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Escrito em:29/6/2009 VIVER NÃO É COISA PRA MARIQUITAS! Querido Moacir Jardim, João Sequeira de Sousa querido: dormi feito um anjo, porque nada me tira o sono. Mas a verdade é que, quando me deitei ontem à noite, estava precisando muito de colo. Por isso, mal acordei hoje – às 8 horas, fato raríssimo! – corri para o blogão, pois sabia que era isso que vocês dois me dariam: um colo farto, igual àqueles das madonas retratadas nas pinturas renascentistas. Foi o que aconteceu.

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Escrito em:29/6/2009

VIVER NÃO É COISA PRA MARIQUITAS!

Querido Moacir Jardim, João Sequeira de Sousa querido: dormi feito um anjo, porque nada me tira o sono. Mas a verdade é que, quando me deitei ontem à noite, estava precisando muito de colo. Por isso, mal acordei hoje – às 8 horas, fato raríssimo! – corri para o blogão, pois sabia que era isso que vocês dois me dariam: um colo farto, igual àqueles das madonas retratadas nas pinturas renascentistas.

Foi o que aconteceu.

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As palavras de Moacir foram as mais sábias que li no blogão nos últimos tempos... E, com a devida autorização dele, serão incluídas no Deu no Blogão!, o livro que vou publicar antes do fim do ano (não sabiam? Aquela idéia do livro do blogão vingou, volto a falar em breve sobre isso).

E quanto a João... Seu estilo sempre confesssional e, portanto, sincero, é um must diário cuja ausência - eu já disse e repito - faria muita falta em nossas páginas. E hoje ele se excedeu em clareza e afeto, pois viu que eu precisava disso.

Sou grato aos dois. Sou grato a todos. Tenho amigos que mostram a cara e assinam embaixo. Pra que me preocupar com “amigos” anônimos? É isso que eles querem – sugar minha energia e fazer com que mergulhe num clima negativo. Às vezes até conseguem me dar um tranco, e foi o que aconteceu ontem à noite... Mas não por muito tempo.

Já disse e repito: a master class foi um dos grandes momentos da minha vida. Não só porque descobri uma faceta minha ainda desconhecida – a de orientador -, como pelas pessoas que, através dela, invadiram a minha vida. Se existe ou não uma alma precisando de mais orientação e conselhos no meio delas eu não sei, nem quero descobrir - nem vale a pena pensar nisso.

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O que vale a pena é continuar pensando que fizemos juntos um belíssimo trabalho... E que ele não pode ser simplesmente desconsiderado.

Não, eu não sei qual será o destino de MARIDO DE ALUGUEL, já que até agora não tive da parte da Rede Globo nenhuma indicação concreta quanto a isso.

Mas acho sim, que aquela sinopse magnífica terá forçosamente um grande destino onde quer que venha a ser produzida... O que beneficiará até mesmo quem não quer isso.

Se serei eu a escrevê-la não sei. Mas em qualquer negociação a respeito terá que constar uma cláusula incluindo alguns de vocês na equipe.

Portanto, Rodrigo, Maurício, Pedro e todos os que guardaram silêncio, não se preocupem, pois agora cito um dos brasileiros de quem mais me orgulho, o professor Fernando Henrique Cardoso, pra dizer: “esqueçam o que eu escrevi” ontem à noite, pois tudo o que já tinha escrito antes sobre a excelência de vocês todos continua valendo.

De qualquer modo, como vocês podem ver na foto lá em cima (by Davi Vallerio), eu já estou em estado de alerta para o próximo arranca-rabo...

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E LA NAVE VA...

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Vejam, na foto abaixo, a beleza do quadro de Carlos Calvet, um pintor português, que eu acabei de arrematar no leilão do Palácio do Correio Velho, aqui em Lisboa. É neste navio que eu vou dar a volta ao mundo até que o mundo acabe!

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UMA BELA NOITE DE FADOS

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Tivemos nesta segunda-feira uma bela noite no “Senhor Vinho”, casa de fados que fica num dos bairros mais tradicionais daqui: a Madragoa. Marília Gabriela, os editores Inês e Alexandre Vasconcelos (da Objectiva), o escritor José EduardoAgualusa, eu e o baixista Ricardo Cruz, que é também o produtor musical de uma das “estrelas” da casa: Antônio Zambujo. A essa altura vocês já viram o vídeo acima, no qual Zambujo canta de modo luxuoso um clássico da música popular brasileira, Lábios que Beijei (que, entre outras coisas, deu nome a um dos meus livros), e já perceberam o quanto ele é cool e moderníssimo. No ambiente do fado de vozes quase sempre estentórias, Zambujo se destaca pelo modo suave, quase jazístico de cantar, num estilo que vai de Chet Baker a João Gilberto, passando até mesmo por Caetano Veloso, mas sem nunca deixar de lado os que o antecederam no fado. Pra mim, foi uma novidade absoluta. Tive o maior prazer em ouvi-lo. Além de ouvir o fado, comer bem e beber ótimos vinhos, falamos de tudo. Muito sobre CINQUENTINHA é claro, com Marília felicíssima por conta da sua personagem, e também do corte de cabelo que fez pra ela, e que a deixou ainda mais radiosa e bonita. Falamos também do novo livro de Agualusa, Barroco Tropical, que faz o maior sucesso aqui e eu não sei se saiu no Brasil, mas de qualquer modo já recomendo. Mas a “estrela” da noite foi mesmo Antônio Zambujo (na foto abaixo), com seu jeito único de cantar o fado. Gostei tanto que já mandei reservar lugar para o concerto que ele fará, dia 15 de julho, no Parque Marechal Carmona, lá em Cascais, quando dividirá o palco com ninguém menos que o nosso Ivan Lins: imperdível!

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DESCULPE ALGUMA COISA, ELTON QUERIDO!

Não, infelizmente não fui ao concerto de Sir Elton John aqui em Lisboa. É que fui almoçar no restaurante do Hotel do Guincho, lá em Cascais, cuja comida mereceu uma estrela do Guia Michelin...E confesso que me excedi um pouco.

Já no sábado, num almoço com Marília Gabriela no restaurante “A Comenda”, outro must lisboeta, eu também

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tinha me excedido no vinho durante nossas três horas de ótima conversa. Assim...

No domingo à noite, pesadão como estava, percebi que não ia agüentar o tranco e saracotear ao som de Elton lá no Pavilhão Atlântico. Por isso desci até a Praça da Figueira e dei meu ingresso de 125 Euros ao primeiro romeno de olhos verdes que me passou pela frente... Mesmo sabendo que, em vez de ir ver o show, ele trataria de vendê-lo a bom preço, pois essa é a natureza dos ciganos.

De qualquer modo me senti na obrigação de dar alguma coisa do Elton a vocês hoje, e por isso postei esse vídeo-promo de “Nikita”, uma das músicas dele que todos nós adoramos.

Sim, porque vocês sabem: Elton John é um clássico. Vai tocar no rádio enquanto o rádio existir, e o mundo – como nós o conhecemos hoje, antes que aconteçam todos os cataclismas já previstos e surjam de novo os dinossauros – continuar por aí vagando.

