formação do personagem

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Resumão: Constantin Stanislavski – A construção do personagem Depois que já estava na metade do livro “A construção do personagem”, de Constantin Stanislavski, resolvi que seria legal compartilhar as partes que achei mais importante com os demais atores do GAN e Zapt. Então fui sublinhando tais partes e agora, após uns dias de digitação terminei a transcrição. Importante ressaltar duas coisas: primeira, como já disse, aqui está apenas as partes que sublinhei a partir da metade do livro. Segunda, a leitura deste resumo não substitui de forma alguma a leitura do livro, acho que nem precisa falar. A Construção do Personagem Gostei muito de lê-lo pois a imagem, ou melhor, o pré-conceito, que eu tinha de Stanislavski e seus métodos era outro bem diferente do que o livro revelou. Os últimos capítulos então falam coisas que há muito estavam entaladas nos meus pensamentos, sendo remoídas e finalmente encontraram ressonância. O capítulo de ética no teatro então, que maravilha. Todo ator deveria lê-lo todo dia antes de ir pro ensaio. Comentários são bem vindos. Capítulo VIII – Entonações e pausas Não adianta encher a cabeça com uma porção de ideias novas e sair correndo para o palco a fim

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Resumo: Constantin Stanislavski A construo do personagemDepois que j estava na metade do livro A construo do personagem! de Constantin Stanislavski! resolvi que seria legal compartil"ar as partes que ac"ei mais importante com os demais atores do GAN e Zapt# $nto %ui su&lin"ando tais partes e agora! ap's uns dias de digitao terminei a transcrio#(mportante ressaltar duas coisas: primeira! como j disse! aqui est apenas as partes que su&lin"ei a partir da metade do livro# Segunda! a leitura deste resumo no su&stitui de %orma alguma a leitura do livro! ac"o que nem precisa%alar#A Construo do Personagem)ostei muito de l*+lo pois a imagem! ou mel"or! o pr-conceito! que eu tin"a de Stanislavski e seus m,todos era outro &em di%erente do que o livro revelou# -s .ltimos cap/tulos ento %alam coisas que " muito estavam entaladas nos meus pensamentos! sendo remo/das e %inalmente encontraram resson0ncia# - cap/tulo de ,tica no teatro ento! que maravil"a# 1odo ator deveria l*+lo todo dia antes de ir pro ensaio#Comentrios so &em vindos#Cap/tulo 2((( $ntona3es e pausas No adianta encher a cabea com uma poro de ideias novas e sair correndo para o palco a fm de explor-las antes de aprendermos as regras elementares. Esse tipo deestudante perde a cabea ou es!uece a ci"ncia ou ento fca pensando nela# com excluso de tudo o mais. A ci"ncia s$ pode a%udar a arte !uando ambas se apoiam e se complementam. As &alas# to repetidas nos ensaios e em numerosas representa'es# tornam-se papagaiadas. ( conte)do interior do texto se evapora# sobrando apenas os sons mec*nicos. +epois de as ouvirem ,chutadas- nos ensaios# as palavras perdem todo o sentido essencial. No mais existem nos cora'es ou se!uer na consci"ncia dos atores#e sim# apenas nos m)sculos de suas l.nguas. /omente !uando os nossos sentimentos mergulham na corrente subtextual 0 !ue a ,linha direta de ao- de uma pea ou de um papel passa a existir. 1e%am# por exemplo# a palavra amor. 2ara um estrangeiro ela 0 apenas uma estranha combinao de letras. 3 um som va4io por!ue precisa de todas as conota'es interiores !ue avivam o corao. 5as deixem !ue os sentimentos# os pensamentos# a imaginao deem vida ao som va4io e produ4ir-se- uma atitude completamente diversa# a palavra tornar-se- signifcativa.Ento os sons Eu amo!