esses parceiros agregaram valor a nossas obras e nossos negócios...”

(Informação verbal, AAE1D2).

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110

“... Algumas construtoras podem buscar parcerias por restrições financeiras, até

mesmo por não conseguir este capital em bancos devido à burocracia.”

(Informação verbal, ABE1D1).

“... Entendo que basicamente foi a necessidade de crescer de forma rápida.

Vendo esta necessidade, esta demanda pelo Brasil inteiro. Podemos ver que existe

essa necessidade, esta carência de habitação para a classe popular, a mais

econômica”. (Informação verbal, ABE1D2).

“Acho que sim, quando você quer caminhar sozinho em um ramo a coisa fica

complicada, eu acho muito interessante você fazer uma aliança para somar

forças e lá na frente distribuir resultados. Acho que até pela nossa experiência a

aliança e a distribuição futura de resultados tem dado muito certo, mais do

que você caminhar sozinho pelas próprias pernas.” (Informação verbal,

ABE2D1).

“... Acesso a recursos escassos e estratégicos... no caso de materiais, uma

compra que o nosso parceiro faz para o Brasil inteiro é diferente de uma

compra que a empresa que é menor vai fazer para uma ou duas obras. Ou

seja, nosso parceiro consegue preços muito melhores e com isso o custo da

obra fica muito menor.” (Informação verbal, AGE1D2).

A seguir, é apresentada a relação entre as características do subsetor de edificações e os

principais propulsores para a formação de alianças estratégicas horizontais (Figura 16),

utilizando como base o modelo proposto por Harbison e Pekar (1999).

Figura 16: Os propulsores de alianças a partir das características do subsetor de edificações

Fonte: Adaptado de Harbison e Pekar (1999)

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111

Constatou-se que tais evidências fortalecem a visão da obtenção de recursos por meio da

formação de parcerias, associações empresárias e alianças estratégicas como postulado pela

Teoria da Dependência de Recursos (PFEFFER e SALANCIK, 1978; CARVALHO, 2010;

PUGH e HICKSON, 2004; PRADO e TAKAOKA, 2006; CUNHA, 1993).

Conclui-se, portanto, que na categoria de análise 1: propulsores da formação das alianças

estratégicas foi possível identificar que o subsetor de edificações pode ser considerado, sobre

sua característica: um setor maduro; dependente de capital de terceiros; com baixa mão-de-

obra qualificada; tendo como características produtos commodities; não requerendo utilização

de grandes tecnologias; com um lento crescimento em vendas; e que seus propulsores para a

formação de aliança são: o aumento da competitividade; o aproveitamento do know-how e da

estrutura física; a possibilidade de expansão geográfica; acesso a outros segmentos de

mercados; o conhecimento prévio da cultura local (Obtenção e compartilhamento de

conhecimento); a geração de economia de escala; o compartilhamento dos riscos; a realização

de propaganda/publicidade conjunta e: o acesso a recursos escassos e estratégicos.

6.2. CATEGORIA DE ANÁLISE 2: PROCESSO DE SELEÇÃO DOS PARCEIROS

A segunda categoria de análise discute o processo de seleção e escolha dos parceiros. Nesta

categoria procurou-se verificar quais foram os fatores motivadores e influenciadores na

análise e seleção dos parceiros que comporão as alianças estratégicas aqui estudadas.

Ressalta-se que o processo de seleção e escolha do parceiro inicia-se logo após o momento em

que a empresa define estrategicamente a opção pela formação da aliança estratégica.

Inicialmente foi questionado para os entrevistados como tem sido feito o processo de seleção

dos parceiros para a formação das alianças estratégicas horizontais no setor de edificações, e

especificamente na empresa onde eles trabalhavam.

Ao investigar este processo, constatou-se que houve um consenso entre os entrevistados ao

afirmarem que essas parcerias são fruto de um conhecimento prévio entre as diretorias das

organizações envolvidas. Neste ponto é possível identificar que a confiança (LYNCH, 1994)

no parceiro é o cimento que solidifica, fortalece e proporciona o surgimento de tais parcerias.

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“Essas parcerias normalmente são frutos de um conhecimento das próprias

diretorias, entre essas empresas parceiras e de uma leitura que é feita do

mercado em função de quão pronta estão estes parceiros, para se

tornarem efetivamente parceiros”. (Informação verbal, AAE1D1).

“... Em alguns casos as diretorias já se conheciam, em outros casos fomos

até o mercado mesmo e procuramos. Mas em geral já havia um contato

entre os diretores, entre uma diretoria de uma empresa com a outra e até

mesmo por ser o mesmo segmento e como é de edificações sempre já

havia este contato.” (Informação verbal, AAE1D2).

“... De forma estratégica, na empresa que trabalho especificamente, tem uma

diretoria dedicada a estes assuntos, considerando o melhor tipo de

composição societária para aquela região. Não verdade não existe uma receita

de bolo, vai depender mesmo de cada empreendimento, de cada projeto que

vamos ter, mas posso dizer que é bem relevante o fato da aproximação

das diretorias das empresas parcerias.” (Informação verbal, AAE2D1).

“Dentro deste setor eu acredito que tenha sido mais por aproximação de

diretorias, mas também acredito que existem questões estratégicas, sobre

os objetivos de fato o qual as organizações estão buscando a parceria. Se

formos colocar de uma forma, de uma forma, foi um processo estruturado,

foi planejado, eu colocaria que não. Eu acho que não tem sido feito

planejado de fato não, acho que tem sido feito mais de tentativa e erro.

Mas eu apostaria mais dentro de um ciclo de amizade esta aproximação

que gera consequentemente uma oportunidade de estar chamando

aquele parceiro, eu colocaria isto. Agora dentro da minha empresa

aconteceu mais por aproximação das diretorias e questões estratégicas,

onde a empresa queria crescer, queria expandir, sendo que em

determinado mercado ela não possuía know-how, não possuía nenhum

conhecimento então se buscou no mercado aquela empresa que poderia

estar suprindo esta necessidade.” (Informação verbal, ABE1D1).

“Todas as parcerias que nos já fizemos todas elas foram com empresas

conhecidas nossas, nos já tínhamos o histórico das pessoas. Eu acho que

isso é muito importante em saber com quem estamos lidando, então nos

levamos isto muito em consideração na escolha do parceiro, acho que o

critério é isso, é lógico que nós analisamos a empresa, mas esta relação é

muito importante, confiança no parceiro é muito importante.”

(Informação verbal, ABE2D2).

“É evidente que esta seleção, eu imagino que uma grande parte passasse

inicialmente de uma relação entre as empresas, entre as diretorias mais

estreitas, a partir dai que as coisas desenvolvem um pouco mais sabe.

Agora existe também caso em que estas parcerias são mais exclusivamente

pelo nível, pela estrutura de cada alguma, elas conseguem vislumbrar uma a

na outra esta oportunidade de juntas estarem formando esta união mais forte

acho que isso é possível. No nosso caso a parceria nasceu de um

relacionamento de uma amizade bem próxima das diretorias das empresas.”

(Informação verbal, AGE1D1).

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“Acho que a proximidade que os diretores têm. O fato de um já conhecer

o trabalho do outro eu acredito que tenha sido por ai.” (Informação

verbal, AGE1D2).

Confirmou-se que as alianças estratégicas no subsetor de edificações se formaram a partir das

redes sociais dos principais executivos das organizações envolvidas, confirmando as

afirmações de Lopes (2004, p. 16), que “as redes sociais e os fluxos de informações,

decorrentes de relações prévias entre empresas, são fundamentais para a escolha de

parceiros...”.

Constatou-se também, que tais evidências corroboram com o postulado por Kanter (1994),

que a escolha do parceiro passa também, pela afinidade emocional entre os executivos e

profissionais envolvidos na parceria e pela a capacidade e experiência dos executivos em

avaliar as potencialidades do parceiro.

Verificou-se a rigor, a existência de interdependências estratégicas de uma organização com a

outra (PFEFFER e SALANCIK, 1978; LOPES, 2004; CARVALHO, 2010), pois exista a

necessidade de uma das organizações em produzir mais em função do volume e do grande

aumento das vendas, proporcionado pelo plano governamental “Minha casa, Minha Vida”

(DIESSE, 2013). Nesse sentido, dá-se destaque ao relato de um dos entrevistados.

“No nosso caso éramos duas empresas que já tinha um relacionamento

pessoal entre as diretorias e pelo fato de já trabalhamos neste nicho de

mercado também com a Caixa Econômica Federal. Um pouco voltado

também para a necessidade do parceiro de produzir mais em função do

volume e do grande aumento do volume de venda. Iniciamos esta conversa

da possibilidade de trabalharmos em conjunto. No nosso caso mais voltado

para a produção e o nosso parceiro para as vendas e desenvolvimento do

negócio, o que se juntou também a um novo mercado que a empresa

estava abrindo no caso no estado do Espírito Santo quando nos

formatamos esta ideia de parceira.” (Informação verbal, AGE2D1).

Quando questionados sobre quais atributos foram ou são levados em consideração na escolha

dos parceiros, os entrevistados demonstraram um consenso nas respostas destacando: a

reputação do parceiro; oportunidade de geração de economia de escala/escopo; acesso a novos

segmentos; tecnologia que o parceiro detém; possibilidade de acesso a novos mercados;

condição financeira; capacidade em obter e compartilhar conhecimento; oportunidade de

promover barreira à concorrência; acesso a insumos de produção escassos e estratégicos;

compatibilidade cultural e; a combinação de recursos e competências diferenciadas.

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“... Os parceiros se juntam com o mesmo propósito... agregar valor,

agregar conhecimento, trocar conhecimento mútuo... então... investimos

em pessoas e empresas que eram tão forte quanto a gente. Pessoas que

tinham conhecimento de mercado, pessoas que tinha conhecimento de

construção e principalmente que poderiam alinhar a nossa ideia de

missão de empresa juntos, de crescer juntos.” (Informação verbal,

AAE1D2).

“... Inserção local, competência técnica... imagem... infraestrutura

operacional já constituída...” (Informação verbal, AAE1D1).

“... Posicionamento de liderança no mercado... procuramos empresas que

já eram lideres marcas conhecidas, não investimos em marcas que não são

conhecidas. Procuramos uma que é compatível com a nossa cultura, nossas

ideias, nossos ideais, nossa missão. Um parceiro em que tem a possibilidade

de adentrar em um novo mercado. Que tenham uma boa reputação, então

não adiantávamos investir em um parceiro que poderia queimar o nome da

nossa marca, nossa marca é uma marca forte e principalmente um parceiro

que tenham condições financeiras para arcar com a obra. Então nós não

procurávamos um parceiro que não conseguíssemos compartilhar a

despesas e os investimentos juntos com a gente.” (Informação verbal,

AAE1D2).

“... Alguns casos o parceiro escolhido foi por justamente a possibilidade de

fechar o mercado, para sermos atuantes 100% naquele mercado,

naquela região. Sem conseguir abrir espaço para outro concorrente.”

