folha 325 mãozinha quase milagrosa na colheita do café

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Fundação Procafé Alameda do Café, 1000 Varginha, MG CEP: 37026-400 35 3214 1411 www.fundacaoprocafe.com.br MÃOZINHA QUASE MILAGROSA NA COLHEITA DO CAFÉ J.B. Matiello Eng Agr Fundação Procafé Colher a lavoura de café, derriçando os frutos com as próprias mãos está ficando cada vez mais raro, depois que surgiram as “mãozinhas” mecânicas, das derriçadeiras motorizadas de operação manual. Elas vêm sendo adotadas em grande escala e de forma crescente, a cada ano e em todos os lugares. Ao vê-las operar, por trabalhadores com elas habituados,verifica-se que esse equipamento faz um bom trabalho, quase um milagre, substituindo uma operação, antes lenta e penosa, da colheita por derriça manual. Mas, no inicio, faz mais de 20 anos atrás, a introdução de maquinário derriçador semelhante, vindo da Europa e, depois, as primeiras etapas do maquinário aqui fabricado, geraram desconfiança e pouca aceitação. Era muita quebra de máquina, eram frutos voando longe, era quebra de ramos, desfolha e outros problemas operacionais. Gradativamente, o maquinário foi melhorando, os trabalhadores foram sendo treinados e o sistema, hoje, pode ser considerado amplamente aprovado, embora, como tudo, sempre haverá necessidade de novos aperfeiçoamentos. As derriçadeiras motorizadas tem apresentado um bom rendimento na derriça, sendo que, normalmente, podem substituir 2-3 trabalhadores na derriça manual. Este é o rendimento normal, no entanto, operadores bem treinados e trabalhando bem podem substituir mais, até 4 colhedores na colheita manual. O usual é um colhedor, com a máquina, colher 20-25 medidas (de 60 l) por dia, mas tem alguns que colhem até 40 medidas. A máquina derriçadeira possibilitou a criação de turmas, profissionais, de colhedores motorizados, que trabalham terceirizados, assim atendendo aos cafeicultores. Também, nas propriedades foram adotados sistemas que garantem o melhor funcionamento do maquinário. Eles podem ser de 2 tipos - Ou o proprietário compra o maquinário e destaca alguém para supervisão ou manutenção no dia a dia, ou, mais adequadamente, tem havido a aquisição pelo próprio colhedor, muitas vezes com adiantamento do recurso pelo proprietário, e, deste modo, sempre o operador vai ter mais cuidado com o seu equipamento. Com o maquinário o trabalhador aumentou os seus ganhos. Nesta safra tem gente ganhando até mais de R$200,00 por dia. Para o proprietário também trouxe vantagens, pois pode viabilizar, com mais tranquilidade, a colheita de suas lavouras, podendo contratar menos pessoas, já que estava difícil conseguir toda a mão-de-obra, antes necessária. A derriçadeira motorizado beneficiou, especialmente, a cafeicultura de montanha, que vinha passando dificuldades na contratação de pessoal, em quantidade e custos compatíveis. Facilitou, ainda, para o cafeicultor familiar, vez que este e sua família podem, eles mesmos, fazerem sua própria colheita, sem a necessidade de desembolsar recursos para a contratação externa. Também, ultimamente, a derriçadeira de operação manual passou a ser usada, no repasse de derriça, após o trabalho das colhedoras mecanizadas, automotrizes ou tratorizadas. Finalmente, um comentário complementar, de ordem econômico-social, na forma de uma pergunta que paira no ar. Estaria o maquinário desempregando pessoas. A resposta é negativa, pois essas pessoas, que eventualmente não seriam mais empregadas, já não vinham sendo encontradas. Assim, ao contrário, a maior viabilização da atividade da cafeicultura, em áreas montanhosas e em condições de pequenas propriedades, na realidade, gera mais renda e, com ela, mais pessoas dela usufruirão.