Não há como deixar de comparar a trajetória de Elton com a de Michael Jackson. O primeiro a certa altura de sua carreira também desceu aos infernos e quase acabou destruído. Mas deu a volta por cima. Recuperou-se, deixou a

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droga de lado, virou um senhor de respeito, um homem casado (com outro homem, diga-se), foi galardoado com o título de “Sir”...

E nunca, mesmo nos momentos mais hards, deixou de compor musicas fantásticas com seu parceiro Bernie Taupin, sempre em “quartos separados” (é este o nome do CD antológico que celebra a brilhante parceria dos dois).

Já Michael Jackson, bem... É aquela história que todos nós sabemos.

Então é isso: fico devendo um show de Elton John a mim mesmo. Qualquer dia desses nos encontraremos. Pois eu, como vocês estão fartos de saber, não vou morrer nunca. E o Elton, a julgar pela foto abaixo, tirada aqui em Lisboa, bem... Ainda pode resultar num belo caldo.

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Exercícios para cinco dedos A revista VISÃO publicou uma extensa pesquisa sobre a vida sexual dos portugueses. No item “masturbação”, 35.6% dos homens disseram que “nunca a praticaram”; 24,5% só “algumas vezes por ano”; e 63,4% das mulheres declararam peremptoriamente que “jamais fizeram tal coisa!”

No item “relações com pessoas do mesmo sexo” os números foram ainda mais incríveis: 94,1% dos entrevistados disseram que “nunca”; 3,2%, chocadíssimos com a pergunta, nem responderam; e só 2,7% disseram que, bem, quer dizer... “sim, pois”

Quanto à pergunta que provocou o grande terremoto de Lisboa – “considera-se homossexual?” – as respostas foram as seguintes: 88,3% disseram que “não”; 5,8% que “sim”; e 5,9% não quiseram responder.

A pesquisa, de um modo geral, dá a impressão de que em matéria de sexo os portugueses ainda não fizeram a sua

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revolução de Abril... Ou a Revolução de Abril esqueceu esse item do progresso nas relações sexuais, que é da maior importância para a completa realização do ser humano. De qualquer modo, vendo os líderes da esquerda de hoje – Francisco Louçã e Jerônimo de Sousa -, é impossível imaginá-los a fazer esse tipo de coisas.

Quanto a mim, tirei minhas próprias conclusões. Baseado nas respostas sobre a masturbação, eu vos digo: ou os portugueses são uns tolinhos ou são uns grandes mentirosos!

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VIVA SÃO JOÃO!

As notícias que chegam do Brasil têm me deixado muito triste. Por isso, pra que não digam que deixei de falar do meu país, prefiro registrar aqui apenas este flagrante feito pelo fotógrafo oficial da Presidência da República, durante a festa junina deste ano na Granja do Torto. Dona Marisa, Dilma Roussef e o Presidente Lula, vestidos a caráter, felizes e descontraídos, numa foto que diz tudo.

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Escrito em:24/6/2009

E AGORA, DE VOLTA À "LA VIOLETERA"

E chega de Michael Jackson, né não? Fiquemos só com as músicas dele e, de vez em quando, com uma palinha de algum dos seus “clips” espampanantes. Vamos voltar ao assunto inicial deste meu post – a memória prodigiosa dos atores.

Várias pessoas me ligaram pra comentar que, mesmo sem querer acabei sendo injusto com Regina Duarte.

Reli o texto e concordo.

Vou explicar porquê: a cena de “Vale Tudo”, com Regina e Glória Pires, que eu postei para ilustrar o texto, tem 4 minutos e 17 segundos. Lembro-me de que, em “Roque Santeiro”, cheguei a escrever cenas de absurdos sete

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minutos para Regina e Lima Duarte... E os dois não perdiam uma vírgula.

Em “ValeTudo” Regina era a protagonista, e gravava até 50 cenas por dia. Só que estas cenas eram muito maiores que as de “Senhora do Destino”. Era texto demais sim, e era natural que a atriz, a certa altura, não conseguisse absorver tudo.

Portanto, não é que Regina seja menos capaz de decorar seus textos – nem eu quis dizer isso. Pelo contrário, se somarmos o total de cenas dela nas novelas em que foi protagonista, podemos dizer, sem medo de errar, que Regina Duarte foi a atriz que mais decorou textos no Brasil em todos os tempos... E não apenas os decorou, mas os disse de maneira inesquecível.

Pois Regina tornou-se nossa estrela máxima num tempo em que, na televisão, a palavra tinha valor e era ouvida. Hoje em dia, qualquer cena que tenha mais que um minuto e meio faz o telespectador levantar da frente da tevê pra ir fazer xixi ou tomar um refresco.

Culpa da MTV... E (agora juntando as pontas todas) do Michael Jackson! Pois o que todo mundo quer ver hoje não é o requinte da dramaturgia, mas a linguagem toda pinicada do videoclipe.

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Quanto ao resto, depois de pensar muito no que tinha escrito, acho que descobri a causa dessa incrível facilidade dos atores de decorar textos: é que eles, quando incorporam um personagem, acreditam piamente no que dizem.

Tô certo ou tô errado, Regina?

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O ÚLTIMO "CLIP" DE MICHAEL JACKSON

Esqueçam o Timberlake e pensem em Michael no clip acima.

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Ninguém torceu mais que eu pela “volta” de Michael Jackson após estes anos todos de silêncio. Todos os dias eu pensava nisso: sim, ele produziria outro daqueles discos geniais e se reafirmaria como gênio!

Mas essa minha expectativa foi praticamente anulada em 2006 quando Justin Timberlake lançou o álbum “Future Sex/Love sounds”. Pois aquele, pra mim, teria sido o novo e revolucionário disco de Michael Jackson. Produzido por um artista regular como Timberlake ficou interessante. À

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maneira de Michael ele teria sido no mínimo revolucionário.

Timberlake e seu produtor até que tentaram. No clip de “Sexy Back” o branquelo de verdade chegou a ensaiar passos de dança sem dúvida copiados do branquelo de mentira... Mas sem o menor jeito.

O disco chegou ao topo das paradas, graças a ele Justin ganhou um up grade, mas depois ficou tudo por isso mesmo.

Imagino a frustração, a raiva de Michael quando (se é que) ouviu “Future Sex”: um branco fingindo ser um negro que finge ser um branco: o que ele podia fazer depois daquilo?

Rolam na internet clips de supostas novas músicas do que viria a ser um futuro álbum de Michael. Tudo muito suspeito, e nada que seja mais do que interessante. Talvez se exigisse demais dele: depois de tanta genialidade, mais ainda?

De qualquer modo, não haverá retorno porque o Rei do Pop nunca foi embora. Pois é como eu disse ontem: enquanto a droga desse planeta continuar rolando por aí na escuridão da noite, sempre haverá uma rádio a tocar músicas de Michael Jackson.

