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FORMAÇÃO DE REDES TECNOLÓGICAS DE INCLUSÃO DIGITAL: A EXPERIÊNCIA DOS CENTROS VOCACIONAIS TECNOLÓGICOS
DE MINAS GERAIS
Autora:Lucia H. C. Nunes1 ([email protected]) Co-autora:Carolina Saliba ([email protected])2
“O dever de prestar contas é quase tão antigo quanto a humanidade sedentária. Porém, ele não é só mais uma dentre as várias formas de controle social : é a única que cumpre essa finalidade.” (Seminário Internacional sobre Transparência Fiscal, em 1998 - Ouro Preto-MG.A inclusão digital é um dos mecanismos perfeitos para promover a universalização do acesso à informação pública. Nos termos da Lei de Responsabilidade Fiscal e outros mecanismos legais com finalidade de assegurar a democratização dos serviços públicos, compete aos diversos níveis de governo promover a organização, a oferta e o controle dos serviços de inclusão digital Neste sentido, obedecendo à diretrizes legais e acompanhando tendências mundiais o governo mineiro cria, em 2004, o Programa de Inclusão Digital classificando-o como estruturador e prioritário no PMDI e PPAG. Dentro dele são desenvolvidos projetos de socialização das informações, capacitação e desenvolvimento de novas tecnologias em Centros Vocacionais localizados em 60 municípios mineiros.Este artigo tem por objetivo descrever a concepção, metodologia, modelo de desenvolvimento e os mecanismos de gestão do projeto resultante de parceria entre o Governo do Estado de Minas Gerais e a Universidade Católica de Minas Gerais para execução de projeto de capacitação gerencial dos agentes públicos e voluntários dos Centros Vocacionais Tecnológicos - CVT’s. Discute, ainda, o caráter estruturador e inovador da iniciativa nos programas de inclusão digital no País. Palavras-chave: Inclusão Digital; Políticas Públicas de Ciência e Tecnologia; Centros Vocacionais Tecnológicos; Parcerias Público-Privadas; Informação Pública.
1 Mestre em Administração Pública, Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. 2 Especialista em Gestão Estratégica da Informação, Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.
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1 INTRODUÇÃO
A sociedade contemporânea oferece à cidadania um dos mais possantes atributos e
recursos de aperfeiçoamento da democracia e desenvolvimento social: as tecnologias
eletrônicas e digitais de informação e comunicação. Tais recursos transformaram o mundo
num ambiente interativo e de dinamismo em escala quântica que, ao mesmo tempo em que
proporciona alavancas poderosas de desenvolvimento, provoca bolsões de exclusão social nas
regiões e áreas populacionais de menor acesso às novas tecnologias.
Faz-se necessário implementar ações para aperfeiçoar, dinamizar e inovar as infra-
estruturas organizacionais e tecnológicas, tanto dos ambientes empresariais e corporativos,
quanto das instituições de governo para que o impacto das transformações possa atingir todos
níveis de diferenciação e estratificação da sociedade, instituindo uma ação local, evitando
criação de zonas de exclusão de grupos sociais que possam ter acesso às facilidades globais e
inovações.
Como uma das ações estratégicas seria capilarizar de forma participativa e
democrática as contribuições do setor privado e terceiro setor que junto com o governo
possam criar de forma inteligente soluções para disponibilizar as ferramentas eletrônicas de
informação e comunicação.
O uso inteligente das ferramentas eletrônicas de informação e comunicação pelo setor
governamental concretiza-se na implementação da prática de governo eletrônico, cujas
funções resultaram em ações direcionadas para viabilizar as relações partícipes entre o
governo e os vários atores da sociedade, nos níveis horizontais (dentro de órgãos e agências
de um mesmo nível) e verticais (entre órgãos e agências das diferentes instâncias: União,
grandes regiões, Estados, regiões metropolitanas e municípios). Neste contexto, os cidadãos
têm a seu favor serviços e funções interativas e democráticas para atuar como mediadores e
controladores das atividades públicas, forçando gestores dos órgãos públicos o exercício
transparente e responsável de suas funções enquanto detentores de responsabilidade pública.