- ad!uirem o poder de incendiar aspaix'es de um homem e alterar completamente o curso desua vida. 6sto indica !ue a palavra &alada# o texto de uma pea# no vale por si mesma# por0m ad!uire valor pelo conte)dodo subtexto e da!uilo !ue ele cont0m. 6sto 0 uma coisa !ue estamos aptos a es!uecer !uando entramos em cena. 7uando so &aladas# as palavras v"m do autor# o subtexto vem do ator. /e assim no &osse# o p)blico no teria o trabalho de vir ao teatro# fcaria em casa# lendo a pea impressa. A nature4a arran%ou as coisas de tal modo !ue# !uando estamos em comunicao verbal com os outros# primeiro vemos a palavra na retina da viso mental e depois &alamos da!uilo !ue assim vimos. /e estamos ouvindo a outros# primeiro recolhemos pelo ouvido o !ue nos esto di4endo e depois &ormamos a imagem mental da!uilo !ue escutamos.(uvir 0 ver a!uilo de !ue se &ala8 &alar 0 desenhar imagensvisuais.2ara o ator uma palavra no 0 apenas um som# 0 uma evocao de imagens. 2ortanto# !uando estiver em interc*mbio verbal em cena# &ale menos para o ouvido do !ue para a vista. 1oc" precisa imaginar uma base !ual!uer para as palavras# como %ustifcao para di4"-las. Ainda mais# precisa &ormar para si mesmo uma imagem n.tida da!uilo !ue a sua imaginao sugere. 1oc" sabe !ue a vida lhe &a4 tudo isso &ora de cena# mas em cena 0 voc"# o ator# !ue tem !ue preparar as circunst*ncias. 3 imposs.vel capt-las todas de uma ve4. ( processo 0 parcelado voc" transmite# voc" &a4 pausa# seu comparsa absorve o !ue voc" transmitiu# voc" continua# &a4 outra pausa e assim por diante. 3 claro !ue# en!uanto &a4 isso# deve ter em mente a totalidade da!uilo !ue vai transmitir. 2ara voc"# como autor do subtexto# isso est claro automaticamente# mas para o seu interlocutor tudo 0 novidade# tem de ser deci&rado e absorvido. 3 coisa !ue leva algum tempo. 1oc" no permitiu isso e# portanto# esses erros todos resultaram no numa conversa com outro ser vivo# mas num mon$logo# do tipo !ue tantas ve4es se ouve no teatro. 9 6sso: Acertou bem em cheio: ;ontagie o seu comparsa:;ontagie a pessoa com a !ual estiver contracenando: 6nsinue-se at0 na sua alma e &a4endo assim voc" mesmo se sentir ainda mais contagiado: E se voc" fcar contagiado# todos os outros fcaro ainda mais: E ento as palavras !ue voc" pronunciar sero mais estimulantes !uenunca. 7uando &orem atuar e as palavras &orem ditas no para voc"s# no para o p)blico mas para a pessoa !ue contracenar com voc"s# este m0todos resultar numa &ora e numa estabilidade muito maiores. Este ob%etivo# detransportar a!uilo !ue est em nossa viso do nosso comparsa numa cena# exige !ue as nossas a'es se%am executadas ao mximo da sua extenso. 6sto despertar nossa vontade e# %unto com as &oras motivadoras interiores# todos os elementos do esp.rito criador do ator. ( inesperado e o improviso so sempre o melhor impulso para a criatividade. A imaginao no descansa. Est sempre acrescentandonovos to!ues# novos detalhes !ue preenchem a animam esse flme de imagens interiores. +e modo !ue a sua &re!uente e repetida pro%eo apenas pode &a4er bem e nunca nenhum mal. A palavra exterior# por meio da entonao# a&eta nossa emoo# mem$ria# sentimentos. As entona'es e a pontuao podem a%ud-los no problema da linguagem &alada a exposio do subtexto deseu papel# por meio de palavras. ;om elas voc"s podem &a4er muit.ssimo# sem !uerer recorrerem < palavra &alada# limitando-se apenas aos sons. ( ouvinte no 0 a&etado apenas pelos pensamentos# impress'es# imagens !ue se ligam ma "n&ase mal colocada distorce uma palavra ou alei%a uma &rase# !uando deveria# antes# valori4-la. No &alem para o ouvido# mas sim para os olhos do seu comparsa em cena. >ma orao com uma palavra acentuada 0 a mais simples e a mais compreens.vel de todas. 