Começou o processo de canonização, como sempre comandado pelos hipócritas. Michael Jackson, o negrinho metido a branquelo, o pedófilo, o malucão de todas as manias, agora é reconhecido, pelos mesmos que o crucificaram em vida, como o artista importante que foi - um dos maiores do século XX. O que mais se vê na mídia é gente chorando lágrimas de crocodilo. Mas Michael, na morte como

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na vida, está muitos quilômetros acima dessas miseráveis carpideiras.

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QUEM SABE CANTAR "LA VIOLETERA"?

Find more videos like this on video.filestube.com.

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Bom, vamos por partes, como diria aquele açougueiro que certa vez foi entregar um quilo de bifes de contra-filé na minha casa da rua Visconde de Maranguape, lá na Lapa e aí...

Mas essa é outra história.

Do que eu quero falar agora é de quem manda aqui no Blogão do Aguinaldão: sou eu, é claro! Sou eu, e não abro mão disso. Aqui só entra quem eu quero. E rapa fora todo aquele de quem não gosto. É assim que funciona. Quem

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quiser democracia que vá pro Iran ou pra Venezuela, pois aqui tem um chefão todo poderoso, que sou eu mesmo.

Repito, pra que fique bem claro: eu é que decido quem entra e quem sai. E no dia em que não puder mais fazê-lo, pego meu chapéu e vou embora... E aí vocês vão ter que fazer hora no blog da Geovana Taminaga.

Por que estou escrevendo isso? Porque ontem à noite apareceu mais um desses Zé Ruelas para os quais o blog é de quem comenta, e não de quem o mantém com muito trabalho... E que, por isso, eles podem se esconder atrás de quantos nicknames queiram e escrever todo tipo de sandices e grossuras.

A ele, e a outros que apareçam com as mesmas idéias de jerico, eu só tenho uma coisa a dizer:

Vai tomar no toba!

E tenho dito.

Ah sim: o vídeo que postei lá em cima (felonemal, não?) tem a ver não com esse texto, mas com o que vem depois da foto abaixo. É a famosa cena de "Vale Tudo" em que Maria de Fátima humilha Raquel - vale a pena ver de novo... E sempre... Ainda mais porque, embora o texto fosse longuíssimo, elas não erraram uma só palavra

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Antônio Fagundes: um camaleão de memória prodigiosa.

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Uma coisa que sempre me espantou foi essa facilidade dos atores – e quando digo “atores” estou me referindo aos de verdade é claro, aos profissionais – de decorar páginas e páginas de texto.

Como é que eles conseguem? Cada um afirma ter seus próprios truques. E existem até fenômenos fartamente comprovados, como é o caso de Antônio Fagundes, que lê o texto apenas uma vez e depois, pimba!, repete palavra por palavra sem esquecer nem ao menos uma miserável vírgula. Eu, por exemplo, sou péssimo pra decorar qualquer coisa além das senhas do banco eletrônico. Dois dias antes de começar a master class preparei um texto engraçado e inteligentíssimo com o qual abriria os trabalhos, e tratei de decorá-lo. Até consegui, mas no dia, na hora, diante daquela platéia ávida a me observar, esqueci tudo... E tive que falar de improviso.

Dizem que me saí muito bem, mas até hoje tenho sérias dúvidas.

A única vez que consegui decorar um texto (e de tal modo o fiz que o guardei pra sempre na memória), foi nos tempos de ginásio. Ia haver uma festa qualquer, e uma aluna CDF, cujo nome usei depois numa de minhas novelas (“Linda Inês”) fora designada pra nela declamar o monumental poema “Navio Negreiro”, de Castro Alves. Só que, a certa altura dos ensaios, Linda Inês ficou gripadíssima. Alguém achou que deviam indicar um stand-by pro caso de, no dia D, ela amanhecer afônica...

E adivinhem quem foi o escolhido?

Euzinho é claro!

Virei um dia e uma noite a decorar o cartapácio: “Era um sonho dantesco./O tombadilho que das luzernas/avermelha o brilho/em sangue a se banhar./Tinir de ferros, estalar de açoites/legiões de homens negros como a noite/horrendos a dançar./Presos nos elos/de uma só cadeia/a multidão faminta cambaleia/e chora, e dança, e ri!”

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E por aí fui, centenas de vezes, até o final condoreiro: “Andrada, arranca esse pendão dos ares!/Colombo, fecha a porta dos teus mares!”

Decorei não apenas as palavras, mas também a entonação que achava mais apropriada... E apintalhada é claro, pois eu não ia subir naquele palco pra ser menos que pintosa. E, ao final de uma noite insone, me vi com o texto na ponta da língua, tal como o tenho até hoje. Mas no dia seguinte Linda Inês apareceu sem o menor vestígio de rouquidão, e eu tive que me recolher à minha insignificância de stand by. Com um travo de despeito na garganta, nada mais pude fazer além de, no final do seu “Navio Negreiro”, aplaudi-la... Mas certo de que minha versão teria sido, digamos assim, mais impactante... E, portanto, melhor. O fato é que os truques dos atores funcionam. Em SENHORA DO DESTINO Susana Vieira era capaz de gravar 40 cenas num só dia e ainda fazer a lista de compras do supermercado no intervalo. Já em VALE TUDO houve um momento em que Regina Duarte pediu arreglo:

“Meu cérebro está parecendo uma esponja! Já se encharcou tanto de palavras que não consegue absorver mais nada!”

A frase era digna de Raquel, a personagem dela... E pra nós, os autores da novela, a única solução possível foi dar mais cenas pra Odete Roitman e Maria de Fátima. Mas tem autor que faz justamente o contrário: se um ator reclama da quantidade de cenas, ele diz, “tudo bem, vou dar um jeito”... E escreve mais ainda pro coitado. De qualquer modo, além de gênios na arte de dar vida a terceiros, os atores também são verdadeiras máquinas da arte de decorar textos. Mas de vez em quando o mecanismo falha, e aí...

Sai de baixo.

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Uma vez eu vi isso acontecer com Ítalo Rossi (foto acima). Ele fazia um travesti chamado “Elpídio” num episódio de Plantão de Polícia escrito por mim e, no final, aparecia vestido de Sarita Montiel e cantava “La Violetera”. A canção começava assim: “como aves precursoras, de primavera...” Ítalo entrou com seu vestido longo e sua cestinha de violetas à mão e cantou:

“Como aves primaveras, de precursora...”

O diretor mandou parar, alertou o ator pro engano e disse pra ele começou de novo. E Ítalo começou... E recomeçou por 18 vezes... E durante 18 vezes cometeu o mesmo erro... Até que o diretor, desesperado, disse que era melhor cortar a cena.

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Ao que o ator deve ter pensado: ele, vestido de Sarita Montiel, com aquela cestinha cheia de flores na mão, a cantar “La Violetera”... E iam cortar a SUA cena?! E pediu:

“Deixa eu tentar de novo!”

O diretor disse que não e não, mas, ante a insistência do ator, afinal cedeu, com uma ressalva: “Vai ser a última vez!”

E foi, sim, porque dessa vez não teve erro.

Susana Vieira: quarenta cenas decoradas por dia sem errar uma só palavra.

