folha do japi 10
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Décima edição do jornal que respeita a sua inteligênciaTRANSCRIPT
ANO 1 / NÚMERO 10
3 a 9 DE JUNHO DE 2011 DIFERENTE PORQUE RESPEITA SUA INTELIGÊNCIA
8 Folha do Japi
CULTURA
DVD
DISTRIBUIÇÃO GRATUITA
Painéis exibem fotos e resumos da vida, do trabalho e das principais obras do pedagogo
O "Tron" original causou forte sensação em 1982 principalmente pelos seus efeitos visuais (os pri-meiros feitos em computador) e pelo desenho de produção de cair o queixo (entre os criadores do visual estava o grande "Moebius"). As lutas com discos e motos gera-ram muitas imitações, impressio-nam até hoje e o resto é história. E eis que, 29 anos depois do original, chega a continuação "Tron: O Legado", que utiliza tudo que há de mais moderno em computação gráfica. E, acreditem se quiserem, o novo filme parece bem mais datado e não chega nem perto da graça que continha o original! O
que os nerds da informática fize-ram em 1982 usando um teclado e um processador do tamanho de uma geladeira, os atuais, que dis-põe de tecnologia avançada, não chegaram nem perto de conquistar. Inacreditável! O desenho de pro-dução é feio, sem graça, escuro e meio brega até.A história consegue fazer menos sentido que a do original e envolve o surgimento de uma nova forma de vida dentro do computador (hein?). As lutas de discos e motos são mil vez mais confusas e sem graça que as do original! Só no finalzinho, na sequência da perse-guição das naves é que o filme
empolga um pouco. Mas é só. O Tron então, coitado, quase nem dá as caras e tem uma participação vexaminosa.A única emoção capaz de fazer a gente sentir é saudades do filme original... - por André Lux
EM EXIBIÇÃO
Kung Fu Panda 2 (3D) (Leg) – Sala 4
Marcha da Vida (Leg) – Sala 3Piratas do Caribe (Leg) – Sala 1Piratas do Caribe (Dub) – Sala 6
Piratas do Caribe 3D (Leg) – Sala 5
Piratas do Caribe 3D (Dub) – Sala 5
Se Beber, Não Case! Parte II (Leg) – Sala 3
Thor (Dub) – Sala 3Velozes e Furiosos 5 (Leg) – Sala 6
X-Men: Primeira Classe (Leg) – Sala 2
X-Men: Primeira Classe (Dub) – Sala 4
Mais informações:www.moviecom.com.br
m resumo do trabalho do Ueducador pernambucano
Paulo Freire e do seu método de
ensino revolucionário, utilizado
para alfabetizar adultos e facili-
tar a inclusão do aluno na socie-
dade, fazem parte da exposição
“Paulo Freire: Educar Para
Transformar” realizada no
Museu Histórico e Cultural de
Jundiaí.
“A exposição não é dirigida
apenas para pessoas ligadas à
educação, mas sim para aquelas
que queiram conhecer um pou-
co mais sobre o mestre”, diz o
diretor do museu, Henrique
Jahnel Crispim.
Os painéis com fotos e resumos
das principais atividades do
pedagogo estão divididos em
três salas no museu. Há também
a transmissão de um vídeo con-
tando a história do educador
narrada por crianças do Institu-
to Paulo Freire, órgão que pro-
duziu o conteúdo das imagens.
A exposição, que tem entrada
gratuita, é uma parceria entre o
Instituto Paulo Freire, colégio
Paulo Freire de Jundiaí e o Mu-
seu Histórico e Cultural de Jun-
diaí. Os painéis ficam no museu
até o dia 12 de junho.
Para as escolas agendarem visi-
tas bastam entrar em contato
pelos telefones: 4521-6259 ou
4584-8414. O museu fica na Rua
Barão de Jundiaí, 762, no Centro
de Jundiaí. Mais informações
sobre Paulo Freire no site:
www.paulofreire.org.