Para implementar as ferramentas de governo eletrônico, importante recurso para
promover a transparência e eficiência de serviços públicos, o uso potencial dos recursos da
Internet é imperioso, aliada às tecnologias agregadas. Assim, como no Brasil, a Internet ainda
se encontra em estágio embrionário da difusão e polarização, exige-se do governo um especial
esforço para tornar possível a ampliação e extensão da infra-estrutura tecnológica de redes
informação e de comunicação, além de investir em projetos estratégicos de disseminação dos
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recursos de acesso à Internet a toda população e reforçar as ações governamentais em prol de
políticas públicas para promover a inclusão digital. Segundo CHAHIN et al. (2004, p. xvii)
“O calcanhar de Aquiles da democracia no Brasil é a exclusão social e sua
mais nova manifestação – a exclusão digital, aplicável a cidadãos, empresas e
governo. Há iniciativas isoladas de sucesso no seu combate, mas para
realmente avançar e queimar etapas é preciso que a inclusão digital seja uma
política de Estado.”
Assim, a participação do governo no apoio às iniciativas de inclusão digital é
fundamental, pois fortalece as instituições democráticas e facilita o controle social do aparato
do Estado pelos cidadãos e pela sociedade civil organizada.
Resgatando as iniciativas brasileiras, em nível federal, de formulação de políticas
públicas para minimizar os fatores de exclusão social, conseqüente dos impactos das novas
tecnologias, destaca-se a criação do Programa Sociedade da Informação (SOCINFO) em
dezembro de 1999, pelo Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT). O objetivo do Programa
foi introduzir o uso intensivo de tecnologias da informação e comunicação em todos os
setores e atividades da sociedade, buscando estimular e otimizar o desenvolvimento
econômico e social em todo território nacional (TAKAHASHI, 2004), através de ações
integradas e cooperativas.
Segundo TAKAHASHI (2004), o foco do SOCINFO foi a universalização de bens e
serviços baseados em TIC’s no Brasil, prioritariamente, “acesso à Internet para todos;
educação tecnológica para todos; informação e serviços públicos para todos”, em resposta ao
desafio da inclusão social da população brasileira através da inclusão digital.
A respeito da introdução da Internet no Brasil, destacam alguns marcos,
iniciando-se pelo ano de 1988, que através da iniciativa pioneira da FAPESP (Fundação de
Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), iniciou-se o acesso à rede internacional, através
de linha dedicada. Dois anos depois, em 1991, uma linha internacional de acesso à Internet
foi conectada à Fapesp para promover o acesso de instituições educacionais, fundações de
pesquisa e organizações governamentais e não governamentais a bases de dados e
transferências de arquivos. O ano de 1992, considerando como referência o evento
internacional ECO-92, no Rio de Janeiro, aconteceu o início da institucionalização da Internet
no Brasil, que teve como marcos: a) ações de conexão de acesso à rede mundial através de 12
backbones institucionais no país através da Rede Rio de Computadores (RR), formada pelo
Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC) e pela Pontifícia Universidade
Católica (PUC-Rio) e Universidade Federal (UFRJ) do Rio de Janeiro; b) articulação do
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acesso das Organizações Não Governamentais (ONG) à rede mundial, por iniciativa do
IBASE (Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas); c) ampliação do conceito de
RR para Rede Nacional de Pesquisa (RNP) pelo Ministério de Ciência da Tecnologia, sob a
coordenação de Tadao Takahashi (CHAIN et al., 2004). Em maio de 1995, finalmente,
instituiu-se a consolidação da abertura do acesso comercial à Internet, através do lançamento
dos serviços comerciais de provedores de acesso, por portaria conjunta do Ministério das
Comunicações e do Ministério da Ciência e Tecnologia, o que provocou avanços para
melhoria e democratização do acesso à Internet, porém com proporções insignificantes sob o
ponto de vista de atingir a população de modo a evitar a exclusão digital.
A partir daí, verificou-se um crescimento vertiginoso da Internet brasileira, passando
de 117.200 computadores hospedados na rede em janeiro de 1998, para 2.237.527 em janeiro
de 2003, e 3.934.577 em janeiro de 2005 (Comitê Gestor da Internet, disponível em
www.cg.org.br), embora bem longe dos Estados Unidos, que em 2003 contava com
120.751.516, chegando em janeiro de 2005 com 210.817.656 computadores conectados à
Internet, continuando como líder mundial.