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Fundação Procafé Alameda do Café, 1000 – Varginha, MG – CEP: 37026-400

35 – 3214 1411 www.fundacaoprocafe.com.br

MÃOZINHA QUASE MILAGROSA NA COLHEITA DO CAFÉ J.B. Matiello – Eng Agr Fundação Procafé

Colher a lavoura de café, derriçando os frutos com as próprias mãos está ficando cada vez

mais raro, depois que surgiram as “mãozinhas” mecânicas, das derriçadeiras motorizadas de

operação manual. Elas vêm sendo adotadas em grande escala e de forma crescente, a cada ano e

em todos os lugares. Ao vê-las operar, por trabalhadores com elas habituados,verifica-se que esse

equipamento faz um bom trabalho, quase um milagre, substituindo uma operação, antes lenta e

penosa, da colheita por derriça manual.

Mas, no inicio, faz mais de 20 anos atrás, a introdução de maquinário derriçador

semelhante, vindo da Europa e, depois, as primeiras etapas do maquinário aqui fabricado, geraram

desconfiança e pouca aceitação. Era muita quebra de máquina, eram frutos voando longe, era

quebra de ramos, desfolha e outros problemas operacionais. Gradativamente, o maquinário foi

melhorando, os trabalhadores foram sendo treinados e o sistema, hoje, pode ser considerado

amplamente aprovado, embora, como tudo, sempre haverá necessidade de novos

aperfeiçoamentos.

As derriçadeiras motorizadas tem apresentado um bom rendimento na derriça, sendo que,

normalmente, podem substituir 2-3 trabalhadores na derriça manual. Este é o rendimento normal,

no entanto, operadores bem treinados e trabalhando bem podem substituir mais, até 4 colhedores

na colheita manual. O usual é um colhedor, com a máquina, colher 20-25 medidas (de 60 l) por

dia, mas tem alguns que colhem até 40 medidas.

A máquina derriçadeira possibilitou a criação de turmas, profissionais, de colhedores

motorizados, que trabalham terceirizados, assim atendendo aos cafeicultores. Também, nas

propriedades foram adotados sistemas que garantem o melhor funcionamento do maquinário. Eles

podem ser de 2 tipos - Ou o proprietário compra o maquinário e destaca alguém para supervisão

ou manutenção no dia a dia, ou, mais adequadamente, tem havido a aquisição pelo próprio

colhedor, muitas vezes com adiantamento do recurso pelo proprietário, e, deste modo, sempre o

operador vai ter mais cuidado com o seu equipamento.

Com o maquinário o trabalhador aumentou os seus ganhos. Nesta safra tem gente

ganhando até mais de R$200,00 por dia. Para o proprietário também trouxe vantagens, pois pode

viabilizar, com mais tranquilidade, a colheita de suas lavouras, podendo contratar menos pessoas,

já que estava difícil conseguir toda a mão-de-obra, antes necessária.

A derriçadeira motorizado beneficiou, especialmente, a cafeicultura de montanha, que

vinha passando dificuldades na contratação de pessoal, em quantidade e custos compatíveis.

Facilitou, ainda, para o cafeicultor familiar, vez que este e sua família podem, eles mesmos,

fazerem sua própria colheita, sem a necessidade de desembolsar recursos para a contratação

externa. Também, ultimamente, a derriçadeira de operação manual passou a ser usada, no repasse

de derriça, após o trabalho das colhedoras mecanizadas, automotrizes ou tratorizadas.

Finalmente, um comentário complementar, de ordem econômico-social, na forma de uma

pergunta que paira no ar. Estaria o maquinário desempregando pessoas. A resposta é negativa,

pois essas pessoas, que eventualmente não seriam mais empregadas, já não vinham sendo

encontradas. Assim, ao contrário, a maior viabilização da atividade da cafeicultura, em áreas

montanhosas e em condições de pequenas propriedades, na realidade, gera mais renda e, com ela,

mais pessoas dela usufruirão.

Fundação Procafé Alameda do Café, 1000 – Varginha, MG – CEP: 37026-400

35 – 3214 1411 www.fundacaoprocafe.com.br

As derriçadeiras e as “mãozinhas” são de diversas marcas, modelos e materiais. A da esquerda tem sido bem aceita

por colhedores.