Paulo Reglus Neves Freire (nas-
cido em 1921 e falecido em
1997) foi um educador e filóso-
fo brasileiro. Destacou-se por
seu trabalho na área da educa-
ção popular, voltada tanto para
a escolarização como para a
formação da consciência. Autor
de “Pedagogia do Oprimido”,
um método de alfabetização
dialético, se diferenciou do
"vanguardismo" dos intelectu-
Págs 4 e 5
ais de esquerda tradicionais e
sempre defendeu o diálogo com
as pessoas simples, não só como
método, mas como um modo de
ser realmente democrático. É
considerado um dos pensado-
res mais notáveis na história da
pedagogia mundial, tendo in-
fluenciado o movimento cha-
mado pedagogia crítica.
Fonte: wikipedia.org
Quem é Paulo Freire?
José Roberto Lux, o Zé Boquinha, foi jogador e técnico profissionalde basquete por 51 anos e hoje é comentarista de basquete
e futebol do canal de TV ESPN e da rádio Estadão ESPN.
2 Folha do Japi
OPINIÃO DO JORNAL ESPORTES
m tiro no pé. Foi isso que Usignificou a carta enviada
pelo dono da maior distribuidora
de revistas e jornais de Jundiaí aos
donos de bancas da cidade. Repre-
sentantes da Folha do Japi visitaram
as principais bancas depois da
entrega da carta e pediram para
expor as edições do jornal. Em
todas as bancas a reação foi a mes-
ma: muita simpatia e aceitação por
parte dos jornaleiros, sendo que
alguns demonstraram-se efusiva-
mente entusiasmados com a che-
gada da Folha do Japi.
Nenhuma menção às ameaças
contidas na infame carta, muito
menos qualquer recusa de receber
o jornal. Muito pelo contrário.
A tentativa de tolher a liberdade de
expressão da equipe da Folha do
Japi, além de não dar qualquer
resultado, apenas serviu para
expor ao ridículo os envolvidos
Sr. editor, Boa tarde !
No sábado peguei o seu Jornal "
Folha do Japi" na banca da Rodo-
viária de Jundiaí, onde pude
constatar o que eu já pensava
desde que vim morar aqui em
Jundiaí há 8 anos, ou seja esta
cidade é "controlada" em tudo até
na divulgação das coisas boas e
ruins (principalmente).
PARABÉNS pela coragem de
enfrentar esses "coronéis".
Aproveito para sugerir reporta-
gens nos seguintes tópicos:
- Remendo em ruas asfaltadas,
por quê?
- Excesso de radares fixos em vez
de trabalhos reais de conscienti-
zação de segurança no transito.
- Falta de sinalização em radares
moveis, com objetivo único de
arrecadação.
nesse vexame e, claro, mostrar que
democracia e respeito à liberdade
de imprensa nem sempre são valo-
res defendidos por certas pessoas e
grupos políticos da cidade.
Durante a manifestação dos servi-
dores públicos municipais em
frente à Prefeitura, centenas de
exemplares da Folha do Japi foram
distribuídos entre os presentes.
Eram mais de 300 pessoas. Todas
aceitaram o jornal de bom grado,
sendo que algumas delas já o cha-
mavam carinhosamente de “O
Proibidão”, numa clara alusão à
tentativa frustrada de censurar o
jornal que certamente chegou aos
olhos e ouvidos de grande parcela
da população da cidade.
Nesta edição, “O Proibidão” vai
mexer em uma ferida aberta que
muitos ainda tentam esconder.
Trata-se da grave crise administra-
tiva e política enfrentada pelo atual
Campeonato é oportunidade para preparaçãopara os Jogos Regionais e Abertos
time de futebol feminino
do Paulista amarga o 8º Olugar na classificação
grupo 01 com nove equipes na
primeira fase do Campeonato
Paulista. Com sete jogos e apenas
uma vitória as meninas do Galo
fazem do Estadual uma prepara-
ção para os Jogos Regionais do
Interior que acontece no início de
julho.
“Nossas atletas não rece-
bem salário e nem possu-
em contrato com o clube”,
afirma Reinaldo dos
Passos, técnico da
equipe. Diferentemen-
te do que se vê nos
contratos milioná-
rios dos atletas de
futebol masculi-
no, a modalidade
feminina ainda é
pouco divulgada
e por isso não
tem patrocínio.