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Escrito em:20/6/2009

VOCÊ QUÉ MI ACABÁ COMIGO?!!!!!!!!

Pois é quereeeeedos, quem viu "Leona, a assassina vingativa", viu, quem não viu que vá procurar no You Tube.

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No coments, please... Mas agora sou eu quem pergunto:

VOCÊ QUÉ MI ACABAR COMIGO?!!!!!!!!!!!

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"CINQUENTINHA" É "ALL STAR"!

Gente, fui miseravelmente “furado”!

O Wolf Maya ligou pra mim na sexta-feira e me acenou com uma lista de estrelas pra compor o elenco de “Cinquentinha”, além de Susana, Renata, Marília Pêra e Marília Gabriela: José Wilker, Fábio Assunção, Tarcísio Meira, Daniela Winitz, Ângela Vieira, Reinaldo Gianecchini, Luiz Mello... E Jesus Luz, se ele não tiver a língua presa e se sair bem no teste.

Mas eu não publiquei nada no blogão, pois ele me pediu o mais absoluto segredo. Pois não é que hoje eu vejo esses nomes todos nas folhas? Wolf querido, eu juro que não fui eu, estou a sete mil quilômetros de distância... Foi alguém daí mesmo que entregou o ouro!!!!!

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E por falar em “ouro”: que elenco é esse gente? Só mesmo o Wolf Maya pra reunir um “dream team” como esse.

Agora é que Maria Elisa Berredo e eu vamos ter que caprichar nos textos.

Entenderam agora por que eu postei a foto do Jesus Luz aí embaixo?...

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MAS AFINAL, QUEM É LARA ROMERO?

Ih! Me deu uma vontade enorme de publicar de novo aqui no blog essa foto de Jesus Luz com uma certa loura. A razão? Depois eu conto!... E posso garantir que, quando eu contar, vocês vão adorar. _______________________________________________________________________

Já está na hora de dar uns pitacos sobre CINQUENTINHA, não acham? Não vou falar do elenco, porque o Wolf Maya está guardando os nomes todos no maior segredo, pra evitar olho grande. Só posso dizer que,

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além das quatro estrelésimas já anunciadas (Susana Vieira, Marília Pera, Renata Sorrah e Marília Gabriela), o felomenal José Wilker, pra variar, também já está escalado. Como hoje é domingo e vocês merecem um presente pelos milhares de comentários da semana, resolvi, pra começar com os tais pitacos, postar o perfil de LARA ROMERO, uma das nossas "cinquentinhas". Leiam e abaixo e depois me digam se ela vai ou não aprontar muito.

LARA ROMERO, a atriz, cinquentinha há anos. A diva por excelência – exuberante, escandalosa, extravagante, autocentrada autoreferente, e uma consumista voraz. Lara é uma overdose de si mesma. E mais: ela brilha sem nunca perder a pose, porque é isso que fazem as estrelas mesmo em situações adversas. Profissional rigorosa e exigente ao extremo angariou algumas antipatias entre os colegas. Mas isto não importa, o que interessa é a legião de fãs que a ama. Egoísta extremosa, não deixou a filha ser mais do que sua eficiente, previdente, e devotada secretária. A neta ela nunca conseguiu dominar, e os inúmeros amores e amantes só por algum tempo.

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Obcecada com a idéia de não envelhecer, Lara é adepta de todos os tratamentos rejuvenecedores faciais e corporais. E como se não bastasse permanecer com a mesma idade há anos, sempre que pode finge ser irmã de sua filha e mãe de sua neta. Aliás, em relação à neta ela efetivamente sempre tomou à frente da educação da menina. Depois de uma vida amorosa intensa e escandalosa, nos últimos tempos ela parece ter abdicado desta parte importante de sua vida. “É a idade”, dizem suas rivais com ar maldoso. O que elas não sabem é que Lara tem um amante misterioso... Alguém cuja identidade não será revelada aqui, mas que, sem que se saiba do que acontece de íntimo entre eles, já faz parte de sua vida. ______________________________________

AINDA VAMOS TODOS NOS COMER VIVOS?

Dou um bordejo on line pelos jornais brasileiros, e vejo um anúncio de “Zoológico de Cristal”, peça de Tenessee Williams que vai estrear no Rio com Cássia Kiss à frente do elenco. Ótima notícia. Rever uma obra de Tenessee, feita por profissionais, é sempre útil. Espero que ainda

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esteja em cartaz quando eu voltar daqui a dois meses, pois logo estarei lá na primeira fila. Enquanto isso, pra não fugir do assunto – teatro -, vou falar da peça a cuja estréia compareci aqui em Lisboa na quarta-feira que passou, uma montagem mesmerizante de “O Deus da Matança”, de Yasmina Reza (essa moça aí da foto abaixo), em cartaz no Teatro Aberto.

Yasmina Reza, 45 anos, é francesa. Na verdade é filha de iranianos que se mudaram pra França. Mas, em vez de fazer como outras filhas de imigrantes muçulmanos e ir à

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luta pelo direito de continuar usando o “chador” (aquele pano preto na cabeça), ela preferiu se adaptar à cultura do país que a adotou.

Estudou teatro, primeiro foi atriz (fez muito Molière e Maurivaux, influências clássicas visíveis nos seus textos moderníssimos), e depois se tornou dramaturga, estourando em todas as praças em 1994 com uma peça chamada “Arte”, que correu mundo (teve uma encenação brilhante no Brasil) e lhe deu fama e fortuna.

Desde então Yasmina tornou-se figurinha carimbada na cultura francesa. Escreveu outras peças, em 2007 publicou um livro sobre a campanha de Sarkozy bastante polêmico... E agora retornou ao teatro com “O Deus da Matança” que, no dia 7 de junho passado, ganhou o Tony de melhor peça da Broadway, com um elenco dos deuses (vejam a foto abaixo): Márcia Gay Harden (Tony de melhor atriz dramática por esse trabalho), Hope Davis, James Gandolfini (o Tony Soprano!) e Jeff Daniels.

O espetáculo português, dirigido por João Lourenço, e com Joana Seixas, Paulo Pires, Sérgio Praia e Sofia Portugal, foi pra mim uma surpresa. Primeiro pela contundência do texto, que é muito menos “elegante” e

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mais brutal que o de “Arte”, por exemplo. Temos aqui uma Yasmina Reza mais amarga, e mais impaciente com os limites que as pessoas se impõem em nome do politicamente correto e do “verniz” cada vez mais patinado a que se chama “civilização”.

Acima: Joana Seixas e Sérgio Praia, com Paulo Pires e Sofia de Portugal ao fundo. Abaixo: Paulo Pires, Sofia de Portugal e Joana Seixas, ainda tentando parecer "civilizados".

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A premissa é básica, e no começo lembra o melhor do teatro francês – a comédia de boulevard. Dois casais se reúnem para discutir o que fazer diante da situação limite com a qual se envolveram seus filhos de onze anos no play ground do prédio onde moram: um deles pegou um pedaço de pau e, com uma porretada, quebrou dois dentes do outro.

Selvageria pura, portanto, para a qual ninguém tem explicação.