(Informação verbal, AAE1D2).

“... A referência do parceiro no mercado, o parceiro ser conhecido no

mercado, ter um nome uma reputação, ter um histórico, se o parceiro já

desenvolveu alianças anteriores, como isto aconteceu, quando aconteceu o

histórico disto. Tentamos também selecionar parceiros que tenham sinergia

com o nosso negócio, em questão de tecnologia, em questão de know-

how, de mão-de-obra qualificada. Entendo também que nos consideramos a

compatibilidade cultural das empresas envolvidas e a combinação de

recursos e competências essenciais de cada uma delas, uma forma de

combinar isto, de oferecer o que eu tenho de melhor e receber o que ela tem

de melhor.” (Informação verbal, AAE2D1).

“... Eu acredito, que principalmente nossos recentes parceiros que nos

buscamos na região do nordeste eram os melhores, eles eram os mais

conhecidos na região, eles eram os mais conhecidos e os mais bem

avaliados, pelo público local.” (Informação verbal, AAE2D2).

“... É bem similar o que leva a empresa buscar a parceira e ao escolher o

parceiro. Mas eu acho que o que foi levado em consideração, pelo menos

para a nossa empresa, foi um know-how prévio sobre o mercado ao qual

queríamos estar atuando, a reputação do parceiro, se ele já tinha

desenvolvido alianças estratégicas anteriormente, como tinha sido o

desenvolvimento desta parceira, se tinha dado algum conflito ou alguma

confusão, se ele tinha uma boa reputação, acho que a sinergia entre as

empresas foi levada em consideração, se era possível ou não. Ter a geração

de economia sobre algum ponto no processo, de alguma questão, a

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necessidade de não se replicar uma nova estrutura organizacional para

reduzir estes custos. Acho que o acesso a novos mercados, a outro

segmento de clientes específicos, a capacidade de o parceiro estar

compartilhando conhecimento, uma vez que precisávamos ter este

conhecimento, absorver este conhecimento para a nossa estrutura, as

compatibilidades culturais e se existiam divergências culturais muito

grandes, para até mesmo reduzir uma situação de um possível conflito e

a capacidade de combinação de nossas competências...” (Informação

verbal, ABE1D1).

“... Temos grandes empresas parceiras que já tem uma forte influência no

mercado. Por isso que nos entendemos que se eles chegaram, aonde

chegaram porque eles têm uma capacidade que viria a agregar para

nos.” (Informação verbal, ABE1D2).

“Posicionamento de liderança no mercado... reputação do parceiro...

oportunidade de geração de economias de escala e/ou escopo... tecnologia

que o parceiro detém... possibilidade de acesso a novos mercados...

condição financeira do parceiro... capacidade do parceiro em obter e

compartilhar conhecimentos... a oportunidade de promover barreiras à

concorrências oriundas do valor agregado... compatibilidade cultural”

(Informação verbal, ABE2D1).

“... Reputação do parceiro... acesso a novos mercados... a

compatibilidade cultural dos parceiros nós chamamos isto de DNA do

negócio... precisamos falar a mesma língua, se não, nós não temos a

compatibilidade ai para desenvolver o negócio junto. Sinergia gerada a

partir da combinação de recursos e competências entre as empresas... na

minha maneira de ver um pré-requisito para se formar uma aliança. Acredito

que isto é consequência do negócio, que analisamos pós o desenvolvimento

do negocio. Analisamos a sinergia que pode haver no desenvolvimento da

parceria.” (Informação verbal, ABE2D2).

“A reputação do parceiro... oportunidade de geração de economia de

escala/escopo... acesso a novos segmentos... tecnologia que o parceiro

detém... possibilidade de acesso a novos mercados... sua condição

financeira... capacidade do parceiro em obter e compartilhar

conhecimento... oportunidade de promover barreira a concorrência...

acesso a insumos de produção escassos e estratégicos... compatibilidade

cultural... a combinação de recursos e competências diferenciadas.”

(Informação verbal, AGE1D1).

“O posicionamento de liderança do parceiro no mercado... a reputação

do parceiro... a possibilidade de geração de economia de escala/escopo...

a tecnologia que o parceiro detém... a condição financeira que o parceiro

detém... a capacidade do parceiro em obter e compartilhar

conhecimento... a compatibilidade cultural entre as empresa... e a

combinação de recursos escassos e valiosos.” (Informação verbal,

AGE1D2).

“... O primeiro ponto para iniciar uma conversar entre nós foi esta reputação

que cada empresa tinha e já havia construído no mercado, se não, nem

teríamos iniciado uma conversa.” (Informação verbal, AGE2D1).

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“... A possibilidade de sinergia entre as empresas parceiras... a

compatibilidade cultural... a combinação de recursos escassos e

estratégicos entre as empresas parceiras.” (Informação verbal, AGE2D1).

Complementa-se que tais evidências reforçam os conceitos da teoria da economia industrial,

que a escolha do parceiro está também relacionada à complementaridade de recursos, que

geraram as economias de escala, escopo e especialização para os parceiros envolvidos nas

alianças estratégicas (BALESTRIN e VERSCHOORE, 2008; BRITTO, 2002; MAZZALI e

COSTA, 1997; ESTRADA, 2006; NICOLUCI ET AL., 2006; POUSA ET AL., 2006).

Tais atributos encontrados, segundo a teoria, podem ser categorizados conforme Ross &

Bronn (1992) (apud Marquez, 2003) em duas categorias: a) os relacionados aos parceiros: a

confiança; a reputação do parceiro e; compatibilidade cultural b) os relacionados às tarefas:

oportunidade de geração de economia de escala/escopo; acesso a novos segmentos; tecnologia

que o parceiro detém; possibilidade de acesso a novos mercados; condição financeira;

capacidade em obter e compartilhar conhecimento; oportunidade de promover barreira à

concorrência; acesso a insumos de produção escassos e estratégicos e; a combinação de

recursos e competências diferenciadas.

Confrontando tais evidências com o arrimo teórico que sustenta esta pesquisa, constatou-se

que tais achados empíricos reforçam os trabalhos realizados pelos autores: Noleto (2004),

Marquez (2003), Doz e Hamel (2000), Lorange e Roos (1996), Lopes (2004), Yoshino e

Rangan (1996), Lynch (1994) e Kanter (1994) indicando que tais atributos são relevantes no

processo de seleção e escolha do parceiro.

Para Harbison e Pekar Jr. (1999), é de extrema relevância entender sob o ponto de vista de

cada empresa envolvida quais são os principais objetivos da aliança, pois compreender as

expectativas de cada organização pode ajudar a manter as linhas de comunicação abertas

quando surgirem dificuldades. Avaliar corretamente o compromisso de cada empresa é de

extrema relevância quando as organizações envolvidas são concorrentes, porque nas alianças

horizontais os parceiros podem vir a concorrer um com o outro futuramente.

Ao levantar a existência de processos de convergência de expectativa e interesses entre as

empresas parceiras, encontraram-se fortes evidências que comprovam que as organizações

fazem uso desta importante ferramenta, conforme depoimentos abaixo:

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“... Antes de se estabelecer estas parcerias... esses aspectos... estratégicos

devem ser avaliados e no caso são avaliados, exatamente para ver até que

ponto é comum os interesses dele e dos parceiros. A partir do momento

que a divergência é maior, então a parceria acaba inviável.” (Informação

verbal, AAE1D1).

“... Com certeza isso ocorreu através das diretorias, de uma estrutura

que na empresa a gente tem para reuniões, para identificação, para

alinhamento, para tentarmos identificar essas características de cada

parceiro, para ai então identificamos as convergências de interesses de

cada parceiro. O que pode trazer o que cada um tem e que possa tornar

possível esta sinergia esta identificação dos parceiros.” (Informação

verbal, AAE2D2).

Foram feitas inúmeras reuniões inicialmente para discutir quais eram os

objetivos das alianças, o parceiro também teve a oportunidade de estar

falando sobre quais eram os objetivos dele de estar buscando uma

aliança. Como falado foi feito inicialmente uma carta de intenções de

cada empresa e mais também foi mais questões da diretoria, como falado

anteriormente, como as proximidades destas diretorias proporcionou

esta aproximação dos parceiros, eles conversaram entre si, dialogando.”

(Informação verbal, ABE1D1).

“... Toda vez que se inicia um projeto, ou que se vai comprar um terreno

é feito um estudo de viabilidade, com este estudo de viabilidade, pensa-se

e estuda-se o que se pode construir naquele local, a que custo, a que

orçamento e a que lucratividade. Então é exatamente isso, aquele

resultado, aquela visão de ter no futuro aquele resultado é que encanta

tanto o parceiro quanto a empresa que esta propondo o negócio.”

(Informação verbal, ABE1D2).

“Geralmente, logicamente existe um interesse mútuo. A empresa precisa do

parceiro e o parceiro presida empresa, quando há um interesse mútuo, eu

acho que as coisas funcionam. Tem que ter interesse, a partir do momento

que não houver interesse de uma parte ou de outra a coisa não vai dar certo.

Então o interesse é o principal ponto ai, temos que ter o interesse mútuo.”

(Informação verbal, ABE2D1).

“Sim houve, nós tivemos um encontro onde na conversa inicial foram

colocados os objetivos e tudo isso e nós conseguimos casar os interesses

de tal maneira que se deu a parceria.” (Informação verbal, AGE1D1).

“... Foram feitas reuniões...” (Informação verbal, AGE1D2).

Tais indícios comprovam que as organizações que compõem a amostra desta pesquisa

utilizam conforme indicado pela teoria (HARBISON e PEKAR JR., 1999; MARQUEZ, 2003;

DOZ e HAMEL, 2000; LORANGE e ROOS, 1996; YOSHINO e RANGAN, 1996; LYNCH,

1994), as melhores praticas de formação e gestão de alianças estratégicas, que postula a

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importância de convergir os principais objetivos das alianças a partir da perspectiva de cada

um dos parceiros envolvidos. Compreender as necessidades de cada parceiro ajuda a

concretizar um relacionamento de confiança e a iniciar a negociação em base sólida.

Conclui-se, portanto, que na categoria de análise 2: processo de seleção dos parceiros foi

possível identificar que o processo de seleção dos parceiros ocorre principalmente a partir das

redes sociais dos principais executivos das organizações envolvidas e que como atributos

foram levados em consideração na escolha dos parceiros: a reputação; oportunidade de

geração de economia de escala/escopo; acesso a novos segmentos; tecnologia que o parceiro

detém; possibilidade de acesso a novos mercados; condição financeira; capacidade em obter e

compartilhar conhecimento; oportunidade de promover barreira à concorrência; acesso a

insumos de produção escassos e estratégicos; compatibilidade cultural e; a combinação de

recursos e competências diferenciadas.