Segundo CHAHIN et al. (2004, p.8), a situação dos provedores de acesso e serviços de
Internet é muito incipiente no Brasil, existindo em apenas 350 dos 5.561 municípios
brasileiros, o que força o cidadão residente nas pequenas localidades ser obrigado a pagar por
ligações telefônicas de interurbanas para ter acesso ao provedor, tornando o acesso à Internet
um serviço de alto custo.
Considerando as reflexões, a instituição de um modelo de gestão pública baseada em
recursos de Internet, base para a criação do governo eletrônico, alia-se às pautas da reforma
administrativa do Estado que insurgiu em meados da década de 90. As ações começaram a
ser empreendidas a partir das políticas públicas voltadas para a modernização e inovação da
infra-estrutura de informática e implantação de sistemas de informação nos setores
governamentais de planejamento e gestão públicas e de prestação de serviços aos cidadãos.
Um dos pontos de destaque para a reforma administrativa foi o foco no governo
eletrônico que proporciona melhoria de qualidade e inovação nos serviços oferecidos aos
cidadãos, bem como transparência e acesso à informação pública pela sociedade como um
todo.
A inclusão digital é um dos mecanismos perfeitos para promover a universalização do
acesso à informação pública. Nos termos da Lei de Responsabilidade Fiscal e outros
mecanismos legais, que têm por objetivos assegurar a democratização dos serviços públicos,
compete aos diversos níveis de governo promover a organização, a oferta e o controle dos
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serviços de inclusão digital. Neste sentido, obedecendo à diretrizes legais e acompanhando
tendências mundiais o governo mineiro cria, em 2004, o Programa de Inclusão Digital
classificando-o como estruturador e prioritário no PMDI e PPAG. Dentro dele são
desenvolvidos projetos de socialização das informações, capacitação e desenvolvimento de
novas tecnologias em Centros Vocacionais localizados em 60 municípios mineiros.
Este artigo tem por objetivo descrever a concepção, metodologia, modelo de
desenvolvimento e os mecanismos de gestão do projeto resultante de parceria entre o Governo
do Estado de Minas Gerais e a Universidade Católica de Minas Gerais para execução de
projeto de capacitação gerencial dos agentes públicos e demais gestores dos Centros
Vocacionais Tecnológicos (CVT). Discute, ainda, o caráter estruturador e inovador da
iniciativa nos programas de inclusão digital no País.Considera-se inovação o aspecto de
envolvimento da sociedade civil na gestão, o financiamento por meio de parceiros públicos e
privados, a destinação de recursos em emendas de parlamentares, o Banco de Dados Sociais e
a pluralidade de vocações regionalizadas para garantir acesso ao emprego e renda.
2 PROJETOS ESTRUTURADORES DE DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO
O desenvolvimento da ciência é da tecnologia tem sido um componente importante da
Agenda Governamental Brasileira. O exame dos Planos Plurianuais demonstra a estruturação
de programas e projetos setoriais de desenvolvimento tecnológico denominados estratégicos
ou estruturadores, em vários níveis de Governo, em especial, a União e os Estados. Ao
mesmo tempo, analisando o aparato institucional destes mesmos entes governamentais
verifica-se a existência de múltiplos modelos de entidades descentralizadas, em formato de
Fundações, Autarquias e Empresas Públicas, em saúde, educação, cultura, ciência e
tecnologia,entre outras, com a finalidade de planejar, financiar, desenvolver e avaliar
pesquisas científicas como forma de ampliar a aplicação de recursos na solução de problemas
nacionais de desenvolvimento.
A respeito das discussões sobre política cientifíca-tecnológica e a escolha de um
modelo apropriado para o planejamento das ações governamentais nesta área argumenta
RATTNER (1979):
“..as posições se polarizam, geralmente, propugnando uma corrente pela livre
e irrestrita importação de ”know-how” existente nos mercados
internacionais,enquanto outros advogam uma política científica-tecnológica
nacionalista que pudesse levar o país a um estado de autonomia e
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independência em matéria de tecnologia, à imagem dos países industrialmente
mais avançados” (p.209).
A impossibilidade adoção de uma destas correntes leva, na verdade o país a escolher
uma terceira na direção de um modelo misto onde se importa o que é estratégico e procura se
desenvolver o que se obtém como resultados de pesquisa acadêmica no Ensino Superior.