Diante disso, como agir? O que fazer? Tudo teria que ser conduzido do modo mais cortês e civilizado possível... Não fosse o fato de que ali estão reunidas quatro cidadãos que, como todos nós, em determinadas circunstâncias, deixam o verniz civilizatório de lado e passam a ouvir apenas o clamor dos tambores que (ainda) atroam lá na selva.

“Eu acredito no Deus da matança”, diz Alan, o personagem brilhantemente vivido por Paulo Pires, a certa altura. É a dica pra que todos se desnudem, até mesmo Verônica (Joana Seixas), a mais “enquadrada” de todas. O final é uma verdadeira catarse, em que o tema da reunião dos dois casais é esquecido e nada, incluindo o cenário, permanece inteiro.

É uma peça brutal, eu disse, mas que provoca na platéia ondas de riso nervoso o tempo inteiro. É um grande texto, e os profissionais portugueses envolvidos na montagem fizeram tudo por merecê-lo. Joana Seixas e Paulo Pires, que têm a desvantagem da extrema beleza, não hesitam um instante sequer antes de ficarem feios. E Sérgio Praia e Sofia de Portugal não deixam dúvidas em quem os viu pela primeira vez como eu, que são grandes, imensos atores.

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É espetáculo que recomendo não só aos portugueses, mas também a todos os brasileiros de passagem... E que vou ver de novo. _____________________________________

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Escrito em:17/6/2009

DANÇANDO PARA NÃO DANÇAR...

Ando meio sentimental – acho que por causa da idade. De vez em quando choro, como aconteceu hoje, durante um concerto em que o maestro Neemi Jarvi regeu, ao ar livre e à luz de milhares de velas, a Berliner Philharmoniker a tocar, entre outras peças, “Scheherazaade”, de Rimsky-Korsakov. Eu não estava lá, mas vi no Mezzo, um canal francês que exibe música clássica e no qual minha tevê aqui em Lisboa fica ligada praticamente dia e noite. Logo cedo eu já vira, num especial sobre o coreógrafo Maurice Bejart, outro momento emocionante: o “Bolero” de Ravel, coreografado por ele e dançado não por Jorge Donn como é de praxe, mas por ninguém menos que Maya Plisetskaya. Ah, Maya Plisetskaya... Se meu amigo Alcides “Paplovskaya” Muniz fosse vivo faria uma vênia, daquelas de cair com a cara no chão, só de ouvir esse nome.

Sim: Maya Plisetskaya!

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Foi por causa dela que, em vez desse escritor que hoje sou, quase me tornei um bailarino. Tinha quatorze anos, quando o cinema Art Palácio, no Recife, passou um festival de filmes de balé no qual Plisetskaya, então a estrela máxima do Bolshoi soviético, dançava “O Lago dos Cisnes”. Entrei no cinema na primeira sessão, às duas horas da tarde, e só sai à meia-noite, completamente transtornado, a repetir pela rua afora alguns passos que pensei ter decorado.

Imaginem a marmota: eu a dançar pelas ruas de Recife no final da década de 50.

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Levei muito coió, é claro... Mas não liguei nem um pouco, pois finalmente tinha descoberto um objetivo suficientemente digno para a minha vida miserável – o balé clássico.

No dia seguinte procurei a única escola de balé que então existia no Recife, a da professora Flávia Barros, e lá descobri que, por causa de Maya, além de mim muitas outras vocações masculinas para o balé tinham surgido. Unidos pela arte que afinal não seguiríamos, ficamos todos amigos... E logo formamos um corpo de baile, que fazia suas apresentações nos jardins do Quem-me-Quer, à beira do Rio Capibaribe, e em vez de aplausos recebia pedradas. Na época, e acho que já escrevi aqui sobre isso, o único bailarino homem do Recife era Alcides Muniz, que estudava com Flávia e a quem chamávamos de “Paplovskaya”. E como as alunas eram todas de classe média alta, as aulas de Flávia eram caríssimas! Na onda de Plisetskaya entramos lá cinco meninos, mas logo quatro desistiram, inclusive eu: de todos o único que conseguiu ficar foi Wilson “Virgínia”. Infelizmente seus pais morreram, ele teve que se dedicar aos negócios da família – a produção de “quentinhas” – e, cada vez com menos tempo, também desistiu da carreira. “Paplovskaya” e sua partner Gerluce Amorim acabaram contratados pela TV Rádio Clube, cujo diretor, Hílton Marques, tinha uma queda pela bailarina, sem saber que ela não estava interessada nele... Mas o bailarino sim... E por isso ninguém nunca comeu ninguém, e cada um seguiu sua vida. Hílton acabou redator dos programas humorísticos do Jô Soares, Gerluce criou sua própria escola de balé no Recife, e Alcides Muniz,

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descoberto por um mecenas português, veio parar no Teatro São Carlos, aqui em Lisboa, onde fez carreira.

Eu continuei fanático pelo balé, mas me conformei em continuar escrevendo aqueles livros que já escrevia desde os doze anos, e que me trouxeram até aqui onde estou agora... A chorar de emoção por ver Maya Plisetskaya na década de 80, já uma senhora, mas ainda a dançar o “Bolero” em plena forma.

Ah, o balé, a ópera, a música clássica, a nossa cultura ocidental tão ameaçada pelos bárbaros – os do Oriente e os da esquerda!... Eu gosto de imaginar que, ao prestigiar o máximo de espetáculos que possa ver, estou a defender essa cultura com todo vigor do meu espírito e da minha alma.

Por isso choro quando escuto um solo de violino obsessivo como esse da música de Rimsky-Korsakov, através do qual Scheherazaade desfia seu infindável rosário de histórias. Ou quando vejo Maya a dançar, a maior bailarina clássica da segunda metade do século XX, já que a primeira metade teve o privilégio de ver outra russa igualmente genial, Galina Ulanova. Agora o balé é pura ginástica. Os bailarinos escalam paredes, em vez de dar pinta. Como as artes plásticas, que se transformaram numa farsa na qual até o macaco da novela das sete pode ser artista, a dança dita “moderna” é apenas uma demonstração de força e equilíbrio. A harmonia foi pra casa do carvalho e hoje é considerada uma coisa aviadada e ridícula. Mas sempre haverá uma “Giselle” pra calar a boca dessa gente... E sempre haverá, numa noite de luar num bosque de papel celofane, um hipnótico “Lago dos Cisnes”. Pois é

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graças a maravilhas como essas que o nosso mundo, tal como nossos antepassados o fizeram, ainda sobrevive.

Quanto a Plisetskaya, aos 84 anos (70 e tantos na foto acima) ainda continua a dançar!Agora mesmo, em agosto, vai se apresentar na Grécia.

Pois, como ela mesma diz, “o importante é sentir a música, e nunca se deixar levar por ela”.

Grande Maya!

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Escrito em:12/6/2009

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"SENHORA DO DESTINO" CONTINUA!

A Rede Globo entrou com recurso na justiça contra a proibição de SENHORA DO DESTINO e conseguiu que fosse deferido o pedido de efeito suspensivo da medida. Dessa forma a novela continuará sendo exibida pelo Vale a Pena Ver de Novo.