6.3. CATEGORIA DE ANÁLISE 3: ESTRUTURAÇÃO E DESIGN DAS ALIANÇAS

Nesta categoria de análise objetivou-se identificar quais são os tipos de alianças estratégicas

horizontais que vem sendo constituídas pelas organizações do setor de edificações. Perseguiu-

se identificar para tanto, o grau de formalização, as condições contratuais, os níveis de

interação e interdependências entre as empresas parceiras e as características gerais e

especificas das parcerias.

Ao apurar o grau de formalização entre as empresas parceiras, constatou-se que houve uma

unanimidade entre os entrevistados ao confirmarem a existência de um contrato que formaliza

as parcerias desenvolvidas, conforme relatos abaixo:

“... Eles existem, eles são formalizados, até por uma questão legal de

aspecto jurídico, para resguardar os direitos das partes, então existe esse

contrato sim.” (Informação verbal, AAE1D1).

“... Temos um contrato que formaliza esta parceria comercial e nele é

especificado e fica formalizada a responsabilidade de cada parceiro neste

projeto, nesta empresa ou neste empreendimento.” (Informação verbal,

AAE2D1).

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“... Existe um contrato. Ele é padrão para todas as parceiras é lógico que

existem algumas particularidades que nos adequamos para os parceiros. Este

contrato define quem vai comandar o empreendimento na parte

administrativa e financeira e quem vai cuidar da obra, que no caso é a

construção.” (Informação verbal, ABE1D1).

“Sim. É um contrato de SCP (Sociedade Cota de Participação), as parcerias

são sócias de um empreendimento. É um contrato por empreendimento.”

(Informação verbal, ABE2D1).

“Existe. No nosso caso nos formamos uma sociedade de cotas de

participação, então o parceiro tem a maior parcela e nós temos uma pequena

parte e nos tornamos sócios desta maneira. Então, é um empreendimento cujo

ostensivo é o parceiro, que vamos dizer assim é a majoritária da participação

e nós entramos com esta parcela e com a incumbência de gerenciar a

execução da obra.” (Informação verbal, AGE1D1).

“Existem sim. Estes contratos são feitos geralmente por empreendimento,

onde são divididas as responsabilidades de cada um neste processo de

parceira.” (Informação verbal, AGE2D1).

Tais evidências apontam para a citação de Jones (2010), quanto mais formal for a

coordenação escolhida, maior o grau de controle que os envolvidos desejam ter sobre estas

parcerias. Portanto, entende-se que este grau de formalização além de resguardar questões

legais, fiscais e tributárias, serve também como mecanismo de controle entre os parceiros

envolvidos.

Ao se abordar os tipos de alianças estratégicas constituídas entre as organizações estudadas,

apurou-se uma consonância entre os entrevistados ao identificarem que na composição da

parceria/aliança, normalmente é constituída uma nova empresa e que as empresas parceiras

mantiveram suas operações de maneira independente.

“Normalmente é constituída uma nova empresa... as SPE3 (Sociedade de

Participação Especificas) ou SCP4 (Sociedade de Contas de Participações)...

mais o que não impede de não vir a ser... o mais comum é que seja

constituída uma nova empresa, com uma finalidade muito específica para

este empreendimento e este propósito.” (Informação verbal, AAE1D1).

3 Sociedade de Propósito Específico ou SPE é uma instituição jurídica advinda do Direito americano, em que

uma empresa é criada com um intuito específico, findo o qual a empresa se extingue. No caso, a SPE é criada

para a realização de um conjunto de empreendimentos ou de um projeto ou empreendimento determinado. 4 Sociedade de Contas de Participações ou SCP é aquela formada por dois tipos de sócios: sócio ostensivo e

sócio oculto (ou participante), onde a atividade da sociedade é desenvolvida apenas pelo sócio ostensivo, em seu

nome e sob sua exclusiva responsabilidade, cabendo aos sócios ocultos a participação nos resultados

correspondentes.

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120

“... Hoje nós só fazemos a constituição de SPE’s. Achamos que

conseguimos trabalhar melhor com isso, por ser uma aliança uma parceria

nós conseguimos delimitar as responsabilidades melhor constituindo uma

SPE. No caso foi um estudo grande feito pela companhia, eu não posso

afirmar, mas acho que estudos tributários foram feitos para esta tomada desta

decisão, não só baseados nas alianças nas parcerias.” (Informação verbal,

AAE2D2).

“... Por ser uma empresa nova, é muito mais fácil até para as entidades

financeiras, nós conseguimos um melhor resultado, ele caminha de forma

mais rápida junto às instituições financeiras, quando nós temos um novo

CNPJ, uma nova empresa. Porque ai, por ser uma empresa nova, não se

corre o risco de ter um registro em cartório, nenhuma pendência financeira.

Por mais que estejamos em dia com todas as nossas obrigações, às vezes uma

nota fiscal que ficou esquecida dentro da gaveta dentro de uma obra e não

chegou a tempo. Então quero dizer quanto você constitui uma nova empresa

no começo é muito mais fácil de você conseguir todos os documentos,

conseguir caminhar com os projetos, com os registros é tudo mais fácil e até

conseguir os financiamentos junto às instituições financeiras.” (Informação

verbal, ABE1D2).

“Cada negócio é analisado de uma forma distinta, cada negócio, alguns

foram constituindo uma empresa para desenvolver e outros não.

Depende do negócio.” (Informação verbal, ABE2D2).

“No nosso caso, por exemplo, nós mantivemos as nossas operações

independentes. Mas, como nós estamos em outro estado foi necessário

abrir uma filial nossa lá, porque as despesas, o escritório está tudo no

nome da nossa empresa, então foi necessário que nós abrissemos uma

filial lá.” (Informação verbal, AGE1D2).

“São contratos de SPES (Sociedade de Propósito Especifico), então se

abre um CNPJ independente para aquele negócio, para aquele

empreendimento. Paralelo isso cada um mantêm suas atividades

independentemente e normais.” (Informação verbal, AGE2D1).

Neste ponto, torna-se importante ressaltar Barney e Hesterly (1996) que explicam quando

existe um vínculo cooperativo entre duas ou mais organizações, tendo como propósito

desenvolver, projetar, manufaturar, comercializar ou distribuir produtos e este vínculo é

caracterizado pela criação de uma nova empresa separada e desvinculada dos parceiros

denomina-se joint ventures.

Para Eiriz (2001, p. 74) “as joint ventures são alianças estratégicas do domínio financeiro

porque, tratando-se da constituição de uma nova entidade, envolvem, entre outros recursos, a

afetação de capital para a sua estrutura acionista. Contudo, o desenvolvimento deste tipo de

aliança é bastante comum para prosseguir objetivos comerciais ou de produção/técnicos”.

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Ao confrontar quais são os motivos que são levados, ou foram levados em consideração para

a escolha do tipo de parceria e do contrato a ser desenvolvido entre as empresas parceiras,

destacaram-se como principais propulsores as questões ligadas às atividades tributárias,

fiscais e legais para abertura dessa parceria.

“... Aspectos estratégicos relacionados ao negócio, a competitividade e

principalmente aos aspectos fiscais neste momento se, por exemplo, vai

ser um empreendimento afetado ou não afetado, isso também vai impactar na

competitividade do empreendimento. Podendo gerar melhores resultados para

os sócios, então a definição do tipo de sociedade passa pelo tipo de

expectativa dos parceiros e também por aspecto jurídico e fiscal.”

(Informação verbal, AAE1D1).

“... Vai depender da questão de registro, da localidade, das questões

tributárias, do regime de tributação. Isso tem que se considerado na hora

da escolha do tipo societário, devido à demora e burocracia e dificuldade

do registro.” (Informação verbal, AAE2D1).

“... São mais questões fiscais, tributárias e legais. Como temos atuação em

todo o Brasil vão existir lugares que são mais burocráticos para determinados

tipos de parceiras, que ai nós já vamos entrar em questões legais, mas

também existem questões tributárias, estás questões tributárias já te levam,

entrando mais especificamente nas parceiras deste subsetor, uma sociedade

SCP ou uma SPE ou o desenvolvimento até mesmo de um consórcio, vai

depender muito da situação de qual é o objetivo estratégico por trás daquela

parceria e qual é a localidade.” (Informação verbal, ABE1D1).

“Foi levando em consideração questões tributárias, fiscais e acho que até de

gestão também e localização.” (Informação verbal, ABE2D2).

“... Então, sem dúvida que para esta análise foram feitos alguns critérios,

algumas avaliações de certificações, enfim, talvez até fiscais também de

maneira que chegamos à conclusão de que a melhor opção seria esta SCP.

Mas, existem vários parceiros que são estas SPES”. (Informação verbal,

AGE1D1).

“... Eu acredito também que são levadas em considerações questões

financeiras, tributárias, algumas análises jurídicas que também podem

levar você optar por uma coisa ou outra. Esta análise fica na mão da

empresa ostensiva, ou seja, já vem formatado pelo parceiro qual o tipo de

sociedade que vamos utilizar.” (Informação verbal, AGE1D1).

Identificou-se que tais questões ligadas às atividades tributárias, fiscais e legais são levadas

em consideração principalmente para não retardar o processo de construção dos

empreendimentos, segundo os entrevistados dependendo da localização onde se pretende

desenvolver a parceira os entraves burocráticos podem atrasar o cronograma oficial da obra.

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Tal fato reafirma as observações de Lorange e Roos (1996) que não existe o melhor modelo

ou tipo específico de aliança estratégica, o importante é escolher a forma mais apropriada para

cada organização, sempre de acordo com suas condições e interesses.

Quando perguntados sobre quais são os tipos de recursos compartilhados entre as

organizações parceiras, constatou-se que as alocações de recursos são feitas suficientemente

para as operações de longo prazo e que referente à recuperação ou retenção do recurso

empregado os mesmo são conservados na parceria.

“É definitivo, vai até quando durar aquela parceria, ou no caso da SCP

somente quando durar aquela SCP ou SCPE, para aquela obra em si”

(Informação verbal, AAE1D2).

“O recursos fica na parceira até o momento da dissolução da mesma, o

intuito é sempre investimos mais...” (Informação verbal, AAE2D2).

“O compartilhamento destes recursos é total, talvez pela falta de

proximidade física, às vezes a parceria é feita em uma distância geográfica

mesmo, então pela falta de contato pessoal nos compartilhamos as

informações de uma maneira eficiente” (Informação verbal, ABE2D1).

Valendo-se do modelo de aliança estratégica proposto por Lorange e Roos (1996), é possível

identificar que tais evidências representam um caso de joint venture plena. Pois exigem que os

recursos sejam fornecidos pelas partes com maior liberdade, permitindo a adaptação para

novas eventualidades, sendo que os recursos gerados tendem a ser mantidos na aliança

estratégica, dando sustentação para mobilizações estratégicas futuras.

A respeito dos tipos de recursos compartilhados entre as empresas parceiras, identificou-se

que:

“A um compartilhamento de recursos financeiros, humano e outros”

(Informação verbal, AAE2D1).