“Buscamos par-
ceiros para troca de
i m a g e m , p a r a
arrumar uma ajuda
de custo para as
atletas. O time
f e m i n i n o d e
Jaguariúna, por
EXPEDIENTE
Edição: André Lux
Reportagens e fotos:
Renata Gutierrez
Ilustrações:
José Geraldo de Oliveira
Tiragem: 5 mil exemplares
cartas, sugestões, denúncias:
Blog do jornal:
Twitter: @FolhaDoJapiJund
As opiniões assinadas são de
responsabilidade de seus autores
DISTRIBUIÇÃO GRATUITA
Folha do Japi
O Jornal de Jundiaí comeu bola nesta semana ao levar em consi-deração apenas a palavra da Prefeitura no caso da greve dos servidores públicos. Cravou na capa do jornal de terça-feira que não haveria paralisação e se deu mal. No dia seguinte, além de não admitir nem pedir desculpas pelo erro, ainda tentou desmere-cer esta legítima manifestação dos trabalhadores por melhores salários ao afirmar que teria havido racha da categoria.
De olho na MÍDIA
exemplo, tem apoio da Motorola,
mas é das empresas terceirizadas
que mantém uma ajuda de custo
às jogadoras”, diz. Desta maneira,
as atletas do Paulista não têm
condições para treinar dois perío-
dos e cinco vezes por semana.
Passos não analisa esta situação
como preconceito, mas sim falta
de investimento. “Hoje, pode
investir R$ 10 mil em um
garoto em dez meses, se ele
se destacar em uma vitrine,
passa a ter um mercado e
um retorno financeira-
mente garantido para o
clube e para quem
investiu nele”.
Um exemplo
desta diferen-
ça, segundo o
treinador, foi
a saída da
a t a c a n t e
M a r t a d o
Santos, eleita
por cinco vezes
a melhor jogadora
do mundo pela
Fifa. “Ninguém
falou nada sobre
o valor pago ao
Santos por ela,
isso porque não
Coluna do
ZÉ BOQUINHACHAMPIONS LEAGUE – O massacre do Barcelona sobre o Manchester United não deixou dúvidas quanto à qualidade técnica e o talento do time catalão, mas a falta de uma tática mais forte do time inglês pa-ra contê-los, também mostrou uma certa arrogância do técnico londrino, achando que venceria jogando à sua maneira.BASQUETE 1 – Brasília venceu de forma categórica Franca nas finais da Liga Nacional, a NBB, por 3 jogos a 1. O campeonato Brasileiro mos-trou novamente que é feito de 4 forças, com o restante apenas dis-putando e com dificuldades, tanto que a cidade de Assis acabou com o time. Nenhuma novidade no mun-do do esporte que durante déca-das foi o segundo do país. BASQUETE 2 – No primeiro jogo de uma melhor de 7, o Miami Heat sa-pecou o Dallas Mavericks, fazendo 1 a 0 nas finais da NBA, o melhor basquete do mundo, com Le Bron
James liderando a equipe e mos-trando que quer o título a qualquer custo.LIBERTADORES – O Santos conse-gue, num jogaço, se classificar para a final. O Cerro Portenho jogou mui-ta bola, mas a sorte estava do lado praiano. No final um 3 a 3 chorado, mas que deu a tão esperada passa-gem para decidir contra Peñarol ou Velez.COPA DO BRASIL – O Vasco conse-guiu vencer o Coritiba por um ma-gro 1 a 0, mas que lhe dá vantagem no jogo de volta no Paraná. FIFA – Afundada num mar de lama, a entidade máxima do futebol ree-lege seu “Capo”, Joseph Blatter. A pergunta que não quer calar, não há limite para corrupção?CAMPEONATO BRASILEIRO – Come-çou o Nacional sem muitas emo-ções e sem público, com o Corinthi-ans jogando com uma ridícula cami-sa grená e a maioria das equipes se arrumando ainda.
Esta coluna tem como objetivo mostrar como alguns órgãos da imprensa jundiaiense tratam determinados assuntos. O propósito é a reflexão: a quem interessa transformar notícias preocupantes em fatos positivos?