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E EU, SANTO ANTÔNIO, COMO FICO?...

Pouca gente sabe, mas o padroeiro de Lisboa não é Santo Antônio, e sim São Vicente, que tem uma igreja estupenda chamada São Vicente de Fora. Mas não é este e sim o outro santo quem merece todas as honras da cidade. E ela o adorou ontem no seu dia, nas chamadas “festas de rua”, nas quais Santo Antônio mais uma vez teve a chance de mostrar o seu poder de santo casamenteiro. Eu mesmo pude comprovar isso de madrugada, sem precisar nem sair da minha sacada: de lá, acompanhei vários casamentos, realizados de improviso atrás do

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tapume de uma obra. A certa altura vários casais se acasalavam a pequena distância uns dos outros. E já de madrugada não eram apenas casais – pelo menos não no sentido tradicional do termo – mas pessoas de sexos variados, que ocupavam, sem maiores problemas, lugares num frenético trenzinho casamenteiro.

Quando amanheceu, e quase todos tinham ido embora (alguns, de tão bêbedos, ficaram por ali mesmo), nem precisei de binóculos para constatar que atrás do tapume havia dezenas de artefactos de látex com jeito de terem sido usados.

Ou seja, festejou-se o santo com muita sardinha, litros e litros de todo tipo de bebida, drogas certamente, e - de quebra ou em conseqüência - um verdadeiro ritual da fertilidade, daqueles que faziam as delícias dos tempos do paganismo. Eu ia escrever que só faltaram as trombetas, mas, bem: havia alternativas bastante visíveis pra quem insistisse em soprá-las.

A rua amanheceu coberta de detritos, mas não ficou assim por muito tempo. Pois logo um funcionário da Câmara de Lisboa - que cumpre essa tarefa dia sim, dia não, e a quem eu chamo “o rapaz da mangueira” - apareceu com seu jato possante e fez com que toda a sujeira escorresse ladeira abaixo. Nas fotos: lá no alto, Santo Antônio chega à porta da Sé de Lisboa, durante a procissão, literalmente nos braços do povo. E aqui embaixo: a minha rua por volta de 23 horas, antes de começarem os “engates”; o assim chamado rapaz da Mangueira (vejam como a rua ficou limpa após sua passagem: não há mais nem sinal de camisinhas!); e o coitado do tapume, que amanheceu vazio, mas quase destruído por causa do lesco-lesco.

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Quanto à pergunta lá em cima, espero que Santo Antônio me dê notícias...

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DANÇANDO RUMBA À BEIRA DO ABISMO!

Apreciem, no vídeo acima, trecho de uma de minhas aulas na master class. Até que eu levo jeito pra coisa, né não? De vez em quando vou postar aqui umas pílulas como essa. Pra quem não participou - mas vai participar da próxima - já é uma espécie de "trailler". Que nome eu daria se fosse um filme? "A Marca da Pantera"!

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Ando meio sem assunto. Não posso falar sobre isto, não devo escrever sobre aquilo, silêncio, cautela e muito caldo de galinha... Enfim: não sei se vou nem sei se fico. Porém, como esse post aí embaixo já está meio antigo, tenho que renová-lo. Mas como?

Bom... Dá pelo menos pra falar da alegria que SENHORA DO DESTINO me proporcionou – de novo – nesta reprise que pode não chegar ao happy end... Mas me deixou felicíssimo. Assim, vou contar algumas curiosidades sobre a novela, que eu pretendia escrever apenas para cumprir contrato antes de me despedir do gênero, mas que caiu na boca do povo, tornou-se um fenômeno de audiência e – merde! – me botou na fita para escrever pelo menos mais três outras. Sabiam que a Rede Globo pensou em dois diretores antes de chegar a Wolf Maya? Foi mesmo! Primeiro alguém sugeriu Luiz Fernando Carvalho, mas este - graças a Deus! - não demonstrou maior interesse. Depois alguém lembrou Jayme Monjardim, que, no entanto, já estava comprometido com Glória Perez... Sem saber que logo seria afastado de “América”.

Aí alguém me perguntou:

“Você trabalharia com Wolf?”

Nessa hora me lembrei que Paulo Ubiratan, pouco antes de morrer, disse

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que um dia eu ia trabalhar com Wolf Maya, sim... E ia gostar muito!

Baseado nessa lembrança eu respondi que sim, trabalharia. E Wolf, consultado a respeito e depois de ler a sinopse, logo embarcou no projeto.

O que eu não sabia é que ali estava nascendo uma parceria pra toda a vida... E um trabalho que se tornaria clássico.

Na minha cabeça as duas atrizes principais já estavam escolhidas: Regina Duarte faria “Maria do Carmo”, e Susana Vieira daria vida a “Nazaré”. Mas Regina levou semanas pra dizer se aceitava ou não, e ainda deixou claro que, caso aceitasse, Gabriela Duarte teria que fazer “Isabel”, a sua filha na novela. Foi então que Wolf virou a mesa e me perguntou: por que não Susana como a protagonista, e Renata Sorrah no papel de “Naza”? Durante 18 segundos eu estranhei, até que uma voz desconhecida sussurrou no meu ouvido:

Deixa de frescura e aceita, sua boba!”

Aceitei é claro. Fez-se a troca... Um dia antes que Regina afinal lesse a sinopse e aparecesse no maior entusiasmo para anunciar que topava... Mesmo que Gabriela não fizesse a filha!

Mas aí já era tarde, Inês estava morta e enterrada: Susana e Renata também já tinham dito que topavam... E assim se fez História. Na escolha dos colaboradores também houve trocas. Um deles seria Thiago Santiago... Mas para isso eu teria que dispensar um dos meus colaboradores mais antigos, e não tive coragem de fazer isso. Sem querer, acertei em cheio; pois Thiago não fez SENHORA, mas foi pra Record, onde hoje é uma de suas “estrelas”. E a minha equipe continuou unida, tanto que foi praticamente a mesma em DUAS CARAS. Ou seja, SENHORA DO DESTINO foi uma novela abençoada. Deu certo sempre. Caiu no gosto do povo, virou a maior

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audiência da televisão brasileira desde 1997... É imbatível há doze anos, portanto. E agora, na reprise do Vale a Pena Ver de Novo, caminha pra bater o recorde de audiência do horário, e sem dúvida o fará...

Porque Deus é justo.

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Na foto acima o dr. Romeu Tuma Júnior, diretor do Departamento Nacional de Segurança do Ministério da Justiça, a quem caberá decidir se SENHORA DO DESTINO, uma novela cujo tema é a reafirmação dos valores familiares, deve ou não continuar sendo exibida no horário da tarde.

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Mais uma galeria de premiados!

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Olhem só a galeria de fotos aí embaixo. Pra começar, a honorável alteza Princesa e seu querido Tom Hanks; depois Adriano Rafael; a seguir Bruno Joel e sua irmã Ana Cláudia, dois lindões; Virgílio Neto posando cheio de atitude. E pra encerrar, Rogério Sabath, Priscilla e o filho deles, Victor, fantasiado de lobinho no dia do aniversário. Os prêmios demoraram a seguir dessa vez, porque os livros acabaram e eu tive que encomendá-los!