“Compartilhamos recursos financeiros, conhecimentos, tudo é feito a

quatro mãos mesmo, em todos os aspectos desde aspecto financeiro até os

aspectos técnicos, tudo é conversado”. (Informação verbal, ABE2D1).

“Recursos financeiros (aportes necessários), humanos (cada parceiro

entra com sua estrutura física de certa forma, dedicando parte do tempo

para a parceira e a outra parte para suas atividades independentes que

continuam em paralelo)”. (Informação verbal, AGE2D1).

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Portanto, contatou-se que os principais recursos compartilhados no desenvolvimento das

parceiras são recursos: financeiros, humanos e técnicos. Na visão de Eiriz (2001), tais alianças

enquadram-se no tipo de aliança estratégica do domínio financeiro, onde o principal objetivo

é a integração de capital, as fusões e aquisições de organizações, e a formação de joint

ventures.

Ressalta-se, que estes recursos são aportados nas parcerias na proporção de cada uma das

empresas parceiras, ou seja, de acordo com o percentual definido no contrato da parceria. Este

contrato de parceria define as responsabilidades de cada um dos sócios, quem administra a

parceria, quem fica responsável pela obra e quem acompanha outros processos.

Ao apurar o tipo de aliança estratégica desenvolvida pelas organizações, à luz da teoria da

dependência de recursos (PFEFFER e SALANCIK, 1978; CARVALHO, 2010; JONES,

2010; LOPES, 2004; BALESTRIN e VERSCHOORE, 2008; PRADO e TAKAOKA, 2006),

confirmou-se que as mesmas têm como origem as interdependências competitivas existentes

entre organizações que competem no mesmo segmento de mercado por suprimentos escassos

e produções.

“... São do mesmo ramo de negócio... são concorrentes, mas não chegam a

oferecer nenhum risco à concorrência, haja vista os tamanhos destes

parceiros... se a nossa empresa tivesse como parceiro outra construtora do

porte dela, então talvez, esta estratégia deveria ser revista.” (Informação

verbal, AAE1D1).

“Os nossos parceiros são do mesmo ramo de nossa empresa, normalmente

são empresas do mesmo ramo de atuação da empresa em que trabalho. Eu

entendo que a concorrência pode ser direta ou indireta, existem os dois

cenários nas parcerias desenvolvidas pela minha empresa. Apesar de os

parceiros individualmente como empresa constituída, às vezes, terem foco

em outra classe em outro perfil de cliente.” (Informação verbal, AAE2D1).

“As empresas são do mesmo ramo de negócio. Agora referente a

concorrência isto vai depender de qual parceiro estamos falando. Vamos

ter empresas que o publico alvo, os nossos clientes são os mesmos, ou

seja, existe um nível de rivalidade muito grande dentro da parceria. Mas

também existem empresas parceiras que não, que nós estamos buscando

um novo segmento de mercado, ou seja, o público alvo daquele parceiro

é diferente do nosso público alvo.” (Informação verbal, ABE1D1).

“Nossas parcerias são desenvolvidas por empresas do mesmo ramo de

atividade. Referente à concorrência, as empresas atuam em segmento de

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mercados iguais e diferentes também, no nosso caso, por exemplo, nós não

somos concorrentes dos nossos parceiros. Trabalhamos com outros produtos

que o nosso parceiro não trabalha. Procuramos ser parceiro em um

determinando produto em outros cada um pode caminhar pelo seu caminho.”

(Informação verbal, ABE2D1).

“Mesmo ramo... somos concorrentes.” (Informação verbal, AGE1D1).

“Mesmo ramo de atividade. A concorrência é direta, eles participam do

mesmo nicho de mercados.” (Informação verbal, AGE2D1).

Por meio, dos depoimentos colhidos foi possível identificar que estas alianças enquadram-se

como alianças estratégicas horizontais, segundo Hitt, Ireland e Hoskisson (2008), sendo

aquelas estabelecidas entre organizações no mesmo nível da cadeia produtiva, ou seja, são

empresas do mesmo nicho de mercado.

Os autores ressaltam que as alianças horizontais são utilizadas para ganhar competitividade a

partir de uma oportunidade de mercado, combinando os ativos das empresas parceiras de

forma complementar, para criação e agregação de valor para o cliente final.

Na visão de Yoshino e Rangan (1996), as alianças estratégicas encontradas são caracterizadas

como alianças competitivas, pois possuem um alto grau de conflito potencial por se tratar de

organizações concorrentes e um alto grau de extensão da interação organizacional.

Conclui-se, portanto, que na categoria de análise 3: estruturação e design das alianças foi

possível averiguar que: existe um alto grau de formalização entre as alianças estudadas

devidas ao desejo ou à necessidade de controle das empresas envolvidas; o principal tipo

societário adotado pelas parcerias são as joint ventures; a escolha do tipo de parceria e do

contrato é influenciada principalmente por questões ligadas às atividades tributárias, fiscais e

legais da constituição da parceira; os principais recursos compartilhados entre as parceiras

são: financeiros, humanos e técnicos e; por fim, tais alianças, segundo a teoria enquadram-se

como alianças estratégicas horizontais competitivas.

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6.4. CATEGORIA DE ANÁLISE 4: GESTÃO DAS ALIANÇAS ESTRATÉGICAS

A última categoria de análise desta pesquisa trata sobre o processo de gestão das alianças

estratégicas. Nesta etapa do trabalho foram levantadas questões ligadas à divisão do trabalho,

equipe específica para a gestão e acompanhamento do desenvolvimento da parceira,

mecanismo de comunicação e informação entre os parceiros, posição das empresas nas

alianças e gestão de conflitos.

Procurou-se ainda, demonstrar quais foram as principais dificuldades tangíveis e intangíveis

encontradas pelas empresas no desenvolvimento da parceria, além de quais foram os fatores

que facilitaram ou que facilitam o alcance dos objetivos propostos. Buscou-se ainda, levantar

quais são os principais indicadores criados para acompanhar o desenvolvimento das alianças

nas organizações pesquisadas.

Portanto iniciaram-se as análises, buscando esclarecer quais modelos de gestão de alianças

estratégicas, à luz da teoria, são utilizadas pelas empresas pesquisadas (LYNCH, 1994;

BALESTRIN e VERSCHOORE, 2008; MAZZALI e COSTA, 1997; MARQUEZ, 2003).

Averiguou-se que os principais modelos de gestão adotados pelas organizações estudadas

foram o modelo de gestão a partir de uma empresa líder, conforme depoimentos abaixo:

“O controle não é compartilhado é somente de uma empresa, a outra

empresa somente entra no aporte de recursos financeiros.” (Informação

verbal, AAE1D1).

“Na grande maioria o controle fica por conta da nossa companhia. Na

grande maioria das alianças, das parcerias somos os principais

responsáveis financeiros e contábeis, a responsabilidade é toda da nossa

companhia, ficando na grande maioria das vezes o parceiro responsável

pela construção do empreendimento. Então assim, a responsabilidade é

compartilhada, mas a nossa companhia com nossas responsabilidades,

nossas atribuições e eles com as responsabilidades deles, sendo que numa

mesma área não existe a responsabilidade compartilhada.” (Informação

verbal, AAE2D2).

“Existem alguns empreendimentos onde nós somos os parceiros

ostensivos, onde comandamos os empreendimentos e os gerenciamos e

têm outros que nós participamos. Como falando anteriormente, como nos

buscamos outro segmento de mercado, também somos buscados para formar

parcerias, ai não podemos fechar as portas, outras empresas nos procuram

também para desenvolver alianças, ai nós procuramos estudar estas propostas

e se possível desenvolver estas alianças.” (Informação verbal, ABE1D1).

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“Uma das duas empresas... precisam assumir estas funções até mesmo

por questões legais, porque as duas não podem fazer. Então, isto fica

como responsabilidade de uma das duas empresas.” (Informação verbal,

ABE2D2).

Neste modelo, Balestrin e Verschoore (2008) explicam que uma das empresas parceiras na

aliança assume todas as funções, custos, formação e gestão da aliança, gerindo as operações

complementares das organizações parceiras para que as metas e objetivos definidos na

constituição da parceira sejam atingidos.

Convergente ao tema anterior buscou-se identificar quais são os papéis de cada empresa

dentro da parceira. Constatou-se que este papel é definido em contrato, sendo que cada

empresa atua de uma forma diferente dentro da parceria. A empresa ostensiva cabe a

responsabilidade de geri os recursos, administrarem a operacionalização do processo. Quando

a empresa não é ostensiva (parceira oculta), a responsabilidade dela passa a ser mais

financeira, mas não fugindo de todas as responsabilidades civis, fiscais e tributárias.

“... Depende do tipo de parceria que foi firmado. À empresa ostensiva

cabe a responsabilidade de gerir os recursos, administrar a

operacionalização do processo, enfim fazer acontecer. Quando a empresa

não é ostensiva, ou seja, a responsabilidade dela passa a ser mais

exclusivamente somente financeira, claro não fugindo de todas as

responsabilidades civis e etc., mas muito mais financeira do que de gerir

estes recursos de participar atividade da promoção deste

empreendimento.” (Informação verbal, AAE1D1).

“O papel é definido em contrato e isso depende de cada empreendimento

e do percentual de cada parceiro que está entrando naquele negócio....

existe dentro destes contratos, quem controla a obra, quem é responsável

por gerir administrativamente e financeiramente o empreendimento.

Mas, rotineiramente a divisão é feita da parte de quem cuida

especificamente da obra e da parte de quem cuida da parte da

administração do empreendimento daquela parceria.” (Informação

verbal, AAE2D1).

“Vai depender muito de qual aliança estamos falando. Dentro das parceiras

vai existir uma figura que chamamos de parceiro ostensivo e outra

chamada de parceiro oculto. O parceiro ostensivo dentro desta parceira,

ele é que comanda o empreendimento, seja administrativamente ou

financeiramente, fiscalmente, legalmente e que também faz a parte da

construção, agora vai ter outras alianças que o parceiro oculto, mesmo

por força de contrato quem responde é o parceiro ostensivo é ele que

acaba ficando responsável pela produção, pela parte da obra, da

construção e isso vai depender muito.” (Informação verbal, ABE1D1).

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“Existe uma separação bem definida de responsabilidade, e ela é feita no

contrato de cada negócio. Cada negócio tem a sua definição de

responsabilidade para cada empresa. Neste contrato fica determinado

quem vai comandar o empreendimento.” (Informação verbal, ABE2D2).

“Tem o sócio ostensivo que responde propriamente dito pela parceria e

temos nós que somos aquilo que eles chamam de sócio oculto. Somos

responsáveis por tocar a obra, que esta lá no campo mesmo, tocando e

cuidando de tudo, resolvendo todos os problemas da obra.” (Informação

verbal, AGE1D2).