Toda esta discussão tem por objetivo demonstrar que as políticas públicas de Ciência e
Tecnologia estão estreitamente relacionadas à política pública de Educação, em especial a do
Ensino Superior. Outro aspecto relevante é a desconexão entre as demandas de pesquisas das
empresas com estes dois atores : academia e governo. Na visão dos economistas do século
XIX e, neste século, como Shumpeter, Clark e outros, há uma ligação forte entre o progresso
científico-tecnológico, ou a inovação empresarial e o desenvolvimento econômico.
Outro aspecto merece análise e reflexão: não há progresso sem desenvolvimento
social. Falta à sociedade brasileira bens e serviços essenciais, tais como casa, transportes,
vestuário, educação básica, dentre outros. Falta ao setor produtivo condições essenciais para a
geração do progresso. O Brasil tem carências no setor de energia, transportes, financiamento e
outros insumos mas falta-lhe sobretudo capital social.A este respeito argumenta DOWBOR
(2001):
“... nem a área produtiva, nem as redes de infraestruturas,nem os serviços de
intermediação funcionarão de maneira adequada se não houver investimento
no ser humano, na sua formação, na sua saúde, na sua cultura, no seu lazer,
na sua informação. Em outros termos, a dimensão social do desenvolvimento
deixa de ser um complemento, uma dimensão humanitária de certa forma
externa aos problemas econômicos centrais, para se tornar um componente
essencial do conjunto da reprodução social”. (p.23)
Os avanços tecnológicos provocam a ruptura entre as pessoas: de um lado os incluidos
e de outro os analfabetos digitais. Como conseqüência, alerta DOWBOR (2001), deve-se
construir redes de apoio aos que se encontram em situação de transição.
São inúmeras as experiências de Inclusão Digital, decorrentes de políticas públicas
setoriais, experiências empresariais e de instituições do terceiro setor.
Em artigo recente sobre Inclusão Digital, apresentado ao VIII Congresso Internacional
del Clad, no Panamá, Adroaldo Quintela Santos (SANTOS, 2003), Diretor de Planejamento
Estratégico do Ministro Extraordinário de Segurança Alimentar e Combate a Fome em um
contexto de globalização indaga se as novas tecnologias da informação foram responsáveis
pelo aprofundamento das desigualdades sociais e territoriais em escala.
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3 INCLUSÃO DIGITAL E TRANSPARÊNCIA PÚBLICA
A 92ª Reunião do Confaz (Reunião de Secretários Estaduais de Fazenda realizada em
Ouro Preto-MG, em dezembro de 1998), ocorreu, concomitantemente, ao Seminário
Internacional sobre Transparência Fiscal tendo por objetivos sensibilizar os participantes para
as questões relacionadas à formulação e implementação de políticas de orçamentação e gestão
de gastos públicos, bem como para obtenção de transparência na questão fiscal dos governos
nacionais e subnacionais.
Ao analisar o Código de Boa Conduta do Fundo Monetário Internacional a pergunta
chave dos participantes (dirigentes e assessores das áreas de tributação e de administração
financeira com atuação nos níveis de direção superior das Secretarias Estaduais de Finanças/
Tributação/ Fazenda dos países da América Latina) era: como promover o aperfeiçoamento
institucional visando adequar o Estado à atual configuração do mundo na busca de maior
eficiência nas ações e de redução relativa dos custos para alcançar o desenvolvimento da
sociedade?
A Casa dos Contos, local de prisão de conjurados durante a Inconfidência Mineira, foi
o lugar ideal para a discussão dos mecanismos para viabilização dos caminhos para a
transparência. Antes e depois deste evento o tema vinha e continuou sendo parte da agenda
dos dirigentes e assessores governamentais.
Em 2000, após uma grande pressão do FMI sobre o Governo Federal e deste sobre os
Estados e Municípios foi editada, no Brasil, a Lei Complementar nº 101 de 04 de maio de
2000, denominada Lei de Responsabilidade Fiscal. Segundo Couto e Silva (apud DOWBOR,
2001), “A nova legislação pode ser compreendida como desdobramento do desequilibro fiscal
e financeiro das unidades da federação”. Na visão da maioria dos estudiosos da
Administração Pública, é parte integrante do processo de mudança do nosso quadro
econômico-financeiro, de introduzir um regime fiscal sustentável a médio e longo prazo, que
nos permita, em decorrência, voltarmos a condições plenas de crescimento, reduzindo as taxas
de juros em nosso país tais como os existentes em outras partes do mundo.