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Escrito em:7/6/2009

CUIDADO: TEM PASSARALHO NO AR!

O que posso dizer a vocês a essa altura dos acontecimentos?

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O INSS resolve cassar minha aposentadoria, depois de me pedir documentos referentes a 1981, que não tenho mais como apresentar; os rapazes lá do Ministério da Justiça dão à Rede Globo um prazo de cinco dias para tirar do ar “Senhora do Destino”, a minha novela que faz – de novo – um sucesso estrondoso.

Eu, aqui em Portugal, penso seriamente em nunca mais voltar.

Porque minha paranóia me diz que há algo de perverso, torpe e hediondo por trás disso tudo... Que o meu assim chamado rabo pode estar a prêmio... Que um passaralho de asas imensas paira sobre minha inocente cabeça...

E que é melhor não facilitar.

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FELIZ PRÓXIMO ANIVERSÁRIO, NENÉM!

Fui ver o que Dhio e Tsunami fizeram pro meu aniversário no blog deles, e gostei tanto que resolvi postar aqui. Vejam aí embaixo!

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Não sou de festejar meu próprio aniversário. Quando era criança minha família, por ser muito pobre, também nunca pensou em fazê-lo No máximo me ofereciam algum presente, desde que me fosse útil. Um Dicionário da Língua Portuguesa foi um deles: meu pai me deu um exemplar quando fiz onze anos. Eu o guardei comigo durante várias décadas. Mas no dia 6 de novembro de 1969, quando os agentes do Cenimar

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invadiram minha casa na Lapa e me prenderam, também levaram o dicionário junto com outros livros que consideraram “subversivos”.

Nunca pensei em pedir indenização ao governo pelos dias em que estive preso, pois não acho que o povo deva pagar pelas conseqüências das minhas posições políticas. Mas caso o INSS casse mesmo a minha aposentadoria, como está pretendendo, aí sim: vou pedir ao governo uma indenização altíssima pela perda desse livro de valor inestimável.

A única exceção a essa regra dos (des)aniversários foi quando completei dezoito anos. Meu amigo A.M. resolveu me brindar com uma festa no puteiro que dividíamos no Edifício Holliday, lá no Recife. Mas um dos convidados - um bofe que bebeu demais - teve um ataque e saiu vomitando em cima de todo o mundo. E assim minha única festa de aniversário foi interrompida precocemente, sem que eu sequer tivesse a chance de cortar o bolo. Nos últimos doze anos adquiri o hábito estranhíssimo de passar meu aniversário fora de casa, do Rio de Janeiro, do Brasil... Cada vez mais longe: tanto que até o passaria em outro mundo, não fosse o fato de que pra lá só existem bilhetes de ida...

E, findo este dia fatídico, o que prevalece em mim é o desejo de, por muitos aniversários mais, continuar bem vivo.

Este ano decidi passar o dia 7 de junho em Sintra... E sozinho, como prefiro. Escolhi para almoçar o restaurante do Palácio dos Seteais, que já era lindíssimo, e ficou ainda mais bonito depois de restaurado (vejam a foto aí embaixo).

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O maitre do Seteais, que já me conhecia de outras passagens pelo hotel, falou de pessoas do meio artístico brasileiro que lá vão de vez em quando: Fafá de Belém, Glória Pires, Jô Soares... “E Paulo Autran, que Deus o tenha: ele vinha quase todo ano quando era vivo”. Pelo menos pra mim, eu vos garanto: foi uma verdadeira festa. A comida era dos deuses, e o vinho igualmente divino. Sintra estava num daqueles dias dignos de um romance de Eça de Queiroz... E a certa altura, tive mesmo a impressão de ver o Carlos da Maia e o Ega a passearem numa carruagem coupé. Mas eu, moderno que sou, não fui de carruagem, e sim de Mercedes, conduzido pelo senhor José Correia, um ilustre cidadão sem o qual minha vida em Portugal seria mais difícil.

Não fiz 42 anos, como declarei antes aqui de brincadeira, e sim 65. Guimarães Rosa disse – e assinou embaixo - que “viver é sempre muito arriscado”. Eu acrescento que a partir dessa minha nova idade o risco passa a ser altíssimo.

Seria a hora de fazer um balanço? Tudo o que tive até aqui, o que ainda me falta pra que eu possa dizer, sem medo de errar, que não desperdicei minha vida...

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Um balanço sim. Pensei: “quando chegar em casa em vou fazê-lo”. O problema é que eu tinha comprado ontem na Fnac do Chiado o DVD de “Vicky Cristina Barcelona”, e achei que, em vez de contabilizar minhas perdas e danos, seria melhor assisti-lo. É o que vou fazer agora, depois de terminar estas mal traçadas linhas, certo de que um Woody Allen é sempre um Woody Allen, e nada melhor que um filme dele para encerrar um feliz aniversário. Obrigado a todos que me cobriram de carinhos aqui no blog... E ao pessoal da master class que se esmerou neste vídeo aí embaixo (by Bruno Pires) maneiríssimo. Vejam as fotos abaixo, da bela Sintra e do senhor José Correia e seu Mercedes... E até o próximo aniversário, se Deus quiser... E num lugar bem longe, lá nos confins, mas ainda neste insensato mundo!

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Escrito em:2/6/2009

E "MARIDO DE ALUGUEL", CADÊ?

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E AGORA VEJAM ESSE GRANDE MINIVÍDEO...

Eu sei que alguns por aí vão dizer que estou querendo aparecer demais... Porém não resisto em postar o vídeo que Moacir Jardim produziu em homenagem ao meu aniversário de 42 anos. Obrigado Moá, diga a Kuquita Pára-Raio que eu mandei um beijo!

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NOVAS (E FUTURAS) TRAQUINAGENS!

O almoço da quinta-feira foi só um pretexto: lá, Jacqueline Barroso, Eduardo Pires e eu bolamos uma série de novas traquinagens para os próximos meses, todas do agrado de vocês. Aguardem!

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Na porta do Le Monde, após a aula, o debate: como será o processo de escolha?

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Daniel Berlinsky, um dos alunos da nossa master class, manda comentário diretamente de suas férias no Canadá e diz que está ansioso por notícias da sinopse de MARIDO DE ALUGUEL. Eu também estou quereeeeeedo, assim como seus 14 colegas de turma, a Maria Elisa Berredo, a Jacqueline e o Edu, o Xandy

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Brito, e o nosso discretíssimo Moderador, que se fez de fotógrafo oficial do evento só pra não aparecer nas fotos. Afinal, a sinopse foi entregue à direção artística da Rede Globo há uma semana, e a essa altura já deve estar em processo de avaliação.

Será que vai ser aprovada?