“... No nosso formato de parceria um parceiro é responsável por captar o

terreno, incorporar e vender, a outra empresa é responsável pela parte

de produção, pela obra.” (Informação verbal, AGE2D1).

Questionados sobre a existência de um setor específico para cuidar dos principais assuntos

ligados a formação, implementação e execução das alianças estratégicas desenvolvidas por

suas empresas, constatou-se que conforme sugerido pela teoria, este departamento existe nas

empresas pesquisadas (YOSHINO e RANGAN, 1996; LYNCH, 1994; HARBISON e

PEKAR JR., 1999).

“Para cuidar das parcerias existe... um departamento, primeiro é firmado

uma aliança estratégica que é muito mais no nível de diretoria e depois aquilo

que é contratado entre os parceiros, existe um setor de parceria

especificamente para cuidar dos interesses destas partes, fazer com que

isso definitivamente ocorra.” (Informação verbal, AAE1D1).

“Existe sim, existe um departamento próprio para cuidar destas

parcerias. Ele é um departamento bastante atuante, ele é composto se

podemos dizer assim, por consultores especialistas nestas parcerias, há

uma divisão por responsáveis de cada parceria que a empresa

desenvolve.” (Informação verbal, AAE2D1).

“Existe sim, temos um departamento especifico para cuidar deste

relacionamento, este departamento é denominado parcerias aqui dentro

da empresa e ele é responsável por cuidar especificamente deste

relacionamento e do contato direto entre os parceiros.” (Informação

verbal, ABE1D1).

“Este departamento é muito de relacionamento, ele vai cuidar, existe este

departamento e ele é mais considerado de relacionamento, porque ele vai

tratar do contato do parceiro com a empresa e da empresa com o

parceiro. Então é realmente um canal onde estaremos interagindo com

as áreas da empresa e os parceiros.” (Informação verbal, ABE2D2).

“Existe um departamento específico para cuidar deste relacionamento.”

(Informação verbal, AGE1D1).

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“Sim, temos um departamento dentro da empresa com funcionários

específicos para tratarem desta parceria, tanto da parte financeira

quanto da parte burocrática...” (Informação verbal, AGE2D1).

Identificou-se que este departamento serve como contato direto entre os parceiros e que cada

departamento considerado estratégico dentro das empresas, por exemplo, contabilidade,

financeiro e tesouraria, têm sua parte voltada exclusivamente, para atender as questões ligadas

ao desenvolvimento da parceira. Na visão dos entrevistados, isso facilita o contato entre as

empresas parceiras, fazendo com que, caso haja alguma dúvida, as empresas parceiras

consigam de uma maneira mais fácil e rápida e com a melhor qualidade possível sanar este

problema.

Ao averiguar como é o fluxo de informações entre as empresas parceiras, apurou-se que é um

fluxo livre e direto (YOSHINO e RANGAN, 1996; HARBISON e PEKAR JR., 1999), tendo

as empresas parceiras livre acesso umas às outras. Além desta abertura, segundo os

entrevistados mensalmente são disponibilizados na intranet das empresas diversos relatórios

com todas as informações de engenharia, financeira, contábil e fiscal.

“... Visualizo como um fluxo de informação estreito, íntimo mesmo.

Temos vários canais de comunicação, temos um nível satisfatório de

atendimento e solução de problemas, sendo assim entendo que é um

ponto tranquilo no processo.” (Informação verbal, AAE2D1).

“No dia-a-dia, naturalmente o fluxo de informações vem de uma maneira

muito natural. Não se tem forçação são de barra de nenhuma das partes,

para nós chegarmos a um produto final oriundo desta parceria, tem que ter a

troca de informações. Então não conseguimos chegar ao final.” (Informação

verbal, ABE2D1).

“... Este fluxo de informação é diretamente com o setor de parcerias, eles

disponibilizam todas as informações que os parceiros pedem, e o parceiro

também tem livre acesso a nós, como nós também temos livre acesso a

eles. Eles possuem livres acessos a nossa diretoria, as nossas áreas que estão

envolvidas dentro do processo da parceria.” (Informação verbal, ABE1D1).

“Sim, normalmente estas informações entre os parceiros são

compartilhadas, que sejam informações financeiras ou qualquer outro

tipo de informação. No caso da nossa empresa quando ela é ostensiva, ela

torna disponível relatório, até mesmo diários de aporte mensais,

resultados. Então ela oferece ao parceiro todas as informações acerca

daquele empreendimento.” (Informação verbal, AAE1D1).

“Temos relatórios mensais que disponibilizamos, com todas as

informações de engenharia, financeira, contábil e temos uma intranet

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onde publicamos isto mensalmente. Para os parceiros que estão

responsáveis pela parte financeira ou de engenharia, produção nós pedimos

que eles também nos repassassem informações mensalmente, para que

possamos acompanhar.” (Informação verbal, AGE2D1).

Com o intuito de avaliar o processo de decisão nas alianças, levantou-se como é estruturado o

processo de tomada de decisões que envolvem as alianças estudadas. Neste sentido foi

possível constatar que as principais decisões que envolvem a parceria são tomadas em

colegiado entre as empresas parceiras, sempre para atingir o objetivo final da aliança

estratégica firmada.

“... As decisões são compartilhadas, as decisões são tomadas por ambas

as partes. É consultado, não se toma uma posição sem que se consulte o

parceiro antes, sem que ele fique sabendo.” (Informação verbal, AAE1D2).

“Nós sempre procuramos desenvolver estas alianças com as tomadas de

decisões destas alianças compartilhadas, nós sempre estamos buscando

consultar o parceiro por até mesmo ele ter uma expertise do mercado alvo,

agora existem algumas decisões que podem ocorrer de forma individual,

devido à urgência do momento, o que chamamos de apagar incêndio.”

(Informação verbal, ABE1D1).

“Grande parte das decisões é compartilhada entre as diretorias, parte

nós temos autonomia para decidir, mas normalmente é assim definido.”

(Informação verbal, AGE1D1).

Ao mensurar se as empresas parceiras criaram indicadores para o acompanhamento do

desenvolvimento da parceria firmada (YOSHINO e RANGAN, 1996; LORANGE e ROOS,

1996; LYNCH, 1994), verificou-se que conforme se recomenda a teoria, elas criaram

indicadores para o acompanhamento das alianças desenvolvidas por suas empresas.

“... Não saberia descrever todos os indicadores, mas certamente eles são

acompanhados todos os indicadores. Existe lá o POC (Percentual de Obra

Concluída) da evolução da obra e junto a ele todos aqueles indicadores lá

inerentes a própria contabilidade, tal como EBTIDA e tanto outros

indicadores ai financeiros.” (Informação verbal, AAE1D1).

“... Temos indicadores dos dois lados que controlam, eles são divulgados...

por meio de um portal dedicado e esses indicadores são acompanhados pelas

partes envolvidas na parceria. Temos indicadores financeiros, que

demonstram a gestão do caixa dos empreendimentos, temos indicadores

referentes aos investimentos e também temos a posição dos

financiamentos, das vendas, de todas as fases importantes do

empreendimento”. (Informação verbal, AAE1D1).

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“Sim temos, inclusive é o departamento de parceiras que é responsável por

estarem divulgando estes relatórios, mas de forma geral eu posso estar te

falando que utilizamos indicadores financeiros, como o POC (Percentual

Obra Concluído), tem um relatório de evolução de obra, temos o

EBTIDA, temos também o relatório de acompanhamento de custo da

evolução da obra, existem alguns acompanhamentos que são feitos

dentro da parceria que é a questão de relatório de aporte, que é o que

cada parceiro esta aportando e para o que esta sendo destinado aquele

recurso, tem relatórios de distribuição, relatório de fornecedores a pagar

e por ai vai.” (Informação verbal, ABE1D1).

“Temos alguns indicadores. Estes indicadores são financeiros, de retorno e

rentabilidade deste empreendimento. Então, o principal indicador é o

indicador financeiro é o resultado final desta parceria, se ela foi boa ou

se ela foi ruim. Se ela foi boa nos continuamos, agora se ela foi ruim nós

temos que arrumar para continuar nesta parceria.” (Informação verbal,

ABE2D1).

Constatou-se que os principais indicadores estão relacionados à área de produção: índice de

produtividade, número de funcionários por produção física da obra no mês, custo direto,

orçado, projetado e incorrido, a velocidade da produção x o prazo de entrega para o cliente do

empreendimento. Acompanhamentos ligados também, à velocidade de vendas, a velocidade

de desligamento do cliente junto à instituição financeira com a assinatura e registro deste

contrato.

Ressalta-se que existem outros acompanhamentos realizados também, ligados a indicadores

financeiros, que demonstram a gestão do caixa dos empreendimentos, indicadores referentes

aos investimentos e também a posição dos financiamentos, das vendas e de todas as fases

importantes dos empreendimentos.

Ao abordar os principais fatores que facilitam ou facilitaram o alcance dos objetivos

propostos pelas parcerias, foi possível identificar na visão dos entrevistados que os principais

fatores foram: contato próximo entre as partes; a estratégia de escolha do parceiro;

acompanhamento constante dos resultados; a sinergia existente entre as empresas; o

alinhamento dos objetivos, a abertura que cada empresa dá; a oportunidade de ganho dentro

daquela parceria e; a reciprocidade.

“... Posso citar o contato entre as partes, o contato diário, os contatos

próximos, as reuniões. Sempre procuramos fazer uma reunião quando se

finaliza uma obra com o parceiro para mostrar toda a evolução daquela

obra, se todos os objetivos foram alcançados, se houve alguma coisa que

tem que ser melhorada. Identificar aquilo que deu certo para aplicar em

novas gestões, nas futuras parcerias. Então este contato, essas

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demonstrações, os próprios resultados como são mostrados.” (Informação

verbal, AAE1D2).

“... O planejamento, a estratégia que adotamos para escolher o parceiro

e por ultimo o acompanhamento dos resultados, se isso está sendo

suficiente para alcançar os objetivos que propusemos inicialmente.”

(Informação verbal, AAE2D1).

“Acho que de fato esta sinergia, que é gerada inicialmente... até mesmo pela

compatibilidade cultural que existe entre as empresas, o alinhamento dos

objetivos, acho que a abertura que cada empresa dá também. Acho que as

duas empresas vislumbram a oportunidade de ganho dentro daquela

parceria, e elas acabam se doando mesmo para que aquilo dê certo, tanto

que aqui na nossa empresa nós vemos estas reciprocidades e eu acho que

isto é uma tendência de mercado.” (Informação verbal, ABE1D1).

“Acho que o principal é o bom convívio entre as pessoas envolvidas no

processo, o respeito e realmente o interesse da ajuda mútua este é o

principal. Realmente estamos executando um produto a quatro mãos. Se

não for assim, não adianta.” (Informação verbal, ABE2D1).