2or exemplo ,uma pessoa conhecida de voc"s veio a!ui-. Acentuem a palavra !ue !uiserem e o sentido mudar a cada mudanade palavra acentuada.Experimentem por dois acentos nessa mesma orao# por exemplo# em conhecida e a!ui. ?ogo se tornara mais di&.cil#tanto elaborar uma base para isso# como pronunciar a &rase. 2or !u"@ 2or!ue voc"s esto in%etando nela uma nova signifcao. 2rimeiro# % no 0 apenas uma pessoa !ual!uer !ue vem# mas algu0m !ue voc"s conhecem e# segundo# essa pessoa no veio a !ual!uer lugar em geral# mas sim a!ui. 1oc"s conhecem o uso da terceira dimenso para dar pro&undidade a um !uadro. Na realidade# ela no existe. A tela 0 uma super&.cie plana# estendidas numa armao# e nessa tela o artista pinta sua obra. Entretanto a pintura d a iluso de muitos planos. Estes parece apro&undar-se cada ve4 mais na pr$pria tela e o primeiro plano salta da moldura ao encontro do observador.N$s tamb0m temos o mesmo n)mero de planos de linguagem &alada# !ue criam a perspectiva na &rase. A palavra mais importante ressalta com v.vida nitide4# bem na &rente do plano sonoro. As palavras menos importantes criam uma s0rie de planos mais &undos. Neste caso a entonao dar < palavra o colorido de vrias tonalidades de sentimento acariciaste# maldoso# irAnico# um to!ue de desd0m# respeito e assim por diante.Al0m da entonao# temos ainda vrios outros meios para realar uma palavra. 2odemos# por exemplo# coloc-la entre duas pausas. 2ara maior re&oro# uma delas# ou ambas# pode ser uma pausa psicol$gica. 2odemos tamb0mmarcar as palavras-chave# eliminando a acentuao de todas as palavras secundrias. 2or contraste# a )nica palavra isolada fcar mais &orte.Cap/tulo 4 A perspectiva na construo da personagem /omente estudando uma pea em seu todo e avaliando sua perspectiva geral 0 !ue podemos entrosar corretamente os di&erente planos# dispor num arran%o cheio de bele4a as partes componentes# amold-las em &ormas harmoniosas e bem acabadas em termos de palavras./$ depois !ue o ator meditou cabalmente# analisou e sentiu !ue 0 uma pessoa viva dentro de todo o seu papel# s$ ento !ue 0 !ue se abre para ele a perspectiva extensa#&ormosa# convidativa. /ua linguagem torna-se# por assim di4er# de longo alcance# % no 0 mais a viso m.ope !ue era no in.cio. ;ontra esse hori4onte pro&undo ele pode interpretar a'es completadas# di4er pensamentos completos# em ve4 de fcar preso a ob%etivos limitados# &rases e palavras isoladas. (s atores !ue representam um papel !ue no estudarambem e no analisaram minuciosamente so como os leitores de um texto complicado e no-&amiliar.Esses atores s$ tem da pea uma perspectiva obscura. No compreendem para onde devem condu4ir as personagens !ue interpretam. 5uitas ve4es# !uando representam uma cena com a !ual esto &amiliari4ados# eles deixam de perceber ou ento ignoram a!uilo !ue ainda est < espera de ser revelado nas obscuras pro&unde4as do resto da pea. 6sto os obriga a manter o esp.rito constantemente fxado s$ na ao mais pr$xima# no pensamento imediatamente expressado# sem a mais .nfma considerao para com a perspectiva total da pea. 9 ;omo 0 poss.vel es!uecer o !ue est para acontecer !uando a gente representa um papel pela cent0sima ve4@ 9 perguntei.9 No 0 poss.vel# nem necessrio. 