Porque se for, aí vou me ver diante de um problema: eu disse que escreveria a novela... Mas só se ela fosse aprovada para o horário das oito, porque, chiquerésimo como sou (ainda mais quando me visto todo de preto, como estou agora), não escrevo para horários menos nobres. Claro, nas minhas mãos até &ldquoCinderela&rdquo viraria novela das oito porque, como costumo dizer e ninguém me contesta, &ldquominha mão pesa&rdquo. Assim, MARIDO DE ALUGUEL não fugiria à regra. Na minha mão daria uma novela das oito sem dúvida. Assim, digamos que ela seja aprovada (e rezemos todos por isso). Eu já disse que, neste caso, ia escolher quatro dentre os alunos que mais se destacaram (e se destacaram todos) para colaborar comigo.

Como seria esse processo de escolha?

Confesso que até agora não pensei nisso. Durante as três semanas em que estivemos juntos não consegui escolher nenhum favorito. Eram todos tão competentes e empenhados que, se pudesse &ndash e, mais uma vez, se a sinopse for aprovada &ndash escreveria a novela com todos. Mas como isso não é possível... E levando em conta que, caso MARIDO DE ALUGUEL não seja aprovada numa emissora, certamente o será em outra... Tenho que começar já agora a pensar como farei para selecionar apenas quatro naquela equipe de 15 alunos competentíssimos. Tarefa dificílima!

Em geral, ao escolher um colaborador novo, eu o chamo para uma reunião, converso com ele e fico pelo menos uma hora a olhar dentro dos seus olhos. É no &ldquocara a cara&rdquo que decido com quem trabalho, e nunca na &ldquoporrinha&rdquo... E sabem que este meu método funciona? Tanto que, nesses anos

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todos de novelista tive os melhores colaboradores possíveis e nenhum desacerto. De qualquer modo, meu caro Berlinsky, essa é a notícia que tenho pra lhe dar:

Ainda não temos notícias!

Mas minha intuição me diz que elas não demoram... E serão ótimas!

A bela Laura Proença exibe o seu livro de cabeceira.

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MAS UM "SUPERVISOR" FAZ O QUÊ?

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Pra começar, uma jóia preciosa: o "trailler" do novo filme de Daniel Filho, "Novas Diretrizes em Tempo de Paz", baseado na peça do mesmo nome de Bosco Brasil (na foto abaixo), o meu "supervisionado".

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Como vocês já sabem, porque a notícia saiu em todos os jornais - menos em O GLOBO - vou fazer a supervisão da próxima novela das 19 horas, assinada por Bosco Brasil, e que tem o título provisório de &ldquoBom dia, Frankenstein&rdquo. Por que provisório? Porque nessa história de nomes nem sempre a vontade do autor prevalece. Tanto que, como já escrevi aqui, uma novela que acabou se chamando &ldquoVale Tudo&rdquo quase foi ao ar com o título de: &ldquoBUFUNFA&rdquo. Porém mal comecei a escrever esse texto e já divago.Voltemos à vaca fria. Eu não queria fazer supervisão, nem mesmo da novela do Bosco, que é um dramaturgo do maior respeito. Mas fiquei com medo de

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a TV Globo descobrir uma cláusula no meu contrato que me obrigaria a varrer, em troca da supervisão, os corredores do Projac... E por isso aceitei, ainda que sob protesto. Antes, é claro, li a sinopse, e achei o máximo. Tivemos várias reuniões, eu e o Bosco, e ele partiu pra tarefa hercúlea de escrever os seis primeiros capítulos. Também os li, e não tive muitos reparos a fazer, pois percebi que ele estava no caminho certo. Tanto que, vários meses e muitos ajustes depois, a novela finalmente foi aprovada e já está em fase de produção... E com a maior urgência, pois estréia em novembro. Agora a pergunta que mais ouço é: o que faz um supervisor? Respondo que não sei. E que, como não tinha qualquer experiência anterior no ramo, por enquanto estou apenas improvisando. De uma coisa, nessa minha tarefa, não abro mão: vou permanecer nas sombras. A novela é do Bosco. E ao supervisor cabe apenas ajudá-lo a tornar sua tarefa menos estressante. Para isso, tudo que posso fazer é lhe dar conselhos baseado na minha experiência pessoal, mas deixando claro que a escolha final é sempre dele. Pois essa história de supervisão envolve também uma questão de egos. Bosco Brasil é um dramaturgo premiadíssimo. Sua peça &ldquoNovas Diretrizes em Tempo de Paz&rdquo, encenada com Tony Ramos e Dan Stolbach (e agora filmada com os mesmos atores por Daniel Filho) já virou um clássico. Ele também já trabalhou em várias novelas e, inclusive, foi co-autor de &ldquoBicho do Mato&rdquo na Record. Não se trata, portanto, de um autor inexperiente. Assim, na sua primeira novela solo, tudo o que posso fazer é contribuir, com minhas sugestões e conselhos, para que se sinta mais seguro. Se vou opinar sobre elenco, música, cenários, figurinos e esses troços todos? Bem, aqui e ali darei os meus pitacos. Mas sempre deixando bem claro que Bosco e o diretor José Luiz Villamarin é quem mandam. O problema é que meu nome vai figurar nos créditos e, portanto, o meu assim chamado ânus também estará na reta. Pra evitar algum dano inesperado que possa me levar à urgência

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proctológica, terei que me empenhar bem fundo (sem trocadilhos);

Será que vai dar certo? Acho que sim. Confio na história, que se passa em São Paulo e mostra a cidade como nunca se viu antes em novelas... E também confio no Bosco. Ainda mais porque ele vai trabalhar com dois colaboradores meus, Maria Elisa Berredo e Nelson Nadotti. E uma novela que conte com esses dois já tem meio caminho andado. Agora outra pergunta que ouço muito é: quem serão os protagonistas? Não sei, Bosco e Villamarin é que decidem. A escolha não depende de mim. Porém, se dependesse, eu arriscaria um palpite: Antônio Fagundes e Glória Pires no casal maduro, e Débora Falabella e Cauã Raymond no casal romântico. &ldquoMas como - perguntará a turma da master class indignada &ndash você não já escalou a Glória pra ser a Griselda da Silva Pereira, ô seu Zé Ruela?!...&rdquo

Escalei... Mas aí descobri que ela estava reservada pra novela anterior à minha. No entanto, se ela fizer essa novela agora, não poderá fazer a tal... E aí estará liberada pra quando chegar a minha vez e hora. Pois outras tarefas que cabem ao supervisor são justamente essas: saber se virar, pensar com pelo menos dois anos de antecedência... E fazer política!

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"MASTER CLASS" CONTINUA BOMBANDO!

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Mais de uma semana depois de terminada a primeira turma da &ldquomaster class&rdquo continua dando pano pras mangas na mídia. Só no sábado estivemos no TV Fama e duas vezes na revista VEJÁ, cuja rival, &ldquoÉpoca&rdquo, deu na capa uma foto do poeta Ferreira Gullar... E certamente não vendeu nada! Além disso dei mais duas entrevistas sobre o assunto, uma delas para uma revista portuguesa. E se o assunto continua quente, não somos nós que vamos esfriá-lo, não é mesmo? Por isso publico uma foto da turma e aproveito pra dizer a todos: em breve teremos novidades, gente!

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