Ao levantar as principais dificuldades tangíveis e intangíveis percebidas pelos entrevistados,

constatou-se que a compatibilidade cultural entre as empresas parceiras (YOSHINO e

RANGAN, 1996; LYNCH, 1994; HARBISON e PEKAR JR., 1999; BALESTRIN e

VERSCHOORE, 2008; MAZZALI e COSTA, 1997; MARQUEZ, 2003) foi o principal

obstáculo identificado pelos entrevistados no desenvolvimento e operação das alianças

estratégicas estudadas.

“Um choque mais evidente que a gente percebe é a questão da cultura, as

organizações têm culturas diferentes. Normalmente é questão de cultura,

cada organização tem sua vida própria e independente e com outras empresas

constituídas no mercado... tem questões financeiras também, é como eu disse

no principio da entrevista... é um setor que consome muito volume de

recursos e que tem um ciclo operacional muito grande. Então isso também

em outro momento acaba onerando as organizações dos dois lados, então são

as dificuldades que percebo mais.” (Informação verbal, AAE1D1).

“... As principais dificuldades que temos hoje são com relação a custo. Como

falei anteriormente, temos culturas diferentes, então nossa companhia é

uma companhia que preza a redução de custos ao máximo, então fazemos as

compras com os melhores fornecedores, somos extremamente exigentes

enquanto à escolha destes fornecedores, procuramos sempre nos resguardar,

resguardar nosso cliente. Então a escolha deste fornecedor... com um baixo

custo para os nossos empreendimentos, nem sempre vai de acordo com a

forma com que o parceiro tem como cultura. Nossas ações de marketing

também, às vezes eles não concordam com as ações de marketing que são

feitas...” (Informação verbal, AAE2D2).

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“Acho até difícil falar destas dificuldades porque hoje não temos, mas no

começo sim tivemos dificuldades, mas hoje eu não vejo mesmo nenhuma

dificuldade... há algum tempo atrás como estávamos no início tivemos alguns

problemas com a compatibilidade cultural, mas que já resolvemos. Para

isso hoje fazemos uma análise prévia da cultura da empresa que está

querendo ou nós estamos querendo desenvolver uma parceria, nós

verificamos também as questões dos objetivos, qual o objetivo desta empresa

e se o mesmo está alinhado com nossa empresa.” (Informação verbal,

ABE1D1).

Por fim, a pesquisa investigou sobre o processo de gestão de conflito nas alianças estudadas

(LYNCH, 1994; HARBISON e PEKAR JR., 1999; YOSHINO e RANGAN, 1996;

BALESTRIN e VERSCHOORE, 2008; MARQUEZ, 2003). Averiguou-se que o principal

mecanismo de solução de conflito utilizado pelas empresas parceiras são as reuniões mensais

realizadas pelas diretorias, onde é feito a alinhamento sobre o desenvolvimento da parceira.

“Procuramos sentar, fazer uma reunião dependendo do nível deste conflito,

se este conflito for muito grande a gente vai procurar sentar fazer uma

reunião alinhar os pontos, buscando a melhor resolução, a mais assertiva

para ambas as partes. Então a gente sempre procura que ambas as partes

saíam ganhando dentro da resolução de conflitos e de problemas futuros

para que isso não venha acontecer, a gente procura avaliar quando acontece

e chegar um ponto para que aquilo não volte mais a acontecer lá dentro da

parceria.” (Informação verbal, AAE1D2).

“Realmente isso pode acontecer, podem existir conflitos. Agora as soluções,

procuramos encontrá-las naquelas reuniões como citei anteriormente.

Nos resolvemos estes conflitos nestas reuniões de alinhamento, para

colocarmos tudo no lugar, tudo de uma forma transparente e sem perder

o foco na parceria que é a cooperação, com vista a permitir o

crescimento dos dois, das duas empresas partes um crescimento mútuo.”

(Informação verbal, AAE2D1).

Tais evidências deixam clara a importância da função da alta administração (YOSHINO e

RANGAN, 1996) no desenvolvimento da aliança estratégica. Além ainda, de demonstrar a

relevância da função do gerente, segundo Lewis (1992) os gerentes das alianças estratégicas

devem possuir certas aptidões técnicas e comportamentais para que consigam desempenhar

com excelência suas funções, são elas: Habilidade de negociação, flexibilidade, humildade,

aceitação de riscos, perícia para reparos, integridade, sensibilidade, paciência e curiosidade.

“Conversando, negociando, fazendo, demonstrando eu acredito que

sempre conversando e negociando é a melhor forma de se chegar. A

engenharia tem um departamento que se chama controle, eles atuam

constantemente, nós temos diretores regionais que estão na obra

constantemente. A estrutura da engenharia é muito boa porque nós

temos diversos engenheiros acompanhando tudo muito de perto, como eu

disse anteriormente até o próprio presidente da empresa, diretores executivos

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estão com o pé na obra, vendo o que esta acontecendo, acompanhado os

números então é um diferencial.” (Informação verbal, ABE1D2).

“... O conflito é resolvido conversado, chegando a um entendimento.

Acho que esta é a única forma.” (Informação verbal, ABE2D1).

Conclui-se, portanto, que na categoria de análise 4: gestão das alianças estratégicas foi

possível constatar que: o principal modelo de gestão adotado pelas organizações estudadas foi

o modelo de gestão a partir de uma empresa líder; cada empresa parceira possui um papel

definido e limitado em contrato; cada empresa possui um departamento especifico para cuidar

dos assuntos relativos à parceria; o fluxo de informações entre as empresas são feitos de

forma livre e direta; o processo de decisão nas alianças estratégicas são tomadas em

colegiados; os principais indicadores criados para acompanhamento da parceiras são os

ligados ao financeiro e produção; o principal dificultador identificado pelos entrevistados para

o desenvolvimento da parceira foi a compatibilidade cultural e; a alta administração e o

gerente da aliança desempenham papeis fundamentais no processo de gestão de conflito das

alianças estudadas.

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7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A presente dissertação de mestrado se propôs a discorrer sobre a seguinte problemática de

pesquisa: “Como e porque ocorre a formação e a gestão de alianças estratégicas

horizontais entre organizações do ramo da construção civil do subsetor de edificações do

município de Belo Horizonte – Minas Gerais?”.

Com objetivo de aprofundar nesta questão, procurou-se atingir o seguinte objetivo geral:

“descrever o processo de formação e gestão de alianças estratégicas horizontais entre

organizações do ramo da construção civil do subsetor de edificações do município de

Belo Horizonte, Minas Gerais”. Cabe salientar que o volume e a riqueza das descobertas

levantadas no esforço de responder a problemática desta pesquisa excederam as expectativas

do pesquisador.

Porém, observa-se que o presente trabalho não teve a pretensão e nem o intuito de

disponibilizar resultados que possam ser generalizadas para outras organizações que possuam

ou não as estratégias de alianças. Referente ao alcance dos objetivos específicos propostos

para o desenvolvimento desta pesquisa cabe destacar:

- Verificar quais são os fatores motivadores da constituição de alianças estratégicas

horizontais no subsetor de edificações.

No decorrer das entrevistas, destacaram-se como principais propulsores para a utilização de

alianças estratégica nas organizações estudadas:

‒ O aumento da competitividade;

‒ O aproveitamento do know-how e da estrutura física;

‒ A possibilidade de expansão geográfica;

‒ Acesso a outros segmentos de mercados;

‒ O conhecimento prévio da cultura local (Obtenção e compartilhamento de

conhecimento);

‒ A geração de economia de escala/escopo;

‒ O compartilhamento dos riscos;

‒ A realização de propaganda/publicidade conjunta e;

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‒ Acesso a recursos escassos e estratégicos.

- Descrever como ocorre a análise e a seleção dos parceiros para a formação de alianças

estratégicas horizontais no subsetor de edificações.

Verificou-se que nas alianças estratégicas do subsetor de edificações aqui estudadas, foram ou

são levados em consideração na escolha se formaram principalmente por meio das redes

sociais dos principais executivos das organizações envolvidas (LOPES, 2004), por

considerarem que a confiança é um das principais qualidades que o parceiro precisaria ter.

No desenvolvimento da pesquisa, destacaram-se como principais atributos que foram ou são

levados em consideração no processo de seleção e escolha dos parceiros para a formação de

alianças estratégicas horizontais no subsetor de edificações:

‒ A reputação do parceiro;

‒ Oportunidade de geração de economia de escala/escopo;

‒ Acesso a novos segmentos;

‒ Tecnologia que o parceiro detém;

‒ Possibilidade de acesso a novos mercados;

‒ Condição financeira;

‒ Capacidade em obter e compartilhar conhecimento;

‒ Oportunidade de promover barreira à concorrência;

‒ Acesso a insumos de produção escassos e estratégicos;

‒ Compatibilidade cultural e;

‒ A combinação de recursos e competências diferenciadas.

Constatou-se, também, que as organizações que compõem a amostra desta pesquisa

convergiram os principais objetivos das alianças sobre a perspectiva de cada um das empresas

envolvidas, pois compreender as necessidades de cada parceiro ajuda a concretizar um

relacionamento de confiança e a iniciar a negociação em base sólida.

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- Identificar quais são os tipos de alianças estratégicas horizontais que vem sendo

constituídas pelas empresas do setor de edificações.

Por meio, dos depoimentos colhidos buscou-se identificar quais são os tipos de alianças

estratégicas que vem sendo ou foram constituídas pelas organizações do setor de edificações.

Assim, averiguou-se que:

‒ Existe um alto grau de formalização entre as alianças estudadas, devido o desejo ou a

necessidade de controle das empresas envolvidas;

‒ O principal tipo societário adotado pelas parcerias são as joint ventures;

‒ A escolha do tipo de parceria e do contrato é influenciada principalmente por questões

ligadas às atividades tributárias, fiscais e legais da constituição da parceira;

‒ Os principais recursos compartilhados entre as parceiras são: financeiros, humanos e

técnicos e;

‒ Por fim, tais alianças, segundo a teoria enquadram-se como alianças estratégicas

horizontais competitivas.

- Descrever como ocorre o processo de gestão das alianças estratégicas horizontais

constituídas pelas empresas do setor de edificações.

Por fim, a pesquisa investigou sobre o processo de gestão das alianças estratégicas horizontais

constituídas pelas empresas do setor de edificações, assim foi possível constatar na pesquisa

de campo que:

‒ O principal modelo de gestão adotado pelas organizações estudadas foi o modelo de

gestão a partir de uma empresa líder;

‒ Cada empresa parceira possui um papel definido e limitado em contrato (Parceiro

Ostensivo e Oculto);

‒ Cada empresa possui um departamento especifico para cuidar dos assuntos relativos à

parceria;

‒ O fluxo de informações entre as empresas são feitos de forma livre e direta;

‒ Os processos de decisões que envolvem as alianças estratégicas são tomados em forma

de colegiado;

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‒ Os principais indicadores criados para acompanhamento das parceiras são os ligados

ao financeiro e produção;

‒ Os principais fatores que facilitaram o desenvolvimento da parceira foram: contato

próximo entre as partes; a estratégia de escolha do parceiro; acompanhamento

constante dos resultados; a sinergia existente entre as empresas; o alinhamento dos

objetivos, a abertura de cada empresa; a oportunidade de ganho dentro daquela

parceria e a reciprocidade.