9 explicou B$rtsov 9 Embora a personagem !ue est sendo interpretada no deva saber o !ue &a4 no &uturo# ainda assim a perspectiva 0 necessria para o papel# para !ue ela possa apreciar mais plenamente cada instante atual e se entregar mais totalmente a ele. Budo acontece em &uno destes dois elementos a perspectiva e a linha direta de ao. Elas encerram o principal signifcado de criatividade# da arte# da nossa atitude para com a atuao.Cap/tulo 4( 1empo+ritmo no movimento ;om o aux.lio d ritmo a gente pode ser levada a um estado de verdadeira excitao# recebendo dele um impacto emocional A medida certa das s.labas# palavras# &ala# movimentos nas a'es# aliados ao seus ritmo nitidamente defnido# temsignifcao pro&unda para o ator. ( tempo-ritmo no s$ estimula sua mem$ria a&etiva mastamb0m d vida < sua mem$ria visual com suas imagens. 2or isso 0 um erro pensar !ue o tempo-ritmo signifca apenas um compasso e velocidade. ( tempo-ritmo transporta consigo no s$ !ualidades exteriores !ue a&etam diretamente a nossa nature4a# mas tamb0m tra4 o nosso conte)do interior# !ue nutre os nossos sentimentos. 7uando algu0m olha# transmite# aceita impress'es# entra em comunho com outra pessoa# convence-a de uma coisa ou outra# isto tudo se &a4 dentro de um certo tempo-ritmo. 1oc"s tamb0m devem se es&orar por serem o tipo do artista capa4 de contagiar o elenco inteiro com o tempo-ritmo ade!uado.Cap/tulo 4(( - tempo+ritmo no %alar Essa preciso tem um e&eito irresist.vel# a arte re!uer ordem# disciplina# preciso e acabamento. At0 mesmo a desordem e o caos t"m o seu tempo-ritmo. 5uitos atores !ue no procuram &alar bem# !ue no prestam ateno nas palavras# pronunciam-nas com uma velocidade to desleixada e irre=etida# sem lhes pAr nenhuma entonao fnal# !ue acabam deixando as suas &rases completamente mutiladas# ditas apenas pelo meio. No palco# a nossa linguagem em prosa pode-se aproximar at0 certo ponto da m)sica e dos versos# !uandoas acentua'es das palavras recaem constantemente na mesma batida !ue o acento de um determinado ritmo. As pausas comuns e as pausas respirat$rias na poesia e na prosa &aladas t"m enorme import*ncia no s$ como partes componentes da linha r.tmica mas tamb0m por!ue representam um papel signifcativo e importante na pr$pria t0cnica de criar e controlar o ritmo. Ambos os tiposde pausa possibilitam a coincid"ncia das acentua'es dos ritmos de &ala# de a'es e de emo'es# com os acentos da contagem interior de batidas do ator. As pessoas em geral e principalmente de uma plat0ia# !uando se habituam# durante uma parte de uma sin&onia# com determinada m0dia de compasso e velocidade no podem se trans&erir &acilmente a aceitar um tempo e um ritmo completamente diversos noutra parte da sin&onia. Em verso# cada palavra 0 necessria# no ha palavras sup0r=uas. A!uilo !ue exprimis em prosa com uma &rase inteira muitas ve4es pode ser dito# em poesia# com uma duas palavras. E com !ue acabamento# !ue controle: A poesia tem outra &orma por!ue n$s sentimos o seu subtexto de um modo di&erente. 7uanto mais r.tmico &or o verso ou a prosa ao serem &alados# mais claramente defnida ser a nossa experi"nciados pensamentos e emo'es sub%acentes nas palavras do texto. 7uando um ator comea a &alar outra ve4# depois de uma grande pausa# ele precisa# por um ou dois segundos# de sublinhar a acentuao do ritmo do verso. 6sto a%uda tanto a ele !uanto ao p)blico a retornarem ao ritmo !ue &oi interrompido# talve4 at0 mesmo perdido. ;omo veem# oator tem de saber ser r.tmico no s$ &alando mas tamb0m calado. Bem de contar as palavras %unto com as pausas e no consider-las como entidades separadas. Cunto com a linha direta de ao e com o subtexto# ele Dotempo-ritmoE atravessa como um fo todos os movimentos#palavras# pausas8a experi"ncia emocional de um papel eassua interpretao &.sica. As pausas no so pontos va4ios e mortos do papel e sim intervalos vivos# signifcativos. Elas possuem uma aurainterior de sentimento e imaginao. ( tempo-ritmo# !ue se%a criado