Folha do Japi 7
Reprodução
CARTAS
- Falta de policiamento nos bair-
ros, visto que moro no bairro
Cidade jardim 2 e RARAMENTE
vemos um carro de policia fazen-
do ronda por lá.
- O por que no sábado pela manhã
diminui os ônibus em circulação
se todo mundo tem que ir traba-
lhar? E creio que temos mais
assuntos envolvendo a popula-
ção em geral.
- José Luís, Morador de Jundiaí na
Cidade Jardim 2
Estou acompanhando a Folha do
Japi desde o primeiro número e
tenho gostado bastante do tipo de
jornalismo praticado pelo jornal.
Realmente é bem diferente dos
outros órgãos de imprensa daqui.
Sugiro a todos que leiam!
- Paula da Silva, secretária
prefeito Miguel Haddad em sua
terceira gestão. Uma crise que,
inclusive, coloca em xeque a per-
manência no poder da oligarquia
que domina Jundiaí há 20 anos.
A Folha do Japi coloca o dedo na
ferida e faz a sua análise particular
do caso, para que toda a sociedade
possa, primeiro, conhecer o que
está acontecendo nos bastidores da
política local e, em segundo lugar,
tire suas próprias conclusões.
O técnico Passos
houve nenhum”. Outro
problema, segundo
Passos, seria a
evasão de compe-
t ições para as
equipes femini-
nas, e cobra a
criação de uma liga
de futebol, assim
como era a Liga de
Santa Bárbara.
“A importância das
ligas é para que as
atletas desenvolvam
tempo de bola, qualidade e rapi-
dez. E a liga deve ser realizada
paralela ao trabalho da Federação
Paulista”, comenta.
As meninas do Galo têm consciên-
cia de que não passarão pela
segunda fase do Paulistão,
segundo o técnico, e se preparam
para os 55º Jogos Regionais e,
logo no segundo semestre, vão
para Mogi das Cruzes para os
Jogos Abertos.
Servidoras públicas em greve leem “O Proibidão”
6 Folha do Japi Folha do Japi 3
CIDADES POLÍTICA
Para o deputado, tucanos não conseguem mais responder às demandas do município Posição polêmica do ex-presidente coloca tucanos de Jundiaí em saia justa
s quase 70 mil votos con-
quistados não deram ao O-engenheiro e professor
jundiaiense Pedro Bigardi, 51
anos, somente a possibilidade de
assumir mais um cargo eletivo.
Garantiram ao deputado a classi-
ficação de maior liderança de
esquerda de Jundiaí e região.
O fato de Bigardi ter sido o único
candidato da oposição ao atual
modelo de gestão do PSDB em
Jundiaí a sair vitorioso em 2010
motivou a Folha do Japi a procurá-
lo para uma entrevista. Acompa-
nhe na íntegra a entrevista.
Folha do Japi: A cidade tem vivido
situações incomuns em outros anos,
como a greve dos servidores públicos
e os protestos da população pelo
aumento da tarifa de
ônibus para R$
2,90. Ao que o
senhor atribuiria
isto?
Pedro Bigardi: O
prefeito Miguel
Haddad perdeu o
comando da admi-
nistração de Jundiaí. Também há
uma falta de rumo no município
e estes dois fatores fazem com
que surjam problemas nas mais
variadas áreas. O servidor públi-
co de Jundiaí dificilmente fala de
greve, pois sempre dialoga e
tenta construir uma relação com
a Prefeitura mesmo havendo
problemas. Há muitos anos não
víamos esta situação que aconte-
ceu recentemente. Além disso,
houve também a greve dos moto-
ristas e cobradores do transporte
público, problemas vinculados à
Saúde, como a Casa de Saúde
fechada há mais de quatro anos...
Enfim, um governo quando não
tem rumo acaba passando isso
para a sociedade.
FJ: O fato das mesmas pessoas esta-
rem há mais de 20 anos no poder tem
relação com essa crise no governo?
Bigardi: Sim. Um governo des-gastado não consegue mais responder às demandas do muni-cípio. Faltam criatividade, ousa-dia e profissionalismo. Um exem-
ex-presidente da Repú-Oblica Fernando Henrique
Cardoso gravou documentário
onde levanta uma bandeira
polêmica: a descriminalização
do uso de drogas e a regulação
do consumo da maconha.