‒ O principal dificultador identificado pelos entrevistados para o desenvolvimento da

parceira foi à compatibilidade cultural e;

‒ A alta administração e o gerente da aliança desempenham papeis fundamentais no

processo de gestão de conflito das alianças estudadas.

7.1. LIMITAÇÕES DOS PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Os procedimentos metodológicos aplicados nesta pesquisa, embora se tenha buscado todo

rigor técnico e acadêmico nas análises e procedimentos utilizado e os mesmos tenham

apresentado grande aderência aos objetivos propostos, apresentaram algumas limitações

conforme descrito abaixo:

Tipo de abordagem: Segundo Stake (2011, p. 39), uma das principais limitações da

abordagem qualitativa consiste no fato do que “os pesquisadores qualitativos têm uma

preocupação respeitosa em relação à validação das observações; temos rotinas de

“triangulação” [...] que têm objetivos parecidos com aquelas dos campos quantitativos, mas

não temos regras de procedimentos que testam rigorosamente equívocos subjetivos”.

Abordagem temporal da pesquisa: O corte transversal pode ocasionar algumas limitações

nos estudos qualitativos, pois como explica Stake (2011, p. 40), “os fenômenos que são

estudados pelos pesquisadores qualitativos geralmente são longos, casuais e envolventes.

Normalmente demora muito tempo até se entender o que está acontecendo, como tudo

funciona”.

Método de investigação: O estudo de caso, como alerta Gil (1999), possui limitações no que

tange a impossibilidade de generalização, pois os resultados apurados podem não ser comuns

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a outros casos e situações. No entanto, como aplicação, é possível que o estudo de

determinado contexto específico possa servir de subsídio para outros trabalhos no campo real

dos negócios.

A técnica de coleta de dados: Conforme orienta Melo (2007, p. 42), a técnica de coleta de

dados fundamentada na entrevista semiestruturada possui a possibilidade de um viés subjetivo

muito forte, “[...], pois ela pode refletir apenas a percepção dos entrevistados sobre o tema.

Essa percepção pode ter vieses devido a crenças pessoais dos entrevistados ou por esses não

enxergarem alguns aspectos ou até por esquecimento”.

Aponta-se também como limitação o fato de o pesquisador fazer parte do quadro de

colaboradores de uma das organizações estudadas, sendo que tal situação pode ter provocado

nos entrevistados certo desconforto. Pois eles podem ou não ter ficado totalmente à vontade

para responderem tudo o que pensam, acham e sabem sobre algum fato relatado durante a

entrevista.

7.2. SUGESTÕES PARA ESTUDOS FUTUROS

O presente estudo sobre a formação e gestão de alianças estratégicas, por sua origem

abrangente e complexa, condicionou a investigação a determinadas limitações no aspecto dos

objetos analisados. Além das barreiras citadas anteriormente, ressalta-se a dificuldade de obter

autorização e ter acesso a um número maior de organizações/pessoas que possuam este tipo

de modelo para a realização de entrevista e aplicação de questionário.

Destacam-se também eventuais limitações decorrentes no desenvolvimento deste estudo,

devido ao restrito universo que se utilizou como pesquisa, observando então a necessidade de

maiores investigações e aplicações de questionários e entrevistas para maiores

aprofundamento sobre a eficiência e eficácia dessa estratégia.

Observando nesta ótica, é necessário que outros estudos sejam realizados, assim colabora-se

para o aprimoramento deste tema com possíveis sugestões para desenvolvimento de estudos

futuros sobre os seguintes aspectos das alianças estratégicas:

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‒ O Sistema de Informações Gerenciais nas alianças estratégicas, as principais barreiras

e meios de comunicações;

‒ As alianças estratégicas como uma rede empresarial, possibilitando o desenvolvimento

de novas parcerias alinhado à estratégia organizacional;

‒ A aliança estratégica no âmbito da Administração Publica;

‒ A aliança estratégica como um modelo de gestão estratégico integrado.

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APÊNDICE A – Carta de solicitação para realização de pesquisa científica

CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO CONTINUADA E PESQUISA

MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO

CARTA DE SOLICITAÇÃO PARA REALIZAÇÃO DE PESQUISA CIENTÍFICA

Prezado (a) Senhor (a):

Venho, respeitosamente, solicitar a autorização para desenvolver o projeto de Pesquisa

intitulado: “Formação e gestão de alianças estratégicas: um estudo multicasos no setor de

construção civil” tendo como pesquisador o mestrando “Fábio da Silva Viana” sob

orientação do Prof. Dr. Gustavo Quiroga Souki.

Ressaltamos que as informações repassadas serão utilizadas para fins estritamente

acadêmicos, sendo que os mesmos serão tratados de forma confidencial e que os nomes das

organizações participantes serão resguardados.

O escopo desta pesquisa consiste em descrever o processo de formação e gestão de alianças

estratégicas horizontais entre organizações subsetor de edificações em Belo Horizonte, sendo

que para tal procura-se: (i) verificar quais são os fatores motivadores da constituição de

alianças estratégicas horizontais no subsetor de edificações; (ii) descrever como ocorre a

análise e a seleção dos parceiros para a formação de alianças estratégicas horizontais no

subsetor de edificações; (iii) identificar quais são os tipos de alianças estratégicas horizontais

que vem sendo constituídas pelas empresas do setor de edificações e; (iv) descrever como

ocorre o processo de gestão das alianças estratégicas horizontais constituídas pelas empresas

do setor de edificações.

Para viabilizar a presente pesquisa vamos realizar entrevistas presenciais nas organizações

participantes. As entrevistas serão gravadas digitalmente para que sejam posteriormente

transcritas. O conteúdo e o roteiro destas entrevistas são compostos por assuntos e questões

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exclusivamente ligados ao escopo desta pesquisa, não sendo de interesse quaisquer outros

assuntos relacionados a outras áreas, setores, práticas ou conhecimentos das organizações

participantes.

Contamos com a sua compreensão e desde já agradecemos a contribuição.

Colocamo-nos à disposição para quaisquer esclarecimentos.

Atenciosamente,

Prof. Gustavo Souki

Doutor em Administração (Orientador)

Fone: (31) 9205-1565 – (31) 3344-4051 – [email protected]

Fábio Viana

Mestrando em Administração (Orientando)

Fone: (31) 9166-3656 – (31) 3614-6892 – [email protected]

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APÊNDICE B – Carta de autorização para realização de pesquisa científica: Empresas

concedentes

CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO CONTINUADA E PESQUISA

MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO

CARTA DE AUTORIZAÇÃO PARA REALIZAÇÃO DE PESQUISA CIENTÍFICA –

EMPRESA CONCEDENTES

Eu _____________________________________, __________________________________,

declaro ter ciência e autorizo a realização da Pesquisa intitulada: “Formação e gestão de

alianças estratégicas: um estudo multicasos no setor de construção civil” tendo como

pesquisador o mestrando “Fábio da Silva Viana” sob orientação do Prof. Dr. Gustavo

Quiroga Souki, nesta organização concedente.

Para isto, serão realizadas entrevistas na sede desta empresa concedente no (s) dia (s)

_______________________________________________, e autorizamos que as mesmas

sejam gravadas digitalmente e posteriormente transcritas.

Belo Horizonte, _____ de __________ de 20____.

_______________________________________

(nome completo do responsável e cargo ocupado no local onde a pesquisa será realizada)

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APÊNDICE C – Carta de apresentação para realização de pesquisa científica: Entrevistados

CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO CONTINUADA E PESQUISA

MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO

CARTA DE APRESENTAÇÃO PARA REALIZAÇÃO DE PESQUISA CIENTÍFICA –

ENTREVISTADO (A)

Prezado (a) Senhor (a):

Você está participando de uma pesquisa acadêmica do curso Mestrado Profissional em

Administração do Centro Universitário UNA.

O escopo desta pesquisa consiste em descrever o processo de formação e gestão de alianças

estratégicas horizontais entre organizações subsetor de edificações em Belo Horizonte, sendo

que para tal procura-se: (i) verificar quais são os fatores motivadores da constituição de

alianças estratégicas horizontais no subsetor de edificações; (ii) descrever como ocorre a

análise e a seleção dos parceiros para a formação de alianças estratégicas horizontais no

subsetor de edificações; (iii) identificar quais são os tipos de alianças estratégicas horizontais

que vem sendo constituídas pelas empresas do setor de edificações e; (iv) descrever como

ocorre o processo de gestão das alianças estratégicas horizontais constituídas pelas empresas

do setor de edificações.

Ressaltamos que a concessão desta entrevista foi previamente autorizada pela administração

da empresa em que você trabalha. Todas as informações repassadas serão utilizadas somente

para fins acadêmicos e serão tratadas de forma confidencial. Além disso, os nomes das

organizações participantes e de seus colaboradores serão resguardados com o objetivo de

assegurar maior sigilo e liberdade ao processo.

As entrevistas serão gravadas digitalmente para que sejam posteriormente transcritas. O

conteúdo e o roteiro destas entrevistas são compostos por assuntos e questões exclusivamente

Page 154: FORMAÇÃO E GESTÃO DE ALIANÇAS ESTRATÉGICAS: um …¡bio-da... · á compatibilidade cultural e; a alta administração e o gerente da aliança desempenham papéis fundamentais

ligados ao escopo desta pesquisa, não sendo de interesse quaisquer outros assuntos

relacionados a outras áreas, setores, práticas ou conhecimentos das organizações participantes.

Contamos com a sua compreensão e desde já agradecemos a contribuição.

Colocamo-nos à disposição para quaisquer esclarecimentos.

Atenciosamente,

Prof. Gustavo Souki

Doutor em Administração (Orientador)

Fone: (31) 9205-1565 – (31) 3344-4051 – [email protected]

Fábio Viana

Mestrando em Administração (Orientando)

Fone: (31) 9166-3656 – (31) 3614-6892 – [email protected]

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APÊNDICE D – Protocolo dos estudos de casos

A seguir, apresenta-se o protocolo dos estudos de casos que foram desenvolvimentos para a pesquisa.

Propósito do estudo de caso: Descrever o processo de formação e gestão de alianças

estratégicas horizontais entre organizações do ramo da construção civil do subsetor de

edificações do município de Belo Horizonte, Minas Gerais.

Fontes de evidências: Para viabilizar as análises desta pesquisa foram utilizadas duas fontes

de evidências, conforme descritas a seguir: a) Entrevistas semiestruturadas com os diretores

das organizações concedentes; b) Observações diretas feitas pelo pesquisador no

desenvolvimento da pesquisa de campo.