mec*nica# intuitiva ou conscientemente# atua deveras sobre a nossa vida interior#os nossos sentimentos# as nossas experi"ncias interiores. ( tempo-ritmo se trata do aliado e ad%unto mais .ntimo dos sentimentos# por!ue &re!uentemente ele surge como um est.mulo direto# imediato ou# ento# algumas ve4es# !uase mec*nico# da mem$ria a&etiva e por conseguinte daexperi"ncia mais pro&undamente interior.Cap/tulo 4((( - encanto c*nico A arte con&ere bele4a e dignidade e tudo !ue 0 belo e nobre tem o dom de atrair.Cap/tulo 4(2 6ara uma ,tica no teatro 3tica disciplina e tamb0m senso de empreendimento con%unto. Bodas essas coisas# reunidas# criam uma animao art.stica# uma atitude de disposio para trabalhar %untos. 3 um estado &avorvel < criatividade. Ele precisa de ordem# disciplina# de um c$digo de 0tica# no s$ para as circunst*ncias gerais do seu trabalho como tamb0m# e principalmente# para os seus ob%etivos art.sticos e criadores. A condio primordial para acarretar esta disposio preliminar 0 seguir o princ.pio pelo !ual tenho me norteado amar a arte em n$s e no a n$s mesmos na arte. 2or!ue h um poro de bacilos no teatro# alguns bons eoutros extremamente pre%udiciais. (s bacilos bons estimularo em voc"s a paixo por tudo !ue 0 nobre# !ue eleva# pelos grandes pensamentos e sentimentos. Eles os a%udaro a comungar com os grandes g"nios como /haFeaspeare# 2ushFin# Gogol# 5oliGre. As suas cria'es e tradi'es vivem em n$s. No teatro# voc"s tamb0m travaro conhecimento com escritores modernos e os representantes de todos os ramos da arte# da ci"ncia# da ci"ncia social# do pensamento po0tico.Essa companhia seleta lhes ensinar a compreender a artee o sentido essencial !ue ela tem no seu *mago. 6sto 0 a coisa principal da arte# nisso reside o seu maior &asc.nio. Em chegara conhecer# a trabalhar# estudar sua arte# suasbases# seus m0todos e t0cnicas de criatividade.Bamb0m nos so&rimentos e alegrias da criao# !ue n$s todos sentimos em grupo.E nas alegrias da reali4ao# !ue renovam o esp.rito e lhe do asas:At0 mesmo nas d)vidas e &racassos# pois tamb0m eles encerram um est.mulo para as novas lutas# do &oras para o novo trabalho e novas descobertas. A paixo verdadeira est na pungente a!uisio de conhecimentos sobre todos os mati4es e sutile4as dos segredos criadores. 5as no se es!ueam dos bacilos maus# perigosos# corruptores# do teatro. No 0 de surpreender-se !ue eles a.=oresam. Existem muitas tenta'es no nosso mundo do teatro.( ator se exibe todos os dias perante uma plateia de mil espectadores# de tantas e tantas horas a tantas e tantas horas. Est cercado pelos adornos magn.fcos graciosos# produ4 impress'es de surpreendente bele4a# !ue# muitas delas# so obtidas por meio da arte. Estando sempre sob o olhar do p)blico# exibindo sua melhor apar"ncia# !uer o ator# !uer a atri4# ovacionado# recebendo louvores extravagantes# lendo cr.ticas entusiasmadas 9 todas essas coisas e muitas outras da mesma ordem constituem tenta'es incalculveis.Estas tenta'es criam no ator o sentido da voracidade por uma constante e ininterrupta excitao da sua vaidade pessoal. 5as se ele viver apenas desses est.mulos e de outros do mesmo g"nero# estar destinado a rebaixar-se e tornar-se banal. >ma pessoa s0ria no pode se interessar muito tempo por esse tipo de vida# mas as pessoas superfciais fcam &ascinadas# degradam-se e so destru.das por ele. 3 por isto !ue no mundo do teatro temos de aprender a controlar-nos muito bem. Bemos de viver sob r.gida disciplina./e mantivermos o teatro livre de todos os males# proporcionaremos# por isso mesmo# ao nosso pr$prio trabalho# condi'es &avorveis. Hecordem-se deste conselho prtico nunca entrem no teatro com lama nos p0s. +eixem l &ora sua poeira e imund.cie. Entreguem no vestirio as suas pe!uenas preocupa'es# brigas# difculdades# %unto com os seus tra%es de rua8e tamb0m todas as coisas !ue arru.nam a nossa vida e desviam nossa ateno da arte teatral. As pessoas so to est)pidas e sem fbra !ue ainda pre&erem introdu4ir intriguinhas# despeitos# implic*ncias# no local !ue devera ser reservado < arte criadora.2ara !ue so incapa4es de limpar a garganta antes de transpor o limiar do teatro. Entram e escarram no assoalholimpo. 