Prestes a completar 80 anos, o
co-fundador, filiado e presi-
dente de honra do PSDB con-
duziu o vídeo “Quebrando o
“FHC trata do assunto na con-
dição de sociólogo. Não envol-
ve o PSDB. Defende o fim da
punição ao usuário e é contra a
legalização. Essa é a posição do
ex-presidente e também a
posição de líderes como Manu-
ela D'avila (PCdoB-RS) e Paulo
Teixeira (PT-SP). Sou contrário
ao uso de qualquer droga.” -
Luiz Fernando Machado ,
deputado federal
“É um assunto polêmico que
tem que ser bastante discutido
não só por políticos e sim com a
participação da sociedade.” -
Ary Fossen, deputado estadual
“O PSDB está aberto ao debate
sobre a questão das drogas de
modo a respeitar as opiniões de
cada um, conservadores ou
não. O FHC defende a regula-
mentação da droga para que o
problema seja tratado no âmbi-
to da saúde pública. Quando
tivermos uma posição do parti-
do sobre o tema informaremos
a todos.” - Gustavo Martinelli,
vereador e líder da bancada do
PSDB na Câmara Municipal
Tabu”. “As pessoas não tem
coragem de quebrar o tabu e
dizer: vamos discutir a ques-
tão”, analisa FHC em recente
entrevista ao Fantástico.
Depois das declarações polêmi-
cas de FHC, a Folha do Japi con-
versou com os principais repre-
sentantes do PSDB em Jundiaí
para saber como se livrariam
dessa saia justíssima.
plo claro foi o acidente na avenida Nove de Julho, onde infelizmente duas pessoas morrreram. Isso aconteceu justamente num mo-mento em que ela está prestes a ser reinaugurada depois de uma demora extraordinária. Gasta-ram um tempo longo demais para as reformas, houve um grande investimento e está comprovado de forma trágica que a obra não tem segurança. A única preocu-pação da Prefeitura foi com o visual. Isso demonstra claramen-te a incompetência do governo em resolver questões essenciais à população.
FJ – Uma das questões que o senhor mais tem batido cno governo tucano é a falta de diálogo com a população.
Isso continua?
B i g a r d i : N ã o tenho nenhuma dúvida. Temos exemplos recen-tes , inclusive, como o caso da greve do trans-porte público e
logo depois o aumento da tarifa. Não há na Prefeitura nenhuma discussão sobre um projeto mais consistente para o transporte coletivo. É a pior crise que eu vi na Administração e que decorre justamente de um cansaço exis-tente entre os próprios adminis-tradores que não conseguem mais responder a tudo o que a cidade precisa.
FJ: Algumas secretarias municipais têm sido atacadas até pelos vereado-res que apoiam o governo. Isso contri-buiu para os fatos negativos?
Bigardi: Tem muita gente que atribui os problemas do governo a algumas secretarias, mas eu discordo. Claro que algumas pastas poderiam ter iniciativas e projetos melhores, mas a crise está em muitos setores do gover-no, o que demonstra a falta de administração por parte do prefe-ito, que é omisso por não apro-fundar as questões e encaminhar as soluções. O Miguel Haddad está fazendo um governo muito fraco, aquém da importância de
Jundiaí. Os interesses que mo-vem o atual governo não são os mesmos da sociedade; eles estão vinculados a setores específicos e não de toda a comunidade.
FJ: Qual é o maior defeito da atual gestão?
Bigardi: O governo inchou nos últimos anos. Para permanecer no poder, foi atraindo pessoas de setores da sociedade, lideranças e partidos, o que fez com que perdesse a identidade. Hoje há um grande emaranhado de acordos políticos que comprome-te o desempenho. Em minha opinião, cabe ao homem público, aquele que lidera o governo, com-preender que os acordos políticos são necessários, m a s q u e n ã o podem inviabilizar a atuação da Prefeitura.
FJ: Esta falta de identidade do gover-no atrapalha a vida do jundiaiense?