Procedimento do estudo de caso: Na primeira fase da pesquisa foi feito um contato via e-

mail com os principais diretores das organizações concedentes, na intenção de apresentar o

escopo geral da pesquisa (objetivos do estudo) e solicitar a permissão para o desenvolvimento

da pesquisa.

Após este momento, foi repassada uma carta, para cada construtora (Apêndice A), contendo o

resumo dos objetivos específicos da pesquisa (informações que deveriam ser coletadas

durante a entrevista semiestruturada com os diretores), a forma de como seriam coletados os

dados (em mídia digital gravada) e aonde seriam concedidas as entrevistas.

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ROTEIRO DE ENTREVISTASEMIESTRUTURADO

O roteiro de entrevistas foi estruturado da seguinte maneira: (i) Caracterização do setor e do

ambiente organizacional; (ii) Propulsores da formação da aliança; (iii) Processo de seleção

dos parceiros; (iv) Estruturação e design das alianças e; (v) Gestão das alianças estratégicas.

Bloco I – Caracterização do subsetor e do ambiente organizacional

1) Se você fosse descrever o subsetor de edificações para uma pessoa que não conhece este

setor, o que você falaria? Ou seja, qual é a imagem que você tem do subsetor de edificações?

Follow up: Buscar compreender a visão dos entrevistados sobre os tópicos relacionados no

quadro abaixo.

2) Como você contextualiza o ambiente organizacional de sua empresa inserido nesta

subsetor? Follow up: Buscar compreender na visão dos entrevistados os tópicos relacionados

no quadro abaixo.

Principais características Falou?

Q1 Q2

Necessidade de capital de terceiros e próprio

Necessidade de mão-de-obra qualificada

Perfil dos clientes

Complexidade da tecnologia utilizada

Maturidade do setor

Concorrência

Intervenção governamental

Tamanho das organizações

Expectativa e tendências

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Bloco II – Propulsores da formação da aliança

3) Em sua opinião, quais são os motivos que levam as empresas do setor de edificações a

constituírem alianças estratégicas horizontais? E especificamente no caso da empresa onde

você trabalha, como se percebeu a necessidade de formar alianças estratégicas horizontais?

Follow up: Buscar compreender a visão dos entrevistados sobre os tópicos relacionados no

quadro abaixo.

Propulsores da formação da aliança Falou?

Compartilhar os riscos do negócio

Oportunidade de geração de economias de escala e/ou escopo

Necessidade de acesso a outros segmentos de mercados

Possibilidade de acesso a novas tecnologias

Necessidade de acesso a expansão geográfica

A busca por solucionar restrições financeiras

A necessidade de obter e compartilhar conhecimentos

A oportunidade de promover barreiras à concorrência oriunda do valor

agregado

A busca de obter acesso a insumos de produção escassos e estratégicos

Melhorar o atendimento ao consumidor

Realizar propaganda/publicidade conjunta

Bloco III – Processo de seleção dos parceiros

4) Como tem sido feito o processo de seleção dos parceiros para a formação das alianças

estratégicas horizontais no subsetor de edificações? E especificamente na empresa onde você

trabalha?

5) O que foi ou é levado em consideração na escolha dos parceiros? Enumere, por favor, as

razões e destaque as principais. Follow up: Buscar compreender a visão dos entrevistados

sobre os tópicos relacionados no quadro a seguir.

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Razões para seleção dos parceiros Falou?

Posicionamento de liderança no mercado

A reputação do parceiro

A oportunidade de geração de economias de escala e/ou escopo

A possibilidade de acesso a outros segmentos de mercados

A tecnologia que o parceiro detém

A possibilidade de acesso a novos mercados

A condição financeira do parceiro

A capacidade do parceiro em obter e compartilhar conhecimentos

A oportunidade de promover barreiras à concorrências oriundas do valor agregado

Acesso a insumos de produção escassos e estratégicos

A compatibilidade cultural

A combinação de recursos e competência diferenciados

6) Como foi evidenciada a convergência de interesses entre os parceiros? Follow up:

Compreender como isto influenciou no processo de seleção.

Bloco IV – Estruturação e design das alianças

7) Existe algum contrato que formaliza as parcerias desenvolvidas por sua empresa? Follow

up: Como é este contrato e como se dá a governança da parceria?

8) Para a operacionalização da aliança foi constituída uma nova empresa ou as organizações

mantiveram as suas operações de maneira independente?

9) O que foi levado ou o que é levado em consideração para a escolha do tipo de parceria e do

contrato a ser desenvolvido entre as empresas?

10) Quais são os tipos de recursos compartilhados entre os parceiros? (Ex. Financeiros,

humanos, materiais, tempo e etc.).

a) O compartilhamento destes recursos é total ou parcial?

b) O compartilhamento destes recursos é definitivo ou temporário?

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11) Caracterize as parcerias desenvolvidas pela sua empresa em relação às seguintes

dimensões:

a) ramo de negócios dos parceiros (mesmo ramo ou ramos diferentes?)

b) concorrência direta ou não entre os parceiros no mercado

Bloco V – Gestão das alianças estratégicas

12) Qual é o papel de cada empresa dentro da aliança?

13) Como é o dia-a-dia operacional destas parcerias?

14) Como é a gestão e o controle desta aliança? O controle é compartilhado?

15) Existe um departamento específico para cuidar deste relacionamento? Como ele é?

16) Como é o fluxo de informação entre os parceiros?

17) Como é estruturado o processo de tomada de decisões que envolvem as alianças?

18) As empresas parceiras criaram indicadores para acompanhar o desenvolvimento da

aliança? Favor descrever que indicadores são esses.

19) Que fatores você avalia que facilitaram ou que facilitam o alcance dos objetivos

propostos pela parceria?

20) Que dificuldades (tangíveis e intangíveis) você percebeu ou percebe nessas parcerias?

21) Quando há algum conflito entre os parceiros, como é a resolução deste conflito?

22) Você gostaria de comentar ou acrescentar algo sobre o tema tratado nesta pesquisa?

Obrigado!

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APÊNDICE E – Matriz de análise de uma das categorias de análise

CATEGORIA DE ANÁLISE 1

Propulsores da formação da aliança

Bloco I e II do protocolo de estudo de caso

Siglário:

AAE1D1 - Aliança alfa empresa um diretor um AGE1D1 - Aliança gama empresa um diretor um

AAE1D2 - Aliança alfa empresa um diretor dois AGE1D2 - Aliança gama empresa um diretor dois

AAE2D1 - Aliança alfa empresa dois diretor um AGE2D1 - Aliança gama empresa dois diretor um

AAE2D2 - Aliança Alfa empresa dois diretor dois ES - Entrevista semiestruturada

ABE1D1 - Aliança beta empresa um diretor um OD - Observação direta

ABE1D2 - Aliança beta empresa um diretor dois Q1 - Questão um

ABE2D1 - Aliança beta empresa dois diretor um

ABE2D2 - Aliança beta empresa dois diretor dois

Q1

ES

Se você fosse descrever o subsetor de edificações para uma pessoa que não conhece

este setor, o que você falaria? Ou seja, qual é a imagem que você tem do subsetor

de edificações?

AAE1D1

"... Com os programas de desenvolvimento apoiados pelo governo.... associados a

demanda que agente tem ai por construção de casas próprias, principalmente nos caso

da construtora de imóveis residenciais... é um forte vetor da economia hoje."

“... É um setor que consome muito dinheiro, porque ele tem um ciclo operacional muito

longo... dado a extensão do ciclo operacional ele consome muito recurso... uma

iniciativa privada somente é muito complicada de conseguir todos estes aportes, tal vez

ela deva realmente partir para o mercado para fazer a captação de recursos... porque

nem sempre os acionistas têm muita... paciência para esperar este retorno, mas o retorno

é em longo prazo e isto está claro para nós.”

“... Como todas as áreas do Brasil ainda há uma carência muito grande de mão de obra

qualificada... isso no aspecto administrativo, mas no operacional também, já que neste

subsetor ele demanda muita utilização ostensiva de mão de obra que não consegue ser

automatizada no processo... a automatização ainda é mínima. Usado às palavras de um

presidente de uma construtora, ele diz o seguinte: “Que hoje as construtoras constroem

no Brasil a mesma quantidade de veículos que a Toyota constrói de Corola no Brasil”,

só que o processo de construção do Corola, é todo ou quase todo automatizado, você

tem uma linha de produção em um único ambiente com um nível de automatização do

processo muito elevado, o que não acontece na construção civil, onde você tem o

emprego da mão de obra muito maior do que da maquinização.”

“... Acho que em todos os setores, os clientes hoje são muitos exigentes com relação à

qualidade... haja vista as oportunidades que ele tem hoje de comparar... não estamos

mais em uma economia fechada como antes... hoje eu tenho o privilegio de ter ofertas

diferenciadas. Isso me faz, mas seletivo na hora de comprar.”

“... Têm novos entrantes, mas... não vejo como sendo um mercado maturo... o nível de

barreira para novos entrantes é muito alto, é como construir uma hidrelétrica. Então isso

acaba deixando o mercado mais enxuto... não tem um volume de oferta com qualidade...

suficiente para atender a toda a demanda da necessidade da sociedade... percebe-se que

as empresas não estão maduras e que por outro lado qualquer novo entrante teria

barreiras muito altas para entrar neste mercado. Sabemos que tem mercado para todas

elas... mas como a barreira é alta para entrar... às empresas que já estão podem a ter se

considerar maduras, mas para a resposta que elas dão para sociedade ainda não é o que a

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sociedade espera.”

“A concorrência ainda deixa a desejar, ela é franca é incipiente ainda.”

“... O governo hoje é a mola propulsora deste processo, e ele é extremamente necessário

porque essas intervenções governamentais facilitaram o crédito, o que deu e dá mais

acesso à sociedade de uma forma geral a tentar atender esta demanda que ficou

reprimida por muito tempo. Por outro lado tem a consequência inevitável que é a

aquecer esta demanda, ai a gente convive com uma inflação, uma bolha inflacionaria

neste mercado imobiliário, então assim é consequência disso, mas é extremamente

necessária.”

“... O mercado está dividido entre grandes empresas que brigam... no mesmo nível e no

mesmo segmento, mas têm muitas... pequenas que têm atendido estes nichos de

mercados, porque essas grandes... às vezes ainda deixam a desejar exatamente por

saberem que elas têm uma fatia de mercado... ganha e preservada. então... uma grande

parcela está destinada as essas grandes empresas, mas tem outra grande parcela que não

esta sendo atendida que ai está pulverizado por milhares de pequenas empresas, isso a

gente vê nas capitais e principalmente no interior... a presença de outras empresas de

menor porte.”

“... Tudo que tenho acompanhado, sobre este setor para os próximos anos é uma

expectativa de estabilidade de arrefecimento deste aquecimento que vivemos hoje...

vejo que há um movimento de desaceleração, tendendo para depois para um equilíbrio

de desaceleração deste processo.”