3 incompreens.vel# como podem &a4er isso: ( seu papel no acaba de se representado com o baixar do pano. Ele ainda tem a obrigao de carregar em sua vida diria o estandarte da !ualidade. +e outro modo poder apenas destruir o !ue tentar construir. +esenvolvam em voc"s pr$prios a necessria capacidade de controle# a 0tica e a disciplina de um servidor p)blico destinado a levar ao mundo uma mensagem !ue 0 bela# elevada e nobre. ( ator# pela pr$pria nature4a da arte a !ue se dedicou# torna-se membro de uma organi4ao vasta e complexa oteatro. ( seu nome est ligado ao do seu teatro to intimamente !ue no 0 poss.vel distinguir um do outro. +epois do seu nome de &am.lia# o nome do seu teatro tamb0m lhe pertence. 2ara o p)blico# a sua vida art.stica ea vida particular esta inextrincavelmente ligadas. D( ator deveE portar-se com dignidade &ora dos muros doteatro e proteger sua boa reputao tanto em cena como na vida particular. Antes de mais nada# chegando ao teatro a tempo# meia hora ou !uin4e minutos antes da hora marcada par ao ensaio# a fm de repassarem os elementos necessrios para o estabelecimento de seu clima interior. 5esmo o atraso de uma pessoa pode perturbar todos os demais. 5as se# pelo contrrio# cada um de voc"s agir corretamente em &uno da responsabilidade coletiva e chegarem ao ensaio bem preparados# criaro assim uma agradvel atmos&era# tentadora e estimulante para voc"s. A grande maioria dos atores tem uma ideia completamente rada sobre a atitude !ue deve adotar nos ensaios. Acham !ue s$ precisam trabalhar apenas nos ensaios e !ue em casa esto liberados.7uando o caso 0 completamente di&erente: ( ensaio apenas esclarece os problemas !ue o ator elabora em casa. 2or isto 0 !ue eu no tenho confana nos atroe !ue &alam muito durante os ensaios e no tomam notas para plane%ar o seu trabalho em casa. N$s# os diretores# sabemos melhor do !ue !ual!uer pessoa o cr0dito !ue merecem as afrma'es dos atores desatentos. N$s 0 !ue temos de repetir-lhes as mesmas coisas infnitas ve4es.Esse tipo de atitude de certos indiv.duos para com uma tare&a de con%unto atua como grande &reio. /ete no esperam por um# lembrem-se disto. 2ortanto# desenvolvampara voc"s a 0tica e a disciplina corretas. 6sto os obrigar ase preparar devidamente em casa antes de cada ensaio. ;onsiderem um ato de vergonha e emblema de deslealdade para com todo o seu grupo# cada ve4 !ue obrigarem o diretor a repetir uma coisa !ue ele % explicou.3 poss.vel !ue no compreendam de uma s$ ve4# podem ter de voltar a elas para estud-las mais a &undo# por0m no podem deixar !ue entrem por um ouvido e saiam pelooutro. 6sto 0 um crime contra todos os outros trabalhadores do teatro. A fm de evitar esse desli4e# voc"s devem ensinar-se a simesmos a elaborar seu papel independentemente# em casa. 2or!ue nos ensaios % no poderei mais voltar a estas coisas sem correr o risco de trans&orm-los em aulas.? no palco as exig"ncias !ue sero &eitas a voc"s sero muito mais severas do !ue na sala de aula. Guardem isto em mente e preparem-se. ( cantor &a4 vocali4es# o pianista toca as suas escalas# o bailarino corre para o teatro para exercitar-se na barra# a fm de manter os seus m)sculos em &orma. 6sto eles &a4emdia ap$s dia# no inverno e no vero. +ia omitido 0 dia perdido# em detrimento da arte do int0rprete. 