Bigardi: A Casa de Saúde talvez seja hoje o maior símbolo desta crise na Prefeitura. Existe um
FHC querliberar a
maconha
Entrelinhas daPOLÍTICA
Mais um Depois do presidente do PV, Eduar-do Palhares, declarar guerra ao prefeito Miguel Haddad, agora é a vez do vereador Val se rebelar. Nesta semana, além de criticar o secretá-rio de Transportes, Roberto Scarin-gella na tribuna da Câmara, ele está prestes a trocar o PTB pelo PSD. Val, que teve a maior votação entre todos os vereadores eleitos em 2008, não teria gostado nem um pouco de saber que a legenda da qual faz parte seria entregue, por ordem do prefeito, ao ex-presidente do PMDB, Armando Fadigatti.
Honestidade Uma fonte desta coluna contou ter ficado estarrecida com a sinceridade do vereador Fernando Bardi, duran-te debate do programa de Metas Legislativas do Movimento Voto Consciente. De acordo com ela, Bardi afirmou categoricamente que vota contra os requerimentos de informação na Câmara porque tem acordo com o prefeito Miguel Had-dad. Como prêmio, o vereador pode fazer as perguntas que quiser por ofício que o prefeito responde sem problemas. Pelo menos ele foi sincero...
desencontro completo entre o Governo do Estado e o município, que são do mesmo partido políti-co, e nenhuma perspectiva de funcionamento. Paralelamente, a cidade tem o Hospital São Vicente superlotado e as Unidades Bási-cas de Saúde trabalhabndo além da capacidade. A Casa de Saúde virou o símbolo de maior descaso e incompetência do governo do PSDB.
FJ: Qual recado que o senhor deixa para a população?
Bigardi: Existem movimentos que estão crescendo na cidade
com uma partici-pação maior da população, da juventude, seto-res do funciona-lismo público e da área ambiental. São muito positi-vas, porque o povo
tem o direito de participar mais das decisões da cidade. De minha parte, vamos continuar cobrando melhorias para que Jundiaí se torne realmente o município que todos queremos.
Salvador Já comenta-se nos bastidores da política local que o polêmico secretá-rio de Transportes, Roberto Salvador Scaringella, será dispensado em breve pelo prefeito Miguel Haddad com o intuito de abafar a crise insta-lada no governo. Em quase três anos como responsável pela pasta, Scarin-gella pouco se relacionou com a população de forma geral, foi critica-do até por vereadores que apoiam a Administração porque não conse-guiu executar quase nada de concre-to para melhoria do complicado trânsito da cidade.
Proibidão A Folha do Japi ganhou um apelido carinhoso dos servidores públicos que participavam da greve por melhores salários, nessa semana. Durante a assembleia que decidiu pela histórica paralisação, em frente ao Paço Municipal, os trabalhadores se referiram ao jornal como o Proibi-dão. Tudo por conta da ameaçadora carta da Distribuidora Paulista de Jornais e Revistas endereçada aos donos de bancas da cidade com ameaças veladas contra quem distri-buísse material para confundir a cabeça do eleitor.
Eleito com 70 mil votos,Bigardi é hoje
a principal voz da oposição em Jundiaí
“A opinião do FHC não é uma
opção partidária e não faz parte
da cartilha do PSDB. Não foi
discutida partidariamente, isso
porque é uma manifestação
pessoal do ex-presidente e não
partidária.” - Júlio César de
Oliveira (Julião), vereador
“O PSDB está organizado e apto
para enfrentar o debate sobre o
efeito das drogas na sociedade,
ouvindo todos os atores e pro-
postas sobre o tema, inclusive a
proposta do ex-presidente
FHC, que é amparada por pes-
quisadores da UNIFESP, e
também coincide com aquela
apresentada pelo deputado
petista Paulo Teixeira, recente-
mente.” - José Antônio Pari-
moschi, presidente do diretório
municipal do PSDB de Jundiaí
A reportagem da Folha do Japi
entrou em contato com os gabi-
netes do prefeito Miguel Had-
dad do vereador José Galvão
Braga Campos (Tico), mas até o
fechamento desta edição não
obteve retorno sobre a questão.