Pouca atenção se deu ao fato de que esta iniciativa ampliou a visão dos dirigentes para
os aspectos essenciais a uma boa prática de governança no que se refere ao planejamento. Na
visão de Simões (apud DOWBOR, 2001) a lei é um grande instrumento de Planejamento
ampliando a antiga Lei 4320/64. Couto e Silva (apud DOWBOR, 2001) afirma, nesta direção,
que o crescimento da dívida brasileira não esteve associado a falta de legislação específica.
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Os administradores públicos, titulares do Poder na elaboração, aprovação e
implementação dos instrumentos de Planejamento, orçamento e controle devem se preparar
para tornar sua gestão mais transparente e efetiva. O artigo 48 da Lei (BRASIL, 2000)
estabelece:
“Art. São instrumentos de transparência da gestão fiscal, aos quais será dada
ampla divulgação, inclusive em meios eletrônicos de acesso ao público, os
planos, orçamentos e leis de diretrizes orçamentárias; as prestações de contas
e o respectivo parecer prévio; o Relatório de Execução Orçamentária e o
Relatório de Gestão Fiscal; e as versões simplificadas desses documentos.”
Assim, a transparência implica na democratização do acesso das informações à
população por meio da rede mundial de computadores, da realização de audiências públicas e
incentivo à participação popular nos processos de gestão das políticas públicas.
As diversas dimensões das políticas públicas como instrumento de gestão podem ser
constatadas nos Planos Plurianuais das três esferas de Governo: União, Estados e Municípios.
4 O MODELO MINEIRO DE INCLUSÃO DIGITAL
Um dos 31 Projetos Estruturadores do Governo do Estado de Minas Gerais é o Projeto
“Inclusão Digital”. O mesmo é uma estratégia para a melhoria da qualidade de vida em Minas
Gerais e democratização do acesso à informação tal como definida na Lei de
Responsabilidade Fiscal.
O objetivo do Projeto “Inclusão Digital” é promover a alfabetização digital e a
universalização do uso da internet, como ferramenta geradora de conhecimento permitindo
acesso à informações gerais, treinamento e capacitação à distância, gerando como
conseqüência a inclusão social dos cidadãos mineiros.
Um dos subprojetos constituintes do Projeto “Inclusão Digital” é o CVT – Centro
Vocacional Tecnológico. O CVT é um espaço voltado para a capacitação, qualificação e
inserção de grupos sociais no mercado de trabalho. Funcionando com uma estrutura
constituída por Salas de Inclusão Digital, Laboratório Profissionalizante Vocacionado, Sala de
tele-conferência e EAD (Ensino à Distância) e Incubadora de Empresa de Base Tecnológica.
Esta estrutura será suporte para que essas comunidades possam se alfabetizar funcionalmente
em informática, melhorar o perfil dos trabalhadores que já se encontram no mercado de
trabalho e capacitar outros que não sejam considerados economicamente ativos para o
mercado de trabalho, por meio da Educação Profissional. Resultando assim no processo de
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inclusão social de indivíduos ou grupos anteriormente excluídos das dinâmicas sociais
existentes.
Os Centros Vocacionais Tecnológicos são entidades públicas, de caráter comunitário,
que articulam oportunidades de inserção produtiva do trabalhador, aliada à prestação de
serviços educacionais. Desenvolvido em um sistema de gestão compartilhada, resulta da
parceria com os níveis federal, estadual e municipal, a serem gerenciados por ONG ou
Organização de Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), sendo supervisionadas por um
comitê de representantes dos órgãos estaduais e municipais.
O projeto prevê a instalação de sessenta centros locais instalados em Municípios
selecionados de acordo com sua vocação econômica. Exemplo deles: Santa Rita do Sapucaí,
na área de tecnologia; São João Del Rei, área de turismo, entre outros.
Atualmente, o terceiro setor possui uma enorme representatividade no Brasil e tornou-
se responsável pela implementação de diversos setores sociais e culturais.