2ergunte a !ual!uer artista e ele lhes dir a mesma coisa. ( cantor# o pianista e o bailarino no disp'em de mais tempo do !ue ele Do atorE. Eles tamb0m t"m ensaios# aulase apresenta'es p)blicas.Apesar disto# o ator descuida de aper&eioar em casa a t0cnica de sua arte e d sempre a desculpa de !ue ,no tem tempo-. I muitos atores e atri4es !ue no tomam iniciativa criadora. No preparam os pap0is &ora do teatro &a4endo com !ue a sua imaginao e subconsciente %oguem com a personagem !ue devem interpretar. 1"m ao ensaio e fcamesperando at0 serem encaminhados para uma linha de ao. +epois de &a4er muito es&oro# o diretor algumas ve4es consegue tirar &a.sca dessas nature4a to passivas. Esses parasitas# !ue se aproveitam do trabalho e da criatividade alheia# so um incalculvel estorvo para a reali4ao do grupo inteiro@ 2or causa deles 0 !ue muitas ve4es as produ'es t"m de protelar a sua estreia semanasa fo. DEsse tipo de atorE provoca o exagero# arru.na-lhes os pap0is# sobretudo !uando % no esto muito seguros. 7uando no recebem as deixas certas# os atores conscientes &a4em es&oros violentos para despertar a iniciativa dos atores lerdos pre%udicando# com isso# a !ualidade real de sua pr$pria interpretao. 2rovocam uma situao insustentvel e em ve4 de &acilitar a representao eles a entravam# pois &oram o diretor a desviar a ateno das necessidades gerais para as suas. >m diretor no pode trabalhar por todos. >m ator no 0 um &antoche. 1oc"s veem# portanto# !ue cada ator tem a obrigao dedesenvolver sua pr$pria vontade e t0cnica criadoras. Ele e todos os demais t"m o dever de executar sua pr$pria !uota produtiva de trabalho em casa e no ensaio# representando sempre o seu papel nas tonalidades mais plenas de !ue &or capa4. Bodos !ue trabalham no teatro# desde o porteiro# o vendedor de ingressos# a moa do vestirio# o ,vaga-lume-# todas as pessoas com as !uais o p)blico entra em contato !uando vai ao teatro# at0 os diretores# a e!uipe e# fnalmente# os pr$prios atores# todos eles so co-criadores com o autor# o compositor# !ue conseguem reunir a plateia. Bodos eles servem# e esto su%eitos ao ob%etivo principal da nossa arte. Bodos participam da produo.Cap/tulo 42 6adr3es de reali7ao DJE 0 um lema# o terceiro &undamento ( subconsciente por meio do consciente. K es!uerda vamos por a 2/6;(B3;N6;A e a direita B3;N6;A ELBEH6(H. DJE ;ada uma delas representa metade da preparao do ator. Em ambas partes das prepara'es do ator 0 o triunviratocom o !ual voc"s % esto &amiliari4ados 5ente# 1ontade# /entimentos. 2sicot0cnica M6maginao# Ateno# /entido da 1erdade# etcN En!uanto os m)sculos de uma pessoa permanecerem tensos# essa pessoa ser incapa4 de agir. 2or interm0dio da B0cnica ;onsciente chegar < ;riao /ubconsciente da 1erdade Art.stica. >m dos ob%etivos principais da nossa atitude para com a atuao 0 essa estimulao natural da criatividade da nature4a org*nica esua subconsci"ncia. Nossa t0cnica consciente visava# por um lado# ativar o subconsciente e por outro aprender a no inter&erir com ele uma ve4 entrado em ao. 7uanto mais complexa &or a vida do espirito humano do papel !ue est sendo interpretado# mais delicada# persuasiva e art.stica deve ser a &orma &.sica !ue a veste. 6sto re!uer uma enorme aplicao de nossa t0cnica externa da expressividade do aparato corporal# nossa vo4# dico# entoao# manipulao das palavras# &rases# &alas# expresso &acial# plasticidade de movimento# modo de andar. /upremamente sens.veis