folha 325 mãozinha quase milagrosa na colheita do café
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MÃOZINHA QUASE MILAGROSA NA COLHEITA DO CAFÉ J.B. Matiello – Eng Agr Fundação Procafé
Colher a lavoura de café, derriçando os frutos com as próprias mãos está ficando cada vez
mais raro, depois que surgiram as “mãozinhas” mecânicas, das derriçadeiras motorizadas de
operação manual. Elas vêm sendo adotadas em grande escala e de forma crescente, a cada ano e
em todos os lugares. Ao vê-las operar, por trabalhadores com elas habituados,verifica-se que esse
equipamento faz um bom trabalho, quase um milagre, substituindo uma operação, antes lenta e
penosa, da colheita por derriça manual.
Mas, no inicio, faz mais de 20 anos atrás, a introdução de maquinário derriçador
semelhante, vindo da Europa e, depois, as primeiras etapas do maquinário aqui fabricado, geraram
desconfiança e pouca aceitação. Era muita quebra de máquina, eram frutos voando longe, era
quebra de ramos, desfolha e outros problemas operacionais. Gradativamente, o maquinário foi
melhorando, os trabalhadores foram sendo treinados e o sistema, hoje, pode ser considerado
amplamente aprovado, embora, como tudo, sempre haverá necessidade de novos
aperfeiçoamentos.
As derriçadeiras motorizadas tem apresentado um bom rendimento na derriça, sendo que,
normalmente, podem substituir 2-3 trabalhadores na derriça manual. Este é o rendimento normal,
no entanto, operadores bem treinados e trabalhando bem podem substituir mais, até 4 colhedores
na colheita manual. O usual é um colhedor, com a máquina, colher 20-25 medidas (de 60 l) por
dia, mas tem alguns que colhem até 40 medidas.
A máquina derriçadeira possibilitou a criação de turmas, profissionais, de colhedores
motorizados, que trabalham terceirizados, assim atendendo aos cafeicultores. Também, nas
propriedades foram adotados sistemas que garantem o melhor funcionamento do maquinário. Eles
podem ser de 2 tipos - Ou o proprietário compra o maquinário e destaca alguém para supervisão
ou manutenção no dia a dia, ou, mais adequadamente, tem havido a aquisição pelo próprio
colhedor, muitas vezes com adiantamento do recurso pelo proprietário, e, deste modo, sempre o
operador vai ter mais cuidado com o seu equipamento.
Com o maquinário o trabalhador aumentou os seus ganhos. Nesta safra tem gente
ganhando até mais de R$200,00 por dia. Para o proprietário também trouxe vantagens, pois pode
viabilizar, com mais tranquilidade, a colheita de suas lavouras, podendo contratar menos pessoas,
já que estava difícil conseguir toda a mão-de-obra, antes necessária.
A derriçadeira motorizado beneficiou, especialmente, a cafeicultura de montanha, que
vinha passando dificuldades na contratação de pessoal, em quantidade e custos compatíveis.
Facilitou, ainda, para o cafeicultor familiar, vez que este e sua família podem, eles mesmos,
fazerem sua própria colheita, sem a necessidade de desembolsar recursos para a contratação
externa. Também, ultimamente, a derriçadeira de operação manual passou a ser usada, no repasse
de derriça, após o trabalho das colhedoras mecanizadas, automotrizes ou tratorizadas.
Finalmente, um comentário complementar, de ordem econômico-social, na forma de uma
pergunta que paira no ar. Estaria o maquinário desempregando pessoas. A resposta é negativa,
pois essas pessoas, que eventualmente não seriam mais empregadas, já não vinham sendo
encontradas. Assim, ao contrário, a maior viabilização da atividade da cafeicultura, em áreas
montanhosas e em condições de pequenas propriedades, na realidade, gera mais renda e, com ela,
mais pessoas dela usufruirão.