Uma das estratégias para assegurar o aspecto inovador e estruturante do projeto é a
formação de outras parcerias para capacitação dos gerentes, administradores e técnicos dos
CVT’s. Neste sentido, está sendo assinado convênio entre a Pontifícia Universidade Católica
de Minas Gerais e o Estado de Minas Gerais, por meio da Secretaria de Estado da Ciência e
Tecnologia e Ensino Superior (SECTES) para viabilização da função de capacitação
gerencial. Paralelamente, a Universidade Federal de Minas Gerais, também parceira, está
desenvolvendo aplicativos com software livre e outros sistemas abertos para uso nas redes
locais. A Fundação UTRAMIG- Universidade Estadual do Trabalho de Minas Gerais
capacitará os técnicos dos laboratórios dos CVT´s.
A formação das equipes de trabalho dos CVT´s será efetiva por meio da utilização da
metodologia FOFO (Formação de Formadores) onde os professores da Universidade dos
Cursos de Turismo, Ciência da Informação e Ciência da Computação, preferencialmente,
formarão os alunos egressos de cursos da PUCMinas para que os mesmos transmitam o
conhecimento para os gestores e técnicos dos CVT’s.
O Programa de Capacitação dos CVT´s tem as seguintes finalidades:
1. Desenvolver competências e novas habilidades para a solução de problemas
tecnológicos das micros e pequenas empresas de modo a obter rapidez, agilidade e
confiabilidade na comercialização de produtos e prestação de serviços, atuando em
consonância com os sistemas de qualidade e efetividade das ações;
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2. Estimular as instituições para que implementem mecanismos de gestão do
conhecimento, baseados nas competências e habilidades internas e nas
informações oriundas do meio externo;
3. Promover a busca da excelência nas práticas de gestão das instituições;
4. Contribuir para a adoção de novas configurações jurídicas para os institutos e
centros de P&D, com vistas a facilitar a participação dos setores produtivos na
composição de suas receitas e na sua gestão;
5. Desenvolver ações de qualificação e desenvolvimento de RH;
6. Incentivar programas de monitoramento, prospecção e antecipação tecnológica;
7. Democratizar o acesso às informações governamentais por meio dos aplicativos de
E-Gov, E-Demo;
8. Identificar, apoiar e fortalecer redes sociais locais, bem como divulgar
instrumentos de ampliação da cidadania.
O programa mineiro de Inclusão Digital pressupõe a Inclusão Social. Em seu
planejamento físico-financeiro estão definidas as seguintes metas: implantação de Centros
Vocacionais Tecnológicos, Banco de Dados Sociais, Telecentros e Unidades Móveis. Estas
medidas têm por finalidade mudar o mapa da exclusão digital para o percentual mediano de 5-
10% por meio de acesso aos cursos profissionalizantes e laboratórios, inclusão digital strictu
sensu, instalação de incubadoras de base tecnológica dentre outras.
Uma das formas de indução para que os Centros Vocacionais Tecnológicos não se
limitem ao exercício de funções próprias de telecentros virtuais, sem conteúdos estruturantes e
estratégicos para as políticas públicas de desenvolvimento, é a estruturação do Banco de
Dados Sociais e a definição de novo modelo de gestão.
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Modelo de Gestão
MACRO AMBIENTE - COMUNIDADE
CONSELHO GESTORPARCEIROS
PLANO DE
TRABALHO
METAS ALCANÇADAS
INCLUSÃO SÓCIO - DIGITAL
CVT
2 SALAS DEINCLUSÃODIGITAL
VÍDEOCONFERÊNCIA
INCUBADORADE EMPRESAS
LABORATÓRIOVOCACIONAL
Figura 1: Programa Mineiro de Inclusão Digital Fonte: Secretaria de Ciência,Tecnologia e Ensino Superior – Setembro de 2005
Banco de Dados SocialBanco de Dados Social
Figura 2: Banco de Dados Social Fonte: Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior – Setembro de 2005
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O subprojeto do Banco de Dados Sociais tem por finalidade:
1. Desenvolvimento de tecnologias de gestão social;
2. Formatação, implementação e monitoramento de políticas públicas para a área
social;
3. Operação de serviços de atenção integrada;
4. Controle Social de ações de governo pela sociedade civil organizada.
O modelo de gestão prevê a criação de um Conselho Gestor formado por
representantes da sociedade civil, ONG’s, empresários, universidades e outros representantes
interessados na melhoria dos níveis de inclusão social. Ao mesmo tempo o modelo prevê que
uma organização não governamental escolhida dentre os membros da comunidade assuma a
gestão do CVT com o apoio de parcerias institucionais.