Miguel Machado Martinelli Fossen Parimoschi Julião Tico
«A Casa de Saúdeé o maior símboloda incompetência
do governo do PSDB»
4 Folha do JapiFolha do Japi 5
Explode a crise no governo Miguel HaddadErros primários, falta de comando, tragédias que poderiam ter sido evitadas e falta de compromisso com a população implodem administração do PSDB
ma cidade com mais de R$ 1 bilhão de orçamento público
para gastar em um único ano, prestes a receber a gigante Utecnológica Apple e que figura entre as maiores economias do
País. Com todos estes atributos, é impossível que um município
deste porte, com tantas riquezas, passe por problemas.
Nos cinco primeiros meses deste ano, contudo, uma série de
acontecimentos demonstrou exatamente o contrário: a falta de
comprometimento do governo municipal com o que é realmen-
te necessário para a população jundiaiense está escancarada.
Fatos como a deflagração das greves dos motoristas e dos servi-
dores públicos municipais, o terror instalado nas escolas públi-
cas e a morte de duas pessoas numa avenida que recebeu quase
R$ 40 milhões em investimentos colocam em xeque a adminis-
tração do prefeito Miguel Haddad. A crise definitivamente se
instalou no governo do tucano.
Sem comando
Desde que assumiu a Prefeitura de Jundiaí pela primeira vez,
em 1996, Miguel Haddad vive nesta metade de terceiro manda-
to uma situação que demonstra total falta de controle e de co-
mando à frente do município. A greve do funcionalismo público
municipal, por exemplo, pode ser considerada a primeira da
história da cidade e poderia ter sido controlada se os servidores,
no mínimo, fossem ouvidos.
Na Saúde, após o aniversário de quatro anos de fechamento da
Casa de Saúde Dr. Domingos Anastasio e a demora na definição
do Hospital Regional, a Prefeitura
convocou uma entrevista cole-
tiva para se justificar. Um
erro estratégico consi-
derado primário até
por estudantes de
publicidade e propa-
ganda.
A Folha do Japi procurou
o prefeito Haddad para
que apresentasse o seu
lado da história, porém
não recebeu resposta da
assessoria do prefeito.
Acompanhe a seguir os
principais fatos que defla-
graram a crise no gover-
no tucano.
OS SETE PECADOS CAPITAIS DE MIGUELEntenda porque o prefeito vive um inferno astral em sua atual administração
Servidores públicosentram em grevepor melhorescondições detrabalho
ORGULHO
Empresário bem sucedido, principalmente após ter assumido o poder em Jundiaí, Miguel tem sido cobrado até na Câmara Municipal – local onde o
PSDB conta com uma base aliada forte. Os ataques feitos em relação ao trânsito caótico da cidade e a morosidade do secretário de Transportes, Roberto Scaringella, ganham cada vez mais força na tribuna. “É mais fácil encontrar uma berinjela na feira do que conseguir ser atendido pelo Scaringella”, ironizou Gustavo Martinelli (PSDB).Trazido por Miguel para ser o ‘salvador’ da mobi-lidade urbana de Jundiaí, o enge-nheiro e ex-presidente da Com-panhia de Engenharia de Tráfego (CET) de São Paulo tornou-se uma das maiores decepções do governo. Foi na gestão dele que a tarifa de ônibus chegou a R$ 2,90 (uma das mais caras do País) aliada à greve de motoristas e cobradores que deixou mais de 100 mil pessoas a pé.
LUXÚRIA
Lá se vão quase três anos das reformas da avenida Nove de Julho. Até agora, a Prefei-tura já esbanjou R$ 40 milhões na reforma, mas um erro básico custou a vida de duas pessoas e pôs em dúvida todo o trabalho. O
carro em que uma mulher e sua mãe estavam caiu no córrego. As duas faleceram. A tragédia comoveu a cidade e centenas de críticas foram feitas em redes sociais, cobrando defensas ao longo da aveni-da. Para os secretários da Prefeitura, no entanto, o caso foi uma fata-lidade. O único sistema defensivo que vai separar os motoristas de uma queda no córrego serão árvores plantadas recentemente. Dian-te disso, fica a pergunta: o que vale mais é o luxo ou a segurança de quem passa por ali?