Esta medida visa quebrar o círculo vicioso da descontinuidade administrativa em face
da política que surge com a mudança dos governos com mandato eletivo. A gestão pública de
espaços comunitários tem sido um dos principais problemas das políticas públicas de inclusão
digital e social.
5 CONCLUSÃO
Ô cara conversadô: “O poblema dele era esse, porque tudo ele
enxergava, ou ele saía assim, ou via algu’a coisa, ele sempre saía
ispalhano aquele caso. Então, um dia, que acuntesse com ele?
(UFMG, 7 histórias de encanto e magia, p. 6).
Para discutir Inclusão Social, Ambiental, Digital ou qualquer outra é preciso pensar
nas cidades de forma abrangente: a cidade de quem passa sem entrar, aquela de quem está
aprisionado e não vai mais sair dali, a cidade para a qual se chega pela primeira vez, outra
para quem tem que abandonar e nunca mais voltar, as visões de quem só as vê pela TV, DVD,
e vídeo, todas com formas distintas de se descrever e perceber, como mostra Ítalo Calvino.
Na obra Sete Histórias de Encanto e Magia (UFMG, 1999) vê-se a cidade rural, o
regionalismo, o popular e o aculturamento desenvolvido em Minas Gerais. Olhando apenas
para a grafia, pode-se dizer que o texto acima citado está cheio de erros de português além de
não fazer o menor sentido, faltando-lhe significado.Assim, são as redes de pura tecnologia.
Ao mesmo tempo em que se ampliam os direitos sociais à saúde, educação,
assistência, habitação entre outros na dimensão constitucional se desenvolvem ações
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reducionistas de tratamento das informações com o uso de tecnologias apenas para retratar o
passado e documentar processos. As unidades de acesso às novas tecnologias tendem
rapidamente ao sucateamento e abandono ao final de cada mandato ou gestão.
DOWBOR (2001) chama a atenção sobre a importância de se aprender a gerir novas
áreas sociais uma vez que os instrumentos de gerenciamento empresarial têm origem em
sólidos conceitos fordistas e tayloristas de ordem tipicamente industriais.
Quando o social sai da ótica exclusiva do estado é preciso rediscutir modelos de gestão
que assegurem as diferentes dimensões dos problemas, seja em nível setorial, regional ou
local para assegurar sua efetividade e accountability. Deve-se perguntar: há um software
educacional para escolas rurais? Just in time para carroceiros? A ferramenta CAD/CAM para
a área cultural?
REFERÊNCIAS
BRASIL. Comitê Gestor da Internet. Indicadores: Internet. Disponível em: http://www.cg.org.br. Acesso em junho de 2005. BRASIL. Lei Complementar no. 101 de 04 de maio de 2000. Estabelece normas de finanças públicas. Diário Oficial da União, Brasília, 5 de maio de 2000. cap.9, art.48. CHAHIN, Alin et al. E-gov.br - a próxima revolução brasileira: eficiência, qualidade e democracia - o governo eletrônico no Brasil e no mundo. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2004. DOWBOR, Ladislau (Org.). Economia social no Brasil. São Paulo: SENAC, 2001. RATTNER, H. (Org.). A crise da ordem mundial. São Paulo: Símbolo, 1979. SANTOS, Adroaldo Quintela. Inclusão digital e desenvolvimento local no Brasil. In: ____. CONGRESSO INTERNACIONAL DEL CLAD SOBRE LA REFORMA ESTADO Y LA ADMINISTRACIÓN PÚBLICA, 8., Panamá, 28-31 out.2003. [Anais do...] . Panamá: 2003. TAKAHASHI, Tadao. A sociedade da informação e a democracia eletrônica. In: CHAHIN, Alin et al. E-gov.br - a próxima revolução brasileira: eficiência, qualidade e democracia - o governo eletrônico no Brasil e no mundo. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2004. UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS. Projeto Pólo. Quem conta um conto aumenta um ponto: In: ____. 7 histórias de encanto e magia. Belo Horizonte: FINEP, 1999.