AVAREZA
O problema das drogas e do alcoolismo em Jundiaí é grave e merece atenção. No entan-to, vereadores da base aliada de Haddad não aprovaram a proposta de estabelecer compe-
tências ao poder público para o tratamento de dependentes químicos. Mesmo com apoio de enti-
dades, da Defensoria Pública do Estado e de especialistas no tema, a Proposta de Emenda à Lei Orgânica criada pelo vereador Durval Orlato (PT) foi rejeitada pela Câmara. A alegação foi de que a Prefei-tura não tem dinheiro para isso. O único beneficiado com esta atitu-de é o tráfico de drogas. Com isso, aumentam a insegurança, os furtos e roubos na cidade.
INVEJA
Enquanto o prédio da Casa de Saúde está fechado há quatro anos, a cidade sofre com a falta de leitos para internação e a superlota-ção do hospital São Vicente de Paulo. Mesmo assim o governo Haddad não iniciou sequer a primeira fase da reforma e foi cobrado publi-
camente por isso. Em 2009, o prefeito disse que já existia projeto arquitetônico do Hospital Regional. O deputado Pedro Bigardi mostrou um requerimento em que o Governo do Estado afirma que não há sequer um cronograma da Prefeitura para as obras. Além de escancarar a incompetência administrativa, circula nos bastidores que a Casa de Saúde permanece fechada porque quem a desapropriou foi Ary Fossen. Dar sequência a algo que não foi iniciado pela equipe de Miguel não seria “bom politica-mente”, mesmo ambos sendo do PSDB.
PREGUIÇA
O Jardim São Camilo é uma região populosa e esquecida pela Prefeitura de Jundiaí. Ques-tões como cidadania, segurança e lazer pas-sam longe do bairro, que sofreu uma inter-
venção de tropas de elite da Polícia Militar de São Paulo por conta do tráfico de drogas fortalecido no bairro jus-tamente por conta do abandono do governo municipal. No início deste ano, dois adultos e duas crianças morreram vítimas de soter-ramento. Elas moravam em uma área de risco. Apesar de ser um problema antigo, a Prefeitura deixou que uma tragédia aconteces-se para só depois tentar fazer algo. Todavia, quatro meses já se pas-saram após as mortes e nenhuma ação preventiva foi realizada desde a tragédia.
Scaringella
Falta de defensas nanova Nove de Julhoprovoca a morte de
duas pessoas
Foto: Thiago Godinho
IRA
“Cabeça vazia é oficina do demônio”, afirmam os antigos. Estudantes das escolas Getúlio Nogueira de Sá e Cecília Rolemberg passaram por um susto grande quando duas bombas de
fabricação caseira explodiram no interior das escolas. Em Jundiaí, não há nenhum programa voltado especificamente à formação do jovem. No lazer, a Prefeitura perdeu o programa Segundo Tempo, do Ministério do Esporte. A falta de opções de lazer e cultura gratui-tas fora da região central também tem levado jovens a situações de risco. A única medida tomada até agora pela Prefeitura foi fechar uma praça próximo à avenida Nove de Julho, onde jovens se con-centravam para brigar, consumir drogas e álcool.
GULA
A fome pelo poder demonstrada pelos tuca-nos e seus apoiadores causou um grande mal-estar no atual governo de Miguel Had-dad. Os tão cobiçados cargos comissionados (aqueles em que a pessoa é contratada sem
precisar prestar concurso público) têm custado caro ao mandatário. Muita gente que trabalhou e ajudou na campa-nha para eleger Miguel ainda não foi contemplada com este prêmio. Resultado: vários já viraram as costas para a atual administração e alguns mais radicais foram para a oposição na cidade. O sinal mais claro disso é a greve do funcionalismo público. Considerado um dos maiores redutos do tucanato - existem ao menos 900 funcionári-os comissionados – o Sindicato parou até que conseguiu fazer o prefeito ceder. É a primeira vez na história de Jundiaí que a catego-ria recorre à paralisação. A maior alegação para o ato é a falta de diálogo da Prefeitura.
Miguel Haddad: umprefeito à beira de umataque de nervos